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ENTREVISTA. O design brasileiro de Ronaldo Fraga
COM A PALAVRA, UM BRASILEIRO DE MINAS
Ronaldo Fraga é um designer inventivo. Faz moda, artigos para casa, tem uma loja que é um hotel, revira o país atrás de inspiração. Está em busca do saber ancestral brasileiro. Parafraseando a arquiteta Lina Bo Bardi, ele sonha com o dia em que as cadeiras para se sentar, os talheres para comer, as casas para morar e as roupas para vestir desenhados por brasileiros tragam o mínimo da grandiosidade da cultura nacional. Este vai ser, na opinião dele, um bom começo para o crescimento justo, criativo e enriquecedor.
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GOSTARIA QUE VOCÊ ME FALASSE SOBRE SEU OLHAR VOLTADO AO BRASIL. SEMPRE FOI ASSIM, DESDE O COMEÇO DA SUA CARREIRA? COMO O BRASIL O INSPIRA?
Sempre foi. Fui adolescente no fim da ditadura e, nesta época, encontrei o inventor do Brasil moderno, Mário de Andrade, meu mentor. Aquele livro Turista Aprendiz, em que ele conta que tirou dois anos e meio sabáticos, para percorrer o Nordeste e o Norte, me fez querer repetir esse percurso. Minhas coleções etnográficas são para cumprir os passos do mestre.
COMO VOCÊ TRADUZ A BRASILIDADE NO SEU TRABALHO?
O Brasil é fonte inesgotável de inspiração, acho que, principalmente, pelo fato de sermos mestiços. Costumo dizer que o que me assombra e o que me alumbra é o que me estimula a falar sobre essa terra, o Brasil como um todo, com suas mazelas, riquezas, saberes e fazeres. Sou um homem do meu tempo, sou brasileiro de Minas, e isso não é pouco. Amigos estrangeiros olham o meu trabalho e comentam que ele é genuinamente brasileiro pela combinação de cores que eu faço. Só nós fazemos desse jeito. A brasilidade não está no meu trabalho só nos temas, até porque já falei de Pina Bausch (coreógrafa alemã) e China, mas pela narrativa.
DE SUL A NORTE, O BRASIL É GIGANTE, SÃO MUITAS REALIDADES E MUITAS REFERÊNCIAS. QUAIS SÃO NOSSAS PRINCIPAIS RIQUEZAS? QUAL É O PODER DA BRASILIDADE?
Nosso país é rico, continental, carrega vários brasis aqui dentro. Acho que o compromisso civil do designer é criar pontes neste Brasil. O Nordeste é, para mim, o epicentro da nossa formação cultural, ele guarda a fonte da mágica da cultura brasileira, nossa riqueza e a nossa mistura. E é isso que faz a nossa gastronomia ser como ela é, a música – nosso produto mais bem resolvido, ser como é. Parafraseando Lina Bo Bardi, sonho com o dia em que as cadeiras para se sentar, os talheres para comer, as casas para morar e as roupas para vestir desenhados por brasileiros tragam o mínimo da grandiosidade dessa cultura.
OLHAR PARA DENTRO DE NÓS OU PARA DENTRO DA NOSSA CASA BRASILEIRA, PODE SER UMA GRANDE OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO, DE FAZER A NOSSA ECONOMIA GIRAR, DE MUDAR A VIDA DE MUITA GENTE. QUE HISTÓRIAS VOCÊ VIU DENTRO DO BRASIL QUE TOCARAM VOCÊ E TRANSFORMARAM O JEITO DE VER SUA VIDA, O SEU TRABALHO?
São tantas, mas gosto de como as rendas chegaram ao Brasil, da influência judaica no Nordeste e de seu encontro com os índios cariris e os escravizados do Norte da África. É deste encontro que saiu o baião, as cirandas de roda, o bode usado na gastronomia, a selaria feira em couro pespontado colorido. Você pega essas histórias e desvenda a alma e a formação do país. Em várias coleções falei disso, como Turista Aprendiz em Pernambuco, no Grão-Pará, na Terra de Gigantes do Cariri cearense.
MUITA GENTE AINDA IMPORTA REFERÊNCIAS. POR QUE SERÁ QUE AINDA NÃO OLHAMOS O TANTO QUANTO DEVERÍAMOS PARA NOSSA TERRA, NOSSOS TALENTOS?
Pela primeira vez, não podemos ir a lugar nenhum, nem à Europa ou ao Japão, para ver como se faz lá. As fórmulas não existem. Temos que nos resolver aqui e agora.
ECONOMIA CIRCULAR, ECONOMIA CRIATIVA, SUSTENTABILIDADE. O QUE ESSES TERMOS FALAM PARA VOCÊ?
A economia criativa, que circula, a sustentabilidade dos ofícios dos saberes e das pessoas não têm que entrar na moda, porque o que entra, sai. E elas serão a base da reinvenção deste país. Eu não sei qual é o futuro, mas sei que há uma porta para o novo tempo, a sustentabilidade e a diversidade. A indústria da moda, por exemplo, é uma das mais poluentes e isso deixa um gosto amargo. Mas há como pensar na sustentabilidade de forma mais abrangente, considerando a humanização dos processos, consumindo dos pequenos, consumindo alimentos da época, ressignificando as coisas, reutilizando, pagando justo para quem gera empregos.
MUITOS ARTISTAS, DESIGNERS E PROFISSIONAIS DE OUTRAS ÁREAS TRABALHAM COM COMUNIDADES PELO BRASIL PARA AJUDAR A DESENVOLVÊ-LAS. VOCÊ TEM UM HISTÓRICO DESSAS PARCERIAS. O QUE UMA PARTE ENSINA PARA A OUTRA?
As coleções etnográficas são vias de mão dupla e eu ganho mais do que deixo, e olha que deixo o máximo que sei. Por meio delas, me aproximo de grupos, da ancestralidade, da formação do nosso povo. Meu oxigênio vem dessa vontade de criar novos produtos, de gerar renda, de reconhecer o valor do ofício e da simplicidade sofisticada e tão difícil de ser conquistada.
CONECTADOS AO NOVO TEMPO
A CGL CONSTRUTORA E INCORPORADORA COMEMORA 29 ANOS DE ATUAÇÃO COM EMPREENDIMENTOS ATUAIS E CONECTADOS COM AS NECESSIDADES DO MERCADO
Prestes a cumprir 29 anos no mercado, a CGL Construtora e Incorporadora comemora o sucesso de venda de seus últimos empreendimentos, 100% comercializados na planta. Sinal de que, em quase três décadas, a empresa conquistou a confiança do seu público, com empreendimentos exclusivos, acabamento de qualidade, design atual, muito conforto e tecnologia de ponta.
Com 26 empreendimentos lançados, a empresa hoje é líder no segmento de condomínios de casas e tem mais de dez residenciais em fase de criação e aprovação, gerando aproximadamente R$ 500 milhões em VGV.
Comandada por Carlos Herrera, Ignacio Herrera e Tomás Herrera, a empresa hoje é administrada pela segunda geração de empresários e busca a constante evolução e o acompanhamento das tendências do mercado para se reinventar e garantir que seus empreendimentos continuem proporcionando grandes experiências e satisfação a seus clientes. A marca CGL é garantia de valor, solidez e diferenciação no mercado imobiliário curitibano.