ÍNDICE 12
Margarida Bugarim Prestígio, arte e inovação
18
Município da Figueira da Foz 1001 razões para viver a Figueira em 2017
36
Futuro Verde Por um futuro ambiental sustentável
48
CITE Pela igualdade de género
68
Município de Azúra Destino turístico na Galiza
06 - PALÁCIO DO CORREIO VELHO
EDITORIAL
P
repare-se, caro leitor, para ser brinda-
optámos por uma arrojada mudança de formato
a orgulhar desde há cinco anos, altura em que
do! Se está a ler estas linhas, isso sig-
(para tamanho A3), sempre com o propósito único
este jovem projeto assumiu os primeiros passos.
nifica que tem nas suas mãos a nossa
de lhe oferecer uma leitura mais agradável, prove-
E, se hoje somos uma referência no que fazemos,
Edição PREMIUM. Sempre a pensar na
itosa e, acima de tudo, inesquecível. Mas 2016
é também graças a si, caro leitor. É por si que
importância da época natalícia, mas
foi também um ano muito marcante para o país
fazemos tudo isto e lhe agradecemos. Esper-
também nos desafios que o próximo ano promete
empresarial que, mês após mês, fizemos questão
amos, por isso, que tenha um feliz Natal e que
trazer, a Revista Business Portugal faz questão de
de acompanhar e dar a conhecer. Portugal é, cada
se prepare para um 2017, também ele em modo
presenteá-lo com os melhores conteúdos: temos
vez mais, um país de sucessos, vitórias e bons
PREMIUM.
histórias, entrevistas, depoimentos e muitas sur-
riscos.
presas especiais numa edição que é ao mesmo
É com um grande orgulho que nós, Revista Busi-
tempo de celebração e balanço.
ness Portugal, temos acompanhado um fervilhar
Importa, de facto, lembrar que 2016 ficará nas
de ideias que não é, necessariamente, de agora.
nossas recordações como um ano bastante
Na verdade, os triunfos em contraciclo são algo
profícuo. Afinal, foi há sensivelmente um ano que
que temos procurado e de que nos temos vindo
A direção da Revista Business Portugal
Fernando Silva
FICHA TÉCNICA | Propriedade: Guidetarget, Lda | Diretor: Fernando Silva | Direção Editorial: Diana Ferreira (diana.ferreira@revistabusinessportugal.pt) | Direção Gráfica: Tiago Rodrigues | Corpo Redatorial: José Miguel Dias Lopes, Laura Azevedo, Rita Carreira Matos, Sílvia Pinto Correira, Susana Lopes, Vera Pinho | Outros Colaboradores: Daniel Moreira, Fábio Oliveira, José Rocha, Teresa Teixeira | Secretariado: Paula Assunção (paula@revistabusinessportugal.pt) | Dep. Comercial: Fernando Lopes, Filipe Amorim, Isabel Brandão, Luís Silva, Manuel Fernando, Paulo Padilha, Rui Diogo, Rui Moreira (geral@revistabusinessportugal.pt) | Redação e Publicidade: Rua Engº Adelino Amaro da Costa nº15, 6ºandar, sala 6.2 4400-134 – Mafamude / +351 223 754 806 | Distribuição: Distribuição gratuíta com o jornal Público / Dec. regulamentar 8-99/9-6 artigo 12 N.ID | Depósito Legal: 374969/14 | Periodicidade: Mensal | Edição de dezembro
REVISTA BUSINESS PORTUGAL 3
leiloeiras | Palácio do Correio Velho
Uma das leiloeiras mais prestigiadas de Portugal
Este antigo palácio, onde em tempos funcionou a sede do correio da Coroa Real, é hoje palco para os mais célebres leilões em Lisboa. Peritos na classificação de obras de arte, desde 1989 que o Palácio do Correio Velho avalia e vende em leilão os mais diversos objetos de arte e antiguidades, tais como pintura, escultura, porcelana, mobiliário, ourivesaria, joalharia, moedas, livros e vinhos.
Fundado em 1989, o Palácio do Correio Velho nasceu com a intenção de entrar no mercado de arte para servir com excelência este setor tão importante de identificação, preservação e transmissão de antiguidades e obras de arte. O lançamento da empresa surge naturalmente, porque João Pinto Ribeiro era um conceituado antiquário. “O Palácio do Correio Velho surgiu por uma falta de modernidade na tradição do mundo dos leilões em Portugal, daí que, o meu pai e presidente, tenha decidido avançar”, revela o administrador Sebastião Pinto Ribeiro. O leilão inaugural da atividade do Palácio do Correio Velho foi com a “Biblioteca Real de Suas Majestades El Rei D. Carlos I e de El Rei D. Manuel II”, que pela sua alta qualidade e raridade se tornou emblemático da empresa no mercado, que cedo se afirmou numa posição de liderança no mercado leiloeiro de arte, antiguidades e livros. O Palácio do Correio Velho tem contado com a colaboração de um vasto leque de conhecedores, especialistas ou peritos, nacionais e internacionais, e sempre cooperou também com vários museus na identificação e classificação de obras de arte. Os momentos mais brilhantes da sua atividade têm sido os Leilões Presenciais de valiosíssimas coleções particulares de Antiguidades, Arte Moderna e Contemporânea e Livros. Com 28 anos de história e atividade, o Palácio do Correio Velho sempre se pautou pelas melhores práticas, assumindose nos dias de hoje como uma referência e exemplo para muitas outras empresas do setor. “Fomos sempre pioneiros”, avança João Pinto Ribeiro, lembrando que a sua forma de
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estar sempre se baseou na inovação e na modernização, desde logo com a conceção de vídeos para a promoção dos leilões, “nos quais pedíamos às pessoas para ir a suas casas e acompanhar todo o processo contando uma história”. E salienta: “Uma leiloeira é uma empresa que presta um serviço, que é importantíssimo que exista no mercado, porque o principal vetor da nossa leiloeira são as partilhas e as heranças das famílias e a nossa taxa de sucesso nas vendas ronda os 85 a 90 por cento”. João Pinto Ribeiro lembra ainda que a parceria com Sotheby´s assumiu-se como uma referência importante, bem como a própria forma de estar e atuar do Palácio do Correio Velho. “As características que temos no palácio permitem-nos elaborar as exposições como se de uma casa particular se tratasse, mostrando ao cliente todo o potencial de decoração, levando-o a licitar um conjunto de peças”, afirma. Sebastião Pinto Ribeiro sublinha ainda que o Palácio do Correio Velho apostou de uma forma consistente e coesa nas novas tecnologias digitais, no processo de fotografia e nas melhores técnicas informáticas. “A constante modernização e a melhoria da qualidade dos catálogos foram dois motivos que levaram ao crescimento e da afirmação da leiloeira”, salienta, recordando que há 18 anos, para além da informatização da empresa, houve um forte investimento num sistema informático de gestão de leilões, algo que à data simplesmente não existia. “Esta solução à medida permitiu uma vantagem e mais-valia em relação aos nossos concorrentes”, desvenda João Pinto Ribeiro,
aludindo no entanto o custo inerente à conceptualização e desenvolvimento desta solução. Sempre na vanguarda do mercado das artes em Portugal, foi a primeira empresa do setor a marcar presença online, através da criação de um website. “Inicialmente, o website era muito estático, por isso em 2005, evoluímos para uma presença online mais ‘responsive’ para os nossos clientes, criando igualmente dinâmicas de leilão na plataforma, como os pedidos de oferta”, explica o administrador, sublinhando que, mais tarde, “começámos a apostar numa plataforma online que permite as vendas online”. A inovação marca o ritmo da civilização atual e esta é uma posição desde sempre assumida pela leiloeira. Com efeito em 2014, para além dos grandes Leilões Presenciais de Antiguidades, o Palácio do Correio Velho deu início aos Leilões Online, onde a identificação temática permite um reconhecimento e acesso mais rápido por parte dos clientes, com especial destaque para as temáticas de Colecionismo, Livros, Gravuras Antigas, Medalhas, Vinhos, Porcelanas, Brinquedos Clássicos, entre outros. Implementado no mesmo projeto de inovação, e de acordo com as novas tendências de mercado, o Palácio do Correio Velho começou a disponibilizar os Leilões Live, transmitindo os seus Leilões Presenciais em Live Streaming, através da Plataforma Online Internacional Invaluable. E a prova de todas as apostas forma ganhas é que o Palácio do Correio Velho é a leiloeira “com mais movimento e prestígio, bem como a maior, quer em termos de peças vendidas, quer em ‘turnover’ anual”, refere João Pinto Ribeiro.
Credibilidade e Confiança O interesse dos colecionadores de arte pelos leilões online tem vindo a aumentar nos últimos anos, e representa cerca de dez por cento da faturação do Palácio do Correio Velho, uma das maiores leiloeiras do país. Para Sebastião Pinto Ribeiro, administrador do Palácio do Correio Velho, “apesar de existirem ferramentas de leilões online no mercado, esta plataforma tem o cunho de uma casa que opera no mercado há 28 anos, transmitindo mais confiança aos compradores”. O Palácio do Correio Velho através da sua experiência comprovada no mercado dos leilões dá a segurança a qualquer cliente de que o objeto que irá adquirir chegará às suas mãos exatamente como descrito e classificado. A confiança granjeada pelo Palácio do Correio Velho nasce da sua integridade, credibilidade, transparência, lealdade e profissionalismo. Uma combinação da intemporalidade das artes e saberes e da modernidade artística e tecnológica tem-lhe permitido adaptar-se com sucesso às condições do mercado contemporâneo. O Palácio do Correio Velho sustenta os princípios de integridade, conhecimento e confiança que a têm caracterizado ao longo da sua história e acolhe as metodologias tecnológicas inovadoras, disponibilizando assim um serviço e um acompanhamento de qualidade, que se reflete na sua história de sucesso, prestígio e notoriedade. Leilões online vs leilões tradicionais O crescimento dos leilões online “não quer dizer que os leilões presenciais vão acabar tão cedo”, comentou Sebastião Pinto Ribeiro, acrescentando que, embora o online favoreça o anonimato e a rapidez do processo, alguns compradores continuam a apreciar os leilões tradicionais, “que constituem todo um momento ao vivo muito especial e mágico”. A tendência internacional aponta para que, “dentro de cerca de cinco anos, o processo possa deixar de ser físico e a transação poderá passar toda pelo online. O mundo está a evoluir muito rápido ao nível das tecnologias, e poupa-se muito tempo com estas transações”, sublinhou, acrescentando que, desta forma, deixa de ser também necessária uma organização logística onerosa. Contudo, a nível nacional, Sebastião Pinto Ribeiro acredita que esta transição será mais lenta e muitas leiloeiras que operam no mesmo segmento de mercado de alta gama como o Palácio do Correio Velho poderão manter as duas vertentes. Partilha de saberes A mais prestigiada casa leiloeira portuguesa desenvolveu uma parceria com o Instituto de História de Arte da Universidade Nova de Lisboa para colaborar na nova pósgraduação em Mercado de Arte e Colecionismo. Esta pósgraduação surge numa altura em que o mercado de arte se mantém em expansão e com uma atividade economicamente significativa. Assim, o curso pretende produzir, metodizar e divulgar o melhor conhecimento teórico e prático neste domínio científico, munindo os alunos com competências adequadas para ingressarem no mercado de trabalho ou para
leiloeiras | Palácio do Correio Velho prosseguirem investigação avançada. Para Sebastião Pinto Ribeiro, “este desafio é bastante interessante para o Palácio do Correio Velho. A ideia foi muito bem aceite internamente, sendo que vários colaboradores - especialistas em Arte e Coleccionismo - da leiloeira darão o contributo nas aulas deste curso”, revela, adiantando que “faz todo o sentido uma das mais prestigiadas leiloeiras portuguesas estar presente nesta pós-graduação sobre o mercado que trabalha”. Defesa das leiloeiras de Arte em Portugal Sebastião Pinto Ribeiro é administrador do Palácio do Correio Velho e acumula as funções de presidente da APLARTE (Associação Portuguesa de Leiloeiros de Arte). Esta é a entidade representativa das empresas leiloeiras de venda voluntária de Antiguidades e Obras de Arte, Arte Moderna e Contemporânea e demais bens culturais móveis, tendo sido constituída por escritura pública de 15 de Dezembro de 2015. A APLARTE resulta da especificidade própria dos leilões de arte que, a vários títulos, se distinguem de outro tipo de leilões – industriais, imobiliários, judiciais, e tem como missão representar as leiloeiras de Arte em Portugal, que até este momento, não tinham qualquer representação institucional. A APLARTE tem como objetivo central que no Mercado de Arte Leiloeiro sejam observados os mais
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elevados padrões técnicos e éticos, de acordo com as melhores práticas nacionais e internacionais. “A criação da APLARTE surge da necessidade do setor ter uma voz”, reitera Sebastião Pinto Ribeiro, destacando que a necessidade de uma representação eficaz, nacional e internacional, há muito se fazia sentir, mas tornou-se premente com a recente aprovação do Decreto-Lei nº 155/2015 que estabelece “o regime jurídico da atividade leiloeira, sem distinguir os leilões de arte de todos os outros”. Para além disso, a lei surge para regulamentar o setor e impor práticas, que “está bastante desfasada da realidade da nossa atividade e para além disso é penalizante”, isto porque os leilões de arte têm especificidades muito próprias e “a lei está muito focada nos leilões judiciais e nos chamados leilões de imobiliária”, advoga o presidente da APLARTE. “O Palácio do Correio Velho e os restantes operadores associados da APLARTE é que regularam durante 30 anos este setor entre eles”. No fundo, estes é que foram criando as diretrizes e os protocolos de procedimentos, ou seja as normas de como estar na indústria e as suas práticas. “Uma empresa como o Palácio do Correio Velho ou a Cabral Moncada Leilões, as duas maiores leiloeiras em Portugal integravam implicitamente nas suas práticas 90 por cento do que este decreto-lei contempla”, salienta.
No âmbito da APLARTE, Sebastião Pinto Ribeiro esteve envolvido também na análise da Lei n.º 98/2015 de 18 de agosto a qual aprova o Regime Jurídico da Ourivesaria e das Contrastarias (RJOC), juntamente com 14 associações. “Se a nossa lei era um ataque ao nosso mercado, a do RJOC ia acabar com o negócio dos metais preciosos em Portugal e, consequentemente, com os operadores. Este processo está a correr bem e foi conseguida uma correção a este decretolei”. Para a consumação desta boa nova foi fundamental o papel de Graça Fonseca, Secretária de Estado Adjunta e da Modernização Administrativa, que tomou ela própria a iniciativa de ouvir as associações do setor e, ciente de que se estava perante uma lei que nada de bom tinha trazido ao setor da ourivesaria, conseguiu em tempo recorde reverter a situação, alterando e corrigindo o decreto-lei. Em termos de futuro, Sebastião Pinto Ribeiro garante que a APLARTE constitui-se como o interlocutor e parceiro natural dos organismos públicos com a tutela do setor e vai continuar a defender a existência de um Mercado Leiloeiro de Arte e Antiguidades pautado pelos mais elevados padrões.
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DECORAÇÃO, DESIGN E IMOBILIÁRIA A inovação afirma-se cada vez mais como uma palavra de ordem, capaz de fazer a diferença entre aqueles que conhecem o fracasso e os que alcançam o sucesso. Este corresponde, efetivamente, a um cenário comum a toda uma miríade de setores empresariais. Trata-se, por isso, de um panorama ao qual não escapam as empresas e ateliês dedicados ao design e à decoração de interiores. De facto, a escolha de um ambiente, a opção pelos materiais e a necessidade de cada gesto atender, na perfeição, às necessidades e expectativas do cliente assumem-se como valores cada vez mais imperativos num setor em constante transformação. Assim sendo, e perante um cliente cada vez mais exigente e informado, é com outros desafios e renovado entusiasmo que as empresas e ateliês presentes nesta edição falam das suas histórias, serviços, propostas e posicionamentos. Estas são felizes evidências que nos chegam numa altura em que, segundo o tecido empresarial com que temos vindo a comunicar, também o mercado imobiliário parece respirar nova vida em Portugal. Argumentos como o excelente clima, a tranquilidade e segurança do ambiente proporcionado, ou até o privilegiado acesso de que o nosso país dispõe a diversos mercados têm vindo a ser reunidos para justificar este novo dinamismo no universo imobiliário. Conjunturas como estas permitem explicar, por seu turno, a excelência e a inovação com que hoje é possível encontrar respostas e serviços personalizados nestes dois setores. E, num cenário em que todos saem satisfeitos, existe um último elemento que vê o seu prestígio definitivamente reconhecido: Portugal.
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decoração, design e imobiliária |margarida bugarim
Prestígio, arte e inovação A Revista Business Portugal esteve à conversa com Margarida Bugarim, uma referência incontornável no design de interiores. Ficámos a conhecer a inovação e o prestígio que caracteriza o trabalho desta especialista, bem como os seus projetos futuros.
Margarida Bugarim Administradora
Como surgiu o projeto de desenvolver um atelier dedicado a esta área? E que balanço podemos fazer desde a sua abertura? A ideia acabou por surgiu naturalmente. Com o avolumar do trabalho já não era prático trabalhar num pequeno espaço e visitar os clientes carregada de catálogos e mostruários. Em 2007, em pleno início da crise, lancei-me a este novo desafio de abrir um atelier com espaço de showroom onde os clientes pudessem apreciar o design e a estética dos meus projetos. Tenho uma vasta coleção de tecidos, papéis de parede, tapetes etc. e algumas peças de mobiliário e estofo que elegi como preferidas para os meus projetos, que se pode ver e sentir ou até levá-las para casa. O atelier é um misto de elegância e simplicidade, onde o contemporâneo convive, harmoniosamente, com elementos de diferentes épocas e etnias, características próprias do trabalho que faço.
Como nasceu a paixão de Margarida Bugarim pelo universo da arquitetura e design de interiores? Sempre tive um sentido estético muito apurado e crítico e uma insaciável curiosidade por todas as formas de arte, moda, arquitetura e design. Lembro-me de em pequena passar horas a desenhar as roupas e as casas para as minhas bonecas e de adorar ver revistas para me inspirar… Lembro-me de escolher várias casas em revistas e para cada casa uma boneca, e fazia este exercício frequentemente. Criativa e cheia de energia, percebi rapidamente que este seria o meu caminho. Hoje sou feliz no meu trabalho! Adoro conceber espaços e pensar que lhes dou o melhor aproveitamento, funcionalidade e beleza e que a vida ali tem tudo para ser mais equilibrada e feliz.
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Que serviços proporciona o atelier de Margarida Bugarim ao seu cliente? Trabalho diariamente na execução de projetos quer de arquitetura de interiores quer de decoração. Os nossos clientes têm necessidades muito diferentes e como tal, trabalhamos com uma equipa dinâmica e competente e estamos preparados para prestar serviços em todas as fases de um projeto. Da mesma forma que desenvolvemos obras de remodelação chave na mão e projetos de decoração completos “tailor made”, também damos suporte a uma pequena intervenção ou aconselhamento para a escolha de uma peça tal como tapetes, sofás etc. Por norma, existe alguma tipologia de espaços (habitação, hotéis, espaços comerciais, etc.) com que o atelier de Margarida Bugarim prefira trabalhar? Não tenho qualquer preferência. Adoro o meu trabalho e todos os desafios são únicos. Casas particulares ou espaços públicos, agarro qualquer projeto com a mesma energia, dedicação e vontade de surpreender.
margarida bugarim| decoração, design e imobiliária Existe algum tipo específico de ambiente com o qual costuma pontuar os seus trabalhos, ou este corresponde a um critério que varia consoante o cliente? Pontuo os meus projetos por serem sempre ambientes elegantes, confortáveis e de qualidade onde tudo é trabalhado até ao último pormenor. A minha maior preocupação é prestar um serviço profissional e surpreender em termos de design e inovação. Mas o layout de um espaço e a sua arquitetura são determinantes para a interpretação do projeto, assim como os gostos e as intenções do cliente são, também, fundamentais para o desenvolvimento de todo o processo criativo. É o espaço em si e o cliente que determinam o tipo de projeto que vou desenvolver, aliando e trabalhando todos esses fatores para depois conseguir transpôlos no espaço. Esse é um exercício que adoro e que é muito simples para mim, uma vez que tenho uma aptidão enorme para perceber o cliente e o que ele pretende. Por outro lado, gosto de projetos com abordagens diferentes e facilmente vou ao encontro daquilo que o cliente precisa e acho que esse é o desafio interessante do trabalho criativo. Tendo em conta a sua vasta experiência, quais as variações mais significativas que sentiu no setor e nas preferências do cliente ao longos dos anos? Noto que o cliente de hoje já não quer uma decoração para a vida. Vivemos num mundo em constante mudança e com muita informação a vários níveis, por isso as pessoas querem acompanhar a moda e a inovação e têm muita apetência para renovar e para o consumismo. Quando compram uma casa investem numa decoração completa, bonita e elegante mas também gostam de algumas peças que possam mudar frequentemente para acompanhar as tendências do momento. Margarida Bugarim é um nome bastante associado à excelência, ao prestígio e à inovação. Que fatores têm vindo a contribuir para esta diferenciação? O rigor, a experiência, a inspiração e o projeto “tailor made” são os fatores que considero
requintados e de alguma forma originais é, sem dúvida, uma das razões por que me procuram. Mas a experiência de mais de 15 anos a projetar interiores, a contactar com os diferentes materiais e a dirigir obras e profissionais das diferentes áreas do projeto é, também, muito importante. Os clientes têm que se sentir confiantes, têm que sentir que estão em boas mãos e que o trabalho de um profissional é uma mais-valia em termos de eficiência e qualidade e não um luxo desnecessário. Sou muito exigente com o meu trabalho e, por isso, escolho, criteriosamente, as peças e materiais que utilizo e faço questão de trabalhar com os melhores artesãos portugueses e, se necessário, com as melhores marcas internacionais. Os nossos projetos são feitos à medida de cada cliente e muitas das peças são executadas em exclusivo para determinado ambiente. Margarida Bugarim é um nome amplamente reconhecido no panorama nacional. Se tivesse que resumir a essência do seu portefólio, como o descreveria? Ao longo dos anos tenho feito trabalhos muito variados e isso faz-me muito feliz. Embora coerentes e seguindo uma única linha de exigência e estética tenho a capacidade de criar ambientes distintos que refletem a história de cada cliente e o que ele pretende transpor para o espaço. Não me cinjo a um determinado estilo ou à utilização de uma determinada paleta de cores, sou versátil. Gosto de criar espaços contemporâneos, de inspiração, mais ou menos, clássica, moderna, industrial ou natural, mas sempre ambientes de qualidade, confortáveis e onde o cliente se sente bem. Que projetos, ambições e objetivos reserva para os próximos anos? Tenho muitos projetos e intenções para o futuro. Quero sempre fazer mais, ir mais longe, superar-me a mim própria. A minha maior ambição é continuar com a mesma paixão dedicada aos meus clientes, proporcionar-lhes um trabalho exclusivo e surpreendê-los cada vez mais.
fundamentais para a diferenciação. A capacidade de imaginar e criar ambientes únicos,
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decoração, design e imobiliária |royal invicta
Uma aliada na procura da sua casa Com uma equipa profissional e experiente, a Royal Invicta dispõe de todas as ferramentas necessárias na hora de encontrar a casa ideal. Em entrevista à Revista Business Portugal, José Mota, gerente e fundador, fala-nos sobre o trabalho desenvolvido pela imobiliária. Este jovem empreendor, natural de Penafiel, fundou a sua empresa apenas com 25 anos e escolheu o seu concelho vizinho para a sua localização.
dedicar-nos a este mercado porque consideramos existir, aqui, uma forte procura. As razões são variadas e prendem-se, essencialmente, pela proximidade que esta cidade tem relativamente à cidade do Porto, não esquecendo a boa acessibilidade e a rede de transportes públicos disponível, tornando-se numa vantagem para os nossos clientes. Que serviços têm disponíveis? Como imobiliária fazemos compra e venda, mediação imobiliária e temos alguns investidores que fazem a compra para arrendamento, este que é um mercado em crescimento. Qual a área de atuação da Royal Invicta? Trabalhamos um pouco por todo o território português. No que diz respeito à mediação imobiliária focamo-nos, essencilamente, em Gondomar e arredores, como Porto, Vila Nova de Gaia e Matosinhos. Relativamente à compra e venda de imóveis, trabalhamos de norte a sul. O que vos caracteriza e distingue no mercado? O que nos caracteriza é a nossa ‘garra’. Trabalhamos sempre focados no nosso cliente e somos uma empresa jovem e dinâmica que aposta na tecnologia para se tornar mais próxima das pessoas. De momento, temos uma parceria com alguns arquitetos em projetos de reabilitação urbana, para que nos seja possível fazer a venda desses imóveis com um projeto como complemento, porque quando os clientes olham para um edifício degradado não conseguem ter a perceção da sua realidade e, por isso, com um projeto em 3D já conseguem entender a vida do edifício. É claro que nunca temos a certeza da venda do imóvel e é um gasto acrescido para nós, a única certeza que temos é que este nosso projeto é uma vantagem para os nossos clientes. Temos, também, uma aplicação que nos permite publicar a venda do imóvel ou o seu arrendamento ainda na visita, o que traz uma vantagem enorme ao cliente porque sabe das coisas em primeira mão. Ligado à aplicação, temos um sistema de envio por email onde conseguimos enviar, diretamente, ao cliente um email com os imóveis que ele procura, fruto de um aviso que nos é dado pela aplicação consoante as características do imóvel que o cliente procura. Quais a principais tendências do mercado? Em Gondomar existe muita procura de arrendamento, porém, enquanto agência imobiliária, estamos mais vocacionados para a venda. Quando falamos em famílias no início de vida, ou seja, na primeira habitação, falamos de uma procura acentuada de apartamentos; se falamos em famílias que aumentaram e, por isso, procuram a sua segunda habitação, estamos a falar de uma procura focada nas moradias. Este é um negócio mais de pessoas do que de casas. É difícil encontrar aquilo que o cliente, realmente, procura? É um pouco difícil, sim, mas depende de cliente para cliente. Há pessoas que sabem o que querem e se apaixonam logo pela casa e outras que, dez visitas depois, ainda não têm a certeza daquilo que, realmente, pretendem. Penso que, hoje em dia, mais de 70 por cento dos
Albino Cunha e José Mota Parceiro de negócios e administrador
Como surgiu o projeto da Royal Invicta? A Royal Invicta surgiu há, sensivelmente, cinco anos. Inicialmente como uma empresa de investimentos imobiliários que se dedicava à compra e venda de imóveis e, mais tarde, aquando da crise que atingiu este mercado, decidimos modificar a nossa vertente e, por isso, começamos a dedicar-nos, também, à mediação imobiliária. A Royal Invicta está sediada em Gondomar. A que se deve esta escolha de mercado? Iniciamos a empresa em Gondomar, como imobiliária, há cerca de dois anos. Decidimos
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clientes sabem aquilo que procuram, pela ajuda das tecnologias que levam a informação a casa das pessoas mais rápido, fazendo com que os clientes consigam ter uma ideia perfeita da casa através das fotografias disponíveis. Por onde passa o futuro da Royal Invicta? Contamos com um futuro de crescimento. Queremos abrir duas filiais já no próximo ano, uma em Aveiro onde temos uma forte presença e em Cascais que, também, faz parte da nossa zona área de atuação. Queremos igualmente apostar no franchising já no próximo ano. Esse é um dos nossos objetivos, sendo um preço competitivo o nosso elemento diferenciador no mercado. É também importante referir que temos realizado várias parcerias no âmbito da exportação com a angariação de vários portais imobiliários, nomeadamente BPI Expresso Imobiliário, CasaSapo, Idealista, Imovirtual e Luxury Estate.
FIGUEIRA DA FOZ EM DESTAQUE Sede de concelho, localizada no centro de Portugal, junto à foz do rio Mondego, a Figueira da Foz é uma cidade costeira, de rica história, cultura e tradição, a segunda maior do distrito de Coimbra. Considerada a “Rainha da Costa de Prata” pelas suas extensas praias, tem no turismo um dos principais recursos económicos, sendo mesmo um dos principais centros turísticos do país, contando igualmente com um dos maiores casinos de Portugal, rodeada por mar, rio e serras densamente arborizadas que lhe conferem características únicas. Com ocupação humana desde tempos antigos, a Figueira da Foz teve um grande desenvolvimento no século XVIII e XIX devido ao movimento do Porto e ao desenvolvimento da indústria de construção naval, com abertura de novas vias de comunicação e afluência de veraneantes. Em finais do século XIX e início do século XX construíram-se novas infra-estruturas de desenvolvimento que ainda se mantém, como os hotéis, casino, restaurantes e a zona onde se concentra a actividade comercial. Com um património histórico-cultural muito forte e rico, destacam-se ainda as suas inúmeras igrejas com as suas talhas douradas, onde o Barroco tantas vezes impera, o Museu Municipal Dr. Santos Rocha com vasto espólio que conta com colecções de arqueologia, etnografia, pintura, escultura, cerâmica e mobiliário, o Forte de Santa Catarina e a Fortaleza de Buarcos, a Torre do Relógio, diversos vestígios arqueológicos, e os muitos palácios (como o Sotto-Mayor), parques e jardins, palacetes e casas senhoriais que atestam a importância turística e económica desta cidade ao longo dos anos, a bonita marina, ou o recentemente construído Centro de Artes e Espectáculo, um marco nacional na cultura e espectáculos. A Figueira da Foz mantém igualmente vivas antigas tradições, como o famoso artesanato ou as suas festividades populares, aliando tantas vezes progresso e tradição.
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figueira da foz em destaque |município da figueira da foz
Mil e uma razões para viver a
Figueira em 2017 Quais os eventos preparados para a festa de fim de ano? Quais os que serão realizados no ano que aí vem? Porque devemos ir à Figueira? Todas estas e outras questões são respondidas, abaixo, por Margarida Pérrolas, chefe de divisão de cultura, da Câmara Municipal da Figueira da Foz.
A Figueira da Foz é uma referência a nível nacional no que toca a festas de fim de ano. O que está programado para a passagem de ano 2016/2017? É para nós muito gratificante receber, ano após ano, milhares de pessoas que escolhem a Figueira da Foz para comemorar o novo ano. Tentamos ter uma programação diversificada e abrangente, adequada para todas as idades e sobretudo para o nosso target que são as Famílias. Este ano temos 3 dias de eventos, que começam dia 30 com os The Gift, com um concerto que encerra na Figueira da Foz a tournée que celebra os seus 20 anos de sucessos. Dia 31, a festa começa às 23H00 com Dillaz a fazer o aquecimento para o count-down. Dengaz sobe ao palco logo após o tradicional espetáculo piromusical. E porque esta noite só acaba com o nascer do dia, temos ainda o DJ Nelson Cunha da Megahits, nossa media partner. O dia 01 é mais calmo e a Câmara Municipal abre portas para desejar um Bom Ano a todos os munícipes com um Recital pelo Coral David de Sousa. Ainda neste dia e pelo 3º ano consecutivo, convidamos o público, dos 8 aos 80, a fazer a Caminhada de Ano Novo na Serra da Boa Viagem. Com a proximidade de um novo ano, que outros eventos estão a ser programados para o ano de 2017? A Figueira da Foz tem eventos âncora que se relacionam com a história e tradições da cidade, falamos do Carnaval, das Festas da Cidade / S. João e da animação de verão. Para além destes eventos destacamos ainda o RFM Somnii que é o maior festival de praia realizado na europa, o Festimaiorca, festival internacional que celebra o folclore pelo mundo, os eventos realizados no Jardim (Jardim da Páscoa, Jardim do Sal, Jardim do Natal) que trouxeram uma nova vida a este emblemático espaço e obviamente a programação do CAE que recebe anualmente espetáculos de excelência, música, dança, teatro e diversas exposições. Conhecida por ser um destino de praia por excelência, a Figueira da Foz tem muito mais para oferecer a nível turístico, neste sentido, para quem visita a região o que importa destacar? Concordamos plenamente com a afirmação. A Figueira da Foz tem muito mais para oferecer. O nosso património edificado e as nossas condições naturais permitem a quem nos visita usufruir de espaços verdes, do rio e da serra. A nossa aposta é cada vez mais direcionada para o turismo de natureza e desportos náuticos.
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A Figueira da Foz encontra-se dotada de um assinalável conjunto de espaços turísticoculturais. Equipamentos como o centenário Museu Municipal Santos Rocha; o Núcleo Museológico do Mar; o Núcleo Museológico do Sal, que valoriza um território fortemente marcado pela existência secular de salinas tradicionais; o emblemático e colorido Mercado Municipal Eng. Silva; o Forte de Santa Catarina, recentemente requalificado; a Quinta das Olaias; a Casa do Paço e a sua extraordinária coleção, única na Europa, de azulejos Delft com cerca de 8.000 peças; são peças fulcrais da nossa cultura. De realçar todo o património edificado de grande valia cultural, como é o caso do chamado “Bairro Novo”, local onde se concentra, um significativo património Arte Nova e Art Déco. Do ponto de vista cultural, não pode deixar de ser referido o peso que o “Casino da Figueira” tem no panorama do concelho, tratando-se do mais antigo casino de toda a Península Ibérica. Além dos inúmeros espaços de jogo, será de destacar o Salão Nobre (Salão Caffé) dotado de um teto centenário com frescos e onde se realizam inúmeros espetáculos de música e dança (nacionais e internacionais). E obviamente a programação do Centro de Artes e Espectáculos (CAE) que recebe anualmente espetáculos nacionais e internacionais de excelência, no âmbito da música, da dança, do teatro e diversas exposições. Como surge o CAE da Figueira da Foz? O CAE surgiu de uma candidatura a fundos comunitários e foi construído para ser uma estrutura de cariz regional. De facto, na região centro faltava um equipamento com um grande auditório (832 lugares) e com meios e recursos técnicos capaz de acolher desde as grandes óperas às sinfónicas e outros espetáculos de grande envergadura.
Créditos Mauro Correia
município da figueira da foz |figueira da foz em destaque Créditos RFM SOMNII Créditos Mauro Correia
Qual o seu papel na cidade? Qual tem sido o seu papel em prol da cultura na cidade? O CAE é a grande sala de espetáculos do Centro. Habitualmente os grandes eventos passam por Lisboa, Porto e Figueira da Foz. Portanto, o seu papel extravasa largamente o de uma sala figueirense. Os estudos de público apontam para números que rondam os 60% com proveniência de fora do concelho. Mas o CAE é mais do que uma sala de espetáculos e de congressos. Abre-se a outras dinâmicas. Possui várias salas de exposição de pintura, fotografia e escultura. Possui uma programação de cinema que funciona semanalmente. Tem uma escola de artes por onde passam centenas de jovens. Nela está sediado o Coro das Pequenas Vozes, com 120 jovens coralistas atuando com caráter sistemático e uma Orquestra de Jazz, composta por cerca de 30 músicos e com excelente qualidade. O CAE tem ainda a vantagem de se ter aberto à comunidade: às escolas, às associações e à produção local. O CAE é ainda a sede da Orquestra Nacional de Jovens, o maior seminário de música para jovens que se faz no nosso país. O que está previsto para o ano 2017? Para o próximo ano estão já previstos alguns espetáculos de elevada qualidade. O concerto de ano novo com a Orquestra Nacional de Jovens, a 7 de janeiro, a passagem da Ute Lemper com a sua tournée “Songs From The Heart” a 16 de março, e a de Al Di Meola a 2 de junho. Em fevereiro teremos a final do Coimbra World Piano Meeting, uma organização da Academia Aquilles Delle Vigne, e em Outubro o concerto de abertura, a transmitir pela RDP2, do centenário da morte do emérito compositor e músico António Fragoso.
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figueira da foz em destaque |junta de freguesia de moinhos da Gândara
Criar pontes para o futuro
Paulo Rodrigues Presidente
A cumprir a sua missão à frente dos destinos da Junta de Freguesia de Moinhos da Gândara há 11 anos está Paulo Rodrigues que, em entrevista à Revista Business Portugal, revela que em cima da mesa está a continuidade do trabalho e da estratégia de dinamização da freguesia.
e abastecimento de água e agora existem limitações à construção, o que não faz sentido nas palavras do autarca. Daí, a premência da revisão do Plano Diretor Municipal, uma ambição que este executivo acalenta desde que tomou posse no primeiro mandato. “Como presidente de Junta, sinto que a fixação de empresas e pessoas seria algo benéfico para todos”. O presidente da Junta acredita por isso ser necessário a criação de incentivos à fixação, desta feita pela Câmara Municipal da Figueira da Foz. A liderar os destinos da Junta de Freguesia de Moinhos da Gândara pelo terceiro mandato consecutivo, Paulo Rodrigues faz um balanço positivo do trabalho que tem sido levado a cabo pelo executivo, realçando entre as obras e iniciativas realizadas, a reabilitação da EB1, tornando-a numa das melhores escolas, o apoio à Mó-Gândara, conseguindo que fosse reconhecida como Património de Interesse Municipal, conclusão do recinto de festas da Associação Cultural Recreativa e Desportiva da Gândara. Por outro lado, a requalificação do Parque de Lazer da Tapada, que tem todas as condições para as pessoas se reunirem e fazerem piqueniques e convívios, bem como a resistência como freguesia independente na reforma administrativa. Até ao final do mandato, o presidente pretende levar a cabo a reabilitação das vias principais, um compromisso assumido e que será concretizado. Paulo Rodrigues aproveitou ainda para agradecer o apoio incondicional das pessoas, entidades e empresas, nomeadamente na manutenção da piscina, aquisição de carrinha para transporte de crianças, construção do Parque da Tapada e na realização de diversas atividades promovidas pela freguesia. Uma freguesia dinâmica Valorizar e dinamizar a freguesia, proporcionando o convívio e a interação social tem sido um dos desígnios assumidos pelo executivo gandarense, e a verdade é que Moinhos da Gândara
A freguesia de Moinhos da Gândara foi constituída em 20 de junho de 1997, por desanexação da vizinha freguesia das Alhadas. A sua história é ainda pequena, mas a sua força e dinâmica torna-a num verdadeiro exemplo de comunidade. Situada a norte do concelho da Figueira da Foz, trata-se de uma freguesia essencialmente rural, que durante uma grande parte da sua história tinha como principal atividade a agricultura. Hoje em dia, a realidade está ligeiramente diferente, fazendo com que a agricultura tenha menos expressão e as pessoas tenham os seus empregos maioritariamente no centro urbano. “Moinhos da Gândara é uma freguesia jovem, cujo desiderato principal passa por um apoio cada vez mais consistente aos idosos e aos jovens, isto porque a freguesia vive duas realidades que constituem um desafio em termos de futuro: o envelhecimento da população e a redução da taxa da natalidade”, evidencia o autarca. Uma das lutas preconizadas pelo atual executivo gandarense tem sido desenhar formas de promover a fixação dos jovens, embora a freguesia não esteja contemplada com um conjunto de serviços e ofertas a que os jovens cada vez dão mais valor. Outro dos notórios obstáculos à fixação de pessoas na freguesia passa pelas limitações existentes no Plano Diretor Municipal, em termos de construção. Moinhos da Gândara é uma freguesia muito dispersa, com nove localidades, onde foi preconizado um grande investimento em saneamento básico
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é uma freguesia pequena, mas muito dinâmica. Entre as coletividades existentes destaca-se a Associação Cultural Recreativa e Desportiva da Gândara, uma associação polivalente que tem desde rancho, escola de música, desporto, promovendo igualmente um vasto conjunto de atividades. Com o apoio de toda a comunidade, da Câmara Municipal da Figueira da Foz e da Junta de Freguesia de Moinhos da Gândara está dotada de excelentes infraestruturas, nomeadamente, um polidesportivo e um recinto de festas. Para além desta associação, onde toda a comunidade está integrada, a freguesia tem também uma coletividade que surgiu em 2005, Mó-Gândara- Associação Cívica de Defesa dos Moinhos e do Ambiente. Já durante o seu ciclo autárquico, Paulo Rodrigues ajudou a fixação de um grupo de música popular portuguesa ‘EmCantos’, que mais tarde se tornou na EmCantos Associação Inovação e Tradições. Com fundo musical, esta associação dinamiza ações solidárias, de divulgação da cultura popular e de confraternização. “Estas associações não competem entre si, pelo contrário, complementam-se e são muito importantes porque transmitem valores e criam raízes e afetividade à sua terra”. Visite Moinhos da Gândara Paulo Rodrigues deixa um apelo para uma visita à freguesia, onde pode vislumbrar moinhos de água, fontanários espalhados pela freguesia e o Parque da Tapada. Venha descobrir o ‘Trilho Moinhos da Gândara’, um evento que promove a importância da prática da atividade física e o contato com a natureza. Conheça também a Festa de Nossa Senhora da Saúde, um dos momentos altos da freguesia.
Um verdadeiro desfile de sabores Apostando na gastronomia tradicional aliada a ideias inovadoras e a uma confeção inspirada no rigor e na perfeição, para que todas as suas iguarias ganhem vida nas mesas do restaurante, o Caçarola Dois apresenta um serviço requintado e personalizado, proporcionando aos seus clientes um cardápio, recheado de paladares, aromas e cores, capaz de satisfazer as suas mais elevadas exigências. Situado em frente ao Casino da Figueira da Foz, este restaurante assume-se como uma referência e uma verdadeira delícia para os cinco sentidos
caçarola dois |figueira da foz em destaque Com uma capacidade para 110 pessoas, este restaurante marisqueira exalta e valoriza os produtos endógenos da região, nomeadamente os peixes e os mariscos, aliando a tradição com a qualidade e a criatividade. No seu universo gastronómico, encontramos um verdadeiro desfile de sabores, dos quais destacamos a Caldeirada de Peixe à Moda da Figueira da Foz, Arroz de Tamboril, Raia de Pitau, Feijoada de Búzios, Sopa de Peixe com Massinhas e a Sopa da Massada, bem como uma enorme variedade de peixes grelhados “dando-lhes sempre uma boa guarnição”, assim como o Arroz de Marisco, Açorda de Lavagante, Bacalhau Areado e Bife à Caçarola Dois. Enfim, uma panóplia de pratos que podem ser bem acompanhados por néctares de qualidade que distinguem a soberba culinária, isto porque o Caçarola Dois tem uma excelente garrafeira. E depois de uma excelente refeição, deixe-se deliciar com as sobremesas caseiras com especial destaque para as Brisas da Figueira, um delicioso doce conventual. “É na gastronomia regional que nos revemos, sempre com alternativas maioritariamente de peixe, não descurando obviamente os mariscos e as carnes de seleção. Dedicados e atentos, temos feito forte investimento em equipamentos de ponta para dignificar os nossos produtos e o nosso serviço”, salienta. A experiente equipa do Caçarola Dois, da qual também fazem parte os filhos de Mário e Graça Esteves, terá todo o prazer em proporcionar-lhe uma refeição ideal, com sabores deliciosos, servidos com arte, simpatia, dedicação e modernidade. “À mesa fazem-se bons negócios e à mesa fazem-se bons clientes, servindo bem e apresentando qualidade”, afirma o nosso anfitrião, lembrando que o Caçarola Dois tem um cartão de fidelização que oferece um conjunto de regalias aos clientes. O Caçarola Dois possui três salas e serviço de balcão, mas em janeiro vão iniciar-se obras de remodelação e criação de uma nova sala com capacidade para 50 pessoas e um espaço de alojamento local com nove quartos, como complemento ao espaço gastronómico. A terminar, Mário Esteves deixa um apelo para que visite a Figueira da Foz, a rainha da Costa de Prata, pela sua beleza, praias, paisagens, bem como o Casino da Figueira, as Festas de Fim de Ano e, claro pela gastronomia, deixando o convite para uma visita ao Caçarola Dois, um espaço de excelência no circuito gastronómico da Figueira da Foz.
Mário Esteves Administrador
Bem-vindos ao Caçarola Dois, o restaurante na Figueira da Foz que oferece o que de melhor e mais saboroso tem a cozinha tradicional portuguesa, proporcionando-lhe uma viagem de sensações e de sabores únicos, combinados com um ambiente familiar, acolhedor e intimista. Mário Esteves é o anfitrião deste restaurante marisqueira, cuja história quase se confunde com a sua própria vida. Falamos de um empresário carismático e dinâmico que se formou “na escola da vida”, começou a trabalhar na restauração com 11 anos, emigrou para Angola aos 14 anos, mais tarde regressou a Portugal, mas o serviço militar levou-o até Moçambique. As voltas da vida levaram-no novamente a emigrar, desta feita para França, mas a restauração e hotelaria foi sempre o ponto comum em todo o seu percurso. Há 40 anos, Mário Esteves estabeleceu-se na Figueira da Foz, ”uma terra que me recebeu de braços abertos”, fazendo nascer, em 1981, juntamente com a sua esposa Graça Esteves, o Restaurante Marisqueira Caçarola Dois, “com serviço de balcão e restaurante no 1º piso”, refere o nosso entrevistado, sublinhando que na esperança de apresentar cada vez um melhor serviço, dedicou-se à procura de receitas tradicionais, “investindo igualmente na remodelação do restaurante ao longo do tempo, afirmando-o como um espaço gastronómico de referência baseado num conceito familiar”. No Caçarola Dois encontra os ingredientes necessários para passar bons momentos na companhia dos seus amigos e familiares. A ementa marca a diferença e tem na sua génese “a promoção da gastronomia tradicional portuguesa” surpreendendo com sabores e saberes diferentes e inovadores.
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figueira da foz em destaque |belchim crop protection
sucesso, inovação e sustentabilidade Com uma presença bastante firme na Europa, a Belchim Crop Protection proporciona as melhores soluções agroquímicas, devidamente adaptadas às necessidades dos seus parceiros de negócio. Em entrevista à Revista Business Portugal, Carlos Reis fala-nos da filial portuguesa daquele que é um dos mais ousados projetos no setor.
desenvolvidos. Mas a procura de uma atitude que conseguisse marcar pela diferença e fizesse jus à ambição da multinacional, eventualmente conduziu ao desenvolvimento de um sistema de funcionamento mais autónomo, com um quartel-general fixado em pleno centro do país, na Figueira da Foz. “Foi a partir dessa altura que sentimos uma nova dinâmica e, a partir de então, temos vindo a crescer” a cada ano, contextualiza Carlos Reis, que faz da “sustentabilidade” um lema. A comprovar essa mesma rota ascendente, a empresa conta com o dedicado afinco de oito colaboradores propagados de norte a sul do território nacional, havendo já a perspetiva de ampliar esta mesma equipa com mais três elementos. Parceiros de negócios Centrando-se no desenvolvimento e comercialização de um variadíssimo portefólio de produtos e soluções agroquímicas (nomeadamente herbicidas, fungicidas e inseticidas, mas também dessecantes, anti-abrolhantes ou desladroamentos químicos), a Belchim procura estabelecer uma relação particularmente diferenciadora para com todos quantos solicitem os seus serviços. “Com os clientes não discutimos preços, discutimos estratégias”, sintetiza o nosso entrevistado. Significa isto que qualquer comprador é encarado como um autêntico “parceiro de negócios”, privilegiando-se o estabelecimento “de boas relações nas quais todos possam ganhar”, prossegue Carlos Reis, que se afirma preocupado em “vender estratégias”. São exemplos de atitudes como esta – em que aspetos como a qualidade e o critério se superiorizam ao imperativo da quantidade – que ajudam a justificar este inusitado caso de sucesso. Se, por exemplo, o ano transato (setembro de 2015 a setembro de 2016) terminou com um valor de faturação situado nos 4.6 milhões de euros, é expectativa da empresa ultrapassar a barreira dos 5 milhões de euros já este ano.
Carlos Reis Agente em Portugal
Fundada em 1987 na Bélgica, a Belchim Crop Protection é uma empresa que se dedica ao desenvolvimento e comercialização de produtos agroquímicos sustentáveis, ecológicos e altamente diferenciadores. Pese embora a modéstia do seu começo, esta é hoje uma multinacional que conta com mais de 150 produtos em catálogo e marca presença em mais de 28 países europeus – entre os quais se inclui Portugal – procurando fazer de fatores como a qualidade, a inovação e a valorização dos seus recursos humanos as grandes linhasmestras de atuação no mercado. Instalada há onze anos no nosso país, esta tem vindo a assumir-se como “uma empresa completamente diferente” daquelas que operam no setor, introduz Carlos Reis, o impulsionador da Belchim em Portugal. Aquando do seu arranque, em 2005, contava com uma empresa parceira que se encarregava da comercialização dos produtos por si
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Excelência e diferenciação “No mercado dos agroquímicos existem algumas empresas de dimensão global(mundiais) e depois encontram-se algumas de pequena dimensão, que se dedicam sobretudo aos produtos genéricos”, introduz Carlos Reis. O que efetivamente distingue a Belchim é o facto de esta ser uma empresa que conta com o préstimo de dois sócios de nacionalidade japonesa, que se dedicam à produção de moléculas. “Temos moléculas originais e, por isso mesmo, a maior parte dos nossos produtos são diferenciados pois o conceito do genéricos diferenciados é algo que soa a estranho” argumenta o porta-voz. De facto, esta é uma empresa que não opera com genéricos, centrando-se no uso de produtos originais, o que “requer um desenvolvimento técnico muito maior” atendendo, nomeadamente, aos apertados critérios das legislações comunitárias. Com efeito, “não é comum haver novas moléculas a sair no mercado, mas nós temo-las todos os anos e isso é um ativo fundamental”. Sempre à procura de novas soluções, a Belchim conta com múltiplos campos de ensaio no território europeu, concebidos com o objetivo de testar todas as soluções. “Fazemos dias de campo bem focados, testamos todos os nossos produtos e demonstramos os seus efeitos
perante os nossos clientes”, contextualiza Carlos Reis, enumerando deste modo mais um argumento que diferencia esta multinacional da sua concorrência. Sustentabilidade é o lema Sempre dedicada na procura de novas soluções, a empresa assume um importante compromisso com a sustentabilidade e segurança do meio-ambiente, ou não estivesse a filosofia da Belchim especialmente direcionada para os agricultores e respetivas culturas. Questionado sobre o estado do setor agrícola em Portugal, o nosso interlocutor considera que esta é uma atividade “cada vez mais técnica” no nosso país. “Hoje em dia já temos agricultores com bons conhecimentos e a nossa agricultura está a evoluir”, considera. Neste âmbito, é com otimismo que se torna constatável que “os técnicos estão cada vez mais conscientes da importância
de se utilizarem produtos de perfis toxicológicos diferentes”. Claro está que igualmente importante para o acentuar deste mesmo retrato está a importância de aspetos como a formação técnica, correspondendo esta, por isso mesmo, a outro dos ativos mais valiosos da Belchim. Rumo ao futuro Com uma presença já consolidada nos diversos territórios europeus, é agora ambição da Belchim abraçar outras geografias. “Estamos a tentar crescer para África e adquirimos recentemente uma empresa no Canadá”, esclarece Carlos Reis. “A nossa ideia é estendermo-nos até ao México e alcançar o Brasil e a Argentina”, consolidandose, desta forma, o seu impacto internacional. O crescimento sustentado a cada novo ano proporciona-se, assim, como um cenário particularmente concreto para a
Belchim. “Somos uma empresa nova e o nosso portefólio apresenta muitas garantias, por isso, só precisamos de continuar com uma boa equipa, bons clientes e pessoas motivadas”, sintetiza o nosso entrevistado, que não esconde a vontade de ver a filial nacional aumentar a sua quota de mercado nos próximos anos. Claro está que o porvir rimará sempre com a inovação, a criatividade e a ousadia que até aqui definiram a multinacional. Por isso mesmo, e até 2020, a empresa tem a expectativa de lançar nada mais, nada menos do que 40 novas soluções para o mercado europeu, cimentando assim o seu estatuto de excelência perante um setor cada vez mais competitivo. Tudo isto sem que a Belchim alguma vez perca os traços que desde o início a definiram: o bem-estar da natureza e do ativo humano.
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Rui Silva Administrador
figueira da foz em destaque |new race
New Race: Um nome de alta competição Sediada na Figueira da Foz, a Raiz da Aventura, Unipessoal Lda. tornou-se a referência nacional da importação e montagem de rodas de bicicleta de alta qualidade. Pelo caminho, nasceu uma marca – New Race – que promete conquistar o público internacional. Há mais de dez anos na importação e distribuição de acessórios e componentes de bicicletas, a Raiz da Aventura é um projeto que começou pela singular paixão que Rui Silva nutre pela arte do ciclismo. “Pratiquei BTT em miúdo”, começa por recordar o nosso entrevistado, que sempre conviveu de perto com a alta competição. Este particular gosto pelo desporto revelou-se uma constante, tendo o empresário – enquanto frequentava o curso superior de Engenharia Informática – desenvolvido um portal informativo dedicado a esta modalidade. Foi através desse mesmo site que se proporcionou a oportunidade de um negócio, assente na importação de uma conceituada marca americana de componentes de bicicletas. Desta forma nasceu, em 2003, a empresa Raiz da Aventura. Gradualmente, entretanto, “foram aparecendo mais marcas e especializámo-nos na montagem e distribuição de rodas de alta qualidade” para uma gama “média e alta”. O projeto foi crescendo e, perante o sucesso da iniciativa e
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new race |figueira da foz em destaque
uma atenta análise ao mercado, Rui Silva sentiu a necessidade de desenvolver, já no ano de 2013, uma marca própria: a New Race. “Estávamos estagnados em Portugal e já não conseguíamos crescer mais”, relembra o empreendedor, antes de sublinhar que a chancela “está a superar, neste momento, todas as expectativas de venda”. A comprovar isso mesmo está o facto de a New Race ser a incontestada líder no mercado português. Mas os horizontes começam a alargar-se cada vez mais: para além de uma presença firme em Espanha, os artigos da marca afirmam-se já também em países como França, Bélgica, Itália, Alemanha ou Holanda. Qualidade e alta competição Pese embora o facto de a New Race ser uma marca relativamente recente, o sucesso do projeto tem uma explicação óbvia. “As lojas – que são os nossos principais clientes – já confiavam nos produtos que nós desenvolvíamos com as outras marcas e acreditavam no nosso trabalho”, contextualiza Rui Silva. “O que basicamente fizemos foi acrescentar qualidade aos produtos que já fazíamos”, sustenta. Encontrando sempre no fator qualidade a sua linha de ação, a marca tem vindo a atrair o interesse e a confiança de um crescente número de desportistas profissionais. “Os próprios atletas e as respectivas equipas vêm ao nosso encontro e competem com os nossos produtos, o que aumenta a nossa credibilidade”. Entre os nomes da alta competição que já fazem da New Race a sua marca de eleição encontramos, por exemplo, Vítor Gamito, José Silva, Mário Costa ou Ricardo Marinheiro. Por outro lado, no universo do downhill a lista de filiados inclui, entre outros desportistas, Francisco Pardal ou Vasco Bica. Uma paixão e uma ciência O compromisso com a excelência é garantido através do respeito de uma série de padrões. “Felizmente, temos bons fornecedores e trabalhamos com as melhores fábricas”, salienta o empresário. Os produtos são, por seu turno, desenvolvidos atendendo às especificações de quem os solicita, o que se traduz numa solução altamente especializada e centrada apenas na mais perfeita performance. O método de produção é manual, o que corresponde a “uma característica das rodas de alta qualidade”. A auxiliar, todavia, o árduo trabalho de todos os colaboradores está o acesso a “assistência computorizada”, que permite assegurar que todos os padrões de qualidade se mantêm inalterados. “Temos capacidade para fazer cerca de 20 pares de rodas por dia”, esclarece o nosso interlocutor. Para o sucesso de todo este projeto não é pequeno o contributo do vasto know-how que todos os colaboradores fazem questão de ter pela área. “Os produtos passam, em primeiro lugar, por nós. Somos nós que os desenvolvemos e os testamos, depois eles passam para os atletas”, explicita Rui Silva. A formação contínua de todos os trabalhadores corresponde, também ela, a um aspeto chave que faz a diferença. Pensar o futuro Contando atualmente com uma carteira de clientes ampla em Portugal, o futuro da marca New Race passará pelo acesso a novas portas. E é precisamente nesse sentido que o projeto de internacionalização – no âmbito do Portugal 2020 – e a presença em feiras internacionais do setor proporcionam novas oportunidades, pese embora o facto de “não ser fácil entrar noutros mercados, havendo ainda um longo caminho a percorrer”. Nesse sentido, os planos a curto-prazo passam por consolidar a marca e fazer com que o nome continue a ser sinónimo de qualidade, em Portugal e nos mercados europeus. O crescimento sustentado e gradual afirma-se, desse modo, como uma palavra de ordem, até porque – mesmo fora do circuito de alta competição – este é um desporto cada vez mais popular. “Hoje em dia, as pessoas têm maior disponibilidade para gastar dinheiro numa bicicleta de alta qualidade”, considera o diretor de comunicação, Bruno Freitas. Eis um aspeto que, aliado à maior preocupação com o bem-estar e a prática do desporto, ajuda a explicar o porquê de o setor ter vindo a crescer em anos recentes. Até porque, bem vistas as coisas, “a bicicleta é um desporto muito completo, que permite um fácil aumento da intensidade física” para principiantes, ao contrário de outras modalidades. Tudo indica, por isto, que a New Race pedalará nos próximos anos com cada vez mais força, embalo e sucesso.
figueira da foz em destaque| constrind
Empreendedorismo e excelência
A operar há 18 meses, a CONSTRind é uma empresa especialista no setor refratário que alia uma atitude jovem e ousada à excelência e know-how que sempre caracterizou a experiência dos três sócios e dos colaboradores que a fundaram.
Equipa
De portas abertas desde 2015, a CONSTRind – Construção e Térmica Industrial, Lda. é um projeto que nasceu na Figueira da Foz, fruto do impulso empreendedor de um trio de jovens empresários: Nuno Alves (diretor-geral), Nuno Menezes (diretor de operações) e Marco Cardoso (diretor de produção). “Sentimos que tínhamos a capacidade para construir uma empresa que permitisse ver reconhecido o nosso trabalho e esforço”, começam por explicar os nossos interlocutores, acrescentando que esta foi uma iniciativa movida pelo desejo “de realização profissional”. Encontrando um imprescindível apoio na Incubadora de Empresas da Figueira da Foz, a CONSTRind nasceu “de um autêntico risco” que, para vitória e orgulho dos três jovens, cedo se revelou uma aposta ganha. “Quando começámos não tínhamos nenhum cliente”, contextualiza Nuno Alves, salientando que o amplo know-how da equipa, bem como o sucesso
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dos primeiros serviços, proporcionaram à empresa um ritmo de crescimento que “superou todas as expectativas”. De facto, “tínhamos a perspetiva de fazer, no nosso primeiro ano, metade do que conseguimos e este ano voltámos a dobrar o nosso trabalho”. Embora surpreendente, este é um sucesso que vem apenas fazer jus à política de excelência que, há 18 meses, pauta a atuação da CONSTRind, que se especializa num “nicho de mercado pouco conhecido”: o refratário. A empresa está, por isso, apta para desenvolver qualquer trabalho de instalação, reparação ou manutenção de fornos industriais ou queimadores, para setores tão diversos quanto, por exemplo, a metalúrgica, a petroquímica, ou a produção de vidro e cristal, dentro e fora de Portugal. A abertura da empresa ao exterior revelou-se, de facto, como um imperativo e consequência do seu rápido crescimento. “Trabalhamos maioritariamente no meio industrial. Portugal, infelizmente, não consegue ter no ramo refractário indústria suficiente para nós e os nossos concorrentes”, atesta Nuno Alves. Neste âmbito, os préstimos da CONSTRind, composta atualmente por 120 colaboradores, chegaram já a mercados como França, Itália, Alemanha, Suíça ou Reino Unido. Mas num portefólio predominantemente europeu, a jovem firma chegou já a assinar também projetos em mercados como o egípcio. Este sucesso além-fronteiras corresponde a uma orientação que, de futuro, será continuada. “Os portugueses são os melhores naquilo que fazem, na medida em que nós conseguimos juntar a qualidade de trabalho, um preço competitivo e espírito de sacrifício”, sintetiza o diretor-geral, numa alusão a valores que são cada vez mais reconhecidos no panorama internacional. Não admira, posto isto, que entre os próximos passos da empresa figueirense esteja a obtenção e consolidação das certificações de qualidade e segurança que lhe permitam abrir ainda mais portas. Também reservada para breve está a mudança de instalações da empresa que, embora se mantendo na mesma zona industrial, ficará alocada num espaço de aproximadamente 4000 m2. “Neste momento temos uma frota de 18 veículos aos quais temos que dar manutenção e o nosso espaço começa a ficar cada vez mais pequeno”, sublinha o porta-voz. Atendendo à atual trajetória de crescimento, é com natural otimismo, mas também cautela, que os três empresários encaram os anos que se avizinham. Já em registo de conclusão, Nuno Alves, Nuno Menezes e Marco Cardoso deixam uma mensagem de agradecimento a toda a sua equipa de colaboradores “por terem acreditado neste projeto” e contribuído, através da sua atitude e profissionalismo, para o sucesso da CONSTRind.
sergio guimaro| figueira da foz em destaque
Um exemplo de empreendedorismo
Sergio Guimaro é um jovem empresário que dá nome a uma empresa inovadora que atua na área da construção civil e dos transportes. Sediada na Figueira da Foz, esta empresa é um dos exemplos de sucesso que superaram a crise dos últimos anos. Desta forma, a Revista Business Portugal esteve à conversa com o administrador da Sergio Guimaro para perceber quais as suas ambições e objetivos a alcançar nos próximos anos.
novos materiais e novas soluções para os nossos clientes”, concluiu. No que diz respeito à atualidade do setor no nosso país, Sergio Guimaro elucidounos: “Dentro deste nosso pequeno país temos vários mercados, o mercado mais competitivo é a zona centro, já o da zona sul é um mercado interessante, porque justifica os custos de deslocação com o volume de faturação que se consegue lá. Nos últimos anos, trabalhamos muito com condomínios, manutenção de edifícios e reabilitação mas, atualmente, já começa a reaparecer a construção em Portugal. No mercado do Algarve denota-se muito investimento Sergio Guimaro Administrador
estrangeiro na construção de habitações”, reiterou.
Foi fundada em 2007 como uma empresa apenas ligada à área dos transportes e com uma pequena frota de três camiões. Nessa altura, Sergio Guimaro dividia a sua atenção entre a administração da sua empresa e o trabalho que desempenhava numa outra entidade familiar. Em 2010, resolveu dedicar-se apenas à Sergio Guimaro para a poder implementar e estabilizar no mercado e, para isso, acrescentou a construção civil aos serviços que já prestara. Construção de edifícios, remodelação, reabilitação, impermeabilização e pintura são alguns dos serviços prestados na área da construção civil, por outro lado, na área dos transportes, são garantidos serviços de transporte rodoviário nacional e internacional de mercadorias designadas por carga geral ou grupagem. Atualmente, a construção é a principal atividade da empresa e, ao nível dos transportes, realizam apenas gestão de cargas. Atuam em todo o país, com obras em Coimbra, Lisboa, Porto, Figueira, Algarve e, também, no Luxemburgo. Questionado sobre o que o motivou a investir nesse país, o nosso entrevistado explicou: “Tenho lá familiares e, em visitas ao país, percebi que existe ali muito potencial ao nível da construção. As expetativas de crescimento para o Luxemburgo são muito grandes. Temos lá um escritório que gere todo o trabalho que é realizado lá”, afirmou, acrescentando, ainda, o que o diferencia na prestação dos seus serviços: “Trabalhamos para a qualidade e inovação procurando
Futuro no ramo imobiliário A aumentar o volume de faturação todos os anos, de ano para ano, Sergio Guimaro confidenciou à nossa revista, querer investir também na promoção imobiliária, construindo e vendendo edifícios por conta própria. Uma vida atarefada que garante valer a pena pela felicidade da sua família: “Vive-se num stress diário, mas quando se faz o que se gosta tudo se consegue. Estando a empresa bem, a minha família também está bem e é por eles que me esforço tanto”, finalizou o empresário.
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figueira da foz em destaque | silvas s.a.
Especialistas em engenharia industrial Antero Urbano e José Pêgo são administradores da empresa Silvas SA., uma empresa de Engenharia Industrial. A Revista Business Portugal esteve à conversa com os administradores que nos explicaram em que consiste a atividade desenvolvida pelos Silvas ao mesmo tempo que abordaram a atualidade empresarial e industrial do nosso país.
Antero Urbano e José Pêgo Administradores
A Silvas, S.A. surgiu em 1979. São 37 anos de atividade, num ramo onde a inovação e a excelência são pilares preponderantes. Realizam projetos específicos conforme necessidade dos clientes, montam e instalam essas mesmas soluções, e, ainda produzem componentes e equipamentos metálicos ligeiros ou pesados, Uma panóplia de serviços realizados com a qualidade que é esperada por Empresas bem conhecidas do grande público, nas mais diversas atividades tais como: Papeleiras, Cerâmicas Sanitárias, Cimenteiras, Reciclagem, Alimentares, Fundição, Aglomerado, entre outras, em Portugal mas também no estrangeiro: “Trabalhamos em Portugal e para Espanha,
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Croácia, França, Grécia, Guiné, Moçambique, China e as máquinas e equipamentos nunca se repetem. Todos os clientes pedem especificidades diferentes e nós temos que nos adaptar a isso. Nós somos fabricantes de ideias e soluções”, começou por nos explicar Antero Urbano. Excelentes condições de trabalho Com um número normal de trabalhadores a rondar a centena, sendo que no verão este número pode chegar aos 150, a Silvas, S.A. é uma empresa que se preocupa com o bem-estar de todos os seus funcionários, a exemplo: “Criámos um seguro de poupança reforma para todos os trabalhadores no
intuito de os fidelizar, já que só passará a ser de pleno direito se o trabalhador estiver ao serviço da empresa durante cinco anos. Caso saia antes desse tempo ou em litígio com a empresa, o dinheiro acumulado é distribuído equitativamente por todos os outros trabalhadores, desde o presidente do conselho da administração até à senhora da limpeza. Temos, também, um refeitório em que a cozinheira e restantes funcionárias são da Silvas, S.A. sendo o custo de 1,5€ por refeição. Nenhum trabalhador dos Silvas traz marmita de casa para a comer na travessa de um banco há 35 anos”, garantiu o empresário.
Constrangimentos ao setor Apesar de ter sido o exemplo de uma empresa que cresceu mesmo em tempos de crise, a enorme competitividade existente nesta área de atividade e a falta de mãode-obra apropriada constituem os principais entraves atuais da Silvas, S.A.: “Não é fácil arranjar mão-de-obra qualificada que se adeque ao nosso trabalho. Se me perguntar se é fácil arranjar engenheiros, sim, é fácil. Só para vos dar um exemplo, uma vaga aberta para um engenheiro teve 400 respostas. Mas se eu precisar de um desenhador de construções mecânicas, um preparador de trabalhos, três ou quatro serralheiros mecânicos ou tubistas, isso é
silvas s.a.| figueira da foz em destaque muito difícil”, adiantou o nosso entrevistado. A formar profissionais desde 1979 “A vida dos Silvas tem sido formar quadros de grande qualidade que estão nas melhores empresas do nosso país”, afirmou Antero Urbano, salientando o contributo que esta empresa deu na formação ativa de grandes profissionais. Assim, o facto de muitos dos que passaram pelo Silvas, S.A. fazerem parte dos quadros de outras grandes empresas portuguesas, constitui um sabor agridoce para a administração desta empresa: “É um orgulho entrarmos em qualquer empresa e sabermos que aqueles profissionais foram formados por nós, por outro lado, é triste porque de cada vez que um sai, é um passo atrás que nós damos”, lamentou. Apesar dos inconvenientes, a postura formadora dos Silvas mantém-se através de protocolos com universidades, escolas profissionais, o IEFP, onde quase todos os formandos ou estagiários acabam por ficar na empresa, com destaque para a Escola Industrial e Comercial Dr. Bernardino Machado na Figueira da Foz: “Orgulhamonos de cerca de 90 por cento desses
formandos terem ficado na Silvas, S.A.”. O futuro dos Silvas A Silvas, S.A. é uma indústria que serve as outras indústrias e, por isso, o trabalho nunca faltou: “Há trabalho para todos, deveria era de existir uma política mais justa aquando da atribuição dos trabalhos, projetos ou obras”, afirmou José Pêgo. No entanto, crescer em Portugal e aumentar a internacionalização faz parte da vontade e da estratégia que irá ser adotada por esta empresa nos próximos anos, privilegiando no entanto, aquilo que faz parte da essência da empresa: “engenharia industrial e construção de máquinas. Para isso, vamos ter que encontrar e apostar num bom departamento comercial, porque nós não queremos ser representantes de uma outra grande marca, nós queremos vender a marca Silvas”, reiterou. Em final de conversa ficou a certeza: “Nós, portugueses, somos muito bons e quem disser o contrário não conhece Portugal!”, finalizou.
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OESTE CIM - ARRUDA DOS VINHOS Aberta ao exterior, Arruda dos Vinhos conhece tão bem a sua superfície como o seu âmago. Desperta no ar do Oeste, ancorada pelo rio de Lisboa, a região sabe conciliar a sua dimensão urbana tão bem como a rural. André Rijo constrói esse caminho coletivo, não escondendo convicções, nem recusando desafios.
André Rijo Presidente
Aqui o verbo “viver” combina tão bem como estudar, trabalhar, investir ou, simplesmente, visitar. Sincronizada por diferentes eixos de ligação e participação, o município privilegia uma posição geoestratégica em relação a outras regiões do Oeste. “Arruda tem-se afirmado como uma região de excelência em vários vetores”, começa por vincar. Antevendo um novo ciclo político-administrativo, o autarca compreende que no Documento Estratégico Arruda 2025 cabe toda a esperança que um território como este pode conceber. Durante um período de dez anos, a pluralidade dos desafios apoiase na legitimidade inquestionável dos cidadãos. Oeste inspira confiança, Arruda dos Vinhos cativa abertura, e com Lisboa ali tão perto respeitam-se áreas transversais como a iniciativa económica, a sustentabilidade, a gastronomia, a mobilidade, entre muitas outras. Paisagem aplaudida pelas diferentes dinâmicas que reporta, duradoura é a estratégia enquadrada à vida do cidadão. Se modernização é movimento, importante é, também, saber respeitar os recursos endógenos. E se a natureza em
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equilíbrio existir em toda a sua plenitude, o turismo/enoturismo cruza-se com outras formas de habitar o próprio espaço. Ruralidade às portas de Lisboa Numa região tão bem consagrada do ponto de vista vínico, não poderia deixar de se promover a Festa da Vinha e do Vinho. O evento realizado em novembro já conta com a sua 19º edição e a gastronomia local soube, mais uma vez, combinar-se a esta força viva que é o vinho para celebrar sabor e presença. Através desse contacto muitas são as experiências - provas, mostras de vinhos, visitas às vinhas e adegas. Dentro dos tecidos económicos sente-se uma maior consciencialização para a valorização, a própria comunidade está desperta, e nesse aproveitamento de riquezas há ainda muito por explorar no eixo Oeste-Lisboa: “Retiram-se vantagens ao levarmos a tradição saloia à capital, tendo como elemento o vinho. O objetivo é que o nosso produto venha a fixar-se, permanentemente, num espaço físico da capital. Nós temos
a ganhar, indubitavelmente, mas Lisboa também tem muito a lucrar se souber aproveitar esta ruralidade à sua porta”. Educação: uma viagem ao longo da vida A pensar nas pessoas (residentes e visitantes) e nas empresas/empresários, cultivam-se novas leituras para a construção de vantagens de atratividade. “Arruda tem esse foco muito importante. Já José Hermano Saraiva sintetiza: “Vir a Arruda é vir ao Minho ou a Trás-os-Montes a 20 minutos de Lisboa”. E depois, elementos como a segurança e a preservação natural são sempre de salutar”, realça. Perante questões como “o que queremos que os nossos jovens saibam quando deixarem as nossas escolas?”, o presidente empenha-se em garantir um elevado nível de excelência na educação. Dialogar com o passado é essencial para projetar o futuro, formar cidadãos revela-se fulcral para despertar consciências, incluir cultura e empreendorismo no seu saber é tão crucial como a participação ativa na sociedade. Perante esse estímulo que existe entre professor e aluno, sinergias são criadas, e Arruda afirma mais as suas memórias.
No âmbito da Leitura dos Forais Novos, D. Manuel atribuiu a 15 de janeiro de 1517 o Foral à vila de Arruda. Em 2017, 500 anos depois, comemora-se esse pedaço de história. Este tempo não esquecerá, porém, o Foral de D. Afonso Henriques, atribuído em 1160. As escolas preparam-se para a produção de um trabalho científico, mobilizando projetos e atividades para o seu valor local. Esta densa malha em que o passado se entretece, fá-los abrir novas perspetivas. Inovar e investir O presidente responde com respostas concretas e escolhas positivas em vetores tão diversos como a inclusão de cultura e lazer, a gestão de resíduos, a reciclagem e reutilização, os serviços de logística, o comércio, os serviços de apoio à população, a restauração e o desporto. “É curioso verificar que há sinais de continuidade de crescimento populacional, não pelo crescimento natural, mas pela atratividade residencial”, evidencia. Se o aumento da população avançar em ritmo veloz, Arruda terá de antecipar-se a desafios tão urgentes como a habitação, o emprego, a requalificação urbana, a
sustentabilidade e qualidade de ensino, as acessibilidades, modernização e qualidade de serviços, preservação ambiental e segurança. “Passo a passo, estamos a cumprir esse manifesto eleitoral a que fomos mandatados e tudo faremos por ser fiéis ao Documento que é, também, muito vasto e versa várias áreas. Esperamos que em 2025, Arruda seja um município ainda de maior excelência para viver, estudar, investir, ou visitar”, move. Nesse horizonte temporal, a história do território é ponderada, as grandes linhas estratégicas são identificadas, a cidade trava o aroma do vinho, no seu interior intensificam-se as viagens com Irene Lisboa, para no final serem projetados todos os futuros possíveis. Aqui a essência da ruralidade não perde o seu perfil identitário com a cantiga que Lisboa lhe lança. Nela fomentam-se desenvolvimentos, desprendemse individualismos, estimulam-se capacidades de trabalho, persiste-se na educação de toda a comunidade, as oportunidades cosmopolitas não afugentam a candura do campo e a periferia existe tão harmoniosamente como o seu centro.
oeste cim - arruda dos vinhos | adega cooperativa de arruda dos vinhos
Uma adega de história e tradição
Márcio Pereira Administrador
Arruda dos Vinhos foi, desde sempre, conhecida pelos seus extensos vinhedos, tendo já abastecido grande parte do país. Por isso, o vinho está, diretamente, ligado à história desta terra que conta com a Adega Cooperativa na continuidade desse longo caminho, o caminho de levar o vinho da região o mais longe possível.
Constituída a 6 de dezembro de 1954 por 25 agricultores do concelho, a Adega Cooperativa de Arruda dos Vinhos, com capacidade para 25 milhões de litros e representando, hoje, 150 agricultores, nasce com o objetivo de potenciar as condições vitivinícolas que existiam na região, aumentar a rentabilidade económica dos seus associados e melhorar a qualidade dos vinhos produzidos. A verdade é que “durante cerca de 30 anos, a adega dedicou-se, essencialmente, ao vinho a granel, ou seja, ao vinho não engarrafado”, como nos conta Márcio Pereira, presidente da direção da adega. Ao longo dos tempos, a configuração da Adega Cooperativa foi sofrendo alterações nas suas infraestruturas, com a constituição da Região Demarcada de Arruda onde foram criadas novas marcas que, ainda hoje, fazem parte da sua oferta, passando por três fases de ampliação. Atualmente, os seus edifícios situam-se numa área de terreno com cerca de 25 mil metros quadrados. Imagem renovada “Nos últimos anos”, começa por explicar Márcio Pereira, “a adega encontrava-se num momento de estagnação, no que diz respeito à projeção da sua imagem, refletindo-se diretamente, nas vendas e no rendimento dos vários associados”. A adega tinha, até então, vinhos de grande qualidade, mas invisíveis ao público, a sua imagem tinha-se perpetuado no tempo com pouca modernidade e era pouco apelativa para o consumidor. Desta forma, em
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julho de 2015, foram eleitos novos órgãos sociais com uma nova equipa na direção que quis seguir uma linha diferente e renovada. Esta nova linha de pensamento entrou com o objetivo de “projetar a imagem da adega, não esquecendo a qualidade do seu vinho”, alterando a imagem dos produtos, desde o vinho corrente até aos vinhos regionais. “Passo a passo, temos vindo a crescer durante este ano”, afirma, “quer a nível de promoção e divulgação da adega, quer na qualidade dos nossos vinhos”. Esta aposta tem sido visível, por exemplo, nos vinhos regionais com uma produção em constante crescimento e com vendas muito significativas. Nesse sentido, foram criados novos vinhos dentro das marcas já conhecidas da adega, como o Lote 44, produzido, normalmente, há vários anos mas que, agora, tem duas novas variantes. No futuro, a Adega Cooperativa de Arruda dos Vinhos, irá lançar outros dois novos vinhos dessa gama com vários perfis porque “queremos apostar numa marca conhecida para todos os tipos de gosto”. Paralelamente, a aposta recai, também, no enoturismo com o intuito de levar cada vez mais turistas à terra, uma vez que a sua localização é uma mais-valia, ficando a apenas 20 minutos de Lisboa. “Queremos potenciar a região, não só no que ao vinho diz respeito mas, também, em termos de património histórico, gastronomia e hotelaria”, conta, “queremos conjugar todas estas vertentes com atividades ligadas às vinhas”, com o objetivo de organizar rotas em parceria com a Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. Com os seus vinhos presentes já em vários supermercados e restaurantes, a Adega Cooperativa quer que o público identifique o vinho, pela sua qualidade, em qualquer parte e, essencialmente, que o associe à região. Com este grande objetivo, a adega faz questão de estar presente em várias feiras como a Fatacil, no Algarve, onde a última experiência “foi positiva”, levando os seus vinhos leves, a marca Náutico, vinhos branco e rosé que foram muito apreciados, bem como o Lote 44 tinto. Não podemos esquecer a festa da terra, a Festa da Vinha e do Vinho, onde a adega está, naturalmente, presente até porque foi um dos criadores e festa, essa, que tem sofrido um crescimento brutal e ganhando, cada vez mais, visibilidade. Com 70 anos de atividade, a adega pretende direcionar-se agora, além dos objetivos intrínsecos à sua fundação, para o enoturismo onde conta, já, com algumas parcerias com restaurantes e produtores locais. “Queremos, de facto, dinamizar a adega e trazer cá pessoas, ao mesmo tempo que promovemos a nossa terra”, afirma, “porque temos todas as condições para realizar uma panóplia de atividades e eventos”. Esta nova equipa com um maior dinamismo dá, assim, um novo e necessário apoio aos seus associados, apostando numa adega mais moderna que acrescenta, naturalmente, valor aos seus vinhos. O caminho é, então, de continuidade nesse trabalho que tem sido realizado, esperando a entrada de novos associados que se queiram juntar a este novo rumo.
oeste cim - arruda dos vinhos | benjamim filipe carvalho S.A.
Uma filosofia de qualidade e confiança Com um ativo de 40 anos de experiência no mercado, a BFC Benjamim Filipe Carvalho, SA é uma empresa de comercialização, importação e exportação de frutas e produtos hortícolas. Com raízes em Arruda dos Vinhos, esta empresa de base familiar, sediada na cidade do Porto, assume a qualidade e o rigor como pedra toque para o seu crescimento e consolidação.
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Como em qualquer empresa, na BFC – Benjamim Filipe Carvalho, SA o capital humano assume uma importância vital. Neste contexto, a empresa conta com 70 colaboradores devidamente preparados para responder aos desafios que lhes são colocados, dia após dia, pelo mercado. O grande desiderato da empresa consiste em prestar um serviço de qualidade, visando a total satisfação dos seus clientes. “Mantemos uma filosofia de proximidade, por isso mesmo, a empresa está perto e ao lado do cliente, cultivando assim uma relação de confiança. As nossas preocupações passam pela qualidade do produto apresentado e o acompanhamento prestado. É esta mesma filosofia que tem permitido a nossa permanência no mercado todos estes anos”, sustenta João Serrano. Esta organização empresarial tem três centros de distribuição, dois em Portugal, Porto (sede) e Arruda dos Vinhos (filial) e o terceiro centro na Polónia, em Varsóvia. O grupo comercial com quem a empresa trabalha de uma forma mais consistente está, igualmente, na Colômbia, e já existem planos para que esta parceria se possa estender àquele país da América do Sul. A evolução crescente do volume de negócios, tanto nos produtos frutícolas como hortícolas, está, igualmente, associada à diversificação dos produtos vendidos, como nos revela João Serrano, lembrando que a empresa tem cerca de 50 referências de produtos, o que constitui uma solução mais global para os seus clientes. Dada a variedade dos produtos comercializados é, também, diversa a sua origem. A empresa, para além de comercializar produtos de origem nacional, também importa. Além disso, é detentora de uma frota própria
benjamim filipe carvalho S.A.| oeste cim - arruda dos vinhos João e Anabela Serrano Administradores
de camiões frigoríficos e opera com um sistema de logística e armazenamento em consonância com todas as normas legais
como uma referência, transmitindo uma cultura empresarial e um estilo de gestão próprio, assegurando a satisfação dos
vigentes na Europa, revela João Serrano, sublinhando que a empresa tem uma capacidade de armazenagem de frio para 1.000 toneladas. João Serrano mostra-se satisfeito pelo percurso desenhado pela sua empresa, salientando que esta tem registado um crescimento significativo todos os anos, desvendando que “este ano alcançámos uma faturação de 70 milhões de euros”. Todos os anos o crescimento da empresa cifra-se entre os 10 e os 12 por cento, mas 2016 foi, sem margem para dúvidas, “o ano em que mais crescemos, dos últimos dez”. Num mercado cada vez mais global e competitivo, a BFC – Benjamim Filipe Carvalho, SA distingue-se, essencialmente, pelo respeito pelos seus clientes e fornecedores, pelos compromissos assumidos, bem como pelas premissas de rigor e qualidade.
seus clientes e parceiros. As empresas que se distinguem como PME Excelência representam uma bitola clara pela qual outras empresas se podem orientar na sua procura pelo sucesso e crescimento sustentado. Para João Serrano, a distinção com o Prémio PME Excelência representa o reconhecimento do trabalho desenvolvido, assinalando também o empenho e esforço num crescimento sustentável. Paralelamente, simboliza uma motivação adicional para que a empresa continue a trabalhar e a servir os seus clientes com a qualidade que a distingue ao longo das suas várias décadas de experiência.
Entre os melhores Seguindo princípios fundamentais ao desenvolvimento sustentável de qualquer atividade como a força empreendedora, inovação permanente, visão estratégica, solidez e o rigor na gestão, a BFC – Benjamim Filipe Carvalho, SA apresenta-se
O futuro da empresa Com os olhos postos no futuro, João Serrano pretende continuar a apostar na qualidade como fator de distinção, prestando sempre um serviço de excelência, que na sua ótica, é a base para continuar o rumo do crescimento sustentado. A possibilidade de expansão para a Colômbia, juntamente com o grande grupo comercial com quem mantém parceria, é uma ideia que agrada o administrador da empresa, isto porque se assume como mais um desafio.
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oeste cim - arruda dos vinhos | futuro verde
Por um futuro ambiental sustentável A Futuro Verde apresenta soluções ao nível da gestão global de resíduos, tornando possível o seu escoamento legal, devidamente licenciado. Com cerca de duas décadas de experiência no setor, fomos conhecer a importância do trabalho da empresa liderada por Jorge Cortez.
Luís, Jorge e Sebastião Cortez Administradores
A freguesia de Arranhó ficou conhecida ao longo dos tempos por ter empresários que se dedicavam à recolha de resíduos, trabalho que alternavam com o comércio de fruta. Neste contexto, Jorge Cortez, empresário e homem de fé, começa por explicar a razão por estar neste setor, um negócio de família iniciado pelo pai, Sebastião Cortez. A primeira empresa foi constituída em 1997 sob a designação de Jorge & Cortez - Reciclagem de Ferros e Metais. Com o crescimento e especialização no mercado, surgiu em 2006, a Futuro Verde, Soluções Ambientais. Jorge Cortez explica que a empresa se “dedica à reciclagem, através da recolha em vários pontos do país de materiais ferrosos como, ferro e aço e não ferrosos como alumínio, latão, cobre
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e chumbo, somos especializados nesta vertente. Após esta recolha, procedemos à triagem, separação e valorização dos materiais. De seguida, a matéria-prima é entregue na Siderurgia Nacional ou a empresas que se dedicam à sua fundição”. Os serviços prestados pela empresa centram-se na recolha, triagem, tratamento e transporte de resíduos. Inicialmente, a Futuro Verde operava sobretudo “na zona da Grande de Lisboa, com o passar do tempo o negócio evoluiu, cresceu e agora efetuamos a recolha de resíduos em todo o país, temos uma frota de dez camiões”, revela o entrevistado. A expansão do negócio traduziu-se também na abertura de uma filial, há cerca de cinco anos, na Zona Industrial de Santarém, que se dedica ao desmantelamento de veículos
em fim de vida e onde o responsável é Luís Cortez. O interlocutor explica que “Santarém, para além de ser um grande parque industrial, é, também, uma zona agrícola por excelência, que produz muitos resíduos, sobretudo, predominantes das alfaias agrícolas. A escolha de Santarém foi importante porque passámos a estar situados no centro do país, uma localização privilegiada que permite uma deslocação facilitada por todo o território nacional”. Na filial de Santarém, “possuímos as condições técnicas e os mais modernos equipamentos para a realização das operações de descontaminação e desmantelamento de veículos em Fim-de-Vida, nomeadamente, para o processo de extracção dos resíduos perigosos prejudiciais ao ambiente”, explica
o fundador da Futuro Verde. Cerca de 85 por cento do trabalho da Futuro Verde é dedicado aos materiais ferrosos e não ferrosos, de uma forma residual, a Futuro Verde também faz recolha de plástico, cartão, vidro e de equipamentos eléctricos e electrónicos. Fruto de muito trabalho e empenho, tendo como valores a preserveção da qualidade do meio ambiente, na Futuro Verde nem tudo foram facilidades e Jorge Cortez relembra que “a crise no setor da construção civil afetou todos os setores, e um deles foi a reciclagem dos resíduos ferrosos e não ferrosos, onde agora já se notam melhorias. Temos crescido cerca de 20 por cento ao ano, desde há cinco anos e neste momento, trabalhamos 5 mil toneladas ano”. A Futuro Verde reúne a experiência aliada ao uso dos melhores equipamentos, como contentores e maquinaria especializada, garantindo aos clientes um serviço de qualidade, a preços competitivos, reunindo as licenças e alvarás necessários para operar no setor. A empresa emprega 20 trabalhadores, dos quais 80 por cento são residentes no concelho de Arruda dos Vinhos. O entrevistado considera que “os empresários também ajudam o concelho a crescer e necessitamos de empresários dinâmicos na região. Estamos tão perto de Lisboa, não podemos ser só dormitório, precisamos de empresas para o concelho e de condições para novos empresários que pensem em instalar-se na região”. Questionado sobre os projetos de futuro, Jorge Cortez salienta que pretende “continuar no mesmo caminho, no caminho do desenvolvimento do trabalho em prol da melhoria e valorização do meio ambiente”, finaliza.
EMAF
A EMAF - Feira Internacional de Máquinas, Equipamentos e Serviços para a Indústria é o maior evento do sector industrial realizado em Portugal e, apresenta, como sempre, as últimas soluções e tecnologias do futuro do sector. A participação das principais empresas de máquinas e equipamentos para a indústria tornam-na numa das principais feiras da Europa. A EMAF renova a sua aposta na internacionalização de tecnologias e negócios, na inovação da indústria e no conhecimento técnico. A quarta revolução industrial coloca novos desafios, aos quais, esta 16ª edição pretendeu dar resposta, apresentando soluções inovadoras e promovendo o conhecimento e o networking em inúmeros seminários técnicos e fóruns de debate. Neste certame, que se realizou de 23 a 26 de novembro, os players da indústria portuguesa encontram soluções e novidades que dão resposta às suas necessidades de modernização e ganhos de eficiência. É com um conhecimento profundo no mercado em que atuam que conseguem ultrapassar os desafios concorrenciais, melhorar as suas capacidades de produção, aperfeiçoar as técnicas, conhecer maquinaria e as soluções para o aumento da produtividade. Esta é a grande montra nacional com uma tónica forte na internacionalização, elevando-a a um patamar que lhe possa conferir o estatuto de uma das mais
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importantes da Península Ibérica e ao nível de muitas outras feiras deste segmento que se realizam um pouco por toda a Europa. Uma vez mais, a EMAF realizou-se simultaneamente com a 19ª FIMAP – Feira Internacional de Máquinas, Acessórios e Serviços para a Indústria da Madeira, numa fórmula que os anos têm vindo a premiar de sucesso. A realização contígua destes dois eventos altamente especializados permite apresentar soluções para toda a cadeia de valor industrial. Paralelamente à área expositiva onde as empresas têm patentes as suas novidades, o programa destas duas feiras integrou ainda vários seminários técnicos e fóruns de debate e um dos pontos altos da EMAF/FIMAP, que vai já na 8ª edição, o Concurso Inovação. Nesta iniciativa, promovida em parceria com a revista Robótica, o objectivo passa por reforçar as componentes de I&D, premiando os projetos onde os aspetos de conceção, originalidade e operacionalidade estão mais presentes. Destaque, também, para os vários seminários técnicos e fóruns de debate, onde as “Jornadas de Manutenção Industrial” foram um palco privilegiado para a divulgação e troca de conhecimentos entre profissionais da manutenção e académicos. “Evolução do Outsourcing”, “Segurança em Manutenção”, “Eficiência Energética” ou “Gestão de Ativos” foram alguns dos outros temas em debate. Mais uma vez, a EMAF mostrou a pujança da indústria portuguesa.
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emaf | sew eurodrive
Especialistas do movimento
Em Portugal há 26 anos a SEW-EURODRIVE, pertencente ao grupo alemão com o mesmo nome, é uma PME com sede e estabelecimento industrial na Mealhada, onde produz e garante assistência técnica completa a toda a gama SEW: moto-redutores, conversores de frequência, sistemas mecatrónicos e redutores industriais, estes últimos de todas as marcas. Foi durante a EMAF – Feira Internacional de Máquinas, Equipamentos e Serviços para a Indústria que a Revista Business Portugal esteve à conversa com Nuno Saraiva, gerente da SEW-EURODRIVE PORTUGAL, por forma a perceber a estratégia que tem sido seguida por esta empresa.
Para além da produção, a SEW-EURODRIVE PORTUGAL desenvolve uma intensa atividade na engenharia mecatrónica e sistemas de automação, explorando conjuntamente com os projetistas e construtores de bens de equipamento a combinação das novas tecnologias de acionamentos mecânicos e eletrónicos devidamente integradas em complexos sistemas de automação. Nas palavras do nosso entrevistado: “Estamos em todos os sectores industriais porque nós vendemos accionamentos, que são mecanismos eletrónicos, mecânicos ou mecatrónicos que criam movimento. Nós geramos e controlamos o movimento. E quer sejam parques de diversão, teatros, linhas de engarrafamento, indústria automóvel, indústria do vidro ou logística, todas necessitam de movimentar cargas”, exemplificou o empresário.
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2016 de Ouro O balanço do gerente da SEW-EURODRIVE, sobre o ano de 2016, não poderia ser mais positivo: “Estamos a caminho de terminar o nosso melhor ano de sempre, todo o investimento realizado em Portugal está pago e os investimentos que fazemos atualmente são pagos com dinheiro gerado pela empresa em Portugal”, reiterou orgulhoso. Inovação e tecnologia são palavras de ordem e, apesar dos equipamentos serem projectados e concebidos na Alemanha, a SEW-EURODRIVE PORTUGAL procura inovar na maneira como adapta esses equipamentos às necessidades dos seus clientes sem nunca descurar o bemestar dos seus funcionários e colaboradores: “Na área em que estamos, em que a tecnologia está sempre a evoluir, temos que estar sempre na linha da frente e, para nós, é muito importante o relacionamento com os nossos colaboradores e a sua formação. Temos feito um investimento muito grande na melhoria das condições de trabalho, nas nossas instalações, na modernização da nossa linha de produção e na formação contínua, porque, para nós, é fundamental dotar os nossos colaboradores das melhores competências possíveis para que possam executar o seu trabalho e produzir mais e melhor no melhor ambiente”, garantiu Nuno Saraiva revelando, desta forma, o segredo por detrás de esta ser considerada uma das 100 melhores empresas para se trabalhar em 2014 e 2015.
EMAF e Futuro A SEW-EURODRIVE assume-se como sendo um parceiro de confiança de todos aqueles que nela depositem os seus projetos e necessidades. E é para demonstrar a sua qualidade e excelência que esta empresa marca presença em todas as edições da EMAF: “A aposta em participar nesta feira acontece porque queremos vincar o nosso comprometimento com a indústria portuguesa e com os nossos clientes. É também por isso que trazemos, em todas as feiras, uma solução desenvolvida conjuntamente por nós e por um parceiro. Nesta edição trouxemos um elevador desenvolvido para a indústria automóvel porque queremos deixar clara a mensagem que a indústria portuguesa é também capaz de competir mundialmente em soluções tecnologicamente exigentes”, concluiu. No que diz respeito ao futuro: “Nós trabalhamos para fazer parte do futuro”, finalizou Nuno Saraiva.
emaf | amob
na vanguarda das máquinas customizadas
Pedro Ferreira e Luís Barros Diretor comercial e Administrador
Fundada por António Martins Oliveira Barros no ano de 1960 em Louro, Famalicão, a AMOB foi-se tornando líder mundial no fabrico de equipamentos para a indústria da metalomecânica. Hoje, pelas mãos dos filhos Luís e Manuel Barros, a AMOB continua o caminho do desenvolvimento e da internacionalização.
Empresa de caráter familiar, a AMOB S.A. dedica-se ao fornecimento de uma das maiores gamas de equipamentos especializados para a indústria de curvatura de tubos e perfis a nível mundial. AMOB desenvolve, projeta, produz e presta assistência técnica a uma grande diversidade de produtos nas mais variadas indústrias como a indústria automóvel, de contrução, a indústria naval e a aeronáutica. Nas palavras de Luís Barros, um dos administradores, “diferenciamo-nos pelo nosso know-how, uma vez que conseguimos fazer coisas que os outros não conseguem”, marcando essa diferença pela capacidade de produção de equipamentos de grandes dimensões.
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Produtos e serviços Da lista de produtos da AMOB fazem parte as máquinas de curvar tubo, como as curvadoras de tubo CNC totalmente elétricas ou as máquinas de curvar tubo com booster; as máquinas de arquear, manuais ou hidráulicas e curvadoras de perfis; conformadoras de extremos que alcançam os 150mm de diâmetro de tubo, dando, assim, cobertura a um maior setor de atividade e garantindo resultados em qualquer aplicação; prensas hidráulicas ‘C’, ‘H’ e quatro colunas; bem como soluções customizadas, trabalhando numa estreita relação com os seus clientes. Aqui a AMOB pretende oferecer aos clientes, de forma continuada, novos produtos e sistemas integrados que tragam benefícios no
desempenho das máquinas, acrescentando valor à produção. Como complemento à produção, a AMOB disponibiliza uma vasta gama de serviços que vem facilitar a vida dos seus clientes. Desta forma, a empresa fornece formação aos clientes, tendo a sua equipa de formação apta a ajudar os clientes a adquirirem as capacidades necessárias para uma maior potencialização dos equipamentos, dentro e fora das instalações, em qualquer canto do mundo. Fabricando todos os equipamentos no mesmo espaço, na sua fábrica, a AMOB tem em armazém todas as peças em caso de avaria ou anomalia da máquina, fazendo a entrega em, apenas, 24 horas. A assistência remota, também, faz parte dos serviços prestados pela empresa, como em
máquinas CNC que podem ser ligadas à Internet permitindo atualizações de software imediatas. E não podemos esquecer o departamento interno de desenvolvimento, de teste e produção de ferramentas, capaz de lidar com quaisquer solicitações feitas. É desta forma que a AMOB oferece todas as garantias de segurança aos seus clientes, ganhando a credibilidade do mercado. Inovação & Desenvolvimento Num setor altamente competitivo em que as inovações são uma constante, “seguir esse caminho é obrigatório”, quem o diz é Luís Barros, “se não o fizermos não temos qualquer hipótese de singrar no mercado”. A par da inovação e do desenvolvimento da empresa, a investigação e a procura
amob | emaf
de novas soluções mais eficazes não
porque “na verdade, hoje o mercado é
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Futuro
pode ser descurada, orgulhando-se de “estar na vanguarda da tecnologia”. No que diz respeito à capacidade tecnológica, a AMOB desenvolveu, no ano de 2008, um projeto com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, uma máquina totalmente elétrica que permite compensações elásticas e a otimização dos consumos energéticos. Este foi um projeto de grande importância, uma vez que permitiu a entrada da AMOB na indústria automóvel.
global” e todos os mercados são encarados da mesma forma. Esta internacionalização assumida verfificase de uma forma vincada, uma vez que a AMOB possui instalações comerciais na Rússia, Brasil, Espanha, França e Benelux e uma rede de mais de 70 agentes e centros técnicos. Com máquinas instaladas em 86 países, a empresa vende, regularmente, para
No entanto, com o intuito de se fazer notar no mercado nacional, a AMOB esteve presente na EMAF, o maior evento do setor industrial em Portugal. A 16ª edição que se realizou entre os dias 23 e 26 de novembro na EXPONOR, contou com a participação das principais empresas de máquinas e equipamentos para a indústria.
Com 56 anos de atividade, a AMOB pretende continuar a crescer. De momento, a empresa está a desenvolver um novo projeto, uma máquina de tubos totalmente inovadora com lançamento previsto para o final de 2017. “Temos uma AMOB cada vez mais atenta e mais forte, uma AMOB que quer continuar a investir em projetos inovadores”, termina.
Internacionalização “Iniciamos o nosso processo de expansão na década de 80”, começa por explicar Luís Barros, “com países como Espanha, Reino Unido e Brasil”. Segundo o administrador, este foi um início “leve”, um início tímido que, nos últimos 15 anos, ganhou força numa expansão pelo resto da Europa e Estados Unidos da América. Hoje, a AMOB exporta cerca de 86 por cento da sua produção, sendo este “o caminho a seguir, uma vez que o caminho no mercado português é estreito”. Independentemente da sua, quase exclusiva, produção para o exterior, a AMOB orgulhase de produzir em Portugal, empregando mais de 140 pessoas nas suas principais instalações em Louro e não esquecendo o mercado português. Para o administrador “o conceito da exportação vai-se perdendo”
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emaf | BRESIMAR
desde ontem a pensar o futuro
Em entrevista a João e Ana Carolina Breda, a Revista Business Portugal ficou a conhecer uma das empresas mais inovadoras do país. Falamos da Bresimar, reconhecida, também, como um dos melhores locais para trabalhar.. se evidencia não apenas pela obtenção da certificação NP 4457 – Investigação, Desenvolvimento e Inovação, mas também pela aposta numa equipa de engenheiros altamente qualificados, ou pela criteriosa escolha de parceiros estratégicos. Não admira, posto isto, que os serviços proporcionados por ambas as marcas encontrem já um grande reconhecimento quer em mercados europeus, quer em geografias como a australiana. Uma empresa feliz Para além de constituir um exemplo de inovação e sucesso, o Grupo Bresimar distingue-se pela sua “cultura organizacional muito enraizada”, esclarece Ana Carolina Breda. “Os colaboradores dão muito de si à empresa e há uma aposta recíproca, uma amizade e uma família”, sintetiza a gestora
Constituído, atualmente, por duas empresas e marcas que fazem da inovação e da excelência grandes linhas-mestras, a origem do Grupo Bresimar remonta-nos ao ano de 1982. Foi nesse momento que o projeto, ainda hoje chefiado por Carlos e Maria do Rosário Breda e de cariz “100 por cento familiar”, assumiu os primeiros passos rumo a um percurso que, volvidas três décadas e o contributo de uma segunda geração, se mantém firme, prometendo novos triunfos. Reunindo um total de 64 colaboradores, este é um consórcio empresarial de identidade bicéfala. Assim sendo, e sob a égide da marca AsaTek, a Bresimar Automação, S.A. desenvolve equipamentos e soluções de automação integrada, que alimentam as necessidades de setores da indústria tão
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díspares como, por exemplo, o automóvel, o têxtil, o farmacêutico ou o alimentar. Assente num compromisso de adaptação constante ao cliente, é “na confiança” e nos “estudos rigorosos” que assentam os fatores que, na ótica de João Breda, fazem a diferença. Por outro lado, e de constituição mais recente, a marca TekOn Electronics especializa-se no desenvolvimento de sondas de temperatura e de nível que funcionam via wireless. Pensando, efetivamente, que este nicho de mercado simbolizaria o futuro, “esta foi uma ideia que partiu do fundador Carlos Breda”, explica o nosso entrevistado, antes de acrescentar que esta é uma empresa “que já trabalha na indústria 4.0 desde 2011”.
Inovação a cada dia À frente de uma empresa internacionalmente reconhecida pela qualidade dos seus serviços e pelo carácter altamente especializado das suas soluções, os irmãos João e Ana Carolina Breda simbolizam a segunda geração de um projeto que não para de crescer. Assumir as rédeas do Grupo Bresimar é, por isso, “uma enorme responsabilidade”, especialmente porque os setores da automação e da eletrónica encontram-se em constante mutação. “Estamos sempre a investir em novos recursos e a pensar no futuro”, explica João Breda. A irmã, por seu turno, complementa: “a inovação é um valor embutido na nossa empresa há muito tempo”, o que
de Recursos Humanos. São, efetivamente, as iniciativas de teambuilding e a propagação de valores como “a honestidade, a ética e a responsabilidade” que ajudam a explicar o porquê de esta ser anualmente distinguida como uma das Melhores Empresas para Trabalhar, no célebre ranking da revista ‘Exame’. Na edição de 2016, a Bresimar atingiu o 7º lugar nacional, naquela que corresponde à sua melhor classificação até hoje. Mas os méritos não se ficam por aqui. Também este ano – e novamente de acordo com a ‘Exame’ – esta é a vencedora do prémio ‘Empresa Feliz 2016’, reflexo do bom ambiente, alegria e produtividade aqui sentidas. Deste modo se depreende que, mais do que uma empresa tecnicamente sofisticada, a Bresimar é também uma referência na valorização do seu ativo mais importante: os recursos humanos.
INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO O crescimento sustentado da economia pressupõe elevados níveis de capacitação e qualificação do ecossistema empresarial, com crescente integração e articulação entre as dimensões produtivas, de serviços e de conhecimento, visando o reforço da competitividade das empresas nos mercados globais. Desde 1970, o tema do empreendedorismo e da inovação tem atraído o interesse de pesquisadores e empresários. Na última década, a inovação passou a ser reconhecida como um fator essencial para a competitividade das organizações, tendo sido incluída nas suas agendas estratégicas. Vários estudos mostram uma forte correlação entre a inovação, capacidade empreendedora e o desenvolvimento económico, produtividade e desempenho organizacional. Assim, torna-se imperativo que as organizações do século XXI, estejam preparadas para renovar os seus produtos, serviços e processos, competências e desenhos organizacionais de forma contínua, a fim de garantir a sua adaptabilidade e consequente sobrevivência no mercado por meio do desenvolvimento de uma competência chave: o empreendedorismo inovador. Como consequência da aposta em inovação e empreendedorismo, negócios em expansão transformam-se em negócios de sucesso. Em tempos de globalização, todas as empresas devem estar atentas às necessidades do mercado, conhecer os seus colaboradores e o seu potencial e valorizar a geração de ideias para que futuramente sejam transformados em projetos de sucesso.
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inovação e empreendedorismo | cite
Promoção da igualdade de género
Criada há 37 anos, a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) tem como missão promover a igualdade e a não discriminação entre mulheres e homens no trabalho, no emprego e na formação profissional, bem como a proteção da parentalidade e a conciliação da atividade profissional com a vida familiar e pessoal.
ainda muito significativos. Prendem-se, essencialmente, com a visão (e crença) estereotipada, ainda persistente, em relação aos papéis tradicionalmente masculinos e aos tradicionalmente femininos. Uma fatia da sociedade, em estado de letargia, admite ainda que o papel do homem é, fundamentalmente, o de provedor do sustento da família e o da mulher, o de especial cuidadora das crianças, de pessoas dependentes e das tarefas domésticas. É de reconhecer estarmos em fase evolutiva, assente na mudança de mentalidade de paradigma, assistindo a juízos e comportamentos mais adequados. Contudo, o problema é ancestral e não se resolve por magia. Prova é a existência de legislação e de instrumentos comunitários e internacionais que regulam a temática desde há muitos anos e que embora venham contribuindo de forma decisiva para a evolução, não modificam o insistente status quo da noite para o dia. É fundamental continuar o trabalho intenso e investir na promoção ao incentivo do exercício dos direitos por mulheres e por homens e na conciliação entre a vida profissional, familiar e privada de trabalhadoras e trabalhadores.
Joana Gíria Presidente
Assumiu a presidência da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) em janeiro de 2015. Qual o balanço que faz? A CITE tem composição tripartida e equilátera, e compreende quatro representantes do Estado; dois representantes de cada uma das associações sindicais com assento na Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS) e um representante de cada uma das associações patronais com assento na aludida CPCS. O balanço é muito positivo e gratificante. Em 2015 e 2016, a atividade da Comissão aumentou bastante, como aliás tem ocorrido desde a sua criação em 1979, e a verdade é que, embora com reduzida equipa, de cerca de 22 pessoas, a resposta da Comissão tem sido muito favorável no âmbito das suas atribuições, que se prendem com a prossecução da igualdade de género e não discriminação entre homens e mulheres no mundo laboral, a proteção na parentalidade e a conciliação da atividade profissional com a vida familiar e privada. Agradeço à equipa da CITE que diariamente trabalha com qualidade, desenvolvendo a sua atividade com responsabilidade, imparcialidade, transparência e rigor. Em pleno século XXI, a igualdade no trabalho e a igualdade de oportunidades é assunto que já não deveria ser questionado. Quais os principais obstáculos que, atualmente, homens e mulheres enfrentam neste âmbito? Não há pessoas sem homens e mulheres e não há seres humanos que não sejam homens ou mulheres. Os obstáculos ao exercício do direito à igualdade de oportunidades no trabalho são
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De que forma a CITE tem procurado, com os mecanismos ao dispor, combater a discriminação no mundo laboral? Através de pareceres jurídicos de solicitação obrigatória pelas entidades empregadoras (nos casos de intenção de despedimento de trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes e de trabalhadores em licença parental, e nos casos de intenção de recusa de concessão de regimes de horário flexível ou a tempo parcial a trabalhadores e trabalhadoras com filhos e/ ou filhas menores de 12 anos de idade); de pareceres interpretativos e caráter consultivo; da avaliação sobre indícios de discriminação nos anúncios de oferta de emprego; de campanhas nacionais de promoção da igualdade de género no trabalho e no emprego; da promoção e a divulgação de estudos; da formação de públicos-alvo; da promoção e divulgação de instrumentos de autoavaliação para entidades empregadoras sobre disparidades salariais de género, com o objetivo de auxiliar as empresas a reconhecer e identificar as causas intrínsecas que potenciam a persistência das disparidades salariais entre homens e mulheres. Também através da constante atualização do sítio eletrónico, com informação pertinente e respostas a questões frequentes; de reposta diária a questões colocadas por utentes via e-mail e postal, via linha verde telefónica gratuita e por atendimento presencial, têm os serviços da Comissão esclarecido trabalhadoras, trabalhadores, entidades empregadoras e outras sobre a legislação aplicável no âmbito dos casos apresentados, evitando e combatendo situações de discriminação. A Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego foi criada há 37 anos, e alguns objetivos foram conquistados. O que há ainda a fazer e o que pode e deve mudar? Por hábito respondo, ao ser minha convicção, que o que falta é cumprir princípios, direitos e deveres fundamentais consagrados na Constituição da República Portuguesa. O princípio da igualdade entre seres humanos, sem distinção de sexo; o princípio do direito ao trabalho, sem distinção de sexo; o direito à organização do trabalho em condições socialmente dignificantes, de forma a facultar a realização pessoal e a permitir a conciliação da atividade profissional com a vida familiar; o direito à proteção da maternidade e da paternidade, valores sociais
cite | inovação e empreendedorismo
eminentes e, de entre outros, o direito à participação direta e ativa de homens e mulheres na vida política, que constitui condição e instrumento fundamental de consolidação do sistema democrático, devendo a lei promover a igualdade no exercício dos direitos cívicos e políticos e a não discriminação em função do sexo no acesso a cargos políticos. A CITE mantém-se atenta a instrumentos necessários à prossecução da sua missão e tem vindo a desenvolver trabalho no sentido de obter ferramentas que contribuam para a efetiva concretização da igualdade de género no trabalho e no emprego. Recentemente, em pareceria com o CESIS - Centro de Estudos para a Intervenção Social, foi desenvolvido e publicado um inquérito nacional aos usos do tempo, dirigido a uma amostra estatisticamente representativa da população residente em Portugal, num total de 10.000 inquéritos, que permitiu dispor de informação atualizada sobre os usos do tempo de mulheres e de homens em Portugal, no que respeita ao trabalho pago e ao trabalho não pago de cuidado. Os produtos resultantes da pareceria, como o relatório sobre a situação portuguesa no domínio dos usos do tempo numa perspetiva de género; a ficha informativa sobre os principais indicadores sobre os usos do tempo de homens e de mulheres e a articulação da vida profissional, pessoal e familiar e as recomendações para as políticas públicas, no domínio da articulação da vida profissional, pessoal e familiar como instrumento para a igualdade de género são essenciais na determinação do que pode ser realizado nesta área fundamental que é a do equilíbrio dos usos do tempo entre homens e mulheres e necessária conciliação da atividade profissional com a vida familiar e pessoal. Também recentemente, a CITE promoveu, em pareceria com o ICS - Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, um estudo sobre os papéis dos homens na Igualdade de Género, com a finalidade de difundir o conhecimento e sensibilizar sobre os papéis dos homens e igualdade de género em Portugal. O produto final, a publicar em breve, será o Livro Branco sobre Homens, Papéis Masculinos e Igualdade de Género em Portugal. Apesar dos bons exemplos de sucesso de liderança no feminino, a representação de mulheres nos lugares topo de decisão das empresas ainda é escasso. Na sua ótica, quais as razões que explicam este facto? Em 2015, a CITE lançou a campanha de promoção nacional Mulheres nos Conselhos de Administração das Empresas, precisamente por não haver razão objetiva que explique a desproporção do número de mulheres face ao número de homens nos órgãos de topo das empresas que sabemos não representa a realidade da composição atual da sociedade. É necessário alterar a tendência e, provavelmente criar novos mecanismos legais, pois parece evidente que as estratégias de incentivo e autorregulação não têm provocado as mudanças essenciais para ser atingida a representação mais equilibrada de mulheres e homens, particularmente, no que respeita à liderança nas empresas. No âmbito da missão e competências da CITE, e tendo em conta a estratégia europeia 2020, foi concebido um projeto com e para as empresas, cuja finalidade consistiu na criação do Fórum Empresas para a Igualdade. Qual a importância que lhe atribui? A importância é deveras relevante e decorrente do objetivo que é comum à missão da CITE
e às organizações que integram o Fórum. Tais organizações acordam desenvolver ações de promoção de igualdade de género, assumindo compromissos de melhoria em dimensões que incorporam os princípios da igualdade e da não discriminação entre homens e mulheres no trabalho e no emprego, na conciliação entre vida profissional, pessoal e familiar e na proteção na parentalidade, e avocam claramente a promoção da igualdade no mundo laboral e o fim de todos os processos discriminatórios, pretendendo assim alcançar melhorias no plano da sustentabilidade, da justiça organizacional e da satisfação dos seus colaboradores e das suas colaboradoras. O que é comum nas organizações que integram o fórum para a igualdade? Considera que as pessoas com capacidade de decisão no âmbito do tecido económico português começam a despertar para a problemática, encarando a igualdade de género como um fator primordial e indissociável dos direitos humanos e de cidadania? As organizações que integram o Fórum entendem a igualdade de género como condição essencial para a obtenção do melhor aproveitamento de todo o potencial existente nas pessoas. Independentemente de homens ou de mulheres, a questão é de justiça, de talento e de negócio. Apesar do caminho que teremos ainda de percorrer, acredito estar em curso a elevação de uma onda de reconhecimento do efetivo valor da igualdade de género como condição essencial e não dissociável dos direitos humanos e do pleno exercício de cidadania. Prova é, por exemplo, o número de adesões ao iGen - Fórum Empresas para a Igualdade, que conta agora com 60 organizações de diversos e importantes setores de atividade, o que significa também que a igualdade de género é encarada como questão relevante e vantajosa para o negócio, como fator de competitividade e como vetor de sustentabilidade para gerações futuras, fundamental na definição das questões de responsabilidade social e das grandes temáticas relacionadas com o ser humano, com as pessoas. Que outras iniciativas tem a CITE em curso? Da atividade recente e prolongando-se durante o ano de 2017, destaco a Ação Nacional de Promoção da Igualdade de Género no Trabalho – “És igual?”, uma iniciativa conjunta da CITE e da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), lançada no passado dia 20 de setembro, cuja duração é de um ano, que tem por finalidade divulgar os direitos e os deveres, alertar e incentivar ao seu pleno exercício por todos e por todas, envolvendo todos os agentes e a população em geral, com o objetivo de sensibilizar para o fenómeno da discriminação de género no mercado de trabalho e conduzir à consciencialização de que os comportamentos discriminatórios de género no mundo laboral são censuráveis e intoleráveis. Em curso encontra-se também a Campanha Nacional sobre Conciliação e Usos do Tempo, cuja mensagem é “Está na hora! Vamos conciliar melhor o tempo entre o trabalho e família”, lançada no passado dia 26 de outubro. O objetivo é o de sensibilizar o público em geral para a necessidade de homens e mulheres exercerem o direito a conciliar a vida profissional com a vida familiar e privada. A campanha interpela sobre a essencial harmonia dos usos do tempo, a satisfação que gera, a produtividade que ajuda a alcançar e os benefícios pessoais e coletivos que produz.
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inovação e empreendedorismo | cite
IGen – Um fórum de organizações comprometidas com a igualdade de género
60 organizações membros do IGEN desde 6 de dezembro de 2016
Criado em 2013, é um Fórum, que conta atualmente com 60 organizações dos setores privado, público e cooperativo, reunido em torno de um compromisso comum - promover medidas para a Igualdade de Género nas políticas internas - em linha com a Estratégia Europeia 2020, as prioridades do Estado Português e os objetivos da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego – CITE. As organizações reforçam e evidenciam, neste quadro, a sua cultura coletiva de responsabilidade social e justiça, incorporando nas suas estratégias de gestão os princípios de igualdade e não discriminação entre mulheres e homens no mundo laboral, num compromisso claro com a promoção da igualdade no trabalho e no emprego, com a proteção na parentalidade e com a conciliação da vida profissional, familiar e pessoal. Para além de um direito fundamental, a igualdade de género é entendida por estas organizações como condição relevante para obter o melhor aproveitamento de todo o potencial existente nas pessoas. Independentemente de se tratar de homens ou de mulheres, esta é uma questão de justiça, de talento e de negócio.
As dimensões da igualdade de género nas organizações Os compromissos assumidos por cada organização visam a melhoria das políticas internas, pelo que as medidas estabelecidas destinam-se a dar resposta às necessidades identificadas, enquadradas nas 9 dimensões que incorporam os princípios da igualdade de género nas organizações: .01 Missão e valores da organização .02 Recrutamento e seleção de pessoal .03 Aprendizagem ao longo da vida .04 Remuneração e gestão da carreira .05 Diálogo social e participação de trabalhadores e trabalhadoras e/ou suas organizações representativas .06 Dever de respeito pela dignidade de mulheres e de homens no local de trabalho .07 Informação, comunicação e imagem .08 Conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal: Novas formas de organização do trabalho Benefícios diretos a trabalhadores e trabalhadoras Benefícios diretos a familiares dos trabalhadores e das trabalhadoras .09 Proteção da maternidade e paternidade e assistência à família
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ABREU ADVOGADOS | ADECCO RECURSOS HUMANOS | ADMINISTRAÇÃO DOS PORTOS DO DOURO, LEIXÕES E VIANA DO CASTELO | ADMINISTRAÇÃO DOS PORTOS DE SINES E DO ALGARVE | EGEAC | ADMINISTRAÇÃO DOS PORTOS DE SETÚBAL E SESIMBRA | ASCENDI | EPAL | AUCHAN PORTUGAL HIPERMERCADOS | BAÍA DO TEJO | ESSILOR PORTUGAL | BANCO DE PORTUGAL | BANCO SANTANDER TOTTA | GELPEIXE | CAIXA ECONÓMICA MONTEPIO GERAL | CARRIS-METRO-TRANSTEJOSOFLUSA | GRUPO RENAULT: RENAULT CACIA | CTT | DEUTSCHE BANK PORTUGAL | GRUPO RENAULT: RENAULT PORTUGAL | EDP | EMEL | GRUPO RENAULT: RENAULT RETAIL GROUP | GALP ENERGIA | GEBALIS | GRUPO RENAULT: INSTITUTO DE FORMAÇÃO AUTOMÓVEL | GRAFE PUBLICIDADE | GRUPO CH | GRUPO RENAULT: SODICAM | GRUPO PSA: AUTOMÓVEIS CITROËN | GRUPO PSA: PEUGEOT PORTUGAL AUTOMÓVEIS | GRUPO RENAULT: RCI BANQUE | GRUPO PSA: PEUGEOT PORTUGAL AUTOMÓVEIS DISTRIBUIÇÃO | HUF PORTUGUESA | MEDIA CAPITAL | IBM | IMPRENSA NACIONAL - CASA DA MOEDA | INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO | INFRAESTRUTURAS DE PORTUGAL | L’ORÉAL PORTUGAL | MIRANDA & ASSOCIADOS | MERCER PORTUGAL | MICROSOFT | PORTO DE LISBOA | NESTLÉ PORTUGAL | NOVO BANCO | PRICEWATERHOUSECOOPERS & ASSOCIADOS | PORTOS DOS AÇORES | PSA - PEUGEOT CITROËN AUTOMÓVEIS PORTUGAL | QUIDGEST | PT PORTUGAL | REN | RANDSTAD | RTP | SÉRVULO & ASSOCIADOS | SIMAS – Oeiras e Amadora | SIEMENS | SIMAR – Loures e Odivelas | XEROX PORTUGAL | VILA GALÉ
Créditos IST, 2016
Cerimónia de assinatura dos Acordos de Adesão e de Renovação de Compromissos – 6 de dezembro de 2016 – IST
inovação e empreendedorismo | casa ermelinda freitas
A paixão pelo vinho: uma herança familiar A história dos vinhos da Casa Ermelinda Freitas escreve-se no feminino com os nomes de Leonilde, Germana, Ermelinda e Leonor. Mulheres que ficaram viúvas muito cedo e que abraçaram a responsabilidade de gerir uma casa agrícola. Leonilde Freitas, a bisavó, iniciou este legado familiar, em 1920, decidida a “ser uma referência e prestigiar o mundo rural”. Leonor Freitas tem seguido este mesmo lema e conseguiu catapultar a empresa e as suas marcas para um patamar de excelência.
A Revista Business Portugal foi conhecer a Casa Ermelinda Freitas, um espaço onde se respira a excelência dos vinhos e a história de uma região. Num périplo pela propriedade, conhecemos recantos nobres e ímpares, com destaque para a nova Adega e a Casa de Afetos e Memórias. No final da visita, esperava-nos Leonor Freitas, o rosto da quarta geração na liderança dos destinos da Casa Ermelinda Freitas, uma mulher carismática, dinâmica e empreendedora que emana amor, paixão e entrega a este espaço por tudo o que este representa para si, para a sua família e para a região. Nascida e criada em Fernão Pó, no concelho de Palmela, cedo criou uma ligação emocional com a história da família e com a terra, mas a vontade dos pais para que tivesse uma vida melhor, fora do mundo rural, levou-a a prosseguir os estudos, licenciando-se em Serviço Social e a dedicar-se a esta área profissional. Não pensava regressar à terra que a viu nascer, mas a morte inesperada do pai, no final da década de 90, obrigou Leonor Freitas, filha única, a decidir se vendia a quinta ou se assumia o negócio. Mulher de afetos, redescobriu o amor pela sua terra, e decidiu assumir a gestão da empresa. Apesar da atenção dada às vinhas e aos vinhos, desde o princípio, durante muitos anos apenas se cultivavam duas castas - Fernão Pires nos brancos e Castelões nos tintos - e produzia-se vinho a granel, que era vendido sem marca própria às adegas da região. Com o seu espírito empreendedor e inovador, Leonor Freitas investiu em marcas próprias, introduziu uma diversidade de castas na propriedade e transformou-a em 440 hectares com 29 castas. Hoje, a Casa Ermelinda Freitas assume-se como uma das mais prestigiadas empresas vitivinícolas portuguesas. Com um forte cunho familiar, a empresa vive um dos seus períodos de maior expansão bem evidenciado nos vários investimentos realizados nas vinhas, na adega e na equipa técnica, sempre com o grande objetivo de atingir o máximo de qualidade. Fruto de toda esta dinâmica, a Casa Ermelinda Freitas tem alcançado uma elevada notoriedade, nomeadamente através da conquista de mais de 700 prémios a nível nacional e internacional. “Em 2008, deu-se um dos pontos altos da vida da empresa: o vinho Casa Ermelinda Freitas Syrah 2005 foi distinguido com o troféu de melhor vinho tinto do mundo, no prestigiado concurso ‘Vinalies Internationales’ em Paris”, recorda a empresária, salientando que os prémios recebidos representam um estímulo para apostar cada vez mais na qualidade e, simultaneamente acrescem o nível de exigência. Vale a pena ainda recordar que, a 10 de junho de 2009, Leonor Freitas foi agraciada com a Comenda de Ordem do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial Classe do Mérito Agrícola, pelo então Presidente da República. Para a empresária, todos os prémios são resultado de um conjunto, partilhando-os, por isso, com os seus colaboradores, uma vez que acredita que sem o seu excelente trabalho era impossível alcançar tudo o que tem alcançado. A qualidade das vinhas, do vinho e a capacidade tecnológica imposta na dinâmica, bem como a liderança de Leonor Freitas justificam o sucesso e o prestígio alcançado, no entanto a empresária ressalva que reuniu “uma equipa jovem, qualificada e com amor por tudo o que envolve esta casa”, deixando uma palavra de especial reconhecimento ao enólogo Jaime Quendera. A inovação é uma das palavras-chave da empresa, de que é exemplo o facto de terem lançado o primeiro espumante da Península de Setúbal. O segredo do negócio estará também em não haver medo de arriscar? “Eu gosto de criar, arriscar e dar nome à região. Quero prestigiar o mundo rural, dar nome a Fernando Pó e ajudar a Península de Setúbal a afirmar-se como uma região de grande qualidade”, demonstra Leonor Freitas, ressalvando
Leonor Freitas Administradora
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casa ermelinda freitas | inovação e empreendedorismo
que é necessário estar sempre na linha da frente. A Casa Ermelinda Freitas pretende continuar “sempre a tentar lançar sementes para depois colher frutos” no mercado externo. Neste momento, a proprietária adianta que a empresa está em luta pelo Cazaquistão, Cuba, Índia e Coreia do Sul, e a tentar crescer mais na China, Canadá e no Japão. Os vinhos da Casa Ermelinda Freitas estão já presentes em toda a Europa, em vários países africanos, como Angola, Cabo Verde e S. Tomé, no Brasil, México, e Peru. Tradição e modernidade de mãos dadas Em dezembro de 2015, foi inaugurada a nova Adega Leonor Freitas, um espaço apetrechado com a mais moderna tecnologia, que apresenta uma simbiose perfeita entre o moderno e o tradicional, integrando no mesmo edifício um conjunto de áreas que vão desde a produção ao estágio em barricas de carvalho e engarrafamento de vinhos. “A nova adega respeita os princípios da adega tradicional, mas com uma grande aposta na tecnologia moderna. Este espaço vem proporcionar quantidade, qualidade, espaço para poder receber melhor e mostrar o que se faz de melhor em Portugal e na Casa Ermelinda Freitas”, salienta a empresária, recordando que a diversidade de espaços passa ainda por uma zona comercial, sala de provas e um salão para grandes eventos com capacidade até 400 pessoas, tudo integrado na nova adega. A novidade passa também por um espaço museológico denominado Casa de Memórias e Afetos Ermelinda Freitas, que conta com cinco espaços
de exposição dedicados às quatro gerações familiares que deram origem à empresa. Uma empresa solidária Com base no seu posicionamento de proximidade e atenção ao meio onde se insere, a Casa Ermelinda Freitas lançou o projeto de solidariedade ‘A Vida de um Vinho’. “Ao desenvolvermos uma iniciativa de solidariedade que pretende fazer mudanças significativas na nossa comunidade, optámos por criar um vinho que desse o melhor da Casa Ermelinda Freitas aos consumidores. Assim, optámos pela produção de um vinho premium, exclusivo e diferenciador, com o intuito de angariar fundos para projetos de ação social a fim de intervir e melhorar o dia-a-dia de idosos e crianças”, esclarece a empresária, sublinhando que esta foi uma forma original “que encontrámos para reforçar a nossa intervenção na sociedade, que é um dos nossos grandes objetivos”. Paralelamente, a Casa Ermelinda Freitas está a dinamizar um projeto social que envolve os jovens da instituição de solidariedade Centro Jovem Tabor. Com a dinamização desta iniciativa, “queremos ensinar-lhes hábitos de trabalho e comprámos uma licença para plantar um hectare de vinha moscatel”, sublinhando que “é uma forma de ensinar os jovens a trabalhar, dar-lhes a cana para puderem pescar”.
Fernando Pó. O filho, João, estudou informática e toma conta das tecnologias da propriedade. A filha Joana é licenciada em Gestão, e promete ser a próxima mulher a comandar os destinos da Casa Ermelinda Freitas, representando assim a quinta geração. Quando questionada sobre o futuro, a empresária mostra-se otimista, afirmando que acredita no amanhã. “Sinceramente, penso que temos um grande futuro pela frente, pois o vinho é um negócio em franco crescimento em todo o mundo”, refere, mostrando confiar na qualidade do seu produto. “Estamos numa excelente região, com um microclima entre o Sado e o Tejo, com agricultura moderna, boa dimensão da propriedade, que assegura uma fácil mecanização, e muita água, que é essencial na agricultura do futuro, o que nos assegura continuidade de produção de uvas e vinhos de qualidade”, sublinha, reiterando o desiderato de consolidar a reputação alcançada e aumentar a produção de vinhos de qualidade através da aposta nas castas portuguesas mais diferenciadoras. A empresa aposta também no desenvolvimento do enoturismo, uma vez que Leonor Freitas pretende fazer da Casa Ermelinda Freitas “um símbolo pedagógico da região, levando às escolas a cultura e a história da vinha e do vinho, que é uma arte secular”, contribuindo para a promoção do turismo e economia do concelho de Palmela.
Crescimento e consolidação Uma das preocupações de Leonor Freitas é preparar a geração seguinte para continuar o negócio das mulheres de
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inovação e empreendedorismo | sindicato dos bancários do norte
Sindicato ativo na defesa dos bancários portugueses
Mário Mourão, presidente do Sindicato dos Bancários do Norte, falou com a Revista Business Portugal sobre a atividade realizada por esta instituição, não esquecendo a abordagem sobre a realidade do setor vivenciada, atualmente, no nosso país. Segue, abaixo, a entrevista.
Sindicato dos Bancários do Norte esteve na primeira linha do Congresso da Intersindical. Presentemente, o SBN encontra-se filiado na UGT e na UNI Federação dos Empregados e Quadros Técnicos (entidade de âmbito internacional). Quais as principais preocupações e missão do Sindicato? O sindicato tem por fim o permanente desenvolvimento da consciência de classe dos trabalhadores bancários, através da defesa dos interesses (morais, materiais, económicos, profissionais, sociais e culturais) dos associados, criando condições que levem à sua emancipação no contexto do movimento sindical. A nossa missão é garantir a permanente satisfação dos bancários, através da excelência dos nossos serviços, mantidos pelo total empenho da equipa de trabalho.
Mário Mourão Presidente
Para que possamos contextualizar os nossos leitores, pedia-lhe que nos contasse como surge o Sindicato dos Bancários do Norte? Em 26 de fevereiro de 1934 foram aprovados os estatutos do Sindicato Nacional dos Empregados Bancários do Distrito do Porto, que tinha como área de jurisdição os distritos de Aveiro, Braga, Bragança, Coimbra, Guarda, Porto, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu, mas em 15 de fevereiro de
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1960 deixou de abarcar Coimbra, Guarda e Viseu. Só em 26 de agosto de 1975 vê publicado os novos estatutos, passando a designar-se como Sindicato dos Bancários do Norte. O Sindicato dos Bancários do Norte esteve na génese da constituição das centrais sindicais. Já em 1968, a Direção do Sindicato se fazia representar nas reuniões intersindicais que se realizavam de modo clandestino. Em 25 de julho de 1975, o
Que balanço faz do setor, atualmente? O balanço que faço sobre o setor não é positivo. A instabilidade que ainda vivemos é motivo de grande preocupação para o sindicato. O setor viveu um tempo cujo primado foi o de comportamentos danosos, que levaram à descredibilização e à perda de confiança da população, por um lado, e por outro, deixou de responder às necessidades da economia, em particular ao financiamento das empresas. Para além de outros problemas que o setor enfrenta e que exigiam medidas políticas urgentes, elas não foram assumidas por calculismo politico. Em consequência, têm surgido outros casos que ainda agravaram mais a confiança no setor. Como corolário destas atitudes e da pressão imposta pelas entidades europeias, o setor iniciou processos de reestruturação que mais não visaram do que a diminuição de milhares de postos de trabalho, a redução de rendimentos dos trabalhadores do setor e a introdução de processos de precarização e
de desregulação das relações de trabalho. A verdade é que os governos, nos processos de venda dos bancos, não acautelaram os postos de trabalho dos portugueses bancários. Mas souberam, isso sim, quando precisaram, vir buscar aos fundos de pensões da banca, milhares de milhões de euros, para responder aos compromissos financeiros com os credores. Apesar de tudo, estou certo que o setor conseguirá ultrapassar esta longa crise, porque tem trabalhadores que continuam a dar o seu melhor para reestabelecer a confiança e a estabilidade do sistema financeiro. As atuais notícias e outras polémicas que vêm a público relacionadas com a banca afetam igualmente os vossos associados? Claro que qualquer notícia sobre o setor e, particularmente, sobre incertezas quanto aos processos em curso, como seja a venda do Novo Banco, o processo de reestruturação do Banco Popular, a reestruturação do Montepio Geral, a situação da Parvalorem e da Oitante e o episódio lamentável da CGD – todos eles dossiês dolorosos – cria uma grande instabilidade nos trabalhadores nossos associados. O sindicato não tem descanso quanto a situações que tem em tribunal e que estão em cima da mesa em processo de negociação. Os grandes prejuízos recaem nos trabalhadores que se veem confrontados com estas situações e, em segundo lugar, em toda a estrutura familiar. E que medidas tem o Sindicato implementado nesse sentido? São várias as medidas que temos tomado. Desde logo, a disponibilidade para a negociação com vista à defesa dos postos de trabalho. Fizemos isso com o penoso processo de reestruturação do BCP, que implicou a redução dos rendimentos da
sindicato dos bancários do norte | inovação e empreendedorismo
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grande maioria dos trabalhadores e com o processo de despedimento do Novo Banco. Aliás, relativamente a este processo temos uma ação de impugnação do despedimento. Mas, para além disto, continuaremos a dar todo o apoio necessário aos nossos associados nos processos de rescisões por mútuo acordo, ou reformas antecipadas. E no que concerne às entidades competentes? O que é necessário mudar, em prol do setor e dos seus elementos? A mudança passa muito por quebrar as práticas instituídas ao longo dos anos no
setor e que foi também a razão de estarmos na situação atual. Sabemos que o setor está a mudar, desde logo pela redução da atividade económica, obrigando naturalmente à alteração estrutural das empresas, para assim poderem concorrer em áreas muito mais competitivas. Mas também é necessária uma mudança na área da supervisão, que é muito importante e em que houve significativos avanços. Ora, isso naturalmente contribuirá para uma melhor confiança na atividade do setor financeiro em Portugal.
Por onde passa o futuro do setor? No meu ponto de vista, o setor financeiro é um setor chave para o desenvolvimento da economia de um país, mas o seu futuro terá que passar por se credibilizar e estabilizar, porque se não tiver estabilidade, o setor dificilmente cumprirá o seu papel na economia do país. E do Sindicato? O sindicato terá que viver também com a nova realidade da banca, adaptando-se, modernizando a estrutura, e acima de tudo, respondendo aos novos problemas que vão
surgindo na relação de trabalho. Temos que, a todo o momento, saber interpretar a vontade daqueles que representamos. Uma mensagem de Natal aos associados? Desejo que todos os associados do SBN, no ativo e na reforma, e respetivas famílias – bem como todos os trabalhadores portugueses – possam encontrar a luz da esperança num futuro marcado por perspetivas de mudança, pela positiva, neste setor integrado num Portugal de confiança e de desenvolvimento.
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inovação e empreendedorismo | maxpay
A confiança entre a empresa e os seus clientes é fundamental Especializada em transferências internacionais, a MaxPay assume desde o início condições que garantem a total satisfação dos seus clientes. Com uma rede global de transferências, através de balcões próprios ou de balcões de agentes pagadores, a empresa é especializada no mercado de transferências e câmbios de dinheiro para todo o mundo. Em entrevista à Revista Business Portugal, Alice Moreira e José Pereirinha, sócios gerentes da marca, dão-nos a conhecer a vasta oferta de serviços, as estratégias que têm utilizado para vingar no mercado e ainda perspetivas futuras. José Pereirinha e Alice Moreira Administradores
O alavancar de uma nova aposta e o balanço do primeiro ano de atividade Conhecedores do mercado e da atividade que diariamente desenvolvem, os empresários arriscam e abraçam um novo projeto em 2014, a MaxPay. Dois anos depois, o objetivo continua a ser o mesmo, ser uma referência no mercado internacional de câmbios e transferências. “Esta é já a terceira empresa que inicio dentro desta área”, começa por contar Alice Moreira que, com um vasto currículo e experiência, admite que a empresa mostrou desde cedo ter sido uma forte aposta. “O nosso primeiro ano foi brilhante”, assume. Atualmente, estão presentes em Angola e Cabo Verde, bem como nos principais pontos do país, nomeadamente em Lisboa, Porto, Algarve e Leiria, mas garantem que “ainda há muita coisa a fazer em Portugal. Estamos agora a dar os primeiros passos a nível nacional e creio que 2017 será o ponto de partida para esse desenvolvimento”.
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inovação e empreendedorismo | maxpay
Política de qualidade Os serviços de transferência de dinheiro são de extrema necessidade na economia global atual e os serviços de transferência de dinheiro nacionais e internacionais da MaxPay são uma opção acessível e conveniente, permitindo enviar e receber dinheiro de forma fiável em todo o mundo. Com um crescimento sólido em cada um dos países em que atuam, tendo sempre como base a missão e os valores da empresa, contam diariamente com o apoio contínuo de toda a equipa e parceiros locais, que trabalham afincadamente para poder prestar o melhor serviço na área de câmbios e transferências. Desta forma destacam-se, pelas soluções inovadoras, que permitem transferir dinheiro com a maior qualidade e transparência possíveis, tornando cada processo mais rápido e seguro. Através de balcões próprios ou de balcões de correspondentes bancários, a MaxPay coloca uma rede de transferências à disposição de cada cliente, permitindo enviar dinheiro em apenas 60 minutos. “Qualquer pessoa pode transferir dinheiro para o exterior, seja para familiares e amigos, para viagens ou para os seus compromissos de negócio”, explica. “Para além disso praticamos preços muito competitivos. Procuramos dar um acompanhamento contínuo aos nossos clientes e temos sempre as melhores taxas do mercado. Não fazemos nada sem ser com extrema qualidade. Trabalhamos muitas horas no desenvolvimento e no aperfeiçoamento de todo o sistema informático e de toda a atividade empresarial. É desta forma que marcamos a diferença e é desta forma que pretendemos continuar a trabalhar”, afirma Alice Moreira, convicta de que “a confiança entre a empresa e os seus clientes é fundamental. Em todas as atividades corremos riscos mas nesta principalmente uma vez que estamos a trabalhar diretamente com dinheiro. O cliente tem que conhecer a empresa e quem está à frente dela”. Dificuldades, ambições e estratégias Transferir dinheiro a partir de Angola, através das empresas especializadas no setor, tem-se tornado numa atribulada missão nos últimos tempos devido à escassez de divisas no país. Por trabalhar maioritariamente com o mercado angolano, a MaxPay luta agora contra as graves dificuldades que se têm feito sentir e que mergulharam o país numa crise financeira, económica e cambial. “Este ano temos tido muitas dificuldades devido às restrições existentes em Angola. O setor está a viver um período difícil porque estas empresas dependem muito do mercado angolano e por causa da crise não estamos a conseguir obter os mesmos resultados do ano anterior”, reconhece a empresária, confiante de que “melhores dias virão. É um mercado de altos e baixos uma vez que estamos dependentes da economia dos países em que atuamos. O desemprego é grande e quem utiliza os nossos serviços são essencialmente emigrantes e turistas, mas vamos continuar a dar especial atenção a Angola. As crises são passageiras e estou convencida de que as coisas vão entrar no bom caminho novamente”. Aposta em novos mercados É a pensar no futuro que os empresários vão continuar a apostar na internacionalização e expansão da marca, procurando novos mercados internacionais e alargando a sua carteira de clientes. “Queremos continuar a crescer. Em breve pretendemos abrir novas agências e balcões noutros pontos”, rematam, salientando que a estratégia a seguir será a mesma utilizada até aos dias de hoje.
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MUNICÍPIOS DINÂMICOS As dinâmicas autárquicas, os projetos e os objetivos dos autarcas do nosso país estão novamente em destaque nesta edição da nossa revista, projetando as suas estratégias, no sentido de catapultar as suas freguesias para um desenvolvimento sustentável. A implantação do regime democrático em Portugal permitiu a consagração de direitos, liberdades e garantias inalienáveis aos cidadãos, estabelecendo os princípios basilares da democracia e assegurando o primado do Estado de Direito democrático, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno. A verdadeira democratização fez-se pelas mãos das autarquias na construção de um país mais justo e mais equilibrado, território a território. Os municípios ajudaram a transformar Portugal, contribuíram para a correção das desigualdades e das assimetrias e deram aos cidadãos o que podemos considerar o verdadeiro acesso à democracia - a oportunidade de melhorar a sua qualidade de vida. Os municípios e autarquias desempenham hoje, mais do que nunca, um papel de catalisador no processo de desenvolvimento local, em virtude da sua legitimidade democrática, da sua proximidade aos cidadãos e da sua capacidade de mobilização dos atores locais. O reforço da competitividade de um território assenta precisamente na capacidade de definição de estratégias participadas e com elevado sentido coletivo. A gestão de uma autarquia orientada para a competitividade e sustentabilidade económica de um território caracteriza-se por um conjunto de apostas que assentam na competitividade económica e social, na promoção do empreendedorismo local, na fixação e captação de população, na captação de investimento, no reforço das qualificações dos cidadãos, bem como na preocupação com a sustentabilidade e com a ecoeficiência, na aposta na coesão territorial, no envolvimento dos cidadãos e no aprofundamento da democracia, e na preocupação com a igualdade de oportunidades para todos. É fundamental que o poder local seja cada vez mais um agente de desenvolvimento e que este papel seja reconhecido pelos outros níveis de poder. Nesta edição há ainda tempo para uma passagem pela Galiza!, um destino turístico a não perder.
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município de madalena do pico | municípios dinâmicos
Madalena do Pico é a Capital do Vinho 2017
José António Soares Presidente
Madalena do Pico, nos Açores, foi eleita a cidade portuguesa do Vinho 2017. Uma decisão anunciada no passado dia 14 de novembro, pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), que destacou a “singularidade das suas vinhas, aclamadas em 2004 pela Unesco como Património da Humanidade, uma das mais complexas estruturas criadas pelo homem.”
Ao formalizar a sua candidatura a Cidade do Vinho 2017, o Município da Madalena, liderado por José António Soares, presidente da autarquia, propôs-se a dinamizar uma vasta panóplia de eventos ao longo de todo o ano. Uma grande vitória para a Ilha do Pico e para a Região Autónoma dos Açores, conquistada pela sua genuinidade, um dos pontos fortes desta candidatura apresentada pelo Município da Madalena, que competiu com as autarquias de Moura, Pinhel, Vila Nova de Foz Côa e uma candidatura conjunta das autarquias de Alenquer e de Torres Vedras. Efetivamente, para José António Soares, presidente da Câmara Municipal da Madalena, a atribuição deste galardão permitirá promover o enoturismo no concelho, na Ilha e na região e fortalecer a marca “Madalena, Capital dos Açores, da Vinha e do Vinho”. “A nossa candidatura contou com o apoio de mais de uma centena de parceiros no arquipélago, nomeadamente todos os municípios do grupo central, de Águeda e Vidigueira e as mais importantes empresas açorianas, num verdadeiro abraço comunitário”, referiu o edil, salientando ainda que este é um prémio destinado a todos os que acreditaram nesta candidatura e investiram na região. Questionado sobre o que difere a Madalena do Pico dos restantes candidatos ao prémio, o autarca destacou as características únicas do concelho, “as idílicas paisagens, entre o verde estonteante de uma natureza
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municípios dinâmicos | município de madalena do pico pródiga e o profundo azul do Atlântico, que conferem à Madalena inúmeros ex-libris naturais, destacando-se a sua paisagem lávica, adornada por monumentais pirâmides de basalto negro, os ‘maroiços’ e pequenos ‘currais’, construídos da pedra e erguidos para proteger as videiras do vento e da maresia, que deram fama e distinção à Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, aclamada em 2004, pela Unesco, como Património da Humanidade”, bem como a representatividade e o evidente crescimento da vitivinicultura, que tem potenciado outras áreas de atividade, em particular o enoturismo. Vencedores e vencidos em prol da vitivinicultura Antes da escolha do vencedor, a AMPV referiu a dificuldade em torno da eleição da Capital Portuguesa do Vinho 2017, tendo em conta as cinco candidaturas fortes e bem fundamentadas que foram apresentadas. De acordo com a Associação, este prémio pretende contribuir para a valorização da riqueza, diversidade e caraterísticas comuns da cultura do vinho e de todas as suas influências na sociedade, paisagem, economia, gastronomia e património. “A promoção da nossa vitivinicultura, do vinho, das vinhas e das nossas mais intrínsecas tradições é crucial para a Câmara Municipal da Madalena, que desta forma aposta num dos mais importantes setores locais, como uma imagem de marca de promoção do concelho, da ilha e da região, num reforço da nossa identidade, reconhecendo o trabalho de todos aqueles que dedicam a sua vida à produção de vinho”, destacou o autarca, José António Soares. Um concelho de tradições Mas nem só de vinho se faz a Madalena do Pico. Aliás, a história do concelho passa também por setores como a agricultura, a pesca e o turismo, cujo crescimento exponencial tem permitido o desenvolvimento de outros setores, a montante e a jusante desta área de atividade. “Há mais de 50 anos, tivemos a sorte de se estabelecer no concelho uma fábrica de conservas, que além da melhoria da qualidade de vida que proporcionou à nossa população, projetou um salto qualitativo à região, empregando muita gente, tanto em terra como no mar”, explicou José António Soares, salientando ainda que “o desenvolvimento da Madalena e a
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produção de vinho percorrem de mãos dadas a história do concelho, sendo esta atualmente uma das mais significativas atividades económicas do município, produzindo-se vinhos de uma excelente qualidade. Fazemos questão de promover aquilo que é bom e é nosso. Assentamos a nossa economia sobretudo na pesca, no nosso queijo, no nosso vinho e nos nossos serviços”. Também o comércio foi preponderante no desenvolvimento da região, referiu José António Soares, evidenciando a boa ligação existente entre as ilhas do triângulo. “Os nossos comerciantes sempre foram muito arrojados, mas não teríamos a mesma potencialidade se não tivéssemos esta proximidade importantíssima entre as ilhas. Somos iguais, mas muito diferentes ao mesmo tempo, tendo cada uma a sua especificidade. Esta complementaridade existente entre ilhas é muito importante”. Um presidente presente ‘Filho da Terra’, José António Soares esteve desde sempre ligado a entidades importantes do concelho. O atual presidente da Câmara Municipal da Madalena ocupou os cargos de presidente de Junta de Freguesia da Madalena, deputado municipal e de vereador, imprescindível experiência que lhe confere uma maior proximidade junto dos seus munícipes. “Acredito ser um presidente próximo da população. A gestão de um município como o nosso, nos dias difíceis que ocorrem, é complicada. A burocracia traz atualmente mais dificuldades aos nossos comerciantes e os apoios às autarquias são cada vez mais pequenos. Sentimos que temos a obrigação de ajudar a população, mas nem sempre o conseguimos fazer da forma que consideramos ideal”.
“A Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico representa uma obra-prima da genial criatividade humana na medida em que, face a um ambiente adverso e em tudo propício ao abandono, o Homem teve a capacidade de superar a própria Natureza e transformar a pedra, aparentemente inútil, mas abundante, em sustento e modo de sobrevivência.”
municípios dinâmicos | município de boticas
A aposta nos produtos tradicionais A Feira Gastronómica do Porco de Boticas, um dos maiores eventos gastronómicos do norte do país e da região, realiza-se nos dias 13, 14 e 15 de janeiro de 2017, no Pavilhão Multiusos. Desde 1998, que a vila de Boticas é local de visita obrigatória em janeiro. Há 19 anos consecutivos que a agricultura local e os produtos tradicionais são valorizados e divulgados nesta mostra gastronómica onde a carne de porco e os seus derivados são os verdadeiros “Reis da Festa”. O sucesso que a Feira Gastronómica do Porco tem vindo a ter, ao longo dos tempos, tornou-a num dos melhores e mais importantes certames de promoção e divulgação do mundo rural barrosão e de tudo aquilo que, de melhor existe nesta pequena, mas tão rica vila do norte de Portugal. Organizada pelo Município de Boticas e a EHATB – Empreendimentos Hidroelétricos do Alto Tâmega e Barroso, a feira apresenta mais de três dezenas de stands de exposição e venda de produtos alimentares e artesanato, e conta também, com a participação de meia centena de produtores de fumeiro, número idêntico ao da edição anterior. São esperados, ao longo de todo o fim de semana da feira, mais de 70 mil visitantes, muitos deles vindos da vizinha Espanha, que têm à sua espera cerca de 40 toneladas de fumeiro, o que permitirá realizar um volume de negócios na ordem dos 450 mil euros. Preservar o que, de melhor se faz em terras de Barroso, valorizar a qualidade da carne de porco e dos enchidos através da apresentação de pratos tipicamente barrosões, divulgando a sua essência e sabor, são alguns dos atributos de autenticidade da Feira do Porco de Boticas. Aos enchidos, concebidos de forma artesanal, sob um rigoroso controlo de qualidade cumprindo a legislação e regras em vigor, juntam-se o presunto, o pão centeio, a bôla e o
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município de boticas | municípios dinâmicos folar de carne e o tão afamado ‘Vinho dos Mortos’, entre muitos outros produtos de excelência. O artesanato também continua a ser presença obrigatória neste evento dedicado à ruralidade e às suas gentes. A Feira Gastronómica do Porco é um dos pontos mais altos da economia local, especialmente para os produtores de fumeiro tradicional que veem nesta iniciativa a oportunidade certa para mostrar a qualidade dos seus produtos. Mais do que permitir aos produtores a venda dos seus artigos, que são fonte de sustento de muitas famílias, o certame permite recuperar a tradição, os sabores e saberes tradicionais genuínos e autênticos do concelho e levar o bom nome dos produtos, com origem em Boticas, além-fronteiras. Os produtos agroalimentares fabricados no concelho barrosão são de uma qualidade inigualável, o que lhe atribui características de genuinidade e atratividade únicas. Tasquinhas de Sabores Tradicionais Todos aqueles que se desloquem à vila barrosã, de 13 a 15 de janeiro, para apreciarem as iguarias gastronómicas barrosãs terão ao seu dispor um vasto leque de tasquinhas tradicionais. Cozido à Barrosã, Rojões no Pote, Arroz de Chouriça, Costeletas em Vinha de Alho, Caldo e Feijoada à Barrosã, são algumas das especialidades apresentadas ao longo de toda a mostra. Não esquecendo outras iguarias de excelência como o Fumeiro (alheira, chouriça e salpicão), o genuíno presunto acompanhado da saborosa bôla centeia e os deliciosos vinhos regionais. Tal como nas edições anteriores, os restaurantes do concelho associaram-se ao certame e apresentam ementas com pratos confecionados à base de carne de porco e enchidos, elementos chave que distinguem a gastronomia transmontana do resto das outras. Todos os preços são devidamente tabelados, quer nos expositores quer nas tasquinhas, o que o torna a feira ainda mais atrativa. Animação do Certame A 19ª edição da Feira Gastronómica do Porco conta com três dias de muita animação. Para além da gastronomia e do artesanato, os visitantes vão poder disfrutar de boa música ao longo de todo o certame. No interior do Pavilhão a animação fica a cargo dos grupos de música popular e tradicional do concelho e da região. No exterior decorrerá a tradicional ‘Feira à Moda Antiga’, onde são apresentados inúmeros artefactos ligados às profissões de outrora (tanoaria, olaria, cestaria, peles, esculturas e instrumentos artesanais) e que ainda vão perdurando no tempo. No recinto do Campo de Futebol, junto ao Pavilhão Municipal, decorrerão, como dita a tradição, as tão conhecidas ‘Chegas de Bois’, que anualmente trazem até Boticas centenas de pessoas. O Presidente da Câmara Municipal, Fernando Queiroga, deixa a promessa de “um fim de semana de muita animação, onde se dá a conhecer o melhor que se faz no concelho de Boticas, sendo motivo mais do que suficiente para uma visita a esta magnífica região, que tem tanto para mostrar”.
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municípios dinâmicos | município de alcoutim
O contrabando em Alcoutim A recriação de uma época histórica é o ponto de partida para esta conversa. Alcoutim recebe no início do próximo ano a primeira edição do Festival do Contrabando. Para conhecermos um pouco melhor este projeto, a Revista Business Portugal esteve à conversa com Osvaldo Gonçalves, presidente do Município.
Alcoutim apresenta a 24, 25 e 26 de março de 2017 a 1ª edição do Festival do Contrabando. Como surgiu a ideia de realizar o evento, quais as expectativas? O Festival do Contrabando é um projeto da autarquia de Alcoutim com o qual pretende-se criar um evento cultural âncora na região, tanto a nível da recriação de uma época histórica recente como de uma atividade local e de fronteira importante que serão homenageadas, e que tem grande importância na memória coletiva local, regional, nacional e transfronteiriça. Ao mesmo tempo pretende-se fundir a recreação com a apresentação de artes de rua, de forma a estruturar uma oferta diferenciadora na região. O Festival do Contrabando é mais que um Festival, é a junção e fusão da homenagem a uma atividade que ao longo da história foi importante para as gentes da fronteira e para as gentes da serra do Caldeirão, com as artes e a cultura. A paisagem fronteiriça que desafiava os destemidos na passagem de mercadorias, será agora palco de vários projetos culturais que transportam para o interior das populações e seus visitantes, os sonhos e ambições, trazendo até à Vila Raiana uma oferta cultural que desafia todas as condicionantes existentes. A região de Alcoutim foi um dos cenários propícios para a atividade do contrabando, costuma dizer-se “desde que existem fronteiras, existe contrabando” e Alcoutim está justamente na linha de fronteira do sul de Portugal, tendo o rio Guadiana a separá-lo de Sanlúcar de Guadiana, província de Huelva, na Andaluzia espanhola.
A 1ª edição do Festival do Contrabando conta com um programa enriquecedor, quais são as propostas culturais e artísticas? O programa do Festival do Contrabando ainda está a ser realizado, um dos objetivos é causar surpresa. O primeiro dia do Festival será um dia com uma programação mais institucional, onde se vão realizar as Primeiras Jornadas do Contrabando, um seminário que contará com a presença de vários investigadores nas áreas da antropologia, sociologia, património e história local, a celebração da ata de fronteira com os municípios espanhóis de El Granado, Sanlúcar de Guadiana e San Silvestre de Guzman, que será assinada a meio do Guadiana, e uma cerimónia de homenagem aos contrabandistas e guardas-fiscais do Guadiana e com a inauguração da ponte para passar a Sanlúcar de Guadiana, vila vizinha espanhola. Esta ponte, que será uma plataforma flutuante será a grande atração do Festival, uma vez que pela primeira vez irá permitir aos habitantes das duas comunidades vizinhas e aos visitantes passar o rio a pé. O programa de animação também arrancará neste primeiro dia com um espetáculo de teatro de rua, com a temática das memórias da Guerra Civil Espanhola. Os dias de fim de semana do Festival, 25 e 26 de março, contarão com um vasto programa de atividades culturais e de recreação histórica. Nestes dois dias será realizado um desfile etnográfico de época pelas ruas de Sanlúcar de Guadiana e Alcoutim, um mercado à moda
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antiga, de finais de anos 30 e princípios da década de 40, com demonstração de ofícios antigos, como o ferreiro, sapateiro, marceneiro, oleiro, teatralização de episódios de época, como histórias de contrabandistas, apreensões pela guarda-fiscal, vigilância do rio, exilados da guerra civil espanhola, conversas de taberna, arruadas musicais, espetáculos de teatro e circo de rua, sessões de contos, exposições e muita animação. Haverá animação, espetáculos e atividades para todos os tipos de público. Existirão workshops relacionados com os diversos ofícios existentes no mercado e também com o património gastronómico, atividades e jogos tradicionais portugueses para os mais novos, caminhadas, projeções de filmes e curtasmetragens sobre as temáticas do Festival e da Região, como o contrabando, a desertificação, a fronteira e o meio rural. O programa completo do Festival será anunciado no início do mês de janeiro de 2017. Quais as entidades envolvidas na organização do evento? Contamos em primeiro lugar, com o apoio através do financiamento das Secretarias de Estado da Cultura e da Região de Turismo do Algarve. Como parceiros do evento contamos com o município espanhol vizinho de Sanlúcar de Guadiana, que conseguiu o apoio de um pequeno financiamento da Junta da Andaluzia. Para a organização do mercado à moda antiga, teremos a colaboração de várias entidades como associações locais e regionais. Consideramos também importante a ligação do evento com projetos estratégicos da Região do Algarve como o TASA (artesanato) e a Rota da Dieta Mediterrânica.
gran hotel los abetos | municípiosdinâmicos
gran hotel los abetos Localizado no centro de Santiago de Compostela, o Gran Hotel Los Abetos classificado com 4 estrelas, convida todos a usufruírem dos seus serviços. Com quase 150 quartos, 71 no edifício do hetel e 71 em vilas, com 65 metros quadrados. Este hotel oferece-lhe a possibilidade de desfrutar de férias em família, dispondo também de transporte gratuito para o centro da cidade de Santiago e Compostela. O hotel possui jardins botânicos, salões de baile, de uma capela própria e ainda do Restaurante El Bordon, onde poderá saborear o melhor da cozinha galega. Devido à sua proximidade ao aeroporto Internacional de Lavacolla, o Gran Hotel Los Abetos está apto para receber visitantes que viajam tanto por lazer como por motivos profissionais. Durante a sua estadia não precisa esquecer a atividade física, pois pode utilizar o corte de ténis e o ginásio à disposição de qualquer hóspede. Nos dias mais solarengos aproveite e divirta-se na piscina exterior. Devido à grande diversidade de salas, existe a oportunidade de reservar um espaço, tanto para congressos profissionais como para festividades, tais como casamentos. Entre em contacto para mais informações. Garantido o serviço de excelência graças à equipa de profissionais e ótimas instalações que possuem, poderá ainda visitar a cidade de Santiago de Compostela, desde o centro histórico às várias lojas de roupas e artesanato. O Gran Hotel Los Abetos espera por si e deseja-lhe as boas festas. A pensar nos portugueses, “o Gran Hotel Los Abetos tem uma grande passagem de ano programada onde as 12 badaladas serão festejadas duas vezes, uma à hora espanhola e outra à hora portuguesa”, como fez questão de frisar em entrevista o diretor hoteleiro J. Félix Cordero.
J. Félix Álvarez Cordero Diretor Geral
www.granhotellosabetos.com +0034 981 557 026
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tema | empresa
O destino verde da Galiza
Em terras de Espanha, a sul da província da Corunha, Arzúa é o concelho a visitar para admirar paisagens deslumbrantes, degostar os sabores tradicionais ou até cumprir com a tradição histórica do Caminho de Santiago.
José Luis Gárcia Presidente
Arzúa faz parte do Caminho de Santiago, um concelho bastante conhecido por isso. Para os nossos leitores portugueses, o que é que Arzúa tem para oferecer em turismo, gastronomia e eventos? Há algumas coisas pelas quais Arzúa é conhecida. Uma delas é o Caminho de Santiago, isto porque aqui confluem três trilhos do Caminho: o trilho francês, o do Norte e o primitivo, fazendo com que todos os anos tenhamos inúmeros visitantes. É, também, conhecida pelo queijo e à volta deste produto realiza-se o evento mais importante do concelho, designado como Festa do Queijo, realizada durante o primeiro fim de semana de março. São dois dias de um certame que reúne mais de 40 expositores de queijos de diversas variedades, como o Tetilla e outros tipos, a nível nacional e até internacional. O evento conta, também, com animação de concertos musicais, nomeadamente ao domingo, dedicado ao folclore e à música folk galega, e ao sábado, dedicado a grupos nacionais e internacionais. Há dois anos tivemos aqui a banda portuguesa The Gift.
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Para além do queijo, que outras propostas gastronómicas tem Arzúa? Todos os produtos que estão à volta do queijo. Sobretudo agora que, cada vez mais, se utiliza o queijo na cozinha, deixando de ser sobremesa e passou a ser utilizado em diferentes pratos. Depois cada restaurante tem as suas especialidades. Em Arzúa é este setor primário agrícola que emprega mais pessoas? O sustento e onde está a riqueza do concelho é no setor agrícola. Tendo em conta que os dois aspetos mais importantes que temos, por um lado, é o turismo e, por outro lado a agricultura. Juntos constituem as duas áreas que maior emprego criam. Arzúa é o concelho da Galiza que mais casas rurais tem. Como pode descrever o concelho? Há dois lemas que definem o concelho, o mais antigo é «Arzúa, terra do queijo» e outro, mais recente, «Arzúa, destino verde». Os dois lemas definem, perfeitamente, o que é o concelho.
município de arzúa | municípios dinâmicos Este é o seu segundo mandato à frente dos destinos de Arzúa. O que o motivou para continuar a liderar o concelho? Comecei a vida política por casualidade. O anterior presidente da Câmara queria contar comigo e propus-me a conselheiro da cultura. Como na minha profissão já tinha que desenvolver atividades culturais, dei mais um passo e comecei a desenvolvâ-las para todo o concelho. Estive quatro anos no Conselho da Cultura. Nas eleições seguintes, o presidente ficou inabilitado e tive que ser o candidato e fui anunciado no primeiro dia da campanha eleitoral. Conseguimos ganhar as eleições, não com maioria absoluta, mas com um resultado expressivo. Nas últimas eleições já conseguimos atingir essa maioria. Como é ser presidente da Câmara de Árzua? Considera-se um autarca próximo da população? Tento ser um presidente próximo das pessoas. Não sei como é em Portugal, mas aqui a crise trouxe coisas muito negativas, no entanto, acredito que conseguimos retirar algo positivo desta situação. Creio que com este cenário, muitos políticos tentaram implementar uma política diferente, mais próxima das pessoas, mais participativa. Estamos a preparar novos orçamentos para 2017 e já fizemos, praticamente, um mês de visitas pelas 22 localidades. Arzúa tem cerca de 6300 habitantes e vamos tentando ouvir a opinião das pessoas, atendendo às suas reivindicações e tentando integrá-las nos nossos orçamentos. Quais os principais projetos para este mandato? Nestes próximos orçamentos de 2017 tentaremos reforçar o trilho do Caminho de Santiago, fazendo um conjunto de obras para que este ano as pessoas tenham melhores condições. Pretendemos fazer uma intervenção em Regadiço, o enclave de um dos albergues mais famosos de todo o Caminho, que era um antigo hospital de peregrinos. Vamos intervir, também, na vila, numa rua pertencente ao Caminho de Santiago, investimento de quase meio milhão de euros. Os objetivos passam, ainda, por atender às necessidades das pessoas, que incidem nas vias de comunicação e estradas. O envelhecimento da população é uma preocupação? Sim, sobretudo agora, tendo em conta
que muitas famílias estão a viver à conta da sua reforma e ainda ajudam os seus filhos e netos. É uma questão prioritária. No meu mandato chegou-se a triplicar o orçamento que se dedicava à emergência social. Estamos, igualmente, a prestar mais atenção à programação de atividades, para promovermos o envelhecimento ativo. Têm respostas sociais para os idosos? Em praticamente todas as localidades do concelho temos um espaço de convívio social. Cada localidade é um mundo e funciona de forma distinta, porque há localidades que são mais participativas, que convivem e interagem mais. Tentamos aproveitar as visitas para explicar às pessoas a importância de se associarem e da existência de uma associação de vizinhos. Que tipo de apoios têm para promover a fixação de pessoas no concelho? Arzúa é um dos concelhos que mais atividades culturais promove. Por exemplo, a programação na Festa do Queijo tem um investimento de cem mil euros, mas depois dedica-se quase cem mil euros, também, a atividades ao longo do ano como o teatro, os festivais de música e atividades para a juventude. Temos bastante coordenação com os centros educativos, são bastante recetivos para que desenvolvamos atividades para os jovens. Por outro lado, apoiamos os centros educativos para que possam fazer visitas de estudo. O que podemos visitar em Arzúa? Depende daquilo que cada turista procura. Se fosse eu, procuraria mais a parte rural, a paisagem, o contacto com as pessoas e com a história e as lendas de cada uma das localidades. Aproveitar para descobrir os encantos desta terra! Como gostaria de ver o concelho daqui a oito anos? Gostaria de sair desta situação de crise que estamos a viver em toda a Europa, de vez. Estamos a tentar governar da forma mais responsável. Fizeram-se muitas obras como, por exemplo, uma piscina municipal e um conservatório de música, praticamente todos os concelhos tinham que ter todas estas obras gigantescas, o que nos trouxe mais despesas. Espero que daqui a oito anos tenhamos aprendido com os erros do passado.
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AÇÃO SOCIAL Mais do que dirigir-se para um determinado grupo-alvo, a ação social terá de se orientar para as situações individuais e/ou familiares, apreciando-as em todas as suas facetas e cuidando de prevenir os vários elos da cadeia que conduz à desinserção ou exclusão. Em qualquer caso, a ação social terá de se antecipar à procura, promovendo serviços que, atempadamente, previnam e detectem a emergência de situações limite. Em síntese, o campo de incidência da ação social compreenderá a prevenção e o combate à exclusão social, nas suas múltiplas vertentes e expressões, a promoção social e o desenvolvimento das comunidades locais, sobretudo daquelas que apresentam bloqueios ao seu próprio desenvolvimento e a intervenção em sectores específicos da política pública, onde mais se manifestam as necessidades de intervenção social. São estes valores e estes saberes que moldam diariamente os agentes de promoção solidária, particularmente, dos seus voluntários e dinâmicos dirigentes. São valores e saberes que se apoiam numa prática desenvolvida ao longo de décadas, com postura perante a vida, perante as pessoas, perante os problemas e perante os dramas sociais, solidificando-se, desenvolvendo-se e adaptando-se às realidades, às necessidades e às vicissitudes de cada época. Neste separador, damos a conhecer um pouco deste mundo de valores e saberes, do qual fazem parte milhares de dirigentes de muitas e muitas outras instituições de solidariedade social, numa verdadeira comunhão dinâmica.
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ação social | misericórdia de montemor-o-novo
517 anos a fazer o bem
A Santa Casa da Misericórdia de Montemor-o-Novo é uma instituição prestigiada, de créditos firmados e com uma tradição de intervenção incomensurável. A comprovar isso mesmo está o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por esta instituição em todas as suas valências.
muito importantes através da construção de vários equipamentos com o objetivo de ajudar a minorar o sofrimento e as necessidades mais prementes a qualquer ser humano. Qual a sua principal missão? Promover respostas sociais de forma sustentada. Ser um modelo de referência enquanto Instituição, aproximando as pessoas através da consolidação dos afetos, do desenvolvimento humano e valorização do individuo e da qualidade dos serviços prestados, norteados pelos princípios da doutrina cristã e justiça social.
Júlio Vilela Provedor
Para contextualizar os nossos leitores, começava por lhe pedir que nos elucidasse um pouco sobre a história da SCM de Montemor-o-Novo. É um pouco difícil, por pouco que seja, resumir uma história com 517 anos a fazer o bem aos mais necessitados da nossa comunidade caracterizada pelo Humanismo Cristão. A Santa Casa da Misericórdia de Montemor-o-Novo percorreu todos estes anos, desde 1499, graças à boa vontade e empenho daqueles, que voluntariamente cumprem as Catorze Obras de Misericórdia. Ultrapassaram-se períodos menos bons com tentativas de anulação destas Instituições, como foram aqueles em que o poder político perseguiu a Igreja e o Clero. No entanto, o caminho foi sendo percorrido na ajuda social, com maior visibilidade na área da saúde, por intermédio do antigo Hospital de Santo André, o qual, tinha substituído no Hospital do Espírito Santo e Santo André. Nos últimos 30 anos, no capítulo social foram dados passos
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Que valências têm ao dispor da população? É possível elucidar-nos um pouco sobre o papel de cada uma? Quantos utentes servem? Presentemente, a Santa Casa da Misericórdia de Montemor-o-Novo possui dois Lares de Idosos (ERPI), cujo número de internados é de 81 utentes, assim distribuídos: 41 idosos no Lar de Nossa Senhora da Visitação, em Montemor, para os quais existe acordo total com a Segurança Social; 40 idosos no Lar São João Paulo II, em Foros de Vale de Figueira, o qual funciona há sete anos, para os quais apenas foram feitos 30 acordos com a Segurança Social graças ao empenho do anterior ministro, muito embora, tenhamos feito muitos apelos no Centro Distrital da Segurança Social de Évora sem que conseguíssemos seja o que for, ou seja, há dez utentes que não têm acordo. Esta situação acaba por ser extremamente difícil para muitas famílias, o que gera algumas dívidas, que estamos a suportar. Além disso temos dois Centros de Dia, que em Montemor apoia 30 idosos e nos Foros apoia seis. Possuímos, também, o Serviço de Apoio Domiciliário, que apoia 30 idosos em Montemor e oito nos Foros. Ao nível do apoio domiciliário temos vindo a sentir uma redução grande de utentes. Na nossa opinião, este facto resulta das dificuldades económicas das famílias como um todo. Ou seja, há filhos que ficam desempregados e que precisam do apoio dos pais que ajudam com a sua magra reforma. O Serviço de Apoio Domiciliário é a valência que sempre defendi com mais vigor, penso, que deveria ser aquela a ter mais apoio por parte do Governo, porque o ideal, na minha opinião, seria não retirar as pessoas das sua casas, onde se sentem bem, mas sim dar-lhes todos os cuidados que necessitam. O internamento em Lar seria apenas para casos extremos, para pessoas que estão sozinhas, que já não têm autonomia. Temos ainda um Centro de Atividades de Tempos Livres, que em 2016/2017 promove atividades para 50 jovens. Sentem a importância que têm na sociedade, não apenas no que concerne aos utentes que acolhem, mas também na sociedade de Montemor-o-Novo? Esta pergunta deveria ser respondida pela população que servimos, todavia, dada a impossibilidade de conseguirmos essa resposta, cremos, que a Santa Casa desempenha um papel importante na sociedade, desde logo, pela ajuda que presta aos que mais necessitam, assim como, o papel social que tem na criação de emprego, que consideramos de maior importância social, considerando a região onde estamos inseridos, onde o emprego escasseia. Um projeto recente que merece destaque na nossa edição é o Centro Social Joaquim Falcão Marques. Como nasce este projeto? Somos uma das Misericórdias que faz parte de um projeto nacional ao nível da demência, no qual estamos a trabalhar. Para pôr em prática este projeto, entendemos que deveria ser
misericórdia de montemor-o-novo | ação social
implementado num espaço que nos foi doado, a Quinta de D. Afonso, para tal, elaborámos um projeto com o objetivo de construir um Lar, preparado para acolher doentes com demência. Esse projeto foi adjudicado. Foi elaborado por um arquiteto, que estabeleceu os contactos necessários com as entidades competentes, ou seja, com a Segurança Social e a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo. Mas, entretanto, a Câmara Municipal de Montemor-oNovo reprovou o projeto. Nesta altura temos aquele edifício em ruínas. Pese embora o projeto tenha sido acompanhado pelos seus técnicos da autarquia, a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo resolveu reprová-lo. Porque, segundo a autarquia, para se fazer ali qualquer coisa dever-se-ia aproveitar na íntegra o edifício e preservá-lo, o que é impensável. O projeto está elaborado de forma a cumprir a regulamentação estabelecida para este tipo de estabelecimentos. Como tem corrido esta aposta? Tem sido uma aposta difícil, da qual, garantidamente não desistiremos. Os séculos de existência da Instituição foram passados com muita luta e determinação e assim continuará. Falemos, agora, da figura do provedor. Como chega a este lugar? O que o leva a desempenhar este papel? Há cerca de 30 anos que dedico muito do meu tempo, de forma voluntária, à Santa Casa, que faço, como todos os outros, que se dispõem a participar sempre com o pensamento de podermos ajudar o próximo, tendo presente os ensinamentos de Jesus Cristo.
Com toda a sinceridade, quando aceitei o desafio de participar enquanto Provedor, no primeiro mandato, foi porque outros Irmãos acharam que tinha perfil para ajudar a Santa Casa. Ao aceitar, com os outros elementos da Mesa, que são excecionais, sempre pensei que seria apenas para fazer aquele mandato. Só que no final dos três anos do mandato, alguém disse na Mesa que já que tínhamos consolidado a gestão, deveríamos aceitar mais um mandato para fazer obra. E aí convenceram-me a ficar mais quatro anos. Por onde passa o futuro da SCM Montemor-o-Novo? O futuro não se apresenta muito risonho para as IPSS, considerando as dificuldades que todos vivemos. Torna-se cada vez mais difícil a obtenção de receitas (sem elas é impossível continuar), tanto pela dificuldade dos utentes em pagarem a sua comparticipação (por pequena que seja), como com a falta de acordos da Segurança Social que cubram a totalidade dos utentes e que possam ampliar a nossa oferta de ajuda social. Por outro lado, as exigências são cada vez maiores, o que obriga a despesas nalguns casos perfeitamente desnecessárias. Pese embora todas estas dificuldades, estamos empenhados em aumentar a nossa oferta, para tal estamos a projetar, a curto prazo, a requalificação do Hospital de Santo André, assim como, estamos a tentar, com parcerias, rentabilizar outros espaços na área do turismo. Mas, acima de tudo, para continuarmos a existir precisamos da ajuda de toda a comunidade.
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