Revista Por Exemplo #5

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R$ 2,50

05 mai / JUN 2012

100% do preço da revista, após os impostos, é doado para projetos que melhoram a educação no Brasil.

você ajuda:

projetos em todo o brasil


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diretora editorial Roberta Faria diretor executivo Rodrigo Pipponzi Diretora de criação Claudia Inoue

editora-chefe Roberta Faria Editor Dilson Branco Repórteres Jaqueline Li e Jéssica Martineli EstagiáriA de texto Rafaela Carvalho Diretora de arte Claudia Inoue Editor de arte Fabio Otubo Coordenação de Produção e imagem Mica Toméo Estagiário de fotografia Thiago Giacobelli apoio na redação Amanda Miyuki, Eduardo Bessa, Juliane Albuquerque, Mariana Bolzani, Olivia Ferraz, Rita Loiola, Romy Aikawa e Sheila Machado colaboradores Alex Xavier (edição de texto), Luana Almeida (design), Mariana Harder (produção), Felipe Gressler (tratamento de imagem), Ana Faustino e Júlio Yamamoto (revisão) atendimento ao leitor Meline Silva recursos humanos Diego Nascimento captação de patrocínio Amanda Rahra (amanda@revistaporexemplo.com.br) Fale com a gente: contato@revistaporexemplo.com.br | (11) 3024-2444 Rua Andrade Fernandes, 303, loft 3, São Paulo/SP - CEP 05449-050 www.revistaporexemplo.com.br Distribuição: Rede Extra

impressão: Gráfica Plural

POR EXEMPLO - TODO MUNDO PODE APRENDER. TODO MUNDO PODE ENSINAR é impressa em papel LWC 70g A revista POR EXEMPLO - TODO MUNDO PODE APRENDER. TODO MUNDO PODE ENSINAR, edição 05, ano 1, é publicada pela Editora MOL Ltda. A revista é vendida nas lojas da rede Extra nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo, Sergipe, Tocantins e no Distrito Federal. O valor pago pelo preço de capa é, descontados os devidos impostos, 100% doado a organizações não governamentais que realizam projetos em prol da educação de qualidade no Brasil. realização:

apoio:

patrocínio:

12 18 faça o que eu faço

Em seu lugar

Qual é o seu bom exemplo para fazer do mundo um lugar melhor?

Por um dia, Sheila foi simpática com todos que encontrou. Veja o que ela aprendeu

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é que se aprende

Foto de capa: Samantha Shiraishi, Guilherme Nunes, Enzo e Giorgio foram fotografados por Daniela Toviansky Tratamento de imagem Felipe Gressler agradecimentos: Como Ensino Hacker Clube Garoa (https://garoa.net.br)

Lições assimiladas por quem fingiu ser quem não é e passou por situações bem constrangedoras

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20

quem você pensa que é? O empresário Sylas já conheceu o México, a Colômbia, a Índia e a Argélia, entre outros países. Por que você acha que ele precisa viajar tanto pelo mundo?

eu contra o mundo

Cinco histórias de pessoas que fizeram muito mais do que era sua obrigação. Como Adélia, que mudou a cara de seu bairro


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como ensino Veja como três famílias fazem no dia a dia para ensinar seus filhos a usar o que há de mais criativo neles

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é gostoso e faz bem

Estrogonofe, purê e musse: três receitas saborosas que saíram de um projeto social brasileiro reconhecido internacionalmente

30 38 44 problema meu

Conheça gente comum que resolveu diminuir, por conta própria, a falta de moradia no Brasil

nós podemos

o tempo de cada um

Não adianta apenas reclamar dos engarrafamentos nas ruas. Todos podem fazer sua parte para diminuir os problemas causados pelo trânsito intenso

Dois homens e duas mulheres compartilham a idade e a disposição para fazer algo diferente ao completar 65 anos

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aprenda e ensine

Antes de sair de casa para ir ao supermercado, descubra pequenas mudanças de hábitos que farão suas compras mais sustentáveis

50

sempre é tempo

Nataly resolveu passar as férias apenas com a sua família. E divertiu-se mais que o esperado

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agradeço

A nossa primeira professora costuma ser a mãe. Qual é a lição mais valiosa que você aprendeu com ela e que faz diferença até hoje? Você é um exemplo? Tem uma história para contar? Escreva para a gente. Se for selecionado, você pode aparecer na revista – até mesmo na capa! Veja nossos contatos na página 7.


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CARTA AO LEITOR xxxxxxxxxxxxxx

1

2

4

3

1- adélia, no bairro que ajudou a transformar (pág. 24). 2- equipe da foto de capa. 3- enzo e giorgio mostram talento antes de serem clicados (pág. 34). 4- rodrigo e wignor, guitarristas da pág. 13 da edição infantil

Sim, você pode Difícil dizer qual é a história mais admirável entre as que aparecem nesta edição da POR EXEMPLO. Mesmo que a gente leve em conta apenas uma seção, a Eu con­ tra o Mundo (pág. 24), a tarefa não alivia muito. Vejamos: a Adélia Prates transformou radicalmente o bairro em que mora e teve participação decisiva na história dos direitos das mulheres no país. O José Roberto Fonseca levou luz, água e fonte de renda para uma das cidades mais miseráveis do sertão. A Tia Dag abriu as portas de casa a menores ameaçados de mor­ te. O Sérgio Petrilli trouxe ao Brasil tecnologia de ponta, via SUS, para crianças com câncer. E a Renata Buono já ajudou a salvar mais de 3 mil animais. Ao conhecer os feitos dessas pessoas, fica difícil não dizer que são super-heróis. Mas então vemos quem elas eram antes dessas incríveis realizações: a Adélia não sa­ bia ler, tinha três filhos pequenos e morava num bairro esquecido da periferia. José era um engenheiro como tantos. Tia Dag, professora. Sérgio, médico de hospital público. E Renata, uma apaixonada por animais.

Todos ficam doentes, precisam ir ao banco, reclamam dos políticos, gostam de ver um filminho... Ou seja: passaram e ainda enfrentam os mesmos dramas e alegrias de qualquer pessoa comum. São como eu e você. Essa é a principal mensagem de suas histórias: não é preciso nascer com um dom raro, nadar no dinheiro, estudar nas melhores escolas nem ter todo o tempo livre do mundo para fazer algo notável. Todos podem contribuir. Provavelmente você não impactará milhares de pes­­ soas, não ganhará o Nobel nem aparecerá na TV. Mas seu esforço não deixará de ser válido. Pequenas ações já fa­ zem a diferença. Você pode ser gentil, como fez a Sheila, na matéria da página 18. Pode tornar-se voluntário, como a Antonieta (pág. 13). Aprender com erros e passar a lição adiante (pág. 17), empenhar-se na educação dos filhos (pág. 34), redescobrir-se (pág. 44), não cair no tédio (pág. 50)... É difícil escolher qual a história mais admirável desta edição. Mas esperamos que você encontre aquela que vai inspirá-lo a responder, na prática, à pergunta que estampa nossa capa: “Como você pode ajudar?”. Boa leitura! Equipe da POR EXEMPLO


por Exemplo

Fale com a gente!

trabalhar na por exemplo é um privilégio. não só porque lidamos com histórias de pessoas incríveis,

O que você achou da revista? Conte para nós! Divida conosco os seus exemplos também

como também pelas carinhosas mensagens vindas dos leitores. obrigado a todos que escreveram! Gostei muito da revista. Deparei com exemplos de superação e atitudes que podem mudar muitas coisas, levando a um convívio social bem melhor, sem preconceitos nem discriminação. Sem sonhos, a vida não tem brilho. Temos de correr riscos para executá-los. Sempre há uma saída, mesmo quando não a enxergamos. Magaiver Leite, Dracena (SP), por carta. Já virei fã da revista logo no primeiro número. Desde

então, não consigo deixar de comprar a cada nova edição! Parabéns por criarem esta excelente publicação! Thatiane Carloto, no Facebook. Esta revista é muito boa. Parabéns. Eu recomendo. Edson Jazz, no Facebook. A revista POR EXEMPLO veio fazer a diferença. Antonio Martins, no Facebook. Amei sua revista de ponta a ponta! Renny Peixoto, 77 anos, por e-mail.

Parabenizo a equipe pelo excelente material da revista. Comprei e foi uma grata surpresa. As matérias nos fazem refletir, ajudando nosso desenvolvimento. Rodrigo Rangel, de Resende (RJ), por e-mail. Gostaria de parabenizar a editora pela revista POR EXEMPLO. É divertido e cultural acompanhar o que a redação nos prepara. Minha família é cliente do Extra e também do patrocinador P&G.

Sempre fomos muito bem atendidos e estamos satisfeitos com os produtos, a qualidade e a iniciativa do grupo em realizar e colaborar com movimentos a favor da cultura e de um mundo melhor. Juliano Teixeira, de Jundiaí (SP), por e-mail. Desde que vi a revista no Extra, me tornei fã de vocês! Ela é leve, com assuntos superinteressantes e que realmente cativam a atenção

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dos leitores! Gosto muito da forma positiva como tratam da diversidade, da deficiência e da superação. Hevlyn Celso, 38 anos, de Guarulhos (SP), por e-mail. Adorei o jeito como as histórias são contadas. A leitura flui de forma agradável e traz grandes lições de vida. É muito bom ainda poder acreditar no ser humano quando conhecemos os exemplos da POR EXEMPLO. Leila Maria Abreu, por e-mail.

Mande um e-mail: contato@ revistaporexemplo. com.br ligue para a redação: (11) 3024-2444 Visite o site: www. revistaporexemplo. com.br Faça parte da nossa rede: No Orkut Comunidade Revista POR EXEMPLO No Facebook Fan Page Revista POR EXEMPLO No Twitter @por_exemplo Ou escreva uma carta para: Revista Por Exemplo Rua Andrade Fernandes, 303, sala 3 São Paulo - SP CEP 05449-050


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contas abertas

Por mais famílias o Extra realiza vários projetos sociais que beneficiam comunidades de todo o país. mas eles dependem da sua ajuda. confira e colabore!

“Por uma vida mais família” é o lema que guia todas as ações da rede Extra. Isso significa oferecer serviços e produtos que ajudem você a passar momentos incríveis com quem mais ama. Mas, com sua ajuda, o Extra vai além: por meio de uma série de iniciativas sociais, realizadas no decorrer de todo o ano, contribui com o bem-estar de muito mais gente. “Pela nossa capilaridade e poder econômico, podemos fazer mais, por mais famílias”, explica o diretor de operações Jorge Faiçal. As campanhas têm a intenção de fortalecer o vínculo do Extra com as comunidades onde as lojas da rede estão situadas, oferecendo oportunidades para que os clientes participem de ações sociais sérias. “Temos o cuidado de nos associarmos apenas a entidades idôneas”, diz Jorge. As iniciativas são de três tipos: emergenciais, de arrecadação e de produtos sociais. As emergenciais são realizadas quando alguma cidade ou região do país passa por uma tragédia e precisa de ajuda para se recuperar. As lojas da rede funcionam como pontos de arrecadação de produtos doados pelos clientes. No ano passado, a região serrana do Rio de Janeiro, impactada por fortes chuvas, recebeu 1.450 toneladas de as campanhas começam com o próprio cliente, nas lojas do extra (1) e utilizam a logística de distribuição da rede(2) para chegar até as comunidades que mais necessitam (3)

1 2 3


por Exemplo

donativos. Em 2010, 1,5 mil cestas básicas e 365 toneladas de outros itens foram encaminhados às vítimas dos desmoronamentos e enchentes em Angra dos Reis (RJ) e São Luiz do Paraitinga (SP). As campanhas de arrecadação seguem uma dinâmica parecida, utilizando as lojas da rede como pontos de coleta. Mas, nesse caso, as doações são encaminhadas a instituições na própria comunidade em que a filial está presente. São três ações, que acontecem todo ano: campanha do livro, do agasalho e de brinquedos. Até 2011, 600 entidades foram beneficiadas. Só no ano passado foram 135 mil livros, 162 mil peças de roupa e 21 mil brinquedos doados. Nas ações de produtos sociais, o Extra destina parte da venda de determinados itens para importantes causas. No ano passado, por exemplo, 114 lojas participaram das campanhas Pizza do Bem e Mês do Pão, que, juntas, arrecadaram 58 mil reais para a ONG Amigos do Bem, que apoia comunidades carentes do sertão nordestino. Essa mesma entidade recebeu mais de 170 mil toneladas de alimentos, doadas por clientes de oito filiais. Também em 2011, o Festival do Iogurte e a Campanha Automotiva levantaram, respectivamente, 80 mil e 60 mil reais em benefício da Casa Hope e do Instituto Ingo Hoffman, que assistem jovens pacientes na luta contra o câncer. Já a ação Mundo dos Sonhos, no mês das crianças, resultou na doação de um caminhão de brinquedos e na realização de uma festa para meninos e meninas em parceira com a Fundação Abrinq. Em 2012, as ações sociais do Extra já tiveram início. O Panetone Solidário arrecadou 26 mil reais apenas nos meses de janeiro e fevereiro. E a coleta da Amigos do Bem teve sua primeira ação em março, com a arrecadação de 64 toneladas de alimentos. Confira abaixo as datas das próximas iniciativas. Participe e ajude famílias de todo o país!

Campanhas sociais do Extra em 2012

Maio e junho • Arrecadação de agasalhos

como funciona a por exemplo? confira quem são os parceiros envolvidos no projeto e veja a importância da sua participação

1 Grandes empresas

patrocinam

o projeto:

2 Com esses recursos,

a revista

É produzida

pela

a por exemplo é vendida com

exclusividade pelo correalizador

do projeto, com o apoio do

© foto arquivo extra

A Editora MOL acredita que a gente só vai fazer a diferença no mundo se realizar as coisas de um modo diferente

São 470 pontos de venda, entre hipermercados, supermercados e drogarias, em 16 estados de todas as regiões do país, mais o Distrito Federal

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o dinheiro

é doado

a duas instituições:

• Arrecadação de brinquedos • Panetone Solidário • Coleta de Alimentos para a ong Amigos do Bem • Sacola Retornável (renda revertida à Casa Hope)

Ainda há cotas disponíveis! Escreva para patrocinio@ revistaporexemplo. com.br e informe-se

3

Outubro e novembro No decorrer do ano

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e para outros projetos

em todo o país

O valor que você paga pela revista, descontados os impostos, é 100% doado para projetos que melhoram a educação no país


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Obrigado pelo seu apoio! Conheça quem você ajuda ao comprar a POR EXEMPLO todos pela educação

parceiros da educação

(www.todospelaeducacao.org.br)

(www.parceirosdaeducacao.org.br)

Articulou a aprovação da emenda constitucional que ampliou a faixa etária com vaga garantida na escola de 7 a 14 anos para 4 a 17 anos

Monitora indicadores, realiza campanhas de mobilização, leva o tema da educação à mídia e articula a iniciativa privada, a sociedade civil e o poder público

Ajuda a criar e manter parcerias entre empresas e escolas

Trabalha pela educação em âmbito nacional

desde 2005, nos estados de SP, RJ, GO, RS e CE

150 escolas

beneficiadas

Hoje, mantém 80 parcerias, todas no estado de SP, beneficiando mais de 100 mil alunos

92%

das escolas parceiras de 1ª a 5ª série bateram a média do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)

1

Conquistar o apoio de juízes, promotores e defensores públicos para a causa da educação. É com essa meta que a coordenadora geral do Todos pela Educação, Andrea Bergamaschi, de 38 anos, tem trabalhado recentemente. Ela está se dedicando ao projeto Justiça pela Qualidade da Educação, que quer ajudar os profissionais do direito a entender melhor a situação do ensino no país, e assim colaborar de forma mais efetiva para seu avanço. O projeto inclui o lançamento de uma publicação, neste ano, e a realização de oficinas, em 2013. “Educação de qualidade é um direito que não está sendo plenamente cumprido. É por isso que lutamos”, afirma.

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Precisa mudar Muito precisa ser feito para melhorar a educação no Brasil. Ao comprar a POR EXEMPLO, você colabora. Veja alguns números que estamos ajudando a transformar

O Brasil investe

menos de 5% do PIB em educação

2

Daniel de Freitas, de 17 anos, ficou perplexo quando voltou às aulas após as férias, em 2004. A Parceiros da Educação acabava de chegar na E. E. Luis Gonzaga Travassos da Rosa, em São Paulo, onde o garoto cursou os ensinos fundamental e médio. Ele conta que as melhorias não foram só físicas: “O método mudou, incluindo simulados do Enem e vestibular”. Além disso, alguns alunos ganharam bolsas para estudar inglês em escola particular. Daniel foi um deles. E se dedicou tanto que venceu 6 mil candidatos de todo o país e foi convidado pela embaixada americana a passar 21 dias no país. “Visitei a Nasa, a Casa Branca e conheci a Hillary Clinton”, diz.

53ª

– entre 65 países – é a posição brasileira

no principal ranking educacional do mundo, atrás de Trinidad e Tobago

Fontes: todos pela educação e Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa)

Só metade dos brasileiros com

até 19 anos conclui u o ensino médio

© fotos 1 ilana bar 2 guilherme gomes

Luta por mais acesso à escola e pela melhoria do ensino


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P&G – Abril 2012.

por Exemplo

Para que ele possa seguir seu dedinho sem interrupções. Pampers Total Confort tem laterais elásticas que esticam e se ajustam melhor onde seu bebê mais precisa*, ajudando a evitar vazamentos, para que nada o atrapalhe na hora de brincar.

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pampers.com.br


12 faça o que eu faço

Qual é seu

bom exemplo? Todo mundo faz alguma coisa que pode inspirar o mundo a ser um lugar melhor. Confira – e ajude a passar adiante – os bons exemplos dos entrevistados a seguir texto Adriana Caitano, Dilson Branco, Juciana Gurgel e Rafaela Carvalho

“Poupo luz e água. Não deixo a TV ligada à toa, apago as lâmpadas quando não estão sendo usadas e só deixo a torneira aberta quando necessário. Cobro minha mulher e meus amigos para que sigam o exemplo. Pequenas economias, somadas, fazem grande diferença.” Valdimar da Silva, 32 anos, ajudante de carpinteiro de Planaltina (DF) 2

2

25% de energia

poupada por mês é igual a

R$ 150 mil

economizados

em 70 anos1

diversidade do bem Sabia que variar o cardápio de frutas, verduras e legumes que você come também é um hábito sustentável? Isso incentiva uma agricultura diversificada, o que melhora a qualidade do solo, reduz emissões de gás carbônico e gera mais renda ao homem do campo. Além disso, faz bem para a sua saúde, devido à diversidade de nutrientes.


por Exemplo

“Aproveito a natureza. Acordo cedo para ver o nascer do sol e gosto de observar o mar. Isso me ajuda a refletir sobre a vida, ouvir a mim mesmo e tomar decisões de forma mais centrada.” Caio Filipe Paiva, 21 anos, estudante de Fortaleza

“Há seis anos, eu me vi sozinha em casa, após meus filhos casarem. Então resolvi me tornar voluntária de uma associação beneficente. Organizo bingos, festas e outros eventos para arrecadar recursos que são doados a quem precisa. Trabalhar pelos outros é uma das melhores coisas que já fiz na vida!” Antonieta Rita Niglea, 61 anos, dona de casa de São Paulo

Vistas espetaculares Você gosta de paisagens naturais? Confira o documentário Home (França, 2009), do diretor Yann Arthus-Bertrand, feito inteiramente com imagens aéreas de mais de 50 países mundo afora. O vídeo está disponível de graça, na íntegra, na internet: bit.ly/l4n8IT

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3 dicas para ser um bom voluntário 1. Procure uma entidade com a qual você se identifique. 2. Se não der certo, considere tentar outra atividade na mesma instituição, antes de partir para outra. 3. Não espere ser paparicado só porque está agindo de boa vontade. Esteja preparado para críticas e exigências. Veja mais dicas na página 23.

Lasanha cor-de-rosa2 Reaproveite talos de beterraba para fazer uma massa diferente para lasanha ou panquecas.

1

“O meu exemplo é a organização. Deixar tudo no local certo facilita nossa vida: poupamos tempo procurando pelas coisas e elas ainda tendem a durar mais.” Maria Liduína de Sousa, 39 anos, secretária do lar de Fortaleza

Ingredientes: • 1 xícara (chá) de talos de beterraba • 1 xícara (chá) de farinha de trigo • 1/2 xícara (chá) de leite • 1 xícara (chá) de água • 1 ovo • 1 colher (sopa) de margarina • 3 colheres (sopa) de óleo • sal a gosto

Ordem na cozinha Confira 3 dicas para organizar sua geladeira. 1. Planeje-se e compre apenas o necessário, para não ocupar espaços em vão . 2. Reúna os itens que você costuma consumir juntos (como as frutas e frios do café da manhã), para facilitar sua retirada. 3. Deixe os produtos que você usa mais à mão, na parte da frente das prateleiras. 2 © fotos 1 filipe acácio 2 cristiano mariz 3 mariana harder

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3

“Foi só após sair da casa dos meus pais que descobri: sou um ótimo cozinheiro! Minha especialidade é lasanha. O segredo é simples: não economizar no recheio!” Benjamin Antunes Roza, 30 anos, segurança de São Paulo

Modo de preparo: Bata todos os ingredientes no liquidificador. Despeje pequenas porções da mistura, uma a uma, numa frigideira untada, e frite até formar massas redondas.


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3 dicas para pedalar 1. Campainha, retrovisor e sinalização dianteira, traseira, lateral e nos pedais são obrigatórios. 2. Mantenha-se à direita e nunca ande na contramão. 3. Sinalize com o braço quando for mudar de faixa ou fazer conversão. 1

“Meu principal meio de transporte é a bicicleta. Evito congestionamentos e ainda faço exercício. Além disso, reparo em ruas e casas que, de carro, não se percebe. É um exemplo que tento passar adiante, pois faz bem à cidade.” Samuel Menezes, 25 anos, designer gráfico de Fortaleza

74% dos brasileiros valorizam empresas com iniciativas sustentáveis 3

Leia mais sobre trânsito na pág. 38.

“Minha família sempre leva um brinquedo ou peça de roupa no carro. Se passamos por uma criança precisando de ajuda, doamos. Além disso, no fim do ano, dou uma geral no guardaroupas e passo adiante o que não uso mais.” Nathalia Dall Bello, 14 anos, estudante de São Paulo

No mercado, só compro a quantidade necessária de produtos, para não desperdiçar. E também procuro priorizar as marcas que estejam ligadas a projetos sociais.” Regina Helena Carlini, 58 anos, secretária de São Paulo

Compra consciente • Carne: procure fornecedores que apoiam o Pacto pela Erradicação do Trabalho Escravo: bit.ly/b2G1Lm • Madeira e papel: prefira produtos com o selo FSC, que certifica manejo florestal responsável: bit.ly/HidM6j 3

• Eletrônicos: busque o selo Procel de eficiência energética: bit.ly/GUWC1b

Doe sem sair de casa

3

Em São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, o Exército da Salvação recolhe na sua casa roupas, brinquedos, livros e eletrônicos. A venda em bazares ajuda crianças, jovens e idosos em vários estados. ligue para (11) 4003-2299 ou acesse www.exercitodoacoes.org.br

© fotos 1 filipe acácio 2 cristiano mariz 3 mariana harder

fontes: 1 Instituto Akatu; 2 Alimente-se Bem - Serviço Social da Indústria - Departamento Regional São Paulo; 3 Pesquisa sobre Responsabilidade Social Corporativa, Nielsen (2011); 4 Embrapa


por Exemplo

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Dia da boa ação Como é passar um dia sendo gentil com todos? Veja como se saiu nossa entrevistada5Sheila Machado, no texto da página 18.

“Adoro legumes e verduras, principalmente alface. Às vezes, eu pego um pote cheio de folhas e como vendo TV. Gosto do sabor e me sinto melhor do que quando me alimento de frituras.” Lorenzo de Castro, 10 anos, estudante de Fortaleza

1

A l fa c e

é fonte de

c álc i o e

vitamina A 4 2

“Sempre tive o hábito de cozinhar para a minha família, desde que meus filhos eram pequenos. Agora, tenho também genro e netos. Fico realizada ao ver que todos esperam por mais uma refeição minha e ao perceber que ajudo a manter minha família unida.” Isabel Grohmann, 83 anos, dona de casa de São Paulo

”Sempre que alguém faz algo por mim, agradeço. É uma questão de educação e respeito. E se me pedem ajuda, faço o que posso. Se precisar, chamo alguém que auxilie mais do que eu. Ninguém merece ser destratado.” Layana Amaro, 20 anos, vendedora de Valparaíso (GO)

Delícia de rocambole2 Ingredientes: • 500 g de pernil ou frango moído • 3 ovos • sal e pimenta a 1gosto • 2 colheres (sopa) de farinha de rosca • 2 xícaras (chá) de cenoura cozida em tiras • 20 g de bacon • 1/2 colher (sopa) de margarina Modo de preparo: Misture a carne, um ovo cru, o sal, a pimenta e a farinha. Amasse bem. Abra sobre um plástico e recheie com cenoura, um ovo cozido picado e o bacon. Enrole, coloque na assadeira untada, pincele com um ovo batido e asse até o ponto desejado. 3

3

“Minha mãe me ensinou que devemos ser donos das nossas conquistas. Não devemos passar sobre os outros para alcançar nossos objetivos. Ponho isso em prática, passei esse valor aos meus filhos e fico orgulhoso de vê-los levando adiante essa lição.” Benedito Adão Rosa, 63 anos, vendedor de chapéus de São Paulo

Legados maternos O que você aprendeu com sua mãe? Confira uma série de depoimentos sobre este tema na matéria da página 48.


16 É QUE SE APRENDE


por Exemplo

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“Xá” comigo! Às vezes, fingimos ser quem não somos. Mentimos conhecer o que ignoramos. Prometemos mais do que conseguimos

O que você já aprendeu com um erro? Conte para a gente! Veja nossos contatos na página 7.

cumprir. A intenção pode ser das melhores, mas, mesmo assim, uma hora a máscara cai. Conheça as divertidas histórias de quem aprendeu na prática que nada é melhor do que sermos sinceros sobre nós mesmos texto Juciana Gurgel e Rafaela Carvalho foto daniela toviansky

Fui convidada para jantar com meus chefes num restaurante de luxo. Falei que não teria nenhum problema com as regras de etiqueta. Mas, quando deparei com a mesa cheia de copos e talheres, fiquei perdida. Cometi várias gafes. Por educação, eles fingiram não perceber. Mas a vergonha que passei serviu para eu me preparar melhor para situações como essas. Raquel Neves, 20 anos, Fortaleza Eu era professora de jazz e resolvi marcar uma apresentação da turma. Por falta de tempo, ensaiamos poucas vezes, mas achei que já seria suficiente. No dia do espetáculo, porém, foi um desastre: cada menina ia para um lado diferente, nada estava sincronizado. Naquele dia, aprendi a importância de um treino benfeito. Valéria Teixeira, 54 anos, Goiânia Quando fui à Inglaterra, um mendigo me pediu esmola. Tinha dinheiro contado para a viagem e menti que não falava inglês. Então ele perguntou de

onde eu era, e menti ser da França. Mas aí ele começou a falar em francês comigo... Acabei lhe dando dinheiro. David Leipnitz, 26 anos, Brasília Minha filha ganhou de aniversário uma boneca com que sonhava havia muito tempo. Para mostrar que eu era habilidoso, fui ensiná-la a brincar. Mas quebrei o brinquedo antes mesmo que ela o pegasse! Prometi nunca mais mexer nas coisas dela. Walter Ferraz, 53 anos, São Paulo Eu estudava nutrição e conheci um menino superculto. Para conquistá-lo, me fiz de entendida em comida. Ele me passou várias receitas de frutos do mar e menti que já tinha provado, sem mencionar que sou alérgica. Um dia, ele me preparou um desses pratos. Eu mastigava e tentava tirar da boca com o guardanapo. Ele notou, lógico... Rimos, pedimos uma pizza, e percebi que não tinha o menor motivo para ter mentido. Mariana Oliveira Silva, 23 anos, Goiânia

Eu era formada em educação física, mas nunca havia trabalhado na área. Numa entrevista de emprego, menti que tinha experiência. No primeiro dia, a coordenadora disse que eu daria aula de dança para os “D. A.”. Fingi que entendi a sigla. Coloquei música, ensinei os passos, mas ninguém me seguiu. Então os alunos viraram a caixa de som para o chão. Aí entendi que D. A. significa deficiente auditivo, e que eles precisam sentir a vibração da música para dançar. Jussara Antunes, 50 anos, Presidente Prudente (SP) Quis fingir para minha namorada que sabia cozinhar e a convidei para um jantar especial. Mas trapaceei: sem dizer nada, fiz uma sopa instantânea para ela. Ia tudo bem, até que ela achou a embalagem na lixeira... Na hora, ficou irritada, mas me perdoou e estamos juntos. E desde então estou me preparando para cumprir a promessa de lhe preparar um prato de verdade. Lúcio de Oliveira, 31 anos, Jundiaí (SP)

© produção Alexandre Schnabl Make Nani Gama

Minha prima queria fazer a sobrancelha para ir a uma festa. Falei que eu poderia ajudá-la sem problemas, pois achei que seria fácil. Mas o resultado ficou tão ruim que a única solução foi raspar tudo. Demorou seis meses para os pelos crescerem – e quase o dobro disso para ela voltar a falar comigo! Renata Cristina, 27 anos, São Paulo


18 EM SEU LUGAR

Não é fácil ser bom Uma das tarefas que Sheila deveria cumprir era ajudar alguém na rua. Foi mais difícil do que ela pensava: ouviu várias recusas, algumas grosseiras. Rosa Ramos, de 73 anos, foi exceção. Ficou feliz quando lhe foi oferecida ajuda para carregar as compras, já que não pode levar muito peso. “Você caiu do céu”, disse a Sheila.

O dia da gentileza Sheila está sempre na correria e acaba descuidando dos bons modos. Por um dia, ela trocou pressa por cortesia. Veja no que deu texto Irene Donatti fotos Patricia Stavis

É uma armadilha dos tempos modernos. Mesmo quem faz questão de ser sempre educado, algumas vezes, por distração ou falta de tempo, acaba agindo de forma menos gentil do que gostaria. “O ser humano está pressionado. Há muitas informações negativas e demandas. As pessoas acabam voltadas para si e as relações esfriam”, afirma a psicóloga Sâmia Simurro, da Associação Brasileira de Qualidade de Vida. Principalmente nos grandes centros urbanos, outro fator mina a cordialidade – a violência. “Em cidades com alto índice de criminalidade, a tendência é que as pessoas fiquem menos propensas ao contato com os outros”, diz Ronaldo Pilati, psicólogo social da Universidade de Brasília. A publicitária Sheila Machado, de 27 anos, de São Paulo, sabe bem como é tudo isso. “Já fui vítima de um assalto, então qualquer aproximação me deixa ressabiada”, conta. E, em geral, ela se considera “apressadinha”. Mas, por um dia, Sheila topou ser o mais gentil possível. Confira como foi a experiência.


por Exemplo

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1 Doce oferenda Sheila só costuma trocar “bom dia” com o porteiro do prédio. Nesse dia, lhe preparou uma surpresa: um pedaço de bolo de cenoura que ela mesma fez. “Está com uma cara ótima. Obrigado!”, diz Fernando Silva. Ele conta que, em geral, os moradores do prédio são bem educados. Mas, mimos como esse, não é todo dia!

4

2 Gentileza passageira

A virtude de ouvir

A doação é feita no abrigo para idosos Alexandre Darhruj. Sheila se surpreende ao ver que, mesmo num domingo, não há visitas de familiares. Além de alimentos, ela oferece atenção, conversando com uma moradora, que não poupa histórias nem lágrimas.

Já o motorista de ônibus Adail Domingos não tem a mesma sorte: “Educação passa longe!”. Sheila, que usa transporte público com frequência, percebe que um simples cumprimento faz toda a diferença.

3 Desafio na fila

Sheila vai ao supermercado comprar alimentos para serem doados. Na hora da fila, tem dificuldade para puxar conversa com desconhecidos: “Tenho receio de ser mal interpretada”. Quando vence o medo e cede o lugar para duas mulheres que estavam logo atrás, recebe um banho de água fria: elas nem sequer agradecem a gentileza.

5

corrente do bem

O último desafio é o mais temido: doar sangue em um hospital. Uma hora e 460 mililitros depois, ela se pergunta por que nunca havia feito isso antes. “Fiquei muito feliz por ajudar”, diz. Satisfeita com as boas ações, ela vai para casa refletindo sobre as diferentes tarefas que cumpriu: “Vou ficar mais atenta às oportunidades de ser gentil no dia a dia”.


20 quem você pensa que é?

Sylas Silveira, de 66 anos, é empresário na Grande Porto Alegre. Já viajou para vários países. O que você acha que ele vai fazer em lugares como méxico, Argélia e Índia? A) Fechar novos negócios B) Curtir paisagens paradisíacas C) Perseguir catástrofes texto Karina Sérgio Gomes fotos marcelo curia

Passaporte


carimbado


22 A gravidez era de risco. A mulher de Sylas estava internada na maternidade, em São Jerônimo (RS), e o segundo filho do casal poderia nascer a qualquer instante. Mas Sylas precisava partir imediatamente para a Cidade do México, levando o equipamento produzido por sua empresa: a motocortadeira. Não era, porém, uma viagem de negócios. Em setembro de 1985, o México havia acabado de passar por um dos piores terremotos de sua história. O objetivo de Sylas era ajudar a salvar algumas das dezenas de milhares de vítimas da catástrofe. O bebê esperou o retorno do pai e nasceu só em dezembro. Nos anos seguintes, a família se acostumou a ver Sylas embarcar em missões semelhantes. A história começou quando ele tinha 27 anos e trabalhava consertando motosserras. Sylas achava que o aparelho seria mas útil se, além de madeira, cortasse materiais mais resistentes, como concreto e ferro. Com seus conhecimentos de técnico em mecânica, uniu os potentes motores das motosserras a máquinas de corte de ferragem, inventando a motocortadeira. Começou a fabricar e vender o equipamento, usado por bombeiros em resgates de acidentes de carro. Em 1985, Sylas viu pela TV que as equipes de resgate das vítimas do terremoto do México precisavam de martelos e talhadeiras. O empresário tentou doar três unidades da sua invenção, via Exército e embaixada, mas esbarrou na burocracia. Então decidiu ir pessoalmente ao país. Desembarcou na capital mexicana e colocou-se à disposição da missão brasileira que lá atuava. Ensinou alguns militares a operar a motocortadeira e os acompanhou na busca por vítimas entre escombros. Desde então, participou de 11 salvamentos, após terremotos e tsunamis, no Equador, Colômbia, Peru, Haiti, Argélia, Irã, Paquistão, Índia e Sri Lanka, além do México. Ele próprio paga passagens e hospedagem. Mesmo sem falar a língua local, cria laços com os moradores, que costumam lhe oferecer abrigo. A estada dura cerca de um mês. Todo esse esforço já resultou em cerca de 25 vidas salvas. “Você fica muito pequeno diante de situações como essa”, diz. “Mas percebo quanto as pessoas valorizam uma ajuda vinda de tão longe.”

2milhões 60 de pessoas são

afetadas por

catástrofes

naturais

no mundo por ano


por Exemplo

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Salva-vidas Com sua motocortadeira e muita vontade de ajudar, Sylas já salvou vidas ao redor do mundo. a seguir, ele fala mais sobre esse trabalho

faÇa você também! Seja voluntário da Cruz Vermelha. A instituição está presente no mundo todo, ajudando vítimas de desastres. Para saber mais, ligue para (11) 5056-8652 ou acesse www.cvb.org.br

Em 2011,

a ONU registrou

quase 30 mil

mortes em com o equipamento que inventou, sylas já salvou 25 vítimas de catástrofes naturais em 10 países

300 desastres

em todo o planeta

Quando acontecem catástrofes, costumam ser organizadas campanhas de doação. Às vezes é possível ajudar sem sair de casa. Informe-se na imprensa ou na Defesa Civil do seu estado.

O voluntariado é útil não só em momentos de tragédia. Descubra como e quem você pode ajudar nos sites portaldovoluntario. v2v.net e voluntariado.org.br

Qual É a história mais emocionante que você já viveu? Sempre que você salva uma pessoa é emocionante. Mas lembro de um momento especial, após o terremoto de 2005 no Paquistão. Mesmo sem falar a mesma língua, eu e os moradores conseguimos trabalhar juntos. Eles abriam caminho entre os escombros e eu ia depois, para cortar as vigas de ferro. Assim, conseguimos salvar uma menina que estava bastante ferida. Como você é impactado por esse trabalho? Quando você salva uma pessoa, a alegria é restrita, porque ela sai muito machucada. Na hora, eu sou muito forte, mas depois fico uns três meses tentando me restabelecer emocionalmente. Você se sente um herói? Não. Já recebi homenagens, como o título de Cidadão da Paz, da prefeitura de Porto Alegre. Mas não tenho essa sensação. Estou ali representando o Brasil, e faço esse trabalho com muita seriedade. Você faz outros trabalhos voluntários? Já tive uma escola de informática que ensinava crianças de graça. Há cinco anos, faço parte da Cruz Vermelha e, há dois, criei uma ONG chamada Cidadão da Paz. Organizamos um museu de sementes, para preservar espécies raras de plantas e permitir que famílias possam plantar seus alimentos e gerar renda vendendo o excedente.


24 eu contra o mundo

Força para

ir além Cumprir obrigações dá trabalho.

Fazer mais do que o exigido, então, nem se fala. Mas esse pode ser o caminho para dar sentido à vida e ter orgulho do seu legado texto Jaqueline Li e Jéssica Martineli

A louça vai acumulando na pia, sabemos que é preciso lavar, mas não fazemos nada: às vezes, nos falta motivação até para essas coisas pequenas. Quando a solução é complicada, pior ainda. Principalmente se nós somos apenas uma pequena parte dos prejudicados – um buraco na rua, por ser problema de todos, acaba virando questão de ninguém. E o que dizer dos dramas alheios? Uma comunidade pobre a quilômetros da nossa casa, vítimas da violência com quem nunca cruzamos, animais abandonados por sabe-se lá quem... Ninguém poderá nos culpar se não nos envolvermos nessas causas. Então por que gastar energia com elas? “O que nos move a fazer algo é um misto do emocional com o moral”, explica a psicóloga Isabel Piñeiro. Ou seja: precisamos estar envolvidos com a cabeça e o coração, coordenando o que achamos certo com o que nos faz sentir bem. Essa equação nos leva a resolver problemas dos quais não podemos fugir. Como uma pia lotada. Mas também pode nos impulsionar muito além dos nossas obrigações, abrindo caminho para pequenas revoluções. As histórias a seguir são assim: de gente que fez mais que o exigido, e nisso achou o sentido da vida. Quem sabe não é esta, também, a sua vocação? adélia juntou as vizinhas, cobrou as autoridades e transformou o bairro


por Exemplo

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Força feminina

vença também Se você quer criar um grupo que represente uma causa, como fizeram Adélia e suas vizinhas, o primeiro passo é redigir um estatuto. Veja um modelo em bit.ly/ HaFMez. Você deve registrá-lo em cartório, para que a associação possa ter personalidade jurídica e passe a existir dentro da lei.

Empregada doméstica, analfabeta, mãe de três filhos pequenos. Essa era a situação de Adélia no início dos anos 1980, quando passou a viver no Grajaú, periferia de São Paulo. O que ela poderia fazer pelos direitos da mulher? Como melhoraria as condições do bairro? Quando começou a ir ao clube de mães da igreja, queria apenas aprender trabalhos manuais e ajudar o padre em eventos. Lá, porém, conheceu jovens universitárias que falavam sobre cidadania feminina. “Elas nos mostraram que havia mulheres donas do próprio nariz e tomamos gosto pela coisa”, diz. Assim, surgiu a Associação de Mulheres do Grajaú, da qual Adélia foi presidente por mais de um mandato. Ao pressionar a prefeitura, o grupo levou luz elétrica, água encanada, creches e escolas à comunidade. Com boicotes nos açougues, forçou a queda do preço da carne. E convenceu o governo estadual a abrir a primeira Delegacia de Defesa da Mulher do país, em 1985, inspirando a abertura de órgãos semelhantes em outros países. “Plantamos raízes dos direitos das mulheres. E elas seguem brotando.”

© foto na lata

ADÉLIA SILVA PRATES, 65 ANOS, SÃO PAULO


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Engenharia da revolução JOSÉ ROBERTO FONSECA, 60 ANOS, MACEIÓ A missão do engenheiro José já era nobre: instalar painéis solares para levar eletricidade à caatinga. O projeto, realizado pela Fundação Teotônio Vilela, beneficiou 2,7 mil famílias. Um dos municípios atendidos foi São José da Tapera (AL), que figura entre os mais miseráveis do país. As crianças eram chamadas de urubus, devido às péssimas condições de higiene. Lá, José percebeu que apenas luz não bastava e criou a ONG Instituto Eco Engenho. Com a energia elétrica, reativou antigos poços. Em 2004, construiu canteiros de hidroponia – técnica de cultivo que usa água em vez de terra e pode ser usada mesmo em ambientes secos. Assim, uma cultura de subsistência já era possível. Mas as famílias, então dependentes de um precário comércio de vassouras de palha, precisavam de uma nova fonte de renda. Assim, surgiram as Pimentas da Tapera, vendidas em conserva para mercados e hotéis de Maceió. A receita das 12 famílias envolvidas quadruplicou, assim como sua qualidade de vida. E só então José sentiu que o trabalho estava completo.

Você pode colaborar com as famílias do sertão nordestino por meio da ONG Amigos do Bem, que realiza arrecadações de doações na rede Extra. Haverá uma em 2 de junho (saiba mais em bit.ly/ gLNDyV). Você também pode atuar como voluntário. Informe-se em www. amigosdobem.org 1

josé levou luz, água e uma nova fonte de renda a uma das cidades mais pobres do brasil

© fotos Anna Fischer

vença também


dagmar, a tia dag, e saulo abriram as portas de casa para ajudar as crianças carentes do bairro 2

Porta aberta DAGMAR GARROUX, 57 ANOS, SÃO PAULO

© fotos 1 Hamilton Cruz 2 guilherme gomes

vença também Já pensou em criar uma ONG, como a Casa do Zezinho, para desenvolver um projeto social? A Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (www.abong.org.br) explica todos os processos legais, trabalhistas e tributários.

“Nasci na classe A”, diz Dagmar. Mas desde cedo ela soube que nem todos tinham as mesmas oportunidades. “Meus pais incentivavam nossas empregadas domésticas a estudar para conseguir um emprego melhor”, lembra. Formada em psicologia, Dagmar dava aula em casa para filhos de exilados políticos. E promovia bazares para ajudar a favela

vizinha. Nessa comunidade, viu cartazes de um grupo de extermínio ameaçando menores acusados de roubo. Decidiu abrigá-los em casa. Quando o marido, o artista plástico Saulo, que estava exilado, voltou ao país, o lar estava cheio de crianças. “Propus comprar uma casa maior. Ele topou.” Em 1988, foram para o então tranquilo Capão Redondo, hoje um bairro violento. Em 1994, com o apoio

de empresários, fundaram a Casa do Zezinho. A instituição oferece aulas de música, teatro, informática, jornalismo e gastronomia, curso pré-vestibular e formação profissional a crianças e jovens de 6 a 21 anos. Para os 1,2 mil beneficiados, Dagmar é Tia Dag: uma mulher que, quando viu um problema à sua porta, abriu a casa para resolvê-lo.


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renata já ajudou milhares de bichos abandonados a encontrar um novo lar 1 1

Proteção animal RENATA BUONO, 53 ANOS, MAIRINQUE (SP) continuar. Com o apoio de doadores e voluntários, aos poucos o evento ganhou mais estrutura. No ano seguinte, Renata fundou a ONG Anjos dos Bichos. Além das feiras, agora semanais, a instituição facilita a adoção também pela internet, no site anjosdosbichos.com, e oferece orientação para quem encontra animais abandonados ou testemunha maus-tratos.

Mais de 3 mil bichos de diferentes espécies já foram adotados de lá pra cá. Renata comemora os resultados do seu empenho entre cães, gatos, tartarugas, coelhos e galinhas com os quais divide uma chácara. “Sei que não vou salvar todos os animais do mundo. Mas com aqueles aos quais me dedico, sei que faço um bom trabalho.”

vença também Em vez de comprar um bicho de estimação, adote. Você pode fazer a diferença na vida de um animal que precisa de um novo lar. Como a Anjos dos Bichos, o site adoteumviralata. com.br também facilita a adoção.

© fotos 1 fernanda preto 2 guilherme gomes

Em 2005, Renata visitou um abrigo com 85 cães abandonados. Ficou fascinada com o trabalho ali realizado, mas sabia que era preciso fazer mais. Decidiu organizar um evento de adoção. Improvisou uma banca numa feira de plantas próxima à sua casa e levou seis animais. Todos ganharam uma nova família e ela quis


Pelas crianças SÉRGIO PETRILLI, 65 ANOS, SÃO PAULO Nos anos 1970, uma criança com câncer no Brasil tinha só 15% de chance de sobreviver. Além disso, enfrentava o mesmo tratamento dos adultos. Sérgio, então pediatra do Hospital do Câncer, em São Paulo, sabia que isso não estava certo. Em 1978, vendeu o Maverick e a Brasília, seus maiores patrimônios, e foi com a família para os Estados Unidos aprender como os pacientes de lá eram tratados. Foi convidado a ficar, mas decidiu voltar ao Brasil e trazer os métodos que havia conhecido, mais efetivos e humanos. Em 1991, fundou o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, o GRAACC. No início, era uma pequena casa; em 1998, tornou-se um hospital de 11 andares, e logo será inaugurado um anexo de nove pisos. A filosofia é permitir que as crianças sigam estudando, brincando e recebendo o apoio da família durante o tratamento – gratuito na grande maioria dos casos. Aliando a isso pesquisas e equipamentos de ponta, o hospital atingiu índice de cura de 70%, tornando-se referência. “O que me move é ser importante na vida de alguém”, diz o médico.

vença também

sérgio trouxe ao brasil o tratamento que sonhava para jovens vítimas de câncer

Você pode ajudar o GRAACC de várias formas: doando sangue, medula óssea, dinheiro, parte do seu imposto de renda, sendo voluntário, colaborando com o bazar permanente... Saiba mais em https:// www.graacc.org.br/ como-ajudar.aspx 2


30 problema meu

De peça em peça Tem muita gente deixando o conforto do lar para ajudar quem não tem um teto para morar. conheça a revolução que essas pessoas estão realizando texto Daniela almeida ilustrações Éder minetto

“Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada...” A cantiga infantil de Vinicius de Moraes e Toquinho descreve uma construção que só existe no mundo do faz de conta. Mas, na vida real, a questão vira problema sério: 5,5 milhões de famílias brasileiras não têm onde morar. Pouco mais da metade deverá ser beneficiada pelo programa federal Minha Casa, Minha Vida, que pretende construir 3 milhões de casas até 2014. Ou seja: apesar de o direito à moradia ser garantido pela Constituição, o governo, sozinho, não dá conta. “Como a questão não é cumprida pelo poder público, resolvemos focar na solução e mobilizar a sociedade pra resolver isso”, diz Luciano Coelho, diretor comercial da ONG Um Teto para Meu País. Criada no Chile, em 1997, e trazida ao Brasil em 2006, a organização constrói novos lares para famílias que vivem em situação de risco. Já foram erguidas 939 casas no estado de São Paulo. A meta é construir mais mil neste ano.

As ações são realizadas em esquema de mutirão. A mão de obra é composta de estudantes voluntários, que, em um fim de semana, chegam a construir centenas de moradias. As casas são de madeira, pré-fabricadas, e exigem, cada uma, um grupo de sete a 10 pessoas na montagem. Cada imóvel tem apenas 18 metros quadrados, mas já significa uma grande melhoria na vida dos beneficiados. “O objetivo é que eles saiam da situação de risco. Fica muito difícil uma pessoa ir trabalhar e deixar o filho em uma casa insegura”, explica Luciano. O trabalho é feito em comunidades que nem sequer têm rede de esgoto. O primeiro passo é abrir inscrições para conhecer os moradores interessados. São milhares de pessoas para dezenas de vagas. Portanto, é preciso entrevistar cada família e selecionar as mais necessitadas. Em 2011, 10 mil voluntários participaram. Mais de 20 empresas ajudam com doações, além de 400 mil sócios que contribuem mensalmente.


por Exemplo

5,5

milhões

de famílias brasileiras não têm onde morar

6%

dos brasileiros moram em favelas. O número dobrou em 20 anos

31


32 A meta agora é expandir o trabalho para Rio de Janeiro e Salvador. “É impressionante ver como os jovens vão tomando a responsabilidade para si na hora da construção”, afirma o empresário Cláudio Emanuel de Menezes, de 60 anos, pai de dois universitários que já participaram de mutirões da ONG. “Essa é uma nova postura política: ‘a gente não vai brigar, a gente vai realizar’.”

A iniciativa conta com doações de empresas e pessoas que simpatizam com a causa. Daniela e Joice têm trabalho fixo durante o dia e se dedicam à associação nas horas vagas. Já colaboraram com cerca de 60 famílias. Agora, querem multiplicar esse número, auxiliando arquitetos de todo o país interessados em levar o programa para sua cidade.

Arquitetura popular

Ajuda a quem ajuda

Essa vontade de descruzar os braços e fazer a diferença também foi o que moveu as arquitetas Daniela Zacardi, de 37 anos, e Joice Genaro, de 31. Ao trabalhar na Cohab de Campinas (SP), em 2005, elas conheceram de perto as condições de moradia dos brasileiros com baixa renda. Ao perceber que as iniciativas lideradas pelo Estado só iam até a porta das pessoas, decidiram montar em 2006 a associação sem fins lucrativos Arquitetas da Comunidade. O negócio social orienta sobre a maneira mais econômica e eficiente de fazer uma obra ou reformar. Os projetos saem por menos da metade do preço de mercado. A visita de avaliação custa de R$ 40 a R$ 80, e muitos dos problemas são resolvidos logo nessa etapa. Se o projeto for levado adiante, a taxa é abatida. “As pessoas valorizam mais quando pagam por um serviço. Além do preço acessível, facilitamos as formas de pagamento”, explica Daniela. Após a visita, elas montam uma maquete para que o morador visualize a obra e acompanham o trabalho dos pedreiros. Um dos clientes é José Nobre dos Santos, de 30 anos. Dono de uma lan house e de um salão de beleza, instalados em sua casa, em Campinas, ele contou com a ajuda das arquitetas para reformar um muro de arrimo malconstruído, que ameaçava a segurança do imóvel. “Eu poderia perder tudo e nem sabia do risco que estava correndo”, diz.

O problema da habitação não se resume a casas de família. Associações beneficentes também precisam de auxílio. Esse é o foco do trabalho do casal de arquitetos Patrícia Chalaça e Marcelo Leão, do Recife (PE). Em 1999, eles visitaram um abrigo público para crianças vítimas de abusos e maus-tratos. O lugar não tinha nem chuveiro. O casal mobilizou 60 colegas de profissão e empresas, que doaram mão de obra e material, e fizeram uma grande reforma no local. A divulgação da iniciativa na mídia fez com que Patrícia e Marcelo recebessem ligações de vários arquitetos, querendo repetir a ideia em outros lugares. Assim, surgiu o projeto Casa da Criança, que virou uma franquia social. Hoje são 50 sócios, com obras espalhadas em 16 cidades brasileiras. Desde então, 30 imóveis já foram reformados, beneficiando mais de 2 mil crianças. “Não fosse por eles, não teríamos esse padrão de atendimento”, explica Maria da Conceição, de 55 anos, diretora do Lar Amigos de Jesus, em Fortaleza. A casa atende crianças com câncer, muitas vindas de estados vizinhos. “O nosso objetivo também é transmitir autoestima, e o prédio faz parte disso. ” Esses exemplos mostram que mesmo um problema enorme pode ser combatido por pessoas comuns. Eles já têm alcançado ótimos resultados. E quanto mais gente se mobilizar, melhor. Veja ao lado como você pode colaborar!

2 mil

meninos e meninas foram beneficiados pelas reformas feitas pela Casa da Criança

60 famílias

já foram atendidas pelas Arquitetas da Comunidade


por Exemplo

33

mão na massa! Veja como participar de projetos que oferecem moradia a quem precisa

Doe. Os movimentos que trabalham para combater o problema da habitação costumam receber doações em dinheiro ou material de construção. Arregace as mangas. Mesmo sem formação na área de construção, você pode doar seu tempo a ONGs do ramo, como a Um Teto para Meu País. Veja os contatos abaixo.

Quase

1.000 casas foram erguidas no ano passado pela ONG Um Teto para Meu País

arquitetasdacomunidade. blogspot.com Presta serviços de arquitetura a preços acessíveis em Campinas (SP) projetocasadacrianca. com.br Reúne profissionais de arquitetura, decoração, empresários e construtores voluntários para reformar instituições sociais umtetoparameupais.org. br Voluntários universitários e jovens profissionais constroem casas de emergência em comunidades em risco www.bentorubiao.org.br Já assessorou 1,6 mil famílias do Rio de Janeiro na construção de suas casas www.habitat.org ONG mexicana que ajuda comunidades afetadas por catástrofes naturais em 16 países, inclusive o Brasil


34 Como ensino

E se...? É ao fazer essa pergunta que damos asas à nossa criatividade. Saiba mais sobre essa habilidade, que todos nós possuímos, e descubra maneiras de estimulá-la nos seus filhos texto Daniele Martins

Qual é a primeira coisa que vem à sua cabeça quando ouve a palavra “criatividade”? Você pode se lembrar de grandes obras e gênios das artes plásticas, da literatura e do cinema. Talvez pense em comerciais que entraram para a história ou em incríveis invenções. É claro que essas são grandes demonstrações do poder da criatividade. Mas ela também se manifesta de outras maneiras. Pense numa simples caneta esferográfica. Ela foi criada em 1937, pelo húngaro László Bíró. Ao observar como funcionava a impressão de jornais em uma máquina rotativa, ele pensou em usar o mesmo princípio – um cilindro coberto de tinta – para criar um instrumento de escrita mais prático que as canetas tinteiro usadas na época. Coisa de gênio. László, porém, nunca imaginou que sua invenção salvaria vidas, sendo usada em traqueostomias de emergência. Quando alguém corre risco de vida por não conseguir respirar, uma solução utilizada pelos médicos é abrir um orifício no pescoço, na altura da traqueia, e ali instalar um tubo que permita a passagem do ar. Na falta de um equipamento específico, um cilindro de plástico de caneta, manejado por um especialista, pode dar conta. E por estar tão presente no nosso dia a dia, a criação de László ganhou vários outros usos alternativos: com a tampa, por exemplo, é

possível improvisar um removedor de grampos ou até uma chave de fenda; e atire a primeira bolinha de papel quem nunca usou o tubo plástico como uma zarabatana de brinquedo. Todas essas criações têm algo em comum – começaram com alguém fazendo a pergunta “E se...?”, como diz o especialista em aprendizagem acelerada Luiz Cláudio Martins. Autor do livro Pequeno Manual para o Pensamento Criativo (editora BRLetras), ele acredita que esse questionamento dá abertura a novas descobertas. “Para que serve um tijolo?”, ele pergunta. A resposta, pela lógica, é: para construir casas. “Mas

enzo e giorgio soltam a imaginação na música, em desenhos, no teatro e em passeios culturais


por Exemplo

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Faça você também Às vezes, a vontade de manter a casa em ordem acaba privando de momentos divertidos que ajudam a desenvolver a criatividade. Brincadeiras com tinta, lama, tecidos velhos, maquiagem ou sabão podem ser inesquecíveis. Curta com as crianças!

eu também posso improvisar uma churrasqueira ou usá-lo para impedir que uma porta bata com o vento, não posso? A lógica limita as respostas, a criatividade não”, conclui. Segundo Luiz Cláudio, criatividade é um modo de pensar uma nova solução para os problemas. “Foi assim que as grandes invenções foram criadas e é assim também que resolvemos nossos problemas do dia a dia”, afirma. Ou seja: a criatividade não é um dom restrito aos gênios. É também uma ferramenta cotidiana, da qual todos nós podemos lançar mão. “Todas as pessoas têm potencial criativo, o que ele precisa é ser explorado.”

É aí que entra a importância da atuação dos pais. “O aprendizado e o intelecto estão diretamente ligados ao emocional. Portanto, quanto mais os pais estiverem envolvidos nesse processo, mais seguras as crianças se sentirão para desenvolver a criatividade”, explica Luiz Cláudio. Há várias maneiras de fazer isso. Conheça, a seguir, as diferentes estratégias de três famílias, empenhadas em permitir que seus filhos tenham a cabeça aberta para a originalidade. Veja como elas estão se saindo, confira outras dicas para incentivar a garotada a se reinventar e use sua criatividade para fazer o mesmo em sua casa!

A jornalista Samantha Shiraishi, de 39 anos, e o empresário Guilherme Nunes, de 40, são tão dedicados à criatividade dos filhos que, por causa disso, já chegaram até a discutir com um segurança anos atrás. Enzo, de 11 anos, e Giorgio, de 9, ainda nem sabiam ler. Justamente por isso foram barrados quando os pais quiseram levá-los ao Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, cidade em que a família mora. Samantha bateu o pé e a entrada foi liberada. “Valeu a pena: eles se encantaram com o local e acho que a experiência ajudou a formar o gosto que hoje eles têm pela leitura”, diz a mãe. Os passeios culturais são constantes e os pequenos se inspiram a fazer as próprias artes. Para isso, têm em casa uma caixa cheia de tintas, papéis e materiais recicláveis que podem usar à vontade. O caçula, por exemplo, gosta de criar armaduras com caixas de cereal. A criatividade também é extravasada em aulas de música e teatro – os pais participam ajudando a treinar as falas das peças. Samantha e Guilherme também valorizam o engajamento no estudo dos filhos. “Hoje mesmo, o Enzo me mandou por e-mail um resumo do que vai cair na prova de geografia, para estudarmos juntos à noite”, diz o pai.

© foto daniela toviansky

Arte liberada


36 Robôs e reflexões

1

Isadora, de São Paulo, tem 11 anos. Gosta de roupas, de maquiagem, de estar com as amigas... e também de robótica e filosofia. Quem a apresentou a esses universos não tão comuns a meninas da sua idade foram os pais. Cláudio Miklos, de 47 anos, é desenvolvedor de software, e nas horas vagas ministra oficinas de robótica – paixão que compartilha com a filha. “Ela gosta de aprender e eu

gosto de ensinar, fazê-la pensar. A gente precisa inventar situações em que a criança possa participar”, conta. Os dois já criaram algumas engenhocas juntos, como a “caixa teimosa” – uma máquina que se autodesliga (veja como ela funciona no blog do Cláudio: http://bit.ly/ GXaLGv). Isadora colaborou com o desenho em forma de monstro feito do lado de fora da caixa. “Ela ajuda dentro

dos limites dela. O importante é estarmos juntos”, afirma o pai. A introdução na filosofia é obra da mãe, Marta, de 37 anos. Por não ter onde deixar a filha durante as reuniões dos grupos de estudo dos quais participa, ela passou a levar Isadora aos encontros. A menina gostou. Quando Marta foi pegar seu diploma de mestrado, Isadora a corrigiu: “Não é o seu diploma, é o nosso!”.

Faça você também Compartilhe seu trabalho e seus hobbies com seus filhos. Deixe-os participar de conversas sobre os projetos em que você está envolvido, mesmo que pareçam complexos. Se ficarem curiosos, podem querer aprender com você.

1

Isadora acompanha de perto tanto o interesse do pai, cláudio, por robôs, quanto o da mãe, marta, por filosofia 2


37 Entendendo o mundo

tattiana usa jornais e revistas para matar a curiosidade de lucas e julia sobre o mundo

Faça você também Ofereça ao seu filho diferentes fontes de informação. Tenha em casa livros, revistas, jornais, histórias em quadrinhos, acesso à internet. Se não tiver condições, convide-o a visitar bibliotecas públicas, onde todos esses recursos estão disponíveis de graça.

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Criatividade não existe sem informação. Professora de jornalismo, Tattiana Teixeira, de 38 anos, faz questão de ajudar a saciar a curiosidade dos filhos – Júlia, de 10 anos, e Lucas, de 6. Sem babá nem empregada, ela e o marido se desdobram para cuidar da dupla, em Florianópolis. A família sempre se reúne para ver o jornal na TV, e os pequenos disparam perguntas como “Por que acontecem as guerras?” ou “O que é o imposto de renda?”... “Às vezes, respondemos de improviso, com metáforas. Em outras, temos de pesquisar, ou dizemos que ainda é cedo para determinado assunto. Mas, no geral, conversamos sobre tudo”, conta. Para ela, envolver os filhos com temas do seu trabalho os ajuda a entender melhor o mundo. Julia, por exemplo, gosta de notícias que tenham a ver com o que estuda no colégio e leva recortes para a aula. “Essa troca de informações cria uma cumplicidade entre a gente”, conclui a mãe.

Além da imaginação

© foto 1 lucas lima 2 edu cavalcanti

Confira mais algumas dicas para ajudar seu filho a viajar na própria criatividade

Deixe-o escolher

A arte do elogio

O tempo certo

Crie histórias

Se seu filho quer aprender a tocar violão, embora você ache que ele tem jeito é para a pintura, deixe-o tentar. É comum que os pais queiram impor suas vontades, mas é só experimentando que as crianças vão poder decidir se gostam ou não de algo.

Seu filho desenhou uma floresta cheia de bichos e você só consegue ver rabiscos? Elogie! Nessas horas, não há certo nem errado. O que vale é a liberdade para se expressar, experimentar. Ele precisa se sentir aprovado e motivado para dar novos passos.

A televisão e a internet podem ser grandes aliadas da criatividade, pois são ótimas fontes de informação. Mas cuidado com o exagero: intercale esses momentos com brincadeiras manuais, que desenvolvem outras habilidades importantes.

Leia ou invente narrativas para seu filho. Vale usar acessórios: criar cenários reaproveitando lixo limpo, improvisar fantasias. Permita que ele participe da criação da trama. Vai ser ótimo para soltar a imaginação – além de muito divertido para vocês dois!


38 nós podemos Tem de ser de carro? 4 mil pessoas morrem por ano por causa da poluição, só na cidade de São Paulo. Quando decidimos sair de carro, estamos ajudando a manter ou aumentar esse número. É uma decisão individual com um impacto coletivo. Vale a pena ter isso em mente e se questionar: por que não usar outro meio de transporte?

Transitar

é preciso texto solange medeiros ilustrações zansky

Ir e vir está cada vez mais difícil. É um problema que atinge todos nós e só será resolvido de forma coletiva. Descubra ações que deram certo e veja como ajudar


Boas alternativas Para determinados trajetos, melhor do que ir de carro é seguir a pé, de bicicleta ou de transporte público. Pode ser mais barato, mais rápido e certamente mais sustentável – pois mesmo os ônibus, que também soltam fumaça, carregam muito mais gente. Experimente e descubra as alternativas mais adequadas ao seu caso.

Locomover-se na cidade tornou-se um desafio. Anos atrás, o trânsito era um problema apenas dos municípios mais populosos do país, como São Paulo e Rio Janeiro. Hoje, se você mora em capitais menores ou em outras cidades de médio porte, também tem o desprazer de demorar mais – às vezes, bem mais – tempo do que gostaria para percorrer os trajetos do dia a dia. Diagnosticar a questão é fácil: todo dia, quase 20 mil novos veículos entram em circulação no Brasil. Quem opta por ter um carro quer fugir do desconforto e da ineficiência do transporte público, que se dá em boa parte do país. Mas acaba preso em congestionamentos cada vez mais assustadores. Simplesmente porque as ruas não suportam tantos automóveis. A reação imediata a essa equação aparentemente insolúvel é o desespero: entre nuvens de fumaça vindas dos escapamentos, buzinamos, gritamos, reclamamos. E sabemos que isso não adianta nada. Mas algumas pessoas, em vez de se desiludir, têm tentado fazer diferente. E vêm descobrindo formas inovadoras de tornar o trânsito mais funcional, confortável e sustentável.


40 nós podemos É o caso de Adilson Alcântara, de 52 anos, de Mauá (SP). Em 1999, quando era chefe da estação ferroviária da cidade, ele foi encarregado de resolver um grande problema: liberar as vias de circulação no entorno da estação, obstruídas pelas centenas de bicicletas ali amarradas por quem ia pedalando até o local, a fim de pegar o trem. A solução mais óbvia talvez fosse impedir os ciclistas de colocar seus veículos ali. Pois Adilson, ao contrário, tomou uma iniciativa a fim de incentivar esse meio de transporte barato, saudável e não poluente. Depois de convencer a prefeitura a apoiar a iniciativa e conseguir um empréstimo bancário, ele transformou um espaço próximo à estação no primeiro bicicletário da cidade, inaugurado em maio de 2011. “Algumas pessoas me diziam que

eu era louco, mas o apoio e a participação da população colocaram o projeto em pé”, relembra, orgulhoso. Gerenciado pela Associação Ascobike, criada por Adilson, o estacionamento tem estrutura para guardar até 2 mil bicicletas. Os quase 1,5 mil associados pagam 15 reais por mês para ter direito a uma vaga e a benefícios como manutenção, brechó de peças, cafezinho e palestras de conscientização no trânsito. “Antes, eram 200 bicicletas amarradas na entrada da estação. Hoje, são mais de mil, todos os dias, no nosso galpão”, comemora o fundador. O projeto deu tão certo que acabou inspirando a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Desde então, toda estação que passa por reforma ou que é inaugurada ganha um estacionamento de

bicicleta na entrada – nesse casos, a administração é pública e o usuário não precisa pagar para usar o serviço. “Já são 23 estações com bicicletário”, orgulha-se Adilson.

Ponte coletiva O bairro Alto Leblon passou anos ilhado no Rio de Janeiro. Ali, simplesmente não havia transporte público. Os moradores dependiam apenas de si mesmos para enfrentar as ruas íngremes, de difícil acesso. Cansados de esperar pelas autoridades, há cerca de 30 anos eles decidiram pôr a mão na massa pra resolver a questão: criaram uma linha de ônibus independente, que os colocou em contato com o sistema de transporte já existente na cidade. O ônibus da CAL (Comunidade do Alto Leblon), como é conhecido, tem um trajeto curto: depois de

Cheio e regulado Quanto mais gente seu carro levar, e quanto menos poluir, melhor para todo mundo. Portanto, dê e peça carona. Combine com quem trabalha ou estuda com você, ou use sites como o www.caroneiros.com. Além disso, mantenha sempre seu carro bem regulado, para que emita o mínimo possível de partículas tóxicas.


41 percorrer as principais ruas do bairro, ele chega até o início da Ataulfo de Paiva, principal avenida do Leblon, e já engata a volta. “Nossa associação de moradores contratou uma empresa que faz fretamentos. São dois ônibus que circulam todos os dias, até nos fins de semana, com intervalos médios de 10 minutos”, diz Evelyn Rosenzweig, de 57 anos, presidente da CAL. De acordo com a líder comunitária, é preciso comprar um cartão com validade mensal para poder usar o transporte. Por 54 reais, o morador ganha três cartões, todos com uso ilimitado. Hoje, já existe uma linha pública no bairro. Mas os moradores preferem o serviço que eles criaram. “Não dá para saber quando o ônibus da prefeitura vai passar. E a qualidade dos veículos também é muito inferior”, justifica Evelyn.

No verão de 2008, os moradores do bairro realizaram outra iniciativa para estimular o transporte coletivo: criaram uma linha de ônibus gratuita, patrocinada, que ligava o bairro até o fim da avenida Ataulfo de Paiva. “Faltam estacionamentos na região, então queríamos incentivar o uso do ônibus”, diz Evelyn. Por falta de apoio, porém, o projeto foi encerrado neste ano. Mas os moradores não desanimam. Sabem que são um exemplo vivo de como uma comunidade pode se mobilizar para melhorar o trânsito local.

Em companhia Esse empenho às vezes pode ser bem menos trabalhoso do que se imagina, sem deixar de trazer ótimos resultados. Um exemplo é a carona solidária, iniciativa que vem sendo

De olho no sinal Independentemente do tipo de transporte que você estiver usando, respeite sempre as regras e sinalizações do trânsito. É o tipo de ação simples que pode diminuir em muito os acidentes. Precisa tirar alguma dúvida? O Código de Trânsito Brasileiro está na íntegra na internet: bit.ly/oQG0iJ

posta em prática em várias cidades. A fórmula é simples: por meio de redes sociais, na internet, pessoas que moram, estudam ou trabalham próximo entre si pedem e oferecem carona. E assim ajudam a diminuir o número de carros em circulação. Na Universidade de Brasília (UnB), a comunidade da carona solidária já chegou a cerca de 400 membros. Inicialmente, o objetivo principal era melhorar a segurança dos estudantes e funcionários: “Todos os anos, há casos de mulheres violentadas no câmpus ou nas imediações. O grupo foi criado para tentar proteger essas pessoas, já que a circulação de ônibus é precária e muitas andavam a pé”, diz Samira Dias, de 24 anos, moderadora da comunidade virtual. Com o passar do tempo, o grupo começou a ser usado também por quem quer economizar tempo e dinheiro. Os acordos variam, conforme for mais vantajoso: alguns racham a gasolina, outros fazem revezamentos de motoristas, e há quem simplesmente empreste um lugar no seu veículo. Cada pessoa que participa da iniciativa significa um carro a menos nas ruas. Já é suficiente para melhorar não só o trânsito, mas também para diminuir a poluição atmosférica, sonora, visual, a depreciação das ruas... Ao redor do texto desta matéria há outras ideias simples e efetivas para colaborar com o trânsito – um bom começo para você que, assim como o pessoal da Ascobike, do Alto Leblon e da carona solidária, também já se cansou de ficar só reclamando.

A pé pra aula Crianças que moram próximo à escola em que estudam podem ir todas juntas para a aula, a pé, sob a supervisão de um pai ou responsável, em esquema de rodízio. Essa ideia simples surgiu nos anos 1990, no Reino Unido, onde ganhou o nome de “walking bus (“ônibus andante”, na tradução literal). Por que não fazer o mesmo no seu bairro?


42 É GOSTOSO E FAZ BEM

Cozinha que educa Conheça um projeto que leva jovens de baixa renda ao mundo da alta gastronomia – e aprenda com eles saborosas receitas

Estrogonofe de carne

TEXTO Thaís Pinheiro

• 150 g de champignon

Ingredientes • 200 g de alcatra ou contra-filé • pimenta-do-reino e sal a gosto • 10 ml de conhaque • 2 cebolas-roxas picadas • 2 dentes de alho picados • 1 colher (sopa) de mostarda • 1 colher (sopa) de ketchup • 200 ml de creme de leite

Após trabalhar em importantes restauran­ tes de São Paulo, o chef David Hertz, de 38 anos, viu em seu talento culinário a chance de trans­ formar a vida de jovens de baixa renda. Em 2004, criou o primeiro negócio sócio-gastronômico do Brasil, o Cozinheiro Cidadão. Rebatizado em 2007, o projeto tornou-se internacionalmente conhecido como Gastromotiva. A empresa lucra prestando serviço de bufê e oficinas. Mas, paralelamente, oferece cursos gratuitos de auxiliar de cozinha a jovens entre 18 e 29 anos, com renda familiar de até três salários mí­ nimos. Eles também têm aulas de cidadania. Dos 150 alunos formados, mais de 90% saíram dali com emprego garantido. Em março deste ano, o projeto foi premiado pelo Fórum Econômico Mundial. “Não há desenvolvimento se não lidar­ mos com a concentração de renda e a falta de bons empregos para todos”, afirma David. Para entrar em contato com o projeto, li­ gue para (11) 2924-0300 ou acesse o site www. gastromotiva.org. E, para sentir um gostinho das delícias que eles preparam, confira ao lado três receitas gentilmente cedidas pelo projeto.

david compartilhou seu talento culinário e vem criando futuros cozinheiros em sua empresa-escola

MODO DE Preparo Corte a carne em cubos ou tiras e tempere com pimenta e sal. Doure rapidamente em uma panela com gordura quente. Use o conhaque para flambar (coloque fogo na panela por instantes). Acrescente alho, cebola, mostarda, ketchup, 1 cogumelos e, se necessário, um

pouco de água. Refogue. Coloque o creme de leite e desligue o fogo.

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por Exemplo

Purê de raízes Ingredientes • 480 g de abóbora-moranga • 370 g de batata-doce • 450 g de mandioca • sal a gosto • 2 colheres (sopa) de azeite • 100 g de creme de leite • 2 colheres (sopa) de manteiga

MODO DE Preparo Corte a abóbora em pedaços grandes e asse ainda com a casca. Tempere-a com sal e azeite. Cozinhe o restante dos legumes em outra panela. Quando todos estiverem cozidos, passe-os no processador com o creme de leite

© foto s e produção de objetos sheila oliveira/empório Fotográfico produção culinária aurea soares

e a manteiga. Salgue a gosto.

musse de maracujá Ingredientes • 200 ml de polpa de maracujá com sementes • 2 latas de leite condensado • 2 latas de creme de leite

Modo de preparo Bata o maracujá no liquidificador – mas não muito, para que as sementes não se desfaçam. Acrescente o leite condensado e misture mais. Adicione o creme de leite aos poucos e bata até chegar a uma consistência homogênea.

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44 o tempo de cada um

ALBERTINO DOS SANTOS

começar de novo A idade da aposentadoria é um ótimo momento para reinventar a vida texto Patrícia Pereira

Foi-se o tempo em que se aposentar estava restrito ao sentido etimológico da palavra: recolher-se aos aposentos. Colocar o pijama para sempre não é mais o sonho de boa parte das 870 mil pessoas que, a cada mês, no mundo inteiro, comemoram o 65º aniversário. É a partir dessa data que, pela legislação brasileira, os homens podem pedir a aposentadoria por idade. Para as mulheres, o limite é de 60 anos. No caso dos trabalhadores rurais, o prazo cai em cinco anos. O aumento da expectativa de vida, porém, faz a chamada terceira idade ter uma imagem bem mais ativa hoje em dia. “Quem completa 65 anos atualmente se sente mais capaz, incluído e autônomo do que aqueles de gerações passadas”, explica Felipe Octaviano, psicólogo e psicoterapeuta que trabalha com idosos. “Fechar a carteira de trabalho significa, na verdade, abrir uma nova relação com o tempo, iniciar outros trabalhos”, afirma. A ideia é sentir-se “renovado”, em vez de “aposentado”, e escolher uma nova atividade levando em conta a saúde física e mental, a alegria, os sonhos e a disponibilidade. É isso que as quatro pessoas a seguir, todas com 65 anos, estão fazendo. Confira!

DE SALVADOR (BA), NASCIDO EM 14/11/1946 Quis fazer faculdade de direito, mas não tinha dinheiro. Construí minha carreira como técnico em hidrologia, me aposentando aos 53 anos. Em 2002, eu ajudei a fundar o Sindicato dos Aposentados de Salvador e, por ironia do destino, me tornei diretor jurídico. Com um colega advogado, dou orientações sobre ações previdenciárias. Meu plantão é de três dias na semana, mas gosto tanto que sempre estou lá.

1 1

CARMEN CERQUEIRA CARDOSO DE SALVADOR (BA), NASCIDA EM 26/1/1947 Trabalhei por quase 30 anos na área de contabilidade. Estou aposentada faz 10. Dediquei o tempo livre ao artesanato: mexi com bichos de pelúcia e fuxico, mas hoje prefiro bordado e tecelagem. Já fiz muitos enxovais para recém-nascidos. Agora, quero voltar a trabalhar na minha área, por isso estou me atualizando em cursos de informática. Quero ter dinheiro para viajar por todo lado.


por Exemplo

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se você tem 65... JOSÉ CÍCERO DE BARROS PINTO DE PAULISTA (PE), NASCIDO EM 10/9/1946 Trabalho desde os 12 anos, já fiquei sem casa, mas enfrentei a vida e venci. Eu era engenheiro do Corpo de Bombeiros, me aposentei e hoje tenho uma construtora. Mas diminuí o tamanho da empresa para acalmar o ritmo. Agora estou transformando minha casa de praia numa pousada cuja renda vai ser investida num projeto que apoia crianças carentes. Ainda quero ajudar muita gente!

...na adolescência, viu surgir o atleta do século, campeão das Copas do Mundo de 1958, 1962 e 1970. O documentário Pelé Eterno (Brasil, 2004) conta a trajetória do craque, trazendo os principais gols, dribles e demais lances de sua carreira.

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CREUZA MARIA PEREIRA BATISTA DE VOLTA REDONDA (RJ), NASCIDA EM 11/04/1947 Fui professora de jardim da infância e me divertia muito. Na semana da criança, levava os alunos para nadar na piscina de casa. Hoje, às vezes, alguns homens enormes me chamam na rua: “tia Creuza!”. Sou casada há quase 40 anos, tive quatro filhos e quatro netos. Cuido dos dois mais novos para os pais trabalharem. Adoro reviver a rotina de fraldas e mamadeiras. É como um recomeço.

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© fotos 1 tiago lima 2 leo caldas 3 anna fischer

...pôde acompanhar o surgimento da TV no Brasil, em 1950. Para matar a saudade de um dos programas mais famosos da época, que ficou no ar até 1970, veja a vinheta de abertura d’O Seu Repórter Esso: http://bit.ly/GBVrTJ

...quando chegou à juventude, nos anos 1960, viu ser lançada no Brasil a pílula anticoncepcional, que promoveu uma revolução nos hábitos sexuais. Leia sete curiosidades sobre esse medicamento: bit.ly/dqgpTu

...viveu a maior parte da sua vida sob a Guerra Fria, entre 1945 e 1991, quando o mundo esteve dividido em dois blocos. O livro História da Guerra Fria (Nova Fronteira), de John Lewis Gaddis, explica o conflito.


46 aprenda e ensine

Rotina verde

Você é um consumidor consciente? Confira oito dicas para tornar mais sustentáveis suas idas ao mercado – e a maneira como você usa os produtos lá comprados texto Alex Xavier e Dilson Branco

ilustração juliana russo

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Tem de ser de carro? Em determinados horários e para certos trajetos, o carro não é a melhor opção. Ao ir ao mercado (ou a qualquer outro destino) a pé, de bicicleta ou de transporte coletivo, você polui menos, economiza e ainda pode chegar mais rápido e com menos estresse.

1 Santa listinha

Jogamos fora um terço dos alimentos perecíveis que compramos. Evitar isso pode ser simples: faça uma lista de compras com os itens de que você realmente precisa e não encha o carrinho movido pela impulsividade. Assim, você não desperdiça os recursos naturais e poupa seu dinheiro.

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Ajudar quem precisa Sustentabilidade também significa responsabilidade social. Que tal incluir nas suas compras algum produto para doação? Ou doe algo que você já tem e que não usa mais.


por Exemplo

5 Energia racional

3 Ficha limpa

Optar por uma marca de produto nas compras é estimular as práticas do fabricante. Afinal, damos dinheiro para ele. Como suas marcas preferidas agem em relação à sustentabilidade? Uma rápida pesquisa na internet pode mostrar quem merece sua fidelidade.

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4 Descartável centenária A sacolinha plástica leva centenas de anos para se decompor. Prefira bolsas reutilizáveis. E, se pegar as descartáveis, encaminhe-as à reciclagem. Para embalar lixo, a melhor opção são os sacos biodegradáveis, que se decompõem mais rápido.

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o destino das embalagens

Dos 700 gramas de lixo que o brasileiro produz diariamente, reciclamos só 5%. Informe-se na prefeitura de sua cidade se há coleta seletiva na sua rua. Ou leve o lixo limpo às lojas do Extra. Veja onde fica a mais próxima: bit.ly/pWf3Rl

Você chega em casa e vai guardar as compras na geladeira. Cuidado para não deixá-la aberta por tempo desnecessário. É uma maneira de poupar energia. Outra dica importante é trocar as lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes, que duram mais e gastam menos.

6 Comida não é lixo

No Brasil, 26 milhões de toneladas de comida vão para o lixo todo ano. Experimente aproveitar os ingredientes integralmente: cascas de frutas, por exemplo, batidas com água no liquidificador, rendem bons sucos. E casca de ovo triturada é um ótimo adubo para suas plantas.


48 agradeço

Lição materna Ela é a primeira e mais importante professora. Faz de cada dia uma aula, e da vida, a maior escola. Celebre sua mãe, e agradeça por tudo o que ela lhe ensinou! texto Alex Xavier, Dilson Branco e Juciana Gurgel foto filipe acácio

Mesmo antes de nascer, já estamos aprendendo com nossa mãe. Dentro de sua barriga, protegidos do mundo exterior, entendemos que ela é nossa fonte de segurança, uma pessoa com quem sempre poderemos contar, independentemente do tamanho da dificuldade. E essa lição primordial, no decorrer da vida, vai abrir caminho para inúmeras outras. Alguns ensinamentos ficam armazenados em espaços tão profundos da memória que chegam a preservar o timbre com que nos foram passados. Com nossas mães aprendemos a ser cautelosos (“cuidado na escada”) , educados (“não brinque com a comida”), prevenidos (“leve um agasalho, pois vai esfriar”), organizados (“já fez a lição?”)... E quebramos a cabeça quando elas querem nos convencer de que, de vez em quando, ao contrário, devemos ser destemidos, relaxados, criativos e maleáveis. Em algum momento, percebemos que elas não são super-heroínas. Nos surpreendemos com seus defeitos. Mas é justamente quando as encaramos como pessoas normais, limitadas pela condição humana, que valorizamos o incrível trabalho de que elas são capazes para contribuir de forma crucial com nossa formação. Confira na página ao lado uma série de depoimentos em que filhos reconhecem os melhores legados maternos que receberam. E aproveite para refletir: o que de mais importante você aprendeu com sua mãe?


por Exemplo

Minha mãe é morena, e meu “paidrasto”, branco. Ela sofreu muito com piadas racistas, tanto no trabalho quanto na família, e sempre se posicionou contra os estereótipos. Assim, na prática, nos ensinou que os valores das pessoas não estão atrelados à cor da pele, mas, sim, ao que elas são por dentro. Tatiana de Oliveira, 27 anos, Fortaleza

tatiana (a 3ª da esq. para a dir.) aprendeu em casa que a cor da pele não nos faz melhores nem piores

Quando eu tinha 7 anos, quis surpreender minha mãe. Observei como ela fazia o arroz e tentei imitar. Ficou horrível. Cru, salgado e queimado. Ela jogou tudo fora, mas gostou tanto da iniciativa que decidiu me ensinar a cozinhar. Aos poucos, passou receitas simples, como arroz, feijão, ovo frito e macarrão. Resolvi fazer o mesmo com a minha filha e, aos 10 anos, ela já é uma cozinheira de mão-cheia. Betânia Magalhães, 35 anos, Brasília

Para me ensinar o valor do dinheiro, minha mãe começou a me dar mesada, uns R$ 5 por semana. Só então comecei a prestar atenção em quanto custava um álbum de figurinhas e quantas semanas demoraria para conseguir comprá-lo. Aprendi tão bem a economizar que, hoje, quando minha mãe precisa, sou eu quem lhe empresta dinheiro. Thiago Pires, 28 anos, Brasília

Minha mãe morreu com 101 anos e sempre me ensinou a ter respeito com os mais velhos. Aprendi que, por possuir mais experiência, eles são mais sábios. E coloco esse ensinamento em prática até hoje. Alibânio Barbosa, 75 anos, Maracanaú (CE)

Aprendi com minha mãe que tudo tem um jeito, mesmo que demore para ficar claro. Ela tinha 19 anos quando nasci. E, dois anos e meio depois, teve meu irmão. Hoje, vejo quão difícil deve ter sido. Ela trabalha desde os 12 anos, fez faculdade aos 38, tem dois trabalhos – e ainda arranja tempo para ser atenciosa com os filhos e aproveitar a vida. Denise Aires, 28 anos, São Paulo

Quando era adolescente, minha mãe perdeu a chance de fazer um intercâmbio porque meu avô viu na chuva um empecilho para ir à agência de viagens. Desde então, ela prometeu nunca se abater pelo mau tempo. E me passou essa lição não só no discurso como também na prática, me levando, ainda criança, para ajudar vítimas de enchentes. Jaqueline Li, 29 anos, São Paulo

Confiança conquista mais respeito do que medo. Aprendi isso com minha mãe. Eu seguia as regras mais por receio de decepcioná-la do que de levar bronca do meu pai. Passei esse valor para meus filhos. E temos uma ótima relação. almeri sousa, 57 anos, Goiânia

Minha mãe nunca tentou influenciar em minhas decisões nem me impedir de fazer escolhas que me levassem para longe. Foi assim que aprendi a me virar sozinha e conquistei a independência pelo meu próprio esforço. Jéssica Martineli, 29 anos, São Paulo

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Uma das coisas que minha mãe me ensinou desde que eu era bem pequena foi a não mentir. Eu nunca a vi fazer isso. Nas novelas da televisão, as pessoas sempre enganam as outras. Mas ela me diz que é feio. Por isso, sempre digo a verdade. Laís Bezerra, 10 anos, Fortaleza A minha mãe sempre fez parte de movimentos sociais, assembleias, sindicatos. Graças a ela, eu me vi nas manifestações dos caras-pintadas, no início dos anos 1990. Também acabei militando por um partido político. Giuliano Vasconcelos, 37 anos, Brasília Aprendi com minha mãe a não ter preguiça e a não esperar que os outros façam tudo por mim. Tento passar esses valores para minhas filhas, mal-acostumadas com as facilidades da vida moderna. Sempre que elas reclamam de ter de lavar a roupa, digo que, na idade delas, eu batia lençol na pedra do riacho. Raquel Alves Sobrinha Neto, 47 anos, Brasília Minha mãe criou 13 filhos em um sítio pequeno de Minas Gerais e dava muito valor à terra, pois dali tirava o nosso sustento. A primeira coisa que ela me ensinou foi a cultivar alho. E, depois, laranja, mexerica, limão, manga, flores... Até hoje tenho afinidade com plantas. E acho magnífico como nosso carinho pode fazê-las germinar e crescer, como se fossem filhos. Maria Lucia de Oliveira, 47 anos, Diadema (SP)

A quem você gostaria de agradecer por ter-lhe ensinado algo importante? Conte para a gente! Veja nossos contatos na página 7.


50 sempre é tempo

Destino: novidade! Viva experiências diferentes: qual foi a última vez em que você fez algo inédito? texto Juciana Gurgel, Dilson Branco e Alex Xavier foto Fabio Melo

Em janeiro, pela primeira vez depois de adulta, viajei só com a família. Fomos a Bertioga, onde meu pai morou na infância. Entramos na cachoeira, tomamos chuva na trilha, fritamos peixe ouvindo LPs do Roberto Carlos e tiramos fotos em poses divertidas. Vou guardar para sempre essas experiências que vivi com meus pais e minhas irmãs. Nataly Santos, 27 anos, Ribeirão Preto (SP)

Conte sua última estreia para a gente! Veja nossos contatos na página 7.

Promovi uma seresta em uma casa de repouso para idosos. Com a ajuda de músicos e amigos, o tão sonhado evento enfim aconteceu. Mais de 100 velhinhos dançaram, cantaram e brincaram por três horas, balançando o salão. Até internos de cadeira de rodas caíram na folia. Um deles disse que nunca havia participado de uma festa tão linda. Jamais me esquecerei dessa emoção! Elza Santos, 74 anos, Salvador

Em 2011, prestei meu primeiro vestibular, na Universidade de Brasília, para matemática. Infelizmente, não passei. Mas neste ano vou tentar de novo. Aproveito para estudar enquanto não aparecem clientes na minha banquinha de picolé. Alguns fregueses me ajudam trazendo livros. Estou lendo um do Fernando Sabino. E na semana que vem vou começar a ler Machado de Assis, pela primeira vez. Ronaldo Rio, 32 anos, Brasília

Meu filho me deu um voo de parapente quando fiz 64 anos. Esperamos meses até conseguir um dia com tempo bom e em que ele pudesse me acompanhar. Com o instrutor, saltei do morro Voturuá, a 180 metros de altura, entre Santos e São Vicente. Ficamos 40 minutos no ar. Vi a orla, os navios, a praia e os prédios. Eu me senti uma gaivota. Aprendi a não abrir mão das oportunidades que aparecem. Carlos Gama, 65 anos, Santos (SP)

Nunca pensei muito em me casar. Muito menos de véu e grinalda. Mas a última vez em que fiz algo pela primeira vez foi exatamente assim. Fiquei meses organizando tudo e, quando vi, estava imaginando esse dia até dormindo. Espero que as palavras do padre fiquem entre nós para sempre, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, para a gente construir uma família feliz. Fernanda Chaves, 36 anos, Fortaleza


por Exemplo

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