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capa. O legado revolucionário de Zaha Hadid
from Revista Habitat 5
A revolução dA rAinhA dAs curvAs
CinCo anos depois de sua morte, Zaha hadid Continua sendo símbolo de inovação, arquitetura responsável e mais igualitária
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Mulher, iraquiana, de meia idade, Zaha Hadid rompeu com a lógica dos homens, da tradição e do pragmatismo, para criar formas, contornos e cidades a partir de um traço sensível e curvilíneo. Um dos grandes nomes da arquitetura mundial, ela, que morreu aos 65 anos, bagunçou as convenções e provou que a arquitetura não vive só de beleza e função, mas de ousadia e do compromisso de mudar o mundo. Sim, porque se não fosse para transformar tudo à sua volta, não valia seu esforço.
A primeira mulher da história a receber o Pritzker, maior prêmio da arquitetura mundial, perseguia a sustentabilidade ecológica e o fim da desigualdade social. Estes, para ela, eram os desafios da nova geração. E continuam sendo. Com a diferença que hoje há mais gente no planeta, mais diferenças entre elas e cidades mais carentes de soluções inovadoras. Zaha já via a urbe como cliente e, para ele, testava construções com alma pública e cívica, onde as pessoas pudessem se conectar umas com as outras. O espaço sempre foi de todos, afinal.
enquanto dizia procurar quebrar os limites da arquitetura, zaha Hadid convertia edifícios em paisagem e repensava os limites físicos das construções
Rebelava-se contra os encastelamentos, queria cidades arejadas, com livre circulação e direitos iguais.
Depois do Pritzker, construiu uma das carreiras mais bem sucedidas da profissão. A mais notável de uma mulher. E foi assim que seguiu, tentando construir um ideário, fazer isso sendo mulher e construindo edifícios que deram o que falar. Fácil não foi, nem para ela. “Continuariam me chamando de diva se eu fosse um homem? Se você é homem, é visto como alguém duro e ambicioso, mas é mal visto quando uma mulher é ambiciosa. Acredito que as coisas mudaram nos últimos 20 anos. Estão melhores, mas continua havendo preconceito”, comentou em entrevista à CNN.
Dizia-se feminista, porque achava as mulheres inteligentes e talentosas. “Acredito na habilidade e no poder e na independência das mulheres. Antes, eu não gostava que me chamassem de arquiteta mulher. O importante é que sou arquiteta, o fato de ser mulher é uma informação secundária. Mas talvez isso tenha ajudado outras mulheres, inspirando -as a escolher uma profissão e fazer algo a respeito, especialmente em um campo considerado não apto para mulheres.”
Sabia que as exigências com ela seriam maiores e decidiu arriscar mais. Enquanto dizia procurar quebrar os limites da
arquitetura, Zaha Hadid convertia edifícios em paisagem e repensava os limites físicos das construções. Foi assim com o MAXXI em Roma, a Ópera de Guangzhou, o colégio Evelyn Grace em Brixton e o centro cultural Heydar Aliyev. Ela também se tornou uma designer capaz de aplicar seu talento a joias, móveis, sapatos, bolsas, barcos e as roupas que vestia.
carreira
Chamada de Rainha das Curvas, a arquiteta trouxe críticas, ousadia e inovação para a área, deixando um importante legado para a história da arquitetura moderna. Nascida em Bagdá, no Iraque, em 1950, Zaha fez sua primeira graduação em matemática pela Universidade Americana de Beirute, no Líbano. Somente depois ela entrou para o mundo da arquitetura. Em 1972, ingressou na Architectural Association School of Architecture, renomada escola de arquitetura em Londres. Depois de se formar, tornou-se membro do Office for Metropolitan Architecture onde trabalhou com dois de seus antigos professores: os arquitetos Rem Koolhaas e Elia Zenghelis. Já na década de 1980, Zaha passou a desenvolver sua profissão em escritório próprio, chamado Zaha Hadid Architects.
Em 2004, veio o Pritzker e, em 2015, foi premiada com a medalha de ouro do Royal Institute of British Architects, tornando-se novamente a primeira mulher a receber a homenagem. Zaha Hadid também foi reconhecida para além da arquitetura. Em 2008, por exemplo, foi considerada pela revista Forbes uma das 100 mulheres mais influentes do mundo.
No Heydar aliyev Center, os contornos da arquitetura desconstrutivista de zaha