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Uma vacina promissora na luta contra
UMA VACINA PROMISSORA NA LUTA CONTRA A MALÁRIA
Texto de David Raimundo
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Os resultados preliminares dos ensaios clínicos de uma nova vacina contra a malária estão a ser considerados por muitos cientistas um passo determinante para o controlo e, quiçá, a erradicação desta doença.
No passado mês de abril, foram divulgados os resultados dos primeiros ensaios clínicos de uma potencial vacina contra a malária. São de tal modo animadores que os investigadores acreditam que tornam mais real a possibilidade de, um dia, controlar ou mesmo erradicar a doença, que é responsável por cerca de 400 mil mortes por ano, principalmente, crianças.
A vacina, denominada R21 e desenvolvida pelo Instituto Jenner da Universidade de Oxford, mostrou uma eficácia de até 77% num ensaio com 450 crianças, entre os 5 e os 17 meses, em Burkina Faso, que decorreu ao longo de um ano.
A R21 é uma forma modificada de uma outra vacina, a Mosquirix, desenvolvida pela farmacêutica GlaxoSmithKline e que já foi estudada e testada em ensaios no Malawi, Quénia e Gana, tendo sido registados valores de eficácia de 56% ao fim de um ano e de 36% ao fim de quatro anos.
Por isso, se os ensaios clínicos mais alargados já em curso confirmarem os valores de eficácia da vacina da Oxford, esta será a primeira vacina contra a malária a atingir o valor mínimo de 75% de eficácia estabelecido pela Organização Mundial da Saúde.
Ambas as vacinas mencionadas contêm uma proteína secretada pelo parasita que causa a malária (Plasmodium spp.) quando este se encontra na fase de esporozoíto, a forma com que entra no organismo dos seres humanos, através da picada de mosquitos hospedeiros. Com as vacinas, pretende-se estimular uma resposta imunitária com formação de anticorpos direcionados a essa proteína, que, na vacina R21, está presente em maior concentração.
A criação de uma vacina eficaz contra a malária tem sido um processo lento e árduo, se comparado, por exemplo, com o desenvolvimento da vacina contra a COVID-19. Parte do problema prende-se com a falta de investimento na prevenção de uma doença que afeta, predominantemente, países de baixo e médio rendimento. Outra questão a ter em conta é a natureza do próprio parasita, que tem um ciclo de vida complexo e, ao longo dos anos, tem vindo a sofrer mutações em proteínas-chave, o que gera novas estirpes e dificulta o trabalho dos cientistas.
Os investigadores do Instituto Jenner, que foi também responsável pelo desenvolvimento da vacina contra a COVID-19 da Oxford/ AstraZeneca, acreditam que a R21 tem o potencial de diminuir, drasticamente, a mortalidade associada a esta doença, podendo vir a reduzir as cerca de 400 mil mortes registadas anualmente para valores na ordem das dezenas de milhar, nos próximos 5 anos.
O Instituto equaciona a hipótese de submeter a nova vacina a um processo de aprovação de emergência, tal como fez com a vacina contra a COVID-19, uma vez que a malária mata muito mais pessoas, em África, que o vírus SARS-CoV-2.
Referências Bibliográficas:
Candidata a vacina contra a malária mostra eficácia de 77% | Vacinas | PÚBLICO [Internet]. [cited 2021 May 23]. Available from: https://www.publico.pt/2021/04/23/ ciencia/noticia/potencial-nova-vacina-malaria-mostrase-promissora-ensaios-burkina-faso-1959854 Oxford malaria vaccine proves highly effective in Burkina Faso trial | Malaria | The Guardian [Internet]. [cited 2021 May 23]. Available from: https://www.theguardian. com/world/2021/apr/23/oxford-malaria-vaccine-proves-highly-effective-in-burkina-faso-trial?fbclid=IwAR3jum5GNnieD6a_sq7OhNiOxAXTHNPsabLbnZdscw_ sCNaBfU7HGEj2dVQ Malaria vaccine shows promise — now come tougher trials [Internet]. [cited 2021 May 23]. Available from: https://www.nature.com/articles/d41586-021-01096-7