Revista [B+] 32

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Outubro de 2015 • ano 6 • nº 32 • www.portalbmais.com.br

a revista da bahia

R$ 9,90

Como impulsionar Salvador?

Tiragem auditada: 10 mil exemplares

A capital nordestina mais desejada pelos turistas está abaixo da média em itens básicos, como Educação, Segurança e Saúde

Rio Vermelho

Mobilidade

Turismo

A polêmica reforma do bairro boêmio

O que tem sido feito para melhorar o trânsito da capital?

Setor hoteleiro busca alternativas para evasão dos turistas

A cidade é nossa Iniciativas populares buscam a ocupação do espaço urbano

“O maior combate que se faz ao crime é na fiscalização do trânsito”, defende especialista




sumário 10 Galeria do leitor 12 Online e Mural 14 Fórum [B+] 16 22 24 26

Bloco de Notas Acontece Feira de Santana Imóveis + Executivos buscam emprego

28 COMO IMPULSIONAR SALVADOR 34 Rio Vermelho de cara nova 38 [C] Armando Avena: Salvador tem potencial para pesquisa 40 A cidade é do povo

44 [C] Luiz Fernando Studart: a capital pode ser mais inteligente

46 Como melhorar a mobilidade urbana? 50 Estacionar está caro 52 Autos&Motos 54 O desafio do Turismo 58 Uma nova possibilidade para o Centro Histórico

62 Uma pergunta para: Russo Passapusso 64 Segurança pública em pauta 66 25 anos de consultoria

68 Sabor: a comida tomou conta da cidade 72 Decoração: a casa de Carybé

74 [C] Ermiro Neto: jurídico a favor do urbano

76 Greve na Ufba 78 Notas de Tec 80 Conte aí 82 Arte


EU COMPRAR DO PEQUENO NEGÓCIO TODOS OS DIAS

O Movimento Compre do Pequeno Negócio, que aconteceu no dia 5 de outubro, não acaba agora. Afinal, todo dia é dia de comprar do pequeno. Assim como todo dia é dia de cuidar da gestão, inovar e receber os clientes com carinho e dedicação. Fortalecer e incentivar as pequenas empresas, esse negócio também é seu. #compredopequeno


expediente Revista [B+] edição 32 Outubro de 2015

[Conselho Institucional] Antonio Coradinho (Câmara Portuguesa), Antoine Tawil (FCDL), Felipe Arcoverde (Abedesign-BA), João Pedro Bahiana, (AJE-BA), Jorge Cajazeira (Sindipacel), José Manoel Garrido Gambese Filho (Abih-BA), Laura Passos (Sinapro), Pedro Dourado (ABMP), Moacyr Maciel (Abap), Roberto Ibrahim (CRA-BA), Rodrigo Paolilo (Júnior Achievement) e Wilson Andrade (Abaf)

[Periodicidade] Mensal [Impressão] Grasb CAPA Adna Novaes [Ilustração] Gentil

[Presidente] Rubem Passos Segundo (rubem.passos@grupobmais.com.br ) [Diretor Geral] Renato Simões Filho (renatosimoesfilho@grupobmais.com.br) [Diretor de Publicações] Claudio Vinagre (claudio.vinagre@grupobmais.com.br) [Diretora de Marketing] Bianca Passos (bianca.passos@grupobmais.com.br) [Gerente Comercial] Ana Beatriz Sampaio (bia.sampaio@grupobmais.com.br)

[Conselho Editorial] César Souza, Claudio Vinagre, Cristiane Olivieri, Geraldo Machado, Ines Carvalho, Jack London, Jorge Portugal, José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques de Andrade Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Masuki Borges, Reginaldo Souza Santos, Renato Simões Filho, Rubem Passos Segundo e Sérgio Nogueira [Editor-chefe] Pedro Hijo (pedro.hijo@grupobmais.com.br) [Repórter] Lorena Dias (lorena.dias@grupobmais.com.br) Tede Sampaio (ted.sampaio@grupobmais.com.br)

Reserva de anúncio publicidade@grupobmais.com.br / 71 3012-7477 [Representantes] Brasília Karla Martins - Tel.: (61) 3226-2218 - solucaoconsultoria.karla@uol.com.br Feira de Santana Júlio Mendonça - Tel.: (75) 9955-5514 - julio@vm2publicidade.com.br Fortaleza Ananias Gomes - Tel.: (85) 9987-1780 - ananiasgomes@canalc.com.br Recife Ceci Barroso - Tel.: (81) 8791-3780 - cecicomercial@hotmail.com Rio de Janeiro e São Paulo: Roberto Cathoud - Tel.: (11) 999089891 - rcpinheiro@ hojeemdia.com.br

Realização Editora Sopa de Letras Ltda. Av. ACM, 2.671, Ed. Bahia Center, sala 1101, Loteamento Cidadela, Brotas - CEP: 40.280-000 - Salvador - Bahia - Tel.: 71 3012-7477 CNPJ 13.805.573/0001-34

[Designer] Adna Novaes (adna.novaes@grupobmais.com.br) [Projeto gráfico] Leandro Maia, Rafaela Palma e Gabriel Cayres

tiragem auditada 10 mil exemplares

[Fotografia] Studio Rômulo Portela e Luciano Oliveira [Revisão] Cristiane Sampaio [Colunistas] Armando Avena, Ermiro Neto, Luis Fernando Studart, Núbia Cristina, Roberto Nunes, Rubem Passos

Pontos de Venda A Revista [B+] pode ser lida no portalbmais.com.br, tablets, smartphones e encontrada nas principais livrarias e bancas de Salvador. Encontre a [B+] nos seguintes pontos de venda: Livraria Aeroporto; Livraria Cultura (Salvador Shopping); Livraria Leitura (Salvador Norte Shopping e Shopping Bela Vista); Livraria Rodoviária; Livraria Saraiva (Salvador Shopping, Shopping Barra,

A Revista [B+] não se responsabiliza pelas opiniões, ideias, conceitos e posicionamentos expressos nos publieditoriais, anúncios e colunas por serem de inteira responsabilidade de seus autores.

Shopping da Bahia e Shopping Paralela) e bancas selecionadas. A [B+] ainda é distribuída em 188 municípios do estado.


Com a competência do Administrador, tudo fica no azul.

Uma homenagem do Sistema Conselhos Federal e Regionais de Administração aos nossos profissionais 9 DE SETEMBRO, DIA DO ADMINISTRADOR #ADM50anos

tudomaisazul.com.br | radioADM.org.br


editorial

Salve, Salvador É desanimador que uma cidade com o potencial de Salva-

paisagens que dispensam qualquer filtro de

dor tenha sido ultrapassada por outras capitais em tantos

Instagram. Mas falta educação, falta planeja-

aspectos. A principal cidade do país perdeu este posto para o

mento, faltam estratégias, falta tecnologia. Se

Rio de Janeiro, deixamos de ser a primeira capital do Nordes-

pensarmos Salvador para o cidadão, certa-

te, perdemos esta para Fortaleza, e aquela que era a primeira

mente o turista virá.

metrópole nordestina foi ultrapassada por Recife.

Acreditamos que se apropriar da cidade é

A insatisfação com a cidade influencia diretamente nos

o primeiro passo para compreendê-la e pro-

nossos negócios. Uma cidade que não valoriza seu potencial

por saídas. Por isso são louváveis as iniciati-

não atrai investimentos e ainda perde profissionais talen-

vas populares de utilização do espaço urbano

tosos, que preferem fazer carreira em outros estados com

como A Feira da Cidade ou o Canteiros Cole-

economias mais aquecidas.

tivos. Falamos sobre essas interações entre o

Recente pesquisa desenvolvida pela consultoria Urban

morador e a cidade na página 40. Além disso,

Systems coloca Salvador no 31º lugar em um ranking das 50

pedimos para o chef Gabriel Lobo reproduzir

cidades mais inteligentes. Por “inteligente” entende-se aquela

a receita do sanduíche que faz as pessoas

cidade que utiliza a tecnologia para o bem dos cidadãos. A

lamberem os dedos em food trucks na capital

capital baiana (como você pode ver na página 28) não aparece

e visitamos a antiga casa do artista argentino

nem entre as 100 primeiras colocadas em itens como educa-

Carybé, que tão bem desenhou a Bahia.

ção, saúde e segurança. Há um longo caminho pela frente. Essa insatisfação geral com Salvador contagiou a nossa redação, que foi atrás dos gargalos da capital baiana e topou

Nós somos o que buscamos, por isso, com esta edição, queremos repensar a capital e descobrir como impulsionar Salvador.

a missão de conversar com aqueles que estão propondo soluções para os problemas. Há quem esteja pensando em como resolver o trânsito caótico, quem proponha dar um upgrade no turismo e quem pense em revitalizar áreas importantes para a cidade. Entrevistamos especialistas, secretários, empresários e moradores para entender por que Salvador parou no tempo e como podemos mudar isso. Temos talento para as artes, criatividade para levar a vida, tolerância com o próximo, diversidade, autenticidade,

Pedro Hijo, editor-chefe da Revista [B+]


AMSTERDAM

LONDRES

BRUXELAS FRANKFURT MUNIQUE

PARIS MILÃO PORTO ROMA

NOVA YORK

MADRID LISBOA

TEL AVIV

OUARZAZATE

CANCÚN

SAN JUAN DE PORTO RICO SANTO DOMINGO PUNTA CANA CORUNHA

ASTURIAS

DAKAR

SANTIAGO DE COMPOSTELA

CARACAS

BILBAO BARCELONA

VIGO

SARAGOÇA

MADRI VALÊNCIA IBIZA

BADAJOZ

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SALVADOR DA BAHÍA SANTA CRUZ DE LA SIERRA

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Não apenas a imaginação te levará onde deseja Voos diretos para Madri partindo de São Paulo e Salvador

Para maiores informações: (71) 3347-8899 | (11) 3876-5697 ou consulte seu agente de viagens.

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galeria

A cara da sua cidade

[01] @amandatropicana

[02] @eu_fabioqueiroz

[03] @gugazin_

[04] @indiragarcez

[05] @lucasubvergido

[06] @novaesge

[07] @paloma.queirozsva

[08] @robertopaim_

[09] @philipemoncao

[01] Salvador, [02] Teodoro Sampaio, [03] Jitaúna, [04] Vitória da Conquista, [05] Salvador, [06] Jequié, [07] Chapada Diamantina, [08] Cachoeira, [09] Praia do Forte

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Pedimos para que os leitores da [B+] tirassem fotos que representassem a cidade em que vivem. O resultado você confere abaixo.

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Quer participar? Faça parte da próxima galeria do leitor! Basta postar uma foto em seu Instagram e marcar com a hashtag #revistabmais. As fotos escolhidas terão que responder a pergunta: qual o melhor lugar da sua cidade?



onlineemural Comentários ed.31 CAPA É hora de ousar “Por ser inteligente e bem estruturada, a Revista [B+] traz respiro à imprensa baiana. Estão ajudando muito no processo de reconstrução de Salvador, contribuindo também para a identidade da cidade”, Fernando Guerreiro, diretor teatral

Foto: Manu Dias

“Adorei a capa! Material de qualidade!”, Tiago Couto, pelo Instagram

Comentário da edição “Acompanho a [B+] desde o número 25 e é maravilhoso ver como ela cresceu desde então! Está cada vez melhor! Parabéns!”, Marcos da Silva, por e-mail

“Tenho a satisfação de comunicar que o Fórum Empresarial aprovou por unanimidade a sugestão do Presidente João Quadros para registrar um voto de louvor pelo brilhante desempenho na promoção da Educação da Bahia, principalmente pela realização vitoriosa de mais um Fórum [B+]”, Victor Ventin, presidente do Fórum Empresarial da Bahia, por e-mail

Foto: Marcela Figueiredo e Lucas Araponga

“’A gente está trabalhando mais no ataque do que na defesa’. Penso que essa frase resume a visão/ação do grupo comandado por Fernando Barros, não apenas neste momento de recessão, mas nos 50 anos de existência da agência, que tem conseguido se manter na liderança na Bahia e, mais recentemente, no país, como um dos principais players do setor. Valeu ler as dicas de um mestre”, Toni Vasconcelos, pelo Facebook

A nova onda do capitalismo Você já é de casa

Foto: Luciano Oliveira

“Que delícia de lugar! Já pude visitar e é maravilhoso estar em contato com um pedaço da história de Vinícius de Moraes”, por Victor Nascimento, pelo Facebook “Curti a matéria! Deu muita vontade de conhecer o lugar”, Karla Montenegro, por e-mail

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“A Euzaria é a materialização de ‘pessoas do bem’! Sou fã desses meninos e do projeto”, Antônio Netto, pela fanpage “Vale a pena compartilhar esta matéria. E mais do que isso, conferir o projeto desses caras. Muita luz pra essa galera que insiste no bem mesmo diante de um mundo corrompido e ‘sem esperança’”, Danilo Amorim, pelo Facebook “Uma honra poder falar desta nova onda na [B+]. Juntos para dividir”, @euzaria_ pelo Instagram


“Carlos Prazeres é um excelente profissional e foi capaz de popularizar a cultura erudita em Salvador. É uma pena que ainda falte incentivo a iniciativas como essas que só têm a agregar à imagem de polo cultural que a Bahia tanto almeja”, Vanessa Mazzafera, pelo Facebook

Foto: Luciano Oliveira

Uma pergunta para: Carlos Prazeres

Sabor “Que delícia essa receita de filé de bacalhau agridoce! Quero fazer!”, Uilma Carvalho, pela fanpage

Foto: Divulgação

O novo cacau “Eu amei o texto! Ficou claro e superinformativo! Parabéns!”, Karla Alves Leal, pelo Facebook

Coluna: Armando Avena “Entendo o ponto de vista da racionalização na ocupação dos espaços, mas dizer que a orla só ficará bonita com edifícios me parece estranho”, Fernando Leal Neto, pela fanpage

As mais curtidas em nossa fanpage [01] “Salvador precisa perder o medo do novo”, por Armando Avena [02] Baianos apostam no capitalismo social e faturam com doação de camisas [03] Aprenda uma receita de filé de bacalhau agridoce [04] Gestores culturais baianos buscam alternativas para produzir mesmo com corte de orçamento [05] Os aplicativos mais acessados no celular de Saulo Fernandes

Esclarecimento

A Revista [B+] recebeu uma nota de esclarecimento assinada pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) após a publicação da matéria “Cultura sem verba. E agora?” na edição 31. Segundo a nota, “todas as propostas culturais selecionadas em Editais Setoriais anteriores a 2015, com desembolso de parcelas previstas para este ano, vem sendo pagas normalmente”. O texto na íntegra e a nota do editor podem ser lidos em portalbmais.com.br.

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As edições de todas as publicações do Grupo [B+] estão disponíveis na versão digital (para iOS e Android). Baixe as revistas no seu tablet e mantenha-se informado.

Queremos te ouvir A Revista [B+] abre espaço para que você, leitor, dê a sua opinião, faça sua crítica ou sugestão sobre as nossas matérias. O que lhe agradou? O que poderíamos melhorar? Qual a sua dúvida? Queremos saber o que você tem a dizer para que o conteúdo da [B+] esteja sempre alinhado com o que você quer ler.

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fórum[B+]

Ferramenta de transformação Fórum [B+] discute sobre os rumos da rede pública de ensino com espetáculo no Teatro Castro Alves

“Não há diferença entre o estudante da rede particular e o estudante da rede estadual”, Rui Costa, governador do estado

[02]

[03]

[01]

Celebrar a educação. Esta foi a intenção do 28º Fórum [B+], realizado no Teatro

“Mais de 300 prefeitos do estado já firmaram

Castro Alves, em Salvador, no dia 25 de agosto. O evento apoiou o programa

um pacto com o governo, assumindo a missão de

estadual Educar para Transformar – Um Pacto pela Educação e contou com

oferecer qualidade de ensino aos alunos da rede

público de 1.200 pessoas, entre alunos da rede pública, políticos, personalidades,

pública, que representam 90% do segmento edu-

empresários e imprensa local.

cacional”, contou Barreto. Empresas, como a CCR

Durante o evento organizado pelo Grupo [B+], o governador Rui Costa

Metrô Bahia e a Braskem, apoiaram esta edição

anunciou a criação do programa estadual Primeiro Estágio, Primeiro Emprego,

do Fórum, afirmando o incentivo a projetos

destinado a nove mil estudantes concluintes do nível médio da rede pública de

educativos e socioculturais na Bahia.

Ensino, e o selo Amigo da Educação, para as empresas que investem nas escolas

Estiveram presentes os músicos Carlinhos

públicas baianas. De acordo com o governador, os recursos do Fundo de Com-

Brown e Margareth Menezes, que se juntaram

bate à Pobreza vão financiar as iniciativas.

ao Quinteto de Metais do NEOJIBA e aos grupos

O secretário da Educação, Osvaldo Barreto, e o governador informaram que

Ilê Aiyê e Olodum Mirim para apresentações. O

a parceria com o setor empresarial é um dos eixos centrais do Programa Educar

rapper MC Feijão, aluno da rede pública, cantou

para Transformar – Um Pacto pela Educação, criado em março deste ano.

sobre o tema educação acompanhado de bboys.

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“Se lhe faltar um livro, não deixe que lhe falte a curiosidade”, Carlinhos Brown, músico

[04]

[06]

[05]

[08]

[07]

[12]

[09]

[15]

+ no site: veja fotos dos eventos

[11]

“O Fórum [B+] é uma iniciativa muito importante porque sempre discute sobre temas fundamentais para o desenvolvimento da Bahia”

[13]

[14]

[10]

Osvaldo Barreto, secretário da Educação

[16]

[17]

[18]

[01] Rui Costa; [02] Banda Olodum Mirim; [03] Bahia Brass - Quinteto de Metais do NEOJIBA; [04] Renato Simões Filho, Carlinhos Brown, Claudio Vinagre, Margareth Menezes e Jorge Portugal; [05] Renato Simões (Grupo [B+]), Rita Batista e Ipojucã; [06] Luciano Lopes (Prima Empreendimentos); [07] Olívia Santana (Secretaria de Apoio às Mulheres); [08] Pedro Dourado (ABMP); [09] Pedro Luiz Tailla (FCDL); [10] Rose Lima (TCA); [11] Hélio Tourinho (Braskem); [12] João Pedro Bahiana (AJE Bahia) e Luiz Fernando Queiroz (Associação Comercial da Bahia); [13] Luís Valença e Marina Mattaraia (CCR); [14] Maurício e Juracy Lins (Home Design); [15] Anacléa Ribeiro e Larissa Lomanto (CCR Metrô); [16] Sérgio Lopes, Maria Rita Pontes e Flávia Rosemberg (Osid); [17] Guy Ferreira (Secom); [18] Sandra Costa e Tatiana Ferraz (Laboratório Sabin). W W W. porta lBMA I S . CO M. BR

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blocodenotas FOTO: Reprodução

MÍDIA

Empresa baiana é destaque em premiação internacional de publicidade A Tuppi Propaganda foi selecionada para a Shortlist do Clio Awards 2015, uma das mais famosas premiações da publicidade mundial. A empresa soteropolitana foi indicada na categoria “Print Technique/Art Direction” pela campanha desenvolvida para a empresa Zim Color, cuja história já foi matéria de capa da Revista [B+]. Outras agências brasileiras também foram selecionadas para a premiação, entre elas a Ogilvy Brasil, do grupo WPP, e a DM9DDB, do Grupo abc.

FOTO: João Alvarez / ASN Bahia

JUDICIÁRIO

Direito em pauta Será realizada no dia 5 de novembro a terceira edição do Advocacia em Foco, evento que contará com 410 congressistas para discutir as principais áreas de atuação do advogado: Contencioso, Jurídico de Empresa e Consultivo. Em cada palestra, serão expostas as dificuldades e conquistas advindas do trabalho desenvolvido em cada área, proporcionando, também, uma exposição do funcionamento da atividade realizada por cada profissional em seu ramo de advocacia. O evento será realizado no Business Center do Mundo Plaza, em Salvador.

EMPREENDEDORISMO EDUCAÇÃO

Estácio criará espaço de desenvolvimento de startups em Salvador Lançado em agosto, o campus Costa Azul da universidade Estácio, em Salvador, ganhará espaço exclusivo para o desenvolvimento de startups. De acordo com Ronaldo Mota, diretor responsável pelo ensino a distância da universidade, o grupo está atento às oportunidades que possam surgir a partir da formação de novos negócios. “Há que se incorporar nos projetos acadêmicos tanto nas aulas como nas atividades complementares, o estímulo ao empreendedorismo, e não há maneira mais eficiente do que criar e desenvolver espaços de novas empresas”, comentou. Agora, o grupo busca parcerias com a iniciativa privada e com o governo para materializar o projeto. 16

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“Nesse momento de estagnação da economia, as empresas devem colocar a casa em ordem se quiserem sobreviver. Assim, sairão fortalecidas. Quando a economia volta a crescer, essa empresa que sobreviveu à crise estará mais bem estruturada e terá pela frente um mercado com menos concorrência”, Ricardo Amorim, economista, durante a Semana de Capacitação Empresarial do Sebrae-BA


foto: Rômulo Portela

informe publicitário

Avaliação de desempenho

O foco é a Educação Especializada em Seleção e Avaliação, a Strix Educação mostra por que é considerada uma das empresas mais conceituadas do mercado no setor educacional Investir no processo seletivo pode ser uma das melhores ferramentas para garantir a qualidade das Instituições de Ensino Superior (IES) ou dos Órgãos Públicos. Este é o pensamento de Adelaide e Bernardo Rogério de Rezende, diretores e sócios-fundadores da Strix Educação, empresa especializada na realização de processos seletivos, concursos públicos e avaliação educacional. Os empresários acumulam mais de 35 anos de experiência nessa área, com atuação nos estados da Bahia, Minas Gerais, Rondônia e Acre. O segredo do sucesso, de acordo com Adelaide Rezende, está na qualidade técnica e acadêmica empregada nestes processos, na competência e no compromisso da sua equipe de colaboradores e consultores. “Por esse motivo, grande parte de nosso trabalho é destinada a seleções altamente concorridas. As IES perceberam que a qualidade do processo de ingresso do aluno contribui para uma melhor avaliação dos seus cursos. Essa preocupação é, sem dúvida, comum a todos os nossos clientes.” A empresa é responsável pelos vestibulares da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, da Faculdade Baiana de Direito, da Universidade Católica do Salvador e da União Educacional do Norte/AC (curso de Medicina), além do Processo Seletivo Unificado de Residência Médica da Bahia.

O trabalho da Strix Educação não se encerra, porém, na realização de processos seletivos ou concursos públicos. A empresa tem realizado diversos projetos de Avaliação Educacional, dando suporte aos seus clientes desde a elaboração dos instrumentos (provas) até o processamento dos resultados e geração dos relatórios com os dados de desempenho dos alunos. Esse trabalho, segundo Bernardo Rezende, é essencial para avaliar tanto o desempenho acadêmico do aluno quanto o projeto pedagógico da própria instituição de ensino, pois traça a evolução do conhecimento adquirido por esses estudantes ao longo do tempo. “Este é um trabalho muito gratificante, pois a quantidade e a qualidade das informações geradas são fundamentais para a manutenção ou correção de rumo de qualquer organização educacional”, complementa Adelaide.

Segurança é indispensável Outra preocupação da Strix Educação para garantir a excelência dos processos de seleção ou de avaliação é, sem dúvida, o sigilo. Os procedimentos de segurança adotados incluem desde a seleção rigorosa dos colaboradores até o cuidado no desenvolvimento dos sistemas computacionais, passando pelo controle de acesso por biometria e monitoramento por câmeras. Bernardo conta que essa preocupação é fator decisivo para a boa reputação da empresa. “Não é por acaso que várias instituições, principalmente as que têm um processo seletivo com maior concorrência, nos escolhem como parceiros.” O modelo de segurança desenvolvido pela Strix Educação inclui, ainda, a comparação de impressões digitais dos candidatos no momento da prova e da matrícula, o uso de detector de metais nos locais de aplicação, além da diferenciação dos cadernos de prova através de código de barras, impedindo que o candidato receba informações externas.

Conheça um pouco mais sobre a Strix Educação no site strixeducacao.com.br ou pelo telefone (71) 3035-4300

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blocodenotas ADMINISTRAÇÃO

“O maior gargalo do empresariado baiano é não dar a devida importância aos gestores. A maioria dos problemas que estamos enfrentando é pela falta de planejamento das empresas”, FOTO: Divulgação

Roberto Ibrahim, presidente do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA-BA). Entidade promoverá encontros mensais para discutir as prorrogativas dos administradores até o fim deste ano para comemorar o jubileu de ouro dos profissionais de administração.

enic 2015

MOBILIDADE

“O momento atual é similar à sensação de estar em um carro a 100km/h onde, de repente, acaba o combustível”,

Definida empresa que fará consultoria do Plano de Mobilidade Urbana de Salvador

ilustrou o vice-presidente de habitação da Caixa Econômica Federal, Nelson Antônio de Souza, que participou do 87º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic 2015). O evento, realizado entre os dias 23 e 25 de setembro e teve como tema “Brasil mais eficiente, país mais justo”, discutiu os principais assuntos da atualidade que impactam o dia a dia da indústria da construção e o futuro do setor. Em breve será lançado o relatório anual do Enic, desenvolvido pelo Grupo [B+], em parceria com a Ademi, o Sinduscon e a CBIC.

O Plano de Mobilidade Urbana de Salvador terá como empresa consultora a paulista TTC - Soluções em Mobilidade. A informação foi confirmada para a [B+] pela diretora de Planejamento da empresa, Lucimar Maschio Cardone, que afirmou ter pela frente muito trabalho, principalmente no que diz respeito ao transporte coletivo de qualidade. Outro desafio, segundo ela, é de ordem cultural: “Deve-se considerar e respeitar a hierarquia (pedestres, ciclistas, transporte coletivo e carros) no trânsito. Entendemos que assim poderemos tornar a cidade mais humana e planejada”, afirma. A TTC já desenvolveu outros projetos para a prefeitura municipal, a exemplo do Plano de Circulação para o novo sistema viário da Barra e o Programa Emergencial de Mobilidade para Salvador (Premob), na região do Iguatemi.

CULTURA

A requalificação da infraestrutura do Centro Histórico da capital baiana se estendeu para a programação cultural. Na Praça Castro Alves, o Teatro Gregório de Mattos, o Espaço Itaú de Cinema (Glauber Rocha) e o Espaço Cultural da Barroquinha ganharam atenção desde que Fernando Guerreiro assumiu a direção da Fundação Gregório de Mattos, em 2013. “A primeira coisa que fizemos foi requalificar os equipamentos. O Espaço da Barroquinha estava praticamente abandonado, o teatro inutilizado há oito anos, o cinema prestes a fechar, pois estava isolado dentro de uma estrutura abandonada”, conta. De acordo com Guerreiro, é necessário que as pessoas voltem às ruas, e esse novo espaço tem essa função como prioridade. “Salvador precisa entender que a sua vocação é cultura. A nossa proposta é trazer a criatividade de volta à vida das pessoas”, completa. 18

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FOTO: Valter Pontes / Divulgação

Salvador ganha corredor cultural no Centro Histórico


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blocodenotas entrevista

Judiciário aquecido A seção Bahia da Ordem dos Advogados do Brasil está às vésperas de decidir quem será seu próximo gestor. Na disputa, Luiz Viana Queiroz, que deseja manter-se como presidente da instituição para concluir o trabalho iniciado na atual gestão, e Carlos Rátis, que quer renovação e uma OAB-BA mais próxima dos advogados. A eleição, que será realizada em novembro, acontece em meio à pior crise já enfrentada pelo Judiciário baiano. Recentemente, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) foi eleito como o pior do país em resolução de casos de corrupção e está em penúltimo lugar no cenário nacional. Conversamos com os candidatos sobre suas propostas.

fechada em torno de grupos. Estabeleceu-se modelo de gestão democrático, no qual os rumos são definidos a partir das demandas de toda a classe. O jovem advogado, por exemplo, tem hoje uma participação efetiva na Ordem, o que não existia antes. A mulher advogada também está cada vez mais presente nas decisões da entidade, assim como os advogados negros. A OAB de Verdade espelha a diversidade da advocacia e se faz com a participação de todos. O senhor declarou recentemente que advogar na Bahia é um inferno. Qual a dificuldade para lutar contra o sistema?

FOTO: Divulgação

“Tenho o propósito de trabalhar ainda mais por uma OAB democrática” Luiz Viana Queiroz

A crise se alastra há mais de 30 anos. Não é uma crise provocada pela atual administração do Tribunal de Justiça, mas a atual administração, infelizmente, não consegue ser protagonista da solução do problema da ineficiência do Judiciário baiano. Isso é uma questão de Estado, atinge a cidadania. A crise transbordou os limites do Judiciário baiano e da sua capacidade para resolver o problema. É preciso

Advogado e atual presidente da seccional baiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), Luiz Viana Queiroz tem como metas principais o enfrentamento da crise do Judiciário e a defesa das prerrogativas dos advogados.

que haja um grande esforço do Tribunal de Justiça, que deve ser o protagonista, mas com a participação do governador do estado e da Assembleia Legislativa, e abrindo essa discussão para a sociedade civil.

Por que o senhor é candidato à presidência da OAB-Bahia? Minha candidatura é fruto de clamor de parcela significativa da advocacia baia-

O Judiciário baiano é o pior em produtivida-

na. Estou atendendo a essa convocação da classe com o propósito de trabalhar

de no Brasil e o sétimo mais caro de acordo

ainda mais por uma OAB de Verdade, uma Ordem aberta e democrática, que

com dados do CNJ. Em 2014, por exemplo, o

congregue todos os advogados na defesa de suas prerrogativas e seja combativa

TJ-BA gastou R$ 1,6 bilhão com pessoal. Qual

no enfrentamento da crise do Judiciário.

o papel da OAB para modificar esse cenário? É indiscutível que há má gestão de pessoal, falta

O que seria essa “OAB de Verdade”?

de pessoal e pessoal mal remunerado. No ano

É importante esclarecer que o processo de construção da OAB de Verdade já está

passado, a Bahia tinha 636 magistrados, cerca de

em andamento. Em nossa atual gestão, já houve grandes avanços, com a abertu-

13 mil servidores, e gastou essa fábula mencio-

ra da entidade à participação de todos. Acabou-se aquele tempo da OAB-Bahia

nada com a folha de pessoal, que é absoluta-

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mente ineficiente. Tem algo muito errado. A OAB-Bahia nunca se furtou a contri-

aos sonhos e aos problemas que os advogados,

buir de maneira construtiva para a superação dos entraves ao bom funcionamento

principalmente os mais jovens, enfrentam.

da Justiça em nosso estado. Promovemos conjuntamente um seminário com a

Sobretudo, essa renovação significa estar mais

participação de representantes dos juízes, defensores, Ministério Público, serventu-

atuante diante da crise do Judiciário e mais

ários e advogados. Na oportunidade, foram identificados e discutidos os problemas

transparente e democrática na gestão dos

existentes. Infelizmente a presidência do TJ-BA não se interessou pelas conclusões.

recursos.

Apresentamos ao Presidente do Supremo Tribunal Federal e à Corregedoria Nacional do CNJ proposta para elaboração de Plano de Reestruturação Sustentável do

Recentemente, o Tribunal de Justiça da

Judiciário baiano. Tenho a firme esperança de que a elaboração desse plano com

Bahia (TJ-BA) foi eleito pelo Conselho Na-

a participação do TJ-BA, do governador do estado, da Assembleia Legislativa e da

cional de Justiça (CNJ) como o pior do país

sociedade civil poderá recolocar o Judiciário baiano no caminho certo.

em resolução de casos de corrupção. Como o senhor avalia a atual situação do Judiciário baiano? O TJ-BA foi considerado o pior em produtividade, isto é, na baixa dos processos. Esse é um

FOTO: Divulgação

“A OAB-Bahia precisa se modernizar, deixar de ser tão burocrática” Carlos Rátis

problema que vem se arrastando há mais de 20 anos, mas agora vivemos o pior momento do Judiciário baiano. Como sair dessa crise? Não adianta reclamar, personalizar uma briga contra o Judiciário ou atentar contra o Poder Judiciário, sem providências concretas. Precisamos de ações judiciais promovidas dentro do próprio Judiciário contra o Estado para que a nossa realidade venha ser modificada. Essas

Advogado há 16 anos, Carlos Rátis é especialista em direito administrativo em ciências jurídicas internacionais e presidente do Instituto dos Advogados da Bahia (IAB) e do Instituto de Direito Constitucional da Bahia (IDCB). É a favor de uma OAB mais próxima dos advogados e contra a reeleição.

ações poderiam e deveriam ser propostas e assinadas pelo próprio presidente da OAB, mas hoje isso não acontece. O senhor é contra a reeleição. Acredita que é possível cumprir metas efetivas em três anos?

Por que o senhor é candidato à presidência da OAB-Bahia?

Três anos é um período mais do que adequado

A nossa candidatura partiu de um grupo grande, formado por advogados expe-

para constartarmos mudanças concretas. É

rientes e jovens e professores advogados de todo o estado. Todos insatisfeitos

necessário alternância. Tenho certeza de que

com a condução que a atual gestão está dando à OAB. Todos sentem o que toda a

faremos um trabalho muito melhor do que o

classe está sentindo: a instituição precisa se renovar, se modernizar, deixar de ser

que está em andamento e espero que em 2018

tão burocrática, tão pouco atuante diante dos reais problemas que os advogados

o próximo grupo venha a fazer um trabalho

estão enfrentando no dia a dia. A OAB precisa estar mais próxima e, principal-

melhor do que o nosso. Quem pensa em reelei-

mente, mais transparente e democrática na gestão dos seus recursos. Por tudo

ção dedica-se no último ano mais à reeleição do

isso, não só eu, como todo o nosso grupo, sentimos que chegou a hora de renovar

que na instituição. Acredito que com planeja-

e que juntos podemos fazer isso.

mento e estabelecimento de metas é possível alcançar os objetivos em curto prazo, buscar

Quais são os principais pontos que precisam ser mudados da atual gestão?

avanços significativos na proteção das prer-

O novo projeto é elaborado por um grupo que busca renovação. As discussões de

rogativas dos advogados. Medidas enérgicas

diagnóstico e soluções estão sendo muito profundas e intensas. A renovação que

que possibilitem o respeito à nossa profissão.

queremos é tornar a OAB-Bahia mais presente na vida do advogado, colaborando

Formamos um grupo que tomará providências

mais com o seu dia a dia. Queremos que o advogado volte a ver vantagens em

efetivas, visando melhorias nas nossas condi-

pertencer à OAB, que se sinta valorizado. Que a instituição esteja mais adequada

ções de trabalho. W W W. porta lBMA I S . CO M. BR

21


blocodenotas acontece feira FOTO: Divulgação

AEROPORTO

Voos diários para Feira de Santana deixarão de existir A partir do dia 5 de novembro, o Aeroporto João Durval, em Feira de Santana, deixará de contar com o voo diário com destino ao Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (MG). De acordo com a Azul, a partir dessa data, a empresa passará a operar um voo semanal aos domingos entre os destinos. “A mudança faz parte do pacote de ajustes da malha aérea da empresa, e o retorno das operações diárias depende também da adequação do aeroporto para receber voos por instrumento (pousos e decolagens em condições climáticas que não permitem voo visual)”, explica. A Azul Linhas Aéreas é a única companhia a atuar no aeroporto.

BRT

CULTURA

Movimento comercial em Feira caiu em até 70% por causa das obras do BRT

Novo teatro será construído no centro da cidade

A polêmica gerada em torno da implantação do BRT (Bus Rapid Transit) no centro de Feira de Santana está longe de chegar ao fim. Por causa das

A partir de setembro de 2016, Feira de

obras no trecho entre as avenidas Maria Quitéria e Getúlio Vargas, o tráfe-

Santana vai contar com uma unidade do

go de veículos foi interrompido na região, acarretando sérios prejuízos aos

Centro Cultural e Gastronômico Sesc. A

comerciantes locais. De acordo com o presidente da Associação Comercial

primeira parte do projeto no valor de R$

de Feira de Santana (Acefs), Marcelo Alexandrino de Souza, os estabele-

17 milhões contempla a construção de

cimentos da região apresentaram queda entre 40% e 70% no número de

um teatro com 290 lugares e um restau-

vendas. O secretário municipal de Planejamento, Carlos Brito, explica

rante do comerciário, como afirma o

que toda obra deste tipo gera algum tipo de impacto, mas, segundo ele,

presidente da Fecomércio - BA, Carlos de

medidas estão sendo tomadas. “Na tentativa de amenizar os problemas no

Souza Andrade. “Na segunda etapa, va-

comercio da região, a prefeitura vem criando uma via lateral para carros”.

mos recuperar o casarão colonial, tom-

Apesar da expectativa inicial de quatro meses para a conclusão da obra,

bado pelo Iphan, que integra o terreno

tudo indica que o comércio local precisará de um pouco mais de paciência.

doado pela prefeitura de Feira”, explica.

Um grupo de manifestantes contrários à retirada das árvores para a pas-

Segundo o prefeito José Ronaldo, com a

sagem do BRT ocupa, desde o dia 5 de setembro, parte do canteiro de obras

abertura do Teatro Sesc, a região passará

na Av. Maria Quitéria. Segundo Brito, os manifestantes agem por interesse

a ter três espaços culturais, tornando-

político e não estão pensando no avanço da cidade. “São ativistas profis-

se um “point” de entretenimento. “Os

sionais movidos por partidos políticos”.

comerciários ganharão um restaurante

Enquanto a prefeitura e manifestantes não entram em acordo, os comer-

com excelente qualidade nutricional a

ciantes buscam saídas para resolver o impasse e amenizar o impacto finan-

preços subsidiados”, afirma. O espaço

ceiro. “O que sugerimos ao prefeito é que, caso haja algum impedimento

destinado à construção da nova unidade

para seguir com o projeto, que seja desmontado o canteiro de obras para que

possui mais de 6.500m² e está localizado

dê um alívio aos comerciantes da localidade”, afirma o presidente da Acefs.

no centro da cidade.

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imóveis+

Salvador precisa de empreendimentos-marca FOTO: Rômulo Portela

O arquiteto Antonio Caramelo revela novo projeto que promete revitalizar a Península de Itapagipe com iniciativas de sucesso, a exemplo do Mercado Iaô”. Caramelo diz que para entender a relevância do projeto é preciso levar em consideração a história da Península de Itapagipe. O local escolhido para a nova sede é emblemático. O antigo casarão da Ribeira abrigou a extinta Fábrica de Linhos Nossa Senhora de Fátima, uma construção do século XIX. Apaixonado pela Cidade Baixa e pelo entorno da Baía de Todos os Santos, o arquiteto não esconde a emoção ao falar do projeto. Empreendimentos-marca “Estamos criando um empreendimento-marca, centralizador, que terá grande força porque será construído para a comunidade, com a comunidade, em total sintonia. Salvador, uma cidade turística, precisa construir empreendimentos-marca. A cidade de Bilbao, norte da Espanha, deu novo impulso ao turismo após a inauguração de um empreendimento marca: o Museu Guggenheim, aberto ao público em 1997, hoje um ícone da Bilbao moderna. A Fábrica Cultural vai revitalizar a marca Península de Itapagipe. Será referência e dará visibilidade a um lugar belíssimo, voltado para a Baía de Todos-os-Santos, que está fora de moda neste momento. A gente vai dar uma repaginada em Itapagipe, do ponto de vista de conceito e importância. Esse empreendimento será âncora e vai atrair outros”. Fábrica de Linhos Nossa Senhora de Fátima Com um largo sorriso, vestindo branco, o arquiteto Antonio

“O local escolhido para a nova sede da Associação Fábrica Cultu-

Caramelo me recebe em seu escritório em uma sexta-feira en-

ral é emblemático. O antigo casarão da Ribeira abrigou a extinta

solarada. Antes de ir direto ao tema da entrevista, a gente con-

Fábrica de Linhos Nossa Senhora de Fátima, uma construção do

versa sobre sonhos. Ele me ensina o que fazer para alimentá-los.

século XIX. O espaço que hoje abriga o Mercado Iaô, cedido pelo

Explica por que não devemos desistir dos nossos sonhos, nunca.

governo do estado, será recuperado e ampliado. Estamos restau-

O projeto ao qual ele se dedica agora com tanto amor tem a ver

rando o casarão. Em torno dele serão dispostos diversos equipa-

com isso. Ele parece mais entusiasmado que o habitual, porque

mentos: teatro, cinema, restaurantes, cyber café, espaços para

criar o projeto da nova sede da Associação Fábrica Cultural

shows, mercado de arte e artesanato, um memorial para contar a

significa alimentar os sonhos de muita gente. “Estou muito feliz

história da Península de Itapagipe, espaços para cursos e oficinas

e me sinto privilegiado por dar vida a esse projeto, que será um

de qualificação profissional, nas áreas de moda, gastronomia,

marco para a nossa cidade. Essa organização liderada pela can-

dança, música, cenografia, iluminação, sonorização, design, es-

tora Margareth Menezes, minha amiga, conta com uma equipe

túdios de gravação, propaganda, vídeo, marketing digital, dentre

especializada e comprometida e é responsável por ações na área

outros. Para viabilizar os cursos e as atividades empreendedoras

de educação, cultura, sustentabilidade e desenvolvimento local,

há uma parceria com o Sebrae-BA, que terá um núcleo no local”.

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Economia criativa tem tudo a ver com a Bahia “Além de se tornar um marco cultural para a cidade, impulsionando o turismo, o empreendimento vai promover a inclusão de jovens de baixa renda. Na fábrica, os alunos formados nas oficinas de capacitação e os artistas locais terão espaço para criar, realizar seu trabalho, sua arte. A informação, a cultura e a criatividade vão circular nesse equipamento. Eu visu-

“A Fábrica Cultural dará visibilidade à Península de Itapagipe, um lugar belíssimo, voltado para a Baía de Todos os Santos, que está fora de moda neste momento”

núbia cristina Produtora e apresentadora do CBN Imóveis e âncora do Painel Empresarial CBN

Antônio Caramelo

alizo um espaço para discussão e para agregar artistas e aprendizes do mundo todo”.

Importância histórica da Península de Itapagipe “A construção da primeira capital do Brasil, no século XVI, ocorreu em dois

Projeto realista, viável economicamente

níveis: a Cidade Alta, que era o centro institucional e político, onde os nobres

“Minha expectativa é a melhor possível, até

estavam mais protegidos de possíveis invasões estrangeiras, e a Cidade Baixa, o

porque sou muito realista. A gente precisa

centro portuário e comercial. A cidade nascia cosmopolita, e o porto, por onde

sonhar, mantendo os pés no chão. Esse projeto

chegavam produtos e novidades do mundo inteiro, era o centro da economia

é sustentável, viável economicamente. Não

baiana. Itapagipe já abrigou fábricas importantes, a exemplo da Fábrica de Li-

acredito em pires na mão, pois depender de

nho Nossa Senhora de Fátima, onde será construída a nova sede da Associação

doações não funciona. Concebemos a Fábrica

Fábrica Cultural, localizada no bairro da Ribeira, que vai atender não só a comu-

Cultural como uma empresa, que vende produ-

nidade da Península de Itapagipe, mas será um marco para toda Salvador”.

tos diferenciados, presta serviços de qualidade e está sempre se renovando. A receita virá

Sinergia entre o escritório Caramelo Arquitetos Associados e a Asso-

dos restaurantes – estamos projetando uma

ciação Fábrica Cultural

cozinha-escola, um self-service para atender

“Cerca de 180 mil pessoas vivem na Península de Itapagipe, que tem 14 bairros,

a população local e outro de culinária baiana,

com características bem diferentes. O ponto de partida da associação é essa

para atrair turistas –, dos ingressos dos shows,

comunidade, mas não tenho dúvida de que as ações terão impacto positivo

teatro, cinema, dos eventos de gastronomia,

para Salvador, para o estado e até para o Brasil, porque o projeto vai gerar um

moda, artes, design, da venda de artesanato e

intercâmbio entre pessoas de todo o mundo. Há cerca de cinco meses, tenho me

arte etc. Para apoiar a gestão, Margareth conta

dedicado à criação do projeto arquitetônico, onde conto com o apoio de mais 14

com uma equipe de profissionais competentes,

profissionais do meu escritório, com direção técnica do arquiteto Bruno Ivo e

e a associação tem um conselho de altíssimo

de legislação do arquiteto Sydrach Araújo. É um trabalho voluntário, que conta

nível, formado por administradores de peso”.

com o máximo empenho e entusiasmo de todos nós”.


emprego

Recolocação no mercado Headhunters identificam os principais fatores que contribuem para a recolocação de profissionais no mercado por Lorena Dias

Em momentos de crise, a busca por uma estrutura mais enxuta e bara-

Pós- graduado em Logística Empresarial, Diogo Henrique busca uma recolocação no mercado de trabalho

ta faz com que grandes empresas reorganizem a ocupação de cargos. Assim, profissionais mais antigos e com salários mais altos perdem espaço. “Hoje há um movimento das empresas de “desseniorizar” as estruturas, eliminando as pessoas mais pesadas e apostando nas mais jovens, não de idade, mas de potencial e tempo de cargo”, explica Leandro Pedrosa, gerente-executivo da Michael Page, multinacional de recrutamento e seleção especializada. “O momento econômico não demanda uma estratégia tão grande de um diretor, mas daqui a dois, três anos, quando a economia estiver melhor, esse pessoal já vai estar pronto”, afirma. Formado em gestão de tecnologia e com pós-graduação em logística empresarial, Diogo Henrique Cunha, 33, já havia conquistado o cargo de gerente de logística em uma multinacional após 13 anos de carreira. Mas há quatro meses houve uma reestruturação na empresa e desde então ele tem buscado recolocação no mercado de trabalho. “Quero a área de gestão em logística, sem me ater ainda à questão salarial, pois acredito que a remuneração seja mais baixa do que a da última empre-

FOTO: Rômulo Portela

sa, até por causa do mercado”, conta Diogo. Casado e com uma filha, ele precisou readequar o orçamento familiar para se adaptar, mas sem deixar de investir na sua capacitação. “Acredito que existem vagas no mercado de trabalho, menos do que antes, mas elas existem. Só a concorrência que aumentou. Tenho buscado me qualificar para conseguir uma colocação o mais rápido possível”,

que não estão em alta no momento. “O problema é que

afirma Diogo, que tem aproveitado esse período para intensificar seu

todo mundo só quer trabalhar no mesmo lugar e fazer

inglês e fazer cursos específicos voltados para sua área.

a mesma coisa. O momento está difícil, mas existem

Segundo a coach e headhunter Agda Lima, sócia-fundadora da

oportunidades. Se você é bom, dá resultados, agrega,

Talento RH, existem alguns fatores que dificultam a recolocação

vai encontrar. Pode não ser a vaga ideal, mas alguma

no mercado. Entre eles estão a falta de domínio de pelo menos dois

coisa você encontra”, defende.

idiomas, não ter formação em escolas reconhecidas, com MBA ou pós-

Márcio ainda aconselha que, independentemente

graduação, realizações de projetos comprovados e experiências em

de estar buscando ou não uma recolocação, é preciso

outros mercados. “Quem não possui esses traços tem menos destaque

manter uma boa relação com consultores e com o mer-

e, portanto, não emplaca boas posições facilmente”, afirma Agda.

cado. “É importante para os profissionais trabalhar o

Para o headhunter Márcio Lopes, sócio e diretor da Organiza, é preciso que os profissionais também fiquem atentos às oportunidades 26

R e vista [ B+ ]

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networking e o marketing pessoal para não buscarem somente em uma situação de desespero”.



capa

O desafio de Salvador O que a capital baiana tem feito para melhorar o seu posicionamento como cidade inteligente por Lorena Dias

ilustrações Gentil

A inteligência de cada indivíduo está relacionada à habilidade

dos avanços tecnológicos, que é o estágio atual das cidades

de compreender o mundo a sua volta. Quando o conceito é

inteligentes europeias e americanas, precisamos tornar nossas

aplicado às cidades, ele representa a capacidade de um lugar

cidades mais racionais”, analisa Willian Rigon, coordenador de

utilizar a tecnologia para melhorar a qualidade de vida da sua

inovação e conteúdo da Urban Systems.

população. Salvador está entre as “50 Cidades Mais Inteligen-

Se comparada às metrópoles de países desenvolvidos, a

tes do Brasil”, de acordo com o ranking elaborado pela consul-

cidade do Rio de Janeiro, primeira colocada no ranking nacio-

toria Urban Systems. Atrás de cidades como Rio de Janeiro (1º

nal, por exemplo, obteve menos da metade dos 63 pontos que

lugar), Curitiba (5º) e Recife (10º), a capital baiana ocupa a 31ª

seriam a nota máxima possível. “Salvador está nesse estágio,

posição na pesquisa.

onde conta com muitos gargalos na saúde, na educação e segu-

Os fatores positivos que influenciaram o posicionamento

rança, que gastam recursos do governo em forma de conten-

foram os atrelados aos setores de mobilidade e acessibilidade,

ção de problemas, quando poderiam estar sendo investidos em

meio ambiente e tecnologia e inovação. Mas nos setores de

ações de longo prazo”, acrescenta Rigon.

saúde, educação e segurança Salvador não conseguiu se posicionar nem entre as 100 cidades dos rankings de cada setor. “As cidades inteligentes, no caso das brasileiras, ainda

Mas de que forma a capital baiana pode utilizar a tecnologia para avançar na qualidade de vida da sua população? Segundo o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Ma-

precisam cumprir com os requisitos mínimos de desenvolvi-

noel Gomes de Mendonça Neto, já há uma produção “robusta”

mento social e ambiental. Antes de chegarmos ao patamar

de conhecimento na área de tecnologia na Bahia por meio

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R evista [ B+ ]

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das universidades, tanto públicas quanto particulares. Para o

prioritárias para as escolas municipais, a exemplo de melho-

titular da Secti, o principal desafio é a transformação desse co-

rias na infraestrutura e projeto pedagógico.

nhecimento em produtos, o que exigiria um estreitamento de

Em 2016, a prefeitura pretende incluir a tecnologia nas esco-

relações entre empresas e universidades. “Minha missão como

las através de aparelhos de leitura facial. “Isso vai permitir que

secretário, e acho que isso nunca foi feito, é fazer esses atores

o pai saiba se o aluno foi à escola e vai nos permitir economia

trabalharem juntos, o que é um problema no Brasil em geral”,

no custo da merenda, compensando qualquer tipo de investi-

afirma. “Quanto mais o estado investir em pesquisa e inovação,

mento”, explica Bellintani.

mais desenvolvimento ele vai ter. Agora, a resposta não é para amanhã. Ela vai ser contínua e previsível, durante dez, quinze

Saúde

anos, a gente vai ver o cenário mudando lá na frente.”

Na área da saúde, a prefeitura tem pensado em alternativas a

Enquanto a grande mudança não acontece, a Secti tem

partir do Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI) da Secretaria

investido na parte de infraestrutura das cidades baianas para

Municipal da Saúde. Segundo Vinícius Alves Mariano, subcoor-

que elas possam receber internet de qualidade. Com o pro-

denador do NTI, o desenvolvimento de sistemas informatizados

grama federal Banda Larga para Todos, o governo do estado

tem melhorado o acesso da população ao sistema público de saú-

pretende implantar redes de fibra óptica, para que unidades

de, bem como o controle dos recursos por parte da gestão. Entre

de saúde e segurança, além das escolas, possam ter um melhor

os sistemas desenvolvidos pelo NIT está o VIDA+ Cadastro. “Ele

acesso à internet.

é responsável por unificar todas as informações de saúde do paciente do SUS por meio de um número único e nacional”, explica

FOTO: Manu Dias

Vinícius, que já está trabalhando em um novo projeto o Registro Eletrônico de Atendimento Ambulatorial, que vai permitir que as informações dos pacientes sejam acessadas de forma online.

“Salvador, no quesito saúde, antes de investir em tecnologia, precisa investir na infraestrutura, na cobertura e nas soluções de saúde básica”, Inaugurado em 2012, Parque Tecnológico da Bahia visa desenvolver pesquisas e gerar empreendimentos inovadores

Willian Rigon, coordenador de inovação e conteúdo da Urban Systems

Educação “A tecnologia precisa ser um instrumento casado com o processo pedagógico. Só colocar a tecnologia na escola não resolve”, defende o secretário da Educação do estado da Bahia, Osvaldo Barreto, que está à frente do projeto Educar para Transformar, que se baseia na colaboração entre governo do estado, prefeituras e setor produtivo, além do fortalecimento da educação básica e da relação família-escola. Em Salvador, o secretário Guilherme Bellintani também concorda que o desenvolvimento só é possível a partir da soma de diferentes iniciativas. “As ações simples e eficazes são as que têm transformado os sistemas educacionais no mundo”, afirma o titular da Secretaria Municipal da Educação, destacando o Programa Combinado, pelo qual foram estabelecidas 112 ações W W W. porta lBMA I S . CO M. BR

29


capa engatinhando para o desenvolvimento deste setor. “No quesito saúde, a capital baiana antes de investir em tecnologia, precisa investir

FOTO: Divulgação

Para a Urban Systems, Salvador ainda está

na infraestrutura, na cobertura e nas soluções de saúde básica”, diz Rigon. Segurança Outro setor onde Salvador apresentou desempenho ruim, mas tem recebido investimentos em tecnologia, é a segurança pública. Em 2013, foi inaugurado na capital o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), um moderno centro de videomonitoramento, com 300 câmeras espalhadas pela cidade, que é utilizado tanto pela polícia quanto pelos guardas municipais (leia mais sobre o assunto na página 66). “O objetivo é integrar os envolvidos na busca pela excelência dos serviços prestados ao cidadão, e, no caso da Guarda Municipal, em contato com estes órgãos, pretende-se oferecer segurança urbana, proteção ao patrimônio público, prevenção a todos os tipos de violência e monitoramento do trânsito da capital”, explica o superintendente da Guarda Municipal, Peterson Portinho. Até o fim do ano também deve ser entregue o Centro Integrado de Gestão de Emergências (Cige), que vai abrigar o Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR), com re-

Um manancial de soluções Economista, mestre em administração e doutora em urbanismo pela USP, Ana Carla Fonseca é uma das mais respeitadas estudiosas sobre cidades criativas. Em entrevista à [B+], ela fala sobre como desenvolver a capital baiana usando o seu talento criativo.

presentantes de instituições federais, estaduais e municipais, além da Superintendência de Inte-

De que forma o conceito de cidade criativa pode contribuir para o desen-

ligência da SSP. Para melhorar seu desempenho,

volvimento de uma cidade inteligente? Cidade criativa e cidade inteligente não são sinônimos. Enquanto a cidade inteligente se baseia no uso da tecnologia para inovar, com ênfase na gestão

“Quanto mais o estado investir em pesquisa e inovação, mais desenvolvimento ele vai ter. Agora, a resposta não é para amanhã”, Manoel Gomes de Mendonça Neto, secretário estadual de Ciência e Tecnologia

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R evista [ B+ ]

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pública, a cidade criativa tem três características principais: inovações (não apenas tecnológicas, mas também sociais), conexões (entre áreas da cidade, entre atores públicos, privados e da sociedade civil; entre a cidade e suas regiões; e da cidade com sua história) e cultura. Recife, por exemplo, tem se destacado por iniciativas voltadas ao uso da tecnologia e do empreendedorismo nessa seara, como o Porto Digital e o Porto Mídia; mas ainda tem muitos passos a trilhar para se aproximar da nota máxima de 63 (hoje atinge 25,73, conforme a pesquisa). Como transformar o potencial criativo de Salvador em uma ferramenta de desenvolvimento?


A economia criativa se baseia no talento criativo para gerar produtos, serviços com valor agregado. O grande desafio de Salvador é transformar a criatividade de seu povo em inovação, o que necessariamente requer educação de qualidade (capaz de gerar raciocínio crítico, visão de contexto, análise, conexões improváveis), alfabetização digital em escala massiva e acessível, articulação entre políticas públicas e o setor privado e, claro, vontade política. Como é possível utilizar a economia criativa para melhorar o posicionamento da capital baiana em outros setores, como saúde e educação? Por duas vertentes. Investindo em indústrias criativas (ou seja, setores da economia que têm por base a criatividade aplicada) que possam contribuir para a melhoria desses setores. Basta imaginar o impacto que a indústria criativa dos

Ainda distante Levantamento da Urban Systems aponta as 50 cidades que usam ferramentas tecnológicas da melhor forma 1º

Rio de Janeiro (RJ)

São Paulo (SP)

Belo Horizonte (BH)

dinamizá-los.

Brasília (DF)

Além de Recife, quais outras cidades brasilei-

Curitiba (PR)

São Caetano do Sul (SP)

Vitória (ES)

Florianópolis (SC)

Porto Alegre (RS)

10º

Recife (PE)

games e aplicativos, por exemplo, traz para a saúde e a educação. Em segundo lugar, várias pesquisas realizadas no exterior atestam a mobilidade dos talentos criativos entre os setores criativos e os setores tradicionais de uma economia, o que claramente contribui para

ras que estão trabalhando sua economia criativa podem servir de exemplo para Salvador? Muitas têm aspectos inspiradores para que Salvador desenvolva seus próprios processos, baseados em seus potenciais (e não incorra no erro de copiar receitas alheias). São exemplos o já mencionado trabalho de Recife nas tecnologias digitais, trilha também seguida por Florianópolis; os setores de design e moda em São Paulo (ainda que não com o respaldo de políticas públicas municipais consistentes); e o investimento do Rio de Janeiro em ferramentas e aplicativos vários de melhoria da qualidade de vida urbana, da mobilidade à prevenção da violência.

... 31º

Salvador (BA) W W W. porta lBMA I S . CO M. BR

31


a SSP também incorporou mais de 15 mil policiais nos últimos

melhor infraestrutura urbana, maior oferta de serviços e

oito anos e aumentou o seu orçamento em 2015, de R$ 1,61 bilhão

relevante potencial de consumo”, comenta. Além de Salvador, outras cidades baianas também apare-

para R$ 4,19 bilhões. De acordo com a Secretaria Municipal de Gestão, a prefeitura

cem na pesquisa realizada pela Urban Systems. O município

também tem se dedicado a integração dos serviços municipais

de Caetité é o grande destaque, ocupando o 5º lugar no setor

básicos, criação de aplicativos para os cidadãos e a adoção da

de energia, por causa do seu complexo de energia eólica,

tecnologia para a manutenção da cidade. “Isso serve tanto para

seguido de Juazeiro (17º) e Guanambi (30º). No setor de mo-

agilizar a fiscalização de trânsito quanto melhorar a programação

bilidade, outras duas cidades baianas também conquistaram

de operações tapa-buracos ou a utilização e até mesmo fazer pre-

posição: Lauro de Freitas (30º) e Barreiras (34º). Para Carlos Eduardo Bonilha, vice-presidente do Instituto

visão de emergências por excesso de chuvas e auxiliar a Defesa Civil na evacuação das áreas de risco”, disse o então secretário

de Tecnologia de São Caetano do Sul e presidente da Systrade

Alexandre Paupério, que ocupou a pasta até o fim de setembro.

Tecnologia, cidades como Lauro de Freitas e Feira de Santana também possuem potencial para se desenvolver como cidade

Outras cidades da Bahia

inteligente. Mas, segundo Bonilha, ainda falta vontade polí-

A sobrecarga de demanda nos setores básicos, por atender

tica na maioria dos municípios. “A cidade inteligente utiliza

cidades do seu entorno, também estaria afetando o desem-

todos os recursos já instalados numa cidade digital para

penho da capital baiana, segundo André Marinho, sócio da

prover serviços com maior rapidez. Salvador está no caminho

consultoria PwC. “No entanto, comparativamente às demais

certo, mas precisa juntar todas as tecnologias que já possui e

metrópoles nordestinas, Salvador se destaca por apresentar

unificá-las”, defende. [B+]

A capital por setor O posicionamento de Salvador em cada indicador analisado pela Urban Systems

MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE TECNOLOGIA E INOVAÇÃO MEIO AMBIENTE EMPREENDEDORISMO ECONOMIA GOVERNANÇA ENERGIA SAÚDE SEGURANÇA EDUCAÇÃO URBANISMO

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R evista [ B+ ]

outubro DE 2 0 1 5

31° 7° 11° 11° 49° ENTRE AS 100+ ENTRE AS 100+ ENTRE AS 100+ FICOU DE FORA DAS 100+ FICOU DE FORA DAS 100+ FICOU DE FORA DAS 100+ FICOU DE FORA DAS 100+

Gráfico: Adna Novaes

CONNECTED SMART CITIES



bairros FOTO: Luciano Oliveira

“O Rio Vermelho continua vivo, não fechou as portas” Antônio Portela, empresário

O BOÊMIO DE CARA NOVA Enquanto a prefeitura realiza a obra de requalificação, comerciantes e moradores do Rio Vermelho se unem para lidar com os transtornos e mudanças do bairro

R e vista [ B+ ]

cartazes e postagens compartilhadas nas redes sociais por comerciantes e moradores do bairro. O objetivo da campanha é reduzir os prejuízos, como a falta de movimento no comércio, ocasionados pelas obras de requalificação do Rio Vermelho, que tiveram início no mês de junho. Até o fim de janeiro de 2016, quando a primeira etapa da obra deve ser entregue (antes das tradicionais comemorações em homenagem a Iemanjá), o movimento promete se fortalecer com ações que buscam atrair frequentadores para o bairro. “A gente pretende fazer algumas intervenções artísticas, para fazer com que as pessoas venham para a rua e mostrar que o Rio Vermelho continua vivo, que não fechou as portas”, conta Antônio Portela, que é morador do bairro, proprietário de dois estabelecimentos e presidente do Sindicato de Hotéis,

por Lorena Dias

34

Eu amo o Rio Vermelho. Esta é a frase estampada em camisas,

Bares, Restaurantes e Similares de Salvador. outubro DE 2 0 1 5


durante e depois das obras de requalificação, eles têm buscado soluções para enfrentar o momento de crise. “O exemplo da Barra não é bom, mas qualquer tipo de obra seria traumático para a gente. Criamos essa comissão justamente para deixarmos essa coisa do trauma e partir para tentar se harmonizar com a obra”, afirma. Além de promover ações, o grupo também tem se reunido com representantes da prefeitura para discutir a obra e questões que preocupam os comerciantes, como é o caso dos estacionamentos. “A prefeitura diz que as vagas vão continuar as mesmas, porém mais organizadas, com a zona azul. A nossa expectativa é que se cumpra o roteiro exatamente como foi falado e que não se atrase nenhum dia, para acabar logo isso”, comenta João Paulo Lima, que faz parte do grupo e já tem sentido uma retraída no movimento do seu restaurante por conta das obras. Projeto Segundo Paulo Fontana, titular da Secretaria de Infraestrutura e Defesa Civil de Salvador (Sindec), duas etapas da obra de requalificação já estão garantidas. Uma parte será entregue até janeiro e a outra, em outubro de 2016. Com investimentos de R$ 44 milhões, as duas etapas abrangem os trechos desde a Praia da Paciência, passando pelo Largo da Mariquita até a entrada da Fonte do Boi, além das ruas João Gomes, Almerinda Dutra e Borges dos Reis, das praças Brigadeiro e Colombo, parte da Avenida Oceânica e o Largo de Santana. “Já temos a obra desenhada para frente, mas, a depender da situação financeira, o prefeito vai decidir quanto às próximas etapas”, relata o secretário. A obra total, que teria custo de cerca de R$ 80 milhões e abrangeria o trecho até o quartel de Amaralina, ainda não possui prazo de execução por falta de recurso. Como o bairro é ponto de grande fluxo de veículos, a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) tem se dedicado para reduzir os reflexos da obra no tráfego. “Nesta primeira fase estamos atuando com a interdição

Ele foi o primeiro a usar as camisas em homenagem ao bairro. Em pouco tempo, outros comerciantes e frequentadores também mostraram interesse pelo produto, que atualmente é produzido por meio de uma parceria entre os empresários e vendido por R$ 40 em pontos espalhados pelo Rio Vermelho. “O lucro será revertido para as ações culturais que a gente quer fazer mensalmente”, afirma. União Portela faz parte de um grupo que reúne mais de cem comerciantes do bairro. Preocupados com o exemplo da Barra, que teve queda no movimento do comércio

O Largo da Mariquita deve virar um centro de convivência, a flor de lótus desenhada no centro é uma referência a Oxum FOTO: Divulgação

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bairros de algumas ruas, além de contar com uma

um piso compartilhado de blocos intertravados, entre o Largo de Santana e

equipe específica para o Rio Vermelho, focada

o da Mariquita, onde poderão circular veículos e pedestres. “O objetivo é que

na obra”, destaca Fabrizzio Muller, superin-

esse espaço dinâmico permita as pessoas andarem mais, até pela questão dos

tendente da Transalvador. “Após a obra, as

encontros, da convivência”, afirma.

mudanças que estão sendo feitas com a re-

Apesar de o projeto buscar a preservação das principais características do

qualificação vão contribuir para um trânsito

bairro, as pedras portuguesas não estão mantidas no mesmo. “A gente não

mais organizado”.

consegue ter bons assentadores de pedras portuguesas e muito menos uma

Segundo Tânia Scofield, presidente da

conservação desse tipo de calçamento”, explica Tânia, informando que todos os

Fundação Mário Leal Ferreira e responsável

passeios públicos serão de concreto. “Mas em áreas em que a pedra portuguesa

pela obra, entre as principais mudanças pro-

não afete o projeto e o morador ou proprietário do imóvel decida manter, nós

gramadas estão o alargamento das calçadas,

estamos permitindo a conservação”, ressaltou, sem citar algum local onde essa

alinhamento dos passeios e implantação de

tradição será mantida.

“A cidade é uma reapropriação e ressignificação de espaços urbanos. Só que a gente não pode anular o que foi feito. Tem que haver um movimento de manutenção”

Reivindicações O editor de livros Tiago Nery é um dos moradores preocupados com a preservação dos aspectos históricos do Rio Vermelho. “A cidade é uma reapropriação e ressignificação de espaços urbanos. Só que a gente não pode anular o que foi feito. Tem que haver um movimento de manutenção”, defende. Tiago faz parte de um grupo de moradores que surgiu nas redes sociais e começou a se reunir após o início das obras. O coletivo “Rio Vermelho em Ação”, que tem realizado diversos atos em protesto no bairro, foi o responsável pela abertura de um inquérito, instaurado pelo Ministério Público Federal na Bahia, que vai investigar supostas irregularidades na elaboração do projeto e execução das obras de requalificação. Entre as reivindicações do grupo também está o acesso ao projeto na íntegra, para que ele possa ser discutido com a população, por meio de audiência pública.

Tiago Nery, morador do bairro

FOTO: Rafaela Uchoa

O coletivo “Rio Vermelho em Ação” tem realizado diversos atos em protesto no bairro

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Reuniões

Neilton, a IAB vem solicitando os projetos que têm sido executados na capital

Porém, segundo o presidente da Associação

baiana, mas todos os pedidos foram negados.

de Amigos e Moradores do Rio Vermelho (Amarv), Lauro da Matta, o projeto já vem

(Mau) Exemplo

sendo discutido entre a prefeitura e enti-

Para Sônia Garrido, vice-presidente da Amabarra (Associação de Amigos e Morado-

dades do bairro há cerca de três anos. “Eu

res da Barra), um dos principais problemas da obra de requalificação do seu bairro

cheguei aqui em 1964, então, posso dizer da

foi justamente o fato de a prefeitura não ter levado em consideração as necessida-

involução do bairro nesses anos todos. Essa

des dos moradores. “O projeto tinha como principal objetivo reduzir a quantidade

obra é um legado para os moradores. Tudo

de carros, o que é louvável, mas sem dar condições para isso. Não foi estudada a

que for para o progresso, a Amarv assina

questão do transporte público, da segurança e do uso dos moradores e frequen-

embaixo”, afirma Lauro. As convocações para

tadores”, conta. “O equipamento que está aqui não é adequado às condições de

as reuniões foram feitas pelo “Blog do Rio

mobilidade que a gente tem, e isso resultou em uma quantidade significativa de

Vermelho”, onde a Amarv costuma divulgar

instituições comerciais fechadas”, acrescenta Sônia.

as novidades sobre o bairro. Neilton Dórea, vice-presidente do Instituto

A presidente da Fundação Mário Leal Ferreira discorda. “Eu acho que o resultado da Barra, em termo de requalificação, foi muito bom”, afirma Tânia Scofield. Para

de Arquitetos do Brasil (IAB) – Departamento

ela, faltou aos empresários da Barra a união que ela observa no grupo do bairro

da Bahia, contesta a forma como são feitas

boêmio. “Os comerciantes do Rio Vermelho são muito proativos. Eles incorporaram

essas reuniões. “Trata-se de um procedimento

o projeto e estão com uma campanha muito forte de valorização do bairro. Eu acho

para cumprir a legislação, que nem sempre

que essa unidade, talvez, não tenha havido na Barra. E acredito que é necessário

reflete o anseio da população. Como é possível

mais algum tempo para ver os resultados da obra que foi feita lá”, defende. [B+]

discutir um projeto que é apresentado na hora, sem ter sido estudado antes?”, questiona o arquiteto e urbanista, ressaltando que nem sempre a população possui o conhecimento técnico necessário para discutir um proje-

FOTO: Tristão da Cunha

to, mas que é necessário ouvi-la. Segundo

Além da requalificação da orla do bairro, outro projeto que está sendo executado pela prefeitura é a requalificação do Mercado do Peixe. Com investimento de R$ 3 milhões, a obra prevê a troca da estrutura do equipamento, formada por boxes, por quiosques, além da criação de outro estacionamento e um heliponto. Os permissionários tiveram as licenças revogadas e parte deles foi realocada nos mercados de Cajazeiras e Itapuã. A previsão é que a obra seja concluída em oito meses.

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potenciais

Armando avena Escritor, economista, professor da Ufba e diretor do portal Bahia Econômica

Salvador: a outra vocação A vocação de Salvador para o turismo, o

Se comparado com a média nacional, as empresas soteropolitanas são focadas

entretenimento, o lazer e as atividades

em inovação e a cidade é a quarta do país com maior número absoluto de

culturais é óbvia. Assim como é óbvia sua

mestres e doutores trabalhando em empresas e também a quarta maior

vinculação com o setor de serviços e a área

proporcionalmente. Além disso, um em cada 13 funcionários das empresas

comercial, tanto interna como externa,

privadas está alocado em áreas ligadas à tecnologia, um dos melhores índices

além, é claro, da histórica vocação portuá-

entre as cidades pesquisadas.

ria, agora revitalizada com o dinamismo do terminal de contêineres. Estas são vocações consolidadas, mas existe uma outra, com enorme potencialidade, mas que precisa ser estimulada pelo poder

Em termos de gastos públicos com ciência e tecnologia, Salvador aparece em terceiro lugar no país e em números de pedidos de patente é a mais importante cidade do Nordeste. Em relação a projetos culturais, a cidade aparece também como uma das mais empreendedoras do país. Ora, tudo isso indica que há uma vocação latente na cidade para a especia-

público, federal, estadual e municipal. Trata-

lização em P&D. Aqui é fundamental que haja incentivo e apoio ao setor e que

se da especialização no setor de pesquisa e

o Parque Tecnológico da Cidade assuma efetivamente seu papel dinamizador,

Desenvolvimento. Um exemplo disso é que o

hoje bem aquém do esperado.

último Índice de Cidades Empreendedoras,

O fato é que Salvador ainda é uma cidade aprazível, cheia de cultura, arte e

elaborado pela Endeavor, instituição que

alegria e capaz de atrair mestres, doutores, pesquisadores e empresas ligadas

apoia o empreendedorismo, coloca Salvador

a tecnologia e a cultura, e, se há avanços nítidos na melhoria das condições

em uma posição extremamente positiva no

de urbanidade e na prestação de serviços básicos, é fundamental dar apoio

quesito inovação.

às universidades e centros de pesquisa e aprofundar o combate à violência

No indicador Potencial de Geração de

urbana, além, é claro, de viabilizar instrumentos de fomento a esse tipo de

Ideias, Salvador ficou em quarto lugar, abaixo

empreendimento, com estímulos fiscais e financeiros. Se isso for feito, Salva-

apenas de Florianópolis, São Paulo e Belém.

dor poderá se tornar a capital da inovação no Nordeste.

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cidade FOTO: Igor Correia

Gastronomia, moda e música para todos os estilos definem a proposta da Feira da Cidade, que é ocupar o espaço público.

Vem pra rua!

Ser palco de constantes interações sociais e culturais é o desafio dos centros urbanos em suas áreas públicas por Luana Assiz e Tede Sampaio

Mais que um lugar para morar e trabalhar, as cidades têm sido exploradas pelo cidadão contemporâneo como ambientes de ocupação plena. Ao poder público não basta atrair empresas e universidades de alto nível técnico. Viabilizar a interação entre os moradores nas ruas também faz parte da lista de ações necessárias para promover o bem-estar da população e o aquecimento da economia. Nas praças e largos de municípios baianos, iniciativas individuais têm cumprido esse propósito. Em Salvador, A Feira da Cidade já recebeu mais de um milhão de visitantes, em 60 edições realizadas em dez bairros. O projeto, que completou um ano em setembro, reúne opções variadas de gastronomia, artesanato, moda e cultura, o que inclui música ao vivo. “Entre as coisas mais importantes que vemos claramente com A Feira é o crescimento do sentimento de pertencimento das pessoas à sua cidade”, afirma a coordenadora do evento, Carla Maciel, que destaca ainda a sua abrangência. “Já selecionamos mais de 300 projetos, revelamos muita gente que nunca havia mostrado seu talento e levamos tantos outros a desbravarem novos horizontes e ampliarem seus negócios”, aponta. A integração entre atividades culturais, artísticas, sociais e econômicas, com a participação do poder público, é o que se classifica como cidade criativa. Para o arquiteto urbanista Firmo Azevedo, esse é um conceito restrito. “É muito difícil dizer que uma cidade é criativa, porque existem áreas em que essa transformação não é possível”, argumenta, citando como um dos motivos os gargalos

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no setor de mobilidade. “O que falta em Salvador é um sistema

Paredes são telas

de transporte urbano coletivo. Para revitalizar a Cidade Baixa,

Há três anos, o publicitário Raphael Ribeiro decidiu ressig-

por exemplo, é necessário que todos possam acessar a região,

nificar os muros de Salvador através de estudos de caligrafia

através do transporte público ou de carro, e para isso são ne-

aplicados por meio de técnicas que variam das ferramentas

cessárias ruas largas e estacionamentos”, pondera.

tradicionais, como pincéis, a instrumentos construídos a

Azevedo analisa o fenômeno que tem provocado a mudan-

partir de vassouras, esponjas e brochas. Propriedades desocu-

ça nos centros urbanos. “Em muitos países, o espaço público

padas ou abandonadas são o foco do artista, que precisa usar

passou a ser de convivência: a pessoa sai do trabalho e vai para

a criatividade para executar suas ideias em lugares altos ou

a praça ler um livro. A interação entre as pessoas é fundamen-

muito deteriorados.

tal, assim como a contemplação das paisagens e a criação de perspectivas visuais na cidade”, explica.

“Não interfiro nos bairros por opção, na verdade são os muros que me escolhem. Eles falam: ‘Ei, olha pra mim, não acha que eu posso ser mais bonito do que isso?’”. A reação

Viabilizar a interação entre os moradores nas ruas promove o bem-estar da população e o aquecimento da economia

positiva das pessoas às cores e formas serve de incentivo ao trabalho de Raphael. O estímulo para esse tipo de iniciativa deve vir também do poder público. De acordo com Firmo Azevedo, em cidades dos Estados Unidos e de países da Europa é comum os governos executarem projetos urbanísticos criados por escritórios de arquitetura. Para além disso, há questões legais na intervenção sobre os logradouros públicos. “Eu poderia propor como urbanista fechar uma praça para a realização de atividades infantis, mas a praça é pública e é preciso ter apoio do governo”, argumenta. De acordo com o presidente da Saltur, Isaac Edington, faz parte da política municipal promover a ocupação de espaços públicos. “Apoiamos eventos como A Feira da Cidade, o Festival Boa Praça, o Ruas de Lazer, o projeto Boca de Brasa e temos buscado a iniciativa privada para a realização de parcerias, através das quais oferecemos apoio de infraestrutura, como a organização do trânsito, a disponibilização de banheiros públicos, iluminação, recursos para financiar artistas,

FOTO: Igor Correia

FOTO: Reprodução

entre outros”, afirma.

A proposta de Raphael é levar alegria através das cores a lugares até então menosprezados, a exemplo de muros e lixeiras

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FOTO: Divulgação

cidade Canteiros da cidade A adoção da cidade por seus moradores também passa pela gestão participativa dos espaços. Foi a partir dessa ideia que, em fevereiro de 2012, o projeto Canteiros Coletivos começou a recuperar áreas verdes públicas. Nos três anos de atividades, quatro áreas de Salvador já foram impactadas. No Vale do Canela, o depósito de lixo e entulho deu lugar a mudas de plantas floridas, arbustos e uma nova árvore. “As roçagens da prefeitura ali também estão mais frequentes. Há ainda um problema de lixo, mas bem menor do que antes”, afirma Débora Didonê, articuladora e mobilizadora do movimento.

“O ato de plantar e pintar espaços públicos é uma forma lúdica de envolver as pessoas” Débora Didonê, articuladora e mobilizadora do movimento Mudança de cenário No Parque Solar Boa Vista, alimentos já

Apesar de quase sempre os projetos estarem voltados para a recuperação

foram plantados e há manutenções de jardi-

e reocupação de locais públicos, também existem grupos que mudam o

nagem constantes. O Gantois recebeu mudas

cenário de um bairro a partir da inclusão de pessoas marginalizadas em um

de árvores e contou com a adesão dos comer-

novo contexto, é o caso do Caena (Centro Avançado de Empreendedorismo

ciantes e moradores locais, que já colhem

do Nordeste de Amaralina). A iniciativa tem por objetivo possibilitar que jo-

mamão e maracujá do espaço. Na praça do Pôr

vens da localidade se tornem empreendedores, evitando que eles adentrem

do Sol, no Rio Vermelho, o Canteiros Coletivos

no mundo do crime.

conseguiu manter uma das 12 árvores planta-

O Caena, localizado no Nordeste de Amaralina e com sede física ainda em

das e desenvolve atividades com instituições

construção, não conta com verbas públicas e vem sendo desenvolvido atra-

de ensino nas ocupações realizadas junto ao

vés de doações. De acordo com o frei Rogério Soares, idealizador do projeto, a

projeto Bairro-Escola.

intenção é que os jovens da comunidade tenham a possibilidade de adquirir

“O ato de plantar e pintar espaços públicos

formação técnica e criem seus próprios empreendimentos. “Ao iniciar os cursos,

é uma forma lúdica de envolver as pessoas

o jovem terá o acompanhamento de um consultor que lhe ajudará a escolher o

não só na transformação desses espaços, mas

tipo de empreendimento que lhe parecer mais promissor”, explica.

na gestão deles. Elas experimentam modi-

No local já funcionam uma creche e uma escola de ensino fundamental. A

ficar positivamente esses lugares e sentem

expectativa é que o espaço forneça formação para 200 futuros empreendedores.

que um coletivo pode fazer muita coisa em uma pracinha sem depender de permissões

Interior

ou burocracias do poder público”, resume

No Recôncavo baiano, a ocupação das áreas públicas tem ocorrido de formas

Débora Didonê.

diversas. De Cachoeira irradiou para outros dez municípios o projeto “Faz-se fil-

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mes”, núcleo produtivo independente e itinerante, que oferece à

Morte, Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2010. Com o obje-

população dos locais por onde passa a possibilidade de gravação

tivo de promover o encontro entre representantes de segmen-

de vídeos em gêneros variados. O processo é simples: a equipe,

tos religiosos e expressões artísticas do candomblé, o projeto

formada por seis pessoas, passa quatro dias em cada lugar. No

Quarta dos Tambores é realizado sempre às 19h, na Praça Tei-

primeiro, são feitos a divulgação e a seleção do elenco – pessoas

xeira de Freitas (Praça da Liberdade). Desde 2011, foram mais

comuns interessadas em fazer o filme da sua vida. O segundo

de 45 edições, com público médio de 300 pessoas, entre artistas,

dia é dedicado às gravações; o terceiro, à edição; e, por fim, a exi-

estudantes, trabalhadores, donas de casa, turistas e crianças. A

bição, em praça pública do resultado para a comunidade local.

ação conta com apoio da prefeitura por meio da Secretaria Mu-

Para a idealizadora da atividade, Violeta Martinez, há um componente social forte nesse trabalho, na medida em que

nicipal de Cultura e Turismo, responsável pelos equipamentos de som, suporte aos artistas e serviços de iluminação. [B⁺]

universaliza o acesso aos meios de produção cinematográfica e incentiva o potencial criativo da população. “O projeto ocupa os espaços públicos, porque inclui a comunidade como um todo, tanto na produção do filme, na escolha das locações, como também na exibição, momento em que convidamos as pessoas a ocuparem as praças para prestigiar os artistas locais”, explica a autora do projeto, financiado pelo Fundo de Cultura do governo do estado da Bahia, por meio de um edital de Economia Criativa. As tradições religiosas de matriz africana têm em Cachoeira

FOTOs: Cássius Borges

terreno fértil de expressão – é lá que acontece a Festa da Boa

O grupo já promoveu a criação de filmes em 11 cidades do interior baiano, em todas elas a população pôde apreciar o resultado

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comércio

Luiz Fernando Studart Presidente da Associação Comercial da Bahia

Salvador pode ser mais inteligente Pode causar surpresa a alguns que um presi-

O empreendedorismo, a criatividade, o aprendizado, a inovação e a diversi-

dente de entidade empresarial, um leigo no

dade são características marcantes dessa experiência, apoiando-se numa visão

assunto, portanto, esteja abordando um tema

de atividades econômico-empresariais em “rede”, isto é, com relacionamento

para especialistas. Mas o fato é que, como

sinérgico.

cidadão, preocupa-me o destino da nossa

As cidades inteligentes têm sido usadas, em diversos países, para facilitar

cidade, sobretudo do bairro do Comércio e de

a recuperação de áreas que estão se degradando, sobretudo os centros das

seus habitantes.

cidades. Esse tem sido o seu mais importante papel. Esses centros já possuem

Não há um conceito uniforme e inteiramen-

infraestrutura, mobilidade urbana e residências. Recicla-se a área, redefinem-se

te aceito do que seja uma cidade inteligente.

suas atividades empresariais, culturais e outras, em vez de deixá-la morrer. É

São vários. O que há em comum em todas as

ideal para a instalação de pequenas e médias empresas, desenvolvendo ativida-

abordagens é a utilização da tecnologia da in-

des não poluentes.

formação e comunicação em grande escala, de

A cidade inteligente tem optado por ser de múltiplas utilidades. Nela convi-

forma consciente, tendo como objetivo melho-

vem as atividades empresariais e profissionais, ao lado de atividades de lazer,

rar a sua administração e a vida dos cidadãos,

culturais, educacionais, além de ser utilizada para fins residenciais. Torna-se

buscando a sustentabilidade. As cidades inte-

uma diversidade na unidade. A diversidade facilita a inovação.

ligentes são parte da resposta a um paradigma

É ponto comum nos projetos de cidades inteligentes a participação decisiva

predominante no ocidente de dominação e

de uma agência de desenvolvimento. Ela concebe e implementa o planejamento

exploração da natureza, sem limites.

estratégico, estabelece prioridades, escolhe e organiza as cadeias produtivas,

É uma nova cultura urbana, uma “reenge-

conduz os processos de sinergia.

nharia”, inclusive com reflexos na elaboração

Há pouco, a prefeitura de Salvador lançou, na Associação Comercial da

do orçamento e no controle das decisões pú-

Bahia, o Programa de Incentivo ao Desenvolvimento Sustentável e Inovação

blicas. Sua principal linha filosófica é tornar-

(Pidi), com objetivos semelhantes aos das cidades inteligentes. O bairro do Co-

se uma “cidade para pessoas”.

mércio é o ponto ideal para se implantar o núcleo-piloto que deverá ser criado

A maneira mais corrente de se iniciar um

com esse programa. Tem toda a infraestrutura necessária, é uma área compac-

processo em direção a uma cidade inteligente

ta, de fácil mobilidade e com imóveis disponíveis para abrigar as atividades que

é criar uma área-piloto: um “cluster”. Ou seja,

nela se instalarão. Conecta-se facilmente com outras áreas. A sua parte resi-

uma parceria entre o poder público e a iniciativa

dencial pode ser renovada e ampliada, aproveitando-se os espaços de prédios já

privada de forma criativa, visando produzir

existentes. O bairro do Comércio possui um bom número de universidades que

serviços avançados dentro da ótica da nova

podem se integrar ao projeto. O turismo, atividade importante nesses projetos,

economia, a economia verde: aquela que é mais

pode ser desenvolvido com facilidade: tem o mar, o porto, o mercado, etc. Me-

eficiente no uso de seus insumos, polui menos e

lhores condições seriam impossíveis. Salvador merece ganhar esse novo polo de

procura dar ênfase na reciclagem de materiais.

desenvolvimento sustentável.

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mobilidade FOTO: Shutterstock

Tá tudo parado A capital baiana pode ser estrangulada por um nó. Há carros demais, transporte público de menos e congestionamentos quase diários. Afinal, o que tem sido feito para melhorar? Como deve ser a Salvador ideal? por Murilo Melo

Não cabe mais. Esta é a sensação que motoristas e usuários de ônibus têm ao

congestionadas com frequência, tende a fugir

sair às ruas de Salvador, principalmente em período de pico. Já se tornaram

destes locais. O resultado é que o comércio

rotina para a população os quilômetros de congestionamentos, a luta pelo

fica debilitado, os preços tendem a cair. Daí os

transporte público, o sofrimento diário com as filas em terminais de transbordo

imóveis ficam desvalorizados. A cidade passa a

e a espera pelos ônibus que tardam.

funcionar de forma desordenada”, diz.

De acordo com estimativa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro

O último estudo realizado pela Pesquisa

(Firjan) divulgada em setembro, na região metropolitana de Salvador (RMS),

Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad),

807 mil trabalhadores levaram, em média, duas horas e oito minutos nos des-

do IBGE, em 2012, revela que, em alguns perí-

locamentos entre a casa e o trabalho e do trabalho para a casa, considerando

odos, investimentos em transporte consegui-

apenas os deslocamentos acima de 30 minutos. Os dados são referentes ao ano

ram reduzir o tempo perdido no trânsito, mas,

de 2012. O preço que se paga por este número é alto. Cerca de R$ 3,3 bilhões dei-

depois, tudo volta à estaca zero. “Em Salvador,

xaram de ser ganhos, ou seja, 4,6% de tudo o que é produzido (PIB) na RMS.

o viaduto Eduardo Campos, as mudanças de

“Há prejuízo de conforto físico como o estresse, o que faz com que a popula-

tráfego na região do Iguatemi e as estações de

ção chegue cansada ao trabalho”, explica o economista e mestre em desenvolvi-

metrô melhoraram um pouco”, diz Heliodório

mento urbano da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia

Sampaio, doutor em arquitetura e urbanismo

(Conder) Rodolfo Lujan. “Já a freguesia, quando percebe que algumas vias estão

e professor titular de planejamento urbano

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da Universidade Federal da Bahia (Ufba). “As

Sampaio opina que existe uma inversão da lógica em nosso modelo de

melhorias, porém, duram pouco. Pelo que foi

urbanismo. “Privilegiou-se o uso do transporte individual em detrimento do

visto nos anos anteriores, em outras altera-

coletivo. O que acaba não atraindo. Ninguém que tenha um pouco de poder

ções na cidade, depois de um tempo, as vias se

aquisitivo quer andar em um transporte de baixa qualidade”, completa.

saturam de novo, e o trânsito empaca”, conta.

O secretário de Urbanismo e Transporte, Fábio Mota, culpa a falta de plane-

Segundo ele, isso acontece porque a capaci-

jamento ao sistema de transporte em Salvador realizado nos últimos 40 anos.

dade é inferior à demanda. Existem muitos

“As linhas não tinham contratos licitatórios sérios”, argumenta. Para reverter o

automóveis nas ruas e, para piorar, poucos

quadro, a prefeitura contratou, no fim do ano passado, os consórcios Platafor-

estacionamentos ou estacionamentos caros. O

ma, Ótimo e Salvador Norte, que, segundo Mota, precisaram se adaptar às no-

resultado são veículos parados ocupando me-

vas regras estabelecidas. “Os problemas surgiam e não tínhamos a quem culpar.

tade da via e transformando horários de pico

Agora [com a mudança feita no começo do ano] estamos reestruturando tudo,

num caos. “Mesmo aumentando a oferta de

podemos fiscalizar e exigir. Temos regras claras, com segurança contratual”, diz.

infraestrutura, ainda fica aquém da demanda. Estamos sempre correndo atrás do prejuízo”,

Medidas contra o caos

explica o especialista.

Uma série de obras em avenidas, entretanto, é feita na tentativa de desafogar o trânsito. A primeira etapa dessas obras ficou pronta ainda em 2014, com a

Cerca de R$ 3,3 bilhões deixam de ser produzidos enquanto Salvador está parada em engarrafamentos

duplicação e ampliação da Avenida Pinto de Aguiar, que, junto à Avenida Gal Costa, forma a Linha Azul. Com 12,7 quilômetros, a linha deve contar com dez viadutos, quatro túneis duplos, ciclovias e pista dupla com três faixas cada, incluindo uma exclusiva para o transporte público, até integrar-se ao metrô. Ao todo, serão gastos R$ 647 milhões, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Sedur). Já a Linha Vermelha, formada pelas avenidas

FOTO: Max Haack

Palma da mão Implantado pela prefeitura em agosto, o aplicativo CittaMobi é um recurso que permite que o cidadão tenha acesso aos horários dos ônibus e possa avaliar o serviço oferecido pelas empresas. O aplicativo ganhou força após o anúncio da circulação de ônibus durante a madrugada na capital, em setembro. De acordo com o prefeito ACM Neto, uma nova etapa do app será lançada em breve pela Secretaria de Mobilidade, quando o usuário poderá fazer queixas sobre os motoristas. “A prefeitura tem uma central de operações nas três bacias. Se houver alguma reclamação, acionamos as empresas”, disse Neto.

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mobilidade Orlando Gomes e 29 de Março, terá 20 km de

Pena, a divisão do metrô é injusta. “Se compararmos a extensão dessas duas

extensão por onde devem estar distribuídos

linhas, a quantidade de estações em cada uma e a área por onde passam, pode-

seis viadutos, pontes, ciclovias e pista dupla

mos notar que onde mais se precisa de transporte público é onde há a menor

com três faixas cada.

quantidade de estações e a menor extensão, que é a linha 1”, diz. Questionada, a

Todas essas mudanças têm o objetivo

assessoria de comunicação do governo disse, por meio da Sedur, que os projetos

de garantir fluidez nas principais avenidas.

de mobilidade são pensados e planejados por uma equipe preparada, que conhe-

“Temos focado nossos esforços em áreas crô-

ce a demanda da cidade.

nicas e históricas da cidade, como Iguatemi,

Prometidas para o segundo semestre deste ano, as obras do veículo leve so-

Suburbana e São Joaquim, com a implanta-

bre trilhos do subúrbio (VLT), responsabilidade do governo estadual, e do BRT

ção de projetos de engenharia de tráfego. Os

de Salvador, obra da prefeitura, têm poucas chances de começar. A má notícia é

resultados têm sido satisfatórios nos locais de

consequência do corte de gastos recém-anunciado pelo governo federal. O VLT

intervenção e no tráfego do entorno”, explica o superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller. O rodízio de carros, que impede a circulação um dia por semana de acordo com o final da placa, prática comum em cidades como São Paulo, não está nos planos para ser

Uma das grandes apostas para a mobilidade da capital, o metrô deve chegar até a via principal do aeroporto internacional de Salvador até 2017

aderido em Salvador. “Estamos trabalhando com outras possibilidades”.

“O ideal é que todas estas opções de transporte se completem. A mobilidade para ser sustentável precisa ser integrada”, Ubiratan Félix, especialista em mobilidade urbana e presidente do sindicato dos engenheiros da Bahia Trens e metrô Outra solução para melhorar a mobilidade passa pelo investimento no transporte público de alta capacidade, como o metrô. O governo quer investir mais de R$ 3,6 bilhões para a conclusão da linha 1, que opera em seis estações, totalizando 9,7 quilômetros de extensão, conforme a Sedur. O investimento também passa pela implantação da linha 2, com doze estações. A ideia é que o metrô chegue, em 2017, até a via principal do aeroporto Internacional de Salvador. Segundo o professor de urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Ufba, João Soares 48

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FOTO: Elói Corrêa


do subúrbio substituiria o atual sistema de trens. Totalizando 18,5 quilômetros

Duas rodas

de extensão e 21 estações, o sistema rápido, moderno e não poluente beneficia-

Com o caos no trânsito e alerta à poluição, os

ria mais de 1,5 milhão de moradores do subúrbio ferroviário, enquanto o BRT,

governantes começam a encarar a bicicleta

com um total de quatro complexos, transportaria mais de 200 passageiros por

como um meio de transporte sério e importan-

viagem em cada sentido.

te para a cidade. Redes cicloviárias, bicicletas

Os urbanistas veem Salvador como uma cidade que possui característi-

compartilhadas, bicicletários (exigência de

cas topográficas interessantes, o que possibilitaria o uso de transporte ver-

estacionamentos para bicicletas em lugares

tical, como planos inclinados e elevadores. “Isto nem é algo novo, haja vista

públicos e privados, como shoppings e uni-

o Elevador Lacerda”, diz Pena. “Temos uma ampla área banhada pelo mar,

versidades), eventos ciclísticos e competições

temos a Baía de Todos-os-Santos, onde poderia haver um sistema efetivo de

esportivas ligadas ao setor começam a ser

transporte hidroviário”, analisa.

idealizados, construídos e ampliados. Para isso, um conjunto de ações tem sido

FOTO: Rafael Martins

feito para atender os ciclistas. Entre elas, as estações de compartilhamento de bicicletas assinadas pelo banco Itaú. Com o sucesso da ação, a prefeitura planeja estender para 350 os 100 quilômetros de circuitos cicloviários existentes atualmente. “O objetivo é dar mais espaço para pedestres, para bicicleta, para transporte público de qualidade e menos espaço para os carros”, afirma o presidente da empresa Salvador Turismo (Saltur) e coordenador do movimento Salvador Vai de Bike, Isaac Edington. Para o coordenador da Associação dos Bicicleteiros da Bahia (Asbeb), Maurício Cruz, a infraestrutura da cidade não é exatamente o principal desafio. Ele diz que está longe de os condutores entenderem que o trânsito funciona muito além de carros e ônibus. “Em Salvador, assim como em outras capitais do Brasil, existe a cultura de que bicicleta é meio de transporte usado para o lazer. As pessoas não entendem que muitos usam esse veículo para locomoção em geral, como ir ao trabalho e à faculdade”, pontua. A mobilidade da cidade ideal Mas encher as cidades de ônibus, metrôs ou bicicletas não é a solução, de acordo com o especialista em mobilidade urbana e presidente do sindicato dos engenheiros da Bahia, Ubiratan Félix. “O ideal é que todas estas opções de transporte se completem. O bacana seria se a população A capital baiana começa a enxergar as bicicletas como alternativa para desafogar o trânsito

saísse de casa a pé ou de bicicleta, guardasse o equipamento no metrô ou seguisse em ônibus que fosse capaz de transportá-lo. A mobilidade para ser sustentável precisa ser integrada”. [B+] W W W. porta lBMA I S . CO M. BR

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estacionamentos

Estacionar está caro Depois dos shoppings, agora é a prefeitura de Salvador que pretende mudar a forma de gerir os estacionamentos públicos por Tede Sampaio ilustração Adna Novaes

Pensar os problemas que envolvem a mobilidade urbana em Salvador requer avaliar também os serviços de estacionamento. O tema vem sendo constantemente discutido entre poder público, empresários e sociedade civil, desde que teve início a cobrança pelo uso dos estacionamentos nos shopping centers da capital baiana, em junho deste ano. Até então, Salvador era a única capital nordestina cuja cobrança por este tipo de serviço não era realizada. A mudança, entretanto, não agradou parte da população, que julga abusivo o valor cobrado por estes estabelecimentos, média de R$ 6 pelas duas primeiras horas. Mas o descontentamento não para por aí. Os lojistas dos shoppings também amargam prejuízo, como conta Fernando Ribeiro, diretor do Grupo Sal e Brasa, que viu o faturamento cair 30%. “Iniciamos o debate com os administradores dos shoppings, mas não há nenhuma expectativa de redução da tarifa cobrada”. Desde que a cobrança foi iniciada, o Procon já multou os shoppings de Salvador em aproximadamente R$ 500 mil, decorrente do não cumprimento dos direitos do consumidor. A notícia da intenção da prefeitura de Salvador de conceder a administração da zona azul à iniciativa privada pegou os soteropolitanos de surpresa. Com a proposta de manifestação de interesse (PMI) publicada no Diário Oficial do Município, a prefeitura julga a mudança necessária e considera ineficiente a atual forma de gestão desses espaços. De acordo com coordenador de mobilidade do município, Eduardo Leite, o formato que se tem hoje é defasado e favorece a prestação do serviço informal. “Ele não garante nenhuma segurança tanto aos guardadores quanto aos usuários” afirma. Com uma frota de quase 900 mil carros, Salvador disponibiliza aproximadamente 7.500 vagas na zona azul. A proposta de concessão, segundo Leite, pretende ampliar esse número para 15 mil. “A prefeitura busca projetos que contemplem esse tipo de benefícios, seja através de edifícios garagem ou garagens subterrâneas”, explica. Entre os benefícios citados por ele cabem destaque a informatização do serviço (parquímetros e câmeras de vigilância), facilidade no pagamento (cartão de crédito e débito e aplicativos para smartphone) e cobrança fracionada. Para o diretor de fiscalização do Procon- BA, Iratan Vilas Boas, todavia, a prefeitura deve se atentar no que diz respeito ao valor cobrado por estes espaços para que o consumidor não seja prejudicado. “Ainda é a zona azul que regula o mercado dos estacionamentos. Se assim não fosse, alguns estacionamentos privados aumentariam os valores, pois o mercado ainda é regulado pelo preço”, diz. “Não adianta o projeto garantir mobilidade e segurança se o consumidor não tiver o direito dele garantido”. Na avaliação do presidente do Sindicato dos Guardadores e Lavadores de Veículos Automotores do Estado da Bahia (Sindiguarda), Melquisedeque Souza, a proposta deve ser repensada a fim de garantir o emprego dos atuais guardadores. “Estamos todos muito preocupados com o que pode acontecer. Muitos pais e mães de família vivem desse trabalho”. Esses trabalhadores não possuem garantia jurídica de que serão contratados pela empresa que venha a administrar esses espaços. [B+] 50

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Fórum

Bahia Econômica

PROSPECTANDO O FUTURO www.bahiaeconomica.com.br

16 . 10 . 2015 8h na FIEB-BA Inscrições gratuitas no site: www.bahiaeconomica.com.br

Armando Avena


autos&motos

Ix35 fica ainda mais bonito no Brasil

Roberto Nunes Jornalista especializado na indústria automotiva desde 2002

Crossover é montado em Anápolis e ganha nova frente com faróis maiores e com LED diurnos

Imperial mostra novo CR-V Salvador ganhou uma apresentação exclusiva do novo CR-V. O Grupo Imperial/ Honda abriu as portas da loja de Alphaville para a equipe da marca japonesa mostrar as mudanças no crossover. Vindo do México, o novo CR-V chega apenas em uma versão de acabamento, a topo da gama com motor 2.0 i-VTEC FlexOne, de 155 cavalos a 6.300 rpm e torque máximo de 19,5 kgfm a 4.800 rpm, acoplado ao câmbio automático de cinco marchas e sistema de tração 4x4 integral 4WD.

FOTO: Divulgação

O utilitário da Honda está mais vistoso, com rodas de 17 polegadas, luzes diurnas de LED, faróis renovados de neblina, para-choques mais robustos e de detalhes O Grupo Caoa, importador oficial da Hyundai, promove ações fortes no mercado

em cinza e lanternas com novo desenho

nacional. Em parceria com a marca sul-coreana, a empresa monta (em regime de

ótico. Destaque para o novo painel, ven-

CKD) o caminhão HR e os crossovers Tucson e ix35 em Anápolis (GO).

tilação traseira do ar-condicionado dual

Nos mercados mundiais, exceto o brasileiro, o ix35 vem com “pele” e nome

zone, chave presencial, teto solar, bancos

de Tucson. Aqui, os dois convivem em plena harmonia e, agora, a Hyundai Caoa

em couro e sistema multimídia com tela

lança o New ix35 em três versões de acabamento, todos com motor 2.0 flex de

de 7 polegadas sensível ao toque. Na

167 cavalos, câmbio automático de seis velocidades e novo conjunto frontal.

Bahia, sai por R$ 134.900. Além da capital

C

M

baiana, a ação foi realizada em Recife, Belo

O ix35 nacional sai por a partir de R$ 99.990 e incorporou a grade hexagonal

Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.

com divisórias bem definidas, faróis maiores e com luz de posição em LED. O

Y

para-choque é quase uma peça só, integrando toda a parte frontal do crossover,

CM

que traz ainda uma traseira com lanternas e conjunto óptico redesenhado.

MY

O modelo vem, de série, com maçanetas cromadas, rodas de 18”, rebatimen-

CY

to elétrico dos bancos, ar-condicionado, volante multifuncional, entre outros

CMY

itens. Mas os mimos chegam a partir da versão intermediária, com ar-condi-

K

cionado digital de duas zonas, piloto automático, navegador GPS, partida por botão e rack de teto – custando R$ 109.990. Há ainda um pacote bem amplo de equipamentos na sua versão topo da em couro, lanterna com LED, teto solar panorâmico, air bags laterais e de cortina, multimídia com câmera de ré, protetores plásticos nas laterais, controles de tração e estabilidade e assistente de frenagem em declives. 52

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FOTO: Divulgação

gama, que custa R$ 122.990 e vem com bancos, volantes e manopla do câmbio


na pista Imperial mostra novo CR-V Franco Puglia, gerente de vendas do Grupo Sammar (única revenda Kia com três lojas em Salvador), já comercializa o Picanto com câmbio manual e o novo Sorento. O hatch sai por R$ 39.990 e traz o bom motor 1.0, de três cilindros, o mesmo flex do HB20. Já o Sorento vem só na versão topo FOTO: Divulgação

da gama, com motor 3.3 V6, de 270 cv, câmbio automático de seis velocidades, direção elétrica, tração 4x2 e configuração para transportar sete pessoas. O preço (R$ 185.900) é para brigar com SantaFe, Edge e Discovery Sport.

Com tudo o que tem direito A Chevrolet ataca a chegada da picape Oroch, da Renault, com a versão Advantage da picape média S10. O modelo tem como base a configuração LT, com cabine dupla, tração 4x2 e motor 2.4 flex, de 147 cv, auxiliado pelo câmbio manual. Sai por R$ 86.900 e, de série, inclui rodas de 16, MyLink, ar-condicionado, computador de bordo, controle de velocidade, faróis de neblina, setas nos retrovisores e banco de motorista e direção com regulagem de altura.

De cara nova Thiago Bonina, da Bahia Vip (revenda Lifan), comemora a chegada do novo X60, o carro chinês mais vendido no Brasil. Ganhou novo visual e melhorias na suspensão. Mas Bonina aposta na versatilidade do caminhão Foison para quem deseja montar um food truck, serviço já regulamentado na capital baiana. O Foison tem motor 1.3 a gasolina, de 80 cv, e funcionalidade para montar vários tipos de carroceria.

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hotelaria

Turismo Abaixo da média Turismo de Salvador perde espaço para outras capitais nordestinas e trade hoteleiro amarga a pior média de ocupação dos últimos 14 anos

FOTO: CVNorte

por Tede sampaio

Preocupados com o futuro, profissionais do setor turístico não esperam boas notícias a curto prazo

Com a cotação do dólar nas alturas, 78% dos brasileiros dispos-

estabelecimentos. “Antes disso, nós tínhamos a média anual de

tos a viajar pelos próximos seis meses o farão pelo próprio país,

66% de ocupação na cidade”.

é o que revela o boletim mensal da Sondagem do Consumidor

O levantamento realizado nos 28 maiores hotéis de Salvador

divulgado pelo Ministério do Turismo no mês de setembro.

apresenta os piores resultados desde 2001, quando a pesquisa

A pesquisa também mostra que o Nordeste continua como o

mensal sobre hospedagem teve início. Pessoa explica que 450

principal destino, com 44,9% da preferência, sendo Salvador a

hotéis estão em atividade na cidade, somando 40 mil leitos.

capital nordestina mais desejada entre os turistas domésticos.

“Nos últimos cinco anos, incentivados pelo poder público muni-

A realidade vivida pelo setor turístico na capital baiana de

cipal e estadual, criamos cerca de quatro mil leitos por causa da

janeiro a agosto de 2015, entretanto, revela um cenário menos

Copa do Mundo. O problema é que não foi feito um estudo de

otimista. Dados apresentados pela Federação Baiana de Hos-

viabilidade econômica, e isso criou uma sobreoferta” afirma.

pedagem e Alimentação (FeBHA) revelam que, nesse período,

Para amenizar o impacto da crise vivido pelo setor, ele ex-

a média de ocupação nos hotéis em Salvador foi de 54,58%,

plica que os hotéis congelaram os preços e estão ofertando pa-

quase quatro pontos percentuais abaixo do índice registrado

cotes promocionais como forma de atrair o turista, mas a atual

na mesma época do ano passado. O presidente da FeBHA,

situação da cidade não colabora para reverter esse quadro.

Silvio Pessoa, explica que, nos últimos três anos, os hotéis

“Perdemos espaço no turismo de praia, o Centro de Conven-

não conseguiram atingir a média anual de 60% de ocupação,

ções está fechado e até mesmo o clima não nos favorece, já que

porcentagem considerada crucial para a sobrevivência desses

tivemos mais de 100 dias de chuva”.

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Depois de Itapuã e Piatã, os novos equipamentos serão instalados no Jardim de Alah, Barra, Rio Vermelho, Ribeira, Tubarão e São Tomé de Paripe

À frente desses empreendimentos estão as empresas Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, Holz Engenharia e o consórcio RPH Engenharia e Lazer Salvador Empreendimentos, que venceram a licitação municipal realizada no ano passado. Juntas, pagarão R$ 5,2 milhões de outorga à prefeitura municipal, com prazo de concessão de 15 anos. Turismo de negócios Durante a baixa estação o movimento turístico no Nordeste se concentra nas viagens de negócios. Também nesse ponto, a capital baiana tem perdido

FOTO: Valter Pontes / Agecom

espaço para outros destinos, a exemplo de Recife e Fortaleza. Segundo pesquisa encomendada pela Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), Salvador é destino de 8% dos passageiros que utilizam as companhias aéreas em viagens de negócios. Embora Recife e Fortaleza tenham crescido mais que Salvador na atração de eventos e congressos, ambas ainda estão abaixo da capital baiana no ranking divulgado pela Abracorp, com 5% e 3%, respectivamente. Será que dá praia?

O motivo, como afirma o presidente da FeBHA, se dá prioritariamente pelo

Desde agosto de 2010, com a derrubada das 352

fechamento do Centro de Convenções de Salvador. “O Centro de Convenções é

barracas espalhadas ao longo dos 50 quilôme-

o que capta grandes congressos e eventos que ajudam o setor durante a baixa

tros de orla marítima de Salvador, houve uma

temporada; sem ele, os eventos migram para outros destinos”. Fechado para

retração no seguimento turístico de praia e

reforma desde julho deste ano, o espaço já vinha apresentando problemas

sol. A falta desses equipamentos faz com que

decorrentes da falta de manutenção.

os visitantes migrem para outros destinos no

De acordo com o secretário estadual de Turismo, Nelson Pelegrino, o prédio

Nordeste. Na tentativa de reverter a situação,

passa por uma reforma emergencial que visa à recuperação de vigas, escadas

a prefeitura municipal dá prosseguimento

de incêndio e estruturas metálicas. “A requalificação do espaço está sendo rea-

ao plano de requalificação desses espaços.

lizada pela Metro Engenharia e Consultoria Limitada, com valor estimado em

Segundo o secretário de Turismo de Salvador,

R$ 5,3 milhões. Uma segunda licitação será realizada no valor de R$ 9 milhões e

Érico Mendonça Júnior, este é um ponto de

tem como função a instalação dos equipamentos de climatização no segundo e

grande relevância para a retomada do turismo

terceiro andares do prédio”. Ainda segundo o secretário, uma terceira interven-

na capital baiana. “Já reurbanizamos as orlas

ção visa à recuperação do Teatro Iemanjá, com reparação do forro,

da Barra e do subúrbio ferroviário e segue a requalificação das orlas de Itapuã, Piatã, Rio Vermelho e Jardim de Alah”. O secretário afirma, porém, que, por determinação da Justiça, as barracas não mais

Com investimento de R$ 28 milhões, o Mercado do Rio Vermelho foi reinaugurado em junho de 2014 e conta com 183 boxes distribuídos em uma área construída de 8.735 m²

voltarão à areia das praias. Elas serão substituídas por quiosques, localizados fora da área da Marinha. As praias de Itapuã e Piatã serão as primeiras contempladas e passarão a contar com 32 dos 100 novos equipamentos. “São quiosques de 30, 50 e 100 m² que atenderão o público local e o turista, dando mais conforto FOTO: Raul Golinelli / GOVBA

àqueles que vão usufruir das nossas praias”, adianta o secretário. As estruturas incluem mesas, cadeiras e sombreiros e vão abrigar bares, cafés e lanchonetes, para atender a uma demanda variada. W W W. porta lBMA I S . CO M. BR

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hotelaria “Salvador tem uma riqueza cultural imensa que vem sendo dilapidada. A Feira de São Joaquim e a Ceasa do Rio Vermelho são exemplos de como a intervenção na infraestrutura esqueceu o maior legado desses locais, que são as pessoas”

FOTO: Alberto Coutinho/Agecom

Enquanto o Centro de Convenções estiver interditado, a Arena Fonte Nova, o Parque de Exposições e a rede hoteleira serão alternativas para a realização de eventos

Francisca de Paula, especialista em configuração do turismo na Bahia troca dos tirantes de sustentação e de carpetes, requalificação das escadas rolantes, elevadores e divisórias do quarto andar. “A finalização dos estudos está em curso. Depois, eles terão custos

O novo centro de Convenções

avaliados e seguirão para providências adminis-

No pacote de novos investimentos anunciados pelo governo estadual no mês de julho deste ano, está a construção de um novo centro de convenções numa área ocupada atualmente pela Marinha do Brasil no Bairro do Comércio. O governador Rui Costa afirma que a mudança tem como propósito alinhar a funcionalidade do equipamento às belezas naturais e culturais da Baia de Todos-os-Santos e do Centro Histórico de Salvador. “Um centro de convenções no Comércio tem em seu entorno uma baia belíssima e o Centro Histórico, essa maravilha que o mundo todo admira. Portanto nós temos dois ingredientes que servem de atração para disputarmos não apenas eventos nacionais, mas também os internacionais”.

trativas. A previsão para reabertura do Centro de Convenções da Bahia é 2016”, completa. Turismo consciente Para a professora Dra. Francisca de Paula, especialista em configuração do turismo na Bahia, o problema vai muito além da questão da infraestrutura. Segundo ela, o setor nunca foi considerado uma atividade prioritária para o poder público e, por este motivo, não possui definidas políticas públicas que articulem o desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental. “Comunidade, destinos, monumentos, patrimônio histórico... Tudo é transformado num grande pacote, numa mercadoria. Isso enfraquece as motivações de viagens das pessoas”. A especialista explica que Salvador é pouco valorizada ao se considerar a sua importância

Apesar de ainda não ter definido uma data para o início da obra, o governador se diz determinado à construção do novo centro de convenções. “Não há nenhum empecilho por parte da Marinha, até porque eles também já desejavam a mudança para a Base Naval de Aratu. Estamos definindo o que eles desejam lá (Aratu) para elaborarmos um calendário para retirada da corporação e início das obras no Comércio”. Enquanto o equipamento permanece interditado, a Arena Fonte Nova, o Parque de Exposições e a Rede Hoteleira se tornaram alternativas para a realização de eventos.

histórica e cultural. Ela chama ainda a atenção para um novo processo de higienização vivido pela cidade. “Além de ser a primeira

Enquanto isso, para trazer de volta o turista para Salvador e amenizar

capital do país, Salvador tem uma riqueza

os efeitos da crise vivida pelos empresários do setor, a prefeitura aposta na

cultural imensa que vem sendo dilapidada.

criação de um calendário de grandes eventos festivos. Entre eles, destacam-se

A Feira de São Joaquim e a Ceasa do Rio Ver-

o Réveillon e os festivais da Primavera, da Cidade e o Salvador Jazz. “Outros

melho são exemplos de como a intervenção

ainda virão, estes eventos estão sendo pensados para fortalecer a capacidade de

na infraestrutura esqueceu o maior legado

Salvador poder voltar ao seu lugar de destaque no turismo nacional e interna-

desses locais, que são as pessoas”.

cional”, afirma Érico Mendonça. [B+]

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centro histórico

Não só para turista ver FOTOS: Divulgação

Iniciativas públicas e privadas buscam melhorias para o Centro Antigo que vão além do interesse pelo turismo na região por Lorena dias

Um local onde as pessoas possam passear, morar e trabalhar. Esta é a ideia do empresário Antonio Mazzafera para o Centro Histórico de Salvador. O mineiro, da Fera Investimentos, foi o responsável pela compra do Palace Hotel e diversos outros imóveis localizados na Rua Chile. “A cidade de Salvador cresceu bastante para o eixo norte, como é o caso dos bairros da Pituba, Iguatemi e a própria região da Paralela. Mas eu acho que os soteropolitanos precisam olhar para esse grande artigo que nós temos, que é uma região de grande potencial, para a gente poder desenvolver essa área novamente”, defende Mazzafera. O empresário foi apresentado ao projeto do Palace Hotel em 2011, em uma de suas visitas à Bahia. “Fiquei apaixonado pelo Palace e comecei a vislumbrar a possibilidade de nós comprarmos para reformá-lo e transformá-lo novamente em um hotel de luxo, posição que ele ocupou por muitas décadas”, conta. Com investimento de R$ 50 milhões, o projeto do Palace prevê 81 apartamentos, 12 suítes, além de lojas, bares, restaurantes e uma piscina na cobertura. A reforma deve durar por mais 12 meses e a abertura do hotel está prevista para o fim do primeiro semestre de 2016. 58

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Passado e futuro: projeto do Palace prevê apartamentos, além de lojas, bares, restaurantes e uma piscina na cobertura


FOTO: Rafael Martins

Projeto “Pelas Ruas do Centro Antigo” deve investir R$ 123 milhões na melhoria da infraestrutura urbana em mais de 200 ruas dos 11 bairros que integram o Centro Antigo de Salvador

Reabilitando o território

Questão social

Mas o projeto de Mazzafera não tem apenas o objetivo de

Para Cícero Melo, diretor da Associação de Moradores e

encantar turistas. Além da reforma do Palace Hotel, a Fera In-

Amigos do Centro Histórico de Salvador (Amach), não basta

vestimentos também pretende construir prédios residenciais,

apenas revitalizar casarões e fazer melhorias na infraestrutu-

escritórios e um estacionamento. “Temos que montar uma rede

ra da região, é preciso pensar na função social, especialmente

de serviços que atraia as pessoas para morar nessa região”.

dos imóveis. “A execução de reformas materiais, de fachadas,

A Diretoria do Centro Antigo de Salvador (Dircas), órgão

de praças e ruas, acontece. Mas o social não se desenvolve, e é

do governo estadual, avalia de forma positiva os investi-

por isso que vivemos essa crise, com essa questão social que

mentos do setor privado na região. “A implantação de novos

não avança”, desabafa Cícero.

negócios, serviços ou moradias é indicativo de que é possível

Um dos grandes orgulhos da Amach é a Cozinha Comu-

reabilitar o território e resgatar sua importância histórica, a

nitária do Pelourinho, resultado de uma parceria com o go-

exemplo da Rua Chile, uma das mais tradicionais da capital

verno do estado, que foi inaugurada em julho. “Esse projeto

baiana, cujo apogeu durou até meados da década de 70 do

vai possibilitar a produção de refeições a preços populares e

século passado”, afirma o diretor Mateus Mathias. O Dircas

a formação da cooperativa de trabalhadores do Pelourinho,

tem trabalhado no projeto Pelas Ruas do Centro Antigo,

que vai fazer a gestão desse empreendimento comunitário”,

pelo qual o governo do estado vai investir R$ 123 milhões na

explica Cícero. Segundo o diretor da Amach, além de gerar

melhoria da infraestrutura urbana em mais de 200 ruas dos

emprego e renda, o projeto também envolve uma creche e

11 bairros que integram o Centro Antigo de Salvador, onde

escola infantil, para dar apoio às famílias que fazem parte

residem 77 mil pessoas.

da cooperativa. W W W. porta lBMA I S . CO M. BR

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centro histórico De acordo com a Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza, o Centro Antigo é uma das áreas de Salvador com maior concentração de população em situação de rua. Por mês, a Semps investe cerca de R$ 1,7 milhão em unidades de acolhimento, três delas localizadas nas proximidades do Centro Histórico. “Além disso, nós temos uma equipe permanente de assistentes sociais e psicólogos para fazer abordagem às pessoas que estão em vulnerabilidade oferecendo alguns dos nossos serviços, desde a inclusão no Bolsa

“Temos que montar uma rede de serviços que atraia as pessoas para morar no Centro Histórico”, Antonio Massafera

Família à distribuição de cesta básica”, explica o secretário Bruno Reis. Patrimônio Mundial O Instituto de Arquitetos do Brasil na Bahia (IAB-BA) concorda com o pensamento da associação de moradores. “O principal problema do Centro Histórico de Salvador é de ordem social, econômica e da segurança pública. A cidade que é boa para a sua população certamente será excelente para o turismo”, defende Solange Souza Araújo, presidente do instituto. Mas o estado de conservação dos imóveis da região também continua a preocupar o IAB-BA. No início do ano, o instituto, ao lado de outras entidades, encaminhou um documento para a Unesco, em Paris, solicitando a inclusão do Centro Histórico na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo após a demolição de 31 imóveis. “Cem outros imóveis estão ameaçados de ruir e tacitamente sujeitos a ser demolidos”, acrescenta Solange, apreensiva com o futuro do Centro Histórico, que, desde 1985, é reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade. Até o fechamento desta edição, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) não se posicionou sobre o caso. Enquanto isso, aos poucos vem sendo resgatada a história de um dos principais imóveis da região. “Tinha muito da estrutura do Palace Hotel que já estava comprometida. Então, o trabalho hoje é muito artesanal, de restauração e recuperação, porque é um edifício muito delicado, com quase 100 anos de idade”, comenta Antonio Mazzafera, que, preocupado com o resgate da história do prédio, encomendou uma réplica da fachada do Palace, com o mesmo revestimento que era usado em 1934. “Um prédio moderno você encontra em qualquer lugar do mundo. Mas prédios com aspectos históricos e com essa vista para a Baía de Todos-os-Santos, isso é único, só a Bahia tem”, afirma o mineiro. [B+] 60

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FOTO: Divulgação



uma pergunta

Uma Russo pergunta Passapusso para

O músico e compositor Russo Passapusso tem se destacado na nova geração da música popular produzida na Bahia. Atualmente, ele concilia o projeto autoral que comemora seus dez anos de carreira, o “Paraíso da Miragem” (2014), com os shows do grupo BaianaSystem, do qual é vocalista. Sujeito cosmopolita, Russo veio do interior do estado para a capital baiana ainda adolescente e estreitou seus laços com a música e a cidade de Salvador por Lorena Dias

O BaianaSystem costuma fazer muitos shows no Centro Histórico. Por causa disso, fãs de outros bairros da cidade passam a frequentar esse local. Você acredita que a música tem o poder de aproximar as pessoas da cidade? “A gente tem o Carnaval aqui e a gente vê isso, né? A música tem esse poder de aproximar e de afastar também. Os movimentos de Salvador estão muito relacionados aos lugares. Eu vejo o Pelourinho como uma interseção, que tem uma relação de unir tudo ali. As pessoas podem morar lá em Stella Maris, mas elas caminham ali pelo Pelourinho e são parte desse núcleo. É mais natural você compreender as misturas dentro do Pelourinho. Fato. Por todo o histórico daquele bairro. Por todo o conteúdo que o Pelourinho tem, um conteúdo das coisas mais próximas da nossa época e das coisas mais antigas. O sofrimento e as alegrias. Então, isso aí é uma energia que eu acho que a pessoa só sente naquele lugar. Hoje em dia, o que é mais importante é quebrar esses estereótipos de lugares de Salvador. Valorizo muito o Pelourinho, é a casa, o celeiro, é história. Mas é importante levar de cada lugar esse respeito e essa força que o Pelourinho tem. Então, junto com meus amigos, em diversos projetos, não só no Baiana [System], a nossa intenção é justamente transformar os lugares que a gente toca com a música. Vamos tocar lá, vamos fazer a mensagem e aquele lugar vai virar o quê? Uma transparência do que a gente está querendo falar. Sem estereótipo, sem olhar a cor, a religião, o credo, de onde a pessoa veio, se ela gosta disso Foto: Fábio Bitão

ou daquilo. A gente tem que colocar esse ambiente e fazer aquilo tudo ser harmônico dentro daquele lugar. Deixa de ser aquela história de que para tocar rap tem que estar em tal lugar, para tocar rock ou para tocar samba-reggae tem que estar em tal lugar. Ter traços de tudo ali mostra que a gente pode colaborar e contribuir”.

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segurança

“O maior combate que se faz ao crime é na fiscalização do trânsito”

De que forma as blitzes contribuem para a redução da violência? O Brasil retirou da polícia o poder de fiscalizar o trânsito e entregou para o município. Com isso, se diminui a quantidade de viaturas de polícia e circulam apenas as dos agentes de trânsito, que não possuem poder de polícia. Nenhum bandido tem medo deles. Nós estamos fazendo blitz com a Polícia Militar porque deixamos de fiscalizar o trânsito com ela. Isso seria um procedimento contínuo. Se essas blitzes são adequadas em

Em entrevista à [B+], o especialista Carlos Alberto da Costa Gomes, coordenador do Observatório de Segurança Pública da Bahia, critica e aponta as principais mudanças que devem ser feitas no estado

engarrafamentos? Não, porque cria oportunidade para gerar

por Lorena dias

Gostaria de dizer que a principal arma é a educação, mas não é.

insegurança, gerando o momento propício para o crime. Mas no mundo inteiro o maior combate que se faz ao crime é na fiscalização do trânsito. Qual a principal arma no combate à violência? É o funcionamento do sistema de contenção da criminalidade. No Brasil, o estado com a menor taxa de homicídio é São Paulo. E o que é que ele fez? Prendeu. Mas você fala que “o presídio é horrível”. Sim, mas é o local onde se guarda quem está cometendo crime. Enquanto ele estiver dentro do presídio, não vai estar cometendo crime na rua. Não resta dúvida de que a melhor coisa do mundo é investir em escola. Mas você não pode trazer isso para o campo da opção, entre investir em escola ou investir em segurança. O estado da Bahia tem a maior taxa de homicídio do país porque é um dos estados que têm um dos menores números de vagas prisionais. Com frequência o poder público orienta a população a tomar al-

FOTO: Rômulo Portela

gumas medidas para evitar sua exposição à violência, como, por exemplo, permitir que os motoristas passem no sinal vermelho após as 22h. O senhor acredita que essas orientações podem soar como transferência de responsabilidade para o cidadão? Não só como transferência de responsabilidade, mas soa No último levantamento divulgado pela Secretaria da Segu-

também como falência do estado. No mundo todo existe um

rança Pública, houve redução no número de crimes contra a

planejamento em relação às áreas onde os fatores criminológi-

vida na região metropolitana. Mas, para a população, a sensa-

cos aumentam, e é nessas áreas que se concentra a polícia. Aqui,

ção de insegurança tem aumentado. Por que isso acontece?

a gente tem polícia em locais que não precisam. E essas orienta-

Essa sensação é uma avaliação intuitiva que se faz do ambiente

ções, como permitir passar no sinal vermelho, seriam motivo de

onde se vive. Segundo dados do Datasus, do Ministério da Saúde,

piada lá fora. Você coloca a vida da pessoa em risco, permitindo

a Bahia superou todos os demais estados no número de homicí-

que ela ultrapasse em local sinalizado, por causa de um risco

dios em 2010. Daquele ano em diante passamos a ser o estado com

maior que é o de ser assaltado.

o maior número de homicídios contados corpo a corpo, embora a Bahia possua 1/3 da população do estado de São Paulo. Desta

Qual o principal desafio do nosso estado?

forma o sentimento de insegurança se instalou e não vai nos

O maior desafio da Bahia em relação à segurança é assumir que

deixar ao ser anunciada uma redução de 5% ou 10% na região me-

o estado vai precisar dobrar o efetivo das forças de segurança,

tropolitana, mas que não informa que no total, em todo o estado,

tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar, se quiser prover

continuamos com números enormes e sem tendência de queda.

uma segurança adequada à população.

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R evista [ B+ ]

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foto: Rômulo Portela

apresenta

Nascidos para servir Empresa genuinamente baiana e líder no setor de auditoria e consultoria, a Performance completa 25 anos com uma cartela fiel de clientes Fundada em 1990, em Salvador, a empresa de auditoria e consultoria Performance tem muito a comemorar. A companhia ostenta uma longa lista de clientes fiéis que a acompanham durante os 25 anos de história. “O setor de serviços não tem a característica de manter clientes por um longo período, conseguimos esse mérito porque prestamos um serviço de qualidade e desenvolvemos confiança ao longo desse tempo”, comenta Renato Mendonça, sócio-diretor da Performance. Respeito ao cliente é a frase que resume bem a equipe de 80 funcionários da Performance, que atendem parceiros como a construtora Odebrecht, a Cardiopulmonar, a Santa Casa de Misericórdia, o Hospital Português, a Universidade Católica e o Grupo Aliança da Bahia, que está com a empresa desde sua fundação. Comprometido com o seu pessoal, Mendonça acredita no poder da meritocracia e na valorização do grupo com o qual trabalha. Pela Performance já passaram diversos nomes do setor contábil/ financeiro que foram formados dentro das paredes da sede da 66

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empresa no Salvador Trade Center, na capital. O diretor Marcos Ricardo, por exemplo, começou na empresa como estagiário em 1999. “A Performance tem nítida preocupação e vocação para a formação de seus profissionais, proporcionamos treinamentos internos e externos nos mais diversos campos de atuação”, comenta. “Isto decorre de sua cultura de respeito aos clientes”, completa.

Perspectivas A crise parece não amedrontar os planos de crescimento da Performance. Muito disso se deve ao fato de o trabalho de auditoria e consultoria permitir que um número considerável de clientes seja atendido sem a necessidade de uma base fixa. Por isso, a empresa deseja ampliar suas atuações no Norte e no Nordeste nos próximos anos. Para o diretor, o aniversário da empresa soa como o pontapé inicial para o futuro. “O nosso desafio é continuar firmes no compromisso de prestar um ótimo serviço”, comenta Mendonça. “Estamos prontos para os próximos 25 anos”.


linha do tempo

1990

A Performance é fundada

1992

Primeiro contrato de auditoria da Performance com a Aliança da Bahia (cliente até hoje)

1995

Início do projeto PSE na Odebrecht (vigente até hoje)

1999

Lançamento do primeiro site da Performance, uma das iniciativas pioneiras na Bahia

“Nosso combustível são as pessoas” Renato Mendonça, sócio-diretor da Performance

2003

Início dos trabalhos internacionais (Angola)

O senhor entrou na Performance dois anos após a abertura da empresa. Como se deu essa história? A Performance foi fundada por profissionais egressos de outras empresas de auditoria e consultoria empresarial, em 1990. Em 2002, a empresa começou a sentir falta de um parceiro que pudesse desenvolver a atividade de auditoria, já que eles militavam na área de consultoria tributária. Foi aí que eu vim para a Performance. Os sócios fundadores foram saindo e seguindo outros caminhos, e fiquei eu. Qual o segredo para ter clientes fiéis durante todos esses anos? Na prestação de serviço é muito raro ter um cliente permanente. O comprador compra o serviço quando precisa. Grupo Aliança, Santa Casa, Hospital Português, Odebrecht estão conosco há muitos anos, alguns desde a fundação da empresa. Mas serviço é um produto único, cada cliente requer uma abordagem diferente. A relação é muito focada na confiança. O serviço depende da relação com os clientes. Quando somos observados como confiáveis, a relação fica mais fácil. Qual o balanço que o senhor faz desses 25 anos? A nossa firmeza de propósitos, a nossa filosofia sempre perseguida de formar pessoas e servir com qualidade. Aqui a gente tem algumas regras: o aspecto comercial não pode prejudicar a qualidade do serviço. Temos que ter respeito às pessoas, ao cliente. Compromisso em ofertar um serviço de alta qualidade. Porque é isso que nos sustenta, o que formou esses 25 anos e formará outros 25.

2006

Obtenção, pelo segundo ano consecutivo, do selo Valor Carreira “As Melhores na Gestão de Pessoas”

2009

Realização de outros trabalhos internacionais em Cuba, Venezuela, Uruguai, Peru, Argentina, Líbia, Tunísia, Moçambique, África do Sul, etc.

2013

Auditoria no Esporte Clube Bahia

2015

A Performance completa 25 anos e não quer parar tão cedo

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sabor

Apoio:

De lamber os dedos Gabriel teve a sua primeira experiência com cozinha aos 16 anos, quando trabalhou numa rede de fast-food

A mistura do sabor com a praticidade aproximou a comida do chef Gabriel Lobo às ruas de Salvador por Tede Sampaio fotos Rômulo Portela

A reocupação dos espaços públicos em Salvador pode ter um gostinho bem especial, ao menos para aqueles que visitam as feiras realizadas em praças e parques da cidade. Eventos como Food Park Salvador e Feira da Cidade reúnem, no mesmo ambiente, atividades culturais e comida, muita comida de rua. Um dos chefs responsáveis por essa tendência é Gabriel Lobo, baiano de ascendência espanhola e especialista em charqueteria e açougue. Para ele, a função dessas feiras vai muito além de levar as pessoas aos espaços públicos, elas incentivam o poder público a cuidar desses locais. “Além de a gente fornecer uma opção de lazer para o cidadão, abrimos os olhos dos órgãos responsáveis para a revitalização desses espaços, uma vez que eles estão sendo ocupados durante esses eventos”, explica. Apesar de recente, a cultura do food truck se estabeleceu em Salvador. As comidas com toque gourmet, mas feitas dentro de minicaminhões, são opção barata para os frequentadores e uma oportunidade para que empreendedores faturem e apresentem sua comida a um número maior de pessoas. Foi o que aconteceu com Lobo, que comanda a cozinha do restaurante Amadinho, no Mercado do Rio Vermelho. Durante o Food Park, evento itinerante que leva os food trucks aos parques da cidade, ele é responsável pelo Guerrilha Truck, caminhão cuja especialidade é a comida de raiz, ou “comida de vó”, como ele costuma chamar. Para a [B+], o chef apresenta uma receita especial de comida de rua, o sanduíche de cupim com molho vinagrete. Uma mistura de sabor e crocância que nos fez entender por que é crescente o número de pessoas que visitam os eventos de rua.

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RECEITA

sanduíche de cupim com molho vinagrete

Ingredientes

Modo de preparo

• 500 g de cupim bovino

Corte a carne em cubos médios e tempere com

• 1 dente de alho

sal e pimenta. Em uma panela, doure a carne

• 2 colheres de sopa de

com azeite de oliva e adicione o alho picado

azeite de oliva

para dourar junto com a carne. Adicione 1/3 de

• 1 tomate

líquido na panela, que pode ser um caldo de le-

• ½ pimentão verde

gumes ou água, deglaçando a panela. Abaixe o

• 1 cebola branca

fogo. Assim que o líquido secar, adicione mais

• 1 colher de sopa de suco de limão

1/3 de líquido. Repita a operação até a carne

• 1 barra de pão do tipo baguete

ficar macia. Esse processo deve durar em torno

• 100 g de queijo provolone

de 45 minutos. Corte os legumes e faça um mo-

• 1 litro de caldo de legumes

lho vinagrete cítrico e tempere com cheiro-ver-

• Sal e pimenta do reino preta a gosto

de. Corte o pão, monte uma camada de queijo

• Hortelã, cebolinha e coentro a gosto

provolone, uma camada da carne desfiada e por último uma porção do vinagrete.

BENS LE

OR SAARABNTIDO BENS LE

G

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informe publicitário

Tempero de Vovó Dalva Um pedacinho da casa da vovó durante a sua viagem à capital

fotos: Caio Mariniello

Diferencial: a ideia do restaurante é oferecer o famoso tempero caseiro em todos os pratos

O cheirinho do ambiente logo traz à memória aqueles dias de domingo, cuja tradição sugere reunir a família para degustar a comida tradicionalmente caseira preparada pela avó. Essa é a sensação ao adentrar no restaurante Vovó Dalva, localizado na margem da BR-324, sentido Feira de Santana – Salvador. Uma parada obrigatória entre o interior e a capital para aqueles que prezam pelo verdadeiro sabor da comida regional baiana. O nome do restaurante não é por acaso. Grande parte dos pratos servidos no buffet foi criado pela própria vovó Dalva, como contam Paulo, Roberto e Antônio de Almeida, irmãos e sócios no estabelecimento. “O objetivo do espaço é fugir do estereótipo de restaurante de ‘beira de estrada’ e oferecer ao visitante um conceito diferenciado, com o verdadeiro tempero da vovó”, explica Paulo. A responsabilidade de transmitir aos pratos o sabor criado por vovó Dalva fica a cargo de dona Nancy, que sempre manteve a sua história relacionada à culinária e, assim como a matriar70

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ca da família Almeida, sente prazer em cozinhar para outras pessoas. “O segredo é gostar do que se faz, e eu realmente gosto de cozinhar. É muito gratificante perceber que as pessoas têm a sensação de que estão em casa”. Questionada sobre um possível segredo no tempero, ela, entre sorrisos, revela que cada um dá um toque especial às receitas. Entre os pratos preparados pela equipe de dona Nancy, Roberto chama a atenção para o ensopado de carneiro e para a feijoada de andu. Segundo ele, ambos os pratos seguem à risca a receita de vovó Dalva. “A feijoada de andu é um prato exclusivo de nossa avó e conquista a todos que experimentam. Temos relatos de pessoas que saem do interior em direção à capital e programam a viagem para, ao meio-dia, almoçarem em nosso restaurante, só por causa dessa feijoada. Isso para nós é gratificante”, conta. O buffet conta ainda com diversos outros pratos regionais, a exemplo da maniçoba, rabada, feijoada carioca e comida baiana, além de uma variedade de massas, saladas e grelhados.


Café da manhã Além do almoço, o restaurante Vovó Dalva também oferece o serviço de café da manhã, e mesmo esse não foge à regra, já que grande parte dos pratos servidos são receitas tradicionalmente caseiras. Entre as 6h30 e as 11h da manhã, o visitante tem à sua disposição cuscuz de milho, aipim, batata-doce, bolinhos de estudante, bolos, pães e queijos. “Todos os nossos produtos são feitos por nossa equipe, inclusive os pães. Temos pão integral, pão francês, pão de milho... tudo com um gostinho de interior para agradar aos mais diversos paladares”, explica Paulo.

Ambiente sofisticado e aconchegante O espaço amplo e climatizado, com capacidade para cerca de 150 pessoas, chama a atenção pela estrutura colonial e pela decoração, que mistura bom gosto e elegância. Nas paredes, panos de chita dividem espaços com telas modernistas e fotografias urbanas. A cristaleira e o relógio antigo na parede reproduzem uma pequena sala de descanso. Tudo para passar aos visitantes a ideia de que ele está realmente em casa. Na recepção, vários objetos e lembrancinhas, como canecas, doces caseiros e misturados de pimenta, são uma opção a mais para quem passa pelo local. A intenção, segundo Roberto, é que aqueles que visitam o Vovó Dalva possam levar um pouco desse aconchego para os familiares e amigos. “Nossa intenção sempre será deixar os nossos visitantes com vontade de voltar”.

Comida regional: ambiente amplo, arejado, mobiliado e 100% climatizado para oferecer conforto ao visitante

Cardápio: o menu foi desenvolvido pela equipe de dona Nancy, que segue à risca as receitas de vovó Dalva

Para aqueles que estão com muita pressa, mas não abrem mão de um bom lanche enquanto abastecem o tanque de combustível do carro no posto que faz parte do complexo Vovó Dalva, o pastel é uma boa pedida. O salgado é o mais solicitado pelos clientes, que contam ainda com 12 outras opções de lanche. O sucesso é tamanho que o Posto Dalva já é carinhosamente chamado por alguns clientes como o “Posto do Pastel”. Restaurante Vovó Dalva Endereço: Rod. BR 324, Km-47, Candeias - BA Telefone: (71) 3607-5010 Horário de funcionamento: 6h30 às 15h

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decoração

Alma baiana A casa em que Carybé morou por quase 40 anos hoje guarda o acervo de suas obras por tede sampaio fotos luciano oliveira

No bairro de Brotas, uma casa simples com varanda decorada por azulejos de cor azul guarda parte da riqueza histórica e cultural de Salvador. Nela morou Hector Julio Páride Bernabó, ou simplesmente Carybé, argentino naturalizado brasileiro que escolheu a capital baiana como o seu novo lar. O espaço, cercado por pitangueiras, mangueiras e muito verde, também abriga o estúdio de produção e um importantíssimo acervo de obras e memórias desse artista multifacetado que tão bem escreveu, desenhou, esculpiu e pintou o povo baiano. Hoje, a casa serve como sede administrativa para o Instituto Carybé, criado pela família do artista. No estúdio, foi mantida a formatação original, bem como algumas obras inacabadas e uma infinidade de pequenos objetos, que representam uma vida marcada por viagens, amigos e pela arte, é o que conta a designer gráfica e bisneta de Carybé, Raquel Bernabó. Embora muito nova quando conviveu com o bisavô, ela revela algumas lembranças que ilustram um pouco da rotina e das amizades do artista: “Ele era muito abusado. Estava sempre fazendo piadas, brincando com os cachorros e com os amigos. Lembro de histórias em que ele pegava objetos da casa de Jorge (Amado) e trazia para cá sem falar nada. Acredito que esse jeito extrovertido chamava as pessoas para perto dele”, conta. Carybé morou na casa de Brotas 36 dos quase 50 anos que viveu em Salvador e esteve no estúdio durante a maior parte do tempo. Devido à importância cultural desse 72

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Ainda hoje, o estúdio mantém a disposição original dos objetos de trabalho utilizados pelo artista. Fazem parte do acervo: potes de tinta, espátulas e pincéis


ambiente, a família optou por abri-lo para a visitação pública, mas só com hora marcada. Raquel explica que o espaço não conta com

Raquel Bernabó é responsável pela administração do Instituto Carybé e produção de souvenirs com obras do artista

nenhum tipo de apoio do poder público e, por este motivo, não pode mantê-lo sempre em funcionamento. “Nós temos muito interesse em abrir a casa para visitação. E não apenas isso, a gente quer promover nesse espaço oficinas de arte e capoeira, coisas que representam o universo dele”. Enquanto isso, o espaço segue como mais um local pouco conhecido pelos soteropolitanos. Uma espécie de oásis da arte, escondido entre prédios e ladeiras de Brotas. Obras inacabadas O estúdio também expõe aos visitantes as peças iniciadas por Carybé que não chegaram a ser finalizadas

Jardim A escultura das “duas damas”, localizada na área verde da casa, demonstra a versatilidade do artista e a sua ligação com o povo de Salvador

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direito

Ermiro Neto

SOLUÇÕES JURÍDICAS PARA PROBLEMAS URBANOS

Advogado, mestre pela Universidade Federal da Bahia e Especialista em Direito Civil e membro do Instituto Brasileiro de Direito Civil e do Instituto de Direito Privado

Embora os debates a respeito dos graves

n° 10.257, conhecida como “Estatuto das Cidades”, estabelece regras para a discipli-

problemas urbanos sejam antigos, as célebres

na dos centros urbanos, “em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar

manifestações populares de junho de 2013

dos cidadãos”. Por força desta lei, os gestores públicos municipais encontram-se

trouxeram o tema, com a urgência que os

obrigados a promover políticas públicas que, por exemplo, garantam o direito a

movimentos pediam, de volta à pauta da

cidades sustentáveis; viabilizem o planejamento do desenvolvimento das cidades;

sociedade e da política. Em meio a reivindi-

e ofertem equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos

cações contra a corrupção e a exorbitância

adequados, dentre outras diversas regras.

dos gastos para receber eventos esportivos

Como modo de viabilizar o cumprimento das obrigações previstas no Esta-

internacionais, um discurso era comum.

tuto das Cidades, é na lei que podem ser encontrados importantes instrumen-

Transporte público de qualidade, moradias

tos para a garantia de centros urbanos sustentáveis. O abandono, a ausência

para todos, saneamento, enfim, a garantia de

de uso ou o uso inadequado de imóveis, por exemplo, podem ser remediados

um “padrão Fifa” de qualidade de vida nas

pela aplicação de regras previstas na Constituição Federal (artigo 182). Por esta

grandes cidades tornou-se, com mais força,

via, o poder público municipal pode exigir dos proprietários o aproveitamento

uma exigência fundamental para 85% da po-

adequado de terrenos particulares, sob pena de obrigá-los a parcelar a área ou a

pulação brasileira que vive em zonas urbanas

nela construir; aumentar o IPTU como modo de forçá-lo a cumprir as exigências

(conf. Censo IBGE 2010).

anteriores; ou mesmo, como medida extrema, determinar a desapropriação da

Este contexto não desnuda apenas um problema de ordem urbanística. Se for certo

área, cujo pagamento não se dará em dinheiro, mas em títulos da dívida pública. Tendo como diretriz o fato de que grandes intervenções dependem de gran-

que os graves problemas das cidades pre-

des investimentos, o que nem sempre é viável ao poder público, tem crescido a

cisam ser enfrentados a partir de soluções

percepção de que municípios devem agir como indutores de desenvolvimento,

arquitetônicas, que permitam democratizar

viabilizando investimentos em áreas urbanas degradadas. Neste ponto, pode-se

e viabilizar a ocupação de espaços urbanos,

dizer sem erro que Salvador nos últimos anos tornou-se uma referência nacional.

mais certo ainda é o fato de que a maior parte

Por meio do encaminhamento de um projeto de lei à Câmara Municipal,

destas respostas depende de fundamentos

a prefeitura lançou recentemente o Pidi - Programa de Incentivo ao Desen-

jurídicos para que possam ser estruturadas.

volvimento Sustentável e Inovação. O programa permite ao Poder Executivo

Sem trocadilho, advogados são arquitetos de

municipal conceder benefícios fiscais a investidores e agentes privados em geral

soluções institucionais e não devem se furtar

que realizem investimentos em regiões como o Centro Histórico, o Comércio e a

a apresentar respostas possíveis para as graves

Península de Itapagipe. Sobretudo em um período de grave crise econômica e de

questões que afligem principalmente as gran-

perda de arrecadação, a medida, que demanda análise jurídica rigorosa, demons-

des metrópoles.

tra que, com criatividade, é possível ainda buscar novas soluções, para além das

Algumas destas respostas já se encontram na legislação. Desde o ano de 2001, a lei federal 74

R e vista [ B+ ]

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alternativas já existentes, que possam fazer frente à incapacidade do estado de realizar investimentos de vulto em áreas degradadas.



educação

“A Ufba está regredindo quando deveria estar crescendo”

FOTO: Reprodução

Reitor por duas gestões da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Naomar Almeida Filho é o responsável pela instalação da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e por um modelo que aposta num ensino descentralizado e conectado a partir da tecnologia. Em entrevista à [B+], Naomar faz um balanço dos dois anos à frente da UFSB e sugere o que faria se estivesse no comando da Ufba por Pedro Hijo

A UFSB foi aberta em 2013 propondo um modelo diferente de inclusão do aluno.

aluno que entra corresponde a recursos para

Qual é o balanço que o senhor faz destes dois anos à frente da universidade?

investimento. Se todas as universidades

Na verdade, trata-se de um modelo que já foi adotado em 20 universidades

estão retraindo, aquela que se apresenta para

brasileiras e nasceu na Ufba. Mas na UFSB esse modelo é exclusivo. O aluno pode

expansão leva vantagem.

entrar nos três campi dentro dos bacharelados ou ele pode entrar numa rede de colégios universitários nos municípios de pequeno porte. A gente aproveita

Você foi reitor da Ufba entre 2002 e 2010.

escolas de ensino médio com instalações ociosas, cria ali uma unidade descentra-

Essa atual crise na universidade é herdeira

lizada da universidade e instala um kit de conexão digital. Em 2013, nós tínhamos

da sua gestão?

a previsão da abertura de 900 vagas iniciais e hoje estamos com 1.600 alunos. Não

Eu já escutei isso, mas não tem base porque

tínhamos a previsão de recrutar tantos professores e conseguimos todos com

nós deixamos todas as contas em dia. Todas

graduação elevada. O balanço é muito positivo.

as construções anunciadas, tínhamos a reserva financeira para a conclusão. Houve

A maioria das universidades federais do estado está* em greve. A UFSB é a

uma ampliação de investimentos depois da

única do estado que não aderiu à greve. A que isso se deve?

nossa gestão. Prédios novos, que não esta-

Eu acho que o fato de termos trazido a sociedade para dentro da universida-

vam no nosso planejamento, foram incorpo-

de ajudou muito. A maioria das universidades públicas não tem um vetor de

rados, por exemplo.

integração com a sociedade muito forte, então ela pode se dar a decisão de interromper as atividades. Só que um aluno de classe média pode ficar um

Com tamanha crise, você acredita que o va-

semestre ou dois atrasado, mas para um jovem pobre é muito difícil assumir o

lor da universidade pública está abalado?

ônus político de dizer “minha forma de luta é parar”. A lógica de parar para uma

A qualidade da universidade pública brasilei-

sociedade no interior é indefensável.

ra em comparação à universidade privada é inegável. É claro que todas as universidades do

Quando o senhor esteve à frente da Ufba, implantou uma política de ações

Brasil precisam rever suas pautas para formar

afirmativas e os bacharelados interdisciplinares. O que atualizou a Ufba aos

alunos que tenham habilidades de solução de

novos tempos. O que acha que pode ser feito dentro da universidade que não

problemas e não de memorização. Mas isso

está sendo feito?

num viés de expansão, porque a sociedade

É muito difícil dizer porque não dá para comparar a situação de uma univer-

brasileira, mesmo na crise, continua amplian-

sidade consolidada com outra que acabou de ser implantada. Nosso desenho

do a sua demanda. E quem está ocupando este

administrativo é muito mais simples que o da Ufba. O que eu acho é que a

espaço? O setor privado. E está produzindo

Ufba está em uma fase de retrocesso quando poderia ser expansiva. A matriz

um tipo de formação que não é aquela que o

de financiamento das universidades é em função do tamanho delas. Cada

desenvolvimento brasileiro precisa.

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*Até o fechamento desta edição. R e vista [ B+ ]

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notasdetec FOTO: Luciano Oliveira

Eles querem te tirar de casa Da esquerda para a direita: Gabriel Simões, Lucas Albuquerque, Isaque Dias, Nayara Carvalho, Joana Oliveira, Alexandre Wanderley, Duda Almeida, Lucas Dantas, Tássio Noronha e Alice Mazur

Clicou Partiu em números (desde 1°/1/2015)

Total de acessos

243.579

Seguidores nas redes sociais

17.900

Total de downloads do app

2.847

Uma turma de sete jovens baianos topou a missão de reunir todos os eventos de

sucesso nos últimos dois anos”, conta Simões.

Salvador e divulgá-los em uma só plataforma. De acordo com Gabriel Simões, só-

No último mês, a página recebeu visita de

cio-diretor da startup, o “Clicou Partiu” tem o objetivo de fazer as pessoas saírem

mais de 100 mil pessoas.

de casa para aproveitar tudo que a cidade oferece no setor de entretenimento.

Um grande diferencial em relação a outros

“Para isso, optamos por utilizar uma linguagem mais despojada, que comunique

apps similares é a ferramenta de localização de

diretamente com nosso público”, afirma.

eventos pelo GPS do smartphone, que permite

A ideia do aplicativo surgiu após a construção da página na internet. Ini-

ao usuário identificar as opções de entreteni-

cialmente o grupo investiu R$ 15 mil na construção do site e encara o momento

mento em seu entorno. O “Clicou Partiu” tam-

atual como o mais promissor para a startup, tanto no que diz respeito às par-

bém indica barzinhos, shows musicais, cinemas

cerias quanto ao número de acessos. “Firmamos parceria com a Incubadora da

e teatros. Além do aplicativo e do site, a marca

Unifacs, a mesma entidade que abrigou as startups Pastar e JusBrasil, cases de

também está presente nas redes sociais.

5 dicas de páginas na internet para aproveitar a cidade

O que fazer em Salvador? A página oferece dicas de shows, peças de teatro, cinema e o que há de melhor acontecendo na capital baiana

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Local Lifestyle

Salvador Hype

As paisagens de Salvador parecem que nasceram para o Instagram, não é? A página reúne os melhores cliques enviados pelos usuários do aplicativo

A página reúne festas fora do circuito, estilistas e influenciadores da moda soteropolitanos, além de chefs e tudo que envolve a gastronomia da capital

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Baianidade Nagô

Guia de sobrevivência do soteropobretano

Um perfil que reúne todas as belezas da Bahia com fotos enviadas pelos seguidores

Divulgar a agenda cultural de Salvador utilizando o humor. Esse é o objetivo do perfil que sugere opções de programas gratuitos ou baratos para viver a cena cultural da capital


gerente de contabilidade salvaDor – ba

gerente comercial salvaDor – ba

nosso cliente é uma empresa de grande porte e encontra-se em fase de expansão e consolidação de suas atividades.

nosso cliente é uma empresa de grande porte em expansão no mercado.

reportando-se ao Diretor Financeiro e atuando com destaque na área contábil da companhia, suas principais atribuições serão:

reportando-se ao diretor comercial suas responsabilidades serão:

` responsável pelo fechamento contábil em moeda local e estrangeira (us gaap), obedecendo as diretrizes da legislação da soX; ` acompanhamento e controle da apuração de impostos diretos e indiretos, bem como operações transfer pricing; ` preparação do budget e forecast anual e acompanhamento dos controles internos da empresa; ` atendimento a auditorias externas, órgãos governamentais e prestadores de serviço em geral. buscamos profissionais formado em ciências contábeis, com crc. pós-graduação e mba são desejáveis. necessário experiência prévia como gestor contábil em indústrias multinacionais. liderança, capacidade de trabalhar sob pressão, dinamismo e proatividade completam o perfil. conhecimento de bpcs e espanhol fluente serão considerados diferenciais. inglês fluente é mandatório.

` buscar, identificar e prospectar novos clientes potenciais no mercado; ` identificar as necessidades e expectativas dos clientes para garantir renovações de contratos; ` responsável por desenvolver os planos de negócios e as estratégias de vendas; ` acompanhar os processos e fazer a gestão da equipe com o objetivo de otimizar os resultados de vendas.

buscamos profissionais formados em administração com sólida experiência em vendas de varejo. pós-graduação ou mba são desejáveis. ingês Fluente será considerado um diferencial.

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michaelpage.com.br

Desafios e oportunidades das contratações em períodos de crise “mais da metade do ano passou e as empresas já assimilaram o desafio que nossa economia impôs às corporações operam em nosso mercado enfraquecido. Departamentos financeiros já refizeram seus orçamentos e reavaliaram seu quadro de funcionários. há também organizações que vão adiante e enxergam que períodos de crise são também ideais para a reflexão sobre quais detalhes da sua atuação podem ser redefinidos e os melhores caminhos e planos para aprimorar sua produtividade. nesse cenário é necessário ser cada vez mais eficiente. para isso, quatro desafios essenciais a serem vencidos frente a um período de crise: ganho de produtividade, eficiência na utilização de recursos, maior satisfação dos clientes e valorização dos colaboradores. independente da sua prioridade, a efetividade de tais direcionamentos só pode ser conquistada através da formação de um time excepcional de parceiros e colaboradores. mas encontrar bons profissionais não é uma tarefa fácil. independente da dimensão ou setor da empresa, as pessoas e seu engajamento como objetivo comum, são a chave do sucesso. o norte e nordeste do brasil são exemplos desta realidade. recentemente entrevistamos mais de 500 empresas nestas regiões, e cerca de 71% delas afirmara ter dificuldades em encontrar e contratar bons profissionais. atuando na região desde 2010, nós do pagegroup, acompanhamos de perto suas mudanças. apesar da evolução nos negócios locais e multinacionais que se estabeleceram nas principais capitais, a dificuldade em encontrar e reter talentos ainda é um desafio.

Áreas de engenharia, vendas e Finanças foram eleitas pelas empresas do norte e nordeste como as mais carentes de profissionais. porém, tanto nessas áreas quanto nas demais, temos uma disputa acirrada por talentos para as vagas nas empresas - que por sua vez se desdobram para flexibilizar e customizar os recursos necessários para torná-los parte do time. encontrar, atrair e reter talentos é um grande desafio e o caminho para superá-lo é a comunicação. muitas empresas possuem valores bem definidos ou um programa estruturado de valorização de seus funcionários (employer value proposition, ou evp), mas se esquecem de comunicar interna e externamente. por trás das empresas mais desejadas pelos candidatos há um trabalho de marketing ou employer branding cuidadosamente desenvolvido junto aos rhs. o termo em inglês refere-se às ações ligadas a atribuição de valor ao contratante, valendo-se de benefícios e experiências. apenas 3% das empresas do norte e nordeste afirmam possuir essa conduta. estudar as melhores práticas, a concorrência e questionar quão atualizada a sua empresa está em relação a estes pontos é crucial para entender quais são suas qualidades como empregador e quais os pontos a serem desenvolvidos. a crise é um desafio, mas sempre gera importantes mudanças nas dinâmicas do mercado e das organizações. esteja pronto para o futuro”. gil van Delft managing Director pagegroup brasil

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conteaí Rubem Passos é presidente da editora Sopa de Letras e da ADVB-BA

Saudades do meu padrinho Estou assistindo a uma série na TV que tem

responsáveis pelas crianças se os pais morressem, tamanha a responsabilidade

tanta gente marrom (de marromeno, ou mais

dessa atribuição”.

ou menos, em baianês). Gente ruim mesmo! Aí, não sei de onde, me lembrei do meu padrinho. Segue a minha história: Meu pai, rapaz trabalhador, namorando

Após o batismo, o meu amantíssimo padrinho e quase pai, escafedeu-se! Sumiu! Não tenho nenhuma lembrança do dito-cujo, até que, ao completar 18 anos, eu, carnavalesco de primeira, cheio de energia, metido a conquistador, doido para conseguir um convite para um baile de um determinado clube de Salvador, conhe-

a filha de um rico comerciante e fazendeiro

cido por uma certa liberalidade nos bailes de Carnaval, soube, não sei como, que o

do interior, precisava se prevenir na hora de

nome do presidente do clube era o do Sr. Meu Padrinho! Não acredito! Pensei, já

pedir permissão ao meu avô para namorar a

vibrando. É agora que eu vou conhecer meu dindo! E ele não haverá de negar um

minha mãe.

convitezinho para um afilhado com quem ele nunca gastou um centavo!

Procurou um cliente importante dele, outro comerciante de prestígio na cidade, e pediu que ele lhe autorizasse a dar o seu nome como fonte de informações para o velho. Dito e feito: meu avô foi conversar com o tal e as informações foram as melhores possíveis:

Falei com meu pai, para garantir que o homem era ele mesmo, e ele concordou que eu podia ir tentar o tal convite, meio a contragosto, claro. Me arrumei direitinho e fui até o estabelecimento comercial do padrinho, logo após o almoço. Ele ainda não havia chegado, mas não deveria demorar. Daqui a pouco o velho chegou, se aprumou na cadeira da sua escrivaninha e olhou pra mim, perguntando: o que é?

rapaz sério, respeitador, trabalhador, boa família,

Eu peguei a minha carteira de identidade e entreguei a ele.

dinâmico. Com certeza seria um bom partido.

Ele olhou, olhou, olhou, olhou pra mim, e disparou: você é meu afilhado não é?

Aí pronto, o velho namorou, casou, tiveram a primeira filha, minha irmã, e um ano e meio depois, nasci! Em retribuição ao favor que o rico cliente lhe fez, convidou-o para ser meu padrinho de batismo. “Para a igreja católica os padrinhos existem para ajudar os pais a conduzirem o batizado

- Sim, senhor! emoção pura. Por causa do convite, claro. - E o que você quer? delicado, né? - Soube que o senhor é o presidente do clube e gostaria de lhe pedir que me conseguisse uns convites para eu brincar o Carnaval. Ele me olhou, balançou a cabeça, visivelmente incomodado, e disse: - Dessa vez eu não posso lhe negar. Venha buscar os convites tal dia. Mas, no ano que vem, veja se você se associa, pois não gosto de dar convite a ninguém.

no caminho que consideram o melhor, na vida

E eu: obrigado meu padrinho. Sua bênção. Fui!

em comunidade, na igreja, na participação dos

Gente boa o velho, né?

outros sacramentos. Antigamente, era muito comum, inclusive, os padrinhos se tornarem 80

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Nunca mais o vi. Soube da sua passagem para o andar de cima pelos jornais. E pensei: que Deus o tenha e não lhe negue convites!


Em momentos de crise, como o que vivemos agora, a propaganda torna-se ainda mais necessária. As ferramentas de comunicação disponíveis ajudam a criar oportunidades para o fortalecimento de marcas, o aumento da competitividade e a conquista de novos consumidores, mesmo em cenários econômicos desfavoráveis. Estudos mostram que empresas que investem em marketing nos períodos difíceis são as que mais ganham participação de mercado quando a crise termina. É preciso anunciar sempre. Acreditar no potencial de nosso país e na força da nossa criatividade. Anuncie. Sua marca aparece, seu cliente também.

Saiba mais: anunciequemelhora.com.br W W W. porta lBMA I S . CO M. BR

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arte

Flores para ela de Murilo Ribeiro artista plástico e diretor do Palacete das Artes

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por Tede Sampaio

O terno fino e a gravata borboleta contrastam com a simplicidade do vestido rendado e as sandálias de dedo. Num banco de praça, não se pode afirmar que seja um encontro marcado ou difama-los como um galanteio barato. Terão mais valor se forem flores de amor? Isso pouco parece interessar. Talvez as flores interesseiras sejam muito mais interessantes. Tudo é questão de ponto de vista. A arte não é egoísta, ela é comunicativa. Vivida da forma mais pura e suja, ainda que para isso seja real apenas no mundo da fantasia.


Trabalhe conosco: ey.com.br/carreiras

Pensar fora da caixa? Que caixa? O verdadeiro espírito empreendedor não percebe fronteiras. Onde alguns enxergam obstáculos, os empreendedores veem chances de inovar, melhorar o desempenho e crescer. A EY também não vê fronteiras. Em toda a região Nordeste, inclusive em Salvador, conte conosco.

© 2015 EYGM Limited. Todos os direitos reservados.

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Quanto melhor a pergunta. Melhor a resposta. Melhor o mundo de negócios.

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No futuro, o plástico fará carros ainda mais leves, mais seguros e que emitirão menos CO2 no ambiente.

A inovação traz o futuro. E o futuro passa pela química e pelo plástico. A indústria petroquímica é uma das maiores aliadas das inovações da indústria automobilística. Com o uso do plástico, carros serão cada vez mais leves, mais seguros e emitirão menos CO2 no ambiente. Para a Braskem, inovar é a melhor maneira de atuar em um mundo que precisa, cada vez mais, de boas ideias para se perpetuar. Plástico Verde, Desafio de Design Odebrecht Braskem e Braskem Labs são exemplos de produtos e projetos da Braskem que, através da química e do plástico, ajudam a melhorar a vida das pessoas. Para saber mais, acesse: www.braskem.com/inovacao

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Suplemento da edição 32 da revista [B+]. não pode ser vendido separadamente

www.portalbmais.com.br

Tiragem auditada: 10 mil exemplares

Sol

a pino Como identificar o câncer de pele Além do branco Dicas para ter um sorriso de dar inveja

Tratamentos estéticos Aprenda a não entrar nas roubadas da compra coletiva

Batalha saudável Qual o melhor óleo? E o melhor queijo? Saiba escolher o que comer

1, 2, 3 e já!

Turbine a saúde, dê um up na resistência física e ainda melhore a qualidade de vida com a corrida W W W. porta lBMA I S . CO M. BR

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SAÚDE

sumário 6 8 10 14 16 18 20 21 22

Bloco de notas Os benefícios da corrida Batalha dos alimentos Verão sem risco de câncer de pele A importância da medicina paliativa Gestão ambiental Como aproveitar as compras coletivas [C] A saúde nos 25 anos do Código de Defesa do Consumidor Sorriso novo: quais são os melhores tratamentos estéticos

editorial

Chega de preguiça Confesso que de uns tempos para cá, retirei as corridas da minha rotina de atividades físicas. Não por não acreditar na eficácia do exercício, afinal especialistas afirmam que correr ajuda no emagrecimento e ainda combate diversas doenças, mas a rapidez do dia a dia me fez jogar a corrida para escanteio. Durante os quase dois meses de edição deste número da [B+] Saúde, me prontifiquei a topar o desafio de voltar à ativa e correr, pelo menos três vezes na semana, por no mínimo 20 minutos. É preciso acreditar naquilo que se escreve, certo? Confesso que no começo tudo foi difícil. As pernas doem, a preguiça é tentadora, a falta de tempo é uma ótima desculpa. Mas é preciso manter o foco. Depois de um mês, senti que a coisa estava ficando mais fácil. Comecei a alternar os locais de corrida (o Dique do Tororó, em Salvador, virou o meu lugar preferido), as velocidades, os horários, e, quando vi, estava empolgado para ir correr. Quem diria? O processo é assim mesmo. Entrevistamos especialistas e entusiastas da corrida e eles confirmam que a lista de benefícios provenientes do exercício é superior a qualquer desculpa. Mas eles alertam: é preciso ter a orientação de um profissional de educação física para que você possa aproveitar o seu treino com segurança. Na segunda edição deste suplemento, você ainda confere uma matéria sobre como aproveitar o sol com responsabilidade, um guia para te ajudar a escolher os alimentos na hora do supermercado, uma reportagem sobre os perigos das promoções oferecidas na internet para compras de tratamentos estéticos e FOTO: Luciano Oliveira

muito mais. Aproveite!

Pedro Hijo editor-chefe da Revista [B+] W W W. porta lBMA I S . CO M. BR

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expediente [Conselho Institucional] Antonio Coradinho (Câmara Portuguesa), Antoine Tawil (FCDL), Felipe Arcoverde (Abedesign-BA), João Pedro Bahiana, (AJE-BA), Jorge Cajazeira (Sindipacel), José Manoel Garrido Gambese Filho (Abih-BA), Laura Passos (Sinapro), Pedro Dourado (ABMP), Moacyr Maciel (Abap), Roberto Ibrahim (CRABA), Rodrigo Paolilo (Júnior Achievement) e Wilson Andrade (Abaf)

[B+] Saúde [Impressão] Grasb CAPA Foto: Luciano Oliveira Direção de arte: Adna Novaes

[Presidente] Rubem Passos Segundo (rubem.passos@grupobmais.com.br )

Produção: Pedro Hijo

[Diretor Geral] Renato Simões Filho (renatosimoesfilho@grupobmais.com.br)

Modelo: Marcelo Rocha Estilo: Wind Fitness Style

[Diretor de Publicações] Claudio Vinagre (claudio.vinagre@grupobmais.com.br) [Diretora de Marketing] Bianca Passos (bianca.passos@grupobmais.com.br) [Gerente Comercial] Ana Beatriz Sampaio (bia.sampaio@grupobmais.com.br)

[Conselho Editorial] César Souza, Claudio Vinagre, Cristiane Olivieri, Geraldo Machado, Ines Carvalho, Jack London, Jorge Portugal, José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques de Andrade Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Masuki Borges, Reginaldo Souza Santos, Renato Simões Filho, Rubem Passos Segundo e Sérgio Nogueira [Editor-chefe] Pedro Hijo (pedro.hijo@grupobmais.com.br) [Repórter] Joseanne Guedes (redacao@grupobmais.com.br) [Designer] Adna Novaes (adna.novaes@grupobmais.com.br) [Projeto gráfico] Leandro Maia, Rafaela Palma e Gabriel Cayres

Reserva de anúncio publicidade@grupobmais.com.br / 71 3012-7477 [Representantes] Brasília Karla Martins - Tel.: (61) 3226-2218 - solucaoconsultoria.karla@uol.com.br Feira de Santana Júlio Mendonça - Tel.: (75) 9955-5514 - julio@vm2publicidade.com.br Fortaleza Ananias Gomes - Tel.: (85) 9987-1780 - ananiasgomes@canalc.com.br Recife Ceci Barroso - Tel.: (81) 8791-3780 - cecicomercial@hotmail.com Rio de Janeiro e São Paulo: Roberto Cathoud - Tel.: (11) 999089891 - rcpinheiro@ hojeemdia.com.br

Realização Editora Sopa de Letras Ltda. Av. ACM, 2.671, Ed. Bahia Center, sala 1101, Loteamento Cidadela, Brotas - CEP: 40.280-000 - Salvador - Bahia - Tel.: 71 3012-7477 CNPJ 13.805.573/0001-34

tiragem auditada 10 mil exemplares

[Fotografia] Studio Rômulo Portela [Revisão] Cristiane Sampaio [Colunista] Cândido Sá

Pontos de Venda da revista [b+] A Revista [B+] pode ser lida no portalbmais.com.br, tablets, smartphones e encontrada nas principais livrarias e bancas de Salvador. Encontre a Revista [B+] nos seguintes pontos de venda: A Revista [B+] não se responsabiliza pelas opiniões, ideias, conceitos e posicionamentos expressos nos publieditoriais, anúncios e colunas por serem de inteira responsabilidade de seus autores.

Livraria Aeroporto; Livraria Cultura (Salvador Shopping); Livraria Leitura (Salvador Norte Shopping e Shopping Bela Vista); Livraria Rodoviária; Livraria Saraiva (Salvador Shopping, Shopping Barra, Shopping da Bahia e Shopping Paralela) e bancas selecionadas.

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SAÚDE | bloco de notas

Nova Enfermaria São Cristóvão é entregue aos pacientes do SUS A Santa Casa da Bahia inaugurou as novas instalações da Enfermaria São Cristóvão. Com 37 leitos, a unidade do Hospital Santa Izabel oferta 100% do atendimento aos pacientes do SUS e recebeu intervenções que priorizaram o aumento do conforto aos pacientes e profissionais de saúde. Além de exercer importante papel assistencial, a enfermaria, cuja reforma foi custeada parcialmente por emendas parlamentares, tem relevante desempenho na área de ensino, acolhendo as atividades dos internos da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e de residentes em cardiologia, pneumologia, reumatologia e neurologia.

Outubro Rosa terá mutirão de mamografia e palestras Mutirão de mamografia itinerante, bate-pa-

FOTO: Divulgação

po sobre prevenção e palestras sobre autoestima da mulher. Estas são algumas das ações que serão promovidas para marcar o Outubro Rosa. Uma das instituições engajadas na campanha de prevenção do câncer de mama é o Monte Tabor/Hospital São Rafael (HSR), que pretende alertar a população para a importância do diagnóstico precoce. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença afeta mais de 42 mil pessoas por ano no país e é responsável por aproximadamente 12 mil mortes.

Homens atentos à saúde Salvador ganha nova clínica de referência em saúde mental Com investimentos da ordem de R$ 24 milhões, o maior do setor nos últimos 30 anos, a clínica Espaço Holos inaugura a nova sede em Salvador, após 15 anos de serviços prestados à população baiana. O novo equipamento, que começa a funcionar em meados de 2016, vai dispor de serviços terapêuticos, atendimentos ambulatoriais e domiciliares. Para o diretor clínico do Espaço Holos, Dr. Luiz Fernando Pedroso, é preciso compreender que o paciente psiquiátrico precisa de uma abordagem multidisciplinar comprometida com o ser humano.

Os dados impressionam: a cada 7,6 minutos há a descoberta de um novo caso de câncer de próstata. Para divulgar informações sobre o combate à doença, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e o Instituto Lado a Lado pela Vida estão novamente unidos pelo movimento Novembro Azul. Além da iluminação de pontos turísticos, as ações englobam a distribuição de panfletos, palestras e realização de exames. O urolo-

Dia do Dentista

gista Dr. Anselmo Hoffmann, membro da

Como parte das comemorações ao Dia do Cirurgião-dentista Brasileiro, celebrado em 25 de outubro, o Conselho Regional de Odontologia do Estado da Bahia (CRO-BA) programou atividades para a Semana da Saúde Bucal. De acordo com Antonio Falcão, presidente da entidade, será realizada uma solenidade comemorativa no dia 21, às 19h, na Reitoria da Ufba. Estão previstas palestras, atividades cívico-sociais, como escovações supervisionadas e aplicação de flúor, e ações de promoção da saúde bucal no interior do estado, como a Campanha de Detecção Precoce do Câncer Bucal em Seabra e Região, nos dias 23 e 24/10.

e a ultrassonografia da próstata não são

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SBU, lembra que o exame PSA sanguíneo suficientes para o diagnóstico. “O exame de toque é insubstituível, não machuca e dura em torno de dez segundos, mas ainda precisamos superar o preconceito”.


Bahiafarma vai contratar mais de 400 profissionais

Cirurgia citorredutora é alternativa no tratamento do câncer abdominal

A entidade ligada à Secretaria de Saúde do Estado confirmou

Um procedimento realizado há mais de 20 anos nos Esta-

que 400 novos farmacêuticos, químicos e biólogos serão

dos Unidos trouxe importante inovação no tratamento

contratados a partir de 2016. A medida faz parte do plano de

contra o câncer na Bahia. O Grupo Conass – Cirurgiões

criação do polo farmacêutico na Bahia e, segundo o secretá-

Oncológicos Associados foi pioneiro em executar desde

rio da Saúde, Fábio Vilas-Boas, é preciso criar uma estratégia

2011, no Hospital São Rafael (HSR), a cirurgia citorredutora

que garanta o maior número de baianos ocupando essas

com quimioterapia intraperitoneal hipertérmica, uma

vagas. “Uma das iniciativas visa estimular o direcionamento

alternativa revolucionária para pacientes com câncer

dos cursos de pós-graduação para a área farmoquímica, bem

abdominal avançado. “É mais uma ferramenta no tra-

como estruturar um programa de estágio remunerado para

tamento de carcinomatose peritoneal. “Temos todas as

estudantes da graduação na Bahiafarma”, afirma. Aliada a

condições necessárias para realizá-lo com baixa taxa de

essa demanda da empresa baiana, a expectativa é que novas

morbimortalidade, melhora na qualidade de vida e ganho

empresas do setor se instalem na Bahia atraídas pelos incen-

considerável em sobrevida”, diz Emerson Prisco, cirurgião

tivos fornecidos pelo governo do estado.

oncológico do grupo.

Tudo em um só lugar

informe publicitário

com a variedade de tratamentos, Corporin garante resultados eficazes e duradouros

FOTOS: Rômulo Portela

Reunir em um único local tratamentos completos para as diversas demandas da área de fisioterapia. Este foi o motivo que levou os fisioterapeutas Igor Silva Cordeiro e Thiago Franco Freire a criar a Corporin, clínica que, desde 2003, traz para Salvador um novo conceito de serviço fisioterápico, combinando técnicas avançadas e tecnologia. Essa junção, de acordo com Thiago Freire, é responsável pela maior eficácia do tratamento: “Hoje a Corporin tem o que há de mais moderno para a coluna vertebral, por exemplo, e, com o auxílio da tecnologia, conseguimos uma terapêutica mais objetiva com uma resolução mais eficiente”, afirma. Entre os tratamentos oferecidos pela Corporin, podem-se destacar: fisioterapia em ortopedia, traumatologia e desportiva, quiropraxia, RPG, pilates, cross-training, musculação assistida, nutrição e psicologia. Para Freire, disponibilizar em um só ambiente todos esses tratamentos é mais um diferencial da clínica. “Ao reunir todos esses tratamentos em um único local, podemos proporcionar aos pacientes um melhor tratamento, alinhando com o que há de mais tecnológico em equipamentos para essa área”, completa. Marque a sua visita à Corporin: Tel.: (71) 3359-2963 ou pelo site www.corporin.com.br W W W. porta lBMA I S . CO M. BR

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SAÚDE | capa

Velozes e...

pode rosos! Correr é aposta para aumentar a resistência física, melhorar a qualidade de vida e turbinar a saúde fotos Luciano oliveira

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A corrida despertou adeptos e amantes do esporte em todo o Brasil, colocando a modalidade entre as mais praticadas nas grandes cidades. Em Salvador, o número de corredores vem aumentando, assim como a participação nos eventos realizados na capital, que começa a ganhar novas alternativas. Além de emagrecer e combater diversas doenças, como hipertensão e diabetes, quem corre tem mais chances de sorrir para a vida, pois aumenta a autoestima e o bem-estar. Correr é uma prática natural, não tem restrição de idade. Até pode ser feito em casa, mas é especialmente divertido quando praticado em grupo e ao ar livre.

“O termo ‘derreter’ gordura não pode ser confundido com ‘emagrecer’” Alexandre Serrado, personal trainer

vegetação de restinga, trilhas em matas fechadas com vegetação de mais de quatro metros de altura. Esse é o cenário que vai ambientar, no dia 21 de novembro, a segunda edição do evento, para o qual são esperados 600 participantes, no Parque das Dunas, em Stella Maris. “Todos irão desafiar os percursos em 5 km ou 8 km. Será uma experiência única, uma oportunidade para unir esporte, saúde, responsabilidade com a natureza, música e cultura”, afirma o administrador Danilo Campos, irmão e sócio de Alexandre. Segundo ele, o projeto para 2016 é transformar o Desafio das Dunas em um circuito de três etapas. “Temos a intenção de lançar nosso Desafio no cenário nacional de corridas”, adianta o empresário. Correr emagrece?

Refeições malfeitas, lanches que substituíam alimentos nutritivos e sedentarismo. Esta foi a combinação que deixou o professor Bruno Hostil (26) em um estágio “confortável” de obesidade. “Parecia ser aceitável 100 kg”, diz. Sua vida começou a mudar quando ele descobriu o prazer de correr e fez da atividade seu passaporte para o emagrecimento. “Decidi há cerca de quatro anos. Hoje, combino esses ingredientes da vida saudável: exercício físico e boa alimentação. Passeio na zona

O arquiteto Marcelo Rocha, que estampa a capa desta edição, é adepto da corrida. “Renova o meu espírito e é ótimo para a saúde”, comenta

Mas, atenção! Antes de colocar um tênis e sair correndo por parques e ruas da cidade, a recomendação é procurar um profissional de educação física. “A corrida é sim uma prática natural, porém precisa ser orientada, e o profissional de educação física é o mais capacitado para esse tema. É ele que demonstra a necessidade de se aprender a correr da forma certa, diminuindo assim riscos de lesões e auxiliando a atingir a performance desejada.” O alerta é do professor de Educação Física Alexandre Campos, da ad3 Esportes, uma das empresas especializadas em assessoria desportiva de Salvador, que atua há 12 anos. Desafio

Com o crescimento do número de participantes das corridas de rua, os clubes e empresas do segmento conquistam seu espaço, colocando à disposição dos corredores eventos ainda mais profissionalizados. Uma dessas provas é o projeto Desafio das Dunas, realizado pela ad3 Esportes em março deste ano. Trechos de areia, W W W. porta lBMA I S . CO M. BR

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FOTO: Divulgação

dos 70 kg. A corrida me deu controle sobre meu peso e aparência”, revela Hostil. Ele já participou de quase todas as provas realizadas na capital baiana, além de ter rodado cinco estados brasileiros por conta da corrida. Já são mais de 60 provas concluídas sob a orientação de uma assessoria desportiva. Mesmo que não seja de modo profissional, há quem se jogue na corrida apenas pela recreação. O arquiteto Marcelo Rocha, por exemplo, diz que a prática renova seu humor e bem-estar. “Prefiro correr no calçadão da orla, assim eu entro em contato com o clima gostoso do mar. Me renova”, comenta. Embora a corrida proporcione alto gasto calórico, para o professor de educação física Alexandre Serrado, é preciso tomar cuidado, porque nem todas as pessoas estão prontas para correr. O excesso de peso, por exemplo, requer redução de medidas antes de iniciar os treinos de corrida. “O termo ‘derreter’ gordura não pode ser confundido com ‘emagrecer’. A corrida é um excelente exercício aeróbico, mas não completo. Falta a parte anaeróbica, onde é trabalhada a musculatura esquelética, que, além de estrutural, corrobora com a tão sonhada definição

A corrida tornou-se paixão para o professor Bruno Hostil, que roda o Brasil disputando provas

e combate a flacidez, claro que associada a uma boa nutrição”, destaca. De acordo com o personal, ignorar as recomendações profissionais ou fazer economias com itens como tênis e vestimentas se torna um “tiro no pé”.

Correr faz bem - Estimula o raciocínio: melhora a memória e outras funções cognitivas. - Diminui o impacto de doenças cardiovasculares, câncer e diabetes. - Melhora o sono: pessoas sedentárias e com dificuldade para dormir devem incluir na rotina trotes de 20 a 30 minutos em dias alternados. - Previne doenças: fortalece o sistema imunológico e eleva a produção de macrófagos, células que atacam bactérias e vírus. - Deixa o coração resistente: melhora o fluxo sanguíneo nas coronárias (artérias que irrigam o coração) e estimula a capacidade de contração do músculo cardíaco. - Eleva a autoestima e libera o estresse: há mais ligações de receptores de endorfina em quem corre do que em praticantes de outras atividades físicas.

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SAÚDE | alimentação

Batalha dos alimentos Saiba qual a melhor opção na hora de fazer as compras por Joseanne Guedes

Na hora das compras, a busca por alimentos mais nutritivos é um verdadeiro desafio. É natural ficar em dúvida diante de tantas opções nas prateleiras dos supermercados, mas conhecer as vantagens de um item sobre outro pode melhorar sua dieta e fazer toda a diferença nos treinos. O nutricionista Lucas Valois, especialista em Nutrição Esportiva, destaca as principais características de alguns itens. Compare!

FOTOS: Sutterstock

Qual o melhor óleo?

Óleo de coco

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Óleo de canola

Lucas Valois explica que os dois óleos têm composições e utilidades diferentes, mas apresentam 9 kcal por 1 ml. O óleo de coco tem função antifúngica, atua na redução do colesterol ruim (LDL), é levemente saturado e apresenta tempo de fumaça maior, sendo indicado para assar, grelhar, fritar ou cozinhar. Já o de canola, não contém saturação e é fonte de vitamina E. Pode ser usado para temperos e enriquecimento calóricos em dietas, mas perde suas características quando aquecido a 75 graus. A dica é usar com moderação, evitar frituras e não reutilizar. 96

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Hora do enlatado

Atum em água

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Atum em óleo

O ideal é dar preferência ao atum fresco por ser rico em ômegas 3 e 6, com proteína de alto valor biológico, e sem adição de química. Se optar pela praticidade, escolha o atum em conserva de água, porque o óleo benéfico vai estar na proteína do atum e não no óleo adicionado para preservar o alimento e aumentar seu tempo de prateleira. A indústria utiliza um tipo de esmalte para impedir que o produto tenha contato direto com metal. Então, atenção para não levar embalagens amassadas para casa.


Na hora da fome, qual fruta dá mais saciedade?

Banana

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Duas frutas muito saudáveis e que têm como carboidrato a frutose, o que torna mais lenta a absorção de açúcar. A banana é rica em fibras e dá saciedade prolongada por causa do amido que é transformado em um gel na digestão. A maçã não provoca tanta plenitude gástrica. Ela é ótimo antioxidante, principalmente comendo junto com a casca, que é rica em fibras e atua na redução do colesterol.

Maçã

Qual o queijo devo escolher se desejo emagrecer?

Cottage

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Ricota

Por ser menos calórico, o cottage é a melhor opção para quem gosta de comer muito, o que o nutricionista considera um erro. Em 50 g de cottage, há 49 kcal. Enquanto 50 g de ricota representa 87 kcal. São duas ótimas opções para quem busca uma alimentação saudável ou até aumento de músculos, por serem proteínas de alto valor biológico, fontes de minerais como cálcio e potássio e vitamina do complexo B, além do baixo teor de gordura.

Qual carne é a mais saudável? A carne de boi ganha no quesito proteína. Ela é a mais rica em ferro, zinco, creatina e vitaminas B1 e B12. Mas a de frango tem menos gordura, principalmente no póspreparo, além de melhor aceitação no paladar quando simplesmente grelhada ou cozida. Ela possui cisteína, um aminoácido liberado quando o frango é cozido e que repercute positivamente no sistema imunológico, agindo diretamente sobre os sintomas da gripe.

Carne bovina

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Frango W W W. porta lBMA I S . CO M. BR

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SAÚDE | fala doutor

Sol na medida O cirurgião oncológico Emerson Prisco, especialista em tumores da pele, dá dicas de como aproveitar o verão com cuidado

O que é o câncer de pele e quais são os tipos? Uma doença decorrente do desenvolvimento anormal das células da pele, que se multiplicam repetidamente até formarem um tumor maligno. Pode ser não melanoma e melanoma. O primeiro tem maior incidência (95%) e baixa mortalidade. Já o melanoma, que representa apenas 4% das neoplasias da pele, tem um comportamento agressivo e

FOTO: Shutterstock

menor chance de cura. Como reconhecer os sinais da doença? O próprio paciente deve procurar rotineiramente manchas descamativas que coçam, ardem ou sangram, feridas que não cicatrizam em até quatro semanas, mudança na textura da pele ou dor.

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De que forma é diagnosticado? Cerca de 70% das suspeitas iniciais são feitas por médicos não especialistas, o que evidencia a importância destes profissionais no controle da doença. O exame de dermatoscopia pode auxiliar a distinguir se a lesão é maligna ou benigna. Mas apenas a biópsia dará a certeza. Quais os tratamentos? A cirurgia é o tratamento mais indicado para o câncer de pele de qualquer tipo. O não melanoma de pequena extensão pode ser tratado pelo dermatologista, com medicamento tópico (pomadas e soluções), cauterização, além de excisão simples. Radioterapia e quimioterapia podem ser necessárias em casos avançados, com volumosos tumores de difícil tratamento cirúrgico. Além do sol, há outros fatores de risco? O fator genético é de grande importância e pode se traduzir na cor branca da pele, sardas, olhos claros, cabelos muito claros ou ruivos. O tipo não melonama ocorre geralmente em pessoas com mais de 40 anos, de pele clara, mais sensíveis ou expostas aos raios solares, ou com doenças cutâneas prévias, sendo raro em crianças e negros. Quem já teve câncer de pele está mais propenso a apresentar outras lesões malignas, além das pessoas com doenças da pele, como albinismo, xeroderma pigmentoso, esclerodermia e psoríase. Como evitar? Não se deve esperar sinais de envelhecimento, e sim minimizar a ação dos fatores de risco desde a infância. Em países tropicais, é preciso evitar exposição prolongada aos raios solares entre 10h e 16h. Usar filtro solar diariamente, além de itens como bonés ou chapéus, óculos escuros, camisas de manga e calças, guarda-sol. Qual a forma correta de usar protetor solar? O fator de proteção solar (FPS) é uma escala que define a intensidade da barreira contra a penetração dos raios ultravioleta (UV). É recomendável usar FPS igual ou superior a 30 em horários de pico solar. No início da manhã ou final da tarde, pode-se optar por FPS 15 ou menor com segurança. A dica é aplicar nas áreas mais expostas, aguardar um período de 30 minutos antes de se expor ao sol e reaplicar o produto a cada banho de mar ou piscina, ou a cada período de duas horas. É verdade que a pele negra está protegida? Qual a incidência? Isso é um mito. As pessoas de pele negra têm menos predisposição a desenvolver o câncer do tipo não melanoma, mas podem ocorrer em torno de 4% a 6% dos casos. Entretanto, há um tipo de câncer chamado melanoma acral que ocorre nas unhas, palmas das mãos e solas dos pés, principalmente em pessoas negras (mais de 90% dos casos), e tem comportamento bastante agressivo. Todos devem estar atentos aos cuidados com a saúde da pele.

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SAÚDE | cuidado

Quando cuidar é quase curar Cuidados paliativos que abrangem as dimensões do tratamento de doenças que ameaçam a vida À medida que a finitude assusta, a dignidade de pacientes sem mais recursos

Para o médico paliativista da Clínica AMO,

de tratamento ocupa ainda uma lacuna na saúde. Quando se fala em paliação,

Vítor Carlos Silva, que também é coordenador

as pessoas associam à desistência em tratar, como se a equipe médica “jogasse

da Comissão de Cuidados Paliativos do Hospi-

a toalha”. Especialistas lembram, no entanto, que os cuidados paliativos

tal Aliança, o profissional é movido pelo desejo

não são indicados apenas para os pacientes em estágio terminal, mas para

de levar o conforto ao enfermo acometido por

todas as doenças que ameacem a continuidade da vida e possam apresentar

sintomas que incluem falta de ar, constipação

evolução, como é o caso do câncer incurável, esclerose múltipla ou lateral

intestinal, tosse, fadiga, náuseas, ansiedade e

amiotrófica e síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids). A importância

distúrbios do sono, além de apoiar sua família.

da especialidade, mesmo no estágio inicial, reside no fato de que essa assis-

“Seguimos o aforisma hipocrático: ‘Curar

tência integra todos os aspectos da dor, considerando também as dimensões

algumas vezes, aliviar quase sempre, consolar

psicológicas, sociais e espirituais do paciente.

sempre’. O foco é o doente, não a doença”. Ele

Em um trabalho interdisciplinar que envolve medicina, psicologia, nutri-

revela que conviver com pacientes em alto

ção, fisioterapia, fonoaudiologia, odontologia, assistência social, enfermagem

grau de sofrimento proporciona ao médico – e

e outras áreas, uma equipe multiprofissional está preparada para garantir

demais profissional de saúde – contato com a

que todos tenham direito a um fim sem sofrimento. Mas, como um profissio-

dor do outro, gerando reflexões pessoais.

nal de saúde se desloca para uma especialidade que, na maioria das vezes, não tem a menor perspectiva de cura? Não faltam questionamentos sobre a razão para uma equipe dar suporte para quem está partindo. Deixar claro que as atribuições desses profissionais vão além de medidas restaurativas é um dos objetivos do Dia Mundial de Cuidados Paliativos, comemorado no segundo

FOTO: Shutterstock

sábado do mês de outubro.

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“Os cuidados paliativos não são meros engodos para ‘o que não tem jeito’. São

anos, deixando marido e um filho adolescente.

ferramentas excepcionais com as quais poderemos ver um ser humano se man-

Eu não sabia como lidar com a iminente parti-

ter erguido em vida”, defende Emerson Prisco, cirurgião oncológico do Hospital

da, quando seu quadro se agravou. Somos ape-

São Rafael. De acordo com o médico, os recursos tecnológicos, farmacológicos e

gados ao que julgamos ser nosso. Perder é algo

capacitação profissional atuais permitem controlar adequadamente a doença. O

bastante doloroso”, afirma a educadora, que

paciente pode manter suas funções cotidianas e conviver com os seus familiares

destaca a importância dos cuidados paliativos

e amigos o maior tempo possível. “Nosso papel é resgatar aspectos positivos da

tanto para o paciente quanto para a família.

situação, mantendo a sua autoestima e dignidade. Temos que apoiá-lo e ajudá-lo

“A sensação de desespero foi amenizada pela

a enfrentar a vida como ela se apresenta”.

médica, entretanto, explica que a palavra ficou estigmatizada nos dias atuais.

“Só é um bom paliativista aquele que não se acostuma com o sofrimento”

“O nome ganhou uma conotação negativa. Quando ensinamos o que é, de fato,

Kátia Baldini, enfermeira

Para a geriatra especializada em cuidados paliativos Alini Ponte, que atua no Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB), a confusão reside no preconceito que existe com a palavra “paliativo”, embora o termo – que deriva do latim pallium – signifique “manto” ou “cobertor”. Na época das Cruzadas, os cavaleiros recebiam o item para proteger-se das intempéries do caminho na longa jornada. A

a família aceita muito bem”. Ela considera um presente ter conhecido em 2008 essa especialidade que apenas há um ano formou a primeira turma de residên-

intervenção da equipe, que me ajudou a agir

cia, na Universidade de São Paulo (USP). “Quando se é apaixonado pelo doente,

com sabedoria, calma e paz no coração, mesmo

e não pela doença, não há frustração. Você fica grato por poder ressignificar a

diante da maior desgraça na vida de uma mãe.

história do paciente e atuar no alívio do sofrimento”.

Quando um filho vai embora, não se sabe do

A professora de codinome Maria foi forçada a acompanhar uma trajetória

depois. Ficamos alvoroçados em nosso ninho”.

amarga, quando sua filha única foi internada por causa de uma pneumonia e foi

Hoje, Maria transformou a dor em energia pro-

diagnosticada “positivo” para o vírus da imunodeficiência humana (HIV). A jovem

pulsora para cuidar de outras vidas, por meio

conviveu com o vírus durante nove anos, sem saber. “Minha filha partiu aos 32

do voluntariado em campanhas preventivas.

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SAÚDE | sustentabilidade

Gestão ambiental A compreensão do processo de gestão ambiental faz a grande diferença nos estabelecimentos de saúde Emissões de gás de efeito estufa, aquecimento global, envenenamento dos solos, águas e ar. Desflorestamento. O meio ambiente entrou no cheque especial, diante do atual nível de degradação de todos os ecossistemas, que impacta diretamente a saúde humana. A relevância exigida pelo tema impulsiona empresas, das iniciativas pública e privada, a repensarem seus modelos de gestão. Um sistema de gerenciamento que dá ênfase à sustentabilidade já é real principalmente nos estabelecimentos de saúde. Entre as tecnologias disponíveis, as normas e regulamentos são um esforço para as organizações assumirem suas responsabilidades. Saúde e meio ambiente parecem se encontrar no momento da crise dos modelos de desenvolvimento, calcados na exploração sem limites dos recursos naturais e no seu consequente esgotamento. A necessidade de implantar políticas de gerenciamento dos resíduos sólidos de serviços de saúde tem levado hospitais, farmácias, clínicas médicas, laboratórios, consultórios, entre outros, a investir na educação ambiental de seus colaboradores e na construção de uma cultura baseada em valores ambientais. Esse é o caso do Hospital Manoel Victorino, instituição 100% SUS que está há um ano sob a gestão do Instituto Brasileiro de FOTO: Divulgação

Desenvolvimento da Administração Hospitalar (IBDAH). A diretora Sheila Ferraz afirma que a unidade implantou o Projeto Separação e Reciclagem de Resíduos, para capacitar sua equipe. “Temos comissões internas para implantar programas de destinação correta dos resíduos gerados, treinamentos

Com diversos prêmios na área da sustentabilidade e respon-

focados em segregação e destinação correta e de reciclagem.

sabilidade social, o Laboratório Leme, em Salvador, também

Quanto mais cuidadosa é a separação de resíduos, maior a

adotou indicadores ambientais como meta estratégica para

quantidade de material a ser reciclado e menos água, energia

priorizar a sustentabilidade no planejamento estratégico da or-

elétrica e matérias-primas serão consumidas”. Sheila Ferraz

ganização. A gestão ambiental da empresa é feita pela Unidade

destaca que o cuidado com os impactos ambientais diminuiu

de Gestão da Qualidade e Planejamento (UPGQ), mas o geren-

os custos do hospital, unindo melhorias ambientais e econô-

ciamento de resíduos é anterior a 2004. Este ano, o laboratório

micas. “No primeiro trimestre de implantação das medidas,

levou o 1° lugar em Sustentabilidade no prêmio Benchmarking

tivemos uma redução de custos significativa relacionada a

Bahia, além de ter assinado o Pacto Global, onde firmou com-

resíduos potencialmente infectantes”.

promisso com 10 princípios a favor do meio ambiente.

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SAÚDE | dicas

Clientecupom

FOTO: Freepik

Saiba como evitar surpresas nas compras coletivas de pacotes de estética e beleza Passados mais de quatro anos do “boom” das compras coletivas no Brasil, as promoções ainda tomam conta da internet. Apesar da diminuição da frequência de consumo por essa modalidade, é possível encontrar pacote de dez sessões de drenagem linfática pelo preço de três, limpeza de pele com peeling que sai por menos de R$ 30, entre outras ofertas que são verdadeiros bálsamos para o bolso. E é aí que mora o perigo! Especialistas alertam para alguns cuidados imprescindíveis na hora de se tornar um “cliente-cupom”, pois esse

Cartilha de cuidados

festival de vantagens envolve riscos para a saúde e beleza. A proposta é simples: reduzir individualmente o valor de produtos e serviços, em uma espécie de corretagem, sendo que a maior parte do dinheiro das vendas vai para os sites. Para o anunciante, o principal benefício é a possibilidade de acessar clientes sem um investimento direto em propaganda. Dois dos sites mais conhecidos, Groupon e Peixe

Veja se a empresa é

confiável, busque referências

Urbano, rejeitam agora essa categoria e se autodenominam e-commerce local, no qual o modelo de negócio, ao contrário das compras coletivas, não exige um número mínimo de consumidores para validar a promoção e funciona como um “shopping de ofertas”. Uma fria?

cópias

Faça das páginas da compra

Diferença na política de marcação, remarcação e cancelamento do serviço e horários saturados estão entre os principais problemas relatados por quem já se aventurou no universo das compras no mundo virtual. “Comprei sessões de drenagem linfática que nunca pude fazer porque os serviços não são bem discriminados e eu não sabia que a marcação era tão complicada e com horários inflexíveis que fazem você perder a validade do cupom”, relata a pedagoga Cristina Santos (34). “Comprei um pacote de depilação a laser por menos de R$ 100,

pesquise se vale a pena o desconto

mas eu não teria feito as dez sessões se tivesse que pagar mil reais”, conta a auxiliar administrativa Andréia Menezes (26), que pesquisou sobre o estabelecimento antes de comprar. Para a dermatologista Marilu Tiuba, especializada em cosmiatria, os sites de compra coletiva não estão preocupados com a saúde do consumidor. “Atraídos por preços baixos, o cliente pode comprar um problema. Nós [médicos] somos procurados com frequência para tratar complicações de procedimentos feitos em clínicas que não têm um especialista

Leia o

regulamento da promoção

responsável. O ditado ‘o barato, sai caro’ deve sempre ser levado em consideração na compra desses pacotes com promessas milagrosas e preços atraentes”, alerta a médica, que é membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. A prática da venda em sites de compra coletiva é proibida por diversos conselhos profissionais. Muitas clínicas estão registradas como centros estéticos e continuam a vender os procedimentos, uma vez que a estética não possui conselho próprio para regular a prática. A fisioterapeuta Silvana Lima, especialista em dermato funcional, estética e cosmética, alerta os mais afoitos pelas compras via web. “Um tratamento deve ser personalizado e montado de acordo com as reais necessidades e limitações do cliente”. 104

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ler as linhas finas é fundamental. Drible a preguiça e encare aquelas letrinhas, para evitar surpresas desagradáveis


SAÚDE | coluna

A saúde nos 25 anos do Código de Defesa do Consumidor O Código de Defesa do Consumidor brasileiro completou em setembro 25 anos de

cândido sá Especialista em direito civil e de defesa do consumidor e pósgraduado em direito ambiental pela PUC-SP

A situação da saúde suplementar não é

existência. Mais que isso, no seu jubileu de prata o CDC comemora importantes

boa. A situação da saúde pública tampouco.

vitórias em diversas áreas. Na saúde, as conquistas são salutares principalmente

Na Bahia, o setor vem investindo em alter-

no contexto nacional de problemas crônicos no sistema público de saúde e con-

nativas criativas e bem-sucedidas, como a

sequente grande demanda, por parte dos consumidores, por atendimento médico

criação de cooperativas. Mas hoje é fun-

particular ou através dos planos de saúde.

damental reconhecer as vitórias possíveis

Hoje grande parte da população em todo o Brasil é associada a uma opera-

graças à existência do CDC. O consumidor

dora de saúde. Este é um mercado enorme e regulado pelo CDC e pela Agência

hoje tem acesso a informações de forma

Nacional de Saúde Suplementar – ANS. Ao consumidor leigo, a existência dessas

mais transparente, o que lhe possibilita uma

duas “entidades” pode passar despercebida, mas isso não reduz a sua importân-

análise mais clara das relações contratuais

cia para a toda a sociedade.

e consumeristas. Esta é uma vitória impor-

Ainda líder em reclamações, os planos de saúde possuem reajustes regulados e funcionamento fiscalizado. São inúmeras as barreiras para a utilização do plano, como a demora na marcação, exclusão de exames e procedimentos das

tante para a democracia e sua aplicação no nosso cotidiano. Por último, acho importante comemorar e

coberturas e descredenciamento de médicos, clínicas e hospitais sem comunica-

reconhecer que temos um dos mais comple-

ção prévia. Sem regulação, o mercado ficaria à mercê de lógicas mercadológicas

tos documentos de defesa do consumidor.

leoninas, que deixariam o consumidor numa posição ainda mais vulnerável

Documento este que combate abusos de

ante a força econômica e política das operadoras de saúde.

poder, auxilia a implantação de políticas

Mas a existência do CDC limita a atuação das empresas e dá ao segurado a base

públicas e nos aproxima dos países mais

necessária para levantar a voz e brigar por seus direitos, revertendo abusos e mi-

desenvolvidos no que se refere a segurança

nimizando conflitos. Para os médicos credenciados pelas operadoras, o CDC acaba

e qualidade de produtos e serviços. Na área

também representando uma base forte de auxílio a uma atuação mais segura. Ao

de saúde, onde a excelência de atendimen-

impedir desmandos, mesmo que de forma indireta, o CDC protege a classe médica

to e produtos significa vidas salvas, o CDC

do tão alardeado “atochamento do atendimento”, que força o profissional a acolher

tem um papel indispensável, que garante à

uma quantidade absurda de pacientes num tempo mínimo de consulta para dar

sociedade um sistema de controle mais rígido

conta de uma demanda cada vez maior por atendimento médico.

e com controles sociais mais claros. W W W. porta lBMA I S . CO M. BR

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SAÚDE | odonto

FOTO: Shutterstock

Sorrir sem medo A cada método menos invasivo, aumenta a procura pela odontologia estética Quando o assunto é estética dos dentes, o

“Cabe ao profissional ouvir, estudar o caso e propor o melhor procedimento.

primeiro procedimento que vem à cabeça é

Pesquisas indicam que pessoas satisfeitas com o seu sorriso tornam-se mais

o clareamento. Mas a odontologia oferece

alegres, confiantes, seguras de si”, afirma Rosal. Para ela, a boa aparência dos

um leque de possibilidades para quem quer

dentes pode ser reflexo da saúde bucal. “Os pacientes devem procurar um

alcançar um sorriso perfeito, que expresse

profissional capacitado e ter cuidados diários”. Além de uma boa higienização e

naturalidade e beleza, sem descuidar da saúde

visitas regulares ao dentista, deve ser evitado o consumo de alimentos que têm

bucal. As técnicas e materiais atuais permitem

pigmentação excessiva, como o café e o suco de uva, e aqueles que são muito

modificar os dentes em seu formato, cor, posi-

ácidos, como as frutas cítricas e as bebidas alcoólicas.

cionamento e até mesmo substituí-los quando eles foram perdidos. Fragmento de porcelana,

Aparência e conteúdo

faceta, cirurgia ortognática e aparelhos orto-

Arquitetura gengival, formato dos lábios e da face, amplitude do sorriso, estru-

dônticos são alguns métodos.

tura corporal e o sexo do paciente devem ser considerados no momento da indi-

De acordo com a Sociedade Brasileira de

cação do tratamento, de acordo com a especialista em endodontia Daniela Reis.

Odontologia Estética (SBOE), nos últimos

Ela destaca que não se pode buscar um procedimento estético sem priorizar a

dois anos o número de pacientes em busca

saúde bucal. “É preciso estar com o meio bucal adequado. A aparência é muito

de tratamentos na área da estética cresceu

importante, mas não pode ser a prioridade frente a outros problemas”.

50% no país. De cada dez, sete buscam algum

A gestora de recursos humanos Lílian Santos recorreu ao clareamento após

procedimento estético. A cada novidade

tratamento ortodôntico, restauração e uma faceta, depois de ter feito canal. “A

menos invasiva e mais acessível, as pessoas

minha questão sempre foi estética e eu alcancei o objetivo porque procurei um

são encorajadas na busca por um sorriso

profissional confiável. A desvantagem do clareamento é que, com o tempo, vai

mais harmonioso. Mas como saber qual é o

alterando a cor e tem que repetir o procedimento. Já a faceta requer cuidado

tratamento mais indicado para o seu caso?

em dobro e a aparência não é tão natural”, afirma. Para casos menos graves,

Essa missão é encarada pela dentista Milena

onde há um desconforto estético do paciente, a correção pode ser feita sem

Rosal, que revela que os pacientes chegam ao

a intervenção da ortodontia. O indispensável é a orientação adequada, caso

consultório apontando os “defeitos” de seu

contrário, o clareamento pode causar a sensibilidade dos dentes, alteração do

sorriso, baseados em imagens de artistas.

esmalte, inflamação do nervo do dente e até dano periodontal.

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