Edição 110 Ano 9 - Março 2017 Foto: Chai Mariano Fotografias Distribuição gratuita e direcionada
Educadora Canadense realiza treinamento de duas semanas para professoras da Maple Bear Florianópolis A educadora canadense, especialista em Língua Inglesa, Terril Butterworth, da Maple Bear Global, encerrou no dia 17 de fevereiro as duas semanas de treinamento que realizou com professoras da Maple Bear Florianópolis. Ao todo, foram três dias destinados à capacitação das professoras e assistentes, momento em que Terril teve a oportunidade de passar sua experiência em Educação Infantil e Ensino Fundamental. Nos demais dias, a educadora acompanhou e observou professoras e alunos em sala de aula, atendeu a dúvidas individuais de cada professora e orientou a equipe pedagógica. Para a canadense, uma das experiências mais marcantes foi ver, já no primeiro dia de aula, os alunos do Year 3 confiantes e desenvoltos na comunicação, em inglês, com a professora. "As crianças não se sentiram intimidadas, muito pelo contrário, estavam à vontade e muito motivadas na comunicação em inglês, mesmo depois de um período de dois meses de férias", observou. Terril também destacou a "leitura guiada", estratégia utilizada pelas professoras na qual os alunos são divididos em grupos de até cinco crianças, de acordo com o nível de leitura. Essa atividade é realizada desde o Year 1 ao Year 3. Aqui, não só a leitura é estimulada, mas também a interpretação de texto, e ainda a capacidade de o aluno prever casos e consequências da história que está sendo lida. A coordenadora Pedagógica de Língua Inglesa da Maple Bear Florianópolis, Fabiane Silveira, explica que o propósito é ajudar a criança na habilidade de compreensão. “Perguntas diretas sobre fatos descritos no livro tais como nome da personagem e local onde se passa a história, entre outras, fazem parte daquela visão mais antiga de interpretação de texto, que é evitada na Maple Bear. Aqui, a professora estimula a compreensão mais complexa da história e também a reflexão sobre questões mais subjetivas, como as
emoções contidas na história e a avaliação crítica da criança, indagando, por exemplo, se a criança indicaria ou não essa leitura para outra pessoa e por quê". Como parte da atividade de leitura, os alunos também podem criar um texto, com suas próprias palavras, contando a história que leram no livro em questão. "Leitura e escrita precisam ser uma parceria", enfatiza a treinadora canadense. Terril é especialista em Educação Infantil, Ensino Fundamental, Matemática e Ciências. "As crianças são o nosso recurso mais importante. Devem ser tratadas com respeito e merecem excelência na educação". Por meio da Maple Bear Global, a educadora já teve oportunidade de realizar treinamentos em escolas do Brasil - São Luis, Brasília, Goiânia, Salvador, São Paulo, João Pessoa, Cuiabá, Mogi das Cruzes e Florianópolis - e ainda países como China, México, Marrocos e Estados Unidos. O acompanhamento de educadores canadenses é uma exigência da Maple Bear Global, visando manter o padrão de qualidade internacional de ensino, conforme a metodologia desenvolvida no Canadá.
Editorial
EDIÇÃO 110 • ANO 9 • MARÇO 2017
Um novo olhar sobre a síndrome de Down
EDITORA Priscilla Koerich ARTE Eduardo Carvalho Motta COLABORADORES DESTA EDIÇÃO
André Rezende Auxiliadora Mesquita Bárbara Maglia Carolina Fernandes Cláudia Prates Claudio Moreira Fernanda Moura Milena Luisa
REVISÃO Cláudia Prates IMPRESSÃO As opiniões veiculadas nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista. Os artigos e os anúncios publicados são de total responsabilidade de seus autores e/ou suas empresas. Não é permitida a reprodução de qualquer conteúdo desta publicação sem prévia autorização da editora. A Revista Educar, publicação mensal da Pequeninos Revista Educativa Ltda, tem distribuição gratuita e direcionada aos pais, em inúmeros pontos comerciais e instituições de ensino de Joinville, Florianópolis e São José / SC. Para assinatura, sugestões, críticas ou elogios, envie e-mail para educar@revistaeducar.com.br ou entre em contato pelo nosso site:
Faço deste editorial um convite: entre, navegue neste “barco” conosco e aceite, com o coração aberto, ser igual num mundo diferente. Diferente em sua forma de caminhar ao longo de sua existência, cada qual com sua história. Vou explicar. A edição deste mês tem como intenção dilucidar e compartilhar informações práticas sobre as pessoas com síndrome de Down. Procuramos, por meio de entrevistas exclusivas e muita informação, mostrar que, assim como qualquer um de nós, quem nasce com síndrome de Down vem ao mundo repleto de potencialidades. E defendemos, especificamente neste caso, que o problema de não entender a diferença significa, muitas vezes, a falta de informação ou a pouca vontade de aprender algo que se desconhece. Então, leitor amigo, embarque nesta descoberta e deixe-se levar pela informação, pelo bom sentimento e, principalmente, pelo amor. Considero-me privilegiada por ter feito desta edição um trabalho único e esclarecedor, e poder compartilhar o trabalho da fotógrafa Chai Mariano, voluntária em um projeto nacional intitulado Estrelinhas, que visa incentivar a fotografia de pessoas com deficiências. A Chai idealizou e fez com que se tornasse realidade uma exposição fotográfica inclusiva, com alunos da Apae Florianópolis, a Te vejo assim. A exposição revelou, por meio do olhar, do sorriso e do carinho, que não há diferença na frente das lentes (e nem longe delas!) e que ser diferente significa compreender o outro e ser capaz de se colocar em seu lugar. A Te vejo assim, que inicialmente tinha como objetivo montar uma exposição, veio a se mostrar um projeto intenso e apaixonante. E, por último, mas não menos importante, trazemos a você uma entrevista exclusiva com Maria Antônia Goulart, uma das fundadoras do site Movimento Down, que representa uma das maiores referências hoje no Brasil no que diz respeito a conteúdos e iniciativas que colaboram para o desenvolvimento e a inclusão de indivíduos com SD e deficiência intelectual em todos os espaços da sociedade. Sentimo-nos emocionados e extremamente tocados por todo esse conteúdo – esperamos que você goste e se sinta assim também. Boa leitura e até a próxima!
ERRAMOS O nome correto do pai dos meninos Pedro, Artur e Mateus, da nossa capa de fevereiro, é Renato Rodrigues Alves Filho.
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Revista Educar
Priscilla Koerich educar@revistaeducar.com.br
Nossa capa
O Fofíssimo Heitor Kuhnem Jonck (3 anos) está em nossa capa, e só temos a agradecer a mamãe Vania Kuhnem e o papai Nedilson Jonk por nos permitir compartilhar esse menino encantador, cheio de vida e carinhoso.
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Variedades
Do forno
Por Auxiliadora Mesquita
O que o bebê gosta mais de ouvir? Ao que tudo indica, o que os bebês mais gostam de ouvir é a voz da mamãe – quando ela imita voz de criança! Foi o que descobriram os pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Escaneando o cérebro de mães e bebês enquanto interagem, eles perceberam que os bebês aprendem mais quando eles e suas mães estão em maior sintonia de suas ondas cerebrais. Na prática? Essa sintonia parece ser muito mais forte quando a mãe fala imitando uma criança, com voz infantilizada, de maneira calma e tranquila. Ao que tudo indica, essa maneira de falar prende a atenção dos bebês e a informação é melhor assimilada pelos pequerruchos. Quem diria...
Cestinhas de descoberta
Uma ideia divertida e simples para entreter (e estimular!) bebês é fazer “cestinhas de descoberta” para eles. Com material que você tem em casa e algum cuidado na escolha é possível fazer cestas cheias de novidade para a turminha dos 6 aos 18 meses (mas muitas outras idades podem achar interessante também!) Uma boa ideia é estabelecer um tema para a cesta. Depois é só escolher qualquer recipiente fácil do bebê alcançar os objetos – pode ser uma bacia, bandeja, caixas ou até... uma cesta) - e colocar objetos achados pela casa que estejam dentro do tema. Contanto que não ofereçam risco para o bebê, vale misturar texturas e tamanhos diferentes . Algumas sugestões: frutas diversas, inteiras e picadas; utensílios seguros de cozinha; objetos que fazem barulho; coisas de cores fortes e variadas, e o que mais você imaginar.
Vá ao teatro – e leve a criançada
Crescendo cercados de “telinhas” por todos os lados, nossas crianças podem até se divertir e aprender muito. Mas seria uma pena não vivenciar a experiência singular de assistir a uma peça de teatro. Afinal, o que o teatro pode oferecer é único, em todos os sentidos: público e artistas, ao vivo, num evento emocionante.
Para iniciar os pequenos nessa fonte de maravilhas, valem algumas dicas: escolha uma peça com uma história já conhecida para a primeira vez. Informe-se sobre a duração da apresentação. Deixe que ele vá com a barriguinha cheia, mas leve um lanchinho para garantir. E se ele se cansar mais rápido do que você imaginava, não tem importância – é só voltar para casa e tentar de novo. Numa dessas tentativas, você verá nos olhos de sua criança o fascínio e a emoção que só o teatro pode oferecer.
Educar • Março/2017
Enfeitando o bebê com cuidado Todo mundo adora aquela bebezinha enfeitada com uma linda faixa na cabeça. Mas antes de fazer a alegria da mamãe e deixar todo mundo encantado, é preciso ter alguns cuidados, pois uma faixa mal escolhida pode incomodar e até causar irritações e mal estar. Para a pele sensível do bebê, o melhor é um tecido ou uma trama feita com algodão. Nada de apliques e enfeites pequenos que podem acidentalmente provocar um engasgo. Verifique também se não está muito apertada, comprimindo a pele. E fiquem atentos a qualquer sinal de desconforto ou reação.
O chefe Anthony e sua comida crua
Anthony nasceu com um problema intestinal grave e extremamente doloroso. Foi uma longa fase de sofrimento para o bebê islandês até que os médicos descobrissem o que estava acontecendo e fizessem uma cirurgia para “reorganizar” o intestino do pequenino. Após a cirurgia, Anthony ainda sofreu várias infecções e passou por muitas outras cirurgias. Dá para imaginar que dar o que comer para esse bebê era muito complicado. Sua mãe, Effa, que já era vegetariana, resolveu experimentar uma dieta de alimentos crus para Anthony. Hoje já se vão 6 anos que isso começou e Anthony está com seus nutrientes todos em dia, tendo se transformado num menino cheio de energia e alegria de viver. Tanto que ele agora já faz seus próprios vídeos para o Youtube. O assunto? Comida gostosa – e totalmente crua. Acesse: www.rawmother.com
Balanço bom Decorativo e adorado pelas crianças, um balanço dentro do quarto pode ser uma boa opção de decoração – e de diversão – para o dormitório dos pequenos. Colocado numa altura adequada para a idade e com um “pouso” seguro por baixo, o balanço une o útil, o agradável e o bonito! Útil, e muito, já que equilibrar-se num balanço é uma atividade que envolve toda a coordenação motora e a percepção da criança. Além disso, vai ser muito gostoso para as crianças, em dias de chuva ou não, poder contar com seu próprio “parquinho” indoor. E os balanços ainda fazem bonito, podendo combinar com a decoração de cada quarto. Que tal experimentar?
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Faça você mesmo
Educar • Março/2017
Quadro de organização das familinhas As férias geralmente criam uma bagunça na rotina familiar; já a mudança do horário de verão costuma deixar as crianças confusas em relação ao tempo que ainda têm para curtir o dia e cumprir suas atividades diárias Uma forma simples e divertida de organizar as atividades diárias da criançada e criar uma rotina saudável e familiar, é criar um quadro de organização.
O QUE VOCÊ PODE INCLUIR NESTE QUADRO? Atividades simples como higiene pessoal, tarefas da escola, diversão em casa, eventuais eventos durante a semana.
COMO MONTAR O QUADRO: Em um retângulo, você precisará dividir seu espaço em 8 partes na vertical (em pé), sendo a primeira coluna mais estreita que as demais e 4 partes na horizontal (deitada), sendo a primeira linha a mais estreita. Na vertical – a primeira coluna com a divisão dos turnos (manhã, tarde e noite) e as demais colunas em branco para serem colocadas as atividades. Na horizontal – a primeira linha com a divisão dos dias da semana (segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado e domingo) e as demais linhas para serem utilizadas indicando as atividades.
COMO INCENTIVAR O USO DO QUADRO COM A CRIANÇA: PARA CRIAR ESTE QUADRO VOCÊ IRÁ PRECISAR DE: • 1 quadro branco ou 1 quadro de cortiça ou 1 quadro para giz de cera; • Caneta para quadro branco • Canetas coloridas • Fita adesiva • Linha colorida (barbante ou linha para bordado são ideais) para criar as divisórias (colunas e linhas) base. • Fixadores de metal (quando usar quadros de metal ou fixar na geladeira) ou alfinetes (quando usar quadros de cortiça) • Imagens das atividades
Sugiro que o quadro seja preenchido todo domingo com as crianças presentes, pensando na organização semanal das atividades. Você deve orientar as crianças a retirar o desenho do quadro ou ainda riscar as atividades assim que realizadas. E ao final do dia, conferirem juntos tudo que foi ou não executado. É importante que elas tenham noção de como seu dia foi produtivo e como elas desempenharam bem suas responsabilidades. E, assim, também passarem a se organizar com mais autonomia, sem a necessidade da cobrança diária ou ainda a insistência por sua execução... que como mãe de 3, eu assumo... as vezes torna-se a parte mais cansativa rsrs. Prometo para vocês que essa ideia funciona com os pequenos e até com os maiorzinhos, basta paciência na sua implantação e o carinho dos pais em ouvir e orientar seus filhos. No site www.sementinhadegente.com.br e no Canal do YouTube sempre tem sugestões de outras ideias e sugestões para tornar nosso dia a dia bem produtivo e criando vários momentos especiais. E se quiser compartilhar por meio das redes sociais, como vocês organizam a rotina das suas #Familinhas, não deixe de acrescentar a hashtag #SemeandoIdeias e aproveite e me seguir por lá também (@sementinhadegente).
Milena Luisa, mãe de Artur (9), Mateus (6) e Pedro (4). Sonhadora e idealizadora do Sementinha de Gente
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Capa
QUAL É MESMO
a diferença?
Texto: Auxiliadora Mesquita - Fotos: Chai Mariano
Nós os conhecemos, com seus olhinhos puxados e sorriso tranquilo. São crianças e adultos com síndrome de Down. O que foi motivo de exclusão social durante muito tempo hoje nos traz um outro olhar, deixando de lado, estereótipos imprecisos e ultrapassados. Sabemos hoje que as pessoas que têm a síndrome, têm plenas condições de ter uma vida normal, em nossas casas, em nosso mundo e em nossos corações... como qualquer outra criança.
A síndrome de Down é uma alteração genética causada pela presença de um cromossomo a mais na célula do embrião. Isso quer dizer que ao invés dos 23 pares de cromossomos presentes na maioria, vêm com um cromossomo extra no par 21 por isso ela é conhecida como Trissomia do 21. Não se sabe até hoje o que causa essa alteração. Sabemos apenas que é uma alteração muito comum, atingindo 1 a cada 700 nascimentos. E ocorre independentemente de raça, condição socioeconômica ou localização geográfica. Alguns fatores sabidamente aumentam a chance de gerar uma criança com a síndrome, como a idade mais avançada da mulher na gravidez. Mas permanece um mistério por que a alteração acontece. Já que os cromossomos são responsáveis por controlar todas as nossas características e o funcionamento do nosso corpo, ter um a mais manda “instruções” diferentes para o desenvolvimento do bebê que se forma no corpo da mãe. As principais diferenças têm a ver com os traços físicos, o tônus muscular e a propensão a desenvolver certas doenças. A capacidade intelectual também é afetada. De acordo com o Dr. Dráuzio Varella, as alterações cromossômicas determinam características típicas: • Olhos oblíquos semelhantes aos dos orientais, rosto arredondado, mãos menores com dedos mais curtos, prega palmar única e orelhas pequenas. • Hipotonia: diminuição do tônus muscular responsável pela língua protusa, dificuldades motoras, atraso na articulação da fala e, em 50% dos casos, cardiopatias. • Comprometimento intelectual e, consequentemente, aprendizagem mais lenta.
Educar • Março/2017
A grande mudança
A maior mudança em relação às pessoas que têm SD, foi nossa maneira de entender. Os tempos de internamento em instituições e exclusão social já se foram. Hoje, sabemos que essas pessoas possuem um aprendizado mais lento, mas com estímulos certos, podem evoluir muito bem em sua socialização e autonomia. Dr. Dráuzio nos lembra que “a estimulação precoce, desde o nascimento, é a forma mais eficaz de promover o desenvolvimento dos potenciais da criança com síndrome de Down.” Essa mudança na maneira de encarar a síndrome de Down, trouxe outra perspectiva para os que a tem e suas famílias. Hoje, podemos vê-los levando uma vida comum, com seus problemas e alegrias. Cada criança é única e não temos como prever seus limites e potencial individual. Mas todos podem se desenvolver.
Recebendo o Down em nossas vidas É possível diagnosticar a presença da síndrome na gestação, por meio de ultrassom morfológico e amniocentese para confirmação. O diagnóstico também é feito clinicamente após o nascimento, com a confirmação através do exame dos cromossomos, o cariótipo. O que esses exames não podem detectar é o impacto que o nascimento de uma criança com Down traz a uma família. É comum que os pais relatem um susto inicial, bem como o medo e a frustração. Vânia Khun, mãe do pequeno Heitor, sabe bem como é. “Fiquei sabendo que o Heitor tinha síndrome de Down quando ele nasceu. Tive um choque inicial, mas minha maior preocupação não era a síndrome, era o problema de coração - ele nasceu cardiopata e aos oito meses fez uma cirurgia”, nos conta Vânia. Hoje, Heitor já está com 3 anos, ótimo e saudável. Passado o susto da cirurgia e a recuperação, o que preocupa Vânia agora é o olhar do mundo para Heitor. “O que mais me incomoda e me dá medo, é a falta de conhecimento das pessoas, de não respeitar o tempo do Heitor, de querer forçá-lo a andar, a mastigar. Ele tem seu tempo, mas tenho certeza que ele vai conseguir tudo no tempo dele.” E é claro que, como mãe, o sonho de Vânia é que as pessoas enxerguem
seu filho como ela mesma o vê: uma criança saudável, alegre e carinhosa. Não, não é um conto de fadas: mães e pais de crianças com Down passam por angústias, aflições e cansaço. Tem que ter muita dedicação – Vânia leva Heitor a sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e outras atividades estimuladoras. Mas o que mais aflige mães como Vânia é o preconceito e o desrespeito. “As pessoas precisam compreender mais da síndrome de Down”, diz Vânia. “Fora levar ele para a estimulação, não vejo diferença na minha vida de mãe de qualquer outra mãe que não a tem". E ela está certa! Afinal, crianças com síndrome de As pessoas Down são crianças. E precisam do que todas elas precisam necessitam: carinho, acocompreender lhimento, cuidado, alimentação e respeito. Ajuda mais da especializada? Sim! Mas o síndrome mais importante é convívio e participação, respeito e de Down compreensão. Um lugar no mundo, como todos nós.
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Por Carol Rivello - @NossaVidaComAlice "Soube um dia após o parto que minha filha Alice havia nascido com síndrome de Down. Eu estava prestes a iniciar uma aventura cheia de descobertas e desafios ao seu lado. Senti muito medo do desconhecido no início, claro. Logo notei que ela, ainda que tão pequena, seria a protagonista de grandes mudanças na minha vida. Por sua causa, finalmente abri meus olhos para um mundo novo. Foi como se uma janela empoeirada, fechada há muitos anos, tivesse sido aberta na minha vida, trazendo novos ares. No começo, aquela luz que entra pode cegar nossos olhos, nos assustar, mas assim que nos que acostumamos, nos reajustamos a esta nova luminosidade, percebemos um mundo de cores até então desconhecidas. E a pequenina chegou com tudo: afastou as cortinas, abriu os vidros e escancarou as persianas. Desta “janela” eu enxergo um novo mundo e tenho outro olhar sobre a síndrome de Down e as mais variadas deficiências. Este novo olhar me mostrou que somos todos iguais em nossa singularidade, somos todos especiais justamente por sermos todos únicos. Mas nem tudo são flores: a mesma claridade que iluminou tantas coisas belas, também trouxe luz às dificuldades e desafios, e revelou que temos muito caminho a percorrer. Enxergo uma educação regular não inclusiva, percebo pré-conceitos e avisto um mundo capacitista. Esta janela que a maternidade abriu nunca mais será fechada. E que bom! Pois inevitavelmente, ao abrir uma nova janela em sua vida, os mesmos raios de sol que iluminam lá fora, clareiam também o interior da sua casa. E essa nova luz faz com que você se enxergue melhor, proporcionando um maior auto-conhecimento, encontrando pré-conceitos que você nem imaginava que possuía, mas também encontrando muita energia e vontade de lutar por um mundo melhor."
Fotos: Arquivo Pessoal / Divulgação
Síndrome de Down
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E essa nova luz faz com que você se enxergue melhor, proporcionando um maior auto-conhecimento, encontrando pré-conceitos que você nem imaginava que possuía, mas também encontrando muita energia e vontade de lutar por um mundo melhor.
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Educar • Março/2017 11
Entrevista
Do Brasil para o mundo - Movimento Texto: Claudia Prates - Entrevista: Priscilla Koerich
“Era véspera de Natal, Bernardo estava para nascer. Cada vez que ele se mexia na barriga da Clara, ela logo pensava: ‘Este menino vai ser médico! Ou talvez engenheiro. Advogado, quem sabe... Mas antes ele vai enfrentar alguns desafios impostos pela vida. Vai precisar se dedicar muito, lutar, cair, se levantar...’ Nem de longe passava por sua cabeça que Bernardo chegaria e traria consigo um desafio um pouquinho maior: ele nasceria com síndrome de Down. Num primeiro momento, Clara se preocupou. Chorou sozinha, muitas vezes em silêncio, pensando que seu filho teria uma vida custosa pela frente. Chegou a pensar que não daria conta de oferecer a ele uma educação apropriada e teve receio, inclusive, de não conseguir amá-lo plenamente.
Clara estava enganada. Bernardo, essa criança tão linda quanto inteligente, vem se desenvolvendo brilhantemente e faz, diariamente, o coração de sua mãe bater mais forte. Faz com que ela tenha a certeza de que ele, essa alma abençoada, veio pra ‘pincelar’ felicidade por onde quer que passe. Bernardo é esse arco-íris de cores inacreditáveis que alegra o dia de qualquer um. Bernardo é vida, ventura, euforia, ternura, vitória. Bernardo é amor.” Celebramos essa história e a compartilhamos aqui com você para provar que informação e amor são essenciais na vida de uma pessoa com síndrome de Down. A pessoa com síndrome de Down nasce repleta de capacidades, e só precisa que as pessoas as entendam. Lógico, há complicações próprias da síndrome, mas que fique claro: não são dificuldades
intransponíveis, e a vida de ninguém se torna pior por isso. Com o objetivo de reunir conteúdos que tendem a colaborar com o desenvolvimento das potencialidades da criança com síndrome de Down, a advogada Maria Antônia Goulart fundou a organização Movimento Down (www.movimentodown.org.br). O Movimento contribui, de maneira eficaz, para a inclusão de pessoas com síndrome de Down, em vários espaços da sociedade. Maria Antônia Goulart, mãe da Beatriz, nascida com síndrome de Down, conversou com a Educar e definiu a história e o trabalho da organização. Foi o nascimento da filha que a impulsionou e a fez conseguir reunir e manter um grupo de mães/familiares para debater o tema e ampliar as possibilidades de todos.
O que motivou a criação do site Movimento Down? Maria Antônia Goulart - O Movimento Down completou cinco anos este mês, que é também o mês da comemoração internacional da síndrome de Down, e foi uma iniciativa minha e de uma outra mãe, a Patricia Almeira. Quando minha filha, Beatriz (hoje com 6 anos) nasceu, eu fiquei impactada por haver pouca coisa aqui no Brasil, em português, que pudesse apoiar as famílias nas dúvidas e orientações pertinentes a esses primeiros anos. Então, depois de conversar muito com a Patricia, que estava morando em Nova
Down
Iorque e que me enviava conteúdos de associações internacionais, surgiu a ideia de criar o site aqui no Brasil, de forma a traduzir alguns desses materiais e produzir outros com o objetivo de disponibilizar e difundir informações objetivas e claras. Um site confiável e que explicasse, principalmente para familiares, sobre como acolher, cuidar e orientar os responsáveis e cuidadores acerca dos direitos de desenvolvimento e aprendizagem da criança com SD, de forma que possam crescer com autonomia e independência.
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Educar • Março/2017 12
Quais as principais questões que envolvem a criação de pessoas com síndrome de Down? Maria Antônia Goulart - No primeiro momento, o cuidado com a saúde. As diretrizes dos cuidados com as crianças com SD do Ministério da Saúde trazem todos os exames que devem ser feitos, os cuidados, as doenças que têm mais incidência em pessoas com essa síndrome. É o caso das cardiopatias: 50% das pessoas que nascem com SD apresentam cardiopatia congênita, um número muito expressivo se comparado com crianças não afetadas pela síndrome. O Movimento Down participou da elaboração dessas diretrizes, e nosso grande desafio é que elas sejam distribuídas, divulgadas em todas as unidades básicas de saúde do Brasil. Que façam parte dos cadernos de atenção básica dos programas de formação dos agentes comunitários de saúde, enfermeiros, médicos e profissionais que atuam com estimulação, para que esses cuidados, tão necessários, sejam de fato ministrados.
Outra questão de suma importância diz respeito à estimulação precoce: as terapias de estimulação, que devem ser iniciadas logo após o nascimento (a não ser que a criança tenha alguma ocorrência de saúde em que o médico não indique o início da terapia, como por exemplo, uma cardiopatia, quando se deverá aguardar a alta cirúrgica). O processo de estimulação global é muito importante porque ajuda a criança no desenvolvimento das habilidades motoras e cognitivas. Crianças com SD costumam ter hipotonia, que é a musculatura mais frágil, mais flácida e ligamentos mais relaxados, o que vem a requerer fisioterapia para o desenvolvimento motor. Com isso, elas vão se sentar, andar, correr, pular, ter uma vida comum e conviver normalmente com outras crianças.
Sobre a Educação Inclusiva
Maria Antônia Goulart - O Instituto Alana (www.alana.org.br) divulgou, no final de 2016, uma revisão bibliográfica de pesquisas feitas pela Universidade de Harvard sobre os benefícios de uma educação inclusiva para crianças com e sem deficiência. A Apae de São Paulo também divulgou um documento em que diz ter acompanhado crianças egressas da associação, que tinham ido para escolas inclusivas e outras que tinham permanecido em escolas especiais -- e o resultado disso é bem objetivo: crianças com deficiência aprendem mais e melhor em contextos inclusivos. Para elas, é muito melhor estudar em uma escola inclusiva, com crianças sem deficiência. As pesquisas de Harvard mostraram também que há um efeito mais positivo quando crianças sem deficiência convivem com aquelas portadoras de SD. Essas crianças desenvolveram uma série de habilidades como tolerância, respeito, cuidado. E também do ponto de vista acadêmico, o professor tem que apresentar os conteúdos com múltiplos estímulos, de formas variadas, o que beneficia toda a turma e não só o aluno com deficiência. Esta é uma luta árdua - a lei brasileira de inclusão, que entrou em vigor no começo deste ano, define que é responsabilidade de todas as escolas, públicas e privadas, oferecer às crianças com deficiência, todos os recursos necessários para que elas se desenvolvam e aprendam.
O Dia Internacional da síndrome de Down, comemorado em 21 de março, está chegando e o Brasil é sempre campeão no número de eventos no mundo! A cada ano que passa, a voz das pessoas com SD e daqueles que vivem e trabalham com elas se torna mais forte. Para comemorar a data, a Down Syndrome International, organização internacional comprometida em melhorar a qualidade de vida de pessoas com a trissomia mundo afora, encoraja as organizações e comunidades ao redor do mundo a organizar eventos e atividades para promover a conscientização sobre a síndrome de Down. Esse ano o tema escolhido é “Minha voz, minha
comunidade” #MinhaVozMinhaComunidade. O objetivo do dia é celebrar a vida das pessoas com síndrome de Down e disseminar informações para promover a inclusão de todos na sociedade. Saiba mais em: www.movimentodown.org.br
Informe publicitário
Educar • Março/2017 14
A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE BUCAL EM CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS Com os constantes avanços da medicina, indivíduos com necessidades especiais, das mais diferentes formas e graus de severidade, estão apresentando um aumento considerável em sua expectativa de vida, graças a uma melhora substancial na qualidade de vida dos mesmos.
Sendo a Odontopediatria a especialidade da Odontologia indicada para tratar crianças com necessidades especiais, tanto de forma preventiva quanto terapêutica, houve uma necessidade de adequação das práticas empregadas nos consultórios particulares, ambulatórios e hospitais. As simples extrações deixaram de ser tratamentos de escolha, em detrimento de técnicas mais conservadoras, acompanhadas de um planejamento preventivo de médio e longo prazos. De maneira geral, crianças com necessidades especiais apresentam um risco maior de desenvolver alguma patologia oral ao longo da vida. Tais patologias podem impactar severamente a saúde e a qualidade de vida daquelas com condições sistêmicas alteradas, tais como o comprometimento imunológico (ex, leucemia, HIV) ou cardíaco. Existe um consenso entre pais e cuidadores sobre a dificuldade de se promover uma higiene bucal adequada pela falta de cooperação por parte da criança. Ao recebermos em nosso consultório uma criança que necessite tratamento diferenciado em decorrência de alguma necessidade especial, precisamos desenvolver um plano de tratamento detalhado e que será baseado não só nas necessidades daquele paciente, mas também nas suas limitações. Buscamos sempre ambientar a criança e fazê-la aceitar o tratamento por meio de atividades lúdicas, baseadas no seu grau de compreensão e participação, com o objetivo não só de concluir aquele tratamento, mas também de prepará-la para as visitas futuras. Muitas vezes precisamos recorrer à sedação a fim de oferecermos um tratamento definitivo e de qualidade. A sedação é indicada não só para crianças com necessidades especiais, mas também quando recebemos crianças com experiências traumáticas prévias, ou ainda, quando muito pequenas e que necessitem de tratamentos mais complexos. Nestes casos, é imperativo que tenhamos à nossa disposição um médico Anestesiologista, que fará uma avaliação prévia da criança, e a acompanhará durante o tratamento, para que o procedimento seja permeado pela mais absoluta segurança. Sabemos que a saúde bucal é fator primordial da saúde geral e bem estar. Nossas crianças especiais necessitam e merecem um atendimento digno e de qualidade, que visem seu bem estar ao longo da vida, para que ela seja plena e feliz. DRA. DANIELLA FERRARESI Odontopediatra, CRO/SC 3006 • Graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) • Especialista em Odontopediatria pela UMDNJ - University of Medicine and Dentistry of New Jersey, EUA • Fellowship em Atendimento à Criança Especial pela UMDNJ, New Jersey Dental School, EUA • Professora Clínica Adjunta do Departamento de Odontopediatria da University of Loma Linda, California, EUA.
CLINICA SANTA PAULINA Rua Vila Tenente Sapucaia, 78 – Centro - Tel.: (48) 3224-7721 – (48) 99656-2223 Atendimento a crianças e adolescentes em geral; crianças e adolescentes com necessidades especiais, sob sedação.
* Investidos por meio do Pacto pela Educação, de 2012 a 2017.
A rede estadual de ensino que é referência no Brasil está pronta para mais um ano letivo. Aumento de 0,6 pontos no IDEB.
533 escolas com jornada ampliada.
Melhor ensino fundamental anos finais IDEB 2015.
Todos os diretores escolhidos por professores, estudantes e pais.
Mais de R$ 500* milhões investidos em reformas e novas escolas.
É com educação de qualidade que Santa Catarina vai mais longe.
Palavra de professor
APRENDER A
TRANSFORMAR Trabalhar como professor pode ser extremamente gratificante, mas para que bons resultados possam ser concebidos é preciso que seja feito um exercício minucioso de pesquisa e de fundamentação. Quando o educador conhece bem seu aluno, consegue articular os conteúdos aos interesses das crianças. Um bom professor enxerga o aluno, o grupo e a ação pedagógica como objetos de estudo. Isso quer dizer que ele observa e reflete para aprender e, assim, consegue executar um trabalho focado e pontual. Na prática, se o professor não dirigir o seu olhar para o que precisa saber, estará simplesmente jogando tempo e trabalho fora. Ele precisa se preparar, antes da aula, para averiguar quais os pontos de interesse e, a partir daí, iniciar seu
trabalho de observação. Perceber o que é fácil, desafiador, como cada criança reage a situações diversas, como aprendem são exemplos dos objetos de observação. Registrar os resultados de sua pesquisa consiste num passo importante no processo de ensino e aprendizagem. É uma forma de não deixar que essas observações caiam no esquecimento. Além disso, serve como ferramenta para analisar a trajetória de aprendizagem de cada criança ao longo do ano. Esse trabalho de observação e reflexão precisa ser constante. Isso porque a cada dia os alunos, o professor e o grupo se modificam e se transformam. Na medida em que interagem uns com os outros, socializam-se e remodelam-se, numa relação íntima de construção e desconstrução.
Educar • Março/2017 19
Uma vez que o professor conheça quais as necessidades de cada aluno, da turma e de si mesmo, conseguirá elaborar e mediar aulas, atividades e situações focadas para este grupo de pessoas. Para tanto, é imprescindível que a relação entre estes sujeitos seja permeada por afeto e carinho. Quando a afetividade está envolvida no processo de aprendizagem, os conteúdos internalizados tornam-se muito mais significativos. E são essas aprendizagens, permeadas por sentimentos positivos, que a criança leva para a sua vida, que não esquece e, melhor de tudo, que usa como trampolim para conhecer e entender novos conceitos e aprender mais. O trabalho do professor deve constituir-se na construção de uma relação diária com cada criança, para que, assim, tenha como executar ações intencionais de ensino. A importância deste tipo de prática pedagógica se dá, pois o ensino não deve se ater a conteúdos de matemática, linguagem, ciências, mas deve abranger competências como o desenvolvimento da criatividade e da curiosidade, a capacidade de resolver problemas, de lidar com situações difíceis e de conviver harmonicamente com as pessoas. Enfim, o ensino de qualidade está intimamente atrelado à construção de um sujeito capaz de fazer, de transformar e de aprender a aprender.
Os momentos mais especiais têm algo em comum: eles não se repetem. Isso inspirou o Clube do Confete a transformar tais momentos em lembranças apaixonantes, porque o coração é o lar de tudo que dura para sempre, e nele habita o inesquecível. O Clube do Confete é mais do que um espaço premium para festas. Somos um grupo de pessoas genuinamente apaixonadas pelo que fazemos. Cuidamos de cada detalhe com perfeccionismo e atenção, ao cliente e seus convidados. Uma grande festa é feita de pessoas felizes, e felicidade é a nossa especialidade.
Presente e Futuro Ensinar todos os conteúdos construídos ao longo da história da humanidade aos alunos é impossível, mesmo porque o mundo está em constante transformação. Por isso, a escola deveria se concentrar mais no ensino de habilidades nas quais a criança possa usar como ponto de partida para novas aprendizagens. Além disso, deveria tirar o foco da enorme quantidade de conteúdo que o professor precisa passar para os alunos e focar no conhecimento que a criança quer e precisa aprender. Isto significa que ensinar o aluno a pensar deveria ser a meta principal das práticas pedagógicas. Assim, a escola se tornaria mais democrática e mais eficiente. Fernanda Mello de Moura Pedagoga
e n r To uecível
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SC 401, Km 7 - 7135 - Santo Antônio de Lisboa - Florianópolis/SC
(48) 3238-4661 | (48) 8865-3522
Horário de Atendimento: 2ª a 6ª das 9h às 12:30 e das 13:30 as 18:00 Sábados das 9h às 13h mediante agendamento prévio.
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Relação familiar
meninos criando
Meninas gostam de rosa e meninos de azul. Para elas bonecas; para eles, carrinhos. Romance, ficção científica. Ballet, judô. Princesas, heróis. Por muito tempo as infâncias se desenharam assim, cindidas. Elas para um lado, eles para outro. As meninas aqui, os meninos ali. O que colhemos como resultado foram gerações de adultos com dificuldade de gerir sua vida e suas relações amorosas por estarem fixados em papéis, muito bem delineados, mas completamente apartados da vida real. Colhemos relações de casal desequilibradas nas quais ambas as partes se sobrecarregam de “tarefas” e “dever ser” que nem sempre estão aliados aquilo que querem, gostam ou fazem bem. Temos presenciado - ainda bem! - um renascer de um feminismo de novas roupagens. Um movimento muito espontâneo de mulheres que se cuidam e cuidam do bem estar de umas às outras. Estamos vendo surgir uma geração de meninas superpoderosas, altivas e independentes! Coisa linda! Mas, escute, e os meninos? Será que estamos preparando nossos pequenos para acompanharem essas mudanças? Ou continuamos os criando para serem peças desencaixadas do quebra-cabeça?
Os tempos mudaram. As meninas mudaram. Vamos trabalhar com nossos meninos para que eles também sejam mais livres, mais espontâneos e autônomos? Vamos começar em casa? Trate seu menino da maneira como você quer que ele trate as pessoas. Respeite seus sentimentos e a sua sensibilidade. Acolha o choro, respeite os medos e não desmereça os desafios. Quanto mais respeitado e legitimado seu filho se sentir, mais fácil será para ele respeitar os outros. Não espere que ele entenda que as meninas - e meninos - merecem respeito e que consentimento é importante se ele não teve esses valores vivenciados em sua criação. Empatia se aprende. Em casa.
Educar • Março/2017 21
Deixe que ele se expresse, por meio de brincadeiras e escolhas, da maneira que ele desejar. Respeite as escolhas de roupas, brinquedos, jogos, desenhos. Afinal de contas, o único risco que corremos com um menino que brinca de bonecas é que ele se torne um bom pai no futuro. Dispense o pitaco da vizinha, do Avô e do Padeiro. Crianças são crianças e a maneira que elas têm de compreender o mundo e os lugares - ou papéis - que podem ocupar nele, é brincando! Portanto, deixem os meninos brincarem sossegados! Ensine seu menino a se cuidar. E cuidar de suas coisas. E cuidar de sua casa. E, principalmente, a cuidar dos outros. Envolva-o em pequenas tarefas domésticas para que ele entenda que o mundo não é mágico e que o meião de futebol não é
Acredite: você não vai se arrepender! auto-limpante.
Agora, atenção, o mais importante, primordial e essencial: ame seu filho desvairadamente! É sendo amado que desenvolvemos as habilidades de relacionamento e conseguimos segurança para desempenhar o melhor de nós nas diversas situações que a vida impõe. O menino amado é o prenúncio de um homem seguro, autônomo, sensível, bem resolvido e, mais importante, feliz!
Bárbara Maglia Psicóloga
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Interação entre pais e filhos
Educar • Março/2017 23
A mascotinha da Revista Educar
Tema desta edição:
Que Raiva!
Conteúdo Auxiliadora Mesquita | Arte Cláudia Prates
A raiva é uma emoção muito comum, mas, como tantas outras, nem sempre aprendemos a lidar com ela. Para começar, muitos crescem achando que “sentir” raiva é uma coisa moralmente errada. Mas como pode estar errada uma emoção tão fundamental no nosso funcionamento e que tem nos acompanhado desde os primeiros tempos de nossa existência na história? Talvez, então, o primeiro passo para lidarmos melhor com essa emoção tão poderosa é reconhecer que ela existe para um fim e que precisamos descobrir o que fazer com ela para que ela funcione melhor em nossa vida. A raiva faz parte de nosso kit de sobrevivência: frente a um perigo percebido, ela e o medo acionam nosso"botão" de correr, lutar (ou fingir de morto!). Mas em nossos dias, os mamutes são raros em nossas ruas. No entanto, a resposta continua lá – a raiva e o medo – frente às coisas que percebemos como uma “ameaça”: uma fechada no trânsito, um compromisso que nos foi imposto, uma resposta do parceiro que sinaliza um desgosto, um gesto de desrespeito de um vizinho... E lá vem ela, a poderosa raiva. E por ser tão poderosa, muitos problemas podem surgir se não soubermos o que fazer com ela. Bastam alguns minutos em qualquer noticiário de TV para ver a raiva em ação. E as consequências... Tentar ensinar nossos pequenos a reconhecer e lidar melhor com a raiva pode ser o caminho para uma vida mais justa e tranquila para todos. Afinal, os mamutes de verdade já se foram faz muito tempo. Mas dizem que estamos sempre a matar um leão por dia, não é?
OPÇÃO DE
Interação entre pais e filhos
Achei para você Raiva, de Carolina Michelini e ilustrações de Michele Iacocca. (Editora SM) Esse livro mostra que sentimos raiva por vários motivos mas dá uma boa dica: contar números até deixar que a raiva vá para bem longe...
Laptop Sentimos raiva por muitos motivos. Às vezes, ficamos com raiva porque alguém pega ou estraga alguma coisa nossa. Ou porque queremos fazer algo e não deixam a gente fazer. Ou ainda porque estamos com problemas que não sabemos como resolver. Todo mundo sente raiva: gente grande e pequena. A raiva faz parte das nossas emoções e não tem nada de ruim nela. Mas se a gente faz coisas que machucam os outros e a gente mesmo ou se destruímos as coisas porque estamos com raiva, aí a raiva atrapalha a nossa vida. Mas então, como podemos sentir raiva e não fazer coisas que machucam, destroem ou atrapalham? Primeiro, é importante aprender a se acalmar. Você pode tentar respirar beeem fundo algumas vezes. Respirar assim acalma nosso coração. Contar até os números que você sabe também ajuda a acalmar. Ou até pegar um travesseiro ou almofada e apertar com força.
Foto: Cena da Animação: Divertidamente / Divulgação
A Raiva, de Blandina Franco e José Carlos Lollo (Editora Pequena Zahar) Esse livro mostra como a raiva pode ser um sentimento que vai crescendo dentro da gente até explodir – fazendo muita bagunça. Como fazer então? Bom para crianças a partir dos 5 anos.
Depois você pode ver qual a melhor maneira de resolver o problema. Que tal pedir ajuda pra mamãe, pro papai ou pra professora? Conversando com eles, você vai descobrir um jeito de resolver o que está te deixando com raiva. Experimente essas dicas da próxima vez que você sentir aquela raiva!
Educar • Março/2017 25
em: “Que raiva!” PIPOCA VIU QUE SEU MELHOR AMIGO, PEDRO, ESTAVA SE ARRUMANDO PARA SAIR. “OBA, VOU PASSEAR!“, PENSOU PIPOCA. MAS ELA LOGO VIU QUE NINGUÉM ESTAVA PEGANDO A COLEIRINHA DELA...
PEDRO FALOU PARA PIPOCA: “AMIGA, VOCÊ NÃO PODE IR NESSE PASSEIO. FIQUE AQUI QUIETINHA QUE EU JÁ VOLTO, TÁ?”. PIPOCA COMEÇOU A MORDER SUA ALMOFADA, RASGANDO PRA VALER! O QUE É ISSO? O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
PEDRO VIU QUE SUA AMIGA ESTAVA COM MUITA RAIVA. “PIPOCA, VOCÊ ESTÁ COM RAIVA PORQUE QUERIA IR JUNTO, NÃO É?”, DISSE PEDRO. PIPOCA VIU QUE SEU AMIGO SABIA O QUE ELA ESTAVA SENTINDO. “MAS VOCÊ NÃO PODE ESTRAGAR AS COISAS, AMIGA”.
PIPOCA SOLTOU A ALMOFADA, COM VONTADE DE CHORAR. ENTÃO ELA SE LEMBROU DE SEU BRINQUEDO DE MORDER E ... MORDEU O BRINQUEDO. “QUE ESPERTA VOCÊ É, AMIGA! ESSE PODE MORDER.”, DISSE PEDRO, FAZENDO UM CARINHO. “E NÃO SE PREOCUPE, NÓS VOLTAMOS LOGO. TCHAU!”
Dicas e novidades
Educar • Março/2017 26
Peter Pan – O Musical - (em Florianópolis) Estreia no próximo dia 19 de Março na Capital o espetáculo “Peter Pan – O Musical”. A superprodução do Rio de Janeiro já foi vista por mais de 150 mil pessoas e chega a Florianópois pelas mãos do diretor Roberto Rezende. No palco Peter Pan, o menino que não quer crescer, vai até a casa de Wendy, a menina que sonha em viver todas as aventuras das histórias que lê nos livros e que conta a seus irmãos João e Miguel. Com a ajuda da Sininho, eles partem rumo à Terra do Nunca onde junto com a princesa índia Tigrinha e os meninos perdidos enfrentam o Capitão Gancho e seus piratas. Apresentações:19/03, 26/03, 02/04 e 16/04 no teatro Pedro Ivo. Ingressos no site: blueticket.com.br
OS SMURFS E A VILA PERDIDA Estreia: 6 de abril Smurfette não está contente: ela começa a perceber que todos os homens do vilarejo dos Smurfs têm uma função precisa na comunidade, menos ela. Indignada, ela parte em busca de novas descobertas, e conhece uma Floresta Encantada, com diversas criaturas mágicas. Enquanto isso, o vilão Gargamel segue os seus passos.
Dedo Podre - Com Nivea Stelmann e Guilherme Boury (em Florianópolis e Blumenau/SC) Nivea Stelmann e Guilherme Boury contracenam na montagem "Dedo Podre", uma peça divertida, que aborda uma das principais questões da mulher quando o assunto é relacionamento: o que é ter dedo podre? Acontece dia 01/04 no Teatro Pedro Ivo às 20h30 e 02/04 em Blumenau. Informação e Ingressos no site: www.blueticket.com.br
A SAÚDE DO BEBÊ COMEÇA PELA BOCA
PRÉ-NATAL ODONTOLÓGICO
é fundamental O odontopediatra é um dos especialistas capacitados para fazer o acompanhamento da saúde bucal da gestante.
Festival algodão Doce Kids 2017 O evento visa a exposição e comercialização de serviços, decoração e produtos voltados ao mercado infantil e gestantes, com venda direta para o consumidor final. A feira contará com desfiles de coleções, divulgando as melhores marcas e tendências do segmento. Espaço de amamentação, atividades para bebês e crianças, e fraldário também farão parte da edição. Acontece dos dias 24 a 26 de março de 2017 no Centrosul, em Floripa. Saiba mais em: www.festivalalgodaodoce.com.br Dentre as atrações, o evento contará com oficinas gratuitas de Milena Luisa do site Sementinha de Gente. 1 - Oficina "Produza suas festas criativas, cheia de personalidade e que envolvam as crianças”. 2 - Oficina “Festas Criativas - Mãozinhas a postos. Itens especiais feitos pelas crianças que deixarão as festinhas criativas, coloridas e cheia de personalidade”. Acompanhe no site www.sementinhadegente.com.br.
PREVIEW
Coleção Outono - Inverno | 2017
Maria Isadora de Alcantara Cecilio
ang
Anna Lien Ebert Hu
Yohan Giacomelli
Paul
Gabriela Hausen de Macedo
Rua Princesa Izabel, 365, Centro • (47) 3433.9508 turmadacuca@turmadacuca.com.br • Joinville / SC Localização central • Estacionamento gratuito frente a loja
Maria Luíza Dalc
omuni de Assis
Betina Hausen de Macedo
TurmadaCucaOficial
Galeria Nossa Cara
Março/2016
Você também!
Quer ver seu filho nas páginas da Educar? É simples, basta usar a hashtag #revistaeducar nas redes sociais. Ou envie a foto dele para: nossacara@revistaeducar.com.br Na mensagem, escreva o nome completo e idade da criança + cidade e nomes completos dos pais. Bianca
Pedro Canto Tavares
rtins Sophia Martins e Felipe Ma
Naty Cristina
Nicole Warmeling
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Reflexão
Educar • Dezembro/2016 30
Do bater de asas da borboleta e outras incertas coincidências Acordou com o barulho da enésima tentativa de seu pai de ligar o carro. Alguns especialistas da vida urbana dirão que fora por simples coincidência que o carro do pai não pegou naquela manhã, que somente ao chegar ao ponto de ônibus percebera que os motoristas estavam em greve; que fora coincidência, ainda, optar por ir ao centro numa das diversas ‘Kombis’ que oportunamente faziam o trajeto naquela manhã abafada de segunda-feira. Ainda, por coincidência, na sua vez, cedera seu lugar a uma idosa que esperava numa posição retardatária na fila. Por pura coincidência, diriam alguns, pegou o carro de trás; por coincidência sentou-se no último banco, e por coincidência fitou diretamente nos olhos uma passageira que se sentou, no banco do meio. Ainda que tivesse crescido dentro de uma área finamente delimitada pelas fortes amarras de uma timidez genética, arriscou-se a dizer um oi, que pelo bater de asas de borboletas no Paquistão, obteve um retorno encantador, traduzido em um sorriso tão simpático que dizia, mais do que com palavras, "venha, estou pronta para lhe conhecer". Seria possível o bater de asas de uma borboleta alterar o fluxo natural das coisas e provocar, por exemplo, um tufão do outro lado do planeta? Em 1963, Edward Lorenz, pesquisando a teoria do caos se deparou, pela primeira vez, com o Efeito Borboleta no qual os fatos estão interligados sensível e diretamente pelas suas condições iniciais. Não é bem verdade que as asas de uma borboleta possam provocar um tsunami, sendo essa uma tradução popular para demonstrar que, por exemplo, uma banal rejeição amorosa a um adolescente universitário pode provocar uma onda revolucionária em 17 países com milhares de mortes. Neste caso, o bater de asas foi um fora de uma pretendente a um jovem chamado Mark Zuckerberg que, por vingança, criou uma ferramenta de pesquisa dos rostos mais bonitos da faculdade denominado Facebook, ferramenta que anos mais tarde foi utilizada para organizar a revolução, no exemplo o tsunami, denominada Primavera Árabe. Algo tão pequeno, uma frustação juvenil, provocando acontecimento tão grandioso. No cotidiano, sem percebermos, há o incessante bater de asas de borboletas que provocarão consequências inesperadas. A teoria ensina
que não existe nada em nossas vidas que seja completamente sem importância. Não existe nada inteiramente desconectado. O carro quebrar, as asas da borboleta, encontrar-se com a futura esposa numa condução alternativa... consequência. Há um ditado americano, “hindsight is always 20/20”, que significa que deveria ser mais fácil entender os fatos após terem acontecido, porém, um dos principais desafios da existência humana é conviver com os mistérios da vida, ou seja, o mesmo retumbante “por quê?” ressoa tanto na queda do avião dos Mamonas quanto no voo final da delegação da Chapecoense. Alguns familiares, amigos, fãs ou torcedores se perguntam o que provocou tamanha tragédia, qual bater de asas alterou os fatos para que chegassem naquele desfecho. Por coincidência, após a viagem de Kombi até o centro, trocaram celulares, mensagens, áudios, vídeos e alguns encontros depois começaram a namorar. Casaram, viajaram, procriaram e criaram os filhos. Tudo devido a uma bateria arriada. Tudo advindo de um dia que, aparentemente, começara tendo tudo para dar errado. Por coincidência, há neste momento alguém precisando de ajuda de todo tipo: fome, desamparo, medo, solidão. Por coincidência, presenciamos uma revolução humana que nos aproxima da tecnologia, da interligação, da informação, mas, nos afasta do afago, das pessoas e do contato direto. A violência urbana aumenta assustadoramente, os políticos se tornam, ou são revelados, cristalinamente mais desonestos. Alguém hoje lhe pediu uma moeda, puxou papo, mas, você não notou, deixou de dizer um “bom dia”, faltou no futebol, adiou aprender um idioma ou tocar um instrumento. Por coincidência, não visitou os pais no fim de semana, o tempo está se esgotando. Ainda, por pura coincidência, alguém despretensiosamente escreveu um texto e você, que nunca abriu esta revista, que nunca leu esse tipo de texto, por coincidência, chegou até aqui. André Rezende
Administrador de empresas, Auditor da Secretaria de Estado da Fazenda e pai do Arthur e Lucas.
Conheça a Vitaclass Há 16 anos foi fundada a Dent Club, que iniciou suas atividades como uma clínica voltada exclusivamente para o público infantil, visando o atendimento integral da criança e para isso, contando com profissionais de diversas áreas além da Odontologia, como medicina, psicologia e fonoaudiologia. Nosso foco desde o princípio foi proporcionar serviço de excelência visando a prevenção das doenças e buscando a manutenção da saúde por toda a infância. Em 2013, a clínica passou por modernização de sua estrutura física e o atendimento que até então era exclusivo dos pequenos pacientes, passou a ser extendido a toda família, e com isso surgiu um novo nome, a Vitaclass. O corpo clínico da Vitaclass é formado por profissionais altamente experientes, todos com pós-graduação em nível de especialização, mestrado ou doutorado. Além disso, alguns são professores universitários que participam ativamente da comunidade acadêmica nacional.
Contamos com uma estrutura física primorosa, com espaço lúdico para as crianças, sala de estar ampla e aconchegante, estacionamento próprio e acessibilidade para os pacientes especiais. Além de contar com consultórios modernos e com tecnologia de ponta, que apresentam também recursos audiovisuais que proporcionam entretenimento e relaxamento durante o atendimento. O número de casos clínicos atendidos já ultrapassa os 8.000 (oito mil). Nosso foco é o de oferecer tratamento de alto padrão.