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REFRESCA MINHA ALMA novidades musicais
by comlimone
Por Fernando de Freitas
REFRESCA MINHA ALMA
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Nos últimos meses, alguns músicos lançaram trabalhos que reencontram o passado musical, transformando suas sonoridades em novas decupagens. A apropriação em busca da renovação faz da arte uma experiência sublime. Nessa identidade, olhamos para eles em conjunto.
VERONA
Lucas Gonçalves apresenta seu novo álbum, Verona, uma continuidade ao excelente Se Chover. Em seu segundo lançamento em meio à pandemia (porém, só este gravado durante o isolamento social), o baixista da Maglore enriquece seu repertório solo para a retomada das apresentações.
Natural de Passa Quatro, MG, Lucas está ligado ao Clube da Esquina por um cordão umbilical que lhe alimenta, novamente, nesse trabalho. Mas, também, reencontra a psicodelia dos irmãos Antunes Baptista. Se, antes, declarou ter “abandonado os Beatles”, esses encontros musicais se estabelecem por aqueles que abrasileiraram o melhor nos liverputianos.
Verona é uma narrativa musical. Seria demais de chamar de ópera-rock. Está mais para uma suíte, pela sua delicadeza terrena. Lucas faz da contenção a liberdade musical de poder ser protagonista de si mesmo. Para tanto, ele reúne músicos que primam para a elegância a cada faixa.
NOUVELLA
Formada por Yasmin Zoran na voz, Gabriel Viegas na guitarra, Anderson Barba no baixo, Xuan Arfenoni no saxofone e Gustavo Grillo na bateria, a banda Nouvella, surgida em 2019, em Florianópolis, fez cerca de 20 shows entre 2020 e o começo de 2021, antes da pandemia.
Já diante do distanciamento social, a banda aproveitou um momento de flexibilização para registrar as canções que se acumulavam. O EP foi gravado no estúdio Magic Place, do produtor musical Renato Pimentel, e viabilizado através de financiamento coletivo e apoio de marcas locais.
Com o sugestivo título The Sun will Rise Again, a banda, que vem movimentando a cena de rock de Santa Catarina, traz um diferencial. “Desde o começo, a estética da banda é algo importante pra gente. Toda questão que o nosso som trás, de transpor a mente e o corpo pra outro estado... queremos envolver os fãs de todas as formas. Nossas fotos, figurinos, camisetas e maquiagem são, pra gente e pro nosso público, uma forma de identificação com o movimento Nouvella”, diz Gabriel Viegas, guitarrista da banda.
A música de trabalho, “Melhor Amigo”, com letra composta pelo guitarrista, Gabriel Viegas, trás o diferencial da banda: um rock’n’roll em português. “The Sun Will Rise Again”, apesar do nome, também é em português, uma brincadeira que a banda gosta de fazer com os idiomas. As músicas “Future” e “Friend Indeed” são canções em inglês.
O trabalho tem fortes raízes noventistas. O som é cru, apostando na formação clássica de uma banda de rock e na sonoridade próxima à de uma apresentação ao vivo. Lembra muito desdobramentos do que chamam de grunge, mas com um perfil mais próximo a 4 Non Blondes e L7, diante também da voz feminina, mas de uma atitude pouco extravagante, mas muito direta e afiada.
HOLY PILLS
Se engana quem acha que Paris é apenas Chanson, jazz e cabaret. Segundo Felicia, vocalista e guitarrista da Holy Pills, a cidade tem uma cena forte, espalhada por todos os bairros da cidade. A atitude da banda é bastante punk, mas não se limita a isso. Com forte influência do funk da década de 70, a banda percorre um caminho feito pelo Living Colour, com destaque para as pesadas distorções que não deixam dúvidas: é rock de verdade.
Tendo lançado uma marretada em forma de EP em 2020, com o nome de Time Lapse, os parisienses vão ainda mais longe com o single City’s Burning. É o resultado de quem aproveita do caldeirão cultural mais rico do mundo para mostrar que ouviu e entendeu o punk de cada parte do mundo e gravado ao longo das últimas décadas, para mostrar que a cidade luz pode iluminar um gênero que pode estar desgastado em outros lugares.
As referências de Holy Pills não são novidade. Outras bandas como Red Hot Chilli Peppers, Faith No More, Pearl Jam e Afghan Whigs visitaram a sonoridade soul, como fez Living Colour, dentro deste universo do rock pesado. Porém, o que Holly Pills faz magistralmente é dar o frescor a este som, como essas bandas fizeram duas décadas atrás.