ÍNDICE 04
Visita de François Hollande a Portugal Relações económicas
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CCILF Uma relação de cooperação e amizade
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CAPSUD Sucesso em dupla nacionalidade
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Bel Portugal De Portugal para o mundo
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Grupo AOC Posição de excelência no mercado
10 - EUROFACTOR
EDITORIAL
E
sta edição especial da Revista Business
douros. Portugal é um país voltado para o mundo
período europeu de incertezas.
Portugal dá especial enfoque às
lusófono e para os países emergentes do sul,
Neste contexto, patenteamos um conjunto de
relações entre Portugal e a França.
no espírito de um mundo multipolar estruturado
empresas de excelência que souberam fazer das
Para além da familiaridade histórica,
através da cooperação entre grupos regionais
suas fraquezas forças e vingar num mercado
cultural e humana, existe uma cum-
e a França atribui, também, uma importância
cada vez mais global e competitivo. O espírito
plicidade geopolítica objectiva. Os três eixos da
estratégica às suas relações tanto com o Brasil,
empreendedor, a inovação e a vontade de vencer
política externa de Portugal estão em consonância
como com África.
são fatores comuns a todas estas empresas que,
com as prioridades francesas. Portugal é um país
Na sua recente visita a Portugal, que nesta edição
paulatinamente, conseguem granjear um conjunto
atlântico: o nosso compromisso comum com a
damos destaque, François Hollande, lembrou o
de conquistas importantes para o seu crescimento
NATO, a nossa preocupação com a segurança
trabalho que Portugal e França devem fazer em
e consolidação. Estes são motivos mais do que
e a luta contra os tráficos no oceano Atlântico,
conjunto para que as relações culturais sejam
suficientes para “espreitar” as nossas páginas.
a nossa cooperação a nível da política marítima
reforçadas, ao mesmo tempo que defendeu que
Não perca!
europeia, a nossa vontade de valorizar a frente
França e Portugal devem intensificar as suas
atlântica, constituem interesses comuns dura-
relações económicas e trabalhar juntos num
A direção editorial da Revista Business Portugal
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portugal-frança: relações económicas
Visita de François Hollande a Portugal
O Presidente da República Francesa esteve em Portugal no passado dia 19 de julho a convite do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, para uma visita oficial de trabalho. François Hollande foi recebido no Palácio de Belém onde decorreu uma reunião bilateral entre os dois Chefes de Estado. Na agenda do encontro estiveram temas relacionados com a energia, política económica da União Europeia e as relações empresariais bilaterais que há décadas ligam Portugal a França. Tendo em conta que Paris, capital francesa, é uma das cidades do mundo onde residem e trabalham muitos portugueses, a visita de François Hollande a Portugal veio reforçar os laços entre os dois países. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, a França é o segundo maior cliente de Portugal, 11,7 por cento das exportações, tendo superado a Alemanha em 2014 e o terceiro maior fornecedor, 7,1 por cento das importações, sendo o país com o qual Portugal tem o segundo maior excedente comercial de 1476 milhões de euros. Segundo a ficha de mercado da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), publicada em novembro de 2015, “a França foi o 2º cliente de bens e serviços de Portugal, representando 12,3 por cento das exportações em 2014, e o 3º fornecedor, com uma quota de 7,7 por cento das importações. No período janeiro-agosto de 2015, o mercado francês representou 12,7 por cento das
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portugal-frança: relações económicas François Hollande e Marcelo Rebelo de Sousa Presidentes da República Francesa e Portuguesa
exportações de bens e serviços e 7,9 por cento das importações. Nos últimos cinco anos, a balança comercial de bens e serviços entre Portugal e a França foi favorável ao nosso país. De salientar que o crescimento médio anual das exportações, no período 2010-2014, foi de 6,5 por cento, e o das importações foi de 1,2 por cento. Em 2014, as vendas de bens e serviços para o mercado aumentaram 3,8 por cento (face ao ano anterior), e as importações cresceram 11,9 por cento, tendo o saldo alcançado perto de 3,4 mil milhões de euros. A taxa de cobertura das importações pelas exportações foi de 165 por cento. No período janeiro-agosto de 2015, os valores das exportações e das importações de bens e serviços registaram crescimentos, respetivamente, de 5,1 por cento e 6,9 por cento, face ao período homólogo do ano anterior, continuando o saldo a ser favorável a Portugal. O coeficiente de cobertura, nesse período, aproximou-se de 169 por cento”. No que diz respeito ao comércio de bens entre os dois país, o relatório da AICEP revela que, “em 2014, a França subiu à 2ª posição no ranking dos principais clientes de bens (ultrapassando a Alemanha) e manteve a 3ª posição como fornecedor de Portugal. A França tem mantido com Portugal profundos laços históricos, existindo uma comunidade portuguesa residente com um peso muito significativo. O mercado francês absorveu 11,7 pontos percentuais do total das mercadorias vendidas por Portugal e representou 7,1% das compras efetuadas em 2014. Entre 2010 e 2014 a balança comercial bilateral de bens foi sempre favorável a Portugal, contrariando a tendência negativa que se vinha verificando pelo menos desde 2000. Em 2014 foi registado um superavit próximo de 1,5 mil milhões de euros. Salienta-se ainda que o valor médio do saldo negativo assinalado, entre 2005 e 2007,
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portugal-frança: relações económicas
fora de aproximadamente 331,9 milhões de EUR. Nos últimos cinco anos, as vendas de mercadorias de Portugal para a França, registaram uma taxa média de crescimento anual de 6,2 por cento. Em 2014 as exportações aumentaram 2,7 pontos percentuais face ao ano anterior, tendo atingido o valor mais elevado dos últimos cinco anos, perto de 5,6 mil milhões de euros. Em relação aos produtos provenientes de França, a evolução foi diferente, registando-se quebras entre 2010-2012, recuperando a partir de 2013, tendo a taxa média anual de crescimento sido negativa nos últimos cinco anos (-0,2 por cento). Em 2014 as compras a este mercado totalizaram perto de 4,2 mil milhões de euros (+8,6 por cento face ao ano anterior), ou seja, o segundo valor mais elevado do período. Salienta-se que o valor médio dos produtos importados em 2007 e 2008 fora de 5,2 mil milhões de euros”. Tendo em conta o investimento “a França é, tradicionalmente, um dos maiores investidores estrangeiros em Portugal. Trata-se de investimentos que têm vindo a implantar-se desde há décadas e com a característica de incidirem mais na área industrial e produtiva do que nos serviços, embora também nesta área se verifique uma presença em Portugal de grande dimensão. Para além de grandes grupos e empresas em setores como o automóvel, químico, farmacêutico , material elétrico, transportes, banca, hotelaria, telecomunicações, infraestruturas, grande distribuição, materiais de construção, vinhos ou setor da moda, existe um conjunto de várias centenas de pequenas e médias empresas nestes e noutros setores, como as TIC, aeronáutica, energia, ambiente ou turismo e restauração que reforçam a sua presença em Portugal. Estima-se em mais de 600 as empresas francesas com investimento direto em Portugal. As reformas e medidas de promoção da atividade económica e de apoio ao investimento estrangeiro, levadas a cabo nos últimos anos, levaram a um crescente interesse de empresas e grupos franceses, grandes e pequenos, e de diversas áreas, incluindo a agricultura, por Portugal. Os incentivos fiscais e a flexibilidade introduzida na legislação laboral são muito apreciados pelas empresas e agentes económicos franceses. Para além destas medidas, a proximidade geográfica, a facilidade de comunicação, a estabilidade política e económica do país, o reconhecimento e prestígio da comunidade portuguesa em França (que constitui uma rede de cerca de 40 000 empresas espalhadas por todo o território de França) constituem alguns dos fatores que têm contribuído para este interesse das empresas francesas por Portugal. Segundo dados do Banco de Portugal, no período 2010-2014, o investimento de França em Portugal (IDE), de acordo com o Princípio Direcional, registou os seus valores mais elevados em 2011 e 2014 (591 milhões de EUR e 114 milhões de euros, respetivamente). No 1º semestre de 2015 verificou-se um aumento de 17,6 por cento do montante do investimento francês no nosso país quando comparado com o período homólogo de 2014, alcançando perto de 184 milhões de euros. Em termos de sotck, o investimento direto de França em Portugal ascendeu a 3 958 milhões de euros no final de dezembro de 2014, representando 4,5 por cento do total captado por Portugal. Em junho de 2015 o sotck de investimento direto francês em Portugal ascendeu a quase 4 221 milhões de euros, posicionando-se a França como o 5º país de origem do IDE (4,1 pontos percentuais do total nessa data), conclui a ficha de mercado da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. Tendo em conta todos estes dados nas próximas páginas mostramos alguns dos exemplos de empresas que desempenham um papel preponderante nas relações bilaterias entre Portugal e França”.
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empresa | tema
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portugal-frança: relações económicas | câmara de comércio e indústria luso francesa
Portugal e França: uma relação de esforço, cooperação e amizade No âmbito da visita ao nosso país do Presidente da República Francesa, François Hollande, a Revista Business Portugal esteve à conversa com Carlos Aguiar e Laurent Marionnet, presidente e diretor-geral da CCILF, ficando a conhecer o papel da instituição e os laços que tanto continuam a unir estes dois países.
Fundada em 1887, a Câmara do Comércio e Indústria Luso-Francesa (CCILF) é um dos organismos que mais tem contribuído para o cimentar da união de amizade que, ao longo dos anos, tem potenciado os negócios e o investimento comercial entre Portugal e França. Assumindo enquanto objetivos concretos o aumento do comércio bilateral entre os dois países, bem como o préstimo às empresas associadas de uma miríade de serviços, a fim potenciar essas mesmas relações profissionais, a CCILF reúne atualmente a confiança de quase 600 sócios, entre os quais se incluem agentes económicos dos mais variados setores de atividade. A fim de concretizar a missão que, ao longo de quase 130 anos, tem assumido com particular dinamismo, são várias as respostas que a CCILF apresenta ao investidor: “Acompanhamos empresas portuguesas no mercado francês e vice-versa, organizamos missões de prospeção, preparamos eventos muito concretos, colocamos as empresas em diálogo com compradores franceses”, enumera o diretor-geral, Laurent Marionnet. De uma forma geral, “somos capazes de acompanhar os projetos das empresas desde a fase zero” – a implantação da sociedade definição da sua localização– naquilo que se traduz num “acompanhamento completo e bastante personalizado” para cada situação. Uma relação vencedora Claro está que a concretização de um conjunto de ações tão vasto apenas se torna possível
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Laurent Marionnet e Carlos Aguiar CEO e Presidente
quando existe uma ligação particularmente firme entre dois países. “Pegando nas palavras dos presidentes Marcelo Rebelo de Sousa e François Hollande, acredito que as relações entre França e Portugal estão num ponto francamente alto”, considera o presidente da CCILF, Carlos Aguiar. A comprovar essa mesma perspetiva, o porta-voz constata o modo como, hoje, a França se apresenta como “um dos principais investidores” no nosso país, representando nada mais, nada menos do que “o segundo cliente de Portugal e o seu terceiro fornecedor”, bem como a população que mais receitas dá ao setor do turismo. Um aspeto que Carlos Aguiar também sublinha, no entanto, é que a força deste investimento francês no nosso território “não é algo de agora”, resultando, pelo contrário, de uma tendência “muito consistente e consolidada”, uma vez que “sempre houve empresas francesas em Portugal, mesmo nas diferentes fases de crise e de mutação política”. Se há, todavia, algo que os investimentos mais recentes têm permitido comprovar (nomeadamente a aposta do grupo Vinci na ANA ou da Altice na Portugal Telecom, bem com a aventura do grupo Renova em solo francês) é a forma como “a relação entre os dois países é também muito forte do ponto de vista cultural e humano”. Não admira, por isso, que a presença francesa se tenha vindo a fazer sentir num conjunto consideravelmente vasto de setores de atividade portugueses, do turismo ao ramo imobiliário, sem esquecer, todavia, a área tecnológica ou importantes clusters como a aeronáutica e o universo automóvel.
câmara de comércio e indústria luso francesa | portugal-frança: relações económicas
Vantagens de parte a parte Assumindo-se como “uma câmara muito dinâmica” que não se inibe de organizar seminários especializados para diferentes setores e outras atividades de confraternização empresarial (como as “business drinks” e almoços-debate com importantes figuras do universo político ou económico), a CCILF congratula-se pela forma como “os presidentes das câmaras municipais nos têm convidado para apresentar os seus concelhos, mostrando as respetivas potencialidades”, sublinha Carlos Aguiar. Efetivamente constatada pelo presidente tem sido “uma mudança de atitude” que parece corresponder ao aumento do apreço que o organismo – com sede física em Lisboa e uma filial no Porto – tem vindo a sentir no seio dos principais decisores locais. Um aspeto que, no entanto, nenhum dos dois representantes da CCILF cessa de enfatizar ao longo da conversa é o potencial e os incentivos ao investimento que os empresários de ambos os países encontram no território congénere. “Há todo um contexto favorável para que as empresas francesas invistam em Portugal”, assegura Laurent Marionnet. A título de exemplo, o diretor-geral enumera não só a já citada recetividade e proatividade das câmaras municipais, mas também os benefícios fiscais que reformados e profissionais podem solicitar (nomeadamente, o estatuto de residente não habitual). Por seu turno, Carlos Aguiar destaca outro “trunfo extraordinário”: o fator segurança que, para além de ser “muito importante para os negócios, proporciona estabilidade”. Já entre as vantagens que o empresário português poderá encontrar em França, Laurent Marionnet destaca fatores como a qualidade das infraestruturas, o crédito atribuído à inovação, as ajudas ao emprego, bem como a forte taxa de produtividade. Neste âmbito, o nosso interlocutor realça também que “bastantes empresas portuguesas procuram o saberfazer e a experiência” deste país, “particularmente em setores como a mecânica ou o têxtil”. A estes, acrescentam-se também argumentos como a dimensão do próprio mercado francês, sem esquecer a clara “proximidade entre os dois países, que têm muitos aspetos – e até defeitos – em comum”, sintetiza.
Premiar o sucesso luso-francês Anualmente, a CCILF assume a responsabilidade de premiar as empresas que melhor desempenho demonstram em frentes tão diversas como a inovação, a exportação, o desenvolvimento sustentável ou o investimento. A caminho da sua 23ª edição, a cerimónia de entrega dos Troféus Luso-Franceses decorrerá a 20 de outubro, no Hotel Pestana Palace, num evento que, a cada ano, tem visto aumentar o número de candidaturas e presenças. Estes correspondem, efetivamente, a “prémios que têm impacto e importância para as empresas, que se orgulham de os divulgar”, à medida que proporcionam “um bom contributo para a aproximação dos dois países”, afirma Carlos Aguiar. Um futuro partilhado Pese embora a persistência de um clima de “alguma incerteza institucional”, Carlos Aguiar não manifesta dúvidas de que “a relação entre os dois países continuará a correr muito bem”. Uma visão que – à luz da recente visita oficial do Presidente da República Francesa, François Hollande, ao território português – é partilhada pelo diretor-geral do organismo: “Cada um dos países tem uma imagem muito positiva do outro no mercado, o que vai favorecer os negócios”, acredita Laurent Marionnet. “É efetivamente importante para nós, e para as nossas comunidades de negócios, que tenhamos dois presidentes que se desloquem”, prossegue o responsável, que “acredita na relação de amizade” estabelecida entre os dois chefes de Estado. E é precisamente com este pensamento que, em 2017, a CCILF promete celebrar os seus 130 anos, felicitando não apenas a longevidade de uma instituição que – a par da Embaixada de França, ou dos Conselheiros do Comércio Externo de França – tem contribuído para agilizar e fortificar laços, mas também o efeito durador desses mesmos esforços.
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portugal-frança: relações económicas | eurofactor
Um parceiro de confiança ao seu dispor A Eurofactor Portugal proporciona soluções de factoring que se diferenciam pela sua excelência, inovação e segurança. A cimentar um percurso de mais de 20 anos, assume o estatuto de liderança no factoring de exportação, que se apresenta como uma alternativa cada vez mais preciosa para empresas dos mais variados setores. Rui Esteves Diretor Geral
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eurofactor | portugal-frança: relações económicas
Outrora encarada como uma operação efetuada essencialmente por organizações em dificuldades financeiras, atualmente, o factoring corresponde a uma atividade consolidada a nível nacional, assente numa ligação entre três elementos: o Aderente, o Fator e o Devedor. Ao abrigo deste serviço, a empresa/Aderente cede os créditos comerciais de curto prazo – fruto de vendas a crédito de bens ou serviços feitos aos seus clientes/Devedores – a uma instituição financeira/Factor. Esta última entidade fica, por seu turno, responsável por exercer um serviço de cobrança e gestão de créditos, assegurando a cobertura do risco de crédito e garantindo o financiamento (por adiantamento) dos créditos cedidos. A operar no nosso país desde 1992, a Eurofactor Portugal – integrada no grupo francês Crédit Agricole Leasing & Factoring – cedo se afirmou como um nome de incontestada referência nesta área, não se limitando a sensibilizar os empresários
portugueses para a mais-valia do factoring. Mais do que isso, a empresa assumiu-se como porta-voz da inovação em Portugal, através de um subproduto que tem garantido uma nova resposta para os empresários e a economia nacional: o factoring de exportação. À conversa com Rui Esteves, diretor-geral da Eurofactor Portugal, a Revista Business Portugal ficou a conhecer não só a história e o posicionamento da empresa, como também as vantagens únicas que os seus serviços proporcionam a quem procura o êxito – cá dentro e lá fora. A Eurofactor Portugal está no ativo há 24 anos, ocupando uma posição de referência. Qual a vossa filosofia e de que forma se foram cimentando no país? Ao longo destes 24 anos, diria que a Eurofactor passou por três fases. No início, esteve ligada a um banco com mais de cem anos em Portugal – uma filial do Credit Lyonnais – que depois foi absorvido por um
banco concorrente. A Eurofactor foi criada em 1992 como um braço para o factoring desse banco e, durante cerca de oito anos, funcionou essencialmente como um produto de suporte da instituição bancária às empresas portuguesas. Nessa altura, o factoring era também muito arcaico e encarado como uma forma de financiamento das empresas mais pobres. A segunda fase chegou em 2000, com a implementação do nome Eurofactor (antigamente denominava-se Eurofactoring), que coincide com a minha entrada. Este era um nome internacional que correspondia a duas empresas: uma ligada ao seguro de crédito e outra à banca, criando-se esta joint-venture, que incluiu também um perfil de cobertura de risco de crédito. Foi nesta etapa que se assistiu à saída, em Portugal, do banco Credit Lyonnais. A terceira fase surge com a nossa tentativa de alterar o paradigma do factoring em Portugal, até aí muito percecionado como
um produto para empresas em dificuldades. A nossa estratégia passou, essencialmente, por posicionar o factoring como uma solução de gestão ao dispor de qualquer empresa. Foi dessa forma que a Eurofactor encaminhou a sua atuação e estratégia para o chamado ‘factoring sem recurso’, que consistia no assumir de riscos dos clientes (os chamados ‘devedores’). Esta mudança de paradigma motivou a alteração profunda das estratégias empresariais. Pois, se assumimos riscos sobre os clientes de uma empresa portuguesa – seja cá, seja no estrangeiro – teremos de cobrar bem porque, se não o fizermos, o risco fica do nosso lado. Esta mudança teve início em 2001, com a minha chegada. De lá para cá, o mercado do factoring em Portugal tem evoluído neste sentido. Hoje, não há empresa que queira fazer um contrato de factoring e não olhe para o factoring sem recurso, pois quer garantir os riscos dos seus clientes e estar segura, tal
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portugal-frança: relações económicas | eurofactor
como fazem as seguradoras de crédito. Esta é a fase principal que mudou o paradigma e a filosofia de estar nesta empresa. Outro aspeto fundamental foi o facto de a nossa equipa ter decidido – a partir de 2002 e enquanto o país vivia baseado numa economia muito voltada para o mercado interno – trabalhar o factoring de exportação com o apoio de uma rede internacional que nos desse suporte. Foi criada uma decisão estratégica e acho que optámos bem. E qual o resultado dessa mesma opção? Em suma, a Eurofactor especializou-se num produto inovador em Portugal, chamado factoring de exportação e foi trabalhando e lutando contra a maré do próprio setor. Insistimos muito e, felizmente, ele é visto hoje como a salvação do país, já que as empresas portuguesas têm que levantar a cabeça e procurar novos destinos para colocar os seus produtos e serviços. De facto, há alguns anos que as exportações têm sido a pedra de toque da economia portuguesa. Isso implica que a Eurofactor Portugal, tendo-se posicionado num mercado onde não havia grande concorrência, se assumiu como pioneira e hoje, quando toda a concorrência está virada para a exportação, tenha um know-how e especialização muito fortes que nos permitem uma liderança absoluta no factoring de exportação (51por cento). Em 2015, 70 por cento do nosso factoring foi de exportação. Isto veio ajudar também a economia portuguesa porque, no passado, verificámos momentos de grande dificuldade de financiamento por parte das empresas. Basta lembrar que, entre 2008 e 2011, não havia financiamento e as empresas sentiam dificuldades. O facto de haver um grupo como o nosso – Crédit Agricole – com a capacidade de poder financiar as empresas, estando ali simultaneamente para apoiar as exportações – seja em Espanha, França, Itália, mas também em mercados menos tradicionais –, veio dar-nos uma capacidade de crescimento a dois ou três dígitos nos últimos dez anos.
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eurofactor | portugal-frança: relações económicas
Passados praticamente 15 anos depois de assumir o comando, continua na senda da inovação… Hoje, toda a banca e os concorrentes estão virados para o factoring de exportação e isso é salutar. O mercado está mais apertado, porque há mais concorrência, mas nós estamos num patamar onde já contamos com alguns investimentos e inovações na componente da exportação. A inovação é algo que aparece por necessidade e urgência, em descobrirmos formas de melhorar no mercado. Isto aplica-se a qualquer empresa exportadora e, às vezes, é possível inovar-se com coisas simples. Como funciona e quais as grandes vantagens do factoring de exportação para as empresas? Algo que se verifica ainda hoje é que as PME portuguesas têm, por vezes, bastante dificuldade em compreender os mercados externos e entrar noutros países – seja por questões de imagem, qualidade do produto ou rede de distribuição. E, numa altura em que se fala muito de outsourcing, julgo que a melhor forma de ajudar a economia real e os empresários é apelando a que confiem em nós. Por vezes, os empresários ainda sentem algum receio em entregar-nos a sua conta de clientes e, por isso, o primeiro passo é criar um laço de confiança com as empresas. Depois, dizemos aos empresários para fazerem o seu trabalho com segurança, sabendo que contam com um parceiro que os ajuda no financiamento das exportações e na cobrança nesses países – utilizando o respetivo idioma – e que assume, ainda, o risco de crédito dos seus clientes lá fora. O primeiro passo é ganhar a confiança dos empresários e, para isso, é preciso ter conhecimento e dar provas de merecer essa confiança. Depois disso estar assumido, o empresário pode vender mais e canalizar todo o seu esforço nesse objetivo. Como portugueses, todos queremos que as nossas empresas vendam mais, criem valor, façam crescer as exportações e aumentem o PIB. Para isso, temos equipas especializadas em
Portugal, redes de distribuição próprias no estrangeiro, equipas de cobrança eficientes, bem como sistemas informáticos ágeis, para que o cliente nos ceda os seus créditos de exportação enquanto assumimos o risco destes clientes – se os seus clientes não pagarem, nós já o fizemos e assumimos. Isso é uma enorme mais-valia. É um grande descanso para o cliente e a empresa… Em Portugal, o factoring de exportação ainda não representa a maioria do total de factoring porque a concorrência continua focada no mercado nacional. O total de créditos tomados globalmente em factoring sobre o PIB português anda nos 12 a 13 por cento. Isto significa que o factoring está muito desenvolvido em Portugal, embora com uma base muito nacional. O factoring de exportação é, para nós, a pedra de toque que nos permitiu este sucesso. A Eurofactor não presta apenas apoio financeiro, há também o conhecimento e a informação que proporcionam ao cliente… Chegamos a ter empresários que, antes de venderem para um determinado mercado, nos perguntam se damos crédito a esse cliente e se o aceitamos. Compete-nos fazer essa análise preliminar e essa é uma informação preciosa. Espanha e França, por exemplo, são mercados muito próximos que todas as empresas conhecem, mas e quando os empresários são obrigados a exportar para outros países? Nós conhecemos esses hábitos de pagamento e podemos ajudá-los. Tudo isto dá-nos os bons resultados que temos obtido. Em que medida a Eurofactor é competitiva no apoio a estes clientes? A primeira impressão que se tem é que este é um produto caro mas, nos dias que correm, a competitividade vem essencialmente das compras: quanto mais barato uma empresa comprar, mais competitivo será no preço que faz aos clientes. No factoring, funciona da
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portugal-frança: relações económicas | eurofactor
mesma maneira. A matéria-prima do factoring – para além da eficiência da máquina – é o refinanciamento. Felizmente, temos o Crédit Agricole, um banco sólido que nos pode fazer o financiamento a preços bastante competitivos. Esta é uma matéria-prima. A outra é a cobertura do risco de crédito. Quando faço uma negociação global para a cobertura do risco de crédito com entidades especialistas na matéria, vou negociar o conjunto de todos os meus clientes e isso é diferente de negociar um seguro de crédito pontual para o cliente A ou B. Quando se negoceia em volume, conseguem fazer-se compras mais baratas e preços muito melhores. Isto tudo, a somar a uma rede internacional que a Eurofactor Portugal tem de vários países, torna-nos muito competitivos. Deixou-me muito feliz e satisfeito constatar que hoje grandes empresas portuguesas e multinacionais – e não só as tais PME que estavam com dificuldades – utilizam regularmente o factoring. Portanto, o paradigma alterou-se.
total de factoring em Portugal. Aqui também é importante falar no apoio das empresas portuguesas. Em alturas de grande dificuldade de risco, em que não havia crédito, as empresas portuguesas, para exportarem, tinham também que importar, já que muita da matéria-prima vem do exterior. Mas como temos de importar, coloca-se um risco para o nosso país. A Eurofactor tem vindo também a privilegiar esta atividade e relação, que é o reverse: proporcionar aos seus clientes apoio às suas importações, dando limites de crédito para que possam ter mais conforto a poder comprar, sem estas limitações de risco do país. Nós garantimos e adiantamos dinheiro ao fornecedor. Isto liberta plafonds e, neste caso, o cliente – o importador – pode comprar as suas matérias-primas para poder transformar sem ter aquele stress de tesouraria e de risco. Um dos produtos que estamos a desenvolver é o reverse factoring, com o exterior essencialmente, porque é um apoio à economia real e às empresas exportadoras.
Podemos dizer que este serviço agiliza a relação entre cliente e fornecedor? Mais do que isso: permite às empresas antecipar o financiamento para poderem fazer face aos seus compromissos, incluindo compras. Havendo limites de crédito
melhora ainda mais o processo de gestão e eficiência na parte das exportações. Trata-se de um processo que estamos a centralizar a nível mundial – numa empresa que foi criada pelo próprio grupo – especializada em cobranças internacionais. E, portanto, não vamos precisar mais de utilizar uma rede de distribuição de associados para fazer o serviço de gestão da cobrança. Estamos com sistemas ligados com esta empresa do grupo que está localizada num país completamente exótico. Por exemplo, se uma empresa portuguesa precisar de exportar para África do Sul, cede-nos os créditos e nós transmitimo-los informaticamente para a nossa empresa de cobranças a nível internacional. Nessa empresa falam seis ou sete línguas e fazem todo o esforço de cobrança em qualquer país, 24 horas por dia. Esta é, portanto, uma situação que melhora a nossa qualidade de serviço porque este não é feito por nós localmente, mas sim por uma entidade especializada que cobra, seja na Colômbia, na África do Sul ou na Austrália. Isto é uma inovação com investimento e já estamos um passo à frente do que todo o factoring de exportação no país está a fazer. Utilizam-se muito as chamadas redes internacionais de factoring mas, neste momento, estamos a fazer tudo ‘in house’, o que tem outra vantagem: um
para a cobertura dos riscos de crédito – assumidos pela Eurofactor – poderão alavancar-se as vendas. É um aspeto que às vezes as pessoas esquecem, mas é precisamente o que queremos enquanto portugueses: aumentar as exportações.
empresário com receio de entregar a sua conta de clientes a um terceiro – por questões de medo da própria concorrência e da fuga de informação – sabe que, a partir do momento em que a fatura nos for cedida, não sai das nossas mãos. Fica tudo dentro do nosso grupo.
Existe algum setor de atividade onde estão mais à vontade? Não somos fundamentalistas no que diz respeito ao risco dos setores económicos, pois costumo dizer que há boas e más empresas em todas as áreas. Mas os setores de atividade onde queremos estar são todos aqueles que criem valor, nomeadamente indústrias transformadoras e setores exportadores – seja mobiliário, têxtil, alimentar, agro-industrial, hotéis, calçado, equipamentos de suporte à indústria automóvel e outros que criem valor. Atualmente, a indústria transformadora corresponde a quase 53 por cento da nossa atividade e temos 35 por cento de serviços diversos, que podem ser a montante ou a jusante da própria indústria. Mas não recusamos outros setores e estamos perfeitamente conscientes de que temos de analisar todas as empresas e mercados.
É esta manutenção do crescimento que vai ser mantida… Nos últimos anos temos crescido bastante acima de média. O setor esteve alguns anos a sofrer com a economia portuguesa, pois estava muito ligado ao mercado nacional: mesmo em 2015, o factoring nacional representou 54 por cento do total. Estamos a falar de quase 23 mil milhões de euros. O factoring de exportação, do total dos 23 mil milhões de euros, só representou 12 por cento, dos quais nós temos mais de metade. Estes 12 por cento são, para mim, a fatia que tem grande potencial para crescer. Nos últimos anos, o setor reduziu porque estava muito dependente do setor doméstico e a nossa economia encolheu. Felizmente, em 2015, já se verificou uma inversão e o factoring total já cresceu 3,8%, muito por causa da componente do factoring de exportação. Nos últimos anos, o setor andava a cair e nós crescíamos a dois dígitos. Digamos que a quota de mercado tem vindo a aumentar para o nosso lado, se bem que não sou fundamentalista das quotas de mercado. Sou, sim, um lutador pela minha quota no factoring de exportação. Depois, há uma modalidade de que se fala muito, que é o reverse/ confirming, que já representa 34 por cento do
da empresa e libertamo-lo para o que ele deveria fazer mais: vender. Fizemos, há uns anos, um inquérito global a nível europeu sobre este tipo de questões: hábitos de pagamento, o conhecimento que os empresários têm deste tipo de produto e a surpresa é positiva. Uma grande fatia dos empresários já ouviu falar do factoring. Existem bastantes PME que utilizam o factoring, muitas vezes não da maneira como poderiam fazer, mas conhecem. E pelo facto de termos quase 13 por cento do PIB no próprio setor, isto também nos dá uma garantia de que, de facto, não é nada de novo. Por vezes, há é aquele pensamento: ‘se fizer isto vou mostrar o meu flanco relativamente à minha conta de clientes’ e esse é o trabalho que é preciso fazer: confiar. E as relações de confiança são como os casamentos – ou é amor à primeira vista, ou precisaremos de algum tempo para criar essa relação. É isso que eu diria a um cliente: ‘vamos criar uma relação de confiança com o tempo’. Temos clientes que trabalham connosco há mais de dez anos. No fundo, o que dizemos é que vamos ser os especialistas na gestão da conta de clientes das suas empresas, que é completamente diferente de dizer que ‘somos os seus financiadores’. Isso há muitos.
Já estivemos a falar do setor e das vantagens que há para as empresas no factoring de exportação. Para os próximos anos, quais as etapas que se seguem? O futuro, para mim, é hoje. Neste momento está em curso um processo de inovação do grupo Crédit Agricole, que
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O que diria, em termos de conclusão, ao potencial cliente exportador, percebendo a mais-valia que é a Eurofactor? No limite, diria ‘experimente!’, porque apoiamos a tesouraria
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portugal-frança: relações económicas | capsud
Empreendedorismo e sucesso em dupla nacionalidade Para além de ser o mentor da Les Dauphins – empresa francesa líder na comercialização de ambulâncias –, Mapril Baptista é também o empreendedor que solidificou a ligação entre Portugal e França, através da fábrica CAPSUD, situada em Aveiro.
Maria de Lurdes Baptista e Mapril Baptista Administradores
Assumindo-se como um homem “100 por cento português em Portugal e 100 por cento francês quando está em França”, Mapril Baptista constitui um verdadeiro símbolo do que é ser um empreendedor de êxito ‘lá fora’: afinal, é dono de um percurso de 40 anos de trabalho dedicado a múltiplas empresas, no qual palavras como ‘ambição’ e ‘visão’ sempre foram assumindo uma presença constante, levando a bandeira nacional bem longe, à medida que se foi esforçando – ao longo de todo este processo – no incremento da ligação entre os dois países que se orgulham do seu sucesso. Natural de Bombarral, Mapril Baptista mudou-se com a família para França aos seis anos, embora tivesse preservado sempre “uma ligação a Portugal”. De facto, e tendo começado a trabalhar desde muito jovem, o nosso interlocutor nunca renegou as suas origens: “quando cheguei aos 18 anos quis assumir responsabilidades em Portugal, porque queria mostrar à minha família que neste país também se podia ganhar dinheiro”, recorda. Esta proatividade e filosofia permitiu que, entre outros negócios, o nosso interlocutor assumisse a gestão de um restaurante português quando já detinha uma forte presença, em França, no setor que mais o viu crescer: a comercialização de ambulâncias. Empreendedorismo desde tenra idade Na infância, Mapril Baptista aspirava vir a ser polícia ou militar, sonho que lhe ficou vedado pelo facto de não possuir, então, a nacionalidade francesa. Depois de compreender que, pelos mesmos motivos, não poderia vir a exercer o ofício de bombeiro, o nosso entrevistado decidiu tornar-se “chauffeur de ambulâncias”. Começou, em 1974, a trabalhar numa empresa da área e cedo revelou o seu potencial enquanto empreendedor: “ao fim de um ano, quando tinha 19 anos, propus à gerência dessa firma ficar como responsável e dobrar o seu movimento”, recorda o empresário.
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O sucesso desta promessa fez com que, a pouco e pouco, o estatuto de Mapril Baptista se tornasse nitidamente reconhecido entre os pares. “Comecei a ganhar fama e tinha uma boa relação com todos os empresários”, lembra. Não admira, por isso mesmo, que “quando esses empresários se começaram a reformar eu recuperei as suas firmas”, prossegue aquele que se tornou porta-voz de nada mais, nada menos, do que 17 empresas dedicadas ao transporte de doentes. Mas, mais do que um homem atento a novas oportunidades de negócio, Mapril Baptista revelou-se também como um agente da inovação, que cedo se apercebeu, no decorrer do seu dia-a-dia, da forma como “as ambulâncias não estavam bem adaptadas às necessidades dos utentes”. Foi através dessa constatação que o empresário decidiu começar a fabricar e, posteriormente, a comercializar veículos altamente especializados para este efeito. Sempre “com uma equipa muito forte” a acompanhá-lo, o português fundou a firma Les Dauphins em 2000, através da qual se assumiu como líder e referência incontestada na comercialização de ambulâncias no território francês (com os números mais recentes a apontarem para uma quota de mercado de aproximadamente 53 por cento na totalidade do país e de cerca de 90 por cento na região de Île de France). Estes são valores que, em termos
capsud | portugal-frança: relações económicas brutos, se traduzem numa média de “15 mil carros fabricados por nós a operar em França”, completa o porta-voz. CAPSUD: uma ligação entre Portugal e França Se hoje a Les Dauphins corresponde a uma “marca muito conhecida” e com “grande responsabilidade” no território francófono, a verdade é que Mapril Baptista continua a não esconder a ambição de chegar cada vez mais longe no mercado. A comprovar essa mesma garra, o empresário desenvolveu, em 2004, uma fábrica dedicada à transformação de veículos em ambulâncias, com sede em Cacia (Aveiro), que permitiu atender a um duplo objetivo. Se, por um lado, a necessidade de aumentar a capacidade de resposta da Les Dauphins se revelou um imperativo, a verdade é que o surgimento da CAPSUD, Lda. permitiu também o alcance de outro importante desejo do empresário: “para mim era uma grande honra poder dar emprego às pessoas que estão em Portugal, ajudando o meu país ao mesmo tempo que ganhava dinheiro em França”, explica Mapril Baptista, acrescentando que a vontade de “não deixar um país à frente e outro para trás” foi decisiva. Empregando atualmente cerca de 80 colaboradores – e nos quais se inclui mão-de-obra altamente especializada –, a CAPSUD dedica-se não apenas à adaptação de veículos oriundos de França, como também à comercialização de um amplo catálogo de utensílios e acessórios necessários a qualquer situação de emergência. Claro está que, para este efeito, a fábrica se encontra devidamente certificada, fazendo de valores como a qualidade e a rapidez na entrega dos produtos grandes linhas-mestras.
O balanço do trabalho, por seu turno, não poderia ser melhor: “no ano passado transformámos 1250 veículos e, neste ano, tenho a certeza de que vamos trabalhar 1450 carros”, afirma o empresário. E, pese embora a quase totalidade das ambulâncias aqui montadas ser escoada para solo francês, não está descartada a hipótese de a CAPSUD vir a apostar também em mercados africanos como Senegal, Marrocos ou Gabão, sempre com a promessa de adaptar os veículos às necessidades requeridas. Uma relação cordial entre dois países Seja na qualidade de profissional há muito habituado à realidade empresarial de Portugal e França, seja como representante da Câmara do Comércio e Indústria Franco-Portuguesa, Mapril Baptista considera que “a ligação entre estes países nunca esteve tão boa”. A título exemplificativo, o nosso entrevistado cita o facto de “haver 50 mil firmas francesas geridas por portugueses” que não escondem o seu interesse por investir no país natal, onde aos “preços competitivos” se acrescentam outros fatores, da ligação emocional à segurança e qualidade de vida proporcionadas. Do mesmo modo, “há muitas firmas portuguesas, e cada vez mais, que trabalham com o mercado francês”, refere o empresário que, entre outros méritos, já foi galardoado pela COTEC com o Prémio “Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa”. Este corresponde a um estatuto que complementa uma carreira de visão, dinamismo, ambição e vontade de procurar novos rumos. De facto, quando questionado sobre o seu desempenho, Mapril Baptista deixa uma mensagem a todos os empresários portugueses: “A ideia que dou às pessoas é que elas conseguem, se quiserem. Precisam é de vontade. Se tivermos essa força, ultrapassamos tudo”. São estas as palavras de quem vingou.
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portugal-frança: relações económicas | bel portugal
A partilhar sorrisos, de Portugal para o mundo Mais do que uma enorme referência no mercado português de queijo, o Grupo Bel tem vindo a afirmar-se como um nome de vanguarda mundial para todo o setor. Sempre com excelência, rigor e sustentabilidade à mistura.
Ana Cláudia Sá Diretora-Geral
Com origem em França, mas contando já com uma grande cobertura mundial e um assinalável percurso de 150 anos, o Grupo Bel é um projeto familiar dedicado à produção de queijo que, desde o começo, se pautou por uma visão a longo-prazo, onde valores como a sustentabilidade sempre andaram a par de outros, como a qualidade, a ética, ou a “adoção de uma postura winwin com todos os parceiros, sejam eles clientes ou fornecedores”, introduz Ana Cláudia Sá, diretora-geral da Bel Portugal. Conhecido do grande público, o Grupo Bel está na origem de um conjunto de
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nada mais, nada menos do que “cinco marcas core” de enorme referência em todo o mundo. Entre estas, destacam-se as chancelas A Vaca que Ri ou Mini Babybel (ambas com uma presença já cimentada no mercado português), mas também Boursin, Leerdammer e Kiri. Associada a estas, existe, no entanto, uma série de “muitas marcas locais nos vários países” em que o grupo internacional encontra ramificação. No caso português, sobressaem os selos Limiano e Terra Nostra, há muito enraizados no setor nacional.
Queijos líderes em Portugal Fazendo jus à filosofia da casa-mãe, claro está que também a ramificação portuguesa do Grupo Bel se distingue por “uma equipa e uma cultura interna muito fortes”. De facto, importa salientar que a filial nacional regista “o maior nível de engagement” em todo o grupo, enfatizando-se das demais pelo especial rigor na certificação dos seus produtos, “pela cultura colaborativa e pela incrível política de compromisso”, sublinha a porta-voz. A recompensar toda esta filosofia empresarial, a Bel Portugal assume nada mais, nada menos do que “20 por cento do mercado total de queijo” do nosso país, um valor elevado que não é comum entre as congéneres de outros países, que “costumam assumir uma posição forte, mas
em nicho”, explica Ana Cláudia Sá. Mas o que justifica tamanho sucesso em terras lusas? A diretora-geral apresenta-nos uma das hipóteses: “Existe uma boa capacidade de escuta no Grupo Bel e temos conseguido que, ao longo dos anos, ele vá investindo em Portugal, por lhe parecer fazer sentido a médio-longo prazo”, sustenta. Claro está, todavia, que outro argumento para este êxito se prende com o “estatuto de referência” que marcas como as já mencionadas Limiano e Terra Nostra (ambas com mais de meio século de existência) assumem entre o público português. Estes correspondem, respetivamente, aos atuais primeiro e segundo classificados no mercado nacional de queijo, aos quais se junta uma terceira líder – A Vaca que Ri – também ela elemento constituinte da Bel Portugal.
bel portugal | portugal-frança: relações económicas
Por seu turno, “e quase a chegar ao pódio dos cinco primeiros no mercado” encontramos a marca Mini Babybel, que tem vindo a apostar “numa campanha baseada em lanches saudáveis” e particularmente atentos ao público infantil, numa missão partilhada com A Vaca que Ri. O sucesso da iniciativa parece falar por si: “Ano após ano, as duas marcas têm assistido a um crescimento de duplo dígito”, afirma Ana Cláudia Sá.
Qualidade, sustentabilidade e inovação Mais do que proporcionar um excelente produto, cada uma das marcas da Bel Portugal vê-se responsável por “uma missão”, baseada em valores como a sustentabilidade. A Terra Nostra, por exemplo, identifica-se com o propósito de “fazer o bem”, adotando o programa “Leite de Vacas Felizes”, assente em valores como a pastagem sustentável, o bem-estar animal, a produção certificada, a segurança alimentar ou a eficiência económica do
o queijo preferido dos portugueses, alia o rigor e a qualidade que lhe são habituais a filosofias como a valorização da família. Um queijo de excelência, para todas as idades, que aposta nos momentos genuínos em família, garantindo a superioridade de uma proposta sempre amanteigada. Acima de tudo, porém, é o fator inovação que mais contribui para distinguir pela positiva o trabalho diariamente efetuado na Bel Portugal, enfatizando o seu estatuto de pioneira perante os restantes elementos
os anos são colocados novos produtos no mercado com capacidade de abrir novos precedentes no setor, tal como foi o caso do primeiro queijo Limiano sem casca ou, ainda, do Limiano ralado. Mas a inovação faz-se sentir também em elementos como o packaging, não sendo de admirar que haverá novidades neste sentido para 2017.
agricultor. Por seu lado, a Limiano, sendo
deste grupo internacional. De facto, todos
bastaria para fazer da empresa um
Um passo à frente do grupo O facto de a Bel Portugal assumir uma posição de liderança no seu mercado
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portugal-frança: relações económicas | bel portugal
exemplo para as congéneres do grupo. Mas o mérito não se resume a esse fator: “Neste momento, estamos na linha da frente na direção para onde o grupo quer ir, o que nos coloca numa posição interessante”, refere a porta-voz. Assumindo-se na vanguarda do novo trio de valores “Care, Dare and Commit”, a Bel Portugal já se dedica à comercialização de produtos como leite e manteiga, merecendo a observação e estudo dos parceiros internacionais. Esta diversificação de catálogo corresponde a uma nova estratégia assumida por todo o coletivo – intitulada Big Bel – que não esconde um ambicioso objetivo: “duplicar o atual volume de negócios até ao ano de 2025”. Efetivamente, “agora que a estratégia se alterou, o nosso país passou a ser visto de outra maneira” pela direção do grupo. São casos como este que ajudam a demonstrar, no entender de Ana Cláudia Sá, a forma como “a relação entre Portugal e França é uma grande oportunidade”. E acrescenta: “Penso que a França tem potencial para explorar ainda melhor o nosso país, porque já percebeu que o investimento em Portugal tem imenso retorno”. As pessoas em primeiro lugar Importa salientar que todo o desempenho que faz da Bel Portugal um nome de inigualável referência no mercado apenas se tornou possível pelo intermédio de uma filosofia especialmente preocupada com o valor dos recursos humanos. Fazendo jus ao lema “People First”, a firma emprega neste momento 550 pessoas, e ainda trabalha com 500 produtores de leite. Significa isto que se encontram “muitas famílias envolvidas” naquela que é reconhecida como uma “enorme responsabilidade social e, na verdade, também um enorme serviço social”. Um serviço que promete, no futuro, novos sucessos ao sabor da sustentabilidade de sempre.
Ana Cláudia Sá Diretora-Geral
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golden algarve | portugal-frança: relações económicas
A perspetiva de um serviço completo Movido pelas oportunidades de negócio que o mercado imobiliário consegue proporcionar, Hugo Moreira aproveitou para definir estratégias e direções. Atualmente, o trajeto da Golden Properties hoje mais conhecida como Golden Algarve - dita um negócio amplo de desafios.
Hugo Moreira Administrador
“Trabalho no mercado imobiliário desde 2000 e passei por várias empresas até chegar aqui”, introduz. Consolidada a aprendizagem, tanto em mercados tradicionais como em mercados franchisados, o nosso interlocutor optou por explorar um território que, embora siga caminhos característicos, envolve preferências habitacionais e comerciais - o investimento imobiliário. A sua operação reflete agora a vastidão do seu campo, desdobrando-se num cenário cada vez mais internacional. O contacto que anteriormente manifestara com o mercado irlandês deu-lhe a confiança para prosseguir no ramo, despertando-o à mudança. “Começámos por trabalhar outros
mercados que dantes só trabalhávamos esporadicamente, como o mercado português, o belga, o francês, o luxemburguês, o sueco, entre outros”, revela. Perante esta abrangência, Hugo Moreira não poderia deixar de destacar o cliente francês que tanto interesse tem demonstrado pelo Algarve. O fator fiscal ajuda claramente a captar os segmentos mais ricos, mas é também a segurança e o conforto político e social que levam as pessoas (incluindo emigrantes) a encontrar refúgio neste espaço. Com a entrada em vigor das novas regras, o arrendamento de casas a turistas ficou facilitado e, com isso, o número de imóveis para esse fim experimentou o seu aumento. A Golden Algarve, aproveitando todas as potencialidades que a região tem para oferecer, procura agora trabalhar mais detalhadamente o cliente para segunda habitação que adquire casa para férias ou rentabilização. “Foi assim que surgiu a nova estratégia da Golden, mais diversificada em termos de mercados e, claro, com estratégias diferentes para cada um deles”, explica. A oferta deste leque de serviços tem como objetivo rentabilizar os investimentos imobiliários, enriquecendo a potencialidade do negócio. Porque se há clientes que preferem comprar para remodelar e voltar a vender, há quem opte pela remodelação e sua consequente rentabilização, ou ainda quem desfrute da hipótese da construção de raíz, não só em imóveis habitacionais como também comerciais. E, se a estrutura estava outrora centrada na classe média-alta, hoje ela estende o seu raio de ação por todo o Algarve. Com dois websites, consegue-se, assim, promover o mercado médio-alto ao mesmo tempo que se comercializam imóveis da banca, economicamente mais acessíveis. Com soluções adaptáveis às necessidades do cliente, a Golden Algarve estabelece relações de continuidade de modo a atingir as suas ambições. E, embora muitos cheguem perto deste serviço através dos portais online, o contacto direto e a sua personalização nunca ficam em momento algum negligenciados. “Temos um departamento de arrendamentos e outro de arrendamentos de férias. Podemos providenciar um serviço completo”, garante. Hugo Moreira reconhece igualmente as mais-valias de trabalhar em parceria e estabelece protocolos para essa finalidade. O mercado inglês tem-se mostrado bastante aberto nessa matéria e todos os profissionais conjugam esforços para a concretização dos seus negócios. A marca dirigida para o mundo inteiro sabe que a dinamização não se materializa no imediato e prepara-se para criar um novo escritório em Lisboa. O apoio dos colaboradores e dos seus parceiros continuará a ser imprescindível e, por isso, unem-se agora vontades para projetar negócios de maior escala.
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portugal-frança: relações económicas | buyme property
O conforto de um mercado próspero A paixão pelo esplendor, pelo requinte e pelo detalhe levou a que Ricardo Caliço avançasse para um mercado que o aliciou desde sempre. Com a experiência já consubstanciada no mercado imobiliário, o profissional sempre estivera motivado por criar algo seu, à sua própria imagem. Hoje, reconhece as mais-valias de trabalhar o Algarve e inspira-se no segmento de luxo para continuar a aperfeiçoar o seu vasto conhecimento e, a partir daí, gerar o alcance de todo o seu serviço.
Ricardo Caliço Administrador
A envolvência aqui conseguida nunca poderá ser comparada com aquela que as empresas de franchising procuram e, por isso, a BUYME Property, embora tenha sido criada há um ano e meio, consolida-se nos conhecimentos de outrora para introduzir a sua própria forma de habitar o mercado. Como estratégia, numa primeira fase, o agente sabe que a opção por um determinado cliente, excluindo obrigatoriamente um outro, vai direcionar e comunicar toda a sua perspetiva de negócio. Ricardo Caliço, observando o mundo numa dimensão mais internacional, quer aproveitar todos os capítulos da globalização para tornar a afirmar ainda mais a sua expansão. “Inicialmente, a atividade concentrava-se muito nos portugueses. Atualmente, 70 por cento dos meus clientes são estrangeiros”, informa. Sob uma análise mais específica, verificamos que 20 por cento dos seus clientes são suecos; os franceses – apresentando o maior volume do seu mercado – representam 40 por cento; e, por último, a
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restante fatia é completa por portugueses e ingleses. Este apelo internacional comprova a atratividade que diferentes países têm pela região portuguesa e revelam-nos a importância da sua preservação, requalificação e constante valorização. O clima fantástico, com os seus 350 dias de sol, as belas praias, a boa comida, os bons preços, o custo de vida razoavelmente baixo, as garantias para a boa prática do golf, são só algumas das imensas vantagens que o Algarve cultiva e que o bom investidor aprecia. Porém é necessário ter uma visão dinâmica que compreenda a mutabilidade de todo este negócio, pois a qualidade concentra estrangeiros das mais diversas culturas. Entre elas, o nosso interlocutor destaca a presença dos holandeses, dos chineses e dos russos. “Já somos referenciados, não pelo mundo inteiro, mas pela Europa, e estamos satisfeitos com os nossos clientes”, transmite. Todos estes compradores que vêm ao encontro da BUYME Property estão atualmente ativos e beneficiam de uma dupla compra - o estilo de vida perfeito e o investimento atrativo. Elevar a marca BUYME Property para a capital e outros países como a Suécia e a Áustria é uma realidade cada vez mais possível, não só pela vontade do empresário, mas também pela motivação dos clientes e confiantes parceiros de negócio. A transmissão dos valores vivos da região vive em perfeita sincronia com o turismo e vem produzir um valor mais acrescentado à sua ação. Nessa perspetiva, Ricardo Caliço criou a BUYME Prestige, penetrando assim num segmento ainda mais alto e diferenciador. Com a estrutura já montada em Vilamoura, prepara-se para abrir uma outra loja na Quinta do Lago. O mercado que também prevê esta necessidade acaba por considerar o estado da propriedade, a localização, e outros fatores de oferta e procura, levando a que o retorno do investimento feito pelo proprietário seja mais atrativo do que em outras aplicações financeiras seria. Com preços que andam na ordem dos cinco a dez milhões de euros, as propriedades são pensadas para um público mais exigente, que busca, acima de tudo, o conforto de um espaço privado. Além de moradores, esses imóveis acabam por atrair investidores. Sabendo que esta é uma área exigente durante o seu processo recrutamento, facilmente percebemos que a sua qualidade está na multiplicidade dos seus recursos. “O mais importante são as pessoas e sei que estamos a fazer um trabalho excelente”, garante.
Equipa Infrasecur
referência nos sistemas de segurança Criada em junho do ano 2000 em Lisboa, a InfraSecur surgiu como resposta à necessidade cada vez mais visível do mercado em encontrar melhores soluções técnicas e inovadoras no setor da segurança. Hoje, é uma multinacional reconhecida além fronteiras e está já representada em Angola e Moçambique. A InfraSecur, empresa tecnológica direcionada para grandes obras, atua no mercado de equipamentos e sistemas de segurança em três tipos de áreas distintas que se complementam entre si: a área safety com a proteção da vida e salvaguarda de bens; a área security na segurança contra a criminalidade; e a área da gestão técnica centralizada com a automação e eficiência energética dos edifícios. Sendo esta a base do Grupo Infra, “o projeto foi crescendo por si próprio”, conta Rui Jorge, administrador da InfraSecur, “e rapidamente houve necessidade de criar novas empresas de forma a potenciar novos caminhos com uma abrangência de mercado internacional”. Assim, a InfraSecur Angola imposta com parcerias locais, nasceu em 2004 e tem sede na cidade de Luanda. Mais recentemente, em 2013, surge a InfraSecur Moçambique que se tem afirmado como uma mais-valia no mercado onde está inserida e tem sede na capital Maputo. “Cada uma delas é autónoma e independente”, explica o administrador que conta com dois sócios, José Serrote e Luís Guerra, ambos na administração da InfraSecur nos dois países africanos. Esta rápida abertura para o mercado externo permitiu novos desafios e melhores parcerias para a InfraSecur, quer na Europa quer em África. Paralelamente a este crescimento, nasceu também, em 2007, a InfraSys no campo da automação, gestão técnica e eficiência energética e, em 2008, a InfraPlan no estudo e execução de salas limpas. Segundo o empresário, esta foi a ordem natural das coisas, uma vez que “nunca vendemos nada que não fosse profissionalismo”. Com esta crescente evolução, a InfraSecur tem novas resposabilidades e torna-se, cada vez mais, uma potencial líder nos mercados onde está inserida.
serviços são específicos e, como tal, precisam de pessoas especializadas, dado que a área tecnológica sofre atualizações frequentemente. “Nós temos uma componente de formação muito forte”, admite, “que se traduz numa mais-valia crucial para a empresa”. Os equipamentos de segurança são provenientes dos fabricantes mundiais mais importantes na área da Engenharia, garantindo, desta forma, a qualidade dos produtos. O serviço à medida de cada cliente é “chave na mão” ou em colaboração com terceiros, assegurado com a assistência técnica disponibilizada pela InfraSecur, ao mesmo tempo que os clientes são aconselhados pelo melhor na formação de parcerias operacionais. A InfraSecur projeta, instala e mantém os equipamentos. O trabalho com o cliente final é feito depois dos sistemas estarem devidamente instalados, até lá é realizado junto dos gabinetes de projeto e dos empreiteiros de cada obra. “Estamos presentes no terreno e assumimos a responsabilidade”, afirma o administrador, “é muito importante para o cliente e para nós, enquanto empresa”. De forma a conseguir prestar um serviço de excelência, a InfraSecur apoia-se na certificação obtida com os fabricantes que fazem parte do seu portfólio, destacando a Siemens Building Technologies na área de Safety e Gestão Técnica Centralizada; GE com Safety e Security; Notifier no ramo de Safety; ADI e Nexwatch na área de Security, sendo que estas últimas três certificações pertencem à marca Honeywell. No que diz respeito aos mercados externos, mais precisamente o europeu e o africano, a InfraSecur tem o reconhecimento por parte da Siemens e da Honeywell na comercialização de produtos nas diferentes áreas. Em 2012, a empresa conseguiu obter a certificação Bosch de todas as competências técnicas e comerciais dos produtos em Portugal, Angola e Moçambique. Com 50 funcionários na InfraSecur Portugal, a empresa possui clientes de renome nacional de onde se destacam a Vodafone, cliente desde o início da existência da empresa, com todos os edifícios da marca; a NOS com o edifício sede; o Hospital da Ilha Terceira; a Polícia Judiciária no novo edifício sede; e a SONAE com o Tróia Resort. Setor “Em Portugal, contrariamente ao que muitos dizem”, começa por explicar Rui Jorge, “considero que o setor está em crescimento”. Segundo o próprio, a recessão económica que se fez sentir nos últimos anos, veio “filtrar” e “posicionar” as empresas, fazendo com que o profissionalismo vingasse. Além disso, o mercado começa a dar sinais de que existe uma maior procura pela qualidade e segurança, em detrimento da procura pelo preço”. “A forte componente de manutenção no serviço pós-venda da InfraSecur permitiu que a crise económica não se fizesse sentir na faturação da empresa, dando a oportunidade de apostar em novos mercados. Para o administrador “a capacidade de realizar novos projetos ao mesmo tempo que existe uma garantia de manutenção faz o crescimento de uma empresa”, e desta forma a sobrevivência torna-se mais fácil, isto é, quando a administração tem uma faturação assegurada a única preocupação real é evoluir e aumentar. Futuro De momento, o foco é o aumento do mercado em Portugal com o intuito de uma maior dimensão e visibilidade que, consequentemente, trará um reconhecimento mais consistente no país. O plano é “dar um salto” mantendo Angola e tentando aumentar Moçambique. Embora a política empresarial da InfraSecur nunca tenha passado pela prospeção de mercado, este ano a intenção é outra. A crença de que é preciso alargar horizontes e dar um passo em frente ganha terreno e o estudo de novos mercados começa a fazer-se ver.
Serviços “Estamos no mercado dos grandes investimentos”, afirma, “onde começamos a ser reconhecidos pelo nosso trabalho e, consequentemente, somos requeridos pelo mercado”. Os
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portugal-frança: relações económicas | rpl clima
“Um verdadeiro parceiro de negócio”
Implementada no mercado com a força da qualidade e a prioridade na rapidez, fomos conhecer melhor a RPL Clima. Através da voz de Rui Lopes, observámos o mundo que se encontra por detrás da climatização automóvel e reconhecemos as mais-valias da personalização do seu serviço. Tendo iniciado a sua atividade quando ainda decorria o ano 2000, a empresa optou por fixarse num universo minucioso e especializado. “Dentro do carro existe uma imensidão de peças onde podemos encontrar o circuito de ar condicionado. Foi nessa vertente que nos quisemos focar. Hoje, quando se pensa em ar condicionado, pensa-se em RPL Clima”, começa por introduzir. Dedicada à importação e distribuição das peças, a empresa começou por solidificar-se em bases sustentadas para que, posteriormente, a projeção fosse consolidada com a confiança e segurança necessárias. A empresa é hoje uma referência nacional e internacional e os clientes transmitem a satisfação que advém, precisamente, da sua visão e serviço de qualidade. Para que possam garantir um fornecimento eficaz, dispõem de uma completa gama de produtos em stock, num armazém com área superior a 1600 metros quadrados. “Aqui no Algarve somos poucos, mas no verão a nossa população quadruplica. Trabalhamos com furgões, com camiões, e assistimos também máquinas agrícolas e industriais”, observa. A preparação para o contexto envolvente faz com que o empresário se erga a novos desafios e transporte consigo uma grande variedade de produtos e soluções. A particularidade do negócio abrange todo o território nacional, mas não deixa de estar atento ao que se faz lá fora. Nessa perspetiva, o empresário aprendeu que o caminho da expansão seria mais facilmente percorrido com a ajuda dos seus clientes, dos seus parceiros de negócio e, acima de tudo, dos seus colaboradores. E quando nos confrontamos com objetivos específicos que vão ao encontro da eficiência no serviço de entrega, sabemos que estamos perante um caso de sucesso, coordenado por um forte espírito de entreajuda e união. Sendo distribuidora oficial em Portugal das marcas Denso, Sanden e Delphi, a importância de estar próximo dos profissionais sempre foi saliente e hoje o seu posicionamento assume-se com detalhe e conhecimento. A aposta na venda exclusiva aos profissionais da área é uma prioridade e vai ao encontro da própria filosofia da empresa. “Nós preferimos trabalhar dessa forma e proteger os próprios profissionais. Não vendemos problemas e sabemos que a pessoa comum não está preparada para essa venda. Eu penso que o prestígio, o caráter, e o modo como operamos neste campo mantém-se intacto e é este caminho que queremos seguir”, completa. Como é diversa e precisa a envolvência desta matéria, a RPL Clima recebe formação dos maiores fabricantes a nível mundial para que, a partir daí, possa gerar um serviço cada vez mais atento e qualitativo ao seu cliente. Durante todo esse processo, os oito colaboradores Rui Lopes Administrador
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nunca se esquecem da assistência pós-venda e dos benefícios que dela podem retirar. Com marca própria, conseguem ganhar alcance junto das pessoas, sem nunca negligenciar nenhum dos veículos de comunicação. A Internet, complementada a outros meios, soma vantagens e o empresário já alia os seus catálogos anuais ao suporte informático, fazendo-se acompanhar por uma página web. “Trata-se de uma página business to business que gera a possibilidade de fazer compras online. As vendas têm crescido ano após ano”, aponta. Perante esta dinâmica de mercados, a RPL Clima mostrou-se aberta a outros desafios e foi afirmando o seu negócio fora de fronteiras. França foi o destino que marcou a sua visão empreendedora e hoje procura tirar partido da sociedade que estabeleceu com a Câmara do Comércio e Indústria Luso-Francesa. Sabe que está no caminho certo e, paulatinamente, irá criar laços que a fortificarão ainda mais no campo das vendas, indo ao encontro de outros possíveis parceiros de negócio. A permanente afirmação da sua qualidade continuará a estar associada à especialização que move a RPL Clima. “Por muitos players que existam no mercado, nós continuamos com o nosso posicionamento e líderes nacionais nas peças de ar condicionado automóvel”. O futuro, agora, passará por uma contínua aposta na sua imagem, tendo em conta os pequenos ciclos que o mercado sugere. “Quando se fala em RPL Clima fala-se em confiança, em qualidade e um parceiro verdadeiro de negócio”. São afirmações assim que traduzem como o acréscimo de exigência não é um sinal de enfraquecimento, mas sim um motivo para o seu crescimento.
portugal-frança: relações económicas | grupo aoc
Uma posição de excelência no mercado nacional e internacional O grupo AOC disponibiliza serviços que vão desde o projeto de conceção até á construção de diferentes tipos de edifícios ou instalações. Distinguese do mercado atual por ser uma empresa credível quer do ponto de vista financeiro, quer do ponto de vista da execução.
Nuno Fernandes CEO
Obra Paris Asia em França
Qual a génese do Grupo AOC S.A? A AOC é uma empresa de cariz familiar criada no final da década de 80. Dedicou-se desde logo ao sector de atividade da habitação, que na altura tinha um crescimento muito elevado. O trabalho efetuado neste sector foi sempre marcado pela qualidade e cumprimento dos prazos, fator que veio a revelar-se essencial para o crescimento do volume de negócios. Com o passar do tempo e o aumento da concorrência a empresa enveredou por um sector diferente, o da Industria, logística e serviços que ainda hoje vem a ser a sua maior área de negócios. Com o acentuar da crise verificada em 2009, a empresa viu-se na necessidade de expandir os seus negócios para o exterior do Pais de forma a manter o seu quadro de trabalhadores e a manutenção do seu volume de negócios. O Grupo abrange quantos trabalhadores e qual o perfil dos mesmos? O grupo tem neste momento cerca de 250 trabalhadores distribuídos pelos Países onde
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opera, Portugal Moçambique e França. Muitos destes trabalhadores e que constituem o núcleo duro da empresa, acompanham-na há mais de 15 anos. O perfil destes trabalhadores é muito diferente consoante o país onde estão sediados, no entanto a empresa detém nos seus quadros equipes técnicas e de controlo de obra, desde engenheiros, arquitetos, preparadores e encarregados de obra de forma a responder as suas necessidades. Dispõe ainda de trabalhadores especializados em diversas áreas, desde a armação de ferro, cofragem, movimentação de terras e outras profissões relacionadas com o setor. Quais os serviços disponibilizados pela empresa e de que forma se distingue da concorrência no mercado? O grupo AOC disponibiliza serviços que vão desde o projeto de conceção até á construção de diferentes tipos de edifícios ou instalações. Distingue-se do mercado atual por ser uma empresa credível quer do ponto de vista financeiro, quer do ponto de vista da execução.
grupo aoc | portugal-frança: relações económicas Tentamos colocar em todas as nossas operações o nosso cunho pessoal, que passa pela boa relação com os nossos clientes conseguida através do rigor do cumprimento contratual e da qualidade dos trabalhos apresentados. Na AOC acreditamos que um cliente volta sempre e que por isso a qualidade das relações criadas e dos trabalhos desenvolvidos é preponderante para o crescimento da empresa. Que apresentação nos pode fazer da missão e visão do Grupo? A Visão do grupo tenta transmitir a nossa vontade, de sustentar uma posição de excelência no mercado Nacional e Internacional no desenvolvimento da nossa atividade sustentando os investimentos da empresa, com o retorno financeiro dos nossos clientes através das obras efetuadas. Trata-se por isso de uma visão real e que mostra a seriedade com que a empresa enfrenta os desafios, tentando criar valor através dos projetos efetuados e das parcerias que se criam com os nossos clientes e fornecedores. Esta visão tem em linha de conta a nossa missão de projetar e construir obras de engenharia civil, criando valor e respeitando o ambiente. Sem a criação de valor não se pode oferecer um bom serviço, razão pelo qual esta premissa está devidamente inscrita na nossa missão.
Nesta edição em particular tratamos as relações internacionais Portugal-França. Que balanço faz desta ‘parceria’ dos dois países? A Relação entre os dois países tem sido boa para ambas as partes. Por um lado permitiu que o mercado francês em crescimento, absorvesse uma boa parte dos excedentes de pessoal qualificado que Portugal tinha, fruto do decréscimo de atividade verificada depois de 2009, e ao mesmo tempo das empresas que se viram na contingência de procurar novos mercados, e por outro lado permitiu a essas empresas e profissionais portugueses de continuarem a exercer as suas funções e a sua atividade. A meu ver é uma relação ganhadora para ambas as partes. Para esta boa relação muito tem contribuídos os últimos governos Franceses e Portugueses, assim como a Camara de comércio Luso Francesa que através do seu empenho tem promovido diversas atividades que permitem o encontro entre empresas Portuguesas e investidores Franceses para potenciar a atividade em França.
necessário o País conter o seu défice o sector é atacado, diminuindo o investimento público, aumentando os impostos que por sua vez diminuem a capacidade investidora das empresas em novos projetos. Trata-se o setor com muita indiferença quando empregava uma maioria esmagadora dos trabalhadores em Portugal. Por outro lado as sucessivas trocas de governo e mais tarde as imposições da Troika retiram credibilidade ao País pela sucessiva alteração de politicas sociais e de impostos, retirando a confiança dos investidores nacionais e estrangeiros que poderiam alavancar este setor. Da esmagadora maioria de empresas que existiam há 25 anos, apenas algumas, poucas se mantêm a trabalhar no setor. Esta é a prova da dificuldade que o setor apresenta e com a qual nos debatemos todos os dias de forma a dar continuidade ao nosso projeto.
Há 25 anos na construção civil, como vê a evolução do
Por onde passa o futuro francês e português do Grupo? O futuro passa por manter a nossa postura, cumprindo com a nossa missão sem perder consciência da nossa visão. As organizações tendem a flexibilizar-se de forma a rapidamente se adaptarem a novas regras, novas imposições e novos condicionantes externos. Na AOC temos isso bem presente, o que nos permite olhar o futuro nos 3 países onde trabalhamos com serenidade e confiança. Temos obra feita,
mercado? O mercado da construção em Portugal tem sido alvo de muitos ataques. Ataques no sentido em que sempre que é
clientes satisfeitos e colaboradores motivados. Estes são os principais ingredientes para o sucesso das organizações, pelo que temos total confiança no futuro.
Obra Paris Asia em França
Sabemos que o vosso principal core business é o mercado francês. Porquê esta aposta? O mercado Francês aparece como uma escolha natural no nosso setor de atividade, pela relação cultural e de cooperação que existe entre os dois países e claro está pela relação entre a construção civil e os emigrantes em França. Obviamente que não podemos deixar de fora o mercado da construção que a França oferece neste momento e que de alguma forma permite a empresas estruturadas de permanecer neste País atuando seriamente. A França e mais concretamente Paris, tem uma necessidade crescente de construção, nomeadamente no setor habitacional e Industrial. A AOC apenas tenta tirar partido dessa oportunidade trabalhando seriamente de forma a ver reconhecidas as suas capacidades e aumentar a sua presença neste mercado, que este ano vai representar cerca de 30ME ou seja metade da faturação do grupo.
passado como a melhor empresa do setor da construção do distrito de leiria.
Unidade Industrial de Maçarico
E qual a posição do Grupo em Portugal? Em Portugal e apesar do decréscimo de adjudicações, podemos dizer que a reestruturação efetuada no seio da empresa permite absorver o mercado tal como ele se apresenta neste momento. Somos vistos como uma empresa séria e capaz, e temos vindo a merecer a confiança dos nossos clientes, pelo que acreditamos que embora o mercado esteja fortemente condicionado pelo investimento publico e privado, manteremos a nossa posição de excelência. Prova disso é termos sido distinguidos o mês
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portugal-frança: relações económicas | beaudrey portugal
Excelência e profissionalismo Com mais de um século de existência, a Beaudrey mantém-se no topo do mercado mundial, no que diz respeito ao seu setor – limpeza e filtragem de água para várias entidades, seja centrais elétricas, indústrias químicas, estações de água citadinas ou dessalinizações. Em 1912, Eugene Beaudrey e Louis Bergeron, estabeleceram os princípios que seriam a chave para a fundação da empresa, que hoje mantem vivos os mesmos valores e espírito dos seus fundadores. produção e fabrico. Por último, “temos uma representação comercial no Dubai, que está encarregue desse mercado”, explicou Oumar Seck, com o objetivo de transmitir a importância e o potencial da empresa. O core business da Beaudrey Portugal é uma área com especificidades bastante complexas, como adianta o nosso entrevistado, por isso fez questão de nos esclarecer sobre a orgânica da empresa. Sendo a atividade principal da Beaudrey o elemento de limpeza da água, podemos dizer que a filtragem é a prioridade da empresa. Assim sendo, Oumar Seck lembra que o objetivo é torná-la limpa de resíduos para o seu percurso no circuito de arrefecimento. “A nossa ação consiste na filtragem da água, que se estende aos mais diversos setores de atividade, que podem ser centrais elétricas, indústrias químicas, dessalinização, ou estações de água citadina. O objetivo é retirar os detritos da água para o seu uso nos sistemas de refrigeração dos condensadores. Todas as centrais têm sistemas de aquecimento, mas precisam de água para o sistema de refrigeração. Assim, a Beaudrey projeta máquinas com grandes capacidades podendo atingir um débito de 150 mil metros cúbicos por hora”, explica o interlocutor. Apoiada em um século de experiência, a qualidade, fiabilidade e eficiência das máquinas Beaudrey são fatores incontornáveis que elevaram a empresa a um patamar de excelência assinalável. De acordo com o nosso entrevistado, a empresa apresenta soluções “chave na mão”. Após a produção, a máquina é testada antes de ser entregue. Segundo Oumar Seck, “o produto tem de estar a funcionar logo no primeiro teste”. Esta exigência e profissionalismo, aliada ao espírito familiar da equipa, tem permitido à empresa granjear um crescimento e desenvolvimento notáveis, num mercado cada vez mais global e competitivo. Oumar Seck Diretor Geral
Há mais de 100 anos, que a Beaudrey se tem dedicado à conceção, instalação e serviços e equipamentos de triagem de água. Responsável pelo desenvolvimento e patente do primeiro e original ZBL, a empresa esforça-se para desenhar e projetar continuamente equipamentos eficientes e de grande qualidade. Em entrevista à Revista Business Portugal, Oumar Seck, director-geral da Beaudrey Portugal, deu a conhecer as características e particularidades deste gigante mundial. O percurso da empresa começa em Paris, no mesmo edifício onde ainda hoje se encontra, mas rapidamente alargou a sua influência a todo o mundo. Com a sua marca nos cinco continentes, a Beaudrey tem uma filial nos Estados Unidos da América há cerca de dez anos, uma extensão na Malásia, que trabalha e gere o mercado da região e, em 2014, abriu escritório em Portugal. Este núcleo está destinado apenas à gestão da
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beaudrey portugal | portugal-frança: relações económicas Se não respeitarem as nossas normas de segurança, são convidados a deixar a empresa. Implementámos essa mentalidade aqui em Portugal, porque o nosso trabalho só pode ser feito com as regras de segurança bem presentes”, avança. No seu catálogo de produtos, Oumar Seck destacou duas máquinas - a “WIP” e a “Zero Ball Loss”. A primeira foi criada para proteger os peixes que são apanhados pela máquina, redirecionando-os novamente para a água. Relativamente à “Zero Ball Loss”, trata-se de um aparelho que utiliza uma bola para limpar os canos. Contudo, de forma a evitar que estas bolas de limpeza sejam despejados ao mar, a Beaudrey elaborou um sistema capaz de recolher as bolas usadas, permitindo recolher estas últimas, contribuindo de forma ativa para a preservação do ambiente. Sabendo que estamos a falar de uma área de trabalho onde estar atualizado é fulcral, a Beaudrey não permite estagnação “Nós estamos em funcionamento, desde 1912, e tivémos sempre de nos adaptar, em termos de qualidade, segurança, proteção ambiental. É um pouco o nosso segredo para estar no mercado”, confessou o diretor. Se o momento atual da empresa é de excelência, o futuro da mesma tem de ser ainda melhor. Em jeito de conclusão, Oumar Seck afirma que “é necessário manter este nível, mas queremos sempre melhorar”.
Portugal: um local estratégico A Beaudrey é uma empresa de engenharia que concebe as máquinas através das suas próprias plantas elaboradas no seu departamento técnico de desenho. “De seguida, subcontratamos todo o trabalho de fabrico aos vários fornecedores que dispomos na Península Ibérica. Compramos os materiais com base no desenho para fabricar o produto e dispomos de inspetores devidamente qualificados para seguir o fabrico de forma minuciosa e criteriosa, desde a compra dos materiais até ao produto final”, afirmou Oumar Seck. Questionado acerca da importância do departamento português, Oumar Seck explicou que este núcleo é essencial, porque Portugal, para além de ser um país onde a Beaudrey dispõe já de 30 colaboradores, é também um local estratégico. Segundo o diretor, a presença no nosso país facilitou os trabalhos que têm entre Portugal e Espanha. “Portugal é o nosso centro de produção. A maior parte do nosso equipamento é fabricado em Portugal e depois é transportado para o resto do mundo”, declarou Oumar Seck. Qualidade e Segurança A Beaudrey trabalha com empresas em mais de 80 países espalhados pelo globo, por isso a sua capacidade de reinventar e a sua adaptabilidade são fatores preponderantes para o sucesso alcançado. Projetada para minimizar os custos operacionais, as necessidades de manutenção e o impacto ambiental, a Beaudrey oferece uma gama completa de soluções de engenharia eficientes e económicas, apresentando um serviço personalizado e diferenciador. Um outro ponto apontado por Oumar Seck é a política de segurança inerente à empresa. “A saúde e a segurança dos nossos trabalhadores é crucial. É uma das nossas prioridades.
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portugal-frança: relações económicas | solintellysys
a criar todo o
Sul, México – delegação em Pachuca, Alemanha – com delegação em Dusseldorf e com distribuidor profissional em Marselha.
tipo de soluções
Nesta edição em particular tratamos as relações internacionais Portugal-França. Que balanço faz desta ‘parceria’ dos dois países? O mercado francês é um mercado maduro, com oportunidades no mercado da saudade. O distribuidor francês da Intellysys, está a desenvolver um trabalho notável, adequando as nossas soluções às reais necessidades das empresas francesas. O mercado francês tem um peso crescente nas empresas portuguesas, nomeadamente no setor do tratamento de superfície e pintura, por isso existe um elevado número de empresas portuguesas a exportar para França, constituindo-se como clientes da Intellysys. Criamos assim negócios em Portugal e potenciamos negócios em França
A Solintellysys iniciou a sua atividade a 20 de Outubro de 2008. A Revista Business Portugal esteve à conversa com João Figueiredo, CEO da Sollintelysys por forma a perceber o segredo do sucesso desta empresa.
João Figueiredo Executive CEO
A Solintellysys desde a sua génese soube munir-se das ferramentas essenciais para enfrentar, de forma sustentada, os desafios da competitividade. Neste crescimento e desenvolvimento, que importância atribui ao capital humano? O nosso capital humano é a fonte da nossa “riqueza”. Trazer excelência aos produtos, organização e às relações inter-empresas, apenas com uma equipa de excelentes pessoas. É justo dizer-se que a Intellysys possui uma equipa em construção, em constante aperfeiçoamento, focada na satisfação do cliente, sendo feliz e crescendo financeiramente. Hoje e sempre, as questões da equipa são fundamentais, os comportamentos e os compromissos são os fatores do nosso sucesso. “Os” IntellyPeople são gente séria, profissional, abnegada e profundamente focada na visão e missão da Intellysys.
Qual a génese da empresa e como se posiciona nos dias de hoje? A Intellysys® começou em 20 de Outubro de 2008, fruto de uma equipa estruturada, com foco na excelência e satisfação de clientes industriais da área de tratamento de superfície e pintura, disponibilizando soluções e equipamentos com alto valor acrescentado. Nos dias de hoje, a Intellysys é orgulhosamente líder de mercado nacional, com implantação em 12 países e com delegação no Brasil, México, Alemanha e cadeia de distribuição em França. Que apresentação nos pode fazer da missão e visão do Grupo? A missão da Intellysys é ser líder na indústria, produzindo soluções de elevada qualidade e serviços de excelência, garantindo a satisfação dos clientes e indo ao encontro das suas reais necessidades. Tem como visão, ser a empresa líder no desenvolvimento de Instalações de Tratamento de Superfície & Pintura de alta qualidade e eficiência. Pretende manter um crescimento sustentável e construir relacionamentos de longo prazo, baseados na confiança e beneficio mútuos. Que razões aponta para justificar o crescimento assinalável ao longo dos seus oitos anos de existência? A alta tecnologia das nossas instalações, a confiabilidade dos nossos produtos, a relação preço/qualidade/valor agregado, o espírito de serviço e, acima de tudo, esta visão de solução positiva, sendo hoje a Loja da Empresa, onde os empresários confiam e vêem efetivamente resolvidos os seus problemas, com seriedade e profissionalismo. Quais são os principais mercados onde a Solintellysys está presente? Que novos mercados pretendem atingir? A Intellysys® está presente em 12 países, com foco em Brasil – estado de Rio Grande do
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A inovação marca o ritmo da civilização atual, neste sentido estar atento à inovação e ao desenvolvimento tecnológico tem sido uma prioridade? A nossa ligação ao sistema Científico, o Protocolo com a UA – Universidade de Aveiro, os vários projetos de ID&T são nota clara da nossa aposta forte na inovação. Inovar é ter coragem e mestria de desafiar as soluções atuais, criando alternativas simples com alto valor agregado. A Intellysys desenvolveu Sistemas de ativação de Superfície por Plasma, ao Abrigo de um QREN - ID&T que agora está a implementar no mercado. Efetuámos já a candidatura aos fundos PR2020, para desenvolver esta tecnologia e acrescentar laser e ultra-sons, completando a gama de Tratamento de Superfície e Pintura, para o setor aeronáutico, onde temos clientes como EMBRAER, AIRBUS, BOEING, SAFRAN e SNECMA. As instalações de Tratamento de Superfície e Pintura que disponibilizamos ao mercado, contém as mais atuais soluções existentes no mercado global, sendo merecedoras de inúmeras distinções nacionais e internacionais. Um dos exemplos é a nossa Solução de Supervisão Global, baseada no conceito “Industry 4.0”, implementada em vários Clientes, trazendo-lhes rentabilidade, controlo rigoroso e informação disponível e segura, a qualquer hora e em qualquer lugar. A criação de parcerias tem sido fundamental para a trajetória ascendente da empresa? A Network de parceiros é uma pedra basilar….Para chegar longe, vamos juntos! Construímos parcerias com entidades que entendem que a Intellysys é muito mais do que uma fábrica de máquinas industriais, é uma fonte de soluções com alma! Não basta, nos dias de hoje, ser bom é necessário ser excelente. Por isso, a Intellysys procura sistematizar e consolidar, junto dos seus parceiros, uma atitude pró-ativa e dinamizadora de relações duradouras. Os melhores parceiros são os clientes… Sermos transparentes, rápidos a responder, estar sempre disponível, informar das melhorias, faz parte das premissas que defendemos e queremos que os nossos parceiros entendam. Fazem parte dos nossos parceiros, algumas das melhores Empresas / Grupos Industriais e Científicos deste nosso pais e também do estrangeiro. É com o somar das experiências destes parceiros e com o nosso know-how que equipamos
solintellysys | portugal-frança: relações económicas os nossos clientes. Quais são as prioridades da empresa a nível internacional e como perspetiva o futuro do mercado nacional? A Intellysys tem dois vetores fundamentais de desenvolvimento: o mercado europeu e o mercado Americano. A construção de uma nova unidade fabril, com 15 000 m2, equipada com tecnologias “Industry 4.0”, consolida a aposta forte e resposta pronta ao mercado nacional e europeu. A Prioridade é aposta no mercado europeu por presença de proximidade e disponibilizando meios de produção e resposta que permitam, fazer bem e rápido! Quanto ao mercado Americano, a implementação no Brasil, permite responder com qualidade a este tão grande país. A sede produtiva do México, permite responder ao país, aos países limítrofes e essencialmente preparara a entrada no mercado dos Estados Unidos, até 2022. O nosso mercado nacional, perfila-se como um mercado em crescendo quer de quantidade quer de qualidade, percebendo-se a elevada evolução da gestão das nossas empresas, escolhendo instalações com elevada tecnologia, alta flexibilidade e que permitem posicionarse em clientes com maior valor agregado. Ser um dos 10 players mundiais neste setor, com enfoque na aeronáutica é uma das metas da empresa. Qual a estratégia delineada para atingir este desiderato e que outros objetivos acalenta para a Solintellysys? A Intellysys continua a sua evolução a passos seguros. Acaba de equipar um dos seus melhores clientes, a OGMA/EMBRAER com um Hangar de Pintura para Aeronaves Comerciais
e Militares. Com capacidade de pintura em simultâneo de um Airbus A320 e um F16 e supervisão global de sistemas de controlo de impacto ambiental, é a prova factual de que a Intellysys é capaz, sabe e domina custos e tempos! 8 Anos após a abertura a Intellysys é hoje líder nacional, destacada no setor aeronáutico no fornecimento de Soluções de Tratamento de Superfície e Pintura e concorrendo com as maiores e melhores engenharias internacionais. O nosso portfolio contém desde soluções discretas estacionárias até às instalações completas robotizadas, desde peças soltas até aeronaves completas. Disponibilizamos soluções de tratamento de superfície, lavagem, desengorduramento, secagem, sopragem, aplicação em cabinas de revestimentos base líquida ou base sólida, fornos de polimerização de tintas ou tratamentos térmicos, transportadores aéreos e ao solo, sistemas de supervisão baseados no conceito Industry 4.0, sistemas auxiliares e complementares de produção, máquinas especiais. Tudo isto em setores como Automóvel, Energia, Ferroviário, Indústria em geral e claro Aeronáutico. A estratégia é continuar a evoluir, baseado num reforço do capital humano, do knowhow, da consolidação quer de parcerias tecnológicas quer de relações interpessoais e interempresariais. A aposta na presença em mercados como a Alemanha e França e a realização de estrutura de produção no méxico, constituirão os caminhos que nos levarão a este tão grande objetivo. Sonhar faz parte do nosso ADN, o que concretiza o sonho é continuarmos todos os dias a acreditar que é possível.
SISTEMAS DE PRODUÇÃO EFICIENTES - SPE | LINHAS DE TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE E PINTURA ROBÓTICA E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL | MÁQUINAS ESPECIAIS | SISTEMAS DE ENERGIA E AMBIENTE
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portugal-frança: relações económicas | ribermold
Inovação e desenvolvimento sustentado Com 45 anos de experiência no setor dos moldes e um know-how consolidado, Alberto Ribeiro, presidente da Ribermold, elege a honestidade, responsabilidade, a confiança e o profissionalismo como valores indispensáveis para uma empresa singrar no mercado.
Breve contextualização da Ribermold, atendendo à sua história e às etapas mais marcantes, desde o nascimento da empresa até aos dias de hoje. De génese familiar, desde 1987 a Ribermold detém um core business que potencia a constante inovação e um desenvolvimento sustentado. Num período em que a opulência do setor dos moldes era notória, Alberto Ribeiro, decidiu apostar no sector, evidenciando um espírito empreendedor. A experiência adquirida por Alberto Ribeiro permitiu-lhe adquirir um conhecimento preponderante para edificar a Ribermold. A fabricação de moldes com valor acrescentado é a principal atividade da empresa. De facto, e com o firme propósito de satisfazer as eventuais necessidades e expectativas dos parceiros comerciais, a Ribermold agiliza todas as fases do processo de produção, designadamente, o desenvolvimento, o projeto, a elaboração do molde, a prototipagem e o ensaio. A diversidade de setores com que a empresa interage é sinónimo da flexibilidade e capacidade de adaptação às exigências do cliente. A Ribermold domina essencialmente o setor automóvel, elétrico e eletrónico, medicofarmacêutico de uma panóplia de mercados internacionais.
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A Ribermold abrange quantos trabalhadores e qual o perfil dos mesmos? A Ribermold emprega 85 trabalhadores, dos quais 18 licenciados e dois com Mestrados. Quais os serviços disponibilizados pela empresa e de que forma se distingue da concorrência no mercado? Além da engenharia e fabrico de moldes, presta serviços de consultoria, possuindo um departamento de I&D+I onde são criados e desenvolvidos produtos inovadores, quer sejam internos ou em parceria com os seus clientes. Em termos de mercado, para onde escoa os seus produtos? A Ribermold exporta 95 por cento da sua produção para toda a Europa, E.U.A, e América do Sul. Para onde caminha a Ribermold e quais as expectativas para o futuro? Quais os principais projetos? A longo prazo, a Ribermold ambiciona dominar o processo produtivo dos moldes, em todas as suas vertentes, porém o futuro engloba também o estudo e criação de peças inovadoras. A Ribermold, pretende ser reconhecida como uma empresa que tem capacidade para fornecer aos seus clientes desde a ideia ao produto final, fornecendo produtos e soluções “chave na mão”. Inovar e transformar são objetivos da gestão da empresa tentando alcançar novos mercados e negócios, bem como desenvolver novos produtos.