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por uma igreja conservadora

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viva feliz

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por uma igreja conservadora e progressista

Perguntaram ao conservador filósofo inglês Roger Scruton, o que seria ser conservador, e ele respondeu: “Conservadores, segundo eu percebo, são pessoas que estão cientes do fato de que herdaram algo bom. Uma ordem social; um sistema político; uma cultura; uma tradição jurídica; e elas querem permanecer com isso. E isso significa ser conservador: querer conservar coisas. Mas sabem que também têm que criar compromissos para fazer isso. Para elas a atual ordem existente é importante”.

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Pus-me a pensar em sua resposta e destaquei de sua fala o que considerei essencial: pessoas “cientes de que herdaram algo bom”. Há, portanto, uma diferença entre “pessoas conservadoras” e “pessoas aliadas políticas de conservadores”: a consciência de que herdaram algo bom. Perguntei-me, então: seria conservadora uma pessoa que herdou algo ruim? Claro que não. Se é ruim, queremos mudar pra melhor. Conservar o que é ruim, seria patológico. Progredir do ruim para o bom é o desejo saudável. Roger Scruton destaca como algo bom: “uma ordem social; um sistema político; uma cultura; uma tradição jurídica” e conclui: “e elas querem permanecer com isso”.

A questão é que Roger Scruton vive na Inglaterra que tem, digamos, “uma ordem social; um sistema político; uma cultura; uma tradição jurídica” bons. Podemos dizer isso da realidade brasileira? Nossos indicadores de violência e distribuição de renda são bons? Nosso sistema político, eleitoreiro-clientelista, é bom? Nossa cultura endêmica de corrupção é boa? Nosso sistema jurídico que só consegue manter na cadeia, predominantemente, pobres e pretos é bom? Não. Logo, declarar-se conservador nesses quesitos, no Brasil, seria falta de consciência. Quando penso numa igreja conservadora e progressista, penso numa igreja que não se declara uma coisa ou outra pra ser aceita como aliada de quem vive bem sendo o que é, mas numa igreja que sabe que há coisas boas que precisam ser conservadas, mas também há ruins que precisam ser modificadas. Sabe que é desejável progredirmos do ruim para o bom ou do bom para o melhor ou do melhor para o ótimo e que isso é ser progressista. Penso numa igreja com senso crítico que a torna conservadora no que, efetivamente, precisa ser conservado e não se declara conservadora por ser subalterna, por querer agradar, a quem vive bem conservando aquilo que é bom pra si, em detrimento dos semelhantes que vivem “ao lado”, na desgraça. Em outras palavras, uma coisa é Roger Scruton, na Inglaterra, outra coisa, certamente, seria ele, no Brasil. Então, antes de endeusarmos a nomenclatura “progressista” e demonizarmos a “conservadora”, ou vice versa, pensemos no significado dos termos e nos abramos a um diálogo avaliativo e respeitoso em torno de cada situação, visando conservar o bom e progredir do que é ruim para o melhor, para todos.

Edvar Gimenes Pastor da IB Casa Forte, Recife (PE)

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