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talles magno, o futuro da

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talles magno, o futuro da seleção brasileira talles magno, o futuro da seleção brasileira

Em novembro de 2019, ele renovou seu contrato com o Vasco até o fim de 2022. Teve aumento no salário e na multa rescisória, que passou a ser de cerca de R$ 200 milhões. Seu valor de mercado gira em torno de cinco milhões de euros. Mas não é por isso que o jovem atacante, de apenas 17 anos, se cobra tanto. Talles Magno Bacelar Martins é o tipo de atleta obstinado. Se doa ao máximo e exige o melhor de si, dentro e fora de campo. “Preciso mostrar o que mostrei ano passado”, diz sobre a temporada 2020, sob o comando do técnico Abel Braga. “Só peço pra continuarem confiando no meu futebol. Continuar confiando, independente de qualquer coisa, pois vou procurar dar o meu melhor no campo. Se não tiver na minha melhor partida, darei toda minha raça e se não puder conseguir ajudar com essas duas coisas, ajudo no que puder para que o time saia vencedor”. Talles foi promovido ao time profissional em julho do ano passado, pelo então treinador Vanderlei Luxemburgo. Ele é a maior joia cruzmaltina no momento e tem São Januário como uma segunda casa desde 2012. “Com seis anos eu estava no Vasco, no futsal. Mas por problemas financeiros familiares eu não conseguia vir treinar. Então saí e fiquei jogando só em escolinha de condomínio, onde eu morava. De nove para dez anos, voltei para o Vasco, no futebol de campo. Estou até hoje”. A base vascaína formou o atleta, que agora veste a camisa 11 e é titular absoluto na equipe principal. Mas nem só de futebol vivem os meninos da base, de onde ele saiu recentemente. O clube também oferece acesso à educação, com um colégio localizado dentro do Estádio São Januário, em São Cristóvão. “Estudo no colégio do Vasco. Eles fazem tudo pra ajudar os atletas. Muitos jogadores conhecidos já estudaram lá. Estou no meu último ano do Ensino Médio. Quando não vou à escola recebo as matérias em casa. Vou nos dias de prova e frequento sempre que posso, de acordo com meu compromisso profissional”. Apesar de falar bem nas entrevistas, o jogador não se considera um bom aluno. Se divertiu ao dizer que sua matéria preferida é educação física. A recente desenvoltura com a imprensa vem do media training oferecido pelo clube aos atletas contratados, em qualquer categoria. “Tenho ainda um pouco de timidez e vergonha, um possível medo até. Mas o Vasco tem media training e desde pequeno fui me preparando. Hoje estou um pouquinho mais solto nas entrevistas”. Entretanto, com uma visibilidade tão grande que a carreira no futebol oferece, a carga enorme de cobrança

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e necessidade de manter um equilíbrio permanente, físico e mental, o maior alicerce vem da família. Talles é o atual protagonista, mas não é o único jogador em casa. Tem o irmão mais velho, Kaio Magno, também atacante e parte do elenco vascaíno. Eles são muito unidos, mesmo com trajetórias diferentes. “A família é muito presente na minha vida. Tenho dois irmãos e somos muito colados. O Kaio que joga aqui no profissional e mora comigo, e o outro só por parte de pai, Kleyton, que está lá em casa toda semana. Meus pais são separados, mas muito próximos de mim. Me dão toda ajuda. Nos momentos difíceis são eles a quem abraço e conto o que está acontecendo”. Outra fonte de sustentação é a fé. Quando o menino faz gol sempre agradece a Deus em primeiro lugar. A família é evangélica. “Tem uns quinze anos que minha mãe se converteu. Meu pai também é evangélico. Minha alegria quando criança era ir para igreja, curtir as pregações e os louvores. Tenho certeza que foi Deus quem me colocou aqui. Assim como Ele pode tirar. No momento da minha lesão, pensei que se Ele deixou é porque tem grandes coisas por vir. Confiei em Deus”. Talles Magno deixou o Mundial Sub 17, após quatro jogos como titular e tendo marcado dois gols. Lesionado, não participou dos confrontos finais, mas o Brasil foi campeão e ele recebeu não só a medalha como uma homenagem na CBF por ser parte do elenco selecionado e ajudar na conquista do tetracampeonato.

REFERÊNCIA NO ESPORTE E DANCINHA NA COMEMORAÇÃO Apesar da admiração que tem por Philippe Coutinho, jogador que também é cria de São Januário e hoje cidadão do mundo, a maior referência no esporte vem de outro grande nome do futebol brasileiro. “Philippe Coutinho está como um dos melhores jogadores do mundo. É um espetáculo ser da equipe onde ele foi um dos ídolos. Posso tirar bons frutos e aprender bastante com as histórias dele no clube. Mas tenho como referência o Ronaldo Fenômeno. Sou muito fã do futebol dele, pelo estilo de jogo e pelo jogador que ele foi”. São ambos jogadores de Seleção e com destaque na Europa. Lugar onde em breve Talles pode também estar. Sondagens de clubes de lá ele já teve. Muitos apostam que o atleta só fica no Vasco até junho, quando completa 18 anos e deixa de ser menor de idade. “Penso em dar o meu melhor no Vasco para continuar fazendo o trabalho maravilhoso que eu fazia o ano passado e só melhorar cada vez mais aqui. Todo mundo pensa em jogador lá fora, mas no momento estou focado no clube, para que se um dia eu sair, seja reconhecido como um atleta descoberto pelo Vasco”. Enquanto isso, vascaínos esperam ver o menino feliz em campo, marcando gols e comemorando com a mesma dancinha, famosa e falada, que divertiu e chamou atenção de todos, incluindo os adversários. “Desde a base tenho uns amigos que dançam. No vestiário a gente zoava, colocava a música e dançava. Nos jogos comecei a dançar com eles. Falaram que eu tinha que fazer isso no gol. Então fiz e marquei eles. Mas falei que primeiro tinha que agradecer a Deus. Levanto sempre a mão, agradecendo. Mas faço a dancinha pra descontrair”. E tudo ele fala com brilho nos olhos e um largo sorriso, típicos da adolescência. Algo que vem de dentro e nenhuma responsabilidade prematura é capaz de abstrair.

Rosária Farage Jornalista

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