revista REVISTA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FARMACÊUTICOS MAGISTRAIS - ANO 25 - SET/OUT/NOV/DEZ/ 2018 - Nº 114
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FARMACÊUTICOS MAGISTRAIS - ANO 25 - SET/OUT/NOV/DEZ 2018 - Nº 114
Fluxo contínuo Sistema digestório é porta de entrada para energia e nutrientes essenciais Alterações no seu funcionamento impactam o equilíbrio de todo o organismo
Conselho de Administração 2018 - 2019 Marcelo Brasil do Couto
RR
AP
AM
PA
MA
CE PI
AL
José Elizaine Borges
Andrea Kamizaki Lima
GO MG
SP
RS
Ademir Valério da Silva SP
Elpídio Nereu Zanchet
Adolfo Moacir Cabral Filho
Diretoria
Adolfo Moacir Cabral Filho SC
Marco Antônio Perino
Ademir Valério da Silva
Silvia Muxfeldt Chagas
Vice Presidente
Gelza Rúbia Rigue de Araújo
SC
Marina Sayuri Mizutami Hashimoto
Vice Presidente
RJ
PR
Márcia Paula Ribeiro Arão
Presidente
Denise de Almeida Martins Oliveira
ES
MS
Carlos Alberto Pinto de Oliveira
Rogério Tokarski
Cláudia Cristina Silva Aguiar
BA
MT
Evandro Tokarski
PB SE
RO
Cybele Moniz Figueira Farias Santos
RN
PE
TO
AC
Augusto César Queiroz de Carvalho
Conselho fiscal Secretário
Augusto César Carlos Queiroz de Alberto Pinto Carvalho de Oliveira PE DF
Membros efetivos
Eduardo Aranovich de Abreu RS
Rejane Alves Gue Hoffmann PR
Membros suplentes
Rodrigo Michels Rocha SC
Eduardo Célio Fernandes Carlos Tavares Colombo SP MT
Rebecka Bueno Abrahão SP
EDITORIAL
revista
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO GESTÃO 2018-2019 Presidente: Adolfo Moacir Cabral Filho (SC) Vice-presidentes: Ademir Valério da Silva (SP) e Augusto César Queiroz de Carvalho (PE/AL/PB) Secretário: Carlos Alberto Pinto de Oliveira (DF) Andrea Kamizaki Lima (MG) Claudia Cristina Silva Aguiar (BA/SE) Cybele Moniz Figueira Farias Santos (MT/AC/RO) Denise de Almeida Martins Oliveira (ES) Elpidio Nereu Zanchet (SP) Evandro Tokarski (GO) Gelza Rúbia Rigue de Araújo (RJ) José Elizaine Borges (GO/TO) Marcelo Brasil do Couto (PA/AP/AM/MA/RR) Márcia Paula Ribeiro Arão (MS) Marco Antônio Perino (SP) Marina Sayuri Mizutani Hashimoto (PR) Rogério Tokarski (DF) Sílvia Muxfeldt Chagas (RS) DIRETOR EXECUTIVO Marco Fiaschetti
REVISTA ANFARMAG
Rua Vergueiro, 1855 - 12o andar 04101-000 - São Paulo - SP contato@anfarmag.org.br www.anfarmag.org.br 11 2199-3499 CONSELHO EDITORIAL TÉCNICO Ana Lúcia Povreslo Ivan da Gama Teixeira Paula Renata Carazzato CONTATO COMERCIAL Simone Tavares relacionamento@anfarmag.org.br GERENTE TÉCNICO E DE ASSUNTOS REGULATÓRIOS Vagner Miguel EQUIPE DE FARMACÊUTICOS Jaqueline Watanabe, Lúcia Gonzaga, Luciane Bresciani, Tatiane Berbert e Valéria Faggion COORDENAÇÃO DE COMUNICAÇÃO Taís Ahouagi
REPORTAGEM E REDAÇÃO Clara Guimarães, Juliana Soares, Marcos dos Anjos e Núdia Fusco REVISÃO Melissa Marques
Adolfo Cabral Filho Presidente do Conselho de Administração da Anfarmag
Cuide bem do seu motor O sistema digestório é como o motor de um veículo. Ele recebe combustível, transforma essa matéria-prima e a direciona para o restante do corpo, gerando a energia que mantém o organismo em atividade. Dependendo da qualidade do combustível (alimentação) que adicionamos, ele pode funcionar melhor ou pior. Também pode vir com problemas “de fábrica” ou desenvolvê-los com o passar do tempo. O detalhe é que qualquer alteração no processo digestório afeta a forma como os nutrientes são absorvidos e tem o potencial de comprometer a saúde e o bem-estar de forma mais ampla. Nesta edição da Revista Anfarmag, mostramos as principais afecções do trato digestório e as soluções que a farmácia magistral desenvolve com formulações personalizadas para prevenção, tratamento e manutenção da qualidade de vida de cada paciente, de forma única. Boa leitura! Adolfo Cabral Filho
ARTE E DIAGRAMAÇÃO Caio Cesar FOTOS Shutterstock.com e Divulgação IMAGEM DA CAPA: Shutterstock IMPRESSÃO: Meltingcolor Revista da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) destinada aos farmacêuticos magistrais, dirigentes e funcionários de farmácias de manipulação e de laboratórios; prestadores de serviços e fornecedores do segmento; médicos e outros profissionais de saúde; entidades de classe de todo o território nacional; parlamentares e autoridades da área de saúde dos governos federal, estadual e municipal. Artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da Anfarmag. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. É PERMITIDA A REPRODUÇÃO PARCIAL DO CONTEÚDO DA REVISTA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Periocidade: Quadrimestral Circulação: Nacional Tiragem: 6.000 exemplares Distribuição dirigida
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26 03 Editorial 06 Quem disse 10 Boca
Muito além dos dentes
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Intestino
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Inflamação
46 Enjoo
Para além do desconforto
50 Linha de frente
Oportunidade na adversidade
Ecossistema complexo
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Encarte Técnico
34 Fígado
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Pâncreas
• Atividade enzimática • Cálculos prebióticos e probióticos • Seleção de base para supositórios • Liberação bucal em afecções orofaríngeas • Entrega a domicílio de produtos manipulados • Aquisição de insumos • Prescrições odontológicas • Gestão de instrumentos de pesagem não automáticos - Parte I • Atendimento farmacêutico
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Proctologia
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Fluxograma
Etapas do atendimento farmacêutico
Caminho interditado
22 Laxante
Ele solta, mas cuidado para não prender
Visitas indesejadas
Que dor é esta?
Nossa maior e mais complexa glândula
26 Parasitas
30 Estômago
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De fora para dentro Um alívio possível
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QUEM DISSE
Dráuzio Varella Médico cancerologista, durante o Desenvolve Magistral – evento realizado pela Anfarmag em junho de 2018
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“É o farmacêutico quem atende a população diariamente, explica direitinho como usar o remédio e medir a pressão, encaminha para o médico quando a pressão está alta etc. Temos toda essa rede de farmácias distribuídas pelo Brasil, mas o farmacêutico ainda é um profissional muito pouco consultado no país. O sistema de saúde não pode prescindir desses profissionais, que estão preparados para fazer o primeiro atendimento dos pacientes. Temos que levar em consideração que a população está envelhecendo – e envelhecendo mal. Metade chega aos 60 anos hipertensa. Diabetes é uma epidemia. São problemas graves, que podem evoluir para alterações vasculares, amputação, infarto. Por isso, os tratamentos personalizados são um campo que vai se desenvolver demais no futuro. O trabalho de vocês, das farmácias de manipulação, é fundamental. Hoje morre alguém com 70 anos e dizemos que morreu novo. Nosso corpo vai durar e tem que ser bem tratado. Nosso objetivo, na saúde, é aliviar o sofrimento humano. Seja curando ou fazendo o tratamento paliativo.”
Há pessoas que têm que tomar cerca de oito medicações importantes todos os dias. É a polifarmácia. Mas elas se esquecem, fazem confusão com os horários e o tratamento não sai como deveria.
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POLIFARMÁCIA
BOCA
Muito alĂŠm dos dentes Diversas partes da cavidade oral podem sofrer com lesĂľes e feridas
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Lábios, língua, céu da boca, gengiva e bochecha estão vulneráveis a uma série de feridas e lesões que podem trazer desconforto, dificuldade para engolir e até para falar. Normalmente, essas afecções estão relacionadas a traumas mecânicos, como o fibroma e a hiperplasia fibrosa inflamatória. Já nas crianças, a mucocele é bastante comum, causada pela mordedura não intencional do lábio inferior. Há outras lesões bem conhecidas, como a estomatite aftosa (ou afta). Como explica a cirurgiã dentista doutora em patologia bucal, Ana Cláudia Garcia Rosa, de Palmas (TO), as aftas são úlceras que irrompem na boca com exposição do tecido conjuntivo. “Nesses quadros, o paciente sente muita dor. A etiologia é desconhecida, mas sabe-se que alguns fatores estão relacionados às aftas, tais como baixa imunidade; deficiências nutricionais – a exemplo de vitamina B12, ferro e ácido fólico –, problemas gástricos e estresse”, lista a profissional, que é membro da Associação Brasileira de Odontologia. Segundo ela, o tratamento pode envolver o uso pontual, sobre as lesões, de corticosteroides tópicos, como o acetonido de triancinolona e a betametasona dipropionato ou valerato. Além disso, para proteger a mucosa, formulações mucoadesivas contendo carboximetilcelulose, gelatina, pectina e óleo mineral associados a corticoides (acetonido de fluocinolona ou acetonido de triancinolona) podem ser aplicadas para prevenir o agravamento das ulcerações. Já os colutórios contendo cloridrato de tetraciclina e clorexidina digluconato para bochecho são eficientes em ulcerações maiores.
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BOCA SAÚDE MENTAL
Candidíase oral
Ana Cláudia também chama a atenção para outra condição oral: a candidíase pseudomembranosa (conhecida como sapinho), que tem como sintoma o aparecimento de placas esbranquiçadas. A cândida é um fungo que faz parte da microbiota normal do corpo humano, e sua manifestação relaciona-se à baixa imunidade, uso crônico de alguns medicamentos ou carência nutricional. “O tratamento mais indicado é corrigir os fatores predisponentes e usar antifúngicos tópicos, como a nistatina e o nitrato de miconazol”, afirma.
Soluções magistrais
A farmacêutica Márcia Reus, mestre em Ciências Farmacêuticas e coautora, junto com o farmacêutico Gerson Appel, do livro Formulações Aplicadas à Odontologia, explica que a farmácia magistral oferece inúmeras possibilidades para
o tratamento farmacológico de lesões bucais. “Uma das grandes vantagens de usar produtos manipulados na odontologia é a possibilidade de criar associações sinérgicas, ou seja, (reunir) em um único produto substâncias que têm ações complementares. Além disso, na farmácia manipula-se a quantidade exata a ser utilizada”, comenta. O processo magistral ainda permite que a viscosidade dos produtos seja modificada. Como a mucosa bucal é um tecido úmido e com baixa aderência, os dentistas podem demandar produtos em forma de gel ou pomada para tratar melhor essa região. “Também é possível preparar cremes dentais para alívio de aftas, adicionando extratos e tintura de calêndula e malva na fórmula. Esses produtos são mais aceitos pelos pacientes, pois não agridem a mucosa. Crianças se beneficiam de pastas dentais manipuladas porque esses produtos podem ter cor e sabor mais agradáveis e sem flúor, cuja ingestão não é recomendada para os menores”, afirma.
O QUE FORMULAR? Pomada mucoadesiva anestésica e anti-inflamatória Acetonido de triancinolona..................................................................................................................0,1% Cloridrato de lidocaína..........................................................................................................................1% Pomada mucoadesiva * qsp ................................................................................................................10g * Saiba mais no material on-line.
Posologia: a critério do profissional habilitado, aplicar uma pequena quantidade topicamente sobre a lesão sem esfregar, até que se forme uma película fina sobre a mesma, de 1 a 2 vezes ao dia. Uso externo. Indicação: tratamento auxiliar e para alívio temporário de sintomas associados a lesões inflamatórias orais e lesões ulcerativas resultantes de traumas. Fonte: Ferreira, A. O.; Brandão, M. A. F. e Polonini, H. C. Guia Prático da Farmácia Magistral, 5ª edição, Volume 1. Juiz de Fora: Editar, 2018.
O QUE FORMULAR? Cloridrato de tetraciclina.................................................................................................................125mg Nistatina.........................................................................................................................................11,25mg Cloridrato de difenidramina...........................................................................................................12,5mg Hidrocortisona base...............................................................................................................................2mg Base para pastilha* qsp...............................................................................................................1 unidade * Veja sugestão de base no material on-line.
Posologia: a critério do profissional habilitado, chupar 1 pastilha e manter a saliva próxima aos locais doloridos na boca, sem engolir, 1 vez ao dia ou a critério do médico ou dentista. Uso local. Indicação: afta e estomatite. Fonte: FERREIRA, A. O.; BRANDÃO, M. A. F. e POLONINI, H. C. Guia Prático da Farmácia Magistral, 5ª edição, volume 1. Juiz de Fora: Editar, 2018.
Saiba mais on-line: Encontre sugestões de formulações e dicas farmacotécnicas em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line 12
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INTESTINO
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Ecossistema complexo Quadros como a síndrome do intestino irritável e a disbiose são sinais de que a microbiota intestinal pode estar alterada
Por muito tempo, as bactérias que colonizam o nosso intestino e contribuem para o funcionamento das funções gastrointestinais foram conhecidas como flora intestinal. Mais recentemente, a nomenclatura mudou para microbiota. São milhares os tipos de microorganismos que vivem por ali, sendo simultaneamente colaboradores e dependentes do estado de saúde geral do indivíduo. Ou seja, uma microbiota saudável é sinal de que está tudo em ordem e, quando há algum desequilíbrio com esses microorganismos, é possível sentir os efeitos no corpo. Alimentação, estilo de vida e nível de estresse impactam no estado geral do intestino. Também é importante ressaltar que, assim como cada indivíduo é único, a microbiota também é. “Não há um padrão definido, com características que indiquem se o intestino está saudável ou não. A microbiota irá variar de acordo com a idade e com a dieta. Mesmo entre uma população de hábitos semelhantes, a alteração de indivíduo para indivíduo pode ser grande”, explica Raul Carlos Wahle, gastroenterologista e membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia. Quando as bactérias patogênicas interferem no funcionamento da microbiota, ocorre o quadro de disbiose, caracterizado por um conjunto de desconfortos na região abdominal, como má digestão, flatulência e alteração do trânsito intestinal. “Isoladamente não chega a ser uma patologia, é um aspecto clínico que não tem marcador laboratorial, mas os sintomas podem compor outros quadros de disfunções intestinais”, destaca Wahle.
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INTESTINO
Síndrome do Intestino Irritável
Uma das condições relacionadas à disbiose é a síndrome do intestino irritável (SII) – distúrbio multifatorial que pode ter sintomas de constipação ou de diarreia associados à dor abdominal atenuada após a evacuação. “Além das alterações da microbiota, que são de análise mais complexa, a SII é uma condição sazonal, que tem períodos de melhora e de piora, também relacionada a fatores estressores, como a ansiedade”, explica o médico.
Orquestra corporal
Para cuidar do intestino o ideal é um tratamento diversificado. De acordo com Wahle, o principal é que o paciente tenha consciência da importância da mudança de estilo de vida, com readequações nutricionais, prática de atividades físicas e investigação de possíveis intolerâncias alimentares. “O tratamento é como se fosse uma orquestra, com fatores que atuam em diversas frentes”, explica Wahle. Ele destaca que o tratamento é essencialmente sintomático, visando à normalização do hábito intestinal e à redução da dor abdominal. “Também é possível usar os probióticos, desde que a prescrição seja personalizada, como adjuvante. Hoje temos uma gama grande disponível e ainda há muitos estudos em andamento”, acrescenta. Além disso, há evidências de que uma dieta rica em fibras solúveis como o Psyllium, combinada com ingestão suficiente de líquidos, pode aliviar o problema. Já as fibras insolúveis podem exacerbar os sintomas e provocar inchaço, distensão e flatulência.
Tratamento medicamentoso para sintomas específicos da Síndrome do Intestino Irritável • Dor: paracetamol, Bifidobacterium infantis, antiespasmódicos e óleo de hortelã, antidepressivo tricíclicos (cloridrato de amitriptilina, cloridrato de desipramina); inibidores seletivos da recaptação de serotonina (bromidrato de citalopram e cloridrato de paroxetina). • Constipação: fibras solúveis com ingestão de água (Psyllium), Bifidobacterim lactis, laxantes osmóticos. • Diarreia: cloridrato de loperamida. Fonte: World Gastroenterology Organization, 2015
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Uso de probióticos
O doutor em Microbiologia e CEO da Microbiota Scientific Solutions, Bruno Zylbergeld, de São Paulo, destaca que “ainda não existe um protocolo para prescrição de probióticos, que deve ser sempre definida pelos registros dos artigos acadêmicos sobre o tema”. Normalmente são administrados em cápsulas ou em sachês. A concentração e a quantidade devem seguir a literatura científica. De maneira geral, os probióticos podem agir na redução do crescimento das bactérias patogênicas por competição de espaço e alimento, pelo estímulo celular direto do sistema imunológico, pela fermentação de substâncias nutricionais benéficas – como fibras solúveis e vitaminas – e pelo aumento da massa bacteriana não patogênica. Nesse sentido, podem ser uma ferramenta para melhorar a disbiose e a SII. “No Brasil já temos 40 espécies de probióticos, mas é muito importante lembrar que o paciente poderá impactar muito mais a sua microbiota com a alteração da alimentação”, pontua. Bruno Zylbergeld cita as principias cepas já testadas, divididas por ação: capacidade de produzir lactoperoxidase (Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus rhamnosus, Lactobacillus reuteri) e colonização do cólon intestinal (Bidobacterium bifidum, Bidobacterium lactis e Bifidobacterium animalis).
O QUE FORMULAR? Benefícios terapêuticos dos probióticos em pacientes com síndrome do intestino irritável: Lactobacillus plantarum
Uma dose diária de 5,0 x 107 UFC/ml por 4 semanas.
Melhora dos sintomas da dor, constipação, diarreia e flatulência.
Lactobacillus reuteri
Duas doses diárias de 1,0 x 108 UFC/ml por 1 semana.
Redução da constipação.
Lactobacillus acidophilus
Uma dose diária de 2,0 x 109 UFC/ml por 4 semanas.
Redução significativa da dor abdominal e do desconforto.
Fonte: RUIZ, K. Nutracêuticos na Prática – Terapias Baseadas em Evidências, 2ª edição. São Paulo: Medfarma, 2017.
O QUE FORMULAR? Lactobacillus acidophilus.............................................................................................................................20mg Lactobacillus bifidum.................................................................................................................................20mg Lactobacillus bulgaricus...............................................................................................................................20mg Lactobacillus casei....................................................................................................................................20mg Lactobacillus rhamnosus..............................................................................................................................20mg Excipiente qsp.....................................................................................................................................1 cápsula Posologia: a critério do profissional habilitado, 1 cápsula via oral pela manhã e à noite. Indicações: auxiliam a manutenção da flora bacteriana intestinal e estabilização do pH, a síntese de vitamina K e de vitaminas do complexo B. Melhoram a digestão dos alimentos e a biodisponibilidade dos nutrientes. Usados também nas infecções intestinais, terapia com antibióticos por tempo prolongado e alergias alimentares. Fonte: BATISTUZZO, J. A. O.; ITAYA, M. e ETO, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015.
Saiba mais on-line: Encontre sugestões de formulações e dicas farmacotécnicas em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line N 1 1 4 - S E T / O U T / N O V / D E Z 2 0 1 8 17
INFLAMAÇÃO
CAMINHO
INTERDITADO Inflamação no intestino pode levar a quadros de doenças crônicas, que merecem atenção e tratamento adequado
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INFLAMAÇÃO Processos inflamatórios são considerados grandes vilões da saúde como um todo. Quando a inflamação acomete o intestino de forma prolongada, pode evoluir para patologias particularmente incômodas, conhecidas como doenças inflamatórias intestinais (DII). Os dois quadros mais comuns são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. “Estima-se que existam mais de 2 milhões de pacientes com essas condições nos Estados Unidos. Homens e mulheres parecem ser afetados em igual proporção”, dimensiona Marta Brenner Machado, gastroenterologista e presidente da Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn. Essas condições acometem indivíduos de todas as idades, mas predominam em jovens com menos de 30 anos. A principal diferença está no grau de inflamação e na área que afetam: “A retocolite ulcerativa afeta apenas o cólon, a inflamação é máxima no reto e estende-se até o cólon de modo contínuo, sem nenhuma área de intestino normal poupada. Já a doença de Crohn pode afetar qualquer área do trato gastrointestinal, incluindo o intestino delgado, e pode haver áreas de intestino saudáveis entremeadas por áreas doentes”, explica Marta. Além de alterar a capacidade de absorção correta dos nutrientes, a inflamação no intestino pode reduzir o apetite. Por isso, os pacientes devem considerar as adequações nutricionais como forma de contribuir para a melhora do quadro geral. “Comidas suaves interferem menos que as condimentadas ou ricas em gorduras quando a doença está na fase ativa. Assim, recomenda-se restrição ao leite em pacientes com intolerância à lactose e dieta livre de conservantes, transgênicos e alimentos industrializados”, diz Marta.
Raio-X: Doença de Crohn O que é Doença inflamatória crônica e multifatorial do trato gastrointestinal. Pode afetar da boca ao ânus e também a região perianal. Principais sintomas Diarreia, dor abdominal, febre, emagrecimento, sinais de muco ou sangue nas fezes. Manifestações extra intestinais Olhos (vermelhidão, dor e coceira), boca (aftas), articulações (inchaço e dor), pele (alergias leves, formação de úlceras dolorosas e irritações, eritema nodoso e pioderma), ossos (osteoporose), rins (pedras), fígado (colangite esclerosante, hepatite autoimune, hidradenite e sacroileíte).
Raio-X: Retocolite Ulcerativa O que é Doença inflamatória crônica do intestino grosso, caracterizada por inflamação da camada superficial do cólon (mucosa). Principais sintomas Diarreia frequente com muco e sangue, dor anal, urgência evacuatória e cólicas em razão do aumento das contrações intestinais. Outras formas Quando afeta apenas a parte inferior do cólon é chamada de proctite ulcerativa. Se afetar apenas o lado esquerdo é denominada colite distal ou limitada e, se envolver todo o cólon, é pancolite, colite universal ou hemicolite esquerda. 20
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O papel dos nutracêuticos
Além do tratamento farmacológico, o uso de nutracêuticos pode fazer a diferença. A farmacêutica e consultora Esmeralda Lourenço, de São Paulo (SP), explica que essas substâncias ajudam na resposta que o indivíduo tem aos processos de preservação da mucosa, além de aumentar a imunidade e diminuir a inflamação. “Destaco a glutamina como a substância número um para esses casos. A dose preconizada é de 500mg, três vezes ao dia, mas é essencial que a prescrição esteja alinhada às demais decisões médicas”, comenta. De acordo com a farmacêutica, o uso de pool de probióticos associados a prebióticos (fibras solúveis) também pode ajudar no tratamento dos sintomas, assim como os aminoácidos de forma
geral, os ácidos graxos ômega-3, enzimas digestivas proteolíticas, antioxidantes (como Curcuma longa e resveratol) e a Glycyrrhiza glabra (licorice). “A vitamina D também desempenha um papel importante no combate à inflamação, portanto a reposição deve ser indicada quando o paciente apresentar níveis baixos da substância”, afirma. Nesse sentido, Esmeralda destaca a vantagem do uso de manipulados, uma vez que é possível adequar não apenas a forma farmacêutica para a condição em que o paciente se encontra, mas também restringir a presença de algumas substâncias nos excipientes ou veículos, como lactose, corantes e polióis, que podem interferir na recuperação do paciente.
O QUE FORMULAR? Cloridrato de tiamina (vitamina B1)........................................................................................................25mg Riboflavina (vitamina B2)........................................................................................................................10mg Cloridato de Piridoxina (vitamina B6)......................................................................................................30mg Pantotenato de cálcio (vitamina B5).......................................................................................................50mg Ascorbato de cálcio...............................................................................................................................200mg Lactato de cálcio.....................................................................................................................................50mg Aspartato de magnésio...........................................................................................................................25mg Ácido fólico...............................................................................................................................................1mg Acetato de retinol (vitamina A)............................................................................................................1500 UI Colecalciferol (vitamina D)....................................................................................................................100 UI Selênio mineral..............................................................................................................25mcg (microgramas) Zinco mineral..........................................................................................................................................10mg Excipiente qsp..................................................................................................................................1 cápsula Posologia: a critério do profissional habilitado, tomar 1 cápsula via oral 3 vezes ao dia antes das refeições. Indicações: suplemento nutricional para as doenças inflamatórias intestinais. Carências vitamínicas e minerais, quando houver comprometimento ileal e síndrome de má-absorção associada às doenças inflamatórias intestinais. Fonte: CRESPO, M. S. e CRESPO, J. M. R. e S. Formularium: compêndio de fórmulas magistrais, volume 1. São Paulo: LCM Livraria, 2002.
O QUE FORMULAR? Mesalazina (ácido 5-aminosalicílico, 5-ASA)........................................................................375mg a 750mg Base para supositório* qsp...........................................................................................................1 supositório * Veja sugestão de base no material on-line.
Posologia: a critério médico por via retal, administrar de 0,75g a 3g ao dia, divididas em 2 administrações; na proctite, usar supositório com 500mg ao deitar. Indicações: para doenças inflamatórias intestinais. Não deve ser usado em pacientes com insuficiência renal ou hepática grave ou hipersensibilidade aos salicilatos. Fonte: BATISTUZZO, J. A. O.; ITAYA, M. e ETO, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015.
Saiba mais on-line: Encontre sugestões de formulações e dicas farmacotécnicas em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line N 1 1 4 - S E T / O U T / N O V / D E Z 2 0 1 8 21
LAXANTE
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Ele solta, mas cuidado para não prender
Constipação crônica é uma vilã do aparelho digestório; uso de laxativo deve ser recomendada de forma cuidadosa A rotina de quem tem constipação crônica envolve dificuldade para evacuar, fezes grumosas ou endurecidas, sensação de obstrução ou de evacuação incompleta e gases. Não é uma doença, mas um sintoma. A condição está associada à baixa ingestão de fibras vegetais, hidratação insuficiente, sedentarismo, obesidade ou excesso de ingestão de carboidratos simples. Outras causas são a presença de diabetes, hipotireoidismo, inércia cólica (trânsito intestinal lento), distúrbios neurológicos específicos ou lesões de medula espinhal. De acordo com o gastroenterologista e clínico geral Juliano Antunes, de Belo Horizonte, pessoas que têm um controle evacuatório muito rígido, sobretudo aquelas com bloqueio voluntário dos mecanismos defecatórios, são fortes candidatas a desenvolver constipação crônica. Nos idosos, podem contribuir para o problema fatores como maior imobilidade, polifarmácia e comorbidades associadas, além da redução na ingestão de fibras e aumento da ingestão de carboidratos simples por dificuldades alimentares. Além disso, diversos medicamentos podem bloquear os mecanismos que promovem o peristaltismo. Os mais comuns são antiácidos (omeprazol, pantoprazol sódico sesqui-hidratado), betabloqueadores (cloridrato de propranolol), anticonvulsivantes (ácido valproico, carbamazepina, fenitoína), antidepressivos (cloridrato de nortriptilina, cloridrato de amitriptilina, cloridrato de venlafaxina, cloridrato de imipramina), analgésicos (opioides e escopolamina), diuréticos, anti-histamínicos, corticoides ou mesmo antidiarreicos (cloridrato de loperamida) e laxativos usados em excesso. O nutricionista Murilo Pereira, de Brasília (DF), que é especialista em microbiota intestinal, chama a atenção também para as escolhas alimentares. “Para funcionar bem, o órgão precisa de motilidade, ou seja, a capacidade de movimentar os alimentos. Algumas proteínas, como a beta caseína e a beta gliadina, que estão respectivamente presentes no leite e no queijo, devem ser evitadas para os indivíduos com constipação intestinal crônica”, explica. Essas proteínas foram descritas no Conselho Brasileiro de Alergias Alimentares de 2018, ao lado de proteínas do ovo, crustáceos, trigo, amendoim e sojas. “Indivíduos com intolerância a esses componentes devem evitá-los, já que modificam a integridade das células do intestino, alterando a permeabilidade do órgão”, detalha.
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LAXANTE
Fármacos
Segundo Juliano Antunes, os laxativos, que são classificados de acordo com a forma de ação (veja box), podem auxiliar no tratamento, mas com critério: “O uso deve ser individualizado, temporário e monitorado. Alguns agentes, como os hiperosmóticos, promovem uma perda excessiva de água, podendo causar desidratação e disfunção renal”. Já os agentes de volume ou fibras alimentares têm o potencial de gerar uma melhora duradoura. Além de promoverem bons hábitos intestinais, eles previnem o surgimento do câncer colorretal e podem melhorar o controle glicêmico e lipídico, conforme explica o especialista. “Os laxativos devem ser usados caso haja falha das medidas dietético-comportamentais: bons hábitos alimentares, hidratação, atividade física regular e ingestão de fibras”, conclui.
LAXANTES
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Tipo de substância
Ação
Lubrificantes e emolientes (óleo mineral e vegetais; docusato sódico)
Melhoram o trânsito por fazerem as fezes ficarem mais escorregadias. O docusato sódico é um emoliente com atividade surfactante que mistura gordura e água nas fezes.
Catárticos formadores de massa e/ ou coloides hidrofílicos (Psyllium, ágar-ágar, Amorphophalus konjac, carboximetilcelulose, polidextrose, policarbofila cálcica)
Fibras vegetais, farelos e sementes integram esse grupo. Devem ser ingeridos com bastante água. Previnem a impactação fecal sem causar hábitos, formando massas mais macias e avolumadas, normalizando a constipação. Ideais para uso a longo prazo.
Catárticos estimulantes ou irritantes: óleo de rícino, aloína, bisacodil, dantron, picossulfato e os fitoterápicos Rhammus purshiana (cáscara sagrada), Cassi angustifólia (sene), Rhamnus frangula (frângula).
Inibem a absorção de água e eletrólitos pelo intestino e estimulam a motilidade. São estimulantes do peristaltismo.
Agentes osmóticos ou salinos (fosfato de sódio, lactulose, polietlenoglicol 4000 ou 3350, também conhecido como macrogol. Substâncias como sais de magnésio, de sódio, sorbitol e glicerina também se encaixam nessa categoria).
Promovem uma hiperosmolaridade no cólon, melhorando o trânsito intestinal. Nos hiperosmóticos ocorre a atração da água por meio de osmose, aumentando a quantidade de água presente na luz intestinal. A lactulose promove o aumento da pressão osmótica e a acidificação do conteúdo intestinal, promovendo o amolecimento das fezes. O macrogol (polietilenoglicol 3350) é um agente osmótico que provoca a retenção de água nas fezes, intensificando o peristaltismo e amolecendo-as.
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O QUE FORMULAR? Pó para reconstituição oral contendo Psyllium Plantago psyllium...................................................................5g Excipiente para reconstituição oral* qsp.....................1 envelope * Veja sugestão de excipiente no material on-line.
Posologia: a critério do profissional habilitado, diluir um envelope em água, sucos ou leite, e tomar por via oral de 1 a 2 vezes ao dia. Deve ser ingerido imediatamente, pois o aumento de volume de mucilagem deve ocorrer no intestino. Indicações: na constipação crônica, em colites e diverticulites. O Plantago psyllium contém l-arabinose, d-xilose, ácido galacturônico, fibras, mucilagens e óleos. Tem ação laxativa mecânica suave, pelo aumento da emoliência das fezes. Fonte: BATISTUZZO, J. A. O.; ITAYA, M. e ETO, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015.
O QUE FORMULAR? Pó para reconstituição oral contendo Polidextrose Polidextrose.............................................................................2g Excipiente para reconstituição oral* qsp....................1 envelope * Veja sugestão de excipiente no material on-line.
Posologia: a critério do profissional habilitado, mistura-se em água, sucos ou leite o conteúdo de 1 envelope e toma-se por via oral, 2 vezes ao dia. Indicações: carboidrato de alto peso molecular, polímero da glicose, com ação similar à das fibras alimentares solúveis, não sofrendo hidrólise no estômago. Tem ação prebiótica sobre a flora intestinal, diminuindo a população de bacteroides e aumentando a de Lactobacillus e de bifidobactérias, melhorando, assim, a função intestinal. Fonte: BATISTUZZO, J. A. O.; ITAYA, M. e ETO, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015.
Saiba mais on-line: Encontre sugestões de formulações e dicas farmacotécnicas em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line
PARASITAS
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VISITAS INDESEJADAS Medidas de higiene, cuidado no preparo de alimentos e tratamento farmacológico têm alto índice de efetividade no combate às parasitoses intestinais Em pleno século XXI, o Brasil ainda não conseguiu universalizar o saneamento básico. Para se ter ideia, Minas Gerais, Paraná e São Paulo são os únicos estados que contam com coleta de esgoto em mais de 70% das habitações, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Mesmo nesses locais, o tratamento dos rejeitos é precário. O déficit sanitário tem efeitos sobre a saúde pública. A prevalência de parasitas intestinais na população é um exemplo desse quadro, como explica o médico de Família e Comunidade e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Daniel Knupp, que atua em Belo Horizonte (MG). Estima-se que os parasitas causem enfermidades em aproximadamente 450 milhões de pessoas ao redor do mundo, principalmente nas crianças.
Agentes infecciosos
Os parasitas intestinais humanos mais prevalentes no Brasil podem ser divididos em famílias e gêneros. Entre os céstodos (vermes planos), há a Taenia saginata e a Taenia solium, cuja doença intestinal é adquirida pelo consumo de carne bovina e suína crua ou mal passada. As teníases também podem assumir a forma extraintestinal, que é a cisticercose – doença de elevada morbimortalidade, em particular quando neurológica. A cisticercose é transmitida pelo consumo de ovos da tênia, presentes nas fezes do agente com a teníase intestinal, sejam fezes humanas, na autoinfecção, ou fezes de bovinos e suínos, no consumo de alimentos vegetais que não foram adequadamente higienizados. Entre os céstodos, também é importante lembrar da infecção pelo Hymenolepis nana, de ciclo parecido com o da tênia, mas com predominância de transmissão fecal oral, em particular entre as crianças. Há também o grupo dos vermes cilíndricos, os nemátodos, representados principalmente pelo Ascaris lumbricoides, o Necator americanus, o Strongyloides stercoralis, o Ancylostoma duodenale e a Larva migrans. “Esses ainda têm uma prevalência bastante considerável”, afirma Knupp. Além deles, vale citar Giardia lamblia, Ascaris lumbricoides, Trichurus trichiura e Ancylostomas duodenais, comuns em crianças pré-escolares. Menos frequentes, são o Strongyloides stercoralis, o Enteroius vermiculares e o Schistossoma mansoni.
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PARASITAS
Soluções farmacológicas
Mebendazol, albendazol, ivermectina e tiabendazol são os princípios ativos mais utilizados. Além deles, há o praziquantel, fundamental no tratamento da Schistossoma mansoni (esquistossomose). A substância ainda é efetiva contra teníase, incluindo a cisticercose. Já a ivermectina e o tiabendazol são recomendados para o tratamento de infecção por Strongyloides stercoralis. Também é interessante lembrar da nitazoxanida, que é
boa opção nas infecções por nemátodos. “Muitos desses fármacos fazem parte da Relação Nacional de Medicamentos”, afirma Daniel Knupp. Caso seja necessário realizar adaptações de dose ou forma farmacêutica, a farmácia pode realizar a transformação. Isso porque uma vantagem da utilização de manipulados é a individualização de doses e a disponibilidade de formas líquidas orais, que são mais aceitas pelas crianças.
O QUE FORMULAR? Xarope oral de cloridrato de levamisol 40mg/5ml Cloridrato de levamisol*.........................................................................................................................0,944g Água destilada preservada com parabenos**............................................................................................5ml Flavorizante tutti-frutti, groselha ou framboesa.......................................................................................0,5ml Xarope simples ** qsp............................................................................................................................100ml *Levamisol: usado na forma de cloridrato di-hidratado, em doses equivalentes à base (Feq=1,18). ** Veja mais informações no material on-line. Soluções hipertônicas não devem ser utilizadas em recém-nascidos.
Posologia: a critério médico em crianças até 1 ano de idade, 40mg; crianças de 1 a 7 anos – 80mg; crianças acima de 7 anos e adultos – 150mg em dose única ao deitar. Indicação: anti-helmíntico para tratamento da ascaridíase (Ascaris lumbricoides). Para adultos e crianças com mais de 1 ano de idade. Fontes: FERREIRA, A. O. e SOUZA, G. F. Preparações orais líquidas, 3ª edição. São Paulo: Pharmabooks,2011. BATISTUZZO, J. A. O.; ITAYA, M. e ETO, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015.
O QUE FORMULAR? Mebendazol............................................................................................................................100mg a 200mg Excipiente qsp..................................................................................................................................1 cápsula Posologia: a critério médico, na infestação por nematódeos (adultos e crianças) – 100mg, 2 vezes ao dia por via oral, durante 3 dias consecutivos; na infestação por cestódeos – adultos 200mg, 2 vezes ao dia por via oral; crianças 100mg, 2 vezes ao dia por via oral, durante três dias consecutivos. Repetir o mesmo esquema após 2 semanas. Indicações: anti-helmíntico para tratamento nas infestações por nematódeos e cestódeos. Fonte: BATISTUZZO, J. A. O.; ITAYA, M. e ETO, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015.
Saiba mais on-line: Encontre sugestões de formulações e dicas farmacotécnicas em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line
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ESTÔMAGO
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Que dor é esta? Sintomas comuns podem revelar presença de disfunções gastrointestinais na parte superior do abdômen
Desconfortos na região superior do abdômen, a famosa “dor de estômago”, são bem comuns, mas nem por isso menos graves. Podem estar associados a diferentes disfunções gastrointestinais do trato superior, como o refluxo gastroesofágico, a dispepsia funcional, a gastrite e a úlcera péptica. Eventualmente, mesmo doenças malignas podem se apresentar com os mesmos sintomas. Cada quadro apresenta características específicas, mas há um fator em comum: são doenças ácido-pépticas, cuja fisiopatologia está associada à presença do ácido clorídrico e da pepsina, uma protease encontrada no suco gástrico. De acordo com o médico assistente do Departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Ricardo Barbuti, estima-se que o refluxo atinja 20% da população, e o número pode chegar a 30% para a dispepsia funcional, mais conhecida como gastrite nervosa.
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ESTÔMAGO
Qual é qual?
A doença do refluxo gastroesofágico é o quadro orgânico mais comum do tubo digestório. Manifesta-se por uma alteração na válvula que separa o esôfago do estômago, que deixa de funcionar adequadamente, permitindo que o suco gástrico volte para o esôfago. O esôfago passa a ser agredido por material gástrico, podendo causar até problemas respiratórios. “É uma patologia crônica, pois a válvula não volta a funcionar normalmente”, explica Barbuti. Já as úlceras podem ser causadas pela infecção da bactéria Helicobacter pylori no estômago, ou são relacionadas ao uso excessivo de anti-inflamatórios, que diminuem a produção da prostaglandina e, portanto, reduzem a defesa do estômago frente ao ácido que ele mesmo produz, proporcionando o surgimento de feridas. Por fim, a dispepsia funcional é diagnosticada quando não há alterações visíveis em exames de endoscopia, sangue ou fezes. “Não necessariamente há uma inflamação, mas o paciente sente dores muito semelhantes às da gastrite”, destaca o médico.
Como tratar?
Bloqueadores de receptores H2 da histamina (anti-histamínicos): atuam nas células produtoras de ácido no estômago (exemplos: cimetidina, cloridrato de ranitidina e famotidina). Inibidores da bomba de prótons: realizam a supressão ácida gástrica (exemplos: omeprazol, lansoprazol, pantoprazol sódico sesquiidratado, rabeprazol sódico e esomeprazol magnésio di-hidratado). Cicatrizantes: subcitrato de bismuto e sucralfato. Antibacterianos (Heliobacter pylori): amoxicilina tri-hidratada, claritromicina. Bloqueador dopaminérgico, atiemético e estimulante peristáltico: é indicado para os casos de dispepsia, maleato de domperidona e cloridrato de metoclopramida. Também pode ser recomendado o uso de antidepressivos e analgésicos viscerais para pacientes com dispepsia funcional.
Comida de verdade
Para Rute Mercurio, nutricionista funcional com atuação em São Paulo (SP), a principal questão está em reconhecer a causa. “Qualquer processo inflamatório que ocorre no corpo tem início no intestino e se torna uma condição sistêmica devido à modulação inadequada das células T-Helper, que são balanceadas de acordo com o que o indivíduo come e bebe. Essas células estão diretamente relacionadas ao funcionamento do sistema imunológico, também responsável pela inflamação”, explica. Sendo assim, nos casos da gastrite e do refluxo gastroesofágico, algumas mudanças podem ser importantes. “Além de restringir alimentos com alto potencial inflamatório, como a caseína do leite, o glúten e o açúcar, vamos inserir outros com características anti-inflamatórias e indicar comidas mais cozidas e bem trituradas, que ajudam na digestão”, destaca Rute. Ela também indica em alguns casos o uso de enzimas que auxiliem no processo digestivo, como pancreatina, lipase e amilase. Há ainda a possibilidade de suplementar esses pacientes, especialmente apostando nos antioxidantes. A nutricionista acredita que formulações personalizadas podem dar bons resultados incluindo substâncias como magnésio, vitamina C, vitamina E, quercetina, cúrcuma, selênio, manganês, ferro, glutationa, N-acetilcisteína, Boswellia serrata. Alguns fitoterápicos também vêm sendo estudados como tratamento coadjuvante da infecção gástrica por Heliobacter pylori, como o cranberry (Vaccinium macrocarpon) e a espinheira santa (Maytenus ilicifolia). 32
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O QUE FORMULAR? Xarope de cloridrato de ranitidina 75mg/5ml Cloridrato de ranitidina*..........................................................................................................................1,68g Fosfato de sódio dibásico (Na2HPO4).....................................................................................................0,14g Sacarina sódica.......................................................................................................................................0,25g Benzoato de sódio**................................................................................................................................0,2g Flavorizante de cereja...........................................................................................................................0,5ml Flavorizante creme de menta..................................................................................................................0,3ml Água destilada........................................................................................................................................25ml Sorbitol 70%***qsp................................................................................................................................100ml *Ranitidina: usado na forma de cloridrato, em doses equivalentes à base (Feq=1,12). **Inapropriado/tóxico para alguns pacientes pediátricos, em especial os neonatos e crianças menores. *** Soluções hipertônicas não devem ser utilizadas em recém-nascidos. Saiba mais no material on-line. Observação: o pH de estabilidade do cloridrato de ranitidina é entre 6,7 e 7,3. Sofre fotodegradação, o ideal é armazenar em frasco de vidro ou PET âmbar bem vedado, protegido da luz.
Posologia: a critério médico em adultos, dose inicial de 150mg (10ml) duas vezes ao dia, sendo a dose de manutenção de 150mg (10ml) uma vez ao dia. Indicação: antagonista do receptor de H2 da histamina, usado como agente gastrointestinal no tratamento da úlcera gástrica e duodenal. Fontes: FERREIRA, A. O. e SOUZA, G. F. Preparações orais líquidas, 3ª edição. São Paulo: Pharmabooks, 2011. BATISTUZZO, J. A. O.; ITAYA, M. e ETO, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015.2015.
O QUE FORMULAR? Maythenus ilicifolia (espinheira santa), extrato seco............................................................................400mg Excipiente qsp...................................................................................................................................1 cápsula Posologia: a critério médico, de 1 a 2 cápsulas via oral ao dia. Uso adulto. Indicação: fitoterápico suplementar antiulceroso. Tem ação antiulcerosa, cicatrizante, antiflatulenta, levemente diurética e laxativa suave. É utilizada como normalizadora das funções gastrointestinais em casos de gastralgias, dispepsias, atonia intestinal e especialmente como protetor contra a úlcera gástrica. Fonte: BATISTUZZO, J. A. O.; ITAYA, M. e ETO, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015.
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FÍGADO
Nossa
maior e mais complexa glândula Patologias hepáticas pedem tratamento com medicamentos e mudanças dietéticas
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O fígado é a maior glândula do corpo humano. Alocada no lado direito do abdômen, chega a pesar 1,5kg nos homens e cerca de 1,2kg nas mulheres. Seus milhões de células desempenham uma infinidade de funções essenciais ao organismo, como secreção da bile, armazenamento de glicose, produção de proteínas nobres, desintoxicação do organismo e síntese de colesterol. As principais doenças que atingem o fígado são as hepatites virais, alcoólicas e autoimunes; cirrose hepática; tumores hepáticos benignos e malignos; lesões provocadas por medicamentos ou toxinas; e doenças hepáticas gordurosas não alcoólicas (DHGNA). Nas DHGNA está incluída a esteatose hepática, uma condição caracterizada pelo acúmulo de lipídeos no fígado, em pacientes com consumo inferior a 20g de etanol por dia. A presença de esteatose hepática está associada a pacientes obesos, resistentes à insulina, ao acúmulo da gordura visceral, além de outros fatores de risco relacionados à desordem metabólica e cardiovascular. Quando não tratada, a doença pode evoluir para uma cirrose. O hepatologista Henrique Sérgio Coelho, do Hospital São Lucas Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), ressalta as alternativas farmacológicas para a esteato-hepatite, que é a forma inflamatória da doença: “Entre as medicações aprovadas e recomendadas nos guias terapêuticos europeus e americanos, podemos citar o cloridrato de pioglitazona (de 30mg a 45mg/dia) e a vitamina E (dl alfa tocoferol acetato), na dose de 800 UI/dia”, cita. Ele ainda aponta a possibilidade de associação da vitamina C com vitamina E na busca de efeito antioxidante favorável. “É possível e seguro manipular essas substâncias”, diz. Já as dislipidemias, também conhecidas como hiperlipidemias ou hiperlipoproteinemia, ocorrem por causa do aumento dos índices de lipídios e lipoproteínas no sangue, sobretudo colesterol e triglicerídeos. A doença favorece o aparecimento de aterosclerose. Como coadjuvantes no tratamento em algumas desordens hepáticas, o médico responsável pelo paciente pode também optar por outros suplementos, dependendo do quadro. Há aqueles com ação colerética, que estimulam a secreção da bile, aumentando a produção hepática e facilitando a digestão de alimentos gordurosos e vitaminas lipossolúveis. São exemplos: ácido desidrocólico, ácido ursodesoxicólico, bile em pó, colina bitartarato, fosfatidilcolina, Curcuma zedoaria (zedoária), Cynara scolymus (alcachofra) e Peumus boldus (boldo do Chile). Esses coleréticos podem ser contraindicados em pacientes com obstrução das vias biliares e nas hepatites. Outra opção são os hepatoprotetores, como a metionina, bitartarato de colina e silimarina (Silybum marianum).
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FÍGADO
Tóxicos para o fígado
O hepatologista Henrique Coelho ressalta que existe uma série de possíveis agentes tóxicos para o fígado. “Estão incluídos nessa relação centenas de medicamentos aprovados para uso clínico e produtos considerados naturais muitas vezes usados sem controle pela população”, alerta. Entre os principais ele cita: Aloe barbadensis, Rhamnus purshina (cáscara sagrada), Ginkgo biloba, Panax ginseng (ginseng), Camellia sinensis (chá verde), Humulus lupulus (lúpulo), Aesculus hippocastanum (castanha da Índia), Piper methysticum (kava-kava), Passiflora incarnata (passiflora), Polygonum cuspidatum (resveratrol), Hypericum perfuratum (erva de São João), Valeriana officinalis (valeriana). “Na presença de elevação de enzimas hepáticas no sangue ou diante da presença de qualquer doença do fígado, uma lista com todos os medicamentos, chás e outras substâncias prescritas e de uso espontâneo pelo paciente deve ser pesquisada para que as substâncias suspeitas sejam afastadas”, conclui.
De forma complementar, a nutricionista Vanderli Marchiori, de São Paulo (SP), lembra que alguns hábitos alimentares podem contribuir para o aparecimento de doenças no fígado. “O consumo indiscriminado de alimentos ricos em gorduras, principalmente as de origem animal, e os excessos de açúcares, corantes ou aditivos químicos têm efeitos negativos sobre a glândula. Como nosso fígado é considerado um grande filtro, todos os excessos sobrecarregam o funcionamento hepático. Caso não haja uma intervenção nas doenças assim que elas aparecem, suas consequências podem se acumular”, comenta. Por outro lado, alimentos como tomate, cenoura, espinafre, alho, abacate, frutas cítricas, maçã, azeite de oliva e repolho são importantes para o organismo de forma geral e têm efeitos positivos sobre a saúde do fígado.
O QUE FORMULAR? O que formular? Dl-metionina..............................................................................100mg Cloridrato de betaína....................................................... .........200mg Citrato de colina............................................................... .........300mg Piridoxina.....................................................................................10mg Excipiente qsp.......................................................................1 cápsula Posologia: a critério médico, tomar de 1 cápsula via oral às refeições. Indicações: ação hepatoprotetora, como coadjuvante no tratamento dos distúrbios metabólicos hepáticos. Bromoprida.....................................................................................5mg DL-Metionina...................................................................................80mg Cynara scolymus extrato seco (alcachofra).............................................100mg Hidróxido de alumínio...............................................................................80mg Inositol...........................................................................................500mg Excipiente qsp..........................................................................1 cápsula Posologia: a critério médico, tomar 1 cápsula via oral 3 vezes ao dia. Indicações: ação antiácida, colerética, hepatoprotetora e procinética em cirrose hepática. Fonte: CRESPO, M. S. e CRESPO, J. M. R. e S. Formularium: compêndio de fórmulas magistrais, Volume 1. São Paulo: LCM Livraria, 2002.
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OBESIDADE PÂNCREAS
De fora para dentro Suplementação de enzimas ajuda a garantir qualidade de vida para os pacientes
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O trio amilase, lipase e proteases é responsável por uma nobre missão: garantir a digestão e a catalisação dos nutrientes. Divididas em diferentes funções e adequadas para cada digestão – para os carboidratos, amilase; para os lipídios, lipase; para as proteínas, proteases quimiotripsina e carboxipeptidase –, essas enzimas são produzidas pelo pâncreas. O processo tem início algum tempo após a ingestão dos alimentos, alcançando a produção máxima entre 30 e 60 minutos. Acontece que, em algumas pessoas, isso não ocorre, seja por uma incapacidade inata ou adquirida, criando a necessidade da suplementação. São exemplos a pancreatite crônica ou pancreatectomia parcial (retirada cirúrgica parcial do pâncreas por câncer ou outras causas); hipocloridria do idoso (menor produção de ácido clorídrico pela mucosa gástrica por parcial atrofia ou por uso frequente de medicamentos bloqueadores da bomba de prótons), o que pode acometer até dois terços dos idosos; e a fibrose cística (doença que afeta o pâncreas, diminuindo a produção das enzimas digestivas pancreáticas). No caso das pancreatites, usam-se suplementos de pancreatina (que associa amilase, lipase e proteases). “As doses variam de acordo com o quadro clínico, evolução da doença e tolerâncias individuais. Porém, só mesmo individualizando cada caso é possível definir a melhor dose com a qual o paciente se beneficiará, ajudando na eficiência da digestão e não levando a efeitos colaterais, como dores abdominais, constipação ou diarreias”, explica o médico clínico geral e nutrólogo Roberto Navarro, de São Paulo (SP). Na pancreatite crônica, inicialmente o tratamento é clínico. Além do controle da dor, é preciso deixar o pâncreas em “repouso”, evitando a ingestão de alimentos gordurosos. Analgésicos devem ser prescritos com cuidado, evitando o uso crônico de opioides. Já os pacientes com diarreia que apresentam insuficiência exócrina devem receber, por via oral, as enzimas pancreáticas que não produzem.
Câncer
O câncer de pâncreas, que representa 2% dos diagnósticos da doença no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), tem influência direta na não produção de enzimas, daí a necessidade de prescrição da suplementação para garantir a qualidade de vida do paciente. A doença apresenta alto índice de mortalidade, mas avanços científicos vêm garantindo um cenário promissor para os pacientes, na avaliação de Lucas Nacif, médico coordenador da Disciplina de Pós Graduação em Ciências do Aparelho Digestivo – Medicina Translacional em Ciências Gastroenterológicas do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. “O principal objetivo é o rastreamento precoce, com o intuito de um diagnóstico da neoplasia na sua fase inicial, aumentando assim a possibilidade de cura e a melhoria da condição de sobrevida. Por outro lado, quando isso não ocorre, a detecção da doença já em estágio avançado e as lesões apresentam-se disseminadas (metástases), temos a necessidade de uma abordagem multiprofissional (enfermeiros, psicólogos, médicos, terapeutas, nutricionistas), com objetivo de gerar conforto e qualidade de vida para o paciente”, comenta.
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PÂNCREAS OBESIDADE
Indicações
Uma vantagem da suplementação de enzimas está relacionada ao baixo índice de contraindicações. Outra é a possibilidade de personalização. “Em termos de idade, o que deve ser feito é o ajuste da dose prescrita, como em crianças. Em casos de doenças graves, pode ser necessária a adequação de acordo com a evolução do quadro”, explica o especialista. A farmácia manipula pancreatina de acordo com o teor desejado pelo médico prescritor. A pancreatina por via oral pode ser administrada nos casos de insuficiência exócrina do pâncreas (fibrose cística, pancreatite crônica, obstruções dos tubos do pâncreas ou da vesícula biliar, retirada de parte ou de todo o pâncreas, câncer de pâncreas, entre outros), sendo recomendado o uso de cápsulas entéricas.
Outras enzimas
Além das enzimas pancreáticas de origem animal, as enzimas de origem vegetal podem contribuir. A papaína, uma enzima com ação proteolítica e anti-inflamatória obtida do mamão Carica papaya, pode ser usada como auxiliar de digestão em pessoas sadias. A bromelina é obtida do abacaxi Ananas comosus (Bromeliaceae) e geralmente usada em associação com outras enzimas, também com ação benéfica na digestão. Quem sofre com a intolerância à lactose (hipolactasia primária ou secundária), por sua vez, pode consumir a lactase – enzima produzida no intestino e que pode ser obtida a partir do fungo Aspergillus oryae. Estima-se que 35% dos brasileiros com idade acima de 16 anos e de 60% a 70% da população mundial tenha algum nível de dificuldade de digestão ou debilidade da enzima lactase.
O QUE FORMULAR? Pancreatina............................................................................................................................................300mg Excipiente qsp........................................................................................1 cápsula com revestimento entérico Posologia: a critério médico, tomar de 1 a 2 cápsulas via oral ao dia, às refeições. Indicações: para deficiências pancreáticas como pancreatite e fibrose cística. A pancreatina é um complexo enzimático produzido pelo pâncreas de mamíferos, que contém principalmente amilase, lipase e protease. Bromoprida..................................................................................................................................................8mg Peumus boldus extrato seco (boldo)....................................................................................................100mg Pancreatina ...........................................................................................................................................50mg Simeticone...............................................................................................................................................80mg Excipiente qsp.......................................................................................1 cápsula com revestimento entérico Posologia: a critério médico, tomar de 1 a 2 cápsulas as refeições. Indicações: suplemento auxiliar para a melhora do processo de digestão em pessoas saudáveis. Fonte: BATISTUZZO, J. A. O.; ITAYA, M. e ETO, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015.
Saiba mais on-line: Encontre sugestões de formulações e dicas farmacotécnicas em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line 40
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PROCTOLOGIA
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Um alívio possível Fontes de muito desconforto para os pacientes, hemorroidas e fissuras podem ser tratadas com alimentação, medicamentos adequados e novos hábitos
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PROCTOLOGIA OBESIDADE O reto é a parte final do tubo digestivo, estabelecendo uma ligação entre o cólon e o ambiente externo por meio do ânus. Sua função principal é armazenar as fezes para a última absorção de água e nutrientes. É nesse segmento que está localizado o plexo hemorroidário, formado por veias hemorroidais. Todas as pessoas têm esse sistema. O problema surge quando essas veias que irrigam a região passam por inchaços ou inflamações, provocando dor, prurido, sangramento nas fezes e inchaço localizado. Conforme explica a médica coloproctologista Mariana Campos Palma, que atende no Hospital Belo Horizonte, a esse problema dá-se o nome de doença hemorroidária, cuja principal causa é a constipação intestinal. “O excesso de
Os caminhos para tratamento
As duas condições, hemorroidas e fissuras anais, são comumente confundidas por causa da coincidência de sintomas. O tratamento de ambas é feito inicialmente com medidas higiênico-dietéticas: aumento da ingestão de fibras e líquidos contra a constipação, banhos de assento com água morna e ervas com ação antisséptica, antibacteriana, desinfetante para aliviar o desconforto e higiene local com água em vez de papel higiênico para não agredir a região. Também podem ser indicadas pomadas com anestésicos, vasodilatadores e cicatrizantes. No caso da fissura anal crônica, a especialista recomenda pomadas de uso tópico com relaxantes musculares, que podem ser encontradas nas farmácias de manipulação. Os princípios ativos mais utilizados são a nifedipina, o diltiazem e o dinitrato de isossorbida, que promovem o relaxamento do esfíncter. Na hemorroida, compressas mornas, cremes ou pomadas anorretais contendo anestésicos, vasoprotetores e venotônicos também são úteis. Como exemplo, a farmácia pode preparar formulações com bálsamo do Peru, subgalato de bismuto, óxido de zinco, resorcina, lidocaína ou acetato de hidrocortisona para aplicação tópica. Supositórios contendo extrato glicólico de hamamelis e extrato de castanha da Índia são outra opção. Quando o problema não é resolvido com a abordagem clínica, são cogitadas outras abordagens. “A medida intervencionista não cirúrgica mais utilizada é a ligadura elástica, empregada em hemorroidas internas. Há também a hemorroidectomia (tratamento cirúrgico), que trata o problema interno e externo”, afirma.
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força intra-abdominal para evacuar aumenta a pressão nas veias hemorroidárias, podendo causar exteriorização. Esse mesmo fator está presente no parto normal, outra causa comum da doença hemorroidária, devido ao esforço para o bebê nascer”, afirma. Também podem contribuir o avanço da idade, excesso de peso, causas genéticas, sedentarismo e alimentação deficiente em fibras e líquidos. Ainda pode estar associado a esses fatores outro problema: as fissuras anais. De acordo com Mariana, a condição é caracterizada por uma ferida longitudinal no canal anal. Além da constipação intestinal e ao esforço evacuatório acentuado, traumas, diarreia frequente ou inflamação no reto podem fazer com que o problema surja.
Cura pela boca
A nutricionista clínica funcional e fitoterápica de São Paulo (SP), Maria Flávia Sgavioli, lembra que alimentos ricos em fibras, combinados com água, ajudam na prevenção de hemorroidas, pois aumentam o peristaltismo intestinal e o volume das fezes, evitando a inflamação das hemorroidas. Entre eles, destaca as verduras cruas, frutas com casca, arroz integral, aveia, leguminosas (grão de bico, feijão, lentilha) e as oleaginosas (castanhas, nozes, avelã, macadâmia, pistache e amêndoas). “Quem tem inflamação hemorroidal eventual deve evitar o excesso de alimentos picantes, como pimenta, curry, alho, chilli e pimentão. Em vez disso, sugiro temperos como alecrim, tomilho, louro, orégano e canela”, diz. “Quanto às bebidas, nada de álcool, bebidas gasosas ou chás irritantes da mucosa como mate, preto e verde. É preferível o chá de camomila ou erva doce, que são anti-inflamatórios naturais.”
O QUE FORMULAR? Bálsamo do Peru (Myroxylon pereirae).............................................................................................................3% Óxido de zinco...............................................................................................................................................12% Subgalato de bismuto......................................................................................................................................3% Base para supositório* qsp................................................................................................................1 supositório * Veja sugestão de base no material on-line.
Posologia: a critério médico, aplicar 1 supositório via retal pela manhã e à noite, após evacuação. Continuar as aplicações até uma semana após o desaparecimento dos sintomas. Uso retal. Indicação: hemorroidas. Fonte: CRESPO, M. S. e CRESPO, J. M. R. e S. Formularium: compêndio de fórmulas magistrais, Volume 1. São Paulo: LCM Livraria, 2002.
O QUE FORMULAR? Acetato de clostebol*....................................................................................................................................0,5% Óxido de zinco..............................................................................................................................................10% Clotrimazol......................................................................................................................................................1% Lidocaína base..............................................................................................................................................2,5% Sulfato de neomicina.........................................................................................................................300.000UI% Creme ou pomada ano-retal** qsp....................................................................................................................30g * Encontra-se na lista de substâncias proibidas pelo Comitê Mundial Antidoping (Decreto nº 6.653, de 18 de novembro de 2008). ** Saiba mais no material on-line.
Posologia: a critério médico, aplicar no local, 2 vezes ao dia, após prévia limpeza da região anal. Uso retal e externo. Indicações: para fissura anal, com ação anestésica, antifúngica, antibacteriana, secativa e cicatrizante. Fonte: CRESPO, M. S. e CRESPO, J. M. R. e S. Formularium: compêndio de fórmulas magistrais, Volume 1. São Paulo: LCM Livraria, 2002.
Saiba mais on-line: Encontre sugestões de formulações e dicas farmacotécnicas em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line N 1 1 4 - S E T / O U T / N O V / D E Z 2 0 1 8 45
ENJOO
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Para além do desconforto Antieméticos são aliados de pacientes com câncer, que precisam se alimentar para encarar os desafios do tratamento
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ODONTOGERIATRIA ENJOO OBESIDADE
O Brasil deve registrar 600 mil novos casos de câncer entre 2018 e 2019, segundo informações divulgadas pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). O câncer de pele não melanoma segue como o mais comum (serão 165 mil novos casos por ano). As mulheres serão mais afetadas pelo câncer de mama (59 mil casos), de intestino (quase 19 mil) e de colo de útero (16 mil). Já os homens enfrentarão 68 mil casos de câncer de próstata, seguidos pelo pulmão (18 mil) e o intestino (17mil). O tratamento do câncer pode ser mais ou menos agressivo, com diferentes efeitos adversos que afetam o bem-estar do paciente. Em geral, o médico inclui a prescrição de antieméticos, a fim de atenuar náuseas e vômitos. Essas reações estão presentes em até 68% dos pacientes com câncer, sendo especialmente frequentes durante o tratamento dos cânceres de mama, colorretal, pulmão, ovário e linfoma. “Esses fármacos ajudam a prevenir o agravamento do quadro clínico do paciente, evitando desnutrição e desidratação causadas por dificuldade para ingerir alimentos. É uma medida profilática extremamente importante, para diminuir as chances de complicações em função da não absorção dos nutrientes”, explica o oncologista Edson Ribeiro, coordenador do Departamento de Cirurgia e diretor técnico do Hospital do Câncer de Muriaé (MG). A aplicação clínica pode ter algumas limitações considerando-se a idade do paciente. “No paciente idoso, utilizamos esses medicamentos em doses ajustadas, partindo sempre da menor e progredindo devagar, evitando assim a síndrome extrapiramidal e alterações do nível de consciência e de memória”, diz Ribeiro.
Princípios ativos
A escolha do agente antiemético varia com a causa e a gravidade dos sintomas. O medicamento pode atuar sobre o centro do vômito, zona de gatilho, córtex cerebral, aparelho vestibular ou mucosa gástrica. O maleato de domperidona tem ação antidopaminérgica, antiemética e estimulante peristáltica. Já o cloridrato de metoclopramida e a bromoprida têm ação central e periférica, agindo sobre o bulbo raquídeo e promovendo o esvaziamento gástrico. O maletato de domperidona tem efeito similar ao cloridrato de metoclopramida, mas com efeitos extrapiramidais menos frequentes. O cloridrato de metoclopramida e a bromoprida podem provocar sonolência, galactorreia e manifestações extrapiramidais, principalmente em crianças. É possível ainda citar o uso de dimenidrinato, um antagonista H1 da histamina, com ação antivertiginosa e anticinetótica, e o cloridrato de prometazina, um anti-histamínico com ação anticolinérgica e alto efeito sedativo. O cloridrato de ondansetrona é um derivado do carbazole com atividade antiemética. Como antagonista seletivo do receptor de serotonina, o cloridrato de ondansetrona bloqueia competitivamente a ação da serotonina nos receptores 5HT3, resultando na supressão de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia e radioterapia. É indicado para o controle de êmeses mais críticas. Em casos brandos, faz-se uso de cloridrato de metoclopramida e adjuvantes benzodiazepínicos (lorazepam, alprazolam). Ao realizar a prescrição, o médico se atenta à dose, aos intervalos e à via de administração, já que é muito comum a inviabilidade do uso de produtos via oral. Além de opções intravenosas, usadas nos hospitais, alguns estudos demonstram benefícios do uso da via transdérmica de determinados fármacos, como no caso do cloridrato da ondansetrona. 48
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600 MIL
Outras aplicações
Os antieméticos também são usados em outras condições, como no caso de gastroenterite, gravidez, diabetes, enxaqueca, doença hepática ou renal ou, ainda, pacientes com HIV positivo, uma vez que cerca de 50% dos pacientes em cuidados paliativos apresentam náuseas ou vômitos. "A automedicação é comum, por serem fármacos encontrados muito facilmente como de venda livre, isentos de prescrição médica. Um exemplo é dimenidrinato, usado para auxiliar nos enjoos da gravidez. É importante desencorajar o uso indiscriminado, porque sempre haverá efeito colateral, em maior ou menor grau, que pode ir da sonolência à impregnação neuroléptica ou à discinesia tardia", adverte o coordenador dos serviços de Gastroenterologia do Hospital Lifecenter, José Carlos Ferreira, de Belo Horizonte (MG).
O QUE FORMULAR? Ondansetrona cloridrato di-hidratado*.............................................................................................................8mg Água purificada................................................................................................................................................20% Gel transdérmico PLO** qsp...............................................................................................................................1ml Mande seringas calibradas com 10ml ou em sachês monodose ou em frasco dosador calibrado (1 ml). Posologia: a critério médico, aplicar 1ml por via tópica três vezes ao dia, nos pulsos e atrás das orelhas. Indicações: náuseas e vômitos após quimioterapia. * Ondansetrona: usado na forma de cloridrato di-hidratado, em doses equivalentes à base (Feq=1,25). ** Saiba mais no material on-line.
Metoclopramida cloridrato*................................................................................................................5mg a 10mg Base para supositório** qsp.................................................................................................................1 supositório * Metoclopramida: usado na forma de cloridrato mono-hidratado em doses equivalentes à base (Feq=1,18). ** Saiba mais no material on-line.
Posologia: a critério médico, administrar por via retal 1 supositório (10mg), até 3 vezes ao dia; crianças – aplicar 1 supositório (5mg) por via retal, até 2 vezes ao dia. Indicações: náuseas e vômitos. Fontes: BATISTUZZO, J. A. O.; ITAYA, M. e ETO, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015. ALLEN Jr. L. V. (editor). Formulations - Ondansetron Hydrochloride 8mg/ml in PLO. International Journal of Pharmaceutical Compounding. 2000 Jul/Aug; 4(4):305.
Saiba mais on-line: Encontre sugestões de formulações e dicas farmacotécnicas em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line N 1 1 4 - S E T / O U T / N O V / D E Z 2 0 1 8 49
LINHA DE FRENTE
OPORTUNIDADE NA
ADVERSIDADE
ICOS DAS DADOS SOCIOECONÔM LAÇÃO FARMÁCIAS DE MANIPU
Os associados à Anfarmag receberam, neste ano, a segunda pesquisa que possibilita compreender o setor magistral: o “Panorama Setorial Anfarmag 2018: Dados Socioeconômicos das Farmácias de Manipulação”. A publicação, que também está disponível para download no site (www.anfarmag.org.br), traz boas notícias. Mostra, por exemplo, que em 2018 o segmento não só aumentou o número de funcionários contratados, como ampliou seus estabelecimentos em mais de 600 unidades. Entender o perfil socioeconômico das farmácias de manipulação é importante para identificar os caminhos para o desenvolvimento do setor nos próximos anos. A nova pesquisa reúne números e considerações sobre estabelecimentos ativos e em operação nas diferentes regiões do Brasil, o porte econômico das farmácias e características de empregabilidade e longevidade das empresas, reafirmando a força do setor magistral. O Panorama Setorial 2018 registra alta de 0,6% no volume de empregos gerados pelas farmácias de manipulação no ano passado em relação a 2014. O levantamento aponta que são quase 54 mil profissionais contratados em 50
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Panorama Setorial Anfarmag 2018 evidencia avanço do setor magistral nos últimos quatro anos
regime de CLT, o que representa 0,11% dos 47,5 milhões de postos de trabalho existentes no Brasil. Além disso, a pesquisa evidenciou que houve ganho real dos profissionais de 2014 a 2017, com incremento de 4,5% no salário médio do segmento, já descontada a inflação. A pesquisa detectou outra característica bastante específica do setor, que é formado por empreendimentos de alta longevidade. Enquanto mais de 60% dos negócios no Brasil têm até cinco anos de atividade (de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 14,5% das farmácias de manipulação existem há menos de cinco anos. A média das empresas do setor é de aproximadamente 15 anos. Dentro dessa perspectiva, o estudo mostrou um aumento de 8,8%, entre janeiro de 2014 e abril de 2018 no número de farmácias de manipulação em operação. Todos esses números são relevantes porque confirmam que o segmento magistral não se abateu pelo momento de instabilidade econômica do Brasil. A confirmação dessa resiliência sinaliza que as empresas do setor estão no caminho certo para ampliarem cada vez mais o acesso da população ao produto e ao medicamento manipulado.
PROBIÓTICOS
ENCARTE TÉCNICO 52
Atividade enzimática
53- Cálculos prebióticos e probióticos 54
Seleção de base para supositórios
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Liberação bucal em afecções orofaríngeas
56- Entrega a domicílio de produtos manipulados 57- Aquisição de insumos 58- Prescrições odontológicas 59- Gestão de instrumentos de pesagem não automáticos – Parte I 60- Atendimento farmacêutico 61- Fluxograma - etapas do atendimento farmacêutico
NOTAS TÉCNICAS
ATIVIDADE ENZIMÁTICA
Pancreatina
Para garantir o efeito das enzimas presentes na pancreatina (complexo enzimático composto principalmente por amilase, lipase e protease), a formulação deve apresentar um mínimo de atividade digestiva. Cada farmacopeia traz especificação com diferentes unidades para a expressão da atividade enzimática:
Especificação
Amilase
Lipase
Protease
Pancreatina USP
Não menos que 25 unidades USP/mg.
Não menos que 2 unidades USP/mg.
Não menos que 25 unidades USP/mg.
Pancreatina Eu. Ph.
Não menos que 12 unidades Eur.Ph/mg.
Não menos que 15 unidades Eur.Ph/mg.
Não menos que 1 unidade Eur.Ph/mg.
Pancreatina BP
Não menos que 24 unidades FIP/mg.
Não menos que 20 unidades FIP/mg.
Não menos que 1,4 unidade FIP/mg.
Algumas prescrições são feitas em unidades de atividade enzimática e os valores podem ser calculados em gramas a partir do certificado de análise do produto. Supondo uma prescrição que solicite Pancreatina 35.000 unidades USP/cápsula, temos: Atividade digestiva total do lote de pancreatina disponível: 25 unidades USP/mg de amilase + 2 unidades USP/mg de lipase + 25 unidades USP/mg de protease = 52 unidades USP/mg totais na pancreatina. 52 unidades USP/mg = 52.000 unidades USP/g 52.000 unidades USP..............................1.000mg (1g) 35.000 unidades USP (prescrição).....................x (mg) X= 673 mg (quantidade de pancreatina a ser pesada por cápsula, de acordo com a prescrição).
Referências: 1. FERREIRA, A. O.; BRANDÃO, M. A. F. e POLONINI, H. C. Guia Prático da Farmácia Magistral, 5ª edição, Volume 1. Juiz de Fora: Editar, 2018. 2. BATISTUZZO, J. A. O.; ITAYA, M. e ETO, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª edição. São Paulo: Atheneu, 2015. Martindale: The Complete Drug Reference, 38th edition, 2014.
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CÁLCULOS
Prebióticos e probióticos
Os probióticos, microrganismos vivos benéficos à saúde, vêm ganhando força especialmente pela indicação de clínicos e nutricionistas que os utilizam para um melhor gerenciamento das funções intestinais. Auxiliam na constipação, melhorando o tempo de trânsito intestinal, e podem auxiliar na redução de diarreia e cólicas em crianças. Em gastroenterologia, muitas espécies e cepas são utilizadas, como por exemplo: Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus reuteri, Bifidobacterium breve, Lactobacillus casei, entre outros. Muitas vezes são prescritos em associação aos prebióticos, que são polissacarídeos ou oligossacarídeos não-digeríveis que atuam como substrato para os probióticos e podem inibir a multiplicação de patógenos, garantindo benefícios adicionais à saúde do hospedeiro. O fruto-oligossacarídeo (FOS) e a inulina são prebióticos muito utilizados na prática clínica. Normalmente as doses de probióticos são descritas em UFC (unidades formadoras de colônia), o que causa dúvidas durante a manipulação. É importante proceder aos cálculos de pesagem correlacionando a potência UFC com a massa a ser pesada. Essa informação consta no certificado de análise, de acordo com o lote e cepa adquiridos. Prescrição: Lactobacillus acidophilus ..................................1 bilhão de UFC Excipiente qsp..............................................................1 cápsula Mande 60 cápsulas. Dados: • Potência da matéria-prima (certificado de análise, exemplo): 10 bilhões de UFC/g. • Dose prescrita: 1 bilhão de UFC/cápsula • Quantidade de cápsulas prescrita: 60 cápsulas Utilizando a Regra de Três simples, poderá converter 1 bilhão UFC em gramas: 10 bilhões de UFC (1010)..............................................1g (certificado de análise) 1 bilhão de UFC (1 x 109)...................................................y(g) (dose ou cápsula) 1010 y = 1 x 1.109 y = 1.109 / 1010 (1.000.000.000 / 10.000.000.000) y = 0,1g por dose/cápsula Portanto: 60 (cápsulas) x 0,1g = 6g Dessa forma, nesse caso específico, será necessário pesar 6g da matéria-prima.
Referências: 1. FERREIRA, A. O.; BRANDÃO, M. A. F. e POLONINI, H. C. Guia Prático da Farmácia Magistral, 5º edição, Volume 1. Juiz de Fora: Editar, 2018. 2. RUIZ, K. Nutracêuticos na Prática – Terapias Baseadas em Evidências. Campinas: Innedita, 2012 3. JARDIM, M.; SOUZA, V.M e JUNIOR, D.A. A Farmacologia do Suplemento, 2ª edição. São Paulo: Daniel Antunes Junior, 2017.
Saiba mais on-line: Encontre mais dicas em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag> Conteúdo on-line
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NOTAS TÉCNICAS
VIA RETAL
Seleção de base para supositórios
Agentes emolientes, adstringentes, anti-inflamatórios, antibacterianos, anestésicos locais, analgésicos, antiespasmódicos e antieméticos são comumente dispensados na forma de supositórios para tratamento local em afecções no reto ou para tratamento sistêmico do trato digestivo. Para liberar o fármaco de modo que ele tenha ação sistêmica, ou para torná-lo disponível para exercer efeito local, a base para supositório deve fundir-se, amolecer ou dissolver nos orifícios corporais. Das duas bases de supositórios mais comuns, a base de polietilenoglicol (PEG) se dissolve, enquanto as bases lipofílicas, como a manteiga de cacau e seus substitutos sintéticos, fundem-se à temperatura corporal. A seleção da base para supositório depende do efeito desejado, sistêmico ou localizado. Também deve ser estável, não irritante, quimicamente e fisiologicamente inerte, compatível com uma variedade de fármacos, estável durante o armazenamento e esteticamente aceitável. As bases lipofílicas normalmente são mais suaves e não irritam os tecidos sensíveis do reto, enquanto as bases de PEG podem produzir uma sensação de ardência ou causar refluxo de defecação. Esses efeitos podem ser reduzidos acrescentando-se 10% de água na base de PEG e umedecendo o supositório antes da inserção. Um dos problemas de compatibilidade das bases lipofílicas é a redução do ponto de fusão com a adição de fármacos ou outros componentes que formam mistura eutéticas com pontos de fusão menores. Bases com ponto de fusão mais alto podem ser usadas para incorporar fármacos que geralmente reduzem o ponto de fusão da base. Bases lipofílicas também exibem características inadequadas de liberação de fármacos hidrofóbicos. Do ponto de vista da biodisponibilidade, quando possível, formas ionizadas (sais) hidrossolúveis de fármacos (que possuem coeficiente de partição água/base elevado) devem ser usadas com bases graxas. Algumas bases de ácidos graxos disponíveis no mercado já contêm surfactantes e agentes emulsificantes que superam em parte o problema de baixa biodisponibilidade de fármacos hidrofóbicos.
Referências: 1. THOMPSON, J. E.; DAVIDOW, L. W. A Prática Farmacêutica na Manipulação de Medicamentos, 3ª edição. Porto Alegre: Artemed, 2013. 2. FERREIRA, A. O.; BRANDÃO, M. A. F. e POLONINI, H. C. Guia Prático da Farmácia Magistral, 5ª edição, Volume 1. Juiz de Fora: Editar, 2018. 3. LOYD, V. A. Jr. The Art, Science, and Technology of Pharmaceutical Compounding, 5ª ed. Washington: APha, 2016. 4. Brasil. Anvisa. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Vocabulário Controlado de Formas Farmacêuticas, Vias de Administração e Embalagens de Medicamentos, 1ª edição. Brasília: ANVISA, 2011.
Saiba mais on-line: Saiba mais sobre diluições e sugestões de veículos em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line
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FORMAS FARMACÊUTICAS
Liberação bucal em afecções orofaríngeas
A região bucal é um alvo atrativo para administração de fármacos, podendo ocorrer tanto pela via sublingual quanto pela via bucal (região lateral). A sublingual é mais permeável que a bucal e é mais indicada para fármacos com ação sistêmica. Já a bucal é ideal para a administração de sistemas controlados, com efeito local, apresentando particular aplicação no tratamento de odontalgias, doenças periodontais e infecções bacterianas nessa região. O ideal é que a forma farmacêutica para aplicação bucal tenha efeito mucoadesivo, que pode prolongar o tempo de residência dos fármacos na área afetada, além de revestir e proteger tecidos lesados. Uma pomada ou um gel bucal podem ser constituídos da mistura de partes iguais de pectina, gelatina e carboximetilcelulose, dispersa em gel hidrofóbico, gel de petrolato e polietileno. Temos também o uso de pastilhas e filmes bucais em afecções orofaríngeas. O filme promove uma liberação local e mucoadesiva sem necessidade de mastigação. É constituído de polímero hidrossolúvel que, em contato com a saliva, se hidrata, aderindo e dissolvendo-se. As pastilhas também são destinadas à dissolução lenta na boca, pois aumentam o tempo de contato do fármaco com a mucosa, promovendo um efeito mais local do fármaco. Nas afecções orofaríngeas é normal também o emprego de soluções e enxaguatórios colutórios para uso bucal, podendo ser aplicados localmente ou usados na forma de bochechos e gargarejos, sem ingestão. Normalmente veiculam antissépticos para aftas e estomatites, e corticoides e antibióticos para úlceras bucais.
Referências: 1. FERREIRA, A. O.; BRANDÃO, M. A. F. e POLONINI, H. C. Guia Prático da Farmácia Magistral, 5ª edição, Volume 1. Juiz de Fora: Editar, 2018. 2. BATISTUZZO, J. A. O.; ITAYA, M. e ETO, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª edição. São Paulo: Atheneu, 2015. 3. CRESPO, M. S e CRESPO, J. M. R. e S. Formularium: compêndio de fórmulas magistrais, Volume 1. São Paulo: LCM Livraria, 2002. 4. Brasil. Anvisa. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Vocabulário Controlado de Formas Farmacêuticas, Vias de Administração e Embalagens de Medicamentos, 1ª edição. Brasília: Anvisa, 2011.
Saiba mais on-line: Acesse o Guia Prático de Prescritores Habilitados e Prescrições da Anfarmag em www.anfarmag.org.br > Área do Associado > Publicações > Guias e Manuais.
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NOTAS TÉCNICAS
BOAS PRÁTICAS
Entrega a domicílio
de produtos manipulados A entrega domiciliar de produtos manipulados é uma comodidade para os pacientes e deve assegurar as condições que preservam a integridade e a qualidade do produto. O transporte pode ser executado por funcionário registrado e treinado pela própria farmácia, ou terceirizado por empresas especializadas e regularizadas nos órgãos competentes, mediante contrato formal que defina as responsabilidades de ambas as partes. A farmácia deve manter procedimento escrito definindo as condições de transporte e a sistemática adotada para inclusão desse serviço na rotina. É função do farmacêutico estabelecer e avaliar o monitoramento dos registros de temperatura e umidade anotadas durante o transporte, levando em consideração as especificações dos produtos. Atenção especial se dá ao local em que os produtos são guardados, devendo ser respeitados os princípios de higiene, identificação e rastreabilidade de acordo com o procedimento operacional. As preparações não devem ser transportadas junto a outros produtos ou substâncias que possam afetar suas características de qualidade. Além da capacitação do pessoal envolvido conforme procedimento operacional, o farmacêutico deve inspecionar e supervisionar condições de transporte, saídas, recebimentos, eventuais incidentes e devoluções. É dever do farmacêutico assegurar ao usuário o direito à informação e orientação quanto ao uso dos produtos solicitados, garantindo meios para comunicação direta e imediata com o farmacêutico responsável. Toda receita deve ser devolvida ao paciente, devidamente carimbada, na ocasião da entrega do produto manipulado. Medidas adotadas em caso de roubo, furto ou acidente durante o transporte devem ser definidos em POP. Atenção especial se dá aos controlados, uma vez que, nesses casos, a farmácia deve realizar a baixa por perda no sistema informatizado e no livro específico, e transmitir os dados pelo arquivo XML ao SNGPC, além de comunicar posteriormente à Vigilância Sanitária e registrar um Boletim de Ocorrência Policial. Por fim, prestar informação ao paciente sobre as providências para o atendimento da prescrição.
Referências: 1. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 67, de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em Farmácias. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 44, de 17 de agosto de 2009. Dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretária de Vigilância Sanitária. Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998. Aprova o regulamento técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. 4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 1.052, de 29 de dezembro de 1998. Aprova a relação de documentos necessários para habilitar a empresa a exercer a atividade de transporte de produtos farmacêuticos e farmacoquímicos, sujeitos à vigilância sanitária. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 329, de 22 de julho de 1999. Institui o Roteiro de Inspeção para transportadoras de medicamentos, drogas e insumos farmacêuticos.
Saiba mais on-line: Encontre mais dicas em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag> Conteúdo on-line
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ESPECIFICAÇÃO
Aquisição de insumos O processo de aquisição de insumos compreende uma gama de atividades que têm por objetivo assegurar a aquisição correta para uso nas preparações magistrais, desde a definição e qualificação dos fornecedores, passando pela especificação técnica dos insumos, com finalização no controle de qualidade. A Resolução RDC nº 67, de 8 de outubro de 2007, estabelece que os insumos devem ser adquiridos de fabricantes e/ou fornecedores qualificados. Para esse processo, o farmacêutico deve estabelecer critérios de avaliação considerando os documentos legais, relatório de auditoria, controle de qualidade e histórico. A partir das especificações técnicas – documento exigido pela mesma norma –, o farmacêutico pode elaborar a especificação de compra com informações simplificadas que estabelecem critérios de qualidade para aquisição dos insumos. Esses documentos devem ser autorizados, atualizados e datados pelo farmacêutico responsável, devendo possuir, no mínimo: • Nome da matéria-prima, DCB, DCI e/ou CAS, quando couber. • No caso de matéria-prima vegetal: nome popular, nome científico, parte da planta utilizada. • Nome e código interno de referência, quando houver. • Referência de monografia da Farmacopeia Brasileira ou de outros compêndios internacionais reconhecidos pela Anvisa. Na ausência de monografia oficial, pode ser usada como referência a especificação do fabricante. • Requisitos quantitativos e qualitativos com limites de aceitação. • Orientações sobre amostragem, ensaios de qualidade, metodologias de análise e referência usadas no procedimento de controle. • Condições de armazenamento e precauções. • Periodicidade, quando couber, com que devem ser feitos novos ensaios de cada matéria-prima para confirmação das especificações farmacopeicas. Informações complementares, como fórmula molecular e nome químico, podem ajudar a especificar a compra. Após cotação, cabe ao farmacêutico avaliar se os insumos disponíveis atendem ou não as especificações estabelecidas.
Farmácias associadas à Anfarmag contam com cerca de 1.000 fichas de referência, todas acompanhadas pelas respectivas especificações de compra. Aproveite esse benefício gratuito!
Referências: 1. Brasil. Anvisa. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 67, de 08 de outubro de 2007. Dispõe sobre as Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficiais para Uso Humano em Farmácias. 2. Brasil. Anvisa. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 204, de 14 de novembro de 2006. Dispõe sobre o regulamento técnico de Boas Práticas de Distribuição e Fracionamento de Insumos Farmacêuticos.
Saiba mais on-line: Acesse as fichas de referência e as fichas de especificação de compra criadas pela Anfarmag: www.anfarmag.org.br > Área do Associado > Produtos e Serviços > Publicações N 1 1 4 - S E T / O U T / N O V / D E Z 2 0 1 8 57
NOTAS TÉCNICAS
ESPECIALIDADE
Prescrições odontológicas
O medicamento manipulado tem a vantagem de adequar doses, selecionar o veículo e o excipiente mais adequado, respeitando as especificações do cirurgião-dentista e atendendo às necessidades do paciente. O produto e o medicamento manipulado atendem esse profissional tanto no âmbito do consultório quanto para uso domiciliar pelo paciente. Dentre as atribuições dos cirurgiões-dentistas, a Lei Federal 5.081/1966 estabelece o direito de prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas, de uso interno e externo, indicadas em odontologia, sendo a prescrição magistral estritamente reservada para tratamento de agravos relativos à saúde bucal. O cirurgião-dentista, respaldado na ciência, possui competência legal e técnica para prescrever antibióticos, anti-inflamatórios, analgésicos, anestésicos locais, medicamentos no tratamento da hipo e hipersalivação, no controle e profilaxia da cárie, para o clareamento dos dentes, para prevenção de tromboembolia, antifúngicos, antivirais, entre outros que lhe caibam como competência profissional. Pode prescrever também soluções e pastas coadjuvantes ao procedimento odontológico no consultório. A exemplo, temos as pastas e géis dentais e enxaguatórios fluoretados; soluções evidenciadoras de placas bacterianas contendo fucsina básica ou eritrosina; pasta dentifrícia com triclosan e pirofostato de sódio; soluções enxaguatórias antissépticas com digluconato de clorexidina; soluções quelantes para uso em consultório em endodontia; pastas de hidróxido de cálcio para uso intranal em procedimentos em consultório; formulações para uso em curativo em procedimentos; e peróxido de carbamida para clareamento dos dentes.
Referências: 1. APPEL. G. e REUS, M. Formulações Aplicadas à Odontologia, 2ª ed. São Paulo: Editora RCN, 2005. 2. BRASIL. Presidência da República. Lei Federal nº 5.081, de 24 de agosto de 1966. Regula o Exercício da Odontologia. 3. Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais. Guia Prático de Prescritores Habilitados e Prescrições. São Paulo: Anfarmag, 2017. 4. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Manual de orientação: prescrição e dispensação de medicamentos utilizados em Odontologia. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo e Conselho Regional de Odontologia de São Paulo. São Paulo: CRF-SP, 2017.
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EQUIPAMENTO
Gestão de instrumentos
de pesagem não automáticos – Parte I Instrumentos de pesagem não automáticos são equipamentos que necessitam da intervenção de um operador durante o processo de pesagem. Utilizadas para efetuar a medição de massas, as balanças de precisão e analíticas devem apresentar capacidade, reprodutibilidade, precisão, exatidão e sensibilidade compatíveis com a faixa de pesagem utilizada durante a manipulação. Em farmácias, preferencialmente são instrumentos de exatidão Classe I (especial) ou Classe II (fina). As balanças analíticas (Classe I) chegam a uma sensibilidade de 0,0001g (0,1mg), e as de precisão (Classe II) a uma ordem de 0,001g (1mg). Devem ser de prato único e preferencialmente eletrônico, além de possuir dispositivo adequado que possibilite a verificação da carga aplicada. Devem suportar sua capacidade sem desenvolver estresse indevido e sem que o ajuste seja alterado por repetidas pesagens de sua capacidade de carga. Vale lembrar que o último algarismo mostrado no display de uma balança é duvidoso. Por isso, para maior segurança e precisão, a balança deve ser empregada somente para pesagens acima do mínimo de sua sensibilidade. O farmacêutico é responsável pela manutenção da qualidade dos equipamentos. Deve garantir a confiabilidade das medições por meio de um procedimento operacional que define as ações preventivas e corretivas quando necessárias, com base nas especificações das normas metrológicas e guias e manuais dos fabricantes. Calibração e verificação são processos que configuram ações preventivas. A calibração é um conjunto de procedimentos destinados a estabelecer uma correspondência entre uma grandeza física conhecida ou padronizada e as leituras de um instrumento no qual essa grandeza é medida. É executada por empresas certificadas, utilizando padrões rastreáveis pela Rede Brasileira de Calibração (RBC) no mínimo uma vez ao ano ou em função da frequência de uso. Já a verificação da sensibilidade da balança pode ser realizada por funcionários habilitados e treinados do próprio estabelecimento, de acordo com o procedimento operacional, sob supervisão do farmacêutico, utilizando pesos padrões calibrados e rastreáveis, diariamente, antes do início das atividades. A verificação de uma balança visa confrontar um peso padrão de valor conhecido com o valor informado pela balança. Uma vez que a leitura for maior que o erro máximo permitido em verificação, cabe ao farmacêutico solicitar à empresa responsável com a qual mantém contrato de prestação de serviço (autorizada pelo Ipem regional ou pelo Inmetro) o reparo da balança e a consecutiva calibração, a fim de promover a ação corretiva.
Referências: 1. BRASIL. Ministério da Indústria e do Comércio - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro - Portaria Inmetro nº 236 de 22 de dezembro de 1994. Aprova o Regulamento Técnico Metrológico. 2. BRASIL. Anvisa. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 67, de 08 de outubro de 2007. Dispões sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficiais para Uso Humano em Farmácias. 3. BRASIL. Ministério da Indústria e do Comércio - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro - Portaria Inmetro nº 233 de 22 de dezembro de 1994. Aprova o Regulamento Técnico Metrológico, que estabelece as condições que deverão ser observadas na fabricação e utilização de pesos padrão. 4. GARÓFALO, D. A. e CARVALHO, C. H. M. Operações Básicas de Laboratório de Manipulação. São Paulo: editora Érica, 2015. 5. FERREIRA, A. O.; BRANDÃO, M. A. F. e POLONINI, H. C. Guia Prático da Farmácia Magistral, Volume 3, 5ª edição. Juiz de Fora: Editar, 2018.
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NOTAS TÉCNICAS
ATENÇÃO
Atendimento farmacêutico
Com a publicação da lei nº 13.021, de 8 de agosto de 2014, a farmácia passou a ser reconhecida como estabelecimento de saúde, uma vez que presta assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva, na qual se processa a manipulação e/ou dispensação de preparações magistrais, oficinais, farmacopeicos ou industrializados. Nesse âmbito, o farmacêutico emprega seu conhecimento para identificar, prevenir e resolver problemas relacionados à farmacoterapia dos pacientes. Em 2013, o Conselho Federal de Farmácia publicou duas resoluções a respeito do assunto: a Resolução CFF nº 585, que regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico, e a Resolução CFF nº 586, que regula a prescrição farmacêutica. Por meio do atendimento farmacêutico, o profissional coleta informações relevantes fornecidas pelo paciente, estuda o caso e identifica os problemas relacionados à farmacoterapia. Na elaboração do plano de cuidado, o farmacêutico pode definir as metas terapêuticas e implantar as intervenções necessárias. Conciliação de medicamentos, revisão farmacoterapêutica junto ao prescritor, educação sobre o uso correto dos medicamentos e manejo de problemas de saúde autolimitados são alguns exemplos de intervenção farmacêutica que devem ser documentados e acompanhados. A intervenção farmacêutica em um problema de saúde autolimitado se dá pela prescrição de terapias farmacológicas e não farmacológicas, cuja dispensação não exija prescrição médica. Quando as queixas e sintomas sinalizam a necessidade de um diagnóstico clínico, o ideal é que farmacêutico indique o encaminhamento médico. É necessário cautela com pacientes especiais, como gestantes, idosos e crianças, que necessitam de acompanhamento médico específico. A prescrição farmacêutica é um atributo do farmacêutico clínico e deve ser fundamentada em conhecimentos e habilidades que abranjam boas práticas de prescrição, fisiopatologia, semiologia, comunicação interpessoal, farmacologia clínica e terapêutica. Para prescrição farmacêutica de medicamentos cuja dispensação exija prescrição médica, o farmacêutico deve estar condicionado à existência de um diagnóstico prévio dentro de uma instituição de saúde, ou seja, seguir um protocolo aprovado pela equipe médica, além de possuir título de especialista na área clínica.
Referências: 1. BISSON, M. P. Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica, 2ª ed. São Paulo: Editora Manole, 2009. Pacientes idosos 326. 2. Brasil. Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 596, de 21 de fevereiro de 2014. Dispõe sobre o Código de Ética Farmacêutica, o Código de Processo Ético e estabelece as infrações e as regras de aplicação das sanções disciplinares. 3. Brasil. Conselho Federal de Farmácia. Resolução RDC nº 586, de 29 de agosto de 2013. Regula a prescrição farmacêutica e dá outras providências. 4. Brasil. Conselho Federal de Farmácia. Resolução RDC nº 585, de 29 de agosto de 2013. Regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico e dá outras providências. 5. Brasil. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Fascículo XI: Consulta e Prescrição Farmacêutica. São Paulo: CRF-SP, 2016.
Saiba mais on-line: Encontre mais informações em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line
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ETAPAS DE UM ATENDIMENTO FARMACÊUTICO Paciente com queixas e sinais ou dúvidas de tratamento
Identificação das necessidades do paciente, por meio do acolhimento e coleta de dados (anamnese)
Análise e avaliação dos problemas de saúde e dos medicamentos utilizados
Elaboração do plano de cuidado: definição de metas terapêuticas e intervenções farmacêuticas
Não Encaminhamento ao médico
Redigir a prescrição
Sim Problema de saúde autolimitado*?
Definir medicamento, via de administração, regime terapêutico
Seleção de medicamentos isentos de prescrição médica***
Sim Medidas farmacológicas?
Não
Seleção das medidas não farmacológicas** (cuidados à saúde)
Orientação ao paciente/cuidador
Documentação do processo de atendimento
Seleção da terapia farmacológica e/ou seleção da intervenções relativas ao cuidado à saúde**
Acompanhamento do paciente/ avaliação dos resultados
Arquivamento da documentação
Encaminhamento ao profissional habilitado
* Problemas de saúde autolimitados: distúrbios menores não graves e que respondem ao tratamento sintomático com medidas não farmacológicas e/ou medicação cuja dispensação não exija prescrição médica. ** Medidas não farmacológicas: mudança de estilo de vida, prescrição de cosméticos e suplementos, recomendação de uso de meias compressivas para varizes, entre outras intervenções que não necessitam de diagnóstico médico. Decisão de encaminhamento a profissionais como nutricionista, fisioterapeuta ou outro profissional da saúde.
Referências: 1. Brasil. Conselho Federal de Farmácia. Resolução RDC nº 586, de 29 de agosto de 2013. Regula a prescrição farmacêutica e dá outras providências. 2. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Fascículo XI: Consulta e Prescrição Farmacêutica. São Paulo: CRF-SP, 2016.
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ENDEREÇOS DAS REGIONAIS DA ANFARMAG REGIONAIS REGIONAL BAHIA / SERGIPE Presidente: Claudia Cristina Silva Aguiar Av. Tancredo Neves, 2227 - Sala 1006 - Edif. Salvador Prime Caminho das Árvores Salvador - BA - 41820-021 regional.base@anfarmag.org.br
REGIONAL DISTRITO FEDERAL Presidente: Carlos Alberto Pinto de Oliveira SIG - Quadra 04 - Lote 25 - Zona Industrial Brasília – DF - 70.610-440 (61) 3051-2137 regional.df@anfarmag.org.br
REGIONAL ESPÍRITO SANTO Presidente: Denise de Almeida Martins Oliveira Av. Nossa Senhora da Penha, 1495 - Sala 608 Torre BT - Edif. Corporate Center - Santa Lucia Vitória - ES - 29056-905 (27) 3235-7401 regional.es@anfarmag.org.br
REGIONAL GOIÁS/TOCANTINS Presidente: José Elizaine Borges Av. R11, 870 - Sala 206 - Quadra L17 - Lotes 02/04 - Setor Oeste Goiania - GO - 74075-230 (62) 3225-5582 regional.goto@anfarmag.org.br
REGIONAL MATO GROSSO/ ACRE/ RONDÔNIA Presidente: Cybele Moniz Figueira Farias Santos R. Antônio Maria Coelho, 130 - Sala 21 - Edif. Ana Paula Centro-Norte Cuiabá - MT - 78005-420 (65) 3027-6321 regional.mt@anfarmag.org.br
REGIONAL PARÁ/ AMAZONAS/ AMAPÁ/ RORAIMA/ MARANHÃO Presidente: Marcelo Brasil Couto Av. Senador Lemos, 2965 - Centro Belém - PA - 66120-000 (91) 3244-2625 regional.norte@anfarmag.org.br
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REGIONAL PERNAMBUCO/ ALAGOAS/ PARAÍBA Presidente: Augusto César Queiroz de Carvalho R. Bernardino Soares da Silva,70 - Sala 101 - Espinheiro Recife - PE - 52061-400 (81) 3244-4151 regional.pe@anfarmag.org.br
REGIONAL RIO DE JANEIRO Presidente: Gelza Rúbia Rigue Araújo R. Conde do Bonfim, 211 - Sala 401 - Tijuca Rio de Janeiro - RJ - 20520-050 (21) 2569-3897 / Fax (21) 3592-1765 regional.rj@anfarmag.org.br
REGIONAL RIO GRANDE DO SUL Presidente: Sílvia Muxfeldt Chagas Av. Mauá, 2011 - Sala 607 - Centro Porto Alegre - RS - 90030-080 (51) 3225-9709 / (51) 3224-5602 regional.rs@anfarmag.org.br
REGIONAL MATO GROSSO DO SUL
REGIONAL SANTA CATARINA
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REGIONAL MINAS GERAIS
REGIONAL SÃO PAULO
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Presidente: Ademir Valério da Silva R. Vergueiro, 1855 - 12º andar - Vila Mariana São Paulo - SP - 04101-000 (11) 2199-3499 regional.sp@anfarmag.org.br
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