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Revista em-linha das comunidades portuguesas
Semanal Português
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21 de Janeiro de 2012 - Nº 11
As Aventuras de Tintin
O Segredo de Licorne
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Palavras de boas-vindas
O Semanal Português
Editorial
Francesco OSemanal Schettino
Português
Le journal hebdomadaire Portugais
Marie Moreira
A conversa entre Gregorio De Falco, do porto de Livorno, e Francesco Schettino, o comandante do Costa Concordia, afundado ao largo da ilha de Giglio, revelou a fúria do primeiro e a desorientação do segundo. A fúria foi aplaudida e a desorientação foi interpretada como a atitude de um cobarde. Embora me
entretanto, que Schettino fez um desvio não autorizado da sua rota. Porque razão o terá feito? Sabemos também que estava na companhia de Domnika Cemorta, moldava, bailarina, loura, cujo nome não fazia parte das listas de passageiros e tripulantes. A partir destas informações, é fácil imaginar que o italiano cedeu à fanfarronice de mostrar umas habilidades à rapariga à hora
despachar Domnika dali. Os passageiros? Não sabia o que lhes havia de fazer. Além das acusações por homicídio negligente, naufrágio e abandono de navio, Schettino aparece como a figura do cobarde por excelência: é o rato que abandona logo o barco; é o comandante em terra, quando há mortos e desaparecidos no mar. O homem é uma desgraça,
ÉDITEUR Marie Moreira Directrice Natércia Rodrigues ADMINISTRATEUR Marie Moreira Rédacteur-en-chef Anthony Nunes Infographiste Mario Ribeiro
Collaborateurs Jessica de Sá (E-U) Sofia Perpétua (E-U) Avelino Teixeira (Toronto) correspondants António Lobo Antunes Joel Neto José Carlos de Vasconcelos Fotographe José Rodrigues
pareça tudo bem analisado, tenho uma leitura mais prosaica para este caso. Na minha opinião, Schettino, além de ser um cobarde, estava bêbedo. Aquela vozinha arrastada vinha de alguém que tinha estado a festejar em serviço. Soubemos,
do jantar. Entre brindes, o Costa Concordia ficou demasiado perto da costa e bateu contra um recife. Alcoolicamente atarantado, Schettino demorou a perceber o que se estava a passar. Ou caiu para dentro de um bote, como afirma, ou quis
um exemplo de incompetência, o representante máximo da falta de virtudes. Sóbrio e sozinho também não seria um comandante de confiança. Mas seja como for, cobarde ou não, acompanhado ou não, se conduzir, não beba.
Hebdomadaire tout les dimanches Fondé le 29-10-2011 Tél.: (514) 299-1593 E-mail: osemanal@live.fr Tous droits réservés. Toute reproduction totale ou partielle est strictement interdite sans notre autorisation écrite. Les auteurs d’articles, photos et illustrations prennent la responsabilité de leurs écrits.
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actualidade
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Naufrágio
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CRISE ECONÓMICA
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REVOLUÇÃO NO TRABALHO
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Estados unidos
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economia
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Techno-flash
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informática
2012 será o ano dos ultrabooks? O ano de 2012 poderá ser dos ultrabooks. O formato de laptop que alia hardware com maior potência e leveza deve chegar com tudo ao mercado no próximo.
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Para se ter uma ideia da verdadeira avalanche de lançamentos que vem por aí, nada menos do que 50 modelos são esperados para a CES 2012. Nos últimos anos vários produtos se revezaram na linha de frente dos lançamentos da feira. Em 2009
os netbooks eram a maior atração. Em 2010 foi a vez dos tablets dominarem o mercado. Já na feira do ano passado os produtos com suporte para tecnologias 3D foram o maior destaque. Apesar do grande número de lançamentos, ainda não se sabe como o mercado irá reagir ao novo produto. Os primeiros modelos anunciados, embora encantem pelas configurações robustas, ainda afugentam os consumidores em razão do
alto preço, em geral próximo ou acima de US$ 1 mil. Se levarmos em consideração que há pouco mais de três anos os netbooks eram a principal aposta da indústria e hoje eles praticamente já estão saindo do mercado, o melhor mesmo é ficar atento para perceber até em que ponto o mais novo segmento do mundo tecnológico é capaz de chegar.
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Techno-flash
Apple lança aplicação para criar livros gratuitamente De acordo com a informação divulgada pela Apple, o iBooks Author App vai permitir criar livros eletrónicos muito facilmente. Os utilizadores vão poder recorrer a técnicas simples, como arrastar e largar, para transformar documentos de texto em livros eletró-
nicos disponíveis na loja iBook da Apple. Uma solução aparentemente semelhante aos programas para publicação de livros eletrónicos na plataforma Kindle da Amazon. A nova aplicação está disponível em exclusivo na Mac App Store.
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Cultura
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Cultura
O que se passa no “Gesù”
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Natércia Rodrigues Aberto ao publico desde o dia 10 de Julho de 1865 e apresentando espectáculos desde 1923, o centro de criatividade do Gesù, é a sala mais antiga de representações em Montreal. Decretada Bem Cultural em 1975, o Gesù é um lugar de arte, de encontros e de perguntas definindo-se como sendo um lugar com espaços diferentes literalmente. Assim, em 2012 o Gesù abre as portas da sua comunidade cultural atrav3es de dois interactivos: um blogue evolutivo e uma plataforma no Facebook. O blogue é uma tribuna destinada àqueles que desejarem tomar a palavra, confrontar a sua criação e a sua cultura comparando-as a outras visões do mundo, a fim de suscitar um diálogo e uma troca real ligada ao presente, indicou Jocelyne Bilodeau, Directora Geral e Artística do Gesù. O blogue do Gesu é um
projecto-piloto para a comunidade artística e os amadores da Cultura. Durante o primeiro trimestre de 2012, novas funcionalidades serão integradas a fim de continuar com a evolução do blogue. Por exemplo a partir do mês de Janeiro tanto os profissionais como os amadores
vo é de aumentar a visibilidade dos grupos culturais para sustentarem o esforço de promoção da cultura e do património amórfico pela Ville de Montreal e avançando pelo Gesù e o Quartier dos Espectáculos, entre outros organismos culturais. Na página do Facebook
Mundo poderá livremente começar e comentar discussões sobre projectos, eventos intracomunitários, etc., ligados sempre com a Musica, a Dança, o Teatro e as Artes Visuais. Tive a oportunidade de assistir a uma exposição colectiva de pintura um pouco abstracta, apresenta-
aparências” Esta última está patente ao público na própria igreja e fala-nos dos tempos que já lá vão e que muita coisa se perdeu. O grupo SURKALEN, um conjunto musical formado por três elementos chilenos e um Russo ofereceramnos uma apresentação maravilhosa, um reportório de
poderão criar o seu perfil a fim de apresentarem as suas paixões ao resto do mundo e os leitores poderão contacta-los directamente pelo blogue do Gesù. O objecti-
do Gesù, os utilizadores terão acesso a partir de Janeiro de 2012 a uma plataforma de discussão reagrupando quatro fóruns internacionais aonde o
da por vários artistas e uma outra exposição de lanternas. Uma colecção de lanternas da Pré-história até ao ano de dois mil. A terceira exposição “A migração das
música do mundo. Qualquer pessoa interessada em assistir aos espectáculos no Gesù pode informar-se o mais rapidamente possível. O Gesù está situado no
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NotĂcias
sociedade
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Saúde
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Dossiê Saúde: Doença renal 26
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Saúde
Dossiê Saude:
Consequências da doença renal crónica O impacto da perda da função renal no organismo Em Portugal, surgem anualmente cerca de 2500 casos em fase terminal. A doença renal crónica (perda da função renal mantida no tempo) instalase silenciosamente no organismo. Os rins perdem a capacidade de filtrar e eliminar substâncias tóxicas oriundas do metabolismo. E esta alteração pode trazer consequências graves a longo prazo. Fique a conhecer, de seguida, os principais quadros que podem surgir associados a esta doença: Hipertensão Além de constituir um fator de risco, é uma consequência comum da doença renal crónica (hipertensão de causa renal). «Um rim que deixa progressivamente de filtrar leva à acumulação de substâncias no organismo. Algumas têm um grau de toxicidade, como a ureia, que provoca náuseas e vómitos, outras são tão simples como a própria água. A hipertensão também ocorre graças à retenção de líquidos e sal, pelo que há tendência para os pés e a zona à volta dos olhos incharem», diz Jorge Dickson. Problemas cardiovasculares Podem causar doença renal crónica através da hipertensão, já que o rim é um dos órgãos que mais tem pequenos vasos. Além disso, «quando há uma do-
ença vascular disseminada, podem surgir apertos na artéria renal que diminuem a irrigação. O rim começa a sofrer e a encolher (rim isquémico), levando a perda irreversível da sua função», descreve o especialista. Fruto da doença renal crónica, «há alterações metabólicas que lesam as células vasculares» e, em alguns casos, os medicamentos anti-hipertensores usados para tratar a doença renal fazem aumentar o potássio, «um ião fundamental para o organismo mas que, acima de certos níveis, é um fator de risco gravíssimo para problemas de ritmo cardíaco», refere ainda este especialista. Hemorragias A seguir aos problemas cardiovasculares, são das alterações que mais surgem em doentes renais crónicos. «Por exemplo, gastrites ou úlceras do tubo digestivo com perda de sangue surgem com mais frequência porque têm as mucosas mais frágeis e a função das plaquetas (células do sangue que desempenham um papel fundamental no controlo da hemorragia) está diminuída». Infeções A doença renal crónica afeta o sistema imunológico e o organismo sofre infeções com facilidade. Os doentes «também têm mais tumores que as outras pessoas, porque a depressão da imunidade aumenta o risco de cancro», sublinha ainda este nefrologista.
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Gastronomia
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receitas
Soufflé de Brócolos Ingredientes: Azeite 2 cebolas picadas 1 colher (sobremesa) de massa de alho 1 punhado de nozes picadas 2 ramos grandes de brócolos, cozidos e picados Cerca de 500 ml de leite 2 colheres (sopa) mal cheias de farinha de trigo integral Sal 4 claras batidas em castelo firme com umas pedrinhas de sal 4 gemas
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Preparação:
Comece por fazer o refogado com a cebola e a massa de alho no azeite. Quando estiverem molinhos, junte os brócolos picados e as nozes. Deixe saltear mais um pouco. À parte, junte o leite com a farinha, mexendo com o batedor de varas. Adicione ao refogado e mexa bem até engrossar. Depois, retire o tacho do lume e junte as gemas, devagarinho, sempre a mexer. Volte a colocar ao lume e continue a mexer durante uns 2 minutos. Rectifique o sal. Tire do lume e deixe arrefecer um pouco para as claras não se desmancharem. Junte então as claras em castelo e despeje tudo para uma forma de vidro, previamente untada com margarina líquida. Leve ao forno pré-aquecido, a 180ºC, durante cerca de 30 minutos.
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Gastronomia
receitas
Açorda à Alentejana Ingredientes: 1 molho de coentros (ou um molho pequeno de poejos ou uma mistura das duas ervas) 2 a 4 dentes de alho 1 colher (sopa) bem cheia de sal grosso 4 colheres (sopa) de azeite 1,5 l de água a ferver 400 g de pão caseiro (duro) 4 ovos cozidos ou escalfados Azeitonas
Preparação: Pisam-se num almofariz, reduzindo-os a papa, os coentros (ou os poejos) com os dentes de alho - aos quais se retirou o grelo - e o sal grosso. Deita-se esta papa na terrina ou numa tigela de meia cozinha, que neste caso fará ofícios de terrina. Rega-se com o azeite e escalda-se com água a ferver, onde previamente se escalfaram os ovos (de onde se retiraram). Mexe-se a açorda com uma fatia de pão grande, com o qual se prova a sopa. A esta sopa dá-se o nome de “sopa azeitaria” ou “sopa mestra”. Introduz-se então no caldo o pão, que foi ou não cortado em fatias ou em cubos com uma faca, ou partido à mão, conforme o gosto. Depois, tapa-se ou não a açorda, pois uns gostam dela mole e outros apreciam as suas sopas duras. Os ovos são colocados no prato ou sobre as sopas na terrina, também conforme o gosto. Muitas vezes, na água utilizada já se cozeu uma posta de pescada ou de bacalhau. Também pode ser acompanhada com sardinhas assadas ou fritas no Outono. Pode ser enriquecida com tiras finas de pimento verde, que se escaldam com a água ao mesmo tempo que as ervas, e acompanhada com figos maduros ou um cacho de uvas.
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Cultura Portuguesa
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lENDAS DE
pORTUGAL
Lenda do Castelo de Bragança ou da Torre da Princesa
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Quando a cidade de Bragança era ainda a aldeia da Benquerença, existia uma princesa bela e órfã que vivia com o seu tio, o senhor
fortuna, prometendo só voltar quando se achasse digno de a pedir em casamento. Durante muitos anos a
ao cavaleiro decidiu contar-lhe que o seu coração era do homem por quem esperava há 10 anos, o que encheu de cólera o tio que
disse-lhe que esta seria condenada para sempre se não acedesse a casar com o cavaleiro. Quando estava a ponto de
A partir de então a princesa nunca mais foi obrigada a quebrar a sua promessa e passou a viver recolhida numa torre que ficou para
do Castelo. A princesa tinha-se apaixonado por um jovem nobre e valoroso, mas pobre, que também a amava, e que tinha partido para procurar
princesa recusou todas as propostas de casamento até que o tio resolveu forçá-la a casar-se com um nobre cavaleiro seu amigo. Quando a jovem foi apresentada
resolveu vingar-se. Nessa noite, o senhor do Castelo disfarçou-se de fantasma e entrando por uma das duas portas dos aposentos da princesa,
a obrigar a jurar por Cristo, a outra porta abriu-se e, apesar de ser de noite, entrou um raio de sol que desmascarou o falso fantasma.
sempre lembrada como a Torre da Princesa. As duas portas ficaram a ser conhecidas pela Porta da Traição e a Porta do Sol.
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Cultura Portuguesa
história DE
pORTUGAL
Os rios Os rios da Península Ibérica são poucos extensos e pouco caudalosos, se os compararmos com os rios europeus. Devido aos Verões muito secos, o seu regime, na maioria dos casos, é muito irregular. Os rios ibéricos dividem-se em dois grupos: os rios da fa-
chada atlântica, que desaguam no oceano Atlântico, e os rios da fachada mediterrânica, que desaguam no mar Mediterrâneo. Os rios da fachada atlântica são rios de caudal regular; deslocam-se no sentido nordeste/ sudoeste e têm fortes correntes. Os rios da
fachada mediterrânica têm um regime irregular, são pouco extensos e têm pouco caudal (a única excepção é o rio
Ebro, que deve o seu grande caudal às águas que recolhe das cordilheiras Cantábrica, Pirenaica e Ibérica).
A cultura muçulmana Os muçulmanos assimilaram muitos conhecimentos de importantes civilizações - grega, persa, indiana e chinesa. Assim, graças a eles, conheceram-se e divulgaram-se muitas ciências e técnicas na Europa. Os grandes centros urbanos de Córdova, Toledo e Sevilha possuíam boas escolas e bibliotecas, onde se desenvolvia a astronomia, a matemática e a gramática. Foram os muçulmanos quem transmitiu aos europeus o pensamento dos homens da ciência e da filosofia grega (a obra de Aristóteles foi comentada pelo sábio cordovês Averróis e, depois, traduzida para o latim, para conhecimento da Europa).
Contudo, os muçulmanos não foram apenas transmissores de conhecimentos. Também escreveram importantes obras de história e poesia e realizaram grandes avanços científicos. No campo da medicina, aperfeiçoaram o conhecimento do corpo humano e a forma de curar algumas doenças; no campo da matemática, inventaram a álgebra; os seus trabalhos de alquimia facilitaram o nascimento da química moderna. Algumas cidades portuguesas, como Lisboa, Santarém, Alcácer do Sal, Évora, Beja, Faro e Silves, foram centros intelectuais onde despontaram grandes juristas, filósofos, historiadores e poetas.
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Viagem
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As 25 melhores pr
Destino:
Myrtle Beach South Carolina
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Viagem
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raias de o mundo Pouco lembrado em termos turísticos, pelo menos para quem não é americano, o estado de South Carolina é mais ou menos como um estado meio campo. Um pouco ao norte da Florida (e todas suas atrações) e um pouco ao sul de New York (e todas suas tentações). Nós passamos por aqui meio de passagem, mas a verdade é que a visita acabou nos revelando uma injustiça turística, porque há muito para se ver neste estado e talvez nós é que pouco sabíamos disso. A economia do estado apoia-se principalmente na produção de soja, arroz e nas indústrias de carne de frango, gado e laticínios. Também são importantes no estado a produção de produtos químicos, maquinarias e indústria têxtil. Turismo interno também é uma importante fonte de renda para a economia local. Ao contrário do que muitos imaginam, o nome do estado não foi dado para homenagear alguma Carolina, mas sim para honrar o rei Charles I, da Inglaterra. (Em latim Charles escrevese Carolus, o que acabou resultando no nome Carolina, em inglês). É um autêntico estado do sul americano, com todas implicações histórias e políticas que isto significa. Foi o primeiro estado a votar pela separação do resto do país (a chamada ‘Union’, e fundador dos Estados Confederados da America, o que acabaria levando os Estados Unidos à guerra civil, em 1861). A principal cidade de South Carolina é ‘Charleston’, mostrada na foto ao lado. Fundada em 1670, ela desenvolveu-se graças ao seu porto, que logo se tornou um dos principais da região. O trecho mais bonito da cidade é ao longo
da avenida Murray, margeando a foz do rio Ashley. Lá estão as mais imponentes mansões em estilo clássico, alinhadas lado a lado. Charleston é de fato muito bonita, não somente seu trecho de frente para a baía, mas também seu centro histórico merece ser conhecido a pé e com calma. Mais gostoso ainda é fazer este roteiro a borde de típicas carruagens de época, o que contribui para deixar ainda mais forte aquele clima de século 19, época do apogeu da Charleston, devido à riqueza trazida pelas fazendas de plantação de algodão. O ponto mais importante de Columbia é seu State Capitol, situado no centro de um belo gramado. É a partir dele que se irradiam as principais ruas da cidade, sendo o setor comercial da cidade ao longo da Main Street. Como quase toda capital estadual americana, Columbia é basicamente uma cidade administrativa, e percebemos que muitos funcionários do governo estadual aproveitam a hora do almoço para, após comer uma pizza ou hot dog, calçar um par de tênis e sair a caminhar pelas calçadas em volta do prédio do Capitólio estadual. Se passar por aqui não deixe de conhecer o prédio do State Capitol e ainda o Columbia Museum of Art, Carolina Museum e McKissick Museum. Chamou nossa atenção, logo que chegamos ao estado, o número de vezes que víamos a palavra ‘Palmetto’ escruta em quase todos lugares. Eram coisas tipo Palmetto Hospital, Palmetto Street, Palmetto Association etc. Mas a razão, logo descobrimos, é que o apelido de South Carolina é justamente ‘Palmetto State’ (terra da palmeira), e tudo, desde as placas de
automóveis até os símbolos estaduais ostentam uma palmeira branca como símbolo da terra. Fachada da Magnolia Plantation, uma das mais famosas do estado. Nessas fazendas era plantado principalmente algodão, o maior sustento da economia local. Como tantas outras Plantations espalhadas pelo sul do país, essa também foi transformada em atração turística. Enquanto nas fazendas estabeleceuse uma sociedade rica e aristocrática, os campos eram trabalhados por escravos trazidos da África. Seu número era tão grande que em 1720 eles já constituíam a maior parte da população de South Carolina. O resultado dessa equação foi que, já em 1800 o estado era totalmente dependente da mão de obra escrava para sua economia. Assim, quando a escravidão foi abolida pelo presidente Lincoln, o estado foi o primeiro a não aceitar a nova lei e em 1860 decidiu separar-se na União (o resto do país). Nos anos seguintes outros estados que também dependiam da mão de obra dos escravos para sua economia aderiram ao movimento iniciado pela South Carolina. Este movimento separatista foi o estopim da guerra civil, que iria durar de 1861 a 1865. O primeiro combate entre tropas do sul contra o exército federal (União), aconteceu com o ataque à Fort Sumter (veja abaixo). Daí em diante, estava declarada a guerra civil. Os resultados da guerra foram desastrosos para South Carolina. Um quinto da população estadual de homens brancos estava morta em 1865. A economia ficou destruída e as Plantations e casarões da capital Columbia foram
incendiados pelas tropas vitoriosas do exército nortista. As décadas seguintes foram de desespero e muita luta, tentando reerguer a economia do estado. Ao mesmo tempo, embora os escravos tivessem sido libertados, formava-se entre brancos e negros um sombrio e destruidor preconceito racial, que iria atravessar décadas e causar muitas vítimas de ambos os lados. Após a abolição a política de segregação racial continuou a vigorar oficialmente em muitos estados durante décadas, fazendo com que ônibus, banheiros públicos, restaurantes e diversos outros lugares do dia a dia fossem destinados exclusivamente a brancos ou a negros, sem mistura. Apos a derrota dos estados do sul na guerra civil a economia das Carolinas entrou em colapso. Foi muito lentamente, e graças ao estabelecimento de indústrias têxteis e mais tarde ao turismo, que South Carolina conseguir reerguer-se economicamente. Apenas a partir dos anos 60, graças a lideres como Martin Luther King, a discriminação racial terminou e hoje os americanos em geral e sulistas em particular podem conviver num país com menos injustiças raciais. A região ao longo das margens de Santee River parece um refúgio do agito das grandes cidades. Foto de uma igreja protestante, situada a beira da estrada 76, que corta parte do estado no sentido leste-oeste. É interessante observar a imensa quantidade desses templos religiosos espalhados pelo interior do país, praticamente todos com o mesmo estilo arquitetônico, um prédio moderno, discreto e com uma alta
torre desprovida da Cruz. Quando batemos essa foto ela estava vazia, mas se você passar nesse mesmo lugar numa manhã de domingo poderá ver que o estacionamento estará invariavelmente repleto de carros de todos os tamanhos. Mesmo vivendo no campo, todos vem de carro à igreja nos domingos de manhã, uma das mais fortes tradições americanas do interior. Custa a acreditar que navios tão grandes e poderosos possam ser considerados obsoletos pelo governo americano, a ponto de serem encostados em definitivo e abertos à visitação, sem qualquer preocupação com eventuais segredos militares, etc. Por pouco nossa visita não aconteceu, pois naquele dia faltava luz no Patriot Point e a visitação só foi reiniciada quando estávamos nos preparando para ir embora. Ao lado, uma foto que fizemos junto aos propulsores de um caça da marinha, no convés do Yorktown. Impossível não lembrar daquele filme com Tom Cruise, Ases Indomáveis. :-) Em resumo, South Carolina ficou em nossa memória como um lugar para quem não tem pressa. Ela é para quem gosta de cidades pequenas, calmas e gosta de caminhar por uma praia deserta. O semi abandonado farol de Morris Island, na imagem ao lado, ficou para nós como um dos símbolos desta terra. É um lugar para relaxar, sentir o vento no rosto e passear de mãos dadas, descalço na areia ao lado de alguém especial. Se você é este tipo de pessoa pode estar certo que vai gostar de South Carolina.
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Comunidades
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Fado lisboeta em NY
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Opinião
O Semanal Português
crónica | Muito Bons Somos Nós
Marcelo sim ou não A continuação temporária de Júlio Magalhães no Jornal das 8, agora como co-
aliás, na TV portuguesa em geral. Mas a conjuntura não é favorável ao professor – e a demissão de Magalhães, assim como o término do
líder incontestado entre os comentadores, mas talvez não seja um comentador para um tempo de crise. Os seus comentários são
laborador, é uma prova do peso que Marcelo Rebelo de Sousa tem na TVI e,
seu actual contrato com Queluz, são apenas parte do problema. Marcelo é
espirituosos e divertidos, sim. Só que também são redondos e fundamental-
Joel Neto
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mente lúdicos. Na verdade, só são “especializados” quando se trata do jogo político puro e duro. Ora, em regra, isso é uma virtude,
sobretudo tendo em conta o perfil da TV em sinal aberto. Chegamos, porém, a um momento em que a recessão não é apenas uma coisa dos telejornais, mas uma realidade comprovável na vida das famílias, incluindo menos trabalho e menos rendimento, mais impostos e mais desespero. A partir daqui, pois, não serão o espírito e a retórica a fazer a diferença: serão a assertividade e as soluções concretas. E Marcelo Rebelo de Sousa sempre foi melhor a problematizar do que a resolver. Para além de tudo, o calendário eleitoral começa a impor-se. Se o antigo presidente do PSD efectivamente acalenta alguma ambição de chegar à Presidência da República, em algum momento terá de sair de cena, de forma a readquirir o consenso que apenas a obscuridade permite. Tendo em conta que as eleições são em 2015, o ideal seria talvez desaparecer em 2013. Mas Maio, data em que termina o actual contrato com a TVI, também pode ser uma boa solução.
Opinião
O Semanal Português
crónica | Opinião
O Baloiço António Lobo Antunes
Olhou para o relógio: abrira o gás há cinco minutos, não, seis, e não fazia ideia do tempo que demorava a espalhar-se pela casa. Coçou o cotovelo a lembrar-se da mãe, que se movia devagar por causa do coração. O pai morrera há anos, à hora do jantar Abriu o gás do fogão e sentou-se no sofá, à espera. Não sentia cheiro nenhum: ter-se-ia esquecido de fechar alguma janela? Foi ao quarto, ao escritório, à sala, verificou os trincos e voltou a sentar-se no sofá, muito direita, de mãos nos joelhos, na atitude de quem aguarda a sua vez para ser atendida num consultório qualquer. Não pensava em nada de especial, pensava no vazio. Chegavamlhe barulhos da rua: automóveis, claro, uma camioneta, junto ao minimercado, e um sujeito a retirar caixotes, amontoando-os, uns sobre os outros, no chão. A sereia dos bombeiros a marcar o meio dia. Passos no andar de cima, de mulher, porque o som agudo dos saltos. Conhecia-a de se cumprimentarem no elevador, onde a outra entrava com um estojo de violino: tocava numa orquestra e morava sozinha. Às vezes um
homem acompanhava-a, nem sempre o mesmo, muito mais velhos do que ela, de cabelo comprido de artista, com um estojo de instrumento também. Olhou para o relógio: abrira o gás há cinco minutos, não, seis, e não fazia ideia do tempo que demorava a espalhar-se pela casa. Coçou o cotovelo a lembrar-se da mãe, que se movia devagar por causa do coração. O pai morrera há anos, à hora do jantar: o garfo caiu de repente da mão, fitou-a espantado, deixou de espantar-se e o queixo desceu na direcção do prato. Pareceu-lhe que ia dizer qualquer coisa mas não disse nada. Recordavase do garfo na toalha e da mudez da mãe, de pedir auxílio pelo telefone, de um fulano de bata a estendê-lo no tapete, a aplicar-lhe uma máscara na cara, a retirarlhe a máscara da cara, a puxar uma seringa de uma maleta, de joelhos sobre o pai, a informar, do tapete, que não. No dia seguinte a autópsia, no dia seguinte o velório, no dia seguinte o enterro. Colegas de emprego, cumprimentos, o taxi da volta, com a mãe de lenço amarrotado no punho. Tudo tão simples, tão rápido, tão poucas palavras. A marca do corpo do pai na poltrona, onde resolvia as
palavras cruzadas do jornal, desvaneceu-se lentamente. A única diferença consistiu na fotografia emoldurada na sala, com uma jarra de flores ao lado. E logo a seguir o inverno, logo a seguir chuva, uma tristeza mansa nas coisas. Menos despesa em comida, claro. O pincel da barba junto ao lavatório. Mudou de prédio no fim desse inverno por nenhuma razão especial. Mas trouxe o pincel da barba e colocou-o junto ao lavatório novo, de mistura a sua escova, os seus cremes. Comprou uns móveis, quase sem escolher, um quadrozinho com barcos. Trabalhava como jornalista numa rádio, lia as notícias da manhã. Tal como a mulher do estojo do violino às vezes um homem, nem sempre o mesmo, acompanhava-a. Não ficavam a noite inteira, iam-se embora antes. Companheiros da rádio, o do desporto, o especialista em assuntos económicos. Tirando pedir-lhes que não fumassem não havia conversas. Acerca de quê? Viaos vestirem-se sem sair da cama, escutava a porta bater. Então levantava-se, comia uma ou duas bolachas do armário e sentava-se no sofá, à espera. Como agora, em que principiava a dar conta de um aromazinho
enjoativo mas ainda não sono. Perguntou-se quando viria o sono. O aroma enjoativo não chegava ao patamar dado que tapou a
trava no quadrozinho com barcos, que se tornava um barco como os restantes. Nas termas um lago de cisnes e começou a deslizar
frincha sob a porta com um cobertor. A mãe surgiu-lhe um instante na cabeça e desapareceu, substituída pela imagem de um baloiço num jardim, em que a empurravam em pequena. Vozes perdidas da infância, uma semana nas termas, a ver as pessoas crescidas beberem copos de água, a passear entre pinheiros, a aborrecer-se. Quem leria as notícias por ela, a partir de hoje? A impressão que en-
como eles, em silêncio. Isso conhecia bem, o silêncio. Achava-se rodeada de silêncio, vestida de silêncio, cheia de silêncio por dentro. O garfo caiu da mão do pai sem som nenhum. Estendeu-se no sofá, de olhos abertos, enquanto o baloiço ia e vinha. Achou estranho que o baloiço vazio. Não achou estranho que o baloiço vazio; no fim de contas já não sobrava ninguém para se alegrar nele.
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Opinião
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crónica
O murro no estômago Para quê apertar mais o cinto aos portugueses? Cumpramos o que a “troika” nos impôs e não mais do que isso. A saída só pode vir da UE O ataque feroz da agência americana Moody’s ao
As desigualdades sociais, a precariedade do trabalho e a miséria são as marcas da ideologia dominante. No entanto, o ataque da Moody’s era previsível para quem estivesse atento à evolução política dos tempos difíceis que estamos a viver. Note-se que hoje
tragédia de duas grandes guerras mundiais - podenos trazer algumas luzes, sobre o risco que representará a destruição ou mesmo a simples decadência da União Europeia (UE)... A China, que tem a sua própria agência de rating - como a UE devia ter
independentemente das suas posições políticas e ideológicas. É verdade que atingiu não só o Estado central, como as autarquias, as regiões autónomas e mesmo, diretamente, grandes empresas privadas e até os bancos. Foi, aliás, confrangedor
euro, por via de Portugal, constituiu, realmente, um murro no estômago. Sobretudo sentiram-no os partidários do neoliberalismo, dado pensarem que o importante é emagrecer os Estados, até à exaustão. Uma vez que o que conta, para eles, são os mercados especulativos, sem regras nem ética, por criarem rapidamente lucros fáceis e mais riqueza, concentrando-a, sem qualquer sentido de justiça social, nas mãos de cada vez menos pessoas.
assistimos a uma “guerra” das moedas, para destruir o euro, que faz sombra ao dólar, o que os neoliberais republicanos e mesmo alguns democratas não suportam. Ora o desaparecimento do euro conduz, necessariamente, ao fim do projeto europeu e, concomitantemente, ao regresso dos nacionalismos egoístas - que afloram já em alguns Estados europeus - pondo em risco a solidariedade e porventura a paz. A análise do século passado - com a
mas não tem -, e o Governo dos Estados Unidos, que se fosse avaliado pela Mood’ys, com o mesmo critério, talvez estivesse pior do que Portugal, alertaram, há poucos dias, para a necessidade imperiosa de salvar o euro, sob pena de uma catástrofe mundial. Será suficiente para que a Europa acorde? Em Portugal, o ataque criminoso - é a palavra - que nos foi feito pela Moody’s, foi muito sentido pela maioria dos portugueses,
ver e ouvir, em televisões e rádios, alguns dos economistas e comentadores habituais a expressar a sua indignação. Ainda bem que o fizeram e, finalmente, talvez tenham compreendido. Mas lembremo-nos que há poucas semanas diziam que a responsabilidade da crise era, essencialmente, do Governo de Sócrates e não da incapacidade política dos dirigentes europeus... Isso, contudo, pertence ao passado. Estamos agora
Mário Soares
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perante outro dilema grave: a austeridade imposta pela “troika” não vai chegar, porque vai, necessariamente, fabricar cada vez mais desemprego, desigualdades e miséria. O Governo já pressentiu, julgo, a recessão inicial. Para quê, então, apertar mais o cinto aos portugueses? Cumpramos o que a “troika” nos impôs e não mais do que isso. A saída só pode vir, como sabemos, da UE. Se os seus dirigentes, tiveram a coragem de mudar de paradigma - como se impõe - e forem capazes de “salvar o euro-, investindo, criando mais emprego e mais desenvolvimento nos Estados-membros, a par da austeridade financeira estritamente necessária. É, aparentemente, fácil que a UE o possa conseguir. Acabem com os “paraísos fiscais” e a chamada economia virtual; controlem os mercados especulativos; punam a corrupção; aceitem criar os Eurobonds; e, já agora, terminem com as agências de rating privadas. O que nos levou à crise de 2008 - de que ainda não saímos - foi o negocismo sem freio. Os responsáveis, com raríssimas exceções, não foram punidos. Pior: alguns são talvez os mesmos que arrastam agora a UE para o caos. Se queremos subsistir, temos que mudar de paradigma, como propôs o Presidente Obama em relação aos Estados Unidos. Mas é necessário que os verdadeiros europeístas, de todos os Estados-membros, se unam nesse combate cívico e político essencial, pressionando os eurocratas de Bruxelas. Senão, não!
Opinião
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crónica | Opinião
Apostar na juventude Vivemos numa época de mudança de conceitos financeiros e económicos que passa indirectamente por uma mudança também dos nossos valores. Os jovens de hoje estão a sentir essas mudanças mais do
com mais esperança mas muito difícil de enfrentar, pois levantam-se muitas questões tais como: Para onde vou? Onde vou morar? Como vou pagar a minha primeira renda? Vou arranjar realmente um emprego? A crise financeira instalou-se no mundo, mas
A preocupação está agora e apenas em cumprir com as nossas responsabilidades financeiras e depois? Como iremos apostar no nosso crescimento económico sem sangue novo na sociedade? Concordo com uma consolidação orçamental res-
elho acerca da emigração, vejo o seu esforço para atrair capitais estrangeiros para que o crescimento económico não seja demasiado asfixiado pela contenção orçamental. Mas isso não é o suficiente. As novas reformas, no sistema laboral, irão ajudar na
Compreendo que a conjuntura não é fácil e que a não existência de liquidez por parte do Estado faz com que estas questões sejam postas debaixo do tapete. Mas estas são questões que temos que enfrentar agora, pois quando a Troika sair e ficarmos de
que ninguém, estão a ter dificuldades para encontrar emprego que não seja precário e muitos só se conseguem sustentar a viver com os pais ou com a sua ajuda. E há alguns anos atrás não se concebia esta situação. O sistema desmoronou-se e a juventude está a pagar um preço demasiado alto. Sair do país é a opção
há países que oferecem mais oportunidades do que Portugal nas chamadas economias emergentes. E até estas já se estão a ressentir. A emigração é, por isso, um salto de fé que, na boca de muitos políticos, parece fácil. Só que, não são eles nem os seus filhos que estão a arriscar e a deixar tudo para trás
ponsável e sustentável. Mas, por favor, não “expulsem” os jovens do seu país e ofereçam condições e oportunidades para um crescimento económico. Se não for assim, os caminhos que estamos a tomar é o de uma economia envelhecida e estagnada. Apesar das palavras proferidas pelo Dr. Passos Co-
saúde de muitas empresas existentes e, consequentemente, dos seus colaboradores que, por essa via, provavelmente, não irão enfrentar o desemprego. Mas onde se enquadra a criação de novas empresas de valor com novos empregos para os jovens que estão a sair para o mercado de trabalho?
contas saldadas, onde vão estar os jovens? A que níveis vai estar a nossa taxa de natalidade? E com que capital humano vamos crescer economicamente? A economia, por si, é uma ciência social. Logo, não faz sentido reformá-la sem ser para as pessoas.
Joana Paz
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Informação em destaque
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Lea michele Nacionalidade: Norte-americana Data de nascimento: 29 de Agosto de 1986 Profissão: Atriz e Cantora
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As 100 mulheres mais bonitas de 2011
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e
Apresenta O duo romântico brasileiro que atrai multidões
LUCAS e MATEUS Num grandioso baile-espectáculo Domingo, 12 de Fevereiro 2012 à 15 horas
na sala Ucraniana - 3270 Beaubien Este (esquina St-Michel)
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Mulher crónica sensual
Como evitar discussões no seio do casal
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Os motivos que dão origem discussões entre casais são muitos e, por vezes, nenhum! “As situação de conflito onde eclodem comportamentos agressivos demonstram, acima de tudo, a existência de um ‘mau estar’ a dois. Se, por vezes, a troca de palavras amargas tem como temática as dificuldades financeiras, rapidamente esse deixa de ser motivo suficiente, passando a discutir-se outras questões, a maior parte
das vezes sem que o casal se aperceba realmente do que está a acontecer”, realça Margarida Vieitez. Porém, indiscutível é que alguns temas são propensos a desencadear o conflito. Como estes… * Dinheiro. Geralmente, é palco de altercações entre o casal. Como não somos todos iguais, há sempre um que gasta mais do que o outro. A situação agudizase em situações de despesas extra ou quando um dos
elementos do casal perde o emprego. Quando o seu companheiro apresenta já dificuldades em conter os impulsos agressivos, surgem as acusações. * Trabalho. A não conjugação dos horários - seja porque ele acha que chega demasiado tarde a casa ou porque você faz algum reparo sobre a falta de disponibilidade dele para estar consigo - é suficiente para nascer uma acesa discussão.
* Ciúmes. Pode não gostar de alguns companheiros do seu marido e, ao demonstrar-lhe esse sentimento, levá-lo a sentir-se controlado, pelo que este reage com violência verbal. Ou ele pode sentir ciúmes do seu melhor amigo de infância ou de um colega de trabalho - se a autoestima do seu companheiro for baixa, terá tendência a adoptar posturas de agressividade que escondem insegurança.
* Filhos. Chegar a decisões relativamente a questões relacionadas com os mais novos não é fácil. É por isso que se tornam alvo de discussões mais acaloradas por parte do casal. E um homem que gosta que tudo seja feito à sua maneira terá mais tendência a vincar a sua opinião de forma excessivamente acalorada.
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Andar com um homem casado: pegá-lo ou largá-lo? Estão os dois carentes, começam a conversar, saem para tomar um copo, e quando dão por isso, já se apaixonaram. E agora? Fugir ou ficar? - Se é mesmo o amor da sua vida, lute por ele sem culpas. Hoje em dia, já existem muitos casos de relações que começaram assim... Até porque, se a relação começou, é porque o casamento também não estava assim tão saudável. - Se a situação aconteceu apenas porque precisavam de companhia e não é mais do que um caso para espai-
recer, pense duas vezes. - Perceba se gosta mesmo dele e se a relação aconteceu por acaso, ou se: gosta da sensação de ‘desviar’ alguém; tem tendência a escolher homens emocionalmente indisponíveis; gosta de alguém que dependa de si para ser feliz; não quer uma relação completa; aprecia a adrenalina de uma relação ‘clandestina’. - Não deixe a situação arrastar-se. A grande maioria dos homens casados, mesmo quando o casamento é altamente insatisfatório, não se separam. Se vir que
o tempo passa e que ele não toma nenhuma medida para resolver a situação, provavelmente a situação já está resolvida. - Não fique ‘a outra’ para sempre: os anos vão passando sem se dar por isso, e você vai perdendo tempo precioso numa relação que, a longo prazo, não lhe dará nada muito sólido. Não se acomode: há um limite para viver no limbo, e andar sempre a esconder-se é cansativo. Por muito que lhe custe, se ele não se separa da mulher é porque não está assim tão interessado em fi-
car consigo. - Desconfie de frases do tipo: ‘estou em processo de separação, estas coisas levam tempo’, ou ‘a minha mulher é muito frágil psicologicamente e não quero magoá-la, dá-me tempo para resolver a situação.’ Dê-lhe tempo, mas não lhe dê todo o tempo do mundo. - Lembre-se: até que ele se decida a separar-se, você é livre. Não se feche em casa por causa dele. - Não o persiga. O que é que ganha se andar atrás dele para ver a cara da mulher e o tamanho da casa e
se ele sai à hora que disse que ia sair? - Nunca julgue a mulher dele. Afinal, só conhece uma das versões da história. - Não faça perguntas se não está preparada para ouvir as respostas. - Não pressione. Diga-lhe apenas com o que é que ele conta. E se ele não cumprir, saia da relação. - Cuidado com o sentimento de culpa: o seu e o dele. Mesmo que ele se separe e mesmo que a relação anterior fosse de facto insustentável, a maioria dos homens tem sentimentos de culpa muito fortes, e estes podem voltar-se contra si. - Se decidir acabar a relação, não tem de explicar nada. A razão é óbvia. Saia sem dramas e feche a porta atrás de si. Corte com ele. Corte tudo: relação, contactos, convivência. Se ele realmente a ama, virá ter consigo sem a ‘bagagem’. - Mesmo que decidam ficar juntos, lembre-se que apenas 5% das relações com um homem casado dão certo. Nem todos os homens que deixam uma mulher deixam duas, mas há um risco... - Lembre-se que a adrenalina e a emoção de um ‘affair’ vão desaparecer quando a relação for igual à de toda a gente e passarem a ter contas de supermercado para partilhar. Está preparada para isso? - Como é óbvio, não engravide só para o manter...
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revista: Autosport
Chevrolet Camaro é símb
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Depois de quatro gerações – o primeiro Camaro remonta a 1966 –, um dos maiores símbolos dos muscle cars americanos vai
euros na versão cabrio). Disponível nas versões coupé e cabriolet, ambas têm mais de 4,8 metros de comprimento e quase
pelo porte. Duas enormes portas, uma frente agressiva que parece nunca mais acabar e uma traseira meio quadrada são mais
estar disponível no nosso país por um preço a partir dos 93 500 euros (98 500
dois metros de largura, este Chevrolet é daqueles carros que impressiona só
que suficientes para deixar qualquer comum dos mortais rendido. De igual
forma, também o interior com configuração de quatro lugares vale muito mais pelo ambiente desportivo do que propriamente pela qualidade. É sobejamente conhecida a obsessão americana pelas grandes cilindradas e muita potência. Pois bem, o Camaro é isso mesmo: motor V8 de 6.2 litros com 432 cv e um binário de 569 N.m, acoplado a caixas manual ou automática (neste caso com 406 cv) de seis velocidades – não há diferença de preços entre ambas. Perante tanta generosidade, não é de admirar que a velocidade máxima seja de 250 km/h, limitada eletronicamente, e a aceleração 0-100 km/h se cifre nos 5,2 segundos (mais 0,2
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bolo do sonho americano s na versão automática). A isto há ainda a acrescentar o excelente roncar do V8,
digno das melhores orquestras. Agora, o que não deixa de
ser curioso é que, ao contrário do que seria de esperar, todos estes cavalos não
são capazes de nos encostar ao banco no processo de aceleração, pelo me-
nos quando equipado com caixa manual. A potência e o binário estão lá, disso não há dúvida, mas fazem questão de se revelarem de uma forma progressiva e suave. Tendo como base no modelo 2SS comercializado nos Estados Unidos, o Camaro ‘europeu’ recebe algumas mordomias técnicas específicas para os mercados do Velho Continente, das quais se destacam as novas suspensões com amortecimento mais firme de forma a aumentar a estabilidade nos trajetos sinuosos.
FICHA TÉCNICA Chevrolet Camaro
Preço a partir de 80 000$ Motor V8 6162 cm3 injeção multiponto Potência 432 cv (405 c/ caixa automática)/5900 rpm Binário 569 (556)N.m/4600 rpm Transmissão Traseira, manual ou automática de 6 velocidades Peso 1769 kg Mala 384litros Depósito 72 litros Velocidade Máxima 250 km/h Aceleração 0-100 km/h 5,2 (5,4) seg. Consumo Médio 14,1 (13,1) l/100 km Emissões C02 329 (304) g/km
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Arkham City ĂŠ o melhor jo
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ogo de super-heróis Batman: Arkham City é o game de super-herói que
feito chama o doutor Hugo Strange – um dos poucos
você sempre sonhou em jogar. Seguindo a fórmula de sucesso de seu antecessor, Arkham Asylum, você controla o homem morcego em uma aventura que diz muito sobre como expandir um universo tão rico de
vilões que conhece a verdadeira identidade secreta do Batman. Só que Strange tem objetivos muito obscuros por trás do seu comando na cidade. A coisa começa a piorar quando Pinguin, Duas
forma perfeita. A história de Arkham City é inusitada. Após explodir o presídio de segurança máxima asilo Arkham (e com ele, o Coringa), Batman vê Gotham tomando uma decisão arriscada: isolar todos os detentos em um distrito. Para comandar a prisão ao ar livre, o pre-
Caras, Coringa e muitos outros grandes vilões do homem-morcego também chegam a Arkham City. Praticamente todos os inimigos aparecem de alguma forma no jogo, seja numa ponta, como Croc, ou em missões alternativas, como Szazs. Bruce Wayne acaba indo parar em Arkham City e, de lá, precisa descobrir que diabos está acontecendo e impedir que os vilões tenham sucesso em seus planos malucos. Principalmente Hugo Strange. Nas ruas de Arkham City a violência está a solta. Em todos os cantos existem criminosos, mas nem sempre será preciso enfrentálos. Saltando de prédio em prédio, Batman tem a sua disposição uma enorme
quantidade de gadgets para pegar os adversários de surpresa e ter vantagem na pancadaria. O legal é que ele já começa o jogo com todos os equipamentos conquistados em Arkham Asylum.
de Arkham City também. O cenário está bem maior que o de Arkham Asylum e sem aquela sensação claustrofóbica. Os ambientes abertos oferecem novas oportunidades para explorar tanto os atributos de
Gato em alguns momentos do jogo. A bela Selina Kyle tem golpes rápidos e faz malabarismos dignos de uma atleta de ginástica olímpica profissional. Com uma jogabilidade extremamente prazerosa e
Dessa vez, é possível brigar com grupos ainda maiores de inimigos ao mesmo tempo. Com uma mecânica muito simples de comandos, Batman faz
combate quanto de investigação do protagonista. Mesmo após concluir a história principal, Arkham City reserva muito conteúdo. Para se ter uma ideia, a
um enredo que não vai sair da sua cabeça tão cedo, Batman: Arkham City é o melhor jogo de superheróis que já jogamos e um dos melhores de toda
movimentos incríveis sem necessitar muita perícia no controle. Claro que, com o avanço do jogo, você precisará dominar alguns comandos mais complexos para ter vantagem. Mas a curva de aprendizado ajuda bastante a isso acontecer sem você perceber. Se os combates dão um show a parte, a exploração
campanha representa aproximadamente 30% do total do jogo. Missões alternativas, itens colecionáveis, desafios em arenas de combates e charadas vão ocupar bastante do seu tempo caso você queira fazer 100% no jogo. Já avisamos: não será uma tarefa fácil. Como “bônus”, ainda é possível controlar a Mulher
essa geração. As legendas em português do Brasil ficaram ótimas e demarcam um novo patamar de qualidade em localização de jogos. Quem jogar, não vai somente controlar o Batman, mas também agir e pensar como ele. Arkham City é incrível e merece estar na sua coleção o quanto antes.
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Cinéma - Em DESTAQUE
As Aventuras de Tintin:
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Por alturas da estreia de “Raiders of the Lost Ark”, decorria o ano de 1981, alguns críticos franceses não hesitaram em comparar a mítica personagem de Indiana Jones com a não menos mítica personagem de Tintin. Tanto o arqueólogo do chapéu e da barba de dois dias como o jovem jornalista de poupa levantada criado por Hergé pareciam ter uma propensão quase fatalista para a grande aventura. Ambos partilhavam o mesmo código genético. De intenções nobres e coração intrépido, tanto o Dr. Jones como o destemido Tintin entregavam-se à aventura com a maior das facilidades, facilmente afundando-se em tramas que nunca os favoreciam mas que conseguiam despertar o que
de melhor havia neles. É claro que o arqueólogo saído da mente de Steven Spielberg e George Lucas atingiu níveis de popularidade bem mais elevados por esse mundo fora, não
para não falar da maior facilidade com que uma personagem americana se torna universal, quando comparada com uma franco-belga). De qualquer forma, cada um à sua
fosse o cinema uma arte muito mais popular do que a banda-desenhada (já
maneira, Indiana Jones e Tintin depressa reservaram o seu espaço merecido
no seio da cultura popular. Mas a verdade é que este último nunca se conseguiu impor verdadeiramente no mercado norte-americano (ainda hoje muitos americanos desconhecem as aventuras de Tintin, razão pela qual este projecto cinematográfico sempre foi considerado um projecto de risco moderado) e até Steven Spielberg só passou a conhecê-lo quando tomou conhecimento das tais comparações com o “seu” Indiana Jones. Claro que a partir do momento em que tratou de se familiarizar com o jornalista mais famoso da bandadesenhada europeia, um mundo de novas oportunidades abriu-se na mente de Spielberg. Poder-se-á falar de amor à primeira vista. Com a chancela do
próprio Hergé, Spielberg não perdeu nem mais um segundo a adquirir os direitos de adaptação cinematográfica de Tintin. E 30 anos passados, com a tecnologia por que Spielberg esperava finalmente disponível e a um nível aceitável, eis que “The Adventures of Tintin” aterra nos cinemas de todo o mundo para arrasar com tudo e todos. The Secret of the Unicorn foi o livro escolhido para esta primeira adaptação cinematográfica. A narrativa apresenta-nos um Tintin (Jamie Bell) descontraído e bem-disposto, cuja vida começa a andar para trás no preciso momento em que adquire o modelo de um navio antigo baptizado com o nome de The Unicorn numa feira de anti-
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: O Segredo de Licorne guidades. Meros segundos após a compra, Ivanovich Sakharine (Daniel Craig) aborda o então desconhecido Tintin, prestando-se a comprar-lhe o navio pelo dobro do preço. Mas o rapaz recusa cordialmente a oferta e vira as costas ao homem de vestes excêntricas. O seu destino fica selado com tal decisão. Ainda
no decorrer desse dia, o apartamento de Tintin é vandalizado por rufias que procuravam um pergaminho escondido no pequeno navio de madeira. Com a ajuda de Snowy (Milú, na versão portuguesa), Tintin acaba por encontrar o tal pergaminho por debaixo de um móvel, pergaminho esse que contém um poema enigmático e uma série de símbolos deveras invulgares. Perante isto, o jovem repórter depressa compreende que foi empurrado para uma trama perigosa e com muito que se lhe diga. Razão pela qual, incapaz de permanecer quieto no seu cantinho, decide começar a investigar o caso com o intuito de descobrir o que o The Unicorn tem de tão especial. Determinado em desvendar os segredos do navio e da história que este tem por detrás, Tintin
embarca assim numa viagem pelos quatro cantos do mundo. Uma viagem cheia de perigos e muitas reviravoltas, que o levará a conhecer um capitão dos mares com sérios problemas de bebida chamado Haddock (Andy Serkis) e também a colaborar de bem perto com um par de inspectores que criam o
caos por onde passam. Foram já feitas muitas comparações com Indiana Jones ao longo dos anos, mas esta será talvez aquela que mais sentido faz. Isto porque se no papel Indy e Tintin já apresentavam semelhanças, na tela de cinema quase que parecem duas faces da mesma moeda. É inevitável. Vemos “The Adventures of Tintin” a desenrolar-se no grande ecrã e sentimos a alma de Indiana Jones por mais do que uma vez. O espírito enérgico e subtilmente cómico da aventura é exactamente o mesmo, sendo justo dizer que este Tintin de Steven Spielberg é uma espécie de Dr. Jones animado. Claro que o estilo de filmagem de Spielberg e a bandasonora sempre envolvente de John Williams ajudam a estabelecer tais compa-
rações e sensações de déjàvu. Com outro realizador e outra equipa técnica atrás das câmaras, os pontos de contacto entre as duas personagens seriam assim tão óbvios? Provavelmente não. Mas o que é certo é que Spielberg e companhia potenciam as qualidades do mundo idealizado por Hergé ao máximo dos máximos, criando aqui um universo cinematográfico tão cativante quanto explosivo. “The Adventures of Tintin” ainda pode ter chegado a causar algumas dúvidas no que à sua qualidade e competência diz respeito. Mas depois de ver os resultados finais, é difícil imaginar alguém que saia desiludido ou cabisbaixo da sala de cinema. Só mesmo quem não for fã do universo Tintin ou quem estiver à espera de ver um filme de imagem real pode sair da sala com
as expectativas defraudadas. Todos os outros decerto ficarão encantados com um crescendo narrativo tão bombástico e empolgante, e personagens tão genuínas e reais que nem parece que são animadas. E isto porque “The Adventures of Tintin” é o filme de grande aventura para toda a família que Spielberg tem tentado fazer desde “Indiana Jones and
the Last Cruzade” e que “Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull” não conseguiu ser. A técnica de performance capture utilizada neste filme (e já usada em obras
como “Avatar”, “King Kong”, “A Christmas Carol” ou o pioneiro “The Lord of the Rings”) continua a deixar algo a desejar. Ainda estamos muito longe de poder dizer que esta técnica está pronta a substituir os filmes de imagem real, de tal forma que os actores de carne e osso mais conservadores podem desde já ficar descansados. Ainda assim, quando utilizada num contexto de fábula ou de aventura infantil, a performance capture começa já a mostrar-se minimamente competente e até mesmo prometedora. “A Christmas Carol” funcionou porque se tratava de um conto mágico sobre o Natal. Este “The Adventures of Tintin” também funciona porque se trata de uma homenagem à banda-desenhada de Hergé, sendo a única forma de os produtores se manterem cem por cento fiéis ao material original. Já em filmes como “Beowulf”, porque não têm este contexto de homenagem a material de outras áreas
artísticas, a coisa não funciona tão bem. No filme aqui em questão, no entanto, a performance capture faz mesmo todo o sentido porque seria impossível obter um Tintin ou um Capitão Haddock tão fiéis à banda-desenhada (física e mesmo psicologicamente) se os produtores tivessem optado seguir o formato de imagem real. Spielberg e o produtor Peter Jackson saem portanto triunfantes deste projecto arriscado, apesar de ainda não sabermos como os americanos irão reagir às aventuras do repórter belga mais famoso do mundo (nos EUA o filme só estreará em Dezembro). Demonstrando toda a sua genialidade, Spielberg aproveita mesmo esta abordagem animada para criar sequências de acção verdadeiramente deliciosas. Sequências de acção sem cortes e detentoras de uma dinâmica extraordinária, que levariam meses e meses de planeamento numa filmagem de imagem real (para não dizer que seriam simplesmente impossíveis de filmar, pelo menos com os mesmos resultados tão deslumbrantes e espectaculares). Comprovando que ainda está aqui para as curvas, o velho mestre do cinema-espectáculo utiliza a performance capture para pôr em prática todo o potencial do seu génio criativo, escapando às fragilidades desta tecnologia para nos oferecer uma das obras mais dinâmicas, empolgantes e excitantes do ano. Um verdadeiro mimo para os fãs de Hergé; um compromisso obrigatório para os fãs da Sétima Arte.
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