REVISTA BUSINESS PORTUGAL TEMA
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL TEMA
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL EDITORIAL
Editorial
FICHA TÉCNICA Diretor
Portugal a par e passo
Fernando Silva
EDITORA
Por Diana Ferreira
Diana Ferreira (diana.ferreira@revistabusinessportugal.pt)
REDAÇÃO Ariana Ferreira Kathleen Araújo Luana Freire Rita Carreira Sara Gomes Síliva Correia Ana Miguel Lopes Mafalda Guedes Miguel Marta Caeiro Rita Burmester Sílvia Martins (redacao@revistabusinessportugal.pt)
PROJETO GRÁFICO, PAGINAÇÃO E DESIGN Tiago Rodrigues
SECRETARIADO
Somos portugueses, nacionalistas, sentimos o nosso país no coração, com orgulho, com convicção de que somos bons naquilo que fazemos em Portugal e além-fronteiras. Mas, para além dos feitos nacionais, temos brio nos empreendedores das diversas áreas em Portugal, desde os autarcas aos empresários. E é esse brio que queremos fazer transparecer na Revista Business Portugal. Temos o compromisso para com os leitores de lhes trazer bons exemplos nacionais. Aliás, temos mais do que isso: temos o compromisso de lhes trazer os melhores exemplos nacionais, aqueles de topo, de excelência. E é por isso que, pela quarta edição consecutiva, lhe trazemos novamente algumas PME Excelência, empresas que, na nossa óptica, revelam o que de melhor temos, com maior expressão e vivacidade, sejam empresas de maior ou menor dimensão. Mas nem só do tecido empresarial nacional se faz a nossa edição. Uma vez mais, rumamos ao arquipélago dos Açores. Desta vez, fomos até ao Faial, Pico e S. Jorge. Aqui, neste Portugal à beira mar plantado, cruzamo-nos com paisagens de cortar a respiração. A história presente em cada recanto leva-nos a imaginar um passado reflectido no presente e alicerçado ao futuro. Por Portugal Continental, viajamos de Norte a Sul e nesta edição destacamos quatro regiões. São elas Amadora, Portalegre, Vila do Conde e Sangalhos. Aqui, apresentamos-lhe o trabalho dedicado e próspero das freguesia em prol dos seus habitantes, mas também de cidadania e empreendedorismo mais significativo das regiões. Convidamo-lo, uma vez mais, a folhear a sua Revista Business Portugal e a descobrir Portugal a par e passo.
Paula Assunção (paula@revistabusinessportugal.pt)
Diana Ferreira não segue o novo acordo ortográfico
GESTÃO DE COMUNICAÇÃO Cátia Fernandes Fernando Lopes Filipe Amorim Isabel Brandão José Machado José Alberto
alguns destaques da edição de junho
06 - freguesia da costa da caparica
Luís Branco Luís Silva Mariana Castro Lemos
10- ANAC
Manuel Fernando Nuno Ferraria Paulo Padilha
EDIÇÃO, REDAÇÃO E PUBLICIDADE
MUNICÍPIO DA AMADORA
Rua Engº Adelino Amaro da Costa nº15 6ºandar sala 6.1/6.2 4400-134 - Mafamude (geral@revistabusinessportugal.pt)
CONTACTOS Tlf: 223 754 806 (Geral) Tlf: 224 109 098 (Redação)
A REVISTA BUSINESS PORTUGAL NAS REDES SOCIAS
PME EXCELÊNCIA
20 - Conforhoteis 30 - Restaurante Pequeno Mundo 35 - GMR Distribuição
REDESCOBRIR OS AÇORES
48 - Município da Horta 52 - Município de S. Roque do Pico DISTRIBUIÇÃO Gratuita no Jornal i - Dec. Regulamentar 8/99-9/6 Artº 12º nº. ID Depósito Legal: 374969/14 Edição de junho
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58 - Município da Amadora 62 - Freguesia da Encosta do Sol 68 - Freguesia de Alfragide
PORTALEGRE EM DESTAQUE 79 - Herdade do Perdigão 81 - Carola & Borralho
FREGUESIA DE SANGALHOS
105 - Junta de Freguesia de Sangalhos 106 - Misericórdia de Sangalhos
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Um destino apetecível Junta de freguesia de costa da caparica Costa da Caparica é uma cidade litoral portuguesa do distrito de Setúbal, que tem no mar e no sol o ex-libris da freguesia. A cidade oferece qualidade de vida, bem-estar e lazer quer aos que a visitam, assim como aos seus habitantes. Em entrevista à Revista Business Portugal, o presidente da Junta de Freguesia, José Ricardo Martins, explica as potencialidades da cidade e conta um pouco das razões que elevam a Costa da Caparica ao patamar de destino turístico de excelência.
Costa da Caparica é história, cultura e tradição Na freguesia localiza-se toda a frente de praias do concelho e a maior parte da oferta turística. Em 1985 foi elevada à categoria de vila, e em 2005 à de cidade. Integra as localidades de São João de Caparica, Santo António de Caparica, Terras da Costa e Fonte da Telha. Com cerca de 20 mil habitantes, é a freguesia do país com maior população flutuante no verão. Na cidade se por um lado, temos as tradições piscatórias, por outro surge um turismo contemporâneo que contempla, sobretudo, o sol, o mar e o surf. A terra da Arte Xávega, que guarda lendas e folclore, é a mesma que abriga o novo, o moderno e o
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contemporâneo. O que leva o país além-fronteiras, traduzindo a terra como um destino turístico de excelência, e mantendo gravado o seu nome e o seu destaque no mapa nacional. São as suas belas praias atlânticas de águas transparentes de ótima qualidade, qualificadas com bandeira azul e bandeira de ouro, e com extensos areais que atraem todos os anos dezenas de milhares de visitantes e, é também aqui que, cada vez mais, os desportos de mar, em particular o surf, se têm vindo a afirmar e a destacar a Costa da Caparica no circuito nacional, contribuindo também, para o desenvolvimento económico da freguesia. “Além do sol e do mar que são a nossa mais valia, devido às praias e ao património ambiental, temos vindo
a apostar noutras ofertas turísticas e em outras vertentes turísticas para assim mostrar que este é um destino apetecível durante todo o ano. No fundo, voltar a atingir os patamares dos anos 80 e 90. Daí, termos apostado no surf, já que temos uma frente de praia diferenciada daquilo que é o entendimento do surf no resto do país e no mundo. As nossas praias, devido às características do fundo do mar e da forma das nossas ondas, são excelentes para a prática de surf de iniciação, e é essa aposta que queremos fazer ligada ao conceito de família: desenvolver o surf de iniciação para toda a família”, explica o presidente da Junta de Freguesia. A cultura do mar é fator decisivo para traçar o perfil e a identidade do lugar. A Costa da Caparica tem historicamente uma forte
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ligação ao mar, “é uma terra construída por pescadores com uma forte cultura e tradição de raízes piscatórias que lhe conferem uma singular identidade”. Costa da Caparica e o mar são indissociáveis, a freguesia, desde a sua origem, “nasceu e cresceu do mar para a terra”. Na cidade, a pesca artesanal faz-se durante todo o ano, em particular a Arte Xávega, que poderá vir a ser património cultural, praticada essencialmente nos meses de março a novembro. É uma arte ancestral que atrai centenas de curiosos ao areal para ver chegar a variedade de peixe. Mas a par da pesca, também a agricultura está presente na freguesia. As suas terras agrícolas são férteis e, igualmente, desempenham um papel de grande relevo na economia da área metropolitana de Lisboa. É na agricultura que se encontram os maiores produtores do concelho, sendo que a maioria dos produtos hortícolas da região destinam-se ao MARL (Mercado Abastecedor Região de Lisboa). “Os produtos hortícolas da Costa da Caparica são produtos de referência e ainda têm algum impacto económico na freguesia”, sublinha José Ricardo Martins. Outro setor que se mostra promissor é o turismo. A Costa da Caparica reúne características únicas e assume lugar de destaque neste setor. Com uma das zonas balneares mais frequentadas do país são altos os níveis de afluência que se mantém em crescimento, ano após ano. Com uma oferta turística diversificada: três hotéis, três pensões, duas surf houses, uma pousada da juventude e, ainda oito parques de campismo, a Costa da Caparica está mais do que preparada para receber os visitantes. Sem deixar de referir, os restaurantes de boa qualidade gastronómica onde se pode saborear e desfrutar os produtos da freguesia, sendo a caldeirada à pescador um dos pratos mais apreciados da região. “O que nós estamos a fazer a nível gastronómico é lançar os ‘comeres caparicanos’. Pretendemos ir às raízes daquilo que era a alimentação dos nossos pescadores e transportar alguns dos pratos da altura para os dias de hoje, como a sopa de carapau, a corvina com ervilhas, o ratão de pitau, entre outros. Queremos divulgar este tipo de alimentação e criar outro tipo de oferta gastronómica”, conta o presidente. Além das maravilhosas praias da freguesia, podemos visitar a Arriba Fóssil Costa da Caparica e toda a sua biodiversidade envolvente, o jardim urbano, “um espaço apetecível para as famílias e onde as crianças podem usufruir do parque infantil”, a igreja matriz e a Mata dos Medos, um local também bastante rico em biodiversidade “onde queremos desenvolver um percurso, ainda que sustentavelmente, porque temos uma biodiversidade e uma saúde ambiental diferenciada do resto do país e da europa”, refere José Ricardo Martins.
Festividades Numa política de valorização dos produtos endógenos e dos potências da freguesia, realizam-se alguns certames com algum impacto local e até regional. O Concurso da Caldeirada Pescador que se realiza
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em janeiro/fevereiro com a duração de três semanas. Conta com a participação de vários restaurantes e atrai centenas de visitantes à freguesia. A Festa do Chocolate em março. O Caparica Primavera Surf que decorre na altura da páscoa, com componente musical e desportiva e com um público-alvo bastante definido, normalmente ligado ao surf. A Feira do Artesanato Internacional que decorre no verão, em julho/agosto e que reúne vários expositores. O Festival Sol da Caparica que decorre de 13 a 15 de agosto, no Jardim Urbano, que é uma das referências das festividades da cidade. Um evento de música portuguesa, ligado à cultura local e à família. “Portanto, é todo este género de animação que queremos alargar para trazer mais visitantes à freguesia, de maneira a movimentar a economia e criar algum dinamismo na região. Se trouxermos mais visitantes à Costa da Caparica as entidades privadas vão sentir que podem apostar na freguesia, logo vai gerar mais emprego e vai tornar a Costa da Caparica uma cidade ainda mais dinâmica e apetecível”, explica o presidente.
combater. Para isso, estão a criar uma série de estratégias que passam, sobretudo, pela aposta na promoção internacional da Costa da Caparica. Sendo o turismo a principal atividade económica da freguesia a prioridade
atual é que “consigamos diminuir o fosso entre a época alta e a época baixa”, salienta o presidente.
Projetos Futuros No que diz respeito ao futuro, pretendem apostar ainda mais nos “desportos de onda” como o kitesurf, o windsurf, o bodyboard, uma vez que é uma economia em crescendo. E em novos segmentos de turistas, para isso estão a implementar alguns hostels na cidade e na requalificação da Costa da Caparica, tais como ruas (Rua dos Pescadores, do Juncal, do Largo da Liberdade e a ligação da praia da Mata), mobiliário urbano, acessibilidades, ciclovias, mercado tradicional, entre outros. Pretendem também apostar noutro género de acessibilidade, não só rodoviária como a possibilidade do metro do Sul do Tejo até à Costa da Caparica. “Queremos apostar num crescimento sustentável, baseado em práticas ambientais. Porque a Costa da Caparica cresceu em altura e em população, mas as infraestruturas estão na mesma, o que nos criou problemas diversificados com as acessibilidades, a falta de estacionamento e a mobilidade interna, daí querermos investir em circuitos alternativos. Acreditamos que o crescimento tem que existir, mas de uma maneira controlada e sustentável”, afirma o presidente. Um dos próximos objetivos também é criar um Museu do Mar com tudo o que é a cultura da Arte-Xávega e da pesca tradicional, uma biblioteca, um auditório e uma piscina no sentido de incentivar a população às boas práticas desportivas. E ainda, recolocar as bolas nívea nas praias da cidade “como temos pouco património cultural o objetivo é recriar o que foi a Costa da Caparica nos seus melhores anos, trazer um pouco da tradição” explica José Ricardo Martins. Por outro lado, se o turismo se faz parceiro da cidade, a sazonalidade do mesmo ainda é um problema a
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Avenida 1º Maio 9 - B 2829-504 Costa de Caparica Tel.: 212 911 089 - 212 911 091 Email: jfccaparicageral@gmail.com www.jf-costacaparica.pt
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setor da Aeronáutica em Portugal está a usufruir de um forte investimento estrangeiro, sobretudo, por parte da brasileira Embraer, em Évora. Aliado a este facto, existe em curso um programa de desenvolvimento industrial que está a possibilitar o crescimento do setor em Portugal. O nosso país, através dos investimentos no Alentejo, passa a estar no mapa da indústria aeronáutica mundial. Os fornecedores da Airbus e da Boeing, juntamente com os da Embraer, estão a considerar novos investimentos na zona, através da criação de empresas que possam fornecer peças para os novos aviões. Neste momento, os postos de trabalho criados na sequência destes investimentos rondam os 300, mas o setor está a desenvolver-se e, nos próximos anos, vão ser criados mais postos de trabalho, sobretudo na área da engenharia. O crescimento do cluster da aeronáutica em Portugal leva à necessidade de existirem profissionais especializados na área, para tal, a formação é crucial, levando à criação de cursos especializados, no ensino secundário e no ensino superior português. O desenvolvimento desta indústria significa também que as entidades que regulam o setor têm de estar atentas ao seu crescimento, para que possam acompanhar e regulamentar consoante os novos desafios propostos. O cluster, com embrião em Évora, possibilita que o crescimento do setor se alargue a todo o país e passe além fronteiras, aumentando a visibilidade do trabalho feito no nosso país. A reorganização da indústria, que passa pela aposta na inovação e no desenvolvimento tecnológico, permitiu que o nosso país passasse a estar presente nos principais eventos internacionais dedicados à Aeronáutica, ao Espaço e à Defesa. No entender da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), a presença da indústria aeronáutica portuguesa nestes eventos, representa “a maturidade crescente do setor aeronáutico nacional, focado numa indústria mais inovadora” acrescentando ainda que, “as empresas portuguesas entenderam a necessidade de colaborar para se promover e ganhar escala internacional” possibilitando “gerar produtos e serviços de alta qualidade competitivos no mercado mundial” made in Portugal. O crescimento sustentado do cluster da aeronáutica no nosso país só é possível se existirem instituições a apostar na formação e na regulamentação do setor. Nas próximas páginas damos a conhecer alguns dos exemplos do trabalho que está a ser feito no nosso país, nesta área, contribuindo para a solidez da indústria aeronáutica portuguesa.
cluster da aeronáutica
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Portugal em altos voos anac Numa altura em que Portugal começa a ganhar cada vez mais terreno no mundo aeronáutico, sustentando o seu lugar como centro do cluster da aeronáutica, a Revista Business Portugal visitou a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) e conversou com Luís Trindade Santos, presidente do conselho de administração da ANAC. Esta instituição é a autoridade nacional em matéria de aviação civil, exercendo funções de regulação, fiscalização e supervisão do setor da aviação civil. Conheça o passado, o presente e o futuro da ANAC.
luís trindade santos Presidente do Conselho de Administração
Foram recentemente publicados os estatutos da ANAC. O que podemos esperar desta nova realidade para o regulador da aviação civil em Portugal? Com a recente publicação dos novos estatutos do regulador da aviação civil em Portugal espera-se, essencialmente, que se concretize, definitivamente, aquilo que sempre foi a aspiração, quer do regulador, quer dos regulados: um regulador forte, mais dinâmico e que contribua ativamente para a dinamização do mercado do transporte aéreo e para o posicionamento competitivo das nossas empresas nos mercados mundiais e que seja um elemento mobilizador da nossa
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economia. Esta nova natureza jurídica de entidade reguladora independente permitirá à ANAC uma gestão mais flexível, o que é absolutamente relevante no que respeita, por exemplo, à resolução das questões relacionadas com os recursos humanos, que devem ser recursos altamente especializados e com formação específica no setor e ainda com uma vasta experiência, sendo esta uma das principais condições internacionais mais relevantes e exigida, quer pela EASA, quer pela ICAO. A regulação independente é a melhor forma de regular o setor? As vantagens de uma regulação independente no setor
da aviação civil são defendidas e recomendadas desde há muito pelas organizações internacionais e europeias, de que Portugal faz parte. É um setor muito específico da economia, que assume um cariz internacional no seu dinamismo e desenvolvimento, cujo sucesso e rentabilidade dependem do cumprimento de uma regulação supranacional, implementada a nível nacional pelo regulador nacional. Todo o setor beneficiará desta mudança, que confere, indubitavelmente, ao regulador outros instrumentos de gestão que propiciam a eficácia e eficiência esperadas na sua atuação junto dos stakeholders e de todo o mercado. O setor, o próprio mercado e também os passageiros beneficiarão da
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independência do regulador, que poderá, no futuro, e de forma equidistante tratar as questões do setor, da forma mais objetiva possível, dada a sua independência funcional e política, agora expressamente declarada e reconhecida. De que forma tem, então, o setor sido gerido até hoje? Sem esta característica de ser regulado por um regulador independente? Até hoje, o regulador esteve integrado na estrutura tradicional da Administração Pública, sem qualquer especificidade ou derrogação de regimes, o que tem constituído um verdadeiro obstáculo ao cumprimento atempado das exigências internacionais. Apesar de conseguirmos sempre dar uma resposta cabal a essas exigências, não podemos ignorar que isso tem sido conseguido, até hoje, à custa de um esforço enorme e de uma dedicação extrema dos poucos e Antigo hangar da Direcção Geral da Aeronáutica Civil ( DGAC ) no Aeroporto da Portela
bons profissionais com que, felizmente, o regulador conta ao seu serviço. Até hoje, sempre que há uma referência ao setor da aviação, tradicionalmente, o comum dos cidadãos rapidamente associa ao mesmo a relevância das principais empresas que durante décadas caraterizaram o setor e que foram e nalguns casos ainda são, as empresas públicas, como a TAP, a ANA e a NAV. O regulador INAC, neste conceito de senso comum nacional foi sempre visto como o serviço da Administração Pública que emite as licenças, certifica os operadores e inspeciona. O dinamismo e o sucesso do mercado e a competitividade destas empresas pareciam depender apenas da sua performance comercial. O papel do regulador era visto como um complemento necessário para esse desenvolvimento, mas que não contribuía para o mesmo. Mas não podemos deixar de salientar o excelente trabalho que, Aeroporto da Portela – Ampliação da pista 03-21
apesar das dificuldades, tem vindo a ser desenvolvido pelo regulador, que levou a que, no plano internacional, a aviação portuguesa esteja bem posicionada, do ponto de vista concorrencial dado que Portugal tem acompanhado sempre os melhores níveis de segurança no espaço pan-europeu, europeu e internacional, como o têm demonstrado as auditorias e os níveis que lhe estão atribuídos. Podemos dizer que esta evolução é uma consequência natural da evolução da economia e concretamente do setor da aviação civil? De facto, hoje o paradigma alterou-se radicalmente e nos mais recentes anos, acompanhou a evolução dos tempos, com a liberalização do mercado do transporte aéreo, quer à escala europeia, quer à escala internacional, o papel dos reguladores da aviação passou a ser assumido, pelas próprias empresas que dele dependem para exercer a sua atividade comercial e por todos, em geral, como central e crucial no seu
BELL 47 G Aeronave que voou ao serviço da Direção Geral da Aeronáutica Civil (DGAC) Da esquerda para a direita: Vitor Silva, João Simões, Fernando Caxias e Vitor Costa
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL CLUSTER DA AERONÁUTICA desenvolvimento e no dinamismo do próprio mercado. As nossas empresas, que atuam num mercado à escala mundial, não sobreviverão sem um regulador forte, credível, seguro e eficiente. O reconhecimento e a competitividade das nossas empresas e dos nossos aeroportos dependem diretamente do reconhecimento internacional do próprio regulador que os certifica, licencia e habilita para estar no mercado. Hoje há esta consciência em todo o sector e no público em geral. Atualmente estão reunidas as condições para que o regulador esteja permanentemente atento aos mercados, os analise e proponha regras de regulação necessárias à manutenção do seu equilíbrio concorrencial. Só garantindo a segurança com o incremento da atividade inspetiva se garante a competitividade das nossas empresas, que concorrem no plano internacional com empresas certificadas e qualificadas à escala mundial. Houve um processo de preparação para esta mudança, ou foi simplesmente uma decisão inesperada para o regulador por parte do Governo? Claro que houve todo um processo de sensibilização junto do Governo para a necessidade desta mudança. Podemos dizer que se concretizou uma aspiração de decénios do setor e que era transformar o INAC numa Autoridade Independente, constituindo este facto um marco, não só na história da Autoridade Aeronáutica Portuguesa, mas também na aviação civil nacional.
DC 3 DAKOTA CS-DGA Certificado de Navegabilidade
E o futuro, como se prevê? A ANAC terá que assumir agora um papel ainda mais relevante na sua atuação, sobretudo no plano da regulação económica, que será aquela área que tem mais reflexos e mais imediatos, a nível nacional. A regulação de segurança surge sempre sob a égide de uma regulação supranacional, em que os processos decisórios estão já muito formatados e requerem
apenas a criação das condições nacionais para a sua concretização, através do cumprimento das obrigações internacionais do Estado, face às Convenções Internacionais que subscreveu. Assim, a ANAC está mais forte, mais decidida, mais interventiva e mais atenta às questões de mercado e de natureza económica. No plano da regulação de segurança, a ANAC ficará mais fortalecida com meios humanos altamente
DC 3 DAKOTA CS-DGA Aeronave que voou ao serviço da Direção Geral da Aeronáutica Civil (DGAC)
qualificados, bem remunerados e considerados os melhores profissionais do setor, para que garantam, num Mundo cada vez mais complexo no que respeita a aspetos de segurança, a melhor prestação a esse nível. Vejo uma ANAC mais pró-ativa do que reativa. Estou muito confiante na futura ANAC e na correta utilização dos meios legais que lhe foram agora reconhecidos. Neste novo cenário legal é muito importante que a ANAC garanta a continuidade e aproveite os meios legais disponibilizados. Para tal, deve desde logo, no que respeita ao âmbito internacional, apostar numa intervenção ainda mais ativa de Portugal, no que diz respeito, nomeadamente à liderança de grupos e subgrupos de vários fóruns e organizações internacionais, à semelhança e com vista à incrementação do que já se vem fazendo. Há que referir que Portugal, neste momento é representante de um grupo de rotação no Conselho da ICAO e assume, ainda, como adjunto mais dois grupos internacionais. Além disso, é preciso dar continuidade ao trabalho
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que está a ser desenvolvido quanto à manutenção e consolidação da identidade da Autoridade da Aviação Civil de Portugal. Este desiderato tem vindo a ser cumprido através da recuperação e manutenção do património histórico que existe na ANAC, bem como na procura e investigação de dados históricos que se desconhecem e desconheciam até à data. É igualmente importante adotar uma política e uma postura de verdadeira independência, evitando todas as formas de captura do regulador, o que se consegue com uma forte política de recursos humanos de recrutamento e manutenção de quadros altamente especializados e motivados, evitando que os mesmos saiam da Autoridade para ingressar nos quadros dos regulados que detêm condições mais competitivas de atração no mercado de trabalho. A ANAC só funcionará com quadros seguros, formados e motivados. Nesta mesma linha, toda a reestruturação organizacional interna da Autoridade deve ser feita tendo em conta estas preocupações. É também esta a nossa aposta. Reestruturar a ANAC, criando uma orgânica que permita diferenciar os técnicos altamente especializados dos técnicos de apoio transversal e comuns. Garantir a consolidação e a manutenção desses técnicos especializados, numa carreira específica ou em várias carreiras específicas a criar.
Um outro ponto fulcral passa pela aposta numa regulação forte do setor, através de uma postura cada vez mais interventiva no plano da monitorização e supervisão do regular funcionamento, quer dos mercados, quer dos níveis de segurança da aviação civil. Uma forma de intervenção pronta e eficaz, sempre que se detetem desvios que nos obriguem a uma atuação imediata, incrementando a confiança no regulador, quer por parte dos stakeholders, quer dos passageiros, quer do público em geral. É necessário ainda implementar e desenvolver melhores sistemas de controlo de gestão para todas as atividades da ANAC, através dos melhores sistemas de controlo de qualidade e de gestão existentes. Finalmente, prevemos implementar um sistema de tecnologias de informação que garanta uma maior interação entre a Autoridade e os stakeholders, que desburocratize as relações, garantindo maior eficácia na resposta do regulador. Estes são apenas alguns projetos por concretizar e que são necessários ao bom funcionamento do regulador. E a gestão do novo regulador independente? Haverá um perfil abstratamente adequado para assumir estas funções? Não arriscaríamos um perfil concreto, mas podemos
afirmar que a futura administração da ANAC terá grandes desafios, sendo o primeiro e talvez o mais difícil, a “conquista” do setor, onde se vive, ainda, uma espécie de corporativismo funcional e institucional. Se se pode dizer, metaforicamente, que todos os setores têm um perfil psicológico, o deste setor é marcadamente fechado nesse aspeto. Talvez por ser um setor um pouco hermético e que assenta a sua prestação, essencialmente, em critérios de experiência, a comunidade aeronáutica só reconhece e prestigia aqueles que já deram provas de um saber fazer no setor. Não há neste setor muito espaço para quem não lhe pertence ou não é reconhecido como sendo do meio. São aspetos que permitem transmitir a confiança, que é um dos pilares fundamentais do sucesso do regulador e consequentemente dos regulados. A independência do regulador é indissociável da máxima de que “mais liberdade, maior responsabilidade”. A regulação independente, num quadro de maior autonomia de atuação, é também o sinal de que aumentam as responsabilidades de quem decide. Há mais accountability. Há que saber gerir com total senso, sensatez e responsabilidade a regulação independente, mas, uma maior assunção de responsabilidades engrandece os homens e as instituições.
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Exigência que cunha a formação aeronáutica las formação O ramo da aeronáutica conta há quase uma década com o parceiro de manutenção em Portugal e Espanha – a LASFORMAÇÃO. A empresa é pioneira no setor privado em formação básica para criação de técnicos de manutenção aeronáutica em Portugal, onde reúne já centenas de alunos.
Ricardo Marim, Mónica Teixeira, Delfim Dores e Pedro dias Assistente Administrativo, Gestora de Formação, Diretor Técnico e Gestor da Qualidade
A
indústria aeronáutica sofreu profundas alterações, tanto ao nível dos meios tecnológicos que utiliza, como das políticas de gestão que aplica. Perante o elevado padrão de exigência que caracteriza a atividade aeronáutica, é imperativo o investimento em políticas e estruturas de formação com elevado índice de qualidade. A LAS Organização de Manutenção de Aeronaves (LAS-AMO), empresa de prestação de serviços de manutenção no ramo aeronáutico, definiu como estratégia relevante para o seu desenvolvimento e implementação no sector, a criação de uma Organização de Formação de Manutenção, Parte 147, a LASFORMAÇÃO-MTO que teve Início oficial no ano de 2006. Passados apenas dois anos, em 2008, a empresa passa a disponibilizar formação básica, para criação de técnicos de manutenção aeronáutica. A LASFORMAÇÃO caracteriza-se hoje por ser a primeira empresa privada a fazer a formação em diversas Categorias com certificação Parte 147, vindo assim complementar em Portugal esta área de mercado. Com quase uma década de existência, a empresa, que começou com cerca de 10 alunos, cresceu exponencialmente, com a colaboração da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), e conta hoje com centenas de formandos nos diversos cursos disponíveis.
Elevada exigência na formação Os cursos de formação ministrados pela LASFORMAÇÃO-MTO são reconhecidos pela Entidade Reguladora Portuguesa, ANAC e pela Agência Europeia para a Aviação e Segurança da Aviação (EASA), o que implica, que os certificados de formação ou de exames emitidos sejam válidos em Portugal e em qualquer outro país da União Europeia.
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Oferta Formativa A LASFORMAÇÃO tem a oferecer aos seus clientes uma gama bastante diversificada de possibilidades: Formação Básica de Técnicos de Manutenção Aeronáutica, Formação de Qualificação Tipo de Aeronaves e Exames de Formação Básica e de Qualificação Tipo (no âmbito da sua certificação de EASA Parte 147). Os cursos de Formação Básica de Técnicos de Manutenção Aeronáutica, são cursos vocacionados para formandos sem qualquer tipo de conhecimento/ experiência, no entanto são muitos os formandos que já se encontram na área, que ingressam nestes cursos, com o objetivo de obter uma licença Parte 66. Os requisitos de acesso ao curso de formação básica são: idade mínima de 18 anos, 9º ano de escolaridade e bons conhecimentos de inglês. Dentro dos Cursos de Formação Básica a LASFORMAÇÃO disponibiliza cursos completos (Categorias/Subcategorias A1, A2, A3, B1.1, B1.2, B1.3 e B2), combinados (B1.1+B2, B1.1+B1.3 e B1.3+B2) e de conversão entre diversas Categorias/ Subcategorias, bem como exames para todos os módulos destas formações, no âmbito da certificação de Parte 147. Adicionalmente, A LASFORMAÇÃO disponibiliza Cursos de Preparação para Exames de Formação Básica (fora do âmbito da Parte 147), para as diferentes Subcategorias/ Categorias, com cargas horárias à medida das necessidades dos nossos formandos/clientes. Relativamente aos Cursos de Qualificação Tipo de Aeronave, existem ao dispor cursos de nível I e nível III, destinados ao pessoal de engenharia e a Técnicos de Manutenção, respetivamente e ainda cursos de diferenças entre diferentes aeronaves/motores dos fabricantes AIRBUS Boeing e Beechcraft, de forma a qualificar os técnicos em diferentes aeronaves sem a
necessidade de frequentar um curso completo. No concerne a Exames de Qualificação Tipo, é uma área destinada a qualificação em determinadas aeronaves que pelo seu porte/estrutura, se encontram englobadas numa categoria que não implicam a realização de formação. A LASFORMAÇÃO encontra-se certificada nesta área para o Helicóptero Eurocopter AS350 B, BA, B1 e B2 (Turbomeca Arriel 1) e para o Air Tractor AT400/500/600 Series (PWC PT6). Além dos cursos/exames referidos anteriormente, a LASFORMAÇÃO dispõe ainda na sua oferta formativa de cursos (fora do âmbito da Parte 147) essenciais à formação dos Técnicos de Manutenção Aeronáutica e pessoal que trabalha em companhias de manutenção, como Cursos de Segurança da Aviação Civil, Fatores Humanos na Aviação, “Fuel Tank Safety” (FTS), “Electrical Wiring Interconnection Systems” (EWIS) e Regulamentação Aeronáutica Parte 145, Parte M, Parte 147, reconhecidos pelo INAC e certificados pela DGERT. Outra possibilidade, para colmatar as necessidades de formação contínua do pessoal, é a criação com o cliente de cursos à sua medida, que abrangem os conteúdos considerados como primordiais pela empresa para a sua formação. Adicionalmente, a LASFORMAÇÃO tem vindo também a dedicar-se à e elaboração de materiais técnicos pedagógicos a serem utilizados nos cursos de formação básica de técnicos de manutenção e em plataformas digitais espalhadas pela Europa, com o patrocínio da Comissão Europeia.
Localização da Formação e Parceiros Os cursos, de acordo com a tipologia, podem decorrer nas instalações da LASFORMAÇÃO, do Instituto Superior de Educação e Ciências (ISEC), na OGMA (componente prática de aeronaves de asa fixa), na HTA (componente prática de aeronaves de asa rotativa) e nas diferentes delegações da LAS Manutenção. A formação e os exames poderão também decorrer nas instalações dos nossos clientes, cumprindo com os requisitos acordados com a ANAC. A LASFORMAÇÃO tem como parceiros o ISEC, a LASAMO, a OGMA, a HTA, a HLA (em Espanha) e a Trabajos Aereos Espejo (em Espanha).
Saídas Profissionais Portugal assume um défice de técnicos de manutenção de aeronáutica e, a maioria dos cursos munidos pela LASFORMAÇÃO garante aos seus formandos uma taxa de 100% de empregabilidade, abrindo também muitas
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portas para o exterior. A LASFORMAÇÃO tem a preocupação em conjunto com os seus clientes/parceiros de divulgar ofertas de empregos que existam, bem como na maioria dos casos é solicitada à escola informação acerca dos seus formandos, ainda no decorrer da formação com vista à sua contratação.
Filosofia e Responsabilidade A LASFORMAÇÃO é uma empresa versátil e dinâmica, que procura responder às necessidades de formação dos seus clientes, integrando na sua cultura valores e compromissos com os mesmos, face ao défice de recursos existentes na área da formação aeronáutica. Devido à volatilidade das empresas que procuram a LASFORMAÇÃO, em termos de recursos humanos e horários, a escola consegue promover ações de formação à medida de cada cliente, garantindo sempre o cumprimento da Legislação em vigor. “Todos os nossos formadores são pessoas extremamente experientes,
que trabalham na área há muitos anos”, atenta Delfim Dores, o diretor técnico. Uma das grandes mais-valias da LASFORMAÇÃO é a flexibilidade de customização de formação. “Grande parte do trabalho desenvolvido é feito com base nas necessidades específicas dos nossos clientes”, refere Mónica Teixeira, responsável da formação. Num mercado onde o nível de stress é elevadíssimo, a segurança, a responsabilidade, o empenho e o compromisso são os valores transmitidos pela LASFORMAÇÃO aos seus formandos. “Responsabilidade não só de um bem material, mas de centenas de vidas que estão nas mãos destes futuros técnicos”, afirma Delfim Dores. São profissionais que estarão o resto das suas vidas num estudo constante de informação, atualização e conhecimento, explicado pela complexidade dos sistemas trabalhados. “A melhoria de qualidade dos nossos cursos vai além da regulamentação e tem a ver com a nossa exigência interna. Periodicamente são efetuadas avaliações
parciais dos cursos e dos exames realizados e no final do ano é feita uma avaliação global de forma a manter a qualidade dos cursos”, explica Pedro Dias, gestor da qualidade da empresa.
Referência de mercado A LAS mantém-se hoje como referência de mercado, não só pela atitude pela qual sempre prima, mas também pelo facto de oferecer as suas próprias matérias-primas. Neste âmbito, a atitude da equipa da LASFORMAÇÃO distingue-se pela coesão, contínua inovação e melhoria, procurando novos desafios, a fim de se colocar continuamente na vanguarda da formação de Técnicos de Manutenção Aeronáutica, sendo estes os fatoreschave para o sucesso da firma. Os três responsáveis reconhecem que o cluster da aeronáutica tem potencial para crescer em Portugal; e projetos não faltam numa empresa que pretende ser reconhecida além-fronteiras, levando mais uma pequena parte de Portugal pelo mundo.
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dignificação da aeronáutica nacional isec Lisboa O ISEC foi a primeira instituição de ensino superior privado a ministrar formação superior na área da aeronáutica. Em entrevista à Revista Business Portugal, Rui Quadros, docente do ISEC Lisboa, revelou-nos a importância acrescida que esta instituição de ensino tem trazido ao cluster da aeronáutica em Portugal e no mundo. TAP seriam parceiros importantíssimos na agregação do saber académico com profissional, contudo, a junção do conhecimento ainda é muito ténue. A privatização da TAP, a este nível, levantará alguns desafios.
rui quadros Docente
Na sua perspetiva, já é possível falarmos em cluster da aeronáutica em Portugal? Porquê? O papel da universidade é muito importante para que o conceito de cluster encaixe na nossa realidade. A instituição de ensino pode e deve congregar, todos os que contribuam para a existência de um conjunto de empresas que se foquem num pensamento estratégico em torno da aeronáutica. A fábrica da Embraer e toda a tecnologia que gira em torno desta realidade, contribui em grande parte para que o conceito se possa tornar uma realidade. Com a formação que o ISEC oferece nas áreas da Gestão e das Ciências e na relação que temos com as escolas de Pilotagem e Manutenção, penso poder afirmar que a nossa contribuição para o cluster começa a fazer sentido, além de ser já uma realidade. Hoje em dia, o ISEC exporta o seu conhecimento para países como Angola e Moçambique. Julgo estarmos no bom caminho, mas necessitamos de ter uma estratégia para o efeito, precisamente pensar como um cluster. Acredita que esta tendência será para continuar? Acredito que a tendência é para se manter, mas precisamos de articular esforços e operar a uma só voz. Insisto para o dever de termos um pensamento estratégico em torno da questão do cluster, pensando de uma forma articulada e em sinergia com todas as partes. Temos matéria em Portugal para discutirmos em torno desta necessidade. Acredito que tanto a SATA como a
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Seguindo esta disposição e evolução do mercado, o Instituto Superior de Educação e Ciências disponibiliza vários cursos superiores e mestrados nesta área. Qual a oferta existente? O ISEC Lisboa dispõe no presente de três cursos superiores conferentes de grau na área da Aeronáutica: a licenciatura em Ciências Aeronáuticas (com dois ramos: Ramo de Piloto de Linha Área e Operações de Voo e Ramo de Engenharia de Manutenção Aeronáutica), a Licenciatura em Gestão Aeronáutica e o Mestrado em Operações de Transporte Aéreo. Todos estes cursos estão acreditados pela Agência de Avaliação e acreditação do Ensino Superior com o nível máximo de acreditação. Para além destes cursos conferentes de grau temos ainda diferentes pós graduações em Operações de Transporte Aéreo, Gestão Aeroportuária, entre outros, particularmente concebidas para quadros superiores de empresas de aviação/aeronáutica. Quais os cursos lecionados e que saídas profissionais lhes estão adjacentes? As saídas profissionais são muito diversificadas. Pilotos comerciais, técnicos de manutenção aeronáutica e responsáveis de operações de voo; consultores técnicos de aeronáutica ou quadros intermédios e superiores nas diferentes vertentes de Gestão em empresas de manutenção e operadoras; escolas de aviação e em entidades públicas e privadas da aviação civil. Acresce referir que conforme o que demonstram vários estudos publicados, o mercado de trabalho e a necessidade de quadros técnicos qualificados do setor aeronáutico está em franco crescimento. Pergunto-lhe agora que mais valias tem o ISEC a oferecer a quem quer seguir esta área? O que podem encontrar os futuros profissionais da
aeronáutica no ISEC? O ISEC foi a primeira instituição de ensino superior privado a ministrar formação superior na área da Aeronáutica. Essa experiência permite-nos hoje diferenciarmo-nos das restantes instituições por diversas razões: um corpo docente fortemente qualificado e especializado nas áreas de lecionação, com ligação direta às principais empresas e organizações nacionais do setor aeronáutico; parcerias muito específicas com escolas de aviação e com empresas de formação na área da manutenção que garantem condições privilegiadas aos nossos estudantes para a obtenção das necessárias certificações ao exercício profissional; uma forte ligação à indústria aeronáutica e com parcerias e protocolos estabelecidos e firmados que permitem dotar os nossos alunos de um conhecimento das regras e especificidades do funcionamento das empresas e organizações que operam neste domínio; e finalmente o reconhecimento por parte da sociedade e do setor aeronáutico da qualidade da formação que é ministrada no ISEC. Aliás, este reconhecimento de qualidade nesta área demonstra-se também pela procura que temos mantido por parte de alunos estrangeiros, designadamente ao abrigo do programa ERASMUS. Por onde passa o futuro do ramo da aeronáutica no Instituto Superior de Educação e Ciências? Uma forte aposta do ISEC Lisboa reside na internacionalização da sua oferta formativa na área da Aeronáutica. Levar o nosso modelo de formação superior de cariz fortemente profissionalizante aliado a uma sólida formação técnico cientifica para países estrangeiros, onde esta oferta formativa ao nível do ensino superior é praticamente inexistente, é um dos nossos principais objectivos. Neste projeto estão envolvidos não apenas os nossos quadros-docentes mas também diplomados do ISEC. Outra forte aposta é a captação de públicos fora até do espaço europeu (Ásia, América Latina) para a frequência simultânea aqui no nosso Campus, designadamente de cursos de PLA e/ou TMA e da Licenciatura em Ciências Aeronáuticas.
pme excelência
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estatuto de PME Excelência é atribuído, anualmente, pelo IAPMEI em parceria com o Turismo de Portugal, contando ainda com o apoio de uma série de entidades bancárias sediadas em Portugal. O grau de excelência atribuído às pequenas e médias empresas portuguesas cresceu em 2014, em relação a 2013, 67 por cento. Este forte crescimento é revelador do aumento da qualidade dos negócios no nosso país. Os critérios para se ser considerada uma PME Excelência são vários, mas o que está na base da atribuição do selo é a divulgação dos projetos que apresentem melhor desempenho económico-financeiro. Em 2013, o IAPMEI distinguiu 1103 empresas com o Estatuto PME Excelência, já no ano passado, o número aumentou consideravelmente para 1845. Alguns dos indicativos tidos em conta para determinar as PME Excelência são a autonomia financeira e o crescimento do volume de negócios, fatores que normalmente estão associados à melhoria das condições da economia portuguesa e, consequentemente, à criação de emprego. O aumento das vendas, através das exportações e a consequente descoberta de novos mercados, bem como, a solidez do negócio são determinantes. Os setores que apresentam maior número de distinções são a indústria, seguida do comércio, depois está o turismo e, finalmente, os serviços, que representam também uma importante fasquia das empresas distinguidas. As 1845 entidades galardoadas, em 2014, são responsáveis por mais de 69 mil empregos. Em termos geográficos, os projetos que trabalharam para merecerem esta distinção estão distribuídos da seguinte forma: 19 por centro estão sediados no distrito do Porto, Lisboa surge em segundo lugar com 17 por cento, seguem-se Aveiro, Braga e Leiria, com 13, 12 e nove por cento, respetivamente. Os números mostram que as empresas funcionam como o motor da economia nos seus setores e regiões, contribuindo para o desenvolvimento, crescimento e qualidade de vida das populações. Os bons exemplos de negócios portugueses merecem o devido destaque, e tal como temos feito em edições anteriores, vamos este mês continuar a divulgar os projetos que estão a fazer a diferença no tecido empresarial português. De facto, a génese das empresas é muito variada, existem empresas familiares, criadas há décadas, projetos mais recentes construídos por quem pretende ter o seu próprio negócio, temos, igualmente, exemplos empreendedores e ainda negócios que cresceram graças à inovação e modernização tecnológica. Nas próximas páginas fique a conhecer alguns dos projetos, exemplos de trabalho, dedicação e inovação que estão a fazer a diferença no panorama económico português.
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Prestigiar o Algarve de Albufeira conforhoteis Joaquim Palminha formou-se em engenharia civil e durante muitos anos foi nessa área que trabalhou, com grande incidência no Algarve. Começou exatamente por projetar e construir unidades hoteleiras mas, com a crise económica, deparou-se com algumas das suas construções nesta zona do país a não serem escoadas. Onde os outros veriam um entrave, Joaquim Palminha viu uma oportunidade. Criou a Conforhoteis, empresa que se dedica à gestão de hotéis.
joaquim palminha Administrador
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assim nasce uma das empresas mais conceituadas na gestão hoteleira no país. Quando construiu as unidades Albufeira Sol Hotel Apartamento & SPA e Santa Eulália Hotel Apartamento & SPA nunca planeou ficar a gerir as mesmas. Mas com a crise do imobiliário que se começou a sentir, a venda destes imóveis não aconteceu mas optou por não ficar parado e tratar da sua gestão. “Vi que tinha em mãos um potencial enorme que não estava aproveitado. Tinha nas mãos dois empreendimentos turísticos de topo e que não estavam a ser rentabilizados”. Posto isto, foi arregaçar as mangas e colocar mãos à obra. “Remodelamos os dois hotéis de modo a alcançar a classificação quatro estrelas e
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tornar os hotéis mais atrativos ao público”, começa por nos explicar o administrador da Conforhoteis. Para tal investimento, Joaquim Palminha contou com o apoio da Caixa Geral de Depósitos, da Lisgarante e do QREN, a quem faz questão de agradecer publicamente o facto de terem acreditado e apostado neste projeto. Após as remodelações e reestruturações necessárias, o administrador afirma que “agora sentimos que somos procurados por quem preza acima de tudo a qualidade ao invés do preço”. Questionado sobre este sucesso num tão curto prazo de tempo, Joaquim Palminha refere que “nunca fui nem sou hoteleiro, mas rodeei-me das pessoas certas para poder aprender e gerir as unidades da Conforhoteis da
melhor forma. Sou exigente, é um facto, mas sempre justo”, refere. “Não sou empresário, sou um engenheiro civil que por força das circunstâncias se dedica a este tipo de negócio, até porque prefiro estruturas pequenas e sólidas do que muito grandes e incertas”. O nosso interlocutor defende que o grande problema de algumas estruturas hoteleiras da região incide no facto destas não seguirem as tendências do mercado nem acompanharem o que o cliente procura. “Houve uma altura em que o Algarve estava demasiado banalizado, e os gerentes hoteleiros não se foram preocupando em modernizar e melhorar as suas estruturas. Hoje, sentimos um público muito mais exigente e essas unidades, que foram ficando para trás, começam a não interessar a
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esse público. Há que evoluir, melhorar, investir”, defende. E foi também este investimento e esforço que fizeram com a Conforhoteis ganhasse o galardão de PME Excelência. “Este reconhecimento é, sem dúvida, fruto do nosso esforço e dedicação. Obviamente ficámos muito satisfeitos com esta distinção e pretendemos mantê-lo, pelo que este esforço e dedicação é para manter”.
Prestigiar Albufeira Joaquim Palminha afirma que mais do que prestigiar o Algarve, o seu propósito passa por prestigiar Albufeira. “Estamos a falar de uma região reconhecida nacional e internacionalmente pelas suas areias douradas, banhadas por águas quentes, características imperdíveis para quem gosta de praia e sol. As nossas praias têm um clima ameno e confundem-se com paisagens paradisíacas, entre as falésias e as casas típicas da região. À noite, as cores do pôr-do-sol tornam qualquer visita a um restaurante, bar ou discoteca um serão muito bem passado”, refere.
Conforhoteis em Lisboa e Porto Numa perspetiva de expansão do grupo um pouco por todo o território nacional, a Conforhoteis tem já previsto a criação de duas novas unidades hoteleiras, uma na cidade invicta e outra na capital. “Vamos abrir um hotel de charme em Lisboa. Acreditamos que a capital do país necessita de mais empreendimentos destes, distintos, de classe”, refere o nosso interlocutor. “O edifício já existe, já se iniciaram as obras preliminares e a abertura da unidade está prevista para o primeiro semestre de 2016 e, assim, expandir a empresa por mais território nacional”. Mais a norte, “já no Porto, temos um projeto aprovado, com licença a pagamento, de uma unidade hoteleira cinco estrelas, com cerca de 70 quartos, bem no centro da cidade, junto à Praça da República e prevemos iniciar as obras durante o próximo ano”, refere o administrador.
Albufeira Sol Hotel Apartamento & SPA Após uma remodelação e redecoração profundas, o Albufeira Sol Hotel Apartamento & SPA ganha terreno no Algarve e assume-se agora como uma moderna unidade hoteleira de quatro estrelas, proporcionando assim a todos os seus hóspedes todo o conforto e um serviço de alta qualidade, sob o regime de tudo incluído. As 188 unidades de alojamento que alberga estão divididas em várias categorias, nomeadamente suites, júnior suites, suites executivas e complementa a oferta com duas unidades adaptadas para pessoas com mobilidade reduzida. Na sua totalidade, as unidades possuem casa de banho completa equipada com secador de cabelo e amenities, ar condicionado, telefone, televisão LCD por satélite com 30 canais, internet sem fios gratuita, cofre, facilidades para chá, frigorífico, micro-ondas e varanda. Na área da restauração, o Albufeira Sol Hotel & SPA
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deu este ano “um grande salto” qualitativo, o restaurante “Dine Divine” faz as delícias de quem passa pelo Hotel. Este restaurante com serviço bufete, é já uma referência em Albufeira, com uma cozinha requintada de influência portuguesa e mediterrânica, que se apresenta num espaço requintado e moderno, onde os detalhes foram concebidos ao pormenor, existindo aqui inclusive um bufete destinado exclusivamente às crianças. No exterior e junto à piscina, o restaurante “Grill” com um serviço de excelência e à carta, oferece aos seus clientes um menu diversificado, mas onde o ex-libris são pratos grelhados. Snack bar, bar, cafetaria, esplanada junto à piscina e Lounge Bar junto ao restaurante Grill, completam a oferta em termos de restauração. Fruto da maior intervenção e remodelação ocorrida já em 2015, obra esta ainda no âmbito do projeto Qren, o Albufeira Sol Hotel & SPA dispõe agora de uma moderna e esplêndida zona exterior, constituída por duas piscinas, uma para adultos e outra destinada aos mais pequenos, zona de solário em deck com espreguiçadeiras, mesas, colchões e guarda-sóis, toda esta área rodeada por uma agradável zona ajardinada, com árvores centenárias e magníficas sombras naturais. Há ainda um clube para crianças, parque infantil, áreas destinadas ao ténis de mesa e basquetebol, um campo multidesportivo e um court de ténis. A área da piscina interior recentemente reaberta e totalmente remodelada, possui uma zona de solário com luz natural e um magnífico jacúzi com capacidade para doze pessoas. Esta Unidade Hoteleira possui ainda um SPA que contempla, sauna, jacúzi, banho turco, sala de relaxamento, sala de massagens, salão de beleza, ginásio e para complementar o espaço uma pequena sala de primeiros socorros. Se vem ao Algarve em negócios, o Albufeira Sol Hotel Apartamento & SPA é também o local ideal para si. Além de uma receção 24 horas, aqui pode ainda contar com um centro de negócios equipado com dois computadores com acesso à internet e serviço de impressão, assim como uma sala multiusos com capacidade para 150 pessoas e todas as valências de luz e som. Internet sem fios nas zonas comuns, sala para bagagens, sala de jogos e leitura, uma pequena loja de conveniência e uma equipa de animação multilingue, fazem também parte da oferta existente no Hotel. Apenas a 10 minutos a pé das mais belas praias de Albufeira, como são Oura e Santa Eulália, e apenas a cinco minutos da principal zona de animação de Albufeira. Alguns dos melhores campos de golfe do Algarve e parques temáticos localizam-se nas proximidades, pelo que o Albufeira Sol Hotel Apartamento & SPA é a escolha certa para relaxar, se divertir, sem esquecer os banhos de sol. O Hotel dispõe de estacionamento gratuito.
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Santa Eulália Hotel Apartamento & SPA Assim como a outra unidade hoteleira do grupo, o Santa Eulália Hotel Apartamento & SPA foi renovado e redecorado, tendo-lhe sido atribuída a classificação quatro estrelas. Os 130 quartos estão divididos em júnior suites, suites e master suites, todas elas excelentemente equipadas com casa de banho completa com secador de cabelo e amenities, ar condicionado, telefone, televisão LCD com 30 canais, internet gratuita, cofre, frigorífico, microondas, facilidades para chá e café, sem esquecer a varanda para as noites mais quentes. As masters suites contam ainda com uma kitchenette totalmente equipada. Existe ainda uma suite adaptada a pessoas com mobilidade reduzida. No requintado SPA é possível usufruir de sauna, banho turco, massagens, e uma piscina interior aquecida com hidromassagem. O restaurante “Sensações” com serviço bufete, delicia quem o visita com as mais diversas iguarias e experiências saborosas. No bar “Flor de Lis” ou na sua esplanada voltada à piscina, podem os clientes beber várias bebidas refrescantes, assim como tomar refeições ligeiras, ou não estivéssemos numa das regiões mais quentes da Europa, com cerca de 3 mil horas de sol por ano! Internet sem fios nas zonas comuns, sala para bagagens, centro de negócios equipado com dois computadores com acesso à internet e serviço de impressão, sala de leitura, sala de primeiros socorros e uma equipa de animação multilingue, fazem também parte da oferta existente nesta Unidade. Na sua próxima visita a Albufeira, e mais especificamente ao Santa Eulália Hotel Apartamento & SPA, não se esqueça ainda de visitar a piscina exterior para adultos e crianças e relaxar numa das espreguiçadeiras e colchões, protegido por um guarda-sol. O Hotel oferece ainda um clube para crianças, espaço este dedicado aos mais pequeninos. Rodeado por belíssimos jardins, o hotel fica apenas a 700 metros da Praia de Santa Eulália e a três quilómetros do centro de Albufeira. O Hotel dispõe de parque de estacionamento privado e gratuito.
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‘Raminhos’ é sinónimo de garantia drogaria raminhos Fundada há 38 anos, a Drogaria Raminhos é uma referência no Algarve. Com duas lojas em Olhão e uma em Almancil, esta casa com 40 anos de história prima pelo seu atendimento personalizado e pela variedade de produtos que oferece aos seus clientes. A assistência e a garantia a todos os produtos comercializados é apenas mais um dos pormenores que fazem da Drogaria Raminhos uma referência no Algarve. Para o comprovar está o galardão de PME Excelência 2014 recentemente atribuído.
rui raminhos Administrador
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ui Raminhos é o rosto da segunda geração da Drogaria Raminhos. Um dos seus filhos já se juntou a este negócio familiar que começou em 1977 em conjunto com os seus pais. Começaram este negócio um pouco por acaso. Ligado à área da metalomecânica, foi lidando diariamente com as drogarias, à procura dos produtos que ia precisando para os seus próprios trabalhos. Quando sentiu ser chegada a altura de enveredar por outra área, juntamente com os seus pais, decidiram abrir um estabelecimento num ramo onde já se sentiam à vontade. “Começámos com um único estabelecimento de 60 m2 numa das ruas mais movimentadas de Olhão, a Rua do Comércio”, começa por nos contar Rui Raminhos, com algum saudosismo na voz. Inicialmente, dedicavam-se à venda de ferragens, ferramentas, tintas e utilidades domésticas. “18 anos mais tarde, sentimos ser chegada a hora
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de expandir o negócio com a abertura de mais um estabelecimento, também numa zona de referência da cidade, na estrada Nacional 125, junto ao conhecido cruzamento das ‘quatros estradas’”. Posteriormente, e praticamente ao lado desta nova loja, Rui Raminhos abriu um novo espaço onde são comercializados produtos específicos para a área de tintas e respetivos acessórios, chaves e algumas ferragens. Mais recentemente, a empresa expandiu uma vez mais o seu negócio, abriu mais um espaço, desta feita em Almancil, onde são comercializados todos os produtos existentes nas restantes lojas, espaço este administrado pelo seu filho. Hoje, e já com quatro espaços abertos ao público, a variedade é bastante maior, tendo ao dispor dos seus clientes mais de 38 mil produtos de marcas de referência. “Na última década os itens que disponibilizamos ao
cliente triplicaram”, refere o nosso interlocutor. Para tal contribui igualmente a adesão à Cecofersa/EDE, uma central de compras ibérica que permite a esta casa disponibilizar mais oferta aos seus clientes, a um preço bastante competitivo, não raras vezes mais baixo ao das grandes superfícies.
Para profissionais e não profissionais Se inicialmente os principais clientes da Drogaria Raminhos eram os profissionais do ramo da construção civil, a crise neste setor forçou a empresa a uma readaptação e mudança de estratégia. Atualmente, continuam a ser visitados por muitos profissionais, mas o cliente final começa a ganhar cada vez mais terreno, muito graças à variedade da oferta que apresenta. Questionada sobre esta evolução do setor, Rui Raminhos refere os adeptos do ‘faça você mesmo’
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como justificativa para este novo tipo de cliente. “Esta nova geração, na casa dos 30 anos, que começa a sair de casa dos pais e a ter o seu próprio espaço são muito adeptos da bricolage e procuram fazer as suas próprias decorações ou personalizar as suas peças, até para conseguir diferenciar a sua casa das dos seus amigos e familiares”, acrescentando que o público feminino é o maior adepto deste conceito. Os produtos aqui comercializados incidem em produtos para eletricidade, ferramentas elétricas, tintas e vernizes, artigos de limpeza, jardim e também equipamentos de segurança.
Profissionalismo e garantia As mais-valias desta casa e que lhe têm permitido manter-se firme ao fim de quatro décadas são a variedade de produtos, marcas, mas essencialmente os preços e o atendimento personalizado. “Somos como que uma família, funcionários e clientes, o que nos permite estabelecer um contacto muito mais próximo e personalizado com os nossos clientes. Muitas vezes, sabemos o que precisam ainda antes de nos pedirem”, refere o administrador. O ponto forte e de excelência desta equipa passa ainda pela garantia atribuída aos produtos aqui comercializados, e não só. Rui Raminhos esclarecenos que a drogaria garante a reparação de peças que não tenham sido aqui adquiridas, desde que sejam de marcas que a drogaria representa, como são exemplo a Bosch, AEG, Ryobi, Milwaukee, entre outras. “É uma atenção extra que damos ao cliente porque sabemos que, desta forma, quando tornar a precisar de algum produto desta índole, vai escolher a Drogaria Raminhos”.
Filho de Rui Raminhos está à frente da loja de Almancil
Drogaria Raminhos rumo a 2016 Porque o tempo não para e o objetivo de servir o cliente também não, Rui Raminhos concorreu ao programa ‘Comércio Investe’do IAPMEI, um programa destinado a projetos de investimento para a promoção da inovação de processo, organizacional e de marketing nas empresas do setor do comércio. Graças a este programa, Rui Raminhos vai poder renovar aquela que foi a primeira casa desta drogaria, a loja da Rua do Comércio, a mais antiga do grupo. “Trata-se de um projeto de modernização comercial, que servirá para renovar a loja e também melhorar o serviço”. Estas obras arrancarão brevemente, uma vez que o projeto foi aprovado no passado mês de março. Nos planos de Rui Raminhos está ainda o aumento e modernização das instalações utilizadas para armazém. “Apesar de ser algo a que o cliente não tem acesso, a sua modernização faz com que possamos ser ainda mais competentes e servir ainda melhor o cliente”, acrescenta. “Procuramos ser uma empresa dinâmica e moderna, sempre na perspetiva de fornecer ao cliente um bom atendimento, qualidade, resposta na oferta de variedade nos produtos disponíveis para venda, assim como na assistência pós-venda”, finaliza.
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O chef golfista número um do tour Sousa Coutinho restaurantes A empresa Sousa Coutinho é proprietária de dois restaurantes o Millenium e o Victoria, em Vilamoura, espaços privilegiados por estarem integrados nos campos de golfe Oceânico. A gastronomia atrai os amantes da modalidade e também os apreciadores dos pratos do chef Bernardo Sousa Coutinho.
bernardo sousa coutinho Chef e administrador
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conforto do restaurante Millennium e a beleza circundante, onde abunda o verde do campo de golfe, foi o local escolhido para a conversa com o chef Bernardo Sousa Coutinho, proprietário da empresa Sousa Coutinho, eleita PME Excelência 2014. A qualidade gastronómica, aliada à paisagem, conquistam qualquer cliente. Bernardo Sousa Coutinho revela que “a empresa nasceu em dezembro de 1999, quando vim com o restaurante para o Oceânico Golf, em Vilamoura, a convite do empresário André Jordan. Depois convidou-me a explorar o restaurante Victoria”. Os projetos foram evoluindo e atingiram a consolidação, a determinada altura, o dono dos campos de golfe, o empresário André Jordan, decidiu deixar os espaços, mas Bernardo Sousa Coutinho continuou à frente dos restaurantes. O chef faz questão de frisar, contudo, o importante papel do empresário, “o André
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Jordan dimensionou Vilamoura, poucos homens em Portugal o devem conseguir fazer, ele conseguiu arranjar meios, através da capacidade de gestão e liderança. Adorei trabalhar com o André Jordan”, reconhece o nosso entrevistado, relembrando as visitas ao Algarve das “princesas de Espanha, do Rei de Marrocos e dos Duques de Edimburgo” para quem cozinhou. Atualmente, exerce as suas funções numa parceria muito estreita com a administração do Oceânio Golf. A administração do Grupo Oceânico na pessoa de Christopher Stilwell tem ajudado na parceria com a empresa Sousa Coutinho a engrandecer e a melhorar os espaços dos restaurantes em especial. Para além dos restaurantes, a empresa oferece serviços de “catering e, através, do Restaurante Victoria organizamos o maior evento de golfe no país, o Portugal Masters”, que, este ano se realiza em outubro, explica o
chef, que é igualmente praticante de golfe. No Portugal Masters “sou eu que faço toda a parte da exploração da restauração, nesta altura, começamos a trabalhar às quatro da manhã e muitas vezes terminamos às 11 da noite. É um evento crucial, a nível internacional, e temos de dar o nosso melhor, a preocupação é total. O Portugal Masters traz um grande retorno”, revela o chef Bernardo Sousa Coutinho. O empresário quer manter o nível, uma vez que, há “três anos que estou a ser considerado o melhor catering do tour. Nem sempre se pode agradar a todos, mas nessa semana, os golfistas chegam a trazer toda a família, inclusivé crianças. O ano passado, abracei um novo desafio que foi trabalhar a comida sem glúten e isso nunca tinha acontecido no tour, as pessoas ficaram extremamente agradadas, a diversificação é muito importante” para o sucesso, pois desta forma, consegue chegar aos vários públicos,
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realça o chef Bernardo Sousa Coutinho. Trabalhou em vários países, como França e Bélgica, onde obteve alguma experiência, foi para o Algarve “numa perspetiva de ser uma situação provisória e estou cá há 21 anos” revela, acrescentando que, na base do sucesso da Sousa Coutinho “está na equipa que o acompanha há muitos, tenho mantido sempre a equipa. Frequentemente, existe um reforço esporádico, para manter a excelência do serviço. Neste momento, tenho 24 pessoas a trabalhar na empresa, divididos entre os dois restaurantes”, revela o empresário. O maior desafio, até agora, culminou na mudança de “imagem da restauração nos campos de golf. Quando cheguei ao Millennium só havia snacks e eu alterei essa situação, comecei a criar pratos, trabalhei muito nessa área, mesmo nos snacks criei uma apresentação diferente, trabalhámos muito, não só a apresentação
mas a qualidade do produto. Antigamente, havia alguma dificuldade em cativar outros clientes, fora do golf, hoje em dia, já não, há uma facilidade muito grande. Temos clientes que vêm cá de propósito almoçar, sobretudo por causa da alheira de caça”, relata com orgulho o nosso entrevistado. Tendo em conta que, o Algarve ainda sofre um pouco pela questão da sazonalidade, uma das formas encontradas para combater os meses de inverno, quando há menos clientes, foi a criação de “menus low cost para cativar e contrabalançar. Assim temos, pratos do dia, cataplanas, massinhas de peixe, grelhados e estamos a trabalhar a cozinha mediterrânica com o bacalhau, o peixe da costa, consoantes as várias épocas do ano”, explicou Bernardo Sousa Coutinho. Ao nível da relação preço qualidade, o responsável considera que é razoável, com a mais valia de poder dar ao clientes um espaço agradável que convida a estar, “temos pequenos pormenores que aproximam os clientes como o conforto e a decoração”, acrescenta.
Novos projetos internacionalização
passam
pela
Coutinho, acrescentado que, também tem solicitações para ingressar na vertente da consultadoria. Em Portugal, está a ser pensada a abertura de um espaço em Lisboa, mas ainda nada está decidido. No entender do chef Bernardo Sousa Coutinho, o futuro do turismo, no nosso país, deve ter como base a “nossa gastronomia que é tão pura e tão bem feita, que não há nada igual, em todo o mundo. As ervas aromáticas, o peixe, a carne é tudo de grande qualidade, somos o 15º mercado mundial. Os governantes têm de pensar no turismo de forma séria, o atual Governo está empenhado e está a começar uma nova era. O crescimento está a acontecer”, considera, e o Algarve é uma das zonas de excelência. “O mercado do turismo está a crescer e está muito facilitado, tem de se apostar nisso, criar serviços de apoio e a restauração é fulcral, temos de apostar nesta área”, considera Bernardo Sousa Coutinho. “O Algarve tem coisas únicas e, durante anos seguidos, os melhores restaurantes do país estavam aqui, agora já se alargaram a outras regiões do país”, explica, considerando que o parte do futuro da economia do país e do Algarve passa por uma aposta forte no crescimento e desenvolvimento do turismo.
A “estabilização financeira da empresa” foi importante para o lançamento de novos desafios. “Convites para novos projetos não faltam, este ano, vou fazer uma semana gastronómica em Abu Dhabi. Existem projetos a serem pensados para África”, revela Bernardo Sousa
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Experiência que culmina em sucesso cheerfulway Localizado no coração de Albufeira, o Cheerfulway- Hotel Califórnia é um dos seis empreendimentos da Cheerfulway Hotels & Resorts que Joaquim Canastro administra. Com 73 quartos e uma localização privilegiada, está perfeitamente adequado para férias o ano inteiro, quer no verão onde as atividades na região são mais variadas, quer nos meses mais sossegados de outono e inverno.
joaquim canastro Administrador
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om apenas quatro anos de existência a Cheerfulway Hotels & Resorts é já uma referência no Algarve e esse sucesso devese em grande parte à experiência de Joaquim Canastro, que se iniciou na área da hotelaria desde cedo. “Tinha 16 anos de idade quando enveredei por esta profissão e fui trabalhar para Tróia, em 1976. O verão correu bem e convidaram-me para ficar. Fiquei lá durante 12 anos”, começa por contar o administrador em entrevista à Revista Business Portugal. O Algarve foi o destino que se seguiu e onde se estabeleceu com 28 anos de idade, para dar continuidade ao seu trabalho no setor. “Saí de Tróia e fui para o Algarve, para Vale do Lobo aos 28 anos de idade como assistente de direção, onde fiquei dois anos e
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onde cheguei à direção de alojamentos”, acrescentando que na altura da sua mudança, o Algarve estava muito atrasado na área, e revela que por isso foi relativamente fácil adaptar-se e evoluir. “Quem tem olho é rei”, destaca. Mas foi no grupo Vila Galé que a sua carreira cresceu verdadeiramente e se afirmou com a gradual afirmação do grupo no Algarve. “Enveredei no Vila Galé, quando este tinha apenas um hotel na altura. Trabalhei com um grande homem da hotelaria, Jorge Rebelo de Almeida, que muito admiro e com quem aprendi muito, tanto na maneira de estar, como na humildade, honestidade e empreendedorismo. Por outro lado, a empresa ganhou com o know how que eu já trazia em termos hoteleiros e fiquei 18 anos nessa empresa”, relembra o empresário. No Vila Galé, ao mesmo tempo que dirigia
operacionalmente dois dos hotéis, chefiou o departamento comercial da empresa até esta alcançar os 15 hotéis e teve um grande impulso. Orgulha-se de ter saído “com nome a nível do Algarve, conhecimento comercial a nível dos operadores turísticos de todo o mundo praticamente”, como nos explica. Depois de 18 anos no Vila Galé, estava na hora de fazer alguma coisa diferente, alguma coisa para si. A vontade de ter a sua própria empresa foi o fator determinante para abraçar um novo desafio e ingressou no grupo Luna Hotéis, empresa de um grande amigo seu e que foi muito importante para criar a sua própria empresa na medida em que funcionava da mesma maneira como queria que a sua, um dia viesse a funcionar. “O Luna Hotéis opera da mesma forma que eu atualmente
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opero, ou seja, funciona com hotéis alugados, se bem que hoje já tem unidades próprias. Na Luna Hotéis estive oito anos e foram eles que me ofereceram a minha primeira unidade, em 2011. Pus a minha ‘cara-metade’ à frente da unidade, que era pequena, com apenas 40 apartamentos e, ao mesmo tempo, fazia a contratação da Luna Hotéis. Felizmente correu muito bem. Saí quando senti que tinha o suficiente para atrair a atenção dos operadores turísticos e assim foi”. A Cheerfulway foi criada em maio de 2011 com o propósito de explorar o Vila Alba, a unidade que lhe foi cedida pela Lunahoteis, tendo em 2012 já operado com mais duas, o Hotel California e o Alto do Moinho, em 2013 a empresa estava sólida, com um desenvolvimento espantoso e foi então que no início de 2013 Joaquim Canastro procurou mais unidades de negócio e juntou ao portfólio o Polana Hotel, a Mansão Bertolina e o Hotel Bravamar, este último em Ribeira Brava na Ilha da Madeira, que começaram a operar em 2014. “Não temos muitos alojamentos em termos de números mas como temos uma componente forte em apartamentos, temos 800 camas diversificadas e para todas as carteiras”, menciona o administrador. Com seis hotéis no total, nomeadamente o Hotel Califórnia, Alto do Moinho, Hotel Polana, Vila Alba,
Mansão Bertolina e ainda o Hotel Bravamar, este último localizado na Madeira, o objetivo é atingir as 12 unidades com algumas delas situadas nas quatro estrelas. “O objetivo no futuro é atingirmos também as quatro estrelas e situarmo-nos no patamar das três e quatro estrelas que é a minha zona de conforto, além de que pretendemos igualmente atingir as 12 unidades em exploração”. Sobre as unidades pretendidas para o futuro, declara que “quando obtiver o número pretendido eventualmente irei deixar as mais pequenas e ter unidades maiores. Para já vamos cuidar das que nos vão aparecendo, trabalhandoas e consolidando-as”. Questionado se o seu sucesso presente se deve ao seu passado, Joaquim Canastro refere que “obviamente com o percurso da minha vida profissional foi relativamente fácil construir a empresa, não fiz nem mais nem menos para mim do que fiz para os outros, trabalhar bastante e aplicar o que fui aprendendo ao longo da vida, tanto profissionalmente, como pessoalmente. Felizmente, somos vistos como uma empresa credível, estamos no mercado de cabeça levantada, com todas as nossas obrigações em dia com toda a gente, temos imensos fornecedores que querem trabalhar connosco por isso mesmo, mas aí somos fiéis a quem nos ajudou no início.
Está a correr perfeitamente bem”, diz, otimista quanto ao futuro. No seu entender a grande vantagem dos seus hotéis é a localização, pois permite que todos os clientes se desloquem para todos os pontos de destaque de Albufeira a pé sem necessitar de qualquer meio de transporte. “Por exemplo, o Cheerfulway California Hotel está localizado numa rua de muita movimentação, com música ao vivo, entre outras atividades, portanto e neste caso assim como em mais duas unidades, o nosso cliente não é aquele que vem para descansar mas sim para se divertir. A nossa localização é uma vantagem pois podem ir para todo o lado a pé.” Para o futuro, espera um crescimento fortíssimo da empresa daí terem atingido o prémio de PME Excelência. Sobre o prémio, Joaquim Canastro mostrase surpreendido, mas satisfeito. “Pessoalmente fiquei muito surpreendido com este crescimento e com o prémio de PME Excelência. Tivemos um crescimento rápido, mas sustentado”, conclui.
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Conforto e requinte à mesa no coração do Algarve Restaurante Pequeno Mundo Num ambiente, com a natureza no seu esplendor, rodeado de sobreiros, arbustos e flores, o Restaurante Pequeno Mundo, situado no centro de Almancil, alia a qualidade do serviço, onde predominam as receitas de raiz francesa, à decoração, onde não faltam os azulejos e as louças típicas portuguesas.
joaquim Vilela Administrador
O
proprietário do nobre espaço, Joaquim Vilela, revela que decidiu dar início à aventura no requintado espaço. “Em 1998, decidi comprá-lo com o meu sócio, para mim é dos espaços mais bonitos que existe no Algarve”, frisa o entrevistado que nos recebeu dentro do Restaurante Pequeno Mundo. Joaquim Vilela já tinha experiência na restauração, através do trabalho em outro espaço. Conhecendo a clientela algarvia decidiu aproveitar a oportunidade, revelando que os resultados mostram que foi “uma boa opção”. Questionado sobre a estratégia para atrair clientes, revela que existe uma “fidelização instalada, a nossa clientela passa de pais para filhos e para os netos, temos várias geração de clientes. Em termos de cozinha, não existem muitas mudanças,
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porque a base da comida é a cozinha francesa clássica. O menu é variado e diversificado e a grande equipa que temos na cozinha, que conta com sete pessoas, tenta sempre responder a todas as necessidades”, explica o proprietário Joaquim Vilela, realçando que tem “um grande orgulho” dos seus colaboradores. O Restaurante Pequeno Mundo serve jantares e está aberto a partir das 19 horas, com encerramento semanal ao domingo. O espaço tem capacidade para no inverno acolher entre 55 a 60 clientes, no verão pode receber até 90 pessoas. À mesa o processo é vagaroso, “porque queremos que o cliente aproveite ao máximo, normalmente, uma refeição pode demorar duas a três horas. Temos uma ementa e temos sugestões consoante o que existe no mercado do dia”, revela o
interlocutor. O espaço é dividido entre pátio, terraço e salas interiores. A decoração de tons ocres dá charme e sofisticação a estas salas. No Inverno podem relaxar com um aperitivo junto á chaminé, apreciar um antigo altar do séc. XVI que serve de fundo ao bar, e observar algumas antiguidades portuguesas. No verão, as estrelas, os perfumes das plantas e das flores do jardim, o som da água da fonte do pátio, transformam um jantar num momento único. Uma grande selecção de vinhos portugueses e alguns incontornáveis vinhos franceses acompanham as especialidades da cozinha francesa. Uma adega recheada de grandes vinhos do Porto e uma das melhores coleções de whiskies do Algarve vêm completar este espaço romântico e gourmet. “A nossa escanção, no meu entender, é a melhor de
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Portugal, é a Helena Baião, que trabalha comigo há 20 anos”, esclarece o proprietário do restaurante. O chef transmontano, Valentim Carmo “trabalha connosco desde os 15 anos, servindo a cozinha francesa aos portuguesas e aos britânicos, trabalho com ele há 25 anos, desde o restaurante Tradicional”, revela Joaquim Vilela. Para além da cozinha francesa, Valentim Carmo aplica os sabores natos dessa região na sua cozinha. O Pequeno Mundo conseguiu fidelizar uma clientela desejosa de encontrar os pratos aqui confeccionados. A pouco e pouco, o restaurante está também a implementar a cozinha portuguesa. Enquanto estivémos à conversa
com o proprietário, percebemos que as solicitações dos clientes são inúmeras, o telefone tocou constantemente com pedidos de reservas, como bom anfitrião, qualidade que considera ter herdado dos pais, Joaquim Vilela tenta sempre satisfazer os clientes, mesmo quando sabe que já tem o Pequeno Mundo lotado. No que diz respeito ao panorama nacional, considera que os portugueses estão a formar jovens muito talentosos, “há chefs fabulosos em Portugal e constatar isso é uma maravilha, temos jovens que vêm aqui estagiar, que têm futuro, a nossa cozinha tem futuro” realça Joaquim Vilela, referindo ainda ainda que “vivi em Paris e na Austrália e considero
que os portugueses são os melhores profissionais que já conheci”. Quanto ao futuro do restaurante, o proprietário tem a esperança de que os filhos possam continuar com o espaço. “A minha filha, formada em economia, já auxilia na parte burocrática do negócio. Está a fazer agora um mestrado na área do Turismo, potenciando os seus conhecimentos”, para que num futuro próximo, possa talvez, seguir as pisadas do pai e continuar a fazer do Restaurante Pequeno Mundo o local de excelência que é hoje.
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sucesso liderado por duas mulheres Ludsil Lavandaria O trabalho e o esforço de duas mulheres algarvias foi reconhecido com o galardão PME Excelência 2014. Ludovina Loução e Silvina Guerreiro decidiram deixar o trabalho nos hotéis e construir um negócio por conta própria, 21 anos depois, tudo deu certo e a dedicação e o empenho foram reconhecidos pelo IAPMEI.
Ludovina loução e silvina guerreiro Administradoras
É
ao lado da estação ferroviária de Ferreiras, em Albufeira, que as duas mulheres, têm instalado o negócio Ludsil Lavandaria onde se dedicam à lavagem de roupa industrial e limpeza a seco. As duas proprietárias começaram do nada e decidiram avançar com o negócio quando trabalhavam num hotel em Albufeira. Ludovina Loução revela que “começámos num armazém pequeno ao lado da casa de Silvina Guerreiro”. Inicialmente, decidiram que uma das sócias deveria manter o trabalho que tinha no hotel e a outra deveria dedicar-se ao negócio em exclusivo, assim se algo corresse mal, voltavam as duas a trabalhar na hotelaria. Deste modo, Silvina Guerreiro ficou a tomar conta do negócio a tempo inteiro, no início, conta “que cheguei a dormir dentro da lavandaria à espera que as
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máquinas fossem lavando, quando uma terminava eu acordava e ia colocar mais roupa a lavar”, desabafa. Quando iniciaram a atividade tiveram de fazer algumas obras como revestir o chão, as duas entrevistadas fazem questão de frisar que os maridos sempre ficaram de fora do negócio, as duas comandaram sempre os destinos da Ludsil Lavandaria. Silvina Guerreiro conta a história dos tempos em que foram as duas “à Bélgica, sozinhas, comprar a calandra, que na altura custou 50 mil contos”. O trabalho começou com recurso a duas pequenas máquinas de lavar e dois secadores. Decidiram pedir algum trabalho em hotéis da região, as sócias revelam com orgulho que “na altura, quando compraram as máquinas, o prazo para o pagamento era durante um ano,
mas ao fim de seis meses já estavam pagas”. Entretanto, o trabalho não parava de aumentar e Ludovina Loução teve que juntar-se à sócia na lavandaria. As solicitações dos clientes aumentaram e decidiram então que era necessário “comprar mais um máquina, mais um secador e uma calandra”, revelam. O pequeno armazém montado ao lado da casa de Silvina Guerreiro tornouse pequeno para o volume de trabalho que tinham. Em 1997, decidiram aproveitar a oportunidade de compra de um terreno, um antigo celeiro de trigo, que existia ao lado para expandir o negócio. Construíram um novo armazém, que inicialmente era grande de mais para a maquinaria que tinham. Atualmente, o espaço está cheio e no dia em que visitámos as instalações estavam a proceder à subistituição da máquina de dobrar. As
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nossas entrevistadas fazem questão de mostrar que o crescimento da empresa foi acontecendo “à medida das necessidades e das possibilidades.” No local, à beira da linha do comboio, existe ainda um terreno com 2800 m2 por ocupar, onde estão instalados dois painéis solares, uma forma de poupar energia e preservar o ambiente, uma vez que, “a lavandaria necessita de muita energia” para laborar, revelam. Entre os principais clientes está o “Hotel Sheraton, desde o início até hoje, há 21 anos, o Clube Praia da Oura, o Forte do Vale, o Oura Praia, e ainda parte do empreendimento dos Salgados”, revelam as proprietárias da Ludsil Lavandarias, Ludovina Loução e Silvina Guerreiro. A Ludsil Lavandaria emprega cerca de dez pessoas, na época baixa, nos meses de inverno.
No verão, trabalham 24 horas por dia e têm cerca de 18 pessoas, distribuídas por três turnos, que cuidam diariamente das roupas dos hotéis. Nos últimos tempos, revelam que “têm recusado trabalho porque não compensa, preferindo manter o serviço de qualidade”, baseado na eficiência e confiança com os clientes que já têm. “Temos clientes onde chegamos a ir três a quatro vezes por dia fazer entregas, como é o caso do Sheraton”, revelam as empresárias. A qualidade do serviço que prestam tornou a Ludsil Lavandaria na empresa de referência e renome que é hoje. O esforço das duas mulheres é reconhecido pelos clientes, que ao longo destes anos, sempre mantiveram a confiança, o reconhecimento e a parceria com a lavandaria. Mas o esforço e o trabalho, também foram reconhecidos por várias entidades, como os bancos, o IAPMEI e a Câmara Municipal de Albufeira. No que toca às entidades bancárias, as duas empresárias, agradecem, sobretudo, “à Caixa Geral de Depósitos o apoio e ajuda concedidos nas alturas cruciais em que precisaram de investir, quer na compra de material, quer na altura da aquisição do terreno”. Uma vida de trabalho de duas mulheres de força e garra que são um exemplo de empreendedorismo e dedicação ao trabalho no feminino. Na última edição dos prémios PME Excelência, a Ludsil Lavandaria foi uma das premiadas, o que demonstra a consolidação financeira, bem como, a excelência do serviço de qualidade que prestam há 21 anos, junto dos melhores hotéis de Albufeira e arredores.
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Um paraíso ao seu alcance restaurante la cigale Construído em plena praia dos Olhos d’Água em Albufeira, o restaurante La Cigale proporciona aos seus clientes uma deslumbrante vista sobre o mar e deliciosos pratos confecionados com os melhores produtos da região.
joão luís Gerente
J
oão Luís, gerente do La Cigale, começa por nos contar que adquiriu o restaurante há 19 anos mas que este já existia desde 1960. Apesar de não estar ligado à área da restauração, decidiu comprar o espaço numas férias que passou no Algarve e por lá ficou até hoje. “Comprei este restaurante porque o acho bonito, com uma situação excecional rara no Algarve e porque vi que tinha potencial para evoluir”, explica. Sendo um restaurante relativamente antigo tornou-se primordial fazer algumas melhorias no espaço e torná-lo visualmente ainda mais apetecível aos olhos dos clientes. “Quando adquiri o restaurante não era como está agora, foram feitas algumas melhorias porque, apesar de estar a trabalhar bem como sempre trabalhou, o La Cigale estava a perder alguma qualidade no seu aspeto geral. Não havia ar condicionado, isolamento e para a qualidade dos clientes que tinha não podia deixar continuar assim. Foi por isso que o renovei completamente e hoje tem o que é necessário para que o cliente se sinta bem”. E João Luís acredita que as melhorias realizadas foram a principal razão para que o volume de clientes fosse crescendo ano após ano, bem como a diferença nos pormenores que o restaurante oferece. “Todos os anos faço alguma coisa a nível da decoração e melhoramentos do espaço. Antigamente, tínhamos uma esplanada onde os clientes gostam de estar e só tínhamos lugar para 50 pessoas, pelo que rapidamente ficava cheia, e hoje temos lugares para 130 pessoas. Já no interior, temos capacidade para 120 pessoas”, conta João Luís.
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Rodeado pela areia da praia e por vezes rodeado por água, em caso de maré cheia, o La Cigale está construído em cima de uma rocha e oferece aos seus clientes uma experiência única, seja pela vista e localização privilegiadas seja pelos seus pratos verdadeiramente deliciosos. “O restaurante tem umas escadinhas com acesso direto à praia, no verão quando os nossos clientes vêm almoçar ou jantar, torna-se agradável. Os pratos que servimos são à base de peixe e marisco. Temos as cataplanas, que são características daqui do Algarve, o nosso arroz de marisco é também muito famoso e há pessoas que vêm cá de propósito para o provar”. Mas também oferece alternativas para quem não aprecia pratos de peixe, como nos refere o empresário. “Confecionamos também pratos de carne e só trabalhamos com carne de qualidade. Temos uma vasta variedade de pratos e assim os clientes não repetem os pratos mesmo que venham cá almoçar ou jantar durante vários dias”. Para o futuro acrescenta que o objetivo passa por continuar a batalhar mantendo a qualidade e mostrando aos clientes que sempre serão bem recebidos no La Cigale. “Se baixarmos a qualidade o cliente nota logo e não podemos correr esse risco. Queremos que o cliente perceba que a porta está sempre aberta, que têm um espaço sempre aberto todo o ano para o receber. As pessoas que cá vêm ficam satisfeitos e é por isso que digo que têm um paraíso ao seu alcance”, conclui.
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Um Algarve conquistado gmr distribuições Com 29 anos de história, a GMR Distribuição é PME Excelência. Fruto do trabalho e da fidelização dos clientes e parceiros, a empresa conta hoje com uma carteira que soma os 2.500 nomes, e é a prova de um Algarve conquistado. Hoje, sete concelhos fazem parte das rotas abraçadas pela distribuidora de bebidas, que é parceira oficial da cerveja Sagres na região. “Luta” é a palavra que define o negócio, e são os administradores Joaquim e Ana Rodrigues que apresentam a história em entrevista à Revista Business Portugal.
joaquim rodrigues e ana rodrigues Administradores
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oaquim Rodrigues trabalha no ramo da distribuição há mais de três décadas. Há 29 anos deu o passo que faltava, e ao lado de dois sócios, tornou-se dono do prórpio negócio. Hoje, está à frente da empresa ao lado da filha, Ana Rodrigues, na tentativa de favorecer “a continuidade do trabalho em família”, como o próprio define. A cerveja é o principal mercado da casa, sendo a Sagres uma parceira à altura do negócio que resolveram abraçar. Hoje são distribuidores oficiais da cervejeira nos sete concelhos de atuação, mostrando um Algarve conquistado pelo trabalho que fazem. Negócio que teve início em Albufeira e que rapidamente se expandiu geograficamente, alargando a linha de atuação e mostrando que crescer de forma sutentável tem sido o resultado da missão.
“Trajetória marcada pelo trabalho e pela luta”, definiu o sucesso desta empresa portuguesa.
O percurso, a crise e o segredo do sucesso Apesar de sentir a crise económica que atinge o país, o fundador da empresa acredita que o caminho tem sido percorrido de encontro aos objetivos: “As coisas estão a melhorar e já se sente algum bem estar nas pessoas. As coisas estão a crescer, e nós estamos a trabalhar bem neste sentido. Os reflexos positivos sentem-se desde janeiro, essencialmente”. O gestor explica que “o volume de vendas é conseguido através de uma proximidade muito grande a cada vendedor, com olhos postos numa avaliação de mercado muito individualizada”, e
acrescenta que “apesar de o setor cervejeiro estar em queda, o Algarve tem conseguido manter os seus níveis de consumo”. Para o fundador da empresa, os dias de muito trabalho são o que garantem a sobrevivência à sazonalidade que afeta o Algarve: “O pico é o verão, que antes contava com mais de quatro meses. Hoje, se muito, são dois meses de alta estação. Isto mexe muito com o mercado, mas vamos trabalhando e lutando... porque estamos cá para isso”. Sendo a sazonalidade uma das maiores questões por resolver, a GMR Distribuição aposta no diferencial dos produtos e nas parcerias que assume com renomes do setor. Para marcar o nome dentro do mercado, Joaquim e Ana acreditam que a chave é fidelizar o cliente: “Temos clientes parceiros há 29 anos, e isto já diz muito sobre o nosso trabalho”. Os elos construídos com as grandes marcas e empresas da área constituem outro dos pontos mais fortes que a GMR conquistou, como apontam os administradores. Neste sentido, trabalham com uma das empresas de maior prestígio nacional, a Central Cervejas e Bebidas, sendo este o negócio que representa maior volume para a GMR. “90% do nosso trabalho é realizado com a Central, que além da Sagres, trabalha com a Heineken e a Água de Luso”, explica Joaquim. O segredo está ainda na aposta em outros produtos, parcerias que surgem e que são aproveitadas por Joaquim e Ana Rodrigues. “Já conseguimos alargar os nossos mercados com outros produtos, que não a cerveja. Produtores nos contactam e nós aceitamos para ir crescendo. Somos exclusivos da Sagres nesta área, mas nada nos impede de crescer em território e gama de produtos. Acrescentar mais valias”, explica o proprietário, sempre de olhos postos no futuro do negócio que criou para perdurar.
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Uma referência nacional e internacional faber tempus A Faber Tempus é uma empresa portuguesa, com sede no Seixal – Setúbal, que atua no mercado nacional e internacional e garante serviços industriais, mais especificamente, na área de construção e manutenção de grandes estruturas.
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undada em setembro de 2008 por Francisco Parrinha a Faber Tempus conta com uma equipa de excelente qualidade, preparação e conhecimento do setor. “A empresa orienta-se no sentido de constituir uma empresa de referência nacional e internacional, no seu setor de atividade”, afirma Francisco Parrinha, administrador da Faber Tempus. Com bastantes anos de experiência na área e uma
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cadeia de contactos, razoavelmente estabelecida, Francisco Parrinha decidiu criar a Faber Tempus. “Decidi arregaçar as mangas e criar um projeto meu com alguma sustentabilidade”. Desde o início da sua atividade que obteve um rápido crescimento e profusão, o que permitiu “desenvolver uma estrutura produtiva bem preparada e o consolidar da implantação no mercado”. Competitiva e dinâmica apresenta em todo o mercado,
serviços com elevados níveis de qualidade, atendendo a altos requisitos de segurança. Inscreveu-se para o NEN 4400.2:2010 e está na posse do VCA 2008/ SCC 5.1. O que permite verificar se uma empresa e os seus colaboradores têm implementado um Sistema de Gestão de Segurança, muitas vezes exigido como condição base para trabalhar em certos países europeus. O objetivo da certificação VCA / SCC consiste em reduzir o número de acidentes, definindo parâmetros claros
sobre a frequência de acidentes e o modo de os calcular, normalmente para empresas que efetuem trabalhos em ambientes de alto risco. “A Faber Tempus atende a todas as normas e requisitos de segurança e higiene no trabalho. Além do sistema implementado, todos os nossos funcionários e responsáveis possuem certificados de segurança equivalentes à sua função. Para qualquer funcionário é necessário um VCA Básico e para qualquer supervisor é necessário um VOL-VCA (Supervisor)”, explica o administrador. Uma empresa moderna, competitiva e com resultados que falam por si, a Faber Tempus está também vocacionada para a área de prestação de serviços, na qual possui uma larga experiência. Tem como missão a satisfação dos seus clientes, obtendo a sua fidelização, o que a torna um “motor em desenvolvimento”, e o contentamento dos seus colaboradores, motivando-os profissional e socialmente. “A nossa maior preocupação é servir bem o cliente em termos de qualidade, porque temos a garantia de que se prestarmos um serviço competente temos um cliente para toda a vida”, sublinha o administrador. Tendo como lema “fazer bem à primeira” a Faber Tempus orienta-se em três vertentes: clientes, colaboradores e melhoria continua. Uma empresa, essencialmente, vocacionada para o mercado externo a Faber Tempus está presente na Bélgica, Holanda e Polónia “apesar de fazermos trabalhos para toda a parte do mundo, porque os nossos clientes trabalham em toda a parte do mundo, é na Bélgica que se encontra o nosso grosso de trabalho”, salienta o administrador. Com uma vasta experiencia no mercado de trabalho a Faber Tempus atua na construção de pontes, plataformas, torres eólicas, edifícios, entre outros. A empresa garante serviços industriais tanto precisos como de alta qualidade e assume uma aposta na formação, inovação e no desenvolvimento de métodos de organização. Está orientada para uma evolução e melhoria continua que permita satisfazer as exigências dos seus clientes. “Todos os nossos funcionários são certificados, possuem experiencia e regem-se pela disciplina das mais rigorosas leis, regulamentos e especificações. São a base do nosso crescimento e desenvolvimento”. Apesar de ter iniciado o seu negócio com apenas 2 colaboradores, atualmente já conta com 150 colaboradores, na sua maioria de nacionalidade portuguesa. A Faber Tempus aposta no conhecimento, na competência e na excelência do capital humano. “Em todos os projetos existe a consciência de responsabilidades sociais, legais e ambientais”, conclui.
Visão de mercado “Não está fácil para as empresas, mas quem conseguiu sobreviver no mercado, até aos dias de hoje, vão conseguir singrar. O importante é ter conhecimento e experiência no mercado, para assim conseguir sobreviver neste sector. Não podemos ter só teoria, temos que ter também a parte prática e é isso que os meus colaboradores conseguem oferecer ao mercado – segurança, qualidade e respeito pelo ambiente. E com todo o nosso profissionalismo temos tido a felicidade de gostarem do nosso trabalho e de passarem a palavra, que a meu ver é a melhor publicidade”, comenta o administrador.
Projetos Futuros Como projetos a medio prazo tencionam criar uma escola de formação, onde qualquer pessoa se possa inscrever, para assim terem a possibilidade de poder formar os próprios colaboradores e posteriormente, aumentar o número de colaboradores. “Tendo em conta a sólida posição em que nos encontramos no mercado pretendemos preparar e instruir profissionais afim de desenvolverem competências no âmbito da atividade com boas perspetivas no mercado de trabalho”, explica Francisco Parrinha. Para que este projeto se concretize também vão mudar de instalações brevemente, de forma a poderem conjugar o trabalho e a escola de formação, no mesmo espaço. E pretendem ainda, apostar noutras áreas como a da construção civil, de maneira a expandir o tipo de negócio.
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A arte de bem revestir pontoetics De França a Portugal, com passagem pelo mercado argelino e os olhos postos na Bélgica, na Alemanha e no Brasil, António Coutinho propaga pelo mundo a arte de bem revestir a capoto, isolação térmica pelo exterior.
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ever do Vouga é capital do mirtilo e terra de grandes empreendedores. Caso dúvidas houvesse, o recente VougaPark, centro empresarial que veio atestar o cunho inovativo das indústrias criadas em território beirão, poderia facilmente comprová-lo. Mas nem assim a dinâmica da região se esgota: outrora sediada em Oliveira de Frades, é no centro da vila que a PontoEtics, LDA encontra uma delegação. Um exemplo nobre da vontade em querer fazer e da boa capacidade de resposta e de concretização do objetivo de prestar um serviço de
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qualidade no que ao revestimento para construção civil diz respeito. A vida dá muitas voltas, e a vida do sócio-gerente da PontoEtics, LDA esteve longe de ser indiferente a esta máxima do destino. Até cá chegar, dado que na área da construção civil mudou completamente de ramo, foi, como o próprio nos confirma, uma aventura. Desde de meados do ano 2000 foi passando por várias empresas em que “fazia um pouco de tudo, desde montagem de eólicas a painéis solares, barragens e autoestradas”. Como exemplo de obras por onde passou, refere-nos o alargamento
das estradas da A1, A24 e A25 e a incursão pelo Porto Marítimo de Leixões onde trabalhou com betão armado. Porém, em 2008, devido ao decréscimo de grandes obras em Portugal e Espanha, viu-se obrigado a alargar horizontes e fazer-se valer de alguns contactos em França. “Liguei para uma empresa líder no setor das obras públicas a nível europeu, em França, e disseram-me que tinham uma obra, mas que não era para mim, porque já estava em fase de acabamentos. Eu insisti e perguntei porquê. Porque se tratava de revestimento em capoto, responderam”,
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conta-nos.
O primado do capoto A perseverança deu frutos, António Coutinho acabou por ganhar a obra e deu os primeiros passos na especialidade que hoje dá nome à sua empresa. O termo ETICS, que integra a designação da empresa, significa External Thermal Insulation Composite System, ou seja, trata-se um sistema de isolamento térmico pelo exterior que é vulgarmente usado na construção, mais conhecido por Capoto. Depois desta primeira investida, António Coutinho acabou por comprar os restantes 50 por cento da empresa, da qual já era sócio igualitário, com o intuito de melhor poder aprofundar conhecimentos antes de expandir para outros continentes. Em 2010, no primeiro ano sob a sua gestão, esta entidade faturou então 40 mil euros, triplicados no ano seguinte, solidificando o estatuto da mesma desde então. “Tudo o que seja revestimento eu faço”, garante-nos, embora a maior fatia do bolo ainda seja o capote (são aplicados quatro a cinco mil metros mensais), foco de orientação atual, à semelhança das fachadas ventiladas tanto em madeira,
como fibrocimento, alumínio, pedra, entre outros. No passado já fez muito pladur,e continua a fazer algum,os preços não interessam, e para o futuro não descura ter de se adaptar às necessidades do mercado, em constante mutação. Dos projetos em construção, o destaque vai para a obra de grande envergadura em Argèles-sur-Mer, com quase 10 mil metros em brique,( fachadas ventiladas) isto é, tijolo burro. Para além da Argélia, onde já tinha trabalhado com outra empresa e por isso “conheço bem os mercados”, os negócios centram-se fundamentalmente em França onde a Pontoetics, LDA foi responsável, por exemplo, pelo revestimento em capoto do Centro Hospitalar de Toulose, entre outras, e em pladur e tetos falsos no Centro Hospital Carcassone e Centro Hospitalar de Villeneuve sur Lote. “Os franceses foram muito corretos comigo, inicialmente”, confessa-nos, “são corretos enquanto ganham dinheiro”. A relação que se habituou a manter com os seus clientes faz de António Coutinho mais um amigo que um mero prestador de serviços. Contudo, esta crise que agora vê chegar também a França e consequentes atrasos nos pagamentos que daí advêm ,têm motivado a procura de novos terrenos a
explorar. A Bélgica e a Alemanha são as apostas que se seguem. Em relação a Portugal o empresário não tem papas na língua: o que por cá faz não lhe traz lucro, e reduz-se aos 25 por cento de faturação obrigatória no nosso país. Vê crescer a recorrência à técnica do capoto, infelizmente, a par da desvalorização dos preços correntes que se andam a praticar. No desempenho dos seus serviços a PontoEtics, LDA conta atualmente com os préstimos de mais ou menos 60 colaboradores, sendo que a maioria trabalha praticamente no estrangeiro, ficando uma equipa mais reduzida encarregue das solicitações em território luso. Deste conjunto de trabalhadores liderados por António Coutinho fazem ainda parte a esposa e a filha do empresário, que ainda não perdeu a esperança de aliciar o filho para o negócio de família. Perante a abundância de projetos exigentes da presença do sócio-gerente e os muitos afazeres derivados desta atividade o apoio da família é, indubitavelmente, precioso.
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“More than stars” details hotels A Details Hotels & Resorts propõe uma abordagem moderna e apaixonada à hospitalidade. Do lazer aos negócios, a Details Hotels oferece ambientes únicos para tornar cada experiência inesquecível. Design, sofisticação e criatividade são alguns dos conceitos que estão na base de uma marca que todos os detalhes contam. Num alargado conjunto de serviços orientado para a hotelaria atual, a Details procura marcar a diferença pela qualidade, excelência e inovação. A propósito da reabertura de uma destas unidades, conversamos com João Costa, diretor geral do grupo.
“A Details Hotels & Resorts propõe uma abordagem moderna e apaixonada à hospitalidade”. Como se alcança este conceito? Somos dedicados à hotelaria, só o podemos fazer se formos absolutamente diferenciadores no acolhimento e no serviço. É com pessoas que se pode conseguir, ainda não chegámos lá, queremos formar os melhores colaboradores é com eles que vamos construir o projeto. O que distingue a Details Hotels & Resorts das restantes empresas de gestão hoteleira? A estrutura societária é constituída por profissionais com créditos firmados na Hotelaria. A gestão é feita por hoteleiros. O grupo é dirigido por hoteleiros, essa é a diferença fundamental. Contam, atualmente, com quatro unidades hoteleiras. Pode-nos apresentar, sucintamente, cada uma delas? O Vale d’El Rei, em Carvoeiro, é um autêntico resort, direcionado para o segmento família, distingue-se pelo envolvimento com a natureza estando perfeitamente integrado no meio ambiente que o rodeia. O Aqua Pedra dos Bicos, é uma unidade moderna, cosmopolita direcionada para o segmento “Adults Only”, pela sua localização e pela surpreendente arquitetura afirmou-se como uma unidade de referência em
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Albufeira. Em abril de 2014 iniciámos a exploração do Hotel Velamar, em Olhos d’Água, sendo a única unidade de 3 estrelas do grupo, destaca-se pela relação qualidade/ preço notável, é uma unidade hoteleira única pela preferência que tem merecido ao longo dos anos, conseguiu com a marca Details Hotels & Resorts destacar-se pelo profissionalismo da gestão. A nossa unidade mais recente é o Hotel Magnólia à entrada da Quinta do Lago, é uma unidade anteriormente classificada como Motel de 3 estrelas e que, com a Details Hotels & Resorts, passou a ostentar as 4 estrelas atribuídas pelo Turismo de Portugal. Direciona-se para o segmento de golf e vem preencher uma lacuna desta zona de excelência do Algarve, uma enorme qualidade a um preço acessível. A localização das nossas unidades é também um ponto de destaque das mesmas… Sim, estamos no Algarve…, é importante sem dúvida a localização mas o que pretendemos é destacar-nos pela excelência do serviço, adaptá-lo ao segmento a que se destina, superar as expetativas dos nossos clientes e realçar a qualidade e atitude de todos os nossos colaboradores. É de realçar que as nossas unidades destacam-se por ter uma avaliação dada pelos clientes de um dos sites de referência entre o ótimo e fabuloso,
essa é a opinião dos nossos clientes, só podemos pensar em melhorar. Decorreu recentemente a inauguração do Magnólia Golf & Wellness SPA, um espaço que foi recentemente renovado de acordo com a imagem ‘Details’. O que diferencia este hotel? O que podem os seus hóspedes aqui encontrar? Sim, foi uma festa de abertura da unidade, mais do que a inauguração oficial que a faremos oportunamente em data a anunciar. O hotel foi objeto de uma profunda remodelação e reclassificação agora para 4 estrelas. Tem estado em Soft Opening, desde 1 de março. A nossa intenção é a de disponibilizar uma oferta hoteleira de muito boa qualidade numa zona de eleição que fica no chamado triângulo dourado, entre a Quinta do Lago e Vale do Lobo. Destacamos a nossa brasserie MAG’S à base da cerveja. O que está reservado para o futuro do grupo? Queremos crescer à medida das nossas capacidades e de uma forma sustentada, fortalecer os capitais próprios, reforçar as nossas equipas captando jovens com vocação para hotelaria, valorizar as unidades para os proprietários, continuar a merecer a preferência dos nossos clientes pela qualidade do nosso serviço e dos nossos produtos.
redescobrir os açores
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om quase seis séculos de presença humana continuada, os Açores granjearam um lugar importante na História de Portugal e na história do Atlântico: constituíram-se em escala para as expedições dos Descobrimentos e para naus da chamada Carreira da Índia, das frotas da prata, e do Brasil; contribuíram para a conquista e manutenção das praças portuguesas do Norte de África; quando da crise de sucessão de 1580 e das Guerras Liberais (1828-1834) constituíram-se em baluartes da resistência durante as duas Guerras Mundiais, em apoio estratégico vital para as forças Aliadas. O arquipélago dos Açores é constituído por nove ilhas principais divididas em três grupos distintos: grupo Central, Oriental e Ocidental. O Central é constituído pelo Faial, Graciosa, Pico, São Jorge e Terceira. Já do Oriental, fazem parte o Corvo e as Flores. As duas restantes ilhas, Santa Maria e São Miguel compõem o grupo Oriental. O grupo Oriental inclui também um grupo de rochedos e recifes oceânicos, situados a nordeste de Santa Maria, chamado ilhéus das Formigas, ou simplesmente Formigas, que em conjunto com o recife do Dollabarat, constitui a Reserva Natural do Ilhéu das Formigas, um dos locais mais importantes para conservação da biosfera marinha no nordeste do Atlântico. O ponto mais alto do arquipélago situa-se na ilha do Pico - e daí o seu nome, a Montanha do Pico - com uma altitude de 2352 metros. A orografia açoriana apresenta-se muito acidentada, com linhas de relevo orientadas na direção leste-oeste, coincidentes com as linhas de fratura que estão na génese das ilhas. Este arquipélago faz parte da cordilheira submarina que se estende desde a Islândia para Sul e Sudoeste, com orientação sensivelmente paralela à inflexão das costas continentais. A origem vulcânica dos Açores tem a sua expressão máxima na ilha de São Miguel, no famoso Vale das Furnas e teve a sua mais recente atividade terrestre no Vulcão dos Capelinhos, na Ilha do Faial, em 1957-1958. No mar, a última erupção verificou-se ao largo da Serreta (ilha Terceira) em 1998-2000. Posto isto, e dada a relevância histórica, cultural e económica do arquipélago, destacamos nas próximas páginas, artigos de alguns territórios açorianos que são foco de visita para muitos turistas, entre eles realçamos: o Município de Calheta de São Jorge, da Horta, da Madalena e de São Roque do Pico.
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Ponto a ponto, com a Transmaçor transmaçor Quase 30 anos de mercado compõem a história da Transmaçor – Transportes Marítimos Açorianos Lda., e entre um ponto e outro, o crescimento se traduz na solidez de um serviço público de caráter ímpar para os passageiros das ilhas do Triângulo. Faial, Pico e São Jorge têm transporte marítimo garantido durante todo o ano, e na época alta há ligação à ilha Terceira duas vezes por semana. Disponibilizando ainda o transporte de carga entre os portos onde opera, a empresa soma desde 2014 os serviços de dois ferries, iniciativa que veio colmatar a necessidade de quem precisa transportar viaturas entre as ilhas.
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e ano para ano, a empresa vê crescer o seu número de passageiros. De acordo com as primeiras análises de 2015, este aumento representa 20%, por comparação ao período homólogo de 2014. A partir deste ano, o Governo Regional detém os capitais da empresa, e mais recentemente, em março de 2015, foi anunciada a fusão entre esta transportadora marítima e a Atlânticoline, empresa pública responsável pela operação sazonal entre todos os grupos do arquipélago. Em atual processo de agregação, a preocupação constante da Transmaçor é assegurar uma articulação responsável entre a prestação de um serviço público de qualidade, assegurando a criação de dinâmicas entre as ilhas do Triângulo, com foco na gestão sustentável dos recursos disponíveis. A empresa dispõe hoje de uma embarcação própria, o catamarã “Expresso do
APRESENTAÇÃO DA EMPRESA
Triângulo”, com capacidade para 160 passageiros. Outras quatro embarcações utilizadas pela Transmaçor são de propriedade da, agora companheira de fusão, Atlânticoline. Com uma postura objetiva, a Transmaçor quer refletir a sua responsabilidade social e ambiental na sociedade na qual está inserida, tornando sempre maior o seu contributo positivo. Neste sentido, a empresa é facilitadora e colaboradora, oferecendo um frequente e contínuo apoio às associações culturais e desportivas da zona. Ocasionalmente, abre portas e convida escolas e instituições que pretendam conhecer melhor o trabalho realizado pela empresa, as suas embarcações e o seu funcionamento.
Distância entre portos (milhas náuticas)
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Tempo de viagem entre portos
________________________________________________________________________________________ Rua Nova, n.º 29, r/c, Angústias 9900-023 HORTA 292 200 380 www.transmacor.pt info@transmacor.pt
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Um mar de sabores mariserra Foi em 2007 que Vítor Duarte decidiu mudar-se de Leiria para Ponta Delgada, nos Açores e abrir o Mariserra, um restaurante que lhe oferece boa cozinha da zona de Leiria e pratos que celebram os bons produtos gastronómicos locais como a carne açoriana ou os peixes e mariscos típicos da região.
Vítor duarte Proprietário
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igado à restauração desde julho de 1974, Vítor Duarte ajudou a organizar, durante 19 anos, vários festivais gastronómicos no Turismo Leiria Fátima fora e dentro do país e cansado dessa agitação, decidiu estabelecer-se nos Açores e abrir o seu próprio negócio, com o objetivo de “gozar a sua pré-reforma”, como o próprio começa por nos contar. “Nos festivais de gastronomia torna-se agradável quando estamos em dois ou três por ano, em convívio com nossos colegas, quando começamos a fazer 13, 14 por ano é quase virar as costas ao restaurante que temos em casa. Desta forma, a certa altura decidi parar porque era difícil dizer que não às pessoas e se o fizesse pressionavam e voltava ao mesmo”. A mudança não poderia ter corrido melhor. Casa sempre lotada e em apenas três meses, os objetivos para o primeiro ano de gerência do Mariserra, estavam já cumpridos. “Quando abri o restaurante esperava fazer um bom trabalho, sabia qual o meu estilo e capacidade de trabalho e esperava ter algum sucesso e esperava que este acontecesse gradualmente. Havia a necessidade de algo diferente e nos primeiros três, quatro meses foi uma euforia de tal ordem que nós só nos sentíamos mal era
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por mandar tanta gente embora por falta de espaço na casa. Aquilo que tinha programado para um ano, estava feito em três meses e de forma perfeitamente natural”, explica Vítor Duarte. Muito do sucesso alcançado deve-se à qualidade do atendimento, pela atenção disponibilizada a cada cliente individualmente e mesa a mesa por todos os colaboradores, inclusive pelo proprietário, e pelo sorriso constante. “Não há mesa que não vá falar com os clientes e perguntar se está tudo bem. O cliente só tem que ser cliente na primeira refeição, na segunda vez que cá venha, já tem que ser um amigo da casa. Há muitos clientes que veem ao nosso restaurante e não querem ver a ementa, mas, apesar de termos uma vasta lista, perguntam-me sempre o que lhes posso sugerir de melhor. E isto acontece porque sentiram confiança em mim e que estou aqui realmente para lhes dar apoio”, realça o empresário. Com uma vista deslumbrante sobre o mar e com pratos diversificados e verdadeiramente saborosos, o Mariserra esta aberto todos os dias das 12 às 24 horas e muitas vezes para além dessa hora. “Temos que sentir gosto por aquilo que fazemos apesar
de esta profissão ser um pouco desgastante e estarmos sempre ocupados. Muitas vezes, para além da meianoite ainda estou aqui, a conviver com os clientes que ficam e não me sinto cansado. Levanto-me todos os dias de manhã para ir fazer as compras do peixe com um prazer excecional e se sou eu que o compro tenho ainda mais brio em o apresentar ao cliente”, diz, orgulhoso. A restauração é sem dúvida a grande paixão de Vítor Duarte e questionado se nunca se arrependeu da sua mudança para os Açores é perentório na resposta: “só não me arrependo de não ter feito mais cedo.” “Todos os dias temos um tipo de público diferente para atender, um convívio diferente e quando sentimos prazer em a pessoa estar à mesa a comer com alegria e satisfação, é impagável. Comparo muito a restauração com o artesanato porque qualquer artista que faz uma peça de artesanato à mão, dificilmente faz duas iguais mas no final de cada peça, acha que uma esta sempre melhor que a outra porque tem brio naquilo que fez”, finaliza Vítor Duarte, convidando todas as pessoas a conhecer o Mariserra.
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Um concelho repleto de potencialidades
décio pereira Presidente
município da calheta Situado na parte oriental da Ilha de São Jorge, no Arquipélago dos Açores, o concelho da Calheta é uma das mais antigas povoações da ilha. Encanta pela sua natureza em estado bruto, pelas diversas fajãs e edifícios arquitectónicos únicos.
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egundo o Presidente da Câmara Municipal, Décio Pereira, a Calheta de São Jorge é “um concelho com recursos brutais e com produtos únicos num contexto europeu e mundial” e dá exemplos. “Somos a única região da europa a produzir café, o que é uma coisa espantosa. O nosso queijo, o
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queijo de São Jorge é mundialmente conhecido. Não há nenhum produto nos Açores com a sua dimensão. Também o atum de Santa Catarina é um produto nosso de alto reconhecimento”, começando por enumerar os melhores produtos que a ilha tem para oferecer. A nível de recursos, realça a rede de percursos pedestres
invejável do concelho, as excelentes condições para a prática de Canyoning e Trail Run, bem como a existência dos melhores sítios, a nível mundial, para a prática de surf. As fajãs que são igualmente um produto de eleição, lugares que para além de serem autênticos pomares, possuem uma beleza natural única e que se
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encontram à beira mar, o que lhes dá também outro encanto. A mais conhecida da ilha, conta-nos o autarca, é a Caldeira de Santo Cristo e é o único sítio nos Açores onde se produzem ameijoas. Só no Verão chegam a passar por lá 500 a 600 pessoas diariamente. “Toda a gente que vem a São Jorge vem conhecer as fajãs e hoje há uma maior preocupação na sua preservação arquitectónica, paisagística e ambiental.” A gastronomia da Calheta de São Jorge é também umas das mais valias do concelho que aliada a produtos de qualidade e eleição, é capaz de agradar a todo o tipo de público. “Aqui, a natureza está no seu estado bruto e há um leque de clientes específicos para este tipo de turismo. A par disso, temos também bom peixe, excelente carne, ou seja, a nossa gastronomia por si só é uma mesa muito cheia, apesar de ainda estarmos muito aquém do que desejamos a nível do serviço de restauração e hotelaria no concelho. Conseguimos fazer uma refeição com os produtos da ilha ao mais alto nível, desde o vinho, ao queijo, ao café e à doçaria“, Décio Pereira. Numa ilha com tantos recursos, o presidente acredita que o futuro do concelho passará pela sua devida exploração e pela aposta no turismo. “Devemos promover os nossos recursos. O coração da ilha é a agropecuária mas o número das pessoas para esta atividade esta estabelecido, agora é explorar os restantes recursos e oferecer serviços de excelência. A produção de café é definitivamente uma das principais áreas a explorar aliada ao turismo em geral. Recorrer aos serviços da ilha e não aos de fora, é um dos meus princípios”. À frente do executivo municipal há cerca de um ano e meio, Décio Pereira, candidatou-se como candidato independente e contra todas as expetativas, acabou por merece o voto de confiança dos seus munícipes. “Estive 14 anos fora da minha terra mas entendi que era a altura ideal para me candidatar sobretudo para proceder à rutura de um processo destrutivo para a região. Temos uma boa equipa, a câmara não é só o presidente que dá a cara. Estamos todos empenhados em dar o nosso melhor e isso é fundamental“, frisa o autarca. O futuro, será também de investimento. “Ainda este ano, vamos investir na área dos resíduos e na qualidade e serviços da água. Os restantes investimentos serão realizados na área do turismo, nomeadamente na restauração e hotelaria”, finaliza.
Festival de Julho de 2015 A Câmara Municipal da Calheta realiza de 16 a 20 o Festival de Julho de 2015. Com este evento pretendemos dar continuidade à sua integração no conjunto de eventos culturais realizados nos Açores. Este ano e à semelhança do ano transato, vamos apostar fortemente na promoção e divulgação das potencialidades locais, destacando a importância dos nossos produtos, da nossa terra e sobretudo do nosso património cultural, com especial relevância para a vertente turística, colocando a Ilha de São Jorge, em particular o Concelho da Calheta, como um destino turístico. Em relação ao programa poderemos adiantar que temos uma noite destinada às bandas do Triângulo, a denominada “Noite do Triângulo”, não esquecendo, os grupos locais, e ainda o conhecido Grupo GNR, que acabaram de lançar um novo álbum e a conhecida cantora nacional Alia Clark. Destacamos ainda especial atenção às nossas Filarmónicas, marchas populares, grupos de danças modernas, touradas, exposições diversas, baile regional e com especial relevância à manhã infantil, para as crianças que queiram participar. Constam também do programa, provas desportivas com futebol, futsal, vólei de praia, não esquecendo a regata de botes baleeiros, que já o ano passado contamos com a sua participação, bem como, atividades associadas ao Canyoning e ao Trail Running.
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josé leonardo goulart da silva Presidente
“Capital náutica dos Açores” município da horta O Município da Horta tem uma localização priveligiada com o mar em pano de fundo. As atividades económicas e turísticas da ilha e da Região estão centradas neste setor e o Porto e a Marina da Horta são palco de grandes eventos. Contudo, o turismo de natureza é igualmente uma mais-valia a tirar partido.
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cidade da Horta está localizada na Ilha do Faial e “teve uma grande importância histórica, ao longo dos séculos, tendo assistido à primeira travessia transatlântica entre os EUA e os Açores pelo NC4 de Albert Read que amarou na nossa baía”, explica José Leonardo Goulart da Silva, Presidente da Câmara Municipal da Horta. A par deste marco, muitos outros são dignos de serem destacados tais como por exemplo, a Batalha do Brigue General Armstrong, que transportava o célebre canhão Long Tom, que comemorou 200 anos, em 2014 ou o próprio fenómeno da baleação. O mar tem sido, desde sempre, o motor da ilha e, no entender de José Leonardo Goulart da Silva, a cidade da Horra tem se “evidenciado por um certo cosmopolitismo e arte de bem receber, estando bem
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enquadrada com a sua marina e com os iatistas que a visitam. O Porto da Horta e a marina são por isso desde há muitos anos dos mais movimentados do país, sendo um grande motivo de atração e de promoção do Município, do Clube Naval da Horta e do Governo Regional”, sobretudo através da realização de regatas internacionais, que garantem uma grande exposição do Faial e da Horta no exterior. O responsável pela autarquia da Horta remata que a Cidade-Mar da Horta é mesmo a “capital náutica dos Açores”. Veja-se, por exemplo, a Semana do Mar, que se realiza anualmente em agosto, “sendo o nosso grande evento e a primeira festa de verão dos Açores”. “Distingue-se pelo maior Festival Náutico do País, pelos concertos, pela Festa do Livro, pela Expomar, pela promoção da gastronomia local e por vários eventos associados, celebrando este ano os
seus 40 anos de realização. As festas atraem, por isso, muitos turistas e emigrantes que enchem os hotéis e casas dos seus familiares, movimentam os comerciantes e a restauração, animando a nossa economia”, frisa o entrevistado. A vocação marítima tem permitido o desenvolvimento “de vários clusters ligados ao mar, que têm como fundo a nossa baía. A nossa característica de Cidade-Mar está ligada também às pescas e à investigação marinha, em parceria, com o Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores, com quem estamos envolvidos na área da biotecnologia, uma vertente que ainda não está suficientemente desenvolvida e que terá muito potencial no futuro”, realça o autarca da Horta, acrescentando que “toda esta ligação ao mar tem, ao nível do turismo, uma grande captação.”
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Em termos turísticos, são muitos os novos desafios que se apresentam ao Faial e aos Açores, sobretudo, após a abertura do espaço aéreo às companhias de aviação de baixo custo. “Temos que pensar no futuro juntamente com as ilhas vizinhas, de melhorar as nossas acessibilidades também ao nível do Triângulo, pois com as low cost podemos ter um ganho positivo. Temos agora um grande número de pessoas que quer visitar São Miguel e que pode visitar mais duas ilhas a custo zero, ganhando aqui a dimensão de arquipélago. Um outro ponto de atração turística da ilha é o Vulcão dos Capelinhos, considerado o mais jovem vulcão da Europa, o que levou á criação de uma Rota dos Vulcões e à construção de um Centro de Interpretação no local, de elevada qualidade e merecedor de prémios europeus, que relata a história do fenómeno e os seus impactos”, revela José Leonardo Goulart da Silva. O turismo é o setor mais importante para o desenvolvimento da ilha, mas o autarca alerta que no futuro o crescimento nesta área tem de ser sustentado, apostanto “num turismo de natureza por excelência, num turismo de qualidade, não massificado. Com a melhoria das infraestruturas portuárias e a liberalização do espaço aéreo melhoraramse as acessibilidades interilhas, assistindo-se agora a um momento de viragem no turismo nos Açores”, realça. Mas nem só de Turismo vive o Faial. O interlocutor
faz questão de frisar que existem outras atividades na ilha, importantes para a nossa economia e ligadas ao setor primário, como a agricultura e a pesca que, economicamente têm de facto um grande impacto. Está agora em crescimento, o setor da floricultura, com o cultivo de próteas a alcançar o mercado da exportação. “A produção de produtos lácteos, como o queijo e a manteiga”, são igualmente importantes para a criação de emprego na ilha, revela o autarca.
Os desafios do presente Atualmente, um dos projetos que a autarquia está a desenvolver é designado de “Presentes no Concelho”, com um fator de proximidade decisivo. No entender do autarca, a crise que assolou o país “também trouxe oportunidades. É preciso apelar à participação das pessoas na vida da sua comunidade, assim a Câmara Municipal desloca-se durante uma semana a determinada freguesia com equipamentos, recursos humanos e materiais, procurando auscultar os cidadãos e as suas instituições e conciliar essa presença com a resolução direta de pequenas intervenções. A participação pública na preparação da requalificação da “Frente Mar da cidade da Horta” foi outro momento onde a opinião dos faialenses foi fundamental para a concertação e intervenção pública. Trata-se de um
projeto de futuro, onde se pretende não só criar uma grande praça do mar que valorize a nossa avenida, mas também requalificar o espaço público desde a freguesia da Conceição à Igreja de Nossa Senhora das Angústias, com um objetivo turístico e de apoio ao comércio local e à criação de emprego.”
O que importa no futuro José Leonardo Goulart da Silva revela que futuramente o “desafio é continuar a apostar no turismo de natureza. Se não gerirmos bem o nosso território vamos perder muito. Penso que o Governo Regional e as câmaras munipais têm que estar muito atentas, fazendo uma gestão do território eficaz”. O turismo rural deverá ser outra vertente a explorar, onde “já existem algumas unidades, mas há espaço para criar mais infraestruturas. Neste sentido, a Câmara tomou algumas medidas com o objetivo de incentivar o investimento como a redução até 50 por cento nas taxas urbanísticas e a isenção no IMI durante três anos,” explica o autarca. Outro ponto que nos valoriza e distingue é o próprio clima de segurança que se sente na ilha e na Região, “o que faz com que as pessoas se sintam em casa” realça, José Leonardo Goulart da Silva, presidente da Câmara Municipal da Horta.
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“Visitar a Madalena é como viver um sonho”
josé soares Presidente
município da madalena
O concelho da Madalena é o mais novo da ilha do Pico, com cerca de 293 anos e viveu sempre uma dependência inicial do Faial e dos outros concelhos circundantes e só em março de 1723 fica instituído como concelho estabelecendo-se as suas seis freguesias. Pautado por um porto imponente onde mais de 400 pessoas por ano, vindas de todo o mundo, passam, são também as paisagens de cortar a respiração sobre um vasto vinhedo e onde é produzido o melhor vinho dos Açores, que distinguem a Madalena.
Um concelho de tradições José Soares, Presidente da Câmara da Madalena começa por contar que a pesca foi em tempos a principal atividade dinamizadora da região. “A pesca foi a atividade que nos deu mais sustento, estivemos sempre muito virados para o mar. Há mais de 50 anos tivemos a sorte de se estabelecer no concelho uma fábrica de conservas, a COFACO. Deu outra qualidade de vida às pessoas e um salto qualitativo à região. Empregou muita gente dando trabalho em terra e em mar”. Hoje, a reconversão da vinha está a acontecer um pouco por toda a ilha, essencialmente no concelho e a Adega Cooperativa da Madalena é o principal produtor de vinho da ilha do Pico. “A qualidade dos nossos vinhos começa a ombrear com os melhores vinhos nacionais, temos tido alguns premiados e fazemos questão de promover aquilo que é bom e é nosso, tal como o nosso queijo. Assentamos a nossa economia sobretudo na COFACO, no nosso
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queijo, no vinho e nos nossos serviços, onde há mais emprego”, explica o autarca. Ao longo do tempo também o comércio teve um papel importantíssimo na economia da autarquia. “Os nossos comerciantes locais sempre foram muito arrojados e com a particularidade de os comerciantes da Horta se virem instalar na Madalena. A complementaridade entre ilhas é muito importante. O Pico hoje não seria o que é sem o Faial como o Faial não seria o mesmo sem o Pico”, explica José Soares salientando a boa ligação existente entre as ilhas pertencentes ao triângulo (Faial, Pico e São Jorge). “O triângulo não teria a mesma potencialidade se não tivéssemos esta proximidade importantíssima entre ilhas. São todas iguais mas muito diferentes ao mesmo tempo e cada uma tem a sua originalidade. Nos últimos anos temos feito uma grande aposta na criação de conteúdos para fixação. Como somos o concelho mais jovem da ilha, a nossa escola foi a última a ser construída enquanto que os outros concelhos já tinham. Nós,
digamos, tivemos sempre as últimas coisas mas fomos crescendo com isso”, acrescenta.
Um presidente atento e empreendedor Desde 2011, ou seja, desde que foi eleito líder do Executivo Municipal da Madalena, que uma das principais preocupações de José Soares é criar conteúdos importantes para que quem visite o Pico, tenha também que visitar/conhecer a Madalena. “Hoje, temos muitas coisas para mostrar e daqui a uns tempos temos mais algumas para inaugurar. É de paragem obrigatória na Adega Cooperativa, a paisagem protegida e de interesse cultural da vinha da ilha do Pico, que é Património da Humanidade, depois o Cachorro que nós já requalificamos e que é uma zona turística de excelência do concelho. A nosso ideia é tornar a Madalena cada vez mais apelativa para quem nos visita e ser um bom lugar para viver.” Para além do ensino regular, a Madalena tem também uma escola profissional, que já existe há vários anos e
REVISTA BUSINESS PORTUGAL REDESCOBRIR OS AÇORES um protocolo com a Universidade Aberta. Para além das dificuldades, hoje já é possível estudar no Pico. Antigamente, esta tarefa avistava-se mais difícil. “Queremos ter mais condições a nível da saúde, de educação, de cultura, queremos mais voos para a ilha, reivindicamos isso a vida toda e seja qual for o partido que esteve à frente das decisões, o que queremos é que quem vive aqui, quem optou por viver aqui, tenha as melhores condições e é o horizonte que nos guia”, salienta o autarca. Um novo horizonte à vista A introdução de novas companhias low cost a operarem nos Açores é encarada por José Soares como uma mais valia para o concelho e como uma nova oportunidade embora, assuma, que São Miguel seja o principal beneficiado. Para os Açores, admite que foi um importante passo e realça “ainda bem que o espaço aéreo foi liberalizado”. Questionado sobre se a Madalena se encontra preparada para um turismo de massas admite que, no concelho, ainda há muito a fazer no que diz respeito à capacidade de resposta na hotelaria local. “A nível de capacidade hoteleira falta-nos um hotel mas deu entrada um projeto na câmara e pode ser uma oportunidade. O turismo rural e de habitação são também uma aposta na região apesar de ainda não dar resposta a um turismo de massas. Nós só vamos lá com o turismo mas eu não fico assustado quando dizem que vem muita gente, pelo contrário. São as pessoas que movem a gastronomia, a hotelaria, a restauração”. A preservação dos espaços verdes é também uma preocupação da autarquia mas o autarca acredita que as medidas de preservação estabelecidas são as mais corretas. “Em termos de construção existem regras importantes e têm sido um facto que nos têm ajudado em termos de qualidade e preservação do nosso património para além de uma sensibilidade nova por parte das pessoas. Há muita gente que vem, que acrescenta algo de novo, que investe no concelho e trazem ideias giras e inovadoras. A inovação é importante, essencial”, destaca o presidente. Uma carreira planeada a pensar na população A viver na Madalena desde sempre, José Soares sempre esteve ligado a entidades importantes no concelho. Antes de ser líder do município foi também presidente de junta e vereador o que lhe confere uma proximidade maior com os seus munícipes. O desafio que se avizinha não é fácil mas a vontade de vencer ultrapassa qualquer adversidade. “Sou um presidente próximo da população e estou na política por paixão, por convicção. A gestão de um município pequeno como o nosso nos dias de hoje é mais complicado que há uns anos atrás. Hoje criaramse mais dificuldades aos comerciantes locais, com mais impostos e os apoios às autarquias são cada vez menores. Estamos mais perto das pessoas com dificuldades e dos jovens. A nível turístico tornámos a nossa autarquia mais apetecível, mais cosmopolita e é por aqui que passará o nosso futuro. É para isso que trabalho todos os dias, há sempre mais para fazer”, termina.
Créditos das fotografias a: Pepe Brix
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GRANDE APOSTA NO TURISMO RURAL município de s.roque do pico Diretamente de São Roque do Pico, uma vila portuguesa na ilha do Pico, Região Autónoma dos Açores, a Revista Business Portugal foi conhecer as perspetivas presentes e futuras do presidente da Câmara Municipal, Mark Silveira.
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escortinando a região de São Roque do Pico, pode-se descrever um território pequeno em termos de população, com cerca de 3 388 habitantes, mas grande em termos de área, com 144,31 km², estando subdividido em cinco freguesias. Do ponto de vista económico, esta região é vincadamente caracterizada pela atividade agrícola, pecuária, e mais recentemente, uma nova área que é o turismo, “neste segmento temos uma marca registada apelidada de «São Roque do Pico – Capital do Turismo Rural» e tencionamos apostar nela para alicerçar parte do nosso desenvolvimento, combatendo todas as questões ligadas inseguridade e às dificuldades de transportes” salienta Mark Silveira, acrescentando que as condições nesse sentido estão a melhorar, nomeadamente em termos de ligações marítimas e aéreas, e isso poderá ser um bom principio para o turismo tirar os seus benefícios.
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A par disso, o presidente denota que em prol de uma melhor imagem do concelho, têm sido feitas reparações aos edifícios tradicionais que se encontravam em ruinas, criando uma harmonia com a natureza. Para além disso, o nosso interlocutor define São Roque do Pico como um território muito aprazível em termos de paisagens, gerando tranquilidade e bem-estar não só para quem lá vive, mas também para os diversos turistas que vêm de todas as partes do mundo. Um dos locais de visita obrigatória, indicado pelo presidente, é o Museu da Indústria Baleeira, que esteve associado à caça à baleia e que tem grande importância para o concelho. Este museu permite a observação dos apetrechos e equipamentos utilizados na transformação daqueles cetáceos, assim como indica uma antiga tradição Baleeira, sendo um espaço de grande interesse sobre a caça à baleia e a utilização e fabricação de produtos seus derivados. “O turista quando cá chega já
vem com essa informação e procura conhecer a história que está associada à atividade que foi tão importante para a subsistência e desenvolvimento do concelho” informa Mark Silveira. Hoje em dia, a vila orgulha-se do seu rico património, evidenciando-se monumentos como a Igreja Matriz do século XVIII, ou o Convento e Igreja de São Pedro de Alcântara, também do século XVIII, num opulento estilo barroco de onde se têm belos panoramas sobre a localidade. Mostrando a força e magia da natureza que brindou este Arquipélago, o presidente revela que há uma grande preocupação em “receber bem”, e nesse sentido o executivo tem criado algumas iniciativas no âmbito da formação turística, tendo já disponibilizado um curso de Ecoturismo para formar as pessoas que recebem os turistas “e penso que as pessoas sentem cada vez mais essa abertura. O Pico é uma ilha conhecida pela sua
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hospitalidade e quem nos visita, regra geral sai muito agradado” frisa o presidente. Entre as medidas mais pertinentes que a Câmara Municipal tem ou planeia concretizar, Mark Silveira frisa que o mais importante é promover melhor qualidade de serviços, gerar maior apetência para investir e maior procura. Dada a enorme vontade de contribuir para o desenvolvimento do concelho, o presidente realça que a grande aposta turística reúne um conjunto de investimentos, que incidem no âmbito dos novos quadros comunitários de apoio, que visam melhorar as condições das zonas balneares, “neste sentido pretendemos construir uma nova piscina na zona de Lages, que está
a ser estudada para estar enquadrada para se aliar à paisagem da vinha” indica o nosso interlocutor. Para a freguesia da Prainha, Mark Silveira diz que também está planeado a construção de uma avenida marginal que seja mais agradável para os turistas poderem passear e desfrutar das paisagens. Outro ponto de atração que o executivo de São Roque do Pico está empenhado em levar avante é o Museu de Construção Naval dos Açores, na freguesia de Santo Amaro (que tem na sua essência uma longa história associada a essa arte). Já na freguesia de Santo António, o presidente refere um dos melhores parques de campismo dos Açores e uma zona balnear de eleição, onde pretende reabilitar um espaço anexado a essa
zona com a implementação de um parque multiusos para lazer. Finalmente no centro do concelho, Mark Silveira prevê implementar um novo terminal marítimo de São Roque do Pico com um novo cais que permita receber os navios, que transportam muitos passageiros, de forma a criar melhores condições “que é fulcral para o turismo” afirma o presidente. Apesar de estar apenas há um ano e meio no mandato, Mark Silveira não deixa de referir que o balanço que faz é positivo e pensa que para o futuro ”deverão ser implementadas mais mudanças que levem o concelho a desenvolver-se cada vez mais e melhor” conclui.
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oferta turística diversificada bensaude hotels Para que possamos contextualizar os nossos leitores, começava esta entrevista por lhe pedir que contasse um pouco da história do Grupo Bensaude Hotels. A Bensaude Hotels surge no ano de 1935 com a abertura do primeiro hotel na ilha de S. Miguel, o Terra Nostra Garden Hotel, por um grupo de empresários açorianos, incluindo Vasco Bensaude, visionários do turismo para o progresso dos Açores. Na altura, em 1934, criaram a Sociedade Terra Nostra, que tinha como objetivo o desenvolvimento e propaganda da ilha de S. Miguel, dos Açores, aproveitando as suas riquezas hidrológicas, protegendo as suas paisagens, fomentando a sua divulgação fotográfica em Portugal e no estrangeiro, organizando exposições culturais e arquitetónicas, festas e diversões de caráter educativo e recreativo, construindo ou modificando os existentes hotéis, restaurantes e casinos para proporcionar todo o conforto aos nacionais e estrangeiros, tornando assim, cómoda e agradável a sua estadia. Assim, surge a abertura do Terra Nostra Garden Hotel, uma antiga residencial reconvertida em hotel, ao qual se juntou o Parque Terra Nostra (data de 1755), adquirido e desenvolvido por Vasco Bensaude, um apaixonado pela botânica. Hoje, o hotel é reconhecido, nacional e internacionalmente, pela originalidade do seu traço arquitetónico de Art Déco, e pela qualidade do seu serviço. Hoje, também, o Parque Terra Nostra é um dos jardins mais bonitos e únicos de Portugal, reconhecido internacionalmente pelas suas coleções botânicas (Camellia Garden of Excelence – mais de 600 espécies de Camélias), e pelas suas águas termais, com temperatura a 38ºC.
consequente satisfação dos clientes, é a nossa génese, o nosso investimento, o nosso posicionamento e a nossa diferenciação ao longo do tempo. A nossa missão é criar momentos únicos e inesquecíveis para que os nossos hóspedes desejem voltar. Hoje, orgulhamo-nos de ter os nossos hotéis no primeiro lugar do ranking nos comentários dos nossos clientes, nos Açores, S. Miguel, Terceira e Faial, e uma ótima posição com o nosso Hotel em Lisboa. Sinto sempre um grande orgulho nas nossas equipas, cada vez que leio os comentários dos nossos hóspedes onde elogiam a hospitalidade, a simpatia e a disponibilidade dos nossos colaboradores, muitas vezes aliás, identificando um ou outro.
Têm um forte compromisso com a Região Autónoma dos Açores, com a sua população e os nossos parceiros de negócio. Em que medida esta ligação é uma mais valia para a região? Sim, esse é um dos compromissos do Grupo Bensaude dentro do valor da sustentabilidade. É intrínseca a nossa responsabilidade social nos Açores, por todas as áreas de negócio onde operamos: turismo, distribuição, energia e ambiente, marítima e logística, e sserviços (incluindo transportes terrestres). Acabamos por dar apoio a muitas iniciativas de âmbito social, cultural e desportivo, sempre dando prioridade ao desenvolvimento dos Açores e à ajuda aos locais.
Quais as mas valias que oferecem a quem procura e se hospeda nos vossos hotéis? Para além do constante cuidado no serviço, e orientação para a satisfação dos nossos clientes, todos os nossos hotéis primam pela sua localização, apresentando cada um a sua personalidade e distinção: O Terra Nostra Garden Hotel, o Parque Botânico Terra Nostra ideal para relaxar, os Hotéis Marina Atlântico e Açores Atlântico a sua vista sobre a marina e o mar, o S. Miguel Park Hotel com a sua vista panorâmica sobre a cidade de Ponta Delgada, O Terceira Mar Hotel, a vista sobre o mar e o Monte Brasil, o Hotel do Canal, com a sua história dos bacalhoeiros e vista para o Pico, e o Hotel Açores Lisboa, um jardim em altura, com ótimas acessibilidades para negócios ou lazer. O que os une é a nossa tradição e história, a inovação na procura pelo bem-estar e satisfação do nosso hóspede, a sustentabilidade e os Açores.
Como entrou no segmento hoteleiro? Foi uma oportunidade ou uma paixão pelo setor? Desde muito cedo que vivo o Grupo Bensaude, como empresa familiar. O meu desejo de vir a trabalhar no grupo estava presente desde cedo quando entrei na Universidade Católica para tirar Gestão de Empresas. Recordo-me então, de já durante o curso, e no âmbito de um grupo de trabalho na disciplina de Marketing, apresentar o plano de marketing dos Hotéis (na altura o Terra Nostra, o Hotel S. Pedro e o Hotel Açores Atlântico). No âmbito do protocolo familiar é obrigatório ter experiência fora da empresa durante alguns anos, pelo que inicialmente após o curso, trabalhei três anos no Banco BPI na área de Marketing Estratégico, e depois fui tirar o MBA na ESADE Business School em Barcelona. Foi nessa altura, que fui chamada para ingressar o novo departamento comercial dos hotéis, como técnica comercial, ajudando no lançamento do Hotel Açores Lisboa.
Comemoram este ano o vosso 80º aniversário nos Açores. Como tem acompanhado a evolução e crescimento do vosso grupo ao longo dos tempos nesta região? O turismo nos Açores teve os seus altos e baixos ao longo do tempo. A Bensaude Hotels nunca deixou de operar durante estes 80 anos, apesar da segunda guerra mundial e das crises económicas cíclicas. Na maior parte dos anos, operou com os Hotéis Terra Nostra (Furnas) e S. Pedro (Ponta Delgada). Nos anos 90, reiniciou-se um maior investimento neste setor com a aquisição de vários hotéis em Ponta Delgada, e no início do século XXI, houve uma aposta na construção de novos hotéis, e a respetiva expansão para as ilhas Terceira e Faial, bem como para Lisboa. Verificaram-se portanto, fases de expansão e crescimento, bem como fases de restruturação e consolidação do grupo hoteleiro.
Com a liberação do espaço aéreo e a introdução de companhias low cost a operarem nos Açores, sente que estes dois fatores serão importantes para a dinamização do turismo e que consequentemente atrairá mais visitantes a se hospedarem nos vossos hotéis? O aumento das acessibilidades aéreas, acompanhado de preços mais competitivos, vai, de facto, dinamizar o turismo nos Açores, atraindo mais visitantes nacionais e estrangeiros. Todos os intervenientes no sector do turismo, sejam hotéis, restaurantes, agentes de viagem, animação turísticas, transportes, irão beneficiar.
Neste momento têm sete hotéis, seis nos Açores e um em Lisboa, sendo que são um grupo de referência e que mais oferta turística oferece aos turistas que visitam os Açores. A satisfação dos clientes é a vossa maior preocupação? A preocupação com a qualidade do serviço, e
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Considera que os Açores estão preparados a nível da hotelaria e restauração para receberem este volume crescente de turistas? Sim, existe qualidade na hotelaria, na restauração, nos transportes e nos serviços turísticos, e existe disponibilidade, empenho e simpatia na arte de bem receber dos açorianos. A capacidade na hotelaria e na restauração existente é também suficiente, para além dos recentemente lançados novos projetos, que aumentam e diversificam a oferta turística.
Qual o balanço que faz, desde que é diretora do grupo Bensaude Hotels? O balanço nestes meus 10 anos no Grupo Bensaude tem sido bastante positivo, com muitos desafios ao longo da progressão da carreira. Ter uma visão clara e objetiva, e sendo ao mesmo tempo otimista no futuro, ajuda tanto nas decisões, por vezes difíceis, que temos de tomar, bem como no esforço de persuasão que muitas vezes temos de ter. Envolver e apoiar o trabalho em equipa, é também fundamental para atingir os objetivos a que nos propomos. Neste momento, sou diretora executiva da área de Turismo do Grupo Bensaude, incluindo a Bensaude Hotels, a Agência Açoreana de Viagens e a Varela Rent a Car. Por onde passa o futuro do grupo? Um dos objetivos passa pela sua expansão? Temos objetivos claros de crescimento a médio prazo da nossa atividade com os hotéis que hoje operamos, mas oportunidades de expansão, por reabertura ou aquisição de hotéis, serão sempre analisadas no seu devido contexto. *entrevista a Rui Cordeiro, diretor
município da amadora
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madora: Um município dinâmico com nova identidade Com origens remotas ao lugar da Porcalhota, que passou a chamar-se Amadora, em 1907, a pedido dos seus moradores, esta que é a quarta cidade mais populosa do país contabiliza 175
136 habitantes, de acordo com os dados definitivos dos Censos de 2011. O município da Amadora foi o primeiro a ser criado após a Revolução dos Cravos, mais precisamente a 11 de setembro de 1979, altura em que deixou de ser uma freguesia do Concelho de Oeiras, ao qual pertencia desde 1916. Inscrito na área geográfica da Área Metropolitana de Lisboa Norte, onde se estende por uma área de 23,79Km2, faz fronteira terrestre com os Municípios de Lisboa, Odivelas, Sintra e Oeiras. É atualmente constituído por seis freguesias (Águas Livres, Alfragide, Encosta do Sol, Falagueira-Venda Nova, Mina de Água e Venteira), território ocupado desde a Pré-História, testemunho que nos deixa, por exemplo, a Necrópole de Carenque, datada do final do IV milénio, início do III. Segue-se a colonização pelo império romano, cujos vestígios se nos apresentam sobre a forma do Aqueduto romano da Amadora, com início na barragem romana de Belas, situada no vale da ribeira de Carenque, a cerca de 10 km de Lisboa. Porém, é no final do século XIX que se dá o primeiro grande surto de construção, depois de inaugurada a linha de caminho-de-ferro para Sintra. A proximidade a Lisboa em complemento com condições favoráveis de acesso à capital conduziram a uma previsível explosão demográfica, sobretudo a partir da segunda metade dos anos 50, o que levou a que esta se transformasse em cidade dormitório. Graças a uma grande área comercial que aloja espaços altamente apelativos como o Dolce Vita Tejo (o maior shopping da Península Ibérica) e uma loja da cadeia sueca IKEA, o município da Amadora tem vindo a conquistar um dinamismo próprio que se estende à criação de eventos de renome que ajudam a cunhar identidade além fronteiros. O destaque recai no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, um dos certames mais importantes do género a nível europeu, que conta já com um historial de 25 anos de descoberta de talentos nacionais e obra feita em prole da arte e da cultura.
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O futuro de uma cidade cheia de vida município da amadora Dentro da área metropolitana de Lisboa, fomos visitar Amadora, um concelho com uma área estendida por 24km2 e 176 mil habitantes, estando subdividida em seis freguesias. Em traços gerais, é conhecida pela sua multiculturalidade, uma vez que reúne 41 nacionalidades distribuídas pela cidade. Para dar conhecer as suas valências e, também, para saber por onde passa o futuro da cidade, a Revista Business Portugal entrevistou Carla Tavares, presidente da Câmara Municipal da Amadora, que descortinou o pano económico, cultural e social do concelho.
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tualmente, a Câmara Municipal da Amadora encontra-se financeiramente estável, detendo uma gestão muito equilibrada, com boas condições de investimento. O que, na opinião de Carla Tavares, é um ponto forte porque permite serem um parceiro ativo do governo e permite, essencialmente, desenvolver o concelho dentro daquilo que são as suas necessidades prioritárias. Relativamente à atual estabilidade e solidez, Carla Tavares revela que para que isso seja possível é imprescindível adotar uma estratégia sensata, procurando não dar ‘passos maiores do que as pernas’. Isto é, fazer investimentos calculados. “Desde 2000 que nós apostamos sobretudo em investir nas questões educativas, que eram essenciais para a cidade: criamos salas do pré-escolar, criamos serviços de apoio à família, serviços de alimentação e procuramos condições físicas dentro daquelas que eram as nossas competências na educação”, afirma a presidente, salientando que o seu executivo investiu fortemente em vários projetos que possibilitaram requalificar o concelho. Em suma, Carla Tavares ambiciona que Amadora seja vista como uma cidade competitiva e requalificada, dinamizando a atividade económica e, acima de tudo, uma cidade com qualidade de vida. Mas as medidas do Executivo não se confinam à educação. A área da habitação também foi alvo de interesse, essencialmente a erradicação dos bairros. De acordo com a presidente, a Amadora possuía 33 bairros degradados e cerca de 26 mil pessoas a viverem lá. Neste sentido, o Executivo amadorense não tardou em prosseguir com um programa especial de apoio ao realojamento – um programa criado para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. “Neste campo tem sido feito um grande investimento de erradicação dos bairros por via de realojamento ou de programas habitacionais. Felizmente, hoje entra-se na Amadora e pode-se encontrar zonas arejadas e bonitas como as Portas de Benfica, Azinhaga dos Besouros, entre outros espaços públicos que conseguimos renascer”, explica a nossa interlocutora.
carla tavares Presidente
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Espaços de referência na cidade Quando questionada sobre os locais a visitar na Amadora, Carla Tavares aponta alguns dos espaços verdes mais emblemáticos que ao longo dos anos têm sido construídos e mantidos, sendo estes locais alternativos ao bulício da cidade. Nesta ótica, a presidente da Câmara fala-nos primeiramente do Parque da Mônica, inaugurado a 16 de novembro de 2013, em homenagem ao criador da Turma da Mônica, Maurício de Sousa. É um espaço situado na freguesia Falagueira-Venda Nova com características e vocações únicas, que tem a presença das personagens da Turma da Mônica, como a Mônica, o Cascão, o Cebolinha, a Magali, o Bidu, o Zé Lelé, o Chico Bento, entre outros, construídos a uma escala aumentada, estrategicamente posicionadas em vários locais da zona verde, que possibilitam e incentivam o contacto direto e interativo com as crianças. “Neste parque fizemos um importante investimento que nos permitiu colocar equipamentos especiais destinados a crianças e jovens portadores de deficiência”, conta Carla Tavares, afirmando que esta intervenção marcou todos os intervenientes uma vez que estas crianças, pela primeira vez na vida, tiveram a oportunidade de andar num baloiço. Neste sentido, o Executivo traçou um objetivo futuro de colocar este tipo de equipamentos noutros parques da cidade, permitindo que todas as crianças tenham os mesmos direitos. E porque Amadora é conhecida como a ‘Capital da Banda Desenhada’, Carla Tavares não deixou de destacar o Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora que já celebrou os seus 25 anos de história. “O que temos procurado fazer é trazer a banda desenhada para a rua e que os munícipes se apercebam que esta é uma marca positiva da cidade”, revela a presidente, acrescentando que foram responsáveis pelas pinturas murais que se podem encontrar desde o início do concelho até ao Alto Maduro. De momento, a Câmara está também a realizar interessantes intervenções artísticas no centro de saúde, em bancos, e outros estabelecimentos públicos. É seguindo esta veia artística que dá vida à cidade, que também descortinamos um projeto que tem sido referenciado a nível nacional – o Mapa do Graffiti. Este mapa resulta de um trabalho académico de pós-graduação de Catarina Valente, que nasceu na Amadora. Através deste projeto, a autora diz que se pretende “suscitar a discussão sobre a arte urbana e mostrar a Amadora como um polo artístico-cultural nas expressões artísticas urbanas”. O trabalho de georeferenciação foi feito, por sua vez, com o apoio da Câmara Municipal da Amadora. Assim, o Executivo lançou um mapa interativo que não só identifica o local, como disponibiliza fotografias, vídeos e o testemunho dos autores das obras. Nomen, Slap, Pedro Soares Neves aka UBER, Odeith, SalDoce aka Corleone e EKO são alguns dos artistas que pintaram na Amadora que estão presentes nesta página. “Identificamos 67 murais, com uma plataforma interativa bastante interessante que vamos sempre atualizando”, explica a nossa interlocutora. Para além deste, Carla Tavares realça outros espaços de atração, designadamente o Parque Aventura, o Parque Central, o Parque do Zambujal, entre muitos outros. Outra iniciativa social da responsabilidade da Câmara Municipal da Amadora incide nas pistas de caminhada, uma vez que as pessoas estão cada vez mais vocacionadas para o desporto informal e que, Carla Tavares, entende ser um ponto de partida para uma vida mais saudável. No entanto, a presidente considera que a Amadora não deixa de ser vista como uma cidade cinzenta, por isso tudo o que o Executivo puder fazer para aproveitar os espaços verdes e “dar vida à cidade”, será sempre uma mais-valia. A par disso, a Câmara tem-se focado em reabilitar um lugar de referência da cidade - o Cine-Teatro D.João V, que será inaugurado em setembro. Trata-se de uma
Parque da Mônica
Parque Central
Parque Central
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requalificação funcional e arquitetónica do espaço, permitindo o funcionamento adequado a espetáculos nas mais diversas áreas. O edifício terá capacidade para 392 pessoas. “A reabertura do D. João V vai-nos permitir ter uma oferta cultural mais diversificada e o nosso grande desafio atual é escolher qual a programação para o D.João V ficar mais atrativo”, afirma a presidente.
Planos sociais Dentro daqueles que são os programas de apoio social, a Câmara Municipal da Amadora disponibiliza alguns com especial destaque: a teleassistência – um serviço de atendimento telefónico permanente, uma oficina multisserviços – onde são realizadas pequenas reparações/arranjos em habitação do parque privado e cooperativo, a título gratuito, o Cartão Amadora 65+, que proporciona acesso a bens e serviços com descontos, o Amasénior em que a Câmara dá apoio alimentar aos fins de semana e feriados – programa em que são fornecidas refeições a idosos e/ou pessoas isoladas que já beneficiem em dias úteis das respostas sociais de serviço de apoio domiciliário ou do centro de dia. Para além destes serviços, o Executivo também dispõe de um banco de ajudas técnicas, que empresta equipamentos hospitalares às pessoas que precisam, sejam cadeiras de rodas, camas articuladas, muletas, colchões, andarilhos, entre outros equipamentos. E para que todas estas iniciativas sejam conhecidas pela população amadorense, Carla Tavares explica
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que foi necessário criar uma ação eficaz, reunindo um conjunto 400 voluntários que vão estar na rua, nos jardins, nas paragens de autocarro e um pouco por todos os espaços públicos espalhados pelas freguesias, para conversar com os idosos, com o objetivo de os informar sobre as valências das medidas que a Câmara tem desenhado para eles e dos seus benefícios na sua vida diária.
Desafios futuros Questionada sobre qual o principal dsafio que enfrenta, a presidente revela que é a continuação do esforço financeiro que têm vindo a fazer na erradicação dos bairros degradados. “Esse é prioritário, estamos a fazer um esforço muito grande para acabar a execução do programa especial de realojamento, e estamos profundaente empenhados nesse sentido”. Por outro lado, Carla Tavares fala-nos do lançamento de concurso do processo de videovigilância, um equipamento que vem permitir que as pessoas vivam mais tranquilas e com mais segurança, que pretende ser também um equipamento dissuasor da criminalidade. Deste modo, o Executivo pretende estar já no próximo ano a instalar 103 câmaras distribuídas por todo o concelho. Ao nível da educação, a nossa interlocutora garante que será sempre uma área a melhorar, de forma a reforçar a importância que as questões educativas têm na formação dos jovens residentes.
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Freguesia de realidades distintas, mas enriquecedoras junta de freguesia de encosta do sol
A freguesia de Encosta do Sol faz parte do concelho da Amadora. Na sequência da lei da reorganização administrativa passou, desde 2013, a ser constituída por três bairros: Bairro da Brandoa, Bairro de Alfornelos e o Bairro do Casal da Mira. Na liderança da freguesia há 20 anos, o presidente Armando Paulino considera “que foi um grande desafio”, mas não o maior.
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Encosta do Sol conta com cerca de 28 mil habitantes distribuídos por 2,80 km2. Dela, faz parte o território daquele que já foi considerado o maior bairro clandestino da Europa, confidenciou Armando Paulino. Neste contexto, o autarca considera que “entre a reorganização administrativa da freguesia e a implementação do projeto de reabilitação urbanística, que decorreu há 10 anos, através do financiamento comunitário do PROQUAL, existem dois momentos marcantes na vida da freguesia. A reorganização administrativa tem o seu peso e a sua vantagem, porque é uma questão que era imperiosa tanto aqui, como no país”. Todavia, o presidente da Freguesia de Encosta do Sol considera que “a forma de reorganização não foi a melhor, porque primeiro deveriam ter sido concluídos os quadros de competências próprias que iam ser atribuídas às freguesias”. No que diz respeito à reabilitação urbanística da freguesia, foi possível criar uma série de infraestruturas, “a questão da construção dos equipamentos através do PROQUAL só teve um pequeno senão, já fomos tarde, ficou muito por fazer, não conseguimos todos os apoios, precisávamos de ter construído mais mil fogos para acabar com as habitações que não têm condições de habitabilidade para termos uma nova freguesia. Esperamos agora uma nova oportunidade”, revelou o presidente Armando Paulino.
Os novos desafios
Armando paulino Presidente
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Em termos de valências, a freguesia disponibiliza vários apoios e atividades aos seus habitantes. “Temos um trabalho, por tradição muito vocacionado para os séniores, sendo que com a nova dimensão da freguesia, esse trabalho, é continuado, mas muito difícil. Nós temos aqui três realidades sociais, temos a zona de Alfornelos que é uma realidade completamente diferente da Brandoa e do Casal da Mira”, são “populações distintas, estratos sociais diferentes, logo necessidades de oferta completamente diferentes”, explica Armando Paulino. O presidente adianta assim que, neste sentido tentam promover os “encontros intergeracionais”. Um desses exemplos é a colónia de férias que, no verão, junta avós e netos nas idas à praia. Outras das atividades em destaque são as aulas de informática que permitem a pesquisa dos locais onde a freguesia leva os seus habitantes a passear, assim “todas as viagens que
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comigo, trabalho de dia e de noite, só me falta tocarem à campainha. Há muitos moradores que têm o meu número de telemóvel e que me ligam a qualquer altura e eu faço questão disso. No dia em que eu quiser uma vida diferente só tenho de fazer uma opção diferente”. É desta forma que Armando Paulino pretende cumprir o contrato moral que tem vindo a renovar a cada nova reeleição. “O grande projeto deste mandato é de facto a humanização da freguesia, mas novos desafios há todos os dias, isto não tem custos, dá é muito trabalho, é preciso trabalhar muito”, remata.
Turismo: do investimento estrangeiro à tradição
fazemos têm uma vertente cultural”, revela o presidente da freguesia. No que toca ao artesanato, existem ateliês de vitrais, de tapetes de arraiolos e de pintura. A música também não está esquecida e existe na freguesia um grupo coral. É neste seguimento que o presidente da Freguesia de Encosta do Sol traça o grande desafio dos próximos anos, não só para ele, mas também para todos os autarcas, desafio esse que “passa pela humanização das cidades. As autarquias e os autarcas tiveram um tempo, o tempo do betão, da construção dos edifícios e infraestruturas, dos estádios, dos teatros, piscinas, agora
é preciso humanizar, como é que se vai pôr a população a usufruir dos espaços, das infraestruturas. Os autarcas têm de ter a abilidade de colocar as pessoas a usufruir dos espaços”, considera Armando Paulino. O presidente que cresceu, foi criado e mora no bairro considera que “o trabalho dos autarcas é sempre um trabalho inacabado, termina um desafio e começa outro” e, por isso mesmo, considera que o fator proximidade é muito importante para o desenvolvimento de um bom trabalho. “Conheço as realidades e tenho a grande vantagem das pessoas terem o à vontade
Em termos turísticos, o presidente da Freguesia de Encosta do Sol destaca o investimento de um grupo norte-americano, no valor de 70 milhões de euros, “na reconversão do espaço comercial Dolce Vita Tejo. O espaço foi comprado por um grupo americano que pretende transformar o centro comercial, num novo conceito, criando o centro comercial da família, vão ser construídos parques temáticos e outras infraestruturas”, explicou Armando Paulino. Um evento a destacar é a Feira Antiga à Moda da Brandoa, que contou com a primeira edição este ano, tendo sido realizada de 30 de abril a 3 de maio. O certame chamou muitos visitantes à freguesia, e o sucesso foi tal que a partir de agora o evento vai acontecer todos os anos, revelou o presidente.
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Destaque social na reabilitação da Amadora junta de freguesia de falagueira-venda nova
À volta da capital, a quarta cidade mais populosa do país apresenta-se em contrastes. A força das suas miscelâneas faz do município da Amadora um pólo de diversidade cultural, que é também palco da economia nacional através dos seus parques comerciais, indústrias e sedes de empresas. São muitos os movimentos associativos e as medidas que privilegiam a cultura e o resgate das comunidades fragilizadas. Ana Venâncio é presidente da Junta de Freguesia da Falagueira-Venda Nova, e é ela quem apresenta um pedaço de Portugal onde a aposta na vertente social é realidade presente, explicando ainda que é possível conhecer a Amadora que existe para além das notícias.
Ana Venâncio Presidente
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ão 23 mil habitantes e 2,86 km² de uma área que respira através das apostas sociais. A freguesia da Falagueira-Venda Nova é o renascer de um território em união, que surge em setembro de 2013, através da reforma administrativa imposta pelo Estado. Hoje é exemplo de investimento no capital humano que a constrói. Ana Venâncio preside a Junta de Freguesia desde a sua criação, e soma uma experiência de 14 anos na política local. Assume que ainda não vê os ganhos prometidos pela reforma, e conta à Revista Business Portugal que o foco é investir tempo e recursos para uniformizar os territórios: “Foi vendido que teríamos benefícios financeiros que ainda não vejo. Se calhar, vamos notar no próximo mandato. A
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verdade presente é que investimos muito neste primeiro ano para tentar uniformizar estes dois territórios”.
Balanço da reforma administrativa Enquanto a antiga freguesia da Falagueira tinha uma forte vertente social, foi preciso estender as medidas a todo o território. Exemplo disto é o projeto das Escolinhas de Atletismo, parceria da junta e das escolas locais, que hoje atende a toda a atual freguesia. O mesmo acontece com as medidas que existiam em Venda Nova, como o apoio em regime de comparticipação de 30 por cento do valor dos medicamentos dos idosos, e o Espaço Sénior da Falagueira, criado para o convívio entre a população de reformados, que tiveram o conceito alargado para
melhor servir a todo o território. Hoje, atividades como Tai Chi, ginástica e informática fazem parte da realidade local de forma uniformizada. “No fundo, criamos uma coesão territorial e os serviços passaram a ser postos a favor da população de forma igual”, explica a presidente da atual junta.
A atual freguesia e o perfil social A freguesia da Falagueira-Venda Nova é um território consolidado, e apresenta uma população idosa significativa. De acordo com o último diagnóstico social, mais de 25 por cento está acima dos 65 anos. Bem servida de transportes e vias de comunicação, e a 12 minutos de Lisboa, este é um importante pedaço da
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Amadora. Com dificuldades de ordem social, conta com valiosos projetos desta ordem em execução, e é exemplo da aposta constante no construir de uma nova realidade para o futuro do município. São três bairros sociais, dois deles ainda clandestinos. O único a existir em legalidade, o Casal do Silva, foi criado há dez anos em regime de alojamento e resgatou famílias carenciadas que viviam na ribeira da Falagueira. É lá que encontramos ‘Os Galáticos do Bairro’, projeto que reúne escolinhas de futsal e que tem como principal objetivo criar uma aproximação junto às comunidades de etnia cigana. “Não é uma tarefa fácil, mas tentamos chegar até esta população através dos mais jovens e minimizar esta dificuldade de interação trazida pelas diferenças culturais”, explica a líder autárquica. Diversas associações são apoiadas pela Junta de Freguesia, e mostram o movimento social que fervilha em Falagueira-Venda Nova. A coletividade centenária SFRAA é o maior exemplo a destacar por Ana Venâncio, “com um forte papel a nível desportivo e social”. São muitos os agentes que privilegiam a freguesia com trabalhos de responsabilidade, desenvolvendo programas de apoio à educação e à saúde, e promovendo atividades culturais. “A junta está sempre a trabalhar em paralelo para cobrir as fragilidades da população, e apesar dos poucos recursos, contribui com ajuda logística ou financeira”, refere a autarca.
Olhos postos no futuro Para a presidente da junta, o futuro passa por revitalizar
espaços verdes e investir na revitalização urbana, mas sobretudo, por continuar a apostar na vertente humana. “Não há uma situação generalizada de criminalidade, mas ainda há o conflito latente entre etnias e comunidades, e nós temos que trabalhar para combater através da sensibilização da população”, defende Ana Venâncio. “O projeto ‘Jardim dos Abraços’ surge para promover os afetos e é um exemplo a continuar. Eu acredito que esta é a esperança do futuro e que é preciso começar a trabalhar o Jardim de Infância para quebrar a cadeia de comportamentos violentos que tem sido tema constante na sociedade”, exemplifica a líder política, salientando ainda outro destaque da reponsabilidade social, que é a horta comunitária. “É uma iniciativa pioneira, onde disponibilizamos espaços para a população explorar a terra, e parte desta produção é destinada à Loja de Emergência Social”.
Para quem visita Logo à entrada, as portas do Benfica recebem com uma zona histórica completamente recuperada. A Quinta do Assentista, antiga quinta do período monárquico, é uma referência da zona, assim como o Aqueduto das Águas Livres de Lisboa, que passa junto ao parque da Mónica. O Parque Urbano Aventura convida a conhecer, e é abrigo da Escola Fixa de Trânsito e do circuito de minigolfe, atividades geridas pela Junta de Freguesia. O Moinho do Castelinho, uma zona arqueológica ainda em estruturação, em breve estará aberto ao público. “Estão agora a trabalhar com vestígios da época romana, o
que é muito interessante para quem visita a freguesia”, orgulha-se a presidente. Em setembro existem atividades quase diárias, em comemoração ao aniversário do município da Amadora. Iniciativas culturais e musicais, muitas promovidas pelo movimento associativo da freguesia, que são organizadas para atrair a população, e recentemente, também as feiras setecentistas e medievais começam a ter destaque.
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“TENTAMOS SEMPRE MELHORAR AO MÁXIMO OS NOSSOS RECURSOS” junta de freguesia da venteira
A Venteira é uma freguesia que foi constituída em Outubro de 2013, como uma de seis freguesias do concelho da Amadora, fruto da junção da anterior Freguesia da Venteira e de parte da Freguesia da Reboleira.
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Parque da fantasia, no borel Parque infantil casas do lago
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oje é vincadamente descrita e conhecida por abarcar uma vasta diversidade de culturas que, na opinião da presidente de Junta, Carla Neves, é um fator interessante se houver respeito pelas diferenças culturais. Agora com a agregação, a freguesia, no que respeita à ocupação urbana, difere da antiga freguesia da Venteira, por registar maiores densidades, acrescentando novos equipamentos como a Escola Secundária da Amadora, a Biblioteca Municipal Dr. Fernando Piteira Santos, o Clube de Natação da Amadora, Clube de Ténis da Amadora, entre outros. Assim, a Venteira compreende parte do território considerado o centro da Amadora que está na génese de formação do município, muito ligada à linha de caminho-de-ferro que, segundo os Censos de 2011, possuía mais de 25 mil habitantes, representando face ao município, a segunda posição em área (5.31 km2) e a quarta em população. Neste contexto, a freguesia concentra uma elevada densidade e diversidade comercial, com valores patrimoniais e equipamentos culturais - como por exemplo os Recreios da Amadora, o Parque Delfim Guimarães, a Casa Roque Gameiro e a Casa Aprígio
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Gomes, a Igreja Matriz da Amadora – espaços de saúde – como é o caso do Hospital Fernando da Fonseca, ACES da Amadora, Centro Clínico da Luz - e de espaços de lazer como o Parque da Fantasia e a Ilha Mágica do Lido. A par disso, a presidente reforça que a presença do interface de transportes (Estação da Amadora) contribui para explicar os elevados fluxos de atravessamento (casa-trabalho) e a vivência urbana da freguesia. À semelhança de outros territórios, que coincidem com os centros das cidades, a Venteira mostra uma tendência generalizada para o envelhecimento da população residente, só atenuado com áreas pontuais de expansão mais recente e o esvaziamento do parque habitacional (20 por cento de fogos vagos e de residência secundária, segundo os Censos de 2011).
Lugares de visita obrigatória Sobre os pontos de atração da freguesia, Carla Neves não hesita em enumerar alguns daqueles que considera serem de visita obrigatória, nomeadamente os monumentos de interesse, tanto pela sua oferta cultural, como pelo seu valor histórico e arquitetónico:
igreja matriz
a Casa Roque Gameiro, integrada no movimento da Casa Portuguesa e em parte desenhada por Raul Lino. Seguindo-se, a Casa Aprígio Gomes, onde está instalada a Galeria Municipal e os Recreios Artísticos da Amadora. “Pelo seu valor patrimonial, ressalto também a Ponte Filipina de Carenque de Baixo, para além de um conjunto de memórias que a Junta de Freguesia está neste momento a valorizar e poderá vir a constituir um percurso pedestre”, indica a presidente.
REVISTA BUSINESS PORTUGAL MUNICÍPIO DA AMADORA São também de elevada importância e referência os vários Parques da freguesia, especialmente o mais antigo, dos anos 30 do século XX, o Parque Delfim Guimarães que, de acordo com a presidente, releva um interesse histórico, para além do seu valor de jardim.
Atividades sociais e culturais Ao nível da ação social, Carla Neves realça que há campanhas que a Junta se compromete a realizar, que são fulcrais para a população. A recolha de alimentos por exemplo, em que todos os parceiros da Comissão Social da freguesia estabelecem uma semana de angariação de alimentos para depois criar os chamados “kits de emergência alimentar”, que se destinam a pessoas que vêm pedir auxílio à junta, dada a situação de carência em que se encontram. Outra campanha que a presidente e a sua equipa estão empenhadas em levar avante, é a da sensibilização das pessoas que têm animais, no sentido de estas manterem os espaços públicos limpos. Do ponto de vista cultural, Carla Neves declara que todos os dias a junta dispõe de uma diversidade muito grande de atividades, que passam essencialmente pela organização de passeios a teatros, museus, espetáculos, passeios religiosos, entre outros. Neste sentido, importa ainda referir que a própria junta possui uma biblioteca, a Biblioteca José Régio, onde, para além da promoção da leitura e do acesso à internet, são realizados ateliês de arte e exposições (normalmente mensais) das mais diversas manifestações artísticas. Neste universo, pode-se ainda destacar o Espaço Infantil ‘A Casinha’, como oferta cultural especifica destinada
carla neves Presidente
aos mais novos. Além disso, “a Junta de Freguesia é ainda responsável por atividades culturais com um sentido mais avulso e realizado noutros locais, mesmo que com características menos ‘culturais’, como é o caso do Pavilhão Desportivo Municipal José Caeiro ou do Mercado da Venteira”, explica Carla Neves. Aliado a estas ofertas particulares da junta, há outros locais que oferecem uma oferta variada (por vezes em parceria ou iniciativa da junta), como por exemplo a Galeria Municipal Artur Bual (Casa Aprígio Gomes), a Casa Roque Gameiro, os Recreios Artísticos da Amadora, a Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, todos
equipamentos municipais. Aquilo que a presidente da Junta de Freguesia tem delineado para o futuro é, essencialmente, a requalificação de algumas zonas em estado menos apelativo, o melhoramento e reforço da intervenção ao nível da limpeza pública e, finalmente, a manutenção dos projetos e campanhas que têm vindo a desenvolver. Em forma de conclusão, Carla Neves frisa que a equipa que trabalha consigo é fundamental para o excelente desenvolvimento da freguesia, assim como, para ser o braço direito da população local, auxiliando em tudo o que esta precisar.
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Alfragide: a pequenina que é exemplo na Amadora junta de freguesia de alfragide
A mais pequenina freguesia do concelho da Amadora é a que abriga o maior espaço verde. São dezassete mil habitantes e uma identidade industrial que é marca nacional. Após a reforma administrativa, Alfragide recebeu a parte sul da Buraca e viu elevar a responsabilidade do seu poder local. O resultado está presente nos novos desafios que o atual executivo abraçou e no balanço positivo que mostra como saldo a crescente interação entre a população. Beatriz Azevedo de Noronha preside a Junta de Freguesia e em entrevista à Revista Business Portugal apresenta as potencialidades e o desenvolvimento daquela que define como “uma freguesia para viver”.
beatriz de noronha Presidente
A
poucos minutos da capital, Alfragide é uma das seis freguesias que compõem o concelho da Amadora. Com uma área de 2,51 km2 e dezassete mil habitantes, cresce a olhos vistos e é hoje mais do que uma referência industrial. Com quase dois anos de mandato, a partir da reforma administrativa que definiu a agregação de freguesias, a líder do executivo local orgulha-se do balanço positivo que transforma Alfragide numa grande comunidade com espírito de vizinhança. Esta é a política que quer realizar, e é através dela que define o seu maior objetivo: “integrar pessoas”. Para Beatriz de Noronha, o sentimento de unidade já é uma realidade local, e é através de uma constante aposta na aproximação à população que vê os resultados. “De uma forma geral, as pessoas estão integradas à freguesia e trabalham participando no movimento de cidadania local. Elas
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empenham-se nas associações e depois o trabalho vêse”, afirma a autarca.
momentos diferenciados a cada um é um orgulho e a missão de servir passa também por aí”.
Eventos e inserção social
Educação, responsabilidade social e cultura em foco
Quando assumiu o cargo de líder da Junta de Freguesia, Beatriz Noronha dispôs de tempo e trabalho para criar oportunidades de interagir com a população. Os eventos dinamizados são pensados para envolver a comunidade, valorizando e promovendo a cultura local. Orgulhosa dos resultados, Beatriz de Noronha salienta que “as pessoas ficaram surpreendidas com os eventos que iam sendo organizados porque não estavam habituadas a ter uma junta que trabalhasse para envolver a comunidade”. Para a responsável pela freguesia, isto trouxe mudanças que estão refletidas no comportamento da população: “As pessoas não se conheciam e hoje têm um espírito de vizinhança que é o nosso maior trunfo (...) Proporcionar
Referência também pela qualidade na educação, a freguesia reúne um vasto leque de opções públicas e privadas, sendo destaque a creche/Jardim de Infância da Junta de Freguesia de Alfragide, que soma cerca de 130 crianças inscritas e muitos pais satisfeitos. Integrados ao sistema educativo em questão, os encarregados de educação mostram um dos traços mais fortes da freguesia: Uma população ativamente envolvida no seu desenvolvimento e altamente disponível para as questões de natureza social. Com um relevante movimento associativo, Alfragide reúne condições para crescer para além da vertente económica. Socialmente,
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projetos como o Re-food fomentam a responsabilidade social dos residentes e consolidam a imagem de uma freguesia que trabalha em união. O Re-food de Alfragide foi o primeiro a abrir portas fora do concelho de Lisboa, e é motivo de orgulho para a autarca: “É um projeto sem fins lucrativos, criado para servir como um instrumento que redireciona refeições (sobras) para pessoas carenciadas e que resultou de uma parceria no âmbito da Comissão Social da Freguesia. É conseguido através de importantes colaborações, e damos destaque ao trabalho voluntário da população. A isto se deve o sucesso da iniciativa, que teve início a cerca de um ano”.
Percurso político e missão No poder local desde 2009, Beatriz de Noronha assumiu o compromisso de servir à comunidade e deixou em suspenso a sua atividade bancária, função que exerceu durante 10 anos. Licenciada em Relações Internacionais, a atual presidente da instituição entrou para a política com os pés bem assentes e um único objetivo: dar o melhor de si. “Ser presidente em Alfragide é estar atenta a todos os que cá vivem”, define a autarca que está à frente de uma freguesia jovem, com muitas crianças inseridas e que tem como marca o valor das suas áreas verdes e o seu importante papel para o tecido industrial do país.
Com a sede aberta ao público, a freguesia conta com um diretivo que trabalha muito perto da sua população. Somam-se ainda uma biblioteca modernizada com computadores e acesso à internet, e um amplo espaço de caráter social. “Conseguimos arrendar um armazém polivalente, onde está uma assistente social e onde são praticadas atividades de desporto e lazer, como ginástica sénior, artes marciais e yoga”, refere a líder política, salientando que a criação e dinamização deste espaço foi “essencial” para a comunicação entre o corpo social.
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UMA FREGUESIA DIGNA DE SER VISITADA junta de freguesia de mina de água Após a reforma administrativa do concelho da Amadora, a Freguesia de Mina de Água caracteriza-se por uma agregação entre duas áreas geográficas do concelho (Mina e São Brás), tendo como principal missão contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população local. a preparar uma viatura que possa transportar as pessoas da terceira idade aos centros de saúde, uma vez que uma grande parte da população não tem condições de acessibilidade aos mesmos. Aliado ao transporte, a Junta organiza e dispõe de uma panóplia de atividades sociais que vão desde as férias seniores a custos reduzidos, atividades desportivas, como é o caso da hidroginástica, e iniciativas de convívio que os mantêm ativos.
Higiene urbana e espaços verdes
joaquim rocha Presidente
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o seu todo esta freguesia tem oito quilómetros e 44 mil habitantes. Segundo o presidente da junta, Joaquim Rocha, as duas localidades têm perfis muito distintos pelo que, as medidas a implementar vão de encontro às necessidades de cada tipo de população, tendo em conta a faixa etária e situação financeira. Neste sentido, a Junta de Freguesia de Mina de Água cumpre a sua missão com o propósito de construir uma região sustentável, focada nas pessoas, fomentando os padrões de qualidade, coesão e inclusão social. Quando descortinamos os planos que a Junta tem para a freguesia, a área social é desde logo mencionada, sendo um fator imprescindível para desencadear melhores condições, não só no que respeita à situação socioeconómica, mas também no dinamismo do dia a dia da população.
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A primeira ação da Junta que o presidente anuncia é a distribuição de alimentos a pessoas carenciadas em que as técnicas de serviço social e voluntários que se associam à iniciativa, se encarregam de fazer a recolha dos mesmos para posteriormente preparar uma ‘despensa de alimentos’ que possa prestar apoio imediato a quem mais precisa. Outra iniciativa criada pelos membros da junta é o Voucher Solidário destinado às famílias mais carenciadas que podem usufruir, duas vezes por ano para compras de carne e de peixe. Para além do importante apoio alimentar, Joaquim Rocha destaca também que responde a vários pedidos para compras de medicamentos, dando o apoio direto através das técnicas de serviço social que se responsabilizam pela compra e entrega dos mesmos às pessoas mais necessitadas. Atualmente a Junta de Freguesia de Mina de Água está
Se há projetos que Joaquim Rocha se empenha são aqueles que envolvem o ambiente. Isto porque, segundo explica, é aquilo que as pessoas veem no seu dia-a-dia e são os responsáveis pela beleza da freguesia “tenho um gosto especial para medidas que contribuem para a higiene urbana e para o embelezamento dos espaços, porque permitem manter uma freguesia agradável e digna de ser visitada” explica o presidente. Neste seguimento, o cartão de visita da freguesia é o Parque Central, que o presidente diz ser merecedor de visitas, pela qualidade ambiental que apresenta. Quanto às ofertas culturais, Joaquim Rocha revela que é importante manter a diversidade. “Fazemos concertos com a Banda Filarmónica, temos um grupo de teatro constituído por um grupo de reformados, um Rancho Folclórico chamado «Alegria do Minho» que todos os anos faz o seu festival, festivais de bandas musicais, e organizamos autocarros para levar as pessoas a eventos culturais para manter as pessoas felizes e entretidas” esclarece o presidente. Além disso, a Junta organiza jogos e torneios que reúnem a população para as mais diversas atividades. O futuro da Freguesia de Mina de Água é visto com bons olhos, uma vez que o Executivo prevê implementar projetos que sirvam para dinamizar socialmente e economicamente a freguesia.
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lém de ser a capital de Portugal, Lisboa é a cidade mais populosa do país. Lisboa é reconhecida como uma cidade global devido à sua importância em aspectos financeiros, comerciais, mediáticos, artísticos, educacionais e turísticos. É um dos principais centros económicos do continente, com um crescente sector financeiro e o maior porto de contentores da costa atlântica da Europa. O Aeroporto da Portela recebe mais de 18 milhões de passageiros anualmente (2014), enquanto a rede de auto-estradas e o sistema de ferrovias de alta velocidade (Alfa Pendular) conectam as principais cidades portuguesas à capital. Lisboa é a sétima cidade mais visitada do sul da Europa, após Istambul, Roma, Barcelona, Madrid, Atenas
região de LISBOA
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e Milão, com 1.740.000 de turistas em 2009, tendo em 2013 ultrapassado a marca dos 2.7 milhões de turistas. Os limites da cidade, ao contrário do que ocorre em grandes cidades, encontram-se bem delimitados dentro dos limites do perímetro histórico. Isto levou à criação de várias cidades ao redor de Lisboa, como Loures, Odivelas, Amadora e Oeiras, que são de facto parte do perímetro metropolitano de Lisboa. O centro histórico da cidade é composto por sete colinas, sendo algumas das ruas demasiado estreitas para permitir a passagem de veículos. A cidade serve-se de três funiculares e um elevador (Elevador de Santa Justa). A parte ocidental da cidade é ocupada pelo Parque Florestal de Monsanto, um dos maiores parques urbanos da Europa, com uma área de quase 10 km². Conheça alguns pontos de destaque da cidade de Lisboa.
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Um destino com história junta de freguesia de barcarena Com vários projetos para a freguesia, Fernando Afonso, presidente da Junta de Feguesia de Barcarena, deu a conhecer à Revista Business Portugal, Barcarena e as suas potencialidades.
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ituada nas proximidades da ribeira de Barcarena, em Oeiras, esta freguesia tem cerca de 18 mil habitantes e mais de 5.500 anos de história. A freguesia que está integrada na área da Grande Lisboa, é constituída por um conjunto de paisagens urbanas e, ainda, por alguns traços rurais que “lhe dão uma característica atípica e ‘rururbana’ de ímpar beleza”, como refere Fernando Afonso. Com uma ocupação que remonta ao Neolítico final e Calcolítico inicial, a freguesia teve um desenvolvimento baseado numa economia agro-pastoril, onde se desenvolveram múltiplas atividades económicas, centradas na agricultura, na pastorícia e criação de gado, na pesca – na foz da ribeira e no estuário do Tejo e, ainda, na indústria e no comércio que se começou a desenvolver a partir do século XIV, com a fixação das Ferrarias d`El Rei, mais tarde Fábrica da Pólvora de Barcarena e outras industrias e serviços locais, entre 1540 e 1987. Atualmente, tem uma “razoável” zona industrial, em Queluz de Baixo, que emprega parte da população de Barcarena. Com alguns equipamentos públicos, de teor social e de serviço à população, tais como quatro escolas primárias, bombeiros, centro social e paroquial, piscina, academia equestre, Cercioeiras, lares e várias coletividades, “que ajudam a tornar mais eclética a própria resposta cultural e desportiva da freguesia”, boas acessibilidades mas
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fernando afonso Presidente
com uma rede de transportes públicos algo deficitária, esta é uma freguesia que muito tem para oferecer a quantos a queiram visitar. Composta ainda por diversos espaços públicos, assim como uma zona protegida rural extensa e duas ribeiras – Ribeira de Barcarena e Rio Jamor – “somos a freguesia de Oeiras com mais zonas verdes, onde os visitantes podem usufruir de um ambiente calmo e com uma envolvência excelente para quantos queiram desfrutar dos benefícios da natureza, num ambiente bucólico de invulgar tranquilidade e beleza”, afirma o presidente. Do ponto de vista turístico, podemos apreciar a Quinta da Nossa Senhora da Conceição, a Igreja de São Pedro de Barcarena, a Capela Circular de S. Sebastião, a Estação Neolítica de Leceia, a Quinta da Ponte, a Quinta de Santo António, a Quinta de S. Miguel e, em particular, a Fábrica da Pólvora de Barcarena, “que se constitui como o maior investimento de recuperação industrial do país e é o grande polo cultural e de lazer da freguesia”, e onde se encontra implantado o Museu de Pólvora Negra, assim como o Centro de Estudos Arqueológicos do concelho de Oeiras onde está exposto parte do vasto espólio arqueológico do concelho de Oeiras.
Ação social A intervenção das autarquias e dos municípios no âmbito da ação social, tem-se revelado cada vez mais indispensável e pertinente, tendo como principal objetivo a atenuação dos fenómenos de pobreza e exclusão
social. Assim sendo, a Junta de Freguesia de Barcarena, juntamente com as IPSS´S locais, procura dar respostas às necessidades que vão surgindo no âmbito da ação social, apresentando diversos serviços e projetos que possam ajudar na resolução de alguns problemas que surjam, junto dos franjas mais vulneráveis e desprotegidas da população. Neste âmbito, há que destacar o papel fundamental do Centro Social e Paroquial de Barcarena que chamou a si esta importante tarefa, em estreita ligação com a Comissão Social de Freguesia.
Festividades Relativamente a eventos que marcam a agenda da freguesia, em Barcarena realizam-se vários certames durante todo o ano já que, para além das comuns a todos, cada uma das cinco localidades organiza as suas próprias festas. No dia 2 de fevereiro celebra-se o aniversário da Junta de Freguesia que já conta com 179 anos. Festejam igualmente o Carnaval com a realização de teatros em algumas das coletividades e com os típicos desfiles das escolas primárias. No dia 1 de junho, Dia Mundial da Criança, realizam diversas iniciativas, convidando os pais e as crianças da freguesia para realizarem atividades em conjunto, tal como no ano passado, em que estes passaram uma manhã na piscina, terminando a celebração com uma
REVISTA BUSINESS PORTUGAL REGIÃO DE LISBOA sardinhada. De 26 a 29 de junho irão celebrar as festas de São Pedro, padroeiro da freguesia, que decorrerão na Fábrica da Pólvora com várias atividades, com o objetivo de “unir a população no espaço mais emblemático da freguesia”, comenta o presidente, salientando que do programa consta, entre outros, um Mercado Histórico Seiscentista, muita música para todos os gostos, que inclui um Concerto Promenade pela Orquestra Sinfónica da GNR, jogos tradicionais e com história e muitos outros motivos de interesse num local muito aprazível e carregado de simbolismo histórico e cultural. E no dia 4 de dezembro dão-se as celebrações do dia de Santa Bárbara, padroeira dos polvoristas, “onde fazem uma homenagem aos trabalhadores mortos e vivos da Fábrica da Pólvora”.
Projetos futuros No que concerne a projetos, embora alguns deles dependam da capacidade da iniciativa privada ou das IPSS, é ambição da freguesia ser dotada de uma Escola Secundária e de um pavilhão gimnodesportivo, equipamentos a instalar, preferencialmente, na zona de ligação, Barcarena-Tercena-Queluz de Baixo. “Além disso, é ainda ambicionado um novo Centro Social e Paroquial que permita concentrar alguns serviços desta instituição dispersos pelas diferentes localidades e, por fim, de uma nova Unidade de Saúde Familiar cujo projeto já está na fase de concurso e que, dentro de um ano e meio será, certamente, uma realidade”, concluiu, assim, o presidente, Fernando Afonso.
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“Arruda, em termos de educação, é um exemplo para o país” externato joão alberto faria
Arruda dos Vinhos é já uma referência no ensino regular português. No último ano, o 30º lugar no ranking dos exames nacionais do Secundário, mostrou a qualidade do ensino praticado no Externato João Alberto Faria. O estabelecimento tem 1800 alunos, do quinto ao 12º ano. profissional, que dão equivalência ao ensino secundário. Quando questionado sobre a proveniência dos alunos, o diretor esclarece que o Externato “não seleciona os alunos, como acontece, em outros estabelecimentos do país, prestamos um serviço público de educação. É uma escola que não está num centro urbano e tem médias francamente positivas, muito acima da média nacional. Queremos dar aos jovens de Arruda, qualquer que seja a sua origem social, um ensino do melhor que possa haver em Portugal. É um direito que lhes assiste e um dever nosso. Arruda, em termos de educação, é um exemplo para o país”.
Desafios no passado e no futuro nuno faria Diretor
A
s novas instalações da escola proporcionam uma vista fantástica sobre os montes e vales de Arruda. Antes dos anos 70, a oferta escolar na região era escassa e, em 1973, João Alberto Faria, professor de profissão e natural de Arruda, decidiu que era altura dos seus conterrâneos, independentemente da sua condição financeira, terem a possibilidade de prosseguir estudos mais perto de casa. É desta forma que Nuno Faria, atual diretor do Externato João Alberto Faria, e filho do fundador, revela como surgiu a escola. Dá continuidade ao trabalho do progenitor e é notório que partilha a paixão do pai pelo ensino e pelos jovens de Arruda. “O meu pai achou que os mais novos não deveriam ter passado o que ele passou quando precisou de estudar, teve de fazer muitos quilómetros à chuva e de autocarro para prosseguir os estudos”, revelou o diretor. O fundador apresentou, na altura, o projeto ao Estado que aprovou a ideia, “o meu pai fez as instalações, construiu a escola e, a tutela decidiu apoiar no funcionamento da escola, ou seja, em vez do Estado fazer a construção delegou essa tarefa aos privados”, explicou Nuno Faria, diretor do Externato João Alberto Faria. Atualmente, o diretor revela que “temos um contrato de associação que funciona da seguinte forma, o Estado paga um determinado valor por turma, que serve para financiar os encargos com o funcionamento da escola, encargos com pessoal e outras despesas
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de funcionamento. Fazemos parte da rede pública de oferta de escolas, a única coisa que nos diferencia das escolas públicas é a gestão que é privada”. Em termos de currículo, o Externato segue o nacional, com algumas ofertas, acrescidas ao currículo nacional. “Os resultados dos exames nacionais, do último ano, mostram que estamos no caminho certo, temos objetivos traçados e bem definidos, passamos essa mensagem aos professores e encarregados de educação. Possuímos boas equipas, ao nível administrativo e pedagógico, alinhadas com a nossa missão e objetivos definidos para o médio e longo prazo e motivados para a sua execução”, refere o diretor Nuno Faria, explicando como se constrói um projeto sólido de sucesso onde “a máxima é investir na qualidade”, remata. Os resultados alcançados no último ano letivo, onde a escola obteve “o melhor resultado de sempre nos exames nacionais”, deve-se ao “trabalho e dedicação da equipa”, a quem o diretor do Externato está muito grato “porque dão o melhor de si no dia a dia, trabalhando em prol dos alunos”, relata com orgulho Nuno Faria. Um outro factor apontado, como importante para o alcance de bons resultados, reside numa “grande disciplina, na capacidade de construir boas equipas, motivando os profissionais e os alunos” explica. O Externato João Alberto Faria possui uma oferta formativa que passa pelo ensino regular do quinto ao 12º ano, cursos vocacionais no terceiro ciclo e ainda cursos do ensino
Em retroespetiva, o maior desafio que a escola enfrentou foi em 2011, quando viu “os apoios reduzidos em mais de 30 por cento, de forma abrupta”, salienta o diretor Nuno Faria. A escola foi obrigada a estabelecer um plano de reajustamento rápido e eficaz. A “estratégia foi identificar onde teriam de ser feitos os ajustamentos, programá-los, tendo como máxima a defesa da qualidade do serviço de educação minizando a dispensa de pessoal”, esclarece o diretor. Quanto ao futuro, “passa por manter a escola na senda de um ensino de excelência e de rigor, conciliando a oferta educativa com a tutela e com as necessidades e realidade da região. O principal desafio é a consolidação do ensino profissional nas áreas da restauração, cozinha, hotelaria e turismo”,
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ressalva o diretor. A responsabilidade social e a ligação à comunidade também são contemplados pelo Externato nas suas prioridades, onde se destaca a promoção do relacionamento institucional com a Câmara Municipal, Juntas de Freguesia, Agrupamento de 1º Ciclo, Centro de Saúde e Bombeiros, “quem lidera estas instituições deve ter o elevado sentido de responsabilidade e trabalhar frente a frente em prol do maior activo que Arruda tem: a sua juventude”. A escola vem dinamizando atividades ao “nível do empreendedorismo social, da requalificação de espaços, no apoio a famílias carenciadas”, revela o diretor do Externato. Futuramente, estão projetadas diversas atividades “a mais recente, com os Bombeiros Voluntários de Arruda, no sentido de sensibilizar para o recrutamento de voluntários na escola”, acrescenta. De salientar ainda que, grande parte destas atividades são feitas em parceria com a autarquia e juntas de freguesia de Arruda dos Vinhos, resultando no envolvimento de grande parte da comunidade, onde o objetivo é colmatar algumas falhas existentes na região, ao mesmo tempo que os alunos do Externato recebem formação cívica.
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O meio rural a dois passos de Lisboa junta de freguesia de s.tiago dos velhos A freguesia de S. Tiago dos Velhos pertence ao concelho de Arruda dos Vinhos. “As datas da sua constituição não são claras, mas na igreja existe uma pedra com a inscrição do ano de 1137”, revela o presidente da freguesia, Filipe Bento. Os documentos mais antigos que constam em arquivo são de 1878.
filipe bento Presidente
“R
eza a lenda que a missa na Sé de Lisboa não começava sem que os velhos dos casais de S. Tiago chegassem”. É desta forma que, em S. Tiago dos Velhos, se explica o nome da freguesia, uma vez que, os documentos históricos são escassos, revela o autarca. Conhece bem os seus fregueses e o território. Iniciou-se na vida autárquica em 1982, tendo quatro anos de interregno pelo meio, de 1993 a 1997. É presidente da freguesia desde 2005. Antigamente, em S. Tiago dos Velhos, “o forte da exploração agrícola era a produção de cereais, alguma produção vitivinícola, mas agora há uma boa produção hortícula”, relata Filipe Bento. Atualmente, a população vive sobretudo do “trabalho na indústria. Felizmente não há muito desemprego, existe uma zona industrial que tem alguns postos de trabalho e as pessoas
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complementam isto com a agricultura de subsistência, fazendo a sua própria horta. É a vantagem de estarmos a dois passos de Lisboa, mas em meio rural”, relata o presidente da freguesia de S. Tiago dos Velhos. No que toca às crianças e jovens da freguesia, a revisão da carta escolar estipulava que S. Tiago dos Velhos iria ficar sem 1º ciclo do ensino básico. No entanto, Filipe Bento revela que “após algum esforço, as negociações determinaram que, em S. Tiago dos Velhos, as crianças ficavam na escola da freguesia até ao quarto ano”. Este ano letivo, existem “74 crianças a frequentarem o novo centro escolar da freguesia, sendo apoiadas pelo serviço de transportes escolares de quase ‘porta a porta’ disponibilizados numa parceria da freguesia com o município”, revela o presidente, um serviço de proximidade que é uma mais valia e deixa “os pais mais descansados”, salienta Filipe Bento.
Na freguesia existem algumas associações, tanto ao nível recreativo, desportivo e social. Um grande desafio foi conseguir iniciar a construção do Centro de Dia, onde se pretende ter também um consultório para um médico de medicina familiar. O presidente da freguesia conta que “é a Santa Casa da Misericórdia de Arruda dos Vinhos que dá apoio aos idosos da freguesia. Teve-se alguma dificuldade ao iniciar a construção do centro, mas agora já está a avançar. Se existir algum financiamento deve ficar concluído rapidamente, caso contrário pode demorar bastante mais”. Em termos turísticos, o grande ponto de atração é o Forte da Carvalha, inserido nas Linhas de Torres, conjunto de fortificações situados na península de Lisboa, construídos na época das invasões francesas e que resultaram na derrota das tropas de Napoleão. O Forte está “requalificado e tem uma vista espetacular”, salienta o autarca. Os Moinhos de Vento espalhados pela freguesia são um dos ex libris da região, de onde se destaca o moinho de A-de-Mourão, na posse da freguesia, que se encontra totalmente restaurado e em funcionamento, de onde é possível avistar o rio Tejo, os mouchões e a lezíria até perder de vista, onde as verdes paisagens que crescem por entre montes e vales completam um belo cenário. Quanto a festejos religiosos ocorrem no último domingo de julho, dedicados ao apóstolo S. Tiago. Numa mensagem final, o presidente da freguesia, Filipe Bento, revela que a “dedicação e o trabalho em prol de todos é para continuar”.
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portalegre em destaque
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concelho de Portalegre fica situado entre a planície e a montanha, enquadrado em pleno Parque Natural da Serra de São Mamede, gozando de uma enorme riqueza cultural, paisagística e gastronómica. Destacam-se, além das suas paisagens (e o triângulo turístico Portalegre-Marvão-Castelo de Vide), as vastas ofertas de Turismo Rural e Urbano, a sua gastronomia especial, os seus vinhos, azeites e ainda vários produtos regionais (os Rebuçados de Ovos, as Amêndoas de Portalegre, Bolos Fintos, Boleimas, queijos, enchidos, nos quais se destacam a farinheira de Portalegre IGP, o paínho de Portalegre IGP, o chouriço de Portalegre IGP, etc). A nível de Património Imaterial, destacam-se no distrito as Fortificações de Elvas, recentemente consideradas Património da Humanidade pela UNESCO, e outros em via de reconhecimento ou candidatura, como Marvão e o Cante Alentejano. A nível cultural, destacam-se vários eventos e associações culturais (o Festival de Jazz, a Feira da Doçaria Conventual, as Festas da Cidade, além de várias Feiras de Gastronomia Regional, Feiras Islâmicas, Feiras Medievais e Feiras da Castanha). A urbe, com cerca de 16 mil habitantes, desenvolveu-se principalmente a partir do século XVI, época em que foi elevada a sede de Bispado e à categoria de cidade, o que, conjuntamente com o progresso económico decorrente da agricultura, do comércio e também da indústria, levou à existência de famílias nobres e burguesas que mandaram construir residências com uma certa grandiosidade. Por esse facto, Portalegre possui um dos melhores conjuntos de casas solarengas do país. A cidade tem uma forte tradição industrial. O fabrico de panos de lã data da Idade Média, mas conheceu um notável desenvolvimento a partir do séc. XVIII e, no seguinte, com a fundação da Real Fábrica de Lanifícios, por iniciativa do Marquês de Pombal. No século XIX surgiu a Fábrica Robinson, dedicada à preparação e transformação de cortiça, que é parte integrante da memória de Portalegre e que possui um valioso espólio de arqueologia industrial. Em 1947 surge a Manufactura de Tapeçarias, que pela originalidade e valor artístico dos seus trabalhos, depressa se tornou no “ex- líbris“ da cidade. Já despertamos a sua curiosidade? Fonte: Município de Portalegre
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O sabor que conquista herdade do perdigão Em plenas planícies Alentejanas, encontra-se a propriedade, desde de 2003, de Carlos Gonçalves – Herdade do Perdigão. Aqui, produzem-se “vinhos distintos e arrojados de onde resultam sabores que dão vida ao mais puro dos néctares”, revela o administrador. A Revista Business Portugal foi conhecer mais de perto este produto excelente para lhe apresentar “os segredos de produção, de corpo e alma, resultado de sonhos e vidas dedicadas ao vinho”. muito apreciada e valorizada no mercado externo, mas não podemos expandir muito mais porque não temos produção que chegue, para isso tínhamos que triplicar a produção para apostarmos em outros mercados”, explica o proprietário. A empresa vinícola apresenta diversas variedades de vinho completas, como Vila Romanu, Vinha do Almo, Terras de Monforte e Herdade do Perdigão que vão desde a entrada até ao topo da gama. Sendo que a Herdade do Perdigão reserva, tinto, branco e espumante são cotados como dos melhores vinhos do país. Com 12 funcionários permanentes na adega e vários trabalhadores temporários, essencialmente entre os meses de agosto e outubro, a empresa utiliza as melhores tecnologias de produção, valorizando a segurança alimentar, a qualidade de produto e a preferência do consumidor.
Projetos futuros Apartado 29 7450-999 Monforte Tel. 245 578 135 Fax. 245 578 136
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odeada por 45 hectares de vinha em plena produção, a Herdade do Perdigão situa-se no concelho de Monforte, na encosta da serra de São Mamede e está inserida na Rota dos Vinhos do Alentejo. “Temos a sorte de estar numa zona fantástica do norte do Alentejo, o que confere aos nossos vinhos um paladar e um aroma diferente do resto dos vinhos desta região”, sublinha Carlos Gonçalves. Desde 2003 que a Herdade do Perdigão não tem parado de crescer. Inicialmente, produziam cerca de 80 mil garrafas, hoje em dia contam com um volume de produção de cerca de 500 mil garrafas por ano e são reconhecidos no mercado como vinhos de excelência. “Procuramos fazer qualidade e não quantidade”, afirma o administrador. Carlos Gonçalves explica esta estratégia de crescimento
alicerçando-se nos números que mostram, claramente, que “hoje a procura é superior à oferta”. Estes vinhos em simbiose com as planícies alentejanas resultam num produto que oferece em cada trago cheiros, sabores, sensações únicas e variados momentos de prazer. Apreciado pelas suas características únicas, conferidas pelo clima e solo desta região que garantem qualidades acrescidas, os vinhos da Herdade do Perdigão, estão presentes em todo o território nacional e além-fronteiras. O produto produzido pela marca alentejana viaja para mercados como Angola, Moçambique, Brasil, Canadá, Macau, Alemanha, Holanda, Países Nórdicos, entre outros. “Hoje exportamos mais de cinquenta por cento da nossa produção, a nossa marca já ganhou o seu espaço, sendo
De maneira a projetar os produtos no mercado, Carlos Gonçalves definiu várias ações estratégicas que passam por investir num refresh completo da imagem, como rótulos, embalagem e estacionário. “Como os nossos rótulos já têm cerca de sete anos, temos que renovar a imagem de forma a ficarem mais atuais e mais preparados para o que o mercado exige”, explica o administrador. E ainda, marcar uma maior presença em feiras da especialidade, pois Carlos Gonçalves garante que “até o cliente conhecer os nossos vinhos, é complicado angariar distribuidores. Só depois de os provar e de os degustar é que fica rendido aos nossos vinhos e fica cliente, tudo isto devido ao clima fantástico, à terra, aos dias de sol e de chuva que na altura certa são o culminar perfeito, o que faz com que os nossos vinhos sejam, depois de os apresentarmos, reconhecidos em qualquer parte do mundo”, conclui.
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Referência na sustentabilidade de sistemas agro-pecuários fertiprado Situada no concelho de Monforte, em Portalegre, a Fertiprado - Sementes e Nutrientes, Lda é uma empresa que conta com mais de 25 anos de experiência na área de produção animal baseada na utilização de pastagens e forragens biodiversas, ricas em leguminosas de qualidade elevada e ajustadas às condições de solo e clima de cada zona onde atue.
joão paulo crespo Diretor
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undada em 1990 pelo Engenheiro Agrónomo David Crespo, a Fertiprado foi criada, segundo o seu filho e atual responsável pela empresa, João Paulo Crespo, “com base na experiência inicial promovida pelo seu fundador enquanto investidor do Ministério da Agricultura no anos 60 e 70”. Este revela que entrou para a Fertiprado numa altura transitória, por questões de necessidade de gestão de património, mas o entusiasmo em pertencer a um grupo com potencial de crescimento e devido às ajudas de investimento para a exploração animal e recursos técnicos para a mesma, foram as razões que o levaram a ingressar na Fertiprado. “É uma empresa dedicada a sementes de pastagens e forragens, inicialmente, que nasceu muito ligada à exploração agrícola da zona de Portalegre e neste
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mercado mas que entretanto foi desenvolvendo conceitos, mercados, foi criando as suas próprias marcas e ligada à tecnologia, conseguiu ser referente a outras zonas do território nomeadamente para o norte e facilmente atingiu a liderança no mercado português”, revela João Paulo Crespo. A Fertiprado, conta-nos, está presente no mercado nacional por completo e a internacionalização foi um objetivo facilmente cumprido. Hoje, atuam em Espanha, Itália e Uruguai, onde possuem empresas próprias. “Quando se abriram as fronteiras começamos a trabalhar em Espanha, primeiro numa zona de proximidade. Hoje, ocupamos todo o território espanhol onde somos uma empresa de referência. Em termos de evolução para outras atividades, constituímos em 2004 uma empresa em Itália, A Fertiprado Itália, sendo que é um mercado
interessante, extremamente competitivo e inovador, onde nos temos conseguido afirmar e crescer. Desde 2009, atuamos também no Uruguai, uma experiência sul-americana para tentar ampliar mercados. É um desafio”, refere o empresário. 36% da produção da empresa é direcionada para a exportação e acredita que a mais valia dos seus produtos assenta na redução de custos de produção para os seus clientes. “A nossa base está nas misturas para produção de pastagens e de forragens, sendo dois conceitos muito diferentes. Temos um centro de selecção muito importante onde temos oito pessoas dedicadas à investigação e desenvolvimento de variedades e onde podemos desenvolver novas linhas que nos permitem estar no mercado com uma imagem mais forte e que nos permitem abrir novos mercados em mais países permitindo uma agricultura mais sustentável”, frisa. As perspetivas e objetivos de futuro da Fertiprado passam por continuar a crescer dentro da sua área de trabalho ainda muito diversa entre investigação e desenvolvimento e entre entidade comercial e entidade produtiva. “Somos a única empresa produtora de sementes certificadas de forragens em Portugal com uma área significativa. Por outro lado, somos uma empresa com forte vocação na produção pecuária e logo temos como missão dar a este setor maior competitividade na sua gestão. Queremos apostar em outros mercados, como no sul do Brasil”, conclui João Paulo Crespo.
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O melhor do artesanato alentejano Carola & Borralho Em plena tranquilidade do Alto Alentejo, no concelho de Monforte, podemos encontrar a empresa Carola & Borralho. Uma empresa “praticamente familiar” vocacionada para o produto artesanal em pele, que já ganhou vários prémios de melhor peça concebida e onde todos os elementos vão de encontro ao mesmo objetivo – preservar o artesanato no mercado. Em entrevista à Revista Business Portugal, Sílvia Carola, administradora da empresa, fala-nos um pouco sobre a sua indústria.
sílvia carola Administradora
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undada em 1992 por Sílvia Carola, a Carola & Borralho conta com uma equipa competente, de excelente qualidade e conhecimento do setor. A administradora deu os primeiros passos na profissão enquanto estudava e confessa que foi assim que ganhou o gosto pela indústria. “Comecei a interessame por esta atividade, na altura nunca me passaria pela cabeça que este seria o meu futuro, mas ainda bem que assim o foi”, comenta Sílvia Carola. Decidida, e com a ajuda da Câmara de Monforte, avançou com o projeto de criar a empresa e estabelecer
um negócio sustentável. “A Câmara ajudou-me inicialmente em termos de instalações, mobilidade e de apoio para exposições”, explica. Após ter recebido o alvará começou a conquistar clientes no mercado e a criar uma cadeia de contatos, razoavelmente estabelecida. Atualmente, podemos encontrar o produto artesanal em pele em todo o território nacional e além-fronteiras. Sendo este um negócio, maioritariamente sazonal, é na internacionalização que a empresa Carola & Borralho encontra a sua estabilidade financeira. Os produtos tradicionais portugueses viajam para mercados como Inglaterra, França e Espanha, o que representa cerca de trinta por cento da produção. Com uma equipa de cinco profissionais dedicados e ambiciosos, toda a produção é feita manualmente e de forma tradicional, valendo-lhe a certificação da PPART (Promoção dos Ofícios e das Microempresas Artesanais). “Produzimos na totalidade não só os nossos modelos, mas também qualquer peça personalizada que o cliente idealizar. Com a colaboração de vários estilistas, já produzimos modelos exclusivos que foram apreciados e vistos em vários stands de moda”. A empresa faz reutilização e reciclagem de peles, sobretudo de animais como a ovelha, a vaca e a cabra, espécies abundantes no Alentejo. Tendo como lema a tradição, modernidade e a criação constante de novos modelos a indústria artesanal aposta na qualidade e na inovação, produzindo vestuário, calçado, acessórios e decoração com os mais variados tipos de pele.
No que toca ao calçado, este é produzido com peles de ovelha de raça merina alentejana, típica desta zona de Portugal. E de forma a garantir o conforto e a respiração deste produto, não utilizam qualquer tipo de produto sintético na confeção, apenas lã e curtume vegetal. O que traz vários benefícios para a saúde, principalmente para quem tem problemas de circulação sanguínea. Em todas as linhas de produção, como não poderia deixar de ser, apostam no conforto, na diferença, na inovação e na vontade de criar, preservando sempre a qualidade do produto.
Futuro Numa perspetiva de crescimento tencionam continuar a apostar no projeto de internacionalização, e cada vez mais afirmar a sua marca no mercado, pois apesar do produto ser apreciado e valorizado no mercado, a Carola & Borralho também vende para outras marcas nacionais e internacionais sem marca própria, ou seja, com a marca dos clientes. Daí a aposta contínua de afirmarem a marca Carola & Borralho no mercado.
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“uma escola que se vive” Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Alter do Chão A EPDRAC é uma escola caracterizada pelo seu ambiente familiar, onde todos os que aqui trabalham e estudam se preocupam com o bem-estar e o sucesso educativo e escolar dos alunos, que aqui passam os melhores anos da sua juventude. Maria da Conceição Matos e Vera Rodrigues Tita, diretora e sub-diretora respetivamente, revelaram à Revista Business Portugal que na EPRAC “procuramos educar para a mudança e, para isso, é necessário saber a direção e o caminho, da e na mudança. É este o desafio para a educação dos nossos jovens”. Conheça a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Alter do Chão e a sua contribuição para o futuro do país.
maria da conceição matos Diretora
Para que possamos contextualizar os nossos leitores, começava esta entrevista por lhe pedir que contasse um pouco da história da Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Alter do Chão (EPDRAC)? A EPDRAC surgiu no ano de 2000, com base nos artigos 24º e 25º do Decreto-lei n.º 4/98 de 8 de janeiro e em outras orientações do Ministério da Educação que originaram o processo de extinção da Escola Profissional Agrícola Alter do Chão, em funcionamento desde 1990. A EPDRAC passou ao ensino público no ano de 2001, através da Portaria n.º 165/2001, de 7 de março, regulamentada pelo Dec. Lei n.º 115-A/98, de 24 de maio (alterado pela Lei n.º 24/99 de abril). Por Despacho do Senhor Secretário de Estado da Educação, de 4 de junho de 2010, foi agregada ao Agrupamento de Escolas do Concelho de Alter do
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Chão. Contudo, em 1 de julho de 2012, o Ministério da Educação declarou, através da Secretaria de Estado do Ensino e da Administração Escolar, que concluíra o processo de agregação de escolas e, em simultâneo, definira “a desagregação do Agrupamento de Escolas de Alter do Chão, autonomizando a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Alter do Chão”, permitindo “assim à escola profissional o desenvolvimento do seu projeto educativo, que apresenta especificidades próprias e características únicas”. Sedeada na Coudelaria de Alter, a EPDRAC usufrui de vários pavilhões que contemplam as salas de aula, sala de professores, reprografia, sala de TIC, biblioteca, laboratório, sala de reuniões, coordenação e secretaria, refeitório, bar, pavilhões de arrumos e trabalhos cinegéticos e um pavilhão para a prática desportiva; possui ainda cavalariças bem equipadas,
com capacidade para cerca de 100 cavalos, oficina de siderotecnia, picadeiros cobertos de excelentes dimensões, campo de cross e de obstáculos, pista de galope e duas carrières (picadeiro descoberto apropriado à prática do ensino). A EPDRAC coloca também à disposição dos seus alunos cavalos e alfaias agrícolas, sem os quais não seria possível executar as mais simples tarefas inerentes aos cursos que aqui se ministram. Como descreveria a escola a potenciais alunos e encarregados de educação? Qual o lema por que regem a vossa atividade? A EPDRAC é uma escola com uma cultura, organizacional e institucional, muito própria que a caracteriza e a identifica. As escolas organizam-se em sistemas que dão sentido
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aos seus estudantes e aos que lá trabalham, que estabelecem a sua própria cultura e que exprimem valores e convicções aos elementos da comunidade educativa. Pretende-se (re)construir uma escola suportada nos seguintes princípios: - respeito pela diferença de todos os intervenientes; - abertura à inovação, aceitando os desafios que as mudanças exigem; - dinâmica necessária a uma escola onde é fundamental que a pedagogia seja direcionada para o saber fazer; - determinação na procura de soluções para a obtenção da melhoria de resultados; - equidade, procurando a justiça no tratamento das diferentes situações; Partilha de responsabilidade, promovendo uma cultura de comprometimento a toda a comunidade educativa, concretizada numa liderança colaborativa. A EPDRAC é uma organização social inclusiva em que se deve apostar em preparar hoje o futuro dos jovens e da sociedade de amanhã. Quais os cursos lecionados? Pelas características desta Escola será uma prioridade alargar e diversificar a oferta formativa para poder transformá-la numa referência regional, nacional e internacional. A diversificação da oferta formativa será uma prioridade por forma a captarmos alunos para as áreas em que estamos vocacionados. Assim, possuímos em funcionamento o Curso Profissional de Técnico de Gestão Equina, curso este que possui cerca de 75 por cento dos alunos desta escola, uma vez que estamos em instalações e num meio privilegiados para a prática da equitação. Temos ainda o Curso Profissional de Técnico de Gestão Cinegética que pensamos ser um dos cursos que maior resposta pode dar à vontade e às dinâmicas necessárias para a gestão dos recursos naturais, como a caça e a pesca. Iniciámos este ano, e contamos vir a consolidar, o Curso Profissional de Técnico de Produção Agrária, uma vez que estamos inseridos numa zona agrícola e pecuária de excelência e que cada vez mais é notória a vontade dos jovens em possuírem qualificações que lhes permitam continuar ligados à vida na terra. Ainda dentro do nível secundário da educação somos uma das escola piloto na lecionação dos cursos
vocacionais, sendo que apostámos no Curso vocacional de Produção Animal, que tem mostrado ser uma aposta de sucesso, e no curso Vocacional de Técnico Ferrador que, na nossa opinião e dos diversos empresários que connosco trabalham, é uma aposta com bastante futuro. Temos ainda em funcionamento cursos do Ensino Básico como o CEF de Tratador e Desbastador de equinos e o Curso Vocacional de equitação elementar. Estes cursos pretendem dar resposta aos alunos que não gostam de um ensino mais ‘liceal’ mas preferem um ensino mais prático e ligado a uma área que gostam. Quais os acordos que têm com empresas para estágios ou inserção dos alunos no mercado de trabalho? Para que sejam efetivos os conhecimentos teóricopráticos adquiridos pelos alunos e para que a Escola possa promover os valores a que nos propomos não podemos viver isolados, mas sim em parcerias efetivas. Evidenciamos a importância vital da nossa parceria com a Coudelaria de Alter. Estamos sediados em instalações da Coudelaria e trabalhamos em estreita ligação com a mesma em inúmeras atividades pelo que, para nós, é de grande relevância a manutenção e a evolução desta parceria. A autarquia é parceira desta escola, por inteiro, e o seu papel tem sido vital para a escola. Existem diversas empresas que se disponibilizam a trabalhar com os alunos desta escola e assumem um papel importante na formação dos nossos jovens. Mas, com o aumento da oferta formativa é necessário termos uma cultura de dinamização de parcerias onde a formação dos nossos jovens possa ser uma realidade, pois a Formação em Contexto de Trabalho deverá ser realizada em empresas. Existem ainda entidades com as quais trabalhamos em estreita colaboração e parceria como a Federação Equestre Portuguesa (FEP) e a Escola Nacional de Equitação (ENE) sempre na perspetiva da formação integral dos nossos jovens, nomeadamente aqueles que frequentam o curso de Técnico de Gestão Equina que, para além de concluírem o curso com um certificado de nível 4 e o nível secundário, podem ainda obter o certificado de Treinador de Equitação-Grau I.
Participam e dinamizam também várias atividades, como a Feira Agropecuária, os Campeonatos de CCE e o Troféu Interescolar. Qual a importância deste tipo de eventos para a formação dos alunos e para a escola? Na nossa perspetiva educar exige mudança e, para isso, é necessário saber a direção da mudança e definir os caminhos para prosseguir na mudança. Na organização da mudança temos de definir objetivos para alcançarmos os resultados pretendidos. De facto, uma orientação curricular nesta perspetiva pressupõe o uso de objetivos específicos e comportamentais, considerados objetivos estratégicos, tanto para a organização, como para os atores da mudança. Estes eventos fazem parte do processo de formação e mudança, pois os alunos quando envolvidos nas atividades desenvolvem competências práticas onde procuramos o seu desenvolvimento integral e a valorização das aprendizagens sociais e relacionais e o exercício responsável da cidadania. Temos sempre presente que o ensino seja efetivamente na vertente saber-fazer e na experimentação. Outro aspeto importante na realização das diversas atividades é a promoção da capacidade empreendedora, para que seja efetiva a aprendizagem prática, o espírito de iniciativa e de responsabilidade. Por onde passa o futuro da EPDRAC? O futuro da EPDRAC passa pela continuidade da concretização do seu projeto educativo, trabalhando para que seja cada vez mais real a mudança que pretendemos e para que os nossos jovens possam consciencializar-se de que o seu futuro profissional pode passar efetivamente por áreas tão necessárias para a nossa economia local, regional e nacional como a agricultura e a pecuária. Também procuramos que a escola conquiste a sua autonomia nomeadamente na definição das políticas educativas e na tomada de decisões nos domínios estratégico, pedagógico, administrativo, financeiro e organizacional, não esquecendo que a autonomia prevê a prestação de contas como um fator e instrumento estratégico para a melhoria da qualidade do ensino e, simultaneamente, como condição de reforço da própria autonomia.
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Uma freguesia com história União da Freguesias de Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso de elvas Com vários projetos em carta, José Domingos Laço, presidente da união de freguesias, deu a conhecer à Revista Business Portugal a freguesia e as suas potencialidades.
Reforma Administrativa das freguesias: esta união trouxe vantagens ou não se revelou benéfica? Porquê? Nem sempre as alterações num primeiro impacto são bem aceites, pois todo o sistema é falível mas ao fim de algum tempo tiramos conclusões. Nas freguesias rurais foi com inteligência que se resolveram as unificações para que as populações não ficassem afastadas dos serviços. No nosso caso concreto a união trouxe vantagens, desde logo pelo facto de uniformizar procedimentos e de praticar medidas idênticas para um maior número de munícipes. Permitiu alargar o ‘raio de ação’ sem que haja distinção entre a população, com especial relevo para o facto de se tratar de freguesia urbana, o que, por vezes, pode originar algum ‘desconforto’, resultado de algumas artéria da freguesia servirem de delimitação da mesma. No entanto, foi necessário enveredar por um estudo exaustivo de modelo de estrutura da freguesia que levou à criação da Unidade que envolve todos os eleitos e tem dado muito bons resultados pois é um trabalho em equipa, com objetivos bem definidos para responder ao grande aumento das várias tarefas. A Freguesia de Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso tem como um dos seus objetivos a modernização da sua estrutura organizacional e a maior eficácia dos serviços prestados junto dos cidadãos com qualidade.
josé domingos laço Presidente
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O que falhou ou qual a razão do sucesso, na sua opinião, desta reforma? Decorrido apenas cerca de ano e meio da unificação das freguesias consideramos que o processo foi positivo, contudo não podemos dizer que foi um sucesso, uma vez que ainda estão em curso muitos procedimentos de adaptação, seja a nível funcional, seja resultado do
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‘histórico’ herdado pelas novas estruturas. Consideramos que, com o tempo (eventualmente no decurso deste mandato), se poderá concluir um processo de adaptação forte, consistente e preparado para alcançar os desafios futuros, no entanto pensamos que é, ainda, prematuro, tirar uma conclusão definitiva. Refiro ainda que relacionado com os Assistentes Técnicos existentes (administrativos) não houve formação antecipada o que tem levado a alguns problemas que vamos ultrapassando com mais ou menos dificuldade mas também este setor tem o seu período de adaptação e renovação. Como caracteriza a Freguesia de Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso? Com uma população de cerca de 10.000 habitantes (censos 2011) trata-se de um misto entre uma freguesia predominantemente urbana (atendendo à residência física da maioria da sua população) e uma freguesia predominantemente rural em função da área geográfica que abrange, onde cerca de 90 por cento da mesma se resume a espaço rural, resultante da extinta freguesia. A atual freguesia resultou da ‘fusão’ entre a freguesia do concelho de Elvas com maior número de população (Freguesia de Assunção) com uma das de maior área geográfica (Freguesia Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso). Neste sentido, apesar do acréscimo populacional ter sido ‘residua’, cerca de 10 por cento do total de habitantes da nova Freguesia, verifica-se que a área de intervenção é significativamente maior pelo que há necessidade de gerir a nova estrutura de uma forma equilibrada, principalmente no âmbito dos recursos humanos e no âmbito financeiro. Relativamente à sua economia, o que se destaca? Como freguesia urbana que é, tem sediados, na sua área geográfica, os principais serviços a nível local, bem como um elevado número de associações e coletividades e ainda um leque bastante vasto de empresas (na sua maioria pequenas e médias empresas), quase todas de cariz fundamentalmente familiar (pouca expressão ao nível da criação de emprego). Salientar ainda que na área da freguesia estão instaladas algumas IPSS (Ex. Cruz Vermelha Portuguesa, Lares, APPACDM, e também Hospital e Centro de Saúde), as quais são, hoje em dia, os principais empregadores da mesma, em conjunto com os serviços públicos. Finalmente salientar a oferta hoteleira e de restauração existente na área da Freguesia onde encontramos sediados as principais unidades hoteleiras e os mais importantes restaurantes locais, alguns, inclusivamente são referência internacional, com especial impacto no mercado ibérico. Que apoios e programas tem a Junta de Freguesia em prol dos seus fregueses? Atendendo ao significativo número de programas de cariz social que o Município de Elvas apresenta, nas mais diversas vertentes, a freguesia limita-se, por um lado, a dar continuidade e apoio aos mesmos em parceria com o município e desenvolve, simultaneamente
atividades de apoio à população, destacando-se, desde logo as seguintes: Transporte de População a Centros Médicos e Hospitalares para realização de exames e consultas; Colaboração na realização e entrega de IRS; Recuperação, manutenção e conservação de espaços lúdicos e ajardinados; Criação de acessibilidades variadas para deficientes motores; Criadores de Emprego, em conjunto com o IEFP através dos diferentes programas daquela entidade; Facilitadores de Inclusão Social, em colaboração com o Ministério da Justiça, através do apoio, em atividade laboral a réus condenados com horas de trabalho comunitário; Apoio e colaboração nas Iniciativas das Associações e Coletividades; Atividades lúdico-desportivas diversas, destacando-se, de iniciativas de organização própria como por ex. Caminhada Dia da Mãe, Torneio de Futebol 7 e outras em parceria com o
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Município de Elvas. Acredita que os mesmos sentem os esforços das entidades competentes nos mesmos? Em parte, face ao anteriormente descrito e algum desconhecimento por parte da população das diferentes competências e área de atuação das freguesias. O facto de sermos uma freguesia urbana, as ‘coisas boas’ e as ‘coisas más’ na maioria das vezes são conectadas com a Câmara Municipal. Por norma as pessoas criticam e não dão sugestões positivas mas quando não dizem mal é sinónimo positivo do trabalho desenvolvido. E no que concerne a associações? Como é o associativismo nesta freguesia? Como já indicado, estão sediadas na área da freguesia bastantes coletividades e associações, sejam elas de cariz desportivo, cultural, militar, religioso ou de âmbito social. Na sua maioria assistimos a um elevado dinamismo por parte das associações e coletividades as quais de forma mais ou menos recorrente solicitam o apoio da freguesia, o qual é facultado preferencialmente por via logística. Deparamo-nos com iniciativas de toda a índole, desde torneios de futebol, bailes de carnaval, chás dançantes, acampamentos de escuteiros, distribuição de alimentos, festas de aniversário, colóquios e palestras, exposições, entre outras. O que demonstra a vitalidade do movimento associativo existente. E relativamente a ofertas culturais? A oferta cultural é diversificada, seja por via de exposições, apresentação de livros, peças de teatro, cinema, concertos, etc….Contudo a intervenção da freguesia nesta matéria resume-se a colaborar com as diferentes associações/coletividades responsáveis pela iniciativa. Atendendo a que na área da freguesia encontramos instalados alguns dos espaços museológicos existentes no concelho, os quais são geridos diretamente pelo Município de Elvas, a freguesia limita-se a colaborar com aquela entidade, sempre que solicitado. Quem vem aqui o que deve visitar? Quais os pontos de visita obrigatórios? Tratando-se de Elvas, cidade recentemente designada como Património Mundial pela UNESCO em função do seu vastíssimo património histórico, com enfoque na suas fortificações abaluartadas, é, necessariamente difícil distinguir e realçar pontos de visita obrigatórios na área da Freguesia, uma vez que esse mesmo património se estende, preferencialmente, ao longo da cidade de Elvas, onde encontramos, para além desta Freguesia uma outra, (Caia, São Pedro e Alcáçova). Neste sentido, permitimo-nos realçar alguns locais a visitar, destacando, desde logo os seguintes (deverá ser consultada e solicitada mais informação no Posto de Turismo de Elvas): Património: Aqueduto da Amoreira; O Santuário Senhor Jesus Piedade; Castelo de Elvas; Forte de Santa Luzia; Forte da Graça (atualmente em fase de recuperação); Sé de Elvas e Demais Igrejas; Pelourinho. Museus / Bibliotecas: Museu Arte Contemporânea de Elvas (MACE); Museu de Elvas; Museu de Arte Sacra de Elvas; Museu Militar de Elvas (Forte Santa Luzia); Museu Militar de Elvas (Antigo Regimento Infantaria de Elvas); Sala Ex-Votos Santuário Senhor Jesus da Piedade; Biblioteca Municipal (se possível a Antiga Biblioteca). Na área da freguesia há ótimos restaurantes com oferta diversificada e todos são acima da média na relação qualidade- preço, assim como agradáveis locais de repouso. Por onde passa o futuro da Freguesia? O futuro da freguesia passa, essencialmente, por dar continuidade aos trabalhos que têm vindo a ser desenvolvidos, por iniciativa própria ou em conjunto com o Município de Elvas, no sentido de podermos melhorar a qualidade de vida dos nossos habitantes, tornando, em conjunto, Elvas e a nossa freguesia, em particular, um local mais aprazível. Que quem em Elvas reside possa ter orgulho na sua terra e que quem Elvas visite possa difundir aos quatro cantos do mundo o encanto de uma viagem inesquecível. Para que tudo isto possa ser uma realidade temos muito e muito trabalho por diante, mas acreditamos que é possível, com a colaboração de todos.
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Hospitalidade minhota com qualidade Inatel inatel cerveira Hotel Vila Nova de Cerveira guarda património, gastronomia e folclore de referência. Mas esta terra secular estende-se para além das suas tradições. Em pleno Minho, ganha destaque uma unidade Inatel que abre portas ao turismo de traço contemporâneo. Entre o mar e a serra, emoldurado pelas paisagens naturais e a poucos minutos de Espanha, surge em relevo o Inatel Cerveira Hotel. Em entrevista, João Ramos, gerente do espaço, apresenta as potencialidades de um empreendimento que surpreende pelas modernas instalações, pelo verde envolvente, e pela missão de afirmar-se dentro e fora de fronteiras.
joão ramos Gerente
Como surge a unidade de Cerveira, e de que forma a marca-mãe (Inatel) influencia e na sua identidade? Este hotel faz parte da rede de 17 unidades hoteleiras da Fundação Inatel. Foi inaugurada em 1981, tendo encerrado em 2010 para obras de remodelação. Rabriu em 2012 com um novo visual, mais actual e moderno, de acordo com as novas exigências do mercado. Na minha opinião, esta é a unidade mais moderna da rede INATEL. Quais são as ofertas e serviços disponibilizados ao cliente? É uma unidade moderna, com 100 quartos bem equipados, com uma decoração contemporânea e um toque bastante acolhedor. Dispõe de diversas salas para reuniões e conferências, Biblioteca, Restaurante, Bar, Sala de Fitness, Piscina exterior, Parque infantil, 2 courts de ténis, campo de futebol de 7 e uma vasta área envolvente arborizada. Porquê escolher o Inatel Cerveira Hotel? Pela marca INATEL, que é garantia de qualidade e segurança, e pelo conceito ‘familiar’. A maioria dos nossos clientes escolhe-nos pelo fato de os fazermos sentir que em família. Destaco ainda a qualidade
das instalações e a diversidade de equipamentos direcionados ao conforto dos hospedes. De que forma a estrutura está pensada para receber o público empresarial? O nosso principal cliente situa-se no segmento familiar, no entanto, as nossas excelentes condições estão a despertar interesse por parte das empresas. Durante a remodelação do hotel, uma das preocupações foi criar valências para cativar o segmento empresarial, como as salas de congressos, rede wifi gratuita em todo o hotel, um espaço fitness, e o lobby para descontração dos clientes. Outra das preocupações foi criar uma equipa altamente profissionalizada e motivada. Temos ainda o Restaurante ‘Cervo’, que apresenta um menu que valoriza a gastronomia regional e complementa a experiência. O que esperar da envolvente do hotel? No Inatel Cerveira pode ler-se um livro à sombra de uma árvore, mergulhar na piscina, jogar ténis ou futebol. Os adultos tomam uma bebida no bar do hotel enquanto os filhos se divertem no espaço pensado cuidadosamente para crianças, sempre com a vigilância dos pais, já que o espaço é envidraçado. Os clientes podem ir à Galiza e visitar Tuy, Vigo, Santiago de Compostela e
Baiona. Há praia do outro lado da fronteira, e do lado de cá temos a praia de Moledo. A quantidade de iodo faz desta praia uma das mais procuradas pelas suas qualidades terapêuticas. Quem gosta de desporto pode experimentar canoagem, caiaque, Btt, passeios com Trike, etc. Para quem visita Cerveira, que sugestões oferecem? A gastronomia é um dos principais cartazes da região: O arroz de lampreia, o sável, o cabrito assado, os rojões, acompanhado com o famoso vinho verde, branco ou tinto. A visita ao Cervo no alto da serra é obrigatória. Dali, temos uma vista surpreendente sobre a Vila de Cerveira e o rio minho. E temos um vasto património cultural: o Aquamuseu do Rio Minho, o Castelo de Cerveira, a capela de S. Sebastião, a Igreja de S. Cipriano,o Fórum Cultural/Fundação Bienal de Cerveira, entre outros. Existem projetos pensados para o futuro? A nossa maior aposta é proporcionar aos hóspedes experiencias únicas. Criamos pacotes gastronómicos e de lazer/desporto, que ficam para sempre na memória. A curto/médio prazo vamos dotar o hotel de um pequeno SPA e aumentar a oferta de serviços.
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vila do conde, um mar de potencialidades
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ila do Conde, cujas origens ancestrais remontam ao ano de 953, atingiu o seu apogeu comercial e marítimo com a construção naval durante o século XVI, numa relação de desenvolvimento regional intimamente ligada aos Descobrimentos. Deste legado rico em história há tradições que se mantêm até aos dias de hoje, numa relação respeito entre a terra, o Homem e o mar, cimentadas pelo porto e pela alfândega. Orientado para o futuro, o município procura manter uma dinâmica atual, com trabalho reforçado na requalificação da zona envolvente ao Mosteiro de Santa Clara, a intervenção na zona do Cais da Alfândega, com a construção de um ancoradouro de barcos de recreio, a construção e musealização de uma réplica de uma nau quinhentista e a reestruturação da frente urbana marítima, com vista ao usufruto das condições naturais inerentes à proximidade ao mar. Composto por 21 freguesias e sete Uniões de Freguesias, este conselho concentra características díspares que resultam numa apelativa conjugação entre as praias do litoral e a ruralidade das freguesias interiores. À oferta balnear dos 18 km de costa que muitos atrai, sobretudo no verão, acrescem os atributos históricos contidos em monumentos e vestígios pré-históricos como o Castro de S. Paio e a Cividade de Baguente. Também a gastronomia da região reflete esta dicotomia em que o peixe e o marisco rivalizam com a carne e abrem apetite para os doces de inspiração conventual. Também não é por acaso que Vila do Conde é a cidade anfitriã de uma das feiras de artesanato mais prestigiadas do país. Desde os bilros, de tradição secular, às mantas de trapos e às camisolas de lã, passando pelos trabalhos de ferro forjado, a mestria é muita e recomenda-se. Chegado o verão, não faltam razões para rumar a esta cidade nortenha, porque a oferta é para todos os gostos. Vila do Conde e os seus habitantes abrem as suas portas e têm agendado para os próximos tempos o Festival Internacional de Curtas Metragens, a Feira Nacional de Artesanato, a Feira da Gastronomia, as Memórias no Centro da Festa, a Feira das Atividades Agrícolas e as Festas a S. João. Da nossa parte, fica o convite!
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“Qualidade, Inovação e satisfação é o que nos move” arvorense Com perto de 4000 pessoas, a União de Freguesias de Touguinha e Touguinhó, do concelho de Vila do Conde, foi constituída em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional. Com sede em Touguinha, esta união é presidida por Ilídio Gomes que hoje nos conta como funciona a gestão desta agregação e as valências das duas regiões.
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Arvorense, Lda., foi fundada em 1967 por Laurindo Alves da Silva, dedicando-se ao fabrico e comercialização de diversos equipamentos para a área agrícola, atividade na qual se valorizou ao longo de vários anos. Em 1980 iniciou-se no setor dos transportes começando a fabricação de todo o tipo de carroçarias para veículos da gama baixa e média tonelagem, onde rapidamente se assumiu como líder de mercado. Fruto dos investimentos em recursos humanos e tecnológicos foi criado um departamento técnico de projetos e desenho, iniciandose então a produção de carroçarias para todas as gamas de veículos bem como a fabricação de semi-reboques. Em 2004 e dando sequência à estratégia de expansão e crescimento previamente definida, deu-se início à exportação tendo como primeiro mercado o francês. Nos
anos seguintes e na continuação da estratégia, levou a que a empresa hoje tenha equipamentos em cerca de 20 países, (Espanha, França, Alemanha, Argélia, Angola, UAE, Equador, Filipinas, China, entre outros) dispersos pelos mais diversos mercados, como Europa, África, Médio Oriente, América do Sul e Ásia, quer através da exportação direta como através das suas parcerias. Nos dias de hoje, a Arvorense dispõe de uma área de 26.000m2, sendo 6.500 de área coberta, e conta com 70 colaboradores. A Arvorense, Lda. valoriza a qualidade como fator de competitividade pelo que tem o seu sistema de gestão certificado pela Norma NP EN ISO 9001: 2008. Em 2012, a Avorense teve um volume de negócios de 7,1 milhões de euros e encontra-se numa fase de recuperação, após uma quebra que se registou a partir de 2008. Com a atual estrutura, e com
os melhoramentos a serem implementados durante o corrente ano, ao nível do processo produtivo, a empresa conta conseguir aumentar a sua capacidade de produção e assim obter melhores resultados. Em 2013 procede a alteração da designação comercial para B&T Arvorense Lda.
Rua das Cangas 4480-058 Árvore www.arvorense.com
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fernando oliveira Presidente
UMA POSTURA MAIS PRÓXIMA DA POPULAÇÃO junta de freguesia de macieira da maia À conversa com Fernando Oliveira, atual presidente da Junta de Freguesia de Macieira da Maia, em Vila do Conde, a Revista Business Portugal foi conhecer as particularidades da freguesia e o apoio prestado pelo executivo.
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e um modo geral, o presidente que, por sua vez, também é professor de português na Escola EB 2,3 A Ribeirinha, começa por caracterizar Macieira da Maia como uma freguesia que tem uma parte rural muito vincada, estando localizada na confluência de três estradas nacionais. De acordo com o presidente, do ponto de vista geográfico, esta freguesia é privilegiada uma vez
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que é de fácil acesso à comunicação, às escolas, às estradas principais, aos serviços, “e o que a Junta faz é aproveitar a localização para dinamizar as atividades locais, que tragam mais pessoas a visitar a freguesia”, realça Fernando Oliveira. A nível populacional, neste momento Macieira da Maia conta com cerca de 4.000 habitantes embora, fruto da contingência do desemprego, muitos jovens têm optado
por sair e emigrar. Já no seu terceiro e último mandato, Fernando Oliveira afirma que o balanço dos três mandatos é bastante positivo. “Ao longo do tempo conseguimos mudar algumas coisas que eram fundamentais, como por exemplo, adotar uma postura menos institucional e mais próxima da população”, salientando que o papel da Junta é conhecer e ouvir as necessidades das pessoas
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e, sobretudo, que estas possam interpretar a Junta de Freguesia como um serviço que se presta e não como uma obediência a um partido. Desta feita, o lema da Junta de Macieira da Maia é inalterável: levar os projetos e os compromissos até ao fim. É assim que o presidente define o seu método interventivo, adiantando que apesar de ter o poder de decisão considera que é essencial ouvir primeiro os intervenientes e chegar a um consenso geral. Entre os lugares mais atrativos e históricos desta freguesia, é possível assinalar a Ponte D. Zameiro e Azenhas, a Ponte d’Ave e Mamoa de Sabariz (quase desconhecida, encontra-se dentro de uma grande propriedade e foi assinalada por Carlos Alberto Brochado de Almeida cerca de 5.000 a 3.000 a.C.).
Apoios e atividades sociais Atualmente o presidente identifica várias áreas rotuladas de prioritárias. Começando pela área educativa, em que a junta presta um apoio direto às escolas com a implementação de um gabinete de psicologia de auxílio às crianças, que evita que os pais tenham de procurar psicólogos particulares. O grande objetivo do presidente, também ele docente, é colaborar na melhoria dos resultados das aprendizagens e da socialização das crianças e jovens da freguesia.
Para além disso, Fernando Oliveira afirma que também apoiam as diversas atividades desenvolvidas pelas associações. Dos eventos locais destaca a Feira de Artesanato, que decorre a partir do dia 15 de agosto no largo de Vilarinho, onde os artesãos expõem os seus diversos produtos. Os expositores passam por uma prévia seleção que Fernando Oliveira diz ser fundamental para garantir maior qualidade à feira. De seguida, podemos encontrar com a Feira de Velharias e Colecionismo, que acontece no segundo domingo de cada mês, e que tem como principal objetivo a valorização e comercialização de objetos/coleções antigas. Atualmente, esta feira conta com pessoas provindas de Braga, Viera do Minho, Gondomar, e tem crescido significativamente ao longo dos anos. Além destas ações, e de forma a valorizar a vertente cultural e desportiva, o presidente diz que organizaram o “passeio das famílias”, onde se faz um percurso com uma vertente cultural e outra de lazer e o almoço é feito em piquenique, de forma a fomentar o convívio. Sobre as atividades destinadas à terceira idade, todas as semanas há desporto sénior, com um professor de educação física solicitado pela Câmara Municipal, e de quinze em quinze dias fazem natação nas piscinas municipais. “É uma forma de manter os idosos ativos e felizes” ,frisa Fernando Oliveira. Sobre este assunto o
presidente adianta ainda que o movimento associativo da freguesia é fortemente virado para o desporto, como é o caso do CCDM – Centro Cultural Desportivo de Macieira, a Escola de Futebol de Macieira da Maia ou o MAC – Macieira Andebol Clube, direcionado para o andebol que é uma das modalidades mais importantes da freguesia. E por fim, Fernando Oliveira refere ainda a associação de columbófila, dedicada à prática da criação, seleção e cultivo de pombos-correio e também o importante e referenciado Grupo Folclórico de São Salvador de Macieira e a sua Escola de Música Joaquim Ribeiro. Posto isto, o presidente assegura: “tentamos que todas as associações tenham as condições necessárias e disponibilizamos espaços para que possam desenvolver as suas atividades da melhor forma”.
Planos de melhoria Candidatando-se aos fundos comunitários, Fernando Oliveira está agora empenhado num projeto que visa aproveitar as instalações da junta para acrescentar um Centro Cívico, com o objetivo de criar um espaço para reuniões e, de igual forma, aumentar serviços. Para além disso, prevê-se a construção de uma casa mortuária de forma a responder aos pedidos da população.
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Freguesias de características distintas unidas a favor dos cidadãos união de freguesias de rio mau e arcos Para melhor entender a dinâmica que une as aldeias de Rio Mau e Arcos, sob a alçada de uma gestão conjunta favorecida pela união das freguesias, a Revista Business Portugal esteve à conversa com dois dos seus maiores conhecedores: Sara Balazeiro, atual presidente do executivo, e Rui Barbosa, último presidente da junta de Arcos, agora secretário.
As freguesias que compõe a União de Freguesias de Rio Mau e Arcos são muito diferentes. Nesse sentido, e a respeito dos benefícios que possam ser retirados desta união, os dois autarcas estão em conformidade: quase nada mudou. Para que não haja dúvidas quanto à estratégia de governação empregue, fica o esclarecimento de que as alterações não passam de uma formalidade. “Quando decidimos avançar com a união e com uma lista de candidatos foi com o pressuposto de que a Sara Balazeiro e o Miguel Sousa Campos (antigo presidente da freguesia de Rio Mau e atual tesoureiro) seriam responsáveis por Rio Mau, enquanto eu e a minha equipa seríamos responsáveis por Arcos”, afiança o secretário. “Algo que tem sido religiosamente cumprido”. Quaisquer rivalidades entre a população que possam advir desta situação são imediatamente descartadas pela presidente. “Há entre todos um bom entendimento”, os habitantes das duas aldeias sabem distinguir que “não tem muito a ver se as coisas estão previstas para lá ou para cá, nem com as dimensões das aldeias, mas sim com as necessidades”. Tendo em vista essas mesmas necessidades foi criada a Omnium Âncora – Associação de Desenvolvimento Social e Cultural, cujo maior objetivo reside na criação
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de um Centro de Dia. Perante a falta de infraestruturas e organismos no que concerne à ação social, esta tornou-se na principal responsabilidade das juntas. “Os problemas somos nós que os resolvemos”, afirma a presidente, o que passa por consultas de podologia, serviços de transportação e apoio no preenchimento do IRS, entre outros. “Estamos a querer ser parte dessa associação para oferecermos esses serviços de uma forma oficial, e para que possamos ter também o apoio do Estado”, reitera Rui Barbosa, ao reafirmar a disponibilidade a 24 horas dos dois autarcas. “As pessoas acreditam em nós porque não nos vêem uma vez de três em três meses, as vêem nos todos os dias”, assegura. “A nossa maior obra, quando em 2017 formos a eleições, é as pessoas poderem dizer que estivemos presentes quando precisaram de nós”, conclui. Futuramente, a urgência recai na construção de uma ponte sobre o rio Este, em Arcos, “um projeto que faz muita falta e que a população ambiciona há muitos anos”. A ponte românica já existente, apesar da sua relevância cultural, é insuficiente para a passagem de tratores de maiores dimensões. Não obstante o empenho em cumprir o manifesto apresentado, para o
qual esperam contar com os quadros de apoio, fica a consciência de que só isso não basta. “Conseguimos vencer as eleições com uma vantagem muito grande porque também nós somos do povo, mas sabemos que há coisas que, dada a conjuntura do país, são muito difíceis”. Da lista de necessidades fazem também parte algumas pavimentações necessárias em Rio Mau e a candidatura de Arcos a Património Mundial da UNESCO. Para além de rica em monumentos, a União de Freguesias é agraciada pela rota PR03 que para além dos caminheiros de Santiago atrai com as suas paisagens os turistas que se instalam nos estabelecimentos de turismo rural da zona. Nestas duas freguesias tipicamente rurais, o setor da agricultura está mais vocacionado para o autoconsumo e para a venda em feiras locais. Em Arcos, a atividade divide-se pelo setor terciário, sendo a área industrial pouco significativa. Empresas como a Udo, a CevarGado, a Agrolink e a Pradecom ajudam a contrariar a tendência, embora em termos de criação de postos de trabalho os números não sejam pouco expressivos. Em Rio Mau a maior empregadora trata-se do Grupo Sergio Correia. A empresa Silvina Campos, a Quantal e a Procarro são também casos de sucesso.
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“É PRECISO SER TRANSPARENTE PARA AS PESSOAS” união de freguesias de touguinha e touguinhó Com perto de 4000 pessoas, a União de Freguesias de Touguinha e Touguinhó, do concelho de Vila do Conde, foi constituída em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional. Com sede em Touguinha, esta união é presidida por Ilídio Gomes que hoje nos conta como funciona a gestão desta agregação e as valências das duas regiões.
ilídio gomes Presidente
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e forma clara e objetiva, o presidente começa por explanar o modo de atuação da Junta: “o que fazemos é analisar os casos em função das carências, sejam elas económicas, alimentares, de transportes, ou qualquer outro assunto, e auxiliamos as pessoas tendo em conta os nossos recursos”. Para além de estar alerta quanto às necessidades da população, esta Junta também estabelece uma proximidade muito grande com as associações das duas freguesias. É o caso de Touguinha, em que Ilídio Gomes faz questão de evidenciar a Associação Desportiva, Cultural e Recreativa, um espaço que organiza atividades como futebol, rancho folclórico, teatro, e outros entretenimentos culturais que elevam a dinâmica da população. Do ponto de vista turístico, o presidente realça que há em Touguinha e Touguinhó uma panóplia de monumentos
históricos, como a Ponte Românica de Touguinhó, a Ponte de Este (Touguinhó), a Igreja de Touguinha e outros lugares naturais, que são alvo de visita para muitos turistas. Sendo que todos estes marcos precisam de manutenção “mas para nós criarmos condições e pormos as coisas a funcionar, temos que ter verbas e nem sempre é fácil, é preciso uma ginástica muito grande” desabafa o presidente. Sobre os desafios diários, Ilídio Gomes diz que hoje em dia é imprescindível criar sinergias, de forma a unir entidades como o governo, as câmaras, as pessoas, que permitam facilitar a concretização de objetivos comuns. Questionado sobre a recente agregação de freguesias, o presidente revela que esta é positiva, na medida em que traz mais recursos para equilibrar e concretizar as necessidades de cada freguesia. No entanto, o nosso interlocutor mostra-se descontente com a forma como a dita agregação foi executada: “a ideia seria acabarem
com as duas freguesias e formar uma nova mas não foi isso que aconteceu, assim acabamos por ficar sem uma só identidade clara e objetiva” destaca. Hoje em dia a conjuntura obriga a uma gestão financeira muito apertada, uma vez que a Junta de Freguesia não consegue responder a todos os pedidos, mas Ilídio Gomes afirma que o objetivo é tentar dar sempre prioridade àquilo que considera mais urgente. Assim, importa referir que a grande preocupação da Junta é a questão social “O facto de sabermos que podemos ajudar e resolver os problemas do dia a dia das pessoas, dá-nos um gosto especial e é nesse sentido que trabalhamos” conta Ilídio Gomes. Na perspetiva do presidente, quanto ao futuro há esperança, sublinhando que se considera otimista e prevê que as coisas tenham tendência a melhorar “temos é que trabalhar diariamente para isso” ressalta.
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“Temos de ser audazes e criar novos valores” junta de freguesia de labruge Desta vez viajamos até Labruge, uma freguesia litoral do concelho de Vila do Conde com aproximadamente 5,75 km2 e que conta com cerca de 2800 habitantes. Para conhecermos as valências desta freguesia, ninguém melhor do que o presidente da Junta de Freguesia, André Araújo, para nos elucidar sobre a situação atual.
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presidente, licenciado em gestão, economia e contabilidade, começa por contar que aceitou o desafio de “comandar o barco” em outubro de 2013. Com a ambição de ressuscitar a economia de Labruge, a estratégia de André Araújo foi, desde sempre, dar um contributo à sociedade local com base no seu crescimento “ou seja podemos projetar hoje e ver os resultados a médio e longo prazo” realça. Foi precisamente através de uma análise SWOT que o presidente definiu os objetivos para levar a Freguesia a um patamar superior, identificando as ameaças, as fraquezas, as forças e as oportunidades. Desde que tomou posse, André Araújo não perdeu tempo e expôs a sua ambição para os próximos quatro a cinco anos “que passa muito pelo turismo, gostaria acima de tudo
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que Labruge fosse uma freguesia conhecida pela sua qualidade de vida” afirma. Atualmente, o grande objetivo do presidente é potenciar um turismo sustentado, isto porque Labruge é uma freguesia que envolve praias (com bandeira azul), mar, rios e florestas. Para se fazer valer disto, André Araújo revela que prevê abrir no mês de Julho um albergue de peregrinos de Santiago de Compostela, “ou seja vamos reconstruir e requalificar uma escola primária para criar um albergue, de forma a prestar apoio aos peregrinos e também a algumas associações culturais” adianta o presidente. Relativamente às associações, André Araújo faz questão de evidenciar um movimento cívico, da sociedade civil, designado “vamos limpar a Europa”, que consiste
na limpeza de todas as freguesias, potenciando a sensibilização das pessoas no que respeita o meio ambiente. Neste contexto, a Junta de Freguesia irá disponibilizar todo o equipamento necessário e apoiar este projeto a 100%. Relativamente aos lugares de maior atração, o presidente da Junta destaca uma excecional zona arqueológica, identificando o Museu do Castro de S.Paio, um museu de grande valor arqueológico, biológico e geológico. Para além disso, a estratégia de “macro economia” que o presidente está empenhado em implementar, passa por potenciar o comércio local “Labruge neste momento precisa de um novo modelo, com uma nova dinâmica assente no turismo sustentado, porque hoje um presidente de Junta tem de fazer mais do que limpar
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espaços. Tem de ser ouvinte, conselheiro e tentar seguir um modelo económico” revela André Araújo.
Pontos de referência Para o presidente, é imprescindível ter uma visão que passe por aproveitar as oportunidades da freguesia, tendo em conta as suas riquezas naturais e rurais. Uma das oportunidades foi criar passadiços, que permite que as pessoas possam fazer o caminho ao longo da costa marítima. Do ponto de vista social, em Labruge é possível encontrar infraestruturas como um pavilhão desportivo, uma creche e lares para idosos (um deles privado), e também um centro social e paroquial, “que tem feito um trabalho extraordinário, dando apoio às pessoas mais necessitadas, seja cuidados médicos, refeições, transportes, entre outras valências de primeira necessidade” refere o presidente. A Junta, por sua vez,
estabelece uma parceria com o centro no sentido de apoiar todas essas iniciativas. As praias de Labruge são um dos pontos que André Araújo indica como centro de atração. Todas elas com bandeira azul, muito ricas em iodo e muito procuradas pelos turistas, estando uma delas – a Praia de Moreiró estrategicamente acessível a pessoas com incapacidade motora. Para além disso, o presidente destaca o Rio Onda, que vem desaguar à foz, que a delimita da freguesia de Lavra, a Sul. A par disso, no que concerne ao património arqueológico existe o Castro de S. Paio, onde foram encontrados vestígios associados ao Paleolítico Superior. Nesse mesmo lugar existiu uma povoação da Idade do Ferro que se dedicava sobretudo a atividades piscatórias. É o castro mais próximo do litoral em território português. Aliado ao turismo arqueológico, religioso, também há o turismo gastronómico “neste momento estamos a
preparar tudo para fazer um fim-de-semana do «Festival da Amêijoa», que é uma forma de mostrarmos não só a qualidade da nossa amêijoa mas também outros produtos de foro marítimo e conseguir que Labruge fique também conhecido pelo festival” salienta o presidente, acrescentando que a Junta de Freguesia está empenhada em levar a gastronomia da freguesia ao mais alto nível. Questionado sobre o que é preciso para gerir uma freguesia, André Araújo garante que é importante ter “ambições concretizáveis”, sendo fundamental seguir uma estratégia que defina para onde ir e que meios usar. Para o futuro, o presidente mostra-se otimista e acredita que seguindo um modelo económico adaptado às necessidades da população, facilmente Labruge chegará a bom porto.
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL VILA DO CONDE, UM MAR DE POTENCIALIDADES www.falcamar.pt
Comércio de moluscos e bivalves desde 1984 falcamar A Falcamar foi a primeira depuradora privada a nível nacional. Fundado pela visão empreendedora de um pescador de amêijoa branca, é hoje uma das principais a laborar no nosso país. Localizada em Labruge, Vila do Conde, está presente, sobretudo, no mercado espanhol.
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empresa familiar surgiu no seio de uma família de pescadores das Caxinas. No presente, os dois filhos do fundador são fundamentais na manobra do negócio. António Pereira, um dos filhos, é responsável pelo controlo de qualidade e também pela produção. O atual administrador, Zacarias Pereira, outro filho, revela que o pai descobriu “bancos de amêijoa branca e começou a capturar, juntamente com outras embarcações, liderando a exportação de todo o produto para Espanha”. No país vizinho, já existiam algumas depuradoras e o fundador retirou algumas ideias. Em 1984, decidiu iniciar a empresa, mas só em 1991 é que iniciaram a atividade. “Cinco anos depois tivémos de fazer um novo projeto de ampliação da depuradora, processo que terminou em 2007. Atualmente, é a que tem mais capacidade de armazenamento em Portugal”, referem em entrevista os dois responsáveis da Falcamar. Os produtos
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comercializados são a amêijoa branca, o berbigão, a castanhola, o mexilhão e a ostra. A empresa conta com oito trabalhadores nas instalações de Labruge, Vila do Conde, e dez pessoas no mar, distribuídas em dois barcos, que tratam da captura dos bivalves. Exportam, sobretudo, o produto para Espanha, em Portugal, fazem sobretudo distribuição diretamente nos restaurantes. A Falcamar possui um sistema de depuração “através de ozono, único no país que oferece os melhores resultados em segurança alimentar. Decidimos efetuar um investimento significativo neste sistema devido à sua eficácia comprovada na depuração”, explica, Zacarias Pereira. O HACCP foi implementado e a Segurança Alimentar é monitorizada por uma empresa especializada e acreditada nesta área. No que diz respeito às análises microbiológicas, são efetuadas por um departamento especializado da Univerdade Católica do Porto, há 22 anos.
zacarias pereira (filho) e zacarias pereira Atual Administrador e Fundador
ANtónio pereira Responsável pelo Controle de Qualidade
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ncentivar e valorizar o consumo de produtos nacionais é, hoje em dia, uma prioridade no nosso país. E se é certo que quando se aborda este tema se pensa imediatamente nos bens agroalimentares, não nos podemos esquecer também de setores de atividade tão diversos como o têxtil, o calçado, a construção civil e a metalomecânica, entre outros, cuja qualidade é cada vez mais reconhecida dentro e fora de Portugal. De acordo com os especialistas nesta matéria, é urgente que os portugueses percebam a importância sócio-económica de consumir bens nacionais, no sentido em que dessa forma estão a contribuir ativamente para aumentar a riqueza nacional, reduzir o défice externo e combater o desemprego. Para o economista Miguel Beleza, “numa altura tão difícil como aquela que estamos a atravessar é natural que o consumidor procure sobretudo os produtos que lhe oferecem melhor relação qualidade/ preço, independentemente da sua origem, mas a verdade é que em momentos como este, quando nos chamam ao sentimento, acabamos sempre por aderir”. Conscientes disso, as marcas publicitam cada vez mais a sua portugalidade, investindo e apostando em diferentes campanhas publicitárias que visam sensibilizar os portugueses para a importância de consumir produtos nacionais. No entanto, nem sempre é fácil levar a mensagem até ao consumidor final, nomeadamente porque muitas vezes é complicado identificar quais são verdadeiramente os produtos portugueses. Por isso, na sua próxima ida às compras, tenha em atenção o que pode fazer por si e pelo seu país ao optar por produtos nacionais. É que a produção nacional é sinónimo de qualidade portuguesa.
produção nacional, qualidade portuguesa
REVISTA BUSINESS PORTUGAL
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL PRODUÇÃO NACIONAL, QUALIDADE PORTUGUESA
Sabores de excelência carmim O signo de elegância e o ambicioso compromisso que a empresa estabeleceu desde o primeiro momento com a qualidade, permitiram à CARMIM cultivar um perfil de liderança no mercado de vinhos de qualidade. A CARMIM – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz – foi criada em 1971 por um grupo de 60 viticultores. Trinta e sete anos depois, a qualidade dos vinhos CARMIM passou a ser sinónimo de excelência. A empresa lidera o mercado nacional no segmento dos vinhos de qualidade. Conversamos com Rui Veladas, enólogo da CARMIM.
Rui Veladas Enólogo
O concurso Challenge International du Vin, que decorreu em Bourg, em França, no início do mês de abril, distinguiu o vinho Reguengos de Monsaraz Reserva Tinto 2012 com o Prémio Especial para Vinho Tinto Estrangeiro. Em forma de contextualização, começo por lhe pedir que fale um pouco sobre este vinho. A marca Monsaraz nasceu em final dos anos 90 e no início do milénio era já das marcas de vinho de maior valor a nível nacional. A intenção sempre foi apresentar, através dela, produtos com algo de novo fossem novas combinações de castas, novas práticas de vinificação, packaging ou comunicação. No caso do Monsaraz Reserva 2012 temos um lote de castas mais antigas na região (Alicante Bouschet e Trincadeira) com uma que só recentemente aqui veio demonstrar novamente o seu valor (Touriga Nacional). Enólogos, comerciais do vinho, produtores e enófilos, vindo de 24 países diferentes fizeram parte do jurado. Quais os parâmetros avaliados que vos distinguem e fazem o Reguengos de Monsaraz Reserva Tinto 2012 ser tão especial?
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Como em todos os vinhos de lote o segredo está em conseguir melhorar o resultado final com as virtudes de cada componente. O Alicante Bouschet e a Touriga Nacional fornecem a exuberância aromática e a concentração enquanto a Trincadeira contribui com a elegância e os taninos nobres. A categoria de tintos contou com 2733 vinhos tendo enfrentado uma forte concorrência com vinhos de todo o mundo. Considera que os vinhos portugueses são cada vez mais uma referência a nível internacional consolidando a sua posição no top de vinhos de qualidade? Ao nível da imprensa especializada e dos consumidores mais informados há já algum tempo que isso é considerado um dado adquirido. Falta, em muitos países, dar um salto em termos de notoriedade junto do consumidor comum, menos informado. Sendo o Alentejo uma das zonas que mais produz vinho de excelência em Portugal e Reguengos de Monsaraz uma região pautada pela tradição vinícola, considera que estes prémios são
importantes para a divulgação/promoção dos vinhos alentejanos além-fronteiras? São sempre auxiliares preciosos para uma estratégia de comunicação mais vasta, estruturada e persistente. Não são o bilhete premiado da lotaria. No seu entender, quais as mais-valias que este prémio trará para a CARMIM-Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz? Para a marca, e especialmente junto de consumidores que ainda não tiveram a oportunidade de provar o vinho, esta distinção pode ajudar a ultrapassar esse primeiro grande obstáculo que é a primeira compra. Para a empresa trata-se de consolidar o estatuto que já possui como produtor de vinhos de qualidade. O futuro passa por marcar presença em mais concursos do género, com cada vez mais e melhores vinhos produzidos pela CARMIM? Claro, a procura de reconhecimento, de valor, é para nós um objetivo permanente.
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Delícias que vão do pomar até à boca delícias do tojal Framboesas, mirtilos, amoras, groselhas, feijoas, kiwis ou figos. Estas são algumas das delícias cultivadas durante o ano na rua do Tojal, em Vila Verde. A Revista Business Portugal foi ao encontro desta pequena parte de Portugal que viaja hoje pelos mercados do mundo.
Ayrton Cerqueira Sócio-gerente
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a freguesia do Coucieiro, em Vila Verde, os campos de cultivo das Delícias do Tojal dificilmente passam despercebidos. A ideia inicial do negócio partiu de um homem que tinha uma visão diferente da agricultura em Portugal, um homem que ousou trazer para Portugal fruteiras quando todos estavam dependentes dos cereais. Um homem que chegou a Portugal com kiwis, framboesas, mirtilos, groselhas, amoras e tantos outros frutos nas malas e que ousou experimentar. Quando começaram a ver-se resultados, a ideia alastrou-se. A Delicias do Tojal assume-se como um agrupamento de produtores que quer mostrar a tudo e a todos que Portugal é capaz de produzir com qualidade. A empresa ambiciona já um objetivo de 500 toneladas de pequenos frutos para o ano de 2015.
Três décadas de história Os primeiros testes com o kiwi em Portugal aconteceram
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em 1982, quando a Delícias do Tojal dá os primeiros passos desta aventura agrícola. A experiência mostrou, por um lado, uma boa aceitação do kiwi àquele terreno; por outro, que alguns produtores deviam ser incentivados a apostar neste fruto. Os pequenos frutos, como a framboesa, o mirtilo, a amora e a groselha chegam três anos mais tarde, em 1985, enquanto o kiwi continua a crescer. Na altura, conta Ayrton Cerqueira, sócio-gerente da empresa, “não havia nenhuma estrutura para escoamento de kiwi, nem know-how da parte dos agricultores locais, nem importadores da planta”. Tendo-se identificado essa necessidade, a Delícias do Tojal especializou-se no kiwi, desenvolvendo um departamento viveirista para suprir a esta necessidade fulcral á produção. Este ano fica também marcado pela compra de uma quinta de grandes dimensões, que é depois modernizada em 1992 nas novas e atuais instalações do Coucieiro. Passaram apenas quatro anos até às primeiras plantações em grande escala de framboesa (3ha),
acompanhadas por um aumento significativo das áreas de mirtilo e amora. Com uma forte experiência nos pequenos frutos, a Delícias do Tojal reconhece ter os mirtilos mais antigos em produção da Península Ibérica, com três décadas de existência. A entrada da zona de produção e experiência da empresa e das unidades produtivas de vários colaboradores, no modo de produção biológico, dá-se em 2001, certificando assim o trabalho que já vinha sendo realizado desde 1996, de cultivar sem o uso de qualquer produto de síntese. Para, Ayrton Cerqueira, a produção biológica revelase uma mais-valia, pelas portas que se abrem: “São sempre mais clientes a quem posso vender”. Contudo, o sócio-gerente reconhece que “ainda há uma barreira entre o produtor e o cliente final; há uma inflação que não se repercute no produtor como deveria”.
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Aposta na formação teórico-prática Sentindo uma grande sede de conhecimentos da parte de um novo público de jovens produtores e de agricultores antigos com vontade de reconverter, a Delícias do Tojal decidiu profissionalizar a formação, criando então workshops e formações práticas, de forma gratuita; uma nova forma de ensinar a agricultura, acompanhando cada aula com uma parte prática em campo. O ano de 2014 contou com 15 formações nas áreas da poda, fertilização, colheita, entre outras. A partilha de informação, ideias e filosofias entre parceiros produtores permite a disseminação do conhecimento e a aplicação das técnicas, rápida e transversalmente, colocando a firma na vanguarda da agricultura mundial. São cerca de 100 os produtores associados hoje na empresa, e este é, conforme refere o sócio-gerente, um número reconfortante. “É bom ver produtores que se estão a sair bem graças ao nosso trabalho. Felizmente conseguimos ver o resultado do nosso trabalho e uma melhoria por parte dos produtores”, afirma.
vez mais certificações, também aceitamos fruta não certificada”, explica o produtor. O grande objetivo continua a ser, segundo Ayrton Cerqueira, “ter uma estrutura equilibrada que consiga fazer chegar ao cliente um produto bom, com sabor e qualidade e conseguir que o produtor seja remunerado decentemente por esse trabalho”. O futuro reserva, por enquanto, novos frutos e novos mercados para a Delícias do Tojal. A qualidade, essa será para manter, caraterizada por uma forte consciência ecológica que leva a empresa a utilizar quantidades mínimas de químicos, valorizando sempre o sabor acima da quantidade.
Sinónimo de qualidade A Delicias do Tojal ousou, desde cedo, ser sinónimo de qualidade, sabor, seriedade e valorização agrícola. Passadas mais de três décadas, a empresa comercializa framboesas, mirtilos, amoras, groselhas, morangos, castanhas, feijoas, kiwi Hayward, kiwi Agruta, Kiwi Alisson e figos. São estas “delícias do Tojal” que viajam hoje pelos mercados do mundo. “Apesar de estimularmos a certificação da fruta (global gap e/ou biológico), pois os mercados exigem cada
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a premiar o que é nacional intermarché Uma vez mais, o Intermarché premia os produtores nacionais, reconhecendo o que de melhor se faz no setor primário, nas suas diversas áreas, homenageando os melhores produtores. A propósito da segunda edição do Prémio Intermarché Produção Nacional, conversamos com Mathieu Descoubes, administrador de marketing do Intermarché. O Intermarché organiza a sua segunda edição do prémio ‘Produção Nacional’. Afinal, no que consiste este prémio? O Prémio Intermarché Produção Nacional é um projeto que valoriza e promove a produção nacional e sensibiliza a sociedade civil para a importância do setor primário português. O prémio honra o nosso compromisso de apoiar os produtores e a produção nacional e de contribuir significativamente para um setor de inegável peso para a economia do país. Mas é também uma homenagem a todos aqueles que nunca desistiram da agricultura e dos que fazem diariamente da vontade de trabalhar a terra um caminho para contrariar a tendência do desemprego, da recessão e da escassez de alternativas.
e da distribuição moderna. No final do período de submissão de candidaturas, o júri reunirá para deliberar sobre os 12 pré-finalistas. Destes, será apurado um vencedor em cada uma das categorias representadas.
Qual o desafio que este prémio traz aos produtores portugueses e à produção nacional? Acreditamos que, ao apoiarmos os produtores e a produção nacional através deste e de outros programas, estamos também a contribuir significativamente para o desenvolvimento regional e a impulsionar o movimento em prol da recuperação do país, tão intimamente relacionada com as empresas a operar no setor primário. Na verdade, o Intermarché desde cedo percebeu a importância que este setor representa para a economia do país e, por essa razão, desde o início apoiou e incentivou à produção nacional, criando as bases para uma agricultura sustentável e de interesse nacional. É por isso que, através dos nossos programas de incentivo e do Prémio Intermarché Produção Nacional, perspetivamos um novo rumo para a agricultura nacional, para que esta não seja mais considerada uma atividade do passado, mas um movimento de futuro que permita projetar o estado do país e dos produtores nacionais com mais optimismo. E, aqui, reconhecer e homenagear projetos e produtos de qualidade é o primeiro passo para garantirmos uma maior consciencialização individual e coletiva da importância da agricultura para a economia do país. Foi precisamente isso que procurámos fazer com a criação do Prémio Intermarché Produção Nacional.
O que ganham os melhores das várias categorias? Será selecionado um vencedor em cada uma das categorias representadas, a quem será novamente assegurado o escoamento dos seus produtos durante um ano, com a margem a ser repartida entre o produtor e o Intermarché. Para além disso, será também garantida a visibilidade dos projetos e produtos vencedores em diversos meios, incluindo em loja.
Como está estruturado este concurso? Para se candidatarem ao Prémio Intermarché Produção Nacional, os produtores têm de preencher um formulário de candidatura, disponível em www.premiointermarche. pt. As candidaturas devem ser submetidas de acordo com as categorias de produto a concurso e serão depois avaliadas por um júri constituído por representantes de entidades de reconhecida credibilidade nas vertentes de ensino, ciência e investigação, associativismo, ambiente
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Que categorias são avaliadas? A segunda edição do Prémio traz várias novidades. Entre elas destaca-se o alargamento das categorias a concurso que passam a incluir produtos biológicos e novas subcategorias de produtos processados. Assim, o Prémio Intermarché Produção Nacional permite este ano aos produtores nacionais candidatarem-se às categorias de carnes, produtos da pesca, frutas, legumes, produtos biológicos e produtos processados, através das subcategorias de vinhos, pão, queijos e charcutaria.
Quem se pode candidatar ao prémio ‘Produção Nacional’? O Prémio Intermarché Produção Nacional é aberto a todos os produtores nacionais cujos projetos se encontrem legalizados. Fazendo um balanço da primeira edição, quais as expetativas para este segundo ano? Encontrámos, entre os candidatos da primeira edição, projetos muito interessantes, não só no que diz respeito à componente de inovação do produto e à forma sustentável como são produzidos, como também na componente socioeconómica, nomeadamente no número de empregos criados e na viabilidade económica do próprio projeto, por exemplo. Feito o balanço da primeira edição do Prémio Intermarché Produção Nacional, é seguro dizer que os objetivos a que nos propusemos foram cumpridos. Por isso, a expetativa para este ano é não só aumentar o número de candidaturas, como também continuar a reconhecer projetos que, pela sua importância e qualidade, ajudem a engrandecer o setor primário e a importância que ele assume para os produtores, para a economia e para o país. A produção nacional já começa a ser suficientemente divulgada ou ainda há muito
trabalho pela frente? Há certamente um caminho ainda a percorrer. Mas acredito que as empresas a operar no setor primário e, naturalmente os produtores nacionais, têm uma palavra muito relevante a dizer no que a essa divulgação diz respeito. Desde logo, porque são eles que contribuem, também, para a recuperação da situação económica do país. Acredito também que boa parte deste processo passa igualmente por uma mudança generalizada de mentalidades, onde todos possamos começar olhar para a agricultura com os olhos postos no futuro. E esta consciencialização deve partir não só dos decisores, como também dos novos produtores que encontram no setor primário um caminho alternativo à escassez de oportunidades de trabalho. Qual tem sido o papel do Intermarché nesta promoção, para além deste prémio? Há, efetivamente, um compromisso com os produtores nacionais? Em Portugal há mais de 20 anos, o Intermarché sempre desenvolveu o seu negócio com base numa política de promoção e valorização da produção nacional. Foi isso que nos levou a criar, há 15 anos atrás, o primeiro programa de parcerias com produtores nacionais - o então denominado Programa Agro, hoje conhecido como Programa Origens. Com a criação do Prémio Intermarché Produção Nacional levámos mais longe esta nossa missão de contribuir decisivamente para um setor cuja preponderância para a economia nacional é inquestionável. Os dados demonstram, aliás, o grande peso que o setor agrícola em Portugal tem no PIB nacional, o que comprova que ao promover o setor primário estamos a contribuir para a recuperação do país. O que falta para convencer os consumidores de que os produtos nacionais são de qualidade? Creio que, se há uns anos havia alguma desconfiança em relação à qualidade dos produtos nacionais, a verdade é que, atualmente, a perceção dos consumidores face a esta questão é outra. Aliás, são vários os produtos nacionais de diferentes categorias que ombreiam lado a lado com os melhores produtos internacionais, inclusivamente sendo alvo de prémios e distinções. E isto é demonstrativo da nossa qualidade. O prémio ‘Produção Nacional’ é para continuar? Sem dúvida. O Prémio Intermarché Produção Nacional é um compromisso que assumimos a longo prazo com os produtores, a produção nacional e o próprio país.
PRÉMIO INTERMARCHÉ PRODUÇÃO NACIONAL 2ª EDIÇÃO PREMIAR OS PRODUTORES É PREMIAR PORTUGAL
SE É PRODUTOR NACIONAL, CANDIDATE-SE ATÉ 30 DE JUNHO EM premiointermarche.pt O Prémio Intermarché Produção Nacional reconhece anualmente o que de melhor se faz no setor primário, nas suas diversas áreas, homenageando os melhores produtores.
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freguesia de sangalhios
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iangalhos é uma freguesia portuguesa do concelho de Anadia, com 16,9 km². Foi vila e sede de concelho desde a idade média, vindo esse estatuto a ser confirmado ou oficializado pela carta de foral passada por Dom Manuel I em 1514. Manteve-se como sede de concelho até à primeira metade do século XIX. A freguesia de Sangalhos conserva património histórico de várias épocas. O mais antigo é património móvel do século XV, incluindo as imagens da Virgem com o menino, São Brás e Santa Catarina, todas pertencentes à igreja paroquial, e São Frutuoso, pertence à capela da Fogueira. De final do século XV ou já do início do século XVI são as imagens de São João Baptista (São João da Azenha) e Santa Eufêmia (Sangalhos). Do início do século XVI é a imagem de São Silvestre (Fogueira). A pia baptismal da igreja paroquial é manuelina, grande e rara. Um dos edifícios mais antigos ainda conservados, senão mesmo o mais antigo, é a capela de São João da Azenha, construída no final do século XVI ou início do seguinte. O arranjo exterior da capela de São João data de finais do século XIX. O retábulo existente nesta capela, datado de 1642 e do estilo renascença decadente, é o mais antigo da freguesia. Data ainda do século XVII o cruzeiro de Sangalhos. É um pouco mais abundante o património herdado do século XVIII. Datam deste século as mais antigas casas particulares ainda hoje existentes no Paço, Vila e Fogueira, merecendo destaque a casa da família Seabra Morais Araújo (Fogueira). Datam do mesmo século a Igreja Paroquial de São Vicente e a capela de Nossa Senhora das Dores, de Sá. A igreja é a mais ampla e, artisticamente, uma das mais valiosas da Bairrada. O património herdado do século XIX é mais abundante, mas menos significativo do que o do século anterior. O progresso económico registado ao longo de grande parte do século XX deixou um conjunto patrimonial significativo, constituído principalmente por edifícios comerciais e industriais e por numerosas residências particulares, algumas com significativo valor arquitectónico, situadas principalmente em Sangalhos, São João da Azenha e Fogueira. A história atual faz-se com o ciclismo, sendo uma zona importante do ciclismo nacional, com uma indústria predominante ligada a este desporto.
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Triunfo sobre duas rodas junta de freguesia de sangalhos Situada a poente do rio Cértima, a freguesia de Sangalhos pertence ao concelho e comarca de Anadia. Presidida por António Floro, que no cumprimento deste segundo mandato contabiliza seis anos à frente da autarquia, há muito que tem vindo a contar ativamente com a dedicação do antigo secretário da Assembleia, tesoureiro e secretário do Executivo. polivalente com 1.500 metros quadrados. Destinado aos atletas e equipas técnicas, o Centro de Estágios dispõe de alojamento e de facilidades adequadas à recuperação dos atletas. A nova dinâmica criada por este espaço, cenário de competições em diversas modalidades, tem-se revelado como uma alavanca para o turismo nesta freguesia, cuja localização goza ainda da proximidade às Termas da Curia e à Serra do Buçaco. Para além dos amantes das duas rodas, sejam as motorizadas ou as movidas à força do pedal, também os auto caravanistas têm lugar cativo junto ao edifício da Junta de Sangalhos. Criado pelo presidente há seis anos, o espaço de pernoita dá as boas vindas a viajantes provenientes de toda a Europa. Mais recente, o Aliança Undreground Museum, espaço expositivo que se desenvolve ao longo das tradicionais caves da Aliança Vinhos de Portugal e que alberga peças do acervo da Colecção Berardo, tem feito as delícias de portugueses e estrangeiros, pelo que rapidamente se tornou motivo de orgulho para todos os sangalhenses.
antónio floro Presidente
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angalhos é parte fundamental da história do ciclismo em Portugal e tudo indica que pretende continuar a sê-lo, no reforço da posição de excelência de outros tempos. O autarca recorda o dinamismo de há mais 60 anos, em que esta era uma “das freguesias mais ricas da zona”, o que se manifestava na predominância de fábricas ligadas à indústria do ciclismo e de motorizadas. Atualmente, reduzida a uma população de cerca de 4.600 habitantes, terão sido a falta de interesse das novas gerações em prosseguir os negócios de família e a concorrência desleal do mercado chinês a ditar o fim desta hegemonia e o consequente decréscimo demográfico. De modo a poder fomentar o aparecimento de novas empresas e a permitir que as que já existem se fixem com maior solidez, o autarca dispõe-se a prestar apoio dentro do que lhe é permitido. Neste contexto, reconhece os limites da sua autonomia e lamenta as restrições do poder autárquico no nosso país. Por maior que seja a sua boa vontade é complicado fazer frente aos entraves burocráticos e àquele que certamente será o obstáculo
mais difícil de contrariar: a falta de verbas. Embora tenha as mãos atadas no respeitante às reivindicações deste “país de desempregados e reformados”, António Floro reafirma o compromisso da sua equipa “nesta luta” e diz-se sempre “pronto para aparecer” caso surja algum problema. É precisamente devido aos constrangimentos orçamentais que a nível de infraestruturas não estão previstas novas construções para os próximos tempos. “Temos de ser realistas”, confessa, sendo que a principal tarefa dos tempos que se seguem passará pela manutenção do património existente. Em contrapartida, fica a garantia de que nada está em falta, visto que o concelho se encontra bem munido de equipamentos.
Motivos de orgulho O legado do ciclismo cimentado pelo Sangalhos Desporto Clube, que cumpre este ano as suas bodas de diamante, vê-se hoje honrado pelo “Velódromo” - Centro de Alto Rendimento de Sangalhos - Anadia. O equipamento, que vem colmatar uma lacuna a nível nacional, para além da pista coberta com 250 metros para a modalidade de ciclismo, dispõe ainda de uma área
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Passos firmes rumo ao bem-estar dos sangalhenses misericórdia da freguesia de sangalhos Impulsionada pela criação de um hospital de forma a providenciar cuidados de saúde da população em geral e também dos mais carenciados a preços acessíveis para todos, a Misericórdia da Freguesia de Sangalhos nasce em 1932 graças à perseverança do médico Luís Conceição. Movida pelo mesmo espírito altruísta, Marília Sereno, esposa do benemérito, deu início, sensivelmente na mesma altura, à sopa dos pobres, que deu origem ao passo fundamental deste legado para o bem estar da população.
manuel gamboa Provedor
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anuel Gamboa desempenha há cinco anos o papel de provedor desta casa. Um passado orientado para a missão de servir, primeiro estimulado pela sua longa experiência como escuteiro, fundador do Agrupamento nº. 681 de Sangalhos, do Corpo Nacional de Escutas (Escutismo Católico Português) há 33 anos e depois como Chefe Regional da Região de Aveiro, desde 1989 a 1997, durante dois mandatos, não esquecendo os valores recebidos aquando da sua passagem pelo serviço militar nos anos de 1965 a 1968, bem como a sua formação de raiz cristã, revelou-se fundamental na aprendizagem dos valores inerentes ao serviço comunitário. Foi neste primeiro contexto que aprendeu, desde muito jovem, a estar atento ao que se passava à sua volta, uma condição essencial para o exercício desta função. Após oito anos como chefe da Junta Regional de Aveiro do Corpo Nacional de Escutas seguiu-se o convite para integrar os órgãos diretivos da Misericórdia, primeiramente como secretário, durante três mandatos, até ter sido desafiado a assumir a liderança da instituição. As dificuldades inerentes ao exercício do cargo, traduzidas em muitas noites mal dormidas, prendemse com os obstáculos financeiros que, na altura da sua
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helena barros le blanc e equipa
tomada de posse, se relevaram “quase intransponíveis”. Porém, e talvez porque “esta mesa administrativa tem demonstrado uma grande honestidade, seriedade e competência, despertou a atenção das pessoas que têm meios financeiros e tiveram a bondade de premiar esta casa com alguns donativos generosos que nos tiraram do tal sufoco”. A grande preocupação é, naturalmente, a sustentabilidade, uma vez que a filosofia desta casa não tem, nem deve ter, o lucro como objetivo. Para além dos contributos da segurança social, manifestamente insuficientes, e das referidas “doações generosas”, esta irmandade conta ainda com as cotizações e, sobretudo, com o trabalho dos voluntários. Uma grande mais-valia em termos de recursos humanos que acresce aos 104 postos de trabalho garantidos, que fazem desta entidade uma das maiores empregadoras de Sangalhos. Sobre a confiança depositada pelos doadores, Manuel Gamboa não tem dúvidas que esta se deve à já referida “boa gestão”. No balanço deste desafio não há lugar para arrependimentos e a recompensa é evidente: “Tem sido uma grande luta, mas com gente muito valiosa à minha volta tem sido muito proveitosa. Sinto uma grande satisfação interior não só por ter mantido esta casa de pé, mas por também ter feito uma recuperação em
relação a aspetos organizacionais e financeiros”.
De volta às origens A primeira resposta social, o Hospital da Misericórdia de Sangalhos, foi nacionalizada em 1975 e devolvida posteriormente à instituição em 1998. Numa primeira fase foram também criadas a Creche, que acolhe crianças até três anos, a Educação Pré-Escolar, dos três aos seis anos, o Centro de Atividades e Tempos Livres e, numa segunda fase, o Centro de Dia, o Apoio Domiciliário e o Lar para Idosos, cujo projeto de requalificação e ampliação foi apresentado em finais do ano passado. Uma exigência que adveio da necessidade de melhorar infraestruturas insuficientes e de aumentar o número de vagas com acordo alargado, de forma a satisfazer os utentes com menos capacidades financeiras. Com o propósito de satisfazer carências económicas foi desenvolvida uma área residencial para pessoas com maior capacidade de compra. Paralelamente, foi instaurado um gabinete de Atendimento e Acompanhamento Social, “uma resposta muito valiosa e muito útil à comunidade”, que esclarece e orienta desempregados e famílias em dificuldades ou em emergência social de modo a potenciar a sua
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autonomia. Mais recentemente, surgiram o Centro de Acolhimento Temporário de Crianças em Risco e, com base em acordos com o Município, a Componente de Apoio à Família do Ensino Regular de Educação PréEscolar e um serviço de refeições dirigido às crianças do 1.º Ciclo e jardim escola. O segundo ATL, situado nas instalações do Centro Escolar de Sangalhos, nasce em parceria com a junta. Após uma fase de recuperação, o hospital foi retomado a 1 de novembro de 2014. Convencida de que as instalações e os equipamentos estariam em boas condições, a administração da IPSS deparou-se com uma realidade contrária. De modo a suprir as insuficiências das instalações e a constituir um corpo clínico, foram realizados investimentos avultados. Inicialmente, o leque de prestação de serviços circunscreve-se a consultas abertas, consultas de especialidade e exames complementares. A reabertura do internamento e do bloco operatório para pequenas e médias cirurgias está planeada para 2016. O provedor reconhece que a cada dia que passa “o hospital tem mais vida, mas o retorno leva tempo. Pretendemos realizar este trabalho bem e por isso não podemos ser muito apressados. Temos dado passos pequenos mas firmes”. Integrado no plano de valorização do hospital, teve lugar no passado dia 23 de maio um open day aberto à comunidade. Uma iniciativa que se irá certamente repetir, a par de outras previstas, relacionadas com a saúde e o bem-estar da população. Todos estão convidados a visitar esta nova resposta social: o Hospital da Misericórdia de Sangalhos.
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Tijolos e (muitos bons) Conselhos tijolos e conselhos
O nome da Tijolos e Conselhos não foi deixado ao acaso. Os tijolos são, de facto, a especialidade e o ato de aconselhar reflete-se na estreita relação estabelecida com o cliente, um parceiro cujas necessidades são sinónimo de prioridade. exemplo. A já referida parte de automação corresponde “ao cérebro da fábrica, que a põe a trabalhar”. No terreno é assegurada a supervisão dos trabalhos, mas tudo o que for necessário executar localmente conta com a prestação de serviços locais. Questões como impasses que possam advir do choque entre as culturas portuguesa e argelina são de imediato desdramatizadas graças às capacidades de adaptação e relacionamentos reconhecidas aos portugueses. A grande dificuldade que vai trazendo alguns dissabores a este curto mas sólido percurso cinge-se à “parte financeira em Portugal. Os bancos não ajudam quem não tem dinheiro, ajudam quem tem”.
Necessidade de expandir
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edicada ao desenvolvimento, fabricação e instalação de sistemas e unidades fabris ‘chave na mão’ inteiramente automatizados para a indústria cerâmica estrutural (tijolo, telha e abobadilha), a Tijolos e Conselhos nasceu em 2011 movida pela urgência em dar resposta às solicitações por parte de um grupo argelino, insatisfeito com o incumprimento de prazos da empresa contratada previamente. Reunida uma equipa dominadora do know how requerido e conhecedora do terreno e dos problemas que necessitavam de resolução, criaram-se as condições para arrancar com o projeto. Para além das competências já reconhecidas, a disponibilidade a tempo inteiro da equipa que se encontra a trabalhar em Portugal torna óbvias as vantagens trazidas pela mudança e pela adjudicação dos projetos a esta nova empresa. Em 2012 foram dados os primeiros passos para depois, em 2013, iniciar-se a execução dos projetos e a construção das máquinas nas instalações, por ora alugadas na zona
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industrial do Paraimo, Sangalhos, Anadia. Contudo, é em Vale do Grou, Águeda, que esta entidade se encontra sediada, num espaço onde se concentram todas as componentes ligadas aos processos de automação. Nas palavras de Pedro Nunes, CEO, o compromisso reside na edificação de “fábricas de excelência adequadas às necessidades colocadas. Batalhamos para que o cliente fique com uma fábrica melhor do que as que já existem, e para isso colocamo-nos ao seu lado e auxiliamo-lo de modo a que possa ter uma fábrica que produza bom tijolo na quantidade pretendida”. De momento, a Tijolos e Conselhos tem oito fábricas para construir, encontrando-se a produzir para a terceira e para a quarta. Projetos a serem desenvolvidos na Argélia e que, de acordo com o CEO, “são muito grandes”. A função da empresa passa pela elaboração do projeto, fabricação e envio de tudo o que é necessário para que a futura fábrica seja construída de raiz. É das instalações sangalhenses que partem os fornos e secadores, por
Tendo começado do zero, foi difícil numa primeira instância ter uma franca noção das capacidades de expansão do projeto. “Há uma série de trabalhos que efetuamos nas nossas instalações e outros que subcontratamos a empresas parceiras da zona”, conta Pedro Nunes. “Com a evolução do processo produtivo apercebemo-nos que o espaço que aqui temos é pequeno e começámos a analisar soluções”. A estratégia de aumento das instalações contempla as boas relações com a Câmara Municipal de Anadia e compreende um loteamento adquirido em leilão na zona industrial do Paraimo. “Para este momento é suficiente. No futuro há outra zona que está por lotear e estamos atentos para adquirir mais terreno e expandir”. A construção desta nova fábrica está prevista para o fim do ano. Na perspetiva do CEO, este “é o desenvolvimento normal quando as empresas têm trabalhos em carteira. O problema é de quem, hoje em dia, em Portugal, não trabalha para o exterior”. Como tal, o caminho desta empresa passa pela prospeção de novos mercados.
inovar para crescer
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esta edição de junho, tornamos a trazer alguns exemplos nacionais, nas mais diversas áreas, que nos mostram que, efetivamente, a aposta em novas ideias e conceitos ajudam o país a crescer e levam a que as empresas nacionais se tornem mais competitivas. Mas nem só na competitividade e receitas se revela a inovação. As novas formas de trabalho sob o pressuposto de melhorar as diversas classes empresariais são também uma forma de inovação. E é desses casos que hoje falamos. Trazemos-lhe alguns exemplos na área judicial e de economia, onde a melhoria dos códigos de conduta e os desafios que se avizinham tornam o futuro destas áreas mais promissores. Mas também as IPSS figuram nestas págias. A propósito da condecoração do Presidente da República a algumas instituições que se distinguiram na luta contra a exclusão social, a sua revista visitou uma dessas instituições e mostra-lhe o exemplo de uma casa em prol da sociedade. O Presidente deixou uma mensagem de incentivo ao papel fundamental destas entidades, sublinhando o contributo imperdível das seis instituições agraciadas no seu trabalho contra a exclusão social nas suas respetivas áreas de atuação.
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Experiência que culmina em sucesso paoj
Nascida em 2013, a PAOJ (Associação dos Peritos Avaliadores da Lista Oficial da Justiça) chegou para responder às necessidades de uma classe profissional e representá-la através de um canal direto de interlocução. Hoje, os Peritos Avaliadores que fazem parte da lista oficial conseguem chegar a todos os agentes da justiça: Tribunais, Tutela e Cidadãos. Um meio que multiplica as formas de interação e que facilita o exercício de uma função ainda pouco compreendida. À frente da direção desde o início, Paula Crisóstomo é o nome que abraça os desafios da PAOJ. Em entrevista à Revista Business Portugal, a presidente fala sobre o futuro da associação, as melhorias pretendidas para o Código das Expropriações e a complexidade de uma função que lida diretamente com os reflexos de uma crise económica. “Esta representação que fazemos vem de encontro à especificidade das funções que estes peritos têm enquanto auxiliares da Justiça Portuguesa”, define a líder da associação. A PAOJ é um nome que remete rapidamente às expropriações, mas sabemos que a tarefa do auxiliar de justiça é muito mais abrangente. De que funções estamos a falar? A nossa principal função é a intervenção em processos de expropriação, nas suas várias fases. Estando sob a alçada dos tribunais, também desempenhamos funções ao nível de processos cíveis, administrativos e outros. Sempre que sejam necessárias perícias Ricardo Silva, Paula crisóstomo e joão ferro Presidente da Assembleia, Presidente da específicas e técnicas, ou qualquer forma de Direção e Vice-presidente da Direção avaliação de bens, os juízes nomeiam os peritos para elaborarem relatórios nesse sentido e auxiliá-los na tomada das suas decisões. Quais são os principais desafios que a PAOJ tem enfrentado? A divulgação das funções dos peritos da Lista Oficial e das suas especificidades em relação a outros peritos que não integram esta lista e o facto de existirem procedimentos previstos por lei que consideramos poderem ser agilizados. Isto faria com que os processos em que intervimos fossem resolvidos mais rapidamente. Qual é o principal desafio que vos é lançado em terreno de trabalho? Temos o papel de facilitar a compreensão do que é uma expropriação e quais são as suas várias fases. Muitas vezes temos de explicar o que está a acontecer, qual a nossa função e o objetivo da nossa intervenção. As funções implicam situações complexas, pois estamos a falar de uma venda “forçada” para o expropriado. O desafio começa por não temos cartão identificativo oficial, mas o Ministério da Justiça está a seguir a nossa solicitação de identificação, para facilitar a função. A imagem tida dos peritos avaliadores ainda tem que ser alterada? Tudo o que envolve valores monetários ou bens, é geralmente tido como causa de discórdia e pode levar a situações sensíveis entre as pessoas, principalmente num contexto de crise como o que temos atualmente. A melhor forma de alterar essa imagem é desempenhar a nossa função com a máxima competência e isenção, coisa que pensamos que tem evoluído no melhor sentido desde que a PAOJ foi criada. Somos o único grupo que está submetido a legislação específica, o que garante só por si, a isenção a que estão obrigados legal, ética e moralmente. Como podemos definir os resultados obtidos pela PAOJ? Fazemos um balanço muito positivo, e sabemos que hoje os peritos avaliadores têm melhores meios de trabalho e são mais reconhecidos na sociedade.
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Conseguimos alterações importantes com a tutela e tivemos abertura e diálogo franco com a ministra da Justiça. Foram aceites muitas das alterações que propusemos ao projeto do novo Código das Expropriações (CE) e foram criados endereços eletrónicos oficiais geridos pelo IGFEJ - Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (@peritos-avaliadores.mj.pt). Organizámos um colóquio e participámos em eventos relacionados com o processo expropriativo, a avaliação imobiliária e as perícias judiciais. Estamos também presentes na internet e nas redes sociais, divulgando e debatendo as temáticas relacionadas com a nossa atividade. Para onde aponta o futuro da PAOJ? Queremos representar o maior número de colegas e continuar a contribuir para um diálogo cada vez mais aberto e franco, quer entre todos os peritos, quer com as instituições com as quais a nossa atividade se cruza. Consideramos que os peritos avaliadores da lista oficial deverão passar a ser nomeados pelos tribunais e outras entidades em todo o tipo de processos que necessitem de avaliações ou perícias técnicas, visto que a lista engloba profissionais de várias áreas de conhecimento.
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Quando o tema é divórcio... “Se a vida só te dá limões, faz limonadas” Quem é que disse que o casamento é o primeiro passo para o divórcio? Um cínico qualquer que infelizmente também era lúcido.
luís pinto da silva e hugo vasco carvalho Advogados
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omo advogados, Luis Pinto da Silva e Hugo Vasco Carvalho, já acompanharam centenas de divórcios e em todos eles, acabaram por prestar mais do que mero apoio técnico. Há dias em que vêm o escritório transformar-se num centro de assistência, numa associação com propósitos terapêuticos, porquanto nesta área específica tornase necessária a compreensão de todos os fatores associados e uma análise minuciosa de precedentes similares. Conhecem pessoas que nunca levantam a cabeça e permanecem definitivamente deprimidos numa pseudo penumbra, fruto da traumática experiência porque passaram. A ruptura de um casamento não acontece do dia para a noite. Entre a deterioração da relação e a decisão definitiva, existe sempre um divórcio emocional, decorrendo em média dois anos até à sua completa resolução.
Não há uma forma simpática para terminar um casamento, sobretudo quando existem filhos, e um grande sentimento de culpa, por lhes estar a destruir o ambiente familiar. Para a generalidade das pessoas o casamento constitui um projecto de vida, pelo que o divórcio, implica sempre uma imensa dose de frustração, O problema num divórcio mal gerido, é permitir que a relação se deteriore e se possa tornar hostil. A consequência pode muito bem ser uma permanente alergia ao casamento, com o afastamento de todos os casais amigos, que fruto das constantes discussões, se tornam alérgicos aos que se divorciam. O regime do divórcio sofreu inúmeras alterações legislativas, banalizando-se a um tal ponto, que hoje ninguém cuida em saber quem foi o seu causador. Todavia embora a culpa seja irrelevante em termos legais, já o mesmo não se pode dizer, quanto à fragilidade que esta gera no cônjuge responsável,
limitando marcadamente a sua capacidade negocial, o que acaba por ter um peso significativo nos acordos alcançados, com a renúncia a direitos, que mais tarde se arrependem de não ter reivindicado. Para estes advogados, antes de qualquer negociação é essencial contribuir para a estabilidade emocional de quem se sente devastado, única forma de gerir eficazmente as particularidades de cada caso, socorrendo-se de todos os recursos disponíveis. Mas tal desiderato, só se alcança, partilhando factos e emoções, após ter sido ultrapassada a mera relação profissional, depois de adquirida a indispensável amizade e confiança. É importante que se clarifique, que tipos de questões se podem discutir e resolver no quadro de um processo de divórcio, para que este acordo, possa ser a ultima e derradeira negociação, que se fará entre o casal.
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Creche de Braga celebra 100 anos de história Associação Creche de Braga Estando de momento a celebrar o seu primeiro centenário, a Associação Creche de Braga foi a primeira a nascer no distrito e é hoje uma instituição de referência histórica, tendo sido uma das seis instituições condecoradas pelo Presidente da República, com o título de membro honorário da Ordem do Mérito. Em entrevista com Manuel Lomba, presidente da direção da instituição e presidente da União Distrital das IPSS de Braga, a Revista Business Portugal ficou a conhecer não só o percurso centenário da creche, mas também as preocupações atuais do presidente, que se centram nas atividades voltadas para a primeira e segunda infância.
manuel lomba Presidente da Direção
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emontando a história, a Associação da Creche de Braga é uma instituição particular de solidariedade social, sem fins lucrativos e de utilidade pública, fundada em 3 de junho de 1915, pelo cónego Dom João Cândido de Novais e Sousa. Hoje conta com 100 anos de existência ao serviço da população bracarense, estando desde sempre impregnada pelo espírito caridoso da Igreja Católica. Inicialmente, a mesma começou por ser um internato de crianças, mas depois, com o passar do tempo, transformou-se numa instituição vocacionada para a creche e para o pré-escolar. Neste contexto, a Creche de Braga era outrora definida como um estabelecimento de caridade que tinha como
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missão facilitar o trabalho às classes operárias pobres, recebendo, agasalhando, alimentando, educando e instruindo cristãmente, durante o dia, as crianças. Hoje em dia, a creche desenvolve a sua atividade em Braga, dispondo de cinco estabelecimentos sociais: dois no centro da cidade (sede e Centro Novais e Sousa) e três na freguesia de Palmeira (Infantário José Cunha Oliveira e Graça, Creche Padre Alberto Fonseca e Centro Nossa Senhora do Perpétuo Socorro). Em termos gerais, a Associação conta com mais de 700 utentes e cerca de 160 colaboradores que se distribuem pelas várias respostas sociais, nomeadamente, direcionadas para a infância, a juventude e a deficiência mental na creche - que se cinge no desenvolvimento
de atividades ocupacionais para jovens e adultos no Centro de Actividades Ocupacionais (CAO) D. João de Novais e Sousa e apoio a jovens deficientes mentais que frequentam o ensino integrado no Lar de Apoio que funciona em Palmeira. Outras respostas sociais centramse no pré-escolar, nas atividades de tempos livres, apoio sócio educativo, Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) e Lar de Apoio para crianças e jovens.
Valências da gestão Relativamente ao método de gestão da creche, Manuel Lomba frisa que há fatores determinantes para atingir os objetivos educativos. Um deles é ter uma equipa técnica competente, constituída por membros
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que se responsabilizem dedicadamente pelos seus departamentos. Prova do bom trabalho que tem sido realizado pela instituição, é a medalha de ouro atribuída pela Assembleia Municipal. Sobre a recente condecoração atribuída pelo Presidente da República, que tem como objetivo distinguir personalidades e instituições cujo trabalho tem sido fundamental para a coesão social, Manuel Lomba não deixa de mostrar orgulho pelo reconhecimento, acrescentando que o sucesso se deve ao esforço e trabalho de toda a equipa que atua sempre em prol da população. Neste sentido, o presidente realça que outra das características de gestão da Associação é o facto de nunca ter tido uma situação financeira muito folgada “ao longo dos anos temos dado passos muito consolidados, consoante as realidades e exigências do mercado” salienta.
Futuro da creche Ao atingir o primeiro centenário de vida, a Associação da Creche de Braga ambiciona agora a concretização de duas obras: um lar residencial para utentes com necessidades especiais - com capacidade para 30 pessoas - e a requalificação global do edifício-sede, “estas são as duas batalhas que temos neste momento
e que achamos serem fundamentais” realça Manuel Lomba. Importa ainda informar que o novo lar já mereceu a aprovação da Segurança Social, aguardando-se o financiamento oficial. Já para a requalificação do edifício-sede, a instituição vai realizar uma campanha de angariação de fundos durante o ano do centenário. Deste século de vida assinalado, Manuel Lomba revela que esta instituição sempre contou com muito apoio da cidade e das suas parcerias para fazer face aos problemas que vão surgindo. E faz questão de frisar que uma instituição deve funcionar se se justificar socialmente, porque se aquilo que fazia deixar de ter interesse social e houver outras áreas em que ela possa ser socialmente útil, esta deverá evoluir naturalmente. Daqui para a frente, uma das principais preocupações do presidente, é a situação da baixa taxa de natalidade com que o país se vê confrontado, tendo por isso organizado recentemente uma sessão cultural com uma conferência dedicada ao tema ‘A natalidade no contexto atual’ com a intervenção do presidente da direção da Associação Famílias, Carlos Aguiar Gomes. Em conclusão Manuel Lomba afirma que as instituições sociais estarão no bom caminho se adotarem um espirito de solidariedade entre as pessoas e continuarem empenhadas no bem-estar da comunidade.
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Um passo à frente manuel alves Portugal é excelência em calçado, e isto traduz-se numa marca que cresce com os pés bem assentes na terra e, claro, bem calçados. Empreendedorismo que nasce com foco na qualidade, valorizando o que é nacional, e que vive para cada cliente. Manuel Alves é o homem que dá nome ao calçado que conquista os portugueses, e também à rede de 32 lojas que se espalha pelo norte e centro do país. Em entrevista à Revista Business Portugal, o empresário apresenta o ambicioso negócio que veio fortalecer o tecido empresarial do país, e que já soma quase 20 anos de história. conseguimos chegar a todas as classes sociais, sempre com vários modelos, para vários estilos e a preços acolhedores. Que sensações desperta o produto Manuel Alves? A principal missão é satisfazer e fidelizar os clientes. Trabalhamos a moda agregada à qualidade, ao design e a um serviço de excelência. Todo o sucesso vem da união entre profissionais, fornecedores e clientes, que resultam em confiança, transparência e responsabilidade.
manuel alves Administrador
Como surgiu a empresa Manuel Alves? Em 1992 iniciei a atividade de criação e distribuição de calçado a nível nacional. Há conquistas que foram ganhas, mas há também muito trabalho e dedicação. Em 1996, abrimos a primeira loja em Riba d’Ave. Atualmente conto com 32 lojas a norte e centro do país. A empresa ascende de uma forma gradual e contínua, e nos permite crescer e criar postos de trabalho. O nome Manuel Alves remete a uma marca própria. Como nasce o projeto, e de que forma ele é desenvolvido? O conhecimento adquirido desafiou-nos à criação de uma marca própria que abrange vários públicos. Conhecemos os seus gostos e interesses, e inspiramos as nossas coleções. Acompanhamos as tendências de moda para estarmos sempre na vanguarda. Damos primazia ao artigo nacional, pela qualidade e pelos preços competitivos. Com a dimensão que temos,
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Qual é o vosso maior público? Estamos mais centrados a norte do país, com 29 lojas (Braga, Bragança, Ermesinde, Penafiel, Santo Tirso, Esposende,Matosinhos, Felgueiras, Guimarães, Leça da palmeira, Maia, Mirandela, Ovar, Porto, Póvoa de Varzim, Riba d’Ave, Trofa, Valença, Famalicão, Canelas, Norteshopping e Vizela) e temos 3 lojas a centro (Barreiro, Freeport Alcochete e Rio Sul Shopping-Seixal). O nosso target é geral, mas sabemos que o público feminino compõe mais de 60% dos nossos clientes, numa faixa etária entre os 18 e os 70 anos. Temos vindo a sentir um aumento significativo por parte do público masculino. Que produtos/marcas o cliente pode encontrar nas vossas lojas? Para além da marca própria, revendemos marcas de renome. Cavalinho, Nike, Adidas, Diesel, Le Coq, Reebok, entre outras. Temos uma vasta gama de calçado de senhora, homem e criança, e uma linha de acessórios de moda, malas, carteiras, lenços, cintos, entre outros, e produtos para o cuidado do calçado.
Por onde passa o futuro? Continuamos em forte expansão, com estratégias de mercado ponderadas e planeadas. Analisamos o mercado, os principais hábitos de consumo do nosso target, e a concorrência. Queremos ser cada vez melhores, apostando na capacidade de novos produtos, novos materiais, novas tecnologias, sem esquecer o fator qualidade/preço. Estamos a dinamizar a indústria do calçado, a impulsionar a economia portuguesa e a dar mais valor às localidades onde estamos sedeados. Apostamos em meios above e below the line, que é importante para a visibilidade das cidades onde a Manuel Alves opera. Através do nosso site e da nossa página do facebook chegamos também a outros públicos onde ainda não temos uma loja física, que é o caso de Espanha, que representa 15% da nossa faturação. Queremos continuar a expandir o nosso negócio e crescer ainda mais. Existimos porque nos dão valor, e só temos que retribuir da melhor forma possível, pensando sempre no cliente. Queremos continuar a abrir lojas, a chegar a novos públicos e a ser uma marca de referência nacional.
“Não posso deixar de agradecer a todos os parceiros e colaboradores que estão comigo desde o início, que me ajudaram e que tornaram este meu sonho uma realidade com sucesso. Um muito obrigado a todos. “
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