Jornal SBOC 2013 - 3° dia

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3ª Edição

Entrevista Evanius Wiermann fala como novo presidente da SBOC

Sábado, 26 Outubro de 2013

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Tempo de celebrar

Destaques do Dia Confira os destaques da programação científica deste sábado

www.sboc.org.br

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Aconteceu Acompanhe a síntese das apresentações que marcaram a programação de ontem 5, 6, 7

Holofotes

As imagens do XVIII Congresso da SBOC 8,9

Indústria Os simpósios satélites e as novidades da indústria

10,11

O

s números são superlativos. No coração de Brasília, em uma área de 54 mil metros quadrados, o congresso da SBOC chega ao seu quarto e último dia com mais de 2.500 congressistas e 703 apresentações orais e em forma de pôster, apresentadas por 380 palestrantes nacionais e internacionais. Depois de promover debates em diferentes temáticas e abrir espaço a reflexões importantes, o XVIII Congresso reforçou nosso compromisso com a prevenção, o diagnóstico precoce do câncer e a busca da excelência no tratamento oncoló-

gico. Dedicamos também nossa contribuição ao debate de experiências inspiradoras, desafios e oportunidades, sempre com a tônica na interdisciplinaridade e na busca de novas perspectivas. Em clima de missão cumprida, deixamos aqui os nossos agradecimentos a todos os que direta e indiretamente tornaram possível a realização de mais este encontro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e deixamos desde já o convite para o próximo Congresso da SBOC. Até lá!

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Brasília, 26 outubro – sábado

Institucional SBOC

3

ll SBOC Desafios e perspectivas da nova diretoria

E

vanius Wiermann, presidente recém-empos-

EW - No momento atual observamos grande

sado da Sociedade Brasileira de Oncologia

falta de consenso entre as diversas entidades go-

Clínica (SBOC) conversou com o Jornal da SBOC

vernamentais, o que dificulta a entrada de novas

sobre a nova gestão. Entre os desafios, a regio-

tecnologias que muito contribuem no avanço dos

nalização da sociedade, a inclusão do ensino de

tratamentos no nosso país. Isto gera um grande

oncologia nas universidades e a redução da desi-

descompasso entre a medicina praticada no setor

gualdade entre os tratamentos do sistema públi-

público e o privado, separadas por anos de pro-

co e privado de saúde.

gressos não incorporados. Os oncologistas clíni-

Qual será a filosofia da Diretoria eleita? EW - A SBOC vislumbra um futuro onde todos os pacientes terão acesso a um tratamento oncológico digno e de qualidade. Sabemos da importância do oncologista clínico, nosso associado, na construção e alcance desta meta. A filo-

cos e esta diretoria rejeitam com veemência esta medicina que discrimina os cidadãos. Desejamos reduzir esta desigualdade tornando a SBOC cada vez mais presente no debate sobre as incorporações de tecnologias, tanto pelo SUS quanto pela saúde suplementar. Teremos um “boom” de neoplasias nos próximos anos e contamos com um

A interiorização da SBOC e a criação de regionais são fundamentais para a integração dos oncologistas. Quais as ações da próxima Diretoria nesse sentido? EW - Temos um claro objetivo de fortaleci-

sofia de trabalho da nova diretoria é de apoio ao

sistema de saúde de bases frágeis para absorver

crescimento profissional, aliado à participação

tratamentos complexos e de alto custo. A SBOC

cada vez maior na discussão das políticas de me-

tem muito a contribuir no debate sobre a aloca-

lhorias estruturais e de acesso ao atendimento

ção de recursos, principalmente para um projeto

oncológico. O associado terá nesta nova gestão

total transparência e adesão a processos de qua-

sério e de longo prazo.

lidade internos, para que elas possam realmente

Como será a educação médica continuada na sua gestão?

representar sua região e contribuir para o de-

EW - A educação continuada é indispensá-

A SBOC foi uma das protagonistas da lei de restrição do cigarro em ambientes fechados. A nova Diretoria já escolheu algum tema para uma campanha de prevenção de doença e promoção de saúde?

o apoio que precisa para lidar com os desafios de um setor público sucateado e de um setor privado que frequentemente promove o achatamento de honorários. Para isso necessitamos tornar nossos processos mais eficazes e enxutos, aumentar nossa produtividade enquanto sociedade e mensurar nossa qualidade para aperfeiçoamento do nosso papel enquanto entidade de

vel na construção de uma massa crítica capaz de produzir mudanças no âmbito das políticas públicas e da saúde suplementar. Por isso, os jovens oncologistas e médicos residentes recebe-

mento das lideranças regionais, realizado com

senvolvimento local.

rão especial atenção desta gestão. Também gos-

EW - Não podemos nos dar ao luxo de escolher

taríamos de desenvolver um projeto de inclusão

um único tema como bandeira. Nossas priorida-

A SBOC tem papel importante na inclusão

da disciplina de Oncologia na graduação médica,

des são no campo de prevenção e de tratamento,

de novas drogas no rol do SUS e no acesso

uma vez que na assistência básica este conheci-

mas nosso objetivo maior é reduzir a desigualda-

amplo a novas drogas pela ANS. Como vê esta

mento é fundamental para o diagnóstico precoce

de existente entre os tratamentos recebidos pelos

questão?

e redução da morbidade e mortalidade do câncer.

pacientes do SUS e da saúde suplementar.

utilidade pública.

O Jornal Diário do SBOC Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica é uma publicação da Iaso Editora Ltda

Publisher: Simone Simon simone@iasoeditora.com.br Editora e jornalista responsável: Valéria Hartt (MTb 24.849) valeria@iasoeditora.com.br

www.iasoeditora.com.br • www.revistaonco.com.br SP (11) 2478-6985 • RJ (21) 3798-1437

Reportagem: Sergio Azman sergio@iasoeditora.com.br

Reportagem SBOC: Andrea Penna Fotos: Maria Clara Diniz Direção de arte/Prepress: Ione Franco ione@iasoeditora.com.br Impressão: Positiva Gráfica • Tiragem: 3.000


Destaques do Dia

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Brasília, 26 outubro – sábado

ll Cirurgia Oncológica

Avanços na cirurgia oncológica

Ademar Lopes comanda o módulo de Cirurgia Oncológica e fala com exclusividade ao jornal da SBOC JS – Como o senhor vê a cirurgia oncológica hoje? AL – A cirurgia oncológica hoje está em franco progresso. O oncocirurgião tem que estar atento à historia natural da doença, aos avanços da biologia molecular e ser um profundo conhecedor do tratamento multidisciplinar. Algumas cirurgias estão se tornando mais conservadoras, e na maioria das vezes uma cirurgia conservadora é mais complexa que uma cirurgia radical. Uma laringectomia parcial, por exemplo, é muito mais complicada do que a total; o mesmo acontece com uma cirurgia radical e uma cirurgia conservadora da mama. JS – Na sua opinião, quais os destaques do módulo de cirurgia oncológica? AL – O grande destaque será a cirurgia citorredutora mais quimioterapia intraperitonial hipertérmica para o tratamento da carcinomatose peritonial. A importância da patologia molecular no diagnóstico, estadiamento e tratamento do câncer é cada vez maior, bem como a maneira de abordar os tumores hereditários, diferentemen-

te dos tumores esporádicos. Ressalto também as grandes ressecções pélvicas para tumores localmente avançados e, ainda mais interessante, a maneira como oriente e ocidente tratam o câncer de reto, bastante diferentes. JS – Qual a importância de um módulo inteiramente dedicado à cirurgia em um congresso de oncologia clínica? AL – É muito importante. O tratamento do câncer é de natureza multidisciplinar. A união do oncologista clínico, do radioterapeuta e do cirurgião vai trazer melhores benefícios para o paciente. O Congresso Brasileiro de Cirurgia Oncológica, realizado semana passada, teve como um dos pontos altos o enfoque multidisciplinar do tratamento. Esse é o ponto alto também do congresso de oncologia clínica. JS – O número de cirurgiões oncológicos no Brasil é suficiente? Como formar novos profissionais? AL – O Brasil é um país gigantesco, e o número de profissionais é insuficiente, ainda mais com a incidência crescente do câncer por conta do

Ademar Lopes aumento da longevidade das pessoas. A oncologia é a especialidade do momento e do futuro. A quantidade de pesquisa sobre câncer é gigantesca. Com esse cenário, realmente é preciso formar novos profissionais, especialistas, mas também ensinar oncologia na graduação, o que hoje praticamente não acontece. Isso atrapalha muito o diagnóstico precoce.

ll Patologia

Patologia molecular no diagnóstico, estadiamento e planejamento terapêutico das neoplasias Fernando Augusto Soares, do AC Camargo, fala da importância da anatomia patológica no diagnóstico e tratamento do câncer

A

Fernando Augusto Soares

anatomia patológica é o método de escolha no estabelecimento do diagnóstico, prognóstico e na determinação de fatores preditivos da resposta terapêutica desde o final do século XIX. Esta arte e ciência está bem estabelecida, tem bases sólidas e é ainda o método mais seguro, barato e reprodutível em todo o mundo. Entretanto, com o advento e popularização das técnicas moleculares e da medicina personalizada, a patologia cirúrgica vem apresentando modificações substanciais nestes últimos dez anos. Nunca deve-se perder a dimensão de que os conhecimentos da patologia morfológica tradicional têm séculos e desde a descrição da molécula de DNA temos somente 60 anos. Isto faz com que o terreno da patologia molecular ainda seja movediço e encontre dificuldades em sua execução. Mas, indiscutivelmente, o trabalho diário da patologia sofreu mudanças substanciais. A patologia hoje incorporou técnicas de biologia molecular que fazem parte do arsenal do diagnóstico e na determinação dos fatores prognósticos e preditivos. O primeiro avanço subs-

tancial nos deu a possibilidade de marcação de proteínas teciduais, tanto por imunofluorescência seguida do uso de cromógenos em imunohistoquímica. Estas técnicas estão amplamente incorporadas à patologia cirúrgica e disponíveis em qualquer recanto deste país. Hoje, um laboratório de imunohistoquímica conta com centenas de marcadores para esclarecer a histogênese, origem topográfica, determinação de malignidade e de comportamento biológico dos tumores. O leque de opções para análise técnica nos permite hoje observar alterações cromossômicas por hibridização in situ, mutações por diferentes técnicas de sequenciamento, determinação de neoplasias de sítio primário desconhecido por perfil de RNA, perfil de expressão gênica por painéis de genes específicos. Neste dois últimos anos, a determinação de mutações em genes que permitem ação terapêutica tornou-se disponível. Hoje, pretendemos abordar como um laboratório de patologia moderna pode auxiliar analisando a perspectiva histórica e futura, indicando seus benefícios, limites e utilizações.


Aconteceu

Brasília, 26 outubro – sábado

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ll Políticas Públicas

Caminhos e possibilidades para a atenção oncológica Paulo Hoff, diretor do Icesp, fala de gargalos e soluções institucionais para o atendimento ao paciente de câncer no prazo de 60 dias

D

iante de um perfil demográfico em plena transição, quando as taxas de natalidade decrescem e eleva-se a parcela da população idosa, é compreensível e esperado o aumento significativo dos casos de câncer no Brasil. Com ese cenário, o câncer já preocupa como a segunda causa de morte no País e desafia a construção de políticas públicas capazes de fazer frente a esse novo panorama epidemiológico. “Eu lembro a vocês que o Estado do Novo México nos EUA foi o primeiro estado americano a ter o câncer como primeira causa de morte, acima dos problemas cardiovasculares. No Brasil, também esperamos um aumento dramático no número de casos, o que já vem acontecendo nos últimos anos”, disse Paulo Hoff, diretor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, durante o Fórum de Políticas Públicas, realizado ontem. O Fórum recebeu diferentes autoridades para debater soluções e gargalos institucionais para melhorar a atenção oncológica e fazer valer na prática a Lei 12.732 de novembro de 2012, que estabeleceu o prazo de 60 dias para que o paciente com diagnóstico de câncer inicie seu

tratamento oncológico. “São muitos os desafios e temos de achar caminhos para melhorar a humanização da assistência”, propôs Hoff, argumentando que as dificuldades do paciente começam bem antes da sua chegada a um centro de excelência em câncer. “Os serviços primários nem sempre têm o expertise e o equipamento para fazer o diagnóstico. O paciente chega tarde, com doença avançada, o que indica que estamos tendo problema já no atendimento inicial. Para buscar soluções, o Estado de São Paulo criou um comitê com a participação de 18 instituições com maior volume de atendimento SUS no Estado, com a proposta de assessorar a secretaria da Saúde na esfera do câncer. Com quatro câmaras técnicas – Prevenção, Diagnóstico, Tratamento e Cuidados Paliativos – essa iniciativa culminou com a recente criação da Rede Hebe Camargo. “É um esforço integrado em áreas-chave, o que traz reflexos importantes nos tempos de atendimento e ainda promove a humanização da assistência. A ideia é promover uma integração administrativa de todas as esferas

Paulo Hoff

para usar racionalmente os recursos disponíveis”, concluiu.

ll Tumores Ginecológicos

Radioterapia no câncer uterino Robson Ferrigno falou ontem sobre o papel da radioterapia no tratamento da doença avançada

O

câncer do colo do útero continua sendo a segunda causa de câncer na mulher, ainda responsável por altas taxas de morbimortalidade. Apesar dos esforços na prevenção, o câncer cervical continua desafiando as políticas de saúde, com projeções de saltar das 300 mil mortes anuais verificadas hoje para 400 mil mortes no ano de 2030. Hoje, 85% dos casos ocorrem nos países em desenvolvimento e estão relacionados à carcinogênese induzida pelo papiloma vírus humano. Segundo as estimativas do INCA foram diagnosticados 17.540 novos casos de câncer uterino no Brasil em 2012. Os dados do Instituto Nacional do Câncer também revelam que 44% dos Robson Ferrigno

casos são de lesão precursora in situ. Nas fases iniciais não há sintomas específicos, e apenas o exame de Papanicolau é capaz de indicar a presença da doença. Mulheres diagnosticadas precocemente, se tratadas dentro das melhores práticas, têm praticamente 100% de chance de cura. Robson Ferrigno, radioterapeuta do Hospital São José e presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia, falou ontem na SBOC, durante o módulo de Tumores Ginecológicos. O especialista apresentou o tema “Câncer de colo de útero localmente avançado: qual o estado da arte?” O especialista argumentou a importância da prevenção, com políticas públicas mais propositivas para a saúde da mulher.


Aconteceu

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Brasília, 26 outubro – sábado

ll Cuidados Paliativos

O que posso fazer para melhorar os sintomas do câncer? Ricardo Caponero, ex-presidente e um dos fundadores da Associação Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP), deixa lições importantes e lembra que em termos de cuidados paliativos, quanto mais cedo, melhor

A

s neoplasias são um conjunto amplo e complexo de doenças. Em suas fases iniciais são assintomáticas, daí a dificuldade do diagnóstico precoce. Mas, na medida que progridem, passam a comprometer de forma significativa a qualidade de vida. A amplitude do cuidar em pacientes oncológicos inclui o controle rigoroso dos sintomas, a compreensão da dinâmica familiar, das necessidades psicossociais do indivíduo e a contextualização da vida. Os cuidados paliativos são um direito humano inalienável e promovem o alívio da dor e outros sintomas estressantes; afirmam a vida, e consideram a morte como um processo natural; não pretendem acelerar nem adiar a morte; integram os aspectos psicológicos e espirituais do cuidado ao paciente; oferecem um sistema de suporte para ajudar os pacientes a viver tão ativamente quanto possível, até a morte. Além do controle de sintomas estressantes, devemos favorecer a compreensão da doença,

oferecendo esclarecimento a respeito dos objetivos do tratamento. Só com base na informação adequada o paciente poderá fazer sua tomada de decisão. Para melhorar o controle de sintomas no câncer devemos agir pró-ativamente, de forma integrada e multidisciplinar, desde o diagnóstico. Quase todos os sintomas, como dor, náuseas, obstipação intestinal, perda de libido, etc. são comprovadamente subdimensionados e, consequentemente, subtratados. O questionário de Edmonton é uma ferramenta útil e de fácil visualização. Uma vez identificados e corretamente avaliados em sua intensidade, existem diretrizes publicadas sob o tratamento da maioria dos sintomas É fundamental compreender a natureza ampla do sintoma, oferecer tratamento integrado, multiprofissional e adequado. A clareza e efetividade da comunicação é que nos permitirão avaliar as modulações na percepção e a interferência do estado cognitivo, dos afetos, do nível cultural e da biografia do paciente no significa-

Ricardo Caponero do e função do sintoma. E o mais importante: avaliar, avaliar, reavaliar sempre...


Aconteceu

Brasília, 26 outubro – sábado

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ll Oncologia Baseada em Evidência A Humanização da Evidência

Pablo Gonzales Blasco, fundador e diretor científico da Sociedade Brasileira de Medicina de Família falou sobre educação médica e humanismo

O

progresso técnico e os avanços na investigação rendem multidão de trabalhos e um número incontável de informação. Torna-se preciso apurar estas informações, de modo racional, obtendo as melhores evidências científicas para aprimorar a função do médico. Surge a Medicina Baseada em Evidências como qualidade da informação. Agora o desafio é do médico que deverá fazer chegar esta qualidade técnica até o paciente, em linguagem inteligível. Dissolver a técnica em humanismo para que o paciente possa assimilá-la. E o humanismo reveste-se neste caso de contemplar outros níveis de significância que, aparentemente subjetivos, são os que contam para o paciente. Assim, considera-se o nível de significância estatística – que confere alto nível de evidência a um estudo -, seguido do nível de significância clínico – até que ponto é possível aplicar este estudo à população e ao paciente em questão? Soma-se um terceiro nível de signifi-

cância, denominado pessoal. É uma terceira dimensão que pode se resumir no significado que a doença tem para um determinado paciente. São os valores, atitudes, crenças, medos e expectativas do paciente que determinarão, em último termo, a eficácia do tratamento e, evidentemente, a adesão a ele. A dupla função do médico – entender a doença e entender o doente – requer uma integração metodológica dos conhecimentos objetivos, das evidências médicas, assim como a compreensão dos aspectos que caem no âmbito da subjetividade, e que o médico é capaz de captar, interpretar e, naturalmente, utilizar em benefício do próprio paciente. Conhecer a pessoa que tem a doença é pelo menos tão importante como conhecer a doença que tem aquela pessoa. E, como o paciente é um bom diagnosticador do relacionamento com o seu médico, sabe-se mais seguro com um médico

sábio do que com um médico treinado artificialmente. Sabedoria, pois, que é conhecer a pessoa para nela investigar a doença, aspecto essencial neste relacionamento que se deseja humanizar. Mergulhar neste mundo do paciente requer metodologia, sistemática, mudança de perspectiva na abordagem e no relacionamento. Também aqui as humanidades nos trazem luz e explicação sobre este ponto. “Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos”, dizia Kant. E o poeta, Fernando Pessoa escreve: “A vida é o que fazemos dela/ As viagens são os viajantes/ O que vemos não é o que vemos/ Senão o que somos”. Humanizar o relacionamento é obrigação do médico. Requer preparar o espírito, limpando o ânimo de distrações, para dedicar-se ao paciente que está diante dele, e saber pensar em algo óbvio mas que, por vezes, se esquece na rotina metodológica do pesquisador. “Por que ele está aqui, na minha frente? O que espera de mim?”. Esta simples frase, que coloca o centro do relacionamento no paciente, pode ser um bom lembrete para humanizar as evidências.


Holofotes

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Cristiano Gomes (MSD)

Jorge Filho e Debora Andersen

Roberto Alvarenga (Merck Serono)

Simone Rocha e Eliseu Mattioli

Brasília, 26 outubro – sábado

Equipe Boehringer Ingelheim

(Teva)

(Astrazeneca)

Eduardo Valverde, Daniele Cardoso

Nilva Bortoleto (Zodiac), Claudio Vasconcelos (EMS), José Roberto (Blau) e

Paulo Pinton (Bristol), Eduardo Alves (Oncoclínica) e Herbert Silva (Bristol)

e Ricardo Silveira (Pfizer)

Paulo Menutti (Bayer)

Marcello Ferretti

Rodrigo Pinheiro, Roberto Gil e

Carlos Ferreira e Marco Ferrazoli (Pfizer)

Equipe da SBOC na posse da nova diretoria

Rafael Schmerling

Keith Flaherty

Felipe Coimbra

Gilberto Schwartsmann

Carla Ismael e Cristian Domenge

Sergio Azevedo

Gonzales Blanco

Mariana Fonseca, Marcela Borim, Rodrigo De Paula, Riad Younes, Ana Oton e Graziela Lanzara

Equipe Glenmark

Fátima Gauí

Betina Zimmermann e

Michel Conti, Roberta Monteiro e Paulo Freitas (Bristol)

Luciana Bezerra (Roche)

Robert Coleman e Fernando Maluf

Rui Fernando Weschenfelder

Anelisa Coutinho

Anderson Silvestrini

Graeme Poston

Daniel Herchenhorn

Fabio Souza, Erica Mota, Alex Carvalho e Renata Almeida (Pierre Faber)

Equipe da Mundipharma

Solange Botelho e Sandra Navarro

Sergio Bielo, Christiane Mitne e

(Bayer)

Carolina Pinheiro (GSK)


Holofotes

Brasília, 26 outubro – sábado

Carla Birnfe, Ephraim Junior e

Fábio Schuzt

Debora Uehara (Achè)

Oren Smaletz

Equipe SBOC

Robson Ferrigno

Angelo Di Leo

Monica Lancha, Ricardo Travassos,

Equipe Oncoprod

Ligia Bahia, Roberto Gil e

Ricardo Fama, Sandra Franco e

Eduardo Morato

Jackson Morishita (Amgen)

Modelos à japonesa (Astellas)

Equipe MSD

Nilva Bortoleto e José Muradas

Rogério Alves, Hercules Moraes e

Mayra Figueiredo e Jorge Lattaro

Otemar Junior (Blau)

(Sandoz)

Fernando Dias

Daniela Rosa

Equipe Bristol

Auditório

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Evanius Wiermann

Enrique Pulido

Equipe Progenetica/Hermes Pardini

Jose Carlos Sadalla

Equipe Bristol

Douglas Monteiro, Rafaela Monte e

Carla Mazzuco e Nêmora Muller

Marcelo Walkowski (Lilly)

(Bristol)

Anderson Silvestrini, Fernando

Luiz Paulo Kowalski

João Victor Salvajoli

Sergio Roithmann

Maluf e André Rego

Equipe Bayer

ABAC Luz

Gabriel Prolla

Robert Coleman

Campanha Recomeçar


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Simpósio Satélite

Brasília, 26 outubro – sábado

Ampliando horizontes no tratamento do câncer de ovário

O

câncer de ovário é o mais mortal dos tipos de câncer ginecológico e o mais difícil de ser diagnosticado precocemente.Tumores de ovário são responsáveis por 54% das mortes por câncer ginecológico nos Estados Unidos. No Brasil, estimativas do INCA apontaram 6.190 novos casos. Lamentavelmente, sabe-se que cerca de 75% dos casos apresentam doença avançada no momento do diagnóstico. Entre os fatores de risco, a idade acima de 50 anos e a história familiar de câncer de mama, ovário ou intestino devem ser considerados, além da mutação BRAC1/2 e do câncer de cólon hereditário (HNPCC). Para enfocar esse cenário, a Roche promoveu um simpósio satélite com o tema “Ampliando Horizontes no Tratamento do Câncer Epitelial de Ovário”, apresentado durante o XVIII SBOC, tendo como conferencista Andrea Gadelha. Em um cenário com poucos avanços na última década, bevacizumabe tem demonstrado resultados superiores em combinação com quimioterapia padrão (carboplatina e paclitaxel) como tratamento de primeira linha para mulheres com câncer avançado. O estudo randomizado de fase III GOG0218 comparou carboplatina e paclitaxel mais placebo com carboplatina e paclitaxel mais bevacizumabe no tratamento de câncer de ovário epitelial. Os pacientes foram randomizados em três braços. O primeiro braço recebeu carboplatina + paclitaxel + placebo. O segundo recebeu carboplatina + paclitaxel + bevacizumabe (15 mg/kg, por 5 ciclos). O terceiro braço recebeu carboplatina + paclitaxel + bevacizumabe (15 mg/kg) por 15 meses ou até a progressão da doença. O tempo livre de progressão, critério definido como endpoint primário, foi de 10,6 meses no braço 1; 11,6 meses no braço dois e finalmente de 14,7 meses no terceiro braço de pacientes (n=1873, HR 0,70; p < 0,0001). Não houve benefício em sobrevida global, critério fixado como endpoint secundário.

Andrea Gadelha e Lenio Alvarenga

Ana Cláudia Oliveira, Marci Pietrocola e Adriana Zancheta

Bristol-Myers Squibb fala dos avanços no tratamento do melanoma

A

biofarmacêutica global Bristol-Myers Squibb apresentou na sexta-feira a palestra com o tema “O Papel da Equipe Multidisciplinar no Suporte ao Paciente com Melanoma Avançado”, iniciativa que reuniu na prática a diversidade de profissionais que entram em cena nos cuidados ao paciente. Como parte dessa temática, Ana Cláudia Oliveira, coordenadora de enfermagem do Centro Avançado de Oncologia do Hospital São José, falou do novo panorama do melanoma metastático, em apresentação intitulada “Sobrevida de longo prazo redefine o sucesso no tratamento do Melanoma Avançado”. Para completar a programação, a Bristol também convidou Adriana Zancheta, coordenadora de enfermagem do Centro de Oncologia do Hospital Sírio Libanês, que falou sobre “Ipilimumabe: Manejo Clínico Gastrointestinal”. Finalmente, Marci Pietrocola, Coordenadora da AMIGOH - Sociedade Israelita Brasileira Albert Einsten discorreu sobre o perfil de toxicidade do novo agente, com a palestra “Ipilimumabe: Manejo Clínico da Endocrinopatia. Em 2012, a Bristol-Myers Squibb foi eleita a “Companhia Global mais Admirada” pela revista “Fortune” e campeã da lista das “100 Melhores em Cidadania Corporativa”, pela revista “Corporate Responsability”. Foi reconhecida, em 2011, como a empresa com a linha de pesquisa mais inovadora pela “R&D Directions” e a melhor grande farmacêutica pela revista “Forbes”.


Brasília, 26 outubro – sábado

Simpósio Satélite

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Avanços no tratamento de primeira linha no CCRm

C

etuximabe associado a FOLFIRI mostra ganho de sobrevida global (OS) em pacientes com câncer colorretal metastático (CCRm) com status RAS selvagem ,quando comparado a FOLFIRI em associação com bevacizumabe como tratamento de primeira linha. Esta foi a principal conclusão do estudo randomizado de fase III FIRE-3, que serviu de referência aos médicos que participaram do Simpósio Satélite realizado ontem pela Merck para falar dos avanços no tratamento de primeira linha do CCRm. Entre os palestrantes, Dirck Arnold, da Universidade de Friburg, na Alemanha; Graeme Poston, do Hospital Aintree, no Reino Unido; Anelisa Coutinho, da Clínica AMO, em Salvador, e Túlio Pfiffer, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). O estudo FIRE-3 mostra aumento de 7,5 meses na mediana da OS nos doentes com CCRm com status selvagem do RAS (n=342) tratados com Cetuximabe + FOLFIRI em comparação com aqueles que receberam bevacizumabe em associação com FOLFIRI (OS: 33,1 meses vs. 25,6 meses, respectivamente; hazard ratio [HR]: 0.70, p=0.011). Na análise post hoc observou-se que o braço de pacientes com RAS mutado (n=178) que recebeu Cetuximabe em associação com FOLFIRI como terapêutica de primeira linha não obteve ganhos significativos de sobrevida global (OS de 20,3 meses vs. os 20,6 meses, HR: 1,09; p=0,60). “Juntamente com os conhecimentos obtidos através de outros estudos relevantes, estes resultados sugerem que a primeira linha de tratamento dos doentes com RAS selvagem deve também contemplar a terapêutica anti-EGFR”, sublinhou Anelisa Coutinho, acrescentando que em breve a estratificação de outras variantes da família RAS pode ser o padrão ouro. Em conclusão, o estudo demonstra que a detecção de novas mutações nos genes RAS (KRAS e NRAS) seleciona os pacientes com maior probabilidade de responder à terapia com anti-EGFR.

Tulio Pfiffer, Dirk Arnold, Anelisa Coutinho e Graeme Poston

Caio Rocha-Lima e Anelisa Coutinho

Bayer mostrar resultados do Regorafenibe em câncer colorretal metastático

A

Bayer patrocinou ontem um simpósio satélite sobre as novas possibilidades terapêuticas para o tratamento do câncer colorretal metastático. O encontro teve a participação de Anelisa Coutinho, Rui Fernando Werchenfelder e Caio Rocha Lima, que falaram sobre a situação atual do tratamento do CCRm, do estudo CORRECT e da experiência clínica de uso do Regorafenibe. O estudo CORRECT considerou elegíveis os pacientes com câncer colorretal metastático que tiveram progressão durante a vigência do tratamento com as terapias padrão ou até três meses depois. Entre os regimes padrão estão fluoropirimidina, oxaliplatina, irinotecan e bevacizumabe. Pacientes com status KRAS selvagem também tinham como critério de elegibilidade o tratamento prévio com cetuximabe ou panitumumabe Um total de 760 pacientes foi randomizados aleatoriamente na proporção de 2:1 para receber regorafenibe (= 505 pts/ 160mg uma vez ao dia por três semanas, interrompendo por uma semana) ou placebo (=255 por três semanas, com intervalo de uma semana). Os pacientes foram selecionados de acordo com terapia prévia anti-VEGF e tempo do diagnóstico das metástases. O endpoint primário foi a sobrevida global. Os endpoints secundários incluíram sobrevida livre de progressão, taxa de resposta global, taxa de controle da doença, segurança e qualidade de vida. Regorafenibe é um inibidor oral de múltiplas quinases e a análise detalhada dos subgrupos demonstra que o agente melhorou a sobrevida global (OS) e a sobrevida livre de progressão da doença (PFS). A razão de risco (RR) para a sobrevida global foi de 0,77 (IC 95% 0,64-0,94; p=0,0052), indicando uma redução de 23% no risco de óbito. Isso se traduziu em uma diferença na mediana de sobrevida de 1,4 meses (5 meses para o placebo versus 6,4 meses para o regorafenibe). A razão de risco para a sobrevida livre de progressão foi de 0,49 (IC 95% 0,42-0,58; p<0,000001) com uma mediana de sobrevida livre de progressão de 1,9 meses com o regorafenibe comparado com 1,7 meses com o placebo. Adicionalmente, enquanto pacientes com KRAS tipo mutante se beneficiaram com o tratamento com o regorafenibe, a razão de risco foi de 0,867 (IC95% 0,670-1,123) comparado com 0,653 (0,476-0,895) em pacientes com KRAS do tipo selvagem. Ao observar os dados de sobrevida livre de progressão nos subgrupos, todos os pacientes mostraram um benefício com o tratamento com o regorafenibe, incluindo aqueles com o cólon ou o reto como sítio primário da doença (RR=0,348, IC 95% 0,163-0,745) e aqueles com tumores com KRAS do tipo mutante (RR=0,525; IC 95% 0,425-0,649). “Diante dos novos dados, é bastante provável que a análise All-Ras passe a valer com gold standard”, concluiu Anelisa Coutinho, para quem os achados do estudo CORRECT abrem novos caminhos para o tratamento do câncer colorretal metastático.



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