Revista Bá #22

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Especial França

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POR

SE TEMBRO 2017 #22 R$ 10

MARIANA BERTOLUCCI

JAYME MONJARDIM Fala da infância, da relação com a mãe, a cantora Maysa, e da paixão por emocionar as pessoas

AS PATRICIAS Brigitte Macron, uma mulher inspiradora

FERNANDO EICHENBERG Obras iniciadas

CLAUDIA TAJES Em busca do tempo perdido, o dilema


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Bá, que lugar

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Andréa Back

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Os novos


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Ping

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Cinema

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As PatrĂ­cias

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Bacanisses

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Lou Michel


Direção

Mariana Bertolucci marianaabertolucci@gmail.com Editora

Mariana Bertolucci Editor de arte

Auracebio Pereira Revisão

Daniela Damaris Neu Comercial

Cláudia Sacramento claudiasacramentor@gmail.com (51) 9 9966-8740 Denise Dias denisebcdias@gmail.com (51) 99368.4664 Fabiana Spengler fabianaspengler8@gmail.com (51) 99399-4505 Editora do site da Bá

www.revistaba.com.br Letícia Heinzelmann leca_he@hotmail.com Colunistas

Ana Mariano Andrea Back Anelise Zanoni Aline Viezzer As Patrícias Claudia Tajes Cristiane Cavalcante Buntin Cristie Merlin Boff Duddu Vanoni Fernando Ernesto Corrêa Flávio Mansur Heloisa Medeiros Henrique Steyer Ivan Mattos Jaqueline Pegoraro Julia Laks e Vitória Satt Ligia Nery Lou Michel Livia Chaves Barcellos Marco Antônio Campos Paulo Gasparotto Regina Lunkes Dihel Tina Menna Barreto Vitor Raskin Vitório Gheno Ilustração

Graziela Andreazza

Inveja branca, vermelha e azul

Bonjour! E depois de uma temporada mais prolongada, cá estamos heroicos, intrépidos, alertas e faceiros da vida por simplesmente existir. Já dizia Jean-Paul Sartre: “Não somos aquilo que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós”. Sim, temos o comando e o poder sobre as nossas opiniões (éramos para ter, né?) e decisões importantes e os efeitos delas nas nossas vidas dependem diretamente do nosso esforço, entendimento e dedicação. Órfão desde os 20 anos, diretor de cinema e televisão, Jayme Monjardim sabe disso e conduziu toda a sua vida profissional e pessoal tentando entender as relações humanas e emocionar as pessoas com suas histórias de amor. Outra craque na tarefa de bem-viver é a empresária e decoradora gaúcha Flavia Araújo Santos de Mello. Há 26 anos fora do Brasil, 15 deles administrando o Hotel Des Isles, ao lado do marido, José de Mello, ela divide conosco, nesta edição especial sobre a França, um pouco dos encantos da sua Normandia e do país. Também estão repletos da energia e do encanto franceses os dois lindos editoriais de moda desta edição, sob o talento do olhar do publicitário e fashion image creator Duddu Vanoni e das lentes de Fran Hunter. Roberta Ahrons, de As Modistas, encheu de cor e graça nossas páginas com uma releitura da mimosa e charmosa Amélie Poulain. Quando perguntei ao meu único personagem francês da edição, o engenheiro Christophe Michel, qual era seu maior orgulho de seu país, ele me respondeu que era o modelo social dos governos, independente de seus partidos, que tentava e conseguia dar saúde e educação para todos os cidadãos franceses, e por esse motivo ele não se importava de pagar muitos impostos, porque via que funcionava. O meu amigo e colega de profissão Fernando Eichenberg também elogiou a capacidade do francês de discutir política e qualquer assunto sustentado na argumentação e na razão, e não na emoção e na agressão. Não preciso dizer para vocês que senti uma inveja branca, vermelha e azul de viver ou ter sido educada no país da Liberté, Égalité, Fraternité! Vive la France! Mariana Bertolucci

a revista bá não se responsabiliza pelas opiniões expressas nos artigos assinados. elas são de responsabilidade de seus autores. todos os direitos reservados.

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foto da capa: joão miguel júnior | globo


fran hunter

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coração Mariana Bertolucci

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Pai de Jayme, 31 anos, Maria Fernanda, 29, André, 18, e da caçula Maysa, seis, de sua união desde 2007 com a cantora Tânia Mara, o diretor de cinema e televisão Jayme Monjardim se dedica há 40 a emocionar o Brasil


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Capa

Cheio de projetos como sempre, e tranquilo como nunca, Jayme Monjardim completou em maio último 61 anos. Pleno de transformações, informações e autoconhecimento, e do alto do almejado equilíbrio conquistado ao longo de seis intensas décadas de vida, ele explica: “O tempo ensina. Encerrei a jornada da razão, em que vivemos as coisas mais racionalmente, e acabei de entrar na jornada de olhar o mundo com mais emoção, mais coração”. Ainda mais emoção, penso eu, quando ele completa que sim: “Independentemente de eu já ter feito isso no passado. Agora é objetivo principal. Cuidar mais da minha família, dos meus filhos. Olhar mais para mim, para a saúde. Trabalho é importante? É. Mas não o mais importante. O mais importante é a cabeça estar sempre jovem e para a frente”.

De jovem, ele mantém intactos o olhar delicado e perspicaz e a curiosidade pelas coisas da vida. Dono de um atento par de olhos verdes, o pequeno Jayme Monjardim 10 |

Matarazzo sempre foi reservado e observador. Depois da morte do pai, decorrente de um infarto, Jayminho, aos sete anos, estudou pelos oito anos seguintes em um colégio interno na Espanha. De fala macia, um tom suave, quase lânguido, e com o encantamento que têm os exímios narradores, Jayme contou à Bá com riqueza de detalhes e uma doce melancolia sobre os tempos em que passeava de carro com o pai, André Matarazzo, e a relação com a mãe, a cantora Maysa Monjardim, que depois de arrebatar o Brasil e sair pelo mundo, com sua voz meio rouca, meio aveludada, perdeu a vida em um acidente na ponte Rio-Niterói, em janeiro de 1977, quando o filho tinha 20 anos: “Uma das coisas mais bonitas da minha vida foi a relação com minha mãe. Difícil, mas ela foi tão corajosa e batalhadora, e chegou tão alto em tão pouco tempo, que sempre me inspirei na sua atitude de vida. De tentar. De dizer o que pensa, de não se esconder atrás de nada. Temos que olhar fixo nos olhos das pessoas e dizer o que sentimos. Minha mãe me passou o desejo de me aprofundar no universo feminino. As histórias de grandes mulheres são as que me cativam e que me deixam feliz de contá-las. Talvez tenha alguma coisa aí nessa busca que Freud explica, eu não sei te explicar. Talvez ele explique (risos)”. Freud explicando ou não, foi depois de órfão que Jayme começou a criar sem parar e deu início a uma brilhante trajetória no cinema e na televisão. No final da década de 1970, dirigiu seus primeiros curtas-metragens e documentários, além de realizar trabalhos como assistente de direção. Estreou na televisão no início dos anos 1980, na Rede Bandeirantes, onde comandou um especial


sobre sua mãe e a série infantil Braço de Ferro (1983), escrita por Marcos Caruso. No ano seguinte, foi para a Rede Globo e codirigiu as novelas Partido Alto, Roque Santeiro e Sinhá Moça. Sua primeira direção geral foi a novela de época Direito de Amar, de Walter Negrão, exibida às 18h, no ano de 1987. Em 1989, foi contratado pela extinta Rede Manchete e ficou à frente do sucesso Pantanal, de Benedito Ruy Barbosa, que instaurava um novo formato de narração audiovisual, com tomadas mais pausadas da paisagem brasileira, entre outros projetos na emissora e de forma independente. A volta para a Globo foi em 1999, para contar a história de Chiquinha Gonzaga, de Lauro César Muniz. Aí vieram títulos célebres, como Terra Nostra, O Clone, e em 2003 dirigiu e produziu a minissérie sucesso de público e crítica A Casa das Sete Mulheres, de Maria Adelaide Amaral e Walter Negrão. No ano seguinte, em 2004, a atriz Camila Morgado deu vida a Olga, dirigida por ele. Em 2006, Jayme assinou a direção de Páginas da Vida e deu início à parceria com Manoel Carlos. Foi com roteiro de Maneco, o “autor do Leblon”, que em 2008 gravou Maysa – Quando Fala o Coração, e emocionou o Brasil contando a história forte de sua família na minissérie de nove capítulos exibida em 2009 e protagonizada por Larissa Maciel, com a participação de seus

filhos, Jayme e André, interpretando a si próprio em fases diferentes. Livre no presente, ligado no passado e de olho no futuro, Jayme está às voltas com a direção de Tempo de Amar, próxima novela de época das 18h na Rede Globo, nos mesmos moldes de sua estreia na direção geral da emissora, há exatos 30 anos. Para iniciar a história de amor de 1927, escrita por Alcides Nogueira, ele escolheu locações em Niterói, no Rio, e Bento Gonçalves e Garibaldi, sul do país. Foi também em solo gaúcho que ele filmou em janeiro último o longa-metragem O Avental Rosa, na Vila Flores, em Porto Alegre. No ano passado, no final das filmagens de O Vendedor de Sonhos, baseado na obra do escritor e amigo Augusto Cury, foi mordido pelo mosquito Aedes aegypti, desenvolveu chikungunya e finalizou o trabalho superando sequelas como dor nas juntas. O ano de 2016 ainda reservaria mais sustos ao talentoso criador: uma cirurgia para retirar um câncer na próstata, seguida de outra para retirar um nódulo na tireoide, e a descoberta de uma pré-diabetes o levaram a refletir e mudar o ritmo. Decidido, nos primeiros dias do ano seguinte, 2017, fez só o que sentiu vontade: tatuou todo o braço esquerdo com escritos bíblicos do Gênesis. Nada poderia ser mais simbólico para dar boas-vindas à nova era da luz, câmera, coração! MB | 11


Capa

Como era o Jayme criança? Que lembranças tens dessa época, do teu temperamento... Eras extrovertido ou quietinho... Sempre fui uma criança muito quietinha. Meus pais se separaram cedo. Minha mãe viajou e eu acabei ficando com meus avós. Via meus pais aos finais de semana. Então já tinha essa coisa de ser mais isolado. Eu tinha uma fascinação quando meu pai me pegava aos domingos naquele carro lindo, que era um Simca Tufão. Me botava uma gravatinha e eu ia passear com ele. São lembranças maravilhosas. Aí meu pai morreu, eu tinha sete anos. Minha mãe já morava fora do Brasil e me colocou em um colégio interno na Espanha. Foram oito anos na Espanha, e acho que, nesse período do colégio interno, fiquei um menino ainda mais isolado. Eram quase 30 alunos internos. A maioria estrangeira, latino-americanos, venezuelanos e cubanos. Era uma época em que muitos cubanos fugiram para a Espanha. Era uma Espanha ainda franquista, o meu colégio era muito difícil. Tinha que ter média boa ou não podia sair aos finais de semana. Fui criado por um grande amigo da minha mãe na Espanha, chamado Oren, que foi o meu alívio durante alguns finais de semana nessa época. Se parar para pensar, eu fui um menino mais quietinho. Assim como sou hoje, meio tímido, sempre observando. Acho que desde pequeno eu já tinha um olhar para as coisas. Gostava muito de observar. Já tinha uma intuição de que esses olhares iam me ajudar bastante no futuro. Como despertaste para arte e a direção? O primeiro contato com o trabalho foi muito simples. Parece que era uma missão. Quan12 |

do minha mãe morreu, eu tinha 20 anos. Passaram-se uns meses e, depois que a ficha caiu, fui até Maricá. Cheguei em Maricá e estava tudo intacto, do jeito que ela deixou. Quando vi aquilo tudo, senti que eu queria registrar isso de alguma maneira. E foi a minha primeira incursão. Eu fazia filmes de cirurgias, de casamento, tinha uma pequena empresa. Me deu uma vontade enorme de fazer um filme sobre ela. Então, com um Super-8, foi a primeira vez que eu me arrisquei a fazer uma coisa artística, e foi sobre ela. Foi um filme muito bem-vindo. Um Super-8 que eu nunca mais achei. Ele foi para um festival chamado Festival de Penedo, no Rio de Janeiro. Lembro que ganhou o Festival de Penedo. A partir daí, foi como se ela mesma me tivesse dado essa luz, do tipo: “Segue esse caminho, que você vai se dar bem”. Curiosamente, meu primeiro trabalho na televisão foi sobre ela, meu primeiro filme 35mm também foi sobre ela. Era quase uma espécie de orientação dela na minha carreira. Mas desde pequeno já tinha esse universo em mim, o olhar. O olhar é o que define tudo. E a adolescência, fala um pouco da tua família? Pesou ser fruto de duas famílias imponentes e tradicionais na política na época, uma paulista e outra do Espírito Santo? Essa coisa familiar é incrível. Com o passar dos anos em nossas vidas, vamos percebendo as nossas origens. De onde viemos, que criação tivemos. Eu tenho uma ligação muito forte com a cultura, até por ter sido criado na Europa, com as artes em geral, com os negócios. O meu bisavô era um grande empresário. Sempre tive curio-


sidade de enveredar para esse lado, mas o olhar sempre falou mais alto do que os negócios. Tanto a família do meu avô por parte de pai quanto a por parte de mãe eram empreendedoras. A minha família para o lado Monjardim foi mais de médicos, meu avô era fiscal, eram mais ligados ao universo do empresariado em outras áreas. Diferente dos Matarazzo. Mas sempre existiu uma vontade muito grande. Inclusive, hoje em dia, um dos objetivos é trazer de volta o

universo da família. Estamos querendo trazer o Empório Villa Matarazzo. Trazer toda a parte de produtos. Na Argentina, a gente tem as massas. Ainda mantemos a linha de produtos. Esse é um desejo que vem muito alimentado por esse universo familiar. Tem coisas que não sabemos como explicar. Parece uma obrigação de dar continuidade a um trabalho. Se você vai conseguir ou não, é outra história. Então, eu tenho dois grandes projetos de família. Um é fazer a história da | 13


família Matarazzo, que acho que será incrível. Um homem que em 1940 e poucos vem tentar ganhar uma vida nova, em um mundo novo, em um país novo. Será muito difícil eu deixar de fazer esse projeto. É um dos meus grandes objetivos daqui para a frente. E trazer um pouco de volta esse universo dos produtos Matarazzo, que sempre tiveram muita confiança. São sonhos. Mas isso tudo é originário dessa herança familiar que vai nascendo dentro da gente. E da família Monjardim é eu estar fazendo todos esses trabalhos sobre a minha mãe. Eu tenho esse desejo a cada dois, três anos, de fazer algo novo sobre ela. Primeiro foi o filme, depois a minissérie, depois o livro. Daqui a dois anos, vou preparar a peça, já estamos conversando sobre isso com a Claudia Netto, para fazer um lindo musical Maysa. É uma coisa que vamos sempre revisitando um pouquinho para não deixar a memória parar. A história da tua mãe e sua ida precoce marcaram a tua vida, e contaste muitas histórias de mulheres fortes, com personalidades marcantes e geniais como a dela... Acredito que uma das coisas mais bonitas da minha vida foi essa relação com a minha mãe, que foi uma relação difícil no início. Natural, porque ela era uma mulher muito à frente do seu tempo. Com sonhos e delírios, uma situação, na época, difícil. O casamento dela com o meu pai foi complicado. Ele não queria que ela entrasse nesse mundo artístico, era um industrial conservador, e veio aquela mulher de repente, que enfrentava tudo, e que foi para a vida, com um filho recém-nascido, largou o filho e foi embora conquistar o mundo. As histórias dessas mulheres são realmente incríveis. Incríveis para quem olha de fora. Talvez quem está dentro dela sofra bastante em relação a isso. Mas eu sofri o que eu tinha que sofrer, depois passou. Eu passei a reconhecer a minha mãe depois dos 14 |

20 anos. Praticamente aos 19 anos, tivemos um ano de um namoro impressionante. Eu tive a capacidade de compreendê-la e tudo o que se passou. E de amá-la cada vez mais. Foi um processo bem progressivo. Mas não foi fácil. Não é fácil ser filho de pais famosos. Não é fácil perder os pais cedo. Por outro lado, você ganha uma dimensão de vida, de um olhar para a vida, gigante... Quando você tem uma mãe com essa riqueza artística e de emoções, isso muda bastante. É uma herança que a gente adquire. É precioso, maravilhoso. O que é curioso nisso tudo é que eu acabei contando histórias de grandes mulheres. Chiquinha Gonzaga, depois A Casa das Sete Mulheres, Olga, Maysa. As novelas do Maneco, que são profundamente femininas. Páginas da Vida, depois Sete Vidas. E todas com uma pegada feminina muito grande. Acabei de fazer meu primeiro longa mais autoral, O Avental Rosa, que conta a história de uma mulher de 50 anos e fala sobre a solidão e a intimidade dessa mulher. Uma mulher que vive para o próximo, de ajudar o próximo, de fazer o bem. Acho que eu acabei pegando uma herança, sem querer. Minha mãe me passou esse desejo de me aprofundar no universo feminino, descobrir de forma profunda esse ambiente feminino que rodeia uma mulher em todos os sentidos. Não sei bem como, mas vim parar nesse universo, são as histórias que me cativam para contá-las e que me deixam muito feliz. Essa busca, talvez tenha alguma coisa aí que Freud explica, mas eu não sei explicar, não. Talvez ele explique (risos). E falando ainda sobre isso, é muito forte essa relação que a gente tem com a mulher, com esse universo feminino, com essas coisas todas. É uma relação muito estranha, porque acabamos querendo entender um pouco. É difícil, um homem nunca vai entender o universo feminino como a mulher entende o seu próprio universo. Mas o que eu mais falo aqui


é sobre sentimentos. Eu me sinto um cara especializado em sentimentos. Acho que a minha grande viagem sempre vai ser esse mergulho nos sentimentos do ser humano, principalmente da alma feminina. Acho que é a minha especialidade hoje em dia. E cada vez mais, porque o tempo vai ensinando a gente. Hoje eu sou um cara de 61 anos, superfeliz, bem realizado profissionalmente, com uma história incrível de trabalhos incríveis. Como diz um amigo meu, o Augusto Cury, que é um grande escritor e um grande pensador da mente humana, eu encerrei a jornada da razão, aquela jornada em que a gente se prepara para viver as coi-

sas com mais razão, e acabei de entrar na jornada da emoção e do coração, para começar a olhar o mundo com mais emoção, mais coração. Independentemente de eu já ter feito isso no passado. Agora passa a ser objetivo principal. Cuidar mais da minha família, dos meus filhos. Olhar mais para mim, para a saúde. Trabalho é importante? É. Mas não é o mais importante. O mais importante é a gente fazer com que a nossa cabeça sempre esteja jovem e para a frente. Olhando para a frente. É isso. O que uma mulher precisa ter para atrair Jayme Monjardim? Essa pergunta é a | 15


mais difícil de responder (risos). Não sei por quê. Eu não tenho um histórico muito exemplar de casamentos. Sempre tive como primeiro pensamento de todos que não é legal ficar com uma pessoa que não nos faz feliz. Nem ela vai ficar feliz, nem você vai ficar feliz. Minha primeira visão é de que temos que buscar nossa felicidade. Ficar com uma pessoa só por ficar não é legal. Acredito que todos pensem assim. A diferença é que muitos não têm coragem de agir, se acomodam no processo. Preferem não tomar uma atitude. Esse é o principal problema. Eu sempre fui uma pessoa que tomou a atitude. Não está legal, vamos seguir nosso caminho, você vai ser feliz de um lado, você tem direito à sua 16 |

felicidade, e eu também tenho direito à minha. Sempre fui uma pessoa muito sozinha mesmo. Perdi meu pai, minha mãe e depois meus avós. Na verdade, você acaba ficando sem referencial de família mais perto. Porque quando você tem pai, mãe, avô e avó, você tem um ponto de referência. Isso só sabe quem sente. Quem não tem fica procurando milhões de explicações para isso, mas eu vou dizer o que considero um ponto de referência. Ter uma pessoa muito próxima é como aquela casa onde você se deita no sofá (estou simbolizando a casa como um colo, uma pessoa é uma casa emocional, digamos assim), e a gente tem que sempre estar alimentando na pessoa que está com a


gente uma relação que não é só uma relação de amor, é uma relação de amizade, de cumplicidade. Até porque pessoas como eu buscam na pessoa com quem dividem a vida um pouco disso tudo. Pelo menos estou falando por mim. Então o que uma pessoa como eu busca? Busca tranquilidade, uma pessoa que cuide de você, que dê mimo. Quem não quer ser mimado? Que dê carinho, que dê colo. Um misto de mulher, mãe. Um misto de tudo. Acho que faz parte. Pessoas mais carentes, como eu, de alguma maneira, depositam isso nas mulheres. Essa relação mais profunda. Chega a ser uma coisa às vezes que parece que você está cobrando a mais. Mas não é cobrando a mais. Naturalmente, pessoas como eu são desequilibradas nesse lado emocional de família, de tudo. Eu acredito que tenha que ser uma mulher muito forte para aguentar essa carga que trazemos conosco. É muito difícil falar de sentimentos. Sentimento é uma coisa muito relativa. Cada um tem o seu potencial, os seus níveis de sentimento. Eu me sinto uma pessoa realmente com necessidades avulsas de um ser normal, que mantém uma família normal. Você nunca sabe dar o que você não recebeu, precisa aprender, e você precisa de pessoas que o orientem. Uma mulher para mim tem que ser orientadora também. De alguma maneira. Alguma atitude ou história define bem a tua personalidade? Eu sou uma pessoa total do bem, muito honesta, preocupada com o ser humano. Eu olho para o que está ao meu lado. Eu sou uma pessoa muito atenta aos sentimentos do mundo. Até porque vivo hoje para tentar, de alguma maneira, mudar o mundo. Sou um idealista, um sonhador. Alguém que quer mudar o mundo. Que quer ver o mundo melhor. Luto por isso. Incentivo meus filhos, minha família, as pessoas ao meu redor para isso. Eu me dedico ao ser

humano. Há pessoas que não se dedicam. Eu tenho total e absoluta convicção disso. Eu me sinto muito realizado porque todas as minhas obras, em geral, eu procuro fazer com que tenham um bem emocional, cultural. Eu me sinto mais um soldado da vida para ajudar o mundo a ser melhor. Me orgulho muito disso. Por qual cidade trocarias a tua? Tenho um sonho muito grande de um dia ir para a Toscana, ter uma casinha de pedras, quatro ou cinco hectares de uvas e de olivas. Eu trocaria o Rio de Janeiro pela Toscana facilmente. Não é o momento porque eu tenho que trabalhar ainda, tenho muitas coisas para fazer. Mas talvez eu passasse os últimos anos respirando ar puro, olhando para um antepassado que sempre mexeu muito comigo, a Itália. Como está sendo este momento na tua vida? Estou vivendo um momento muito especial. Passei por um processo de um câncer. E aí a gente avalia como é importante a vida. Como temos que nos dedicar. Temos uma sensação de renascimento. Pô, eu quero ver a minha filha crescer, quero casar a minha filha, ver os meus netos. Então você passa a dar um valor diferente para a vida. Infelizmente, às vezes, tem que ver um lado ruim para perceber o quanto de bom você está deixando para trás. Hoje eu penso realmente sobre tudo, eu conto até 10 mesmo. Procuro avaliar a minha situação de vida e projetá-la pensando com calma. Projetar que eu tenho muita coisa para viver ainda. Penso na minha saúde. Acho que é um Jayme renovado, se recriando agora, se reinventando para novos desafios. Que quer fazer filmes lindos. Acompanhar esse mundo que é tão rápido, com informação tão rápida. Não podemos nos acomodar e achar que já sabemos tudo. Pelo contrário, temos | 17


que perceber que, a cada dia que passa, sabemos menos. Tantas coisas novas estão surgindo por aí em termos de pensamento, tecnologia. Em termos de novas emoções, novas famílias, novas maneiras de enxergar o mundo. Novas maneiras de você se comunicar com o mundo. Talvez isso seja o mais delicado neste momento. Então me considero um Jayme que está se “repreparando” para o futuro. É assim que eu me vejo e estou investindo muito nisso. O que o Jayme deseja da vida? O que eu quero agora é criar muito. Independente do lado pessoal, de viver nessa nova fase do coração e da emoção. Quero fazer muita coisa bacana. Muitos trabalhos lindos estão vindo por aí. A cada dia, me envolvo mais nesse universo e percebo que temos um mundo inteiro aos nossos pés em termos de comunicação. Hoje chegamos a qualquer parte do mundo de dentro da nossa própria casa. Podemos conhecer culturas, pessoas, pensamentos. É um momento de estudar e de me preparar para grandes desafios. Qual teu grande sonho? Profissional ou pessoal... Eu sempre penso que, se o Roberto Marinho começou a TV Globo quando ele tinha 64 anos, como eu tenho 61, tenho três anos para me preparar para grandes acontecimentos (risos). O exemplo dele é bárbaro para isso. Eu sonho em ter uma grande empresa de conteúdo, trabalhando com a TV Globo ou com quem quer que seja. Eu penso em um mundo em que a criatividade aconteça. Pensar, bolar, criar. A única diferença é que hoje em total equilíbrio com o lado familiar. Quando você consegue, ou está em fase de conseguir o equilíbrio, tudo muda, e fica mais fácil. Porque na vida tudo tem que ser equilibrado. Acho que essa é a nossa grande dificuldade e o tempo ajuda a encontrar os pesos da balança. 18 |

Qual o maior ensinamento que a vida ou alguém te deu? Sinceramente, eu penso que a pessoa que mais me ensinou foi a minha própria mãe. Ela foi tão corajosa, tão batalhadora, ela foi tão alto em tão pouco tempo, que eu posso me inspirar nela. E eu sempre me inspirei nela nessa coisa de atitude de vida. De tentar. De dizer o que se pensa, de não se esconder atrás daqui ou dali. Temos que olhar fixo nos olhos das pessoas. E dizer o que sentimos. Quando combinamos e falamos tudo, não dá rolo. Fica muito mais claro. Essa relação com a minha mãe foi incrível, foi uma herança muito importante na minha vida. Lógico que agora busco equilíbrio nisso tudo. Talvez no início da vida se vá com muita sede, agora vemos que dá para equilibrar. É isso que estou procurando, equilíbrio, me encontrar nessa nova jornada do coração e da emoção, como diz o Augusto. E seguir, continuar criando, emocionando as pessoas. Que papel achas que a dramaturgia tem? Meu principal objetivo de vida é emocionar as pessoas. Seja através de uma emoção de alma, de uma linda história, ou uma emoção de fazer abrir os olhos para o que está acontecendo no nosso planeta. Essa é a emoção que é transformadora. As emoções transformam o mundo. Eu não tenho dúvida sobre isso. Se eu resumir minha vida, minha principal missão é não parar de emocionar as pessoas. Acreditas que tua experiência com Antonioni no início da carreira marcou teu estilo de alguma forma? A experiência com Antonioni foi um marco na minha vida, porque eu cheguei completamente inexperiente. Fui morar em Roma, levei os meus curtas-metragens embaixo do braço. Tive a oportunidade de conhecê-lo, saímos para jantar. Fui trabalhar com ele alguns meses em um filme que ele estava fazendo, que


o seu jeito de fazer”. Ele me deu um choque terrível dizendo que a gente tem que encontrar nosso próprio estilo, que o que faz a diferença nos diretores é o estilo, e que ele viu os meus filmes e ali não tinha estilo nenhum. Foi das maiores pancadas que eu recebi como um diretor jovem começando, tendo a lenda Michelangelo Antonioni assistindo meus filmes e de cara dizendo para mim que eram um horror. Mas ao mesmo tempo foi incrível, uma experiência maravilhosa, e a partir daquele momento eu tive certeza de que todos os artistas têm de descobrir sua própria forma de contar histórias, escrever livros ou pintar quadros. O que nos diferencia, “os artistas”, é o estilo, a personalidade. E é isso que busquei, busco e vou continuar buscando todo o tempo.

se chamava Identificazioni di Una Donna. E tem um fato muito engraçado, um dia eu o levei para assistir meus filmes na Embaixada Brasileira. Como eu tinha muitos filmes feitos no Nordeste, principalmente Pernambuco, tinha uma série de documentários superbonitos, sobre o Brennand etc., convidei o Antonioni para assistir aos meus filmes na Embaixada. Terminou e ele olhou para mim e disse: “Muito ruim, nunca vi nada tão ruim na minha vida. Isso não tem personalidade. Você tem de voltar para o seu país e encontrar a sua personalidade,

Preferes dirigir novelas ou filmes? Um trabalho marcante e qual parte do processo do teu trabalho seduz mais. Eu não tenho nenhuma preferência por novelas, minisséries ou filmes. São coisas bem diferentes, são linguagens distintas. A novela é a oportunidade que temos de estar em contato com um público gigante em questão de horas, de minutos, temos como nos avaliar e ver a repercussão de um trabalho que estamos fazendo. É completamente diferente de um filme, que levamos meses para preparar. Numa novela, passamos seis meses em uma pré-produção, e quando entra no ar é uma obra aberta com possibilidade de você mudar o rumo dessa história imediatamente. É uma ligação com o público completamente diferente do público de cinema. Eu não tenho uma preferência. É óbvio que fazer cinema traz uma espécie de descanso. Para mim, é como se eu estivesse em um momento de êxtase total. E a novela é o momento em que eu tenho a oportunidade de estar com o público direto, diariamente, e de realmente mostrar | 19


o trabalho de uma forma mais rápida, mais profunda, em termos de relacionamento com o público em geral. Mas o cinema é mágico, a televisão é mágica. O que importa é que eu sou um contador de histórias independentemente da forma pela qual estou contando. Eu sou apaixonado por isso. Eu sou um contador de histórias. Como é a tua rotina? A minha rotina é de alguém que trabalha muito. Nada vem fácil na vida. É impossível conseguir realizar uma grande obra sem muito trabalho. Isso só acontece em loteria, ou se você recebe uma herança. O trabalho dos artistas, em geral, é se dedicar muito, se atualizar, estar sempre antenado ao que está acontecendo. Ver muitos filmes e televisão. É estar em contato com arte dia e noite, 24 horas. É ir a museus. É ter um olhar para o mundo, é viajar. Acho que um dos maiores patrimônios de uma pessoa é viajar. É ter os olhos em contato com energias do mundo inteiro. Eu sou uma pessoa que viaja bastante, já tive oportunidade de passar dias e dias, e semanas e semanas, viajando. Já tive viagens sozinho, meio meditando mesmo. Já estive na Índia, fiz uma grande parte do Caminho de Santiago, já estive no Nepal. Gosto muito de viajar, de meditar, de pensar, de me entregar um pouco às energias das pessoas que passam na minha vida e pela vida das quais eu passo. Acho fundamental isso. E o dia a dia no Rio é trabalhar bastante mesmo. Eu chego cedo, reviso o capítulo do dia, já preparo o capítulo do dia seguinte. Às 13h estou no estúdio. Termino o meu estúdio às 21h. Novela é uma rotina. É um trabalho muito intenso e eu boto a mão na massa para valer mesmo. Não gosto de brincar no meu serviço. É um trabalho duro. A televisão é uma vitrine para o nosso trabalho. Eu faço questão todos os dias de colocar um 20 |

trabalho impecável no ar. Esse é meu objetivo diário quando estou fazendo novela. Tu pintas. Já pensaste em levar mais a sério o hobby? Não pinto mais, já pintei. Já fiz essa tentativa. É que a minha mãe pintava bastante. Meu hobby é cavalo. Sou apaixonado pelos meus cavalos. Temos um haras em Amparo, em São Paulo, outro no Rio Grande do Sul, em Camaquã, onde criamos cavalos crioulos. Ali eu brinco que é onde eu faço minhas esculturas em movimento. Na verdade, eu pinto animais em movimento, vamos dizer assim. Esse dom dado por Deus para nós de poder escolher uma fêmea e um macho e imaginar que disso vai nascer um outro animal. Eu acho isso tudo fascinante. Os cavalos são maravilhosos, o campo, olhar para o horizonte. Curtir a minha fazenda com a minha família, com a minha mulher e os meus filhos. Isso é o que eu mais gosto de fazer. Dizes ser um pai diferente e mais maduro para a Maysa. Como tem sido essa delícia? Realmente eu falei isso porque acho que com o Jayminho e a Maria, meus dois primeiros filhos... Hoje eu já trabalho muito, então imagina como eu não trabalhava há anos atrás. Eu tive responsabilidades muito cedo. Comecei a dirigir grandes obras na TV Globo em 1984, quando eu fazia Direito de Amar, Sinhá Moça, Roque Santeiro, Partido Alto... Foram tantas novelas. Eu tive também bem jovem uma responsabilidade muito grande quando assumi a direção da TV Manchete e fizemos O Pantanal, Kananga do Japão, não sei quantas centenas de especiais. Foi uma responsabilidade muito grande acumulada. Não só o artístico, mas uma parte de jornalísticos. Passei pela publicidade e na volta para a Globo foram Chiquinha Gonzaga, O Clone, Terra Nostra, Sete Vidas, A Vida da Gente, as novelas do


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Maneco. O André já foi um início de um pai mais presente, e depois, a Maysa, de um pai muito mais presente. Talvez com o André e a Maysa eu tenha começado a aprender a ser pai, e talvez no quinto filho, que se Deus quiser virá em breve, eu seja o pai ideal, perfeitíssimo. Eles me ensinaram. Com todos eles, de alguma maneira, fui aprendendo um pouco. Está difícil fazer qualquer coisa no Brasil. Cinema também? O Brasil não está fácil. Fazer cinema no Brasil é muito difícil. Fazer arte no Brasil é muito difícil. Estamos vivendo um momento muito delicado, muito carente, em que a cultura está abandonada, o patrimônio histórico está abandonado. Nosso patrimônio emocional está em total desespero em todos os sentidos. Isso gera muitas deficiências. Todos nós somos conscientes de que saúde e segurança estão em primeiro lugar, mas também sabemos que um país depende muito da sua cultura, da sua preservação. O caos está aí instaurado e agora temos que ser muito inteligentes. Talvez nós artistas tenhamos uma parcela de responsabilidade grande porque nós temos a capacidade de gerar mudanças internas nas pessoas. Por isso temos que lutar, trabalhar e aproveitar que temos os veículos de comunicação de massa para poder fazer essas mudanças na vida das pessoas. Acho que todos esperam e contam com isso. Estaremos por aqui para ver as mudanças políticas que parecem se iniciar por agora ou ainda levará tempo? Eu quero acreditar que estaremos aqui, sim, que faremos parte dessa mudança. Quero ser otimista, pensar que vai melhorar tudo e ter certeza de que eu faço parte dessa engrenagem de mudanças. Sou otimista. Vai dar certo, se Deus quiser. 22 |

Um filme? Tenho muitos filmes apaixonantes na minha vida. Um dos grandes filmes da minha vida, um clássico do cinema, é Lawrence da Arábia, além de Manhattan, do Woody Allen. Nossa, tem muitos filmes pelos quais eu sou apaixonado. É difícil citar. Sou apaixonado por Fellini, por Pasolini, sou muito apaixonado pelo cinema italiano como um todo. Sou apaixonado pelo Bertolucci, 1900 talvez seja um dos filmes que mais mexeram na minha alma. É difícil escolher um filme, porque são tantos estilos diferentes, tantas paixões. Tantos diretores apaixonados pela sua arte. O cinema é a paixão, contar história é a grande paixão. Um arrependimento? Eu valorizo tudo o que aconteceu comigo, não me arrependo de nada. Faria muitas coisas de novo. Eu sou uma pessoa muito positiva nesse ponto. Acho que tudo é bom. Não tenho grandes arrependimentos. Coisinhas pequenas a gente sempre tem. Mas coisas grandes e importantes, não. Que política pública dirigida para cultura tu priorizarias caso fosses ministro da Cultura? Difícil, hein, eu ser ministro da Cultura, uma pessoa hoje com a nossa história, com todos os desejos que temos, com tantas obras realizadas. Difícil colocarem pessoas como nós em um cargo desses. Mas, se eu fosse um dia, meu investimento seria na educação. Desde pequenas, as crianças têm que ter uma educação profunda, muita escola. Um programa de ensino maravilhoso para que quando começarem a vida adulta tenham consciência. Educação é tudo. Basta encontrarmos uma pessoa de uma família que deu educação aos seus filhos e percebemos a diferença. A base de uma nação é a educação.


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Essa singela teorização, fruto de sucessivas conversas de um Fernando Ernesto Corrêa psiquiatra gênio com um ignoranjornalista e advogado te curioso, reforça minha dolorosa percepção de que o majoritário conjunto da humanidade é ingrato. Tendo passado 10 anos como empregado e 40 como empregador, Embora seja uma questão polêmica, defendo a vivenciei os mais diferentes episódios no relaciotese de que ninguém deve ter o mesmo psicotera- namento pessoal. Como empregado, confesso que peuta pela vida toda. Tanto a análise mais profunda fui mais ingrato do que reconhecido, ficando com quanto a cognitiva comportamental têm prazo de a maioria. Como empresário, nem se fala, posso validade, como remédios. Passado um determina- contar nos dedos os gestos de agradecimento que do tempo, a ser medido caso a caso, a relação se recebi de pessoas que ajudei ou tentei ajudar. Não contamina. O terapeuta se transforma em íntimo é mágoa, mas a simples constatação da realidade. ou guru do paciente. É hora de mudar. Aliás, há um aforismo que é de brutal eloquência: Foi o que aconteceu comigo e com o Paulo Sér- “Por que me odeias se eu não te fiz nenhum favor?”. gio Guedes, meu psiquiatra por vários anos. Um Já referi que não sou muito fã do Homo sapiens e dia nos demos conta de que tínhamos alcançado considero exagerada a supremacia teleológica dele uma afeição que transcendia o terreno profissio- sobre os outros animais, como Yuval Noah Harari nal. Percebemos que éramos amigos na mais pura expôs corajosamente em seus clássicos livros soe verdadeira acepção do termo. Encerramos o tra- bre a história da civilização. É claro que não somos balho profissional e cultivamos uma troca profun- a escória do mundo. Ao invés disso, temos imenda e fraterna, alicerçada em muitas coincidências sas vantagens competitivas sobre os outros seres de pontos de vista anímicos e materiais. Amamos vivos, mas em alguns aspectos somos os piores nossas famílias; gostamos de conviver com nossos de todos. Como exemplo simbólico, o humano é o reais amigos, com quem dividimos uma confraria único que maltrata, tortura e mata seu símile por de mais de 20 anos; temos a grande felicidade de mero prazer ou por absolutamente nada. As ousermos gremistas; apreciamos um bom almoço tras espécies só atacam por proteção própria e dos no Rei do Mocotó etc. Além disso, também somos seus ou para comer. Nós, reconheço, podemos agir bastante céticos quanto às alardeadas virtudes da por resguardo ou fome, mas somos capazes de espécie humana. O Paulo Sérgio, como eu, acha destruir pessoas e o ambiente que nos cerca por que a ingratidão é mais frequente do que se imagi- um instinto sádico que é só nosso. O ser humano na e que ela danifica mais o ingrato do que aquele tem um componente de maldade que lhe é exclua quem é dirigido o sentimento. Ser desagradeci- sivo e que é parente muito próximo da ingratidão. do é da nossa essência e decorre da ausência de Destarte, sugiro que vocês não esperem o paixão pela vida. O íntimo do ser humano necessita reconhecimento pelo bem que fizeram ou que veser visto sem restrições e, por consequência, é fun- nham fazer a outrem e o inverso não passará de damental a aceitação do acaso e da circunstância um caso fora da curva. Não sou um mal-humorado, da vida. Quando o indivíduo não consegue conviver pessimista ou derrotista inveterado. com isso, torna-se ingrato com os demais. Entretanto, não tenho mais tempo para vender Acresce ressaltar que a inexistência de paixão ilusão e defender aquilo em que não acredito. Mesna vida (por pessoas, tarefas, eventos, times de mo que entenda que a ingratidão é a regra, contifutebol etc.) significa intensa regressão do amor, nuarei tentando ser generoso e solidário e estimulo da amizade, do prazer da convivência. Essa au- que vocês também percorram essa trilha, desde sência também conduz, inevitavelmente, ao não que o façam com a clara visão de que o bem gratifica reconhecimento. muito mais quem o pratica do que quem o recebe.

Ingratidão é a regra

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Ana Mariano escritora

Et vive la difference No cinema, uma coisa que me chama a atenção são as cenas de refeições, cada país as apresenta de uma forma. Nos filmes americanos, a não ser em alguns poucos, como Comer, Rezar, Amar, em que uma parte trata da descoberta do prazer pela comida, as refeições existem apenas para que os personagens se reúnam e digam alguma coisa, mas a comida em si, o ato tão gostoso de comer é desprezado. Já notaram que ninguém termina o café da manhã? A família está sempre atrasada e, ainda que a mãe insista finish your breakfast, lá ficam os donuts apenas mordidos, os pratos de cereal pela metade, o copo de suco ainda cheio, os ovos com bacon intocados ou, no máximo, com uma garfada a menos. Exceção feita ao Dia de Ação de Graças, quando batem palmas para o peru, todos apenas esgravatam a comida e, pior, gesticulam com os talheres! Reparem, todo diretor americano filma assim. Será uma mensagem sublinear? Uma forma inconsciente de demonstrar poder? Uma espécie de demência? Tomamos cappuccino em copos de papelão, comemos comida chinesa em sacos de papel, esgravatamos o que está no prato feito galinhas, espalhamos McDonald’s pelo mundo todo (alguém me diz por que amassam o pão daquele jeito?), mas e daí, somos uma po-

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tência. A coisa fica ainda mais inexplicável quando se sabe que nos Estados Unidos estão alguns dos melhores restaurantes do mundo, vários estrelados Michelin. Já nos filmes italianos, a história muda: a mesa será farta e colorida, todos comerão com apetite (mangia che te fa bene), falarão muito, gesticularão feito doidos – jamais com os talheres – e darão à comida o respeito que ela merece como uma das coisas boas da vida. Nos filmes indianos, eles comem com as mãos (um pouco nojento), mas com a reverência de quem sabe que nem todos têm acesso a comida. Os orientais comem feio, apressados (enfiam o macarrão boca adentro), mas, pelo menos, concentrados. A diferença verdadeira, porém, está nos filmes franceses. Em qualquer cena que envolva comida, mesmo se for uma refeição informal, na cozinha ou no jardim, a mesa estará posta lindamente, haverá flores, ainda que colhidas na hora, a toalha e os guardanapos serão de pano e não de papel e estarão, assim, meio de lado, por puro charme. Haverá uma garrafa de vinho ou um bule de café bem quente, ou uma xícara de chocolate, e as pessoas estarão conversando e rindo e saboreando a comida com a naturalidade de quem sabe comer bem e come bem todos os dias.


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Paulo Raymundo Gasparotto jornalista

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Devaneios sem amarguras # Costumo relacionar entre minhas preferências os perfumes, roupa de cama e sapatos. São escolhas que me entusiasmam, e repito seguidamente essas opções. A cama é onde passamos a maior parte do tempo, e igualmente nos proporciona dois grandes prazeres – namorar e ler, não nesta ordem necessariamente, pois depende de situações e horários. Detalhe: não valorizo lençóis e fronhas pela elaboração luxuosa, mas pela qualidade dos tecidos e lavrados discretos, o que está em sintonia com bom gosto, na minha avaliação. Graças à minha mãe, Esther Lemos Pinto Gasparotto, descobri a leitura com pouco mais de quatro anos de idade. E graças à minha curiosidade e atração por temas sensuais, aos 12 anos já tinha lido O Amante de Lady Chatterley, escrito pelo genial inglês D. H. Lawrence, quando já vivia em Florença. # Minha cama é uma ilha cercada pelos mais variados livros e jornais, que costumo ler e consultar antes de dormir – e, vítima de insônia desde muito cedo, alternadamente, nas mais variadas horas. # Justamente por isso, afirmo que os livros são os melhores amigos, pois ninguém se sujeitaria a ser chamado pelo telefone durante alta madrugada e em pouco tem28 |

po ser dispensado, com a volta do sono do interlocutor. # Em recente noite de vigília, retomei o volume As Amargas, Não..., de Alvaro Moreyra. Ao folhear a décima página, deparei com a afirmação “Saudade de ser embalado. Insônia é isso”. Sensibilidade e encantamento são o que define o autor. # E, mais adiante, esta definição dos pagos e dos gaúchos: “O Brasil é um arranha-céu que se deitou para não arranhar o céu, o céu bonito de todas as estações. O Rio Grande do Sul mora no primeiro ou no último andar. Depende do ponto de vista. De alto a baixo, a família é uma só. Mas, naturalmente por causa do tamanho da casa, não se reproduz toda igual”. Segue a descrição, e encontro mais: “O Brasil não tem brasileiros mais brasileiros do que os de lá (os gaúchos). Brasileiros custe o que custar. Livres. Não gostam de ser mandados. Anarquistas subconscientes. Cada um toma conta do seu destino e não admite ordens alheias. A lei deles é o coração”. E mais: “Odeiam com amor. Ferem e vão, depois, socorrer os feridos”. O prazer de reencontrar Alvaro Moreyra e essas definições tão... poeticamente gaúchas faz apreciar melhor a madrugada, que me proporciona tais leituras.


Tonico Alvares

atelier de retratos e fotografia autoral

tonico.alvares@uol.com.br (51) 9116-5686 (51) 3907-5886 rua barao de santo angelo, 299 - poa, rs


Claudia Tajes

escritora e publicitária

Em busca do tempo perdido, o dilema No Caminho de Swann, o primeiro volume do gigantesco (em todos os sentidos) romance Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, completou cem anos de publicação em 2013. Muitas são as razões para lembrar de Proust em Paris, a começar pelas madeleines. Evocando o passado para o autor, os mais típicos biscoitos franceses puxaram a meada de quase 4 mil páginas em sete volumes – e isso que o romance ficou inacabado. De tudo isso, uma certeza: já é passada a hora de ler Proust. Mas como fazer isso em meio a tanto tempo perdido? ... – Boa tarde, bem-vindo ao Saúde no Corpo. Qual o seu pedido? – Um açaí com banana. – Pequeno, médio ou grande? – Pequeno. Pode botar banana. – Um açaí pequeno com banana, é isso? – Tira a banana. – Um açaí pequeno, é isso? – Médio. Me dá o médio. – Um açaí médio, é isso? – Quanto sai a aveia? – Mais dois reais. – Pode acrescentar. Mas no pequeno. Pra viagem. – Um açaí pequeno com aveia pra viagem, é isso? – É isso. – Nove reais. – Nove? Mas quanto custa o pequeno? – Seis reais. Mais dois da aveia. Mais um da embalagem pra viagem.

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– Ah, não, então eu vou comer aqui. – Michelle, cancelamento no caixa dois. – Peraí, e se eu botar a banana? – Dá nove reais. – Então, com banana pra comer aqui. – Nome? – Proust. – Saúde. – Saúde? – Não espirrou? – É meu nome. Proust. – Rust? – Prust. Mas se escreve P-R-O U-S-T. Vem do francês. – Que nome é esse? – De um escritor. Minha coroa viu num livro. – E ele escreve o quê? – Umas paradas sobre o tempo. – Tipo assim o Cléo Kuhn? – É mais sobre uns lances de o que fazer da vida no tempo que a gente tem. – Falando em tempo, olha o tíquete. A moça chama pelo nome. É Crust? – Fala PRUST. Mas escreve P-R-O-U-S-T. – Bom lanche. – Teu intervalo é a que horas? – Às quinze. Já passou. – Então eu volto amanhã. Se tem uma coisa que eu aprendi é a ir em busca do tempo perdido. – Bonito, isso. Quem disse? – Tem uma chance. – Caio Fernando Abreu? – Proust. – Mentiroso. Bem capaz que tu que escreveu. Aposto que é da Clarice Lispector. Próximo. Bem-vindo ao Saúde no Corpo. Qual o seu pedido?



FOTO: RAUL KREBS - ESTÚDIO MUTANTE


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Bá, que delícia

Nutrir e compartilhar

Filha de Fernando Leite e Sandra Marques, Morena Leite cresceu no Quadrado de Trancoso entre as panelas do Capim Santo, restaurante dos pais, que escolheram a Bahia para uma vida mais natural, no início dos anos 1980. Os sabores e o astral do lugar não demoraram a cair no gosto dos habitués e, em 1987, abriram-se as portas da Pousada Capim Santo. Brasilidade somada a uma cozinha amorosa e intuitiva foi a receita de sucesso, e, em 1998, a marca chegou em São Paulo. Aos 17 anos, Morena trocou as areias baianas por uma vaga na escola parisiense de culinária francesa Le Cordon Bleu, onde se formou chef de cozinha e pâtisserie dois anos depois: “Foi diferente do que eu já tinha vivido, fui criada por pais meio hippies, e a escola impôs regras e disciplina. Mais do que técnicas, aprendi a valorizar os ingredientes locais”. Em busca dos seus ingredientes locais, recém-formada, a jovem chef voltou para pesquisar a gastronomia brasileira e assumir o Capim Santo paulistano. Desde 2004, a unidade da Vila Madalena é capitaneada inteiramente pela filha do casal e as sócias Adriana Drigo e Daniela De Luca. Decidida a nutrir e compartilhar, a chef Morena correu o mundo atrás de mais experiência e aprendizado. A França sempre esteve na rota. Em 2005, no Ano do Brasil na França, ela fez um coquetel para 500 pessoas na Praça da Bastilha. No ano seguinte, lançou o primeiro de seus quatro livros de receitas, o Brésil: Sons et Saveurs, em francês e ao som de Gilberto Gil. Em 2009, quando as comemorações eram da França no Brasil,

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assinou um jantar a quatro mãos com o ídolo Claude Troisgros. Foram dezenas de entrevistas, workshops, participações em programas de televisão, festivais gastronômicos, eventos para personalidades, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2013, lançou o Mistura Morena, seu canal do YouTube. E de onde essa Morena tira tanta energia? “Tenho curiosidade de coisas novas e um fascínio pelas pessoas e seus mundos. Sempre gostei de receber, acolher, comecei a me comunicar com o mundo pela comida. É a minha ferramenta para demonstrar afeto”. Pergunto como assumir todas essas responsabilidades juntas desde muito jovem sem nunca deixar de fazer novos planos. Ela me explica: “Acho que herdei uma coroa antes mesmo de estar preparada para sustentá-la. Sabe quando a mãe pássaro joga o passarinho lá de cima e ele tem que aprender a voar no ar? Foi assim comigo”. Depois de 18 anos de voo e de formada no Cordon Bleu, Morena foi com a filha para Paris para um ano diferente: “Era hora de parar e refletir sobre o que já tinha construído, e analisar os caminhos que queria seguir, pesquisar novas tendências, desfrutar um pouco a vida com mais calma e serenidade. Degustar momentos com minha filha, tomar café e jantar com ela todos os dias. Algo precioso, mas que é difícil na rotina no Brasil”. Acabou acontecendo algo não planejado, que foi criar um menu brasileiro no restaurante da bisneta de Gustave Eiffel, o Café de l’Homme: “Um presente. Estou bem turista descobrindo coisas novas e posso mostrar um pouco da nossa gastronomia em um lugar tão especial”. Estar mais perto da filha é quase um sonho. E, a propósito, nos conte um sonho, Morena? “Estou no meio dele. Estar aqui (em Paris), sabendo que também estou lá, em todos os meus restaurantes. Que minha semente germinou e virou uma árvore forte. Que minha equipe é empenhada e meu sonho virou o sonho de 250 pessoas com sangue verde, que acreditam na gentileza, esforço, comprometimento, fidelidade, gratidão e generosidade”.


Ao lado das sócias, comanda, além da sede no coração da Vila Madalena, as três unidades do Santinho – no Instituto Tomie Ohtake, no Museu da Casa Brasileira e no Theatro Municipal de SP –, o Buffet Capim Santo, a escola Sabores e Saberes e o Instituto Capim Santo, que faz inclusão social. Com a atriz e sócia Mariana Ximenes, Morena também abriu um Capim Santo no Village Mall, no Rio. Ingredientes e ziriguidum brasileiros, técnica francesa e uma cozinha tropical, saudável e com personalidade.

Ela acaba de passar pela Ásia e dar uma aula no Cordon Bleu de Tóquio. E tem novidades para a temporada brasileira antes da volta a Paris. Na Cidade Luz, por sinal, a rotina é uma delícia: “De segunda a quinta no restaurante e nos finais de semana viajo para comer nos 50 melhores restaurantes do mundo. Vou a museus, a exposições e a festivais de gastronomia”. Como ela costuma lembrar: “Colhemos o que plantamos”. Essa moça Morena não deixa dúvidas. MB | 35


Objetos e desejos Henrique Steyer arquiteto e designer

Quando entramos em um ambiente qualquer, percebemos facilmente que tipo de pessoa mora ali... Basta ter um pouco de sensibilidade para saber se naquele lugar vive alguém descolado, formal ou careta. Quando há personalidade e bom gosto no espaço, tudo fica mais convidativo, e a casa parece ter o espírito de quem habita nela... É isso que eu chamo de décor com touché. No francês, touché pode representar ser tocado, atingido, impactado e impressionado, e é isso que deixa a vida mais bela. Em nosso trabalho, buscamos sempre o fator “Uau!”, com intenção de gerar valor e diferenciação num mundo tão pasteurizado. Queremos encorajar você a mudar para melhor, inovando e se arriscando mais. Personalidade e coragem para ousar são o que torna um espaço incrível. Faça seu próprio arsenal e se divirta. Quanto mais você tentar, mais você vai ver o que funciona e o que não funciona de acordo com seu gosto e seu universo. Incorpore elementos inesperados para criar drama, escolha peças inusitadas para cada cômodo, e o resultado inevitavelmente vai ser carismático. Evite peças e ambientações insossas e previsíveis se você quer um cômodo que vai realmente surpreender seus convidados. Encartado na próxima edição da Revista Bá, você receberá de presente um guia prático de dicas para transformar sua casa em apenas um mês. Serão 31 dias, para você executar uma por dia e trazer mais frescor para seu lar. Quem vem comigo nessa aventura? 36 |

marcelo donadussi

Décor com touché


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Sorriso bárbaro Conheço a Bárbara Sucasas Pozzebon desde quando ela nem sonhava com o segundo sobrenome e desenhava os vestidos que usava nas festas. Desde esse tempo, essa amiga é para mim do mesmo jeito: exuberante, alegre e sorridente. Sempre cercada da família e dos amigos, nos tempos de Anchieta, nas festas na casa dos pais e também pelos salões do Juvenil, clube do qual o avô foi presidente. Escolheu o Direito pelas opções de atuação e adorou os anos de curso na PUCRS. Por outros 12, trabalhou como advogada, até que em 2014 empreendeu em um inusitado ramo de Tecnologia da Informação (TI) e criou o aplicativo Unifuneral. As atividades na nova empresa, com sócios experientes no mercado, ela concilia com as de advocacia e do dia a dia. Tendo concluído curso de Mediação Privada e prestes a terminar a especialização em Direito de Família, seguir nessas áreas é um dos próximos projetos: “É apaixonante. Confio que, tudo o que queremos, podemos alcançar”. Impaciente com o pessimismo, Bárbara segue alto-astral e gostando de viver: “Sempre acho que vai dar certo. Se tenho algum problema, é porque posso enfrentá-lo e superá-lo”. E pode! Sempre ao lado do marido, Felipe, e das filhas, Laura e Mariana. Dividir a rotina com eles com amor, amizade e cumplicidade é o principal motivo que faz Bárbara sorrir lindamente, do mesmo jeito, para a vida e as pessoas. MB

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Por qual cidade trocarias Porto Alegre? Eu gosto muito de viver em Porto Alegre, mas, se tivesse que trocar, seria por Nova York, com certeza. Aprendeu que... Quando amamos e respeitamos uma pessoa de verdade, não importa se ela entende o que estamos fazendo por ela, ela continua a nos olhar de forma especial. Meu pai faleceu com Alzheimer e, nos últimos anos, talvez não se lembrasse de quem eu era, mas seus olhos nunca deixaram de dizer o quanto eu era importante e ele me amava. Isso fortalece para qualquer obstáculo. Aprendi o quanto é bom amar e ser amado. A maternidade? Amei ficar grávida. Me achava linda. Tudo passa a ter mais sentido. Amadureci e entendi o quanto é maravilhoso gerar uma pessoa que, durante boa parte da vida dela, depende de você para crescer e ser feliz. Defeito e qualidade? Sou centralizadora. Quando vejo, estou fazendo tudo para todo mundo, e, às vezes, cansa. E sou adaptável, fácil para fazer amizades. Não tenho problema em entrar num ambiente novo e não conhecer ninguém. Logo faço amigos. Um arrependimento? Se passou, procuro virar a página e seguir. Mas algo que gostaria de ter feito é estudar por um período mais longo no Exterior. Como nasceu o app Unifuneral e como funciona? Minha avó faleceu e não tivemos tempo para publicar no jornal. Achamos muito ruim ligar para todos os familiares, e o que poderia ter sido feito em minutos demorava horas. Achávamos que o app seria para enviar comunicados de falecimento e avisos fúnebres, mas em uma pesquisa percebemos que as pessoas procuravam mais serviços nesse segmento. Para atender às novas demandas, ainda em 2017, teremos vendas online de coroas de flores para todo o Brasil, envio de mensagens personalizadas e, ainda, novidades no mercado pet.


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arquivo pessoal


pong

Tri francês

São 19h54min de um domingo de verão e Christophe Michel responde à Bá por mensagem de voz perto da janela de seu apartamento, desde Paris. Com um olho no celular e o outro na Torre Eiffel, o francês conta que teve uma infância tranquila e protegida ao lado da irmã em Sisteron, cidade onde nasceu e que tem 7 mil habitantes, na Provence, entre os Alpes e a Côte d’Azur, no sul da França: “Além dos estudos, nessa época eram só as flores e rosas da vida”. Com 26 anos de carreira executiva na multinacional francesa Valeo, que atua na indústria de automóveis, a rotina do engenheiro depois do expediente é dedicada à mulher, a brasileira Luciana Freire Gomes Michel, com quem se casou no Brasil há 17 anos, e às amorosas filhas franco-brasileiras, Sophia e Charlotte. No tempo livre, a prioridade de estar com a família ganha a companhia dos amigos. “Em Paris, não tenho mais conseguido, mas gostaria de ter mais tempo para estar na natureza”, recorda Chris. Para a sua dupla de sapecas, ele quer deixar acima de tudo o exemplo de respeito, valores éticos e de proteção à família que recebeu dos pais. “Sou uma pessoa simples. Sempre estou bem, e quero ver os outros bem. Não quero muito mais que isso. Só viver e aproveitar, daqui a dez anos, estar com as meninas ajudando na parte final dos estudos delas. Elas terão de 20 a 22 anos. Pode ser em Paris. Quem sabe”, conclui o sábio e tri francês Chris. MB

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Já moraste aqui e tens família brasileira. Do que mais gostas no Brasil? O que mais gosto é que se vê bem a diferença da amizade para as outras culturas. É fácil ter amizades sinceras no Brasil. O que não vemos em outros países. Me chocou ir da Argentina para o Brasil e percebo a diferença entre Brasil e França. Por qual cidade trocarias Paris? Acho que por uma cidade à beira-mar, com natureza, vista boa e na França. Em outro lugar, poderia ser no Brasil, no Rio de Janeiro, pelo visual e pela gente. Este momento está... Profissionalmente muito bom. Estou cuidando mais da família, das crianças. Estão virando adolescentes e acho que vão precisar muito de mim, então, acho que é um momento legal. Um desafio. Desejos? Viver em sintonia. Com todos progredindo juntos. Quero crescer mais profissionalmente, e ter mais responsabilidade. Sempre equilibrando com a vida pessoal. Como diminuir os atentados dos radicais islâmicos na Europa? Com tolerância. Não tem que ter ódio no nosso país. O mundo tem que ajudar os países a equilibrar o Oriente Médio e não deixar vácuo para o Estado Islâmico entrar. Não adianta fechar fronteiras com a internet. Tem que tratar na raiz. E nós, enquanto sociedade, temos que aceitar mais as pessoas e ser mais amáveis uns com os outros. O Brasil não tem terrorismo. É um exemplo. Religiões e comunidades que em outros países estão se odiando e fazendo guerra, no Brasil, estão bem entre si, sem causar problemas. Quem está aí não vê, mas é um ponto forte do Brasil. Repito, pela amizade. Um ídolo? Churchill, pelo que ele fez na Inglaterra e pelo que ele falava sempre: “Eu nunca desisto”. Isso é uma boa lição. O que te seduz na França? Sou orgulhoso do modelo social. Damos saúde e tentamos dar educação para todos. Essa é uma grande construção da França. Uma realização do sistema, apesar de pagarmos muitos impostos, como em todos os países. Mas na França temos orgulho disso, e eu não me importo de pagar impostos, porque eu vejo que está funcionando.


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divulgação


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OutBá Fernando Eichenberg

Obras iniciadas Ainda criança, quando estudar era o único compromisso, Fernando Eichenberg lembra de perder-se pelo mapa-múndi de plástico que ficava em cima da escrivaninha. A comprida sacada do 10° andar do edifício com vista para a Rua André Puente era o cenário do guri observador, que ali ficava madrugadas a olhar o horizonte, divagando sobre o que estariam fazendo as pessoas naquele momento em outros cantos do planeta. Esperto e atrevido, Dinho sempre gostou de ler e escrever: “Aos 13 anos, coloquei dentro de uma pasta contos e poemas meus, e escrevi a lápis na capa ‘Obras iniciadas quando o autor tinha 13 anos de idade’”. Aos 14 anos, preparou uma carta e em um envelope pôs junto alguns dos seus escritos, desta vez para mandar para o Luis Fernando Verissimo: “Sem remetente, mas na maior cara de pau, pedia para que ele colocasse ‘bom’, ‘ruim’ ou ‘mais ou menos’ no pé da coluna dele no jornal, que eu saberia que seria para mim. Veja o absurdo e a total falta de noção”, diverte-se o escritor e jornalista, que consola-se de não ter enviado o envelope. Já adulto e amigo de LFV, um dia mostrou a carta nunca enviada e juntos deram boas risadas. O primeiro vestibular foi para História e, no ano seguinte, para Jornalismo. Ambos na federal gaúcha. No entanto, antes de ser diplomado nas duas faculdades, Dinho, aos 19, já não via mais graça no mapa-múndi de plástico e, com 42 |

os próprios olhos miúdos e atentos e uma mochila nas costas, foi ver de verdade o que as pessoas faziam em outros lugares. A temporada, que era para ser de seis meses pela Europa, durou três anos e estendeu-se por vários continentes do mundo. Esse é o tipo do meu amigo Dinho. Anos depois, em 1997, quando ele ocupava uma coluna diária e com muita audiência nas páginas de Zero Hora, surgiu a oportunidade de ficar um ano em Paris para ser correspondente internacional e estudar. Acabou ficando 13 anos colaborando para os mais importantes veículos da mídia brasileira. Em 2010, assumiu o posto de correspondente do jornal O Globo em Washington D.C, para onde transferiu-se. Dois anos depois, voltou para a capital francesa. Saudade de Paris? “Não de Paris, mas da vida, profissional e pessoal, que tinha na cidade. Paris é deslumbrante, mas no dia a dia nem sempre é uma cidade humanamente muito fácil. Tem um lado duro, e por vezes você tem de lutar um pouco contra ela para construir a sua. Quando voltei de Washington, esqueci os aspectos negativos e cheguei em lua de mel com Paris, que perdura até hoje. Por enquanto, não pretendo trocar”. Desde 2015, atua na cidade como jornalista independente, sempre colaborando para vários veículos. Veículos que ao longo de exatos 20 anos publicaram entrevistas exclusivas suas com gente do quilate de Peter


Brooks, Lévi-Strauss, Godard, John Malkovich, Luc Ferry, Charles Aznavour, Catherine Millet. Ou coberturas tensas como a que fez na Bósnia, nas guerras do Kosovo ou em Gaza. Competições importantes como a Copa do Mundo e Roland Garros. Uma semana no Congo, na outra Islândia ou Costa do Marfim, Dinho não se cansa de girar o mundo com suas preciosas escrevinhações, registrando graça e desgraça humana em suas reportagens, ou em um novo livro (no início de 2018, ele deve lançar o próximo sobre Paris). “É triste me dar conta de que desde 2015 já cobri cinco atentados por aqui”, constata. Por sorte, entre a diversidade de temas que o jornalista abraça, encontrar pessoas especiais e contar suas histórias ainda preenche a maior parte das pautas: “Me atrai cobrir política, esporte, cultura, economia, comportamento, não saber sobre o que vou escrever amanhã, ou se na semana que vem vou viajar de última hora”. Já recebeu convites para atuar em cargos de chefia no Brasil, mas o que gosta é de pegar o bloco e o gravador e ir a campo. Se vai entrevistar Jean-Paul Belmondo ou acompanhar o treino do Neymar no PSG, não muda muito. Ele usa as palavras com a mesma destreza numa matéria de gastronomia, sobre os refugiados ou ainda cobrindo o G20 em Hamburgo. Com o Dinho, não tem ruim, e nem grandes rotinas para fazer o que mais ama, mas as madrugadas sempre foram atraentes, quando seus boêmios neurônios

ana manfrinatto

“Um desejo é ter um cão, um golden retriever, mas, morando em um apartamento aqui e com a vida que tenho, é impossível. Mas um dia, um dia...” “Admiro muito muitas pessoas, suas qualidades pessoais e talentos, mas não idolatro ninguém. Idolatrias em geral nunca dão boa coisa.” “A pior parte do trabalho é transcrever entrevistas do gravador. Mas nada que me faça querer mudar de profissão.” | 43


funcionam melhor. Autor de dois volumes de entrevistas, considera todas especiais, mas admite que entrevistar duas vezes o Claude LéviStrauss no final da vida foi emocionante. Ou o Jean-Luc Godard, pelo mito e pela dificuldade em obter a entrevista: “Mas muitos outros também proporcionaram esse momento raro da entrevista, da imprevisibilidade. Por aqui, ainda falta entrevistar o novo presidente, Emmanuel Macron, a Juliette Binoche, a Catherine Deneuve e o Gérard Depardieu”, revela. Sobre os últimos anos agitados, Dinho observa que o país tem mostrado uma enorme resiliência face ao terrorismo, e sabido resistir aos extremismos: “Aqui também há fortes características de reivindicação e debate como esporte nacional. Mas, em geral, as discussões são sustentadas na argumentação e na razão, e não na emoção e na agressão como se tornou via de regra nas redes sociais”. Sobre o Brasil, que ele visita todos os anos, é difícil fugir dos clichês: “Sinto falta da família, dos amigos, da espontaneidade e do improviso nas relações e do verão mais longo”. Enquanto nosso longo verão não chega, e nem vai embora, Dinho frequenta os mesmos botecos parisienses e encontra os amigos. Aproveita a oferta cultural da cidade e experimenta novos bistrôs. Nada mal, hein, Dinho? “Senão, é flanar e flanar, a pé ou de bicicleta, meu transporte. Metrô, só quando necessário.” Curioso, humilde e ousado como o bom repórter deve ser, sempre que consegue 44 |

“Jornalismo é cada vez mais necessário nestes turbulentos tempos de transição para o digital, que ainda busca identidade de conteúdo e de modelo econômico. Acredito na prevalência do jornalismo sério e na sua indispensabilidade.” “A imagem do Brasil está bem ruim. Há alguns anos, o Brasil era celebrado como um emergente em ascensão no caminho de superar antigos vícios e problemas sociais e econômicos, rumo a um novo status mundial. Mas o desastre da economia, aliado à crise política e aos escândalos de corrupção, ruiu com o otimismo que se tinha por aqui em relação ao país, pelo menos a curto prazo.”

muda os trajetos, descobre novas ruas e lugares em diferentes bairros: “Como escreveu o filósofo Walter Benjamin, ‘Não encontrar o caminho em uma cidade não quer dizer muito. Mas perderse numa cidade como nos perdemos numa floresta exige toda uma prática’”. Au revoir, Dinhô!


Lívia Chaves Barcellos

Ver a Virgem Quando soube que esta edição da Bá seria sobre a França, simplesmente adorei. Se alguém que está com vontade de viajar, de passar um mês fora, me perguntar aonde deve ir, eu direi: passe um mês em Paris. Tempo lá nunca é muito com todas aquelas maravilhas para se ver. Recomendo que, já na primeira manhã, logo depois de um petit-déjeuner, com direito a croissants deliciosos, vá até a Rue de Bac. É uma ruela estreita e o número 140 abriga a Capela das Irmãs de Caridade. Ali há sempre uma multidão rezando ou implorando, em estado de adoração em frente a uma cadeira de braços que fica nos fundos, à direita. Pessoas de todas as raças, de todos os níveis, ajoelham-se, beijam o rebordo, os pés, os braços, ou deixam bilhetes enrolados sobre o assento. E por quê? Porque, na noite de 18 de julho de 1830, a irmã Catarina Labouré, noviça do seminário, adormeceu com a ideia de que São Vicente obteria para ela a graça de ver a Virgem. Às onze da noite, ouviu alguém chamando pelo seu nome e, ao acordar, viu um menino, que dizia: “Levanta-te, vamos à capela, que a Virgem Santíssima te espera!”. O menino espalhava luz por todos os lados e a conduziu até a cadeira. Enfim, chegou a hora e ela se ajoelhou, com as mãos apoiadas no joelho da Santa Virgem. Várias visitas aconteceram depois e Catarina contou que ali passou os momentos mais doces de toda a sua vida. Quem vai lá uma vez quase sempre volta. E, neste triste momento, em que o mundo está virado de cabeça para baixo, nossa ajuda só pode acontecer através de muita oração. Poucos são aqueles que, ao sair da capela, não compram uma medalha da Nossa Senhora Milagrosa. Eles têm de todos os tipos, desde as mais simples até as de ouro com pedras preciosas. Compre a sua e, se quiser dar um presente que fará sucesso, compre outra. | 45


Lou Michel De Paris

Et vive l’été!

O inverno parisiense tem seus encantos e seus deslumbres, mas talvez dure muito para uma cidade que provoca uma vontade incrível de ser percorrida a pé. Por isso o verão é tão festejado! Acabou a hibernação, a ordem é todo mundo para a rua! Os dias são consideravelmente mais longos e intensamente aproveitados. Difícil é não se atrapalhar com a hora do jantar e fazer as crianças dormirem cedo, já que temos sol até as 22h30min. Bem diferente do inverno, em que minhas filhas mal o viam,

agora tenho que escondê-lo atrás das cortinas. Et vive l’été, que, além de aquecer o clima, muda os hábitos, os horários e até o humor dos sisudos moradores da Cidade Luz. Apesar de morar em Paris há dez anos, não faço o tipo “dar dicas”, mas posso falar de algumas coisas que gosto de fazer no verão e que são únicas e exclusivas da estação. Junto com isso, uma coisa é certa: não desdenhe do calor que pode fazer por aqui. Então, beba muita água, use roupas leves e não saia sem óculos de sol!

Parques + piquenique, o melhor combo

Parques e jardins não faltam em Paris, geralmente são lindos, floridos, bem cuidados e podem ser frequentados sem medo de ser feliz, ainda mais no verão. Além de serem ótimos lugares para passear ou fazer o jogging nosso de cada dia, nesta época do ano são disputadíssimos e servem de palco para uma das grandes manias francesas, que eu bem incorporei: os adoráveis e divertidos piqueniques. Entre tantos na lista de escolha, tenho meus preferidos! O Champ de Mars, porque moro perto e ainda me deslumbro, sim, até hoje, ao ver a Torre Eiffel. O Jardin du Luxembourg também está entre os meus xodós. Localizado entre Saint-Germain-des-Prés e Quartier Latin, além de ter uma área enorme com atividades para as crianças, encanta pela beleza, o colorido de suas flores e a simetria de suas árvores tão bem cortadas. Mas, independentemente de qual escolher, encha sua cestinha de saladas, frutas, queijos e muito vinho, estenda sua toalhinha à sombra ou ao sol, et voilà, Bá, que programa! 46 |


A Ponte de Ouro – Pont Alexandre III

Olhar o Sena do alto da imponente e dourada Ponte Alexandre III, que separa o 7° arrondissement do 8°, já é um dos mais belos cenários de Paris, mas descer e apreciá-la de baixo, bebendo um bom vinho ou matando a sede com uma pression geladinha, tendo de lambuja o Grand Palais como vista, é ainda mais inesquecível. Se no inverno o lugar abriga boates com um certo clima “clandestino chique” em suas margens, no verão é invadido por bares dentro e fora da água, abertos toda a semana, do petit-déjeuner até o último cup de champagne. De preços bem razoáveis, é um lugar sempre procurado pelo descolado público parisiense.

Fila que vale a pena

Sua famosa culinária, doce ou salgada, faz da França um país a ser degustado. Nesta época do ano, é fora de questão não experimentar os incríveis sorvetes feitos por aqui. Amorino e Berthillon são duas marcas que fazem parte de Paris e não podem passar em branco. Feitos artesanalmente,

os sabores variam conforme a estação e incluem apenas ingredientes frescos. São encontrados em vários pontos da cidade, porém fazem parte da tradição e são parada obrigatória para quem passeia pela Ilê Saint-Louis. E não se assuste com as quilométricas filas, porque vale a pena esperar.

La vie en rose

Mesmo não sendo expert no assunto e sim uma confessa apaixonada e “degustadora” diária, não tenho como falar das boas coisas do verão francês sem falar no vinho rosé. E, quando se fala em vinho rosé, se fala em Provence. A região ao sul da França é considerada a capital mundial desse líquido queridinho dos dias quentes, que, gelado, combina perfeitamente com as altas temperaturas. Seu frescor, seus aromas e suas cores são sinônimos de sol, convívio, longas mesas nas varandas, barbecues improvisados (bem típicos nesta época), momentos de relax entre amigos, aperitivos informais. Não importa a ocasião, o certo é que aproveitar o verão parisiense embalado por uma ou muitas tacinhas de rosé faz todo mundo ver la vie en rose!

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eutenhovisto.com Jaqueline Pegoraro Pela América

Rafaela Ely nasceu em Porto Alegre no ano de 1990 e desde que era uma curiosa adolescente gosta de viajar sozinha. Formada em Jornalismo pela PUCRS em 2014, em 2015 criou o Me Leva Embora Estrada Afora, portal em que dá dicas superbacanas sobre os mais variados lugares do mundo. Em 2017, ela deixou uma promissora carreira na redação de Zero Hora para realizar um sonho: uma viagem por terra do Rio Grande do Sul ao Alasca! Ela conta como nasceu a ideia: “Em 2014, trabalhando e rolando a timeline do Facebook, surgiu uma postagem na minha frente do interior de um ônibus antigo reformado com uma mensagem em inglês que dizia mais ou menos assim: ‘Compre um ônibus velho, tire os bancos, coloque camas e saia com seus amigos pelos Estados Unidos’. Fiquei pen-

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sando naquilo. Os EUA não eram a única nação que me interessava, mas toda a América – eu tinha amigos que queria visitar em vários países e pensei em juntar tudo em uma viagem só. Ninguém próximo de mim se animaria, então teria que ir sozinha. Gostei do plano. Três anos depois, o coloquei em prática. Saí de Porto Alegre em 4 de maio de 2017 com a ideia de chegar em Barrow, no Alasca, algum dia. Só chegar na comunidade mais ao norte do continente não é o principal objetivo. Quero aprender ao longo do caminho, conhecer pessoas, visitar lugares em que ainda não estive e entender melhor a cultura dos 17 países pelos quais passarei: Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala, Belize, México, Estados Unidos e Canadá. Estou planejando passar um mês em cada um deles, totalizando 18 meses de viagem (o


Cabeças cortadas

Alasca também merece um mês). O itinerário está indefinido e muda à medida que pesquiso e recebo sugestões de outros viajantes. O orçamento estipulado foi de R$ 50 diários, com uma gordurinha na conta para qualquer imprevisto. No primeiro país da viagem, os gastos ficaram abaixo do previsto (a média ficou em R$ 30), mas o cronograma se estendeu. Foram 45 dias em solo uruguaio, entre Rocha, Maldonado e Montevidéu. Em Rocha estão as praias mais rústicas do país, como as do Parque Nacional de Santa Tereza, Punta del Diablo, Valizas e Cabo Polonio, além do Parque Nacional de San Miguel e da cidade de Rocha, capital departamental. Em Maldonado estão o balneário mais famoso do país, Punta del Este, e a capital do departamento, que também se chama Maldonado. A última parada no Uruguai foi Montevidéu, a capital do país.” Por Rafaela Ely

Claudio Coelho é cabeleireiro há 20 anos, iniciou sua carreira aos 15 anos e aos 16 os estudos para se tornar um hair designer. Em 2007, foi morar em São Paulo para fazer parte da principal companhia mundial de moda cabelo, a inglesa TIGI/Toni&Guy, que dita a moda cabelo há 30 anos e segue como uma das maiores referências em educação para cabeleireiros no mundo. Hoje, aos 36 anos, Claudio está à frente do Studio Educacional Claudio Coelho, em Porto Alegre, espaço onde especializa profissionais de todo o país e da América do Sul. No ano passado, abriu seu Studio Claudio Coelho – Cabeças Cortadas, em Balneário Camboriú, Santa Catarina, onde mora atualmente. “Sou apaixonado pelo meu trabalho e dou o máximo de mim em cada atendimento”, conta o profissional. Tanto em Porto Alegre como em Balneário Camboriú, ele atende no máximo 10 clientes ao dia. Para fazer um trabalho personalizado, é preciso tempo para ouvir e entender suas necessidades. Em Porto Alegre, associou-se ao Studio Taís Andrade, onde recebe a clientela durante uma semana ao mês.

Depois Rafaela seguiu pela Argentina, e você pode espiar as dicas dessa longa e deliciosa trajetória da jornalista até o Alasca. Além de escrever e fotografar para o blog e para as redes sociais do projeto da viagem, o Me Leva Embora Estrada Afora (www. melevaembora.com.br), Rafa também conta sobre a trip no Eu Tenho Visto (www.eutenhovisto.com). | 49


Bacanisses Julia Laks e Vitória Satt publicitárias

De digital influencer a empresária

A Helena Bordon é mais que influenciadora e filha de um dos casais mais poderosos do mercado brasileiro. A musa se tornou uma marca de peso que ganha cada vez mais força. No final de 2016, Helena inaugurou a primeira loja que leva seu nome, no Itaim Bibi, em São Paulo, e agora em junho, um corner de marcas top com produtos assinados em parceria com ela. A nova onda é o Café HB, com cardápio assinado pelo chef Rodolfo de Santis. Perfeito para um almocinho delícia ou fim de tarde com as amigas. Vale a viagem a SP para conhecer!

Beleza criativa e democrática

YouTube ganhou um hotel

O crescente das plataformas de entretenimento não é novidade. Principalmente, a relevância como canal de entretenimento e de informação. Os formatos diferenciados estão se destacando. Quem consegue comandar um espaço digital sem perder a personalidade ganha força. É o caso do Matheus Mazzafera com o seu Hotel Mazzafera. O produtor de moda e amigo íntimo das grandes estrelas do setor entrevista modelos, atrizes, atores, cantores e muito mais. Não é nada convencional, é megadivertido e é ótimo para dar um ânimo e umas risadas gratuitas!

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Porto Alegre ganhou um novo espaço incrível: o Id Hall. Um espaço de beleza criativa idealizado pela expert das sobrancelhas Kely Bavaresco. Em parceria com a cabeleireira Fran Prigol, a novidade invadiu o Moinhos de Vento em um local impecável. Parece que saímos do Brasil e aterrissamos em Nova York, naqueles salões do SoHo, sabe? Ou melhor, as gurias não chamam de “salão”, porque é mais do que isso, é “onde uma ideia encontra a tua identidade”. Ilustrado com a Frida Kahlo, o Id chegou para mostrar que vale a pena surpreender com foco no que somos especializados. Além das mãos da dupla à frente do negócio, o Id conta com um café e um espaço externo lindos. Vale a pena conhecer. Segue lá no Instagram para saber mais: @id_hall.

Para inspirar e ousar

A meia arrastão é artigo conhecidíssimo há muitos anos. Mas, nos últimos tempos, ganhou destaque por aparecer em looks descontraídos, jovens e superestilosos. Combinada com tênis, jeans destroyed, camisa soltinha e um colar. Estilo despojado e rock para todas! Te joga e experimenta!


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Bá, que viagem Anelise Zanoni

jornalista ane@waycontent.com travelterapia@waycontent.com

Um passeio pelos cartões-postais da Provence De longe, a brisa bate no rosto e logo sentimos um aroma suave e adocicado. No horizonte, o que se vê é um caminho florido que faz um desenho de linhas quase sem fim. Isso tudo poderia ser a imagem de um sonho ou de uma fotografia, mas é um pedacinho do que se enxerga e se sente nos campos de lavanda da Provence, na França. O destino, que parece ter saído diretamente de um cartão-postal, é um verdadeiro espetáculo da natureza. Delicados e com aroma que exala no ambiente, os campos de lavanda têm beleza própria e tempo limitado. É apenas no verão europeu – de julho a, no máximo, setembro – que eles aparecem e tomam conta da paisagem de estra-

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das que ligam pequenas cidades da região. Para encontrá-los, o ideal é percorrer o Vale do Luberon, um dos lugares mais incríveis que visitei em solo francês. Nessa região, é comum ver construções medievais feitas de pedra, muitas flores, estradas estreitas e campos de lavanda e girassol. O mais legal da região é a possibilidade de entrar em contato com uma cultura tão peculiar. Da lavanda surgem fragrâncias, cremes, sabonetes e muitos outros produtos. A paixão pela terra e pelos ingredientes locais também ganha destaque, porque todos os dias há feira de rua em alguma das vilas. Entre os produtos estão legumes frescos, queijos, embutidos e peças de ar-


tesanato, incluindo cerâmica e tecidos. Os vinhos da Provence também são muito famosos, geralmente com tom rosado e sabor suave. Quando percorremos as estradas estreitas da região, deparamos com cidadezinhas que parecem ter saído de um filme. Gordes, na minha opinião, é uma das mais marcantes e lindas. Sobre uma montanha, a cidade é quase toda construída com pedras e tem a Abadia de Sénanque como principal ponto turístico. Claro que, de carro, é possível desbravar estradas de chão batido e encontrar raridades até na hospedagem – ficamos no hotel La Ferme de La Huppe, que tem um restaurante que serve a típica comida da Provence. Outras cidades, como Lacoste, Roussillon e Lourmarin, também merecem atenção, porque têm castelos históricos, casinhas repletas de flores e restaurantes maravilhosos. Quem deseja conhecer a região deve reservar pelo menos uma semana para visitá-la com calma e ter a certeza de que a Provence é um sonho que pode virar realidade!

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Crônica Mariana Bertolucci

Quando a talentosa Fran Hunter me mandou, entre outras, essa foto que você está vendo, eu comentei com ela: “Eu queria me postar e falar do teu trabalho, mas as coisas estão tão difíceis ultimamente, que não me sinto à vontade para bancar a bela da tarde com o bicho pegando lá no Congresso em Brasília...”. Nós duas rimos, concordamos e comentamos que em seguida isso passaria. Olhando para essa foto de novo e pensando no que escrever para vocês agora, percebo que, se não falarmos sobre isso, sobre a vergonha e o constrangimento que muitas vezes (até em uma situação tão boba como essa da foto) sentimos por sermos livres, leves, soltas, sorridentes e felizes, não vai passar nunca. Então quer dizer que os caras roubam loucamente aos maços e maletas em Brasília e no Brasil todo e eu que tenho que me constranger de postar uma foto feliz e leve, em que eu me achei igual a uma estrela de propaganda de sabonete? Dei o exemplo dessa minha tola sensação para refletirmos sobre como a nossa sociedade nos incita e ensina a nos resignarmos diante das mazelas mundanas. A nos facilitarmos diante das nossas dúvidas. A perdoarmos a impaciência dos nossos parceiros e também, por que não, alguma infidelidade no percurso. Porque é mais simples. Porque não vale a pena se incomodar com essas coisas... É melhor não discutir, e deixar quieto, que no meu tempo também era assim, minha filha... Pois estamos aqui para dizer bem alto, escrever bem grande e quantas vezes for preciso que FOI-SE O TEMPO. No tempo de hoje, não queremos e nem vamos calar ou sentir constrangimentos de

fran hunter

Foi-se o tempo

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nenhuma natureza. Foi-se o tempo do desrespeito e da intolerância política, de raça, de gênero, de ideias. Sentir vergonha da foto feliz no meio das notícias ruins é quase como apanhar do marido e se sentir culpada. Não queremos mais calar diante das circunstâncias mais simples e nem das mais complexas. Escondendo reações, roxos, arranhões, opiniões ou sorrisos. Levando tapinhas na bunda ou beliscões na cintura. Colecionando desaforos, ofensas, piadinhas, apelidos grosseiros e agressões silenciosas. Deixando estar, e pensando que amanhã é outro dia, transando para se livrar, pagando para não se incomodar. Fingindo que está tudo certo, quando nada aconteceu do jeito que aquele padre impostor falou na igreja no dia do seu casamento. Ah, e também tem as crianças. Sim, as crianças que provavelmente você vai culpar pelo resto da sua vida até elas virarem adultos revoltados criados por dois pais infelizes e covardes. A Maria da Penha já devia passar trabalho com aquele marido infeliz, mas duvido que tivesse ideia de que passaria o resto de seus dias em uma cadeira de rodas. Tampouco que viraria um ícone do movimento contra a

violência com as mulheres, na época em que eu tinha 18 anos. Pois bem nessa época, eu já era, como dizem, uma mocinha, e virara também estatística. Um ex-namorado achou que era o meu dono, me arrastou da festa onde estávamos, me agrediu fisicamente e me levou para a casa dele à força. Continuamos a nos debater física e verbalmente até que ele pegou no sono e eu fugi para a casa de uma amiga. Eu tentei mentir para os meus pais. Espertos e atentos a quase tudo o que eu e meus irmãos fazíamos, não adiantou. Há muito estavam de olho nas minhas escolhas erradas e aquele meu namorico, embora quase adolescente, não era nada saudável. Ninguém acorda um dia de manhã, dá bom-dia e toma um pau do namorado. Relações abusivas são longas torturas. Podem inclusive nem ter agressão física. Meu pai me incentivou a denunciar a agressão e eu confesso que tentei resistir. Queria arrancar de vez aquele assunto da minha vida. Mas não me sentia no direito de parecer fraca ou decepcioná-lo ainda mais. Eu senti muita vergonha, sim. Foi muito triste, sim. Eu senti medo de ter outras relações, sim. E, sim, só deixei de sentir medo, vergonha e raiva daquela situação em que tinha me metido quando comecei a falar com naturalidade sobre ela. Sem medo de que alguém debochasse de mim, ou dissesse que eu era tinhosa, ou ainda me chamasse de exagerada. E, sim, eu só fui entender tudo o que tinha acontecido comigo anos depois, com a ajuda do tempo, dos meus pais e do meu psiquiatra Frederico. Quando entendi que eu não tinha que ter vergonha nenhuma de falar sobre o que tinha me acontecido por um motivo muito simples. Eu não tinha culpa. Hoje, a cada uma hora e meia uma mulher é assassinada no Brasil só por ser mulher. Elas também não têm culpa. Nem eu, nem você e nenhuma mais!


Bá, quer lugar Le Grand Burger

Um lugar très bien! Designer de formação e chef por paixão, Alexandre Lise é formado em Design de Produto pela Ulbra, pós-graduado em Engenharia de Produção pela UFRGS e, depois de 10 anos atuando como designer, empreendeu na área de gastronomia. Filho de pais talentosos na cozinha, Alexandre Lise passou uma temporada na Austrália, viajou pela França e teve uma experiência em um restaurante em Garopaba, durante um verão. Nasceu a ideia de criar a Le Grand Burger e ele começou a estudar alta-gastronomia na escola Aires Scavone, onde mergulhou no conceito da culinária francesa. No final de 2011, decidiu que uniria design e sabor em um só lugar e, em junho de 2012, a Le Grand Burger abriu as portas na Marquês do Pombal, tornando-se uma das primeiras hamburguerias do Estado sob o conceito gourmet. A única com sotaque e sabor franceses, que em poucos meses virou queridinha dos porto-alegrenses. Entre as delícias, estão receitas baseadas em típicos pratos franceses, como o ratatouille e o coq au vin, e inspiradas na combinação dos ingredientes da culinária francesa para criar hambúrgueres com sabores e misturas inusitados e únicos. A ideia da LGB é trazer os ingredientes da alta-gastronomia e o processo de preparo da tradicional escola de gastronomia para o lanche rápido e com visual caprichado. Ideia que deu certo. O CPQ (Centro de Produção e Qualidade) da Le Grand Burger foi inaugurado no ano passado e logo se tornou referência no segmento. A segunda casa foi aberta em Porto Alegre em abril deste ano, em uma das charmosas travessas da Praça Japão. Antes da inauguração, no ano passado, 56 |

Alexandre e a mulher, Annie Muller, passaram 20 dias na França só pesquisando em Paris, Lyon e boa parte da Provence, inspiração que está nos aromas e na arquitetura da nova unidade. Nas paredes, todas as fotos que estão expostas em quadros foram feitas pelo chef. Aliás, ambas as casas são ambientadas com as cores e o charme franceses. Fotografias autorais dividem a cena com bicicletas e espelhos na parede e cestas pelo chão. Simples requinte. Resultado de trabalho sonhado, planejado e com objetivos claros. A marca gaúcha já colhe frutos: na gastronomia, ganhou quatro vezes o título de Melhor Hambúrguer da revista Veja Comer & Beber Porto Alegre, em 2013, 2014, 2015. Também em 2015, no design, a identidade visual da Le Grand Burger entrou para o Anuário de Criação da ARP – Associação Rio-Grandense de Propaganda. Méritos e palmas que Alexandre divide com a mulher, Annie Muller, que comanda a Pro Target, agência que assina a parte gráfica e de conteúdo dos empreendimentos. Annie, que é uma graça de pessoa, eu conheço há muitos anos. Além de ser escritora, publicitária, responsável pelo marketing da Le Grand, é a mãe de seus filhos gêmeos, Arthur e Gabriel, que nascem nos próximos meses. A união já dura 13 anos, desde que se conheceram em um verão em Floripa. O casamento foi lindo, há três anos, em Gramado, e a lua de mel na Tailândia, outra vertente culinária preferida do chef, designer, fotógrafo e mais novo papai do pedaço. MB


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felipe gaieski


Tina Menna Barreto

nutricionista | www.tinamenna.com.br

Dieta de método

Regime era dieta, que agora virou moda também sendo chamada de método. Mas o de sempre, que é sempre a mesma coisa que todo mundo quer, é emagrecer. Isso não mudou nem trocou de nome. O que mudou foi a curva de obesidade do Brasil, que vai ladeira acima, enquanto as metodologias vestidas de grandes descobertas para queimar gordura tentam, desde os últimos anos, ensinar o verdadeiro caminho para o emagrecimento perpétuo. Este, por sua vez, vai correndo em direção ao horizonte. E o povo segue tentando alcançá-lo, quase na velocidade da própria luz. E aí vai se esquecendo de preparar um bom arroz com feijão, vai sentindo culpa ao comer pão com manteiga. E vai sendo criado um consumo para as proteínas livres, leves e soltas. Tudo parecendo muito esquisito, mas muito científico ao mesmo tempo. E a obesidade continua rolando para o brejo, atrás de uma solução que ninguém encontra. Eu desejo a você, que chegou até aqui, muito arroz com feijão, muita banana, muita laranja com o rico bagaço, entre outras brasileirices mais. Tudo aos poucos, em doses homeopáticas, todos os dias. Um beijo e saúde.

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Cristie Boff

designer e artista plástica

Contemporâneo ao cosmos

YTALIA é a mostra que acolhe alguns dos grandes nomes de artistas italianos contemporâneos. Costurada com a energia, o pensamento, a estética desses mestres do nosso tempo, apresenta cem belas obras de arte contemporânea no Forte di Belvedere e em toda a cidade. Em cartaz desde junho, a mostra se estende até o dia 1º de outubro. Entre os nomes fortes da exposição, Remo Salvadori, nascido em 1947, em Florença, assina uma escultura em cobre batizada de Homem que Ouve e que é um círculo de aço trançado. Junto ao Homem que Ouve, outra obra de Remo é Infinito Presente Contínuo: um círculo de aço sem início nem fim, evocando algo absoluto, cósmico, emblema da indissolubilidade do espaço-tempo. Em um terceiro trabalho, o artista reproduz um instrumento musical em dimensões monumentais, o agogô, de origem africana e muito difundido no Brasil. Ao longo dos anos, Salvadori criou diversas versões da escultura. O instrumento como metáfora do corpo humano e sua dualidade, tema central em sua poética. O artista Gino De Dominicis realizou um esqueleto que mede 24 metros, instalado no jardim do Forte Belvedere. Já Marco Bagnoli, Si sedes non is (citação latina), expõe uma escultura que lembra um balão, forma simbólica e cheia de significados para ele, buscando através do seu trabalho unir estética e tensão espiritual. Ele vê sua obra de arte como canal de conexão para transcender. O elemento incorpóreo da luz é considerado, nesse sentido, primordial para Bagnoli, nascido na Toscana, em 1949.

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InBá Normandia

França de Flavia

Há 21 anos administrando o Hotel Des Isles, Flavia Araújo Santos de Mello divide conosco nesta edição especial um pouco dos encantos da Normandia, a região onde mora, na França

Terceira na escadinha de quatro irmãos em quatro anos, Flavia Araújo Santos é agitada, ativa e alegre desde sempre. Participativa e comunicativa em casa e no colégio João XXIII, onde estudou, ainda na sede perto da Redenção. Dessa época, ela recorda de já gostar de ter gente a sua volta. Flavia lembra também de quando tinha 10 anos e se mudou com a família da casa do Partenon para a bela morada na Bela Vista, decorada sob o olhar de artista da mãe, Zélia

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França de Araújo Santos, que pintava, fazia esculturas e tapeçarias. Ali, na Carlos Trein Filho, número 900, o quarteto de Fúlvio e Zélia foi feliz até 1976, quando, aos 16 anos, Flavia, os irmãos e o pai perderam Zélia precocemente em um acidente de carro: “Foi muito complicado. Ficamos completamente perdidos e a família desmontou. Tentamos encontrar rumos no estudo e no trabalho”, recorda saudosa. Apesar da ausência física, as lembranças


e a presença da mãe sempre estiveram entre eles. Agora mais do que nunca, porque os quatro estão envolvidos na edição de um projeto que fará um registro biográfico da matriarca e artista plástica. Flavia começou cedo no turismo, ajudando a tia Ana Maria A. S. Zimermann no setor de viagens da JH Santos, empresa da família, da qual o pai era um dos três irmãos fundadores: “Sempre gostei de turismo e de viajar”. Passou ainda pelas agências Turinter e a Steiner Turismo, até abrir as portas da Flaviatur, que durou mais de 10 anos: “Viajava muito e tinha uma clientela bárbara. As relações do meu pai me abriram portas e eu era muito dedicada aos clientes”. Até que, em 1991, de férias em Portugal, Flavia conheceu o restauranteur português José de Mello, com quem se casou dias depois. Sim, dias depois! Nos anos seguintes, o casal trabalhou na revitalização de hotéis de um grupo francês pela Europa. Chegaram à Normandia em 1996, para assumir e transformar o decadente Hotel Campanille da cidade de Cherbourg em um case de sucesso. E de lá não mais saíram, e foi em abençoado solo francês que Raphael, o único filho, nasceu. Há 26 anos fora de Porto Alegre, ao lado do marido, ela comanda um paraíso na costa noroeste da França, na comuna de Barneville-Carteret: uma mansão antiga transformada em hotel-boutique, o Hotel Des Isles tem 31 suítes cheias de charme e aconchego, com décor inspirado nas casas de praia dos anos 1930 da região e com os toques de bom gosto da proprietária, que herdou o senso estético da mãe. Em tons de mar e com uma vista divina para a praia de Barneville, as ambientações do Des Isles agradam tanto, que a exigente clientela internacional também pode adquirir as peças. Aliás, há anos o talento para decoração de Flavia já alcançou fama francesa e ela assina projetos de decoração de muitos clientes, inclusi| 63


ve de fora da Normandia. Mas a primeira coisa que os hóspedes elogiam é o jeito de receber do casal anfitrião e sua equipe. “Nos destacamos. O bem-receber na França não é comum”, explica Flavia. A posição privilegiada em frente ao mar ajuda na excelência da cozinha do restaurante do hotel, que tem mais de cem lugares e está sempre lotado. Dona de gestos espontâneos, voz rouca, temperamento risonho e personalidade forte, Flavia gosta do movimento constante do hotel e de mimar seus hóspedes e amigos: “Tenho uma natureza exagerada no sentido de querer agradar. Me dedico mais aos outros do que a mim, mas é assim que me sinto feliz”. A felicidade encontra história, cultura, gastronomia e, de brinde, a montanha beija o mar e o sol se derrama em espetáculo nas ilhas anglo-normandas aos olhos de José e Flavia e seus hóspedes. Tranquilidade à beira-mar, elegância, boa conversa, gastronomia impecável e energia das pessoas. É cercada disso tudo que a empresária e decoradora se imagina vivendo os próximos anos: “Não tenho vontade de sair da França. Há anos recebemos os mesmos clientes e 64 |

suas famílias, é uma conexão de amigos. Me vejo aqui, na Provence, em Biarritz ou Saint-Jean-de-Luz, com meu marido cozinhando, meu filho e recebendo pessoas especiais”. Sorte delas! MB

História, cultura e religião

O desembarque dos aliados na Normandia está entre os acontecimentos históricos mais importantes da II Guerra. A região sempre foi muito religiosa, uma parte do país é prioritariamente católica, evangelizada no século 5, e Saint Germain, que era discípulo de Jesus, cruzou a região. Não sou praticante, mas religião acalma a alma. Me sinto abençoada aqui. A beleza dos museus e monumentos encanta nas cidades medievais. Os castelos do século 13 são pequenos, de pedra. É tudo menos grandioso e mais aconchegante.

Leite e maçã franceses

É uma das maiores regiões produtoras de leite da França. Os queijos, a manteiga e o iogurte são excepcionais. É a única região onde quase não se produz vinho. A agricultura é da maçã. Toda a produção de álcool é ligada à fruta – a sidra e os calvados são muito bons e conhecidos.


Mar e terra

São vários parques de ostras com as melhores ostras do mundo. Além dos portos pesqueiros, o porto de Carteret, a minha cidade, é o melhor porto de pesca de homard, a lagosta. Tem homard bleu, que tem a casca azul antes de cozida, caranguejos, Saint-Jacques, crustáceos fantásticos. Tem uma produção de legumes orgânicos enorme. Créances é a capital da cenoura na França e são quilômetros de plantações no Val de Saire, do outro lado do Cotentin.

Imperdível na Normandia

Visitar Barneville-Carteret e o Mont Saint-Michel. Depois, subindo a costa, conhecer a famosa Granville com seu lindo porto, a cidade onde viveu Christian Dior. Hoje, na casa onde viveu, está instalado um belíssimo museu com a história do mestre da alta-costura. A rota dos queijos pelas principais cidades produtoras. As praias do desembarque. Omaha Beach e Utah Beach.

Na costa leste, no Vale de Saire, está o Porto de Barfleur (um dos cem villages mais bonitos da França). Ir ao parque de ostras de Saint-Vasst-la-Hougue. Cherbourg também é uma belíssima cidade, com antigo porto militar francês e marcada por muitas batalhas, e tem a maior baía artificial do mundo.

Lição francesa

O que eu mais aprendi aqui é que não importa o que aparentamos ser, e sim nossa integridade e o que somos de verdade. O maior prazer de viver aqui é não precisar viver de aparências, é não ter que mostrar “coisas” para alcançar objetivos. Aqui somos verdadeiros, respeitosos com as pessoas. Não tem tanta diferença de classes sociais como no Brasil. Respeitamos a todos da mesma maneira. E é tudo mais sério. Cada vez que vou ao Brasil, fico surpresa com a importância que as coisas fúteis e sem necessidade têm na vida das pessoas. O importante é estarmos bem com nós mesmos e nos sentirmos

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felizes. Não interessa o que os outros pensam. Temos que avançar e seguir, sabendo que, se estamos satisfeitos, é o que conta.

Esnobe parisiense

Não é o francês, é o parisiense. Eles têm um certo esnobismo, como se fossem reis do mundo. Fui aprendendo a conviver com isso e hoje não ligo. Há cada vez menos parisienses na cidade, o que tem ajudado Paris a ficar mais alegre.

Altos e baixos

O defeito é que são muito fedorentos. Em transporte público, na rua, ou às vezes entramos em uma loja chique, no banco, e tem alguém fedendo muito. Isso é um problema, para mim é um defeito, não deveria ser assim na terra do perfume. Um ponto alto é a educação gastronômica, a admiração que eles têm e a importância da gastronomia na vida de todos. O ritual da baguete, do croissant, a cultura gastronômica francesa é muito bacana.

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Saudade do Brasil

São 26 anos fora do Brasil e sinto cada vez menos falta. Quase só das pessoas. A cada visita, quando perguntam o que eu quero do Brasil, sinto falta do café e do pão de queijo, e peço revistas. Gosto de receber a Bá e a Estilo Zaffari. As de atualidade e política eu abandonei.

Cinco cantos franceses

A Normandia, claro. Na Provence, fazer o circuito das lavandas e dos villages. A Côte Basque, Biarritz. Gosto da Bretanha, mas conheço pouco. E um roteiro que vou fazer agora é o Grands Crus, que são 12 dias de Bordeaux à Borgonha.


carlos contreras

Rua Quintino BocaiĂşva, 954 Moinhos de Vento (51)3085-5665 / (51)99605-5655


Bá, que imagem Heloisa Medeiros fotógrafa

Uma carta para Suzana A história de nossa família nos pertence e, desta vez, quero falar sobre impermanência, mas quero falar também sobre amor. Perdi recentemente minha maior referência de força feminina, bom humor e generosidade. Aos 97 anos, serenamente, minha avó materna partiu. A morte de uma avó com tanta idade pode parecer muito natural, e realmente é, mas o amor que sempre nos uniu me motiva a escrever sobre o amor e a refletir sobre nossa breve passagem. Somos todos forasteiros por aqui. Minha avó era uma senhora nascida em 1920, mas, sempre à frente do seu tempo, costumava dizer que tinha nascido muito cedo. Era livre e corajosa. Dona de si, bem-humorada, esperta, geniosa, mas, principalmente, generosa.

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Querida vó, De tudo, ficou um pouco do teu jeito no meu jeito. Da tua risada na sala de jantar, um pouco ficou. Ainda posso sentir o teu perfume nas roupas e no teu travesseiro. Ah, eu ainda tinha tanto para te contar! Tu irias vibrar com todas as minhas novidades. Mas mesmo assim eu te conto, baixinho, em prece, eu te conto, pois sei que tu me escutas. E a nossa despedida foi tão do nosso jeito, né, vó? Telepática e amorosa. Eu sabia, tu sabias. Tu me chamas, lembra? Estarei aqui. Sempre. Assim, desse jeito, tu continuas me ensinando sobre ter fé. Pois foi contigo que aprendi e foi assim que tu me mostraste. Nem sempre a gente precisa estar. A tal presença/ ausência. A tal bonita palavra chamada saudade fazendo sentido da sua existência no vocabulário. Sempre achei que a usávamos de forma vil. Saudade nem sempre se pode “matar”. Sabemos que já não importam tempo, distância, nem mesmo a presença importa. Tudo isso não existe mais. O que sempre fica é o amor, este sim a tudo resiste. Dele nós nunca tivemos dúvida. A vida dá e tira. A vida é assim mesmo, feita de grandes tristezas e imensas alegrias. Hoje, minha memória adormece no silêncio do teu quarto. Na tua ausência, todos os dias do resto da minha vida. E, no susto, lembro que nem a memória é imperecível, ela também tem prazo de validade. Ah! A senhora Impermanência que tudo devasta. Memórias frágeis de mim mesma, doce despedida de tudo o que se foi um dia.


DEMI-SEC ROSÉ

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Regina Lunkes Diehl

jornalista regina.diehl@soudoverde.com.br

Um povo educado e o seu lixo A Alemanha é um dos países que mais reciclam o lixo doméstico em todo o mundo, atingindo incríveis 65% dos resíduos produzidos. E foi justamente o apreço que os alemães têm pelo seu lixo o que mais me impressionou quando eu lá morei, há dez anos. O cuidado com que manuseavam seus restos de comida, embalagens de papel, vidros e metais despertou em mim uma consciência alarmante que me acompanharia pela vida toda: a de que tudo o que geramos de resíduos em nosso dia a dia é de responsabilidade exclusivamente nossa e que o cuidado com o consumo é uma necessidade humana de vital importância para a continuidade das futuras gerações. Hoje em dia, no Brasil, já estamos mais sintonizados com a questão do descarte apropriado. Mas, antes de partir para Niedersachsen (Baixa Saxônia), eu residia em São Paulo, onde coleta seletiva doméstica não existia e no máximo se viam algumas iniciativas isoladas em empresas mais antenadas. Por isso, chegar no interior da Alemanha (Oerdinghausen, área rural de Bremen) e ver que lixo e educação andavam de mãos dadas foi realmente uma grande surpresa. No meu primeiro dia de ciclista, a caminho do trabalho, enquanto mastigava uma banana, fui levada do prazer à preocupação: onde colocar a casca da bendita fruta? Não havia uma lata de lixo ou sequer uma “moitinha” meio fora de ordem que justificasse meu “descarte orgânico” (afinal, essa casca 70 |

iria virar adubo mesmo!). Repousei os restos da banana na bolsa a tiracolo. E a lição eu aprendi. No dia seguinte, já levava comigo uma sacolinha de papel que havia sobrado do pãozinho da manhã. Prossegui, alerta, em meus aprendizados pela Alemanha, um povo que para e pensa antes de consumir qualquer coisa e que carrega consigo sua mochila, bolsa ou cesta na bicicleta para acomodar também seus resíduos. Passeando pelo país durante dois anos, quer estivesse me perdendo pelas ruas de uma cidadela medieval, num dos palácios de contos de fada ou nos bares agitados da grande Berlim, aprendi a me virar para dar conta das lembranças do meu próprio consumo. As ruas alemãs raramente têm lata de lixo e, mesmo assim, não se vê nelas qualquer sujeirinha. Até bagana de cigarro eles sabem onde colocar. Todo fumante carrega consigo seu porta-baganas, pois, afinal, os outros não são obrigados a conviver com a SUA sujeira. Lições que me ajudaram a reverenciar meu próprio lixo. Desde então, eu trato com carinho tudo o que vou descartando. Lavo, escorro, separo, recolho, tudo certinho, com cuidado, porque foi assim que aprendi lá com “o povo que tem a mania de fazer tudo certinho”. Levo ao mercado as minhas sacolas reaproveitáveis, tenho dó de jogar fora garrafas de vidro e uma baita dor na consciência de comprar petiscos em bandejinhas de isopor. Caixas de embalagens eu reaproveito na minha empresa, e os temíveis sacos plásticos – que ainda insistem em proliferar Brasil afora em supermercados – eu uso para dejetos orgânicos. “Hã? Como assim? Lixo orgânico em saquinho de plástico, e você se considera uma ambientalista?”. Pois trata-se de um paradoxo que ainda vivemos por aqui e que será tema de uma próxima coluna. Até lá.


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Lígia Nery coach

Espantos e encantos Que loucos, ignorantes, insanos somos todos nós por deixarmos a vida escorregar entre os dedos todos os dias. Quantos beijos não dados, abraços desperdiçados, toques não concedidos, palavras não ditas, carinhos negados, vida represada. Passando a limpo nossos dias, podemos ver que tudo o que desejamos da vida está sempre tão perto, disponível, mas enxergamos longe e distante. Uma visão acostumada à vitimização do não ter embaça nossos olhos e não discriminamos mais o óbvio e, consequentemente, o disponível. Assim, o beijo fica na boca. O abraço, paralisado. O desejo, engolido. E um vazio sempre vivo e presente, preenchendo o nada. Por conta de que escolhemos esse caminho tão complexo e penoso? Que loucura é essa de não nos apossarmos daquilo que tão dignamente nos está sendo concedido – certamente por méritos, já que ninguém tem perto de si aquilo que não buscou? Se fôssemos falar em pecados, esse seria o campeão, o top da lista. Os momentos que se apresentam são

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sutis e fugazes e nos convidam a essa dança sublime no embalo do dia, e sabemos que são como a água dos rios, que nunca mais passará por ali, mas tem seu curso permanente convidando a entrar. Nos falta a espontaneidade para uma entrega mais visceral, que carrega consigo a inteligência maior da nossa existência. O verdadeiro poder se constrói na entrega e na confiança. O controle nos faz perder, ocupa e desgasta nossa energia, que pode ser direcionada a grandes experiências, e estas, sim, criam a base para que nos tornemos cada vez mais fortes e capazes de seguir em frente diante do novo que nos espera todos os dias. A existência se faz pela riqueza dos aprendizados que temos pelo caminho. Acima de tudo, parece que estamos perdendo a conexão com o espanto, adorável sensação que nos lembra estarmos vivos. Diz-se que “perder o espanto é perder o encanto”. Viver sem cor é viver sem o arrepio, sem as borboletas no estômago ou o frio na barriga. Estes são indicadores do caminho que vale seguir. Sem dúvida, nada define melhor perder a conexão com o que não podemos em nós permutar com o universo, sob pena de morrermos em vida.


Andréa Back

publicitária e jornalista

Cabeça, olho e coração burhan ozbilici

Uma foto do assassino do embaixador russo em Ancara, na Turquia, ainda com a pistola na mão e do corpo do diplomata estendido no solo ganhou o World Press Photo 2017. A imagem Um Assassinato na Turquia é obra do fotojornalista turco Burhan Ozbilici, que há 28 anos trabalha para a agência Associated Press. Uma imagem forte, que não precisa de texto para falar sobre o ódio na nossa época. O World Press Photo é o principal prêmio dedicado ao fotojornalismo no mundo. Nesta 60ª edição, participaram mais de 80 mil imagens, captadas por 5.034 fotógrafos, de 125 países. Temas variados, que vão de guerras, política e economia a esportes, cultura e meio ambiente, foram avaliados por um júri igualmente diverso. Representantes de 25 países (industrializados e em desenvolvimento), com diferentes credos e posicionamentos políticos, selecionaram os 154 mais impactantes registros que compõem a exposição. A foto vencedora causou polêmica: “É a imagem de um assassinato, com o assassino e o morto, ambos na mesma fotografia. Moralmente é tão problemático como publicar um terrorista decapitando a vítima”, comentou Stuart Franklin, presidente do júri, que admitiu ter votado contra a foto de Ozbilici. Porém, a maioria dos jurados entendeu que o fotojornalismo não tem o direito de dar as costas à realidade, por mais agressiva que seja. A World Press Foundation, uma organização sem fins lucrativos, foi criada em 1955, por um grupo de fotógrafos holan-

deses. Ao longo destes anos, este concurso e a exposição se tornaram uma das mais prestigiadas iniciativas em fotojornalismo e narração multimídia. Vista anualmente por 4 milhões de pessoas em todo o mundo, a abertura da Exibição 2017 aconteceu no dia 14 de abril, em Amsterdã. A mostra circulará por 45 países e, no Brasil, a única cidade a recebê-la foi o Rio de Janeiro, na Caixa Cultural. A iniciativa da World Press Foundation demonstra o esforço da organização em desenvolver e promover o jornalismo visual de qualidade, porque as pessoas não só têm o direito, mas precisam ver seu mundo e se expressar livremente. A liberdade de investigação e a liberdade de expressão são mais importantes do que nunca, e a capacidade de resumir um fato em uma imagem é essencial para o relato preciso e independente que torna essas liberdades possíveis. elena anosova

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De Nova York Cristiane Cavalcante Buntin

Paraísos Bruna Paraíso é uma velha conhecida. Não lembro exatamente onde nos conhecemos porque New York City é uma cidade dinâmica, onde o que menos corre, voa! Então não sei bem de onde, só sei que ela é uma garota fascinante, de múltiplos talentos – o próprio american dream come true. Paulista, formada em Administração de Empresas, sempre teve uma paixão: viajar e explorar lugares novos. Acho que vem daí a nossa amizade. A paixão pelo inusitado, pelo novo, pelo desconhecido. Há cinco anos, surgiu a chance de se mudar para NY em função da transferência do trabalho do marido, e não poderia estar mais feliz. Mas fazer o que da vida aqui? Bem, depois de anos no mercado financeiro, sabia que esse não era seu propósito de vida, queria fazer algo novo, e a vinda pra cá foi o gancho para pular fora da vida dos números. Um ano depois, por sugestão de amigos que pediam dicas do que fazer em Manhattan, surgiu, em um papo informal, a ideia de montar uma página com dicas da cidade. Da criação da página no Instagram junto com a irmã Renata ao e-mail disponibilizado para tirar dúvidas, surgiu o insta-famous NYCTips – que divide com os seguidores os hotspots da cidade, cria roteiros personalizados para os viajantes e muito mais! O canal no YouTube veio em seguida, as parcerias começaram a surgir, Renata ajuda a gerenciar do Brasil e Bruna toca o barco daqui. Sempre graciosa, delicada e com as melhores dicas de NYC. Hoje, o NYCTips consome seu tempo in74 |

tegralmente e ela se dedica com muita paixão. Bruna faz jus a seu nome: encontrou seu paraíso nas terras do Tio Sam e não há crise, não há nada, porque viajar é preciso! Hobbies: andar de bike no Hudson Park, jogar tênis no Central Park, passeios pelo West Village tirando fotos sem pressa (é um dos meus programas favoritos também, Bru!). Para comer: Lilia no Brooklyn, Pietro Nolita, Sushi of Gari e, como Bruna tem um sweet tooth, recomenda os cookies da Levain Bakery (eu também AMO!). Shopping: Anthropologie, & Other Stories, BCBG, Pottery Barn, Crate and Barrel, Fish Eddy (love it too!). Aproveitando a edição dedicada à França, um dos lugares mais apreciados por mim (e por todo mundo, acredito!), junto com a Bruna, recomendo os restaurantes Daniel, Augustine e Buvette! Uh-la-la! São absolutamente deliciosos e cada um no seu estilo e vibe, mas igualmente excelentes!


On a side note, acabei de voltar de uma semana incrível no sul da França e vou dar as minhas dicas aqui também: Mougins, na Cote D’Azur, é imperdível para quem está perto de Nice. Cidade eternizada por Pablo Picasso, que lá viveu os seus últimos anos de vida. Eze, com suas estátuas em homenagem às deusas da terra e seu Jardin Exotique, é uma cidadezinha pitoresca para se percorrer a pé (carro não entra). Tem um jardim botânico no topo da montanha, com seus cactos e plantas exóticas africanas, e, para completar o espetáculo, tudo isso na Riviera francesa com vista panorâmica para o Mar Mediterrâneo (J’adore!). 28 Avenue de la Liberté, 06360 Èze, France Uma das praias mais lindas já vistas por mim e onde comi a melhor comida dos últimos tempos: Anjuna Beach. Vale a pena comer no Anjuna Bay – caro, mas incrível, nem que seja para um drinque e petisco. Para quem se aventurar pelo Principado de Mônaco, a Brasserie Cafe de Paris, em Monte-Carlo, é uma pedida para uma cerveja estupidamente gelada e um peixe fresco com batata frita – prato não muito francês, mas, afinal, Monte-Carlo não é França, é quase. Mais ou menos 30 minutos de Mougins. Se joguem, C’est tout de bien! | 75


As Patrícias aspatricias.com.br

Brigitte Macron, uma mulher inspiradora A França tem uma nova figura pública inspiradora para as mulheres, com atitudes de bom senso, muito estilo e joie de vivre: Brigitte Macron. Além disso tudo, a primeira-dama francesa exibe também um detalhe raro, principalmente no tradicional meio político, que virou pauta desde as eleições que apontaram Emmanuel Macron como novo líder francês: 24 anos a mais que o marido. Isso a incomoda? Nem um pouco. Brigitte está se tornando uma figura cada vez mais simpática para os franceses. A primeira-dama, recentemente capa da Elle francesa, se confirma como uma mulher de seu tempo, mantendo a opinião forte, a força e o estilo impecáveis. Brigitte, como chegou a afirmar um artigo do Libération, é como uma revanche, uma vingança. Pode até parecer exagero, mas, numa sociedade doente por juventude e beleza, ver uma mulher dona de si, aguentando porrada de machistas mundo afora, ao lado de um homem poderoso e muito mais jovem do que ela, provoca certa sensação de satisfação, uma pequena vitória feminina. Brigitte e Emmanuel se conheceram quando ela era professora de teatro de Macron, então com 15 anos. Na época, Brigitte tinha 39, três filhos e era casada com o banqueiro André Auzière. A professora ficou cativada pela inteligência do aluno – e ele, inspirado pela cultura dela. E assim se tornaram amigos – e alvo de falatórios. O tempo passou – e aqui há certas controvérsias sobre o que realmente rolou. Brigitte se separou oficialmente em 2006. Um 76 |

ano mais tarde, casou-se com Macron. Ele a considera uma inspiração, uma parceira, alguém responsável por ele estar onde está, dedicando, inclusive, a vitória do primeiro turno a ela. Sem dúvida, Brigitte influenciou a visão política de Emmanuel, principalmente sobre as mulheres. O presidente já se descreveu como feminista, o que se refletiu ao longo da campanha com a defesa da igualdade de remuneração entre gêneros e a aprovação da licença-paternidade. Também garantiu que metade dos candidatos de seu partido, o En Marche!, será de mulheres nas próximas eleições. Brigitte, que chegou a se afastar do trabalho como professora para acompanhar a campanha de perto, debatendo todas as pautas com o marido, está entre os poucos que podem criticá-lo por algum discurso ruim, por exemplo. E dizem que faz isso duramente. Também deve ser uma primeira-dama bastante ativa, coisa rara na França, onde o cargo é meramente protocolar, diferentemente de países como os Estados Unidos, onde é oficial. Macron garante que Brigitte “terá uma voz, uma existência e uma visão sobre as coisas”. Enquanto a gente acompanha o desenrolar político, estamos atentos ao estilo de Brigitte. Embora tenha sido chamada até de “cagole” (uma gíria para vulgar, por assim dizer) pelo tradicional inglês Financial Times, Brigitte está bem longe disso. Respeita, sim, sua figura e sua idade, mas não descarta as tendências e peças modernas, coisa bas-


tante rara para esse ambiente tão formal – e por isso surpreende com suas escolhas. É clássica, mas com um bom tempero. Confirma que não precisa ser chata ou careta para ser elegante. As pernas, seu ponto forte, costumam ser reveladas por saias mais curtas que o usual no métier político e provocar narizes torcidos dos mais convencionais. Besteira! Ela só demonstra ser madura o bastante para saber valorizar seu ponto forte, aula essencial de qualquer guia de estilo mundo afora. Brigitte adora vestidos sem mangas de corte sequinho, calças finas de couro, jeans skinny, blazers e jaquetas biker ou modelos alongados com certa personalidade militar. Para o dia a dia, adota tênis, principalmente da marca New Balance, e jeans – comprovando que a idade não é limitador para o uso desses clássicos, embora algumas mulheres, erroneamente, insistam em descartá-los ao ficarem mais velhas (aprendam com ela, gurias!). Brigitte tem se confirmado como um exemplo do estilo tipicamente francês. Tan-

to que na posse de Macron, quando entrou triunfante e sozinha com o sorriso aberto, que é outro ponto forte de sua beleza, vestiu um conjunto azul de três peças da francesíssima Louis Vuitton, marca que está usando oficialmente há algum tempo. O modelo foi criado especialmente para ela pelo estilista Nicolas Ghesquière, diretor artístico da marca. Os acessórios também eram LV, o que foi bastante adequado e muito elegante para a posse. Todos emprestados, como parte das roupas que Brigitte usa da marca, assim como fazem muitas celebridades – ela também compra muitas peças, viu?! E o visual de Brigitte não se resume às cifras exorbitantes de ícones da moda francesa. Ao contrário. Costuma usar marcas mais baratas, inclusive com brincos de 24 euros, ou moletons com capuz. Tanto que, por isso e pela força ideológica junto ao marido, já foi comparada a Michelle Obama. A gente adora e torce para que Brigitte continue nos inspirando, afinal, mulheres fortes e autênticas sempre fazem bem. | 77


Cinema Marco Antônio Campos advogado e cinéfilo

Diane Keaton: nossa noiva neurótica preferida Entre as grandes mulheres do cinema atual, pontifica Diane Keaton, uma americana de Los Angeles, hoje com 71 anos, uma carreira plena de sucessos e um estilo absolutamente próprio de ser. Diane Keaton tem em seu currículo dois feitos memoráveis: o título de maior musa do mestre Woody Allen e ter participado da obra-prima O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola. Para Allen, trabalhou em alguns de seus melhores filmes, como o top de linha Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, Manhattan, Interiores, Sonhos de um Sedutor, A Última Noite de Boris Grushenko... Como a paixão de Michael Corleone, Kay, Diane Keaton tem um dos tantos papéis-chave de O Poderoso Chefão, vivendo uma mulher que entra no mundo particular da Família Corleone. Ela tem um Oscar de Melhor Atriz (Annie Hall), dois Globos de Ouro (Annie Hall e Alguém Tem que Ceder) e um Bafta (Annie Hall) Embora jamais tenha tido filhos, adotou duas crianças. No mês de maio, ela recebeu um Life Achievement Award do American Film Institute pela sua obra cinematográfica como atriz e diretora. Na cerimônia, Diane foi homenageada por monstros sagrados do cinema, como Meryl Streep, Al Pacino, Warren Beatty, a oscarizada Emma Stone e, para delírio de todos, Woody Allen. Woody Allen creditou a Diane Keaton uma grande parte do sucesso que ele conquistou na vida. Sempre achei Diane Keaton uma atriz e uma mulher excepcional.

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Os novos Duddu Vanoni fashion image creator

Dupla de Oz Doiz A partir desta edição, voltarei a mostrar novos nomes da moda gaúcha. Não somente estilistas, mas profissionais de outras áreas, com o objetivo de fomentar toda a cadeia. Além de um breve currículo, apresentarei um pouco do trabalho de cada um.

Oz Doiz

Em 2010, Karen Schröder entrou para a Faculdade de Design de Moda da UniRitter. No final desse mesmo ano, conheceu Thailan Reginatto, que trabalhava como vendedor da Fórum do Iguatemi, loja em que ela se candidatou a uma vaga. Não conseguiu o emprego, mas conseguiu o namorado. Thailan já trabalhava como modelo na Super Agency, mas ela ainda não. Porém, para o Dia dos Namorados de 2011, eles foram convidados para fazer a campanha do site de vendas online Estilo Exclusivo. Ela amou a experiência e decidiu entrar para uma agência. Foi para a Mega, depois trocou para a Super e, agora, está na Joy. Ele já viajou bastante, trabalhando na Indonésia, China, Turquia, Chile, Cuba e Equador. Estampou revistas como Harper’s Bazaar, GQ, Esquire, L’Officiel e Cosmopolitan. Juntos, foram duas vezes “modelar” na Indonésia. Na última viagem para lá, em 2015, faltando apenas um semestre para se formar, ela só conseguia pensar numa coisa: o que gostaria realmente de fazer? Lembrou de que na Indonésia viu fotógrafos muito jo-

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vens e talentosos trabalhando para diversas marcas e revistas. Como sempre amou fotografia, começou fazendo um curso na escola Fluxo de Porto Alegre, quando se apaixonou ainda mais. Convenceu Thailan a fazer outro com ela, afinal ele sempre adorou moda e fotografia também. Em 2016, começaram a fazer fotos, incluindo umas dela na praia para postar nas redes sociais. Os feedbacks foram maravilhosos. Tanto, que muito antes do que esperavam já estavam trabalhando. Em 2017, a dupla abriu o seu estúdio, com foco total em fotografia de moda. Ambos tiveram muita experiência nacional e internacional como modelos e também convivendo com dezenas de nomes importantes da área. Sem dúvida, observar variados estilos de profissionais é um grande aprendizado. E, com certeza, esse é um diferencial no trabalho da Oz Doiz: direção de acting por quem sabe posar, além de um refinamento no olhar de moda. Fora isso, um cuidado com acabamento, transformando um clique numa peça de verdadeira sedução. Conheça o trabalho dessa dupla talentosa e, ainda por cima, linda. Siga no Instagram: @ozdoiz 1. calça róca / maiô acervo stylist / sapato dr. borracha para pra presente / guarda- chuva fazzoletti para la maison / capa de chuva de vendedor ambulante / 2. ele – calça adidas / camisa uniqlo / sapato dr . martens / casaco h & m / guarda- chuva fazzoletti para la maison / ela – jaqueta acervo stylist / camiseta saloon 33 para pandorga / calça gucci para me gusta brechó / sapato karen schroeder / ele – casaco adidas / blazer mp tailoring / 3. ela – casaco burberry / blusa saloon 33 para pandorga / ele – casaco acervo stylist / calça mp tailoring / ela – vestido missoni / casaco st. trois / sapato acervo stylist / 4. ela – bota fendi / vestido róca / colar acervo stylist / ele – blusa calvin klein / jaqueta vintage me gusta brechó / short ocksa para pandorga / sapato dr . martens / ela – capa de chuva de vendedor ambulante / guarda-chuva fazzoletti para la maison


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Moda

Amelie La Pois Fabuleuse

Amélie Inspirado em Amélie Poulain, personagem cheio de graça de Audrey Tautou que muda-se para Montmartre para ser garçonete em Paris. Encontrar um objeto faz com que ela tenha um olhar ainda mais terno sobre o mundo e sobre a doçura dos pequenos gestos. As páginas a seguir são uma releitura do estilo da francesa no mundo da moda. Graça com estilo, delicadeza com personalidade. Delicie-se.


Saia Patricia Motta, blazer Cris Barros para Twin-Set e regata Pink Poa para Zila.

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Blusa e saia Bo.Bô e Sapato Jorge Bischoff.

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Vestido e gorro Passeio da Graรงa e casaco Zara..

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Blusa Bo.Bô, avental e lenço As Modistas.

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Vestido Apartamento 03 para For Woman

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Saia Olympiah, blusa vivaz para Twin-Set e sapato Jorge Bischoff

Blusa e shorts Tigresse para Passeio da Graรงa

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Blusa Nana Kokaev para Zila, casaco Zara e boina acervo As Modistas.

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Conceito e stylist As Modistas Fotos Nattan Carvalho Assitente de foto Marlon Erthal Beleza Carol Horn Modelo Taina Brixner (Joy) Locação Pâtissier Agradecimento especial para Marcelo Gonçalves pelo carinho e guloseimas.

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Casaco de pele Passeio da Graça e vestido Bo.Bô.


Vestido Tigresse para Passeio da Graรงa

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deuochic.com Vitor Raskin

Lisette Andreolla Feijó & Paulo Afonso Girardi Feijó receberam com elegância os convidados na noite em que as Debutantes do Porto Alegre Country Club foram apresentadas. A primeira dama do tradicional clube da cidade vestiu look amarelo de Carolina Herrera. O salão principal ganhou paineis verdes e paisagismo assinados por Luciano Gonçalves Rebollo e belos arranjos de flores feitos pelo bom gosto do mestre Sebastião Coelho. Iara e Roberta Jalfim foram as responsáveis pela organização da noite. Deu O Chic Total

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As Debutantes do Porto Alegre Country Club em noite de longos brancos

De olho no desfile de suas filhas Claudia Wolf Ling chamou a atenção com vestido de Elie Saab e Jadna Freitas com look de Giorgio Armani

O charme de Valentina Jardim Converso

Marcella Zaffari Flemmia entre Greice e Adulce Zaffari

Paulo Eduardo Paglioli & Andréa Nunes Paglioli apresentaram sua filha na festa que marcou o início da temporada de bailes na cidade

Querida de todos Eda Rache entre as sobrinhas Laura e Adriana Rache | 101


DEU O  CHIC Cristiano Cruz & a bela nutricionista Cristina Zinelli participaram do almoço em que a Fendi recebeu na Villa Sergio Bertti para comemorar abertura de sua pop up store. A movimentada tarde contou com bate papo bacana do consultor de luxo Carlos Ferreirinha e do stylist Rapha Mendonça. Entre as presenças que estiveram em Gramado Juliana Johannpeter, Maria da Graça Coelho, Maria Cecilia Sperb , Bettina Becker, Silvana Porto Corrêa, Patricia Rebello e Ricardo Malcon, Silvana e Dagoberto Zanon, Góia Tellechea Cairoli, Ana Saeger e Roberta Kolling. Rita e Cristiano Berti ajudavam na acolhida aos convidados que elogiaram o belo espaço de design,decor e life style da serra.

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A Bergerson apresenta o Panthère de Cartier com movimentado coquetel assinado por Chefe Lucio Gastronomia em sua loja do Shopping Iguatemi - Fotos Jonas Adriano

Maria Flores e Fatima Scheid

Os elegantes mimos entregues aos clientes contou com trufas deliciosas de Neiva Buratto

A bela Claudia Ioschpe na noite movimentada na Bergerson

Ingrid de Kroes elogiou as peças apresentadas

Paula Leivas da Rosa entre as presenças conhecidas

A sempre elegante Maria Clara Schiavon participou do encontro

​Zuleika Pinto Ribeiro, Marcelo Gonçalves e Sandra Echeverria

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Aline Viezzer fotos cássio brezolla

Vothan no Hotel Saint Andrews em Gramado

O coquetel de inauguração da Vothan Gramado no Hotel Saint Andrews marcou a mais nova unidade da alta joalheria da empresária Ju Carvalho. A atriz Vanessa Giácomo, garota propaganda da marca, que recentemente lançou a nova coleção chamada Unic Collection, veio ao Rio Grande do Sul diretamente para a Serra Gaúcha, e realizou mais um ensaio de fotos e a inauguração da Vothan Gramado no castelo do hotel Saint Andrews. Aline Zanchi e Andréia Coletto

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Jéssica Murakami Mariah Rossi e Vanessa Giacomo


Carla Bonato e Janete Dambrรณs

Veronicah Sella e Natiele Krasmann

Fabian e Paula Feijรณ

Tiago Esmeraldino e Manu Bertamoni

Liane Weber e Tabatha Colla | 105


Flavio Mansur de Pelotas

Betinha Fleck Schultz apresentou a sua nova coleção de jóias em almoço para 70 mulheres, semana passada, no Chu Restaurante. A ambientação da elegante casa de Cláudia e Fernandinho Manta distribuiu as convidadas pelo salão principal, e ao centro estava a mesa de jóias, que encantou pelo bom gosto e a atualização. Singelos arranjos em astromélias rosas, um charmoso regalo oferecido por Betinha, serviço irretocável idealizado pelo Chu e sua qualificada equipe de cozinheiros, espumante para proporcionar a perfeita confraternização e mulheres muito chiques e atraentes foram a tônica do acontecimento.

Simone Mansur Silveira 106 |

fotos lidiane gomez

Almoço elegante

Betinha Schultz e Claudia Manta

Jaqueline Hallal Pallamolla

Beth Zerwes


Lucia Weymar

Maria de Fatima Ribeiro

Marcia Wrege Karam

Fabiana Sant Pastous Lemos

Rubia Canabarro

Paula Brauner | 107


-x-x

DIOGO CARVALHO SANTOS, RENATA GUERRA, FELICINHO SANTOS, nossa estrela TÂNIA CARVALHO e FABIANO DEL REY

YARA JALFIM e FERNANDA SZTILER

por

Mariana Bertolucci fotos lenara petenuzzo

ANA GABRIELA GUIMARÃES, KARINA STEIGER e FERNANDA SAFFER


BETTINA BECKER | 109


GREICE BOFF e SILVANA PORTO CORREA

PAULO GASPAROTTO e VITÓRIO GHENO

CRISTINA ZINELLI e CRISTIANO CRUZ

PERCIANO BERTOLUCCI, o ator LEONARDO MACHADO, caracterizado para dar vida a Leonel Brizola e RANIERI RIZZA

DORA VELHO e GRAÇA BINS

LUIZA HEBERLE

CLAUDIA SACRAMENTO e BRUNA GOMES


JULIA CAPELLARI LACKS | 111


ROSA e LUIZA SPUNBERG

BRUNA GUMA e LUCAS COSME

FERNANDA SPUNBERG e ALESSANDRA DUBIN

DEBORAH RUSCHEL ALVES, SILVIA RUSCHEL SUKIENIK e HELENA RUSCHEL PY

GABRIELA SCHWARTSMANN e CLARISSA CABEDA

DENISE BORGES DE CASTRO DIAS

EDUARDO SANTOS


VICTORIA SEGER e a pequena VALENTINA | 113


Vitรณrio Gheno artista plรกtico

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