nfarmag revista
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FARMACÊUTICOS MAGISTRAIS - ANO 23 - JAN/FEV/MAR/ABR 2016 - Nº 108
É animal!
Mercado veterinário cresce e pede soluções especiais Produtos individualizados atendem até os clientes mais ferozes CONHEÇA O CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA ANFARMAG
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C u r s o M o d u lar O nline
Prescrição Farmacêutica e Farmácia Clínica Baseada na Resolução nº 586 de 29 de Agosto de 2013.
ASSOCIADOS
Class CERTIFICAÇÃO
COSMETO
NUTRIÇÃO
FARMÁCIA
Curso em 10 Módulos Início: Abril de 2016 Coordenação: Prof. Eli Meneses
Ministrante:
Descrição:
O curso de extensão em prescrição farmacêutica e farmácia clínica traz o embasamento necessário para a prescrição farmacêutica. O profissional farmacêutico é o ponto chave na atenção e assistência à saúde, tão importante que o conselho federal de farmácia regulamentou a prática da prescrição farmacêutica através da resolução nº 586 de 29 de agosto de 2013. Esta regulamentação é o avanço da profissão farmacêutica e o diferencial para os profissionais da área que precisam estar habilitados para tal prática. A prescrição farmacêutica é composta por conhecimento, responsabilidade e o mais importante a prática da assistência farmacêutica que são exatamente as premissas do curso em Prescrição Farmacêutica e Farmácia Clínica.
Prof. Eli Meneses Pós-Graduação em Quimioterapia. Possui graduação em Farmácia-Bioquímica pela Universidade São Francisco (1997). Atualmente é professor da Universidade São Francisco e farmacêutico-bioquímico do Hospital Novo Atibaia. Tem experiência na área de Farmácia, com ênfase em Análises Clínicas, Oncologia e Hemoterapia. Diretor do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo - Seccional de Bragança Paulista
Educacional França
INSCREVA-SE 19 3112.9900
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EDITORIAL
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO GESTÃO 2016-2017 Ademir Valério da Silva (presidente) Célio Fernandes (vice-presidente) José Patrocínio de Andrade Filho (vice-presidente) Carlos Alberto Pinto de Oliveira (secretário) Alessandro Marcius Silva Aline Coppola Napp Andrea Kamizaki Lima Claudia Cristina Silva Aguiar Cleunice Fidalski Denise de Almeida Martins Oliveira Elpídio Nereu Zanchet Evandro Tokarski Fabianna Maria Marangoni Iglecias Flávio Henrique de Araújo Marco Antônio Perino Rogerio Tokarski Sílvia Muxfeldt Chagas DIRETOR EXECUTIVO Marco Fiaschetti
REVISTA ANFARMAG
Rua Vergueiro, 1855 - 12o andar CEP 04101-000 - São Paulo - SP anfarmag@anfarmag.org.br www.anfarmag.org.br Tel.: 11 2199-3499 / Fax: 11 5572-0132 CONTATO COMERCIAL Simone Tavares relacionamento@anfarmag.org.br GERENTE TÉCNICO E DE ASSUNTOS REGULATÓRIOS Vagner Miguel EQUIPE DE FARMACÊUTICOS Adriana Alves, Jaqueline Watanabe, Lúcia Gonzaga, Luciane Bresciani, Maria Aparecida Soares e Valéria Faggion COORDENAÇÃO EDITORIAL E EDIÇÃO Presoti Comunicação - Grupo Interface REPORTAGEM E REDAÇÃO Natália Chagas e Taís Ahouagi REVISÃO Melissa Gonçalves
Ademir Valério Silva Presidente do Conselho de Administração da Anfarmag
Bom para cachorro No que depender das farmácias magistrais brasileiras, os animais de estimação têm tudo para serem muito bem cuidados. Afinal, somos especialistas em preparar produtos e medicamentos de fácil aceitação, com forma e sabor que agradam e com a dosagem certa. Tudo isso é fundamental para o sucesso dos tratamentos e precisa ser apresentado aos médicos veterinários, sem contar o quanto se pode facilitar a rotina de cuidados que o proprietário tem com o animal. O momento é propício para quem tem interesse em se aprofundar – tanto pelos ajustes recentes nas normas sanitárias quanto pelo mercado de produtos pet, que aponta uma tendência de crescimento contínuo. Nesta
ARTE E DIAGRAMAÇÃO Fontpress Assessoria de Comunicação PROJETO GRÁFICO Fred Aguiares FOTOS Divulgação IMAGEM DA CAPA: Shutterstock IMPRESSÃO: Vox Editora
Revista da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) destinada aos farmacêuticos magistrais, dirigentes e funcionários de farmácias de manipulação e de laboratórios; prestadores de serviços e fornecedores do segmento; médicos e outros profissionais de saúde; entidades de classe de todo o território nacional; parlamentares e autoridades da área de saúde dos governos federal, estadual e municipal.
Artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da Anfarmag. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. É PERMITIDA A REPRODUÇÃO PARCIAL DO CONTEÚDO DA REVISTA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Periocidade: Trimestral Circulação: Nacional Tiragem: 6.000 exemplares Distribuição dirigida
edição da Revista Anfarmag, mostramos como esse panorama é interessante e promissor. Trazemos também uma matéria sobre o momento histórico que vivemos com o início dos trabalhos de nosso Conselho de Administração, que inaugura o novo modelo de gestão da Anfarmag, pautada pelo profissionalismo e pelo associativismo de resultados. Boa leitura! Ademir Valério
08 10 03 Editorial 06 Quem disse Palavra do associado Falecimento Erramos 07 Na rede 08 Mercado
22 Odontologia
Saúde animal também passa por cuidados com a boca
24 Fitoterapia
Conheça os produtos que podem beneficiar principalmente os cães
28 Homeopatia
Tutores apostam no cuidado global com a saúde e individualização
Oportunidades para crescer com a farmácia veterinária
30 Cosmética
Regulamentação do Mapa favorece farmácias magistrais
34 Anfarmag
Dose correta garante segurança e eficácia do tratamento
36 Seu negócio
10 Linha de Frente 12 Tratamento 14 Forma
Individualização evita estresse para o pet e seu tutor
16 Sabor
Cada espécie e raça de animal tem suas próprias preferências
18 Artigo
Os ativos e dosagens que devem ser evitados para evitar toxidade 4
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Os cuidados a mais que fazem diferença no bem-estar Novo modelo de gestão já funciona a pleno vapor Visitação farmacêuitica a médicos veterinários favorece relacionamento
37 Encarte Técnico
Administração do medicamento Atenção farmacêutica Farmacotécnica É legal saber Formulações Fique atento
46 Fluxograma
QUEM DISSE
PALAVRA DO ASSOCIADO
A manipulação possibilita ao médico a prescrição de uma formulação com associação de substâncias que tratam diferentes necessidades, além de promover uma maior comodidade na administração do medicamento, facilitando a adesão do paciente ao tratamento.”
Sou Anfarmag porque conto com a agilidade e comprometimento de toda a equipe em tirar minhas dúvidas e auxiliar no dia-a-dia da farmácia Vanessa Vieira Arapiraca – AL
Desde 1999 é pela Anfarmag que me mantenho informada e atualizada sobre assuntos técnicos Cláudia Spring Joinville – SC
Como proprietária, preciso estar sempre atualizada, inclusive sobre gestão do negócio. Tudo que uma farmácia precisa para se manter funcionando a Anfarmag tem. Andréia Filoni São Paulo – SP
“Amo a Anfarmag! Toda farmácia de manipulação deveria ser associada”. Luiz Claudio dos Santos Buritama – SP Gostou das reportagens desta revista? Ficou com dúvidas? Tem algum tema que gostaria de ver na próxima edição? Sua opinião faz toda a diferença! Fale com a gente pelo e-mail: revista@anfarmag.org.br
Foto: Divulgação
FALECIMENTO
Sandra Lemos Médica dermatologista de Campina Grande (PB) e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Paraíba
Faleceu o farmacêutico Francisco Schwartzman, no dia 14 de fevereiro de 2016. Schwartzman foi um dos profissionais fundadores da Anfarmag, tendo atuado na diretoria da entidade ao longo de cinco gestões, entre 1986 e 1997. É inestimável sua contribuição para a consolidação da Anfarmag como instituição representativa do setor, bem como para o desenvolvimento do mercado magistral no Brasil.
Erramos Trocamos a foto de nosso entrevistado na matéria “Tome Fôlego” (p. 40), da edição 107. Quem apareceu na imagem foi o psiquiatra Leonard Verea, que foi fonte para a reportagem “No Limite” (p. 12) na mesma edição. Neste caso, o correto seria termos publicado a foto ao lado, do professor da escola de negócios HSM Educação Executiva, Leonardo Ferreira. Além disso, o endereço atualizado do site da instituição é: hsm.com.br.
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NA REDE
Por onde navegar Alguns sites precisam estar sempre entre os favoritos de quem atua com manipulação de medicamentos e produtos veterinários:
• Food and Drug Administration Center for Veterinary Medicine: www.fda.gov/AnimalVeterinary • American Veterinary Medical Association: avma.org • Veterinary Support Personnel Network: vspn.org
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MERCADO
Um pet para chamar de seu População de animais de estimação cresce no Brasil e no mundo conquistando status afetivo sem precedentes
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Na década de 1970 ninguém acreditaria que um dia as famílias teriam mais animais de estimação que crianças. A população estava migrando do campo para a cidade e a expectativa era de sobrar pouco espaço para os animais nessa nova configuração. Porém, também cairia a taxa de natalidade, aumentaria o número de pessoas morando sozinhas e os laços familiares ficariam mais flexíveis. “A tendência não se confirmou porque os animais estão ligados às pessoas. Hoje, suprem uma carência e têm tanta importância quanto um parente querido”, diz o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária, Josélio Moura. Dados do IBGE mostram que o Brasil tem 54 milhões de cães – um para quatro pessoas –, além de 22 milhões de gatos, sem contar roedores, aves, peixes e répteis. No mundo, somam-se 1,56 bilhão de animais de estimação, que são tratados de forma cada vez mais carinhosa. A mudança fica clara também na economia. A expectativa da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação era de que o setor faturasse R$ 17,9 bilhões em 2015, considerando alimentação (67,3%); serviços (17%); equipamentos, acessórios e produtos de higiene e beleza (8%); e medicamentos (7,7%). O crescimento do setor indica que os tutores de fato colocam os cuidados com o pet como prioridade. Afinal, ninguém deixa um ser que ama sem itens fundamentais, como comida, banho e medicamentos. É justamente nesse contexto que o setor magistral pode ganhar relevância ainda maior. Quando os proprietários buscam o melhor para seus animais de estimação, buscam também a excelência no cuidado em saúde. Especializada em soluções individualizadas, a farmácia magistral se torna aliada dos veterinários na oferta de soluções próprias para cada espécie, raça e indivíduo.
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LINHA DE FRENTE
LEGISLAÇÃO CLARA
para o mercado magistral Licença de funcionamento para farmácias prepararem produtos para animais e humanos na mesma estrutura já entra no segundo ano O preparo de medicamentos e produtos farmacêuticos individualizados para animais nas farmácias de manipulação não é exatamente novidade. Há diversas empresas e profissionais no Brasil que trabalham na área veterinária há mais de uma década. Nos últimos anos, entretanto, vem ocorrendo uma consolidação, seguida por mudanças nas normas que regulamentam o setor. Já faz dois anos que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estabeleceu critérios para a farmácia magistral, por meio da instrução normativa nº 41/2014, manipular, no mesmo laboratório, preparações veterinárias e humanas, desde que os insumos utilizados sejam de uso comum a ambos. Para a publicação da norma, a Anfarmag teve papel importante, contribuindo com informações técnicas que embasaram a decisão. A norma permite também a armazenagem, estocagem, embalagem, rotulagem e dispensação em áreas comuns para esses produtos. No caso de insumos de uso unicamente veterinário, ficou mantida a exigência de que a farmácia possua, separadamente, uma estrutura dedicada a esse preparo. 10
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De acordo com o presidente do Conselho de Administração da Anfarmag, Ademir Valério, esse foi um avanço importante: “Desde a publicação da norma, mais farmácias têm buscado capacitação na área. A tendência é que esse movimento continue se expandindo”. Para preparar todo e qualquer produto para animais, a farmácia precisa ter licença de funcionamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – órgão responsável pela fiscalização e regulamentação dos estabelecimentos que manipulam produtos veterinários. No caso de medicamentos de uso controlado, é necessário portar também Autorização Especial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Saiba mais on-line: • Se você trabalha – ou pretende trabalhar – com a manipulação de produtos e medicamentos veterinários, conheça detalhes sobre as normas que regem a atividade anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line
TRATAMENTO
Uma dose de precisão Cada vez mais bem cuidada pelos donos, saúde de animais de estimação se beneficia de tratamento personalizado Gato diabético? Cachorro com insuficiência cardíaca? Hipertensão? Artrose? A rotina de quem tem um animal de estimação inclui visitas ao médico veterinário e observação atenta. Com o cuidado, é comum que se descubram de forma precoce doenças – semelhantes às de seres humanos ou não – e que sejam tratadas desde o início, garantindo mais tempo e qualidade de vida. Entre o que mais motiva os tutores a levarem o pet ao consultório estão os problemas de pele: otites, alergias e infecções recorrentes por bactérias (foliculites). É por meio desse contato de rotina que são descobertas outras afecções, como endocrinopatias, cardiopatias, alterações do sistema urinário, cistites por formação de cálculos, problemas de artrose em coluna e quadril. Em todos os casos, a farmácia magistral é uma aliada valiosa. Uma das vantagens é o fato de proporcionar a dose correta, já que ainda hoje é comum partir comprimidos. 12
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Se, para as pessoas, essa é uma prática prejudicial, para os animais pode ser ainda pior, pois eles são menores, mais leves e mais sensíveis. No caso dos animais idosos, esse fator é fundamental, como explica José Roberto Ribeiro, médico veterinário e diretor técnico da clínica Health for Pet, de São Paulo: “Ômegas são positivos contra processos anti-inflamatórios; assim como aminoácidos para a musculatura; associações com diacereína e condroitina para articulações; ou extrato de berinjela (Solanum melongena) para triglicérides e colesterol alto”. Segundo ele, como a metabolização tem ritmo próprio nesse paciente, o veterinário prescreve a preparação com a menor dose necessária para ter efeito. Saiba mais on-line: • Encontre sugestões de formulações e dicas farmacotécnicas anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line
O QUE FORMULAR? Cloridrato de metoclopramida .....0,2 - 0,5 mg/ Kg Pasta oral ou gel comestível (sabor fígado ou queijo) qsp.................................1 sachê Indicação: antiemético, procinético do trato gastrintestinal. Posologia: indicado para cães e gatos. Administrar a cada 8 horas ou a critério do médico veterinário. Para distúrbios de mobilidade gástrica e refluxo esofágico, administrar 30 minutos antes do alimento. Fonte: PINHEIRO, Vanessa; VIEIRA, Fabiana Campanati – Formulário Médico-veterinário Farmacêutico – São Paulo: Pharmabooks, 2004
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FORMA
Já tentou dar comprimido a um gato? Farmácia de manipulação oferece alternativas que facilitam, e muito, o tratamento veterinário
Comprimido grande e solução líquida oral com sabor que não favorece em nada a ingestão. Quem já tentou administrar medicamentos a um animal de estimação sabe que essa pode ser uma missão quase impossível. Felizmente, há, na farmácia de manipulação, alternativas eficazes para melhorar o processo e evitar a descontinuidade do tratamento. Seja alterando a forma farmacêutica, criando associações únicas ou escolhendo a menor cápsula possível, o objetivo é o mesmo: facilitar o uso. De acordo com o consultor farmacêutico Luiz Cavalcante, as alternativas disponíveis nas farmácias facilitam o tratamento sem nenhum prejuízo para a eficácia. “Os biscoitos, por exemplo, são preparações sólidas manipuladas a partir das rações caninas ou de farinha de outros cereais, como a aveia, e flavorizantes, além do princípio ativo. Essa forma farmacêutica não só é aceitável como atrativa para cães”, explica. Já no caso dos gatos, que são mais ariscos, há técnicas específicas. Dá para aplicar pastas medicamentosas flavorizadas nas patas e, como 14
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são animais muito higiênicos e que não suportam permanecer sujos, irão lamber e ingerir todo o medicamento naturalmente. Karina Bevilaqua, médica veterinária dermatologista e clínica geral, de São Paulo, reforça a importância dessas especificidades: “Quando preciso associar um antibiótico em xampu, é na farmácia que consigo. Outras vezes, prescrevo um gel manipulado para conseguir a melhor absorção com o mínimo de pegajosidade e sem deixar resíduo no pelo do animal. Quando são cápsulas, a farmácia prepara no menor tamanho possível e com flavorizantes que evitam o gosto ruim ao morder. A manipulação também me permite prescrever ativos no veículo mais adequado, evitando uma farmacodermia, tão comum nas otites”. Quando se trata de medicamentos de uso contínuo, como anti-hipertensivos e hipoglicemiantes, é ainda mais importante a individualização para evitar criar uma fonte de estresse frequente para o animal e o dono. “A maioria dos gatos tem muita resistência a engolir cápsula ou líquido: eles se debatem, cospem, chegam a espumar. Então, a cada prescrição, converso com o dono para encontrarmos juntos a melhor saída”, conta Karina.
Karina Bevilaqua, médica veterinária, dermatologista e clínica geral, de São Paulo
Saiba mais on-line: • Encontre sugestões de formulações e dicas farmacotécnicas anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line
O QUE FORMULAR? Forma farmacêutica
Vantagens
Espécie
Biscoito
Concentração exata, fácil administração, associações de ativos
Cães (maior frequência) Gatos (pouca frequência)
Goma e pastilha mastigável
Adesão ao tratamento, edulcoração e flavorização por espécie, evita partição
Cães
Pasta oral
Palatabilidade, fácil administração sobre a pata do animal
Gatos
Gel comestível
Fácil administração na ração de animais estressados ou que não aderem a pastilhas e gomas
Cães (maior frequência) Gatos (menor frequência)
Fonte: ZACLIS, I. Navarro Xavier, Rui Xavier. Compêndio de Fórmulas Magistrais Veterinárias. Ed. Coração Brasil, 2ª Edição, 2004. / PINHEIRO, Vanessa; VIEIRA, Fabiana Campanati. Formulário Médico-Veterinário Farmacêutico. São Paulo: Pharmabooks, 2004
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SABOR
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Sucesso do tratamento de animais pode começar pelo paladar Biscoitos com cheiro de carne para cães, xarope sabor peixe para gatos, torrões de açúcar com gosto de maçã e forma de cenoura para cavalos. Essas são algumas das inúmeras possibilidades da manipulação de medicamentos veterinários. “Graças à necessidade do médico veterinário em aumentar a adesão dos animais ao tratamento e à sua interação com o farmacêutico magistral, esse campo cresce e nos permite contar com moldes padronizados para o desenvolvimento de formulações específicas para os animais”, explica a farmacêutica e consultora brasileira Vanessa Pinheiro, que atua nos Estados Unidos. De acordo com a profissional, medicamentos de uso oral podem ser de simples aceitação por boa parte dos animais quando o sabor mascara o amargo dos princípios ativos. São usados flavorizantes específicos, de acordo com a espécie e a preferência de cada animal. São exemplos sabores de carne, frango, bacon, morango e chocolate para os cães; peixe, carne e frango para gatos; e frutas como banana, maçã e abacaxi para as aves. Tantas opções poderiam ser muito mais exploradas. “Quando apresentamos os conceitos da manipulação para o médico veterinário, ele logo se torna adepto e passa a contar com nossa expertise”, diz Vanessa.
Um marco
Para a farmacêutica, um marco na popularização da medicação veterinária manipulada foi a Instrução Normativa nº 11/2005: “Trabalho na área desde 2002 e foi a partir dessa norma que vários fabricantes e fornecedores passaram a acreditar nesse mercado. É uma área em crescimento, que contribui muito para que os tratamentos não sejam descontinuados. São várias as dificuldades na hora de medicar, e nada melhor que tornar o medicamento palatável”. Saiba mais on-line: • Encontre sugestões de formulações e dicas farmacotécnicas anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line
O QUE FORMULAR? Espécie
Flavorizante
Concentração Usual
Cães
Carne, salsicha, frango, fígado, chocolate (artificial), marshmallow, caramelo
0,3% – 1,5%
Gatos
Peixe, fígado, frango, manteiga, queijo
0,5% - 1,0%
Furões
Peixe, frutal
0,3% - 0,5%
Iguanas
Kiwi, melancia
0,3% - 0,5%
Coelhos
Banana, banana com creme
0,3% - 0,5%
Porquinhos da Índia
Laranja, tutti-frutti
0,3% - 0,5%
Fonte: International Journal of Pharmaceutical Compounding - Vol.13/2009. N 1 0 8 - J A N / F E V / M A R / A B R 2 0 1 6 17
ARTIGO
PARECE,
mas pode não ser
Autor: Ana Cláudia Pompeu Raminelli*
Cães e gatos são de espécies distintas e têm constituições fisiológicas e necessidades nutricionais também diferentes. Essa clareza é importante para a prescrição, manipulação e administração dos medicamentos. É comum que os proprietários, bemintencionados, façam uma extrapolação de doses em relação aos animais, comparando-os com as crianças. Há muitos casos em que essa conduta é bem-sucedida, mas, outra vezes, pode levar à intoxicação e ao óbito. As diferenças ocorrem, principalmente, no sistema hepático de metabolização de substâncias, com restrições especialmente para gatos. O gato realiza reação bastante lenta de conjugação com o ácido glicurônico 18
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(até 100 vezes mais lenta) devido à baixa concentração da enzima glicuronil-transferase. Dessa forma, muitos fármacos que precisam ser metabolizados por essa via apresentam aumento no tempo de meia-vida em gatos. Se o esquema posológico for inadequado, pode-se gerar intoxicação devido à concentração sérica elevada. Como alternativa, os gatos usam a via de metabolização do sulfato para fármacos com fenóis (dipirona, hexaclorofeno e propofol), ácido aromáticos (ácido salicílico) ou aminas aromáticas (paracetamol). Já os cães não têm a capacidade de efetuar reações de acetilação para a metabolização hepática de aminas aromáticas. É por essas diferenças que se deve atentar
às substâncias que têm uso restritivo ou são totalmente contraindicadas. O paracetamol (acetaminofeno) tem ação antipirética e analgésica. É totalmente contraindicado para gatos, pois causa metahemoglobinemia, icterícia, hematúria, depressão e morte. Deve ser metabolizado por glicuronidação, sulfatação, além de outras vias hepáticas do citocromo P450. Como os felinos são deficientes de enzima glicuronil-transferase, o paracetamol passa a ser metabolizado por sulfatação e enzimas de fase I, formando metabólitos tóxicos, que precisam ser conjugados com glutation para excreção. Dessa reação, ocorrem lesão hepática e metahemoglobinemia. Já para os cães, é preciso cautela, sendo recomendados 10 mg/Kg a cada 12 horas.
ARTIGO O diclofenaco (sódico/potássico) é usado para dor moderada a intensa, já que tem potência terapêutica elevada como analgésico e anti-inflamatório, mas seu uso em cães está associado a risco de efeitos adversos graves, como hemorragias gástricas. O ibuprofeno não é indicado para cães e gatos, mesmo sendo bastante utilizado para o tratamento de mastites e analgesia em bovinos. O naproxeno apresenta potencial ulcerogênico menor que o ácido acetilsalicílico, mas o tempo de meia-vida em cães é de 35 horas (Beagle) a 74 horas (Mongrel). A administração deve ser realizada somente uma vez ao dia. A fenilbutazona é um pró-fármaco que origina a oxifenilbutazona, mas tem baixa margem de segurança. É um anti-inflamatório potente para distúr-
bios musculoesqueléticos, osteoartrites e inflamações de tecidos moles em equinos e bovinos. O uso em gatos é bastante polêmico. Há autores que defendem que não seja administrado, enquanto outros sugerem dose de 5mg/ Kg a 12 mg/Kg de 12 em 12 horas, por período curto de tratamento, e interrupção imediata caso ocorra indisposição ou inapetência. O uso para cães é aprovado, mas contraindicado pelo risco de distúrbios gastrintestinais, hepatotoxicidade, nefropatias e discrasias sanguíneas. Cetoprofeno é um anti-inflamatório, analgésico e antipirético, utilizado principalmente para osteoartrites. A dose recomendada para cães e gatos é de 1 mg/Kg por dia e o tempo de meia-vida é de cerca de 4 horas para cães e 1,1 hora para gatos. Estudo em Beagles por 30 dias verificou surgimento de lesões gastrintestinais brandas. O celecoxibe se mostrou seguro em estudo com cães por um período de 20 dias, quando estudado o perfil hepático e cardíaco. Porém, deve-se ter cuidado em pacientes portadores de alterações renais. Metronidazol tem atividade antibacteriana, antiparasitária e antiprotozoária, extensivamente usado contra giardíase em cães e gatos e infecções anaeróbicas sistêmicas e entéricas. Como tem a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica, pode gerar sinais de intoxicação, como anorexia, vômito, depressão, desorientação, tremores, falência e rigidez. Cloranfenicol age como bacteriostático e tem amplo espectro contra organismos gram-positivos e gramnegativos. Na maioria das espécies, é eliminado primariamente pelo metabolismo hepático via glicuronidação. Pela deficiência que gatos possuem
em relação a essa via, a concentração sérica é elevada e o tempo de meia-vida prolongado. Alguns sinais de intoxicação são anemia, leucopenia, discrasias sanguíneas, depressão, anorexia, vômito e diarreia. A dose diária recomendada é de 25 mg/Kg a 50 mg/Kg, via oral. A digoxina é útil para insuficiência cardíaca congestiva, fibrilação atrial ou taquicardia supraventricular. É metabolizado lentamente, mas a excreção renal é primária, por filtração glomerular e secreção tubular. Devem-se ajustar as doses quando há patologias renais. Meia-vida varia entre 14,4 e 56 horas para cães, e entre 30 e 173 horas para gatos. O ajuste de dose deve ser individualizado, e a concentração sérica monitorada por 7 a 10 dias. Os gatos parecem ser mais sensíveis aos efeitos adversos da digoxina, como vômito, diarreia, anorexia, depressão e alterações no eletrocardiograma. Benzocaína é um anestésico local, utilizado topicamente em procedimentos de intubação traqueal ou para controle de prurido na pele. É contraindicado para gatos, pois pode causar metahemoglobinemia. Animais intoxicados apresentam vômitos, taquicardia, cianose, dispneia e abatimento. Os antissépticos das vias urinárias, azul de metileno e fenazopiridina, podem ocasionar a formação de corpúsculos de Heinz e anemia hemolítica: por isso, são contraindicados para gatos. Sinais de intoxicação: depressão, mucosas pálidas e dispneia. *Ana Cláudia Pompeu Raminelli é mestre em Fármaco e Medicamento (USP), doutoranda em Dermatologia (Unifesp) e coordenadora e docente do Curso Intensivo de Manipulação Veterinária de Medicamentos do Instituto Racine.
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ODONTOLOGIA
Saúde dos animais domésticos também passa por uma rotina de cuidados com a boca Muitas vezes negligenciada pelos tutores de cães e gatos, a rotina de higienizar os dentes faz diferença na saúde. Quem garante é o veterinário com atuação em São José dos Campos (SP) e presidente da Associação Brasileira de Odontologia Veterinária, Leonel Rocha. De acordo com ele, problemas que parecem simples podem gerar desde desconforto até complicações que afetam a expectativa de vida. O especialista calcula que, de 70% a 80% das vezes, o que acomete cães e gatos, especialmente os pequenos e com mais de 5 anos de idade, é a doença periodontal. A patologia é uma condição crônica e inflamatória devido à ação de bactérias sobre a gengiva e outras estruturas que sustentam os dentes. Há diversos graus de infecção dos tecidos, causando dor e até perda dos dentes.
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Rocha explica que uma consequência é o comprometimento do sistema imunológico. “Além dos efeitos locais, como mau hálito, sangramento e dor, cada vez que o animal se alimenta, ingere junto essas bactérias acumuladas, que caem na circulação sanguínea e atingem os órgãos”, explica. “É muito difícil provar que uma endocardite ou uma insuficiência renal foram causadas diretamente pela doença periodontal, mas a experiência mostra que os animais que têm a boca cuidada vivem mais. Há estudos mostrando a relação da saúde bucal com o coração, fígado, rins e articulações”. Tantas consequências podem ser evitadas com a escovação diária, desde que o pet esteja saudável, sem dor, criando um momento lúdico e de carinho. A farmacêutica Sandra Schuster, do Paraná, proprietária de uma rede de farmácias especializadas em manipulação veterinária, garante
que a farmácia pode colaborar com essa higiene. Ela cita diversas possibilidades de formulações de pastas de dente com sabor para melhor aceitação, sempre lembrando que esse produto acaba sendo ingerido. “Pode-se incluir insumos fitoterápicos como malva (Malva sylvestris L.) e própolis, que contribuem para proteger contra infecções na gengiva”, diz. “Em contrapartida, é importante tomar cuidado para evitar que algum insumo gere toxidade, sendo recomendável usar um teor baixo de flúor”. Quando o animal não aceita a escovação, podem ser uma alternativa as mousses ou loções à base de clorexidina, tanto em solução aquosa quanto em gel. Também é comum o uso de soluções à base de xilitol na água. O veterinário Leonel Rocha alerta, entretanto, que o uso do xilitol vem diminuindo devido à possibilidade de problemas hepáticos e hipoglicemia em raças de cachorro de menor porte. O dentista veterinário pode lançar mão de produtos manipulados também em outras situações. Quando o animal passa por procedimentos invasivos no consultório – que vão desde a limpeza até o tratamento de fraturas e exposição do canal ou mesmo remoção de dentes – é preciso evitar que ele sinta dor ao voltar para casa. Nessas situações, Rocha costuma prescrever tramadol ou dipirona, sempre em gel transdérmico. Também quando é preciso usar anti-inflamatórios como cetoprofeno, é possível fazê-lo na forma de gel transdérmico. “Aplica-se na face interna da orelha e o medicamento terá um efeito sistêmico”, orienta Sandra. Já para antibióticos, além do uso de injetáveis, o prescritor pode optar por formas farmacêuticas líquidas orais como suspensões ou xaropes, com sabor agradável.
Leonel Rocha, presidente da Associação Brasileira de Odontologia Veterinária
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O QUE FORMULAR? Clorexidina, digluconato ................................................. 0,1 – 0,2% Tintura de Malva sylvestris L..................................................1 – 2% Enxaguatório bucal flavorizado (sabor frango) qsp .............. 100 ml Indicação: profilaxia após remoção do tártaro e casos de mau hálito. Posologia: aplicar diretamente na boca do animal ou umedecer um chumaço de algodão ou gaze e passar nos dentes e gengivas do animal. Própolis (extrato fluido ou tintura) ...............................................1% Gel dental flavorizado (sabor fígado) qsp ...................................60g Indicação: higienização bucal, prevenção de halitose. Posologia: escovar os dentes do animal diariamente ou a critério do médico veterinário. Fonte: ZACLIS, I. Navarro Xavier, Rui Xavier. Compêndio de Fórmulas Magistrais Veterinárias. Ed. Coração Brasil – 2ª ed, 2004.
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FITOTERAPIA
Um nicho a ser explorado Muito difundida na medicina humana, fitoterapia conquista também a clínica veterinária Usadas há milhares de anos, as plantas medicinais, assim como os fitoterápicos, têm forte apelo junto à população, que enxerga nesses produtos soluções naturais amparadas tanto pela ciência quanto pela cultura e tradição. À medida que os animais domésticos passam a ser vistos como um membro da família, os fitoterápicos ganham força também nos tratamentos veterinários, especialmente no caso de cães. Robinson Moreira é médico veterinário com atuação em São Paulo, e recomenda esses produtos com frequência por jugar que aliam bons resultados com o mínimo de efeitos adversos. Segundo ele, uma das prescrições mais comuns é Boswellia serrata, anti-inflamatório natural que traz benefícios em casos de dores articulares, como artrose e problemas na coluna de cães. Cita também a experiência no tratamento do comportamento do pet em médio prazo. “Animais com medo de chuva, trovão e fogos de artifício ou que urinam ao brincar estão dando sinais de ansiedade. Para diminuir esse 24
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sintoma uso formulação à base de kawa-kawa (Piper methysticum G.), maracujá (Passiflora incarnata L.) e L-triptofano, que funciona muito bem”, ilustra. Já os cachorros que se movimentam pouco, comem muito e começam a engordar estão em um caminho perigoso. Para auxiliá-los, Moreira faz associações de diversos fitoterápicos, como berinjela (Solanum melongena L.), alcachofra (Cynara scolymus L.), extrato de laranja amarga (Citrus aurantium L.) e guaraná (Paullinia cupana L.). Assim, além de colaborar para reduzir o colesterol, o objetivo é deixar o animal com mais energia e menos fome, favorecendo também animais apáticos. “O interessante da manipulação é que, uma vez que nós, veterinários, entendemos que se pode criar uma infinidade de formulações – inclusive unindo fitoterápicos e ativos tradicionais –, melhoram muito as perspectivas de tratamento. Conversando com um farmacêutico,
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FITOTERAPIA
passei a prescrever creme de arnica (Arnica montana L.) com capsaicina quando há trauma”, relata. Também prescreve pomada à base de confrei (Symphytum officinale L.) e vitamina A: “Uma ferida aberta poderia demorar um mês para cicatrizar; com esse produto, leva uma semana”, diz. A própolis é outra aliada. Tanto para a cicatrização quanto para evitar a contaminação por parasitas, Moreira recomenda borrifar diariamente uma solução sobre a pele do animal. Sérgio Panizza, farmacêutico especialista em Fitoterapia, complementa a lista. Para dores musculares e articulares, explica que é usada formulação de uso oral associando salgueiro (Salix alba L.), sucupira (Bowdichia virgiloides H.B.K.), chapéu-decouro (Echinodorus macrophyllus Kunth) e erva baleeira (Cordia verbenácea D.C.). Já as propriedades adstringentes, antissépticas e cicatrizantes da guaçatonga (Casearia sylvestris S.) e o barbatimão (Stryphnodendron barbatimão M.) podem se unir em uma só formulação, em spray, para lesões consequentes de dermatite por lambedura. O profissional aconselha também o uso de valeriana (Valeriana officinalis), mulungu (Erythrina mulungu M.) e maracujá (Passiflora incarnata L.) quando se busca um ansiolítico para problemas de origem nervosa ou sedativos para doenças espasmódicas e nevralgias.
Janela de oportunidade
Se, por um lado, o artigo “Fitoterápicos utilizados na medicina veterinária, em cães e gatos”, das autoras Andreia Tiemi Ozaki e Paula da Cunha Duarte, publicado no site do Conselho Federal de Farmácia, cita que em 2004 os fitoterápicos já representavam 6,7% do mercado total de medicamentos no Brasil, o mesmo documento mostra que, por outro, apenas 1% desse mercado é voltado ao segmento veterinário. Os dados comprovam que a fitoterapia no Brasil ainda é um nicho pouco explorado, sobretudo quando se fala em seu uso na veterinária.
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O QUE FORMULAR? Calêndula officinalis extrato glicólico.....5% Óleo de prímula (Oenothera biennis L.).....2% Avena sativa extrato glicólico................2% Xampu hipoalergênico qsp ..............200ml Indicação: dermatites alérgicas, pruridos e eritemas. Posologia: Aplicar suavemente no corpo do animal em banhos semanais. Deixar agir por 5 minutos, enxaguar abundantemente. A critério do médico veterinário, alternar com xampus à base de corticoides em casos de dermatites alérgicas severas por picadas de pulgas (DAPP). Fonte: ANDRADE, S. F. Manual de Terapêutica Veterinária. 2ª ed. São Paulo: Roca, 2002./ PINHEIRO, Vanessa; VIEIRA, Fabiana Campanati. Formulário Médico - Veterinário Farmacêutico. São Paulo: Pharmabooks, 2004.
HOMEOPATIA
Cuidado
integral Homeopatia é mais um aliado no tratamento veterinário individualizado Do controle de parasitas ao tratamento de doenças crônicas, a homeopatia vem conquistando médicos veterinários pelo Brasil. É o caso do médico veterinário e farmacêutico Roberto Mangieri Júnior, que atua em Jundiaí (SP) e faz parte da Comissão Científica da Associação Médica Veterinária Homeopata. Ele explica que a homeopatia está fortemente ligada ao conceito de individualização e à busca pelo bem-estar global. “Todo princípio químico provoca alterações que não são positivas, como, por exemplo, sobre a microbiota intestinal, vaginal ou bucal; a homeopatia bem aplicada é praticamente isenta de efeitos adversos”, defende.
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Simone Bueno Monteiro, médica veterinária com atuação em São Paulo, também é adepta: “Quando o pet precisa se adaptar a um novo ambiente ou passou por um trauma, a homeopatia ajuda bastante. Ainda age bem sobre doenças crônicas, como diabetes, além de convulsões, gastrites e doenças psicogênicas de pele. Já as fórmulas pré-vacinais reduzem os efeitos adversos em filhotes durante a imunização, especialmente raças de cachorros pequenos”. Para a farmacêutica e presidente da Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas, Amarilys Toledo, essa é uma área que pode ser bem explorada pelas farmácias: “São os mesmos medicamentos homeopáticos para animais ou para humanos, sem necessidade de salas separadas para manipulação e dispensação de prescrições veterinárias homeopáticas”, diz. Importante atentar à particularidade de cada espécie: álcool nunca deve ser administrado em aves ou répteis e, para os outros animais, é recomendável que a concentração de álcool seja baixa (5% a 10%), evitando rejeição no paladar. Já os glóbulos devem ser evitados no caso de animais diabéticos. Cães aceitam bem o dulçor dos glóbulos, enquanto gatos tendem a se dar melhor com soluções líquidas.
Simone Bueno Monteiro, médica veterinária com atuação em São Paulo
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COSMÉTICA
Aliada do BEM-ESTAR Cuidado individualizado vai além do medicamento e pode fazer parte do dia a dia de quem tem um animal de estimação
Cada vez mais, o mercado da manipulação tem se expandido, buscando atender integralmente à saúde dos animais de estimação. Assim, há tempos, a manipulação de produtos veterinários não se atém somente a medicamentos. Os cosméticos também têm feito parte do cotidiano dos bichinhos, proporcionando bem-estar e conforto. São várias preparações cosméticas para animais disponíveis no mercado, incluindo xampus, loções, sprays, pomadas, condicionadores e talcos. Ainda que girem principalmente em torno de animais domésticos (cães e gatos), esses produtos também atendem aos animais de grande porte para exposições e competições, como os cavalos. Seu uso garante a limpeza da superfície da pele e dos pelos dos animais, além de minimizar o odor. Para cães e gatos de pelo longo, são indicados os condicionadores, que ajudam a
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desembaraçar os pelos e a evitar nós. Uma novidade que tem sido bastante utilizada, de acordo com Cleber Barros, pesquisador em Desenvolvimento Cosmético, de Campinas (SP), são os lenços umedecidos de limpeza, pela praticidade, assim como emulsões hidratantes para áreas ressecadas e calos de apoio. “Cosméticos favorecem pele e pelagem dos animais e podem auxiliar em algumas condições dermatológicas. Manter a pele limpa previne infecções bacterianas e por fungos, evita carrapatos e pulgas e reduz odores que atrairiam insetos que irritam o animal. Para cavalos, os xampus e produtos doadores de brilho para a pelagem são os mais procurados”, explica. Segundo Barros, os produtos de higiene agem reduzindo o acúmulo de poeira, suor, oleosidade excessiva, restos de células, insetos e impurezas diversas,
Vanessa Gonçalves, médica veterinária especialista em dermatologia veterinária e cosmetologia clínica, de Campinas (SP)
melhorando o aspecto e prevenindo desordens de saúde. Por sua vez, os condicionadores são produtos que facilitam o penteado, ao reduzir os nós nos pelos e aumentar o brilho. “Esses produtos possuem compostos catiônicos (carga
positiva) que agem neutralizando a carga negativa dos pelos, melhorando a penteabilidade”, explica. Vanessa Gonçalves, médica veterinária especialista em dermatologia veterinária e cosmetologia clínica, de Campinas (SP), explica que há também os xampus para tratamento de disqueratose, sprays de tratamento hidratante, géis cicatrizantes, clareadores para manchas de lágrimas e até filtro solar para animais de pele mais clara. “Em alguns casos, os cosméticos têm um efeito muito relevante no tratamento e profilaxia de patologias dermatológicas, como usar um xampu hidratante em peles de animais que apresentam uma perda da hidratação, evitando futuras inflamações ou contaminações e recuperando a função de barreira da pele”, observa.
Nos trinques
Os neutralizadores de odor também são encontrados para pets. “Esses cosméticos são indicados como alternativa nos casos em que o banho não é aconselhável, como após cirurgias e
em animais idosos”, diz Cléber Barros. “Aplica-se diretamente sobre pele e pelagem e é sem enxague”, explica. Outra opção são os fluidos doadores de brilho, geralmente utilizados em animais em exposições e competições. “Esses produtos são aplicados sobre a pelagem seca, e sem enxágue. Contêm silicones de efeito filme, que refletem a luz e ajudam a conservar os pelos alinhados, podendo também ser usados em desembaraçadores de pelos e reparadores de pontas”, explica Barros. Saiba mais on-line: • Encontre sugestões de formulações e dicas farmacotécnicas anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line
O QUE FORMULAR? Aloe vera extrato glicólico .........................2% D-pantenol .............................................0,5% Silicone volátil ...........................................3% Veículo em spray qsp ...........................100ml Indicação: desembaraçamento e hidratação do pelame. Posologia: Borrifar nos pelos após lavagem, desembaraçar e escovar com secador. Fonte: PINHEIRO, Vanessa; VIEIRA, Fabiana Campanati. Formulário Médico-Veterinário Farmacêutico. SÃo Paulo: Pharmabooks, 2004. N 1 0 8 - J A N / F E V / M A R / A B R 2 0 1 6 31
Desde a publicação da Resolução 586 de 29 de Agosto de 2013, o Farmacêutico está habilitado a prescrever
Dermocosméticos
Nutracêuticos
Fitoterápicos
Medicamentos de Venda Livre
O exercício deste ato deverá estar fundamentado em conhecimentos e habilidades clínicas que abranjam:
Boas Práticas de Prescrição
Fisiopatologia
Comunicação Interpessoal
Semiologia
Farmacologia Clínica e Terapêutica
A sua farmácia está preparada? A prescrição farmacêutica é uma das áreas mais promissoras do setor magistral, pois fideliza o paciente e promove o aumento do faturamento.
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ANFARMAG
Mudamos para avançar Entidade dá início a seu novo modelo de gestão em prol do associativismo de resultados Este ano começou intenso para todos os que têm interesse pelo setor de medicamentos e produtos individualizados. Isso porque a Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) deu a largada em seu novo modelo de gestão. Em janeiro, assumiram seus cargos os diretores que farão parte do Conselho de Administração da entidade para a gestão 2016/2017. Segundo esse modelo de gestão moderno, a entidade passa a ser gerida por um conjunto de conselheiros (Conselho de Administração), todos
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com o mesmo poder de decisão e mesmo nível de responsabilidade sobre as ações realizadas pela Anfarmag. Na primeira reunião do Conselho de Administração, em atendimento ao estatuto, os conselheiros elegeram entre si a diretoria composta pelo presidente Ademir Valério Silva (SP); os vice-presidentes Célio Fernandes (MT) e José Patrocínio de Andrade Filho (PE); e o secretário Carlos Alberto Pinto de Oliveira (DF). Na ocasião, também foi indicado Marco Fiaschetti para assumir a diretoria executiva da Anfarmag.
A pergunta que surge é: tudo isso beneficia os filiados e todos os que atuam na cadeia magistral? Não há dúvidas de que sim. Por mais que a mudança no modelo de gestão altere principalmente a forma como a Anfarmag trabalha e se organiza, ela impacta também as empresas e profissionais que atuam no setor. Na verdade, essa é a razão de ser de toda essa reforma. O principal é o ganho em termos de representatividade e pluralidade nas deliberações da Anfarmag – as decisões serão tomadas por um número maior de dirigentes. Outra mudança é que a Anfarmag passa a contar com uma estrutura profissionalizada responsável por colocar em prática as diretrizes determinadas pelos conselheiros.
Conselho de Administração
Ademir Valério da Silva (presidente – SP) Célio Fernandes (vice-presidente – MT) José Patrocínio de Andrade Filho (vice-presidente – PE) Carlos Alberto Pinto de Oliveira (secretário – DF) Alessandro Marcius Silva (GO/ TO) Aline Coppola Napp (RJ) Andrea Kamizaki Lima (MG) Claudia Cristina Silva Aguiar (BA/SE) Cleunice Fidalski (PR) Denise de Almeida Martins Oliveira (ES) Elpídio Nereu Zanchet (SP) Evandro Tokarski (GO) Fabianna Maria Marangoni Iglecias (MS) Flávio Henrique de Araújo (SC) Marco Antônio Perino (SP) Rogério Tokarski (DF) Sílvia Muxfeldt Chagas (RS)
O que é um Conselho? “O Conselho é o órgão colegiado com o dever fiduciário de garantir o cumprimento da missão da organização. Como principal órgão do sistema de governança, deve deliberar sobre as políticas de governança e o direcionamento estratégico da organização. Elo entre a causa e a gestão, o Conselho orienta e supervisiona a relação da organização com as demais partes interessadas, zelando pelos fins sociais da organização.” Definição retirada do Guia das Melhores Práticas de Governança para Institutos e Fundações Empresariais – uma publicação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas
É importante lembrar, também, que nesse modelo tanto dirigentes quanto a equipe da entidade trabalharão de forma mais harmônica e integrada em prol do associado. Ao estabelecer estruturas distintas para a definição de diretrizes estratégicas e para a condução profissionalizada das atividades do dia a dia, a Anfarmag também tende a apresentar um salto na qualidade e na efetividade. Isso vale tanto para os serviços oferecidos de forma exclusiva aos associados quanto para as ações em prol da defesa e promoção do setor de modo geral, o que beneficia a todos que atuam na cadeia. O lema da mudança é a busca por um associativismo de resultados.
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SEU NEGÓCIO
QUEM CONHECE
PR E S C REV E Divulgação do produto magistral ao médico veterinário enriquece a prática clínica e traz resultados mensuráveis para a farmácia Para conquistar os médicos veterinários de vez, uma prática que faz toda a diferença é a visitação constante aos consultórios, pet shops e clínicas para apresentar a manipulação e manter os profissionais atualizados. De acordo com Charles Tokarski, CEO de um grupo com atuação no Nordeste que possui tanto farmácias voltadas para humanos quanto especializadas em animais, de forma geral o médico veterinário tem pouco – ou nenhum – conhecimento sobre manipulação. “A farmácia é um novo universo para ele. Tudo soa como possibilidade”, ressalta. Afinal, pela manipulação o médico veterinário tem acesso a medicamentos até então disponíveis somente para a linha humana e a medicamentos da linha veterinária podendo, porém, utilizá-los na dose e quantidade mais adequadas a cada paciente e ao período de tratamento, evitando perda desnecessária do produto, levando em conta a variedade e diversidade de animais com diferentes necessidades terapêuticas. O farmacêutico Robson de Araújo Pinheiro, proprietário de farmácia em Fortaleza (CE) especializada em manipulação veterinária, explica que a ideia é mostrar ao veterinário que a farmácia de manipulação não é uma concorrente, mas, sim, uma aliada. “Minha estratégia é mostrar ao veterinário que ele pode confiar na manipulação, pois temos todos os equipamentos necessários de controle de qualidade e procedência dos insumos farmacêuticos”, explica Pinheiro, que aponta a importância de investimento. “Contratamos uma acadêmica veterinária e a tornamos uma visitadora, pois assim há ainda mais credibilidade e identificação ao mostrar algo novo. Também comecei a dar aulas de como manipular em veterinária, usando, para isso, contatos que busquei junto aos veterinários. Isso deu muito certo, pois levei o nome da empresa para a faculdade, onde conheci os formadores de opinião”, explica.
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ENCARTE TÉCNICO 38 Administração de manipulados no pet 39 Atenção farmacêutica ao proprietário 40 Farmacotécnica: flexibilidade nos repelentes 42 É legal saber: IN nº 41/2014 do Mapa 44 Formulações veterinárias frequentes 45 Fique atento: plantas medicinais 46 Fluxograma: as obrigações periódicas
NOTAS TÉCNICAS
BOA PRÁTICA
Como administrar manipulados aos pets O farmacêutico deve orientar sobre o modo correto de aplicação de medicamentos em cães e gatos, especialmente as preparações magistrais na forma de cápsulas e líquidos.
Cães:
No caso do cão, uma orientação eficaz para administração de cápsulas é: coloque-a sobre a língua no meio da boca – e não na parte da frente ou para o lado da língua, que facilitam ao cão cuspi-la. Feche a boca do cão e massageie ou esfregue a garganta até que ele a engula. Isso é fácil de observar: se o cão lamber o nariz, a cápsula foi ingerida. Também podem ser usados outros meios: • soprar brevemente o nariz, pois isso o leva a engolir rapidamente a cápsula; • dar a ele uma seringa cheia de água; • dar ao cão um petisco após o medicamento, condicionando-o. Também pode-se orientar a administrar as cápsulas junto de alimentos, de forma que o cão não consiga separá-los. Informe ao cliente que nunca abra a cápsula, pois o conteúdo pode ter sabor ou odor desagradável que alguns cães não aceitam bem. Já para administrar medicamento na forma líquida, deve-se colocar a medicação na seringa dosadora e posicioná-la no canto da boca do animal. Administrar lentamente, pausando de vez em quando para evitar que o animal engasgue.
Gatos:
Oriente o cliente a nunca administrar dose superior ou inferior àquela recomendada pelo veterinário, para evitar intoxicações e outros acidentes. Se o medicamento for líquido, será necessário usar uma seringa. Para esse procedimento, é preciso posicionar a seringa na curva interna da boca do felino, entre o maxilar superior e o inferior, e pressionar a seringa lentamente para que o gato não engasgue e possa ingerir o líquido de maneira gradativa. Conversar com o animal durante o processo ajuda. Após a administração, dar um petisco como recompensa ajuda a condicioná-lo. No caso de medicamento na forma sólida (cápsula), deve-se segurar a cabeça do animal com cuidado e, com a boca para cima, abrir a boca e colocar a cápsula na metade da língua, de maneira que caia quase na garganta. Depois, já com a boca fechada, é só massagear a garganta do animal, facilitando a ingestão. Importante tomar cuidado com as patas do gato, pois ele pode rejeitar fortemente o procedimento.
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FICA A DICA
Atenção farmacêutica ao proprietário de animais O farmacêutico pode ser o profissional a quem o dono de um pet primeiramente recorre quando seu animal passa mal. Nessas horas, é preciso saber orientá-lo adequadamente, seja detectando se o evento ocorreu por causa de um medicamento preparado na farmácia, seja por aplicação de maneira inadequada, ou outros motivos. Caso o medicamento tenha sido preparado na farmácia, acate a informação do cliente e providencie imediatamente uma avaliação da preparação entregue. Como a farmácia já possui um sistema de rastreabilidade das preparações magistrais, utilize-o para se certificar de que o medicamento entregue estava correto. Caso não encontre qualquer problema, tenha em mente algumas orientações que devem ser passadas, preferencialmente na forma de perguntas, para ajudar a elucidar a situação: - Foi aplicado algum medicamento sem a avaliação do médico veterinário? - Esse medicamento era de uso humano? É importante lembrar que muitos medicamentos de uso humano não devem ser usados para uso veterinário: • anti-inflamatório (piroxicam, diclofenaco, ibuprofeno) • antisséptico de vias urinárias (sepurin, pirydium) • analgésico (paracetamol, aspirina) • colutórios (enxaguatórios e anestésicos para boca e garganta) • antidepressivo • descongestionante nasal e antigripal Informe que esses medicamentos devem ser evitados, ou, quando usados, precisam de um tempo maior de intervalo e sempre com orientação do médico veterinário. Do contrário, há risco de óbito repentino por falência aguda de órgãos. Recomende que o cliente peça que o médico veterinário oriente quais medicamentos podem ser administrados ao pet no âmbito domiciliar. Sempre diga ao cliente que evite deixar medicamentos em locais de fácil acesso, como em cima de mesas baixas ou da pia, pois os pets – especialmente gatos – são muito curiosos e podem facilmente acessá-los. Devem ser guardados em locais fechados e dentro de caixas plásticas. Outra orientação importante é que ele fique atento a possíveis sintomas como vômito, diarreia, falta de apetite, dor abdominal, convulsão, dificuldade respiratória e/ou prostração intensa. Caso perceba algum desses sinais, instrua-o a levá-lo imediatamente ao médico veterinário. A tendência é que o dono dê leite ou outra receita caseira quando o pet não está bem. Essa prática não é recomendada, pois pode piorar o quadro clínico do animal.
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NOTAS TÉCNICAS
FARMACOTÉCNICA
Flexibilidade na manipulação de repelentes Num país tropical como o Brasil, onde a alta temperatura e as condições de umidade prevalecem em grande parte do ano e do território, as doenças causadas por vetores que transmitem vírus como dengue, chikungunya e zika continuam a proliferar. A farmácia magistral pode personalizar as formulações de repelentes, já que possui diversos tipos de bases e pode preparar gel, creme, sérum, entre outros, de acordo com os ativos repelentes usados. A escolha do tipo de veículo mais adequado para aplicação dos repelentes deve ser cuidadosa e feita com embasamento técnico farmacêutico. Nos produtos destinados a aplicações tópicas, certamente as formas de aerossol, gel e emulsão são as mais indicadas.
Confira algumas informações importantes: Etil-3—Aminopropionato: repelente Merck 3535, de concentração usual de 5% a 30%. USO EM CRIANÇAS: pode ser usado em formulações somente para crianças com idade superior a 6 meses. Solubilidade: preferencialmente na fase oleosa, mas, na presença de um solubilizante alcoólico, também na fase aquosa. N,N-DIETIL-META-TOLUAMIDA ou N,N-DIETIL-3-METILBENZAMIDA (DEET): a formulação para aplicação direta na pele humana contém de 4% a 30% de DEET para formulações de uso adulto, e de 4% a 10% para formulações de uso em crianças de 2 a 12 anos. Produtos à base de DEET não devem ser usados em crianças menores de 2 anos. Em crianças entre 2 e 12 anos, a concentração dever ser, no máximo, 10% e a aplicação deve se restringir a três vezes por dia. Concentrações superiores a 10% são permitidas para maiores de 12 anos. Óleo de Andiroba (Carapa guianensis): concentração usual de 1% a 5%. Óleo de Citronela (Cymbopogon nardus): concentração usual de 3% a 10%.
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Sugestões de fórmulas:
• Loção alcoólica repelente: Óleo de citronela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5% Álcool 70% qsp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100ml • Loção repelente: Repelente Merck 3535 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20% Loção cremosa base qsp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .100ml • Repelente com óleo de andiroba: Óleo de andiroba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5% Extrato de Aloe vera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2% Loção cremosa base qsp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100ml • Óleo repelente: Óleo de citronela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10% Óleo vegetal (amêndoas, semente de uva) qsp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100ml • Gel repelente: Repelente Merck 3535 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20% Gel fluido qsp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100ml • Loção cremosa repelente de insetos para crianças com mais de 12 anos: DEET . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12% Loção cremosa base qsp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100ml • Emulsão repelente de insetos para adultos com DEET: DEET . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25% Emulsão base qsp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .100ml
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BATISTUZZO, J.A. de O. Formulário Médico Farmacêutico, Pharmabooks, 4ª edição, São Paulo. 2. Sugestões técnicas de fornecedores
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NOTAS TÉCNICAS
É LEGAL SABER
IN Nº 41/2014 do Mapa Farmácias que manipulam insumos veterinários e humanos de uso comum O MAPA publicou no DOU nº 236, de 5 de dezembro de 2014, Seção 1, p. 3 a 9, a Instrução Normativa nº 41/2014, que altera a IN nº 11/2005, a qual dispõe sobre as Boas Práticas de Manipulação de Produtos Veterinários. Nessa norma, o MAPA permite que a farmácia que optar por aviar preparações veterinárias utilize as mesmas áreas das preparações de uso humano, desde que os insumos sejam comuns aos dois tipos de preparações.
1. destinar a mesma área de manipulação de preparações de uso humano e de uso veterinário, mediante receitas/notificações de médicos veterinários; 2. ter informações sobre os novos itens considerados Imprescindível (I) e Necessário (N) para as preparações homeopáticas indicadas no Roteiro de Inspeção (Anexo III – Modelo X); 3. também para as farmácias homeopáticas, o Anexo IV traz uma tabela com as potências mínimas para manipulação de fórmulas homeopáticas veterinárias.
terá a atividade de “manipular insumos sujeitos ao controle especial” e que a manipulação dos insumos controlados é comum às preparações de uso humano e de uso veterinário. Se a farmácia for exclusivamente veterinária, o estabelecimento deve solicitar à Anvisa a AE para o insumo sujeito ao controle especial de emprego somente na preparação veterinária, em obediência à IN nº 25/2012, que estabelece os procedimentos para a comercialização das substâncias sujeitas a controle especial, quando destinadas ao uso veterinário. Cabe informar que o Decreto nº 5.053/2004 - que aprova o regulamento de fiscalização de produtos de uso veterinário e dos estabelecimentos que os fabriquem ou comercializem e dá outras providências , lista os documentos e procedimentos necessários para protocolar o pedido de licença junto ao MAPA local. Traz em seu Art. 4º: Todo estabelecimento que fabrique, manipule, fracione, envase, rotule, controle a qualidade, comercie, armazene, distribua, importe ou exporte produtos de uso veterinário para si ou para terceiros deve, obrigatoriamente, estar registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para efeito de licenciamento.(NR)
Para que a farmácia manipule preparações contendo insumos de uso comum humano e veterinário, além da licença da VISA local, deve solicitar licença ao MAPA local. Para obter a licença de funcionamento do MAPA, observar as normas vigentes. A Instrução Normativa nº 11/2005, atualizada pela IN nº 41/2014, e o Decreto 5.053/2004 são as principais a serem observadas pelas farmácias veterinárias.. Continua a necessidade de emissão da Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE) pela Anvisa para preparações de uso humano. Para a manipulação de insumos veterinários controlados, se a farmácia já possui Autorização Especial (AE), não precisa requerer outra ao MAPA. Porém, ao solicitar a licença de funcionamento ao órgão, deve informar que
No mesmo texto, o Art. 6º declara: O registro a que se refere o art. 4º deverá ser solicitado pelo interessado, mediante requerimento por escrito, contendo as seguintes informações: I - razão social da empresa proprietária; II - inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas - CNPJ; III - localização do estabelecimento (endereço completo); IV finalidade a que se destina o estabelecimento; V - natureza dos produtos a serem importados, fabricados ou comercializados (farmacêutico, biológico ou farmoquímico); VI - nome, qualificação e número de registro do responsável técnico; e VII - dispositivos legais e específicos em que fundamenta o requerimento de registro. § 1º O requerimento deverá estar acompanhado dos seguintes documentos: I - cópia autenticada do contrato social da empresa proprietária, devidamente registrado no órgão competente, contendo cláusula que especifique finalidade compatível com o propósito do registro solicitado; II - cópia do cartão de inscrição no CNPJ;
Com isso, a farmácia magistral é beneficiada nos seguintes aspectos:
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III - relação dos produtos a serem fabricados, manipulados ou importados, especificando sua natureza e forma farmacêutica; IV - declaração do responsável técnico, de que assume a responsabilidade técnica do estabelecimento e dos produtos a serem fabricados, comercializados ou importados; e V - cópia da carteira de identidade profissional do responsável técnico. § 2º Tratando-se de estabelecimento fabricante, manipulador, fracionador, envasador ou rotulador, o requerimento de registro também deverá estar acompanhado dos seguintes documentos: I - memorial descritivo de instalações e equipamentos, assinado pelo responsável técnico; II - planta baixa, e cortes transversal e longitudinal, na escala mínima de 1:200; III - detalhe da rede de esgoto, na escala mínima de 1:50; e IV - descrição do sistema de controle preventivo para evitar contaminação do meio ambiente e risco para a saúde, observando os requisitos técnicos de segurança biológica, para a fabricação, manipulação e armazenamento dos produtos, segundo normas específicas para cada categoria de produto ou agente biológico. § 3º O registro e licenciamento dos estabelecimentos a que se refere o art. 4º serão concedidos após inspeção e aprovação das instalações. (NR) A licença deve ser renovada anualmente e requerida até 60 dias antes do vencimento. O Decreto nº 5.053/2004 traz no art. 18, § 1º, inciso III, que a responsabilidade técnica do estabelecimento manipulador é de competência do médico veterinário ou farmacêutico. Entendendo-se que a Lei nº 5.991/1973 traz a definição de Farmácia, conclui-se que a farmácia que possui manipulação de fórmulas de uso humano e de uso veterinário, , deve ter como Responsável Técnico profissional farmacêutico registrado no seu conselho regional. “Estabelecimento de manipulação de fórmulas magistrais e oficinais, de comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, compreendendo o de dispensação e o de atendimento privativo de unidade hospitalar ou de qualquer outra equivalente de assistência médica.” É necessário que o Contrato Social e o cartão do CNPJ descrevam a atividade prevista no CNAE: 4771-7 - COMÉRCIO VAREJISTA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS PARA USO HUMANO E VETERINÁRIO Nota Explicativa: (...) Esta classe compreende também: - o comércio de medicamentos produzidos no próprio estabelecimento através de fórmulas (farmácias de manipulação) - a venda ao público de medicamentos produzidos em centrais de manipulação. Quanto ao SNGPC e balanços, a farmácia que estiver legalizada junto aos órgãos competentes, sendo a manipulação realizada com insumos sujeitos ao controle especial/ antimicrobianos comuns às preparações de uso humano e veterinário, deve: A. encaminhar arquivo XML ao SNGPC, de
acordo com Resolução RDC nº 22/2014;
B. encaminhar relatório ao MAPA de acordo com a Instrução Normativa nº 25/2012. Reiterando: caso a farmácia seja exclusivamente veterinária, deve fazer o Peticionamento de Concessão de AE – assinalando “Insumos para uso veterinário”, pelo site da Anvisa e, assim que este for publicado no DOU, estará apta a adquirir e manipular os insumos das listas atualizadas da Portaria SVS/MS nº 344/98*. É a partir deste momento que deve atender ao SNGPC. Lembrando: 1. a farmácia que possui as duas atividades (preparações de uso humano e veterinário com insumos comuns) também deve atentar para a IN nº 25/2012 e ter livros específicos autenticados pela VISA local e pelo MAPA; 2. a farmácia exclusiva de uso veterinário deve ter livros manuais ou informatizados autorizados pelo MAPA.
Considerando a IN nº 41/2014, observar:
A. se o animal não for destinado ao consumo humano, é permitida a manipulação (ex: gatos, cães, pássaros ornamentais, peixes ornamentais); B. se o animal for destinado ao consumo humano, existe restrição, ou seja, não é permitida a manipulação de preparações (exemplos: peixes de consumo humano, lebre ou coelho, galinhas, patos, entre outros). Porém, permite-se às farmácias homeopáticas manipular para esses animais, desde que as preparações estejam inscritas na Farmacopeia Homeopática Brasileira, com potência igual ou superior a 6CH ou 12DH, listadas no Anexo IV da IN nº 41/2014. Veja o que diz a norma. 3.4. É vedada a manipulação de produtos de uso veterinário para todas as espécies animais, destinadas à alimentação humana, exceto quando se tratar de preparações homeopáticas produzidas em conformidade com a Farmacopeia Brasileira de Homeopatia com potência igual ou superior a 6CH ou 12DH, descritas no Anexo IV desta Instrução Normativa. (NR) Esse item deu nova redação ao artigo 4º da IN nº 11/2005: Art. 4º Fica proibida a manipulação, e dispensação de preparações magistrais e oficinais, para uso em bovinos, bubalinos, suínos, caprinos, ovinos, aves, peixes e outras espécies utilizadas na alimentação humana, bem como de produtos veterinários de natureza biológica. Atente-se: sempre é necessário obter a licença junto ao MAPA local quando se pretende manipular preparações de uso veterinário.
Referências: 1. Instrução Normativa nº 11, de 8 de junho de 2005 2. Instrução Normativa nº 41, de 4 de dezembro de 2014 3. Decreto nº 5.053, de 22 de abril de 2004
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NOTAS TÉCNICAS
FORMULAÇÕES
Formulações veterinárias frequentes Peróxido de benzoíla
Por suas características, o peróxido de benzoíla é um ativo adjuvante no tratamento de sarnas (demodicidose), desqueratinizações, complexo seborreico, piodermites, dermatites, foliculites superficiais, impetigo e piodermite das dobras. É frequentemente recomendado em distúrbios seborreicos, particularmente os oleosos com tampões foliculares, cilindros foliculares ou comedões. Não deve ser empregado em concentrações superiores a 2,5% em felinos ou acima de 5% em cães. Usar com cautela em peles severamente inflamadas e escoriadas.
Sugestão de fórmula:
Peróxido de benzoíla. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2,5% Sabonete líquido ou xampu hipoalergênico qsp . . . . . 250ml Posologia: aplicar durante o banho, a cada 3 ou 5 dias, a critério do médico veterinário. Deixar agir por 10 minutos e enxaguar com água abundante em seguida.
Clorexidina, digluconato
A clorexidina é usada como antisséptico de feridas em membranas mucosas de cães e gatos, bem como adjuvante no tratamento de afecções bacterianas da pele, superficiais ou profundas, com sintomas de prurido, eritema, exsudação e seborreia. Em formulações para uso auricular, pode ser aplicada em otites externas inespecíficas, otites ceruminosas e solução para higiene de meato acústico externo. Seu uso é contraindicado em otites médias e internas.
Sugestão de fórmula:
Clorexidina, digluconato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0,5% Veículo otológico (spray) qsp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30ml Posologia: borrifar pequena quantidade em um chumaço de algodão e aplicar no meato acústico, para higiene e assepsia. Em tratamento tópico de infecção bacteriana (otite externa), a critério do médico veterinário, manter o uso de solução de clorexidina para evitar recidivas.
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FIQUE ATENTO
Manipulação e prescrição de plantas medicinais na farmácia Farmácias com manipulação podem preparar e comercializar plantas medicinais? Sim, mas é necessário que, na Licença de Funcionamento e na Autorização de Funcionamento (AFE), conste a descrição “Plantas Medicinais” (RDC nº 17/2013, art. 17, § 1º, inciso VI). A Lei 5991/73 prevê o comércio de plantas medicinais em farmácias e ervanárias, desde que seja observado o acondicionamento adequado e a correta classificação botânica. Plantas medicinais não são medicamentos; assim, sendo comercializadas dessa forma, não podem apresentar em sua embalagem indicações terapêutica. As farmácias também podem manipular medicamentos fitoterápicos a partir de plantas medicinais. Para tanto, devem seguir as regras determinadas pela RDC nº 67/07 quanto à manipulação. Deve ser observado o controle de qualidade das plantas e medicamentos obtidos delas conforme a Farmacopeia Brasileira 5ª edição.
Quais plantas medicinais podem ser comercializadas pela farmácia? Qualquer planta reconhecida como segura e eficaz pode ser manipulada e dispensada na farmácia; não existe uma lista que restrinja as espécies a serem manipuladas. As únicas exceções são aquelas presentes nas atualizações da Portaria SVS/MS 344/1998, tidas como proscritas, ou seja, proibidas no país. O farmacêutico pode usar como orientação as espécies vegetais presentes no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira (FFFB), como também as plantas presentes na 5ª edição da Farmacopeia Brasileira. O FFFB traz as formulações oficinais a serem manipuladas.
O farmacêutico pode prescrever plantas medicinais?
O farmacêutico pode prescrever plantas medicinais “isentas de prescrição médica”, conforme as determinações da Resolução CFF nº 586/13 – “prescrição farmacêutica”. Atualmente não existe uma lista de quais plantas são de venda sob prescrição ou quais são isentas. A classificação é feita de acordo com a indicação terapêutica dada à planta ou
ao medicamento. Se a indicação constar na RDC 138/03, o produto será isento de prescrição; se não constar, será de venda sob prescrição. A Anvisa está discutindo esse assunto e deve publicar em breve uma lista com todas as plantas medicinais de venda isenta de prescrição.
Em quais formas as plantas medicinais podem ser utilizadas? As plantas medicinais podem ser dispensadas como droga vegetal (planta seca e rasurada) ou em qualquer forma farmacêutica prevista na Farmacopeia Brasileira, sejam elas obtidas sob a forma de drogas vegetais e extratos secos ou líquidos. Os produtos a serem dispensados devem seguir o controle de qualidade previsto na Farmacopeia Brasileira.
O que observar em relação à comercialização de produtos fitoterápicos industrializados pelas farmácias? O farmacêutico deve verificar se o produto possui registro ou notificação de registro junto à Anvisa de acordo com as normas pertinentes. A Anvisa publicou uma orientação de como confirmar o registro ou notificação dos produtos. Considerando-se que ocorre muita venda de fitoterápicos ilegais no país, deve-se sempre verificar a legalidade dos produtos. NOTA: revisão da matéria publicada na edição 107 da Revista Anfarmag, Encarte Técnico, para adequação de terminologia e conceitos. Saiba mais on-line Veja orientação da Anvisa sobre como confirmar o registro ou notificação dos produtos fitoterápicos Saiba mais on-line: • Veja orientação da Anvisa sobre como confirmar o registro ou notificação dos produtos fitoterápicos anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line
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Obrigações periódicas da farmácia Este fluxograma resume os tópicos apresentados na agenda anual da gestão da qualidade que facilitam o trabalho nas farmácias associadas
Anual Licença de funcionamento/ alvará sanitário Comprovação do porte econômico
Programa de calibração, verificação e manutenção de equipamentos
PCMSO - Programa de controle médico da saúde ocupacional
PPRA - Programa de prevenção de riscos ambientais
Programa de controle integrado de pragas e vetores
BSPO - Balanço de substâncias psicotrópicas e outras sujeitas a controle especial
Semestral Água potável (abastecimento): análises laboratoriais Relatório semestral sobre as notificaçoes de suspeitas de eventos adversos de anorexígenos
Trimestral BSPO - Balanço de substâncias psicotrópicas e outras sujeitas a controle especial Análise laboratorial: capsulas com SBIT e cápsulas com hormônio, antibiótico ou citostático
Bimestral Análise laboratorial: cápsulas com dosagem menor ou igual a 25 mg (uniformidade de conteúdo)
Processo de qualificação de fornecedores de insumos e materiais de embalagem
Semanal PGRSS - Programa de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde
Certidão de regularidade técnica (CTR) - (CRF)
Licença de funcionamento Ministério da Agricultura (MAPA)
SNGPC - Insumos/medicamentos sujeitos ao controle especial SNGPC - Antimicrobianos Lavagem de uniformes (quando nao se utiliza descartáveis) Notificações de eventos adversos (EA) - anorexígenos
Programa de auto inspeção 46 46
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Arquivar todos os documentos. Utilize todas as planilhas que preparamos para controle de cada atividade em nossa Agenda Anual acessando a Área do Associado > Produtos e Serviços > Gestão da Qualidade > Agenda Anual.
Diário Livro de Registro Geral de Receituário
Outros Manual das boas práticas de manipulação
Orientação aos pacientes Verificação de equipamentos
POP - Procedimento operacional padrão
Livro de Registro Específico Arquivo e descarte de documentos Recebimento e controle de qualidade de matérias primas e embalagens Análises laboratoriais: estoque mínimo e SBIT (diluídos e perfil de dissolução)
Descarte de insumos (psicotrópicos e outros sujeitos ao controle especial)
Notificações de eventos adversos (EA) - anorexígenos
Organograma
Monitoramento e controle de qualidade das preparações magistrias e oficinais
Programa de manutenção preventiva
Lavagem de uniformes (quando nao se utiliza descartáveis)
Controle de qualidade de preparações homeopáticas
Mensal Relação mensal de notificação de receita “A” - RMNRA
Programa de treinamento
Licença de funcionamento do Ministério do Exército e Mapa Mensal
Análise laboratorial de bases galênicas (pureza microbiológica) Capacitação do Recurso Humano Relação mensal de notificações de receita “B2” - RMNRB2 Manutenção preventiva de aparelhos de purificação de água Água purifica: análises laboratoriais
Licença de funcionamento da Polícia Federal e Mapa Mensal
Licença de funcionamento da Polícia Civíl
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EMPRESAS SÓCIO-COLABORADORAS
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ENDEREÇOS DAS REGIONAIS DA ANFARMAG REGIONAIS REGIONAL BAHIA/SERGIPE Presidente: Claudia Cristina Silva Aguiar R. Edith Mendes da Gama e Abreu, 253, Itaigara Salvador - BA - 41815-010 (71) 3270-3881 regional.base@anfarmag.org.br
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