revista B #32

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dell anno una caderode marcato casa vivalti

hist贸ria do design brit芒nico


Autorizada Ribeirรฃo Preto:

Della Mรณveis Rua Inรกcio Luiz Pinto, 250 | Tel: 16 3237 6264 www.dellannoribeirao.com



pça boaventura ferreira da rosa, 338 (rotatória itatiaia) - jd sumaré - ribeirão preto - sp - 16 3235 1159 - www.unarp.com | mapa 02


Acabamento perfeito, naturalmente.



Sergio Coelho

Arquiteto 16 3623 7227 | scoelhoarte@yahoo.com.br Projeto: Centro de Convenções Local: Araraquara - SP Fotos: Wagner Abrahão Junior

Rua Sete de Setembro, 1500 - ribeirão preto - sp tel 16 3235 3805 | www.caderode.com.br mapa 03


sumário

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nossa edição de inverno

inclui mapa destacável de ribeirão preto

conteúdo exclusivo online

#32 Agosto 2012

região sul da cidade

acesse: revistab.com.br

materia de capa

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design britânico

a história do design e seus protagonistas na terra da rainha

estação b

NOSSOS parceiros

turismo com design e arte num casarão-hotel em Florença

lado b

l’autre-chienne

ensaio b

Documental Imaginário - fotografia contemporânea brasileira

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dell anno

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una

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marcato

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casa vivalti

ensaio b

a fotografia de Francesca Woodman

desenho b ambiente

NOSSa capa

Vol 2 : Paredes e Molduras

cultura b

God save the queen

Flamenco - entrevista com Pol Vaquero

poster promocional do Sex Pistols

respiro

Jamie Reid - 1977

Memorando


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colaboraram nesta edição

bianca coutinho dias

Clarissa San Pedro

Bianca é editora cultural da revista B e escreve para algumas pulicações nacionais sobre arte, semíotica e psicanálise. Se formou em história da arte e se especializou em cinema-documentário. Atualmente estuda a temática cinema e arte contemporânea no Instituto Tomie Othake e desenvolve projetos na área. Nessa edição escorre seu olhar-neblina para a obra de Brígida Baltar e passeia pelo Faena Art District e pelo Malba em Buenos Aires.

Clarissa San Pedro é designer que mora em Lonodres desde 2007 e trabalha com revistas e publicações. Já colaborou com titúlos como revista Placar e a JungleDrums. Acabou de formar-se no curso MA Communication Design na faculdade Central Saint Martins de Londres onde dedica-se a estudar design editorial e novas mídias. Seu projeto Mag Talks foi exibido em Londres e Florença no evento Design with a View e pode ser vistos no site clarissasanpedro.com.

heloisa righetto

Jonas oliver

Designer por formação, Heloisa Righetto mora em Londres desde 2008 e trabalha como caçadora de tendências em design para o WGSN, além de colaborar com várias revistas e sites especializados no Brasil. Já cobriu eventos bacanas e importantes como a semana do design de Milão e Londres e entrevistou designers do porte dos irmãos Campana. Boa parte do seu trabalho pode ser visto no site helorighetto.com, mas para descontrair e falar besteira prefere escrever no blog miblogito.blogspot.com e no twitter - siga @helorighetto!

Jonas Oliver quem diria acabou em Londres... na verdade como estudante de moda sempre achou que Paris seria o melhor lugar do mundo para estar, mas um belo dia tudo mudou; uma proposta de trabalho em New York e próxima parada!!!! Londres. Hoje seu trabalho pode ser visto em importantes revistas como: Vogue, Elle, Style e outras; viver em Londres é mesmo a melhor aventura até agora; e o trabalho de moda foi com certeza seu maior acerto.

Kairo Ochoa

regina maria amorim vieira

Kairo Ochoa é antes de mais nada um entusiasta cultural. Onde há cultura e amigos, estará presente. Buscando a arte em todas as coisas da vida, é também bailarino de Flamenco e professor de espanhol. Além disso, divide seu tempo juntando pessoas inesperadas em novas amizades e sonhando aproximar sua terra, o Panamá com sua casa, o Brasil.

Em fase de reconstrução e achatamento... de montanha para planície como pode convir aos seres que andam pela Terra já lá se vão sessenta e sete anos. Artista? Sempre. Esperançosa? Sempre. Quem sou? Já agora não sei... ando muito tentando ser, finalmente, Regina.


estação b

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CLARISSA SAN PEDRO Trygve Indrelid e Pablo Gómez-Ogando

VISTA DA PENSIONE Bencistà

Design e comunicação unem tradição e inovação em hotel de Florença O QUE É DESIGN DA COMUNICAÇÃO? A resposta para tal pergunta foi o tema do evento Design with a View que aconteceu neste julho em Florença, Itália. A combinação das visões dos estudantes do curso MA Communication Design da faculdade Central Saint Martins de Londres e do cenário pitoresco da Toscana foi o palco para o evento de 3 dias onde oficinas, debates e exibições uniram discussões de idéias com a tradição e história da Pensione Bencistà. A grande variedade de trabalhos expostos abordaram o design da comunicação

em áreas relacionadas com sustentabilidade, narrativa, cultura, tipografia, interatividade e comportamento traduzidos em mostra de fotografia, logotipos, cartazes, publicações e performances. O ambiente internacional criado por estudantes de mais de dez diferentes países exibiu questões atuais e culturais, como o trabalho da estudante Yiqing Zhang, que documenta através de fotografia as mulheres solteiras chinesas entre 25 e 40 anos consideradas “descartadas” na sociedade na qual vivem, por já ser muito tarde para

casar. Tal ambiente também proporcionou a interação dos estudantes e da comunidade durante uma série de oficinas onde os participantes puderam trocar ideias e gerar trabalhos exibidos no próprio evento. Na oficina de tipografia, os participantes decoraram uma mesa de coquetel onde a disposição dos copos de vinho e pães formavam fontes e mensagens. O evento foi também palco de criação de trabalhos coletivos como a colagem criada no local especialmente para a Revista B impressa na próxima página.


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Florença

o evento e a Pensione Bencistà O evento

designwithaview.com Design with a View é o projeto da estudante Anna Maggi que pertence à família Simoni. O evento de três dias atraiu mais de 300 visitantes, e além da exibição de projetos em design da comunicação, teve conferências e oficinas nas áreas de tipografia, sinalização, design de caracteres, narrativa, colaboração e publicação. O local

bencista.com A Pensione Bencistà já foi um convento em 1759 e também já pertenceu ao artista suiço Arnold Böcklin antes de ser adquirida pela família Simoni em 1925. O hotel localiza-se em Fiesole (Florença, Toscana), uma vila etrusca, e abriga ruínas de um teatro romano. O acesso para Fiesiole e para a Pensione Bancistá pode ser feito através do ônibus 7 que parte do centro da cidade de Florença (Piazza San Marco) e chega no hotel em poucos minutos.

É o caso das aquarelas de Jean-François Cadé, um dos preferidos de Beatrice Simoni, diretora da Pensione Bencistà. Segundo Beatrice as paredes do hotel gostam de arte, inspirando e fazendo com que artistas se sintam bem-vindos no local. Após o evento Design with a View, o hotel espera que novos talentos sejam atraídos pela iniciativa. Para Beatrice as novas gerações de artistas e designers são muito apreciadas: “Eu tenho certeza que jovens podem ser felizes aqui e podem desenvolver projetos. Para mudar, para fazer algo novo, você precisa conhecer o antigo, ter raízes e uma plataforma para poder pular mais alto para o próximo desafio. Deve-se estudar as novas tendências, mas é importante conhecer suas raízes e sua cultura”. b

as paredes do hotel gostam de arte, inspirando e fazendo com que artistas sitam-se bem-vindos no local

um dos charmosos ambientes da pensione

Design with a View é o primeiro de uma séries de propostas artísticas que devem acontecer na Pensione Bencistà, iniciativa do “coletivo criativo” Think Benci. Este projeto visa promover novas idéias no hotel da família Simoni que existe desde 1927 e tem uma forte história relacionada com valores intelectuais, artísticos e musicais. O resultado desta tradição pode ser observado nas paredes, jardins e estantes do hotel onde quadros, postais, árvores, livros e até o menu indicam a presença dos criativos que visitaram o espaço ao longo dos anos.

Exposição nas paredes do hotel com fotografias de Yiqing Zhang


estação b

Da esquerda para a direita: a exposição nas paredes do hotel; a vista de Florença presente durante os eventos; catálogo da exibição para os participantes montarem; resultado da oficina de tipografia exibido durante coquetel nos jardins do hotel.

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Florenรงa

Performance da estudante Zhonghong Li durante a abertura do evento (esquerda) e colagem criada pelos estudantes durante o evento para a Revista B (direita e abaixo).

Colagem de Clarissa San Pedro, Stella Lin, Stefanie Schwarz, Rita Maldonado Branco, Takuya Furukawa, Paka-Anong Charukitphiphat, Martha Riessland, Kwang Hyun Ahn, Zhonghong Li, Yu Ling Chou, Carol Breen, Essi Salonen, Ferdinand Povel, Yanjun Liu


Photography Oggy Yordanov Assistant Vladislav Kolev Stylist Ashumi Sanghi Assitant Ekatarina Romanova Hair Lala style.com Make up Jonas Oliver using mac.pro Model Dite Anata Art direction Jonas Oliver Special thanks to Lordship park


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sess達o

por Jonas Oliver | fashion@revistab.com.br


Flower head piece and diamante hair clip Louis Mariette One shoulder dress and fringe shawl Ashley Isham Earrings and gloves stylist’s own


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L’autre-chienne

Red dress Fyodor Golan Red lace cape Francesca Marotta Red net head piece Little Shilpa Shoes Crisian & McCaffrey


lado b

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Chinese Collar brocade dress Miharayasuihiro Black lace dress with train Francesca Marotta Shoes Bionda Castana Earrings Miriam Salat


Black and greay wrap dress Haizhen Wang Safety pin bracelet Maria Piana Earings stylist own



Ruffle cream dress Juozas Statkevicius Couture Maria Piana pearl bracelet Earrings and pearl necklace stylist own


lado b

Black big dress Francesca Marotta Maroon dress Georgia Hardinge Feather necklace Maria Piana

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Black dress with gold embroidery sleeves Miharayasuhiro Black dress /worn as a skirt/ Francesca Marotta Feather head piece Louis Mariette Shoes Bionda Castana


Red dress Juozas Statkevicius Lace bra DKNY Dough@soo.bakery



ensaio b

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bianca coutinho dias

Breno Rotatori Sopro 2010

Nuances da ficção:

O INSTITUTO OI FUTURO apresenta, de 24 de julho a 16 de setembro, em seu espaço cultural Flamengo, no Rio de Janeiro, um panorama da fotografia contemporânea nacional através da exposição DOCUMENTAL IMAGINÁRIO - FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA. A mostra reune obras de João Castilho, Breno Rotatori, Guy Veloso, Gustavo Pellizzon, Fábio Messias, Pedro David, Pedro Motta, Fernanda Rappa e do coletivo Cia de Foto - todos criadores de ficção.

Não são historiadores ou antropólogos empenhados em decifrar o modo de vida de uma sociedade ou resgatar a biografia de uma personagem importante. Ali, cada fotografia parece revelar a paixão por algo inapreensível, e o interesse é mais pelas insolúveis perguntas lançadas pela realidade, do que o contentamento com a busca de uma resposta que se possa dizer toda. A brilhante e precisa curadoria de Eder Chiodetto nos faz deambulantes por uma invenção de mundo por imagens que, longe de ter um estatuto estável, são variáveis e múltiplas. Vestígios do real, flertes com o imaginário de uma nova vertente - denomi-

nada de Documental Imaginário por alguns pesquisadores - parte de premissas documentais e até mesmo jornalísticas, e neles injeta uma grande dose de subjetividade e de referências às atmosferas cinematográficas ou à própria literatura. São imagens que brotam da necessidade humana de construir uma memória, de se narrar. Ou de dar voz e espaço, também, ao esquecimento demarcado pela imagem, à sua precariedade. Dar à imagem documental a abertura de que a arte precisa. Cada fotógrafo parece ser personagem de suas obras, não somente autores, pois não reivindicam um domínio sobre a imagem e sobre aquilo que ela pode narrar. Ao contrário, parecem fazer da incerteza e da angústia de não poder conhecer precisamente a história que tem em mãos, o cerne e a justificativa de seus trabalhos. São fotografias que acenam com a presença de um real que lhe deu origem, mas que não pode ser recuperado. O que resta na imagem são os elementos que permitem discorrer sobre o evento, o que equivale a rodeá-lo sem jamais tocar sua totalidade. Não significa extrair o significado de seu invólucro, mas desenvolver a intriga: explicar, porém replicando o desdobramento do texto-contexto ou da imagem sobre si mesma. No lugar de pretender ser uma metáfora totalitária, tão completa e perfeita a ponto de dispensar o objeto que lhe deu origem, a fotografia, aqui, está mais próxima da condição de metonímia: um olhar que tangencia, que apenas aponta para uma reali-


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documental imaginário

Fernanda Rappa Comum Desacordo 2011 Gustavo Pellizzon Encante 2010

dade que permanece fugidia, mas que o faz intensamente. Esse movimento de atração na direção de um epicentro que não pode ser senão tocado em suas bordas, Jacques Lacan chamou de metonímia. Como sugeriu Roland Barthes, a fotografia só pode dizer que “isso foi”. Mas, na medida em que se afirma como exploração, abrindo espaço para o imaginário, “isso” pode continuar “sendo”. Há, portanto, um vazio, uma lacuna deixada pelas imagens. Ao nos deixar fisgar por essas imagens, somos envolvidos por uma história latente que já não se pode recuperar, a presentificação de uma ausência, no brilhante dizer de Barthes: “A fotografia reproduz ao infinito, aquilo que só teve lugar uma vez. Ela repete mecanicamente aquilo que jamais se poderá repetir existencialmente, de sorte

Cada fotógrafo parece ser personagem de suas obras, não somente autores, pois não reivindicam um domínio sobre a imagem e sobre aquilo que ela pode narrar


ensaio b

Gustavo Pellizzon Encante 2010

que o evento não se derrama, não deriva, não foge em direção a outra coisa”. Enquadrada nesse marco, cada fotografia propõe uma reflexão sobre a morte ou sobre a pungência do real. Seja como for, é inegável que estamos sempre lidando com imagens, mas estamos também lidando com o tempo. Um tempo que bem pode não ter uma história linear e estável. Somos seres de ficção e ao circundar o real sem jamais tocar seu cerne, a linguagem oferece ao sujeito algo que é sempre contíguo ao objeto do desejo, nunca ele próprio. Em última instância, o real é exatamente aquilo que “falta” ao sujeito, tornando-se o lugar inapreensível onde se situa o objeto do desejo. Para Lacan, a apreensão do real jamais existiu no passado do sujeito, a não ser de uma forma mítica que orientará a constante busca por uma suposta experiência originária de contato. Nas fotografias da mostra tomamos contato com esse complexo tema, desdobrado em múltiplas possibilidades de leitura. Com forte acento autoral, existe aqui o benefício da dúvida no lugar da arbitrariedade de um ponto de vista único e excludente. Há um esforço de poesia. É o que podemos observar nas imagens de religião do paraense Guy Veloso (cujo projeto “Penitentes” foi exibido

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na 29ª Bienal de São Paulo), que fazem metáfora do transe da fé. Ou na série “Encante”, de Gustavo Pellizzon, com lendas que se sobrepõem à vida local dos ribeirinhos que vivem à margem do Rio Jaguaribe, no Ceará. Um jogo de futebol fotografado e exposto em formato de vídeo mostra um jogo no qual as imagens só aparecem quando o fotojornalista dispara sua câmera na beira do campo, na obra “Estádio”, da Cia de Foto. Integra a mostra também a premiada série “Essa luz sobre o Jardim”, de Fábio Messias, na qual o artista traduz em imagens aquilo que seria a consciência de sua avó acometida pelo mal de Alzheimer. São produtos do encontro, da contingência e da surpresa, que tornam a prática um registro de tal experiência, em forma de uma sobra: testemunho da fantasia vivida, do que se perde e se multiplica por sua própria reformulação. Em algumas fotos, a retratação de uma certa melancolia do requerimento de um tempo particular, a atenção ao que ainda não se desfez, a geometria de um instante que escorre e não se apreende nunca. Em A câmara clara, Barthes diz que a fotografia é uma image folle, frotée de réel. Em todo caso, a fricção da imagem com o Outro


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documental imaginário

A fotografia nos coloca em contato com a realidade, mas de modo incompleto: atesta a presença do objeto e, no entanto, pouco diz sobre ele

Fabio Messias Serie Essa Luz sobre o jardim 2012

do referente aponta sempre à sua negatividade, a seu espectro, à sua dispersão. A fotografia nos coloca em contato com a realidade, mas de modo incompleto: atesta a presença do objeto e, no entanto, pouco diz sobre ele. Trata-se de um apontamento vigoroso, porém, quase mudo. Ao historiador cabe preencher algumas lacunas para formar um relato sobre essa realidade. Os artistas percebem nesse “silêncio” um espaço para o imaginário. Não menosprezam a força que liga a imagem ao objeto, tiram proveito daquilo que falta. Assumem a precariedade dessa ligação, sem negá-la. E mostram como o desejo é fisgado, não apesar do pouco que a imagem oferece, mas exatamente porque não oferece tudo. O caminho dessa busca, seu procedimento, não se poderia desenhar, dessa maneira, em um trajeto retilíneo. Ele se delineia por um percurso descontínuo, errante, pois não se trata de alcançar um ponto programado. Essa etapa, intervalo de reconhecimento, revisão de escolhas e tentativas, lembra a busca que Maurice Blanchot expôs em L’Espace Littéraire - tal como na escrita, também na fotografia parece estar em jogo uma sorte de solidão essencial (solitude essentielle): “Um livro, mesmo fragmentário, tem um centro que lhe convoca. Não um centro fixo, mas que se desloca pela pressão do livro e pelas circunstâncias de sua composição. Centro fixo também, que se desloca, se isso for verdadeiro, permanecendo o mesmo e

tornando-se cada vez mais central, mais despido, mais incerto e mais imperioso. Aquele que escreve o livro, o faz por desejo, por ignorância desse centro. O sentimento de tê-lo tocado pode muito bem não ser mais que a ilusão de tê-lo alcançado.” A percepção de que a fotografia tanto documenta a realidade, como também pode inventar livremente um mundo paralelo e ficcional, e que serve de mote para a mostra “Documental Imaginário”, conduz para a tensão entre os âmbitos do real e imaginário, para o caráter errático da fotografia e da própria vida, que parece se deslocar entre os contrastes e pontos desfocados de algumas fotografias - entre a memória, nostalgia, o componente ficcional, o realismo fantástico, elementos que fazem recordar as palavras de Walter Benjamin: “... as coisas são, nós o sabemos, tecnicizadas, racionalizadas, e o particular só se encontra, hoje, nas nuances”. São capturas sensíveis do mínimo, da sutileza - uma escritura imagética feita no tropeço, na rachadura da realidade. Ali, alguma coisa quer se realizar. Algo que parece com o intencional, certamente, mas de uma estranha temporalidade. Algo que faz lembrar Lacan: “O que se produz nessa hiância, no sentido pleno do termo produzir-se, se apresenta como um achado. Um achado que é, ao mesmo tempo, uma solução não forçosamente acabada, mas, por mais incompleta que seja, tem esse não-sei-o-quê que nos toca com esse sotaque particular”. b


vanguarda e inovação


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design britânico

Heloisa Righetto neni almeida

Londres é definitivamente o lugar para se estar em 2012. O ano em que a cidade recebe pela terceira vez os jogos olímpicos e que marca os 60 anos de reinado da Rainha Elizabeth já tornou-se um marco para o cenário cultural da capital britânica. Felizmente, o design é um dos maiores beneficiados, já que o setor está sob os holofotes da indústria criativa mundial e atravessa um bom momento, impulsionado por esses dois eventos grandiosos. Os designers Edward Barber e Jay Osgerby que o digam. Responsável pela criação da tocha olímpica, a dupla adquiriu status internacional ao dar uma interpretação moderna e cheia de significados a um dos maiores ícones do esporte, mas que geralmente passa despercebido perto da grandiosidade do evento. A tocha já ganhou o prêmio de design do ano oferecido pelo Design Museum de Londres e tornou-se um dos símbolos da geração contemporânea de profissionais do design, que buscava redimir-se após a repercussão negativa do logo das Olimpíadas. Os britânicos sabem muito bem utilizar oportunidades: por que não aproveitar o gancho dos jogos olímpicos e das celebrações da monarquia para divulgar o melhor do “made in Britain”? Foi o que fez o museu Victoria&Albert, famoso por apoiar e divulgar o trabalho dos talentos locais através de exposições e eventos que desmistificam o design, mostrando como ele está intrínseco nos costumes, como solucionador de problemas e agente de transformação e evolução da sociedade. Duas mostras já em cartaz no museu proporcionam aos visitantes uma verdadeira imersão na história do design britânico: enquanto uma delas olha para o passado para avaliar o presente, outra foca no portfólio de um dos mais importantes representantes do design britânico contemporâneo, um dos reponsáveis pela modernização do setor a nível mundial - Thomas Heatherwick.


capa

British Design 1948 – 2012: Innovation in the Modern Age Utilizando os anos de 1948 e 2012 como delineadores, a exposição oferece um panorama geral da era moderna do design britânico. O intervalo de 64 anos pode parecer irrelevante historicamente, mas nesse caso é riquíssimo em acontecimentos. Claro, o link com as Olimpíadas é evidente, afinal foi em 1948 que Londres recebeu os jogos pela segunda vez, a primeira após a Segunda Guerra Mundial. A Grã Bretanha estava apenas começando a se recuperar da devastação, e o design foi testemunha da retomada da indústria e da economia do país. Coincidentemente, 2012 é também um ano olímpico e de renovação, e mais uma vez o design lidera iniciativas para solucionar a crise econômica. Evening Gown Alexander McQueen autumn-winter 2009 Francois Guillot/AFP /Getty Images

Children Crossing Sign Margaret Calvert and Jock Kinneir 1964 © Margaret Calvert

A exposição está dividida em três seções: Tradition & Modernity (tradição e modernidade), Subversion (subversão), Innovation & Creativity (inovação e criatividade), as quais alinham a história do país com a história do design local mostrando o trabalho de profissionais de diversas áreas. De produtos eletrônicos a cadeiras e projetos de arquitetura, de meios de transporte a moda, é evidente a relevância da indústria criativa na vida da população e sua influência nos movimentos culturais que fizeram da Grã Bretanha sinônimo de vanguarda.

Jaguar E-Type 1961 Jaguar Heritage

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design britânico

Torsion Chair Brian Long 1971 By kind permission of Brian Long © V&A Museum

“Even to spark out now would be no pain”, poster promoting the “Anti-Art Fair” with a portrait of Trojan John Maybury 1986 Courtesy of John Maybury © V&A Museum

Na última seção, Innovation & Creativity, há uma parte dedicada aos jogos olímpicos de 2012. O evento esportivo vai deixar um legado riquíssimo na região leste de Londres, e todas as arenas que compõem o parque olímpico foram criadas em solo britânico. O mais bacana da mostra, porém, não é quantidade de peças de designers renomados sob o mesmo teto e sim como é possível associá-las com o dia a dia, mostrando para o público em geral a relevância do design e como ele está intrínseco na sociedade, mesmo que na maioria das vezes passe despercebido. A cadeira de polipropileno de Robin Day desenvolvida em 1963 é um dos melhores exemplos. Combinando bom uso de material com design funcional, a cadeira ganhou o mundo e se popularizou de tal forma que pouca gente sabe que ela é um ícone do design britânico. E não é assim que deveria ser? Bom design prevalecer sobre o autor, e não o inverso.


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Heatherwick Studio – Designing the Extraordinary Falando em design que ganha vida própria e desvincula-se do autor, temos a segunda exposição dedicada a design no V&A nessa temporada, sobre o trabalho do estúdio comandado por Thomas Heatherwick. O designer, que apesar do leque impressionante de trabalhos não tinha tanta fama internacional, viu seu nome despontar na mídia há cerca de dois anos, graças um projeto de arquitetura que definitivamente cravou sua marca nessa geração: o pavilhão da Grã Bretanha na World Expo de 2010 em Shangai. A impressionante fachada do pavilhão – que acabou sendo batizado informalmente de Seed Cathedral – é resultado de um trabalho meticuloso de Heatherwick e sua equipe. O projeto é rico em detalhes e faz uso primoroso dos materiais escolhidos, além de ter cumprido muito bem a função de representar o país no evento. 60 mil hastes de fibra ótica com 7,5 metros de comprimento, cada uma delas com sementes “embutidas” na ponta, revestiram a construção temporária: o efeito visual é deslumbrante por fora e também por dentro, já que a luz natural é filtrada pelas hastes iluminando o espaço interno.

60 mil hastes de fibra ótica com 7,5 metros de comprimento, cada uma delas com sementes “embutidas” na ponta, revestiram a construção temporária Bollards / Traffic Cones V&A Installation Heatherwick Studio 2012 © V&A Museum

Extrusions, Haunch of Venison Gallery London Heatherwick Studio 2009 © Peter Mallet

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design britânico

UK Pavilion Seed Cathedral, Shanghai Expo, China 2010 © Iwan Baan

Rolling Bridge, Paddington Basin, London, UK 2004 © Steve Speller


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Mas não apenas de construções grandiosas vive o estúdio de Heatherwick. No mesmo ano do pavilhão, o designer lançou um projeto de proporções muito menores, mas igualmente vanguardista: a cadeira Spun, produzida pela empresa italiana Magis. A peça reitera a capacidade de inovação do designer, que quebrou paradigmas sem pecar em quesitos como qualidade e funcionalidade. Ao contrário, ele agrega um certo “joie de vivre” a um ato tão corriqueiro, o sentar. O formato lúdico da Spun, que em vez de se sustentar sobre 4 pés gira ao redor de seu centro, conquistou uma legião de fãs e já entrou para o hall da fama do design contemporâneo. Ou seja, um verdadeiro – e merecido – ícone.

o novo ônibus de Londres. Um dos símbolos mais populares da cidade finalmente ganhou um novo visual através das mãos de Thomas Heatherwick

Teesside Power Station 2011 © Heatherwick Studio

Thomas Heatherwick sitting on his Spun Seat 2010 © Susan Smart Photography

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design britânico

Esses dois exemplos já são motivo suficiente para justificar a exposição que esmiuça o portfólio do estúdio, mas um terceiro projeto é o maior responsável pelo sucesso da mostra: o novo ônibus de Londres. Um dos símbolos mais populares da cidade finalmente ganhou um novo visual através das mãos de Thomas Heatherwick, que conseguiu resgatar características do projeto original e combiná-las com uma abordagem mais moderna, conceitos sustentáveis e tecnologia de ponta. Todo o processo de criação do novo ônibus, que inclui detalhes como a estampa do tecido que reveste os assentos, assim como um pedaço do próprio em tamanho real. Vale lembrar que o ônibus já está em funcionamento: caso você queira fazer um test drive, alguns modelos estão em circulação na linha 38. b

New Bus for London Heatherwick Studio 2011 © Iwan Baan

Vents, St Pauls, London 2002 © David Balhuizen


design britânico

1924

1931

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1954

Mapa do metrô de Londres

Routemaster A. A. M. Durrant, Colin Curtis e Douglas Scott

Harry Beck

1951 Estampa para tecido Calyx Lucienne Day

Cabine telefônica Sir Giles Gilbert Scott

1964 Fundação da Habitat Sir Terence Conran

1986

1932

1977

Mesinha Side Table

Capa do disco do Sex Pistols God Save The Queen Jamie ReedConran

Luminária Anglepoise George Carwardine

Jasper Morrison

1991 Cadeira S Tom Dixon


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infográfico

Gherkin

mini

O prédio na 30 St Mary Axe, em Londres, é informalmente conhecido como “Gherkin”, pelo seu formato que remete ao pepino em conserva. Apesar de ser um símbolo da cidade, o projeto de Norman Foster não é amado por todos os londrinos, que são conservadores quando o assunto é arquitetura.

O Mini Cooper é um dos carros mais amados da Grã Bretanha desde seu lançamento em 1959. O modelo original, desenhado por Sir Alexander Arnold Constantine Issigonis, já não é mais produzido, mas é reconhecido no mundo todo graças a famosa série de comédia do Mr. Bean.

1996

1963

2011

Novo design do black cab

2003 Linha de talheres Minimal David Mellor

2006

2008

2010

Chandelier Spectacle Stuart Haygarth

Luminária Poole Paul Cocksedge

Cadeira Spun Thomas Heatherwick Tocha Olímpica Barber Osgerby

Cadeira empilhável de polipropileno Robin Day

Kenneth Grange

New Bus for London Thomas Heatherwick

2011 2012 Luminária Etch Tom Dixon


ensaio b

bianca coutinho dias

Francesca Woodman

Francesca Woodman criou uma extensa obra fotográfica e produziu, em sua maioria, fotografias em preto e branco nas quais se auto-retratava em paisagens diversas: sua casa, jardins, construções abandonadas, florestas. São imagens densas, vertiginosas e que nos fazem viajar por abismos e destroços insondáveis, provocando uma sensação de estranha familiariadade, com sua presença de força indescritível, que atrai e seduz, sem que possamos apreender ou reter aquilo que passa diante dos olhos, que permanece como um vulto poderoso e enigmático, assim como sua vida-curta, intensa e rodeada de enigmas. Em muitas de suas fotografias, opera com desfocamentos e longas exposições, de forma que os corpos fotografados acabam por se fundir e, mesmo quando as imagens são nítidas, os corpos e objetos parecem estar sempre se procurando, em constante processo de infiltração-planta e corpo, luz e carne, chão e pele, arquitetura e vida, vestígio e presença, abandono e habitação convivem de maneira profunda e, por vezes, convulsiva. São fotografias de escombros e a própria dimensão da ruína que se atualiza no corpo.

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Francesca Woodmanensaio b

Francesca Woodman Sem Título (New York) 1979-1980 impressão de prata coloidal 21 x 21 cm


ensaio b

Francesca Woodman From Polka Dots (Providence, Rhode Island) 1976 impress達o de prata coloidal 13 x 13 cm

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Francesca Woodman

Lacan, em um texto sobre MerleauPonty estampado por Les Temps Modernes, em 1961, atribuiu à obra de arte o lugar do que não se poderia ver a olho nu, vale dizer que uma definição provisória da obra de arte seria, portanto, a de que ela é um artefato que vê, em suma, a invisibilidade do visível. Nas imagens de Francesca, no invisível que se revela, há sempre uma pulsação de intensidades. O desejo não cessa de deambular entre fluxos, pensamentos, volúpia, pele. O corpo de Francesca parece amarrado ao seu limite, mas dele escorre uma leveza indescritível. O susto parece inevitável. Assim foi Francesca na sua experiência com a fotografia, mas, sobretudo, na sua viagem vertiginosa ao real do corpo. Assim vamos nós, ao encontro das suas imagens - o extático através das retinas. E o que se vê são blocos de intensidade que se espalham em torno do espaço, fragmentandose ao limite, subvertendo os contornos da própria subjetividade, evidenciando a potência de uma imagem que está sempre migrando para outro lugar. Woodman entrou para a fotografia usando o corpo como experiência, como laboratório de si. Fez uma viagem sem volta ao limiar do corpo, como se percorresse seus limites para encontrar o inevitável: sua imagem-vulto, uma quase miragem, algo que atravessa o espaço intenso da vida refletindo uma outra imagem, o além de si, que vaga desfocada, entranhada entre o tempo e espaço, como se deles fizesse parte, mas sem habitar nenhum, como uma sombra que toca sensivelmente nas coisas atravessando as superfícies mais rudimentares, transitando pelas coisas. Corpo-dispersão-sem rosto, que quando mirado se dissipa entre as coisas do mundo, corpo enterrado na fronteira entre a ausência, a aparição. Seu rosto também pouco revela. A verdade de sua aparência é um exílio. Sua imagem não é a revelação de uma realidade, mas de uma sombra. Por vezes ouvimos Artaud: o pulsar o corpo sem órgãos; por vezes Bataille: a febre e a intensidade; mas por vezes, entre a sombra e a claridade, o canto silencioso de Rilke: a sombra da morte. Estamos na perspectiva da sensação, numa leitura-gozo que faz o olhar mergulhar no absurdo e nele se perder, como se seu corpo estivesse mergulhado em um contínuo jogo de simulacros em que a origem, a verdade, a matriz há muito se apagou. Não há realidades, mas tudo é o que é: um corpo estendido

Nas imagens de Francesca, no invisível que se revela, há sempre uma pulsação de intensidades. O desejo não cessa de deambular entre fluxos, pensamentos, volúpia, pele

Francesca Woodman Sem Título (Providence, Rhode Island) 1975-1978 impressão de prata coloidal Edição: 10/40 12,5 x 12,5 cm


ensaio b

Francesca Woodman Sem Título - Da Série From The Three Kinds of Melon in Four Kinds of Light (Providence, Rhode Island) 1976 impressão de prata coloidal 11,5 x 9,5 cm

no deserto de uma paisagem. O deserto é a fotografia, mas o corpo parece atravessado de sensações, de febre. Tudo parece vivo e morto e transcorrendo pela linha que cruza uma realidade a outra. As linhas estão sempre se encontrando, fabricando dobras, aberturas, fissuras pelas quais os olhares atravessam e são arremessados para o terreno da epifania e do sublime. As imagens são desconcertantes por suas improbabilidades, e se assemelham, muitas vezes, a uma imagem de sonho, intempestivas e alheias a encadeamentos causais. Na constância do ato de se fotografar, Francesca Woodman estava constantemente forjando uma ruptura de si no corpo das coisas, tecendo linhas de fuga entre seu corpo e a carnalidade do mundo. O mimetismo se dá somente como lapso, gesto inacabado, puro devir-mundo. O que vemos são fluidos, que podem ir para qualquer lado e que tem a força da imprevisibilidade e do descentramento. O que nos causa no seu gesto de auto-retratação é

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a criação de imprevistos e fugazes contornos, confissão de uma vida que vive na obra, uma erosão em si mesmo, um macular-se enquanto sujeito, para criar a vida do eu que vive na obra - em refrações, abandonos e dissoluções de si; imagens que nos tocam e que nos acompanham por muito tempo. O que acontece quando nos saltam aos olhos pela primeira vez é tão poderoso que seu efeito retumbante dificilmente deixará de ser sentido. Voltamos a elas, quando elas próprias não se precipitam, atropelando nosso espírito, trazendo à flor da pele o mesmo arrepio, a mesma sensação de vertigem. Permanecemos ligados a elas por uma interrogação em aberto, por um elo estranho, enigmático, sempre restabelecido, sem jamais perder o impacto - assim é a fotografia de Francesca Woodman - abismo para quem tem asas, morte e vida se encarando, a possibilidade de se deixar transportar para um ambiente fantasmagórico, profundamente emocional e sensual e ocasionalmente, perturbado e violento. O brutal e o delicado em diálogo. Não é possível ficar-lhe indiferente pela beleza, pela estranheza e pela audácia. Francesca também não ficou indiferente ao trampolim do real e suicidou-se aos 22 anos, nos deixando seus rastros indeléveis e sua presença,paradoxalmente, tão cheia de sopros de vida e élans criativos, em suas fotografias repletas do paradoxal encontro entre força e vulnerabilidade. A exposição de Francesca Woodmam esteve em cartaz na Galeria Mendes Wood que fica na Rua da Consolação 3358, Jardins em São Paulo. b


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Francesca Woodman

Francesca Woodman Sem Título - Da Série Eel (Veneza, Italia) 1978 impressão de prata coloidal 15 x 15 cm



Profissional destaque Marcato

Alessandro Oliveira da Matta Arquiteto 16 92138110 alessandromattaarq@ig.com.br A Marcato lançou recentemente, em parceria com a Blum, uma campanha de premiação para arquitetos, engenheiros e designers. O prêmio é uma viagem inesquecível para a Áustria. O desempenho da Marcato de Ribeirão Preto resultou em dois profissionais premiados. Nessa primeira campanha, destacamos o arquiteto Alessandro da Matta, um Profissional Destaque Marcato.


casa vivalti

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Valquiria Santos Mustafé Wagner Abrahão Junior

Como quem busca inspiração na arte, visitando exposições em galerias, museus e instituições culturais, eu também dedico meu olhar para feiras e eventos organizados para apresentar ao mercado as novidades em design de móveis e objetos decorativos, sempre buscando o melhor da alta decoração. A arte de decorar, ornamentando e embelezando ambientes, é influenciada pelo ritmo vertiginoso em que as ideias e as tendências são lançadas no mercado, cabe aos profissionais da área identificar elementos para a boa decoração. O universo das cores pode nos remeter à presença marcante dos objetos e mobiliário em nossa casa. Numa paleta de cores que inclui amarelo, vermelho e azul, acrescentamos design, alegria e personalidade nessas páginas, com produtos cuidadosamente selecionados para atender a crescente demanda por qualidade, novidades e variedade de públicos. Nessa edição, a Casa Vivalti apresenta um verdadeiro vernissage a partir da arte decorativa, numa mistura de madeira, laca em alto brilho, pátina provençal, vidros coloridos e fibras, materiais que permitem uma combinação mágica para quem aprecia a beleza dos detalhes, a personalidade das cores e não tem receio de ousar na mistura de estilos e combinações únicas.


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decoração

Caixa em madeira com acabamento em laca. Peças de cerâmica e abajur em cristal. Móveis em fibra de bananeira

Rua Cerqueira César, 1666 ribeirão preto - sp tel 16 3234 9601 mapa 05


dicas de decoração por heloisa righetto

Vol 2 : Paredes e Molduras Oi, meu nome é Heloisa e eu tenho uma fixação decorativa: paredes. Apesar de ser uma delícia definir o layout dos móveis e brincar com os acessórios e luminárias, eu acredito piamente que a maneira como você decora as paredes da sua casa falam muito mais sobre você. E não estou falando de cor de tinta ou papel de parede não! Pense em fotografias, posters, telas, murais: tudo que pode ser enquadrado. Sabe aquele cartão postal bonito da última viagem? Ou o ingresso de uma peça de teatro que te marcou? A sacola de compras daquela loja na qual você finalmente comprou a bolsa dos sonhos? Ou até mesmo o desenho que seu filho fez no guardanapo quando estava entediado no restaurante? Tudo isso pode virar parte da decoração, basta a moldura. Acredite: quanto mais inusitado e mais pessoal, mais bonito fica. Não importa que o rabisco no guardanapo não seja um Picasso, o que é realmente relevante é o fato que tal rabisco traz consigo uma memória, que vai acrescentar na decoração algo muito mais interessante do que uma obra de arte de um pintor famoso - personalidade. Uma casa confortável, afinal, não é resultado apenas de uma bela combinação de um sofá macio com cortinas e tapetes combinando. Uma casa confortável é carregada de boas energias, tudo que está nela conectase com os moradores e não está lá aleatoriamente. Pense nos objetos, roupas, cartas, e tudo que você tem guardado embaixo da cama ou no fundo do armário. Coisas que por alguma razão não podem ir por lixo mas também não cabem em qualquer outro lugar. Que tal ir lá mexer nesse estoque de boas lembranças e dar uma nova chance para elas? Vale lembrar que a escolha da moldura certa é importante: aqui, a dica é se divertir e esquecer formalidades. Prefira os modelos mais rebuscados para fazer um contraste com conteúdo inusitado, como um convite de casamento por exemplo. Ou um formato clean e discreto para algo colorido, que fale por si só, como a primeira roupinha usada pelo filho. A lista de possibilidades é infinita! Por isso, não tenha medo de encarar uma parede vazia: ela pode ser autobiográfica! b


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desenho b | ambiente

Heloisa Righetto neni almeida


cultura b

kairo ochoa Jo達o Thiago

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flamenco

O Flamenco puro e familiar na humildade de um grande artista

Que o flamenco é uma arte visceral, envolvente e simplesmente inexplicável, todos sabem, mas conhecer um bailaor que reúne todas as qualidades de um artista excepcional e a generosidade de um ser humano, isso é um privilegio. Assim é Pol Vaquero! De origem familiar modesta e tranquila, entrou para o Conservatório de Córdoba aos 10 anos de idade. Teve como Mestre o bailaor e coreógrafo Javier Latorre. Aos 16 anos foi descoberto pelo lendário bailaor Antonio Canales e não parou mais. Durante 8 anos na Cia. do Canales percorreu o mundo com espetáculos como “Gitano”, “Minotauro” e “Torero”. Este último no papel do touro. Quem viu “Torero” no Brasil em 2001 sabe a energia e a magia que este bailaor transmite em cena nesta brilhante metamorfose entre o animal, representando essa condição visceral e primitiva e o homem com seus dilemas e paixões. Após esses anos na Cia. do Canales, decide deixá-la e passa a integrar o Ballet Nacional da Espanha como solista na obra “Grito” a qual recebeu elogios de público e crítica. Sempre como solista, Pol Vaquero já passou pelas principais companhias de Flamenco da Espanha de artistas como Vicente Amigo, Joaquín Grilo, Mauricio Sotelo, Daniel Navarro e Cecilia Gómez. Em 2007 estréia seu próprio espetáculo em Barcelona com o nome de “Antojo” integrando no mesmo ano o projeto

“Jóvenes del Siglo XXI” no renomado tablao “El Cordobés” com bailaores como Amador Rojas, Rocío Molina e Mónica Fernández. A convite do Projeto Conexão Espanha de 2004, idealizado pelo guitarrista Allan Harbas e a bailaora e cantaora Tiza Harbas, Pol Vaquero começa a ministrar cursos e realizar apresentações no Rio e em outras cidades do Brasil. A partir de 2007 quando ministra um curso em Campinas no Café Tablao, iniciou-se uma tradição quase anual de visitas para dar cursos e realizar apresentações que perdura até hoje. Em praticamente 5 anos consecutivos, Pol Vaquero tem vindo para Campinas para compartilhar seu conhecimento com todos os amantes do Flamenco, profissionais da dança e o público apreciador. Graças a este sólido e constante projeto do Café Tablao de Campinas, liderado pela diretora e bailaora Karina Maganha, o Brasil tem a oportunidade de ver todos os anos, um dos maiores bailaores espanhóis em atividade.

Fomos conferir a nova proposta, apresentada pelo Café Tablao, na forma como Pol Vaquero vinha se apresentando no Brasil, especificamente em Campinas. Deixou-se um pouco de lado os espetáculos em Teatros com o habitual distanciamento entre artista e platéia para a forma do tradicional “Tablao” espanhol. O resultado é a mais pura e empolgante experiência flamenca do ano. Fomos muito bem recebidos no Almanaque Café, pela diretora de programação Marina Leão e por um dos proprietários Marcos Brandalise. O clima já era de passagem de som e palco. Momento para reencontrar grandes amigos como o guitarrista Fernanda de Marília, a cantaora Helena de los Andes e o percussionista Beto Angerosa, que somados a Bruno Lopes no baixo, Sarah Selles na flauta transversal, a bailaora Nana Alcarde nas “palmas al compás” e o renomado guitarrista Fernando de La Rua acompanhado nos basti-


cultura b

dores de sua esposa, a bailaora Yara Castro, ou seja, o time dos sonhos para qualquer bailaor. O entrosamento perfeito e a energia proveniente da alegria de estarem juntos, criou uma pura atmosfera Flamenca, digna dos melhores tablaos da Espanha. Tivemos a oportunidade de apreciar umas Bulerías abrasileiradas com choro, bossa e samba, uma delas tema do novo e recém lançado disco do Fernando de La Rua “Nuances”. Aliás, o disco está excelente com muitas participações especiais de espanhóis e brasileiros, além do “taconeo e palmas” do mestre Domingo Ortega. Em conversa descontraída e amena com Pol a viera do palco, este grande artista compartilhou suas experiências e opiniões sobre o Flamenco e sobre a história que está construindo no Brasil, começando pela relação familiar que desenvolveu com a diretora do Café Tablao, Karina Maganha e com todo o elenco de sua companhia. “Karina para mim é como uma irmã. Conheço toda sua família e desfruto muito da companhia deles” ressalta Pol. Quando pergunto o que está acontecendo na Espanha, me disse que “o país

atravessa uma crise e como em toda crise o primeiro que os governos fazem é cortar as verbas para a cultura. Por isso não se estão produzindo grandes espetáculos”. Por sorte o público ainda pode encontrar estes grandes artistas em Casa Patas e em outros grandes tablaos, onde “apresentamos sempre para manter a boa forma” acrescenta Pol. Conhecendo a grande efervescência do Flamenco no mundo inteiro, pergunto como está o Flamenco atualmente e a resposta é surpreendente: “as pessoas começam a fazer aulas e já querem sair dançando. Há que se respeitar o Flamenco. O Flamenco tem seu tempo certo”, afirma com um olhar sério e cuidadoso. Esta categórica afirmação se reflete na forma como conduz suas aulas, seja na Espanha ou no Brasil. Conversamos com o elenco de bailaores do Café Tablao, Lila Cesarino, Tatiana de Oliveira, Ximena Zúñiga e Beto Fonseca, da mais experiente ao estreante e todos eles são unânimes ao descrever o Pol como um mestre que ensina não só a arte da dança flamenca, mas aspectos de direção, comportamento

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flamenco

as pessoas começam a fazer aulas e já querem sair dançando. Há que se respeitar o Flamenco. O Flamenco tem seu tempo certo em palco e conduta como profissional da dança flamenca. Para eles este espetáculo representa uma grande oportunidade, responsabilidade e honra retribuída com entrega total no palco. E que entrega! O trio da Cia do Café Tablao abre a noite por Tangos, formado por Tatiana, Ximena e Beto e vão provocando as primeiras reações de entusiasmo. Na seqüência, um tema musical do Fernando de La Rua que justificou toda a fama e o prestigio que possui não só na Espanha, onde faz carreira há 10 anos, como também no Brasil, seguido de uma Soléa por Bulerías com a solista Lila Cesarino de silueta esguia, mas forte e segura, arrancou fortes elogios do público presente.

E para encerrar a primeira parte uma patada por Tangos. Anfitriã e convidado, juntos no palco. Karina, de um verde aveludado e Pol de terno preto com um toque festivo no lencinho estampado. O Almanaque balançou na prateleira. Brasil e Espanha juntos num palo alegre, vibrante e prazeroso. Pura entrosamento refletindo respeito e amizade em cena. De volta à segunda parte, um pouco recuperados do primeiro impacto vamos por Sevillanas e Fandangos com a Cia Café Tablao, onde o público teve a oportunidade de ver palos mais conhecidos ou mais arquetípicos do Flamenco com castanholas, leque, mantón e bastón. Para um bom respiro, mais um tema do Fernando de La Rua para receber o Mirabrás de Karina Maganha. Imponente, elegante e debochado vai consolidando o resgate de um show puro e despojado de adereços e elementos cenográficos. Belas chamadas e precisos arremates fecham este belo solo e anunciam a catarse que estava por vir. Após vibrante aplausos seguidos de um breve silêncio, entra a guitarra dos Fernandos, de Marília e de La Rua para uma experiência formidável. Acordes e compás por Alegrías quebram o silencio para a entrada do Pol Vaquero, que surge do meio do público pela lateral de terno vermelho intenso até os pés com um lenço

preto de bolas brancas, assim como manda a tradição. Impecável. Pol finalmente decanta o Flamenco e deixa a pureza desta arte dos “gitanos” crua e exposta. Vem a chamada e os primeiros arremates. É simplesmente impressionante o repertório do Pol, mostrando que bailar é uma interação entre bailaor, músicos e público num desfile de frases simples, complexas e extraordinariamente exatas. Rapidez e controle, tudo na exata combinação. Me arrisco a dizer que “el duende” estava no conjunto, bailaor, músicos e no olhar dos espectadores. Nem a final da Libertadores com seus habituais excessos sonoros atrapalharam o espetáculo. Um silencio mortal em volta protegia o Almanaque Café, apenas a arte flamenca reverberando nos ouvidos e a seqüência de imagens como num déjà vu se revezavam sem parar. Como não poderia deixar de ser, um ‘fin de fiesta” encerrou a noite com todos no palco bailando uma patada por bulerías. Sensacional! Gostaríamos de agradecer a Karina Maganha, pelos esforços em promover este show, ao elenco do Café Tablao, a Andréa da A2N Comunicação, ao Almanaque Café, a Zeze e família e a todos que fizeram possível esta inédita cobertura e entrevista com Pol Vaquero. Segundo Pol, o Flamenco tem seu tempo. Que bom que o compartilhou conosco! b



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respiro

texto e ilustração de regina maria amorim vieira

Memorando Era um canto para a vida, um ponto de gente. Desvivida coisa que sente. Foi tempo longe que, qual cicatriz no mirrado corpo, volta a ser ferida. Olho mal visto de cegado por claridade tanta, aquela. Foi na manhã antiga e boa, abotoada de certeza, como as manhãs podem ser. O banho ia à pressa, depois, à escola. No tatame a roupa azul para confundir o céu lá fora. O irmão a correr entre os canteiros. Ainda corre... A mãe parada à porta, não chegou a entregar as palavras que trazia. Ainda lá está... fotografia velha em negativo. Tudo preso, qual choro, no fundo do coração, dolorimento para a vida inteira. Ainda queima no franzino peito mal costurado, o branco clarão que inundou o dia, sonho desmemoriado e louco de que não se pode acordar. Após a luz, o vazio, o incompreensível, o medo. A procura pela mãe, o encontro com o irmão feito em sombra, para sempre impresso no muro de pedra, ainda a correr... O silêncio ensurdecedor do mundo querendo ser mundo...

Os seus olhos baixos a caírem com a pele despencada como renda, rasgada a doer de si. Fez como que andou a esmo entre as casas, as pontes que já não eram nem casas, nem pontes... Viu os rios engolfados de gente louca, de sede insaciável a beber águas más. Ela veio a mim feita em menina. Vestido azul, pés descalços, caminhava em meio a uma cinzenta multidão, sobreviventes, restos... Me olhou com olhar insistente como um umã, deixou seguir a massa escura, ficou. Levou-me e com ela caminhei pelo tempo, menina velha, velha menina. Contou-me sobre aquele dia abortado na história dos tempos e da insanidade dos homens. O pássaro prateado Little Boy pôs seu ovo de fogo sobre Hiroshima. Foi pouco... três dias depois fecundava com seu clarão de dor Nagasaki. E todas as aves silenciaram. E todas as aves cairam por ausência de céu. E a menina velha, no seu encontro comigo, deixou-me ver no seu magro corpo a lembrança que não pode morrer de esquecida. Seu olhar me dizia: - Lembra...

6 de Agosto de 1945 - Bombardeio nuclear em Hiroshima. 9 de Agosto de 1945 - Bombardeio nuclear em Nagasaki. Homenagem à Sadako Sasaki, a menina do vestido azul!


editorial

design Ideias, volumes e criatividade, algumas características que podem eternizar o trabalho de um designer, elevando suas criações ao status de objetos de desejo. Celebrando o universo das formas, nesta edição, apresentamos parte da história do design britânico, o estilo provocante de Maria Antonieta como inspiração fashion, o turismo integrado ao design de um casarão-hotel, entre outras editorias que reforçam a identidade editorial dessa publicação. Lourenço Tarantelli

expediente A revista B (ISSN 1809-937X) é uma publicação bimestral da Neni Design Comunicação Visual Ltda-ME

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Editor Lourenço Tarantelli - jornalismo@revistab.com.br Diretor de arte neni almeida - arte@revistab.com.br Projeto gráfico e editoração Neni Design | Redação Lourenço Tarantelli | mídia João Helmeister editora cultural Bianca Coutinho Dias | editor lado b jonas oliver | editor cultura b kairo ochoa editora desenho b heloisa righetto | editora respiro regina maria amorim vieira colaboradora CLARISSA SAN PEDRO | Consultora jurídica Karine Vieira de Almeida OAB/SP 214 345 Jornalista responsável Lourenço Tarantelli MTB:42-783 | Impressão ibep gráfica contato publicitário (16) 3964 6762 | (16) 9165 7064 - comercial@revistab.com.br Brasil: Rua Raul Peixoto, 710 - sala 33 - Edif. Toronto | CEP 14.026-220 | Ribeirão Preto | SP Londres: The Papered Parlour | 7 Prescott Place | London SW4 6BS | www.revistab.com.br É expressamente proibida a reprodução ou cópia de parte ou do todo de textos, fotos e ilustrações publicados na revista B. Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da revista.

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A - PRAÇA XV DE NOVEMBRO Marco de referência histórica e geográfica, localizada na região central da cidade. A praça foi tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo), junto com o Quarteirão Paulista. A - QUARTEIRÃO PAULISTA Tradicionalmente conhecido, é formado pelo conjunto arquitetônico que abrange o Theatro Pedro II, o prédio do antigo Palace Hotel e o Edifício Meira Júnior, onde funciona o Pinguin II. A - THEATRO PEDRO II Rua: Álvares Cabral, 370 Fone: 16 3632-0757 A reforma da estrutura do prédio, a modernização das instalações e o restauro das características arquitetônicas originais recuperaram o Pedro II e ampliaram suas funções, transformando-o no 3º maior teatro de ópera do país em capacidade de público. B - MARP - MUSEU DE ARTE DE RIBEIRÃO PRETO Rua Barão do Amazonas, 323 Fone: 16 3635-2421 Inaugurado em 1992, com um perfil voltado à arte contemporânea, apresentando várias exposições de representativos artistas brasileiros.

C - CATEDRAL METROPOLITANA Praça das Bandeiras Fone: 16 3625-0007 Em estilo romântico e linhas góticas, destacam-se os vitrais coloridos no seu interior, os afrescos pintados por Benedito Calixto que datam de 1917. A Catedral Metropolitana de São Sebastião de Ribeirão Preto está localizada na Praça das Bandeiras, região central da cidade. C - FEIRA DE ARTE E ARTESANATO De sexta a domingo, das 7 às 22h Praça das Bandeiras Com participação de mais de 150 artesãos de Ribeirão Preto e Região, a feira oferece uma grande variedade de produtos em cerâmica, couro, metais, vidro, adorno pessoal, louças, porcelana, fiação, tecelagem, flores desidratadas, arranjos em palha, vasos, tecidos etc. D - GALERIA DE ARTE A CÉU ABERTO Todos os domingos, das 9 às 14h Praça Sete de Setembro Aproximadamente cem artistas plásticos de Ribeirão Preto e região expõem e comercializam suas obras, promovendo o encontro da população com a arte. fonte: Prefeitura Municipal

B - PALÁCIO RIO BRANCO Praça Barão do Rio Branco Fone: 16 3977-9000 Inaugurado em 26 de maio de 1917, o Palácio Rio Branco abriga o Gabinete do Prefeito e a Secretaria de Governo.

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