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POR
DEZEMBRO 2017 #23 R$ 10
MARIANA BERTOLUCCI
ROBERTO D'AVILA
Um dos maiores jornalistas brasileiros conta suas histórias de paixão pela comunicação, pelas pessoas e pela vida CLAUDIA TAJES
LETÍCIA WIERZCHOWSKI
FLAVIO MANSUR
Em volta da Mesa
Por Ranieri Rizza e Liane Neves
A movimentação de Pelotas
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Ranieri Maia Rizza e Liane Neves
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Cristie Boff
Paz e amor Direção
Mariana Bertolucci marianaabertolucci@gmail.com Editora
Mariana Bertolucci Editor de arte
Auracebio Pereira Revisão
Daniela Damaris Neu Comercial
Cláudia Sacramento claudiasacramentor@gmail.com (51) 9 9966-8740 Denise Dias denisebcdias@gmail.com (51) 99368.4664 Fabiana Spengler fabianaspengler8@gmail.com (51) 99399-4505 Editora do site da Bá
www.revistaba.com.br Letícia Heinzelmann leca_he@hotmail.com Colunistas
Ana Mariano André Ghem Anelise Zanoni Aline Viezzer Claudia Tajes Cristiane Cavalcante Buntin Cristie Merlin Boff Duddu Vanoni Fernando Ernesto Corrêa Flávio Mansur Heloisa Medeiros Henrique Steyer Ivan Mattos Jaqueline Pegoraro Liane Neves e Ranieri Rizza Ligia Nery Lou Michel Milena Fischer Regina Lunkes Dihel Tina Menna Barreto Vitor Raskin Vitório Gheno
E foi-se o ano que parecia não ter fim. Nesta derradeira edição, você vai ler as lúcidas opiniões do jornalista Roberto D’Avila, um dos maiores entrevistadores do país. Na Bá 23, também vale conhecer a história das belas Juliana Mueller, Miss Rio Grande do Sul 2017, e Marina Baggio, artista plástica baiana. Foi batizado de SummerScape o editorial de moda incrível com conceito e direção criativa de Duddu Vanoni, styling assinado por Tanise Haas e com cliques belíssimos de Carlos Contreras. Lançando seu novo livro, Dez Quase Amores + 10, Claudia Tajes, minha amiga querida e colunista leal, nos conta com sua hilária doçura sobre a importância dos encontros à mesa. A artista plástica Cristie Boff mostra em sua coluna seu sensível olhar para a mais recente Bienal de Veneza e Ivan Mattos conta a bonita história de amor pela arte de Lou Borghetti. Dudu das Caipiras nos conta também nesta edição sobre sua trajetória de sucesso. Um ano cheio de paz e amor. Boa leitura, Mariana Bertolucci
Ilustração
Graziela Andreazza a revista bá não se responsabiliza pelas opiniões expressas nos artigos assinados. elas são de responsabilidade de seus autores. todos os direitos reservados.
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foto da capa: globo
/ estevam avellar
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tonico alvares
Capa
Humana
admiração
globo
/ zé paulo cardeal
Mariana Bertolucci
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Ele chegou a cursar Direito na USP, quis ser ator porque no início da efervescente década de 1970 só pensava em morar no Rio de Janeiro, mas formou-se em História e Jornalismo na França. Paulistano, filho de gaúchos, o que o jovem Roberto D’Avila buscava naquela época era uma profissão fora da curva. O emblemático Hair iria estrear no Rio com Sônia Braga, Antônio Fagundes e José Wilker no elenco: “Fiz o teste porque queria morar no Rio e era um caminho para ter um salário. Não vingou porque eu era muito desafinado e Hair era basicamente um musical".
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Capa
O Rio era uma referência nacional. A cultura acontecia lá, além da beleza. Era a cidade dos sonhos. Desde criança, lá em Passo Fundo, eu ouvia a Rádio Nacional”. Paulista de nascença, gaúcho de formação e carioca de coração, criado nos quintais paulistanos até os seis anos, o jornalista foi direto para as ruas e para os campos de Passo Fundo, onde a família plantava trigo e soja. Nunca mais voltou à cidade, depois de sair, aos 16: “Me sinto gaúcho de alma. De formação. Foi muito importante. Cheguei um guri, como se diz aí. Não sei se quero voltar a Passo Fundo, porque tenho uma imagem tão lúdica da cidade”. Pergunto se ele tem receio de se desencantar. Ele me responde que a palavra não é desencantar: “Acho que perderia a imagem linda que tenho, para uma nova imagem que não sei se quero ter. Meu Passo Fundo é infantil e adolescente, onde fiz muitos amigos. Como diz o Gil sobre a Bahia, Passo Fundo me deu régua e compasso”. Depois da intensa temporada gaúcha, aos 19 anos, o jovem desembarcou na Bahia, onde conheceu um grupo poderoso de jornalistas que viriam a influenciar seus passos na carreira: “Já eram jornalistas importantes. Conheci o Reali Júnior e ficamos muito amigos. Ele foi para Paris e, três anos depois, também fui e começamos a trabalhar juntos. Foi na Bahia também que conheci o Fernando Barbosa Lima, meu sócio e um grande jornalista de televisão. Os dois foram meus esteios profissionais”. Com Reali, Roberto despertou a pai10 |
xão pelo jornalismo, em Paris. E com Fernando, estreou na televisão como correspondente, na França, do programa Abertura, sucesso que Barbosa Lima apresentava na extinta Rede Tupi, entre 1976 e 1979. Juntos criaram o Canal Livre, a partir dos anos 1980, logo após a abertura política no Brasil. Foram sete anos em solo francês. Além dos cursos de História e Jornalismo, conviveu com a turma bacanuda brasileira exilada por lá: “Não fui exilado, mas vários amigos foram. Tinha 23 anos e foi um momento muito rico na política e na cultura”. Experiência somada aos três anos de Direito e ao interesse natural de sua geração pela política e a cultura, Roberto D’Avila voltou ao Brasil e transformou-se em um dos maiores nomes do jornalismo nacional. Em 1983, na Rede Manchete, criou, dirigiu e apresentou os programas Conexão Internacional, Diálogo e Persona. Entre 1984 e 1990, colocou em prática os estudos de história e supervisionou as séries Xingu, Kuarup, Os Brasileiros e Japão – Uma Viagem no Tempo, dos irmãos João e Walter Moreira Salles. Anos depois, incentivado por Leonel Brizola, estreou no Congresso Nacional em grande estilo e foi um dos 594 deputados constituintes, eleito pelo PDT, com mais de 70 mil votos. De 1988 a 1992, foi o vice-prefeito de Marcello Alencar, no Rio. Ainda na Cidade Maravilhosa, assumiu as pastas de Turismo, Esportes e Cultura e do Meio Ambiente, respectivamente. Mas a paixão pelo jornalismo e a fal-
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Capa
ta de jeito para o jogo político o fizeram voltar às câmeras. Em 1998, apresentou e dirigiu o programa Conexão Roberto D’Avila na TV Cultura, que passou pela Record e pela Band, até que em 2008 passou a ser transmitido pela TV Brasil. O formato do programa comandado por ele desde 2014 na GloboNews, o Conexão Roberto D’Avila, existe há 34 anos. Reservado na vida pessoal, ele não tenta aparecer mais do que seus convidados e em minutos suas entrevistas ganham ares de bate-papo amigável. Não raro, torna-se amigo dos entrevistados. Culto, refinado, viajado, ele transita há décadas com habitual elegância e atenção nas melhores rodas intelectuais, culturais e políticas do Rio, de São Paulo e de Brasília. Na época em que jornalistas brasileiros não tinham acesso às grandes estrelas internacionais, conduziu entrevistas memoráveis com figuras como Jorge Luis Borges, Gabriel García Márquez, François Mitterrand, Chagall, Woody Allen, Federico Fellini, Catherine Deneuve, Marcello Mastroianni, entre muitos outros célebres. Roberto entrega ao seu atento espectador mais do que palavras ou opiniões sobre a vida das pessoas com quem conversa. De olhar tão doce como voraz, o entrevistador de gestual firme e gentil convida o interlocutor a uma rica troca de sensações, sentimentos e informações, deixando, muitas vezes, seus personagens ainda mais à vontade do que ele próprio parece se sentir, o que resulta em longas conversas, com conteúdo, re12 |
flexão e sem respostas prontas. O treino de uma vida para tão sedutora valsa de palavras conduzida impecavelmente por D’Avila foi com grandes personalidades mundiais dos anos 1980. Uma delas foi Yves Montand, quando, viajando pelo interior da França, após entrevistar Chagall, parou para dormir no Colombe D’Or, que pertencia a Montand. Ali se deu a oportunidade. A histórica primeira entrevista de Fidel Castro à TV brasileira foi fruto de seu bom relacionamento com García Márglobo
/ renato rocha miranda
quez. Para encontrar Fidel, subiu de mula até o alto da Sierra Maestra, ponto inicial da revolução cubana. Dezenas de líderes políticos, presidentes da República, pensadores, escritores, artistas e todo tipo de gente já foram e são entrevistados por D’Avila há quase meio século: “Gosto de ver o mundo mudando, de ver pessoas inteligentes. Sou um admirador dos seres humanos”. Em nome dos milhões de telespectadores brasileiros, agradeço pelas cinco décadas de “mundo mudando” pelo seu peculiar e lúcido olhar. MB
Alguma técnica ou preparação especial para uma entrevista? Eu não sei. Desde pequeno, gostei de escutar. Nos almoços e jantares da minha casa, escutava as pessoas mais velhas. Sempre ouvi muito. É um jeito meu mesmo. Foi acontecendo e fui criando minhas maneiras. O programa é gravado quase direto. Hoje tenho mais facilidades para estudar os personagens, para saber da vida das pessoas. Conforme as respostas, vai-se evoluindo. Procuro dar um olhar humano para a entrevista. Não gosto de entrevistas técnicas. Gosto mais de entrevistas em que se possa explorar mais o lado humano. Você já teve produtora, agência de notícias e já foi político. Como é ser múltiplo na comunicação? Pois é, acho que todos nós somos muitos. Mario de Andrade dizia que nós somos 300. Eu não diria que somos tantos assim, mas somos muitos. Então, se você puder na vida explorar várias facetas da sua personalidade, você viverá várias vidas. Assim como uma viagem, você vive a vida da viagem e a sua vida. E com as profissões, também. As várias atividades enriquecem muito. Mas as coisas sempre aconteceram na minha vida. Nunca projetei muito. Foi indo. As portas vão se abrindo, você abre outras, as pessoas que você conhece são muito importantes, você vai fazendo escolhas. Tudo foi acontecendo naturalmente... Fale um pouco da sua rotina... A produtora está bem desativada. Eventualmente, faço alguma coisa. Depois que fui para a | 13
GloboNews, passei a me dedicar mais a esse trabalho. Faço outras coisas, como consultorias e palestras e atividades para aumentar os meus recursos. Mas basicamente me dedico ao programa. Você poderia ter seguido carreira política. Foi secretário de Estado e deputado constituinte. Por que não seguiu? É, eu conheci o Brizola no exílio dele. Quando foi expulso do Uruguai, ele foi para Nova York, onde foi recebido por Paulo Francis. Depois foi a Paris, e fui uma das pessoas que o receberam lá. Eu tinha dois amigos que estavam em Montevidéu com ele. O Tarso de Castro e o Josué Guimarães. Eles me ligaram, e foi quando encontrei o Brizola e ficamos muito amigos. Sempre o admirei, desde a Legalidade. E lá em Paris convivemos muito. Fizemos vários encontros políticos com ele e o Mitterrand, que ainda não era presidente. Fomos à Alemanha. Quando eu voltei ao Brasil, em 1982, ele me convidou para ser secretário. Eu agradeci, mas queria fazer o Conexão Internacional e ainda tinha coisas para fazer no jornalismo. Em 1986, o Darcy Ribeiro, que era meu amigo também, me incentivou muito para eu ser candidato a deputado constituinte. E acabei entrando no PDT, por causa do Brizola. O PDT foi uma criação dele porque tiraram o PTB dele. Então, fui eleito constituinte. Depois fui vice-prefeito do Rio, secretário do Meio Ambiente e de Cultura, sempre indicado por ele. Mas eu não tinha temperamento para o jogo do poder. Não era uma coisa que me fascinava. Na segunda candidatura presidencial dele, eu até pedi que ele não fosse candidato, porque achei 14 |
que seria um equívoco político, mas ele quis ser. E foi muito mal. Segui com ele até o final e nunca mudei de partido. Até que disse para ele que queria sair da vida pública. Ele nunca se conformou muito. E nós ficamos amigos sempre. O que você diria sobre a figura humana dele? Quanto mais eu o conheci, mais eu o admirei. Era um homem admirável. Um homem que tinha uma visão própria do Brasil. De um Brasil mais justo, mais humano. Era um homem muito sério. Um republicano mesmo. Um homem muito inteligente e muito leal às coisas da política e de transformação. Como você acha que ele reagiria a tudo isso? É muito difícil projetar isso. Acho que seria um exercício meio vazio de minha parte. O Brizola era muito criativo. Às vezes, você achava uma coisa, e ele vinha com outra. Muito mais para fora do que para dentro. Para dentro, ele era muito mais negociador. Mas fazia uma imagem que às vezes nem correspondia à realidade. Ele era um personagem. Seu perfil é eclético. Algum segmento ou assunto que o seduz mais? O que me seduz são as pessoas. É o ser humano. Qualquer área. Você aprende, depois de uma longa carreira como a minha, que há pessoas que têm uma grande obra, mas que são até medíocres como pessoas. E há aquelas que não têm uma grande obra, mas que são ricas como pessoas. Então, o ser humano que é interessante. Claro que explorar as possi-
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/ zĂŠ paulo cardeal
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/ joĂŁo cotta
bilidades de alguém que tem um grande trabalho é melhor porque certamente terá feito grandes coisas e terá passado por mais experiências. Eu fiz muitas coisas em todas as áreas, artísticas, humanas, culturais e políticas, no mundo inteiro. Nos anos 1980, eu tenho um trabalho de mais de cem entrevistas internacionais com grandes personalidades. Algumas estão no YouTube. O ser humano que é interessante. A história das pessoas. Por isso que eu gosto da entrevista. A entrevista mostra toda uma personalidade. Tem projetos ou personagens que foram mais marcantes como entrevistador e o fascinaram mais? Eu gosto de todos. Em cada época da minha vida, houve personagens importantes. A primeira entrevista que Fidel Castro deu para a televisão brasileira foi comigo. Ficamos duas horas na TV nos anos 1980, quando Cuba estava no auge e havia a discussão sobre o socialismo, e foram momentos importantes. O político espanhol Felipe González Márquez, na época da Nova República começando com Tancredo aqui. Eu fazia as perguntas sobre a Espanha, ele respondia para o Brasil, para passar uma mensagem por aqui de abertura política. Outras como com o ator italiano Marcello Mastroianni ou Edward Kennedy nos Estados Unidos também marcaram. Oscar Niemeyer, o próprio Brizola, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, que entrevistei em Paris e de quem fiquei amigo. Foram mais de 70 grandes personagens. Do que uma mulher precisa para seduzi-lo? (Risos) Acho que desde criança
sempre gostei muito das mulheres. Admiro muito as mulheres. Sou um fã das mulheres, acho que as mulheres são seres muito mais completos do que os homens. São mais enigmáticas, mais interessantes, às vezes mais inteligentes e mais perspicazes. Então eu gosto e admiro as mulheres. E gosto da beleza feminina. Mulher é talvez a coisa mais preciosa que existe. E sempre me acompanharam. Então eu tive algumas, é verdade (risos). Tem muitas amigas também? Tenho. Uma grande amiga minha aí no Sul é a Lucia Verissimo, minha grande amiga. Fale sobre o André e a Lara. Como é e foi a paternidade na sua vida? Eu não sei se fui um pai exemplar. Eu fui um pai amigo. Um pai que sempre fez tudo pelos filhos. Tenho uma excelente relação com eles. Mas acho que as mães até foram mais importantes na sua criação. Foram mães diferentes. Debito muito a elas, mas acho que também eu tenho a minha participação. Quando o meu filho André, que nasceu em Paris, era pequeno, cuidei muito dele no primeiro ano, porque na França não tem babá como aqui. Ajudei e aprendi muito a cuidar. Minha filha já foi mais fácil, aqui no Rio, em outro período. Nós temos uma relação muito próxima. Os dois são meus amigos. Nos últimos tempos, seus personagens se voltaram um pouco mais para a política, né? É. Entrevistei o Lula, o Fernando Henrique, o Aécio, a Marina, Olívio, Tarso Genro, entre muitos outros. | 17
O que o encanta em um político? Pessoalmente, o caráter. A maneira correta de agir. Entrevistei grandes políticos, o Brizola, dr. Ulysses, Tancredo. Grandes personagens da República. Gosto de pessoas que têm um olhar sério para a vida pública. Isso que me encanta mais em um homem público. Quem faz a vida pública realmente acreditando naquilo. O que é cada vez mais raro. A vida pública está vivendo um momento de um certo abastardamento pelos personagens que a gente vê. Estou falando do geral. Já foi muito melhor. É imglobo
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/ joão cotta
portante que os jovens se interessem pela política e participem. A política ainda é a única saída, não tem outra. Há um vazio de lideranças, há muitas delações – não estou falando das delações da Lava-Jato. Acho que se está fazendo política com o fígado para todos os lados. Com muitas raivas e amarguras. Devia-se fazer política com uma certa irmandade. As pessoas e os partidos viraram inimigos e não adversários. E isso atrapalha o jogo político, quando se vira inimigo. “Nós” e “eles” é muito ruim para o país. As pessoas deveriam se tratar
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/ joão cotta
com mais hombridade. Porque, no fundo, o que você quer? É melhorar o Brasil. Mas se fica em um jogo partidário, só um jogo de poder. Você perde muito. E é o que está acontecendo hoje. Em vez de você pensar como estadista, você pensa na eleição de amanhã, quando você tem de pensar nos planos do Brasil. Que Brasil que se quer? Há muito pouca discussão nesse sentido, há uma discussão muito mais primária. Que avaliação você faz desse ano pós-impeachment da Dilma e do governo Temer? Acho que a Dilma infelizmente foi muito incompetente, senão ela não teria caído. Claro que até por causa da economia, se a economia estivesse indo bem, não haveria o impeachment. O impeachment foi muito mais jogo político do que qualquer outra coisa. Mas ela também não tinha mais condições políticas de se manter no poder. Então é triste, mas a realidade foi essa. Agora
acho que, enquanto não chegarem as eleições, para que se mude, estamos assim. Se o Temer realmente conseguir fazer reformas de que o Brasil precisa... A questão é que ele está preso a um sistema partidário completamente falido, então vai ser muito difícil. Acho que ele vai ter grandes turbulências pela frente. Nós vamos viver anos difíceis até, quem sabe, chegar às eleições e, quem sabe, começar um novo caminho. No fundo, o PMDB sempre foi o que é, parceiro do PT, parceiro de todos os partidos. Não acredito que a mudança esteja por aí. Não vai ser o Temer. O que precisa é passar esse momento. Vamos ver como a gente vai chegar ao final. Alguma reforma mais necessária? A reforma política é a prioritária. Enquanto não houver uma reforma política, será difícil. Não mudará enquanto o Brasil tiver 30 partidos e esse sistema de coalizão presi| 19
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/ renato rocha miranda
dencialista, o tipo do voto. O eleitor precisaria conhecer e acompanhar o seu eleito. Um voto distrital. Por exemplo, no Rio Grande do Sul, você escolhe seu candidato para deputado estadual por região, com quem você terá mais proximidade. Mudar principalmente a questão partidária. Não é possível continuar um país com 30 partidos e mais 25 sendo criados, o que é só para ter dinheiro do fundo partidário, para ganhar tempo na televisão e ser vendido. Então isso tudo é básico para a política começar a andar. O que achou das Olimpíadas no Brasil? Não participei, mas acho que foi um sucesso. O Brasil, quando quer, faz bem feito. E foi muito bem feito. Com todas as dificuldades, foi um sucesso para o mundo. Eu, durante uma parte, estava na Europa, e pude sentir lá o quanto foi importante para 20 |
a nossa imagem. O que o deixa feliz? Me deixa feliz as pessoas ao meu lado estarem bem, os meus filhos. O país, é claro, como um todo. Você não pode ser feliz no meio de tanta injustiça, de tanta iniquidade. Acho que a felicidade está ligada ao meio em que você vive. Claro que a família é muito importante, o amor é muito importante, a saúde de todos. Mas não só isso. Você não pode viver feliz em um país em que você tem medo de sair na rua à noite por causa da violência. A palavra “feliz” é complicada. Porque felicidade é muito temporal. A vida é feita de momentos difíceis e momentos melhores, você tem que buscar os melhores. No mundo todo hoje, com as comunicações, você está a par de tudo o que acontece no próprio momento. E o mundo talvez esteja até melhor do que o mundo em que já se
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viveu, mas, como você vê tudo hoje, você tem a impressão de que é um caos. Mas o mundo já foi pior. As pessoas já morreram em guerras maiores e as epidemias eram maiores. Hoje a vida é mais longa. Mas a impressão que temos é de que vivemos em um tempo muito ruim. Há um pensador italiano de que eu gosto muito que é o Domenico De Masi, que diz que nós vivemos um “desorientamento”. E é um pouco isso, um “desorientamento” das pessoas numa busca por um mundo melhor. O mundo evoluiu muito na tecnologia, mas o ser humano continua com as mesmas carências. Enquanto houver um abismo entre as pessoas, no sentido econômico, vai ser muito difícil conseguir uma sociedade mais justa. Arrependimentos? Muitos (risos), mas não vou falar de arrependimentos. Fiz coisas que gostaria de não ter feito, erros que cometi. Mas nós todos somos humanos e aprendemos com os erros. Derrotas e vitórias. Um homem não é construído como uma casa. Constrói-se um homem com suas tristezas, com as suas alegrias, com seus amores e com seus erros também. Costuma escrever além dos roteiros de programas? Sou muito preguiçoso para escrever. Já escrevi artigos de jornais, um pequeno livro sobre Fidel Castro, com a entrevista que fiz com ele, outro sobre cineastas. Estou pensando, já escrevi umas 50 páginas em uma espécie de minha memória através dos outros. Zuenir Ventura tem um livro que se chama Minhas Histórias dos Outros, que é um pouco isso. A minha his22 |
tória é ligada com muita gente. Vamos ver se eu consigo levar para a frente. Tenho um pouco de preguiça. Livros e músicas? Muitos, muitos, mas um que me marcou muito foi Cem Anos de Solidão. No momento em que eu li, tinha 18, 19 anos, até estava nos Estados Unidos. Depois eu ainda entrevistei duas vezes o García Márquez e fiquei amigo dele. Houve outros, mas esse foi um livro que me marcou. Músicas, muitas também, gosto muito de música. Lembrei de uma, Blue Moon. Gosto desde criança. Nessa crise impresso-digital, que papel nós, formadores de opinião, temos? Você está pegando essa mudança toda e vai poder se adaptar. Eu já não. Eu já estou tecnicamente morto. Estou em um outro mundo, que já acabou. Ainda bem que eu mantive essa parte das entrevistas, porque isso não acabará nunca. Mas o jornalismo como jornalismo mesmo, o jornalismo vive uma fase diferente, assim como a vida também vive. Mudou tudo. Houve mais mudanças nesses últimos 10, 15, 20 anos do que em toda a história da humanidade. As coisas foram mais rápidas nos últimos anos do que na humanidade inteira. Então, imagine o impacto disso no ser humano, nas crianças. Tudo é diferente. Quem é Roberto D’Avila? Roberto D’Avila está para ser descoberto ainda. Todos os dias deparamos com facetas nossas, que vamos conhecendo. Eu gosto de estar bem, no mundo das pessoas próximas a mim.
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/ estevam avellar
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Fernando Ernesto Corrêa jornalista e advogado
Paz e alegria, por favor! Se vocês leram algumas de minhas colunas aqui na Bá, sabem que fui um cético e pessimista de carteirinha. Se alguma coisa me dizia respeito e tinha a probabilidade de dar errado, eu já antevia que ela daria errado. Impregnado desse preconceito, achava mesmo que o Grêmio não iria ganhar bulhufas nesta temporada. Ademais, reconheço ainda que fui muito briguento, posto que discordando apenas no terreno da opinião, sem nunca chegar a vias de fato. Por isso, convivi até há pouco com a frustração que, mesmo episódica, me fazia sofrer acima da normalidade. Aliás, não era difícil alimentar um certo mau humor face à caótica situação reinante em todas as áreas em nosso mal gerido país. Por exemplo, vocês estão satisfeitos com a insegurança que nos transformou em verdadeiros prisioneiros no lar? É claro que a irritação e o mau humor não eram permanentes, mas me acompanhavam com frequência. Agora, ao entrar na quarta etapa de minha passagem pela terra, decidi mudar, até porque poderemos chegar perto dos cem anos com razoável vitalidade e com a cabeça ainda com algum descortino (quinta etapa da vida). Daí que não quero mais confusão com ninguém e por nada. Adquiri a consciência de que não vale a pena a gente se indispor e se insurgir por seja lá o que for. Eventuais desavenças têm de ser zeradas na hora, sem mágoa nem rancor. A vida é esta que nós temos e nada mais, incrédulo que sou quanto a existir algo além da morte. Decidi, ainda, deixar de ser rabugento e buscar uma maior convivência com a felicidade, que, embora passageira, pode e deve ser encontrada. Para tanto, passei a dar mais valor às coisas pequenas ou importantes que possam me fazer feliz. Seja um mero gesto de atenção e carinho recebido, seja algo mais substantivo e 24 |
valioso. Cito, como mais importante, a alegria e orgulho que me dá meu filho mais moço, Ramiro, ao ver a forma dedicada e responsável como faz seu curso de Psicologia na PUC e a paixão com que se entrega ao estágio profissional no Ceapia. Isso não tem preço para os pais. Vejam só o grau de minha mudança, porque, numa perspectiva mais emocional, passei a acreditar que o Grêmio seria o Tri Campeão da Libertadores, o que espetacularmente aconteceu. Preciso fazer um parêntese antes de concluir para não ser mal interpretado. Não pensem que minha vida até agora foi um desastre. Não é bem assim. Tenho uma família que amo. Bons e leais amigos. E exerço uma atividade profissional que me apraz. Tudo o que eu falei é sobre a parcela desperdiçada do meu viver no passado. Mesmo assim, estou disposto a reduzir ao mínimo possível essa parte pobre e ampliar o que me dá tranquilidade e satisfação. É o esforço que proponho a vocês. Não se iludam os que pensam que estão plenamente satisfeitos com o seu estado atual, ponto final! Mesmo esses certamente têm espaço para reduzir a dimensão da parte escura e multiplicar os momentos iluminados de sua vida. Em decorrência, sugiro aos jovens ou velhos que também ajam com uma visão positiva e busquem a paz como regra de conduta e a alegria como um dever de ofício. Tanto uma como a outra serão encontradas se a elas dermos a necessária prioridade. A paz interna é o principal pressuposto para que se encontre a alegria em nosso dia a dia. O exemplo de minha visão um pouco (ou bastante) negativa da vida no passado é aqui exposto para que vocês fujam dela. Não vale a pena sermos belicosos e amargos. Todos nós precisamos de paz e alegria. Tratemos de caçá-las e alimentá-las, pois elas estão ao nosso alcance.
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Ana Mariano escritora
O escândalo do sexo Em O Banquete, um dos diálogos de Platão, vários ilustres cidadãos atenienses, reunidos para festejar a vitória de um deles num concurso de poemas, combinam não beber demais para que sóbrios, ou quase sóbrios, possam louvar Eros, o deus do amor. Cada um dá a sua versão do amor. Diferentemente de todos, Sócrates nega que Eros (o amor) seja um deus, ele é um daemon, um espírito intermediário entre os homens e os deuses. Sua origem seria a seguinte. Os deuses festejavam o nascimento de Afrodite (a deusa da beleza) num banquete. Entre eles, estava Recurso (Poros), um dos deuses mais belos e poderosos, filho de Prudência. Na escadaria do palácio, mendigando migalhas, não convidada para a festa, estava Penia, deusa da pobreza e da falta (daí a palavra osteopenia). Embriagado, Recurso vai até o jardim do palácio e adormece. Penia deita-se ao seu lado e o seduz. Desse ato nasce Eros (o amor), filho do Recurso e da Falta, que carrega consigo por toda a vida as características antagônicas de seus pais (riqueza e pobreza, ter e não ter). Essa, segundo Sócrates, seria a origem do amor, conforme lhe fora ensinado pela sacerdotisa Diotima. Como os participantes do banquete não escondem nem limitam, falam abertamente do amor físico louvando todas as suas formas, inclusive o amor homossexual e até a pede-
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rastia (era comum e tinha outra conotação naqueles tempos), O Banquete, durante a Idade Média, torna-se um livro perigoso. Sua versão original circulava apenas de forma clandestina nos mosteiros e, mais tarde, até 1960, integrava o index, a lista de livros proibidos pela Igreja Católica. Disso, é possível concluir que, para sobreviver à inquisição e chegar até nossa época, esse livro foi adulterado na Idade Média e, talvez por isso, um dos conceitos modernos mais distanciados do seu sentido original é o de amor platônico, que, ao contrário do que se pensa hoje, jamais negou o corpo. O amor seria uma escada de sete degraus, dos quais o primeiro seria o amor físico, a necessidade de se buscar a imortalidade pela procriação, o segundo seria o amor não por uma pessoa, mas pelas formas belas, o terceiro seria o amor pela beleza, independente da forma, e assim por diante, até alcançar o belo, o bom. A diferença entre o amor descrito por Platão e seu conceito moderno é que em Platão os degraus se somam, não se eliminam, portanto, do medo e suas fogueiras supõe-se que veio essa adulteração do conceito original. Assim, em Platão, o amor inicia-se no corpo e, sem descartá-lo, sem esquecê-lo ou negá-lo, vai em busca do belo. Os gregos nos ensinam isso há mais de 2,5 mil anos, será que nunca vamos aprender?
Milena Fischer jornalista
Agora é o que há Você e eu vimos um ano de 2017 esfregar na nossa cara que retroagimos (ou que nos demos conta de que, afinal, somos os mesmos que há centenas de anos). Rudes, intolerantes, julgadores, egoístas. Se tivéssemos pedras, teríamos atirado várias em variados grupos, pessoas, ideias. Teríamos queimado livros, pessoas, artigos e obras de arte. Não o fazemos por pudor ou porque as leis que antes não existiam nos intimidam. Ou por receio das redes sociais. Vimos e vivemos um ano em que as crises política e econômica nos intimidaram e nos diminuíram. Nos levaram a tratar mal parceiros, colegas e o trabalho, nos levaram a minar esperanças e pessoas. Nos diminuímos em 2017, de uma forma geral. Deixamos as ruas por medo, tivemos cada vez menos acesso ao espaço urbano, encolhido por políticas públicas (?), demos muita atenção a uma mídia também minada por essas frustrações, tivemos mais dúvidas sobre como criar nossos filhos diante do espectro digital – e mal sabemos nos movimentar nele sem criar atritos históricos.
Nos próximos ciclos, temos a opção, porque sempre temos, de seguir nos diminuindo e encolhendo ou reconstruir algum espaço de convivência menos claustrofóbica. Abandonar a fobia de ser menos que o vizinho do Instagram que posta a praia perfeita, abandonar as expectativas do que não nos diz respeito e... viver, no melhor que podemos ser dentro das nossas próprias vidas (reais, feias, lindas, tristes, não tão coloridas, às vezes incríveis). Nos próximos ciclos, temos a opção, porque sempre temos, de voltar (para quem algum dia foi) a ser mais... humanos. E ver nisso a beleza do próprio SER humano. Quando falo nesses sentimentos, penso na minha filha pré-adolescente, com seu olhar gentil e apaziguador. Ao conviver com ela e suas amigas e amigos, sinto esperança, como a gente sempre sente nos jovens. Mas mais agora do que antes. Sem julgamentos, com um olhar de desdém para o que valorizamos tanto, com amor real pelas amizades profundas, com reflexões puras e instintivas. Com a intensidade de quem sabe que viver o agora é o que há. E, possivelmente, não há nada mais que seja tão real como se entregar a isso.
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Claudia Tajes
escritora e publicitária
patia não virou amor entre um risoto de funghi e um brownie com sorvete? Pedindo entrada e cafezinho, então, quantos não tiveram tempo de comprovar que gostariam de estar com a pessoa do outro lado da mesa pelo resto da vida? Dependendo da eternidade para a maquininha de cartão chegar, deu tempo até de planejar as reformas no apartamento dela, necessárias para quando a cadelinha dele, chamada Luna, mudar para lá com o dono. É na mesa, também, que grandes negócios são fechados – mesmo que, na manhã seguinte, passado o efeito do vinho, a gente caia na realidade e desista de dar o peitaço que vai nos tirar de vez da vida de assalariados. Isso quando se está recebendo salário, claro. Não faz mal. Enquanto duraram os planos, apenas de pensar em não ver a cara do chefe todos os dias, todo mundo foi feliz. Mesa é, pois, felicidade. Mas mesa, óbvio, não é só delicadeza. O que se faz de tramoia e maracutaia em volta dela não é para amadores. Esses lautos jantares que o Temer oferece aos políticos da sua base em troca de apoio para isso e aquilo, por exemplo. Coitados daqueles aspirantes a vereador que ofereciam um sanduíche de apresuntado para quem votasse neles. Agora os menus são muito mais elaborados, sempre tem salmão e, de preferência, alguma receita com tapioca para conferir a brasilidade que a ocasião exige. Muitos dos candidatos que distribuíram sanduíches para o eleitorado foram escorraçados da política – e com razão – por más práticas. Mas o que dizer do presidente que, na cara dura, enche a barriga dos parlamentares nos convescotes em que o prato principal somos todos nós? Nessas horas, parece que a única coisa a fazer é reunir quem se gosta em volta de uma mesa e ficar junto, bem junto. Pode que os problemas não desapareçam, mas que ajuda a unir forças para viver o ano que está chegando, ah, isso ajuda.
Em volta da mesa É em volta da mesa que muitos dos melhores momentos que a gente vive ficam guardados em alguma caixinha da memória. O sabor, o cheiro, a mão de alguém na sua pela primeira vez. A cada almoço, a cada jantar, a mesa pode ser um país desconhecido onde quem chega nunca sabe ao certo o que vai encontrar. Mesa lembra comida de vó e de mãe. E, agora que a cozinha deixou de ser território exclusivo das mulheres – muitas só pisavam lá por obrigação, diga-se –, a mesa também já está lembrando comida de pai, de avô, de namorado, de marido, de filho. Na minha família sempre foi assim. Se para a mãe a cozinha era uma tortura que se traduzia nos pratos que ela nos oferecia, as receitas do pai transformavam a segunda-feira mais ordinária em dia de luxo. Mesa também é igual a aniversário. Muitos amigos, poucos amigos, só a família, um batalhão, depende da popularidade – ou da discrição – de quem comemora. Houve um tempo em que o aniversariante levava os convidados ao restaurante e pagava tudo para todos. Atualmente, só ganhando na Mega-Sena da virada. Uma coisa que me perturba nos aniversários em certos restaurantes é quando uma horda de garçons irrompe com velas acesas em um bolo, batendo palmas e cantando o Parabéns com o alcance vocal dos Três Tenores. Muito cliente já deve ter se engasgado com a costela nessa hora. Há o aniversariante que se constrange um pouco, há o que curte e se diverte. É o que importa. Quem tem que gostar é ele, não a vizinha chata da mesa ao lado. Mesa é romance. Quanta sim28 |
Agora os chocĂłlatras tĂŞm mais um local para se reunirem.
Canoas 1 andar, em frente a Renner Shopping Canoas Av. Farroupilha, 4545 /chocolatrasoficial Marechal Rondon @chocolatrasanonimos Canoas / RS
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FOTO: RAUL KREBS - ESTÚDIO MUTANTE
Tina Menna Barreto
nutricionista | www.tinamenna.com.br
Vida artificial (ou Inteligência alimentar) Lá antigamente, bem lá atrás mesmo, quando se comia para viver e não se tinha geladeira nem internet, os hidratos de carbono eram verdadeiros presentes da mãe natureza, já que estavam distribuídos irmãmente nos alimentos. Era a perfeição em forma de solução, quando era possível comer sem culpa e obrigatório gastar energia. Era o tempo em que a sobrevivência vinha antes da vivência. Isso já faz tempo, claro. Claro também ficou o carboidrato (refinado), aquela farinha branquinha (refinada), aquele arroz soltinho e branco (refinado), aquela tapioca promissora (refinada). A galera dos refinados chegou, arrasou no início, mas agora está mais para gangue do que para turma do bem. Sabe-se que o carboidrato da fruta se
chama frutose, o do leite se chama lactose e o de trigo, batata, raízes se chama amido. Sem entrar na química da questão, essa é uma informação que precisa estar na ponta da língua quando a pergunta é: “Precisamos comer carboidratos refinados, como farinhas e açúcares?”. Não, não precisamos. Nem fomos programados para isso. Tudo na gente foi feito sob medida, sob controle, para completar e não para dificultar nossa vida. Mas, infelizmente, assim como o desmatamento, hoje as cinturas aumentaram mesmo em corpos magros. É hora de cuidar do planeta que recebemos com o nome de corpo, dizendo não aos refinados, pelo menos cinco dias por semana. O que sobra? Tudo o que não passou pela indústria. E não é pouca coisa.
Bá, que delícia Ivan Mattos
por
O charme e a sofisticação do La Table D’Or Há cerca de dez anos, o chef Paulo Roberto Gradin, empresário do setor imobiliário, decidiu partilhar suas elogiadas habilidades gastronômicas com um público maior do que os amigos e familiares, que costumavam frequentar seus almoços e jantares caseiros. Especialista em suflês, abriu seu restaurante em Gramado e, em pouco tempo, virou referência na região das hortênsias. Um público exigente logo se tornou apreciador de suas premiadas receitas, que utilizam camarões, bacalhau, filé e peixes selecionados, em pratos que costumam provocar até os paladares mais sofisticados de turistas nacionais e estrangeiros que aportam por lá. O restaurante La Table D’Or, em Gramado, mais do que uma experiência gastronômica, tornou-se um referencial de boa mesa quando o apuro sofisticado pede mais do que o convencional em se tratando de uma boa refeição serrana. Quem experimenta o menu da casa torna-se cativo. Com sua localização privilegiada na região do Lago Negro, o restaurante de culinária mediterrânea tem no atendimento especializado o seu diferencial. Tudo ali foi pensado para a satisfação dos sentidos. De todos os sentidos. O ambiente sóbrio, onde o preto e o branco dominam e predominam, foi o acerto inicial do decorador Décio Muniz, que criou uma identidade visual para o casarão situado no meio de um bosque entre luzes e sombras, neblina e estradas de terra. A luz baixa, que varia quando necessário, cria o clima intimista em uma atmosfera que não se vê mais em restaurantes da
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Serra Gaúcha. Aliadas a uma carta de vinhos de qualidade, o restaurante guarda pequenas joias, como os crème brûlée de pistache ou baunilha flambados com um maçarico na frente do cliente, em uma receita da esposa do chef, Margarida Gradin, que está sempre presente por lá recepcionando os visitantes. Para quem tiver dúvidas sobre o prato a escolher, o gentil maître descreve cada um apresentando as imagens em um tablet onde se pode começar a comer com os
olhos. O La Table D’Or ainda tem a particularidade de oferecer transporte aos turistas que estiverem sem carro ou para aqueles que optaram por apreciar um bom vinho ou espumante e não querem dirigir no retorno da refeição. Mas atenção: é imprescindível fazer reservas antecipadamente. O La Table D’Or costuma estar sempre lotado, de quinta a domingo. Justificadamente. Localização: Rua Carrieri, 525, Gramado | 33
Bá, que show Ivan Mattos jornalista
A arte de Lou
“A arte existe porque a vida não basta.” Ferreira Gullar A vida da artista plástica Elizethe Borghetti parece se basear neste conceito. Talvez venha daí a sua expressividade que extravasa qualquer rótulo. Ela é viva, criativa, colorida, usa um bindi indiano no centro da testa, nada nela é convencional. Sua voz é uma marca registrada. Quem a conhece sabe como é bom ouvi-la falar. Sobre qualquer assunto, principalmente sobre arte. Foi através da arte que cresceu, se informou e se moldou. Ela precisa se expressar, seja falando, pintando, criando, escrevendo, lecionando ou, simplesmente, sendo Elizethe, Liz, Elizethe Helena Cantali Borghetti ou Lou Borghetti. Quem é Lou Borghetti? É ela também. O seu heterônimo, digamos assim. Apelido que ganhou do segundo companheiro, José Carlos Teixeira da Silveira. Era uma personagem contemporânea de Freud: Lou Andreas-Salomé, uma mulher brilhante que convivia com cabeças geniais de sua época. Adentrar a casa/atelier de Lou tem o efeito de cair no poço sem fundo de Alice no País das Maravilhas. Há livros por todos os lados, uma imensa televisão com internet sempre ligada no YouTube tocando só música boa, quadros seus pelas paredes, estantes, objetos de arte, coisas, muitas coisas. E um retrato seu pintado por Iberê Camargo, seu mestre. Para um atelier, tem um chão limpíssimo, sem um pingo de tinta. Caprichos de uma capricorniana exigente e atenta. Ela precisa estar assim, rodeada de certa ordem, para criar. Logo que cheguei, fez um tour comigo pela casa recém-reformada. Ela precisa de horizontes. E de discos, livros e DVDs. E de uma cozinha grande para receber os amigos enquanto prepara suas receitas. Pergunto de onde vêm tanta imaginação, tanta cor, tantos quadros. Ela me conta que é encantada por cores e formas
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fotos tonico alvares
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desde a infância. Herdou o nome da cantora predileta do pai, quase se chamou Soraya devido à primeira esposa do Xá Reza Pahlevi, um ícone de beleza da época. “Muito melhor, prefiro Elizethe”, ela confessa. Como entrou a arte na vida dela? “A primeira coisa que eu pensei foi em ser pianista, gosto de música, mas não havia aulas públicas na época e não tínhamos dinheiro para particulares. As artes visuais entraram pela facilidade. Não é preciso muita coisa no primeiro momento. Comecei pintando camisetas e lenços que vendia no táxi do meu pai”. Filha de pai motorista, primeiro de caminhão, depois de táxi, e mãe costureira, Lou foi à luta cedo. Primogênita nascida em Chapada – tem três irmãos homens –, ela se confessa desinibida. Ordem cronológica é coisa que não importa muito para Lou, que vai e volta em sua história de maneira cativante. “Nasci em Chapada. Morei em Carazinho até os sete anos, quando vim para Porto Alegre, com meus pais e meus irmãos”. Alguns encontros foram decisivos em sua vida. Primeiro, com seu analista. “Fiz anos de análise e conheci o José Carlos Teixeira da Silveira, que foi meu companheiro por sete anos. Fui me analisar com ele, e na quinta sessão aconteceu o que lemos em livros. Ele me disse que não poderíamos seguir porque ele estava emocionalmente vinculado a mim. Nos tornamos amigos e começamos a namorar”. Outro encontro foi com um pintor famoso que conheceu casualmente: “Conheci Iberê Camargo em 1980. Não conhecia a sua pintura. Passei na galeria e deparei com uma tela grande, escura e muito dramática. Pensei: ‘Não gosto, vou embora’. Andei uns metros, voltei. Parei novamente. Olhando a tela pelo vidro, eu pensava: ‘Como alguém pode pensar algo assim, pintar assim, eu não teria esta tela em minha casa, ou teria?’. Entrei, perguntei: 36 |
‘Quem é o pintor?’. E um senhor alto e gentil se aproximou e disse: ‘Sou eu’. ‘Ah, desculpe, eu posso ser franca? Não gosto da sua pintura, me aflige’. E ele disse, atencioso: ‘Nem eu, acabo de encontrar uma pessoa sincera’. Com o tempo, tornou-se assistente do mestre. “Ele me dava aulas de desenho a partir do Goya. Eu adoro arte comparada, então fiz um paralelo entre ele e Goya, que ficou genial. Eu tive quatro mestres absolutamente importantes na minha vida. Plínio Bernhardt, que foi meu professor de desenho de figura humana. Danúbio Gonçalves, que me ensinava aquarela e gravura lito. Eu fiz aula com a Fayga Ostrower, no Rio de Janeiro, e a Renina Katz, as duas de gravura. E o Iberê Camargo de pintura. E de vida também”. São cinco, né, Lou? Estudou ainda com Fernando Baril e Katie Van Scherpenberg. Frequentou o Atelier Livre da Prefeitura Municipal de Porto Alegre entre 1973 e 1980, onde estudou entalhe com Anestor Tavares e escultura com Claudio Martins Costa. E fez a oficina de Marco Túlio Resende, em Belo Horizonte. Realizou workshop de aquarela na Universidade de Belas Artes de Sevilha e de Florença. Assim, a arte entrou definitivamente em sua vida. A maternidade foi uma experiência fundamental para ela. “Minha filha tinha oito anos quando eu me separei, e foi uma separação muito dolorosa, como todas são. Difícil, complexa e doída. Eu só tinha um medo, de não poder dar a melhor educação para a minha filha. Se eu não pude ter, em muitos momentos, eu queria que ela tivesse. O maior luxo da minha vida foi ter dado a melhor educação para a minha filha. Ela ter se formado brilhantemente e eu ter feito a festa de formatura. Com dinheiro advindo da pintura. Esse foi o maior luxo da minha vida e segue sendo. Não tem nada de que eu fique mais vaidosa do que disso”. Lou adora ler, principalmente os clás-
sicos. Em sua biblioteca, tem quase 2 mil livros, cujo foco principal é arte, mas tem filosofia, biografia de artistas e muitos livros da Anaïs Nin, da Lou Andreas-Salomé. Atualmente, está viciada em audiolivros, que permitem que ela conheça obras que sempre quis ler, mas não tinha tempo de se dedicar. A última empreitada foi ouvir durante sete horas seguidas O Inferno, de Dante, que recomenda como “a coisa mais linda que eu vi na minha vida”. E comenta: “E eu acho que a Lava-Jato já existia naquela época, porque é igual. O que ele diz é impressionante, ele fala da corrupção o tempo inteiro, que os corruptos estão quase encostando lá com o diabo. Eu fiquei numa faceirice de escutar isso, porque é um livro difícil de ler, e a audição é tão boa”. Outra de suas paixões são as aulas de pintura que ministra há 28 anos. “Uma das coisas mais importantes da minha vida são meus alunos. Todo artista gosta de ensinar, de dividir sua arte. Tenho que ter uma segunda opção para não pressionar a venda e diminuir o valor do quadro, tornar comercial demais. Tu aprendes muito ensinando. Sou muito apaixonada e vivo disso, preciso liberar a minha pintura, eu preciso de alunos. Se não tiver alunos, eu vou sofrer”. De onde vem um quadro? “Ninguém sabe. Está no Cosmos. Eu trabalho a memória. São memórias de infância, e nessa memória há todos os espaços possíveis de paisagens e de escalas diferentes entre as coisas. Começo sem ter a menor ideia, nem de cor. Eu mais ou menos planejo, mas quem manda em mim é o quadro. É um embate terrível. Entre colocar a tinta no pincel e levar até a tela. Às vezes, na tela, o resultado não é bem aquilo. Aí tu tentas outra cor. É erro e acerto o tempo inteiro. Essa dor é presente, e prazerosa”, arremata com aqueles olhos enormes e vivos que parecem conter toda a paleta de cores. As cores de Lou Borghetti. | 37
Objetos e desejos Henrique Steyer arquiteto e designer
O louco amor de Yves Saint Laurent As cinzas do célebre estilista francês Yves Saint Laurent, responsável por redefinir os conceitos de moda que se conheciam até então, estão num oásis em meio ao clima seco do Marrocos, onde ele e seu companheiro, Pierre Bergé, realizaram as mais icônicas festas que a high society europeia frequentou em Marraquexe. O lendário Jardim Majorelle é um dos principais locais turísticos da região. Inspirado nos jardins islâmicos, abriga uma vasta quantidade de espécies de vegetação exótica e ornamental que enchem até os olhos dos menos sensíveis à beleza. O nome do local é em função de seu fundador, o pintor francês Jacques Majorelle, que o criou em 1931, e foi em 1980 que Saint Laurent fez a incrível aquisição. A edificação é imponente e suntuosa e o jardim é considerado uma obra viva, sempre em constante movimento e mutação, onde pessoas do mundo inteiro circulam ao lado de diversos pássaros que por ali constroem seus ninhos. Foi nesse cenário incrível que nasceu o azul mais azul de todos, quando em 1937 Jacques Majorelle criou o “azul Majorelle”, uma espécie de azul cobalto muito intenso que destaca até hoje a beleza da casa que compõe em perfeição com o jardim. Yves Saint Laurent e seu fiel escudeiro Pierre Bergé conheceram esse paraíso em 1966, durante sua primeira viagem a Marraquexe. Em 1980, a dupla adquiriu o local para salvá-lo de um projeto de um complexo hoteleiro que previa a sua destruição. Até hoje, o jardim emprega cerca de vinte jardineiros e é um dos locais mais visitados por turistas que passam por Marraquexe em busca de algo realmente lindo para encher os olhos e alimentar a alma. Acreditem em mim, a gente sai dali acreditando que uma vida mais colorida ainda é possível.
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Intensa doçura Fernanda Lubianca Saffer é de uma família de médicos desde o bisavô. Com a irmã caçula, Paula, e os pais otorrinos, Moacyr Saffer e Mina Lubianca Saffer, ela nasceu e cresceu em Porto Alegre. De presença tímida, porém bem-humorada e dócil, sempre foi uma amiga leal e dedicada. Desde pequenina, lembra do orgulho que sentia ao acompanhar o pai em visitas a pacientes recém-operados: “Eles diziam que o pai tinha salvado a vida deles”. Desde essa época, Fernanda sabia que queria ajudar na qualidade de vida das pessoas como faziam os pais. Pensou em Medicina, mas escolheu Odontologia. Depois de dois anos formada pela UFRGS, em 1999, fez prova para extensão em ortodontia e passou para a pós-graduação na University of Michigan School of Dentistry, em Ann Arbor. Como a decisão de seguir os estudos em Michigan exigiria morar por lá, ela escolheu fazer a formação na UERJ. Em 2011, quando já era mãe de Arthur, voltou aos EUA para uma minirresidência em medicina do sono, na Baylor University, de Dallas, no Texas, assunto que chamou a atenção da dentista depois que o avô, que tinha apneia, adoeceu. Ela foi certificada em Odontologia na Medicina do Sono pela Associação Brasileira do Sono. A mais recente habilitação da curiosa e obstinada profissional é o Invisalign, técnica de uma empresa norte-americana. Sobre o momento atual, minha doce e densa amiga querida responde: “É um tempo intenso e de realização. Vários projetos e um filho querido de nove anos para dar carinho e atenção. Sou um turbilhão. Inquieta, persistente e não desisto até conseguir o que quero”. MB 40 |
Por que a Odontologia? Gosto que as pessoas se sintam felizes e seguras. Quero ajudá-las a terem segurança e sempre gostei que me visitassem (risos). Como se interessou pela qualidade do sono? Sou de uma família médica focada em respiração. Meu avô Ruben Lubianca sofreu muito depois de um AVC decorrente da apneia. O ronco é algo sério, não pode evoluir. Me foquei no aparelho odontológico que trata o ronco e apneia. E o aparelho transparente? O Invisalign é de um material diferente, sem brackets e móvel. Profissionais que respeito estavam usando a técnica, fiz cursos e me especializei. Não dói, dá para tirar para sair ou escovar os dentes. Um sonho? Profissional ou pessoal… Que alguém administrasse meu consultório e eu ficasse só com a parte artística. Viajar três vezes por ano. Com meu filho, com as amigas e, quem sabe, com o namorado. Você aprendeu a... Não desistir. Quando quero algo, não piso no freio. Não abro mão da ética, mas faço tudo para conquistar meu objetivo. Para o sucesso, não tem elevador, precisamos subir as escadas... A maternidade... O Arthur desperta o melhor em mim. Quero sempre fazer mais e melhor por ele. Ele é meu maior companheiro. Um arrependimento? Não costumo me arrepender. Busco ensinamentos nas experiências. Me arrependeria se deixasse de fazer algo que eu quisesse, mas me jogo e depois vejo no que dá... Às vezes, dá certo. Às vezes, não (risos)... O que seduz no seu trabalho? É maravilhoso sentir que podemos transformar a vida das pessoas. Sou apaixonada pela minha profissão. O que a faz feliz? Estar com meu filho, ver Netflix comendo negrinho. Amaria fazer esporte com ele, mas só quer futebol. Estar com os amigos. E estou apaixonada por wakeboard… Lava a alma, renova para a segunda-feira.
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carlos
CONTRERAS
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Gentileza, cor e sabor
Aos 18 anos, George Eduardo Silveira dos Santos já trabalhava como boy nos escritórios do Moinhos de Vento, bairro onde nasceu e cresceu. Pegava delícias do La Baguette e do Sanduíche Voador para os diretores e executivos que por ali trabalhavam. Quando o happy hour ganhou de vez as rodas de amigos, ele atendia à tardinha os mesmos clientes do dia. Para se aperfeiçoar, fez um curso de garçom no Senac e desde então passou por boa parte dos lugares dos anos 1990 e 2000, como a Torta de Sorvete, Ópera Rock, Publicitá Café, Riversides do Iguatemi, Gattopardo, Dado Bier, Café do Prado, Touch e Pink Elephant. Em 1992, ele se casou com Luciana, com quem teve Bruna e Leonardo, e começou a abrir mão das boates para trabalhar nas residências de clientes: “Meu aprendizado foi todo com os clientes. Queriam um charuto, lá ia eu correndo para a General Store. Se era um sorvete, eu corria para a sorveteria. Sabia o nome de todos. Gostava de dar atenção”. A pedido da clientela, caprichava cada vez mais nos drinks, clericots e caipiras nos jantares e festas pequenas dos seus clientes confirmados. Vendo o sucesso que aquilo fazia, foi aprendendo e se interessando. Em 2010, foi convidado para fazer só caipiras no Plaza São Rafael. Foi quando se deu conta de que as misturas diferentes de sabores e cores dos drinks eram um negócio em potencial. Desde então, ao lado da mulher, não parou mais de crescer com o Dudu Drinks, desde 2011. Acompanhado de seus colaboradores coordenadores, já chegou a pilotar oito eventos em um só sábado. Sua presença sempre gentil e educada e o Bar do Dudu montado nos salões da Capital e de todo o Estado são sinônimos de festa top, atendimento gentil e eficiente e drinks deliciosos. MB
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Qual o segredo do Dudu das Caipiras? Padrão rígido de qualidade, estar ligado em tendências, buscar novidades. Estamos sempre testando sabores, não dá para se acomodar nunca. Buscamos o novo, da criação à estética dos drinks. E inventamos bar de gim, de clericot, vinhos aromatizados, Dudu Kids, com direito a milk-shake de pipoca. O que é essencial para trabalhar com pessoas? Ter um tom de voz para falar com as pessoas. Nunca subestimar ninguém, nem os clientes, nem os funcionários. Gentileza gera gentileza. Qual o segredo da caipira do Dudu? Muita fruta em qualquer caipira. Carisma e simplicidade. Vendemos alegria, harmonia, magia, e sem tristeza. Um aprendizado? Aprendi muito com o ser humano, fiz amizades, ajudei e fui ajudado. Acho que por isso as coisas deram certo. Aprendi, observando as reações e as opiniões das pessoas, a importância da ética e da educação. Como você se desafia? Sempre pensando em inovar e melhorar os processos. Sou exigente comigo mesmo e gosto de mudanças. Gosta de trabalhar às vezes como garçom? Tem a arte de servir. Então, às vezes, eu sinto saudade. Ainda mais que, hoje em dia, surpreende as pessoas. Então, para mim, é um prazer. Caipira número 1? A caipira gaúcha com bergamota, limão e gengibre.
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robson nunes
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OutBá
TIAGO LINS W W W.T I A G O L I N S .C O M @T I A G O _ L I N S
fotos tiago lins
MARINA BAGGIO W W W. M A R I N A B A G G I O.C O M @MARINABAGGIOART
Livre Marina Os pais se separaram quando ela tinha quatro anos. Tempos depois, Marina Baggio lembra dos primeiros voos sozinha para passar férias no Sul com a família paterna. Ou de brincar sozinha com bonecas e bichinhos e criar histórias com longos enredos. Nascida em Salvador, ela é filha do chef gaúcho Alexandre Baggio e da profissional de hotelaria baiana Marines Hanel: “Acho que via muita novela e filmes (risos). Lembro de não usar brinco por um bom tempo e das pessoas me perguntarem se eu era menino ou menina”. O interesse pelo mundo da moda começou aos 12 anos, quando ela já media 1m72cm. Época em que visitou agências, fez um book e começou a conciliar a escola com os desfiles. Boa aluna na adolescência, a casa onde morava era colada no muro da escola, o que garantia tardes de casa sempre cheia de amigos depois das aulas: “Tinha meus momentos cercada de gente, mas também muitos momentos sozinha”. Aos 15 anos, viajou para a Califórnia para um intercâmbio de férias e no ano seguinte assinou um contrato para modelar na China, onde ficou por nove meses. Tudo alimentado pela confiança dos pais, que sempre incentivaram sua independência: “Lógico que com imaturidades ao longo do processo, mas aprendi muito com as bobagens”. Marina sempre gostou de desenhar e fazer colagens, mas não enxergava a arte como profissão. A dedicação era para a moda: “Viver assiduamente a vida de modelo me trouxe frustrações, questionamentos e decepções. Em um momento, voltei para o Brasil meio deprê, com compulsão alimentar, e deixei a carreira de lado”. Foi quando 44 |
LUA ALBUQUERQUE @LUAALBUQUERQ B E AT R I Z V I A N A @ _ B I AV B F
Marina Baggio despertou para arte. O início foi como uma terapia, desenhando mandalas. Aos poucos, impregnada de liberdade e desejo criativo, foi criando sozinha sua linguagem própria. Começou a passar os desenhos para pranchas de surfe e a receber encomendas de amigos e conhecidos. Aprimorou técnicas, explorou vertentes e tudo foi fluindo de forma orgânica e natural. Como é a Marina. “Mais pessoas foram conhecendo o tra-
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balho, gostando e querendo, e eu viajando e espalhando pelo mundo. Hoje tenho mais consciência de tudo, da função energética dos meus traços de alegria e de harmonia inspirados no espaço e na história do cliente”, conta Marina. Sua obra tem uma pegada de trama, de costura transversal. Murais contemporâneos, como uma teia de energia, uma tatuagem na parede, cuja técnica ela aprendeu também na pele. Porque não comercializa seus desenhos, comprou uma máquina para eternizá-los: “O que fiz até agora foi muito experimental. Vou pegar a técnica”. Desde que chegou da última viagem, assinou trabalhos particulares e em mostras de arquitetura em Salvador, como a Toque da Casa e a Casa Cor Bahia. Em Floripa, está pintando duas sedes de uma escola de Ashtanga Yoga. Não raro, ela está em São Paulo a trabalho ou filmando em Porto Seguro: “Tô por aí. Os projetos surgem pelo nosso fluxo e as conexões”, conta a artista, que, ao lado do marido e de duas amigas, passou seis meses entre Ásia e Europa realizando projetos audiovisuais autorais e para marcas. “Vendemos uma linguagem de lifestyle, de experiência real, com essência e conceito. Sou grata pela minha vida e aberta e conectada com o universo, então as coisas fluem. Sou feliz fazendo o que amo”. E já que falamos de amor, pergunto sobre a vontade de ter filhos. Ela me conta que pensa na maternidade com carinho desde sempre e que quer muito ser mãe, mas não já: “Não temos previsão de abrir a fábrica (risos)”. Por enquanto, treina com o enteado de sete anos e os filhos de amigos. Realizada, seu desejo é seguir neste movimento de mais viagens, aventuras, trabalhos e conexões: “Minha mãe me ensinou tudo e me expôs a situações que me fizeram quem sou hoje. Me incentivou a ser independente, o que engloba autoconhecimento, cuidado, atitude e autenticidade”. Sobre a onda reacionária que vem atacan46 |
do as manifestações de arte, ela explica que a maioria procura apenas a estética na arte, o belo. “Arte não é só isso, é questionamento, sensação, alegria, desconforto e interesse. Existe para provocar e expandir a mente. Não me choquei, porque o domínio religioso e o político não são novos. Não são nem 200 anos da abolição da escravidão, e muitas mulheres ainda vivem sem voz, a maconha ainda é vista como droga, as pessoas são dependentes da indústria farmacêutica e somos reféns do
petróleo... É tanta coisa errada, que não fico surpresa. Chateada, sim, mas não surpresa. Onde vamos parar é a grande dúvida. Seria ótimo um chip que chacoalhasse as pessoas e mudasse o inconsciente coletivo. Mas é difícil exigir muito de um mundo que produz armas, bombas e doenças que nos destroem. A arte é meu refúgio”, idealiza Marina. Ansiosa, livre, ela não gosta de fazer planos, adora ouvir música, desenhar, escrever, tomar banho de mar, andar de skate e assistir filmes. Tem muito do seu DNA livre e criativo
no projeto que ela iniciou em 2017: um audiovisual filmado e dirigido pelo marido e cineasta Tiago Lins com a free surfer Lua Albuquerque e a gestora ambiental Beatriz Viana. O quarteto viajou em busca de culturas diferentes, lugares exuberantes e pessoas inspiradoras. Portugal foi o primeiro destino da road trip de 13 dias. O projeto defende um estilo de vida livre guiado pelo autoconhecimento e os encontros. Questiona a sociedade de consumo e inspira as pessoas a se encontrarem, se conectarem e saírem da zona de conforto. MB
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Cristie Boff
designer e artista plástica
Biennal de Arte 2017
Batizada de VIVA ARTE VIVA, a Bienal de Veneza de 2017 foi inspirada no humanismo e na capacidade do homem, por meio da arte, de não ser dominado pelas forças que governam o que acontece no mundo e condicionam os seres humanos de forma redutiva. Se trata de um humanismo onde o ato artístico representa uma ação de resistência, liberação e generosidade. Ou seja, infelizmente, bem na contramão do que anda acontecendo nos últimos meses com a arte e suas manifestações no Brasil.
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Cristina Dantas
Coach de carreira, docente e consultora na área de Desenvolvimento de Pessoas
Reinventando-se na crise E o cenário tem ficado cada vez mais dinâmico: tem biólogos dando aulas de inglês, economistas vendendo produtos importados e advogados empreendendo em negócios do ramo da alimentação. Sim, este é o momento em que vivemos, de desconstrução total, quando o que vale são os talentos que você tem e não mais o diploma que você carrega na pasta. Vivemos em uma era em que precisamos aprender a nos reinventar e descobrir aquele negócio ou área em que neste momento vale a pena investir e que trará o resultado esperado. O princípio para fazer isso dar certo chama-se autoconhecimento. É preciso entender, na profundidade, que talento é em geral uma aptidão natural, mas pode ser adquirida. Se o talento expressa o que há de melhor em cada um de nós, ao exercitá-lo precisamos antes conhecer muito bem o que somos e como somos. Atuando como coach de carreira há mais de sete anos, acredito que, no momento em que usarmos os nossos maiores talentos (costumo elencar de um a três talentos, no máximo), independentemente do que fizermos, teremos um resultado positivo. O primeiro passo é pensar onde esses talentos seriam mais atraentes, fariam a maior diferença e trariam maiores resultados. Isso quer dizer, por exemplo, que alguém ter trabalhado por mais de 15 anos na área financeira não significa que
possa ser bem-sucedido apenas nessa área, da mesma forma que alguém que foi advogado de família durante 20 anos também pode se experimentar no varejo, se tem talentos para isso, e obter bons frutos, inclusive melhores do que os que já colheu em sua carreira “padrão”. Se você tem um perfil no LinkedIn com mais de 500 conexões, seu próprio blog ou mesmo é alguém que mantém um perfil virtual mínimo, assegure-se de que seu mundo virtual reflete e promove suas realizações do mundo real. Você deve monitorar cuidadosamente o que você está postando. Reforçar a gestão financeira é uma atitude inteligente não só para quem quer passar pela crise, mas também para quem quer sair dela ainda mais fortalecido. É hora de reorganizar o seu fluxo e enxergar onde estão os seus maiores gastos. Nunca pare de aprender: Não deixe de procurar maneiras de reciclar seus conhecimentos. Precisamos sempre aprender algo novo para sobreviver e para prosperar na crise. A tecnologia está mudando tão rápido, que é fácil ficar para trás. O mundo está sempre mudando, e você também. Mantenha-se flexível e aberto a novas oportunidades. Faça isso e sempre haverá um lugar para você no mercado de trabalho. Se o mercado está difícil para aquilo que você tem feito nos últimos anos, procure algo novo. Reinventar-se na crise levando em conta os seus maiores talentos. Vale a reflexão! | 53
eutenhovisto.com Jaqueline Pegoraro cezar pegoraro
Paraíso sustentável
De frente para a Praia do Rosa, em Santa Catarina, e próxima de uma rara lagoa de águas salgadas, a Quinta do Bucanero aposta, desde 1995, em uma experiência romântica, com luxo despretensioso, bem-estar e sustentabilidade para os hóspedes. O amarelo e o laranja serão os tons predominantes para entrar 2018 com prosperidade. Recentemente, a Quinta do Bucanero recebeu o título de pousada do ano no prêmio O Melhor de Viagem e Turismo 2014/2015, promovido em parceria com o Guia Quatro Rodas. A premiação se soma a outras avaliações chanceladas pelo Guia Quatro Rodas, como um dos melhores hotéis para casais em todo o Brasil e o melhor da região e o selo sustentável por práticas ambientais e projetos sociais. O Bucanero deu início ao Bucanero Experience, convidando influenciadores a conhecer melhor esse paraíso em Santa Catarina. marcelo isola
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marcelo isola
fotos fernando bronzeado
Amor em Noronha
Cercados de amigos de diferentes cidades, a relações públicas gaúcha Lauren Castilhos e o empresário mineiro Orlando Pinto Coelho, ambos radicados no Rio de Janeiro, oficializaram a união de oito anos com quatro dias de celebração em Fernando de Noronha. Ela vestiu um modelo da grife Berta e joias da Tiffany & Co. Ele usou traje completo Giorgio Armani. Os buquês da noiva e das madrinhas foram um presente das amigas de Lauren Karen Jaconi e Jaqueline Sant’Anna Pegoraro. Em estilo grego, o azul e o branco deram o tom da cerimônia e da decoração da festa, com buffet assinado por Neia, do Restaurante Zé Maria. O DJ Zé Pretim garantiu pista cheia e os convidados foram surpreendidos por um show especial da Banda Rodrigo Santos, com direito a canja do Skank. Retribuindo a acolhida na ilha, os noivos optaram por uma boda solidária, em que os presentes foram doados conforme a demanda de quatro instituições de caridade de Fernando de Noronha indicadas pelo casal | 55
Trama
Sobre sabores e amores Magricela, independente e opinativa, Rejane Martins nasceu em uma família de sete irmãos. Todos com personalidade forte e marcante, principalmente as quatro mulheres. Cresceu ao lado deles, dos pais e da avó materna. Nas férias, brincavam na rua, viam televisão, cinema e, obrigatoriamente, liam um livro nas férias de julho e três nas de verão. Gostava mais dos autoramas e ferroramas do que das bonecas. Aos 14 anos, um grupo de adultos queria que a mãe de Rejane, que era professora recém-aposentada, os alfabetizasse. Ela não podia, e adivinhem quem virou professora. “O caçula do grupo tinha 37 anos. Eles me buscavam e traziam em casa. Nunca aprendi tanto na vida. Eles achavam que eu os ajudava, mas foram eles que me ajudaram para sempre”, conta Rejane. Anos depois, trabalhou em uma escola infantil e fez vestibular. Queria ser diplomata e escolheu Letras com ênfase em francês: “Desisti da diplomacia, mas meu endereço é o mundo. Tenho amigos e amores em muitos países. Minha rede internacional começou antes de Zuckerberg nascer. Incentivada pela revista Recreio, aos nove anos, comecei a me corresponder com uma amiguinha sueca. Escrevíamos em inglês, cartas que levavam meses para chegar. Aos 19, também por carta, namorei um primo carioca, até ele vir para Porto Alegre. O bom é descobrir novas culturas, cabeças e amores”. Já formada, trabalhou na Editora Movimento e depois na Zero Hora, onde foi editora de Gastronomia. “A comida ganhou sentido. Fiz cursos, convivi com chefs, entendi a química dos sabores e comecei a gostar de comer”. Quando, em 2004, chegou ao Brasil o DVD de A Festa de Babette, uma aula sobre o poder da comida, não por acaso, nasceu o projeto Mesa de Cinema, que une a sétima arte à gastronomia: “Estreamos em 2005 56 |
e mantemos a mesma emoção há 12 anos com um repertório de filmes cada vez mais delicioso”. Ser mãe foi descobrir uma forma de amor única, que passa por um eterno aprendizado de paciência e doação. O filho, Rodrigo Bittencourt, que é game designer e tem 24 anos, é seu orgulho: “Fico orgulhosa dele com pensamentos próprios, fundamentados em respeito. Respeito é uma grande base. Hoje, com ele adulto, já perdi meus pais, e não ter ‘obrigações diárias’ me deu um prazer enorme, que é a liberdade. Demorei para elaborar a perda da minha mãe, e meu filho é meu tudo, mas é bom não pensar se tem leite na geladeira. Trabalho para me manter ‘livre’ e não me preocupo com acúmulo de bens. Tenho um filho, meu bem maior. Uma mala e o passaporte em dia. Sou do bem e desejo o bem para todos”. O desejo para 2018 é ver uma sociedade com menos disputa, jogos de aparências e sujeira na política, e mais segurança e tolerância. “Me assusto com o que se vê em nome de ganância, religião e poder. Retomei o trabalho de assessoria de comunicação em um momento em que a imprensa afunda, se corrompe, e temos de buscar um novo entendimento sobre o papel da comunicação. Somos sobreviventes”. Sobre a relação com Rui e Doris Spohr, iniciada em 2010, quando ela assumiu a comunicação da marca Rui, ela conta: “Vivemos em uma permuta constante de prazeres, ideias e aprendizado”. Falando em aprendizado, foi de um momento de ruptura que sobrou a seguinte frase: “‘As pessoas não podem saber aquilo que elas não sabem’. Demorei para absorver isso e assumir a necessidade de dizer o que penso”. Como ela se imagina daqui a 10 anos? “Talvez curtindo algum netinho, com certeza viajando e amando”. MB
auracebio pereira
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Lou Michel De Paris
Tapetes de Paris “Outono é outra primavera, cada folha uma flor.” Não sei se Albert Camus disse isso referindo-se ao outono parisiense, mas caberia como uma luva. Com uma paleta de cores completamente diferente das estações mais quentes, mas não menos colorida. Já no final de setembro, as árvores vão perdendo o verde e ganhando cores entre o amarelo, o laranja e o vermelho, chegando ao marrom, e, sem muito aviso prévio, caem, transformando o chão das ruas e parques num lindo tapete de folhas. Como uma tela de Van Gogh. Se às vezes as temperaturas hesitam, já que há dias em que podemos achar que o verão está com preguiça de ir embora e outros em que o inverno está meio com pressa de chegar, a paisagem, por sua vez, não engana e aos poucos vai deixando bem claro que é tempo de mudança. Porém, o outono em Paris não é só um espetáculo da natureza, é também um período especial para os parisienses. Tempo de volta às aulas, depois de mais de dois me-
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ses de férias. Momento de menos turistas, o que significa muito para quem mora aqui. É a época em que a vida cultural volta com força total, com alguns eventos já tradicionais e que ocorrem todos os anos, como a Journée du Patrimoine (Jornada do Patrimônio), oportunidade de visitar as instituições e os prédios franceses, normalmente fechados ao público – que vão desde arquivos, ministérios, Assembleia Nacional e até mesmo o Palais de l’Élysée, residência presidencial –, ou a Nuit Blanche (Noite Branca), quando museus e monumentos são visitados gratuitamente e ficam abertos toda a noite. Além disso, a cidade está borbulhando de espetáculos e exposições. Desfilando nos tapetes de Paris e com o mesmo sucesso que sempre fizeram nas passarelas, dois gênios da moda francesa. Para festejar os 70 anos da Maison Dior, o Musée des Arts Décoratifs apresenta uma grande retrospectiva com looks ícones da maison: Christian Dior, Couturier du Rêve. A mostra é uma
viagem ao universo do estilista, passando por sua infância em Granville até sua súbita morte em 1957, mostrando 300 looks, desenhos, fotos, documentos e uma seleção de bolsas, sapatos, joias, pinturas, objetos de decoração e obras de arte. Se Dior encanta a cidade só até 7 de janeiro, o museu Yves Saint Laurent, inaugurado no dia 3 de outubro, veio para ficar. A histórica casa de moda na Avenida Marceau, no nobre 16 ème arrondissement, onde o estilista desenhou suas coleções durante 30 anos e onde hoje se localiza a Fundação Pierre Bergé – Yves Saint Laurent, abriga suas criações e as mostra ao público. Além das peças de alta-costura, acessórios, desenhos, fotografias e outras relíquias adquiridas e arquivadas pelo artista desde a abertura de sua grife, em 1961, também fazem parte da visitação o atelier de Laurent e os objetos pessoais que ele utilizava para trabalhar. Foi seu companheiro e cofundador da
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marca, Pierre Bergé, que morreu em setembro, que se empenhou para transformar esse recanto histórico em um museu. Tristemente, os tapetes de Paris também já foram sujos de sangue e deixaram um certo outono marcado para sempre. Um novo evento, forte e triste, faz agora parte do calendário francês. Para homenagear e lembrar as vítimas dos atentados de 13 de novembro de 2015, placas nos lugares onde aconteceram os massacres, orações, discursos das autoridades e de familiares, velas e flores servem, nesta data, para mostrar que o país ainda sangra e sofre. Dois anos depois, a França ainda permanece em estado de emergência. Um luto discreto e quase silencioso. Uma tristeza abafada pela certeza de que a vida tem obrigação de continuar seu curso normal. Outono também é tempo de Beaujolais Nouveau! A cada ano, na terceira quinta-feira de novembro, uma grande festa é celebrada na França, com fogos de artifício, música e festivais. Com o slogan Le Beaujolais Nouveau est Arrivé!, o vinho, que é engarrafado no mesmo ano da sua colheita e feito para ser bebido jovem (até quatro meses), é lançado simultaneamente em mais de 190 países, envolvendo uma megaoperação de logística e marketing. Embora o Beaujolais Nouveau não seja nada refinado e não tenha nenhuma vontade de ser esnobe, ele é esperado, comentado, badalado e apreciado. Combina com o outono e com os últimos minutos de sol, antes de as árvores ficarem nuas e Paris ter que assumir o inverno. Mas esse vinho tão festivo, leve, frutado, “sem compromisso” e que pode ser bebido geladinho também combina muito com a primavera brasileira! Então, entre flores e tapetes de folhas, uma rodada para todo mundo e “santé”! | 61
Bá, que viagem Anelise Zanoni
jornalista ane@waycontent.com travelterapia@waycontent.com
O bom de Punta del Este em 2018
Nosso vizinho Uruguai é todos os anos um destino querido dos gaúchos. Estive no país no final de outubro e selecionei algumas dicas de Punta del Este que podem ser interessantes para quem está com viagem marcada para o país (principalmente na virada do ano e nas férias) ou que gostaria de se programar para um feriado prolongado por lá.
Novidade na Gorlero
Aconchego e bom custo-benefício tem tudo a ver com o Ramona, um restaurante lindinho aberto em setembro em plena Gorlero. Na fachada da casa, letreiros em preto e branco, mesinhas e lâmpadas penduradas lado a lado dão a sensação de que estamos em um jardim. No salão principal, há samambaias, vasinhos de flores e coloridos quadros. Mesmo com o bom gosto na hora de escolher a decoração, o principal atrativo é o cardápio, que tem o olhar atento do cozinheiro e proprietário, Diego Petroccelli. O menu contempla todas as refeições do dia e tem opções para veganos, vegetarianos e celíacos. Todos os produtos são caseiros, feitos de maneira artesanal e sem conservantes. Na lista de delícias estão milk-shakes, smoothies, saladas, pizzas, sanduíches, sobremesas, além de pratos bem elaborados. E sabem o melhor? Os preços são muito amigáveis: a milanesa de entrecot com batatas custa R$ 44, e o peito de frango com risoto de quinoa, cerca de R$ 45. 62 |
Vinícola dos sonhos
Pertinho de Punta del Este está uma das mais bonitas vinícolas uruguaias, a Bodega Garzón. Um prédio moderno com linhas retas e janelões com vista para os campos abriga a área principal que recebe os turistas. A vinícola foi inaugurada em março do ano passado e hoje produz vinhos de alta qualidade devido ao solo da região e à brisa do mar. Para quem quer uma experiência além da visita (que já é um grande programa!), a bodega tem passeio de balão – a mais de 300 metros, percorrendo áreas onde são plantadas oliveiras e amendoeiras –, piquenique, passeios de carruagem e colheita manual de azeitonas. Outra possibilidade é experimentar o cardápio do restaurante, que inclui pratos elaborados com produtos frescos de cada estação distribuídos em dois menus.
Festa o dia inteiro
Ciclismo vintage
Em dezembro, ciclistas vestidos com roupas de décadas passadas circulam pelo Uruguai para participar do Eroica Punta del Este. O evento tem três circuitos e exige que os participantes tenham bikes antigas e estejam vestidos de acordo com o ano da magrela. Cada percurso conta com paradores para os ciclistas, atividades agroturísticas e local para carimbar o roadbook recebido na hora da inscrição.
Todos os anos, o Enjoy Punta del Este, no Hotel Conrad, é um dos grandes atrativos para os brasileiros que vão ao Uruguai. O cassino do hotel é considerado o mais importante da América Latina, teve o espaço renovado há três anos e tem hoje 75 mesas de aposta, 550 slots, salas para pôquer e uma área VIP mais que exclusiva. Durante o dia, a dica é ir para o Ovo Beach Club, em frente ao hotel. Com pé na areia, o parador é um centralizador de gente bonita e é aberto para quem quiser frequentá-lo. Na área, há tendas com sofás e espreguiçadeiras, música selecionada por DJs e carta com receitas mediterrâneas, sushis e pratos com pegada saudável. Quando cai a noite, a diversão é direcionada para a boate, que costuma ter trilha sonora assinada por DJs famosos. | 63
CrĂ´nica Mariana Bertolucci
Rua Schiller, 130 - Rio Branco Porto Alegre RS (51) 3012.5210 (51) 9288.7111 www.clinicarangel.com.br
tonico alvares
Sejamos luz Viradas de ano são sempre promessas de mais leveza. Mudanças de hábitos, projetos antigos que habitam mentes esperançosas. Energias e desejos hão de se renovar para receber o novo ano. Foco nas ações e principalmente nas pessoas que valem a pena. Eu, que sou fã do ser humano, acredito que elas andam espalhadas por aí, perto e longe da gente, fazendo coisas e tendo ideias fantásticas que possam melhorar a vida por aqui. Assim como eu, e provavelmente você, essas pessoas também estão prontas para fazer a diferença neste mundo cada vez mais esquisito e instigante. Para cada chato que destila seu ódio radical e retrógrado nas redes sociais, bradando por censura à arte e fechamento de exposições, existem dezenas de pessoas repetindo em coro forte e insistente que censura nunca mais. Para cada juiz que solta médicos estupradores ou concede prisão domiciliar a empresários e políticos inescrupulosos, existem dezenas de magistrados envergonhados. Para cada marginal com o cérebro cheio de crack que tira a vida de inocentes nas esquinas, existem dezenas de trabalhadores que acordam de madrugada para sustentar a família com trabalho pesado e honesto. Para cada mo-
torista alcoolizado que mata nas estradas, existem dezenas de dependentes tentando vencer o vício. A ganância, a maldade e a loucura humana não têm limites. Os bebês seguem sendo abandonados no matagal, os políticos continuam desviando o nosso dinheiro e desfilando nas altas rodas desavergonhados com suas tornozeleiras eletrônicas nos pés e Rolex nas mãos. Ainda assim, acredito que estamos em maior número. E já que somos mais, e mais fortes, que não nos faltem ternura e firmeza para quantas vezes for preciso explicar, escrever, cantar, interpretar, desenhar, moldar, protestar, ensinar e até fazer mímica para essas parcelas menores de pessoas que a cor da pele, a conta bancária, a opção sexual e a ideologia política nada têm a ver com a índole, a capacidade ou a felicidade das pessoas. São apenas características, escolhas e condições humanas. Que a inveja ceda para a admiração. Que o trabalho supere o desânimo. Que o coração aguente sozinho só mais um pouco. Que a gente leia mais e reclame menos. Que a gente dance mais e discuta menos. Que as perdas se transformem em saudade. Que sejamos respeitados e respeitadores. Que sejamos cada vez mais luz.
InBá Terra de Areia
Sábia beleza A Miss Rio Grande do Sul 2017, Juliana Mueller, é uma linda e realizada mulher de 26 anos que valoriza mais do que tudo a família e os amigos. Ela nasceu em Porto Alegre, viveu em Canoas até os 18 anos, mas as lembranças mais bonitas são de Terra de Areia, município pequeno no litoral norte do Estado, onde sua família tem até hoje uma casa de veraneio em um vilarejo de pescadores: “É um lugar lindo e com muita natureza. Cresci bem moleca, com uma irmã e um irmão, que fizeram parte de uma infância e adolescência muito felizes. Somos próximos e parceiros. Eles e meus pais são meu porto seguro e uma forte motivação para dar o meu melhor”, resume Ju sobre sua relação com a família. Ela sempre falou para a mãe que queria ser miss, mas também sempre gostou de comer tudo o que vendiam na beira da praia: “Um dia, logo depois do café, fomos para a praia. Eu devia ter uns 15 anos. Passou uma mulher vendendo queijo e eu falei que queria. Ela parou e minha mãe disse: ‘Não, Juliana, tu queres ser miss, miss não pode comer o tempo todo’. Eu olhei para ela e falei que quem queria que eu fosse miss era ela (minha mãe). A mulher do queijo ficou parada nos olhando”. Juliana comeu o queijo e, 11 anos depois, foi escolhida Miss Rio Grande do Sul. A ideia de concorrer por Terra de Areia vem da infância, antes mesmo de ela ser escolhida Garota Verão, aos 17 anos. A família brincava que pelo pequeno município a concorrência seria menor. Quando Juliana foi se candidatar de verdade, não cogitou outra opção: “Quando decidi participar, não passou pela minha cabeça representar outra 66 |
cidade. Era Terra de Areia. Sempre quis ser miss, ser modelo aconteceu. Queria fazer mais pelo meu Estado”. Dividida entre São Paulo e Porto Alegre, ela, que só trocaria de vez a capital gaúcha por um local com praia, não pode ser mais feliz conhecendo lugares novos e em contato com diferentes culturas. Tanto que adora pesquisar novos destinos: “Também amo comer bem e beber um bom vinho. Sou muito simples, moleca, e me divirto com muito pouco”. Entre os sonhos da miss está construir a própria família. Para ela, o segredo é acreditar e ir atrás dos desejos. “Tudo o que conquistei foi acreditando em mim, e com a ajuda da família. Quero continuar modelando e abrir meu negócio”, planeja. Sempre em busca de desafios profissionais, ela gosta de se identificar com os trabalhos que faz e um dos momentos marcantes como modelo foi quando morou em NY: “O que me seduz na minha profissão é ter tempo de fazer o que eu quero, além de trabalhar”. | 67
A alimentação saudável e os exercícios fazem parte da rotina da bela, que divide seus dias entre testes e trabalhos, agora somados aos compromissos da agenda de miss, e as aulas e provas do curso de Gestão Financeira EAD. Não ter sido modelo de passarela a fez escapar da ditadura dos estereótipos da moda. “Acho que isso está mudando aos poucos, as pessoas estão aprendendo a se amar e a se valorizar mais”, palpita Juliana. Sobre a beleza, nossa miss encerra ao estilo Saint-Exupéry, autor predileto de nove entre 10 candidatas ao título: “Beleza incomoda quando acham que tua qualidade é só beleza. Para mim, tem que vir também do coração”. Não por acaso, em 2018, ela quer se conectar mais com a própria espiritualidade. Sábia beleza. Nunca é demais. MB
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C O N C E I T O E D I R . C R I AT I VA : D U D D U VA N O N I ( B A O B Á M G T ) F O T O : R I C A R D O L A G E M O D E L O : J U L I A N A M U E L L E R ( J O Y M G M T ) S T Y L I N G : L E O N A R D O B O R N I G E R B E A U T Y: C A R O L H O R N T R ATA M E N T O D E I M A G E M : A RT H U R G O L D B E R G
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Ranieri Maia Rizza e Liane Neves
A construtora de histórias Letícia Wierzchowski entra no saguão do Wish Serrano Resort, em Gramado, onde está hospedada e será o ensaio fotográfico pelas lentes de Liane Neves. Traz um sorriso amplo e perfeito no rosto, parte da beleza da mulher alta que não passa despercebida. Fico pensando que as pessoas que a olham e não a relacionam a sua obra podem imaginá-la em diversas profissões. Uma atriz ou modelo, uma estilista, quem sabe uma arquiteta ou advogada. E todas têm relação com sua vida. Atrizes já deram vida a figuras reais ou surgidas em sua literatura. Manequins estiveram em seus desenhos de estilista. E tanto Arquitetura quanto Direito foram faculdades que Letícia cursou sem as concluir. Em verdade, Letícia pode criar vidas ou dar sentidos por ela imaginados para personagens existentes de fato. Possui o dom de gerar mundos. É uma construtora de histórias. Para chegar a ser a escritora que ganhou fama nacional e internacional quando seu livro A Casa das Sete Mulheres (2002) foi transformado em minissérie de sucesso, com direção geral de Jayme Monjardim pela Rede Globo, em 2003, Letícia trilhou diversos caminhos. Leitora desde a infância: “Sempre fui uma boa leitora, mesmo crescida em uma família de não leitores”. Também sempre gostou de desenhar, o que a levou a começar a faculdade de Arquitetura, assim como por alguns semestres fez o curso de Direito. Mas resolveu ir para a moda, desenhar croquis e fazer a modelagem das peças em uma confecção na qual tinha sociedade. Um dia, sozinha em sua mesa após o expediente, começou a redigir um texto de ficção. 70 |
“Foi uma epifania escrever uma história. Ali, eu vi que não precisava de materiais físicos para construir uma rua, uma cidade, um mundo”, conta ela, que teve seu primeiro livro publicado em 1998, chamado O Anjo e o Resto de Nós, que narra a saga da família Flores, ambientada no início do século 20, no interior do Rio Grande do Sul. Naquela mesma época, Letícia iniciaria Prata do Tempo, o que comprova a intensa produção, que resulta em quase 30 obras publicadas nos 19 anos decorrentes desde a primeira. Títulos de romances ficcionais, infantis e históricos – e estes últimos se permitem uma liberdade literária, o que talvez seja um dos motivos para o fascínio despertado em seus milhares de leitores nos diversos continentes. Não temos como não dizer que foi pela leitura de O Anjo e o Resto de Nós que o publicitário Marcelo Pires, gaúcho
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e na época radicado em São Paulo, começou a se corresponder por e-mail com a escritora, e começaram a namorar pela internet. Em setembro de 1999, menos de um ano depois da primeira mensagem, eles se casaram. Os e-mails trocados se transformaram no livro eu@teamo.com.br. A literatura havia se apossado da vida de Letícia. Neste momento da reportagem, estamos na Forneria di Como, a cantina do hotel. Os raios de sol que adentram o espaço típico e a música de fundo, com clássicos do país da “bota”, inspiram nossa entrevistada a iniciar uma conversa em italiano. Ela domina o idioma, assim como outros. Letícia é do mundo das palavras e nele não existem fronteiras. Tal trânsito talvez seja herança do avô polonês, Jan Wierzchowski, que aos 14 anos saiu da pequena aldeia Terebin e foi parar em Varsóvia. Lá trabalhou como vigia de obra, estudou e, em 1936, três anos antes de seu país ser invadido pelos alemães, veio para o sul do Brasil. E Letícia teve aí o
preâmbulo para escrever, em 2005, Uma Ponte para Terebin: “Foi a história do meu avô, que eu tinha que contar. Eu gosto de histórias, do tecido humano de pessoas que acreditam na liberdade e voltadas para fazer o bem”, declara ela, nos dando a deixa para entrarmos na sua há pouco completada trilogia A Casa das Sete Mulheres. A ocasião desse nosso encontro com Letícia é durante o lançamento de Travessia (2017), o romance que conclui a ligação entre as duas obras anteriores, A Casa das Sete Mulheres (2002) e Um Farol no Pampa (2004). A ideia do primeiro apareceu após ela ler em um trecho de Os Varões Assinalados, de Tabajara Ruas, sobre a história das mulheres da família de Bento Gonçalves confinadas em uma fazenda durante a Revolução Farroupilha. E tinha Giuseppe Garibaldi. Foi a premissa para o seu mais famoso romance histórico. Já Um Farol teve como pano de fundo o período da Guerra do Paraguai à Proclamação da República e o herdeiro de
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uma estância abalado por esses acontecimentos. E tinha Garibaldi. Travessia foi escrito em quatro meses, mas demorou 12 anos desde o segundo da trilogia para ser feito. “Faltava o tema. Fui escrevendo muitos e muitos outros livros e um dia me dei conta de que o cerne das duas outras obras era o Giuseppe Garibaldi. Eu precisava contar a história de Anita com Garibaldi nos 10 anos que ficaram juntos”. Sabe aquele “tecido humano” já citado, que fascina Letícia e a faz costurar tão bem o épico com o cotidiano? “Eles foram seres humanos incríveis. Garibaldi foi incorruptível. De grande nobreza na luta pelos mais fracos. Anita também era pela justiça, uma guerreira ao lado do seu amor. Hoje se fala em empoderamento feminino, então imagine naquele século Anita ser contra algumas regras impostas às mulheres. Ela se impôs e denunciou um homem que tentou beijá-la à força quando ela tinha 15 anos”, relata. Em Travessia, Letícia contou com a colaboração do ator Thiago Lacerda, seu amigo desde que deu vida a Garibaldi na minissérie. E foi Thiago que interpretou no cinema o Capitão Rodrigo, em O Tempo e o Vento, dirigido por Jayme Monjardim e com o roteiro assinado por Letícia e Tabajara Ruas. Travessia foi concluído em maio e Letícia já está finalizando Deriva, continuação de Sal, de 2013. E fazendo palestras e oficinas literárias, como em um final de semana no qual rodou 2,5 mil quilômetros pelo Estado. Mas como pode a mãe de João, 16, e Tobias, nove, frutos do seu casamento de 16 anos com Marcelo, de quem está divorciada há dois, ter uma produção tão intensa? “Acordo bem cedo e trabalho até o início da tarde. Depois me dedico às tarefas que envolvem minha vida pessoal e meus filhos”, afirma, com seu sorriso inconfundível. Alguém procura um personagem? | 75
Bá, que imagem Heloisa Medeiros fotógrafa
Imensidão e força
Tudo é imenso. A cadeia de vulcões, as formações rochosas, as extensões desérticas, as salinas. E o que não é imenso, o que por vezes parece pequeno – como um flamingo do altiplano que se alimenta de insetos aquáticos –, traz em si clara mensagem de força, aquela força disfarçada de beleza de que se necessita para sobreviver em ambiente tão áspero. Cru. Esta palavra define o Deserto de Atacama. 76 |
Só uma medida serve para esse lugar: o tempo. Lá tudo se mede em milhões de anos. Trezentos milhões de anos para que os deslocamentos geológicos enxugassem o mar, erguessem as cordilheiras, trocassem água por areia, peixes por lhamas. Quantos milhões de anos para que um rio misturasse sua água doce? Contar o tempo em milhões de anos não nos apequena, ao contrário, nos diz que mesmo nosso humano e modesto
prazo de vida é importante. Uma sensação vibrante de AQUI E AGORA. De sentir-se viva, humana, sensível neste tempo e espaço. Foi nesse cenário que senti profunda tristeza e também imensa alegria. Lá perdi minha avó materna, lá testemunhei que a paixão te faz mover, lá reafirmei amizades profundas, lá vivi parceria, troca, criação, AMOR. Muito choro e muito riso num turbilhão de sentir. O resultado de “simples férias” foi um contundente trabalho fotográfico surrealista batizado de Corpo Território, que em menos de um mês de sua
concepção alçou voo alto para a Itália. Sim, fui surpreendida com o convite para participar da Bienal de Veneza junto ao festival Anima Mundi Visions com a fotografia Diálogo. Nome este tão sugestivo nos dias de hoje. Quando só nos resta o outro, no vazio da imensidão, o diálogo, por fim, acontece. Fica aqui meu agradecimento às amigas da vida Raquel Steigleder e Fernanda Sklovscky pela entrega neste trabalho tão representativo para mim. Viva a amizade, viva a criação conjunta, viva o amor pela fotografia! E vida linda que segue!
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Regina Lunkes Diehl
jornalista regina.diehl@soudoverde.com.br
Meu Deus, Nova York! Onde vai parar tanto lixo? Numa recente viagem à cidade que nunca dorme, saí a fotografar as montanhas de lixo que se acumulam em suas esquinas. Apesar de ser considerada uma das três cidades norte-americanas mais sustentáveis, atrás apenas de São Francisco e Seattle, NYC não apresenta os mesmos avanços no quesito lixo. Em 24 horas, 8 milhões de residentes e uma população flutuante de 4 milhões de pessoas, entre trabalhadores e turistas da ilha de Manhattan, produzem 12 mil toneladas de lixo doméstico e 15 mil toneladas de lixo comercial. A média por habitante é de 1,5 quilo, enquanto o Brasil produz 0,5 quilo. A sustentabilidade em alta se deve, principalmente, aos programas para redução do consumo de 78 |
energia e para substituição de combustíveis fósseis nos táxis e ônibus, além de um sistema de metrô dos mais antigos e extensos do mundo. Também relevante é a política certeira de mobilidade urbana, que prioriza o pedestre, fechando quarteirões na Times Square e requalificando áreas como a High Line, antiga linha férrea abandonada, transformada em parque urbano suspenso e ajardinado com vista privilegiada do Rio Hudson e da Big Apple. Na hora de se livrar dos seus resíduos, o visitante é desafiado a encontrar uma lixeira. Quando deparar com uma, verá que todos os tipos – papel, cartonados, plásticos, metais, vidros e restos de alimentos – são descartados conjuntamente em recipientes
para, posteriormente, serem coletados e separados. Até 2015, apenas 2% de todo o lixo orgânico da ilha era reciclado, sendo o restante enviado para centrais de transbordo que, por via férrea ou caminhões, ainda hoje fazem o transporte para os Estados de Nova Jersey, Pensilvânia, Virgínia e Ohio, percorrendo distâncias de até 500 quilômetros. Nos Estados Unidos, onde estocar lixo pode gerar milhões de dólares, é comum localidades carentes de investimentos receberem resíduos de outras regiões, desde que bem remuneradas e, evidentemente, com infraestruturas ambientalmente adequadas. Foi em 2016 que o nova-iorquino passou a conviver com uma ideia que vem trazendo resultados importantes no trato do lixo orgânico: uma empresa privada montou um plano e passou a distribuir baldinhos entre os moradores de alguns bairros da cidade, assim como faz aqui em Porto Alegre o pessoal da Re-ciclo*. Criaram sete pontos de coleta de orgânicos, depois de ensinarem o usuário a separar o que pode e o que não pode ser descartado no recipiente. Sem custo algum para os moradores, a iniciativa conseguiu, em um ano, levar 35% do lixo orgânico produzido em toda a Manhattan para o sul da ilha, em Staten Island, onde funciona a usina de compostagem da empresa. É lá que, através de um processo de tanques com inserção de purificantes e nutrientes, uma enorme montanha de lixo é transformada em fertilizantes. Uma ideia linda, bacana, inteligente, que também é aplicada no Brasil e que se apresenta como uma das mais honrosas saídas para o fim dos insalubres e poluentes aterros e lixões. Ainda em NY, o artista plástico Justin Gignac coleta resíduos nos sacos de lixo da cidade, coloca-os em caixas de plástico transparente e as vende como lembrança. Segundo ele, o lixo de Nova York já está espalhado por 25 países
em 1,5 mil cubos. As lembrancinhas podem ser simples, mais “baratinhas” (em torno de US$ 50), e até mais caras (em torno de US$ 100). Podem conter, por exemplo, ingresso usado de uma partida dos Yankees ou de um show da Madonna. As caixas são exclusivas e nunca vão existir duas iguais, avisa o artista, valorizando o lixo de NY. Até a próxima, com alguma curiosidade bacana sobre modos de vida por aí e sobre como podemos melhorar a nossa relação com o planeta! *Porto Alegre produz 1,5 mil toneladas de resíduos sólidos. Os resíduos orgânicos representam 50% deste total e são destinados a um aterro sanitário distante 130 quilômetros da Capital. Isso causa ineficiência nos gastos públicos e um impacto ambiental negativo para a região. Fundada em 2016, a Re-ciclo quer dar um destino sustentável e adequado aos resíduos que antes iam para os aterros, por meio da compostagem. Os resíduos orgânicos são retirados na casa dos clientes, semanalmente, de bicicleta, mediante o pagamento de uma taxa, ou entregues em pontos de coleta. A empresa os transforma em adubo, um composto rico em nutrientes que pode ser usado em hortas e jardins. Visite www.re-ciclo.net | 79
Lígia Nery coach
Aprender a aprender Dentro do meio corporativo, organizacional e de desenvolvimento de pessoas, as falas são extremamente marcantes e recorrentes. Aponta-se o tempo todo a importância da fluidez dentro dos ambientes de aprendizagem constante, sistêmica e não linear por conta da sobrevivência e perpetuação dos negócios. Quando falamos nisso, parece algo muito complexo e inacessível, por isso resolvi trazer o relato de um belo encontro que tive outro dia com essa equação vívida. Após um dia de trabalho, dirigi-me a um supermercado próximo de casa na expectativa da compra de um jantarzinho gostoso. Procurando por uma carne no balcão frigorífico, fui abordada por um senhor, funcionário uniformizado de branco, que gentilmente se aproximou oferecendo informações, mostrando outras alternativas de compra e me atentando para ofertas disponíveis. Óbvio, parei para conversar, era impossível não fazê-lo! No desenrolar de nossa conversa, comentou: – A senhora sabia que este supermercado vai mudar muito? E que meu cargo vai até desaparecer? Sou açougueiro e não vou mais trabalhar atrás daquele balcão – apontava para o balcão já vazio. Eu, entusiasmada com aquela visão, “dava corda” ouvindo atentamente, e ele continuava: – E tem mais mudança ainda! Nem caixas-operadores vamos ter mais! A senhora vai direto com seus produtos passar no caixa com código de barra, passar na máquina, empacotar, sua conta vai para o cartão ou celular e a senhora vai embora sem problemas! 80 |
– Eu vou receber e organizar mercadorias, deixar isso tudo aqui bonito e atender bem os clientes, explicando tudo – complementava ele com os olhos brilhando. Nesse momento, não aguentei e compartilhei com ele uma informação: – O senhor sabia que o supermercado concorrente “tal” aqui pertinho já está em teste com pontos de checkout sem funcionários? Ele arregalou os olhos em êxtase e falou: – Sério???? Sua expressão não trazia medo, mas curiosidade e alegria de saber que o futuro estava ali pertinho. Despedi-me agradecendo muito e fui ao gerente da loja elogiar o grande funcionário que tinha em sua equipe. Uma preciosidade no time, um colaborador já no futuro, que realmente contribuía por ter ATITUDE de aprendizagem, sem resistência. Ele nem tinha percebido, mas já tinha saído do balcão do açougue para encantar o cliente. Não era jovem, não era um nerd, certamente sem curso superior ou grandes conhecimentos de inovação ou tecnologia. Mas portador da maior competência buscada hoje, o fascínio de aprender, desaprender e reaprender. Peter Senge escreveu que organizações aprendem através de indivíduos que aprendem. Esta semente precisa de solo fértil com pensamento e comportamento sistêmicos. A disseminação pelo encantamento com o desconhecido, a entrega ao gozo do que não sabemos e o fascínio pelo aprender a aprender. Assim vamos construir os ambientes corporativos e um mundo melhor.
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André Ghem tenista profissional
O voo da vida Há duas semanas, fiz a maior loucura da minha vida. Não foi uma loucura, foram duas, três quatro… muitas, muitas mesmo. Saltos? Foram dois com 24 horas de intervalo, tempo que não foi o suficiente para entender tudo o que um salto de paraquedas representa. Não sou um cara radical, tenho medo de altura, de sacada de andar alto, de montanha-russa e de outros brinquedos dos parques de diversão, ou seja, zero vício adrenalínico. Dois foram os fatores determinantes na minha decisão. O primeiro deles foi o processo progressivo de catequização sobre o assunto por parte do meu compadre paraquedista. – Você vai lá comigo, mas não vai saltar. Quero muito que você salte, mas não vai com essa ideia. Se bater, vai. Estarei lá! A pressão de “ter que” fazer alguma coisa não é bem digerida por muitos. Imagine quando se fala em saltar de um avião a 12 mil pés de altura amarrado a um desconhecido preso a uma mochila em que dizem ter um paraquedas dentro. O segundo fator foi ter mandado uma foto do clube de paraquedismo para um amigo que já tinha saltado uma única vez, porém tinha saltado. Pois bem, ele em seguida me ligou e disse: – Cara, vai! Não sou nada radical e isso foi o mais legal que fiz na vida. Não te arrependerás! O empurrão de que precisava foi esse, que, somado a todo o processo catequizador por que vinha passando, definiu minha decisão de pular. A doutrina do amigo paraquedista incluía também um parágrafo que dizia: – Olhe para os lados no clube, veja quem 82 |
são as pessoas que vão saltar pela primeira vez. O que elas têm de melhor que você? Por que elas podem vencer o medo e você não!? Você precisa emprestar seu corpo para um profissional com experiência de mais de 6 mil saltos, que executará todos os procedimentos necessários de forma segura. Para romper uma barreira desconhecida, que quem experimenta corre o risco de ficar viciado após a primeira dose, tamanha a potência de adrenalina que é absorvida pelo sistema nervoso central. Assinar o manifesto sobre ter ciência dos fatos que virão é o primeiro passo. Data de nascimento, RG, assinatura abreviada e mãos suadas. Macacão colocado, um rápido bate-papo com o instrutor antecede a decolagem. O posicionamento para o salto é treinado e assusta qualquer um, já que exige deixar as pernas soltas no ar para fora da porta do avião. Três toques no ombro, abra os braços e curta a queda livre. Por que é tão difícil chegar a essa sensação? Jogar-se de um avião em movimento e cair por mais de 40 segundos cortando o céu, provando a velocidade, atravessando nuvem, dentro de um cenário surreal, experimentando uma sensação única, a maior aventura e loucura da vida. Visceral é, visceral foi. Contando minha história a um amigo, fui interrompido com a seguinte pergunta: – Você é um cara radical? Se eu sou? Não sei se sou. Nunca fiz muito radicalismo, não, mas dessa vez escolhi viver. Entre ir e não ir, decidi pular. Mergulhar na vida de peito aberto é o melhor dos arrependimentos que se pode ter.
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Moda
C O N C E I TO E D I R . C R I AT I VA : D U D D U VA N O N I ( B A O B Á M G T ) F OTO : C A R LO S C O N T R E R A S M O D E LO S : A N E M A S C A R E L LO E TA I N A R A D A P P E R ( J OY M G M T ) / PA U L A D E B O N I ( LO V M G M T ) B E A U T Y A R T I S T: TAT I A N A G O L D B E R G S T Y L I N G : TA N I S E H A A S ASS. STYLING: FRANCIELE MERGEN A S S . F OTO : R A P H A E L P L A S T I N A E T H AY N A G R A S E L T R ATA M E N TO D E I M A G E M : A R T H U R G O L D B E R G P R O D U TO R A FA S H I O N F I L M : C A S A D A J A N E L A D I R E Ç Ã O : B Á R B A R A S A N TO S V I D E O D E S I G N : R A FA E L B A R B I E R I T R I L H A E S O U N D D E S I G N : R A D I O AT I VA P R O D U TO R A
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CAFTAN CÍNTIA GONÇALVES / MULE ANZETUTTO / CINTO E MEIA ACERVO STYLIST
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ESQ.: VESTIDO CHEMISE BÁSICO BRASIL PARA PERNA REPRESENTAÇÕES / BOLSA MOKI USADA COMO POCHETE / SANDÁLIA INVOICE / MEIA ACERVO STYLIST - DIR.: CAMISA MOSTARDA BRECHÓ / CALÇA ZOOMP PARA FORWOMAN / CLUTCH ISLA USADA COMO POCHETE PARA FORWOMAN / SCARPIN INVOICE/ MEIA ACERVO STYLIST
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ESQ.: VESTIDO ST TROIS / PULSEIRA MICHELE STAHL / SAPATO JORGE BISCHOFF / MEIA ACERVO STYLIST DIR.: VESTIDO CMINDOV / PULSEIRA MICHELE STAHL / SAPATO ANZETUTTO / MEIA ACERVO STYLIST
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ESQ.: TOP CROPPED CARINA BENDLER ECO CLOTHING / BLAZER E CALÇA UNIQUE / POCHETES YO TE QUIERO / RASTEIRA VIA MARTE / MEIA ACERVO STYLIST - DIR.: BLAZER E BERMUDA UNIQUE / POCHETE YO TE QUIERO / SAPATO JORGE BISCHOFF / MEIA ACERVO STYLIST
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ESQ.: VESTIDO ESSENCIALE PARA FORWOMAN / PULSEIRA MICHELE STAHL / SAPATO JORGE BISCHOFF / MEIA ACERVO STYLIST - CENTRO: VESTIDO SANDRA FERRAZ / PULSEIRA MICHELE STAHL / SCARPIN VEROFATTO / MEIA ACERVO STYLIST – DIR.: VESTIDO ESSENCIALE PARA FORWOMAN / PULSEIRA MICHELE STAHL / SCARPIN INVOICE / MEIA ACERVO STYLIST
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deuochic.com Vitor Raskin
Os noivos Maria Eduarda Fleck da Rosa & César Augusto de Carvalho após a beção no final da tarde ensolarada em PDE. O belo vestido assinado por Sandro Barros ganhou véu longo do estilista Sergio Pacheco. A lua de mel iniciou em Paris e percorreu pontos românticos pela europa. A cerimônia de casamento de Maria Eduarda Fleck da Rosa & César Augusto de Carvalho teve cenário deslumbrante com os vinhedos da Estância Narbona emoldurando a tarde de sol. Linda com vestido do estilista Sandro Barros a noiva chegou levada pelo pai Elias da Rosa para trocar juras de amor e emocionou a todos com suas palavras. A bela decoração de flores brancas combinada com limões sicilianos e velas deixou o final da tarde ainda mais charmoso em Punta del Este. 94 |
Muitos nomes conhecidos como o vice goernador José Paulo Cairoli & Góia Tellechea Cairoli, Teca Sperotto Coelho, Carlo & Fernanda Jaconi, Valesca Tartarotti usando traje indiano no melhor estilo, Ricardo & Raquel Hermann, Adamastor & Beth Pereira e Angelina Agrifóglio estiveram lá. A beleza da noiva foi cuidada por Jorginho Goulart que viajou especialmente para a ocasião. Neca Esbroglio organizou a bela festa que encerrou a temporada de casamentos com chave de ouro.
Sonia Andreis & Jefferson Zaffari entre as presenças conhecidas na Estância Narbona
Bruno Haussen, Andressa Renon e Mauricio Jung Malcon na bela cerimônia de casamento
Luciana & Elias da Rosa receberam os 200 convidados na festa organizada por Neca Esbroglio José Paulo Cairoli & Góia Tellechea Cairoli entre os nomes conhecidos na bela festa realizada no Uruguai
Lauren Fração e Karime Costalunga participaram do cortejo nupcial | 95
DEU O CHIC
Beatriz Zaluski recebeu os 400 convidados com vestido de Oscar de la Renta
Rodrigo Marrone & Marja Zaluski casaram na casa dos pais dela na Ilha das Flores
Pedro Beria & Vanessa Pilz linda de vermelho
Cris Satt arrasou no look floral
Maria Quitéria e Maria Cecilia Sperb na festa organizada por Iara e Roberta Jalfim Juliana Petry & Ruy Maranhão entre as belas presenças
Monah Abichequer & Luciano Correa no jantar assinado com a categoria de Ana Behar 96 |
O decorador Renato Bing comemora seu aniversรกrio com amigos em sua bela casa
Patricia Torres Hermann na varanda da bela casa
Claudia Wolf Ling & Wilson Ling
Luis Felipe e Maria Clara Schiavon entre os amigos
Ana Helena Jardim e Dulce Helene Goettems participaram dos brindes
Caroline & Rodrigo Vontobel no simpรกtico encontro | 97
Aline Viezzer fotos cássio brezolla
Jantar dos 12 Chefs
O Wish Serrano Convention & Resort recebeu centenas de convidados para o jantar que encerrou a temporada do projeto Chef por Um Dia que reuniu nomes da comunidade para apresentar seu cardápio. O evento contou com a venda de livro de receitas, totalmente revertida para entidades assistenciais de Gramado.
Ieda Wobeto Andréia Ecker e Rosângela Valmórbida
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Kitty Petersen Bonatto
Ronaldo e Michele Pinheiro
Adriana Paixão
Eva Karina Manelli
Niรงara Ecker Ody
Vitoria Portes
Janete Dambros
Gabriela Michaelsen
Fabiana Costa
Bebeto de Azevedo
Fernanda Bertoja
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Flavio Mansur de Pelotas
Núpcias
Ambos lindos, médicos e muito talentosos. A cerimônia religiosa de casamento de Adriana Baptista Menezes e Cristiano Tschiedel, na Igreja Santa Teresinha, foi assinalada pela beleza da noiva, deslumbrante num modelo do estilista Carlos Bacchi, em linha romântica e com pitadas de modernidade. A recepção, na Associação Leopoldina Juvenil esteve primorosa com a produção de Renata Hoff, que utilizou profusão de flores e folhagens para compor a impactante ambientação. Convidados de diversas latitudes brindaram com os noivos.
Uma tradição
Os bailes de debutantes não perdem a tradição e o entusiasmo por parte dos rostos jovens que estreiam em sociedade. O Porto Alegre Country Club abre sempre a temporada de vestidos brancos e gravatas pretas. Uma das debutantes de sucesso de 2027 foi Marcela Zaffari Flammia, a charmosa neta da elegante e bonita Adulce Zaffari. A gatinha veio especialmente de Boston para a noite de gala que movimentou a sociedade gaúcha.
Guirlandas de Natal
O evento beneficente para o Banco Madre Tereza de Calcutá reuniu mais de 100 profissionais das áreas de arquitetura e decoração de Pelotas. Foi a edição mais linda de todas, porque marcou a apresentação do Casarão 1 da Praça Coronel Pedro Osório, após 4 anos de impecável restauração. O prédio de estilo neo clássico recebeu uma iluminação cênica que o deixou ainda mais elegante para a noite de temática natalina organizado por Adriana Alano Fernandes e Fabiana Moglia.
A força da mulher
A médica veterinária e produtora rural Carolina Peró Osório é a primeira mulher a presidir a centenária Associação Rural de Pelotas. Sua posse, recentemente, reuniu a totalidade dos nomes expressivos do meio rural da metade sul do Rio Grande do Sul. Anna Luiza Quinto Di Cameli integra a nova diretoria.
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Liana Robe, Cristiane Bolzoni e Alessandra Skowronski comandaram a festa do anuário de arquitetura
A bela noiva Adriana Baptista Menezes, com modelo do estilista Carlos Bachi
Os médicos Cristiano Tschiedel e AdrianaBaptista Menezes celebrando a sua união
Os noivos Cristiano e Adriana com os pais dela, Ana Baptista Menezes e Flavio Menezes
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Lucia Costa Weymar, na noite que movimentou o CHU restaurante
No Porto Alegre Country Club, Adulce Zaffari e a neta debutante Marcella
Em festa no Dunas Clube, Roberto Quinto di Camelli, o carioca Marcinnho Azambuja e a arquiteta Frascisca Luiza Perรณ Osorio 102 |
A prefeita de Pelotas Paula Schild Mascarenhas e o marido Alexandre Bruno Durans
Tonico Alvares
atelier de retratos e fotografia autoral
tonico.alvares@uol.com.br (51) 9116-5686 (51) 3907-5886 rua barao de santo angelo, 299 - poa, rs
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Selfie das belas: FIORELLA AGRIFÓGLIO, CAROLINA FREIRE GOMES FRIZZO e JULIA DAVIS FARIA
BÁ
Casal 20: KARINA STEIGER e PEDRO CORBETTA 104 |
por
Mariana Bertolucci fotos lenara petenuzzo
Personagem da Bá 22 entre as filhotas, as lindas LAURA, BÁRBARA e MARIANA SUCASAS POZZEBON
O DJ IG OLLIVER comandou com talento e simpatia as picapes do lanรงamento que animou a Galeria Casa Prado
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FREDERICO ANTUNES, ROBERTA e SILVIA AHRON
ROGÉRIO SARMENTO LEITE e PAULA DAUDT SARMENTO LEITE
SERGINHO MAX e LIZIANE BRAILE
TATIANA NOLL e MICHAELLA ESTRELA
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O colunista EDUARDO BINS ELY prestigiando
DUDDU VANONI, MARCELO BRAGAGNOLO e RAFAEL SCHEER
DAIANE MACHADO e SÔNIA CAVALHEIRO, do Le Donne Coiffeur
PATRÍCIA WALLAU e THAIS MALLMANN
GABRIEL MAGADAN e LU CITADIN
LEONARDO VARGAS e DORA VELHO
ZAIDA GRINBERG LEWIN, sempre elegante
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ANDERSON PACHECO, da super ANS
DULCE HELFER e FERNANDO ERNESTO CORREA
VALKIRIA SHOTKIS e ROBERTA COLTRO
VALESCA KARSTEN e ROBERTA KARSTEN LEAL
PEDRO ZARPELLON, WERNER HEBERLE e JONATHAN VEIGA MONZON
VANESSA CARÚS 108 |
RODRIGO MORSCH e MARIANO SCOPANTINI
MARCO PINTO e LOIANE LOPES
CRISTIANE CERENTINI, GREICE MERLIN BOFF e FERNANDA SICA
LUCIO e MARGARETH BAKOS com TEREZA BERTOLUCCI
FERNANDA SCHIAVON e BETINHA SCHULTZ
O ator gaúcho MARCOS BREDA prestigiou o lançamento da Revista Bá na Galeria Casa Prado | 109
Vitรณrio Gheno artista plรกstico
foto nรกdia raupp meucci
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PERFEITA PARA ENCERRAR O ANO E RECEBER O NOVO PERFEITA PARA ENCERRAR O ANO E RECEBER O NOVO