Revista P&C Setembro 2013

C & p C Nº 7 SETEMBRO 2013 - Mensal - 5 €

Design DESIGN

Cortiça - uma dádiva da natureza I N T E R N AC I O N A L : M U N D I M ÁQ U I N A S E M A N G O L A E ngen h aria : S O F T WA R E D E C Á LC U LO AU TO M ÁT I CO D E E S T R U T U R A S O p ini ão : R E F O R M A D O E S TA D O

Mercado de Máquinas tem que inverter tendência atual

H

ouve já um tempo em que o setor de máquinas industriais parecia viver um crescimento imparável…o que terá levado grande parte das empresas a engordar as suas estruturas, pois os seus comerciais não tinham mãos a medir para dar uma resposta minimamente satisfatória à procura crescente e continuada que se vivia então.

Estávamos nos anos que antecederam a realização da Expo’98…

Houve quem tivesse pensado que aquela era a realidade e a verdadeira dimensão do mercado português de máquinas. Nada mais errado…

No ano de 1999 deu-se a primeira quebra…como um alerta para o que viria a seguir…o que infelizmente não foi compreendido por alguns dos atores do setor que mantiveram uma política marcada por um novo-riquismo já um tanto ou quanto incompreensível…

O mercado ainda vivia o desafogo…a almofada de conforto que a pré-Expo criara.

Mas depois…veio o princípio do descalabro…

As quedas das vendas começaram a crescer de forma continuada, primeiro a um ritmo lento…mas logo depois a um ritmo quase vertiginoso.

Empresas houve que entretanto restruturaram as suas estratégias…e partiram à conquista e à descoberta de novos mercados fora de portas…

As mais de mil máquinas vendidas por ano, sempre em alta, acabaram…as empresas tiveram que diminuir os seus quadros de pessoal…

Entretanto uma escapatória surgiu e deu novo ânimo a grande parte das empresas…o mercado angolano…e começou a aventura angolana em grande, não só para o setor das máquinas mas também para vários outros setores tais como o das cofragens, das caixilharias, dos revestimentos, das cerâmicas, dos equipamentos para casas de banho, das energias alternativas…mas cedo se viu que não era tão fácil e garantido…e para muitos foi mesmo o derradeiro sopro…e verificou-se o regresso…

A crise instalou-se e tem vindo a ganhar força maior a cada ano que passa.

O setor das máquinas e equipamentos está a viver talvez os seus tempos mais difíceis desde sempre…pelo menos desde que nós por cá andamos, já lá vão mais de trinta anos.

Não querendo ser os arautos da desgraça, é com tristeza que vemos os dados da ACAP referentes a 2013 e que constatamos que o panorama não poderia ser mais desanimador…

No período de janeiro a julho de 2013 foram vendidas 280 máquinas de movimentação de terras e 624 máquinas de movimentação de cargas (empilhadores) o que representa, relativamente ao período homólogo do ano anterior, uma variação do mercado de menos 36,7 por cento e de mais 6,8 por cento, respetivamente.

Relativamente ao segmento de mercado das máquinas pesadas de movimentação de terras, as vendas acumuladas nos primeiros sete meses do ano cifraram-se em 201 unidades o que representa mais um acentuado decréscimo de 40,4 por cento, relativamente ao período homólogo do ano anterior.

No que respeita ao equipamento mini, durante o mesmo período, as vendas baixaram 24,8 por cento devido ao decréscimo das vendas, quer, de mini pás (-36,8%), quer, de mini escavadoras (-17,9%).

Ao longo dos primeiros sete meses do ano 2013, o segmento de mercado dos empilhadores iniciou o ano em negativo, cresceu consecutivamente até junho mas, em julho, teve uma quebra abrupta de 35,1 por cento.

O segmento de mercado das máquinas pesadas de movimentação de terras, tem vindo a registar variações negativas, sendo que no último mês o decréscimo foi de 3,8 por cento. O mercado de máquinas ligeiras de movimentação de terras teve uma ligeira recuperação em junho mas, em julho, voltou a descer acentuadamente (-29,4%).

As vendas de máquinas de compactação e pavimentação, nos sete primeiros meses deste ano, tiveram um decréscimo de 34,1 por cento, face ao mesmo período do ano anterior, o que foi determinado essencialmente pela quebra do mercado da compactação pesada (-52,2%) e da compactação ligeira (-25,4%).

Ante este panorama infelizmente bem real…o que fazer para inverter a situação?

Urge que todos os atores do setor unam esforços e estudem uma estratégia que permita avançar para uma retoma que, mais do que desejável, é imperativa.

Nós estamos cá…dispostos a apoiar qualquer movimento, qualquer ação nesse sentido… jávai sendo tempo de travar esta caminhada para o abismo total... l

P &C

E D I TO R I A L

P &C

Rui Anjos Editor da Revista P&C

P & C SETEMBRO 2013 3

SUMÁRIO

P &C DESIGN

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Cortiça - Uma dádiva da natureza

FEIRAS

6

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M&T Peças e Serviços é já em junho de 2014 Salão Imobiliário Expo Real 2013

INTERNACIONAL

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MUNDIMÁQUINAS Angola consolida posição MUNDITUBO Portugal com futuro risonho

PLANEAMENTO

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Planeamento e ordenamento do território

MARKETING

14

PRODUTOS

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ENGENHARIA

18

Comparação entre dois tipos de “software”

OPINIÃO

22

ficha técnica f icha téc ni c a

P &C

d ir e tor Paulo Martins paulo.martins.pec@outlook.com e d i tor Rui Anjos rui.anjos.pec@outlook.com R ED AÇ ÃO Marta Vaz e Paula Mesquita CO L A B O R A D O R E S P E R M A N E N TE S António Bravo, Gisela Campos, José Matos e Silva

8

F OTO G R A F I A Augusto Cardoso P ublici d a d e João Martins joao.martins.pec@outlook.com Tem: +351 963 745 202 paginação Fátima Batista propri e d a d e

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N i P C 510527108 r e d ação Rua do Laparo Nº 263 Fração S 2890-551 Alcochete - Portugal pro d ução e impr e ssão Brand Evolution Rua Frei Luís de Granada, Nº 14 A-B 1500-680 Lisboa publicação m e nsal t irag e m 5000 exemplares r e gis to E R C Isenta de Registo na ERC ao abrigo do art. 12º, nº1 a) do Decreto-Regulamentar 8/99 de 9 de Junho v e n d a por assinat uras Portugal Continental, Açores e Madeira: 5€ (IVA incluído, 6%)

4 SETEMBRO 2013 P & C

10

& P C Assine connosco para Projectar e Construir o Futuro Uma Edição: RAPM Press Editora

A Revista P&C tem como destinatários os profissionais ligados ao setor da construção e tem na sua essência um conteúdo com base em entrevistas, notícias, reportagens, análises, tendências e opiniões versando sobre as diversas temáticas ligadas à Construção, bem como às tecnologias, materiais e equipamentos utilizados nesta atividade.

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DESIGN

Cortiça - Uma dádiva da natureza Citando a Amorim Revestimentos s.a., a cortiça é uma “dádiva da natureza” pois é um elemento genuíno, de propriedades excelentes e características únicas no que diz respeito ao isolamento térmico e acústico, que ainda nenhuma tecnologia conseguiu igualar.

P

roveniente da casca do sobreiro, uma árvore de crescimento lento que pode atingir os 200 anos e permitir por isso até 16 descortiçamentos, a cortiça é recolhida num ciclo de 9 em 9 anos. Este processo não causa danos à árvore pelo que a preserva e respeita e se renova naturalmente, tornando este produto num forte recurso natural de sustentabilidade ecológica.

A cortiça é composta por uma estrutura tipo favo de mel contendo cerca de 40 milhões de células por cm2, protegendo a árvore de mudanças climáticas bruscas. As células funcionam como isolante térmico e acústico natural e apresentam ainda propriedades amortecedoras acima da média.

Adaptada aos materiais de construção, estas características tornam a cortiça numa solução perfeita para criar ambientes mais temperados, confortáveis, saudáveis e com poupança de recursos energéticos, tendo em conta que contribuem fortemente para manter a temperatura amena num ambiente.

Inovação e Design A nossa tradição apontava para a utilização da cortiça como solução de pavimento e revestimento, em áreas de utilização mais específicas como: espaços ligados à educação; saúde; estúdios de som ou áreas de necessidade de isolamento acústico elevado, e nalguns pavimentos da habitação.

Atualmente, com a evolução do produto, aliado à forte componente de design assistimos à criação de novas famílias e a sua utilização expande-se cada vez mais, ocupando espaços nobres e mais diversificados como habitação; escritórios; comércio; hotelaria; restauração e áreas de bem-estar. O grande responsável por esta inovação e mudança de mentalidade, é o grupo Amorim sobretudo a Amorim Revestimentos s.a., que ao lançar as gamas da prestigiada marca Wicanders : Corkcomfort – Woodcomfort – Vinylcomfort – Artcomfort – Dekwall, explora todo o potencial e conforto da cortiça, com diferentes acabamentos, materiais, texturas e designe da superfície, mantendo um padrão de elevada qualidade.

Esta inovação confere à cortiça um papel mais inovador e assistimos a aplicações tão diversas como por exemplo na igreja da “Sagrada família” em Barcelona, a par com hotéis, restaurantes e lojas.

Devido aos seus acabamentos mais contemporâneos, com recurso a técnicas de velaturas e decapê, texturas de madeira; impressões em alta definição; acabamentos cada vez mais realistas, a cortiça assume-se cada vez mais como uma solução inteligente e a considerar em matéria de pavimentos e revestimentos de um espaço.

Na U.Deck, lda com loja nas Caldas da Rainha e em Lisboa, pode conhecer as coleções e ser aconselhado para qual a solução que melhor se enquadra no seu projeto. l

Gisela Campos

Decoração e Arquitetura de Interiores Agradecimentos: - MODULYSS, na LQS em Lisboa

6 SETEMBRO 2013 P & C

DESIGN Principais características da cortiça, como solução de pavimento e revestimento de um espaço: - absorve substancialmente o ruido e atenua a sua transmissão para os pisos inferiores e áreas circundantes - mantem temperatura ideal todo o ano - superfície flexível, amortece a queda de obje tos - confortável ao caminhar, contribuindo para a redução do cansaço muscular dos membros inferiores - reduz significativamente o impacto acústico, tornando o ambiente mais tranquilo - redução de custos com energia : mantêm a temperatura estável por mais tempo e, a nível de conforto térmico, a sua superfície equi para-se a uma alcatifa, estando acima da temperatura da superfície da qualquer pa vimento em madeira ou em melamina e lar gamente acima de qualquer cerâmica ou pedra.

- por ser um produto da natureza, 100% ge nuíno, contribui para o aumento do bem-estar

Gisela Campos

Decoração e Arquitetura de Interiores Agradecimentos:

• Amorim Revestimentos, s.a.

• U.Deck, lda P & C SETEMBRO 2013 7

FEIRAS

Numa organização da SOBRATEMA M&T Peças e Serviços é já em junho de 2014

Um Salão a destacar o crescimento do parque de máquinas industriais

E

sta Feira a realizar-se em São Paulo, Brasil, irá reunir os principais players dos setores de gestão, diagnóstico, pós-venda, peças e acessórios para equipamentos e espera-se que venha a ser ainda maior que a edição anterior.

A comercialização de equipamentos para a construção até 2017 deve ter um aumento médio de 8% a partir de 2014, de acordo com estimativas do Estudo de Mercado da Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração. Até 2014, o índice de crescimento poderá ser maior como consequência da retoma das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e das possíveis concessões previstas nos interfaces rodoviário, ferroviário, portuário e aeroportuário.

Nesse cenário ainda marcado pelas boas perspetivas do mercado, a Sobratema prepara uma nova edição da M&T Peças e Serviços – 2ª Feira e Congresso de Tecnologia e Gestão de Equipamentos para Construção e Mineração, a ser realizada em junho de 2014, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo.

Para Hugo Ribas Branco, diretor executivo de feiras da Sobratema, esse aumento do parque de máquinas para construção civil e pesada, que está estimado, segundo um Estudo de Mercado da Sobratema, em torno de 455 mil pessoas com até 10 anos de idade e 315 mil com até cinco anos de idade, demandará novas tecnologias para gestão, diagnóstico e serviços de pós-venda, peças e acessórios que contribuam para a manutenção da eficiência e da produtividade dos equipamentos.

“Pretendemos reunir num único local os principais players desse setor para atender a procura e facilitar a tomada de decisão de construtoras, mineradoras, frotistas e locadoras na aquisição de soluções de gestão, pós-venda, além de peças de reposição e insumos”, afirma Ribas. O volume de negócios envolvendo peças de reposição, suprimentos e serviços nos dois setores no Brasil é estimado em mais de R$ 12 bilhões por ano.

São mais de 12 mil oficinas de manutenção de máquinas e equipamentos no País.

8 SETEMBRO 2013 P & C

Entre os setores da M&T Peças e Serviços estão: peças, componentes e serviços de pós-venda, sistemas de transmissão, sistemas hidráulicos e pneumáticos, sistemas elétricos, sistemas eletrónicos embarcados, pneus, lubrificantes, filtros, laboratórios de análise, sistemas de controle, ferramentas de penetração no solo e desgaste, máquinas operadoras de ferramentas para oficina, equipamentos de segurança, EPI, equipamentos leves, dispositivos de amarração e elevação de carga, produtos e sistemas para controle ambiental, prestação de serviços de manutenção, monitorização online da frota, simuladores, softwares, sistemas de navegação, seguradoras, transportadoras e formação de mão de obra.

Em 2011, a primeira edição da feira atraiu 25.944 visitantes e 360 expositores, sendo 126 empresas internacionais, representando 14 países: Canada, Chile, China, Coreia do Sul, Costa Rica, Cuba, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Peru, Singapura, Suíça e Taiwan.

M&T Peças e Serviços Congresso Em paralelo com a feira, a Sobratema realizará a M&T Peças e Serviços Congresso, com o objetivo de proporcionar um amplo acesso e difusão à informação e conhecimento ligados ao segmento de gestão, pós-venda, peças e equipamentos para construção e mineração.

O evento irá reunir especialistas para debater os principais temas relacionados a esse segmento, como por exemplo, novas tecnologias, produtividade, sustentabilidade e automação, mostrando, ainda, as tendências e novidades do mercado no Brasil e na América Latina.

Salão Imobiliário Expo Real 2013

FEIRAS

Networking é a palavra-chave para a EXPO REAL que decorre anualmente em outubro em Munique. Após um início modesto em 1998 como feira nacional alemã, a EXPO REAL tornou-se rapidamente numa das feiras líderes a nível mundial. Na sua 16ª edição, de 7 a 9 de outubro de 2013, são esperados novamente 38.000 participantes oriundos de 70 países, o que demonstra claramente a internacionalidade deste evento.

O

s temas da EXPO REAL são os imóveis industriais e comerciais, as suas oportunidades de investimento e o seu financiamento, bem como o imprescindível net-working à volta de projetos internacionais. O acesso à feira é limitado a profissionais, o que permite estabelecer contactos ao mais alto nível e garante um verdadeiro “ambiente de trabalho” na feira.

Área de exposição

Para a edição de 2013 estão previstos 6 pavilhões com uma área total de exposição de 64.000 m2 do moderno recinto de feiras de Munique. A EXPO REAL reúne novamente todo o setor imobiliário, desde os promotores, mediadores, gabinetes de arquitetura e projetos até aos bancos, seguros e fundos imobiliários. Uma área em franca expansão na feira é o LogRealCampus, uma área específica de imóveis para a logística. Outro destaque vai para a hotelaria: num stand conjunto sob o lema World of Hospitality participam várias cadeias internacionais de hotéis e empresas promotoras.

Participação portuguesa

Um expositor português de longa data é a Sonae Sierra, que encontrou na EXPO REAL a plataforma ideal para os seus negócios internacionais. Já tem uma forte presença na Alemanha, como coproprietária de vários centros comerciais, entre eles o Alexa em Berlim.

Para a edição em 2013 prevê-se ainda a participação da Pura Imagem, que se estreou em Munique em 2011 e ficou muito satisfeita com os contactos e até negócios fechados na feira.

Consciente de que grande parte da liquidez existente no mercado é oriunda da Alemanha e de outros países da Europa Central, a EXPO REAL é a plataforma ideal para atrair novos investidores para Portugal. Esperamos poder contar no futuro com a participação de Lisboa ou de outras regiões económicas de Portugal.

Na qualidade de visitantes, a feira conta anualmente com várias dezenas de profissionais portugueses, tais como mediadores, promotores, arquitetos, bancos e sociedades gestoras de fundos de investimento imobiliário.

Programa de conferências

As conferências são uma parte importante do conceito da EXPO REAL. Em áreas localizadas dentro dos pavilhões, de acesso gratuito, realizam-se durante os 3 dias da feira, em paralelo, seminários, mesas redondas e workshops em quatro áreas distintas.

O vasto programa de conferências é apresentado por 400 especialistas conceituados, que abordam as tendências atuais e as inovações do mercado imobiliário. Um dos temas principais é sem dúvida a situação após a crise financeira e económica, bem como os problemas relacionados com a instabilidade da moeda europeia e as suas consequências para o mercado imobiliário. l

Contacto em Portugal Tânia Mutert de Barros Representante da Feira Internacional de Munique MundiFeiras, Lda., Tel. 22 616 49 59 email: mundifeiras@mail.telepac.pt www.exporeal.net

P & C SETEMBRO 2013 9

I N T E R N AC I O N A L

ACÁCIO MATIAS à revista P&C

MUNDIMÁQUINAS Angola consolida posição MUNDITUBO Portugal com futuro risonho nada é fácil, mas que era tão difícil é que foi uma surpresa.

A implantação da Mundimáquinas em Angola é já uma realidade? É verdade. Já estamos a trabalhar nas nossas instalações do Sapú em Luanda onde dispomos de excecionais condições a todos os níveis. Podem chamar-nos vaidosos, e podem até ter razão, mas quem nos põe neste estado são os clientes que nos visitam e nos dão os parabéns, sendo até que alguns fornecedores e clientes, nossos verdadeiros amigos, se emocionam ao ponto de sentirem o projeto como se também fosse seu, e na verdade também o é, tal é o apoio que nos têm dado. A todos eles o nosso muito obrigado.

Acácio Matias é líder de referência para todas as empresas portuguesas

L

onge vai o tempo em que Acácio Matias entrava no mercado português, passo a passo, lentamente, procurando conquistar o seu espaço…cimentar uma posição num mercado complicado como o da construção em Portugal.

A caminhada para o sucesso foi tranquila, com alguns altos e baixos, mas determinada, decidida e sustentada.

O resultado é este: Mundimáquinas Angola consolida posição no mercado angolano com a inauguração de instalações próprias, construídas de raíz e a Munditubo Portugal assume-se preparada para um futuro risonho.

Conversámos com Acácio Matias, o homem-forte destas duas empresas, o homem que teve um sonho, soube sonhá-lo e torná-lo realidade.

A aposta no mercado angolano foi uma aposta conseguida?

Sim, mas tem sido bastante difícil o caminho já percorrido até agora. Bem sabiamos que em Angola

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Foi difícil essa entrada naquele mercado?

Foi muito difícil. Entrámos em plena crise mundial que inevitavelmente também tocou a Angola, e de que maneira! Na escolha de quadros não fomos felizes. No seio dos potenciais candidatos a lugares de chefia nas empresas há muitos projetos pessoais em mente, que sendo legítimos atrapalham as relações de trabalho. Este assunto está ultrapassado e temos agora uma equipa fantástica. Os frutos do seu trabalho estão à vista. No final do ano faremos o balanço e disso daremos conta.

Como caracteriza o mercado de Angola e a sua evolução ao longo destes anos?

O mercado angolano é como todos os outros.

Funcionam sempre ao contrário daquilo que nós pensamos que deveria ser o seu comportamento.

Há um grande reboliço no mercado, anda toda a gente à procura do seu confortável espaço. Isto deve-se aos poucos anos de atividade em paz, não havendo ainda uma relação duradoura, sólida e de confiança entre todos os agentes económicos.

Pela nossa parte temos conseguido fidelizar alguns bons clientes, o que nos dá ânimo para continuar a trabalhar seriamente, como sempre temos feito.

As vossas novas instalações, construídas de raiz num lugar privilegiado da cidade de Luanda, que importância pode vir a ter na estratégia futura da sua empresa?

A construção de instalações condignas era um objetivo que perseguíamos desde o início. Só que em Angola quando se fala de hectares de terreno urbano industrial fala-se de milhões de dólares. Por

I N T E R N AC I O N A L isso tivémos de esperar pela melhor oportunidade para concretizar o nosso objetivo. Conseguimos um terreno de 2.1 hectares onde construimos um pavilhão industrial com 2.520 m2. Já agora, mais uma vaidade: Temos água e luz da rede pública, o que não é pouco em Luanda. Estamos mais fortes para enfrentar o próximo desafio que é o do crescimento duradouro e sustentado.

Com a crise instalada em Portugal, a presença da Mundimáquinas em Luanda faz de Angola um mercado realmente alternativo à Munditubo de Portugal?

Não tanto assim. A tendência, que sentimos cada vez mais, vai no sentido de autonomizar mais e mais a Mundimáquinas, com os seus próprios fornecedores e parceiros de negócio, sendo vários os motivos: O mercado angolano está muito ligado ao dólar americano, e assim deve continuar por força da indústria do petóleo. O governo angolano mantém muito estável o câmbio entre a moeda local - o kuanza - e o dólar, por causa da inflacção que tem conseguido manter em níveis muito bons, tendo em conta tempos passados.

Enquanto o Euro mantiver a tendência altista os mercados asiáticos têm boas condições de fornecerem diretamente para Angola, porque faturam em dólares. É impraticável da Europa enviar mercadoria de origem asiática para Angola. Este é também o caminho da Mundimáquinas, comprar diretamente da Ásia alguns dos produtos que vende. Há ainda outros motivos, como sejam os preços muito competitvos e onde não há espaço para comissões de mediação da Munditubo, como é o caso das cofragens DOKA que vendemos em Angola a preços verdadeiramente bons.

Acredita numa eventual retoma do mercado português a breve, médio ou longo prazo?

Como diz o povo, e com razão, "não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe", por isso acredito que a situação já só pode melhorar. O

mercado é que dirá quando e como. A nós resta-nos esperar para ver.

Que medidas deveriam ser tomadas, em seu entender, para uma recuperação mais rápida e eficaz do mercado a nível nacional? É ponto assente que Portugal, sozinho, já não sai do buraco em que se encontra. Quem nos levou para esse buraco é que tem de nos tirar de lá. Nós também temos de ajudar. Quem não puder ajudar, ao menos, que não atrapalhe. Precisamos de medidas de fundo e de longo prazo para o país no seu todo e não de medidas sectoriais que resolveriam muito pouco.

Como vai ser o futuro da Munditubo em Portugal?

O futuro da Munditubo é risonho. Pensamos já ter invertido a tendência negativa dos últimos anos, que por força dos fortes investimentos que fez em 2006 e 2007, com a compra de 50% da Andaluga, das instalações do Prior Velho e mais tarde em Angola, que tudo somado ultrapassa os 15.000.000,00 de euros, obrigou os sócios a injetar capital na sociedade, já que os 5.000.000,00 de capital social, mais as reservas livres de quase outro tanto, se revelaram insuficientes. Estamos a viver uma situação já mais desafogada, embora nunca tenhamos estado em situação de sufoco financeiro, como aliás a praça muito bem sabe e por isso nunca deixou de nos apoiar. Na praça incluimos também a banca, que sempre acreditou em nós e nos apoiou, principalmente nas exportações. Nos últimos 7 anos investimos recursos consideráveis na exportação, o que se revelou aposta ganha já que em 2012 pois 76% (é verdade, setenta e seis por cento) das nossas vendas foram para o mercado externo, e o curioso é que o ano de 2013 segue pelo mesmo caminho. Quando todos estes investimentos derem frutos poderemos voltar a dizer o que dissemos, e era verdade, nos primeiros anos deste século: "não devemos nada a ninguém". l

Instalações da MUNDIMÁQUINAS - Angola, em Luanda

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P L A N E A M E N TO

Planeamento e ordenamento do território

Desafios para o futuro A Constituição da República Portuguesa consagra expressamente o ordenamento do território e, por inerência, o planeamento, como uma das “tarefas fundamentais do Estado”, relevando em simultâneo a sua importância enquanto instrumento para o desenvolvimento, que se aspira.

Contudo, apesar deste reconhecimento e de mais 20 anos da política de ordenamento, a sua valorização pela sociedade e centralidade política são ainda incipientes.

N

a impossibilidade de uma abordagem aprofundada nesta sede sobre as razões desta condição, destacamos dois fatores basilares: o fraco enraizamento de uma cultura de planeamento em Portugal, continuando-se a valorizar abordagens reativas em vez de cautelares sobre território, ao mesmo tempo que a prática e disciplina apresentam importantes fragilidades. No conjunto estes fatores refletem-se no estado do ordenamento e desenvolvimento do território e concorrem para a sua imagem e insípida valorização pela sociedade. Assim, não são raras as vozes críticas sobre a ineficiência do planeamento, morosidade e inflexibilidade dos planos, da responsabilidade destes na perda de investimentos, etc.. A alteração desta condição do planeamento e ordenamento do território obriga que se enfrentem desafios, sobre os quais se propõe uma reflexão como contributo para a discussão no sentido da sua minimização e/ou saneamento. Salientamos, sem prejuízo de outros, os seguintes desafios: 1. clarificar o conceito e funções de planeamento e ordenamento do território, confundidos e/ou associados ao urbanismo, planeamento urbanístico e arquitetura.

Mas aqueles são simultaneamente mais e menos do que essas atividades, compreendendo uma disciplina e atividade distintas daquelas. E decorrente da distorção dos conceitos de base, também a prática sofre distorções, na linguagem e métodos utilizados bem como no seu alcance e resultados; 2. forçar o amadurecimento da cultura de planeamento, impondo-se a valorização da prática e dos planos para além do mero cumprimento legal, e também como instrumentos de desenvolvimento e não urbanísticos; 3. simplificar o quadro jurídico aplicável, extenso, complexo e imbricado, com excessiva sobreposição de diplomas, redundantes, incongruentes e contraditórios de difícil articulação, somada à forte ambiguidade intra e entre diplomas, às vezes obsoletos temporal e conceptualmente e marcados de forte rigidez face às dinâmicas do processo de planeamento e sociedade; 4. eliminar o excesso de sobreposição de competências entre entidades sobre determinados domínios territoriais e técnicos, clarificando competências; 5. reduzir e simplificar as extensas comissões de acompanhamento dos planos (PDM), com diferentes interesses e abordagens associadas à diversida-

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de de formações técnicas e de técnicos não orientados para o planeamento, para os quais também se impõe formação no sentido de uniformizar linguagens, facilitar entendimentos e alinhar interesses e perspetivas; 6. eliminar redundâncias entre “instrumentos”, e.g., entre algumas ocorrências da REN e a cartografia de riscos naturais ou com a estrutura ecológica municipal e o domínio hídrico, sem prejuízo dos seus objetivos; 7. definir um regime da RAN convergente com a sua essência, atualmente ineficiente e espúria; 8. promover uma maior articulação entre regimes jurídicos, e.g., o regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial com o da urbanização e edificação ou com a lei de solos e regulamento que fixa a unidade de cultura; 9. promover uma maior versatilidade dos planos (PDM), conferindo-lhes simultaneamente um carater estratégico, regulamentador e comprometido com a execução e assim conjugando mecanismos que lhes confiram flexibilidade, operacionalidade e proatividade no terreno; 10. fomentar um novo modelo de governação local suportado pela participação dos atores locais e stakeholders e por uma atitude proactiva e não passiva, empreendedora do desenvolvimento e indutora da mudança, e não apenas na decisão sobre a iniciativa privada; 11. estimular uma intensa participação ativa da comunidade no processo de planeamento; 12. garantir a execução dos planos acompanhada com monitorização; 13. clarificar competências e idoneidade técnica ao nível do planeamento e ordenamento do território, requerendo-se em simultâneo o domínio da linguagem, métodos e técnicas de análise geográfica/territorial, cartografia temática e sistemas de informação geográfica.

Ainda que haja muito para explorar sobre a temática e na abordagem efetuada, espera-se que este seja um contributo estimulador da discussão e da mudança urgente, inclusive como sinal do aprofundamento de uma sociedade democrática. l Ricardo José C.Tomé Licenciado em Geografia e Planeamento Regional, Variante Geografia Física (FL/UL) Mestre em Ordenamento do Território e Planeamento Ambiental (FCT/UNL) Técnico e Consultor em Planeamento, Ordenamento e Desenvolvimento do Território, Cartografia, SIG e Riscos Naturais Sócio Gerente e Diretor Técnico da Empresa RT Geo, Planeamento e Ordenamento do Território, Unipessoal Lda.

MARKETING

Fazer mais com menos nas Vendas e Marketing No último número, vimos que aumentar a produtividade das Vendas é uma meta com muitos caminhos para lá chegar.

Efetivamente, aumentar a venda média depende muito da carteira de Clientes que se tem e aquela que se quer ter.

A

umentar a venda média depende muito da carteira de Clientes que se tem e aquela que se quer ter. Conhecer a carteira atual, com volumes de venda médio por empresa (e especialmente tipo de empresa) é por isso fundamental. Poderá construir-se o gráfico seguinte indicando por tipo de Cliente em cada compra qual o valor médio da faturação realizada.

O passo seguinte é definir qual a estratégia a seguir para a força de vendas, tendo em conta o número de Clientes em cada segmento, a dispersão dos mesmos e a frequência de compra.

Começar pela base de dados existente – da qual já se abordou no primeiro artigo – e reconquistar Clientes perdidos com valores médios de compra mais elevados, é também uma tática rápida de aumentar a sua venda média, resolvidos porém os problemas que motivaram o rompimento da relação comercial (não vale a pena voltar a contactar

14 SETEMBRO 2013 P & C

um Cliente ao qual “cortou” o crédito se vai manter o crédito cortado).

Para aumentar o número de Clientes, a empresa terá de refletir sobre a organização e controlo do trabalho do vendedor. Obter da equipa comercial uma estratégia para aumentar o número de Clientes é um bom caminho: envolve-os no processo de obter mais Clientes e compromete-os com um resultado. Mas se o resultado não satisfizer porque, em vez de soluções, recebem-se lamentos, existem algumas ações que se podem implementar.

A um nível inicial, podem definir-se objetivos diários de visitas de empresas por dia. É muitas vezes simplista mas é uma maneira rápida de começar e estabelece, junto dos vendedores, a vontade da empresa em aumentar a cobertura dos Clientes. Naturalmente que a esta ação tem de estar associado um relatório de visita (de preferência numa ferramenta online) e um acompanhamento por parte da chefia – é preciso mostrar que o objetivo é atingível e que anda a ser acompanhado pelos responsáveis da empresa.

A um nível seguinte, é necessário incutir o conceito de eficiência na força de vendas, de modo a otimizar o tempo que “gasta” em cada Cliente.

Abordar 3 pontos essenciais e que são transversais a muitas estruturas comerciais: 1. Time is Money: o tempo perdido tem um custo.

Faça as contas a quanto investe por mês na sua força de vendas. Some apenas custos “fixos”: custos salariais totais, benefícios, viaturas, combustível, ajudas de custo, telemóvel, computador portátil, etc. Depois divida por 6, 8 ou 10 horas de trabalho do vendedor – com uma grande dose de realismo e não de fantasia. Esse é o valor de cada hora perdida em justificações como “estive à espera do Cliente…”, “fui lá mas o Cliente não estava e voltei para trás”, “passei por lá e acabei por ficar lá preso…”. O vendedor deve ter sempre em conta que o seu tempo significa custo e que quando não está a tratar de vender esse custo não tem retorno.

Para além do custo direto, existe um custo indireto: quanto mais demoradas as visitas, menor a cobertura do território, menos clientes em acompanhamento, maior concentração das vendas em

MARKETING

2011 2012 2013

Grandes empresas

Médias empresas

ENI

poucos Clientes, menor potencial de aumentar as vendas. É um ciclo que importa quebrar.

2. Planear, planear, planear: antes de pegar no carro o vendedor deve ter definido quem vai visitar, porque o vai visitar e onde o vai visitar. Saber porque o vai visitar inclui duas questões: conhecer todas as questões em aberto com o Cliente (pagamentos em atraso, reclamações em aberto, entregas pendentes) para evitar surpresas que consomem tempo e conhecer bem o valor do Cliente porque quando estamos a visitar um Cliente, não estamos a investir noutro Cliente. O tempo que se “perde” a planear a semana e o dia ganha-se em tempo e vendas. Sair sem rota equivale a menos Clientes contactados por dia, visitar Clientes com menos valor, mais combustível gasto, mais tempo perdido em deslocações e durante a visita a tratar do inesperado.

3. Não vá, telefone: além do combustível, as deslocações consomem tempo e tempo é dinheiro. O vendedor deve começar o dia a ligar a alguns dos Clientes que tem em carteira. Definir um objetivo de todos os dias se contactarem telefonicamente 4 Clientes perdidos é uma forma de reativar contactos Pub.

Pequenas empresas

Estado / Org Publ

sem ter o custo de 4 visitas que podem não trazer resultados. Um contacto telefónico é um contacto, serve para manter a relação comercial viva, deteta mais rapidamente oportunidades de negócio e consegue maior cobertura – numa hora de contactos telefónicos, consegue-se contactar mais Clientes que numa hora de visitas. Tudo isto a um custo substancialmente menor que um contacto pessoal.

Ao nível das forças de vendas, existem dois caminhos para melhorar a eficiência: ou reduzir vendedores e esperar que a quebra das vendas não seja maior que o efeito da redução de pessoal ou aumentar as vendas e aumentar a produtividade de cada vendedor. Ao aumentar 3% quer na venda média quer no número de Clientes, a empresa consegue um aumento de 6% na produtividade.

O caminho deste artigo é por isso o segundo: fazer mais [resultado] com menos [desperdício]. Não é um caminho fácil mas é seguramente o mais sustentável. l Tiago Almeida Silva Marketeer

P R O D U TO S

DYNAPAC

SÓ DEU PARA UM TEXTO

Nova linha de compactadores de rodas

A

Dynapac lançou novos compactadores de pneus de alta tecnologia cujos rolos se destacam pela alta eficiência de operação e elevada produtividade.

Os rolos desta nova linha - CP224, CP224W e CP274 - surgem equipados com uma plataforma espaçosa com controles fáceis de operar e assento giratório e deslizante além de volante de direção ajustável.

A cabine (opcional), proporciona excelente visibilidade, pode ser equipada com ar condicionado e controle automático de clima para oferecer total conforto ao operador.

Os rolos são acionados por motores modernos, Tier 3, de última geração, que oferecem significativa redução de emissões e de ruído graças a componentes como ventiladores controlados por termostatos entre outros.

Maior eficiência de compactação A qualidade do acabamento superficial é garantida por um sistema de paragem/arranque, acionado de maneira ultrassuave através das mudanças de direção de trabalho da máquina.

Os rolos apresentam várias características novas que garantem alta eficiência, manutenção simples, conforto e segurança ao operador, fatores responsáveis pela obtenção de alta produtividade e resultados perfeitos de compactação.

O sistema de travagem de duplo circuito, exclusivo Dynapac, assegura travagem total mesmo se um dos circuitos estiver desativado.

Como acontece com todas as máquinas Dynapac, estes rolos são construídos sobre uma base modular que compartilham muitos componentes e sub-sistemas com outros modelos. Essas partes comuns resultam em áreas que permitem custos menores, como os custos relacionados com a manutenção e a administração de peças de reposição.

Larguras de compactação variadas Os rolos Dynapac CP224, CP224W e CP274 possuem larguras de compactação que variam entre os 1.800 mm e os 2.300 mm, e pesos operacionais que vão das 21 t até às 27 t.

Para um controle mais rígido da compactação e de um menor número de passagens, esses rolos podem ser equipados com o analisador de 16 SETEMBRO 2013 P & C

Os rolos são acionados por motores modernos, Tier 3, de última geração, que oferecem significativa redução de emissões e de ruído

Importante característica nos novos rolos é o sistema “air-on-the run” que permite o ajuste da pressão dos pneus da máquina durante a compactação

compactação Dynapac, DCA-A (opcional), que oferece precisão total e absoluta eficácia.

Com o sensor de temperatura e o exclusivo analisador Dynapac DCA-A, os novos rolos de compactação, além de atingirem facilmente a densidade especificada e a textura ideal da superfície ainda fornecem estatísticas completas e documentações que comprovam a operação.

O DCA-A também grava o padrão de rodagem e produz informações que podem ser na forma de impresso ou no arquivo PDF para análises futuras.

Outra importante característica nos novos rolos é o sistema “air-on-the run” que permite o ajuste da pressão dos pneus da máquina durante o processo de compactação. l

ENGENHARIA

Comparação entre dois tipos de “software” Os diversos programas de cálculo automático de estruturas são, frequentemente, comparados a “caixas negras” que encerram um processamento que é desconhecido dos utilizadores, pois a forma como esses programas foram desenvolvidos é mantida em segredo pelas empresas que produzem esses “softwares”. De modo a podermos contribuir para criar uma maior confiança nos utilizadores, decidimos realizar um estudo comparativo entre um dos “softwares” de cálculo estrutural mais vendido no nosso país, o “Cypecad”, e um outro considerado como dos mais fiáveis, o “SAP 2000”.

Pretendemos comparar os resultados de ambos para um edifício corrente.

C

riaram-se, assim, três modelos de planta quadrada, com dez pisos de altura: um com uma malha regular de pilares, designado por “Modelo A” (Fig. 1); outro, no qual um pilar de canto foi substituído por uma parede resistente, designado por “Modelo B” (Fig. 2); e o terceiro, no qual a parede resistente mudou para uma posição central ao longo duma empena, foi designado por “Modelo C” (Fig. 3). Os três modelos foram atuados com as ações regulamentares.

Contactámos com a empresa distribuidora do “Cypecad” de modo a recolher informação, por parte do respetivo departamento de apoio técnico pós-venda, sobre quais seriam as principais dúvidas dos utilizadores sobre o referido “software”, e que são: a) - Dúvida sobre se se poderá “soltar”, totalmente, a ligação entre as lajes e as respetivas vigas de bordadura periféricas; b) - Dúvida sobre a possibilidade de introduzir “molas” nas ligações dos pilares às fundações; c) - Dúvida relativa ao facto de, supostamente, o “Cypecad” apresentar, nos parâmetros referentes à ação sísmica, uma aceleração de cálculo que é 1/10 da aceleração da gravidade.

Em relação à dúvida referida na alínea a) constata-se que, embora o “Cypecad” não permita anular totalmente a ligação anteriormente referida ou seja, não permite anular a rigidez de torção desses elementos estruturais permite, contudo, que se introduza um valor de tal modo pequeno que, na prática, corresponde a quase anular essa rigidez.

Quadro I - Coeficiente de rigidez de torção Menu Obra> Dados gerais> Opções> Opções de pilares> Coeficiência de rigidez de torção

18 SETEMBRO 2013 P & C

Os Quadros I e II permitem identificar este tipo de situações.

No que se refere à dúvida referida na alínea b) apresenta-se, no Quadro III, uma das formas de se introduzirem “molas” no “Cypecad”, muito embora,

Quadro II - Coeficiente de rigidez de torção Menu Obra> Opções gerais> Coeficiêntes redutores de rigidez à torção

Quadro III - Coeficiente de encastramento na última planta Menu Obra> Dados gerais> Opções> Opções de pilares> Coeficiência de encastramento na última planta

ENGENHARIA Quadro IV AC = FA x A x g D

Quadro VII - Coeficiente de rigidez axial AC Aceleração do Cálculo FA Factor de Amplificação A*g Aceleração*g D Ductilidade

Quadro V

Quadro VI

*

PA1

PA1: Hipóteses Axial Mx My Ox Oy Permanente 1936.38 -7.66 -0.40 -8.99 -0.02 Sobrecarga 972.46 -7.84 -0.40 -9.18 -0.02 Oa (SobrePO) -1339.44 469.10 0.09 191.56 0.02 Sismo X -383.00 220.23 -352.02 91.69 -38.14 Sismo Y 0.31 0.91 -2785.89 0.47 -293.24

Menu Obra> Dados gerais> Opções> Opções de pilares> Coeficiência de rigidez axial

no exemplo indicado no Quadro III, não se trate da ligação dos pilares às fundações mas sim da ligação dos pilares aos elementos estruturais situados no seu topo.

Relativamente à dúvida da alínea c) sobre o valor a utilizar para o parâmetro designado por Aceleração/Fração de “g”, este parâmetro está relacionado com a aceleração da zona sísmica em causa. Se, na criação do espectro, no cálculo do fator de amplificação já foi tida em conta a aceleração em função da zona, então mantém-se o coeficiente como 0,1 (Ver Quadros IV e V).

Durante o desenvolvimento do estudo comparativo entre os dois “softwares” verificou-se que, quando atuava o sismo segundo a direção designada por “Sismo X”, nas paredes resistentes obtinham-se valores diferentes para os valores dos esforços My e Qy, conforme se constata do Quadro VI. A justificação para aquelas diferenças resulta do facto do “Cypecad” considerar uma excentricidade mínima, mesmo no caso de estruturas simétricas, com o valor de 0.05xA (sendo “A” a dimensão do edifício segundo a direção perpendicular à atuação do sismo), de acordo com o preconizado no Regulamento de Segurança e Ações (RSA) e no Eurocódigo EC8.

Verificou-se, também, que existia uma diferença, sistemática, entre os resultados obtidos por ambos os “softwares” para os vários modelos estudados.

Contudo, constatou-se que essa diferença era praticamente anulada quando, no “Cypecad”, se considerava um valor igual a 1,0 para o coeficiente de rigidez axial. Acontece que, muito adequadamente, o “Cypecad” entra em linha de conta com o facto da construção dum edifício se efetuar por andares sucessivos, o que provoca que a deformação axial dos pilares se vai processando à medida que a construção progride. Assim sendo, é mais correto considerar maior rigidez axial nos pilares, P & C SETEMBRO 2013 19

ENGENHARIA Modelo A Modelo B Modelo C

contrariamente ao que o “SAP 2000” faz, pois este “software” considera que, só após totalmente concluída a construção do edifício, se inicia a deformação axial dos pilares, o que não é de modo algum realista. O Quadro VII justifica aquilo que referimos.

Do exposto resulta que, em termos de comparação entre o “Cypecad” e o “SAP 2000”, os valores de esforços e deslocamentos são perfeitamente equiparáveis, com vantagem para o “Cypecad”, pelas razões atrás indicadas. Sendo o “SAP 2000” considerado, geralmente, como um dos “softwares” mais fiáveis que se podem encontrar no mercado nacional, do presente estudo podemos concluir que, da comparação efetuada, se pode concluir pela total fiabilidade do “Cypecad”.

Acresce que o “Cypecad” apresenta, ainda, uma vantagem apreciável que é a de permitir encadear o cálculo com as peças desenhadas, permitindo ao utilizador apresentar um projeto completo, ou seja, com peças escritas e desenhos, do que resulta uma economia de tempo e de custo, por dispensar grande parte do trabalho habitualmente realizado pelos desenhadores.

De facto, conceptualmente, o licenciamento por uma autarquia dum projeto da estrutura dum edifício deveria ser realizado mediante a submissão à autarquia, pelo projetista, dum projeto de execução da referida estrutura. Contudo, a prática corrente mostra que um dado promotor imobiliário, logo após receber dessa autarquia a informação de que o projeto de arquitetura foi aprovado, pretende 20 SETEMBRO 2013 P & C

concluir o licenciamento entregando na edilidade os projetos de engenharia, nos quais se inclui o da estrutura.

Desta pressão temporal resulta que o projetista da estrutura, que não iniciou a sua intervenção sem ter tido a confirmação da aprovação do projeto de arquitetura, não tem possibilidade de, num curto prazo, elaborar o necessário projeto de execução da estrutura. Mas como sabe que a autarquia raramente irá proceder a uma revisão do seu projeto, aproveitará essa circunstância para, expeditamente, realizar um anteprojeto que servirá apenas para o licenciamento autárquico mas não para executar em obra.

Assim, se o projetista tiver, à mão, uma ferramenta de cálculo que lhe permita, em curto prazo, obter cálculos e peças desenhadas suscetíveis de serem aceites pelo licenciamento autárquico, não deixará de recorrer a essa ferramenta para elaborar o referido anteprojeto deixando para data posterior a entrega, ao seu cliente, da fase de projeto de execução.

Neste contexto o “Cypecad” é uma ferramenta extremamente útil, pelo facto deste “software”, ao permitir encadear o cálculo com a elaboração de peças desenhadas, se tornar particularmente vantajoso ao permitir agilizar a fase de projeto de licenciamento. l Engº José Matos e Silva Especialista em Geotecnia, Estruturas e Direção e Gestão da Construção, pela O.E.

O P I N I ÃO

António Bravo

Reforma do Estado (?!?!)

A reforma do Estado feita de dentro para fora não funciona por que à partida os dados são viciados e os burocratas não querem perder os privilégios de que gozam.

D

esde o reinado de D. Miguel (1828 – 1834) que em Portugal se fala na necessidade de se fazer uma reforma do Estado. Porém, esta nunca foi feita, excluindo alguns remendos (poucos), pois as diversas “capelinhas” enquistadas nesse mesmo Estado a tal se opuseram para não perderem as regalias e os réditos que a sua situação proporcionava.

E assim se tem vivido até que recentemente um candidato a Primeiro-ministro nos encheu os ouvidos e nos torrou a paciência com sucessivos discursos de propaganda eleitoral sobre a necessidade de se cortarem “as gorduras do Estado” (sic).

Esperaríamos nós, cidadãos, que caso fosse eleito, o dito candidato teria como primeira tarefa promover a tão necessária reforma para que fossem removidas as tais gorduras e assim permitir ao Estado tornar-se mais ágil, mais económico e mais produtivo e que dessa forma servisse melhor a população.

Mas, para nosso espanto, o candidato em apreço foi eleito e após iniciar funções, em vez de proceder aos tão propalados cortes das gorduras e à verdadeira reforma, desatou a fazer uma razia das prestações sociais, a cortar subsídios, a promover deliberadamente o desemprego e a aumentar escandalosamente os impostos, enquanto a máquina do Estado continua, gorda, cheia de vícios e com pouca agilidade, em suma ineficaz.

Dois anos depois recomeça a falar em reforma do Estado para justificar reduzir as pensões dos reformados do serviço público e promover o despedimento de uns largos milhares de funcionários.

E é a isto que o Primeiro-ministro chama uma reforma do Estado.

Obviamente que estes despedimentos não têm por base um critério isento, pois são feitos a partir de listas elaboradas pelos directores e chefes de serviço e nestas condições já sabemos como é: independentemente da competência e da dedicação ao serviço, são à partida poupados os compadres, afilhados, correligionários políticos e “manteigueiros” enquanto que os frontais,

22 SETEMBRO 2013 P & C

desalinhados e adversários de partido são, de pronto, postos a andar.

Não sou contra despedimentos na função pública pois sei que, para além de uma má distribuição de recursos humanos, há efectivamente excedente de pessoal a todos os níveis, desde os órgãos centrais, regionais e até ás autarquias, instituições onde ao longo destes quarenta últimos anos se compraram muitos votos a troco de um “empregozinho”.

Em suma, acho que a reforma do Estado feita de dentro para fora não funciona por que à partida os dados são viciados e os burocratas não querem perder os privilégios de que gozam.

Acredito que uma verdadeira e eficaz reforma do Estado só é possível depois de se definir que Estado queremos (colectivamente) ter e conduzida por uma entidade externa e independente, nacional ou estrangeira, que estudasse os serviços de alto a baixo e propusesse as medidas a tomar. Por que não uma universidade portuguesa? Felizmente já temos escolas de excelência e internacionalmente cotadas como das melhores do mundo.

A não ser assim, não vamos a lado nenhum e temos que nos sujeitar a este arremedo grotesco e tacanho, feito á imagem do governo que o pariu. l António Bravo escreve de acordo com a antiga ortografia