Revista [B+] 31

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Existem famílias de tudo quanto é tipo. Porém, todas têm algo em comum: a influência na educação dos filhos. Jovens gostam de liberdade, mas também gostam de atenção e precisam ter limites. Por isso, seja presente na vida deles, acompanhe o desempenho escolar, fique de olho no horário que chegam em casa, saiba com quem andam. Também dê carinho aos seus filhos, tenha momentos de lazer e sempre converse com eles, mas lembre-se, o melhor conselho é o exemplo. Quanto mais família, menos drogas. www.maisfamiliamenosdrogas.com.br



ago / set 2015 • ano 6 • nº 31 • www.grupobmais.com.br

a revista da bahia

R$ 9,90

Economia As empresas que investem na Bahia em 2015

Tiragem auditada: 15 mil exemplares

Sem verba A produção cultural no estado depois dos cortes no orçamento

Negócios Por que empresários baianos não conseguem vender dentro do estado?

Agro A ressurreição do cacau no sul da Bahia

Fernando Barros, diretor da Propeg, fala sobre propaganda, meios digitais e reinvenção: “a Bahia precisa de vontade para sair do lugar-comum” empresariado baiano fala sobre investimentos em marketing em tempos de crise


Paulo afonso

senhor do bonfim

jacobina

irecê

BARREIRAS

FEIRA DE SANTANA

lençÓis

santa maria da vitória

Bom Jesus da lapa

VALENÇA JEQUIÉ MARAú

guanambi

ILHÉUS

vitória da conquista COMANDATUBA CANAVIEIRAS

55 novos voos semanais em toda a Bahia

Porto Seguro

9 aeroportos EM REFORMA teixeira de freitas

caravelas

4 novos aeroportos

PORTO SEGURO

Belo Horizonte – Campinas – Ribeirão Preto – Rio de Janeiro – Salvador - Maceió - São Paulo

ILHÉUS

Brasília – Belo Horizonte – Campinas – Rio de Janeiro

VITÓRIA DA CONQUISTA

Brasília – Belo Horizonte – Campinas – Rio de Janeiro

BARREIRAS

Salvador - Brasília

TEIXEIRA DE FREITAS

Belo Horizonte

FEIRA DE SANTANA

Campinas – Salvador – Vitória da Conquista - Miami

PAULO AFONSO

Salvador

LENÇÓIS

Belo Horizonte – Salvador – São Paulo

VALENÇA

Salvador - Campinas

Em breve, mais 13 aeroportos vão passar a contar com voos comerciais na Bahia: Guanambi • Irecê • Senhor do Bonfim • Bom Jesus da Lapa • Santa Maria da Vitória • Ibotirama Jacobina • Jequié • Cipó • Maraú • Caravelas • Itaberaba • Comandatuba





sumário 12 14 16 18 26 28 30 32

Galeria Online e Mural Fórum [B+] Bloco de Notas Acontece Nordeste Agro+ Imóveis+ Mercado Pet

33 34 40 44 46 50

NEGÓCIOS

52 56 58

Empresas que investem na Bahia Santo de casa não faz milagre [C] A natureza do nosso trabalho O novo cacau [C] Salvador precisa perder o medo do novo Entrevista: Fernando Barros No caminho contrário [C] Por que investir em comunicação em plena crise

59 60

EDUCAÇÃO

63 64 66

SUSTENTABILIDADE

67 68 70 72 74

ESTILO DE VIDA

76 78 80 81 82 86 88

Da escola para o mercado de trabalho

A nova onda do capitalismo Tendências

Sabor Turismo Decoração Cinco itens indispensáveis para Marlon Gama Autos&Motos Roteiro: Baixio Notas de Tec

ARTE E ENTRETENIMENTO

Cultura sem verba. E agora? Uma pergunta para: Carlos Prazeres Conte aí



expediente Revista [B+] edição 31 Agosto / Setembro de 2015

[Conselho Institucional] Antonio Coradinho (Câmara Portuguesa), Antoine Tawil (FCDL), Felipe Arcoverde (Abedesign-BA), João Pedro Bahiana, (AJE-BA), Jorge Cajazeira (Sindipacel), José Manoel Garrido Gambese Filho (Abih-BA), Laura Passos (Sinapro), Pedro Dourado (ABMP), Renato Tourinho (Abap), Roberto Ibrahim (CRA-BA), Rodrigo Paolilo (Júnior Achievement) e Wilson Andrade (Abaf)

[Periodicidade] Bimestral [Impressão] Grasb CAPA [Foto] Luciano Oliveira [Produção] Luciano Oliveira e Pedro Hijo

[Presidente] Rubem Passos Segundo (rubem.passos@grupobmais.com.br ) [Diretor Geral] Renato Simões Filho (renatosimoesfilho@grupobmais.com.br) [Diretor de Publicações] Claudio Vinagre (claudio.vinagre@grupobmais.com.br) [Diretora de Marketing] Bianca Passos (bianca.passos@grupobmais.com.br) [Gerente Comercial] Ana Beatriz Sampaio (bia.sampaio@grupobmais.com.br)

[Conselho Editorial] César Souza, Claudio Vinagre, Cristiane Olivieri, Geraldo Machado, Ines Carvalho, Jack London, Jorge Portugal, José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques de Andrade Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Masuki Borges, Reginaldo Souza Santos, Renato Simões Filho, Rubem Passos Segundo e Sérgio Nogueira [Editor-chefe] Pedro Hijo (pedro.hijo@grupobmais.com.br) [Repórter] Tede Sampaio (ted.sampaio@grupobmais.com.br) [Designers] Adna Novaes, Gabriel Cayres e Rafaela Palma

Reserva de anúncio publicidade@grupobmais.com.br / 71 3012-7477 [Representantes] Brasília Karla Martins - Tel.: (61) 3226-2218 - solucaoconsultoria.karla@uol.com.br Feira de Santana Júlio Mendonça - Tel.: (75) 9955-5514 - julio@vm2publicidade.com.br Fortaleza Ananias Gomes - Tel.: (85) 9987-1780 - ananiasgomes@canalc.com.br Recife Ceci Barroso - Tel.: (81) 8791-3780 - cecicomercial@hotmail.com Rio de Janeiro e São Paulo: Roberto Cathoud - Tel.: (11) 999089891 - rcpinheiro@ hojeemdia.com.br

Realização Editora Sopa de Letras Ltda. Av. ACM, 2.671, Ed. Bahia Center, sala 1101, Loteamento Cidadela, Brotas - CEP: 40.280-000 - Salvador - Bahia - Tel.: 71 3012-7477 CNPJ 13.805.573/0001-34

[Projeto gráfico] Leandro Maia, Rafaela Palma e Gabriel Cayres

tiragem auditada 15 mil exemplares

[Fotografia] Studio Rômulo Portela e Luciano Oliveira [Revisão] Cristiane Sampaio [Colunistas] Armando Avena, Cristina Barude, Djalma Falcão, Luiz Marques de Andrade Filho, Núbia Cristina, Roberto Nunes

Pontos de Venda A Revista [B+] pode ser lida no portalbmais.com.br, tablets, smartphones e encontrada nas principais livrarias e bancas de Salvador. Encontre a [B+] nos seguintes pontos de venda: Livraria Aeroporto; Livraria Cultura (Salvador Shopping); Livraria Leitura (Salvador Norte Shopping e Shopping Bela Vista); Livraria

A revista [B+] não se responsabiliza pelas opiniões, ide ias, conceitos e posicionamentos expressos nos publieditoriais, anúncios e colunas por serem de inteira responsabilidade de seus autores.

Rodoviária; Livraria Saraiva (Salvador Shopping, Shopping Barra, Shopping da Bahia e Shopping Paralela) e bancas selecionadas. A [B+] ainda é distribuída em 188 municípios do estado.



editorial

Aproveite o momento Com 17 anos fui visitar a sede da Propeg em Salvador na busca de uma luz que me fizesse entender qual caminho profissional seguir. Para muito além dos testes vocacionais propostos pelas tias do colégio, me vi rodeado de possibilidades em frente a todo aquele histórico de propagandas que me foi apresentado. Já tinha ouvido falar da Propeg. O jingle que tentava convencer os turistas de que a Bahia era uma boa ecoou na minha cabeça durante alguns verões. Mas o que mais me chamou a atenção foi uma peça feita para divulgar os ensaios da Timbalada. O comercial de poucos segundos mostrava um executivo que digitava em um teclado de computador. Ao longo do filme, o barulho das teclas começava a se transformar em um batuque e os dedos acompanhavam a música. Entrava o som de atabaques ao fundo e a mensagem certeira fechava: “Ensaios da Timbalada, você vai aos domingos e lembra a semana inteira”. Bastaram dois atores (estagiários da agência) e um computador para fazer aquele que seria premiado como comercial do ano. Para fazer a entrevista que gerou a capa desta edição fui à mesma Propeg, quase 10 anos depois daquela minha visita, para conversar com Fernando Barros, diretor da empresa, sobre criatividade e reinvenção. As ideias propostas por Barros são muitas, mas a principal mensagem é que, diante de qualquer crise, vence aquele que consegue ter visão e ousadia. Há dois anos, a Propeg se juntou a mais duas agências, formando o Grupo PPG, e, em 2015, lançou a primeira agência de live marketing voltada para consumidores das favelas, mercado que movimenta R$ 64,5 bilhões por ano no Brasil. De que adianta celebrar a crise? É preciso ir atrás de novos mercados. Não optei por fazer publicidade, mas aqui estou sendo jornalista e trabalhando dobrado para tirar o melhor da minha equipe e transformar qualquer crise em oportunidade. Celebrando cada conquista. Na [B+], estamos juntos buscando caminhos para sermos mais criativos, mais transformadores, mais propositivos a cada número que colocamos nas bancas e tablets, a cada post que fazemos em nossas redes sociais, a cada projeto que lançamos. Acompanha o lançamento desta edição 31,\ o primeiro número da revista [B+] Saúde, publicação feita para contemplar um segmento que representa cerca de 10% do PIB do país e que movimenta a economia, mesmo na crise. Além disso, os Fóruns [B+] seguem com todo o gás promovendo o encontro de líderes empresariais para debater sobre os mais diversos setores. Mais do que nunca é preciso ter ousadia para seguir em frente. E a sua empresa? Está fazendo o que para se destacar? O futuro depende desta resposta. 12

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Pedro Hijo, editor-chefe da Revista [B+]


Tarifa Prime A nova business super econômica chegou para ficar. Saindo de Salvador a partir de

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Destinos Tel Aviv, Paris, Roma, Lisboa, Barcelona, Londres e demais destinos europeus. Preço por trajeto comprando ida e volta. Tarifa sujeita a disponibilidade. Taxas de embarque não incluídas.

Para maiores informações (71) 3347-8899 | (11) 3876-5607


galeria

Em cada canto um encanto

Pedimos aos nossos leitores para que marcassem fotos de cidades baianas com a hashtag #revistabmais no Instagram. Veja algumas abaixo.

[01] @bruno_sa

[02] @costaleo

[03] @eu_fabioqueiroz

[04] @juliamodelodemodelo

[05] @lkazon

[06] @sergiocayres

[01] @tedesampaio

[02] @_manuelsa

[03] @vnc1us

[01] Rio Vermelho, Salvador, [02] Gamboa, Salvador, [03] Ribeira, Salvador, [04] Ondina, Salvador, [05] Tancredo Neves, Salvador, [06] CAB, Salvador, [07] Barra, Salvador, [08] Piatã, Salvador, [09] Av. Oceânica, Salvador

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Quer participar? Tire uma foto da sua cidade e marque com a hashtag #revistabmais no Instagram! As melhores serão publicadas na próxima edição



onlineemural Comentários ed.30 CAPA as estratégias de quem cresce na crise “[B+] deu show na edição 30! Enquanto uns focam nas tragédias, tratando as crises como o mais importante, outros olham para as oportunidades de crescimento. As crises sempre existiram, assim como as oportunidades. A diferença dos vencedores e dos perdedores é o interesse e a energia que colocamos em cada um desses dois lados da mesma moeda. Parabéns [B+], pelas escolhas e pela excelente matéria”, André Gustavo Barbosa, pelo Facebook “A capa mais linda até hoje! Parabéns!”, Antônio Marcos, pela fanpage

Comentário da edição

“Excelente matéria de capa! A [B+] sempre à frente da realidade brasileira!” Michelle Figueiredo, por e-mail

Uma pergunta para: Georgia Gabriela

Negócio de gente grande

“Foi muito inspirador ler Gabriela contando sobre a sua trajetória. Nos mostra como o nosso lugar no mundo depende muito mais de nós mesmos que de qualquer outra coisa. Claro que há inúmeros fatores que nos impedem de realizar algumas tarefas, mas antes de desistir vale uma reflexão se realmente não há possibilidade de se tomar uma nova atitude”, Vanessa Mazzafera, pela fanpage

“Já vi alguns vídeos de Isaac e realmente o garoto é bom! É uma pena que ele não tenha ido para frente. Na torcida para que os empresários do Nordeste acordem para este tipo de investimento”, Camila Vieira, pelo site “Hoje em dia a pessoa está mais interessada na experiência que o produto pode proporcionar baseado no que outra disse. Claro, ainda tem gente que consome pela marca e status, mas o sentimento de comprar algo que alguém recomendou está crescendo”, Vinicius Nascimento, pelo site

FOTO: Sonia Macedo - R&R Foto Digital

“Ótimos exemplos como o de Georgia inspiram e nos mostram que as dificuldades, por muitas vezes, são pequenas e irrelevantes diante do objetivo traçado. Mas acho que o caminho brasileiro seria menos tortuoso se o básico fosse oferecido. Educação pública de qualidade e com foco na formação do cidadão já é uma realidade em algumas regiões do país, o que torna as possibilidades mais reais para todos”, Inácio Macedo, pelo site

Contra a corrente “Muito interessante divulgar esse tipo de mercado, que ainda é desconhecido e tem muito espaço para crescer na Bahia, por Marcelo Bohana, pela fanpage

Gestão no futebol “Acho que só pelo fato de haver eleições diretas, o Bahia já está muito à frente do Vitória”, Thais Almeida, pelo site

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FOTO: Luciano Oliveira

“A cada edição fica mais linda!”, Raoni Libório, pelo Instagram

Moldura hip hop “Os parceiros no mundão!”, Russo Passapusso, pela fanpage “Parabéns e sucesso! ‘Bem-aventurados os que não morrem estagnados’”, por Edilaine Silva, pela fanpage Errata Informe publicitário: Conforto e sofisticação Na última edição, informamos erroneamente o número do telefone de contato da Construtora Vitor Negrão. O telefone correto é o (71) 3450-7946.


FOTO: Andrew Kemp

Para curtir um som

FOTO: Rômulo Portela

Pedimos para Saulo Fernandes reunir quais são os CDs que está ouvindo atualmente. A lista com as sugestões está em nosso portal. Nesta edição, Saulo também é responsável pelas dicas de aplicativos em Notas de Tec.

No portal A JUVENTUDE PEDE PASSAGEM Confira um papo com o baiano Eduardo Grossman, único brasileiro selecionado para ir ao Vale do Silício.

Para baixar

As edições de todas as publicações do Grupo [B+] estão disponíveis na versão digital (para iOS e Android). Baixe as revistas no seu tablet e mantenha-se informado. As obras que ilustram os pilares deste número são de autoria de Almandrade, artista plástico baiano, arquiteto e mestre em design urbano pela Universidade Federal da Bahia. Algumas peças estão disponíveis no acervo da galeria de arte Roberto Alban. Endereço: R. Senta Pua, 1 - Rio Vermelho, Salvador. Telefone: (71) 3243-3982.

As mais curtidas em nossa fanpage

Queremos te ouvir A Revista [B+] abre espaço para que você, leitor, dê a sua opinião, faça sua crítica ou sugestão sobre as nossas matérias. O que lhe agradou? O que poderíamos melhorar? Qual a sua dúvida? Queremos saber o que você tem a dizer para que o conteúdo da [B+] esteja sempre alinhado com o que você quer ler.

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site www.grupobmais.com.br e-mail redacao@grupobmais.com telefone 71 3012-7477

[01] Banda de Ilhéus se apresentará no mesmo palco que Paul McCartney e Pharrell Williams [02] Baianos que crescem na crise [03] Os 15 profissionais requisitados no comércio, indústria e agronegócio [04] Com seis anos e grandes números na internet, Isaac do Vine atrai a atenção de grandes marcas com vídeos de humor [05] Felipe Pezzoni, da Banda Eva, conta quais são os itens fundamentais para um pai de primeira viagem

W W W. p o rta lB MA I S . CO M. B R

17


fórum[B+]

É preciso encarar a Saúde como negócio Especialistas e empresários debatem sobre governança corporativa nas organizações de saúde no 27º Fórum [B+]

Importante alavanca para a empregabilidade no país e um dos poucos setores que conseguem respirar com mais facilidade durante a crise, a saúde carece de discussão no que diz respeito à governança corporativa. Francisco Balestrin, presidente do conselho da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e um dos responsáveis pela instalação do Hospital Aliança em Salvador, alerta para as dificuldades do setor, que

[02]

é formado primordialmente por empresas familiares e com profissionais com pouca formação administrativa. “O problema da governança clínica são os médicos, com 50 anos ou mais, que estudaram medicina quando era mais arte do que negócio. Eles não são capazes de entender os valores que interferem nesta questão”, disse ele durante palestra no 27º Fórum [B+] que discutiu sobre o assunto. Tais empresas, ainda segundo Balestrin, não despertaram para a necessidade de adotar novas práticas de governança como forma de

[01]

Alerta: “empresas não despertaram para a necessidade de adotar novas práticas de governança como forma de atrair novos investimentos”, diz Balestrin

[03]

atrair novos investimentos. Rubem Seidl, diretor da GC4corp, consultoria de projetos de reestruturação empresarial, ratifica a opinião de Balestrin. Para Seidl, é preciso “despiramizar” a organização das empresas de saúde. “Muitos dos dirigentes destas empresas ainda não se convenceram de que o velho modelo de administração, que incluía

[04]

[05]

[06]

[07]

um CEO, tem que ser substituído por um conselho de acionistas e um conselho de administração que tome medidas baseadas no mercado e nas necessidades empresariais”, diz. “Nós só vamos conseguir fazer saúde quando ela for horizontalizada. É preciso pensar no cidadão desde a promoção”.

[01] Francisco Balestrin (Anahp); [02] Manoelito Souza (Santa Casa); [03] Luciane Bitencourt (Fund. José Silveira); [04] Camila Cumming e José Ricardo Madureira (Santa Casa); [05] Cláudio Neves (Natulab); [06] Cláudio Vinagre (Grupo [B+]) e Edgar Simões (Odonto Daily); [07] Cristina Soares (Hospital Aliança) 18

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[08]

[09]

[10]

[11]

[12]

[14]

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[15]

[16]

+ no site: veja fotos do evento

[08] Geraldo Vargas (Hospital Sagrada Família); [09] Hermano Storti (Tam); [10] Litza Gusmão (Hospital São Rafael); [11] Eugênia Ávila (Lab. Leme); [12] Álvaro Souza (Fund. José Silveira); [13] Ruben Seidl (palestrante); [14] João Maurício Maltez (Nordeste Saúde Empresarial), Tânia Conduru (Hospital Atlântico Sul) e Eduardo Cruz (Itaigara Memorial); [15] Magda Vasconcelos e Iolanda Peltier (Cárdio Pulmonar); [16] Roberto Sá Menezes (Santa Casa)


Cidade

Impasse sobre as obras no Rio Vermelho continua

Da esquerda para a direita: Vicente Mattos, José Carlos Martins, Luciano Muricy e Carlos Henrique Passos

por Lorena Dias, de Salvador

A obra de requalificação do Rio Vermelho, que começou no mês de junho, com investimento de R$ 44 milhões, tem dividido os moradores. De um lado está o “Rio Vermelho em Ação”, grupo que surgiu nas redes sociais e já partiu para as ruas, realizando atos públicos. Em sua pauta está a reivindicação de maior participação popular nos projetos da prefeitura. Do outro estão a Amarv (Associação de Moradores e Amigos do Rio Vermelho) e a prefeitura, que afirmam que o diálogo com a população sempre existiu. “Nós estamos abertos na discussão com moradores e comerciantes”, garante Tânia Scofield, presidente da Fundação Mário Leal Ferreira e responsável pelo pro-

Construção

Salvador sedia Encontro Nacional da Indústria da Construção em setembro

jeto. A obra, que deve ser entregue até o fim de janeiro de 2016,

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção esco-

abrange os trechos da orla que partem da Praia da Paciência,

lheu Salvador para sediar o 87º Encontro Nacional da

passando pelo Largo da Mariquita, até a entrada da Fonte

Indústria da Construção (Enic), a ser realizado entre os

do Boi, além de algumas ruas internas, como a João Gomes

dias 23 e 25 de setembro no auditório do Senai/Cimatec.

e a Almerinda Dutra.

Com o tema “Brasil mais eficiente, país mais justo”, o evento tem o propósito de unir toda a cadeia do setor imobiliário para discutir o futuro da construção no país.

R$ 800

De acordo com Vicente Mattos, diretor de relações institucionais do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), o Enic discutirá temas

milhões

Este é o valor do investimento previsto pelo estado da

como indústria imobiliária, obras públicas e meio ambiente. Ao todo, são esperados 1.800 participantes com o objetivo de apontar soluções e novos entendimentos para o setor.

Bahia para a requalificação de 20 aeroportos regionais até 2033. O plano de reestruturação dos terminais é baseado no aumento do uso do transporte aéreo pelos baianos. Somente no aeroporto de Barreiras, na região oeste, o movimento de passageiros aumentou 30% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2014, segundo o secretário de Infraestrutura do estado da Bahia, Marcus Cavalcanti. O projeto prevê que alguns desses terminais passem a operar com voos regulares,

Economia criativa

Salvador concorre ao título de Cidade da Música

a exemplo de Vitória da Conquista, cujas obras já estão

No fim de julho, a prefeitura lançou a candidatura da

adiantadas e permitirão receber aeronaves com capaci-

capital. Caso seja selecionada, Salvador será a primei-

dade para 189 passageiros. Além desse, novos aeroportos

ra cidade brasileira a fazer parte da Rede de Cidades

também serão construídos, em Bom Jesus da Lapa,

Criativas da Unesco na área da música. A ideia é que o

Senhor do Bonfim, Porto Seguro, Maraú e Ilhéus.

título atraia investimentos no segmento da economia criativa; o resultado da candidatura será divulgado em dezembro.

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FOTO: Angelo Pontes

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blocodenotas

FOTO: Divulgação

Negócios

Salvador ganha agência para captar novos investimentos Foi lançada em julho a agência Salvador Negócios, que visa promover o ambiente de mercado da cidade, articulando, fortalecendo e ampliando oportunidades de investimentos nacionais e internacionais. A iniciativa é fruto de uma parceria público-privada entre a prefeitura, a Associação Baiana para Gestão Competitiva (ABGC), a Federação das Indústrias do Es-

Mídia

tado da Bahia (Fieb) e a Federação do Comércio de Bens, Servi-

Moacyr Maciel, da Ideia3, foi empossado como novo presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap Bahia). Ele substitui Renato Tourinho, da Propeg, que agora assume a vice-presidência da Abap Norte e Nordeste. Conversamos com Maciel sobre os desafios de assumir a nova gestão.

tem características próprias que vão atender às necessidades de Salvador, diferentemente daquelas encontradas em outros estados, que também têm as suas características próprias”, disse a secretária municipal de Desenvolvimento, Trabalho e Emprego, Andréa Mendonça.

FOTO: Divulgação

Sob nova direção

ços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA). “A agência

Como reforçar a importância da propaganda para o mercado? Este será o nosso próximo desafio. As empresas estão precisando aumentar seus resultados, e pesquisas feitas ao longo dos últimos 30 anos têm mostrado que as empresas que investiram em propaganda durante os tempos de crise são as que primeiro conseguem se reerguer e, principalmente, ganham mais mercado durante os tempos de desaceleração. Outro ponto que

Saúde

precisamos trabalhar é o estímulo para o surgimen-

Medicamentos genuinamente baianos

to de novos anunciantes, a propaganda é uma mola propulsora do desenvolvimento de qualquer negócio. Só assim o bolo publicitário aumenta e o resultado das empresas acaba acontecendo.

Dando sequência ao projeto de ampliação do novo complexo O mercado tem percebido a importância deste

industrial da Natulab, o governador Rui Costa inaugurou no

investimento em propaganda?

último mês as novas linhas de aerossol e dermocosméticos

Você falou bem, é um investimento. É um equívoco

da companhia em Santo Antônio de Jesus, interior da Bahia.

encarar propaganda como custo. Num momento onde

A previsão é que até 2018 a produção de aerossóis chegue a 15

há menos gente comprando e menos gente aparecendo,

milhões de itens, enquanto os dermocosméticos alcancem o pa-

torna-se mais adequado investir em propaganda. O mer-

tamar dos 25 milhões. Com essa expansão, a expectativa é a ge-

cado baiano tem percebido isso, as grandes empresas

ração de mil novos empregos diretos e cerca de 2400 indiretos,

têm percebido isso, porque é comprovado.

tornando-se, assim, o maior parque farmacêutico do Nordeste.

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FOTO: Reprodução

blocodenotas informe publicitário

Instituições de nível superior registram recorde de inadimplência em 2015 A inadimplência nas instituições de nível superior deve fechar 2015 na casa dos 18%, segundo o Sindicato das Empresas Mantenedoras do Estado de São Paulo (Semesp). O problema, que cresceu com o aumento do número de faculdades e o fácil acesso a essas instituições, foi potencializado com o corte de investimentos do governo federal na educação e já atinge diversos estados, a exemplo da Bahia. Em Salvador, instituições que desejam diminuir o índice de inadimplência buscam ajuda de empresas especializadas na área de recuperação de crédito, a exemplo da LP Service Gestão de Crédito, que, juntamente com o escritório Lázaro Pontes Advogados Associados, são responsáveis por diminuir significativamente o índice de inadimplência no mercado.

Cultura

Radar: reforma do Cine Madrigal continua parada por Igor Luz, de Vitória da Conquista

Depois de ser comprado pela prefeitura de Vitória da Conquista em maio de 2014, o Cine Madrigal, um dos primeiros cinemas do interior do estado, continua de portas fechadas. No ano passado, o órgão investiu R$1 milhão na reforma do local, que estava há dez anos de portas fechadas. Procurada pela [B+], a prefeitura

Lázaro Pontes Advogados Associados: (71) 3015-5890 www.lazaropontes.com.br

informou que o projeto para a revitalização já está pronto, na fase de conclusão de orçamentos e, após esta etapa, iniciará a captação de recursos para o início das obras. A prefeitura informou ainda que ad-

Lições

quiriu o equipamento a fim de transformar o espaço

O sociólogo italiano Domenico De Masi e o economista Edval

histórico em um local multifuncional destinado a

Passos ministrarão palestra sobre trabalho e empreendedo-

atividades culturais e educacionais. Após reformado,

rismo no século 21, em Salvador. O encontro será no dia 21 de

o espaço também servirá para atividades pedagógicas

agosto e será realizado em dois horários: das 8h às 12h no Cen-

ligadas à rede municipal de ensino de Vitória da Con-

tro Integrado de Manufatura e Tecnologia, em Piatã, e das 19h

quista. A memória de Glauber Rocha fica no aguardo.

às 22h, no Candyall Guetho Square, no bairro do Candeal.

tratamento

Brasil sai na frente no combate à hepatite C O Ministério da Saúde anunciou que um novo tratamento

esse tratamento na rede pública. Na Bahia foram registrados

contra a doença estará disponível nos postos do Sistema Único

526 casos de hepatite C em 2014, 16% menos que no ano ante-

de Saúde (SUS) até dezembro deste ano. A nova terapia tem

rior. Em 2015 somente a capital apresentou 290 casos confirma-

tempo de tratamento reduzido em comparação com a utilizada

dos das hepatites A, B e C. A doença é transmitida pelo contato

atualmente, além de aumentar as chances de cura do paciente.

com o sangue contaminado em doações de sangue, relações

De acordo com o ministro da Saúde, Arthur Chioro, o Brasil é

sexuais desprotegidas e utilização de materiais perfuro cor-

um dos primeiros países em desenvolvimento a disponibilizar

tantes, por exemplo.

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INSCRIÇÕES ABERTAS

GESTÃO • Especialização em Perícia, Mediação e Arbitragem

• MBA em Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional

• MBA em Controladoria e Finanças

• MBA em Gestão de Processos de Negócios,

• MBA em Gerenciamento de Projetos

Qualidade e Certificações

• MBA em Gestão de Negócios

• MBA em Logística e Operações

ENGENHARIA

SAÚDE

• Especialização em Engenharia de Avaliação e Perícia

• Especialização em Enfermagem Obstétrica • Especialização em Terapia Analítico-Comportamental

LINGUAGEM, CULTURA E EDUCAÇÃO

MEIO AMBIENTE

• Especialização em Estudos Culturais, História e Linguagens

• Especialização em Ecologia e Intervenções Ambientais

• Especialização em História da Bahia

SERVIÇO SOCIAL • Especialização em Serviço Social e Práticas em Saúde na Contemporaneidade • Especialização em Gestão Estratégica de Projetos Sociais: Elaboração, Planejamento e Avaliação

FB.COM/UNIJORGE

@UNIJORGE_OFICIAL

NOVAS TURMAS. MATRICULE-SE JÁ.

INSCRIÇÕES:

pos.unijorge.edu.br • (71) 3206.8000


blocodenotas reforma

Centro Antigo de Salvador tem revitalização iniciada O projeto autorizado pelo governador Rui Costa contempla 200 ruas em onze diferentes bairros da região e está orçada em R$123 milhões. Entre as mudanças previstas estão a requalificação das calçadas e calçamentos, implantação de pisos táteis, rampas para cadeirantes e 73 km de ciclofaixas, além da subs-

LOGÍSTICA

tituição da fiação aérea pela subterrânea na Avenida Sete de

Ferrovia Oeste -Leste sob ameaça

Setembro, Rua Chile e Rua Direita do Santo Antônio. As demais localidades contempladas pelo projeto são Comércio, Água de Meninos, Calçada, Campo Grande, Politeama, Dois de Julho, Mouraria, Santo Antônio, Nazaré, Barbalho, Macaúba, Soledade e Lapinha. Segundo o governador, o projeto será executado no prazo de 18 meses. A expectativa dos moradores e comerciantes locais é a de que, com a revitalização, melhore também a segurança na região. Iniciativa Privada Seguindo o mesmo caminho, a iniciativa privada também decidiu investir no Centro Histórico de Salvador. As obras do Hotel Fasano, iniciadas em 2013, foram retomadas com previsão de término em 18 meses. Até o momento R$ 17 milhões foram injetados no empreendimento, que contará com 70 suítes, piscina,

Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht S.A, teve a prisão temporária decretada na 14ª fase da Operação Lava Jato

FOTO: Divulgação / IDEA

bares e restaurantes.

Desde a declaração do ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, de que a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) não foi incluída na segunda fase do PIL 2 (Programa de Investimento e Logística), muito se tem especulado sobre a paralisação das obras, que já estão atrasadas. De acordo com o ministro, as mesmas não foram e não serão paralisadas, porém, apenas aquelas já iniciadas serão concluídas. Paulo Roberto Fialho, superintendente da Valec (estatal responsável pela obra), informou que foram destinados R$190 milhões até agosto para que as os trabalhos não fossem interrompidos. Ainda assim, um grupo de deputados e senadores baianos foi até Brasília com o intuito de destravar o projeto e dar continuidade à Fiol. Em reunião com o ministro do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz, e a presidente do Ibama, Marilene Oliveira, os políticos foram informados de que não há nenhum impedimento de ordem técnica referente à ferrovia.

CRISE

Empresas baianas sofrem o impacto da Lava Jato

A operação Lava Jato completou um ano no mês de março e a economia baiana já sente as consequências do escândalo que envolve algumas empresas públicas e privadas do país. De acordo com o economista Edísio Freire, o principal legado negativo das investigações é a redução dos investimentos por parte do governo federal, impactado pelos escândalos de corrupção. “Ao reduzir os investimentos, as empresas faturam menos, as pessoas ficam desempregadas e pagam menos impostos. É um ciclo que enfraquece a economia como um todo”. O estado já vinha sofrendo com a crise no mercado imobiliário e teve a situação agravada quando as empresas OAS e Odebrecht foram citadas na Lava Jato. Para Freire, o envolvimento das empreiteiras baianas levou à perda de credibilidade e, consequentemente, à desvalorização do produto e aumento do desemprego. O especialista, entretanto, acredita na recuperação dessas empresas e da economia do país, tendo em vista a solidez com que foram construídas. “Acredito que a médio ou longo prazo a OAS e a Odebrecht, assim como a própria Petrobrás e o Brasil superem essa crise e retomem o crescimento. Assim como todo o parque industrial, que, impulsionada pelo câmbio alto, deverá importar menos e produzir mais”, completa. 26

R e vista [ B + ]

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acontecenordeste Sergipe

Sergipe é o estado que menos desempregou

FOTO: Shutterstock

De acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), Sergipe foi o estado da região Nordeste que menos desempregou no mês de junho. De acordo com a pesquisa, a queda foi de 149 vagas de empregos formais em todas as atividades da economia. O estado nordestino que mais desempregou no mesmo período foi a Bahia, com uma baixa de 9.124 vagas. No primeiro semestre, o estado manteve um saldo de menos 6.176 postos de trabalhos, com destaque para a agropecuária, responsável por menos 3.423 vagas.

Maranhão

Região

Diminui o índice de confiança dos empresários maranhenses

Região Nordeste é a que mais abre motéis no Brasil

De acordo com pesquisa encomendada pela Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei-MA) assinalou uma queda, chegando a 40,4 pontos. O resultado fica abaixo dos 50 pontos e indica preocupação do empresariado do estado. A pesquisa apontou que tanto as empresas pequenas (45,2) quanto as médias e grandes (37,9) estão pessimistas. A média de confiança no mês de junho ficou acima da média nacional (38,9), mas abaixo da média da região Nordeste (42,7).

Ceará

Pernambuco

Produção do Nanico Car deve começar em 2016 no Ceará

Política é a maior preocupação das empresas de Pernambuco

FOTOS: Divulgação

O Nanico Car deve começar a ser fabricado comercialmente no Brasil em 2016. O designer brasileiro Caio Strumiello e seu sócio, o físico Paulo Roberto, estão negociando com a prefeitura do município cearense de São Gonçalo do Amarante a construção da fábrica para produzir o modelo na cidade. A unidade deverá ter capacidade para montar até 500 veículos por mês, gerando cerca de 100 empregos diretos, e tem investimento inicial de R$ 8 milhões. Até agora, o Nanico Car só foi produzido artesanalmente no país. O modelo produzido no Ceará terá versão tanto a gás quanto elétrico. A previsão é que, após regulamento, o carro custe a partir de R$ 15 mil. 28

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Levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) mostra que nos últimos três anos foram abertos 232 estabelecimentos na região Nordeste. É o maior número do país. Ceará é o estado campeão em abertura de motéis, com 56 estabelecimentos nos três últimos anos. Pernambuco aparece em segundo lugar, com 55 novos motéis, e o Maranhão fica em terceiro lugar no ranking, com 29.

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Dados do 3º Termômetro Empresa LIDE Pernambuco/Ibope mostram que donos de empresas de médio e grande porte de Pernambuco preocupam-se com a instabilidade política do país. Dos 200 entrevistados, 77% consideram o cenário político brasileiro o tema mais preocupante para a economia este ano, bem acima de fatores como inflação em alta e aumento do valor do dólar. O pessimismo se reflete no mercado: 41% planejam demitir e 44% acreditam que a situação dos seus negócios agora está pior do que no mesmo período de 2014.


Belo Horizonte Brasília Recife Ribeirão Preto Rio de Janeiro São Paulo loja.carlaamorim.com.br www.carlaamorim.com.br


agro+ FOTO: Shutterstock

Pecuária

Bahia está autorizada a exportar carne “in natura” para os EUA Os 302 mil criadores de gado da Bahia podem comemorar. O estado, que tem 11 milhões de cabeças de gado, está capacitado para exportar carne “in natura” desde o mês passado. A avaliação de riscos feita pela agência do Serviço de Inspeção de Sanidade Animal e Vegetal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica que a carne bovina, resfriada ou congelada, pode ser importada com segurança, contanto que certas condições sejam garantidas para evitar a chegada do vírus da febre aftosa aos EUA. Vale lembrar que desde 2001 a Bahia é reconhecida como zona livre da febre aftosa.

Brasil

Oeste baiano apresenta queda de 24,4% nas exportações de soja Em comparação com o mesmo período do ano passado, o primeiro semestre de 2015 foi

FOTO: Pedro França

Soja

“Nós não somos um ser extraterrestre que está fora da situação do país como um todo, se o país todo tem ajustes, o Ministério da Agricultura não será diferente”, afirmou a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, durante pronunciamento no fim de julho. Segundo a ministra, os setores mais importantes para a pasta serão preservados em corte adicional de gastos do governo de R$ 8,6 bilhões, anunciado pela equipe econômica no mês passado.

pouco animador para os produtores baianos, segundo pesquisa divulgada pela Superinten-

Economia

a pesquisa da SEI, o estado diminuiu as exportações para os principais mercados, como Estados Unidos, União Europeia e Mercosul. Por outro lado, as exportações para a China aumentaram em 20%, mantendo o país asiáti-

FOTO: Shutterstock

co como principal importador da soja baiana.

Cresceram

Bahia (SEI). De maneira geral, de acordo com

40,9 33,4% %

Soja Feijão

Caíram

dência de Estudos Econômicos e Sociais da

-3,7 -21,2% %

algodão cacau

Dados do primeiro trimestre de 2015, segundo a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI)

180 hectares Essa será a nova área destinada à fruticultura pela empresa agropecuária Santa Felicidade, localizada no Vale do São Francisco. A fazenda, produtora e exportadora de uva sem caroço e manga, anunciou a aquisição de mais 40 hectares de área, totalizando 180 hectares destinados à produção. Com a expansão, a capacidade produtiva do empreendimento aumentará em 1,2 milhão de quilos de frutas – chegando a 5,4 milhões. Esse número representa um aumento de 30% no faturamento. 30

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na Bahia.. De 23 a 25 de setembro de 2015, Salvador receberá o 87º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), o único evento que reúne toda a cadeia do setor para discutir os caminhos para o futuro da construção. Um espaço para o mercado avaliar o cenário, buscar inovações e criar oportunidades através de debates e trocas de experiências.

Participe. Faça agora mesmo sua inscrição pelo site:

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Patrocínio:


imóveis+

Na Bahia, no Brasil e no mundo Com escritórios na Bahia, em São Paulo, Lisboa e Maputo, a SQ+Arquitetos Associados disponibiliza soluções diferenciadas para todos os continentes Criado em 1998 na capital baiana, pelo arquiteto Sidney Quintela, o escritório SQ+Arquitetos Associados tem hoje unidades em São Paulo, Lisboa e Maputo. Foram mais de dois mil projetos entregues para clientes de vários estados do Brasil, da Europa e África. “Vivemos em um mundo globalizado

FOTO: Divulgação

e as chances de fazer um bom projeto podem estar em qualquer lugar. As crises são cíclicas, fazem parte da história econômica, e nós buscamos oportunidades para além do horizonte do Brasil”, comenta Quintela. Diversificação é a palavra-chave para a equipe da SQ+, que mantém uma estrutura robusta com mais de 60 arquitetos. A empresa assina desde projetos residenciais, da categoria econômica ou alto luxo, até projetos de urbanismo. Versátil, Quintela está diretamente envolvido com os projetos de urbanismo que requalificam a orla de Salvador. “O projeto básico e executivo da orla da Barra fui eu que fiz e também estou trabalhando no projeto do Rio Vermelho”, afirma o arquiteto. “Os dois têm linguagem semelhante, mas no Rio Vermelho não há modificação viária, apenas reordenamento do tráfego, para torná-lo mais fluido”, explica Quintela. Ele é um defensor da criação de espaços compartilhados, onde há convivência entre automóveis, pedestres e ciclistas. “A população precisa conviver em espaços públicos, resgatando o que a gente fazia no passado. E, melhor, esse tipo de arquitetura é excelente para o turismo”, pondera. Mercado internacional O escritório está desenvolvendo um projeto para o grupo Soico Televisão (STV), em Moçambique. Trata-se de um complexo de 4.500 metros quadrados, envolvendo estúdios de rádio e TV, áreas administrativas e de produção, equipadas com tecnologia de última geração. Em Lisboa, Quintela chegou à etapa final de um empreendimento que está atraindo muitos investimentos estrangeiros. “O momento atual é de muito trabalho e exige de nós um esforço maior para a inovação e para prospectar novos mercados”, resume. 32

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Sem temer a crise Com sede no Recife e forte atuação em Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará, a Moura Dubeux (MD) faz a diferença no mercado baiano ao lançar empreendimentos diferenciados, no momento em que as concorrentes se retraem. No primeiro semestre deste ano, a incorporadora lançou o residencial Singullare Iguatemi e o Mansão Bahiano de Tênis, na Graça. Em maio de 2015, a Moura era uma das quatro incorporadoras brasileiras com Rating AA, grau de classificação de risco de crédito. O Singullare Iguatemi, mais recente lançamento da MD, será construído no Parque Bela Vista, próximo à região do Iguatemi, e comercializado a partir de R$270 mil. O residencial terá apenas uma torre de 22 andares, construída em um terreno de 5.500m², e será entregue com áreas comuns decoradas e equipadas.


FOTOs: Divulgação

núbia cristina

Entrega antecipada

Produtora e apresentadora do CBN Imóveis e do Painel Empresarial CBN

Mantendo a tradição, a Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR) entregou o Parque Tropical no dia 30 de junho, antes do prazo pactuado com os clientes. O Parque Tropical é um condomínio de oito torres, com unidades de três e quatro suítes, que ocupa uma área de 33 mil m², em um terreno que fica a 34 metros do nível do mar. Os apartamentos contam com ventilação privilegiada e vista para o litoral ou para a reserva ecológica do Parque de Pituaçu. Eduardo Pedreira destaca ainda que a incorporadora está trabalhando em um projeto, para ser lançado em 2015, com grande potencial de requalificação da cidade do Salvador. Ao lado, Eduardo Pedreira, diretor regional da Odebrecht Realizações Imobiliárias, na entrega do Parque Tropical ao lado do presidente da empresa, Paul Altit


mercadopet

Very Important Pet Mais forte do que a crise, o amor pelos bichos de estimação movimenta setor econômico

FOTO: Luciano Oliveira

por Thuanne Silva

Mão no bolso

A Semeve, em Salvador, oferece UTI para os animais de estimação

O gasto mensal com cães pode chegar a R$ 308 para donos de raças de grande porte e a R$ 133 para raças de pequeno porte (considerando despesas com banho, tosa, consultas veterinárias e alimentação). Já o gasto geral com gatos chega a R$ 84,19. Aves são os animais que menos dão despesas, com a média de R$ 15 por mês. *Dados da Abinpet

Tratados como parte da família, os pets ganharam tratamento de luxo. O

para fazer uma consulta de emergência ou

mercado voltado para os animais de estimação faturou, apenas em 2014, nada

tomar vacina, mas também para prevenir.

menos do que R$16,4 bilhões, colocando o Brasil em segunda posição no ranking

Para criar o plano de saúde e implantá-lo

mundial, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. A previsão para este ano é

na Bahia, Mônica e seus sócios realizaram

que o mercado siga aquecido, de acordo com a Associação Brasileira da Indús-

pesquisa de mercado e foram em busca de

tria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).

clínicas parceiras. “Plano de saúde animal

Empreendedores baianos do segmento de saúde dos pets têm investido pesado. Luciano Tanajura Requião, diretor técnico responsável pelo hospital veterinário Semeve, em Salvador, apostou em equipamentos tecnológicos de

é algo novo na Bahia, mas que já existia em outros estados”, conta. Com quatro anos e meio de mercado, 109

ponta como diferencial da clínica particular. O ambulatório de mil metros

clínicas e veterinários credenciados e 2.500

quadrados conta com UTI, realiza diagnósticos por imagem, oferece também

clientes, a VitalPet oferece diferentes planos

especialistas em dermatologia, oncologia, neurologia, ortopedia e ainda dispõe

mensais que variam entre R$59 e R$ 169. Atu-

de laboratórios de análises clínicas e patológicas. A média gasta com todos os

almente, a empresa tem sede em Salvador,

equipamentos beira os R$2 milhões.

mas também atua em Camaçari, Dias D’Ávila,

Para internar o melhor amigo, o cliente deve colocar a mão no bolso: os

Feira de Santana e Lauro de Freitas. Segundo

valores da consulta variam de R$ 130 a R$ 250, enquanto o internamento custa

a veterinária, a empresa está em expansão e

de R$ 350 a R$ 450 e em UTI R$ 600 a R$ 900.

vai chegar também a Ilhéus e Itabuna. Hoje

Também pensando no bem-estar e na saúde dos animais, a veterinária

são 16 funcionários de carteira assinada e

Mônica Aguiar criou a VitalPet, um plano de saúde voltado para pets. Mônica

42 revendedores comissionados. Coisa de

acredita que os baianos estão aprendendo a ir ao veterinário não apenas

cachorro grande.

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Obra: Almandrade / Galeria de Arte Roberto Alban Apoio:

negócios As grandes empresas que apostam na Bahia Baianos que não conseguem vender dentro do estado [C] Tecnologia que escraviza O cacau está de volta [C] Salvador precisa perder o medo do novo Entrevista: Fernando Barros Fugir do marketing é um erro [C] Investir em comunicação para vencer a crise

W W W. p o rta lB MA I S . CO M. B R

34 40 44 46 50 52 56 58

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Negócios | investimento

Sem medo de investir

Empresários encontram alternativas em mercados com diferentes níveis de desempenho na Bahia por Artur Queiroz, Lorena Dias e Luana Assiz

inseguran

ça

instabilidade o

med

oport unida de

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Em tempos de projeções econômicas pessimis-

dizer que a indústria baiana sofre com a malha logística para distribuição dos

tas, ainda é possível encontrar empresários

seus produtos. Dependemos quase que totalmente da malha rodoviária, o que

com boas perspectivas de crescimento no

impacta significativamente no preço final”, avalia Eneida Leite, sócia da Tyno

mercado baiano. A possibilidade de fechar o

Consultoria.

ano com números positivos vem das condições

De acordo com a especialista, a política de atração de investimentos tropeça

naturais do estado. Da qualidade do solo, da

também em outros obstáculos. “Competimos com um mercado global agres-

água e dos ventos.

sivo. Possuímos uma carga tributária alta demais, de 35% do PIB, além dos

“A Bahia continua sendo uma região estratégica, seja pelo seu potencial de con-

encargos na folha de empregados”, resume. Ainda assim, a agropecuária mantém o ritmo de crescimento no PIB, com

sumo interno, seja por sua localização como

avanço de aproximadamente 8% no segundo trimestre, de acordo com a Supe-

importante elo entre o Sudeste e o Nordeste”,

rintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).

afirma o sócio da Deloitte Ricardo Teixeira.

Apesar do recuo de cerca de 15% do setor de bebidas, o grupo peruano ISM

Na lista de fatores que motivam o investi-

não se deixou impressionar com esse indicador e aproveitou a qualidade da

mento da iniciativa privada estão: infraestru-

água no município de Alagoinhas para ampliar a oferta de produtos e expandir

tura, logística e disponibilidade de insumos,

as atividades no estado.

serviços e mão de obra. Mas em todos esses aspectos há dificuldades por aqui. Os desafios de infraestrutura afetam toda a cadeia do setor produtivo. “Hoje podemos

Apontado como vetor de desenvolvimento do futuro, o segmento de energia eólica começa a se destacar: desde maio, a Bahia ocupa a segunda posição no ranking nacional de geração dessa matriz energética, ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte.

W W W. p o rta lB MA I S . CO M. B R

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FOTO: Divulgação

Negócios | investimento

Agropecuária Os custos de produção encarecem a atividade agropecuária na Bahia, principalmente por causa da falta de infraestrutura adequada para o escoamento das commodities. Mas as dificuldades de transporte e os altos gastos em insumos e energia não assustam o engenheiro agrônomo e empresário Júlio Cézar Busato, que cultiva em 45 mil hectares no oeste baiano algodão, soja, milho e feijão. Ele espera um crescimento de 1,5% neste ano. “O agricultor é um otimista por natureza. Não estamos vendo crise, mas um momento difícil para a economia”, afirma Busato, que comemora o resultado da última safra. Em plena estiagem, colheu 49 sacas de soja por hectare, o equivalente a 60 quilos dos grãos. “Há 28 anos, quando cheguei aqui, os impactos da seca seriam desastrosos, teríamos colhido apenas 18 sacas de soja por hectare, mas, com a tecnologia que foi criada, não sofremos tanto esses efeitos do clima”, orgulha-se. O aparato tecnológico associa técnicas de irrigação, equipamentos de última geração, variedade de sementes mais produtivas e uso inteligente de fertilizantes. “Tudo é feito via GPS e por monitoramento. Temos o que se chama MIP (manejo integrado de pragas), que permite que o defensivo agrícola atue apenas quando necessário”, explica. A qualificação da mão de obra em capacitações oferecidas por fabricantes das máquinas

Projeção de crescimento para 2015: 1,5%

utilizadas no empreendimento é outro trunfo do

Número de funcionários: 900

empresário, que emprega 900 funcionários.

Número de unidades de produção: 45 mil hectares de área cultivada

No bojo do avanço de 12,5% em 2014 da

Situação do PIB do setor: a agropecuária cresceu 4,0% no primeiro

agropecuária, setor que mais contribuiu para o

trimestre de 2015 em relação a igual período do ano anterior

crescimento de 1,5% da economia baiana no ano

Desafios do setor: resolver os problemas de logística no estado,

passado, a AgroBahiana, unidade produtora de

promover a industrialização no oeste baiano, para permitir a

bezerros geneticamente melhorados localizada

transformação dos grãos em derivados, e adequar a legislação

no município de São Gonçalo dos Campos, deve

trabalhista às especificidades da produção agrícola

crescer até 70% neste ano. “As altas contínuas no preço do bezerro e do

sócio-diretor da empresa. Em pouco menos de

“O agricultor é um otimista por natureza. Não estamos vendo crise, mas um momento difícil para a economia”

um ano, a arroba do bezerro de corte apresentou

Júlio Cézar Busato

boi gordo impactaram positivamente o bom desenvolvimento do setor, resultado também da queda do embargo da Rússia ao mercado brasileiro e da reabertura das exportações para os Estados Unidos”, afirma João Pedro Bahiana,

alta de 191%, sendo comercializado a até R$ 230. 38

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Projeção de crescimento para 2015: desde 2011 a Gamesa já instalou mais de 1.000 MW no Brasil e conta com pedidos fechados para a geração de mais 1.500 MW no país Número de funcionários: 570 empregados diretos até o fim de 2015 Número de unidades de produção: uma fábrica de aerogeradores e naceles na cidade de Camaçari (BA). Situação do PIB do setor: a energia eólica representa 0,5% do Produto Interno Bruto do estado (participa com 5% no setor de energia elétrica, que representa 7% do PIB) Desafios da empresa: Manter-se como líder mundial no desenvolvimento de tecnologia eólica e dar continuidade ao investimento no Brasil em meio à crise econômica

“O Nordeste brasileiro tem um papel estratégico para a Gamesa, pois é uma região onde se encontra grande parte dos parques eólicos nacionais graças a suas excelentes condições de vento”, FOTO: Divulgação

Edgard Corrochano

Energia Eólica O potencial da Bahia em energia eólica chama

da América Latina. Foi investido R$ 1,2 bilhão na construção do parque, que é

a atenção de grandes grupos empresariais que

administrado pela Renova Energia.

estão vendo no estado uma oportunidade de

Tendo em vista a necessidade de compra dos equipamentos para a monta-

investimento. O momento é favorável já que

gem de torres eólicas, a empresa espanhola Gamesa instalou-se na Bahia no

as usinas hidrelétricas, principais geradoras

ano passado visando se tornar fornecedora destes equipamentos. Em junho a

de energia no Brasil, estão passando por

empresa inaugurou, em Camaçari, uma fábrica de naceles (tipo de suporte para

um período de baixa desde o ano passado.

motor) com investimento de R$ 40 milhões.

Segundo especialistas, a Bahia tem condições

“Além do investimento feito neste ano para a fábrica de naceles, ao longo de 2016

geográficas ideais para o desenvolvimento de

ainda serão investidos R$ 80 milhões na Bahia, que nós reconhecemos como uma

tecnologia eólica.

das regiões mais promissoras do mundo para o aporte em energia eólica”, disse o di-

De acordo com um levantamento da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), até 2019 a Bahia vai contar com mais de

retor-geral da Gamesa no Brasil, Edgard Corrochano. O planejamento da empresa é de que a fábrica de Camaçari tenha uma produção anual de cerca de 150 naceles. Ainda segundo Corrochano, a quantidade de parques eólicos instalados na

200 parques eólicos. Até o momento o estado

região Nordeste também foi determinante para o investimento na Bahia. “O Nor-

tem 37 em funcionamento. O primeiro entrou

deste brasileiro tem um papel estratégico para a Gamesa, pois é uma região onde

em operação em 2012 na cidade de Brotas de

se encontra grande parte dos parques eólicos nacionais graças a suas excelentes

Macaúbas, na Chapada Diamantina. O Alto

condições de vento”, disse. A Gamesa tem um planejamento de que até o fim

Sertão I, em Caetité, que ficou pronto em 2012,

deste ano o número de funcionários empregados pela empresa seja o dobro do

é o maior parque do Brasil e também o maior

número atual, chegando à marca de 570 empregados. W W W. p o rta lB MA I S . CO M. B R

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FOTO: Divulgação

Negócios | investimento

Projeção de crescimento para 2015: crescimento mundial 10% superior ao de 2014 Número de funcionários: 480 funcionários diretos, mais de mil indiretos no empreendimento Número de unidades de produção: uma fábrica baiana, 20 mil pontos de venda no estado e três centros de distribuição (Salvador, Alagoinhas e Feira de Santana) Situação do PIB do setor: segundo a Fieb, o setor de bebidas representa 2,1% do Valor de Transformação Industrial da Bahia (equivalente ao PIB do setor) Desafios da empresa: continuar expandindo o negócio com mercado em crise e comandado pela Brasil Kirin

“A meta da ISM é se consolidar no mercado baiano e avançar para outras praças”, Katerina Añaños

Bebidas Ao contrário do agronegócio e da energia eólica, o setor de bebidas não tem

baiana deve aumentar em 10% sua produção,

dado indícios de crescimento. Segundo a Federação das Indústrias do Estado da

que atualmente corresponde a 100 milhões

Bahia (Fieb), o setor apresentou retração de 7,5% no primeiro trimestre do ano.

de litros/ano. Para isso, a empresa conta com

Ainda assim, a Indústria São Miguel, instalada na Bahia desde 2012, já inves-

480 colaboradores diretos, número que deve

tiu US$ 49 milhões no Brasil desde a sua inauguração e pretende agora ampliar

aumentar em 5%. “A meta da ISM é se consoli-

a produção e melhorar a infraestrutura da sua fábrica na cidade de Alagoinhas,

dar no mercado baiano e avançar para outras

que vai ganhar uma terceira linha de produção até dezembro. A empresa pre-

praças. Já estamos com presença em Sergipe,

tende investir mais US$ 4 milhões no estado.

por meio de distribuidores, e continuaremos

“Apesar do contexto atual que vive o país, a ISM segue confiante no crescimento do mercado baiano, que se manteve estável nos últimos anos”, afirma a diretorageral da ISM Brasil, Katerina Añaños. A instalação da fábrica na Bahia é um reflexo do interesse do grupo em

expandindo nossa atuação”, garante a diretora. A principal concorrente do grupo peruano é a Brasil Kirin, que, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e

expandir o negócio pela América Latina. “A escolha da cidade de Alagoinhas foi

Bebidas Não Alcoólicas (Abir), está entre as

motivada pela excelente qualidade da água – segunda melhor do mundo –, pelo

empresas com maior volume de investimentos

clima da Bahia, entre outros fatores que contribuem para o desenvolvimento

e faturamento do setor, ao lado da Ambev e

de uma empresa de bebidas”, explica Katerina Añaños.

Coca-Cola. A previsão da Indústria São Miguel

Atualmente, a ISM Brasil produz quatro marcas: o refrigerante Goob, o energético EnerUp, o suco Yulo e a água mineral Lôa. Com a expansão, a fábrica

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para 2015 é alcançar uma receita global de US$ 300 milhões, volume 20% superior ao de 2014.



João Paulo Paschoarelli, da MOG Marine Oil & Gas Energy Solutions: não consegue competir com grandes empresas do mercado local

Santo de casa não faz milagre Empresários que vendem fora da Bahia apontam os motivos que fazem os seus mercados serem pouco expressivos no próprio estado por Juliana Brito

Para algumas empresas baianas, o ditado “santo de casa não faz milagre” é uma realidade. A ausência de mercado consumidor suficiente para absorver a produção e a dificuldade em disputar com concorrentes de grande porte são alguns dos problemas que as levam, muitas vezes, a ser mais competitivas e reconhecidas fora do estado. 42

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FOTO: Divulgação

NEGÓCIOs | mercado


FOTO: Divulgação

Criada há 22 anos em Salvador, com atuação no desenvolvimento de tecnologias voltadas para combustíveis, a MOG Marine Oil & Gas Energy Solutions nunca conseguiu competir com as grandes empresas do mercado localmente. A solução encontrada, desde o princípio, foi vender em outros estados. “Fomos nos apresentar a empresas de São Paulo e, imediatamente, elas entenderam o nosso produto. Aqui não acreditaram em nós. Há um comodismo grande das pessoas em não saírem da zona de conforto”, resume João Paulo Paschoarelli. Ele e Antônio José Carvalho Silva Jr. são os responsáveis pela parte comercial do negócio, que dividem com outros três sócios. Paschoarelli explica que uma característica desse setor é que 80% do petróleo é extraído offshore (de plataformas marítimas), mas que, para qualquer aposta em um novo produto, é necessário que seja antes testado onshore (em plataformas terrestres). “Mas esse discurso das empresas de que são abertas aos pequenos negócios é mais do setor de responsabilidade social que do operacional. Elas gostam é de negociar com as grandes”, diz. Há cerca de um ano, a MOG trocou os produtos que desenvolvia pela distribuição de uma marca americana. Ele afirma que o faturamento aumentou 500%. Disputar com empresas consagradas também pode ser difícil para quem quer vender para o varejo, especialmente quando se trata de produtos alimentícios e de higiene em geral, diz o gerente da Unidade de Acesso a Mercado do Sebrae Bahia, José Nilo Meira. Para ele, a questão central não é o receio em apostar em novos fornecedores, mas o cumprimento, por parte desses, de requisitos importantes para os clientes. “Eles querem volume, escala, qualidade e preço”, resume. Meira acredita que o associativismo é uma alternativa interessante para os pequenos negócios e cita os exemplos da rede Boa Farma e da Redemix, formadas por empresários que se juntaram para ganhar força no mercado. “Podem fazer isso só para comprar ou para distribuir e vender também, se quiserem”, explica. O vice-presidente da Associação Bahiana de Supermercados (Abase) e dono da rede Atakarejo, Teobaldo Costa, diz que o setor procura dar prioridade à economia regional, mas admite que, na prática, produtos de outros estados ganham a preferência nas gôndolas, por serem mais baratos em média, 20% e terem “mais nome”. “As redes multinacionais têm acordos com as grandes indústrias. Existe uma limitação de marcas por loja. Quase não sobra espaço para cadastrar fornecedores locais”, afirma.

“As redes multinacionais têm acordos com as grandes indústrias. Existe uma limitação de marcas por loja. Quase não sobra espaço para cadastrar fornecedores locais” Teobaldo Costa, vice-presidente da Associação Bahiana de Supermercados (Abase) e dono da rede Atakarejo W W W. p o rta lB MA I S . CO M. B R

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FOTO: Roberto Viana/AGECOM

“Fomos nos apresentar a empresas de São Paulo e, imediatamente, elas entenderam o nosso produto. Aqui não acreditaram em nós. Há um comodismo grande das pessoas em não saírem da zona de conforto” João Paulo Paschoarelli, MOG Marine Oil & Gas Energy Solutions

Mercado pequeno Para outros negócios a dificuldade é a falta de consumidores locais. O ex-surfista Fábio Pinheiro há cinco anos criou a Ucla Bodyboards, que comercializa materiais esportivos para esse esporte. Ele afirma que 70% das vendas acontecem fora da Bahia. O empresário acredita que isso se deve ao menor poder aquisitivo de quem pratica bodyboard por aqui. As características dos produtos também influenciam. “As pranchas que vendo para água fria são muito caras, a partir de R$ 890. E têm características bem específicas, não se adaptam bem à nossa temperatura de água”, diz. Produtor de cafés especiais, incluindo os orgânicos, na Cha-

Costa acredita que comprar de empresas baianas facili-

pada Diamantina e proprietário da Latitude 13 Cafés Especiais,

taria a logística e, portanto, também a estocagem, mas, por

Luca Allegro começou exportando, há 12 anos, para destinos

outro lado, seria complicado para os varejistas negociar com

como o Vaticano e há três anos passou a vender de forma mais

vários fornecedores.

significativa para o mercado nacional, com o crescimento da

“Mas houve avanço. Há 20 anos, praticamente trazíamos tudo de fora. Hoje muita coisa já vem daqui”, ressalta Costa. Para o economista Isaías Matos, conhecer bem o ambiente no qual vai empreender é fundamental para conseguir vender. “O importante é conhecer o mercado em que queremos colocar nossos produtos, as limitações (potencial econômico da

demanda por café de qualidade. O gerente do Sebrae acredita que esse tipo de situação é um indicativo de que se trata de um bom produto. “Se o mercado não estava preparado para absorver o produto dele, isso é algo simples de reverter. É um caso até bom”, afirma. Hoje, 30% da produção de café da empresa já é consumida

região), público-alvo, principais concorrentes, fornecedores. A

no Brasil, a maioria desse percentual na Bahia. Luca acredita

tendência, em um mercado competitivo, é a alternância de forne-

que é questão de tempo a ampliação do consumo no estado.

cedores. Claro que alguns setores, pelas suas próprias caracte-

“Vejo perspectiva clara, especialmente para o café orgânico.

rísticas, evitam determinados riscos e apostam em fornecedores

Estou com uma cafeteria na Ceasinha, que já é um ponto para

consolidados e nas grandes marcas”, diz.

criar essa cultura do café”, diz.

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NEGÓCIOs | mundo corporativo

A natureza do nosso trabalho

M

Luiz marques de andrade Filho Economista, superintendente da FEA-Ufba e professor de finanças e economia

Some-se a isso a miséria que está cada vez

uito tem se falado a respeito de que o avanço da tecnologia nos traria um mundo quase que perfeito em relação à dinâmica

mais próxima de nós. Não falo da miséria

do trabalho individual. Tema polêmico este, e bem antigo. Em

terceiro-mundista que bate à nossa porta ou

1880 Paul Lafargue, genro de Karl Marx, publicou o Direito à

no semiárido baiano, por exemplo, mas sim

preguiça (Editora Claridade) em uma época, em plena segunda

das hordas de imigrantes ilegais africanos que

revolução industrial, em que a carga horária diária dos trabalhadores das fábricas

inundam as praias gordas e ricas da União

europeias era superior a 12 horas. Bem mais recentemente o italiano Domenico De

Europeia, beijando as areias do sul da Itália,

Masi nos trouxe sua polêmica obra O ócio criativo (Editora Sextante), em que argu-

da França e da Sardenha, com seus lábios

menta que o avanço tecnológico implicaria tal incremento de produtividade que

secos, negros e famintos, fugindo da fome e –

seria irreversível o aumento do tempo livre dos profissionais, o que nos levaria, no

agora – do extremismo islâmico que passou a

limite, a uma vida mais contemplativa ligada às artes, esportes e lazer.

infernizar seus países. Este pessoal absorvido na Europa irá tra-

Mais ácido, o americano Robert Reich publicou, a meu ver, um grande livro, ainda em meados nos anos 90, O trabalho das nações (Editora Educator). Nele

balhar onde? Com qual qualificação? Claro

o autor faz uma severa crítica do processo de concentração de renda observa-

que eles farão o trabalho que os europeus,

do na economia norte-americana, chamando a atenção para o surgimento de

mesmo em crise, não querem fazer. E a renda

quatro fenômenos:

se concentrará ainda mais no centro da economia mundial.

(1) O isolamento (em termos de preocupação e mesmo em termos de localização

Essa dinâmica global, relativa à concentra-

geográfica de suas residências) das classes intelectualmente e financeiramen-

ção de renda e precarização do trabalho, bate

te líderes, em relação aos problemas diários das demais classes da população.

ainda mais forte no Brasil devido à recessão

(2) A precarização do trabalho executado pelos níveis mais baixos da população.

que nos embala em 2015 e, infelizmente, espe-

(3) O surgimento do que ele define como analista simbólico: um profissional

ra-se, em 2016. A tecnologia tem que ser entendida com

eles desde médicos e cirurgiões de ponta a advogados renomados, economis-

cuidado, ela abre portas, mas pode nos escra-

tas estrelas do mercado, professores famosos, escritores, atores, diretores de

vizar. Nada como ficar todo o fim de semana

cinema e televisão, engenheiros, físicos e até esportistas milionários.

com o celular do trabalho desligado.

(4) Tudo isto junto estaria levando ao aumento da concentração de renda nos EUA, que começou desde os anos 80 do século passado e não parou. Confesso que, pelo que vivo e acompanho nos últimos anos no mercado, estou bem mais para Reich que para Lafargue ou De Masi. A tecnologia barata e disponível em nossas mãos aumentou exponencialmente nossa produtividade (imagine o que seria escrever uma tese acadêmica há 30 anos, sem o Excel e o Word), mas isso em vez de reduzir nosso tempo de trabalho nos faz escravos. Resumindo: não conheço ninguém do meu ciclo de amizade que trabalhe menos que tradicionais oito horas diárias. O WhatsApp, o e-mail no celular, o Skype etc. nos fazem trabalhar em casa, nos fins de semana, em nosso relaxamento, mesmo que achemos que não estamos trabalhando. O ócio foi embora e virou uma escravidão. 46

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Obra: Almandrade / Galeria de Arte Roberto Alban

que lida diariamente com o abstrato, com símbolos, ideias e emoções, seriam



Negócios | cacau

O novo

cacau

Mais de 20 anos após ser varrida por uma praga, a cacauicultura é reinventada no sul da Bahia por Lívia Cabral fotos ana lee

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Colheita, seleção, higienização, fermentação, secagem, análises físico-químicas, microbiológicas e de degustação. Este é o ciclo cuidadosamente realizado durante cerca de 20 dias para a obtenção de amêndoas de cacau fino nas fazendas do sul da Bahia. A matéria-prima tem elevado o status da Bahia – e do Brasil – no paladar do mundo quando o assunto é chocolate de qualidade. Prova disso é a crescente demanda pelo mercado especializado, como a alta confeitaria. Com importantes prêmios acumulados no currículo, o chef Rafael Barros, à frente da confeitaria Opera Ganache, em São Paulo, recentemente decidiu incorporar às suas receitas o chocolate Fazenda Sagarana, do nanoprodutor baiano Henrique Almeida. “Vi de perto o cuidado do produtor. A atenção e carinho com que tudo é feito sem dúvida resulta num


Chocolate de origem Mas, afinal, o raio “gourmetizador” atingiu o chocolate? Na verdade não. O que mudou foi o processo e a qualidade da matéria-prima, base para todo alimento considerado gourmet, fino, especial ou premium. Todos esses adjetivos caracterizam um segmento de produto no qual as propriedades sensoriais são valorizadas, a exemplo do que ocorre com as amêndoas do cacau ou no caso do café gourmet. “Um chocolate premium é um chocolate de personalidade, que apresenta várias notas aromáticas, como frutas, cítricos, flores, especiarias, que permanecem na boca, mesmo após deglutir. Estas notas vêm da personalidade da amêndoa do cacau, revelada pelos chocolateiros sem a necessidade de adicionar baunilha, e com uma quantidade de açúcar ideal para abrir os aromas”, ensina Raimundo Mororó, sócio da Mendoá Chocolates e ex-pesquisador da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). A denominação de origem controlada dos vinhos envolve o terroir, termo francês para explicar a influência dos fatores climáticos e geológicos sobre o sabor e aroma das uvas. Com o cacau não é diferente. Proprietário da marca Fazenda Sagarana e diretor do Instituto Biofábrica de Cacau, em Ilhéus, Henrique Almeida defende que a produção de um chocolate premium depende da seleção dos frutos, do tempo de fermentação e, acima de tudo, da origem. “Como no vinho, vários fatores influenciam, cada um tem sua especificidade. Acredito que o terroir imprime mais a característica na amêndoa do que a variedade de cacau utilizada”, conclui Henrique, que chegou a levantar a hipótese de transformar a região sul do estado na “Champanhe do chocolate”. Tratamento especial dado ao cacau superselecionado garante matéria-prima valorizada no mercado internacional

produto que pode competir com os importados”, aponta o confeiteiro. Outra autoridade da área que atesta esses predicados é a consultora francesa Chloé Doutre-Roussel,

Para Henrique Almeida, diretor do Instituto Biofábrica de Cacau e dono da marca Fazenda Sagarana, o terroir das amêndoas exerce forte influência sobre a qualidade do chocolate

autora do livro The Chocolate Connoisseur. “Há algum tempo produtores da Bahia estão fazendo um trabalho de qualidade na manutenção da fazenda, na secagem e no tostado, e conseguindo um cacau de boa qualidade”, conclui Chloé, que participou, no último mês de junho, junto com o chef Rafael Barros e outros grandes especialistas, da sétima edição do Festival Internacional do Chocolate e Cacau, em Ilhéus. W W W. p o rta lB MA I S . CO M. B R

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Negócios | cacau

comum. Ângelo Calmon de Sá, um dos maiores produtores do país, contabiliza 72 mil arrobas por ano, sendo 5% de amêndoas selecionadas, vendidas para indústrias como Nestlé e Barry Callebaut. Para Calmon, além da valorização, outra grande vantagem do cacau fino é que “a venda é feita de forma direta, sem intermediários entre o chocolateiro e o produtor”. Na Fazenda Riachuelo, em Ilhéus, toda a produção de cacau selecionado - 5% das 60 mil arrobas anuais – se transforma em chocolate premium na unidade fabril montada lá mesmo, pelos donos da propriedade. “A ideia inicial era desenvolver tecnologia para produzir cacau fino que pudesse ser comercializado com valor de 3 a 4 vezes do preço da commodity, para exportar para indústrias chocolateiras europeias”, revela Mororó. Entretanto, o resultado foi tão bom que os sócios deram preferência à produção própria e o chocolate Mendoá tem recebido reconhecimento de qualidade e hoje é vendido nos principais empórios gourmets do país. Desafios Da produção total de suas três fazendas no sul da Bahia, o Ex-pesquisador da Ceplac, Raimundo Mororó usa as amêndoas selecionadas da Fazenda Riachuelo para produzir o chocolate Mendoá

empresário João Tavares seleciona 70% das amêndoas para o mercado gourmet. Envia para Bélgica e França 25% do seu cacau fino, enquanto o restante é comercializado para indústrias

Nicho O mercado das amêndoas selecionadas é um universo relativamente novo para os produtores da região. Fortemente abalada pela praga da vassoura-de-bruxa nos anos 90, a cacauicultura no sul da Bahia vem se reinventando. O processo começou há alguns anos, depois da visita de produtores locais ao Salon Du Chocolat de Paris e do contato com o método de produção de chocolate chamado bean to bar (da amêndoa à barra, em livre tradução). “Foi a partir daí que surgiu um movimento de produtores valorizando mais o seu cacau. Alguns deles começaram a produzir o próprio chocolate, mesmo com limitação de equipamentos”, conta o empresário Marco Lessa, idealizador do festival de ilhéus e proprietário da marca de chocolate de origem ChOr. O interesse de chocolateiros europeus por amêndoas de qualidade do Brasil para a elaboração de chocolate fino na Europa foi gerando o combustível que os cacauicultores baianos precisavam para diversificar seu produto e não depender apenas do desvantajoso mercado de commodities. A arroba de cacau selecionado chega a valer duas vezes mais do que O empresário Marco Lessa, ao lado, é o idealizador do Festival Internacional do Chocolate e Cacau, realizado há sete anos em Ilhéus. O evento contribuiu para impulsionar o novo nicho de mercado do cacau fino

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Tratamento especial dado ao cacau super selecionado garante matéria-prima valorizada no mercado internacional

no Brasil. Entre seus clientes figuram nomes como Nespresso, Nugali (Santa Catarina) e Harald, indústria de São Paulo que mantém a linha especial Unique Bahia 63% Fazenda João Tavares. “Todo o cuidado na produção se justifica pelo preço que conseguimos no produto. O prêmio varia de 70% a 100%. A rentabilidade do cacau convencional é baixíssima”, destaca o produtor. No entanto, Tavares reconhece que o negócio é incipiente. “O mercado interno precisa valorizar mais o chocolate fino, com menos açúcar interferindo no sabor”, desabafa. Na luta pela valorização do produto, os empresários ganharam como aliada a senadora Lídice da Mata, autora do Projeto de Lei PLS 93/2015, que estabelece um teor mínimo de 35% de cacau nos chocolates produzidos e comercializados no Brasil. “Isso representa uma agregação de valor ao cacau, que antes era exportado de forma bruta e ganha cada vez mais mercado ao ser processado como chocolate. Além disso, precisamos fazer com que o consumidor saiba o que está comprando e tenha acesso ao autêntico chocolate”, justifica.

Pratos Prontos

Caldos e Sopas Linha sem Glúten


NEGÓCIOs | cidade

Salvador precisa perder o medo do novo

N

Armando avena Escritor, economista, professor da Ufba e diretor do portal Bahia Econômica

o momento em que a prefeitura de Salvador

patrimônio da Cidade Luz. Mas La Defensé está lá, a poucos

está modernizando a cidade, criando novos

quilômetros do centro de Paris, sem que isso afete sua história

espaços e repaginando a orla de Salvador e o

e sua beleza. A pirâmide de vidro do Louvre nem pensar, como

governo do estado está investindo na melho-

colocar aquele troço modernoso no meio de prédios históricos

ria da mobilidade urbana da cidade, é preciso

e seculares? E, no entanto, ela está lá, embelezando Paris e o

estimular o setor privado a investir. Nesse sentido, é preciso

Louvre. É hora de construir uma lei com critérios modernos e

que o novo PDDU estude com carinho a questão da verticaliza-

viáveis e fazer Salvador perder o medo do novo.

A orla de Salvador é a mais feia do Nordeste e isso ocorre por causa do medo irracional da construção de prédios, o que a torna inabitada, criando a única orla comercial do planeta. Na verdade, a não verticalização de Salvador é irracional e desperdiça recursos públicos, afinal Salvador é uma península e, se não for verticalizada, teremos que distribuir sua população de três milhões de habitantes numa área enorme, com um custo altíssimo de infraestrutura, criando uma cidade cada vez mais espalhada ao longo da BR-324. E imagine, leitor, o custo da infraestrutura de transporte, de energia, de habitação desta cidade espraiada que, sem verticalização, terminará por se conurbar com Feira de Santana, transformando-se num monstro urbano. E o pior é que o efeito colateral da não verticalização de Salvador é a degradação de sua orla, a única do Nordeste ocupada por supermercados, terrenos baldios, borracharias, concessionárias e cabarés. Se, ao contrário, a construção racional de prédios for permitida – com parâmetros que impeçam o sombreamento, os prédios adensados e outros critérios modernos - Salvador terá uma orla muita mais bonita e habitada como, aliás, ocorre na maioria das cidades do Nordeste. Infelizmente, na Bahia há, em alguns círculos, um pavor da verticalização, um medo quase freudiano dos edifícios, e tão grande que, provavelmente, o bairro de La Defensé, em Paris, com seus prédios monumentais, seria rejeitado por muitos dos nossos urbanistas sob o argumento de que desvirtuaria o 52

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Obra: Almandrade / Galeria de Arte Roberto Alban

ção da orla e da cidade.


um novo jeito de fazer

Um novo jeito de fazer negócios vai além da inovação. Requer um pensar consciente, global e multifuncional. Estimulados pelo caráter desafiador e criativo da Bossa Nova, símbolo de renovação na música brasileira, convidamos você a repensar conceitos e referências sobre as formas de se relacionar com o mercado nesta V edição do CEO Fórum da Amcham Salvador. Participe dessa troca de experiências entre líderes que inspiram, conectam e trazem um impacto positivo para as pessoas e para o mundo.

17 DE SETEMBRO

16H30 ÀS 21H00 COM COQUETEL DE RELACIONAMENTO

LOCAL: HOTEL OTHON

1º LOTE ESGOTADO 2º LOTE | 15 a 31/08 R$ 200,00 Sócio Amcham | R$ 400,00 Não sócio 3º LOTE a partir de 01/09 *Apenas mediante disponibilidade R$ 250,00 Sócio Amcham | R$ 500,00 Não sócio Realização:

Patrocínio:

Apoio:

Mídia:

Audiovisual:


capa

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ne gó cio

Presidente da terceira maior empresa de publicidade do Brasil com capital 100% nacional, Fernando Barros aponta caminhos para a aceleração do mercado baiano: “O estado precisa entender que expor a marca é fundamental” por PEdro hijo fotos luciano Oliveira

De mangas levantadas, sentado em uma cadeira laranja no escritório localizado no bairro da Barra, em Salvador, Fernando Barros discute sobre os rumos do estado. Para o chairman do Grupo PPG (formado pelas agências Propeg, Invent Live Marketing, Menta e Revolution), a Bahia precisa de uma transformação, e ela começa pela indústria, “ainda incipiente por aqui”, nas palavras dele. As sugestões de Barros precisam ser ouvidas com atenção: homenageado no 20º Festival Mundial de Publicidade de Gramado, no fim de junho, ele é presidente de uma das maiores empresas de publicidade do país. Está há 30 anos no comando da Propeg, que, em 2015, completou meio século. As transformações propostas por Barros refletem diretamente no mercado de propaganda, que vive um momento de reinvenção em tempos de crise e de consolidação de novos formatos de negócio que surgem a partir da tecnologia. “Não tenho medo que os meios digitais substituam as agências só porque eles negociam diretamente com o cliente”, diz. “O valor da agência não foi abalado”.

Como tem sido 2015 para a Propeg? Do mesmo jeito que o Brasil está passando por um ajuste, nós

o melhor não é se esconder. Aqui dentro nós só temos uma

também estamos. Estamos ajustando orçamentos, planos e

orientação: procurar ser o mais ousado possível. Enquanto a

projetos a cada dia. A ideia é que a gente consiga chegar ao fim

gente puder proteger essa percepção de que somos vanguarda

do ano inteiro. Não queremos fazer mais cortes ou movimentos

e exportar isso para o resto do país, estaremos sobrevivendo,

bruscos, porque já fizemos isso no fim de 2014. Estamos apre-

mesmo em momentos de crise.

ensivos, como todo empresário está, mas não chegamos a estar pessimistas. Se a crise não significar um mergulho mais escuro,

A Propeg tem 50 anos e já presenciou altos e baixos na

chegamos lá.

economia do país, vocês têm experiência em passar por essas crises...

Como esta adaptação está se dando?

Pois é. O segredo é manter a alma de uma agência de propagan-

A gente está trabalhando mais no ataque do que na defesa,

da viva, se nós não buscarmos proteger a criatividade, nós não

mas a gente sabe que a contração de mercado é real. Estamos

vamos chegar a canto nenhum. Tudo que vier a acontecer, se

buscando mais anunciantes, mais mercados, e conversando

vier a acontecer, e eu espero que não aconteça, aqui dentro vai

constantemente com os nossos clientes para alertá-los de que

haver uma busca obsessiva pelo fazer diferente. W W W. p o rta lB MA I S . CO M. B R

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capa

Como convencer o cliente de que é preciso investir em mídia

Vivemos um momento em que o Brasil cresce em direção às

neste momento?

regiões fora dos grandes polos econômicos. As melhores

Os mercados têm uma maneira muito estranha de se proteger

oportunidades da economia estão fora dos eixos tradicio-

em épocas de crise. Começam a cortar custo e um dos primeiros

nais, especialmente no Nordeste. Quais são as estratégias

a serem cortados é a propaganda. Porque é mais fácil cortar a

criadas pela Propeg para acompanhar este crescimento?

propaganda, basta fazer um telefonema. Essa é a decisão mais

Nós buscamos estar aptos para atender qualquer anun-

esquisita a ser tomada numa hora dessas, porque se você deixa

ciante em qualquer categoria. Criamos o Grupo PPG

de buscar expor a marca num momento de crise, ela vai desabar. A

exatamente para abrir marcas que buscassem ser exce-

propaganda, mais do que nunca, é a alma do negócio. Se o volume

lência em segmentos específicos, como varejo, promo...

de vendas diminui, quanto mais agressivo você for, mais você se

Para que o cardápio aumentasse e a gente pudesse

firma no mercado que restou.

buscar mais oportunidades nessa linha. Seria muito difícil atender a Coca-Cola somente com a Propeg,

O mercado da Bahia é lento?

mas a gente os atende na área de promo com a Invent,

Na verdade, falta vontade de todo o mundo, a começar pelo governo e

por exemplo. Em fevereiro, nós lançamos dentro da

pelas entidades empresariais. É preciso fazer com que, além de sermos

Invent, a primeira agência com expertise de traba-

um estado empreendedor, a gente consiga sensibilizar outros empresá-

lhar periferias e favelas, uma sociedade nossa com

“Um país que tem mais de 200 milhões de almas, o maior patrimônio que ele tem está aí”

“Para a Bahia virar uma opção ela tem que virar para dentro e se perguntar: ‘e aí? Como é que a gente vai mostrar que aqui é um bom lugar para se investir?’”

rios de outros estados e países para investir aqui. De preferência na indústria

a Central Única de Favelas (Cufa). Nenhuma

de transformação, porque na de base a gente já tem um pouco, é preciso focar

empresa de comunicação tem essa expertise

na terceira geração, na produção de objetos, automóveis, que começaram, mas

para ser sócio dos caras. Nesse período crí-

ainda não tiveram impulso. Eu penso que para a Bahia virar uma opção ela tem

tico econômico, o mercado das favelas tam-

que virar para dentro e se perguntar: “e aí? Como é que a gente vai mostrar que

bém encolheu. Encolheu, mas não acabou.

aqui é um bom lugar para se investir?”. Sem governo você não faz isso. Ele precisa

Na periferia você tem aproximadamente 1/3

compreender que o branding da marca é fundamental, senão os investidores vão

da capacidade econômica do Brasil. Esse é

buscar estados que estão na prateleira. É preciso colocar a marca do estado como

um projeto que estamos trabalhando com

primeira opção. Hoje a gente vive basicamente do varejo, do governo e do mercado

muito afinco neste momento, porque é

imobiliário que sofrem diretamente com a crise.

uma oportunidade única.

O setor de serviço não ajuda?

As empresas competem entre elas?

O serviço dá respostas mais rápidas, mas a indústria transformadora é que faz a base

As empresas têm staffs separados que

mais sólida. E olha que a gente ainda pode avançar na área de serviço, no setor eletrô-

eventualmente podem competir. Se um

nico, buscando ser um ponto de excelência para formulações digitais. Atrair para cá

cliente prefere a Invent por causa do tra-

talentos que consigam fazer isso. Até Campina Grande, na Paraíba, tem um porto digital

balho que ela pode fazer na área de pro-

e a gente não tem. Os nossos talentos vão embora porque não têm como sobreviver aqui.

mo, por exemplo, e se eu tiver na Menta

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Fernando Barros ao lado de Vitor Barros, vice-presidente de Atendimento e Gestão do Grupo PPG

ou na Propeg um cliente que dê colisão, não tem importância porque as estruturas

O Brasil tem uma vantagem em relação aos

conversam entre si quando há interesse, quando não há, elas têm seus ativos próprios.

outros países, porque há um amadurecimento político muito real, as instituições

Os meios digitais muitas vezes negociam com o cliente diretamente. Você teme

funcionam e estão mantidas. O lado

que o valor da agência seja abalado?

político acaba sendo consertado porque,

Veja bem, a tecnologia é uma aliada. Ela como unidade de negócio é que não está

ao final, as pessoas se unem e se salvam.

formatada para o jeito que se faz propaganda no Brasil. Lidar com a tecnologia é

Um país que tem mais de 200 milhões

uma questão de sobrevivência, mas ela não nos engole, porque sem o talento ela não

de almas, o maior patrimônio que ele

vai para canto nenhum. Eu não temo que os grandes players que fazem uma relação

tem está aí. O maior patrimônio de um

direta com o anunciante acabem substituindo a figura da agência. Cada vez mais os

país não é o dinheiro que está guarda-

anunciantes vão ter necessidade de procurar unidades de inteligência para pensar de

do, é o mercado, e se ele for preserva-

forma estratégica, e a especialidade das agências é essa: treinar e reunir talentos.

do, já vai estar de bom tamanho para todo mundo. A publicidade não tem

Vivemos um momento de muita turbulência não só na economia como na política.

que tomar partido de nenhum parti-

Especialmente nos últimos tempos, com casos de grandes empresários sendo presos.

do. Ela é a essência de um negócio e

Qual o papel da publicidade neste momento? Você acha que falta um tom mais político

não tem que fazer política, a gente

à propaganda no país?

faz propaganda. W W W. p o rta lB MA I S . CO M. B R

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NEGÓCIOs | mídia

Diria Henry Ford em algum trecho de sua

Otimismo no fim do ano Levantamento desenvolvido por sindicato das agências de publicidade mostra que investimento do mercado baiano em marketing durante a crise não deve diminuir por Pedro Hijo

biografia que se lhe restasse apenas um dólar, o investiria em propaganda. A máxima, repercutida à exaustão nos livros de publicidade pelo mundo, parece ser seguida pelos empresários baianos durante as crises. Pesquisa desenvolvida pelo Sindicato das Agências de Propaganda do Estado da Bahia (Sinapro) em junho deste ano mostra que investimentos em marketing deverão ser mantidos ou ser aumentados neste segundo semestre. A pesquisa, feita com 30 grandes anunciantes baianos de 10 segmentos de maior representação econômica nas agências, questionou qual o sentimento destes players diante da publicidade durante a crise. Entre eles, concessionárias, imobiliárias, supermercados, empresas de telefonia, saúde, educação, materiais de construção, eletrônicos e indústria. Américo Neto, diretor do Sinapro, explica que o investimento em propaganda acompanha os altos e baixos do mercado. “Quando há um período de crise, a propaganda não dá o mesmo resultado que daria se as pessoas estivessem comprando bastante”, explica. “Então, não adianta investir um valor grande porque você não vai receber na mesma proporção. Há um ajuste”, completa. Para Adriano Sampaio, empresário e responsável técnico pela pesquisa há uma confusão na interpretação do que é comunicação por parte do mercado baiano. “Colocase marketing, comunicação e comercial no mesmo balaio”, comenta. “E este problema de gestão é uma característica muito forte no Nordeste. A percepção do Sudeste em relação à propaganda é diferente, por exemplo, eles têm essa visão de que a propaganda é um motor de desenvolvimento da empresa”, completa.

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O levantamento ainda trata sobre a presença online. Mais de 90% dos entrevistados fazem uso do marketing digital em suas empresas e planejam

Grau de importância do marketing no negócio (entre 1 e 5)

aumentar de 10 a 50% os investimentos neste segmento no segundo semestre de 2015. Ainda de acordo com a pesquisa, a maioria das empresas entrevistadas não recorre a uma agência para realizar este tipo de ação. Para o presidente nacional da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap), Orlando Marques, esta é a hora de se aproximar dos veículos tra-

4

dicionais. “As revistas e jornais têm sido parceiros das agências, mas os meios

3

digitais costumam trabalhar diretamente com os clientes e se acham superiores”, disse. “Eles até podem se oferecer a trabalhar conosco algum dia, mas nós temos mais força com outros meios do que com eles”, completou.

5 Investimento em comunicação e marketing neste ano Aumentar 20% ou mais Aumentar entre 10% e 20% Aumentar até 10% Permanecer o mesmo Reduzir até 10%

Neste momento, em qual setor na empresa você investirá menos?

Reduzir entre 10% e 20% Reduzir 20% ou mais

Marketing [22,58%] Recursos humanos [22,58%]

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

NS/NR [16,13%] Tecnologia [12,90%] Outros [25,81%]

Uso do marketing digital Quem realiza o mkt digital

SIM

[92,31%]

NÃO

[7,69%]

Agência - redes sociais Agência de marketing digital Agência de propaganda Departamento interno 0 2 4 6 8 10 12

W W W. p o rta lB MA I S . CO M. B R

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NEGÓCIOs | comunicação

Por que investir em comunicação em plena crise

Diretora executiva da Lume Comunicação, jornalista e especialista em comunicação corporativa

ertamente nunca o mercado este-

mesma forma, comunicar-se com o público externo é vital para manter os negó-

ve tão consciente da necessidade

cios bem-sucedidos, conquistar espaço junto ao consumidor, adquirir a confiança

de se comunicar de forma eficaz

do mercado, ter prestígio e credibilidade.

com os stakeholders quanto atualmente. Afinal, pode-se compa-

Já são clássicos os casos de empresas que até pretendiam oferecer treinamento para seus executivos se saírem bem nas entrevistas com a imprensa.

rar a comunicação com o oxigênio que garante

Mas adiaram tanto a realização do Media Training por “falta de tempo”, que a

a existência de tudo o que é vivo. Mas será que

crise chegou antes que se preparassem. O resultado foi o pior possível: uma sé-

todos percebem este fenômeno desta forma,

rie de condutas inadequadas com a imprensa prejudicou em demasia a imagem

ou ainda consideram comunicação um item

da companhia perante a opinião pública.

supérfluo nos investimentos das empresas? A resposta vem através de outra pergunta:

Comunicação é o oxigênio que circula no sangue das empresas. Impossível se calar diante de um mercado ávido por informação, carente de contato e que exige

dá para viver sem oxigênio? Talvez o paciente

uma postura transparente das companhias, que elege como referência para o

sobreviva algumas horas e nem perceba que

consumo e as relações comerciais. Através de ações eficazes de comunicação com

está morrendo. E quando chegar a sua hora

a imprensa, ou focado em nichos de mercado, e ainda com estratégias de marke-

extrema, poderá ser tarde demais para tomar

ting digital, cada vez mais empresas, ONGs, indivíduos e instituições diversas se

qualquer providência. Pois é assim que acon-

expressam e se arriscam neste intricado jogo da comunicação.

tece com a comunicação nas empresas. Infelizmente algumas companhias ainda

Todo CEO de uma companhia deveria ter ao seu lado um profissional de comunicação ou uma agência especializada que oriente cada passo a ser dado, um

adiam investimentos em comunicação sob

especialista que proteja a sua marca, trabalhe pela prevenção das crises de ima-

o pretexto de terem outras prioridades, ou

gem, abra canais de comunicação com a sociedade, fazendo fluir o oxigênio que

de que é mais importante dedicar tempo à

dá vida à empresa. Comunicar-se bem, em plena crise econômica, pode significar

produção, a cumprir metas de venda, e mal

salvar ou matar o paciente, a depender da dose de oxigênio que for aplicada.

percebem que a falta de oxigênio pode levá -las a situações irreversíveis. Perceba o que acontece com empresas que não se comunicam da forma correta e com a frequência necessária com seus empregados. Certamente a imagem da companhia irá despencar no conceito do público interno. Os níveis de insatisfação e a falta de engajamento com os propósitos da instituição irão subir a níveis preocupantes, os relacionamentos poderão ser abalados, a produtividade poderá ficar comprometida. O que muitos empresários não levam em consideração é que, numa situação extrema, o volume de investimentos na superação de uma crise será infinitamente maior do que se tivesse sido feito um trabalho preventivo. Da 60

R e vista [ B + ]

Agosto/se te mbro DE 2 0 1 5

Vá na contramão dos pessimistas. Aposte na comunicação e colha os frutos deste importante investimento na saúde da empresa. Afinal, é o oxigênio que mantém a vida. Obra: Almandrade / Galeria de Arte Roberto Alban

C

cristina barude


Obra: Almandrade / Galeria de Arte Roberto Alban

@

educação Da escola para o mercado de trabalho 60

W W W. p o rta lB MA I S . CO M. B R

61


@

educação | carreiras

FOTO: Luciano Oliveira

Ramon Rebouças é o criador do projeto Nabit, que há três anos serve como ferramenta digital de divulgação das atividades da escola onde o jovem estuda

Da escola para o mercado de trabalho Instituições focam em projetos e parcerias com empresas para oferecer profissionais desejados e potencializar a inserção dos alunos por Tainara Ferreira 62

R e vista [ B + ]

Agosto/se te mbro DE 2 0 1 5

Com empresas cada vez mais exigentes e o baixo número de profissionais qualificados, as instituições de ensino estão investindo desde cedo na preparação pessoal dos alunos. Na Bahia, escolas estaduais e particulares realizam projetos com o intuito de qualificar e preparar os estudantes para que, ao chegarem no mercado de trabalho, estejam satisfeitos com a área de atuação e tenham perspectivas de crescimento. Na rede pública de ensino do estado, desde 2007, é realizado o programa Desenvolvimento da Educação Profissional. A iniciativa tem como objetivo proporcionar a formação profissional e integral dos jovens e trabalhadores,


Nabit, que é responsável por capacitar alunos na criação de núcleos de publicidade juvenil dentro das escolas públicas. “A ideia surgiu quando eu ainda estava no 1º ano do ensino médio. A intenção era fazer com que os alunos da minha turma acompanhassem tudo o que estava sendo apresentado em sala de aula. E eu sempre quis fazer algum trabalho voluntário fora do país, mas, como ainda não pude viajar, resolvi criar algo que ajudasse os alunos da minha escola”, disse o aluno, que viu no centro a oportunidade de desenvolver, organizar e produzir o que tinha em mente. Segundo Ana Claudia Athayde, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Bahia), motivar o aluno a se preparar para o mercado de trabalho resulta no desenvolvimento do seu potencial criativo, além de ensinar a trabalhar em equipe. Estimular os trabalhos mais integrados ao dia a dia das empresas e às demandas do mundo contemporâneo, com tarefas que requeiram recursos multidisciplinares, que propiciem ao aluno o poder de resolução criativa, é uma forma de estimular o estudante na vida escolar”, contou. além de elevar a escolaridade. Lá, os alunos

Já na rede particular, o Programa Miniempresa, realizado pela Junior Achie-

têm acesso a cursos que são constituídos por

vement Bahia, uma organização de educação prática em negócios, economia e

componentes curriculares da formação técni-

empreendedorismo, já faz parte do calendário de oito escolas em Salvador. O

ca geral, formação técnica específica e estágio

projeto proporciona aos estudantes do 2º ano do ensino médio experiências na

curricular. Atualmente, 71 Centros de Educa-

organização e na operação de uma empresa. Uma das instituições participantes

ção Profissional foram implantados por todo

é o Colégio Módulo. Lá, os alunos desenvolvem atividades empresariais.

o estado e mais de 75 mil alunos participam

O projeto, que funciona há cinco anos no Módulo, é acompanhado de perto

do projeto, que acontece em 27 municípios

por Silvana Sarno, coordenadora do departamento cultural do colégio. “Aqui

espalhados pela Bahia.

eles têm também o projeto Sombra, que possibilita um dia de convivência com

A diretora dos cursos, Cristina Kavalkie-

um profissional e a oportunidade de reconhecer na prática o seu trabalho. No

vicz, afirma que para o avanço do projeto

fim da produção, eles adquirem a experiência de negociar o produto final esco-

é necessário trabalhar com três objetivos:

lhido, convivendo com os alunos de outras escolas participantes”, explica.

ensino, pesquisa e extensão. “Os elementos que compõem o nosso tripé fazem parte das opções pedagógicas na rede estadual de educação profissional. Eles são elementos curriculares obrigatórios, estão presentes em experimentos científicos e no melhoramento de tecnologia social e por meio de intervenções sociais desenvolvidos nos cursos

O programa de desenvolvimento da educação profissional realizado nas redes públicas atende 75 mil alunos em 27 municípios do estado

técnicos. Desta forma, os estudantes prestam serviços gratuitos à comunidade e aprendem o valor social da profissão”, explicou. Quem já está colocando em prática os ensi-

Ao sair da faculdade, as notas altas não garantem que o recém-formado terá sucesso na carreira profissional. É necessário que a instituição prepare e equipe o aluno para que tenha a capacidade de se adaptar ao ambiente de trabalho e

namentos do programa é o estudante Ramon

ter noção do seguimento que quer dar na vida profissional. Pensando nisso,

Oliveira Rebouças, de 19 anos. O jovem está no

algumas universidades de Salvador investem em centros profissionais para

quarto ano do curso técnico de administração

acompanhar e auxiliar o aluno.

oferecido pelo Centro Estadual de Educação

Na Unijorge existe um centro de desenvolvimento e articulação profissional

Profissional em Gestão, Negócios e Turismo

que tem o objetivo de apoiar a inserção no mercado de trabalho de alunos e

Luiz Navarro de Brito, que fica no bairro da

ex-alunos da instituição. De acordo com Alessandra Calheira, coordenadora do

Lapinha, em Salvador, e que faz parte do

núcleo, esse incentivo serve para que os estudantes enfrentem as etapas dos

projeto. Ramon é o desenvolvedor do projeto

processos de seleção mais confiantes. “O mercado é vivo e muito dinâmico. Pre W W W. p o rta lB MA I S . CO M. B R

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educação | carreiras

“Ao prestar serviços gratuitos à comunidade, os alunos aprendem o valor social da profissão” A diretora Cristina Kavalkievicz acredita que os projetos desenvolvidos pelos alunos devem conter o valor social da profissão

tivos projetos. Ao final do período do estágio, todos foram contratados”, ressalta. Outra instituição de ensino superior que que também acompanha a trajetória acadêmica do estudante é a Universidade Salvador (Unifacs). A instituição criou o Núcleo de Acompanhamento da Trajetória Acadêmica e Profissional (Trajetórias). Segundo Cecilia Spinola, especialista em gestão de pessoa da Unifacs, a questão já é trabalhada desde o primeiro semestre. “Nós organizamos oficinas para recepcionar os calouros para que isso sirva de estímulo para que eles pensem no mercado profissional do curso escolhido”, disse a coordenadora, que ainda ressaltou a importância de parcerias com empresas. “Algumas realizam processos seletivos dentro da faculdade. Nós cedemos o espaço para que o processo seja realizado aqui, e isso acaba sendo um bônus para o aluno da nossa instituição”. Os alunos dos cursos técnicos também estão tendo apoio das instituições para se capacitarem e chegarem preparados ao mercado. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) oferece estandes de empresas parceiras para a divulgação de estágio/emprego e cadastro de currículo; orientação o mercado de trabalho; oficina de currículo; oficinas para a preparação de processos seletivos; além de palestras com foco de gestão de carreira e posturas comportamentais e profissionais. “Essas ações mantêm uma iniciativa de

FOTO: Divulgação

suporte aos nossos alunos, além de desenvolver ações visando garantir um estreito relacionamento com as empresas parceiras, atendendo às demandas acadêmicas, dos alunos e do mercado”, disse Maria Aparecida, cisamos estar atentos à suas transformações para oferecer ao mercado o perfil profissional desejado e, assim, potencializar a inserção dos nossos alunos”, conta. Foi a partir do projeto que o estudante do curso de sistema de informações

coordenadora do núcleo de carreira profissional da instituição. Para a presidente da ABRH-BA, todos esses

Diego de Santana aproveitou a oportunidade, estagiou e foi contratado pela In-

projetos incentivados pelas escolas e faculda-

dra, multinacional espanhola de tecnologia que tem uma unidade em Salvador.

des se tornam um diferencial para o futuro

Após passar por um curso, alguns estudantes foram selecionados para disputar

profissional do aluno. “Todo jovem deseja

a vaga de estágio e ele foi um dos que passaram na seletiva. “Todo o curso foi

aprender a empreender e quer se apresentar

ministrado por profissionais da própria empresa nas dependências da univer-

no mundo do trabalho com mais autonomia e

sidade. Depois passamos por um novo ciclo de treinamento de acordo com as

capacidade de solução de problemas. Desen-

necessidades da empresa para assumir as tarefas fundamentais de seus respec-

volver isso desde cedo é fundamental”.

64

R evista [ B + ]

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Obra: Almandrade / Galeria de Arte Roberto Alban Apoio:

sustentabilidade Novo estilo de capitalismo 64 TendĂŞncias 66

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sustentabilidade | empresa verde

FOTO: Marcela Figueiredo e Lucas Araponga

José Pimenta (esquerda) e Kiko Kislansky (direita) iniciaram a venda de camisetas em feiras culturais realizadas em praças de Salvador. Os empresários afirmam ter planos de abrirem uma loja física no futuro

A nova onda do capitalismo Empresas que adotam modelo mais sustentável de vendas crescem até dez vezes mais e contribuem para uma sociedade mais justa por Tede Sampaio 66

R e vista [ B + ]

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Alternativas para negócios mais sustentáveis são muito bem-vindas em tempos de crise. O chamado “capitalismo consciente”, onde a razão de existir do negócio deixa de ser unicamente o lucro, é uma prática que começa a ser adotada por algumas empresas. A proposta do capitalismo consciente é que o lucro seja apenas um dos valores que a empresa deve gerar. “O conceito prega o afastamento da barganha e um alinhamento com a oportunidade de criar um modelo que busque novas dimensões de negociação que vão além do valor financeiro de uma transação”, diz o diretor-geral do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB), Thomas Eckschmidt. À primeira vista, a ideia pode parecer estranha, mas vem dando certo. Nos Estados Unidos, por exemplo, empresas que aplicam os princípios do capitalismo consciente têm um


FOTO: Divulgação

FOTO: Catarine Brum

Em parceria com a Euzaria, a Companhia da Pizza promoveu a doação de 400 pizzas a moradores de rua em Salvador

desempenho dez vezes superior ao do índice

A ideia da Euzaria é mostrar que o capitalismo consciente também pode ser rentável

da bolsa de valores. É o que aponta o estudo de desempenho das empresas de capital aberto nos Estados Unidos, intitulado Firms of En-

Apesar do pouco tempo de existência, o empresário afirma que a margem de

dearment (“empresa de ternura”, na tradução

lucro está em torno dos 53% do montante investido. “Já foram pagos todos os

literal), desenvolvido durante 15 anos.

investimentos e, a partir da segunda remessa de produção, a empresa já estava saudável, se pagando sem necessidade de aportes. Além disso, já conseguimos

Em casa

manter um capital de giro ativo para sanar as necessidades corriqueiras”.

Em fevereiro deste ano, o publicitário baiano José Luís Pimenta montou um negócio de

Reação em cadeia

camisetas voltado para o público jovem que

O modelo utilizado pela Euzaria foi adotado por outros empresários baianos.

está na internet. Com o sócio Kiko Kislansky,

O empresário Pedro Portela, sócio da Companhia da Pizza, doou uma pizza

investiram R$ 28 mil na ideia. A proposta da

a cada outra que fosse vendida, no dia em que a iguaria é comemorada. O

Euzaria é que a cada camiseta vendida, outra

restaurante teve o movimento triplicado durante a ação. Ao todo, 400 pizzas

fosse doada para necessitados. “O modelo

foram doadas a moradores de rua de Salvador.

de capitalismo que temos hoje não funciona

“A gente percebeu que muita gente se preocupa com esse conceito cons-

mais por si só, a nossa empresa já nasceu

ciente do capitalismo. Tenho certeza de que cada pessoa ali presente se

com esse sonho e nós estamos conseguindo

sentiu um pouco melhor em saber que estava ajudando alguém que ela nem

concretizá-lo aos poucos”.

conhecia”, diz Portela. A ação foi uma parceria da Companhia da Pizza com a

A ideia deu certo: com pouco mais de um mês com vendas online (a empresa não tem

empresa de camisetas. Para Érica Rusch, mestre em direito econômico, o capitalismo consciente é um

loja física), a Euzaria vendeu mais de 1400 uni-

caminho sem volta para as empresas que desejam se adequar ao cenário econô-

dades, um faturamento de mais de R$ 124 mil.

mico atual. “Daqui a alguns anos, encontraremos menos empresas hábeis a com-

“A empresa que nasce com esse modelo de administração também busca lucro, mas este

petir no mercado sem que estejam inseridas nessa nova conjuntura”, comenta. De acordo com a especialista, para captar investidores, as empresas pre-

não é o objetivo final”, diz José Pimenta. “O lucro

cisarão demonstrar a sua atuação de forma consciente. “Na realidade, é uma

é importante para que a empresa consiga atin-

mudança de mão dupla. Enquanto a sociedade exige isso, a empresa percebe a

gir o seu objetivo. Então, ele existe mesmo a gen-

real necessidade de se incorporar nesse novo modelo, dependendo disso a sua

te fazendo as nossas ações sociais”, completa.

própria sobrevivência” completa. W W W. p o rta lB MA I S . CO M. B R

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sustentabilidade | tendências

FOTO: Divulgação

RECICLAGEM

Cidades baianas podem ganhar usinas de reciclagem Autossuficiência

Maraú será a primeira região a viver do que produz no Brasil A cidade de Maraú, um dos destinos turísticos mais requisitados da Bahia, será a primeira região energética do país. Pelo menos é o que promete o projeto desenvolvido por empresários locais que estão negociando aporte de R$700 mil no projeto Região Energética de Maraú. Entre as ações estão a distribuição de cartilhas com exemplo de melhores práticas de gestão da conta de energia para pequenas empresas, geração de energia a partir do lixo, incentivo para que pousadas usem placas de energia solar, uso de lanchas movidas a energia solar e a construção de uma nova escola que possua ferramentas específicas para a educação ambiental.

Três cidades baianas estão cotadas para receber uma usina para transformação e industrialização de resíduos sólidos urbanos em energia e matéria-prima reciclada. As unidades anunciadas para Feira de Santana, Ilhéus e Vitória da Conquista vão contar com investimento individual de R$ 531 milhões e têm previsão de faturamento na ordem de R$ 363 milhões por ano. A expectativa é que, diariamente, cada uma das usinas transforme 470 mil toneladas de resíduos sólidos em material reciclável. O grupo investidor é formado por seis empresas brasileiras e duas norte-americanas.

voluntariado

Mochileiros sociais Dois jovens publicitários baianos estão em viagem pelas Américas com o objetivo de espalhar boas ideias nos locais por onde passam. Luma Pinto, 25, e Eduardo Melo, 27, perceberam que podiam conciliar viagens com pequenas ações voluntárias que fazem diferença na vida de outras pessoas, criando, assim, um “mapa do bem”. No projeto intitulado de “Bem trilhado”, que pode ser acessado pelo endereço virtual bemtrilhado.com, o casal decidiu colocar à disposição de quem precise as suas habilidades com comunicação, marketing e música, por meio de atividades educacionais, esportivas, musicais ou qualquer outra que se considerem aptos a realizar. De acordo com Melo, para custear as viagens e conseguir verbas para alimentação e alojamento, por exemplo, eles utilizam a internet para trabalhar e vendem doces, para garantir a renda.

FOTO: Divulgação

Água de qualidade

Paulo Afonso avança na despoluição de lagos A concentração de matéria orgânica nos lagos de Paulo Afonso,

química de oxigênio (DBO) reduziu de 14, 2 mg/l em 2014 para

norte do estado, vem reduzindo consideravelmente, é o que

12,4 mg/l em 2015, melhorando significativamente a qualidade

apontam os estudos realizados com amostras da água de três

da água. A mudança é resultado da ampliação da cobertura

lagos do município (Centenário, da Vila Militar e O Boi e a

de esgotamento no entorno dos lagos, mais de 90%. Em toda a

Cobra). Segundo a Empresa Baiana de Águas e Saneamento –

cidade, a cobertura do sistema de esgotos passou de 4,5% para

Embasa, responsável pela análise do material, a demanda bio-

36%, de acordo com a Embasa.

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R e vista [ B + ]

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Obra: Almandrade / Galeria de Arte Roberto Alban

estilo de vida Sabor Turismo Uma viagem ao mundo de Vinícius de Moraes e Gessy Gesse Cinco Itens indispensáveis: Marlon Gama Autos&Motos Expedição Baixio Notas de Tec

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Estilo de vida | sabor

Apoio:

Entre o ora pois e o oxente Misturando referências, o chef português Gualter Freire mostra que a herança lusitana está na memória gastronômica do baiano por Tede Sampaio fotos Rômulo portela

A paixão pela gastronomia vem desde a infância em Portugal, quando Gualter Freire ajudava a mãe nas tarefas da cozinha. É o que conta quando questionado sobre a sua inspiração para criar as receitas que produz na cozinha do restaurante Casa Lisboa, em Salvador. O que parecia ser um simples afazer doméstico começou a ganhar força quando, aos 12 anos, Gualter passou a trabalhar como garçom num pequeno restaurante. De olho no ir e vir dos pratos, ele sabia: era detrás do fogão que ele queria ficar. De lá para cá, a vontade de se tornar cozinheiro levou o português a estudar no George Brown College, uma das melhores escolas de gastronomia de Toronto, Canadá. “Eu sempre adorei o mundo dos restaurantes, da gastronomia em si. Então, posso dizer que eu gosto de culinária desde sempre”. Em tempos em que quase todo mortal se arrisca na cozinha, Gualter afirma que ser chef é mais do que simplesmente saber cozinhar. “É preciso saber dominar uma cozinha, coordenar e motivar a sua equipe, é da função do chef fazer o restaurante funcionar.” Para a [B+], Gualter escolheu um prato tipicamente português, mas com um tempero baiano. Muito simples e altamente solicitado em seu restaurante, o bacalhau agridoce com vinagrete de amêndoas e passas, segundo o chef, contempla o paladar dos soteropolitanos, que tendem a gostar da mistura de doce com salgado. “Eu sinto que a confiança do público nos chefs está mais presente. As pessoas estão mais abertas a novas experiências e, geralmente, não se decepcionam”, conta sorrindo. 70

R e v ista [ B + ]

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RECEITA Filé de bacalhau agridoce com salada crespa Ingredientes

Modo de preparo

• 4 filés de bacalhau dessalgado

Esquente o óleo em uma panela

• 1 copo de óleo de milho

e frite os filés de bacalhau até

• 1 copo de farinha de trigo tempe-

que eles fiquem crocantes. Em

rada com sal e pimenta branca

outra panela, refogue a cebola

• 1 cebola roxa picada

e adicione os outros ingredien-

• 1/2 copo de uva passa

tes. Cozinhe por três minutos,

• 1/4 copo de nozes sem casca leve-

adicione o vinagre e deixe ferver.

mente assadas

Cozinhe por mais três minutos.

• 1/4 copo de amêndoas torradas

Retire o fogo e reserve enquanto

• 1 copo de vinagre de vinho tinto

prepara a salada que servirá

• 1/2 copo de azeite extra virgem

de acompanhamento.

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estilo de vida | turismo

Apoio:

Passar as férias em Orlando, nos Estados Unidos, tem sido cada vez mais comum entre os turistas brasileiros. De acordo com a Visit Orlando (agência de propaganda e turismo oficial da cidade) o número de brasileiros que visitou a cidade chegou a 800 mil em 2014 e atualmente ocupa o primeiro lugar no ranking de turistas internacionais na cidade. A importância dos brasileiros para a economia de Orlando é tanta que o prefeito da cidade, Buddy Dyer, declarou o dia 15 de junho como o “dia de Eduardo Vasconcellos e Kontik”. O reconhecimento é uma homenagem a empresa Kontik Franstur e ao seu diretor geral, o empresário Eduardo Vasconcelos, pelo pioneirismo da empresa, que há 60 anos leva turistas brasileiros para Orlando. Segundo Vasconcellos, a institucionalização da data é um reconhecimento pelo trabalho realizado. “É muito gratificante termos o nosso trabalho reconhecido dessa forma. Comprova que estamos dando o nosso melhor”. A Kontik possui unidades nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. FOTO: Divulgação

Baía de Todos os Santos pode ser palco dos Jogos Olímpicos 2016 A Bahia iniciou uma campanha para trazer para a Baía de Todos os Santos as disputas de Vela e Remo dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro. A proposta surge como uma saída para as denúncias de que a água da Baía de Guanabara não possui a qualidade necessária para abrigar as provas aquáticas. Segundo uma investigação da Associated Press, uma análise da água revelou níveis altos de vírus e bactérias. A notícia preocupou o mundo esportivo e vem gerando duras críticas ao Brasil. De acordo com o secretário estadual do Turismo da Bahia, Nelson Pelegrino, o estado possui todas as condições necessárias para sediar os esportes aquáticos. “Estamos trabalhando intensamente para demonstrar que a mudança proporcionará ganhos para os organizadores, atletas e público”, afirma.

Setor de turismo cria alternativas para minimizar a crise

72

R e v ista [ B + ]

Apesar da crise econômica que vem tirando o sono de muitos empresários brasileiros, o setor de turismo internacional parece ainda não ter sofrido os seus impactos. Alternativas criadas por donos de agências de viagem conseguiram, até o momento, driblar os efeitos da crise. A empresária Suzana Mamede, conta que disponibilização de novos roteiros, formas de pagamento diferenciadas e renegociações com os parceiros foram fatores essenciais

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FOTO: João Alvarez / Fieb

Domínio brasileiro em Orlando

Flica 2015 movimenta Cachoeira A cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, já se prepara para receber a 5ª edição da Festa Literária Internacional de Cachoeira – Flica. O evento será realizado no mês de outubro e tem como proposta unir literatura e diversão no mesmo ambiente. Embora os realizadores do evento ainda não tenham divulgado os nomes dos convidados para as palestras e mesas de debate, a norte americana Meg Cabot, autora da série Diário de Princesa, confirmou, através do seu site, a presença na Flica. Cachoeira está localizada há 130 km de Salvador e se destaca pelo casario colonial e uma vida cultural ativa.

para sobreviver à crise. Sócia e diretora comercial da Happy Tour, agência e operadora de turismo atuando há 20 anos no mercado baiano, Mamede explica ainda que é necessário ficar sempre atento às mudanças do mercado. “Estamos sempre muito ligados aos anseios dos nossos clientes. Afinal eles são os nossos principais divulgadores também”. Este ano Suzana Mamede comemorou 30 anos acompanhando grupos de viagens para a Disney.



estilo de vida | decoração

Você já é de casa A admiração pelo trabalho e pela história de amor entre Vinícius de Moraes e Gessy Gesse motivou a empresária Luisa Proserpio a criar um memorial em homenagem ao casal por tede sampaio fotos luciano oliveira

Passar algumas tardes em Itapuã. Assim desejava a atriz, produtora cultural e empresária baiana Luisa Proserpio quando decidiu adquirir o imóvel onde moravam Vinícius de Moraes e a atriz Gessy Gesse. Projetado pelos arquitetos Jamison Pedra e Silvio Robatto, o imóvel é voltado para o mar da praia que embalou a canção do poetinha e contempla cada detalhe pensado por Vinícius durante a construção. De acordo com Luisa, foi pela amizade com Gesse que ela conheceu cada parte da casa e entendeu mais sobre a vida baiana de Vina, como Vinícius era chamado pelos amigos. Por acreditar que essas memórias não deveriam se perder, decidiu tornar o espaço funcional e criar o restaurante Casa di Vina, que atualmente abriga um memorial para o artista. O destaque do cardápio é o “frango à Gessy e Vina”, que era preparado pelo artista para a sua amada sempre que precisava reconquista-la após alguma briga. A receita foi ensinada pela própria Gesse e tem frango e banana da terra como elementos principais. No memorial, por sua vez, estão expostas cartas e fotografias do casal, assim como a máquina de escrever utilizada pelo poeta. “Foi um trabalho de mosaico, pensamos em cada objeto e cada móvel. Tudo tinha que ter um sentido”, conta. A montagem do espaço durou oito meses e foi realizada pela própria Luisa em parceria com o Usina de Criação, grupo 74

R e vista [ B + ]

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Um convite à poesia O violão, sempre tão presente na vida do poeta, fica à disposição de quem quiser dar uma palinha


de arquitetos ligados às artes cênicas e plásticas, que também contou com o auxílio de Gesse. O espaço, construído quase em sua totalidade em madeira, tem aberturas voltadas para o nascer e o por do sol, prezando pela iluminação natural, ao mesmo tempo que cria o clima de ócio, tão desejado e vivido por Vinícius de Moraes durante o tempo que morou na Bahia. O memorial é aberto à visitação pública e a entrada é gratuita. Para aqueles que desejam conhecer um pouco mais da intimidade do casal, o antigo quarto do casal funciona como hotel. No ambiente, é possível desfrutar da famosa banheira utilizada pelo artista para escrever seus versos enquanto, sempre acompanhado do uísque, apreciava o mar de Itapuã. Os donos da casa Logo na entrada do memorial, uma foto do casal recepciona os visitantes e oferece um local para descanso e contemplação do mar da Bahia

Luisa acredita que a história do casal na Bahia deve ser contada e recontada por inúmeras vezes, para inspirar as pessoas

A fé que contagia A parede, repleta de imagens e quadros, conta a história religiosa do filho de Oxalá e da filha de Iansã

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estilo de vida | cinco itens

5 Itens indispensáveis para Marlon Gama O equilíbrio entre o contemporâneo e o antigo marca os trabalhos do arquiteto baiano Marlon Gama. Internacionalmente conhecido, ele lista cinco itens que o inspiram no processo de criação. Tela Presciliano Silva

por Tede Sampaio fotos Luciano Oliveira

“Sempre gostei de arte.

Miniatura mesa Saarinen e cadeira Panton

As obras de Prescilia-

“Criados há cem anos,

no conseguem passar

esses clássicos são,

o que se deseja sentir

ainda hoje, reprodu-

no momento, seja

zidos e não saem de

alegria, tristeza ou

moda. Então, acredito

ternura. Acredito que

que representam a

essa inspiração seja

evolução do design,

indispensável em meu

contemporâneo e

trabalho.”

atemporal.”

Lápis colorido “Não faço uso do

I love design

computador em meu

“Essa peça tem uma

processo de criação,

história muito interes-

sempre utilizo lápis

sante e de certa forma

e canetas coloridos.

representa um pouco

Vou riscando, criando

a minha vida, pois é

novas formas e cores.

Vaso de murano

Isso me ajuda muito a

“Sempre trabalho com peças de

e da sensibilidade ao

desenvolver os meus

murano antigas. Esse vaso, em

meu trabalho.”

projetos e estudos.”

especial, é muito rico pela mistura de formas e cores. De certo modo, essa mistura representa os meus projetos.”

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R e v ista [ B + ]

Agosto/se te mbro DE 2 0 1 5

a descrição do amor



estilo de vida | autos&motos

roberto nunes

FOTO: Divulgação

Jornalista especializado em indústria automotiva desde 2002

Honda lança a CBR 1000 RR Marc Márquez Atual bicampeão do MotoGP, o espanhol inspirou as linhas da edição 2015 da superesportiva japonesa A edição 2015 do MotoGP, a Fórmula 1 das motocicletas, está com

Na pista A Itaipava Arena Fonte Nova está com a Feira do Automóvel até o mês de dezembro. Aos domingos, o estacionamento-garagem é palco para a compra e venda de modelos seminovos. Davidson Botelho, da Bahia Harley-Davidson, tem promoção na gama de motos HD. Uma delas é a Fat Boy, modelo que voltou a ser usado no filme Exterminador do Futuro: Gênesis. O empresário Naldo Sardinha comemora a abertura da segunda loja da AutoSard Veículos. O ponto de

brigas homéricas entre o italiano Valentino Rossi (nove títulos) e o

venda de seminovos fica na revenda FrutosDias, em

espanhol Marc Márquez, atual bicampeão da competição. A Honda

frente ao Detran. FOTO: Divulgação

aproveita a grande exposição do seu piloto para lançar no mercado brasileiro a nova versão da esportiva CBR 1000 RR Fireblade. A série especial Marc Márquez esbanja exclusividade e esportividade. São apenas 93 unidades do modelo que leva o número do espanhol na carenagem da moto do Mundial de Motovelocidade. A CBR 1000 RR Fireblade Marc Márquez traz as cores do team Honda Repsol. Custa R$ 69.900 e oferece um pacote visual em que prevalece a cor laranja da equipe do espanhol. A esportiva da Honda possui um motor de 999,8 cc, com 180,8 cavalos de pura adrenalina. Produzida no Japão, a motocicleta pesa apenas 191 kg. Assim, garante arrancadas surpreendentes, por oferecer uma relação de peso-potência acima da média das grandes “máquinas” amansadas

Tucson entra na briga

para rodar nas ruas do mundo afora. Seu chassi é de alumínio do

A Caoa Hyundai renovou o Tucson no Brasil. Montado em

tipo diamante e segura os trancos com uma suspensão esportiva e

Anápolis (Goiás), o modelo quer seu espaço na briga dos

freios de tecnologia C-ABS, com os sistemas ABS (Anti-lock Brake)

utilitários Ford EcoSport, Jeep Renegade e o badalado HR-

e CBS (Combined Brake).

V, da japonesa Honda. Custa R$ 69.990 e, entre os atrativos,

A Honda também oferece o modelo com um visual mais sóbrio,

possui motor 2.0 f lex, com comando de válvulas variável e

usando uma carenagem pintada com uma combinação tricolor

cabeçote em alumínio e injeção MPFi, gerando 146 cavalos.

(azul, vermelho e branco). Com o mesmo pacote de alta performance,

Com amplo pacote de equipamentos, peca pela caixa de

a nova CBR 1000 RR Fireblade 2015 tem valor sugerido de R$ 66.500.

câmbio automática de apenas quatro velocidades.

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R e v ista [ B + ]

Agosto/se te mbro DE 2 0 1 5


FOTO: Divulgação

O ressurgimento da eterna Alfa Romeo Em um evento grandioso em Milão (Itália), Sergio Marchionne,

O sedã Giulia será a vedete da marca no Salão de Frank-

CEO do grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA), anunciou a

furt, realizado entre os dias 17 e 29 de setembro. O carro

produção do novo sedã de luxo Giulia, o carro que será o marco do

bebe na fonte da esportividade e esbanja linhas arrojadas.

ressurgimento da Alfa Romeo no mundo.

A versão mais animadora traz tecnologia inspirada na

Reconhecida pela valorização do design dos seus veículos e per-

Ferrari, com sistema Quadrifoglio (QV) no motor V6 bi-

formance nas pistas de corrida, a fabricante italiana volta em grande

turbo de 510 cavalos de potência. O bloco de alumínio foi

estilo ao cenário automotivo global. Nas comemorações dos 105 da

desenvolvido por engenheiros da Ferrari e oferece sistema

Alfa Romeo, Marchionne reinaugurou também o Museu de Arese,

que liga e desliga os cilindros sob demanda. Segundo a

com 69 modelos expostos e mais de 300 carros no acervo, e garantiu

Alfa Romeo, o carro faz de 0 a 100 km/h em 3,9 segundos.

planos ousados com produção de 400 mil unidades até 2018, incluin-

Possui tração traseira e conta com distribuição 50/50 do

do mais sete lançamentos (entre modelos SUVs, hatches e sedãs

peso, graças ao uso de materiais como fibra de carbono no

derivados de novas plataformas) a partir do ano que vem.

eixo do motor, capô, teto e quadro dos bancos dianteiros.


estilo de vida | roteiro

Roteiro: Baixio Comunidade pesqueira atrai visitantes e oportunidades de negócios por Tede Sampaio fotos humberto filho

Localizado a 120 km do aeroporto internacional de Salvador, Baixio tem se destacado como importante destino turístico no litoral norte baiano. O pequeno povoado da cidade de Esplanada ganhou destaque por causa do ecoturismo e atrai não só visitantes interessados em conhecer as suas belezas naturais, mas grandes empresas de olho nesta nova possibilidade de mercado. Entre os atrativos encontrados na região, as lagoas de águas cristalinas são as mais procuradas. Nelas, o visitante pode praticar mergulho, stand up paddle e canoagem, tendo como cenário um verdadeiro paraíso natural. Para quem deseja um pouco mais de aventura, as expedições off-road 4x4 são excelentes opções, já que permitem ao visitante conhecer espaços pouco explorados. De acordo com Humberto Filho, diretor da empresa de turismo Bahiaventura, o diferencial de Baixio frente a outros destinos é a sua configuração ambiental propícia para o ecoturismo. “O turista não só visita o local, ele interage com a natureza. E, o mais importante, é conscientizado sobre a preservação daquele ambiente”. Baixio é uma comunidade tradicionalmente pesqueira e agora convive com o desafio de se adaptar a essa nova realidade sem perder as suas principais características: belezas naturais e preservação desses ambientes. Humberto também realiza cursos de treinamento para novos guias locais. A ação faz parte do Projeto Baixio, programa desenvolvido pela Prima Engenharia, uma das empresas que estão investindo na região com a construção de um complexo hoteleiro e imobiliário, o Ponta de Inhambupe. Segundo Luciano Lopes, diretor-executivo da construtora, essa é uma preocupação que esteve presente desde o início do projeto e serve como contrapartida. Ele explica que dos 99.900 m² de área total, apenas 15% do terreno possuirá edificações –“85% do espaço será preservado. O projeto será um parque natural voltado para a interação do homem com o meio ambiente de forma a preservar a fauna e a flora locais”. 80

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O que você precisa saber! • Para garantir a preservação do ambiente, cada lagoa possui um número máximo de visitantes simultaneamente, cerca de 80 pessoas. Por isso é bom fazer a sua reserva. • Para ter acesso à Lagoa Azul, o visitante paga uma taxa de manutenção e limpeza no valor de R$40. O valor também engloba o transporte até o local. • O passeio off-road 4x4 pode ser realizado por um grupo de no mínimo seis veículos e custa R$ 380 por grupo. • Os passeios pelas lagoas exigem a companhia de um guia turístico autorizado. Este pode ser facilmente encontrado no Resortinho Escola.



notasdetec FOTO: Divulgação

Jorge Amado e Carybé velam o corpo de mãe Ruinhó, em 1975

FOTO: Reprodução

Cinco dicas de aplicativos – Por Saulo Fernandes Spotify

Ai que saudade da Bahia

“Esse aplicativo é ótimo para curtir um som. No momento estou ouvindo o novo disco de Maga [Margareth Menezes] que tive a honra de participar”

A página Baú Histórico da Bahia no Facebook, administrada pelo professor Vinícius Jacob, reúne fotos antigas do estado. Segundo Jacob, a intenção do espaço é mostrar as peculiaridades políticas, sociais e culturais da Bahia. Os arquivos (como este acima) são um resgate das pesquisas feitas pelo professor. “Muitas fotos são enviadas pelos fãs da página também”, comenta.

Internet móvel 5G já tem data de lançamento definida Nem bem a tecnologia 4G entrou em funcionamento no Brasil e a União Internacional de Telecomunicações definiu que a quinta geração da internet móvel precisa tornar-se comercializável até 2020. Ainda é cedo para falar, mas a expectativa é que esse novo padrão revolucione as comunicações em todo o mundo ao oferecer a capacidade de transmissão de dados de 20 gigabits por segundo, velocidade suficiente para baixar um filme em alta resolução em poucos segundos. Nos próximos cinco anos, o setor pretende investir quatro trilhões de dólares na tecnologia. Coreia do Sul, Estados Unidos, Japão e Europa estão à frente das pesquisas.

Set List Maker “Uso muito para montar repertório, organizar as coisas...”

Instagram “Entro sempre para sacar o que está rolando, especialmente depois dos shows. Gosto ver as fotos que a galera postou e saber o que sentiram em cada evento. É um canal de comunicação direto com a minha galera”

SoundCloud

FOTO: Divulgação

Em duas rodas Nascido em Araci, município próximo a Serrinha, o estudante Mateus Carvalho, de 22 anos, acaba de lançar um aplicativo voltado para mototaxistas e usuários do transporte. O “Motaxi” é inspirado nos modelos de aplicativos de táxis que figuram entre os mais baixados das principais lojas de apps. Lançado em junho deste ano, o “Motaxi” já está funcionando em Feira de Santana (BA) e Manaus (AM). Mateus pretende levar o app ainda para Cruz das Almas e Alagoinhas. O serviço só é disponibilizado em cidades em que o serviço de mototáxi é regularizado pela prefeitura, e o mototaxista que quiser se cadastrar no banco de dados do aplicativo deve estar em dia com sua documentação no órgão controlador. 82

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“Uso para postar as músicas e ficar de olho no que está rolando também”

Play Kids “Sou pai! Uso sempre com as crianças, elas adoram!”


Obra: Almandrade / Galeria de Arte Roberto Alban

arte & entretenimento Produção cultural baiana na guerra contra a crise 82 Uma pergunta para Carlos Prazeres 86 Conte aí 88

W W W. p o rta lB MA I S . CO M. B R

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Arte & entretenimento | cultura

FOTO: Netun Lima

Orkestra Rumpilezz teve turnê internacional viabilizada por ações do MinC, SecultBA e da produtora Geysa Castro

Cultura sem verba.

E agora? Mesmo com os recentes cortes do orçamento público para a cultura, produtores e gestores culturais baianos buscam alternativas para manter suas empresas em atividade

E

m maio último, o que já era esperado pelos profissionais da cultura no Brasil foi confirmado oficialmente: o governo anunciou um corte de quase R$70 bilhões no orçamento público, o que gerou redução de 33% no

investimento para a cultura. Com a crise estabelecida, produtores e gestores culturais de todo o Brasil precisaram repensar seus projetos e encontrar uma solução para que a falta de dinheiro não abalasse os seus negócios e impedisse a produção cultural brasileira de existir. Na Bahia, a falta de dinheiro para a cultura agora assume o papel de desafiá-los a continuar realizando suas ações, pensando em alternativas de financiamento que não afetem bruscamente as rotinas das suas empresas. Em áreas como música, dança, audiovisual e teatro,

por Ana Camila

por exemplo, nas quais a Bahia tem mostrado grande atividade empresarial, pensadas especialmente a partir de financiamento via leis de incentivo e editais públicos, a atual situação gera desconforto.

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Revista [ B + ]

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“As leis de incentivo são distorcidas porque viraram uma forma de as empresas privadas colocarem suas marcas em evidência sem mexer no seu orçamento”

O corte

Joilson Santos, produtor

No dia 22 de maio de 2015, o Ministério do

Caixa, além das que reservam parte do seu orçamento em ações

Planejamento informou que R$ 69,9

de marketing. Oferecer serviços como planejamento estratégico e

bilhões dos gastos do orçamento para 2015

produção local de projetos patrocinados vindos de fora da Bahia e

aprovados pelo Congresso Nacional serão

de fontes financeiras diversas também ajudam a manter o fôlego

bloqueados. O orçamento do MinC para

da Multi, que em cinco anos já atuou nas mais diversas áreas da

2015 era de R$ 1,069 bilhão, caindo para

cultura no estado.

R$927 milhões (cerca de 33%) com o corte previsto. A ação foi divulgada como parte

Alternativas sustentáveis

do ajuste fiscal para equilibrar as contas

Entre acordos e negociações com artistas e fornecedores, além

públicas do país. Ministérios das Cidades,

de malabarismos para lidar com os seus caixas, as empresas se

da Saúde e da Educação foram

equilibram numa corda bamba que as obriga a pensar em alter-

os que sofreram o maior corte.

nativas sustentáveis e estratégias a longo prazo. Duas opções já chamam a atenção: o financiamento colaborativo (crowdfunding) e o internacional. O produtor Edson Bastos, sócio da empresa Voo Audiovisal, com sede em Ipiaú, já teve duas experiências bemsucedidas com o financiamento colaborativo. A prensagem do

A consciência de atuar em um setor no qual o inves-

CD “Partir O Mar Em Banda”, do artista Ayam Ubráis Barco, e a

timento público é um dos menores já deixa o terreno

gravação do seu videoclipe “O Quintal”, em 2015, foram realizadas

preparado para os agentes culturais. Com o contingen-

por meio da campanha de crowdfunding, que movimentou cerca

ciamento dos recursos para editais da Secretaria de

R$11 mil vindos diretamente do público. Mobilizar e sensibilizar

Cultura do Estado da Bahia, muitos projetos de 2014

as pessoas, motivando-as a investir em ações das mais diversas

ainda não foram realizados ou concluídos, e dos editais

áreas, é uma alternativa de captação de recursos que está em

setoriais deste ano não se tem notícia concreta. Para

pauta em muitas empresas do setor. Ana Paula acredita que o

Geysa Castro, sócia-diretora da Ginga P, a gestão interna

financiamento coletivo já é uma realidade e que semanalmente

da empresa tem que ser estratégica diante desta reali-

vemos exemplos de ações culturais cujo sucesso vem da partici-

dade, que já não é uma surpresa. “Absorver o impacto

pação direta do público, como shows e feiras de rua, por exemplo.

negativo e minimizar os prejuízos ao máximo é a saída

“Não podemos esquecer que, para além de financiamento público

para pensar a sustentabilidade de forma equilibrada e

ou privado, existe um mercado cultural que funciona justamente

sem histeria”, opina.

porque mobiliza as pessoas. Tudo isso sem investimento externo,

Para Ana Paula Vasconcelos, da Multi Planejamento Cultural, um dos fatores principais para manutenção

apenas com o recurso gerado pelo público presente”, observa. Há alguns anos, Geysa Castro tem ampliado seu leque de

de uma empresa é a diversificação de suas fontes de

atuação no mercado internacional. Tendo a música como princi-

arrecadação. Mesmo que o financiamento público seja

pal atividade, a empresária estreitou relações com parceiros em

ainda a principal forma de viabilizar o mercado cultural,

países da Europa e nos Estados Unidos – parceria esta que, em

existem empresas que têm editais próprios, como a

um conjunto de ações com o MinC e a SecultBA, viabiliza a turnê W W W. p o rta lB MA I S . CO M. B R

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arte & entretenimento | cultura

da Orkestra Rumpilezz nos EUA entre julho e agosto deste ano. A estraté-

FOTO: Luciano Oliveira

Ana Paula Vasconcelos, da Multi Planejamento Cultural: saída é a diversificação de suas fontes de arrecadação

Para Joilson, as leis de incentivo são distorci-

gia foi unir esforços de todos os lados, promover intercâmbio entre os países e

das, especialmente porque “viraram uma forma

ter paciência e traquejo para mostrar que o projeto é interessante para todos

de as empresas privadas colocarem suas mar-

os envolvidos. O Núcleo Viladança, coordenado por Cristina Castro, investe

cas em evidência sem mexer no seu orçamen-

no relacionamento institucional com parceiros no Brasil e fora dele, seja no

to”. Ao mesmo tempo em que levam o crédito

âmbito financeiro como no criativo. Desde maio de 2015, o Viladança promove

de grandes financiadoras da cultura, o que não

residências artísticas com coreógrafos internacionais, uma forma de estrei-

procede, já que o dinheiro investido é público,

tar relações e investir na profissionalização de novos dançarinos baianos. O

se dão ao luxo de investir somente em produtos

programa tem patrocínio do Boticário na Dança, que desde 2014 investe em

que lhes interesse em termos de marketing.

diversas ações do grupo. “Essas parcerias duradouras são fruto de uma rela-

Dessa forma, projetos com menor projeção ou

ção de confiança entre o financiador e o produtor, resultado de um trabalho

inéditos são constantemente desprivilegiados.

bem executado e que traz benefícios também às marcas envolvidas”, afirma

Já Geysa Castro avalia que, mesmo com to-

Cristina, que anualmente realiza o Festival Vivadança sob o patrocínio da Oi,

dos os problemas e distorções, o incentivo fiscal

que já garantiu recursos para a edição de 2016.

continua sendo um grande aliado. Segundo ela, devemos seguir tentando minimizar os danos

Para além do incentivo fiscal

e contradições das leis, e que o diálogo entre a

À frente do Feira Coletivo, o produtor Joilson Santos desenvolve um núcleo

cadeia produtiva de cultura e as instâncias do

de ações que viabiliza projetos sem depender de dinheiro público para acon-

poder público é a melhor saída. “O Ministério

tecer. A partir de parcerias e planejamento de gastos e receita, o coletivo já

da Cultura para obter sucesso nestas reformas

realizou, desde 2009, inúmeras ações culturais na cidade de Feira de Santana,

propostas precisa da nossa participação. Somos

incluindo shows internacionais e de bandas de grande visibilidade nacional.

nós que estamos no campo, enfrentando as

Tudo isso sem patrocínio público ou privado, exceto a última edição do Feira

consequências. Se queremos mudanças, apre-

Noise Festival em 2014, financiado pela Secult-BA por meio de edital.

sentemos também as soluções”, opina.

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Arte & entretenimento | uma pergunta

Carlos Prazeres Carlos Prazeres é carioca e deixou o Rio para assumir o comando e a direção artística da Orquestra Sinfônica da Bahia. Durante sua regência, o maestro implementou ações criativas que atraíram público para os concertos. Em 2013, por exemplo, a Osba tocou trilhas sonoras de filmes populares. Esse concerto lotou nove vezes o Teatro Castro Alves, de 1.600 lugares.

O baiano tem uma dificuldade natural de consumir a cultura erudita ou falta inovação para atraí-lo? “O baiano é um povo especialmente sensível à arte, e isso se deve a diversos fatores, dentre eles a própria miscigenação do seu povo e a imensa riqueza arquitetônica e histórica presente em seu território. Projetos criativos também proliferam a cada dia na Bahia, seja na música de concerto com a Osba, por exemplo, seja no teatro, nas mãos de excelentes diretores, como Gil Vicente Tavares, ou ainda no jazz, com a incrível Rumpilezz. Na área dos museus vale citar a gestão de Marcelo Resende no MAM, revigorando aquele espaço de maneira única. Não tenho nada contra a indústria do entretenimento, muito pelo contrário, também a consumo. O que precisamos na Bahia ou em qualquer lugar do mundo é de um olhar constantemente atento por parte das autoridades em prol de apoiar aquilo que realmente precisa de apoio e não se utilizar desta mesma indústria de entretenimento que naturalmente sempre encontrará apoio na iniciativa privada, ávida por lucrar com a imagem que a mesma produz - para fazer uma autopropaganda. A Bahia, como já diria o visionário reitor da Ufba Edgard Santos, é, e precisa ser, uma potência cultural do país. Suas orquestras, seus museus e seus teatros precisam ser olhados de uma forma séria. Todo FOTO: Divulgação

e qualquer apoio a eles reflete imediatamente num consumo voraz da cultura erudita por um povo sedento por ela, mesmo que não saiba. E que tal cultura conviva de forma harmônica e até interativa com a indústria do entretenimento. O fato é que qualquer estado que faça uso somente desta última será única e exclusivamente uma barraca de souvenir. Tenho fé de que esta não será a nossa escolha. Tenho fé na Bahia”.

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Apresentações de alto impacto Como fazer uma apresentação que cause impacto nas pessoas? Este foi o tema do I Módulo do Curso "A Trilogia das Apresentações de Alto Impacto" ministrado pelo Joni Galvão, CEO da The Plot Company, empresa especializada no conceito do Storytelling. Os participantes puderam recriar o conceito de uma boa história através de fundamentos como a criação de um Roteiro que guie o apresentador. Autor do livro "Super Apresentações", Joni Galvão volta a Salvador nos dias 11 e 12 de agosto para a edição II e III dos módulos Plot Your Presentation e Plot You respectivamente. Camaçari global em pauta na Amcham Salvador

Você sabia?

Liderando as discussões da melhoria da competitividade do Polo Industrial de Camaçari, a Amcham Salvador promoveu no último dia 29/7 edição do Ciclo de Desenvolvimento Regional debatendo ações e estratégias empresariais para promover a maior atratividade global do complexo baiano. "O Polo Industrial de Camaçari precisa ser entendido com a maior riqueza de detalhes possível", aponta Thiago Mota, gerente regional da Amcham Salvador. O encontro reuniu o prefeito de Camaçari, Ademar Delgado; além de representantes da Federação das Indústrias da Bahia, da Tendências Consultoria, Kimberly Clark, Oxiteno, entre outros executivos. Terceirização em foco Os prós e contras da Terceirização de mão de obra esteve na pauta do Fórum Jurídico promovido pela Amcham Salvador no último dia 24/7, com a presença de mais 80 associados. O especialista Ivan Pugliese tirou dúvidas e detalhou os riscos e benefícios da terceirização no ponto vista empresarial.

Na crise, cresce 23% interesse empresarial em capacitação

O atual cenário de incerteza econômica aumentou o interesse do empresário brasileiro em fóruns, eventos e capacitações. Nos seis primeiros meses do ano, a Amcham com 14 escritórios regionais no País observou um aumento na demanda executiva de 23% em comparação ao mesmo período de 2014. No primeiro semestre de 2015, mais de 40 mil executivos e empresários participaram das 959 atividades de capacitação promovida pela entidade.

Agenda 11/08 | Trilogia das Apresentações de Alto Impacto- Plot your Presentations 12/08 | Trilogia das Apresentações de Alto Impacto - Plot You 14/08 | Seminário de Inovação| O mundo mudou. E agora? 17/09 | CEO Fórum| Bossa Nova: Um novo jeito de fazer Acompanhe o calendário completo de atividades da Amcham: www.amcham.com.br/acontece

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Família: por que e para quê?

A

Djalma Falcão Economista. Mestre em família na sociedade contemporânea pela Ucsal. Membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Com Terezinha, casal presidente nacional da Escola de Pais do Brasil

Escola de Pais do Brasil, atenta

Tais elementos são, por certo, consistentes e destinados a permanecer, desde que

às inquietações dos pais, procu-

cultivados e estimulados.

ra sempre, em seus círculos de

Dentre vários desses elementos há um que se destaca e se transforma em fun-

debates, salientar o verdadeiro

damental, tão fundamental que ousamos dizer que sem ele a família não cumpre

papel da família na sociedade,

o seu papel de educadora por excelência: o espírito de família.

qual seja: a formação integral do ser humano.

Este elemento, invisível, se constitui no “clima” que as pessoas estabelecem

Para tanto, a família há que se debruçar

entre si. Deixemos claro que a família que não o possui, jamais será forte o sufi-

sobre si mesma e perguntar se está preparada para cumprir esse papel que só a ela pertence e

ciente para desempenhar o seu poder construtivo. O espírito de família é um elemento psíquico (o conjunto de forças que motivam ficar juntos) e relacional (as muitas formas com as quais essas forças se

a ninguém mais. Olhando para si, a família descobre que não

expressam). Não podemos dizer que conhecemos uma família só por ter conhe-

é mais um conjunto de pessoas que se toleram.

cido, isoladamente, cada um dos seus membros. Só a conhecemos quando os ve-

É uma “consciência coletiva em ação”.

mos interagir. Assim, é esse elemento a mais que a vai diferenciar de um simples

É uma comunidade, por isso mesmo, uma

agregado de pessoas. Formar uma família não significa estar juntos, mas estar

pluralidade baseada na união da indestrutível

juntos a fim de construir um bem comum. Sem esse bem comum, sem esse clima,

personalidade de cada um dos de seus inte-

a família não se concretiza, limita-se a um agregado de pessoas que facilmente

grantes. Trata-se, de início, de uma dualidade

se pode desagregar. Não criado o espírito familiar, o permanecer junto perde o

marcada pelo encontro de dois seres que se

seu sentido, uma vez que faltam as motivações para se suportar os inevitáveis

encontram e que desejam permanecer juntos.

conflitos de relacionamento.

A chegada dos filhos vem completar o universo

Além de ser o cimento que une os seus membros, o espírito familiar tem ou-

mais rico e mais complexo onde se desenrola

tras importantes funções: proteger a família contra o assalto de agentes internos

todo um fascinante processo de transforma-

e externos que tanto a fragilizam. É esse espírito que torna a família forte e faz

ção: do ser animal em ser humano, isto é sua

com que coletivamente cumpra o seu papel. Vale nesse ponto uma reflexão: até

passagem de simples indivíduo a pessoa. Cada

que ponto a minha família se comporta como tal? Minha família construiu ou

um dos integrantes tem uma permanência no

está construindo um espaço intemporal onde se abriguem aqueles que se consti-

mundo, impossível de prever, mas inevitavel-

tuem a razão de nossa existência?

mente limitada no tempo. O grande mistério

A convivência familiar supõe a comunidade de pais, filhos, irmãos que repre-

reside no fato de que cada um desaparece, mas

senta o primeiro ambiente em que se encontra o amor e se aprende que com ele

a família não. Esta permanece, sobrevivendo

é possível fortalecer a harmonia e superar obstáculos.

em seus membros, o que permite que alguns

Muito poderia ser escrito sobre a comunidade familiar alicerçada na mística

grupos familiares possam se mirar em seus

da família. Fiquemos, a título de conclusão, com a constatação de que é na con-

antepassados. Sobre-existem vínculos imper-

vivência familiar que avultam a intimidade e a segurança. Os filhos se educam

ceptíveis sobre os quais repousa a segurança

no carinho e nutrem-se no acolhimento, na compreensão e na fidelidade do

da vida de cada um. Não se trata de herança

amor entre seus membros. A casa deixa, então, de ser apenas um espaço para se

genética. Em realidade, são elementos que se

transformar num interior que nega a ausência porque exige presença. Ela conse-

transmitem por várias das gerações, caracteri-

gue ser então proposta permanente de acolhimento onde há sempre lugar para

zando a unidade da família ao longo dos anos.

todos, mas onde cada um tem o seu lugar.

90

R e vista [ B + ]

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Cartão Sócio-Protetor OSID. Solidariedade que cabe no seu bolso.

A partir de R$10 por mês, você colabora com as Obras Sociais Irmã Dulce. Nunca foi tão fácil ajudar quem mais precisa. Com doações a partir de 10 reais, você vira um Sócio-Protetor OSID e ajuda a manter vivo o legado de fé e amor ao próximo deixado por Irmã Dulce. São milhões de atendimentos médicos por ano, centenas de jovens com acesso a educação básica, cursos profissionalizantes e muito mais.

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páginas amarelas headhunter

Gerente de Projetos Local: Coração de Maria (BA) Gerenciar a construção da fábrica desde a primeira etapa até a conclusão, desenvolvendo plano de projeto e estratégias de execução. Definir os escopos de trabalho, fases do projeto e as prioridades para cada etapa. Preparar e gerenciar orçamentos, custos e prazos. Garantir o cumprimento das diretrizes orçamentárias, qualidade, normas ambientais e de segurança, prestadores de serviços, estabelecidos pelos órgãos governamentais competentes. Identificar os principais riscos, incluindo restrições, premissas e contingências com objetivo de minimizar ocorrências. Desenvolver postos de controle do projetos e mecanismos de comunicação de status. Supervisionar pessoas, alinhar conformidades, manter o cronograma de trabalho e assegurar que as tarefas sejam concluídas em tempo, dentro do orçamento. • Vivência em gerenciamento de projetos. Conhecimento das ferramentas e técnicas de gestão de produtos. Habilidades interpessoais. Capacidade de liderança. Boa comunicação, negociação e empatia. • Formação superior completa em engenharia, arquitetura ou áreas correlatas. Pós-graduação preferencialmente em gerenciamento de projetos. • Ter inglês fluente. Desejável possuir certificado PMP. Salário: a combinar

Secretária Executiva Local: Lauro de Freitas (BA) Realizar atendimento telefônico, atendimento pessoal, confecção de planilhas e dar apoio ao setor comercial. Experiência como secretária, auxiliar ou assistente administrativo. • Ensino superior completo (desejável em secretariado executivo). • Conhecimentos em informática (Office e Internet) em nível de usuário. Ter criatividade, dinamismo, iniciativa e capacidade de vencer desafios. Ser comunicativo e organizado, com domínio na língua portuguesa (escrita e oral). Possuir registro no SRTE. Salário: De R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00

Fonte: www.catho.com.br

Fonte: www.catho.com.br

headhunter

headhunter

Local: Camaçari (BA)

Engenheiro Químico

Atuar nas atividades do setor de logística e almoxarifado. Realizar o recebimento, armazenagem e

Local: Candeias (BA)

distribuição de materiais para sede e obras. Realizar o controle de estoque da sede e acompanhar

Gestão de processos produtivos.

o controle de estoque das obras. Implantar e treinar sede e obras na utilização dos procedimentos

Planejamento de produção. Formulação de

de logística e almoxarifado. Apoiar na realização de compras e contratações de serviços. Apoiar no

produtos. Qualidade dos produtos. Gestão

controle e gestão de frotas da empresa. Analisar e sugerir melhoria nos procedimentos e responder nas

de indicadores de qualidade e produtividade.

auditorias internas e de certificação.

Gestão de pessoas. Estoque de matérias-

• Conhecimento intermediário em equipamentos e materiais da área industrial.

primas e produtos. Ensaque e expedição de

• Noções contábeis e fiscais. Obrigatório ter boa prática no pacote Office.

produtos acabados.

• Desejável ter conhecimento básico em normas ISO.

• Experiência anterior em indústria.

• Ensino superior ou técnico.

• Ensino superior completo em engenharia

Salário: De R$ 2.001,00 a R$ 3.000,00

química.

Analista de logística

Salário: a combinar

Fonte: www.catho.com.br

Fonte: www.catho.com.br

headhunter

Gerente de unidade Local: Alagoinhas (BA) Gerenciar a unidade de refeição industrial, liderar, capacitar e motivar a equipe. Assegurar o cumprimento das metas de produção, conforme padrão de qualidade. Controlar os custos e despesas da produção. Estabelecer contato com clientes e acompanhar a qualidade dos serviços prestados. Supervisionar as atividades administrativas e pertinentes da área. Controlar as planilhas e os relatórios gerenciais. Realizar planejamento, controle de pedidos, elaboração dos cardápios, controle de estoque, entre outros. • Experiência com gerenciamento de cozinha industrial de grande porte. • Ensino superior completo em nutrição. Salário: De R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00 Fonte: www.catho.com.br

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headhunter

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Representante comercial Local: Barreiras (BA) Deverá captar, atender, vender, acompanhar e finalizar os clientes e situações operacionais de todo processo. Montar, se possível, equipe de vendas e atuar junto a administradora em metas de qualidade e atendimento. • Conhecimento de mercado no ramo de consórcios, automóveis e imóveis. Salário: de R$ 10.001,00 a R$ 15.000,00 Fonte: www.catho.com.br



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Tiragem auditada: 10 mil exemplares

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dicas para diminuir os riscos de câncer de mama

Mais simples Inseminações artificiais agora podem ser feitas por convênio

Organizando a casa A importância da gestão nas empresas de saúde

quais são os vilões que estão na sua alimentação

Na palma da mão

Cresce mercado de aplicativos de saúde. Mas eles são confiáveis?

Suplemento da edição 31 da revista [B+]. não pode ser vendida separadamente

Para viver bem


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SAÚDE

8 10 12 14 16 18 20 22

FOTOS: Reprodução

sumário Bloco de notas Pesquisa e prevenção O perigo dos alimentos industrializados Do campo à mesa: como entender o que você come Aplicativos de saúde [C] Inseminação artificial por meio do plano de saúde Modernização na gestão da saúde Declare guerra ao câncer de mama

editorial

Às claras

desvendar quais são os vilões da vida saudável que estão na sua geladeira e nas prateleiras dos supermercados. A jornalista Francine Lima, criadora do canal de vídeos Do Campo à Mesa, dá dicas de como descobrir se o que você está comendo te faz bem ou não. Com a missão de facilitar o monitoramento de doenças, aplicativos estão

do café da manhã, o iogurte que você toma

sendo desenvolvidos e o número de downloads no país é crescente. Aqui mesmo,

durante o lanche e a sopa de saquinho da sua

na Bahia, no início do ano foi lançada uma plataforma que, acoplada a um

dieta podem até ter cara de alimentos saudá-

celular, promete diagnosticar a dengue e a febre chikungunya em vinte minutos.

veis, mas, de acordo com especialistas, eles

Mas é preciso ter cautela. Mesmo com tanta modernidade, os apps não devem

são alguns dos responsáveis pela aceleração

ser usados para fins de automedicação. Saiba na página 16 como usar a tecnolo-

de doenças graves. Na primeira edição da

gia com inteligência. Além disso, as páginas seguintes trazem inovação, pesqui-

[B+] Saúde, nossa equipe topou o desafio de

sa, bem-estar, dicas e o que há de melhor sobre o setor de saúde. Boa leitura.

FOTOS: Reprodução

O peito de peru que está no seu sanduíche

Pedro Hijo editor-chefe da Revista [B+]



expediente [B+] Saúde

[Conselho Institucional] Antonio Coradinho (Câmara Portuguesa), Antoine Tawil (FCDL), Felipe Arcoverde (Abedesign-BA), João Pedro Bahiana, (AJE-BA), Jorge Cajazeira (Sindipacel), José Manoel Garrido Gambese Filho (Abih-BA), Laura Passos (Sinapro), Pedro Dourado (ABMP), Renato Tourinho (Abap), Roberto Ibrahim (CRA-BA), Rodrigo Paolilo (Júnior Achievement) e Wilson Andrade (Abaf)

[Impressão] Grasb CAPA Gabriel Cayres

[Presidente] Rubem Passos Segundo (rubem.passos@grupobmais.com.br ) [Diretor Geral] Renato Simões Filho (renatosimoesfilho@grupobmais.com.br) [Diretor de Publicações] Claudio Vinagre (claudio.vinagre@grupobmais.com.br) [Diretora de Marketing] Bianca Passos (bianca.passos@grupobmais.com.br) [Gerente Comercial] Ana Beatriz Sampaio (bia.sampaio@grupobmais.com.br) [Conselho Editorial] César Souza, Claudio Vinagre, Cristiane Olivieri, Geraldo Machado, Ines Carvalho, Jack London, Jorge Portugal, José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques de Andrade Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Masuki Borges, Reginaldo Souza Santos, Renato Simões Filho, Rubem Passos Segundo e Sérgio Nogueira [Editor-chefe] Pedro Hijo (pedro.hijo@grupobmais.com.br) [Repórter] Joseanne Guedes (redacao@grupobmais.com.br) [Designer] Edileno Capistrano Filho [Projeto gráfico] Leandro Maia, Rafaela Palma e Gabriel Cayres

Reserva de anúncio publicidade@grupobmais.com.br / 71 3012-7477 [Representantes] Brasília Karla Martins - Tel.: (61) 3226-2218 - solucaoconsultoria.karla@uol.com.br Feira de Santana Júlio Mendonça - Tel.: (75) 9955-5514 - julio@vm2publicidade.com.br Fortaleza Ananias Gomes - Tel.: (85) 9987-1780 - ananiasgomes@canalc.com.br Recife Ceci Barroso - Tel.: (81) 8791-3780 - cecicomercial@hotmail.com Rio de Janeiro e São Paulo: Roberto Cathoud - Tel.: (11) 999089891 - rcpinheiro@ hojeemdia.com.br

Realização Editora Sopa de Letras Ltda. Av. ACM, 2.671, Ed. Bahia Center, sala 1101, Loteamento Cidadela, Brotas - CEP: 40.280-000 - Salvador - Bahia - Tel.: 71 3012-7477 CNPJ 13.805.573/0001-34

tiragem auditada 10 mil exemplares

[Fotografia] Studio Rômulo Portela [Revisão] Cristiane Sampaio [Colunista] Cândido Sá

Pontos de Venda da revista [b+] A Revista [B+] pode ser lida no portalbmais.com.br, tablets, smartphones e encontrada nas principais livrarias e bancas de Salvador. Encontre a Revista [B+] nos seguintes pontos de venda: A revista [B+] não se responsabiliza pelas opiniões, ideias, conceitos e posicionamentos expressos nos publieditoriais, anúncios e colunas por serem de inteira responsabilidade de seus autores.

Livraria Aeroporto; Livraria Cultura (Salvador Shopping); Livraria Leitura (Salvador Norte Shopping e Shopping Bela Vista); Livraria Rodoviária; Livraria Saraiva (Salvador Shopping, Shopping Barra, Shopping da Bahia e Shopping Paralela) e bancas selecionadas.



SAÚDE | bloco de notas

ONU premia Hospital do Subúrbio na Colômbia Após uma disputa de mais de quatro mil experiências de todo o mundo, o Prêmio do Serviço Público das Nações

Mutirão de diagnóstico de Alzheimer é realizado em Salvador

Unidas, categoria ‘Melhoria na prestação de serviços públi-

Laboratórios apresentam projetos para o SUS Laboratórios públicos e em-

A partir do projeto Neu-

presas privadas enviaram ao

quarto prêmio internacional da unidade, cuja Parceria Pú-

rociência, a Fundação de

Ministério da Saúde projetos

blico-Privada é uma das duas únicas iniciativas da América

Neurologia e Neurocirurgia

de parcerias para a produção

Latina e do Caribe a conquistar a premiação neste ano.

da Bahia realiza um mutirão

de medicamentos e equipa-

que agiliza o diagnóstico da

mentos estratégicos para

doença. Este ano, o evento

o Sistema Único de Saúde

será realizado em duas eta-

(SUS). Foram apresentadas 39

pas, sendo a primeira no dia

propostas, sendo que 23 são

19 de setembro, na Faculdade

para a produção de medica-

de Medicina do Brasil, no Ter-

mentos biológicos, que são

reiro de Jesus, e a segunda no

mais caros e com tecnologia

dia 20 de setembro, quando

mais avançada. A lista final

320 pessoas a partir de 60

dos selecionados será divul-

anos serão avaliadas.

gada até dezembro deste ano.

FOTO: Carol Garcia / GOVBA

cos’, foi para o Hospital do Subúrbio, em Salvador. Este é o

Reativada cirurgia cardíaca infantil em Feira do Hospital Estadual da Criança (HEC), em Feira de Santana, que atende a 72 municípios. Desativado há mais de dois anos, o procedimento estava sendo realizado nos hospitais Ana Nery

FOTO: Divulgação

Voltou a funcionar o serviço de cirurgia cardíaca pediátrica

Bahia vai produzir órteses, próteses e testes

e Martagão Gesteira, na capital. Segundo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), a reativação ajuda a diminuir o

FOTO: Elói Corrêa / GOVBA

tempo da espera pelo serviço.

A Bahia vai começar a produzir órteses, próteses e testes rápidos para doenças como HIV, HCV e sífilis. Memorandos de entendimento assinados entre o governo do estado e representantes de dois laboratórios internacionais, em parceira com a Bahiafarma, preveem ainda transferência de tecnologia para a instituição. “Além da ampliação do acesso ao material, haverá a diminuição de custos para o SUS”, afirma o diretor Ronaldo Dias.

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É LEGAL PARTICIPAR DE UM ENCONTRO ASSIM. Nos dias 7 e 8 de outubro, você terá a oportunidade de participar do IV Fórum de Relações Trabalhistas. É hora de aprofundar seus conhecimentos sobre os assuntos relacionados à área legislativa do direito do trabalho, com a presença de renomados palestrantes que irão abordar temas como: a possibilidade de recuperação judicial de empresas e sucessão trabalhista na área da saúde e as principais mudanças que o novo CPC (Código de Processo Civil) trará ao processo do trabalho.

REALIZAÇÃO:

APOIO INSTITUCIONAL:

APOIO:


SAÚDE | inovação

PESQUISA E PREVENÇÃO

Instituições baianas investem na produção de conhecimento científico e em prevenção para a melhoria da saúde

FOTOS: Divulgação

A boa saúde está no topo da lista de aspirações das pessoas em qualquer lugar do mundo, mas o conhecimento e as ferramentas disponíveis nem sempre são adequados para resolver os problemas. Há uma necessidade constante de gerar novas informações e desenvolver maneiras melhores, e mais efetivas, de proteger e promover a saúde. Pensar a saúde de forma integral significa, também, fortalecer e incentivar as atividades de pesquisa e prevenção de riscos e doenças. Por meio de sua Coordenação de Pesquisa, o Hospital São Rafael oferece assessoria científica que auxilia pesquisadores no planejamento do projeto de

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pesquisa, análise estatística e preparação da publicação final, em um processo chamado de “Acelerador Científico”. O hospital concede bolsas de produtividade de pesquisa para médicos, bolsas de iniciação científica para estudantes ligados a pesquisadores e fornece ajuda de custo para publicação de resultados da pesquisa. O avanço tecnológico utilizado pela medicina, associado ao alto conhecimento científico das doenças, permite que o médico estabeleça diagnósticos cada vez mais precoces, tratamentos mais eficazes e maiores índices de cura, enquanto a atenção à pesquisa impulsiona o pioneirismo e a inovação. Não por acaso, o São Rafael investe na aquisição de novos equipamentos de apoio ao diagnóstico, importantes ferramentas na prevenção ou detecção precoce de doenças.

“Somos referência no Norte-Nordeste em tratamento oncológico e no ano passado adquirimos o Intrabeam, primeiro equipamento de radioterapia intraoperatória do Brasil, que representa um avanço para o tratamento de pacientes com câncer de mama. Diferentemente do procedimento convencional, ela é feita ainda durante a cirurgia de retirada do tumor, no próprio leito operatório”, destaca Luís Correia, coordenador de pesquisa do hospital. A novidade reduz consideravelmente os efeitos colaterais da radioterapia e o tempo do tratamento. Outro caso de sucesso no âmbito da pesquisa em saúde é o Laboratório Sabin. O grupo investe cerca de meio milhão de reais por ano em pesquisa direta. Há pesquisas e trabalhos científicos que são produzidos a partir de dados internos e demográficos, além da ajuda a pesquisas externas por meio do Núcleo de Apoio à Pesquisa. “Além das pesquisas em biologia molecular, que validam e desenvolvem exames, são desenvolvidos estudos relacionados à análise de custos, gestão técnica, sustentabilidade e análise de vínculo genético. Este último conquistou prêmios no Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e no congresso da American Association of Clinical Chemistry”, afirma o diretor técnico do Sabin, Rafael Jácomo.


SAÚDE | capa

Corantes, aromatizantes, conservantes, antioxidantes, acidulantes e as chamadas gorduras trans fazem parte da infinidade de ingredientes com lugar cativo na maioria das mesas brasileiras. Na contramão, especialistas alertam que esses aditivos químicos – responsáveis por dar sabor, cheiro, aspectos naturais e durabilidade aos produtos disponíveis nas prateleiras de qualquer supermercado – formam uma poderosa receita contra a saúde e o bem-estar. Como resultado da má alimentação, o país vem enfrentando aumento expressivo do sobrepeso e da obesidade em todas as faixas etárias. O problema acomete um a cada dois adultos e uma a cada três crianças, mas ainda

A população das grandes cidades recorre como nunca aos alimentos industrializados, em busca de uma praticidade que pode causar sérios danos à saúde

pode se aliar a doenças cardiovasculares, gastrointestinais e diversos tipos de câncer. De acordo com o “Guia Alimentar para a População Brasileira 2014”, lançado pelo Ministério da Saúde, as principais doenças que atingem os brasileiros deixaram de ser agudas e passaram a ser crônicas, e são a principal causa de morte entre adultos. Em sua segunda edição, o documento oficial que aborda os princípios de uma alimentação adequada e saudável recomenda dar preferência a produtores e comerciantes que vendem alimentos in natura ou minimamente processados e àqueles que comercializam alimentos orgânicos e de base agroecológica. “Sempre que possível, faça ao menos parte das suas compras de alimentos em mercados, feiras livres, feiras de produtores e outros locais, como sacolões ou varejões”. Outras boas alternativas em algumas cidades são veículos que percorrem as ruas comercializando frutas, verduras e legumes adquiridos em centrais de abastecimento. Segundo o guia, a depender de suas características, o sistema de produção e distribuição dos alimentos pode promover justiça social e proteger o meio ambiente. Do contrário, gera desigualdades sociais e ameaças aos recursos naturais e à biodiversidade.

Vilões Enlatados e embutidos apresentam altos índices de sódio e podem contribuir para aumentar a pressão arterial. Os defumados estão intimamente relacionados a câncer no aparelho digestivo. Gordura trans, a gordura vegetal hidrogenada, presente em alimentos como biscoitos, pães, sorvetes e margarina, é responsável pelo aumento das taxas de colesterol e problemas

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cardiovasculares. Substitua por frutas secas ou sementes (nozes, amendoins, castanhas). Conservantes, como o ácido benzoico, nitratos e nitritos, podem provocar alergias, distúrbios gastrointestinais, câncer gástrico e do esôfago e aumento de mutações genéticas. Estabilizantes podem causar cálculos renais e distúrbios

gastrointestinais. Os corantes e flavorizantes são responsáveis por diversas reações alérgicas, e estudos recentes os relacionam a diferentes tipos de câncer. Acidulantes, como o ácido fosfórico presente nos refrigerantes, estão relacionados à descalcificação dos dentes e dos ossos. Corte os refrigerantes e sucos processados, substituindo-os por sucos de frutas, polpas ou água de coco.


TIPOGRAFIAS VERNACULARES: Bonocô, de Fernando PJ | Contexto e Filezim, de Vinicius Guimarães

Para a nutricionista Ilana Nunes, é preciso considerar as mudanças econômicas, sociais e culturais brasileiras. Ela ressalta que uma alimentação saudável não precisa ser cara, mas fresca, natural, sustentável. “As pessoas alegam falta de tempo e dinheiro ao recorrer aos alimentos processados e preterir os naturais. Não observam os rótulos, origem e processamento dos alimentos. Mas, é possível uma educação alimentar, diante de tantas opções práticas e industrializadas. Basta determinação para adotar um novo estilo de vida, com uma completa revisão dos hábitos alimentares”. Quem reforça o coro é a especialista em gastronomia saudável Katia Borges, que trabalha há mais de 30 anos com alimentação e qualidade de vida. No blog Cozinha com Saúde, a professora dá dicas e receitas saborosas para quem quer ganhar tempo sem abrir mão de um estilo de vida mais saudável. Para ela, o consumidor deve adquirir o costume de ler os rótulos e verificar o que está levando. “Prepare grãos e cereais como feijões, ervilhas, lentilhas, grão-de-bico e arroz integral e congele-os, para que possa dispor desses produtos no seu dia a dia. Invista em frutas e verduras frescas e, de preferência, orgânicas. Faça destes alimentos sua principal fonte de alimentação”, destaca a autora dos livros “Cozinha com Saúde” e “Sabor com Saúde”.


SAÚDE | entrevista

Comendo de mentirinha Jornalista cria canal no YouTube para alertar consumidores sobre “pegadinhas” nos rótulos dos produtos

Qual a sua principal crítica às embalagens dos alimentos? O que a indústria pode fazer para torná-los mais acessíveis ao consumidor? Os rótulos são veículos de comunicação de massa, não podem contar meias-verdades sobre os produtos. Temos muito a evoluir na informação ao consumidor. O supermercado está cheio de comida de mentira e de informação de mentira. Eu não gosto da tabela nutricional, por exemplo, e acho que ela deveria ser substituída por uma forma bem mais amigável de comunicação.

Além das informações nutricionais, o que você sabe sobre os alimentos que consome? Foi a dificuldade em decifrar os códigos das embalagens

De que forma funcionam os sistemas de

que fez a jornalista Francine Lima iniciar sua pesquisa em rotulagem e

rastreabilidade?

criar há dois anos o canal “Do campo à mesa”, mídia independente que

Os sistemas de rastreabilidade conectam pro-

incentiva as pessoas a adotarem hábitos saudáveis e sustentáveis. Sob

dutores e consumidores de uma forma inédita.

o lema “Você é o que você sabe sobre o que come”, a mestre em nutrição

Não conheço esses sistemas a fundo. O que pude

conta a verdade sobre os alimentos industrializados.

analisar até agora é a utilidade da informação que chega ao consumidor. Ela é pequena, e o público não sabe como aplicar. O consumidor quer saber se a comida que está comprando é segura e saudável. É isso que precisa ser adequadamente esclarecido. Como você avalia a atuação do poder público na garantia de uma alimentação saudável? Existe uma política nacional de alimentação e nutrição que é mais ou menos recente. Aos poucos, vão surgindo ações para incentivar a agricultura familiar e o consumo de orgânicos, por exemplo. Mas, ao mesmo tempo, continua havendo incentivo ao uso de agrotóxicos e ao

De onde vem? FOTOS: Divulgação

Você sabia que existem sistemas de rastreamento que contam a história de vida dos alimentos? Basta ter um celular com câmera e conectado à internet para acessar as informações sobre origem, distribuição e comercialização. Baixe um aplicativo para leitura daquela etiqueta branca com o código estampado em preto, o QR code. Aproxime o aparelho do código e ele será aberto automaticamente. Fácil, não?

plantio de transgênicos em larga escala. O Brasil é cheio de contradições, porque há interesses conflitantes em jogo. Parte do governo defende a saúde, parte defende o PIB baseado no agronegócio exportador. Não são contradições tão fáceis de lidar. O que achou do Guia Alimentar para a População Brasileira de 2014? Como marco teórico oficial, acho uma bela conquista e certa ousadia importante. Como orientação à população, ele é um produto de base a ser aproveitado na criação de produtos de apelo mais popular. As pessoas precisam de mensagens claras e atraentes.

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informe publicitário

Respire bem, viva melhor Primeiro centro de haloterapia da Bahia é oportunidade para quem deseja apostar na medicina alternativa e complementar

A terapia é feita em uma sala cujas paredes e piso são cobertos com sal

Da esquerda para a direita: as diretoras Roberta de Souza, Rose Mary de Souza e Clarissa Quireza

Embora antigos textos médicos chineses e até a Bíblia façam referência ao uso terapêutico do sal, foram as cavernas naturais de sal, comuns na Alemanha e no leste europeu, que inspiraram as atuais salas usadas para simular o microclima daquela região. O primeiro espaço do gênero na Bahia foi instalado em março deste ano. Com uma atmosfera relaxante, suave e confortável, o Centro de Haloterapia La Grotta di Sale oferece uma opção de caráter complementar para o tratamento de doenças respiratórias como asma, hipersecretividade, rinite alérgica, sinusite e tosse. A administradora do centro, Clarissa Quireza, explica que a técnica age na inflamação das vias respiratórias, remoção de secreção nos brônquios e cavidades nasais, além de causar efeitos benéficos contra alguns problemas de pele. Com temperatura e umidade controladas, respiram-se micropartículas de sal lançadas na sala. A cromoterapia e a música ambiente induzem o relaxamento e atuam no combate da ansiedade e insônia. A iniciativa pioneira no estado é da empresária Roberta de Souza, que conheceu a técnica na Itália ao buscar tratamento natural para filha Lara Basset (4), na época com 2 anos, que sofria de sérios problemas de ordem respiratória. Rose Mary de Souza, sócia do centro, reforça também os benefícios da haloterapia para a melhoria da concentração, meditação e redução do estresse. Outra adepta da técnica é a administradora Teka Schiochet (35), que começou as sessões há dois meses para tratar uma sinusite. Ela é praticante de yoga e adepta da alimentação natural. “Eu optei por mais qualidade de vida. Comecei a sentir o desbloqueio das vias aéreas e boa dilatação das narinas. Uma incrível sensação de bem-estar”.

La Grotta di Sale Av. Luiz Viana Filho, Wall Street Empresarial, sala 308-B – Paralela (71) 3461-2983/9288-8504/9946-4843 www.grottasalesalvador.com.br E-mail: grottasalesalvador@hotmail.com


SAÚDE | tecnologia

NA PALMA DA MÃO Aplicativos voltados para a saúde auxiliam no controle e monitoramento de doenças, além de facilitarem a interação entre profissionais e pacientes

Balanças com wifi e medidores de pressão que conversam via bluetooth com os smartphones, ferramentas que prometem rastrear o consumo calórico, monitorar o sono e incentivar a prática de exercícios físicos. A onda tecnológica que pretende revolucionar a medicina começa a inundar o Brasil, onde o mercado de aplicativos em saúde segue em expansão, mesmo sem uma regulamentação a respeito. São milhares de apps disponíveis para todas as plataformas móveis. De fitness ao controle e monitoramento de doenças como epilepsia, diabetes e obesidade. Profissionais da área acreditam que os aplicativos de saúde e serviços de mobile health podem ser aliados da saúde e do bem-estar, desde que usados corretamente. Mesmo com tanta modernidade, os apps não devem ser usados para fins de automedicação, pois nada substitui uma consulta médica. É o que afirma o subsecretário de Saúde do estado da Bahia, Roberto Badaró. Entusiasta do uso das tecnologias de informação e de comunicação no contexto da saúde, o infectologista é responsável por um aplicativo que está em fase de validação, mas já pode ser considerado um divisor de águas no combate à dengue e à febre chikungunya. O app promete realizar, em 20 minutos, um teste rápido inédito no Brasil e diagnosticar o paciente infectado, além de mapear e localizar pontos de foco de doença. “Um leitor chamado ‘smart reader’ é acoplado ao celular, utilizamos uma gota de sangue do paciente, que é colocada sobre uma fita. Selecionamos os sintomas, seleciona-se a doença e o teste diz qual a probabilidade para

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positivo ou negativo”, explica. O subsecretário revela que, Roberto Badaró: “Aplicativos não devem ser usados para fins de automedicação”

FOTOS: Rômulo Portela

Daniel Frota (à esquerda) e Laurent Rezette: “queremos facilitar a vida das pessoas”

no mês de agosto, analisará três mil amostras com um grupo para validar o teste desenvolvido por ele. “É preciso utilizar métodos clássicos e ver se estão batendo. “Não


podemos disponibilizar uma tecnologia que não seja muito bem comprovada. Depois de validado, vamos convidar a empresa desenvolvedora para produzir na Bahiafarma e baratear os custos para nós”. Automedicação Com a tríplice epidemia das doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti – dengue, zika vírus e chikungunya –, uma preocupação adicional toma conta dos profissionais da saúde: os riscos da automedicação. Em junho, a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) divulgou o registro de mais de 40 mil casos de dengue no estado. Os medicamentos, principalmente os isentos de prescrição (MIP), são os agentes que causam o maior número de intoxicação no Brasil. Os analgésicos, por exemplo, podem elevar o risco de hemorragia ou até mesmo causar hepatite medicamentosa. Maria Fernanda Barros, farmacêutica responsável pelo Centro de Informação de Medicamentos do Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia (CIM/CRF-BA), afirma que tratamentos farmacoterapêuticos devem ser realizados com orientação profissional. “Nenhum medicamento é inócuo ao organismo e seu uso sem orientação pode causar sérios riscos à saúde, podendo levar a reação adversa, alergia ou até graves intoxicações. Caso seja um antibiótico, poderá até causar resistência bacteriana, quando as bactérias ficam multirresistentes aos medicamentos utilizados de forma

Como usar Consulte um especialista antes de iniciar restrições alimentares ou praticar atividade física Os apps funcionam se você inserir corretamente os dados e fizer escolhas corretas Pesquise para ter certeza de que o aplicativo é seguro Informe ao seu médico sua intenção de adquirir um aplicativo e consulte-o sobre os resultados Não use os monitoramentos eletrônicos para substituir a avaliação regular de saúde Não faça automedicação

equivocada”, alerta.

go n i m o D A go n i m o D

Itaigara Av. Antônio Carlos Magalhães, nº 56 Itapuã Av. Dorival Caymmi, nº 14.154, Centro Médico Dr. Joaquim Pereira de Souza (em frente ao Bom Preço) Vilas do Atlântico Av. Praia de Itapuã, nº 652, Quadra A4, Lote 20 Horários de atendimento: Segunda à sexta: 6h30 às 16h Sábado, domingo e feriados: 7h às 11h

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O Laboratório Sabin possui mais de 20 unidades em Salvador e Lauro de Freitas. Para a sua comodidade, as unidades Vilas do Atlântico, Itapuã e Avenida ACM funcionam de domingo a domingo. Além disso, você conta com o serviço de coleta em domicílio todos os dias. O Sabin está sempre pronto para atender você e sua família.


SAÚDE | coluna

Inseminação artificial por meio de plano de saúde

cândido sá Especialista em direito civil e de defesa do consumidor e pósgraduado em direito ambiental pela PUC-SP

Êxito em ação é vetor na luta das mulheres pela igualdade de gêneros

A

gora é uma realidade: as inse-

Portanto, o amparo à saúde das famílias inférteis pode e deve ser

minações artificiais podem ser

feito também nos casos de reprodução assistida de forma integral

realizadas por intermédio dos

pelas operadoras de saúde, principalmente considerando que o Con-

planos de saúde. Em uma ação

selho Federal de Medicina reconhece a infertilidade como doença e

baiana com vitória histórica, a

que o avanço dos conhecimentos e técnicas científicas proporciona a

justiça reforçou o respeito ao direito dos casais a realizarem o sonho de aumentar as famílias

solução desses casos utilizando a inseminação artificial. Com relação ao planejamento familiar, a decisão chega num

através da gestação assistida. Mais que isso. É

momento acertado, tendo em vista que hoje as mulheres decidem ter

uma vitória das mulheres, que podem adiar o

filhos mais tarde, priorizando a atuação profissional. Esta decisão

sonho de serem mães sem conviver com o fan-

muitas vezes é impossibilitada por problemas de saúde comuns ao

tasma da infertilidade e dos comprometimen-

amadurecimento do corpo feminino. A Conferência das Nações Unidas

tos de saúde peculiares a esta escolha.

sobre a População e Desenvolvimento realizada no Cairo (1994) é clara

A decisão judicial decorrente da ação obri-

ao defender o papel do Estado para assegurar a igualdade de opor-

gou uma operadora de saúde a arcar com as

tunidades entre os gêneros por meio de medidas de saúde pública,

despesas oriundas dos tratamentos e procedi-

incluindo o acesso à reprodução. Nossa Constituição também assegura

mentos de fertilização in vitro, comprovados

que o planejamento familiar é de livre decisão do casal e veda qualquer

os problemas de saúde que impossibilitavam

forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.

a concepção pelos métodos naturais. Essa

Essa vitória é importante num contexto de batalha pela igualdade

decisão tem como base o direito à saúde e ao

de oportunidade pelas mulheres. O papel e a presença do sexo feminino

planejamento familiar como um pré-requisito

nos ambientes profissionais e políticos cresceu muito, mas a gestação e

à existência e ao exercício de todos os outros

os cuidados com os filhos ainda é uma barreira. Então, a decisão de gerar

direitos individuais e coletivos dos cidadãos

filhos surge cada vez mais tarde, balizada pelos avanços da medicina. No

brasileiros. Por princípio, o direito à saúde

entanto, essa possibilidade de gestação tardia muitas vezes era abortada

deve ser promovido pelas operadoras de forma

por doenças ou pelos altos preços das gestações in vitro.

integral, incluindo todas as ações necessárias à

Comemoramos, então, não apenas a jurisprudência que permite

prevenção da doença e à recuperação, manu-

a cobertura de um procedimento médico pelas operadoras de saúde.

tenção e reabilitação da saúde.

Comemoramos um importante passo rumo à igualdade de gêneros!

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SAÚDE | gestão

FOTOS: Divulgação

O Worksaúde reuniu em Salvador mais de 200 pessoas

Retendo talentos Boa liderança constrói as bases para manter profissionais engajados nas equipes de saúde

com meninos cuja cabeça funciona de outra forma”. Para ele, a terceira idade tem que se atualizar, para transmitir sua valiosa experiência e aproveitar toda a vontade de uma geração tão multitarefa quanto seu smartphone. Inovação O consultor organizacional da Corpo RH, Alfredo Rocha, também destaca o papel das lideranças para vencer os desafios. “É necessário encorajar as pessoas a darem o melhor de si, olhar

“Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Durante muito tempo essa

novas janelas, enxergar outros ângulos, assumir

máxima traduziu a atmosfera de um mundo do trabalho baseado na relação

o desafio de inovar. Há muitas diferenças entre

chefe-subordinado. Em um cenário de contínuas mudanças, especialistas

liderar e mandar. Influenciar é despertar nas

alertam que a geração atual requer cada vez mais a modernização dos mo-

pessoas o querer fazer. Ideias, ações e exemplos

delos de gestão das empresas. No âmbito dos serviços essenciais, as orga-

influenciam. Cargos não”, defende Rocha, que há

nizações de saúde encaram a difícil tarefa de olhar para dentro e construir

25 anos percorre o Brasil ministrando palestras.

equipes engajadas e comprometidas, em meio ao encontro de gerações que não foram preparadas para transições entre o desejo e o fato, entre a vontade e o sucesso, o anseio e a satisfação. Para o administrador de empresas Ângelo Veiga, sócio-fundador do Instituto Planos, o perfil inovador na relação líder-liderado faz toda a diferença. Estimular o compromisso funcional e o envolvimento emocional das pessoas com os valores das instituições surtiria mais efeito que ordenar. “Pessoas

“Ideias, atitudes, ações e exemplos influenciam. Cargos não” Alfredo Rocha, consultor organizacional da Corpo RH

felizes são mais produtivas. Mantê-las felizes profissionalmente e emocionalmente é possível através de treinamentos, desenvolvimento humano. E

Responsável por uma equipe de 120

financeiramente? Por meio de programas de meritocracia: produziu resulta-

pessoas, a assistente social Cláudia Moraes

dos, ganha mais”, explica.

coordena os multicentros municipais do Vale

Durante sua participação na oitava edição do Worksaúde, encontro pro-

das Pedrinhas e de Amaralina, sob a gestão do

movido pelo Sindicato das Santas Casas de Misericórdia e Entidades Filantró-

Hospital Santa Izabel. “A maior lição é que a

picas do Estado da Bahia (Sindifiba), Ângelo Veiga destacou o envelhecimento

equipe que eu lidero é o meu reflexo. Preten-

da força de trabalho. “O relacionamento intergeracional é um desafio, princi-

do reavaliar minha motivação, pois descobri

palmente para os líderes de mais idade, que dividem o ambiente de trabalho

atitudes que eu não sabia que tinha”.

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se toque! Hábitos saudáveis e alguns cuidados simples podem diminuir os riscos de câncer de mama

Alvo de uma série de campanhas, o câncer de mama é uma doença de difícil prevenção, por estar ligada ao histórico familiar e aos hábitos de vida. Embora a grande arma seja o diagnóstico precoce, existe uma série de precauções que pode minimizar as chances de desenvolver a doença, que é o segundo tipo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. Confira algumas recomendações do oncologista clínico José Alberto Nogueira, chefe do Serviço de Oncologia do Hospital Aristides Maltez (HAM), em Salvador. Conheça seu corpo – O autoexame é muito importante para conhecer a própria mama. Com o toque, é possível notar alterações no formato, feridas ao redor do mamilo, mudança de cor ou espessura da pele, saliências e secreções. Todas

FOTOS: Fotolia

SAÚDE | dicas

autoexame

em frente

ao espelho Com os braços esticados, observe as mamas, em busca de alterações. Apalpe as mamas com os braços acima da cabeça

as mulheres devem fazer a partir dos 20 anos de idade, a cada mês. Mamografia – É o procedimento mais importante para a detecção precoce da doença e não é substituído pelo autoexame, pois sua alta definição é capaz de descobrir tumores de meio milímetro. Ele deve ser realizado anualmente a partir de 40 anos, mas pacientes com alto risco de desenvolver câncer de mama devem fazer a partir dos 35 anos, podendo ser associado a outros métodos, como a ultrassonografia. Fatores de risco – Segundo o especialista, o câncer de mama é resultado da interação de fatores genéticos com o estilo de vida e o meio ambiente: parentes em primeiro grau (mãe e irmã) com câncer de mama, menarca precoce (menor que 12 anos), menopausa tardia (maior que 55 anos), obesidade e ingestão alcóolica excessiva. Cerca de 90% a 95% dos casos são esporádicos e 5% a 10% decorrem da carga

deitada De barriga para cima, examine as duas mamas, com movimentos circulares, médios e fortes

hereditária e são de origem familiar. Estilo de vida – Entre os cuidados para diminuir as chances de desenvolver a doença, José Alberto Nogueira recomenda evitar o sedentarismo, praticar exercícios físicos, dormir bem, fugir do uso indiscriminado de hormônios e do alto consumo de carne vermelha e de alimentos gordurosos. A dica é adotar uma alimentação balanceada, consumo de frutas, hortaliças e legumes, soja em grãos e alimentos ricos em ômega-3. Sim, tem cura! – O câncer não é uma sentença de morte. Com os diversos tipos de cirurgia, avanço da radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia, a cura é uma realidade. Em fase inicial (até 1 cm), existe mais de 90% de chances. Mesmo em fase mais avançada (5 cm ou mais), esse percentual é de cerca de 30%. Quanto mais cedo for detectado, maiores são as chances de êxito. 116

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no chuveiro Com as mãos ensaboadas para melhor deslizar, verifique se há caroços ou endurecimento em suas mamas e axilas


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Pensar fora da caixa? Que caixa? O verdadeiro espírito empreendedor não percebe fronteiras. Onde alguns enxergam obstáculos, os empreendedores veem chances de inovar, melhorar o desempenho e crescer. A EY também não vê fronteiras. Em toda a região Nordeste, inclusive em Salvador, conte conosco.

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O NEOJIBA - Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia é um programa do Governo do Estado, que faz da música uma oportunidade de desenvolvimento social para crianças, adolescentes e jovens. Mais de 4.600 beneficiados já descobriram seu talento e enchem nossa terra de orgulho, em apresentações prestigiadas por mais de 240 mil pessoas. Aqui também foi formada a primeira orquestra juvenil do Brasil a se apresentar na Europa. E, através da parceria com o Programa Pacto pela Vida, são realizadas ações musicais e pedagógicas nas Bases Comunitárias de Segurança, beneficiando a população mais carente. Neojiba. É a música tocando vidas.



suplemento da edição 31 da revista [b+] • www.portalbmais.com.br

Especial educação

Parceria entre empresas e escola cria oportunidades para desenvolver o mercado de trabalho

engajamento Os novos líderes crescem na sala de aula ricardo alban, da fieb: “Sem educação básica de qualidade, nós não temos como formar a mão de obra”

esta revista não pode ser vendida separadamente

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Tiragem auditada: 10 mil exemplares


expediente [B+] Educação

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tiragem auditada 10 mil exemplares

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Especial educação | mercado de trabalho

Estudantes se preparam para o exercício profissional

EDUCAR PARA DESENVOLVER Educação Profissional habilita jovens para o mercado e coloca o ensino como vetor para o desenvolvimento

Preparar estudantes para suprir as demandas do mercado. Manter profissionais nas suas cidades de origem. Corresponder às expectativas das empresas. Para que estes objetivos sejam alcançados, são estritamente necessárias a educação básica de qualidade e a formação profissional, assim como parcerias que as fomentem. “Para fortalecer uma sociedade é preciso haver uma corresponsabilidade de vários setores para o desenvolvimento. Uma rede de colaboração de questões de interesse público é fundamental para resgatar essas parcerias na Bahia. Quanto mais

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[B + ] Educação Agosto/Se te mbro DE 2 0 1 5


articulação e esforço conjunto, mais rápido vamos superar as dificuldades econômicas e políticas”, afirma Anna Penido, especialista em educação e diretora do Instituto Inspirare. Na Bahia, a educação profissional tem a segunda maior rede estadual do país na oferta de cursos técnicos de nível médio, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC). Nos últimos oito anos foram implantados 71 cursos estaduais e territoriais de educação profissional, que formam os estudantes para uma inserção cidadã no mundo do trabalho. Segundo Antonio Almerico Lima, superintendente de Desenvolvimento da Educação Profissional do Estado, os profissionais saem qualificados tanto para ocupar os postos de trabalho assalariado quanto para empreender. “A formação integral e generalista permite que o egresso possa transitar por várias oportunidades de ocupação”. As vagas para os cursos passaram de 4.016 matriculados, em 2007, para mais de 75 mil em 2015. A meta é beneficiar 150 mil estudantes até 2018. “O curso me deu oportunidade de adquirir bastante conhecimento. Também pude contar com um estágio remunerado na área de recursos humanos em uma metalúrgica da cidade. Foi uma experiência bastante rica”, conta Leonardo Batista, 19 anos, que concluiu o curso de recursos humanos no no Centro Estadual de Educação Profissional em Gestão e Meio Ambiente (Ceep), em Brumado. Com o crescimento contínuo da rede estadual de educação profissional, a demanda de estágio também tem sido expandida, e com ela a necessidade de implantação do Programa Primeiro Estágio/Primeiro Emprego. A iniciativa atende os estudantes de escolas públicas com estágios em empresas, órgãos públicos e instituições sem fins lucrativos. Todos os centros possuem um conselho que reúne, além da comunidade escolar, o empresariado, sindicatos de trabalhadores, prefeituras e movimentos sociais. Antonio Almerico assegura que a participação da comunidade é muito

Uma rede de colaboração de questões de interesse público é fundamental para resgatar essas parcerias na Bahia. Quanto mais articulação e esforço conjunto, mais rápido vamos superar as dificuldades econômicas e políticas

demanda de pessoal qualificado. “Mas é preciso ampliar: as grandes empresas precisam “descobrir” o técnico oriundo da escola pública”, enfatiza. FOTO: Divulgação

FOTO: Divulgação

importante e que isso permite uma maior aproximação com a realidade da

Na Bahia, a Educação Profissional tem a segunda maior rede estadual do país na oferta de cursos técnicos de nível médio

Anna Penido, diretora do Instituto Inspirare.

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Especial educação | mercado de trabalho

FOTO: Divulgação

“Sem educação não conseguimos formar mão de obra” Presidente da Fieb mostra a relevância da união entre empresas e educação pública Como tem sido a cooperação entre a Fieb e o programa Educar para Transformar – um Pacto pela Educação? Estamos iniciando os entendimentos e conhecendo todo o programa para que possamos contribuir, dentro do nosso limite de competência, somando esforços para essa importante iniciativa.

Empresas dos mais diversos setores podem contribuir com a educação com algumas ações

Qual a importância dessa parceria para a federação, para a educação e a sociedade como um todo? O compromisso com a educação deve ser de toda a sociedade. Para a Fieb, a adesão ao Pacto pela Educação proposto pelo governo do estado será mais uma demonstração do nosso empenho diuturno em contribuir para levar a um novo patamar a qualidade do ensino no nosso estado. Você acha que as empresas de uma forma geral têm que estar mais atentas à educação? Por quê? O capital humano é essencial à competitividade de qualquer empresa. Sem educação básica de qualidade, nós não temos como formar a mão de obra de que precisamos para enfrentar os grandes desafios da nossa indústria. Percebo que cada vez mais as empresas estão atentas à sua parcela de responsabilidade com a formação das novas gerações, e o Pacto pela Educação é uma boa oportunidade para transformar esta preocupação em resultados concretos, os quais, obviamente, surgirão ao longo do tempo, através de um processo de mudança cultural. 126

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1) Elevar a escolaridade dos trabalhadores 2) Adesão aos projetos do Educar para Transformar, como o Primeiro Estágio e o Primeiro Emprego 3) Incentivar os trabalhadores a participar da vida escolar dos filhos 4) Patrocinar projetos especiais da educação pública



Especial educação | liderança

A liderança nasce na escola Articular, propor melhorias, solucionar problemas, intermediar. Liderar está relacionado ao acúmulo de experiências adquiridas de circunstâncias cotidianas. Por isso, é imprescindível o estímulo tanto para que os alunos participem dos processos eleitorais na escola quanto para o despertar da vontade de ser um líder de turma, uma das propostas contidas no programa Educar para Transformar. A aluna Kelly Bárbara Santos, 18 anos, tornou-se líder de classe no Colégio Estadual Doutor João Pedro dos Santos. Ela cursa o 3º ano. “É importante porque junta todos pelos interesses da turma, e isso faz com que eu adquira experiência para o mercado de trabalho”.

“Na minha opinião, esse programa da Secretaria de Educação da Bahia é muito positivo para que os jovens estudantes possam desenvolver com naturalidade suas habilidades de liderança, independentemente do cargo ou profissão que virem a exercer no futuro”. César Souza, presidente do Grupo Empreenda, autor de best-sellers e palestrante. 128

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Caio Paixão, de 17 anos, é líder de turma: “Trabalhar em equipe me ajudará no mercado de trabalho”

FOTO: Rômulo Portela

Líderes de classe aprendem desde cedo as responsabilidades, dificuldades e prazeres de conduzir pessoas


FOTO: Rômulo Portela

“É importante porque junta todos pelos interesses da turma, e isso faz com que eu adquira experiência para o mercado de trabalho”. Kelly Bárbara Santos, 18 anos, cursa o 3º ano do Colégio Estadual Doutor João Pedro dos Santos.

vos para que os jovens estudantes possam desenvolver com naturalidade suas habilidades, independentemente do cargo ou profissão que virem a exercer no futuro”, pontua. Em 2015, cerca de 20 mil líderes estudantis foram eleitos no programa Educar para Transformar – Um Pacto pela Educação, promovido pelo governo do estado. Com a intenção de potencializar a participação dos jovens, a ideia é que os alunos se envolvam nas ações realizadas nos colégios, contribuindo para a gestão democrática e participativa. Andreza França Pires, de 14 anos, 8ª série, fala dessa intermediação. “O fato de falar todos os problemas com a

A crença de que a liderança é inata conduz a inúmeros erros na hora de selecionar

direção, defender a turma, é muito importante. Vale a pena ser líder por isso”. Caio Paixão, de 17 anos, 3º ano, também foi eleito líder e conta dessa res-

candidatos, escolher parceiros, educar filhos,

ponsabilidade a mais. “Tenho que ficar por dentro dos assuntos da escola, re-

relacionar-se com alunos. De acordo com

clamar, falar com o diretor quando algo não está correto. Trabalhar em equipe

César Souza, presidente do Grupo Empreen-

vai me ajudar a desempenhar funções no mundo do trabalho”, conclui.

da, autor de best-sellers e palestrante sobre

O diretor do Colégio Estadual Doutor João Pedro dos Santos, Everaldo Mat-

o tema, esse mito precisa ser combatido. Ele

tos, onde os garotos estudam, descreve como essa função é essencial dentro

afirma que todas as pessoas podem aprender

do ambiente escolar. “A formação de líderes contribui para abrir novos hori-

a ser líder e o quanto antes tiverem essa per-

zontes para os estudantes. Essa é uma excelente proposta para que aprendam

cepção, melhor será o resultado. “Programas

a respeitar os direitos e deveres, além de lutar pelos interesses em comum da

que estimulam a liderança são muito positi-

turma, afinal, estamos formando pessoas para questionar”. W W W. Po rta lB MA I S . CO M. B R

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Especial educação | dicas

FOTO: Shutterstock

Integrar para fortalecer o ensino Aproximação entre pais e alunos é um dos pontos principais na educação escolar Educar é um processo que demanda a ação de várias esferas em conjunto. Uma delas é a integração entre pais e filhos. A participação da família é indispensável para atingir os objetivos do programa Educar para Transformar – Um Pacto pela Educação, do governo da Bahia, alfabetizando todas as crianças até os oito anos de idade e garantindo a presença de jovens e crianças na escola com bom rendimento.

Listamos abaixo as principais dicas de Eni Bastos para o acompanhamento eficaz dos pais diante da rotina escolar dos filhos:

Um exemplo da integração família-escola é o Colégio Estadual Padre João Montez, em Pojuca. Pais, filhos, professores e gestores participam de ações inte-

1) Supervisionar o desempenho

gradoras, a exemplo de caminhadas para convocar a população para seminários

escolar (participação dos pais em

na unidade. “Essa união é muito importante para nós, alunos, porque, quando

reuniões, diálogo com professores e

os pais mostram que se importam com o nosso desenvolvimento, temos mais

gestores)

compromissos com os estudos”, conta a estudante da 8ª série desse colégio Lorena

2) Verificar os estudos em casa

Ferreira, de 14 anos.

3) Acordar quanto aos horários das

Outra referência nesse quesito é o Centro Educacional Carneiro Ribeiro – Escola Parque, em Salvador. Nele são realizadas mais de 20 oficinas oferecidas

tarefas e do lazer

4) Apoiar no desenvolvimento das

pelo Núcleo de Artes Visuais, em que participam estudantes e seus familiares,

tarefas, quando possível

beneficiando cerca de 700 pessoas da comunidade. “Quando a gente se interes-

5) Acompanhar a atuação da escola

sa pela vida escolar dos nossos filhos, eles ficam mais comprometidos com os

(cumprimento do ano letivo, período

estudos, porque sabem que tem alguém que lhes cobrará um bom rendimento”,

das aulas, se há professores e gesto-

conta Maria Edna Passos, participante da oficina de artes plásticas e mãe da

res regularmente)

estudante Roberto Passos, de 21 anos.

6) Cobrar ambientes favoráveis para

“Precisa-se de estratégias para atrair os

os alunos

pais para as escolas, porque todas as pesquisas

7) Participar de colegiados e organi-

demonstram sucesso quando há a aproximação

zação de eventos

deles no processo educacional. Essa relação tem

8) Mobilizar a comunidade para as

implicação direta no ensino-aprendizagem”,

ações da escola, colaborando nas

afirma Eni Bastos, professora e assessora do

atividades

gabinete da secretaria. 130

[B+ ] Educação Agosto/Se te mbro DE 2 0 1 5


Especial educação | parceria

De cara nova Ao promover melhorias, empresariado e profissionais contribuem na relação entre alunos e escolas

FOTO: Claudionor Junior

“Acredito que mais empresas deveriam olhar para as escolas, pois isso auxilia no aprendizado e na relação dos estudantes com seu ambiente. Temos que atentar para o fato de que ali está o futuro da nossa nação”. Vener Pereira, proprietário da VW, empresa que fez a doação de paletes para a reforma.

O Colégio Estadual Helena Matheus nem parece mais aquele de antes. Desde

escolares. “Iremos reformar a quadra esporti-

junho deste ano, as paredes cinza “ganharam cores e vida”, tal como escreveu a

va com ajuda dos meninos também”, diz.

estudante Lais Cruz, 17 anos, do 2º ano do ensino médio, em sua redação ao se deparar com a nova área de convivência no retorno às aulas. A iniciativa de modificar um dos ambientes do colégio, localizado no

Leila Abreu, a designer de interiores que participou do projeto, mostra que, com um pouco de boa vontade, profissionais e empresariado

bairro de São Cristóvão, em Salvador, partiu da diretora da unidade escolar,

colaboram para um convívio mais prazeroso.

Liliane Fonseca, que, com o auxílio luxuoso da comunidade, melhorou a

“Ter um ambiente limpo, alegre e construído

convivência da escola.

com materiais reaproveitáveis, conscientizando

A reforma da área de alimentação foi feita através de paletes cedidos pelas

de que pessoas e ambientes estão interliga-

empresas VW e Tico Dil, que, junto com troncos de árvores, foram transforma-

dos”, diz. “Essa parceria de elevada consciência

dos em bancos acolchoados. “Mais empresas deveriam olhar para as escolas,

precisa existir sempre, principalmente quando

pois isso auxilia no aprendizado e na relação dos alunos com seu ambiente.

se trata de educação, de preparar o ser humano

Temos que atentar para o fato de que ali está o futuro do nosso país”, diz o

para o mundo”, completa.

designer de interiores Vener Pereira, proprietário da VW.

Sobre a redação da aluna Lais, ela termina

Em posse dos equipamentos, as pessoas da comunidade ajudaram com

da seguinte forma: “O lugar mudou muito.

a mão de obra voluntariamente, o que deu um grande retorno pedagógico

Acho que não tem como explicar tamanha

para os alunos. De acordo com Liliane, a proposta ajudou os estudantes a se

emoção e orgulho de estar estudando aqui”. O

perceberem como um instrumento criador ao transformar o espaço escolar. O

que ratifica o valor das pequenas mudanças e

próximo passo é envolver os alunos no processo de customização de carteiras

grandes resultados. W W W. Po rta lB MA I S . CO M. B R

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