Revista Business Portugal JUN 2020

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Junho 2020

Liderança: Os Novos Desafios • Especial Saúde

Century 21 ARQUITETURA ALIADA AO IMOBILIÁRIO Joana Resende, CEO REVISTA BUSINESS PORTUGAL // 1


DAS MELHORES UVAS NASCEM OS MELHORES VINHOS. FROM THE FINEST GRAPES COMES THE FINEST WINES.

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ÍNDICE

Revista Business Portugal | Junho 2020 EDITORIAL

Recomeço ou uma nova chance Ao longo dos anos, a Revista Business Portugal tem assumido o compromisso de mostrar o melhor que o mercado tem para oferecer. E se é verdade que, em tempos de crise, só prevalecem os mais fortes, continuamos aqui para mostrar quem eles são e o que estão a fazer para construir um Portugal ainda melhor a nível empresarial. A caminhada nunca foi fácil… afinal, se assim fosse seriam muitos! Mas também é isso que dá um certo gozo aos que continuam aqui, com o objetivo de dar o seu melhor. Esta pandemia foi só mais um obstáculo no caminho, que se pretende ultrapassar com a mesma convicção e vontade de sempre.

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MELANOMA CUTÂNEO

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MERCADONA

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FINANGESTE

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MUNICÍPIO DE MANTEIGAS

É preciso continuar a fomentar tudo o que é nacional e não baixar os braços. Esta é uma hora de mudança e adaptações, mas também de compromissos em continuar a missão, de mãos dadas rumo ao sucesso. Este momento será como um recomeço ou uma nova chance. Com o mesmo empenho de sempre, reúnam-se esforços e trabalhe-se no sentido de, muito em breve, voltarmos a ter os melhores exemplos empresariais. Juntos, iremos vencer. Revista Business Portugal

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CENTURY 21 ARQUITETOS

Joana Resende, CEO

ARQUITETURA ALIADA AO IMOBILIÁRIO Apresente o seu percurso profissional até à criação da Century 21 Arquitetos. Desde muito cedo decidi que queria ser arquiteta, era o meu objetivo de vida. Quando entrei na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, apaixonei-me pelo curso ao ponto de achar que o meu caminho era o percurso académico, mas estava enganada. Passei por um gabinete de arquitetura até que, em 2007, eu e o meu marido decidimos abrir o nosso espaço. O negócio prosperou e abrimos o leque de serviços para a engenharia e construção. Dado o crescimento da empresa, decidimos que seria vantajoso fecharmos o leque de serviços ao abraçar a mediação imobiliária. Por motivos pessoais não o acompanhei como queria nessa pesquisa, só mais tarde assimilei plenamente o conceito da marca Century 21 e identifiquei-me, de imediato, com esta atividade. Entre 2015 e 2016, altura em que apostámos na abertura da Century 21 Arquitetos, o gabinete de arquitetura passou uma fase menos positiva, que vencemos através do esforço de trabalho e muita dedicação. O que a moveu a abraçar a marca Century 21? Quando fundámos a Century 21 Arquitetos os meus conhecimentos sobre o setor eram quase nulos. Na altura, o negócio estava mais do que inventado, a marca Century 21 já existia há 40 anos nos Estados Unidos e chegou a Portugal em 2005. A Century 21, em Portugal, é uma rede que procura o crescimento, mas de uma forma sustentada. Somos vistos como uma rede muito profissional. A outra questão, que pesou na nossa escolha, foi o facto de esta 4 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

A paixão pela arquitetura ditou o seu percurso académico, mas foi na mediação imobiliária que encontrou a realização profissional. Joana Resende, CEO da Century 21 Arquitetos, falanos com paixão da arquitetura e do imobiliário, duas áreas que se complementam e que fazem parte do (preenchido) dia a dia da arquiteta.

ser uma rede com um master muito presente. O senhor Joaquim Rocha de Sousa, que é um empresário fabuloso, está à distância de um telefonema, bem como o Dr. Ricardo de Sousa, que é o CEO da marca, factos muito importantes para nós. Refere que não inventou nada, mas o facto é que a Century 21 Arquitetos é uma referência nacional, gerida por uma mulher e ganha muitos prémios da marca. Não inventámos nada na base do que é o negócio imobiliário, mas fizemos alguma diferença e vamos continuar a fazê-lo. Comecei uma equipa com cinco pessoas, atualmente conto com 65. Além disso, atualmente, as imobiliárias parecem um mercado de futebol, um verdadeiro entra e sai de consultores, mas aqui os consultores mantêm-se connosco por bastante tempo, porque damos boas condições de trabalho e o apoio que necessitam. Acredito que o facto de ser mulher e gestora ajuda muito, porque temos um sentido maternal de cuidar, o que faz toda a diferença. Os consultores são prestadores de serviços, não são meus funcionários e eu olho para eles como empresários. Há agências imobiliárias que pagam percentagens mais elevadas aos seus consultores, mas, por outro lado, eles têm de assumir todas as despesas associadas à sua atividade. Eu não consigo ver o negócio imobiliário dessa maneira, porque acredito que, no final, não consigo prestar um bom serviço aos clientes e eles também não o conseguem fazer. Para contrariar essa tendência, tento que a minha empresa ofereça as melhores ferramentas e condições para trabalhar. A nível de staff, conto com uma equipa de dez colabora-


CENTURY 21 ARQUITETOS

dores para apoiar a equipa, incluindo Direção Comercial, Gestão Processual, Intermediação de Crédito e Departamento interno de Marketing. No que diz respeito a ferramentas, tento estar sempre dentro do mais atualizado. No início de 2020, por exemplo, com a ajuda de um colaborador nosso, comecei a estudar mais a questão das reportagens 3D e 360º dos imóveis. Apenas algumas mediadoras o faziam, sendo que os consultores contratavam serviços externos para o fazerem, com custos altíssimos, e acabavam por fazê-lo apenas para um imóvel ou outro, normalmente para produto de luxo. Ora, não me parecia justo e achei que era uma ferramenta importante a ter para os nossos consultores e clientes. Assim, em fevereiro adquiri a máquina que faz essa recolha e, no início de março (ainda longe da pandemia), estávamos a fazer reportagem 3D e 360º para todos os nossos imóveis, praticamente sem custos para os nossos consultores e totalmente gratuito para os nossos clientes. Em março, éramos a única agência que tinha dentro de portas este serviço em exclusivo. Com o confinamento e vedados que estavam a fazer visitas aos imóveis, os colegas começaram a procurar alternativas e a tecnologia foi a primeira aliada. Hoje em dia, muitas outras empresas tomaram a mesma decisão. Claro está que queremos continuar pioneiros e, por isso, já estamos a tratar de adicionar aos nossos serviços outras aplicações e valências que tornarão o nosso 3D e 360º totalmente diferente dos outros. Vejo a arquiteta, não só como gestora da empresa e das pessoas, mas como alguém que mostra o lado emocional das mulheres e não se cinge às plataformas básicas. De que forma impõe a sua criatividade, originalidade e inovação dentro da empresa? Eu, simplesmente, utilizo as ferramentas que me deram. Este negócio vive de contactos, de ativar a rede de influências, de fazer prospeção diária e de excelente apresentação dos serviços.

Enquanto gestora, também tinha de me preocupar com o recrutamento e depois destes passos estarem concluídos, fiquei à vontade para fazer o restante. Para além disso, assimilo e trabalho os inputs que os consultores me dão. Quanto à parte criativa, tem muito que ver com o que leio, vejo e transmito. Adoro conversar com as pessoas, sempre fui assim, e faço-o de forma natural. Quando assinei o contrato de franquia, pedi para ir aprender no terreno com consultores experientes e numa agência. Acredito que o trabalho de gerente é mais fácil para nós, que não temos qualquer experiência, porque o gerente não pode fazer negócio. Já ajudei os consultores a concretizá-los, na angariação, mas eu não tenho negócios, passo-os sempre para um consultor. Atualmente tem duas lojas. Descreva como se deu a aquisição da loja do Porto. A certa altura, o meu marido ficou dedicado à arquitetura e eu, exclusivamente, à mediação imobiliária. Em 2019, resolvemos abrir uma segunda agência e, logo em janeiro, o meu colega Rodolfo propôs-me ficar com a loja Century 21 Invicta e eu aceitei de imediato. Sabia que tinha um grande desafio à minha frente, mas também sabia que o processo passava por fazer uma das coisas que mais gosto: motivar pessoas. E já se veem como parte da mesma empresa? Sendo um braço que está deslocado, no Porto, em que os negócios são iguais, mas públicos diferentes? Sim, e isso nota-se bastante. A nível de créditos, por exemplo, 60 por cento dos negócios, na loja de Rio Tinto, são com crédito imobiliário, ou seja, hipotecário. Na outra loja, representam apenas 20 por cento, os restantes negócios são fechados com pronto pagamento. Na Century 21 Arquitectos do Porto, já senti a força

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CENTURY DIA INTERNACIONAL 21 ARQUITETOS DA MULHER | SOMETHING IMAGINARY

do pagamento a pronto, de pessoas que têm disponibilidade financeira imediata, mas aqui, os nossos clientes precisam é de uma aprovação rápida. Pedem-nos ajuda, porque somos intermediários de crédito autorizados, fazemos as consultas com os bancos e o que o nosso cliente quer é uma aprovação rápida do empréstimo. Na outra loja, no Porto, temos um cliente muito mais informado, com uma relação muito próxima com o seu banco, ou seja, são públicos completamente distintos. A arquitetura é parte integrante da panóplia de serviços? Sim, até porque essa sempre foi a nossa ideia. O meu marido mantém o gabinete de arquitetura, temos a estrutura independente para isso e, aliás, já fizemos trabalhos de arquitetura para clientes que nos compram terrenos e depois procuram uma solução chave na mão. Assim, as duas atividades complementam-se e há, muitas vezes, uma relação entre os dois serviços. Considera vantajoso trabalhar com equipas mistas? Completamente. São diferentes, mas as características complementam-se. Há um equilíbrio até nas distinções que fazemos a cada mês, é curioso. Faz parte de um universo que ainda é pequeno, a gestão e liderança feminina de empresas. Que conselhos poderia dar a mulheres que possam querer vir a ser gestoras da sua própria empresa ou que estejam a ter alguma dificuldade nessa gestão? Eu acredito que esta dificuldade seja geracional e ainda exista, mas acho que vai ser cada vez mais diluída e que estamos a caminhar para a igualdade. O conselho que dou “a elas” é o mesmo que dou “a eles” e tem que ver com a força de vontade, tenacidade e com a formação. Não me refiro à formação académica, mas sim, à que vamos buscar para os nossos negócios. Não podemos abrir um negócio sem aprendermos tudo o que há para saber sobre ele e não podemos achar que, ao aprender tudo, não haverão outras formas de evoluir. Temos de procurar saber sempre mais! É importante rodearmo-nos das pessoas certas e ouvir conselhos de quem já sabe mais do que nós. Para além disto, discordo em absoluto que o segredo seja a chave do negócio, para mim é o oposto. Temos de ouvir as pessoas, perguntar opiniões e de partilhar experiências. É assim que eu tenho crescido, a partilhar as minhas experiências e a conhecer as dos outros. Outro conselho reside nas muitas desilusões que sofri, ao longo deste percurso, porque sou muito verdadeira e mostro quem sou, mas não é por isso que vou passar a agir de outra forma. Acredito que não é por causa das desilusões que devemos mudar, porque cheguei até aqui a ser como sou e independentemente das fases e pessoas menos boas que se possam cruzar no meu caminho, vou continuar verdadeira.

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Arquitectos

®

R. de O Primeiro de Janeiro 412 • 4100-365 Porto

226 065 212

R. Dr. José Luís de Araújo 59 • 4435-154 Rio Tinto

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PORTO | GONDOMAR

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ART3ARQ LDA | Licença AMI 11414 • Cada agência é jurídica e financeiramente independente


LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS De um momento para o outro, vimos tudo a ficar em suspenso. Passámos a olhar para o futuro com incerteza, tendo sido obrigados a priorizar uma batalha contra algo que, apesar de não conseguirmos ver, tem uma força e impacto tal que obrigou as empresas a reinventarem-se, para prevalecerem. A mudança não foi uma escolha, foi imposta e veio à velocidade da luz. Passámos a viver sob a ameaça de, num futuro próximo, termos de enfrentar uma crise económica sem precedentes, mas ao dia de hoje já sentimos os efeitos da pandemia do novo coronavírus. O desemprego está a disparar e, apesar das empresas e empreendedores lutarem todos os dias, há quem não consiga resistir. As organizações enfrentam agora desafios únicos, mas apesar destes tempos serem difíceis, são também ultrapassáveis. É nas adversidades que, muitas vezes, surgem novas visões estratégias e se encontram novas oportunidades de negócio ou mesmo uma chance de fazer um upgrade num serviço ou produto já existente, adaptando-o a novas realidades, melhorando-o e tornando-o mais atual. Há ainda uma mudança de paradigma na maneira como olhamos para as empresas e para as relações empresariais e entre colaboradores. Os escritórios foram trocados pelo teletrabalho e as reuniões por videoconferências. Os apertos de mãos passaram a ser toques de cotovelo e dá-se preferência aos contactos eletrónicos e não presenciais. Os empresários têm de ter em mente que o país precisa de melhorar o índice de confiança a nível não só de segurança, como também de consumo. Os portugueses, em geral, estão menos dispostos a correr riscos com investimentos, sendo fundamental escolher os parceiros certos e, por outro lado, a pandemia também veio afetar a confiança dos trabalhadores. Mais de 100 mil empresas portuguesas sentiram um grande impacto, principalmente nos setores do alojamento e restauração; retalho; transportes e serviços gerais, sendo necessário um bom arcaboiço para aguentar esta fase menos positiva, mas, por outro lado, há também crescimento em setores como o farmacêutico ou das tecnologias. Se, para muitos, o digital já era um caminho certo e lógico, ainda haviam várias empresas retraídas à mudança, mas a pandemia veio dar um empurrão para que mais empresas apostassem no digital e se adaptassem a esta nova era. Num curto espaço de tempo, várias empresas nacionais deram um salto tecnológico que estava previsto demorar uma década a acontecer. As empresas tiveram de se adaptar num ápice e a gestão passou a ser orientada para os objetivos. A estratégia teve de ser repensada e é notória a aplicação de ferramentas que, apesar de já existirem, não estavam a ser aplicadas.

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LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS A transformação digital está a acontecer neste exato momento e já faz parte do nosso quotidiano. Tornou-se mais claro que o mundo digital é, de facto, muito importante e tem cada vez mais peso na realidade empresarial. Pode mesmo ter um papel fulcral na sobrevivência das empresas do futuro e a tendência é que cada vez mais empresas se mantenham com presença digital. Em qualquer momento da nossa história, torna-se evidente que quem prevalece no mercado é quem tem uma forte capacidade de se reinventar e de se adaptar a cada cenário. Em qualquer que seja a área de negócio, não se deve parar no tempo. A criatividade e inovação são, cada vez mais, ferramentas imprescindíveis para o sucesso e sobrevivência das empresas. Por outro lado, é de extremo interesse que todos os portugueses entendam a importância de apoiarem os negócios locais. Cada um de nós tem um papel preponderante e, nesta altura frágil, devemos optar por produtos e serviços portugueses, a fim de estimularmos a economia nacional, impedindo, todos juntos, que a queda seja maior. Em concordância com isso, a Revista Business Portugal mantem o compromisso de mostrar o melhor que o mercado tem para oferecer. Já o fazemos desde 2012, tendo já ultrapassado mais momentos conturbados e se é verdade que em tempos de crise só prevalecem os mais fortes, continuamos a mostrar, nesta edição, que isso realmente se verifica.

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A nossa missão é continuar a apresentar as potencialidades do tecido empresarial e associativo do nosso país e, graças a verdadeiros heróis que se recusam a baixar os braços, conseguimos. É preciso continuar a divulgar os produtos e serviços nacionais. É preciso mostrar casos de sucesso, para que também sirvam de exemplo e inspirem e estimulem outros empresários a seguirem o mesmo rumo. Portugal pode ter abrandado, mas não parou por completo. Agora as atividades vão recomeçar e ganhar mais força e embalo. Cada dia é uma batalha para manter os empreendimentos e a economia a fluir e para isso é preciso escolher as armas certas. O presente é feito de desafios e as empresas assumem o compromisso de estar aqui, firmes, para os superar, dia após dia. Nas páginas que se seguem, trazemos aos nossos leitores exemplos de empreendedores com a força necessária para continuar o caminho, por mais adversidades que se coloquem. Verdadeiros casos de resiliência, que refletem o que de melhor Portugal tem a nível empresarial. Em momentos de crise como este, vemos um recomeço e uma nova chance. É tempo de avançarmos, com a consciência de que o sucesso de todos e a promoção da manutenção de emprego está nas mãos de cada um de nós.


KOBOLD | ESPECIAL CAPA

Qualidade e Inovação na Saúde Especial Saúde

MARIA JOSÉ PASSOS EM ENTREVISTA SOBRE O MELANOMA CUTÂNEO

INOVAÇÃO EM INSETICIDAS | NOVA LIDERANÇA CICLUM FARMA A IMPORTÂNCIA DO SONO | INVESTIGAÇÃO CLÍNICA COM NANOBODIES PROMOÇÃO DO ACESSO À INOVAÇÃO REVISTA BUSINESS PORTUGAL // 11


M QUALIDADE E INOVAÇÃO NA SAÚDE | MELANOMA CUTÂNEO

O MELANOMA CUTÂNEO

O Melanoma é o tumor maligno dos melanócitos, que são as células responsáveis pela pigmentação da pele. Estas fabricam a melanina, que dá as estas lesões uma cor “castanha escura a negra". No entanto, raramente o melanoma pode ter um aspeto rosado ou branco (melanoma amelanótico). É um tumor relativamente raro, representando cerca de 5-10 por cento dos cancros cutâneos, mas é responsável por cerca de 80 por cento das mortes por este tipo de cancro.

A incidência e mortalidade por melanoma têm vindo a aumentar em todo o mundo, sobretudo nas duas últimas décadas. Entre nós, diagnosticam-se, anualmente, cerca de 1000 casos e a incidência situa-se entre os 10/100.000 habitantes. Trata-se de um problema major de saúde pública, que exige uma estratégia de intervenção eficaz. Sintomas e sinais Em geral, no início da doença não há sintomas. Apenas alterações a nível dos sinais, a nível da morfologia e tamanho da lesão, alteração da cor, assimetria (ABCDE). Por vezes ulceram e sangram. Só nos estádios avançados surgem os sintomas.

Qualquer idade O melanoma pode atingir qualquer grupo etário e é relativamente frequente em adultos jovens (<30 anos) e raro na infância. O risco de desenvolver melanoma é sobreponível nos dois sexos, com diferenças consoante os países. Aparece com mais frequência nos indivíduos de raça caucasiana, mas pode surgir nos negros. A idade média de aparecimento anda um pouco acima dos 57 anos. Na mulher, o melanoma localiza-se preferencialmente nos membros inferiores e no homem a localização habitual é o tronco. As pessoas de pele clara, sardentas, ruivas ou louras, de olhos claros, nevos atípicos, com história de exposição solar intensa e intermitente “escaldões”, sobretudo na infância, têm um maior risco de desenvolver este tipo de cancro.

Cuidados redobrados no verão Agora que voltámos a ir para a praia e para o campo, nunca é demais salientar os cuidados a ter em relação ao sol, devendo ser evitados os comportamentos de risco, como a exposição solar intensa e prolongada (escaldões), sem proteção e a ida aos solários. É importante usar óculos escuros, protetor solar com fator superior a 30, uma camisa, de preferência escura, chapéu de pala, com proteção das orelhas, e evitar a exposição solar das 12-16h, hora em que a radiação ultravioleta é mais perigosa. Cuidado sobretudo com as crianças, pois são mais sensíveis à radiação solar!

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O tratamento de um doente com melanoma metastático depende de vários fatores: idade, estado geral, volume tumoral, número e localização das metástases. O objetivo principal do tratamento deve privilegiar o alívio dos sintomas e o conforto do doente. Graças aos avanços recentes da genética, imunologia e biologia molecular surgiram novos fármacos, com diferentes mecanismos de ação, que demonstraram pela primeira vez um aumento da sobrevivência global em melanoma avançado. A abordagem terapêutica destes doentes continua a ser um desafio, mas o futuro deve ser encarado com otimismo, pois iniciámos uma nova era, que alterou radicalmente o tratamento do melanoma avançado. Assimetria Bordo irregular Coloração castanha escura ou negra sobre um nevo atípico sugere a sua transformação em melanoma Diâmetro > 6mm pode corresponder a malignidade, pelo que estas lesões devem ser excisadas e analisadas. Evolução – o “sinal “suspeito aumenta de tamanho, altera a sua forma e muda de cor, ou aspeto, ou cresce numa área de pele, antes normal.


MELANOMA CUTÂNEO | QUALIDADE E INOVAÇÃO NA SAÚDE

Maria José Passos, Médica Oncológica

O que torna o melanoma um dos mais temidos cancros de pele? O melanoma cutâneo é o tumor maligno dos melanócitos, que são as células responsáveis pela pigmentação da pele. É de todos os tumores cutâneos, o menos frequente, mas o que tem um comportamento biológico mais agressivo, sendo responsável por cerca de 75-90 por cento das mortes por este tipo de cancro. No decurso da doença, uma percentagem significativa destes doentes desenvolve doença localmente avançada inoperável e/ou metastizada (Estádio IV). Em 2-5 por cento dos casos, pode apresentar-se à data do diagnóstico já em estádio IV. Neste contexto, a probabilidade de cura é baixa e a sobrevivência global aos 5 anos é inferior a 10 por cento. No que diz respeito à investigação, Portugal tem vindo a apostar no desenvolvimento de soluções inovadoras e menos invasivas para o tratamento de patologias de cancro. No que diz respeito ao melanoma, como tem sido esta evolução e a aplicação? Que opções terapêuticas, nomeadamente a imunoterapia e quimioterapia, estão atualmente disponíveis? Quais as últimas inovações na área? A partir de 2011, começaram a surgir novos fármacos, com diferentes mecanismos de ação, que demonstraram, pela primeira vez um aumento da sobrevivência global em doentes com melanoma avançado. Foi o caso das terapêuticas dirigidas para os doentes com mutação BRAF e da imunoterapia (inibidores de checkpoint CTLA-4 e PD1). Ao contrário da quimioterapia antineoplásica, a imunoterapia atua sobre o hospedeiro e não diretamente sobre o tumor, modulando as respostas imunológicas do organismo, de modo a que este consiga lutar de forma eficaz e duradoura contra o melanoma. O mecanismo de ação dos diferentes agentes imunológicos condiciona as respostas clínicas e os efeitos secundários, que são de causa auto-imune. Estes são geralmente controláveis, quando reconhecidos e tratados precocemente com corticoides. Outra modalidade terapêutica importante no tratamento do melanoma avançado inclui os inibidores BRAF e MEK nos doentes que têm mutações nesta via reguladora do ciclo celular. A Imunoterapia e as terapêuticas alvo no tratamento do melanoma avançado levaram a um aumento de sobrevivência global e a respostas duradouras, transformando, muitas vezes, uma doença agressiva em doença crónica com poucos sintomas.

Maria José Saramago Galvão Passos • Licenciada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, 1978 • Especialista de Medicina Interna (1988) • Especialista de Oncologia Médica (1997) • Formadora creditada pelo Ministério do Trabalho desde 1998 Posição Atual: • Assistente Hospitalar Graduada de Oncologia Médica, Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil, (IPOFG) Lisboa desde 1997, com diferenciação em c. mama e cancro cutâneo, com destaque para o melanoma. • Aprovada no Concurso de Chefe de Serviço, Serviço de Oncologia Médica, IPOFG, 2003 • Coordenadora do grupo de Melanoma do IPOFG (2010-2018) • Fundadora e Presidente do Intergrupo Português de Melanoma (IGPM), tendo organizado sete simpósios nacionais (2012-2019) • Autora e Coordenadora do 1º livro técnico português sobre melanoma intitulado “Melanoma 2013”, lançado na Assembleia da República em 13 de Maio de 2014. • A convite da EORTC, foi responsável pela organização de uma reunião internacional do Grupo de Melanoma da EORTC que decorreu pela 1ª vez em Lisboa em 27 e 28 de Outubro de 2016. • Desde 1998 participa na investigação clínica do IPOFG de Lisboa, sendo investigadora principal, em mais de 20 ensaios clínicos em cancro da mama e melanoma, alguns no âmbito da EORTC. • Apresentou comunicações orais em conferências nacionais e internacionais e tem vários artigos publicados em revistas médicas nacionais e internacionais. • Membro Ativo da Sociedade Portuguesa de Oncologia • Membro Ativo do Grupo Europeu de Melanoma da EORTC • Membro Ativo da ASCO (Sociedade Americana de Oncologia). REVISTA BUSINESS PORTUGAL // 13


QUALIDADE E INOVAÇÃO NA SAÚDE | MELANOMA CUTÂNEO

Atualmente, em Portugal tratamos os nossos doentes com estes novos agentes (inibidores BRAF+ inibidores MEK e imunoterapia) e participamos em vários ensaios clínicos multicêntricos internacionais em melanoma avançado. Os excelentes resultados atingidos com os tratamentos dirigidos e com a imunoterapia em melanoma avançado levaram ao desenvolvimento de ensaios clínicos, com os mesmos agentes, mas agora no tratamento dos melanomas de alto risco (Estádios III), com o objetivo de impedir ou atrasar o aparecimento de metastização a distância e aumentando a sobrevivência destes doentes. Na verdade, estes ensaios foram positivos e entraram rapidamente na prática clínica em quase todos os países (EUA e Europa). Em Portugal receberam aprovação do Infarmed há duas semanas, o que é uma excelente notícia para os doentes portugueses. Qual a importância da comparticipação e facilidade de acesso a estes novos tratamentos? É muito importante que os fármacos inovadores, com eficácia confirmada, obtenham reembolso e que todos os doentes elegíveis para tratamento tenham acesso a estes medicamentos, a nível nacional. É essencial que os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e farmacêuticos hospitalares) conheçam bem as indicações, o mecanismo de ação e perfil de segurança dos diferentes fármacos. É importante que no mundo real, ou seja, nos nossos hospitais, as toxicidades raras e frequentes sejam diagnosticadas e tratadas precocemente, da forma adequada. Quero salientar a importância que o SNS tem tido neste domínio e o seu compromisso constante na resolução das situações mais complexas a todos os níveis. O Presidente do Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Vítor Veloso, referiu num artigo de opinião que há doenças que vão matar muito mais portugueses que a pandemia da covid-19 – AVC, enfarte e cancro. Na sua ótica, qual o efeito da covid-19 nos doentes com melanoma? Concordo que a preocupação excessiva e o medo do Covid-19 podem levar os doentes com outras patologias a não procurarem o médico, o que é um erro, sobretudo nas doenças graves, como os acidentes vasculares cerebrais, doenças cardíacas e oncológicas, em que o diagnóstico e tratamento tardios podem ser fatais. Quanto ao efeito do Covid-19 no melanoma parece ser idêntico ao de qualquer doença oncológica, embora este assunto mereça um estudo mais aprofundado e em larga escala. Muitos destes doentes são idosos, imunodeprimidos e com várias comorbilidades, o que por si só são fatores de mau prognóstico.

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Estima que, nos próximos meses, o número de casos de melanoma poderá aumentar. Tendo em conta a dificuldade ou receio na acessibilidade em todos os campos – primeiras consultas, diagnóstico, tratamentos e follow-up – o que deve ser feito para reverter esta situação? Sim, sem dúvida. Estou convencida que o efeito nefasto desta pandemia vai sentir-se na nossa prática clínica. O medo de consultar o médico, o atraso de exames e consultas, o adiamento consecutivo de consultas de seguimento e especialidade são já uma realidade, seguramente prejudicial aos nossos doentes. Há que aprender a lidar com este novo vírus e, com cuidado retomar progressivamente, a nossa atividade normal, o que não será fácil, mas é essencial para recuperar o tempo perdido. Em matéria de prevenção, diagnóstico e tratamento que considerações finais gostaria de fazer? Às portas de mais uma época balnear e depois de vários meses de confinamento tão exigentes e difíceis para todos, estamos ansiosos por dar uns bons mergulhos nas nossas maravilhosas praias, voltar a ter uma vida normal e a ter de volta os dias luminosos cheios de sol, mas há que ter cuidado para não deitar tudo a perder! No que diz respeito ao Covid-19, devemos continuar a seguir rigorosamente as orientações e conselhos da DGS. A situação melhorou, mas está longe de estar resolvida. Que mensagem gostaria de deixar aos nossos leitores? Queria deixar uma mensagem de esperança e otimismo para os nossos doentes com melanoma avançado. O tratamento do melanoma de alto risco e metastizado mudou radicalmente na última década e vai continuar a melhorar no futuro. O advento da imunoterapia com inibidores de “checkpoint” e as terapêuticas dirigidas anti- BRAF, mudaram radicalmente a história natural do melanoma, destronando definitivamente a quimioterapia antineoplásica e demonstrando uma eficácia incomparável, em contexto metastático e agora também adjuvante, nos estádios III. Temos ainda pela frente enormes desafios, mas a revolução vai continuar... Todos os doentes com melanoma avançado devem ser encorajados a participar em ensaios clínicos com novos fármacos!


MELANOMA CUTÂNEO | QUALIDADE E INOVAÇÃO NA SAÚDE

No âmbito do Dia Europeu do Melanoma assinalado a 20 de maio

IPO DO PORTO LANÇA CAMPANHA DE PREVENÇÃO “A saudade sente-se na pele” O reforço da sensibilização, do diagnóstico precoce e do alerta para o auto-exame são os principais focos da campanha digital “A saudade sente-se na pele”, lançada pelo IPO do Porto, no âmbito do Dia do Euromelanoma. Na impossibilidade de receber a população para o habitual rastreio, o Instituto direcionou a sua atuação para uma ação de sensibilização condizente com esta altura de pandemia, influenciando a população a não descurar os cuidados primários de saúde e, em particular, os cuidados a ter com a pele. Saudades dos abraços? Saudades dos beijos? Saudades do “Dá cá mais cinco”? Saudades do “Riqueza da avó”? Emoções atuais e empáticas que pretendem alertar a população para os perigos do sol e para a prevenção do cancro cutâneo.

“O tempo de pandemia é tempo de distanciamento. Entendemos que nada como demonstrar a importância da pele nas nossas relações sociais, ou na falta delas, para sensibilizar a população nesta fase para a importância dos cuidados a ter com a pele”, explica Matilde Ribeiro, coordenadora da Clínica da Pele do IPO do Porto, reforçando que “estar em casa pode atenuar os riscos, mas não os faz desaparecer. Se detetar algum sinal de alarme, de forma segura, procure o seu médico assistente para fazer o rastreio adequado.” Evitar exposições solares desnecessárias entre as 11h00 e as 17h00, usar vestuário de proteção, em especial chapéu e óculos de sol, aplicar sempre protetor solar e fazer o auto-exame na sua pele. Se tiver sofrido alguma lesão de novo, identificado uma ferida que não cicatriza há dois meses ou um sinal que se tenha modificado, procure o seu médico assistente. São estas as principais medidas de prevenção que a Clínica da Pele do IPO do Porto recomenda. A pele memoriza as agressões do sol ao longo da vida. O excesso de exposição solar e, sobretudo, os escaldões aumentam o risco de aparecimento de cancro cutâneo. O diagnóstico precoce e a prevenção com início em idade jovem são fundamentais para a cura neste tipo de cancro. Anualmente, passam mais de oito mil doentes pela Clínica da Pele. As últimas estimativas a nível nacional e para 2018 mencionam a incidência de melanoma em 13 casos/100.000 habitantes. A campanha de prevenção “A saudade sente-se na pele” é uma iniciativa do IPO do Porto, que conta com o apoio da Novartis e do Futebol Clube do Porto.

CONSELHOS DA LIGA PORTUGUESA CONTRA O CANCRO - Evite a exposição solar excessiva e as queimaduras solares, sobretudo nas crianças: os escaldões sofridos na infância aumentam o risco de cancro na idade adulta. - Evite o sol entre o meio-dia e as quatro horas da tarde. - Proteja sempre a pele com filtros de índice alto e largo espectro (anti UVA e UVB) e defenda-se usando t-shirt, chapéu e óculos escuros. - Consulte imediatamente um médico se notar algum sinal suspeito ou uma ferida que não cicatriza. - Sinais de alerta: se tiver dúvidas em relação a um sinal, lembre-se do ABCD: Assimetria, Bordo irregular, Cor não uniforme e Diâmetro (superior a 5 mm).

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QUALIDADE E INOVAÇÃO NA SAÚDE | EZALO

PROTEGER A FAMÍLIA E OS SEUS ANIMAIS DOMÉSTICOS DE UMA FORMA EFICAZ E SEM PROBLEMAS Foi difícil competir actualmente, perQuando em mite uma acção 1982 lançámos, em contra os sprays que dura 360 Portugal, os difusores que então horas (o que eléctricos com pastilhas para repelir os imperavam e eram é um record) insectos voadores altamente tóxicos mas, tal como os outros, leva (melgas e mosquitos) algum tempo estávamos a iniciar um para atingir a sua eficácia máxima, novo segmento de mercado mais amigo o que para um ambiente infestado do ambiente e sem problemas para a de melgas e/ou mosquitos pode ser saúde humana. Foi difícil competir contra desagradável. os sprays que então imperavam e eram A grande vantagem dos produtos altamente tóxicos para além de um odor EZALO é a sua qualidade que se muito pouco agradável. Mas, aos poucos, traduz na eficácia porque, através as pessoas foram compreendendo que de uma pesquisa constante, mantenão era preciso matar, mas sim afastar mos os melhores níveis de matérias e é isso que as nossas pastilhas e, mais modernamente, o líquido fazem. Nos fiprimas e de tecnologia dos nossos difusores e, por essa razão, não sonais do século passado, os fabricantes de mos os mais baratos, mas somos os produtos insecticidas, aperceberam-se de mais eficazes e podemos garanti-la que esta era uma forma mais ecológica contra os insectos que provocam o e eficaz e, não nos tendo podido vencer DENGUE e o ZIKA. com as pastilhas, lançaram uma solução em líquido que denominaram de “longa Só assim se compreende que duração”. tenhamos mantido, ao longo dos anos, uma clientela muito fidelizada Na realidade o líquido dura mais temembora, nem sempre, os comercianpo, mas é menos eficaz de início, como se tes, preocupados com os preços e pode ver no gráfico, enquanto as pastilhas não com a qualidade, nos tenham têm uma acção imediata que se mantém motivado a criar uma loja “on-line” ao longo de 8 horas. O nosso líquido,

para podermos satisfazer os nossos fiéis clientes. A partir do início deste século, a marca e os processos de fabrico, foram adquiridos pela PROCASA que os passou a fabricar em Portugal e alargou a linha de produtos para protecção no exterior: a vela e a pulseira, esta fabricada em França, em parceria com uma importante empresa para a qual vendemos o EZALO com a sua marca. Mais recentemente lançámos um outro produto revolucionário destinado aos insectos rastejantes, baratas, formigas, etc. que denominámos de EZALO Puf Puf. É um insecticida inodoro, sem efeitos nefastos para os animais de sangue quente apresentado em spray natural cuja eficácia se mantém activa durante 8 semanas. Este produto é muito útil, também, para a desinfestação dos parasitas ao redor das camas dos animais domésticos pois é muito eficaz contra pulgas e carraças. Mais recentemente lançámos o EZALO anti traças para a protecção contra as traças que destroem as nossas roupas. É, também, um produto de vanguarda. Todos os produtos EZALO estão devidamente licenciados pela DGS e são fabricados com as melhores matérias primas e as concentrações mais correctas que permitem a melhor eficácia dentro dos parâmetros exigidos pelas leis vigentes. O nosso slogan, que se mantém há muitos anos, tornou-se famoso e identificativo do produto. António Simões dos Santos Administrador da PROCASA Lda.

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QUALIDADE E INOVAÇÃO NA SAÚDE | CICLUM FARMA

TIAGO BALEIZÃO ASSUME A LIDERANÇA DA CICLUM FARMA COM CONFIANÇA E AMBIÇÃO Tiago Baleizão, o novo General Manager da Ciclum Farma, manifestou, em entrevista à Revista Business Portugal, confiança e ambição no futuro da empresa, anunciando a manutenção do plano de expansão definido até final de 2020 e a priorização dos produtos que poderão acrescentar valor no combate à Covid-19. Tiago Baleizão, General Manager

Com vários anos de experiência na Indústria Farmacêutica, Tiago Baleizão assume agora o cargo de diretor-geral da Ciclum Farma. Como foi abraçar este novo desafio e que cunho pessoal pretende imprimir na liderança da empresa? O projeto Ciclum Farma / STADA Portugal surge no culminar de quase 20 anos de experiência em diferentes empresas e áreas de negócio em Portugal, assim como a nível internacional na Europa, Brasil, Ásia e Médio Oriente. Neste percurso, tive oportunidade de experienciar novas metodologias e dinâmicas com as equipas com quem tive o privilégio de colaborar e aprender, com especial enfoque na evolução de modelos de negócio e no desenvolvimento das pessoas. São precisamente estas as áreas que o leadership team do Grupo STADA assume como prioritárias para Portugal, o que representa uma correspondência transversal com as valências profissionais que mais me motivam nesta fase da minha carreira. Quais são os desafios ao assumir o novo cargo na Ciclum Farma numa conjuntura de convulsão social? Iniciei as novas funções a 1 de abril, em plena fase aguda da pandemia, assistindo a um desafio inédito dos sistemas de saúde e incerteza económica à escala global. Perante este cenário, tive de rever integralmente as linhas de ação que tinha inicialmente pensado, estabelecendo como prioridade absoluta o assegurar do abastecimento do mercado, garantindo que todos os doentes teriam acesso aos tratamentos de que tanto necessitam para a salvaguarda da sua saúde. Do ponto de vista interno, o foco centrou-se no bem-estar de todos os nossos colaboradores e das suas famílias, tendo sido priorizadas uma série de medidas que viabilizaram o teletrabalho, assim como a disponibilização de materiais e equipamento de proteção para utilização nas atividades fundamentais em regime de confinamento. Nestes primeiros meses de atividade, todas as interações desenvolvidas com a equipa foram em modelo remoto, o que representa uma experiência surreal para quem integra uma nova empresa. Neste contexto, tornou-se ainda mais relevante a manutenção de 18 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

contacto permanente e regular com toda a organização, praticando uma comunicação transparente e realista e com total abertura para adequar processos, horários e formas de trabalhar. Aproveito a oportunidade para agradecer a todos os colaboradores da Ciclum Farma / STADA Portugal, pela extraordinária capacidade de adaptação e elevada resiliência, assegurando todos os processos críticos e mantendo o foco nos nossos objetivos, em linha com a missão da nossa empresa. A Ciclum Farma é uma empresa do grupo internacional STADA, presente em Portugal desde 2005. Como avalia a implementação e crescimento no mercado nacional? A Ciclum Farma completa este ano 20 anos de existência, tendo emergido como um dos principais players do mercado dos Genéricos em Portugal, até à sua integração no Grupo STADA em 2005. Desde então, beneficiando das sinergias com a estrutura multinacional da STADA e de toda a sua dimensão – mais de 11.000 profissionais a nível global e 125 anos de experiência e I&D farmacêutica – a Ciclum Farma foi desenvolvendo o seu negócio, progredindo no nível de relevância e implementação no mercado português. Em 2020, lançámos uma nova fase de expansão de grande potencial, com base no nosso plano de lançamentos que inclui já 20 novos produtos, elevando a nossa capacidade de resposta às necessidades excepcionais de cuidados de saúde que o país enfrenta atualmente. Quais as principais áreas de intervenção da Ciclum/STADA? Quais os objectivos da aposta nessas áreas? A atividade da empresa tem o seu principal enfoque no desenvolvimento e comercialização de Medicamentos Genéricos, OTCs e produtos Consumer Health Care, contando com um portfólio alargado com mais de 600 referências, incluindo marcas importantes, como é o caso do Nizoral®, Hiruroid® e Elmetacin®. Este portfólio permite uma cobertura de patologias e condições clínicas muito vasta, com o potencial de melhoria da saúde de milhões de portugueses.


CICLUM FARMA | QUALIDADE E INOVAÇÃO NA SAÚDE

Recentemente, criámos também uma unidade de negócio dedicada ao mercado hospitalar, com o objetivo de disponibilizar opções terapêuticas de benefícios clínicos largamente comprovados, mas com uma otimização de custos muito significativa para o SNS. Nesta área, destaca-se o Bortezomib Stada®, uma solução injetável “pronta a usar” para o tratamento de doentes oncológicos, com mieloma múltiplo e, desde o início deste ano, o Movymia® (teriparatida), o nosso primeiro medicamento biossimilar, com indicação para o tratamento da osteoporose. A Ciclum/STADA tem protagonizado uma aposta particularmente forte no mercado nacional de medicamentos sem receita médica (OTC). Que novidades têm ou pretendem apresentar neste âmbito? O segmento de OTCs tem estado, efectivamente, em fase de intensa atividade, com diversas iniciativas em desenvolvimento. No imediato, destaca-se a integração de um conjunto de marcas de relevo comercial no nosso portfólio, já em Junho de 2020, onde se incluem a Mebocaína®, Venoruton® e Tavegyl®. Nesta fase particular, tentámos também identificar as necessidades que o contexto de pandemia fez emergir e já temos em registo alguns produtos STADA, que poderão representar uma opção preventiva ou terapêutica adicional no combate à Covid-19. Beneficiando da agilidade e capacidade de produção do Grupo STADA, que detém várias unidades de fabrico a nível global, podemos vir a introduzir algumas novidades adicionais no nosso mercado já nos próximos meses.

Estas aquisições vêm reforçar o portfólio do grupo em Portugal de forma significativa, sustentando a ambição da Ciclum Farma/ STADA Portugal em se assumir como parceiro de referência no mercado nacional, contribuindo para a evolução dos tratamentos e cuidados de saúde dos nossos doentes. Enquanto diretor-geral, qual a sua visão estratégica para a Ciclum / STADA em Portugal? E qual a adaptação que farão apontando ao período pós-Covid-19? Nos dias que correm, projetam-se cenários de enorme amplitude no que respeita ao impacto social e financeiro da pandemia, com enorme incerteza sobre a realidade pós-Covid-19. Na minha perspetiva, temos apenas como certo que haverá uma nova realidade, possivelmente com novos hábitos e tendências de consumo que, neste momento, será demasiado precoce tentarmos estimar em detalhe. Neste contexto, adotámos uma postura pragmática, mas conscientemente ambiciosa, mantendo o enfoque total no que mais conseguimos controlar ou influenciar – cumprir o plano de expansão definido até final de 2020 e priorizar os produtos que poderão acrescentar valor no combate à Covid-19. Desde os primeiros sinais de risco de pandemia, a indústria farmacêutica tem assumido um papel de extrema importância na resposta clínica e científica à Covid-19. Para a Ciclum Farma / Grupo STADA, consideramos ser nosso dever ir mais além, atuando também ao nível da responsabilidade social, junto da sociedade em geral, materializando a nossa missão de proporcionar a todas as pessoas melhor saúde e bem-estar.

A estratégia do grupo STADA parece residir na expansão do seu portfólio, tendo feito várias aquisições recentemente. De que forma é que estas aquisições solidificam a presença do grupo em Portugal? O Grupo STADA tem expandido o seu portfólio com base no seu pipeline, com vários produtos a emergirem da sua capacidade interna de R&D. Paralelamente, tem feito investimentos significativos na aquisição de produtos e empresas no setor farmacêutico, alargando a sua presença em várias geografias, em linha com a sua estratégia de expansão global. REVISTA BUSINESS PORTUGAL // 19


OPINIÃO SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

Após divulgar resultados de inquérito que revelam que os portugueses dormem mal

SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA DEIXA ALGUMAS RECOMENDAÇÕES PARA DORMIR MELHOR 46% dos portugueses com idade igual ou superior a 25 anos dormem menos de 6 horas por dia, 21% dizem que demoram mais de 30 minutos para adormecer, 32% consideram ter um mau sono e 40% reportam dificuldade em manter-se acordados durante a condução e outras atividades diárias.

E

stes são dados de um questionário realizado online pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia e pela Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho que abrangeu uma amostra de 643 portugueses com idade igual ou superior a 25 anos e que são agora divulgados no âmbito do Dia Mundial do Sono. Perante estes resultados, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia divulgou um vídeo onde as médicas Susana Sousa e Sílvia Correia alertam para os riscos das noites mal dormidas e para os maus hábitos de sono repetidos ao longo da vida e deixam algumas recomendações para que os portugueses possam dormir melhor: https://youtu.be/HzNPycIqdu4 “Apesar da crescente divulgação sobre a importância do sono e das doenças relacionadas com o sono, a maioria dos portugueses mantem maus hábitos de higiene do sono e não lhe atribui a mesma importância do que a uma nutrição saudável ou a prática de exercício físico regular”, afirmam as médicas pneumologistas. “A má higiene do sono afeta negativamente a qualidade de vida em termos de perda de memória, sonolência acentuada, défice de concentração, irritabilidade e alteração do humor. A sonolência associada a esta má higiene do sono aumenta o risco de acidentes de viação e de acidentes de trabalho. Se o número de horas de

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sono for inferior ou igual a 5 horas, o risco cardiovascular também aumenta”1 acrescentam Susana Sousa e Sílvia Correia. 10 recomendações para uma melhor noite de sono: - Evite cafeína, álcool e nicotina 4 a 6 horas antes de dormir - Mantenha a temperatura do quarto a 18/19 graus - Mantenha o seu quarto escuro e livre de ruídos - Tenha um colchão e uma almofada confortáveis - Dê preferência à leitura e não utilize tablets, telemóveis ou outros dispositivos eletrónicos antes de dormir - Tome um banho de imersão cerca de duas horas antes de ir para a cama - Pratique exercício físico mas evite o final do dia (pelo menos 3 horas de intervalo antes de dormir) - Mantenha horários regulares de sono evitando variações na hora de dormir e acordar - Mantenha-se à luz solar de manhã mas evite a exposição à luz intensa durante a noite - Evite refeições pesadas ou picantes ao jantar 1

Ayas NT, White DP, Manson JE, et al. A prospective study of sleep duration

and coronary heart disease in women. Arch Intern Med 2003;163(2):205–9.


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QUALIDADE E INOVAÇÃO NA SAÚDE | SANOFI

INOVAÇÃO NA INVESTIGAÇÃO CLÍNICA COM NANOBODIES

Rui de Passos Sousa, Head of Global Medical PTTa

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A hematologia e o tratamento das doenças raras hematológicas representam, atualmente, grandes desafios em termos de opções terapêuticas. A Sanofi, dentro da sua Unidade de Cuidados Especializadas, tem uma nova área dedicada às Doenças Raras Hematológicas. Esta nova franchise tem um vasto pipeline de potenciais novos tratamentos para responder a necessidades médicas não satisfeitas, ou onde existem poucas opções terapêuticas para o tratamento de doentes na área da hematologia, como a doença da aglutinina fria, doença das células falciformes, beta-talassemia e hemofilia. Com as aquisições da Bioverativ e Ablynx e com os próprios programas internos, há a oportunidade de aliar o legado de uma abordagem centrada no doente ao compromisso com a inovação e uma investigação clínica de ponta, para fazer a diferença na vida das pessoas em todo o mundo. Uma das curiosidades sobre a Ablynx é que nos primeiros tempos foi criado um polo de desenvolvimento em Portugal, localizado na cidade do Porto. Entretanto esse polo fechou, mas alguns dos cientistas portugueses que aí trabalhavam mudaram-se para a sede da Ablynx em Ghent; alguns ainda hoje lá trabalham. Trabalho esse que foi recentemente premiado pela Sociedade Britânica de Farmacologia, que reconheceu como pioneiro o desenvolvimento pré-clínico e clínico do primeiro nanobody a ser aprovado na Europa e nos Estados Unidos e que foi simultaneamente o primeiro tratamento aprovado para a Púrpura Trombocitopénica Trombótica adquirida (PTTa). É sobre este primeiro tratamento para a PTTa que nos vai falar Rui de Passos Sousa, Head of Global Medical da PTTa na Sanofi.


SANOFI | QUALIDADE E INOVAÇÃO NA SAÚDE

Quais são, concretamente, as suas funções e responsabilidades na Sanofi? Sou o responsável médico global de uma área terapêutica específica, a da Púrpura Trombocitopénica Trombótica adquirida (PTTa), que se encontra englobada dentro de uma unidade mais vasta que foi recentemente criada, que é a das Doenças Raras Hematológicas. Enquanto responsável médico global, as minhas funções englobam, entre outras, o desenho de estudos de investigação, a interpretação, a análise e a publicação dos nossos dados científicos, com particular destaque para a informação obtida através de ensaios clínicos e estudos observacionais, a discussão ativa com a comunidade científica na busca permanente pela melhor evidência, a gestão dos programas de acesso precoce ao medicamento e a implementação de projetos de educação médica que contribuam para uma otimização do diagnóstico, do tratamento e da monitorização dos doentes. As Doenças Raras Hematológicas são um novo core business da Sanofi. Na sua opinião, qual a génese desta área num contexto global? A Sanofi tem um foco muito particular no desenvolvimento de soluções terapêuticas, em áreas onde exista uma reconhecida e importante necessidade de tratamento. Nesse sentido e no seguimento da aquisição da Bioverativ e da Ablynx, a Sanofi teve a oportunidade de aplicar o seu legado, de uma abordagem centrada no doente, ao compromisso com a inovação e a investigação clínica rigorosa, para fazer uma diferença relevante na vida das pessoas atingidas por doenças hematológicas raras. Dentro desta recém-criada unidade, além de termos já lançado o primeiro tratamento para a PTTa, uma doença potencialmente fatal, estamos focados no desenvolvimento de tratamentos efetivos para outras doenças hematológicas, igualmente raras e para as quais as soluções terapêuticas são inexistentes ou não completamente satisfatórias, como sejam a doença da aglutinina fria, a doença das células falciformes, ou a beta-talassemia. Dentro desta área das Doenças Raras Hematológicas, dispomos ainda de tratamentos para a hemofilia, área onde temos um vasto pipeline de potenciais novos tratamentos.

No final de 2019, a Sanofi foi reconhecida pelos britânicos da Sociedade Farmacológica com o prémio “Drug Discovery of the Year 2020”, atribuído a um tratamento pioneiro para um distúrbio da coagulação sanguínea com nanobodies. O que é um nanobody? Foi com grande satisfação que a Sanofi recebeu esta importante distinção da Sociedade Britânica de Farmacologia, que reconheceu como pioneiro o desenvolvimento pré-clínico e clínico do primeiro nanobody a ser aprovado na Europa e nos Estados Unidos e que foi, simultaneamente, o primeiro tratamento aprovado para a PTTa. A tecnologia dos nanobodies foi originalmente identificada no seguimento da descoberta que os Camelidae (nomeadamente camelos e lamas) possuem anticorpos completamente funcionais que são compostos apenas por cadeias pesadas, contrariamente aos anticorpos convencionais que possuem cadeias pesadas e leves. Do isolamento dos domínios variáveis destes anticorpos de cadeias pesadas, surgem então os nanobodies que, devido ao seu pequeno tamanho e à sua estrutura única, tornam-se nos blocos básicos ideais para a criação de novas potenciais terapêuticas biológicas, altamente específicas para o seu alvo ou alvos definidos, por serem pequenos, robustos e facilmente adaptáveis. Portugal está ligado, de alguma forma, ao “nascimento” destes nanobodies. Pode, por favor, partilhar com os nossos leitores como? A tecnologia dos nanobodies foi inicialmente descoberta, em 1989, na Universidade Livre de Bruxelas e desenvolvida posteriormente numa parceria com o Instituto Flamengo de Biotecnologia (IFB). A Ablynx surge como uma spin-off do IFB, focada quase em exclusivo no desenvolvimento pré-clínico e clínico dos nanobodies, com o intuito último de desenvolver novos medicamentos. Nos primeiros tempos da Ablynx, foi criado um polo de desenvolvimento em Portugal, localizado na cidade do Porto. Entretanto esse polo fechou, mas alguns dos cientistas portugueses que aqui trabalhavam mudaram-se para a sede da Ablynx em Ghent; alguns ainda hoje lá trabalham, fazendo agora parte da Sanofi após esta empresa ter adquirido a Ablynx.

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QUALIDADE E INOVAÇÃO NA SAÚDE | SANOFI

Qual a aplicabilidade prática destes nanobodies? A Sanofi utiliza, atualmente, a tecnologia dos nanobodies, entre outras plataformas de desenvolvimento, com a finalidade de desenvolver novas terapias biológicas, que possam fazer uma diferença relevante na vida das pessoas atingidas por doenças para as quais não existem medicamentos com respostas terapêuticas satisfatórias. Ainda que apresentem características diferenciadoras potenciais em relação a outras terapias biológicas convencionais, só uns rigorosos processos pré-clínico e clínico de desenvolvimento podem transformar um potencial nanobody num novo medicamento, cumpridas todas as etapas de um processo altamente regulamentado, interna e externamente, que visa assegurar, em primeiro lugar, a segurança dos doentes. Até ao momento, esta plataforma tecnológica dos nanobodies já deu origem ao primeiro medicamento para a PTTa, atualmente aprovado pela Agência Europeia do Medicamento e pela Administração de Alimentos e Medicamentos Americana (FDA), além de outras agências regulamentares, como a da Suíça, a do Canadá e a da Austrália.

Pela sua descrição, é uma doença muito grave e com características muito especificas. É fácil de diagnosticar? Como em quase todas as doenças, o diagnóstico é primariamente clínico, baseado na identificação de um doente que se apresenta geralmente com um quadro súbito de mal-estar e cansaço, muitas vezes semelhante a um quadro viral, mas no qual se observa uma baixa de plaquetas moderada a grave, associada a uma baixa de glóbulos vermelhos causada por uma aceleração da sua destruição, sem que existam outras doenças subjacentes que o possam explicar. Os doentes podem também apresentar alguns sinais e sintomas que revelam a disfunção de órgãos frequentemente atingidos nesta doença, como sejam dores de cabeça ou outras manifestações neurológicas e dor torácica ou abdominal. Para que se possa fazer um diagnóstico diferencial apropriado, existem alguns exames laboratoriais importantes, como sejam a determinação da atividade da enzima ADAMTS13.

A Purpura Trombocitopénica Trombótica adquirida é uma doença muito pouco conhecida. Na qualidade de médico, pode-nos explicar em traços gerais que doença é? A Púrpura Trombocitopénica Trombótica adquirida (PTTa) é uma doença hematológica autoimune rara, potencialmente fatal. Na génese desta doença está o desenvolvimento de auto-anticorpos contra uma enzima, designada por ADAMTS13, que tem como função clivar uma proteína essencial no processo primário da coagulação, chamado fator de von Willebrand (FvW). Sempre que necessário, em caso de uma hemorragia, o FvW consegue iniciar um tampão hemostático, ao recrutar plaquetas para onde são necessárias. Em condições normais, o FvW que é produzido e libertado para a circulação é imediatamente clivado em pequenas unidades funcionais, pela ação da enzima ADAMTS13. Na PTTa, como a ADAMTS13 não está a funcionar devidamente pela existência de auto-anticorpos contra ela, o FvW mantém um tamanho anormalmente elevado, o que lhe confere a capacidade indesejada de aderir espontaneamente a plaquetas, originando a formação disseminada de trombos nos pequenos vasos sanguíneos de todo corpo. Secundariamente, além de uma muito baixa contagem plaquetária por consumo generalizado das plaquetas nesses trombos, observa-se uma restrição do fluxo sanguíneo, anemia causada pela destruição dos glóbulos vermelhos e, como consequência final, uma disfunção multiorgânica. Esta doença é uma emergência médica pois, sem o diagnóstico atempado e a instituição imediata de tratamento, 90 por cento dos doentes acabam por morrer.

Como doença rara que é, em Portugal quantos doentes existem com esta patologia? Não existem dados epidemiológicos específicos para a realidade portuguesa, mas estima-se, tendo por base os estudos epidemiológicos efetuados noutros países europeus e nos Estados Unidos, que existam três a seis episódios agudos de doença, por ano e por cada milhão de habitantes. Assim, são de esperar cerca de 30 a 60 episódios de PTTa, por ano, em Portugal. É importante notar que isto não significa que existam 30 a 60 novos doentes, por ano, uma vez que esta é uma doença na qual após um primeiro episódio existe um risco de recorrência da doença, que pode acontecer pouco tempo ou vários anos após o primeiro episódio.

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QUALIDADE E INOVAÇÃO NA SAÚDE | DAIICHI-SANKYO

“A INOVAÇÃO FAZ PARTE DO NOSSO DNA” A Daiichi-Sankyo dedica-se à criação e disponibilização de produtos farmacêuticos inovadores, para responder a diversas necessidades médicas. Com mais de 100 anos de experiência científica, a Daiichi-Sankyo aproveita o seu vasto legado em inovação e o seu robusto pipeline de promissores novos medicamentos para ajudar as pessoas, como evidenciou Pedro Sequeira, Country Manager da Daiichi Sankyo Portugal, em entrevista à Revista Business Portugal.

A Daiichi Sankyo é uma farmacêutica japonesa com mais de 100 anos de experiência científica e presente em mais de 20 países. Em Portugal estão presentes desde 1985, como caraterizam a vossa atuação a nível nacional? Fruto de várias aquisições e fusões ao longo do tempo, a Daiichi-Sankyo de hoje, iniciou as suas atividades nos anos 80, ainda com a marca Luitpold. Mesmo com os vários desenvolvimentos estratégicos, o foco no doente manteve-se sempre como a grande prioridade para a Daiichi-Sankyo. Procuramos hoje estar perto da comunidade científica, profissionais de saúde, e autoridades da saúde para que possamos promover o valor da saúde nas suas diferentes dimensões para os doentes e todos os stakeholders envolvidos. Vemos a nossa atuação de uma forma holística onde todos contribuem de forma estruturada para essa criação de valor da saúde. São detentores de um valioso legado de inovação e de um robusto pipeline de novos medicamentos promissores. As vossas áreas terapêuticas prioritárias são as doenças metabólicas, cardiovasculares e a oncologia? A inovação faz parte do nosso DNA desde a criação da empresa Sankyo Shoten, em 1899. Desde esses tempos que temos vários exemplos onde a inovação da Daiichi-Sankyo trouxe significativos avanços terapêuticos, transformadores em várias áreas terapêuticas, para doentes e profissionais de saúde. Em 1900, Sankyo Shoten isolou a adrenalina, a primeira hormona pura da glândula suprarrenal. Já nos anos 70, a Sankyo descobriu e desenvolveu o primeiro inibidor da HMG-CoA redutase a Pravastatina, a origem da classe terapêutica das estatinas lipídicas. Dez anos mais tarde, em 1983, a Sankyo desenvolve a Troglitazona, um sensibilizador da insulina, marcando a origem da classe da Glitazona. Já nos anos 90, a Daiichi desenvolve o Irinotecano, atualmente uma terapia padrão do cancro do cólon. Ainda nesta área e olhando agora para o futuro, temos em pipeline mais de 20 compostos dirigidos a várias áreas, onde há claramente uma unmet need, como por exemplo cancro da mama e gástrico ou leucemia mielóide aguda. Seremos seguramente um major player nesta área num futuro próximo, mantendo também 26 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

Pedro Sequeira, Country Manager

o crescimento do nosso legado na área cardiovascular, através de investigação e desenvolvimento e de licenciamentos. “Paixão pela inovação. Compromisso com os doentes”. Criar uma relação de mútua confiança com o doente é o core da vossa responsabilidade social? Não poderia ser de outra forma. Há várias maneiras de viver a responsabilidade social dentro da organização. Na inovação vivemos essa responsabilidade de forma intensa. Trabalhamos diariamente com um único objetivo nesta área: transformar ciência em valor terapêutico para os doentes, pensando em todos os profissionais e autoridades da saúde, promovendo a saúde como um valor universal. Há cerca de um ano a Daiichi Sankyo Portugal lançou a aplicação Cardio365. Qual é a mais-valia desta APP, dedicada à saúde cardiovascular? Podemos ver neste projeto, mais uma vez, o nosso compromisso para com a inovação e como a vivemos de uma forma multidisciplinar e transversal na organização. Esta plataforma permite aos profissionais de saúde intervenientes na área da cardiologia uma atualização constante de informação e conhecimentos, de forma rápida e em qualquer lugar. Na área reservada, temos conteúdos exclusivos para profissionais de saúde, com opiniões de key opinion leaders na área, divulgação de comunicados e notícias/estudos, bem como outros formatos multimédia, fruto do acompanhamento de eventos da especialidade. Procuramos também com esta plataforma, alimentar a nossa visão de formatos integradores, multiplataforma, numa era onde a informação deve, e tem, que estar acessível estrategicamente. As terapêuticas inovadoras são uma constante na vossa farmacêutica. É este o principal foco do departamento de Investigação & Desenvolvimento, a descoberta de novos fármacos? A inovação é uma palavra e, principalmente, uma ação vivida diariamente em todos os sectores da organização. A Daiichi-Sankyo tem um compromisso muito forte nesta área, de tal forma que é,


seguramente, uma das empresas que mais investe em investigação e desenvolvimento, em proporção à sua faturação total, com valores a rondar os 22 por cento de investimento. Não procuramos apenas a inovação incremental, mas procuramos também novos compostos que possam cobrir áreas para as quais ainda não existem terapêuticas. É uma aposta forte e, naturalmente, uma aposta difícil. Mas é aqui onde a Daiichi-Sankyo quer deixar o seu legado na investigação, como já o fez no passado e irá continuar no futuro. A visão 2025 do grupo é a de se tornar uma “Farmacêutica Global Inovadora com Vantagem Competitiva em Oncologia”. De que modo pretendem atingir esta premissa? Temos essa Visão muito bem integrada nos nossos processos de desenvolvimento estratégico. A resposta mais óbvia seria pela via do investimento e desenvolvimento, que como já referido, é das empresas que mais investe proporcionalmente em I&D. Mas, na realidade, essa ambição vai muito além desta visão. Passa também pela criação de alianças estratégicas e também pelo desenvolvimento de outros assets da empresa, como por exemplo as pessoas. Procuramos não só atrair, mas também desenvolver pessoas, ganhar e desenvolver competências, também dentro desta área, para criar valor para os doentes e principais stakeholders. É uma visão estratégica, de impacto global, de ambição transversal. Assume o cargo de Country Manager da Daiichi Sankyo Portugal há cerca de quatro anos. Como tem sido esta jornada e quais os principais desafios com que se tem deparado ao nível da inovação? Foi uma viagem fantástica, de forte desenvolvimento organizacional, transformação e de adaptação estratégica a vários níveis e com uma equipa igualmente fantástica. Acredito no capital humano e que é este que faz a criação de valor para os stakeholders e shareholders, pelo que promovemos um forte investimento nesta área. A inovação terapêutica também a tivemos, com novos lançamentos. Mas é aqui que talvez tenhamos o maior desafio para o futuro. A

A promoção do acesso à inovação. Apesar de reconhecer os esforços efetuados nos últimos tempos nesta área, ainda é possível continuar a otimizar o acesso à inovação. Assumimos a inovação como um investimento. Um investimento que tem um impacto direto nos doentes, mas que também tem um impacto muito positivo na sociedade e na economia do país. Segundo um estudo, feito pela McKinsey, sobre o valor do medicamento em Portugal, a inovação foi responsável, em 2016, por mais 180 mil anos saudáveis, ou seja, houve em média 180 mil portugueses com mais um ano saudável, que não teriam se não tivessem tido acesso a algum tipo de inovação. É aqui que queremos também contribuir, de forma positiva e construtiva, para a criação de um futuro melhor, com todos os stakeholders envolvidos.

www.daiichi-sankyo.pt

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Novartis Portugal Innovative Medicines

Reimaginamos a Medicina

www.novartis.pt

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NOV65/05/2019

Usamos a ciência inovadora e tecnologias digitais para endereçar alguns dos problemas de saúde mais desafiadores da sociedade. Investigamos e desenvolvemos tratamentos inovadores e procuramos novas formas de os fazer chegar a tantas pessoas quanto possível. Tudo para melhorar e prolongar a vida das pessoas.


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A_JU_DANÇA | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

A DANÇA COMO FORMA DE INCLUSÃO Nesta edição da Revista Business Portugal damos-lhe a conhecer um projeto muito especial, que faz parte da IN – Associação Pela Inclusão ao Longo da Vida: A_Ju_Dança. Para conhecermos o projeto, falámos com o Professor Paulo Magalhães, que nos explicou que o objetivo é a promoção da dança inclusiva, através da programação de espetáculos.

Como e quando é que surge o projeto A_Ju_Dança? A_Ju_Dança é um projeto que se realiza desde 2006. Começou a sua atividade promovendo espetáculos de dança, onde se encontrassem diferentes tipos de corpos e personalidades, e surgiu da reunião de esforços entre a secção de desporto adaptado do EVS e a Escola Dança Margarida Valle.

Que benefícios trazem este tipo de projetos? A proposta da dança inclusiva é oferecer meios que permitam a todos dançar, sendo o foco principal a capacidade e não a limitação. Pretende ajudar o bailarino (com e sem deficiência) a descobrir o olhar, o corpo e a si mesmo, aumentando a sua expressividade e potenciando a sua criatividade. Concorda que também têm uma intervenção importante na alteração de preconceitos? Sim, promovendo espetáculos, possibilitamos ao público em geral sentir muito mais do que compreender. A linguagem do mundo sensível ultrapassa todas as barreiras criadas pela mente. No final do espetáculo, é frequente que pessoas abordem o grupo para lhe transmitir o estado de grande emoção que a experiência lhes proporcionou. É o espanto de encontrar a beleza em corpos que dificilmente se coadunam com o conceito comum do que é belo.

Durante o confinamento, foi evidente a importância que a arte e a cultura têm na sanidade mental das pessoas. Concorda que, apesar desta importância, estas áreas são muitas vezes desvalorizadas? O que é preciso fazer? Essa é uma pergunta para um milhão de euros. Relativamente ao que deve ser feito pela arte e cultura do país, certamente há pessoas muito mais competentes para analisar todos os aspetos e que o têm feito na comunicação social, com bastante clareza. Quanto a nós, enquanto grupo, gostaríamos de tornar possível estes encontros semanais que possibilitam a expressão, através da dança e da partilha do movimento, numa situação que não dependesse

tanto da boa vontade e do financiamento dos colaboradores. Há várias situações que poderiam ser ajudadas a minimizar, como o custo das deslocações e o financiamento dos monitores que trabalham pro bono. Que impacto é que A_Ju_Dança sentiu com a pandemia e de que forma estão a ultrapassar esta fase? A pandemia sentiu-se no A_Ju_Dança como em quase todos os sítios. Os encontros presenciais pararam porque quase todos nós pertencemos, por diferentes razões, a grupos de risco ou a grupos que trabalham com população de risco, para além de que o espaço cedido para o desenvolvimento do projeto se encontra encerrado. O contacto virtual mantem-se, mas apenas do ponto de vista do acompanhamento do bem-estar emocional e social. Para este grupo de bailarinos, que maioritariamente pertencem ao mesmo grupo de boccia (desporto adaptado), não tem sido fácil verem-se privados de uma das poucas oportunidades de se sentirem perfeitamente incluídos num grupo com vínculo significativo exterior à constelação familiar. De que forma é que as pessoas podem apoiar tanto o projeto A_Ju_Dança, como a IN? Pela consignação do seu IRS, pelo donativo abrangido pela lei do mecenato para o IBAN PT50.0036.0073.99100074878.19. Pelo apoio na organização de espetáculos ou simplesmente pela ajuda na divulgação do que somos e fazemos.

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LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | MR TERAPIAS

Equipa

MR UMA EQUIPA QUE CUIDA DE SI

Terapeuta da Fala por paixão e vocação, Margarida Riscado fundou a MR Terapias em 2010. Em 2016 iniciou com quatro colaboradores sendo que, atualmente, conta já com mais de 50. É com orgulho que conta à Revista Business Portugal todos os pormenores desta evolução. A força motivacional que levou Margarida Riscado a fundar a MR Terapias foi a paixão que tem pela sua profissão e pelo desejo de a ver desenvolvida em Portugal, a par dos largos anos de experiência e know-how ao serviço da terapia da fala. O foco principal é a saúde e o bem-estar das pessoas em todas as fases da vida. Assim sendo, a MR Terapias divide-se na atividade clínica, na formação e consultoria, na investigação e na intervenção social. Atualmente, a MR Terapias tem quatro espaços físicos: três em Sacavém e um no Parque das Nações, em Lisboa. Parte integrante e fundamental deste crescimento deve-se (e muito) à equipa que ao longo dos anos conseguiu construir. Segundo Margarida Riscado “a força e o sucesso está efetivamente na equipa que começa na coordenação. Somos uma equipa muito unida, muito motivada e muito focada no nosso trabalho”.

Superior de Saúde de Alcoitão, o Instituto Politécnico de Setúbal, a Universidade Nova de Lisboa, entre outras que estão a ser agora desenvolvidas. “Estas parcerias honram-nos muito. Da mesma forma que as faculdades nos encontram porque sabem que nós somos uma entidade que está no terreno, junto das populações, nós também as procuramos no sentido de perceber que projetos é que existem e quais são os que dão melhor resposta às nossas populações. Por outro lado, desenvolvemos os nossos projetos e procuramos quem são os parceiros certos”, remata Margarida Riscado. Desde que abraçou a sua profissão, a Diretora Clínica afirma que o foco tem vindo a ser o mesmo: excelência, honestidade, entrega e paixão. A MR Terapias tem-se constituído como uma referência na interface entre a clínica, a investigação e a formação em áreas tais como o processamento auditivo central e os grupos terapêuticos.

A equipa: um dos pontos fortes da MR Terapias. “Os fatores de sucesso e diferenciação são baseados nas pessoas, na inovação, na dinâmica, na equipa motivada e em permanente atualização técnica e científica”, remata Margarida Riscado. Como tal, não é qualquer pessoa que integra a equipa da MR Terapias. A escolha é criteriosa e passa por perceber se o candidato tem sentido de entrega, se vê o projeto com continuidade e a mesma paixão que os distingue. O rigor para pertencer à equipa é fundamental, tendo em conta que “trabalhamos com uma população muito diversificada sob o ponto de vista clínico e social,” mas para a nossa entrevistada, algo muito importante é o facto de “não termos prestadores de serviços e sim 95 por cento dos colaboradores com contrato de trabalho. Nós queremos dar estabilidade às pessoas”. Na MR Terapias a diversidade de competências é promovida e valorizada, sendo também uma empresa que privilegia relações de proximidade institucional com o ensino superior. Desta forma, destacam-se parcerias com a Universidade do Minho, a Escola

“Uma equipa que cuida de si” O lema da MR Terapias é sustentado por pessoas que o promovem e que se dedicam a cumpri-lo. Pessoas, essas, que se dividem em três áreas de coordenação: no Departamento da Psicologia está Ana Veríssimo e Teresa Matos, o da Terapia da Fala com Lia Barros e Fátima Pardal e, por fim, – e em complementaridade à atividade clínica – a Academia by MR Terapias, com Ana Coutinho e Carolina Marques. A Academia é uma entidade formadora certificada pela DGERT (Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho), que desenvolve formação e investigação e cujo lema é: “Juntos construímos conhecimento”. Conseguimos perceber, ao falar com a equipa de Margarida Riscado, que a força e união são duas qualidades que não estremecem. “Para prestarmos um serviço de excelência, é importante olharmos com muito cuidado para as problemáticas com que trabalhamos. Neste sentido, a Academia vem dar um olhar que nos permite, no departamento de investigação, estudar as problemáticas e encontrar

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MR TERAPIAS | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

as melhores respostas, porque se nós estudarmos, efetivamente, conseguimos dar a resposta mais adequada para aquela população”. Na Academia, são oferecidos vários tipos de formação, nomeadamente nas escolas. Para Ana Veríssimo, a MR Terapias “é um sítio onde profissionalmente se pode crescer, porque a verdade é que todos nós temos interesses, projetos, ou problemáticas que gostamos de trabalhar e sentimos sempre nesta liderança uma extrema recetividade ao desafio. Isto é algo que nos faz brilhar os olhos”. Lia Barros, ao concordar com as suas colegas de trabalho, acrescenta “é realmente um trabalho de equipa muito forte. Eu sou Terapeuta da Fala, adoro o que faço e acho que algo que se distingue na MR Terapias, é não só a qualidade técnica que vejo em todos os meus colegas, como a capacidade de entreajuda e o verdadeiro sentido de vestir a camisola. É uma sensação muito uniforme.” A resposta da MR Terapias ao Covid-19 A MR Terapias foi acompanhando a evolução da epidemia de Covid-19, ajustando a sua atividade de acordo com as Diretrizes emanadas pelo Governo e pela Direção-Geral da Saúde, ativando, prontamente o seu Plano de Contingência. Sendo uma empresa de serviços cuja área de atividade está estreitamente ligada aos cuidados de saúde e educação, a MR Terapias não é exceção ao momento de crise nacional que atravessamos, tendo necessitado de analisar, cuidadosamente, as condições que melhor garantam a qualidade e segurança dos serviços prestados aos seus clientes. Com serenidade e esperança, mas com igual seriedade, preocupamo-nos com o impacto que esta situação possa ter na população portuguesa, na comunidade que nos é próxima, nos nossos parceiros e nas pessoas que acompanhamos e suas famílias. Sensíveis que estamos à situação atual e sabendo que este momento apela em nós o sentido firme de serviço e de missão, os técnicos da MR Terapias mantêm o contacto com as pessoas com que intervêm, disponibilizando-se para dar suporte e acompanhamento, de uma forma segura e igualmente profissional. Disponibilizamos, por isso, o serviço de vídeo consulta em Terapia da Fala, Psicologia, entre outras especialidades - modalidade que veio para ficar - e a partir de maio de 2020 retomamos a intervenção presencial seguindo as boas práticas de segurança e higienização para o exercício profissional, direcionados à problemática que estamos, globalmente, a vivenciar.

R

Margarida Riscado, fundadora

geral@mrterapias.pt https://mrterapias.pt/ www.facebook.com/MRTerapias/ 211 622 802 / 911 738 111

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Filipe Nóbrega, Managing Director

LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | KONE IBÉRICA

KONE IBÉRICA A KONE é uma empresa líder global na indústria de elevadores e escadas rolantes que fornece soluções inovadoras, adaptadas às necessidades da população. Filipe Nóbrega, Managing Director da KONE Ibérica, explicou-nos quais os aspetos que os diferenciam no setor onde atuam.

Assumiu, em 2019, o cargo de Diretor Geral da KONE em Portugal, Espanha e Andorra. Apresente o seu percurso até chegar a este cargo e descreva as principais motivações que o levaram a assumir esta função. Comecei a minha carreira na KONE, em 2011, como Diretor Geral na República Checa e na Eslováquia, consolidando a minha experiência em cargos de liderança a nível internacional. Em 2015 fui promovido e assumi o cargo de Diretor de Negócio de Modernizações da KONE para o Oeste e Sul da Europa, Médio Oriente e África, sendo também membro do comité de direção desta região. Sou licenciado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico e tenho um MBA do IMD (International Institute for Management Development) da Suíça. Durante o meu percurso profissional tive o privilégio de trabalhar em diferentes setores e em diferentes multinacionais, assumindo diversos cargos de responsabilidade a nível internacional. Esta nova etapa profissional, que assumi em outubro de 2019, deixa-me bastante entusiasmado e motivado, porque vou voltar a trabalhar no meu país. Para além disso, aceito com grande satisfação o desafio de poder continuar o excelente trabalho que a KONE tem desenvolvido nos últimos anos na Península Ibérica e continuar a fornecer soluções e serviços inovadores e diferenciados, que contribuem para a satisfação dos nossos clientes e utilizadores finais. 32 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

A que atividade se dedica a KONE? Na KONE, a nossa missão é melhorar o fluxo de pessoas no ambiente urbano. Como líder global na indústria de elevadores e escadas rolantes, a KONE fornece elevadores, escadas rolantes e portas automáticas para edifícios, assim como soluções de modernização e manutenção que adicionam valor ao ciclo de vida de qualquer edifício. Através de People Flow® mais eficaz, tornamos os trajetos das pessoas mais seguras, convenientes e fiáveis em edifícios mais altos e inteligentes. Em conjunto com os nossos parceiros e clientes por todo o mundo, ajudamos as cidades a tornarem-se melhores lugares para se viver. Em 2019, a KONE registou vendas anuais líquidas no valor de 10 mil milhões de euros e, no final do ano, empregava mais de 60 mil funcionários.

Acredita que é necessário ser criativo para gerar uma liderança eficaz? De que forma aplica a criatividade no universo das suas funções? A criatividade tem claramente um papel muito importante no desenvolvimento de uma liderança eficaz, que não seria possível sem o empenho de uma grande equipa, como é o caso da KONE na Península Ibérica, onde são fundamentais os novos métodos de trabalho. Na KONE, inovamos e apostamos no trabalho em equipa, um dos nossos valores é “Winning Together” (Ganhar Juntos) e aplicamos o princípio de que só podemos vencer trabalhando em conjunto, incentivando a participação e partilhando as informações e ideias que nascem da criatividade de cada um dos funcionários, confiando uns nos outros e respeitando-nos mutuamente, além de reconhecermos o bom trabalho. Um dos objetivos estratégicos da KONE, e que me ajuda a conseguir uma liderança eficaz, é que a KONE seja um ótimo lugar para trabalhar, pouco hierárquico,


onde damos aos nossos funcionários a oportunidade de desenvolverem as suas competências e capacidades de liderança através de programas de aprendizagem abrangentes. Também aplicamos a criatividade na inovação em relação ao local de trabalho. Incluímos, por exemplo, postos flexíveis para facilitar e promover a colaboração entre colegas. Somos uma empresa flexível onde cada um pode desenvolver as suas funções a partir de qualquer parte do mundo, para além disponibilizarmos escritórios de última geração, abertos e sustentáveis, que nos permitem interagir facilmente e sem barreiras. O trabalho em conjunto permite-nos cumprir outro dos nossos valores que é “Delighting Our Customers” (Satisfazer os Nossos Clientes), do mesmo modo que trabalhamos e inovamos em colaboração com os nossos colegas, fazemo-lo também com os nossos clientes, identificando e oferecendo soluções que superem as suas expectativas. Oferecer soluções e serviços inovadores e diferenciados são os objetivos da KONE Ibérica. A investigação e o desenvolvimento são uma aposta constante na vossa empresa? Sim, sem dúvida. Somos reconhecidos internacionalmente, e há bastante tempo, como a empresa mais inovadora na nossa indústria. Pelo sexto ano consecutivo, a revista Forbes nomeia a KONE como uma das 100 empresas mais inovadoras do mundo. Uma vez mais, somos a única empresa de elevadores e escadas rolantes presente neste ranking mundial, no qual ocupamos a 59.ª posição. Fortalecemos a nossa posição de líder em inovação no nosso setor, contando com mais de três mil patentes e somos reconhecidos internacionalmente. O peso da I&D na KONE é muito elevado. Gostava de destacar que o investimento em I&D é de 1,8 por cento do volume total anual de vendas. Temos nove centros de I&D em todo o mundo, com mais de mil profissionais a trabalhar nesta

área tão importante e relevante para a empresa. Durante os mais de 100 anos de existência da KONE, já ficou provado que uma grande parte do nosso sucesso se deve aos progressos em engenharia. Uma das maiores inovações da KONE, e que revolucionou a indústria em todo o mundo, foi o nosso elevador sem casa de máquinas, o KONE MonoSpace®, apresentado em 1996. Foi o primeiro elevador sem casa de máquinas do mundo. Contudo, a inovação no mundo moderno significa muito mais: significa novos processos, novas tecnologias integradas e conectividade. Estamos em constante atualização, em busca de novas formas de trabalhar e inovar, através de soluções e serviços diferenciados para os clientes. Ao compreender a urbanização e os clientes, podemos continuar a desenvolver novas soluções e serviços que irão melhorar a vida nas cidades, tornando-as sítios melhores para viver. “Melhorar o fluxo da vida urbana” é o slogan que vos distingue. Com isso pretendem priorizar as necessidades do utilizador, numa sociedade cada vez mais tecnológica? Na KONE, a nossa missão é melhorar a mobilidade da vida urbana, compreendendo o fluxo de pessoas em e entre edifícios e assim fazer com que os seus trajetos sejam seguros, fáceis e fiáveis. Na KONE, colocamos o cliente no centro de tudo o que fazemos e, por isso, todas as soluções e serviços que desenvolvemos são, em primeiro lugar, baseados nas opiniões dos nossos clientes, de quem analisamos dados sobre as suas necessidades, expectativas, entre outras. Nesta nova era da revolução digital, percebemos que as necessidades e expectativas dos nossos clientes e utilizadores estão a mudar. E esta mudança é também o que nos permite desenvolver algumas das soluções e serviços que criamos nos últimos anos e que eu gostaria de destacar o lançamento dos serviços inteligentes KONE Connected 24/7, em 2017, um serviço de REVISTA BUSINESS PORTUGAL // 33


DIA INTERNACIONAL DA MULHER | ATELIER 405

diagnóstico que recolhe dados de forma contínua sobre o estado dos elevadores através da IoT “Internet of Things” e os conecta à cloud, dotando os ascensores de inteligência artificial que permite antecipar, prevenir e atuar antes que se produza uma avaria no equipamento. Os benefícios que esta solução oferece aos nossos clientes são: proporcionar um fluxo regular de pessoas e maximizar o valor dos seus equipamentos; aumentar e melhorar a segurança, ajudando a reduzir significativamente os riscos e aumentar a transparência, o que permite poupar tempo, uma vez que é possível obter informações imediatas sobre o estado dos equipamentos e as ações de assistência técnica exigidas, sem necessidade de perder tempo a informar ocorrências, porque com certeza o técnico já estará informado. Para além disso, permite tomar decisões mais inteligentes e baseadas em dados exatos e não em suposições, como por exemplo, no caso de reparações e modernizações efetuadas de modo rentável e no momento certo. Da mesma forma, não posso deixar de referir a inovadora solução KONE Care™, de 2017, altura em que o contrato de manutenção se tornou completamente flexível, cumprindo as expectativas e necessidades de cada um dos nossos clientes, pois quando se trata dos serviços de manutenção, não é possível aplicar tamanhos únicos. Depois de escutarmos as opiniões dos nossos clientes, decidimos renovar completamente a nossa oferta de manutenção, com total flexibilidade e mais opções e combinações por onde escolher. O contrato KONE Care™ foi concebido para satisfazer as suas expectativas, grandes ou pequenas, pois este é um serviço feito à medida dos nossos clientes. Em 2018, a KONE lançou outra solução inovadora, o KONE Residential Flow, cujo objetivo é facilitar o acesso a casa, permitindo eliminar as dificuldades de abrir portas ou encontrar as chaves, bem como receber encomendas ou dar às visitas acesso ao nosso edifício. Através desta solução queremos dar as boas-vindas a uma vida mais fácil e inteligente. Gostaria ainda de destacar a nossa solução de serviços People Flow Planning & Consulting, que nos permite analisar e compreender, em tempo real, o modo como as

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pessoas se deslocam, na horizontal e na vertical, dentro e entre os edifícios. Um bom fluxo de pessoas é seguro, prático, fiável e sem esperas. O People Flow Service proporciona uma análise detalhada dos fluxos de tráfego dentro do edifício e estende a sua análise a fatores externos e urbanos, fora do edifício. Por último, gostaria de destacar a nova era de elevadores KONE DX (Digital Experience), que lançámos em Madrid no passado dia 6 de fevereiro para toda a Península Ibérica. Em fevereiro apresentaram, em Madrid, o novo Kone DX – a primeira gama de elevadores digitais do mundo –. Quais as mais-valias desta tecnologia e quando estará disponível em Portugal? Efetivamente, no passado dia 6 de fevereiro, lançámos a nova era de elevadores KONE DX, com conectividade integrada, para toda a Península Ibérica, que marca um momento decisivo e revolucionário na nossa indústria. Esta conectividade permite-nos criar valor para os nossos clientes, através da flexibilidade que nos proporciona a vários níveis, como adaptar soluções de hoje para o futuro e também integrar soluções da KONE, soluções de terceiros ou as próprias soluções dos nossos clientes.


KONE IBÉRICA | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

Três benefícios principais que vamos oferecer com os novos elevadores KONE DX são: •Soluções conectadas, para criar valor para os nossos clientes, as soluções inteligentes com base em tecnologia digital conectada, que não só ajudam a aumentar o valor dos edifícios, como também a acelerar o processo de venda ou arrendamento. Esta conectividade dos novos elevadores KONE DX também nos permite integrar serviços de terceiros, como os robots de serviço em hotéis, que funcionam como serviço de quartos para entregar produtos aos hóspedes, ou em hospitais, para entregar material, e que podem ser integrados com os elevadores, permitindo que os robots se desloquem de forma livre e autónoma pelos edifícios, algo que já é uma realidade nos hotéis com elevadores KONE. •Nova e redefinida experiência de utilizador para ajudar na diferenciação, a aproveitar o poder da digitalização para levar a viagem de elevador muito além do habitual e ter uma experiência de utilizador que inspira, informa e encanta. Já se imaginou dentro de um elevador que sabe em que piso mora ou que muda para a sua cor favorita assim que entra nele? Pois tal é possível com os novos elevadores KONE DX. Com os novos designs de interiores, inspirados na perceção humana, com novos materiais funcionais e duráveis, para além de soluções de informação e entretenimento digitais totalmente personalizáveis, o elevador deixa assim de ser uma caixa que sobe e desce, para passar a ser uma plataforma conectada que nos permite fazer tudo isto. •Ferramentas para o design de edifícios inteligentes. A KONE é o melhor parceiro para lhe dar apoio numa construção sustentável, pois através destas ferramentas, garante um fluxo regular de pessoas com os serviços de People Flow Planning & Consulting e permite conceber de forma simples, com recurso a ferramentas de planeamento de última geração.

Para finalizar, quais os projetos futuros da KONE Ibérica? A KONE Ibérica tem objetivos e projetos que estão totalmente alinhados com os da KONE a nível mundial. Queremos continuar a ser o número um a nível mundial em matéria de inovação, apresentando soluções e serviços inovadores e diferenciados aos nossos clientes. Queremos tornar a KONE num lugar ainda melhor para trabalhar, sendo líder em sustentabilidade e crescendo de forma rentável e mais rápida do que o mercado. Esta evolução acontecerá de forma orgânica e com planos de aquisição, como temos feito sempre em todo o mundo e também em Portugal, Espanha e Andorra. A urbanização e a disrupção tecnológica são as megatendências que ditam o mercado. É essencial concentrarmos os nossos esforços em avanços que sejam realmente relevantes, para contribuir de forma inteligente para o meio onde vivemos, facilitando a vida dos respetivos utilizadores. É para aqui que direcionamos o nosso futuro e depende de nós que as cidades se adaptem, cada vez mais, às nossas necessidades e é para isso que a KONE trabalha e desenvolve as suas soluções e serviços.

www.kone.pt

OS SERVIÇOS E SOLUÇÕES INTELIGENTES JÁ ESTÃO AQUI

ELEVADORES KONE DX •

Criar valor com soluções conectadas de fluxo de pessoas

Marcar a diferença com uma experiência de utilizador redefinida

Um parceiro para edifícios mais inteligentes

KONE CONNECTED 24/7 •

Com o serviço KONE Connected 24/7 podemos antecipar e atuar antes que se produza qualquer incidente no equipamento

Para si, isto significa mais segurança, total transparência e tranquilidade

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LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | TYM

SER FELIZ NO TRABALHO

Gostaríamos de começar por conhecer o percurso profissional da Madalena Carey. Comecei a trabalhar muito cedo, com apenas 15 anos, numa empresa familiar de serviços jurídicos e foi quase natural licenciar-me em Direito. Depressa percebi que a decisão tomada ía no sentido de tentar corresponder a expectativas e não tanto alinhada com a vida com que sonhava. Com 24 anos larguei tudo e viajei para a Austrália. Consegui que uma empresa apostasse em mim, patrocinasse o meu visto de trabalho e comecei a minha jornada no setor de Educação Internacional. Em paralelo, fui-me interessando pela área do Desenvolvimento Pessoal, Coaching e PNL (Programação Neurolinguística). Em 2016, voltei para Portugal e comecei a facilitar processos de coaching no sentido de otimizar a performance pessoal e profissional dos meus clientes e é no seguimento desse trabalho que nasce a TYM. Até que ponto esse percurso influenciou o surgimento da TYM – The Yellow Manager? Influenciou a 100 por cento. A exposição à pressão desde cedo deu-me a confiança que precisava para me atirar de cabeça e saber que, mesmo em tempos difíceis, eu iria conseguir prevalecer. Em Sydney, o facto de ter um visto patrocinado fez com que as minhas chefias se aproveitassem da fragilidade da situação e sofri muitos abusos. Quando me desvinculei, experienciei culturas de trabalho fantásticas nas empresas com quem acabei por trabalhar. Senti na pele os extremos dos reversos da medalha deste tema que é a Felicidade Corporativa e, por isso, ele me é tão querido. Já em Portugal fui confrontada com uma cultura de trabalho que parecia ter ficado parada no tempo. Não tinha um amigo satisfeito com o trabalho. Tinha muitíssimos a passarem por depressões e, muitos deles, emigrados à procura de melhores condições. Nas sessões de coaching, 95 por cento da frustração dos meus clientes devia-se a questões laborais. Este choque foi o que alavancou a criação da TYM, tomando a decisão: ‘Vou trazer para o meu país a cultura que vivi lá fora’. 36 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

Madalena Carey, fundadora e diretora

Reestruturar condições de bem-estar no trabalho e promover culturas positivas que gerem talento, impacto e compromisso, são alguns dos valores da TYM – The Yellow Manager. Madalena Carey, fundadora e diretora, falou do seu percurso e de como este motivou a criação deste projeto, que tem como mote a felicidade corporativa.

A criação e evolução da TYM certamente influencaram positivamente a sua vida. Estava a contar que assim fosse ou superou as suas expectativas? Influenciou positivamente a minha vida porque influencia positivamente a de outros. O empreendedorismo é uma montanha russa diária, um empreendedor tem de se tornar confortável no desconforto. A TYM não é, hoje, o que eu achava que iria ser há uns anos. Há o aprender com o mercado, investigar, ouvir, testar, falhar, reajustar mas, quando começamos a ver o impacto positivo que isso tem nos clientes, é fantástico. Começámos com o mercado a franzir-nos o sobrolho por associarmos a palavra felicidade ao trabalho, e agora caminhamos no sentido em que começa a ser prioridade investir nas pessoas. Acredita que a felicidade é um modo de vida? Em absoluto. Com isto não digo que temos todos a mesma predisposição para sermos felizes, porque não temos. Em média, sabemos que a felicidade depende 50 por cento da genética, 40 por cento das escolhas pessoais e 10 por cento do ambiente que nos rodeia. No entanto, tendo sido eu uma criança que sofreu depressões desde cedo, sei bem o impacto da saúde mental neste processo. Mas a Neurociência e a Psicologia Positiva apresentam-nos inúmeros estudos que comprovam que através de terapias cognitivo-comportamentais, como mudar os nossos pensamentos, meditar, praticar a gratidão, o altruísmo, ter uma motivação maior, podemos otimizar os nossos processos cerebrais. Considera ser necessário aplicar a criatividade para gerir uma empresa no século em que vivemos? As qualidades e caraterísticas femininas são uma vantagem para as mulheres que exercem cargos executivos? Sem dúvida. A velha frase ‘foi sempre assim que fizemos’ é uma sentença de morte para qualquer organização. É essencial despender tempo para este processo de criação e ginástica mental de ver mais


TYM | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

além e alinhar a equipa neste ‘Growth Mindset’. Acredito que as qualidades femininas são uma vantagem. O facto de sermos humanos mais conscientes das nossas emoções faz com que nos seja mais natural criar laços de empatia, gerando mais confiança e compromisso. A capacidade de operar e pensar em simultâneo é eficaz para lidar com crises. O charme que trazemos para uma negociação, vendo-a como uma relação de continuidade com quem nos cruzamos e não apenas como uma transação pontual, é importante. Os cargos de liderança são ocupados, cada vez mais, por mulheres. De que forma perceciona esse facto? Acho fantástico. A igualdade entre mulheres e homens é uma questão de direitos humanos e uma questão de justiça social. Antes havia o estigma de que a liderança no feminino era ineficiente, então

adotávamos muitas vezes uma liderança com traços masculinos, mas éramos julgadas por isso também. Hoje, acho que encontrámos o nosso lugar. Acredito que as mulheres têm um estilo de liderança mais democrático, onde as suas equipas participam nas tomadas de decisão. Que mensagem poderia deixar para outras mulheres como incentivo à criação de um negócio? Que não criem apenas um negócio, mas sim uma missão de vida. Que se entreguem o mais possível e acrescentem o maior valor que consigam. O negócio surge como consequência destes dois fatores.

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DOURO ACIMA | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

DO DOURO PARA O MUNDO

A Douro Acima é fruto de uma grande ambição. Atualmente, disponibiliza uma panóplia de serviços turísticos, a partir do Douro para o resto do Mundo. Em entrevista à Revista Business Portugal, o mentor do grupo, Manuel Almeida, falou-nos do empreendimento que é uma referência no setor do turismo português.

Manuel Almeida, administrador

Falar com Manuel Almeida é beber de uma fonte de sabedoria. Com uma experiência de vida inigualável, é um empreendedor nato que iniciou a sua carreira profissional com apenas 13 anos. Com a ambição de ser médico cirurgião, piloto-aviador ou vendedor, quis o destino que o nosso entrevistado percorresse o caminho empresarial. Os primeiros passos foram dados no Mercado das Frutas, onde aprendeu a negociar e, como o próprio indica, aprendeu “a arte da compra e da venda.” Desde então, nunca mais parou… ao mesmo tempo que foi adquirindo uma vasta experiência, colecionou histórias, vivências e sucessos pelos vários sítios por onde passou, deixando em todos eles a sua marca e saudades. Tendo preservando sempre uma grande ambição, depois de fazer parte de várias empresas de referência, em cargos de prestígio, Manuel Almeida investiu naquele que é um dos mais icónicos restaurantes da cidade do Porto – Chez Lapin –, em 1982. A partir daí, o empresário foi investindo até ao presente dia, fazendo da Douro Acima uma empresa de referência no setor do turismo, que disponibiliza uma panóplia de serviços. Apesar do sucesso do empreendimento também se dever ao empenho da equipa, Manuel Almeida confessa que “se não tivesse a família que tenho, sem dúvida que não teria chegado onde cheguei.” A esposa e a filha são um alicerce importante, estando agora Alexandra Almeida (filha) a dar continuidade ao legado da família.

A conquista começou pelo estômago Como já foi referido, a restauração foi a primeira aposta da Doura Acima (na altura Issimo), com a aquisição de um dos restaurantes mais antigos e conhecidos da cidade do Porto: o Chez Lapin, que já tem as portas abertas desde 1938, tendo, com a atual gerência, cerca de 40 anos. Posteriormente, o grupo completou a sua oferta com a Casa Vitorino e o Downing Street, também eles localizados na Ribeira do Porto, privilegiando de uma vista de cortar a respiração. Em todos os espaços encontrará a arte de bem-receber, simpatia e pratos deliciosos da gastronomia tradicional portuguesa. No Chez Lapin, um restaurante repleto de história, com um charme e harmonia bem característicos, poderá degustar, entre outros pratos, o polvo e o bacalhau assado no forno, o novilho com vinho do Porto e o coelho à Chez Lapin. Por esta casa passaram e continuam a passar inúmeras figuras púbicas, que após cada visita deixam uma fotografia para assinalar a sua presença, tornando o mural do Chez Lapin intemporal e memorável, chamando a atenção de cada visitante. Mesmo na porta ao lado, na Casa Vitorino, também se irá deparar com um espaço sedutor, com um conceito semelhante ao Chez Lapin. Aqui poderá experienciar os mesmos pratos, enquanto usufrui de um serviço de requinte. Com um conceito diferente dos dois primeiros espaços, mas igualmente com uma comida deliciosa, temos o Downing Street: um restaurante vocacionado para grupos e eventos. Para breve, o grupo promete a abertura de um novo espaço. “Temos outro restaurante de tapas para abrir”, avança o nosso entrevistado, que se compromete em continuar a criar excelentes experiências gastronómicas a quem os procura. REVISTA BUSINESS PORTUGAL // 39


LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | DOURO ACIMA

Da mesa passou-se para os barcos Não há experiência que se compare a um passeio de barco pelos nossos rios. Todo o romantismo em volta, o contacto com a natureza, a possibilidade de saber um pouco mais sobre a nossa história… é uma experiência terapêutica e enriquecedora. Em 1997 a Douro Acima começou a proporcionar estas experiências, com a aposta na organização e comercialização de passeios turísticos pelo rio Douro. Atualmente, a empresa possui uma frota composta por seis barcos Rabelo, que realizam percursos entre o Porto, Vila Nova de Gaia, Régua, Pinhão e Barca D’Alva. Quem quiser ter um dia diferente e passear pelo rio Douro, poderá usufruir de duas tipologias de cruzeiros: o cruzeiro das seis pontes, com a duração de 50 minutos pelas margens do Porto e Vila Nova de Gaia; e os cruzeiros de um dia para o Douro Vinhateiro, podendo usufruir não só de um excelente serviço, mas também de uma paisagem limpa que as encostas do Douro e sua natureza proporcionam. De realçar que a Douro Acima se tem destacado nos eventos a bordo, sejam eles de origem particular ou empresas, como casamentos, batizados, aniversários, almoços e jantares a bordo ou reuniões profissionais. No seguimento da aposta em experiências no rio, a Douro Acima não poderia deixar de lado a cidade de Aveiro. Assim, passou também a organizar cruzeiros na Ria da cidade, a bordo dos históricos moliceiros da Memórias da Ria. Para além de rotas mais curtas, com duração de 45 minutos, o grupo disponibiliza ainda circuitos mais amplos, onde estão incluídas visitas às Salinas.

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Douro Acima sobre rodas Dos passeios marítimos para os passeios terrestres, a Douro Acima pensou em si e numa solução para conseguir usufruir de uma forma mais confortável e fácil para conhecer os principais pontos atrativos de cinco cidades portuguesas: Lisboa, Porto, Sintra, Albufeira e Funchal. Portanto, em 2006 passou a representar a marca City SightSeeing, os famosos autocarros vermelhos panorâmicos de dois andares, constituídos com equipamentos áudio-guias e um sistema de hop-on e hop-off, onde os visitantes podem entrar e sair assim que desejarem, consoante a duração do bilhete e paragens efetuadas pelas cidades. Descanse e relaxe no coração do Porto A génese da Douro Acima assenta no investimento e no aproveitamento de oportunidades. Assim, o alojamento também fez parte da estratégia de expansão e crescimento do grupo. Desde alojamento local a hotéis, a Douro Acima disponibiliza espaços acolhedores e charmosos, com localizações privilegiadas na cidade do Porto, proporcionando vistas impagáveis. A Stay.in é composta por cinco apartamentos: Apartamentos Ribeira 24; Apartamentos Borja; Apartamentos São Bento; Apartamentos Amélia; e Apartamentos Cima do Muro. Todos eles estão equipados e decorados elegantemente, proporcionando uma estadia única e memorável, no Centro Histórico do Porto. O Porto River Apartamentos, localizados na Ribeira, oferecem um acordar único, podendo usufruir da vista privilegiada para o rio Douro. Também todos eles devidamente equipados, complementam o rustico da pedra com o requinte de linhas modernas. “Depois do Porto River Ribeira, iremos abrir o Porto River Infante. O conceito será o mesmo, mas o segundo será maior. O Porto River Ribeira tem 19 quartos e o Infante 25”, explica Alexandra Almeida, responsável pela decoração dos espaços, que transmitem harmonia e elegância. Mas Manuel Almeida deixou no ar que faz parte dos planos abrir um novo espaço. “Neste momento, temos os dois hotéis prontos e, provavelmente, teremos um terceiro.”


Investir na cidade Todo o património em que a Douro Acima foi investindo ao longo do tempo é recuperado, preservando o que é autêntico, misturando assim o modernismo com o tradicional. O grupo é um exemplo de investimento atrativo. A cidade do Porto tem vindo a ser recuperada e tornando-se mais apelativa para os turistas e para as pessoas da cidade, graças a estes empresários. A Douro Acima, a par de outras empresas, contribuiu e continua a contribuir para o salto que Portugal deu no setor do turismo. E, apesar do forte abalo que se tem sentido devido à pandemia do novo coronavírus, Manuel Almeida mostra-se confiante num futuro risonho para o turismo. “Em setembro já vamos começar a mexer. Vamos ter um tipo de turismo diferente, mas com mais poder de compra”. Confiante de que os turistas irão procurar locais mais recatados e hotéis de charme, o nosso entrevistado acredita que o Norte de Portugal terá bastante procura. E a Douro Acima, que se mantém convicta e com a ambição de fazer o Porto crescer, está pronta para receber os portugueses e estrangeiros, proporcionando-lhes várias experiências, que prometem fazer com que qualquer pessoa se apaixone pela cidade.

R. dos Canastreiros 40/42, 4050-149 Porto 22 208 0677

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LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | CASA ERMELINDA FREITAS

CASA ERMELINDA FREITAS: UM SÉCULO DE AMOR

Considera que o facto desta casa ter tido sempre uma mulher na sua gestão contribui para o seu sucesso e longevidade? Quais têm sido os maiores desafios destes 100 anos? A Casa Ermelinda Freitas é o resultado de muito trabalho de quatro gerações da família, caminhando e envolvendo já a quinta. Este trabalho provém do amor à terra, ao próximo. Tive a sorte de ter tido a transmissão de saberes e sentimentos, pelos quais ainda hoje singo a minha maneira de estar na sociedade. Sem dúvida que as mulheres fizeram a diferença na gestão da Casa Ermelinda Freitas e no futuro tudo aponta que seja mais uma mulher a dar continuidade à gestão. Mas como gosto de dizer, não existem trabalhos para homens nem mulheres, mas sim as pessoas certas para os trabalhos certos. Foi uma evolução de trabalho, de aprendizagem, de muito respeito e agradecimento aos colaboradores, ao fim ao cabo foram trinta anos de arredondar espinhos, mas também de ter a humildade de saber que nem sempre estamos no alvo, dando aqui um grande reconhecimento do sucesso da Casa Ermelinda Freitas a toda a equipa que aqui trabalha. Também temos que dar um grande obrigado aos nossos consumidores, que têm preferido os vinhos da Casa Ermelinda Freitas, ajudando assim a que a mesma chegasse onde chegou. Ao longo destes 100 anos foram conquistando várias distinções a nível nacional e internacional. De todas as conquistas, há alguma(s) que se destaque(m) ou tenha(m) um valor sentimental especial? Todos os prémios ganhos foram recebidos com emoção, mas também com grande sentimento de responsabilidade. Não posso esquecer a primeira Medalha de Ouro que ganhei com o Terras do Pó, em Bordéus ou o prémio do Melhor Vinho Tinto do Mundo, ganho no Vinalies Internationales, em Paris, em 2008, com o Syrah de 2005. Desde 1999 até 2020 já são mais de 1000 prémios a nível nacional e internacional. 42 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

Leonor e Joana Freitas

Em ano de centenário da mítica Casa Ermelinda Freitas, a Revista Business Portugal não quis deixar este marco em branco. Em entrevista, Leonor Freitas, sócia-gerente, destaca o amor à terra e ao próximo, ao longo destes 100 anos.

Nos primeiros três meses deste ano, já obtivemos um total de 28 Medalhas de Ouro e 18 Medalhas de Prata, fazendo um total de 46 medalhas. De destacar o prémio de Best Of Show Península de Setúbal, atribuído ao vinho Vinha do Torrão Reserva, no concurso Mundus Vini 2020 – Edição Primavera, bem como as 3 ProdExpo Star, atribuídas aos vinhos Vinha da Valentina Reserva Signature, Vinha do Fava Touriga Nacional 2018 e Valoroso Chardonnay 2018, na competição ProdExpo 2020. A Casa Ermelinda Freitas tem uma forte aposta na inovação e qualidade. Considera que este investimento constante é fundamental para o vosso crescimento? Se uma empresa quer estar atualizada tem de estar em permanente investimento e só assim ela pode ser competitiva nos dias de hoje. Esta é a forma de estar da Casa Ermelinda Freitas: estamos em contante investimento na procura da modernização e competitividade, respeitando a tradição. Que estratégia foi adotada para enfrentar o desafio imposto pela pandemia do novo coronavírus? Vamos continuando a laborar e vendendo, sobretudo os vinhos mais económicos. Felizmente, o vinho ainda é um produto onde existe procura e consumo. A gerência e colaboradores da Casa Ermelinda Freitas continuam unidos e mantêm o trabalho, agradecendo assim aos consumidores a ajuda que têm dado, ao adquirir os nossos vinhos. Com um sentido de responsabilidade social, sentiram a necessidade de apoiar na produção álcool gel e viseiras. Como surgiu a iniciativa? Da constatação de que havia mais procura que oferta. Nós próprios tínhamos dificuldades em adquirir o álcool gel e o que encontrávamos estava a um preço muito alto. Também senti uma grande necessidade de colaborar com as instituições mais desfa-


CASA ERMELINDA FREITAS | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

vorecidas, como lares, prisões e outras instituições carenciadas de idosos, que não tinham acesso a estes produtos. Como nós tínhamos o álcool, mas não sabíamos fazer o gel e o Instituto Politécnico de Setúbal não tinha o álcool necessário, mas sabia como o fazer, criamos uma sinergia. O IPS forneceu todo o seu conhecimento e a parte química para o processo de conceção, a Vinisol vendeu o álcool a um preço muito baixo, tendo sido assim possível criar esta conjugação de esforços, que permitiram uma grande aprendizagem em prol da nossa sociedade, podendo assim ajudar todos os que necessitam. Assim nasceu a iniciativa que juntou três entidades: Casa Ermelinda Freitas, Vinisol e IPS, cuja envolvência permitiu fazer 6.000L de álcool gel. Por outro lado, o IPS também estava a fazer viseiras e necessitava de mais alguns recursos, pelo que a Casa Ermelinda Freitas contribuiu com um donativo para ajudar a aumentar a produção, existindo também mais empresas na região a contribuir para esta causa. Não há dúvida que juntando vontades, saberes e colaboradores podemos ser solidários e, com um pequeno gesto, ser uma grande mudança e ajuda na vida das pessoas e instituições. Apesar dos contratempos causados pela pandemia, mantem uma perspetiva positiva sobre o futuro do setor e da Casa Ermelinda Freitas, em particular? Eu estou preocupada com a economia, mas muito mais preocupada com as pessoas. Quando estivermos bem, lutaremos pela economia. Agora vamos lutar pelas pessoas. A minha grande preocupação é que cada funcionário seja um elemento ativo da saúde. Se conseguirmos ultrapassar os problemas da saúde, penso que os problemas económicos também serão ultrapassados, tendo a colaboração de todos - equipa e consumidores - e conseguiremos continuar a oferecer novos produtos, sempre com a melhor relação qualidade-preço. Esta tem sido sempre a preocupação da Casa Ermelinda Freitas, mais o será numa época tão difícil como a que estamos neste momento a atravessar. REVISTA BUSINESS PORTUGAL // 43


LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | MERCADONA

“PARTILHAR COM A SOCIEDADE PARTE DO QUE DELA RECEBEMOS” A Mercadona está a poucos dias de celebrar um ano desde a abertura da primeira loja em Portugal, assinalando um arranque notável. Em entrevista à Revista Business Portugal, Elena Aldana, Diretora-Geral Internacional de Relações Externas, fala-nos dos projetos de expansão e dos desafios e ações desenvolvidas em tempos de pandemia.

M Como foi a adaptação da Mercadona ao mercado nacional? Faz parte da vossa estratégia, mesmo com a pandemia, continuar a expandir? A adaptação tem sido muito positiva e um processo constante de aprendizagem. Trata-se do primeiro projeto de internacionalização da Mercadona, por isso já partíamos da premissa inicial de que este seria um projeto de aprendizagem sobre a adaptação a um novo país, uma nova realidade. Efetivamente, este novo cenário de pandemia fez-nos mudar o foco momentaneamente e concentrar todos os nossos esforços na implementação de medidas para garantir a segurança e saúde dos nossos colaboradores e clientes, assim como o abastecimento das nossas lojas junto dos nossos fornecedores durante todo o período, mas não obstante disso, mantivemos o nosso projeto de expansão e prevemos abrir dez novas lojas em 2020, nos distritos de Aveiro, Porto e, pela primeira vez, Viana do Castelo. A primeira deste ano foi na Cidade de Aveiro, na Av. Europa, no dia 16 de junho, e depois seguir-se-á o supermercado de Santo Tirso, que abrirá no dia 25 de junho.

De que forma reagiram e se adaptaram a esta pandemia? A adaptação e a capacidade de reação foram incríveis, pois, desde o primeiro dia, tivemos de reagir e alterar os nossos processos no mesmo minuto em que era publicada uma comunicação do Governo ou da DGS. Havia muita incerteza, mas sempre tivemos em mente que tínhamos de garantir a 100 por cento a segurança e saúde dos nossos colaboradores e clientes. Para tal, foram aplicadas medidas para os colaboradores, tais como o uso de máscaras, luvas, gel desinfetante e óculos de proteção (disponibilizadas pela empresa), assim como proteções de acrílico nas caixas de pagamento; os nossos clientes também tinham e têm à sua disposição gel desinfetante e luvas na entrada da loja e papel para desinfetar o manípulo do carrinho; e nas próprias lojas foram aplicadas medidas extra de desinfeção, limpeza e a garantia de distâncias de segurança e entrada dos clientes. Com o Covid-19 têm-se afirmado ainda mais como uma empresa com uma forte responsabilidade social. É este compromisso solidário que pretendem manter? Temos como objetivo “partilhar com a sociedade parte do que dela recebemos”. Na Mercadona movemo-nos por este 44 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

Elena Aldana, Diretora-Geral

Internacional de Relações Externas

espírito de partilha com a sociedade onde estamos inseridos, motivo pelo qual reforçámos o nosso plano de responsabilidade social durante esta situação, que começou como uma crise de saúde e que já se tornou um problema económico e social. Neste aspeto, avançámos com a criação de uma linha de liquidez, junto dos bancos, para os nossos fornecedores no valor de 2.100 milhões de euros e continuamos com o nosso compromisso de ajudar a sociedade, através das doações de bens essenciais. Neste sentido, temos mantido contacto regular com as entidades que beneficiam destas doações, com o objetivo de conhecer, em primeira mão, as suas necessidades e acompanhar a situação de perto, doando bens essenciais. Entre janeiro e maio deste ano, foram doados mais de 270.000 quilos de bens essenciais a diversas instituições sociais em Portugal. Com que instituições têm colaborado e que campanhas têm promovido? Desde o início que nos unimos à campanha de comunicação da Secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade sobre a violência doméstica, comunicando nas nossas lojas os números de telefone para pedir ajuda, tendo em conta que as vítimas, nesta situação, estavam fechadas nas suas casas com os seus agressores. Em paralelo, colaborámos com várias instituições sociais aderentes deste programa com doações de alimentos. Temos colaborado com os Bancos Alimentares Contra a Fome de Porto, Braga e Aveiro, distritos nos quais temos presença, a Cruz Vermelha Portuguesa ou a Cáritas Portuguesa. Na semana da Páscoa, com o objetivo de proporcionar um momento doce, doamos a estas entidades 20.000 quilos de chocolates e, também, aos profissionais de saúde do Hospital de São João e Hospital das Forças Armadas, que estão na linha da frente no combate desta pandemia.


MERCADONA | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

Elena Aldana nasceu em Madrid, há 39 anos, economista de formação, viu nas relações internacionais a sua paixão. Viveu em cinco países diferentes: Espanha, França, Polónia, Brasil e agora Portugal, o que permitiu desenvolver uma capacidade de adaptação e integração a diferentes meios e culturas. No mês de abril, associamo-nos aos seis Centros de Acolhimento Temporário do Norte do país, que acolhem utentes das Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas e dos Lares Residenciais infetados com Covid-19. Numa primeira doação foram contabilizados mais de 11.500 quilos de bens de primeira necessidade a estes seis centros, mas continuaremos a realizar doações durante todo o período de implementação dos Centro de Acolhimento. Mais recentemente, a Mercadona ofereceu 600 unidades de cremes hidratantes aos profissionais de saúde do Hospital das forças Armadas, polo do

Porto. Estes cremes ajudaram a mitigar as marcas e a dor depois das horas de duro trabalho com os equipamentos de proteção. Também doámos 500 quilos de alimentos frescos à Associação Novo Futuro, em Vila Nova de Gaia, que ajuda e acolhe crianças em risco. Além destas doações, colaboramos diretamente a partir das nossas dez lojas com dez Cantinas Sociais de proximidade. Uma colaboração diária, de segunda a sexta-feira, todas as semanas, que consiste na entrega de bens essenciais, alimentares e não alimentares.

Integrou a Mercadona em 2013, onde tem desempenhado diversos cargos e, em 2016, mudou-se para Portugal para dar início ao primeiro projeto de internacionalização da Mercadona. É voz ativa em diversas instituições, nacionais e europeias, em prol de um setor da distribuição mais coeso, que acrescente valor a todos os intervenientes da cadeia: do produtor ao cliente.

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LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | MERCADONA

Concorda que a aposta e apoio de empresas com a magnitude da Mercadona são fundamentais para os produtores nacionais, especialmente em alturas frágeis? Totalmente de acordo. Na Mercadona temos uma política de apoio ao setor primário muito forte e, atualmente, trabalhamos com mais de 300 fornecedores portugueses, aos quais, em 2019, já comprámos mais de 126 milhões de euros. A Mercadona sempre teve presente a preocupação de comprar e gerar riqueza no país onde está presente. Desde sempre que procuramos conhecer o setor primário em Portugal e os diversos produtores que existem de norte a sul do país, incluindo as ilhas. Já em 2016, estivemos a visitar e a percorrer toda a geografia nacional, para saber mais e conhecer a situação e os problemas que muitos destes setores apresentavam. Os nossos departamentos de compras fazem um trabalho espetacular, pois estão em permanente contacto com fornecedores portugueses, a trabalhar de forma conjunta, “mão com mão”. É a nossa política de colaboração de longo prazo e a transparência no nosso relacionamento que nos distinguem como empresa do setor. A Elena Aldana veio para Portugal para dar início ao primeiro projeto de internacionalização da empresa. Enquanto mulher, que mais-valias transporta para a visão da Mercadona? Na minha opinião, e a partir da minha própria experiência de vida, considero que as mulheres têm uma força e coragem difíceis de igualar. Como regra geral e infelizmente, tivemos que lutar ao longo das nossas vidas para demonstrar que valemos pelo menos tanto quanto um homem. Já nos disseram tantas vezes que não conseguimos alcançar algo que acabamos por aceitar esta frase como um desafio, que nos faz crescer e lutar para demonstrar, com isso, que podemos alcançar tudo o que propomos. Quando cheguei a Portugal, o projeto era uma folha em branco onde tinha que começar a elaborar um plano inteiro, uma estratégia para os próximos anos. Faltavam-me dedos nas mãos para contar o número de vezes que me disseram 46 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

que o que estava a propor não era viável; isso só me motivou ainda mais para alcançar os meus objetivos e, uma vez alcançados, analisar qual era o próximo desafio. Ser mulher e enfrentar tantos "não" ao longo da minha vida, serviu-me para que hoje um "não" se torne mais numa motivação do que numa deceção. Eu digo sempre à minha equipa que, todos pensamos que os nossos limites estão a uma certa distância, mas que, quando chegamos lá e começamos a empurrá-los, custa e até dói, mas é uma grande satisfação ver que é possível levar os nossos limites mais além e que, muitas vezes, depende dos nossos próprios “travões” mentais e de assumir, de forma errada, que os nossos limites são fixos. Ficaríamos surpresos se soubéssemos tudo o que podemos alcançar. Que características considera imprescindíveis para se ser um bom líder? Para ser um bom líder, na minha opinião, é preciso ser persistente, lutador e resiliente. Assim, temos de ser um exemplo para as nossas equipas: não serve dizer se não fazes. Tens de aconselhar com o exemplo: se pedes que se esforcem, tu tens de ser o primeiro a fazê-lo. Motivam-me muito os líderes que te fazem crescer, os que são grandes profissionais e se esforçam para que tu também o sejas. Eu, pessoalmente, quero a melhor equipa junto a mim e, para isso, necessito que estejam motivados, para que queiram chegar a ser os melhores. Só sendo assim, uma grande equipa coesa, a trabalhar como uma cadeia de montagem cujas peças estão engrenadas e encaixam na perfeição, sendo capazes também de propor melhoras inovadoras; só assim conseguimos que o efeito seja multiplicador. Se todos remamos com força na mesma direção, somos mais rápidos e chegamos mais longe do que remando eu sozinha.


AEG ELETROLUX | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

A SUA ESCOLHA A AEG recebeu o galardão ‘Escolha do Consumidor 2020’, na categoria ‘Fornos’, afirmando-se como empresa na vanguarda da inovação. Em entrevista à Revista Business Portugal, Ângela Pereira, responsável de marketing, explica como é que a marca eleva a experiência culinária dos portugueses. O vosso mote passa por aliar essa inovação à qualidade? Tal como dizia Peter Behrens, arquiteto e consultor artístico da AEG, o design “consiste em criar formas de acordo com os atributos do objeto e que isso revele as vantagens das novas tecnologias.” Seguindo esta filosofia, o mote da AEG tem vindo a ser lançar produtos inovadores e esteticamente interessantes, sem nunca descurar a sua funcionalidade.

Foi pela quinta vez consecutiva que os fornos AEG foram escolhidos pelos consumidores. O que significa esta distinção? Ser a Escolha do Consumidor pelo quinto ano consecutivo é para nós um orgulho e sinónimo de reconhecimento, o que nos motiva a continuar a desenvolver produtos inovadores com base nas necessidades dos consumidores.

O que leva os consumidores a preferirem a AEG? Sendo uma marca pioneira na inovação, é também uma referência para um consumidor cada vez mais exigente. Na categoria de fornos apresentamos uma gama repleta de inovações tecnológicas, que contribuem para o reconhecimento e preferência do consumidor. Vamos continuar a investir no desenvolvimento de inovações, que poderão passar por uma maior interação com os produtos. No entanto, acreditamos que o que fará a diferença será a capacidade de integrar estas novas funcionalidades ao serviço de uma cada vez melhor experiência. www.aeg.com.pt

Com um grau de satisfação de utilização de 83,14 por cento, de que forma é que os vossos fornos se diferenciam? Os fornos AEG, para além de terem recebido mais indicações de recomendação e intenção de compra, com 8,62 pontos num total de 10 possíveis, lideram também na facilidade de limpeza (8,59), segurança na utilização (8,56) e assistência após-venda (8,26). A AEG é reconhecida no mercado por lançar inovações. Na categoria de fornos, a marca tem vindo a revolucionar através do lançamento de produtos tecnologicamente avançados. Acreditamos que é esta procura constante de inovar, que contribui para o reconhecimento que a marca tem alcançado e que a distingue. Estando na linha da frente da inovação, quais são os principais desafios para inovar? O desafio diário passa por oferecer produtos que correspondam às expectativas do consumidor atual, para isso, ouvimo-lo sempre antes de lançar novos produtos. Assim, podemos identificar as suas reais necessidades e oferecer produtos com um funcionamento que vá de encontro do que precisam. A Mastery Range é um exemplo disso mesmo. Cada produto apresenta características que permitem uma experiência verdadeiramente responsiva. Dispomos ainda outras ferramentas, como a aplicação My AEG Taste, que oferece dicas úteis para tirar o máximo partido do seu eletrodoméstico. Aqui o consumidor encontra receitas para maximizar a utilização do seu forno a vapor. Adicionalmente, permite registar produtos, ter acesso a informação personalizada e ainda descarregar manuais. REVISTA BUSINESS PORTUGAL // 47


LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | MENTANALYSIS

MENTANALYSIS PARA TODOS A Revista Business Portugal entrevistou Sónia Soares Coelho, diretora clínica da Mentanalysis, clínica que se apresenta no mercado como sendo exigente e rigorosa, que prima por promover um tratamento personalizado.

Sónia Soares Coelho, diretora clínica

Como define o conceito e os objetivos da Mentanalysis? A Mentanalysis surgiu perante a carência existente de serviços de saúde mental privados de qualidade, multidisciplinares e acessíveis a toda a população. Temos como referência teórico-prática a abordagem psicanalítica/psicodinâmica, embora também ofereçamos serviços em outras sub-áreas da saúde mental, uma necessidade que se revelou imperativa e para a qual contribui uma sólida e diversificada equipa de trabalho que integra, neste momento, 18 profissionais de saúde mental. A equipa clínica da Mentanalysis partilha uma postura profissional de competência, exigência e rigor, promovendo um tratamento personalizado, “à medida de cada paciente”, orientado e eficaz. Prestamos cuidados de saúde de elevada qualidade aos problemas de foro psíquico das diferentes faixas etárias, sendo especialistas em: Psicanálise; Psicoterapia Individual; Psicologia Clínica; Psicologia Forense; Terapia Familiar e de Casal; Neuropsicologia; Sexologia; Avaliação Psicológica; Orientação Escolar e Profissional; Psicodrama e Grupos terapêuticos; Pedopsiquiatria; Pediatria; Psiquiatria; Terapia da Fala; Desenvolvimento Infantil; Dificuldades de Aprendizagem; Psicomotricidade e Supervisão Clínica. A Mentanalysis tem como foco cada paciente, estando consciente das diferentes realidades sociais, nomeadamente, na situação atual que vivemos com a pandemia da Covid-19. Desta forma e de modo a que todos possam ter acesso aos nossos cuidados de saúde, as clínicas possuem inúmeros protocolos e parcerias, 48 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

bem como um programa que apelidámos de Através do recurso a estes novos métodos “Mentanalysis para Todos”, que fornece ajuda esperamos, também, alcançar um leque mais psicoterapêutica, a muito baixo custo, aos mais vasto de pacientes, uma vez que a distância necessitados. deixa de ser um obstáculo. Por outro lado, a Mentanalysis criou uma Qual o impacto da pandemia na saúde linha de atendimento on-line gratuito para os mental das pessoas? profissionais de saúde que trabalham com a As doenças mentais parecem surgir como doença. uma consequência indireta do novo coronavírus, atingindo uma população bem mais vasQue características considera necessárias ta e heterogénea do que a própria covid-19. que as mulheres imprimam nos cargos de Estudos apontam também para um aumento direção que ocupam? acentuado de consumo de psicofármacos nos Uma das características mais importantes últimos três meses, sendo Portugal o quinto de liderança, no contexto atual, parece ser a país da OCDE (Organização para a Coope- capacidade de ter em conta o lado “humano” ração e Desenvolvimento Económico) que das pessoas e das equipas com quem se trabamais consome ansiolíticos e antidepressivos. lha, gerando altos níveis de empatia. Por outro Assim, é por demais evidente que a pandemia lado, a capacidade de fazer crescer a equipa de parece ter tido algumas repercussões na saúde trabalho de forma individual, ou como grupo mental. Porém, é ainda extemporâneo perceber também parece ser um fator crucial. A capaciexatamente como e de que forma, ou em que dade para lidar com processos de mudança e medida, esta pandemia afetou a saúde mental tolerar incertezas e ambiguidades é fundamental dos portugueses. para o sucesso de qualquer equipa de trabalho De qualquer modo, a pandemia exigiu um e, consequentemente, de qualquer empresa. esforço muito grande de adaptação a uma nova Conseguir construir uma equipa de trabalho realidade que tem implicações psíquicas severas, que se mantém motivada e capaz de cumprir os graças às particularidades que o seu evitamento seus objetivos de forma individual, ou enquanto define. grupo, também me parece uma boa aposta. Num país onde já existia um número elevado de situações de saúde mental e de vulQuais sãos os desafios que espera para nerabilidade psíquica, a mesma veio agudizar o futuro? estas situações e criar uma maior fragilidade A Mentanalysis pretende consolidar o trainterna. Considerando ainda que uma grande balho já feito, bem como continuar a primar parte das famílias portuguesas se veem, neste pela qualidade e pela humanidade do serviço momento, a par com graves dificuldades eco- prestado, tendo como foco as necessidades innómicas, prevê-se que a situação ao nível da dividuais de cada paciente e apostando nos vasua saúde mental venha a agravar-se, tornan- lores que estão na base do seu trabalho: respeito do-se ainda mais preocupante. A resposta para pela individualidade, transparência, lealdade e a saúde mental terá, efetivamente, que passar confidencialidade; respeito pela ética e deonpelo investimento neste domínio, criando uma tologia profissional; rigor intelectual e espírito maior oferta de cuidados de saúde nesta ver- de equipa. É nosso objetivo, ainda, assumir um tente, mas também em políticas mais fortes a lugar singular nos cuidados de saúde mental nível económico e social. privada, privilegiando uma intervenção integrada e, altamente, especializada. Como enfrentaram este desafio? A Mentanalysis optou pela realização de consultas on-line, através de plataformas seguras. Neste momento e apesar de já termos retomado algumas consultas presenciais, a teleconsulta ainda é uma possibilidade para quem não tiver possibilidade de se deslocar até uma das nossas clínicas, ou para quem constitui população de risco.


INÊS CARVALHO | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

DESPERTAR CONSCIÊNCIAS Inês Carvalho deu os primeiros passos no mundo da Psicologia quando, em 2007, tomou a decisão de se tornar Psicóloga Clínica. Em plena pandemia, arriscou e avançou com um novo projeto, que dá a conhecer em entrevista à Revista Business Portugal: MIND.ABLE. enquanto pessoas, são postos em causa. As rotinas são alteradas, o que antes era um dado adquirido deixou de o ser e precisamos de nos adaptar. E estas alterações tiveram impacto. Já vai havendo uma maior consciência sobre a importância de cuidarmos do nosso cérebro e das nossas emoções. Talvez falte ainda passarmos a investir nisso. Fazer disso uma prioridade tão válida como a de nos alimentarmos bem ou fazermos exercício físico: alimentar e exercitar a mente. É um caminho que tem que ser percorrido. E, como todos os caminhos, precisa de ser alavancado. A Ordem dos Psicólogos Portugueses tem feito um trabalho incrível neste sentido. Caberá a cada profissional dar continuidade a este processo de consciencialização. Em plena pandemia, criou a MIND.ABLE. O que a moveu e em que consiste o projeto? Falávamos de que as situações de crise podem ser ótimas para “despertadores de consciência”. Também aconteceu comigo. Todo o trabalho passou a ter que ser feito através de vídeo-consultas, as famílias que acompanhava estavam mais instáveis e percebi que, para que o processo fosse efetivo, seria preciso mais. É aqui que surge a MIND.ABLE. Como extensão do trabalho clínico que faço e como meio de consciencialização de que a saúde mental importa e tem, verdadeiramente, impacto no nosso bem-estar global. É uma plataforma digital de otimização e proInês Carvalho, moção de comportamentos e rotinas saudáveis do ponto de vista da saúde mental. psicóloga clínica Fala-se criteriosamente sobre ciência e propõem-se desafios práticos que façam do autocuidado um tema com espaço assíduo na nossa agenda. Agora, MIND. Como surge a sua ligação ao mundo da Psi- ABLE é consciencialização. No futuro, havemos de evoluir para outros produtos. cologia? Se tivesse que procurar uma data para definir o Quais foram os maiores desafios que enfrentou? início deste percurso, não sei se a encontraria. LemEmpreender não é tarefa fácil. Implica risco, esforço. Implica ainda mais numa bro-me de, desde muito cedo, querer saber mais so- altura de grande incerteza, como a que vivemos. Implica sairmos da nossa zona bre o corpo humano, a mente e a ligação entre tudo de conforto e a presença digital não é (era), de todo, o meu lugar seguro. Investi o que somos. Mas, sobretudo, de ter uma vontade tempo e imprimi esforço nisso. Acredito que podemos transformar os desafios enorme de aproveitar o que a vida me foi dando, de em oportunidades. forma ativa e consciente. Escolher de forma consciente. Talvez possa dizer que a paixão pelo mundo As consultas de Psicologia podem melhorar a vida das pessoas. Como se da Psicologia vem muito associada a esta vontade de propõe a ajudar quem a procura? compreender e ajudar a compreender. Tudo isto se Sem dúvida. O impacto que um melhor conhecimento de nós próprios tem veio a materializar em 2007, com a decisão de me nas diversas áreas da nossa vida é impressionante. E a proposta é clara: aprender a tornar Psicóloga Clínica e daí decorre todo o percurso conversar connosco próprios. Perceber em rigor o que se passa cá dentro e trabalhar que tenho vindo a fazer. a partir daí. Perceber o que nos deixa ansiosos, do que temos medo, o que não nos deixa dormir, o que nos preocupa, o que mais valorizamos, o que nos impede de Considera que a pandemia veio despertar a cons- sermos criativos, produtivos, compreensivos e trabalhar a partir daí. Encontrar ciência da importância da saúde mental? estratégias e desenhar um caminho. No fundo, desenhar o mapa interno que nos As situações de crise e catástrofe costumam desper- dá as coordenadas para que nos sintamos confortáveis e capazes de escolher. Para tar consciências, sim. A realidade altera-se sem aviso isto, é preciso ajuda de um profissional especializado. E é nisto que posso ajudar. prévio e muitos dos pilares-base da nossa construção,

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LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | SHIP4YOU

VENDA À DISTÂNCIA, PRÓXIMA DE SI A Ship4you é uma empresa 100 por cento portuguesa de multisserviços, multilingue, omnicanal, particularmente vocacionada para todas as vertentes da venda à distância e do marketing de hoje, que iniciou o seu percurso em 2012. Em entrevista à Revista Business Portugal, Cristina Coelho, CEO, conta-nos que o percurso foi marcado pelo constante crescimento e aprendizagem, tendo-se contornado sempre os desafios mais impossíveis. A Ship4you, como empresa multidisplinar, oferece um verdadeiro pacote de serviços de A a Z no marketing direto e no e-commerce. Quais os principais serviços disponibilizados? Digamos que podemos dividir o todo dos nossos serviços em quatro áreas distintas, mas que, como é obvio, se integram e, apesar de poderem funcionar por si só, se complementam no fluxo de todos os serviços de venda à distância. Antes de mais, temos o nosso próprio sistema informático ERP/ CRM, que está sempre em constante desenvolvimento e que nos permite gerir as diferentes bases de dados, os stocks, as diversas campanhas de marketing, os vários tipos de pagamentos e os diversos tipos de expedição, tendo em conta as diferentes características, língua, moeda e fiscalidade do país de destino. O facto de poder ser utilizado à distância, permite ser utilizado por si só e reunir num sistema único toda a informação referente a vários mercados e fornecer todas as estatísticas necessárias aos nossos clientes. Temos um departamento que se ocupa só do tratamento de dados, ou seja, da recolha, registo, digitalização, ou qualquer outro tratamento necessário ao seguimento da informação que nos chega das mais diversas formas. Aqui, incluímos o registo de encomendas por correspondência e o controlo de encomendas com origem no e-commerce. Como tratamos encomendas, temos o nosso departamento de expedição e armazenagem que se ocupa ou de dar seguimento ao tratamento de encomendas feito por nós, ou oriundas de outros sistemas, como no caso de sites de e-commerce, ou clientes que têm sistemas próprios. O nosso armazém guarda o stock físico dos nossos clientes e processa e envia a mercadoria, de acordo com as instruções de cada cliente para o respetivo país de destino e com o transportador mais adequado. Para complementar estes serviços, temos um departamento de serviço ao cliente que acompanha todos os processos pós-venda, através de vários canais, consoante os vários tipos de vendas.

No âmbito específico do e-commerce, para além da componente de expedição, armazenagem e serviço a clientes, apoiamos na criação de lojas on-line, interligadas ou não com o nosso sistema, quer no desenvolvimento da plataforma de venda, como no marketing digital.

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“Queremos fazer a diferença nos resultados da sua empresa. É por isso que somos diferentes.” É desta forma que a Ship4you se apresenta. Para além do serviço integrado, como é que a empresa marca a diferença num mercado global e competitivo? O facto de sermos uma equipa com mais de 20 de anos de experiência e um vasto conhecimento sobre a venda à distância, permite-nos apoiar os nossos clientes em várias vertentes e para vários países. Marcamos a diferença pela qualidade dos nossos serviços, a proximidade com o cliente e, sobretudo, a flexibilidade que temos em nos adaptarmos a cada cliente, em vez de obrigarmos cada cliente a adaptar-se a nós. Como exemplo, temos um cliente que diz gostar muito de trabalhar connosco, porque quando nos pede algum tipo de serviço extra nunca dizemos que é impossível e procuramos sempre a solução mais adequada, por muito difícil que seja.

Desde o início da década, muito se tem falado sobre e-commerce em Portugal, fruto da criação de novos players no setor e, sobretudo, devido ao hábito de fazer compras on-line, que cresceu significativamente. Contudo, Portugal a nível europeu, é um dos mercados com menor volume de compras on-line. Qual a sua perspetiva sobre esta questão e como poderá evoluir o e-commerce em Portugal? Pensamos que a evolução em Portugal, vai continuar a ser exponencial, mas é necessário que as empresas de venda on-line portuguesas invistam mais em marketing e na logística integrada. Os prazos de entrega são importantes e não dependem só dos


SHIP4YOU | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

transportadores, dependem essencialmente da forma como as encomendas são tratadas. Se quando compramos on-line em mercados terceiros não nos preocupamos muito com a data em que vamos receber a nossa encomenda, quando compramos em Portugal queremos receber já. Equipa

O novo coronavírus trouxe consigo um novo paradigma e obrigou as empresas a uma reorganização e reivenção. Qual foi a estratégia adotada pela empresa face à pandemia? Estivemos sempre atentos às indicações da DGS e tentámos seguir à risca todas as normas que iam sendo impostas. Desde o início que dividimos a equipa em turnos e quem tinha oportunidade para ficar em teletrabalho assim o fez, de forma a diminuir ao máximo o número de pessoas nas nossas instalações. Adotámos medidas de limpeza e desinfeção mais rígidas e todos os contactos físicos com o exterior foram feitos com o uso de máscara e luvas, de forma a manter a segurança de todos. A pandemia levou ao encerramento de muitas empresas, para conter a propagação da infeção, deixando o on-line como o canal livre para o escoamento de produtos, com entregas ao domicílio. Considera que haverá um antes e um depois da pandemia para a área dos serviços de e-commerce e logística? Sim, sem dúvida. Muitos negócios, como forma de combater as portas fechadas, sentiram uma enorme necessidade de se reinventar e apostar no on-line. Aquela que antes era uma opção para mais tarde investir, tornou-se na única forma viável de manter os negócios à tona durante estes últimos meses. Nós próprios começámos a sentir uma maior procura dos nossos serviços por parte de empresas portuguesas, quando até à data a grande maioria dos nossos clientes eram e são estrangeiros. Quais são os projetos e objetivos traçados pela Ship4you em termos de futuro? O principal para nós, a curto prazo, é sempre manter os nossos clientes satisfeitos e apoiá-los em tudo o que necessitam, mas, como é óbvio, a procura de novos desafios é para nós uma constante. O nosso maior desafio para os próximos anos é a entrada e consolidação da Ship4you no mercado português. Queremos ter como clientes mais empresas portuguesas que trabalhem não só o mercado nacional, como também queiram trabalhar o mercado externo onde podemos, sem dúvida, ajudar.

ERP/CRM Software I Marketing directo 360º I E-commerce e Serviços DM I Gestão e manutenção de bases de dados

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LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | DELL TECHNOLOGIES PORTUGAL

A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL É AGORA

Isabel Reis,

Mais do que nunca, tornou-se evidente que a transformação digital é o caminho. Sendo a Dell Technologies Portugal uma empresa líder do setor, capaz de ajudar e preparar as organizações da melhor forma para o futuro, estivemos à conversa com a sua diretora-geral, Isabel Reis.

diretora-geral

Foi em fevereiro que assumiu o cargo de diretora-geral da Dell Technologies Portugal. Como encarou este desafio? Antes de ter esta oportunidade, pertenci à EMC Portugal, onde também desempenhei as funções de diretora-geral. Posteriormente, dá-se a fusão entre a Dell e a EMC, dividindo a empresa em duas unidades de negócio (enterprise e commercial), tendo eu ficado como diretora-geral de Enterprise – Portugal e Espanha. Com a unificação da organização, passei a dirigir a empresa em Portugal. O facto de me poder dedicar exclusivamente ao meu país, de poder trabalhar de maneira a unificar a equipa e simplificar a mensagem ao mercado deixou-me bastante feliz e entusiasmada. Até que em março se declara o estado de emergência e tivemos de nos adaptar, de forma a continuar a apoiar os nossos clientes, que mantiveram o seu negócio a funcionar e, ao mesmo tempo, que mandavam os seus colaboradores para casa. No caso da Dell, já tínhamos várias pessoas a trabalhar a partir de casa e praticamente todos os mecanismos garantidos para que esta situação fosse de fácil gestão. Sendo a Dell uma empresa líder em transformação digital, conseguiu amenizar o impacto sentido pela pandemia? É uma pergunta interessante, porque tem duas respostas. Esta é uma crise da economia real a nível mundial, que coloca problemas de liquidez às empresas. Há empresas ligadas a setores de mercado muito afetados pela pandemia e, consequentemente, vão sentir grandes dificuldades a nível económico e outras (na verdade praticamente todas), que vão ter ainda mais constrangimentos a nível de budget e revêm os seus investimentos e definem novas prioridades, o que vai influenciar os resultados. Mas, por outro lado, esta situação também origina que muitas empresas se vejam “obrigadas” a avançar de imediato para uma verdadeira revolução digital nas suas empresas, por uma questão de sobrevivência num mundo cada vez mais digital.

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O que faz de vocês o parceiro ideal para as empresas transformarem o seu negócio? A visão e a estratégia da Dell passam por fornecer e implementar soluções multicloud, cyber security, hiperconvergência, armazenamento e proteção de dados e backup na cloud e, para isso, desenvolveu e adquiriu empresas com produtos de software e hardware, que fornece com serviços profissionais, em conjunto com os seus parceiros de valor acrescentado, de modo a apoiar os clientes na sua jornada de transformação digital. Através dos nossos serviços de consultoria, elaboramos assessment’s nos nossos clientes, para os ajudar a construir o caminho da transformação digital, em função de onde estão e onde querem estar num futuro próximo. Transformar um negócio a digital não é só alterar recursos de hardware ou software, é preciso renovar processos, a forma de trabalhar e o modo de pensar.

Quais são os maiores desafios que uma mulher enfrenta no mundo empresarial? Essa é uma pergunta que me fazem com frequência. Quando comecei, havia muito poucas mulheres com cargos de diretora-geral, hoje, estando longe da perfeição, é uma realidade bastante diferente, e felizmente, há muito mais equilíbrio nessa área. Nunca senti nenhum tipo de descriminação, mas também é verdade que tive sorte com as chefias que tive, que souberam reconhecer e promover-me a mim e a outras pessoas, como eu, na companhia. Eu diria que um dos grandes desafios das mulheres e que faz com que às vezes recuem nas suas ambições, é a conciliação da vida pessoal com a vida profissional. No caso da Dell, temos como objetivo ter, até 2030, 50 por cento da força de trabalho feminina e 40 por centro da liderança no feminino. Tem-se tornado mais claro que o equilíbrio de haver executivos de homens e mulheres contribuem muito positivamente para a gestão de uma companhia.


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FINANGESTE | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

NA VANGUARDA DO URBANISMO

Depois de investir em várias zonas do país, a Finangeste apresenta um projeto polivalente e de olhos postos no futuro. Faro, a “porta de entrada” do Algarve, foi a cidade escolhida para um empreendimento que promete servir as várias gerações. Em entrevista à Revista Business Portugal, Paul Henri Shelfhout, Presidente do Conselho de Administração, desvendou os objetivos deste empreendimento e de como contribui para a distinção da Finangeste no mercado. Naturalidade algarvia Paul Henri Schelfhout, que conta já com mais de 25 anos de experiência no setor imobiliário nacional e internacional, é algarvio, natural da vila de Porches. “O meu pai foi fundador da Escola Internacional do Algarve [atualmente Nobel International School Algarve], e sempre olhei para o Algarve com especial atenção”, começa por contar. Portanto, desde cedo que a região mais a sul do país tem uma grande importância para o Presidente do Conselho de Administração da Finangeste. Faro, melhor cidade para viver e investir Em 2017, de acordo com o Portugal City Brand Ranking, Faro foi considerada a “melhor cidade para viver e investir". Uma distinção que atualmente continua vincada e que destaca áreas como os negócios, o turismo e a qualidade de vida. No entanto, para o entrevistado, a capital algarvia não tem tido o devido reconhecimento. “Faro tem sido a capital mais abandonada de Portugal durante os últimos 30 ou 40 anos, em que cidades como Loulé, Portimão, Lagos ou Albufeira ganharam destaque. Faro tem sido a capital dos serviços públicos, como o hospital, o centro comercial ou o aeroporto”, refere. “Mas Faro tem-se tornado numa cidade que, de facto, para quem trabalha e reside, continua a ter preços relativamente acessíveis, para além de ter as praias, o que proporciona uma qualidade de vida excecional”, explana. “A Finangeste tem apostado muito nas segundas cidades. Temos empreendimentos, por exemplo, nas Caldas da Rainha, um grande investimento que realmente transformou a cidade e, à volta, já está a nascer uma unidade de saúde, um hotel, duas creches e dois

Paul Henri Shelfhout, Presidente

supermercados. É incrível como um investimento estratégico pode ter tanta influência”, refere Paul Henri Schelfhout. E é nesta linha que Faro continua a pontuar, sendo agora palco de um investimento significativo. “O nosso modelo de investimento passa por provar que se pode investir e trazer evolução às cidades, não somos a figura do interessado”, esclarece. Um projeto polivalente que, para atingir os objetivos conta com vários apoios e colaborações: “quero realçar a equipa que trabalha na Câmara Municipal de Faro, o diretor do urbanismo, os vereadores, são pessoas fantásticas, do melhor que temos em Portugal. Estamos a ter, obviamente, o apoio político, mas o que eu quero realçar é a equipa técnica, porque trabalhamos todos com a mesma visão e é muito proveitoso quando o poder político e a iniciativa privada se unem. Em Faro fomos recebidos de braços abertos”, conclui. Um empreendimento polivalente PUVA – Plano de Urbanização do Vale da Amoreira é o nome do empreendimento, que ocupará uma área com cerca de 21 hectares e cujo investimento ronda os 350 milhões de euros. “Este projeto representa a expansão de Faro e uma grande responsabilidade recai sobre nós. O nosso capital quer um retorno específico e os nossos modelos de negócio estão muito adaptados. Tem de haver equilíbrio e é também por esse motivo que as câmaras municipais nos abrem portas, porque não somos a figura do interessado”, esclarece. Quanto às vertentes do projeto, a Finangeste está a trabalhar com arquitetos paisagistas que têm como premissa a reintegração da fauna algarvia para os parques. “Vai ficar um parque da cidade para as próximas cinco a dez gerações - e isto até me dá arrepios -, nós REVISTA BUSINESS PORTUGAL // 53


LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | FINANGESTE

Fotografia - Pedro Pereira

temos a oportunidade de criar um impacto duradouro nas famílias residentes, na população jovem e nas muitas crianças que irão nascer. Precisamos de um parque mediterrânico com a fauna da nossa zona e não precisamos de importar porque temos as melhores coisas do mundo em Portugal”, refere o Presidente do C. A. da Finangeste. O empreendimento contará com uma zona habitacional, zonas para fins comerciais, auditórios e grandes espaços exteriores. “É um empreendimento polivalente”, descreve. Filosofia verde A preocupação com o ambiente é um dos valores de destaque no método de trabalho da Finangeste. Soluções ecológicas, sustentáveis e amigas do ambiente proporcionam melhores condições quer no presente, como no futuro. “Podemos fazer um parque da cidade que não necessita de água, que providencia sombra e com paisagens incríveis. No Algarve temos muitos prados, que são realmente lindos. Estes prados podem ser usados no verão para festivais, ou para eventos que a Câmara Municipal eventualmente queira fazer, porque Faro não tem um sítio onde possa colocar 50 mil pessoas. Ali vai ter, integrado com infraestruturas e muitos espaços verdes”, explica. De olhos postos no futuro Criar as infraestruturas necessárias para o desenvolvimento natural daquela zona é um dos objetivos do projeto, pensado de olhos postos no futuro: “a nossa visão, o nosso impacto, não são limitados ao tempo dos tradicionais quatro anos. Fazemos investimentos que façam sentido a médio e longo prazo. Está pensado para, pelo menos, nos próximos 15 ou 20 anos ser uma estrutura de apoio à cidade de Faro”. Uma estrutura polivalente que, para além da zona habitacional, terá mais espaços. “Quando me perguntam o porquê de precisar de um prado tão grande, a resposta é muito 54 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

Largo de S. Francisco, Faro

simples: se isto se tornar no foco de uma empresa tecnológica, contará com feiras tecnológicas e vai precisar de um espaço que possa acolher milhares de pessoas”, refere o entrevistado. De olhos postos no futuro, a pensar nas várias gerações que ali se possam instalar, quer seja para viver, trabalhar ou, simplesmente, para usufruir de um espaço agradável: “o plano para Faro é deixar um loteamento, um plano pronto que tenha todos os mecanismos de urbanismo disponíveis para que os interessados possam investir em Faro e terem todas as infraestruturas circundantes que potenciem os seus negócios. Esta é a nossa visão de futuro", conclui. A equipa Finangeste Paul Henri Schelfhout tece largos elogios às equipas com quem trabalha, reconhecendo serem os “maiores merecedores de todo este sucesso”. Mas são várias as razões para se conseguir uma equipa forte. “Eu estou cá há muitos anos e tenho tido uma sorte tremenda e o apoio de grandes profissionais. Quando os convido para algum projeto, decidem juntar-se à equipa sem hesitar. É uma questão de critério, deixar as pessoas trabalhar, acreditar nelas, deixá-las desenvolver as suas visões, os seus próprios sonhos, confiar, pagar a horas.” Pelo caminho, o nosso entrevistado encontrou profissionais que faz questão de manter: “tive muita sorte de encontrar o Miguel Gamboa num jantarzinho há quase dois anos. Um rapaz bastante tímido e nervoso na altura, mas que teve coragem de aceitar um desafio”. Para o PUVA – Plano de Urbanização do Vale da Amoreira, destaca o arquiteto Miguel Correia, que trabalhou na génese do projeto, o arquiteto Miguel Andrade, da CPU Consultores, que atualmente está a desenvolver o projeto, sendo uma “peça fundamental, com um conhecimento técnico excecional”, como refere Ricardo Antunes, da MAE, na gestão de projeto coordenando todas as especialidades, a GEG como empresa de engenharia e o arquiteto paisagista Álvaro Manso. “É uma pessoa que partilha a paixão de


preservar o bem do património português. Segue valores que passam pela preocupação com o meio ambiente, poupar água e criar ambientes saudáveis para famílias. E o arquiteto Álvaro Manso, para mim, é o líder do movimento do Jardim Mediterrânico a nível europeu”, elogia. “Eu tenho o prazer de trabalhar com uma equipa absolutamente excecional; mas o mérito não é para mim, é para os meus colegas, tenho o prazer de os representar, mas ficar com créditos deste trabalho todo seria injusto e contra tudo aquilo que eu acredito”, esclarece Paul Henri Schelfhout. O futuro do urbanismo Planear o futuro é então, o objetivo de destaque neste projeto, que prevê o desenvolvimento de todas as infraestruturas e edifícios num período médio de 10 anos. “Acho que este projeto tem as sementes necessárias para servir de exemplo para outros. Ser um exemplo a seguir, mas mais pelo projeto e pelo bem que traz do que pela empresa. Se aquele projeto servir de fator de replicação, aí posso assumir missão cumprida”. Garantir o retorno no investimento e o crescimento da cidade de Faro e, consequentemente, da região do Algarve, fazem do projeto e do modelo para o desenvolvimento do urbanismo. Segundo o nosso entrevistado, “existem fatores no projeto, que ainda não podem ser divulgados, que podem tornar Faro numa cidade europeia de referência", o que permite um crescimento que poderá ser equiparado às grandes cidades como Porto ou Lisboa. Por fim, Paul Henri Schelfhout tem as melhores expetativas quanto a esta iniciativa e reconhece que será, um dia mais tarde, motivo de grande orgulho: “Quando passo na Estrada Nacional 125 digo à minha filha: o avô fez aquilo [Escola Internacional do Algarve]. Eu gostaria muito que os meus filhos um dia passassem no Parque da Cidade e dissessem aos meus netos: olha, o avô teve dedo nisto. E é esse o legado que quero deixar”, conclui, orgulhoso, o Presidente do C. A. da Finangeste.

Caldas Terrace

Caldas Terrace

Rua Barata Salgueiro, nº 37, 7º. Piso 1250-042 Lisboa http://www.finangeste.pt 914 000 188

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LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | COMPRAR CASA

“AQUELES QUE VÊM, SENTEM-SE EM CASA”

Luís Mário Nunes, diretor-geral

A rede ComprarCasa está presente no mercado nacional desde 2004 e, desde então, tem assumido o compromisso de servir os seus clientes, nunca descurando uma relação de proximidade. A Revista Business Portugal esteve à conversa com Luís Mário Nunes, diretor-geral da rede imobiliária que faz qualquer um sentir-se em casa. Luís Mário Nunes é um empresário com uma vasta experiência, que começou a sua atividade na banca, como gestor de conta de empresas, no Banco Fonsecas e Burnay, que hoje conhecemos como BPI, passando a subgerente da sede desse mesmo banco e, posteriormente, a gerente. Movido por desafios, embarcou num projeto pioneiro em Portugal: a UCI – União de Créditos Imobiliários, sendo, orgulhosamente, um dos seus fundadores. Deixa a banca e chega a diretor comercial da UCI Portugal que, mais tarde, desafia a APEMIP – Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal a criar um projeto com o tecido empresarial da mediação imobiliária, projeto esse que é a ComprarCasa – Rede Imobiliária da Apemip. Durante cerca de um ano, Luís foi diretor comercial da UCI e diretor geral da ComprarCasa, até que sentiu a necessidade de se dedicar única e exclusivamente a este projeto, que lidera até hoje. “Fazemos parte do mesmo grupo que a ComprarCasa Espanha, apesar de sermos duas entidades autónomas. Temos mais de 200 lojas na Península Ibérica, o que é para nós um motivo de satisfação e orgulho”, afirma. Luís Mário Nunes adquiriu uma vasta visão de mercados imobiliários, para além do nacional, o que contribui para o desenvolvimento da rede ComprarCasa. Essa visão não se deve apenas ao percurso profissional do nosso entrevistado, mas também à sua aposta em congressos, como o Realtors Conference & Expo, o maior evento do mundo de mediação imobiliária. “Neste tipo de congressos há uma grande aprendizagem, mesmo tendo em mente que nem tudo é replicável, porque as dinâmicas são diferentes. Mas quando temos a oportunidade de ouvir e conhecer outros mercados, temos a facilidade e felicidade de nos cruzarmos com bons exemplos. O que vemos e ouvimos são a prova de que é fundamental perceber o mercado em que estamos. Quanto mais fomentar a relação no bairro onde estou, mais eu percebo o que é que ele realmente necessita e valoriza”, explica. 56 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

C.C. Angra do Herísmo

C.C. Angra do Herísmo

C.C. Évora


COMPRAR CASA | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

“Mais do que transação, a relação!” Na ComprarCasa não basta haver qualidade de serviço, é preciso atingir a experiência-cliente. Defensor do trabalho em exclusivo, Luís acredita que essa estratégia é fundamental para fomentar uma relação com a pessoa. “Se realmente quiser um serviço de qualidade, aposto na relação… porque assim crio laços, conheço a pessoa e percebo o que ela valoriza verdadeiramente, para amanhã lhe deixar a cereja no topo do bolo. Ficando satisfeito, o cliente vai ser nosso embaixador.” Segundo Luís, a ComprarCasa não é melhor nem pior que ninguém, simplesmente é diferente. “Aqueles que vêm, sentem-se em casa”, afirma, orgulhoso. Quando os próprios empreendedores que fazem parte da rede se sentem bem, fazem de tudo para ter a melhor postura com os clientes. “Considero que a nossa grande diferenciação é fazer com que o cliente sinta que está ali para ser servido.” Com o slogan “mais do que transação, a relação!”, a ComprarCasa diz-se uma família, capaz de criar relações fortes e de não deixar ninguém indiferente. E, para além de primar por manter uma grande proximidade dos clientes, a ComprarCasa é a única rede imobiliária portuguesa com certificação de qualidade APCER, ISO 9001:2015, sendo ainda a rede APEMIP, o que faz com que o cliente tenha a certeza que se cumpre o código deontológico da mediação. A mudança de paradigma Luís Mário Nunes explica-nos que, com o impacto sentido pela pandemia, tiveram “de reinventar os procedimentos, que estavam pensados para off-line. Fomos rápidos a reagir e já angariámos e até vendemos imóveis num sistema 100 por cento virtual, mas eu continuo a achar que a pessoa precisa de sentir o imóvel… o futuro do mercado imobiliário continua a precisar da relação.” Apesar de ser inevitável uma quebra, Luís já esperava que 2020 fosse um ano de estabilização, mesmo antes da pandemia. Segundo o nosso entrevistado, já se estava a confirmar a estabilização de certos mercados e até era importante sentir-se essa estabilização no preço, no entanto, é errado pensar que o mercado vai baixar na ordem dos 40 por cento, como é avançado em alguns meios. “As reduções de preço vão depender do impacto que a pandemia vai trazer para a economia. Efetivamente, vão existir casos de vendas mais céleres, onde se vão baixar preços, mas não é isso que vai fazer o mercado. Esses casos pontuais vão existir, tal como já existiam e irão sempre existir. Mas eu acredito que a situação não é comparável a outras que vivemos no passado e acho que para o ano vamos começar a recuperar.” O nosso entrevistado acredita ainda que a pandemia veio alterar o perfil do consumidor, que vai passar a valorizar moradias ou apartamentos com varandas avantajadas e escritórios, não tendo de trabalhar a partir da sua sala, como muitos ainda o estão a fazer. Por outro lado, as pessoas podem deixar de sentir a necessidade de morar tão perto das cidades. “Tudo isto veio impactar aquilo que é o perfil do consumidor e fez com que este evoluísse e se vá modificando, gradualmente.”

C.C. Évora

C.C. Foros de Amora

C.C. Foros de Amora

C.C. Penafiel

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LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | PRIVATE BROKER

EXCELÊNCIA E PROXIMIDADE: MAIS-VALIAS DE LUXO NA PRIVATE BROKER A Private Broker destaca-se na área da mediação imobiliária, como uma empresa de grande referência. Com um sucesso assente na inovação e incessante procura por conhecimento e evolução, oferece um leque de serviços diversificado e fortemente caracterizado pela proximidade ao cliente. Desde cedo ligado ao mundo empresarial e a um mercado de luxo, em entrevista à Revista Business Portugal, Rui Pereira, CEO e fundador, revelou as suas maiores preocupações e as mais-valias e objetivos da empresa. Movido por um constante interesse em saber mais e uma entrega completa a tudo em que decide apostar, Rui Pereira arriscou-se no mercado imobiliário com um projeto marcado pela qualidade e excelência: a Private Broker. Tendo também a área da economia e gestão como paixão, rapidamente se integrou no meio e, hoje, destaca-se enquanto empresário inovador e próximo do segmento A, o seu grande público-alvo, como nos destaca. Com um caminho marcado por sucessos, o empresário acredita que estes se devem em grande parte ao empenho e dedicação colocados em descobrir o ramo imobiliário internacional, “estudá-lo, perceber o que faz falta e quais são as lacunas do mercado. Conhecer, inovar e arranjar soluções é o que me dá efetivamente prazer, porque para todos os problemas existem soluções.” É este pensamento que o faz defender a necessidade de o país evoluir e apostar na inovação para se poder desenvolver e crescer neste mundo tão competitivo. Para Rui Pereira, uma reinvenção constante é a chave para Portugal se afastar da imagem que apresenta atualmente em termos económicos, na sua ótica, de grande atraso em relação ao estrangeiro: “Dentro do meu constante otimismo, procuro ser realista e, ainda há muito a evoluir em Portugal, em termos de empreendedorismo e conhecimento, para uma boa gestão e sucesso das nossas empresas. O nosso cliente é maioritariamente estrangeiro e podemos aprender muito com ele. Trabalhamos com algumas pessoas que cresceram sem nada e hoje têm tudo, não falando só a nível financeiro, mas também a nível pessoal, porque conseguiram perdurar graças a uma boa gestão do que iam conquistando, mas também de uma aprendizagem constante no seu percurso.” Para além de profissional, apresentam um serviço prático e simpático, totalmente direcionado às necessidades do seu público-alvo, um público específico, inteligente, informado e muito exigente, como nos explica: “A Private Broker está 58 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

Rui Pereira, fundador e CEO


ligada ao cliente do segmento A. Trabalhamos com o luxo e com um público que exige grande compromisso e um serviço de excelência. Por tudo isto, fomos obrigados a criar várias soluções para podermos responder às necessidades dos nossos clientes e estes ficarem satisfeitos.” Assim, a Private Broker oferece aos seus clientes um leque de serviços sem fim, como o próprio descreve, muito assente na qualidade e confiança. Desta panóplia de serviços disponíveis, é possível destacar o trabalho com grandes fundos de investimento internacionais, para além da venda dos seus imóveis de luxo. Para garantir a qualidade necessária, o empresário revela que é também fundamental procurar parceiros igualmente profissionais e confiáveis. Para isso, a Private Broker trabalha num mundo fechado e único, que se preocupa com o rigor na escolha de parcerias: “Esta empresa funciona como um canal internacional com mais de 400 agências pelo mundo, espalhadas por todos os continentes. Não fazemos parcerias com empresas que não conhecemos. Somos muito autênticos e próprios e temos muito cuidado com essas escolhas, porque existe dentro do mercado muita falta de profissionalismo com o qual o nosso tipo de cliente não se identifica.” Numa empresa que conseguiu conquistar um patamar de excelência, todos os serviços oferecidos correspondem a essa exigência e qualidade, o que torna Rui Pereira uma referência que se distingue também, pela grande proximidade ao cliente da Private Broker, considerando este um cliente amigo, ao prestar um serviço personalizado e estar disponível para corresponder a qualquer necessidade que apresente. De acordo com o empresário, “a Private Broker é uma empresa que se preocupa com a transmissão de uma boa imagem, uma vez que se movem pela vontade de se tornarem um porto seguro para os clientes.” Rui Pereira acredita que “é importante que as pessoas vejam em nós alguém de confiança, presentes para o que precisarem porque é mesmo isso que nós fazemos com os nossos clientes. Nesse sentido, é um grande esforço, no bom significado da palavra.”

Com um conceito criado e com grandes conquistas, mantém a vontade de continuar a consolidar os bons resultados até então conseguidos, acreditando que “há sempre algo mais e melhor a fazer. Eu defendo que temos de estar sempre à procura de fazer mais alguma coisa e com a Private Broker não é diferente. Um dos nossos focos é procurar sempre novas soluções”, conclui. Assim, prepara-se para um ano de desafiantes passos, mesmo em situação de pandemia e ameaça de uma recessão económica, destaca um deles como “uma boa cartada”, às suas já existentes no mercado financeiro: a criação de uma empresa inovadora e cheia de ideias novas de Outsourcing e Real Estate para bancos, fundos de investimento e empresas de gestão de ativos, porque considera fundamental oferecer um bom serviço diferenciado, eficaz, e com um excelente acompanhamento a estas grandes empresas que estão a investir em Portugal. Assim, conhecemos uma postura e abordagem de uma empresa que é prestigiante nos mais variados sentidos. Não só enquanto representante da Mayfair International Realty, marca britânica de grande notoriedade e influência, ao contar com 428 franquias em todo o mundo, mas também como um serviço especial, próximo e focado na sua missão: disponibilizar o melhor aos seus clientes.

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P LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | PREDIMED IMOBILIÁRIA

IMOBILIÁRIA COM ROSTO HUMANO

Iluminada pelo sol de junho, a vila de Alvor, localidade milenar, morada de reis e alcaides foi o local que Micaela e Marco Vasconcelos escolheram para estabelecerem a primeira loja da marca Predimed Imobiliária. Um projeto com uma história marcada pela dedicação e empenho dos sócios fundadores que começou com uma primeira experiência em 2008, na cidade de Lisboa.

Após uma época como professora de filosofia e algum tempo de trabalho numa marca em grande expansão, Micaela revela como foram importantes os conhecimentos adquiridos naquelas experiências e a forma como contribuíram para o modo como hoje lidera a equipa. Conheceram a vila como que “por acaso”. Marco refere, “quando viemos para o Algarve, haviam sobre a mesa diversas opções, mas Alvor foi a eleita, principalmente pela mística que atrai as pessoas” e pelo facto de um número cada vez maior de clientes eleger esta localidade como ponto preferencial de investimento, ou mesmo para residência. Estava tomada a decisão, o mercado que escolheram era, por si só, mais rico, em termos económicos e até culturais, sublinha Marco Vasconcelos. A qualidade de vida que a localidade oferece define o tipo de cliente que a procura e afeta também as áreas circundantes, como por exemplo a Má Partilha, onde os preços subiram nos últimos tempos, espelhando o género de mercado que acontece neste local. As zonas de Alvor, Lagoa, Carvoeiro, Senhora da Rocha e Lagos, podem, no entender do casal Vasconcelos, ser “pérolas” no desenvolvimento imobiliário dessas localidades. O tipo de produto disponível nesta zona de operação faz com que a Predimed Alvor se desloque para locais próximos, sendo estes distintos uns dos outros, como Portimão, Ferragudo e Praia da Rocha. A loja de Lagoa, a inaugurar brevemente, demonstra o empenho na consolidação do projeto que pretende valorizar as zonas onde está implementada. A nova loja pretende expandir a oferta da já existente e também focar-se no mercado residencial, que tem sido colocado em segundo plano, em prol do investimento estrangeiro. O conceito de liderança de “natureza humana” e de proximidade para com o cliente, no entender dos gestores, norteou a decisão de formarem uma equipa de profissionais que estivesse à altura do mercado que tinham eleito. Neste momento, a empresa está a apostar na certificação dos consultores na área de seguros, assim como a criação de um gabinete próprio de crédito à habitação e o estabelecimento de parcerias para oferecer aos clientes uma maior oferta de serviços. A intenção da empresa é analisar as condições de aquisição de quem a procura e oferecer uma solução à medida do comprador. Na visão de Micaela Vasconcelos “quando é

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Micaela e Marco Vasconcelos, fundadores

desencadeado um processo de venda ou aquisição, passa a existir um projeto a dois”. Com este conceito, a empresária pretende demonstrar a envolvência gerada entre a Predimed e o cliente, no sentido de executar a transação imobiliária de uma forma honesta, segura e confiável. Marco Vasconcelos faz questão de referir que “não estamos só a vender uma casa, nós conhecemos o mercado e a zona circundante”. Palavra passa a palavra e quando se fala em imobiliária, obrigatoriamente surgem os nomes de Micaela e Marco como parceiros. Um negócio onde o que menos importa são os imóveis e onde o que mais conta são as pessoas. É esta a imagem que representa um conceito de vida e de negócio que tem dado frutos e que está em expansão continuada. Para já Alvor e Lagoa. O futuro parece promissor para estes empreendedores e para quem confia neles.

lagoa@predimed.pt alvor@predimed.pt 967316278|967316335 Rua 25 de Abril nº8 Loja, 8500-029, ALVOR


D. S. SEGUROS LEIRIA | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

CONSULTORIA DE EXCELÊNCIA Nesta edição, a Revista Business Portugal dá a conhecer a DS Seguros de Leiria, que presta um serviço de excelência, capaz de melhorar a qualidade de vida dos seus clientes. Conhecemos o projeto, que agora aqui lhe apresentamos, pela voz do diretor da agência, Miguel Fernandes: um empresário apaixonado pelo que faz, dono de uma ambição singular e com uma visão estratégica apurada. A caminhada profissional de Miguel Fernandes começou cedo, tendo dado os primeiros passos no setor farmacêutico; ainda trabalhou para o Estado e para banca, onde permaneceu 24 anos. Em 2012, decide deixar para trás a banca e voltar aos estudos. Tirou uma licenciatura em Gestão de Empresas, tendo defendido na sua tese que “o futuro da banca tem de passar pela mudança de paradigma, numa abordagem ao mercado de multimarca deixando de ser unimarca”. E foi esta visão e convicção no “supermercado de serviços” que o fez abraçar o projeto da DS Seguros, em outubro de 2016.

têm de fazer mais nada; tudo o resto é trabalho nosso e, por essa indicação, partilhamos a comissão com essas entidade..., eles têm um rendimento extra e eu ganho novos clientes. Estamos também a aceitar pequenos mediadores de seguros que, ao se juntarem a este projecto, além de instalações modernas e equipadas, têm o apoio técnico e logístico que lhes permite Miguel Fernandes, diretor da agência aumentar a oferta à sua carteira de clientes, alavancando o seu rendimento com uma redução significativa de custos.”

Consultoria gratuita e serviço especializado e independente A qualidade de vida de quem procura os serviços da DS Seguros Leiria irá melhorar. E porquê? Antes de qualquer outra coisa, pelo relacionamento humano. A DS Seguros Leiria prima pela personalização do serviço. “O cliente sairá sempre satisfeito com o nosso atendimento e com a nossa ética. Quer o negócio se realize ou não, todo o trabalho de consultoria é sempre gratuito e, além de sermos independentes em termos de marcas, não temos exclusividade com ninguém, o que nos permite oferecer um aconselhamento transparente, colocando dentro das mesmas coberturas, várias opções ao cliente”, explica.

Em tempos de crise devemos ter os parceiros certos Mesmo em tempos mais conturbados, este empresário não se deixa abater. “Só posso fazer uma coisa: não baixar os braços, estando a alargar a minha operação, principalmente, a nível de recursos humanos”, afirma, convicto. E, se devido a esta pandemia, o futuro se avizinha incerto para muitos, Miguel Fernandes defende que “a área dos seguros e do crédito pode crescer, porque em alturas como esta, o cliente tem uma tendência normal de começar a olhar para o seu orçamento procurando alternativas para reduzir os seus custos. A DS Seguros Leiria está muito bem enquadrada nesse espírito e irá conseguir proporcionar a melhor solução possível para os seus clientes”, remata.

Visão estratégica A visão estratégica de Miguel Fernandes tem encaminhado a DS Seguros Leiria para um crescimento constante e sustentado, apesar de ainda se encontrar na fase de investimento. Dentro em breve, irá complementar a oferta com o crédito a particulares e empresas, mantendo a mesma premissa de serviço independente. “Vamos trabalhar praticamente com os bancos todos e com todas as financeiras. Quem propõe as opções somos nós, quem faz a escolha é o cliente.” A aposta em parceiros estratégicos irá ser determinante. “Estamos a protocolar stands de automóveis, advogados, solicitadores, agências de viagens, imobiliárias, entre outros. Os parceiros comunicam-nos o nome e contacto do cliente e não

João Martins, Micaela Vasconcelos, Miguel Fernandes, Daniela Marinho, Sérgio Nolasco

DS Seguros Leiria Marquês de Pombal Rua Dr. José Gonçalves, Lt. 61 Lj. 45 Piso -1 2410-121 Leiria Telf: 244 029 230 / Telm: 969 398 088

Mail: leiriamp@dsseguros.pt

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Sd LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | S. D. S CONSTRUÇÃO E REABILITAÇÃO

“UMA EQUIPA SÓLIDA QUE TRABALHA PARA O MESMO FIM”

A SDS Construção e Reabilitação, com sede em Arcos de Valdevez, é uma empresa familiar que presta serviços de construção, focados na reabilitação de diversas infraestruturas. Em entrevista à Revista Business Portugal, Moisés Sousa, sócio-gerente, contou-nos a história da empresa e de como mantêm a distinção no mercado pela qualidade da equipa e dos serviços prestados.

Moisés Sousa, sócio-gerente

Para contextualizar o leitor, explique-nos a génese da SDS Construção e Reabilitação. O meu avô era construtor e o meu pai continuou também nessa área. Na minha geração, somos oito irmãos, sendo que quatro estão ligados à empresa; eu, o Saúl, o Vítor e o António somos sócios-gerentes. A empresa foi passada do meu pai para nós na altura da crise e, pouco tempo depois, em 2013 foi criada a SDS Construção e Reabilitação. Nessa altura, ficámos os quatro, foi complicado, mas conseguimos contornar a situação, nunca nos tendo faltado trabalho. Neste momento, somos 30 funcionários na empresa e temos tido um crescimento sustentado. Quais são os serviços que prestam? Fazemos tudo o que esteja relacionado com obras, desde reabilitação de habitações, espaços comerciais, a construção de moradias novas, pavilhões industriais, entre outros. Sendo que atuamos em várias especialidades, como revestimento, cobertura, isolamentos, impermeabilização ou pinturas.

Considera que a vossa empresa disponibiliza um serviço 360º aos clientes? Sim, acompanhamos o cliente, de forma próxima, desde o primeiro minuto até ao final. Ajudamos a nível do projeto, encaminhamos, estamos na execução da obra, ou seja, estamos sempre presentes. Relativamente às vossas obras, atuam em que áreas geográficas do país? As nossas obras são principalmente em Arcos de Valdevez, mas temos outras de reabilitação no concelho do Porto, e em Vila do

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Conde. Neste momento, estamos a construir também uma obra em Viseu. Porém, estamos disponíveis para qualquer adjudicação, em todas as zonas geográficas do país.

De acordo com o percurso da empresa, há alguma obra que considere marcante e que gostaria de destacar? Existem várias, mas destaco, por exemplo, uma grande moradia, no Porto, com uma construção e acabamentos diferenciados. É direcionada para o segmento de luxo, com valores acima de 1 milhão de euros. É importante referir que fazemos todo o tipo de trabalho, com uma equipa polivalente, que se dedica de igual modo, quer seja um projeto de grande envergadura ou outro mais simples.

O Moisés Sousa trabalha nesta área desde os 16 anos, sente que, ao longo do tempo, os clientes estão cada vez mais exigentes? Estão, principalmente ao nível da qualidade do serviço prestado e dos timings de entrega. A nossa empresa tem 30 funcionários, especializados em várias áreas. Nós conseguimos satisfazer o cliente a nível de timings. Ao nível da exigência, construímos várias casas e sabemos que, para alguns clientes, como é a única que constroem durante a vida, é de um grande investimento e com bastante significado, por isso, temos de estar em acompanhamento permanente para garantir que tudo corre da melhor forma, que é o que fazemos – assumimos o processo do início ao fim. Aconselhamos o cliente, através da nossa experiência profissional, a pensar não só na “beleza” da casa, mas também no seu conforto. Hoje em dia, é muito importante apostar na questão do isolamento numa casa, a longo prazo é um fator distintivo. A nossa publicidade passa pela qualidade dos serviços e pelo acompanhamento dos trabalhos.


S. D. S CONSTRUÇÃO E REABILITAÇÃO | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

A vossa equipa é um pilar fundamental da empresa, a qualidade da mesma é um fator que os diferencia no mercado? A nossa equipa é constituída por quatro irmãos e nunca, até ao dia de hoje, um problema de obra afetou os nossos laços. Depois temos os nossos funcionários, a quem agradecemos a dedicação e o empenho, gostam de trabalhar connosco, muito pela forma como os tratamos, como amigos, há feedback entre patrões e funcionários. Tentamos criar uma equipa sólida que trabalhe para o mesmo fim. Em termos práticos, temos equipas mais especializadas em diversas áreas, desde inicio de obra até as fases de acabamento, entre outros. Noutras áreas temos parceiros especializados, como por exemplo, na eletricidade e na pichelaria.

Para concluir, que projetos tem a SDS Construção e Reabilitação para 2020? Nós temos tido um crescimento sustentado ao longo dos anos. Já temos vários trabalhos adjudicados para 2020 e 2021, mas, acima de tudo, queremos continuar a servir o cliente e a trabalhar da melhor forma, tal como tem sido até agora.

Conseguem apresentar orçamentos exatos para cada projeto? Sim, exatos e discriminados ao máximo. Tentamos especificar tudo, para o cliente possa saber o que vamos aplicar e para que, caso queira comparar o nosso orçamento com outro, seja o mais real possível. Este aspeto ajuda para o bom funcionamento da empresa, considerando que o orçamento, feito com rigor pelo nosso orçamentista, passa, à posteriori, para uma folha de obra, onde a equipa pode ler toda a informação que necessita.

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Estando o mercado em constante mutação ao longo dos anos, como descreveria o cliente dos dias de hoje? É um cliente exigente e conhecedor. Hoje em dia, com a qualidade dos materiais que temos, praticamente não há margem para erros. Desde o momento em que comecei a trabalhar, até hoje, houve uma grande evolução tecnológica, o que cria inúmeras facilidades nas empresas. Antigamente até podíamos aceitar algumas paredes desniveladas, por exemplo, porque não havia tanta maquinaria, lasers, entre outras tecnologias. Hoje não pode haver esse tipo de problemas, porque temos as máquinas e os produtos muito mais evoluídos. Com a oferta que existe atualmente, sente que a concorrência entre as empresas deste setor é cada vez mais forte? Nós não sentimos isso. De facto, há sempre outras empresas, mas nós não entramos nessa competição. Eu e os meus irmãos seguimos muitos valores que o nosso pai nos incutiu, um deles é que “a ganhar se perde e a perder se ganha”. Graças a Deus, não falta trabalho, temos 35 obras em curso neste momento. Isto resulta da qualidade do nosso trabalho e da credibilidade que passamos através da nossa equipa – asseada e de uma qualidade extrema –. Errar todos erram, somos humanos e assumimos sempre os nossos erros com prontidão a dar soluções. Normalmente uma obra tem garantia de cinco anos, mas nós estamos sempre presentes e não viramos as costas ao cliente depois desse prazo. Na vossa empresa, há uma preocupação com as questões ambientais? Sim, tentamos ao máximo trabalhar na divisão dos lixos e entulhos e fazer o encaminhamento para o local apropriado. Praça Municipal, 65 4970-433 Arcos de Valdevez geral@csds.pt www.csds.pt 258 563 139 / 963505182 REVISTA BUSINESS PORTUGAL // 63


ISEC LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | C. C. AGRÍCOLA M. GUADIANA INTERIOR

UMA CAIXA PRÓXIMA DE SI

José Madeira, Administrador

Nesta edição da Revista Business Portugal, estivemos à conversa com José Madeira, administrador da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Guadiana Interior, que prima por manter uma relação de proximidade com a sua população. Apresentamos-lhe aqui uma Caixa com mais de 100 anos de história e que continua a contribuir para o desenvolvimento de um Interior cada vez mais desertificado.

Começo por pedir que nos conte a história desta Caixa de Crédito Agrícola. A origem da Caixa de Crédito Agrícola de Serpa remonta a 1911, sendo uma das primeiras Caixas a nível nacional. Na altura, começou pelos Sindicatos Agrícolas, que depois se transformaram em Caixas Agrícolas. Anos mais tarde, houve um movimento de união de algumas dessas entidades, por força do desenvolvimento e da nova legislação dos bancos e entidades financeiras, que nos obrigavam a crescer em termos de capital. Em consequência disso, em 1997, há a fusão das Caixas de Serpa, Moura e Vidigueira, criando a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Guadiana Interior. Continuamos a crescer e hoje a nossa estrutura engloba seis concelhos, sendo composta por 12 agências, estando a sede em Moura. Ao longo dos anos, temos conseguido crescer sustentadamente nos números, nos clientes e na atividade financeira e, somos hoje, a principal entidade bancária nos concelhos onde operamos.

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Há uns anos havia a ideia de que a CCA era apenas direcionada para os agricultores. Quer desmistificar isso? De facto, no início a CCA estava ligada ao setor primário, mas com alguma abertura das entidades de supervisão foram-se abrindo outras portas e outras atividades, como o crédito à habitação ou o crédito ao investimento. Hoje conseguimos fazer praticamente todas as operações que outra banca faz, embora ainda haja algumas restrições e regulamentações específicas em termos do volume de financiamento fora da atividade agrícola. Não descurando que estamos numa zona em que a agricultura é um dos principais fatores para o desenvolvimento, gostaria de perceber que serviços prestam aos investidores agrícolas. Fazemos todo o tipo de apoio ao setor agrícola, nas diversas atividades. Temos apoios de diversas ordens, desde investi64 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

mento, tesouraria, projetos agrícolas, antecipação das ajudas agrícolas, temos todo um conjunto de produtos financeiros à disposição dos empresários agrícolas. Disponibilizamos ainda várias linhas de apoio, inclusive na área dos seguros, sejam no setor agrícola ou noutro. Sente que, na região, as pessoas confiam na CCA? Sim, pela longevidade e pela credibilidade que temos dado ao longo destes anos. Felizmente, conseguimos ultrapassar a crise financeira, sem grandes sobressaltos, porque somos um banco com capitais nacionais próprios e não temos capitais estrangeiros ou de outras entidades fora do nosso grupo. O capital de cada Caixa é criado pelos seus sócios e pelos clientes, que depositam confiança em nós e fazem os seus projetos de investimento connosco. Enfrentam muitas adversidades ao manterem-se no Interior? Tem sido difícil para as Caixas que estão no Interior resistir, porque a população tem vindo a diminuir, tornado cada vez mais difícil rentabilizar as agências. Nós temos conseguido manter estas agências abertas, mas não é fácil, pois sem pessoas não há atividade financeira. Também somos pressionados pela Caixa Central que, cada vez mais, nos exige uma maior dinâmica comercial e maior rentabilidade e, quando não se olha ao número de pessoas de determinados locais, há a tentação de fechar esses balcões, por já não serem rentáveis, no entanto, esta administração tem procurado contrariar o fecho das suas agências. Temos ainda uma rede de cerca de 35 multibancos espalhados pelos vários concelhos, em locais onde mais ninguém tem uma caixa de multibanco, a par das agências. Isto tem as suas vantagens e desvantagens porque, apesar de não termos concorrência nalguns locais, torna-se difícil fazer negócio à medida que a população vai decrescendo e envelhecendo.


C. C. AGRÍCOLA M. GUADIANA INTERIOR | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

Está ligado à CCA há quanto tempo? O que o motivou a abraçar este projeto? Há 25 anos. Na altura, eu estava na lista como suplente e por falecimento de um dos diretores subi ao cargo. A partir daí, comecei a gostar desta atividade e sempre me motivei com o tipo de relação que mantemos com as pessoas. O que me fez gostar disto e continuar foi poder contribuir para o desenvolvimento da região e ver que a instituição tinha condições para apoiar tanto empresas como famílias e outras entidades, como associações locais. Para além de ser motivador ver o crescimento da instituição, é também ver o crescimento da relação com estas entidades.

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Como gostaria de ver a instituição daqui a dez anos? O panorama na área financeira não está fácil, pois as exigências são cada vez maiores e as condições económicas com taxas negativas dificultam o crescimento e rentabilidade das instituições. É difícil prever, mas gostaria que daqui a dez anos tivéssemos um crescimento sustentado, como temos vindo a ter até hoje, mas devido às conjunturas que temos, até mesmo da própria Europa, não temos tarefa fácil. O Banco Central Europeu segue, cada vez mais, uma política de juntar e criar entidades muito grandes e as instituições mais frágeis vão ficando um pouco de lado, o que é de lamentar, porque são estas entidades mais pequenas que estão mais perto das pessoas. Para o próprio crescimento e sustentabilidade da economia dos países, é importante que os mais pequenos também tenham o seu espaço e sejam defendidos.

Mas garantem segurança aos vossos atuais e possíveis clientes? Sim, o CA, nos últimos anos, tem vindo a crescer em termos sólidos e financeiros e as pessoas vão-se apercebendo desses números, o que faz com que acreditem cada vez mais na instituição. Depois das crises que existiram a nível nacional e mundial, algumas entidades ficaram descredibilizadas e isso também nos afetou, mas fruto dos resultados que vamos obtendo, ano após ano, as pessoas voltam a acreditar e depositar a confiança nas Caixas Agrícolas. Ainda mantêm uma grande proximidade com o cliente? Sim, ainda temos essa vantagem. As pessoas gostam de ser reconhecidas e ser tratadas pelo nome e a outra banca tem mais dificuldade nisso, porque está nos grandes meios e é mais difícil conhecer o cliente. Aqui, sabemos o nome, a atividade, conhecemos a família… é um aspeto muito diferenciador. CRÉDITO AGRÍCOLA SERPA Agência de Serpa : 284540240 Sede em Moura : 285250850 jamadeira@creditoagricola.pt

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A LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | ÁREAS DE SONHO

SERVIÇO RÁPIDO, SIMPLES E À SUA MEDIDA

Vítor Pinheiro, Engenheiro

Sediada em Monção, a Áreas de Sonho – Construções Chave na Mão surgiu em 2017. Dedicada, sobretudo, à projeção e construção de moradias unifamiliares, a empresa do Alto Minho vem conquistando o mercado. Para melhor conhecer este projeto, estivemos à conversa com o engenheiro Vítor Pinheiro, que nos revelou que o conceito “chave na mão” é o segredo para o sucesso alcançado.

Com apenas 31 anos de idade, Vítor Pinheiro é o rosto por detrás da empresa que lhe damos a conhecer nesta edição da Revista Business Portugal. Fundada no final de 2017, a Áreas de Sonho dedica-se, hoje, à execução de projetos de arquitetura, projetos de engenharia e empreitadas chave na mão. No entanto, nem sempre foi assim, como começou por nos confidenciar o nosso entrevistado: “Inicialmente, só nos dedicávamos à execução de projeto. Hoje, a realidade é diferente e esse já não é o nosso core business. Fomos crescendo e o nosso leque de serviços é agora mais diversificado”. Dedicada, sobretudo, à projeção e construção de moradias unifamiliares, a empresa monçanense vem centrando a sua atividade na região do Alto Minho e é esse o caminho que pretende manter.

Conceito “chave na mão” Assegurar a qualidade do produto final e a total satisfação do cliente é o principal objetivo da empresa liderada por Vítor Pinheiro, que aposta num conceito “chave na mão”, capaz de tornar o processo inerente à construção de uma habitação mais rápido e simples para o cliente: “O procedimento normal para a construção de uma habitação é composto por diversas fases, grande parte delas morosas e cansativas para o cliente. Aqui, na Áreas de Sonho, procuramos que esse processo seja o menos demoroso possível, encurtando diversas etapas. As pessoas que nos procuram, recebem total acompanhamento, que começa com

o estudo de plantas e que apenas termina com a entrega da chave da habitação. No fundo, conseguimos encurtar muitas etapas e os clientes que nos procuram, em pouco tempo, conseguem resolver uma situação que, na grande maioria das vezes, é morosa”. De forma a conseguir corresponder de forma pronta e eficaz a todo o processo, o nosso entrevistado acrescenta que a Áreas de Sonho aposta em parcerias que garantam a excelência do trabalho realizado. Com um crescimento alicerçado na qualidade do serviço e na confiança dos clientes, a Áreas de Sonho é hoje uma referência na região, tendo vários contratos de empreitadas a iniciar já este ano. Vítor Pinheiro não tem dúvidas de que o sucesso se deve ao conceito “chave na mão”, mas também à “capacidade de desenvolver um projeto que vá de encontro ao orçamento do cliente. A grande maioria das pessoas que tem um budget definido para a construção da sua casa e, por vezes, é surpreendida com valores que ultrapassam, em muito, o orçamento estipulado. Nenhum cliente gosta de ser surpreendido no que diz respeito a valores. Nós marcamos a diferença, exatamente, por apresentarmos soluções que vão ao encontro do que o cliente pretende, sem surpresas”, remata Vítor Pinheiro.

Praça Deu La Deu, Monção vitorhmpinheiro@gmail.com 911 533 924

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PEDRAS DA VILA | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

Há cerca de um ano, nasceu Pedras da Vila, “a vossa Agência Imobiliária Francesa no Alentejo Litoral”, situada em Porto Covo. Tiago Agostinho, CEO e empreendedor por natureza, explicou-nos qual é o segredo de um negócio bem-sucedido – as relações de confiança que se criam com os clientes. Porque decidiu abrir a sua Agência Imobiliária Francesa em Porto-Covo? Os meus pais emigraram para França, eu nasci e fiz toda a minha vida lá, mas sempre tive a perspetiva de vir viver para Portugal. Acabei por vir com a minha esposa, com quem trabalho atualmente, a Cátia. A minha mãe é alentejana e o meu pai é algarvio, portanto tinha duas opções, a de ir para o Algarve ou para o Alentejo. Decidi instalar-me no Alentejo Litoral, em Vila Nova de Milfontes. A escolha de abrir a minha agência em Porto-Covo foi, antes de tudo, um challenge. Não havendo lá agência imobiliária, achei uma boa oportunidade e um grande desafio abrir a minha primeira Agência Imobiliária Francesa em Porto-Covo. Achei por bem iniciar a minha atividade nesta pequena região do Alentejo Litoral, muito procurada pela beleza das praias, pelas deslumbrantes paisagens da Rota Vicentina e pela simpatia dos habitantes. Como carateriza os vossos principais clientes? O principal foco da Pedras da Vila é ajudar e acompanhar os clientes na compra, assim como na venda de um imóvel, sendo o cliente estrangeiro ou português. É uma mais-valia ter uma grande experiência no mercado imobiliário internacional e o facto de falar francês fluentemente e conhecer a cultura francesa, também ajuda bastante. Tenho em carteira vários clientes que são portugueses que vivem fora de Portugal e estrangeiros, tais como franceses, ingleses e espanhóis, que procuram comprar no Alentejo Litoral. Assim, correspondo às expectativas dos meus clientes portugueses, que procuram vender a investimento estrangeiro. Por outro lado, também conto com vários clientes portugueses que vivem em Portugal e querem comprar no Alentejo Litoral para projetos turísticos ou para primeira ou segunda habitação. No Alentejo, sou um dos principais stakeholders a lidar com este mercado. Qual é o balanço que faz deste tempo de atividade? A Pedras da Vila é recente, mas o retorno tem sido muito bom. Quando criei a agência a ideia era estar próximo dos clientes e nunca fazer um contrato simplesmente por fazer. Gosto muito

Tiago Agostinho, CEO

“A CERTEZA DE UM NEGÓCIO SEGURO”

deste trabalho pela relação humana que crio com os meus clientes. Ao vender um imóvel estamos a mexer com os sentimentos das pessoas, sinto que não há outra profissão que tenha esse retorno – o emocional. No final, não se trata apenas de um comissionamento, mas sim de uma relação humana e, por vezes, até de amizade com os meus clientes. Quais são os aspetos diferenciadores da Pedras da Vila? A Pedras da Vila investe e faz a divulgação em mais de 50 portais on-line, quer nacionais, quer internacionais. O meu trabalho é tentar dar 100 por cento de satisfação ao cliente. Primeiro, estudo a documentação do imóvel, parte essencial para termos a certeza de um negócio seguro; de seguida, faço o estudo de mercado, comunico qual o valor do imóvel no mercado (nunca o desvalorizando), defino o valor do imóvel, de acordo com o cliente, e faço a divulgação. A aposta da Pedras da Vila é estar mais próxima do mercado, com um comissionamento muito atrativo e mais adequado, de maneira a realizar um negócio “ganha-ganha”. Enquanto consultor imobiliário, qual é a parte do seu trabalho que mais gosta? O que eu gosto no meu trabalho é a parte do aconselhamento. Muitos dos meus clientes querem vender um imóvel a um determinado valor e dizem que é o suficiente, mas o meu trabalho não é esse, é de estudar o imóvel, incluindo a documentação. A ideia é valorizar o imóvel do cliente. O primeiro trabalho de um agente imobiliário é aconselhar e acompanhar, de forma a estabelecer uma relação de confiança com o cliente. Declaro que o cliente pode assinar um contrato comigo de olhos fechados, porque a minha ética de trabalho é segura e “incroyable”. Venha descobrir o nosso site: https://www.pedrasdavila.pt/ E a nossa página facebook: https://www.facebook.com/ pedrasdavila/

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LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | C.M. BEJA

A calorosa cidade de Beja está pronta para o receber e isso deve-se, em grande parte, ao trabalho desenvolvido pela Câmara Municipal. Em entrevista à Revista Business Portugal, o seu presidente Paulo Arsénio, fala-nos dos desafios vividos e como os têm ultrapassado. O Alentejo tem sido um exemplo para o resto do país. Qual foi a estratégia adotada pela Câmara Municipal de Beja no combate ao vírus, que se traduz num número de casos muito reduzido? A CM Beja seguiu sempre as recomendações das autoridades de saúde. Optámos por começar a encerrar um conjunto de equipamentos municipais no dia 13 de março e depois, consecutivamente, nos dias 16 e 19 desse mês, dando assim início a um processo de confinamento municipal, que globalmente correu bem e foi respeitado pelos munícipes. A partir de 26 de março, procedemos à higienização dos espaços públicos mais frequentados na cidade e disponibilizámos produtos às freguesias para o poderem fazer nas respetivas jurisdições territoriais. Que apoios é que a Câmara Municipal prestou aos seus habitantes? A CM Beja centrou-se muito no auxílio a quem esteve na primeira linha de apoio e de possibilidade de contacto com o vírus. Apoiámos com um apoio financeiro avultado as IPSS´s do concelho, com e sem valência de internamento, bem como os bombeiros voluntários do concelho. Distribuímos mais de 6.000 máscaras cirúrgicas gratuitamente por estas instituições, 1.500 viseiras e mais de 1.500 máscaras comunitárias. Apoiámos ainda, de forma suplementar, as Juntas de Freguesia com auxílio monetário para poderem aplicar na luta contra o Covid-19 nas respetivas localidades como melhor pudessem entender. Mais do que nunca, é extremamente importante apelar ao consumo local. Nesse sentido, estão também a desenvolver o “Compre em Beja”… em que consiste? O “Compre em Beja” é um concurso com a duração de quatro meses que a CM Beja promove no sentido de habilitar a prémios de recompra, no pequeno comércio local, os clientes que façam compras precisamente nesse setor muito afetado pela pandemia. Os prémios são de valor interessante o que pode ser motivador para além de injetar o valor dos vales prémio de novo na economia local. 68 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

Paulo Arsénio, Presidente

BEJA ESTÁ À SUA ESPERA

Por outro lado, a Câmara Municipal de Beja também lançou o Programa Especial de Apoio à Cultura (PEAC). Pedimos que especifique as funcionalidades do programa. O PEAC é um instrumento de ajuda à execução de pequenos projetos de artistas locais que lhes permitirá exibir a sua arte e poder receber uma compensação pelo serviço prestado. São 30.000,00 euros que irão financiar um mínimo de dez e um máximo de 30 candidaturas, com propostas de atividades culturais que serão exibidas na área do município entre setembro e dezembro de 2020. Começam agora a reabrir vários estabelecimentos e espaços públicos. Como é que os bejenses têm reagido ao desconfinamento? Os bejenses têm reagido com naturalidade ao processo de desconfinamento iniciado no início de maio, depois de dois meses de muita pressão. Aos poucos o movimento na cidade e nas freguesias vai retomando. A confiança é um fator fundamental para que esta retoma, que será progressiva, não seja interrompida e para que a frágil economia da região se possa fortalecer. A Câmara Municipal de Beja, em conjunto com o grupo HiFly, têm sido incansáveis na tentativa de valorizar, do ponto de vista económico, a vertente civil do aeroporto de Beja. Que passos têm sido dados para ir de encontro ao objetivo? O processo do aeroporto é um processo em que o esforço da CM Beja tem sido inexcedível desde a primeira hora. Entendemos que a existência de uma empresa-âncora no domínio da indústria aeronáutica pode ser a base para a criação de emprego especializado na região e para o aproveitamento progressivo de uma estrutura valiosa para a economia local, regional e nacional. Neste momento a “Mesa”, empresa do grupo “HiFly” está muito perto de por em funcionamento esse equipamento que quando concluído representará um investimento de 30 milhões de euros e criará 150 postos de trabalho diretos, sendo um dos maiores investimentos privados da região. Desbloqueámos ao longo de dois anos um conjunto de constrangimentos legais que obstavam à instalação deste equipamento em Beja. Este é um passo e um marco para o futuro aeroporto de Beja.


C.M. BEJA | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

Uma das grandes novidades deste verão continua a ser a praia fluvial de Beja. Que expectativas têm para o ano de abertura? A praia será um equipamento turístico e de lazer novo na área do concelho de Beja, uma das zonas mais quentes do país. É verdade que nesta época balnear ainda estará “incompleta” do ponto de vista de todas a valências e melhoramentos que estão programados para ficarem disponíveis em 2021. Algumas dessas valências, como sejam os campos para a prática desportiva, não podem ser instalados por imperativos de Lei relacionada com a pandemia do covid-19 e outras resultam de melhoramentos que, tendo sido sinalizados ao longo do processo de construção atual, serão corrigidos após a época balnear para que a oferta em 2021 seja ainda melhor, mais apelativa e para que o turismo da região saía beneficiado. Ainda assim em 2020 vai já valer bem a pena vir a Beja e usufruir do novo Parque Fluvial dos Cinco Reis. Que outras valências terá o Parque Fluvial dos Cinco Reis? Como temos vindo a dizer, o novo equipamento é muito mais que uma simples “praia”. Insere-se num Parque que, ainda que limitado em algumas das suas valências neste primeiro ano, tem na

observação de aves, nas caminhadas e nos desportos aquáticos não motorizados opções complementares à praia, sempre estreitamente ligadas à natureza e ao meio ambiente. A “Fundação Vodafone”, mediante candidatura apresentada pela Câmara Municipal de Beja, apoia a praia no âmbito do projeto “Praia Saudável” que promove, com todos os equipamentos possíveis de obter dentro do projeto. Esse apoio total da “Fundação Vodafone” ao Parque Fluvial dos Cinco Reis, permite que tenhamos uma praia ainda mais segura, mais acessível e mais limpa, em resumo, com maior qualidade! Podemos considerar, portanto, que o Município de Beja é um local seguro, onde os portugueses podem e devem passar as suas férias? Sim. O Município de Beja é um local tranquilo e seguro, com uma vasta oferta patrimonial e gastronómica e que merece certamente uma visita por parte dos portugueses. Temos ofertas de alojamento das mais diversas características, adequadas para todas as opções turísticas. Vale mesmo a pena vir ao Baixo-Alentejo. Vale mesmo a pena visitar Beja. Estamos à sua espera.

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ISEC LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | C. M. MANTEIGAS

MANTEIGAS, VALE POR NATUREZA O concelho de Manteigas insere-se totalmente na área do Parque Natural da Serra da Estrela, com paisagens deslumbrantes e recantos por descobrir. Um local aprazível seja qual for a estação do ano: no inverno o branco da neve e as imensas linhas de água que correm entre as montanhas e vales; na primavera a cor e o perfume das plantas que matizam as encostas; no verão o ar fresco e as águas límpidas dos rios e lagoas; no outono as cores douradas que dão outro colorido a uma paisagem avassaladora. Esmeraldo Carvalhinho, Presidente

APAIXONEI-ME… TODOS OS DIAS! 3 DIAS E 2 NOITES

DIA 1 :: MANTEIGAS, PELO ZÊZERE MANHÃ Visite as fábricas do Burel Unidades fabris de vestuário, acessórios de moda e de decoração produzidos em Burel - tecido feito em 100% lã, tradicionalmente usado pelos pastores do alto da montanha. ALMOÇO Almoce «Feijocas de Manteigas» A feijoca de Manteigas é uma variedade de feijão graúdo que, ao ser cultivada em altitude e regada pelas águas cristalinas da bacia do Zêzere, adquire um sabor único, de textura aveludada. A feijoca é guisada com carnes de porco, e assume nesta mesa uma relevância especial, uma vez que se trata de um produto enraizado na agricultura e cultura local.

Assombre-se no Covão d’Ametade Antiga lagoa de origem glaciar, o Covão d’Ametade a 1.420 metros de altitude, situa-se no sopé do maciço do Cântaro Magro, onde nasce o Rio Zêzere. O local é todo ele revestido por relvados naturais (cervunais). Daqui se pode contemplar toda a imponência e grandiosidade do afloramento granito, conhecido pelo Cântaro Magro. Contemple o Vale Glaciário do Zêzere / Miradouro Vale Glaciário do Zêzere, com 13km de extensão, maravilhosa dádiva da Natureza e, ao mesmo tempo, uma lição a céu aberto sobre os vestígios da última época de glaciação.

TARDE Conheça o Centro Interpretativo do Vale Glaciar do Zêzere - CIVGLAZ O Centro Interpretativo do Vale Glaciar do Zêzere tem como objetivo dar a conhecer outras perspetivas e visões do Vale Glaciar do Zêzere e as potencialidades turísticas do Concelho de Manteigas.

Arrepie-se no Poço do Inferno A 1.080 metros de altitude situa-se a cascata do Poço do Inferno. Garganta aberta por um afluente do Rio Zêzere, a Ribeira de Leandres, que desce das alturas do curral na linha de contactos do xisto com o granito. Local de muita afluência turística, pela rara beleza e efeito espetacular da queda de água cristalina e gélida, que rasga por força da natureza o rochoso granito e xisto.

Surpreenda-se no Viveiro das Trutas Um posto de visita e venda ao público das trutas produzidas na truticultura da Fonte Santa, que se instalou naquele espaço, aproveitado as águas cristalinas e bravas do Zêzere que irrompem da serra.

JANTAR Jante «Trutas do Alto Zêzere» Prato confecionado de diferentes maneiras, dependendo do gosto e da ousadia do paladar, com trutas criadas nas águas frias do Alto Zêzere.

Refresque-se na Fonte Paulo Luís Martins Fontanário em cascata permanente, com água a uma temperatura constante ao longo do ano de cerca de 6.ºC. É um dos mais caudalosos cursos de água que afluem no Zêzere.

NOITE Passeie pelo Ribeiro da Vila de Manteigas Caminhe ao longo do Ribeiro da Vila e vagueie pelas ruas do Centro Histórico.

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C. M. MANTEIGAS | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS Vale Glaciário do Zêzere - Foto Miguel Serra

DIA 2 :: MANTEIGAS, PELA SAÚDE & BEM-ESTAR MANHÃ Caminhe na Natureza: Rota do Poço do Inferno (PR1) Ao percorrer a Rota do Poço do Inferno verifica-se um dualismo de paisagem, natural e humanizada, marcada pelo diferente tipo de vegetação, com florestas de folhosas e resinosas, onde os sentidos despertam diferentes emoções ao longo do trilho. Caminhe na Natureza: Rota das Faias (PR13) A Rota das Faias possibilita a descoberta de algo novo e surpreendente a cada instante, desde a vegetação esplendorosa a paisagens fulgurantes, que juntamente com a agricultura e a pastorícia proporcionam um passeio perfeito para quem deseja conhecer a serra, as suas gentes e costumes.

Relaxe nas Termas de Manteigas Inseridas na Região Hidrotermal de Montanha, a água mineral das Termas de Manteigas é captada a cerca de 100 metros de profundidade, o que lhe garante pureza bacteriológica e estabilidade físico-química. Estas águas, que brotam de três nascentes distintas, atingem temperaturas elevadas (48.ºC), o que as torna excelentes para curar doenças do aparelho respiratório, reumáticas e músculo-esqueléticas. Mergulhe na Praia Fluvial da Relva da Reboleira O complexo da Relva da Reboleira, localizado na Freguesia de Sameiro, a 8 km da sede de concelho, inclui um conjunto de infraestruturas de apoio aos visitantes. Na época do Verão, a praia fluvial e o parque de campismo fazem as delícias dos turistas que aproveitam as águas límpidas do Rio Zêzere e a sombra refrescante das árvores autóctones do local. Um espaço ideal para um contacto pleno com a natureza, de fácil acesso e com estacionamento gratuito próximo da zona balnear. JANTAR Jante «Cabrito Serrano» Prato confecionado com carne tenra de cabrito de leite. NOITE Desfrute da animação noturna Na primavera/verão a fruição das esplanadas e jardins é uma excelente opção. Delicie-se com a brisa refrescante da noite e descanse o corpo e relaxe a mente.

ALMOÇO Almoce «Enchidos e produtos regionais» Deguste os enchidos regionais, como a morcela, o farinheiro, a chouriça, o presunto e o queijo Serra da Estrela, acompanhado de um vinho da Beira Interior. Adoce o paladar com um pastel de feijoca - pastel feito artesanalmente somente com ovos, feijoca de Manteigas, farinha e açúcar. TARDE Revigore-se na Fonte Santa e nas suas águas termais Esta fonte termal contém águas sulfurosas indicadas no tratamento de várias doenças, tais como o reumatismo, dermatoses, vias respiratórias e doenças músculo-esqueléticas.

Poço do Inferno - Foto Sérgio Delgado

Parque da Várzea - Foto Município de Manteigas REVISTA BUSINESS PORTUGAL // 71


ESPECIAL SAÚDE | ASTRAZENECA

Covão da Ponte - Foto Município de Manteigas

Trilhos Verdes - Foto Município de Manteigas

DIA 3 :: MANTEIGAS, PELA VISTA MANHÃ Suba à Aldeia de Montanha das Penhas Douradas Local situado a 1.475 metros de altitude, que noutros tempos era escolhido para tratamentos, de doenças pulmonares, e é ainda hoje, lugar privilegiado e predileto dos que pretendem gozar momentos de tranquilidade. Apaixone-se no Miradouro do Fragão do Corvo Do Miradouro do Fragão do Corvo alcançam-se belíssimas e raras vistas. Localizado no alto da montanha, consegue-se avistar o casario da Vila de Manteigas, a magnitude do Vale Glaciário do Zêzere e a imponência da Fraga da Cruz. Detenha-se no Covão da Ponte Antes da chegada ao Covão da Ponte deslumbre-se com a vista do Vale da Castanheira, onde a agricultura e o pastoreio ainda persistem. Situado a 950 metros de altitude, o Covão da Ponte possui características naturais ótimas para a prática de atividades ao ar livre. Local onde é possível encontrar uma sintonia perfeita entre a natureza e a preservação deste espaço natural, ladeado pelo Rio Mondego, que ainda no seu início de percurso corre calmamente até à foz.

Covão d'Ametade - Foto Município de Manteigas

https://cm-manteigas.pt/ http://civglaz-manteigas.pt/ http://manteigastrilhosverdes.com/

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ALMOÇO Almoce «Chanfana Beirã» Prato tradicional confecionado com carne de cabra da Serra da Estrela. TARDE Visite as Aldeias de Sameiro e Vale de Amoreira Encontro privilegiado com as aldeias de montanha e com as populações serranas, que mantêm ainda hoje as tradições de sempre.

Esperamos por si!


C. M. BELMONTE | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

BELMONTE PROMETE CONTINUAR A SUPERAR EXPECTATIVAS Em entrevista à Revista Business Portugal, o presidente António Rocha explicou-nos como é que o Município de Belmonte reagiu à pandemia do novo coronavírus e o que o deixou orgulhoso do seu povo. Prontos para receber quem os quer visitar, assegura ainda que irão continuar a superar expectativas. Tendo em conta a pandemia que enfrentamos, que estratégia foi adotada pelo Município de Belmonte, de forma a proporcionar o maior conforto possível aos seus habitantes? Antes de tudo, foi preciso passar uma mensagem de calma à população. Uma mensagem de segurança, garantindo que estávamos atentos e a cuidar de tudo. Depois, solicitar o entendimento e colaboração de todos, pois só juntos podíamos lutar contra aquele estranho adversário… isso permitiu que as empresas e as famílias estivessem cooperantes com o município. Fomos então fechando escolas, museus, serviços públicos e, mais tarde, encerraram também grande parte das atividades privadas. Estivemos sempre a trabalhar em estreita parceria com as entidades de saúde, proteção civil e, como somos um concelho envelhecido, com os lares e associações de apoio social. Belmonte é uma terra pequena, é mais fácil identificar as fragilidades de algumas famílias e poder dar uma resposta concreta, por isso tudo correu bem... agora estamos a retomar a nossa vida normal! Nestas alturas torna-se mais evidente a importância da união entre o povo, as organizações e as forças políticas. Sentiu essa união em Belmonte? Como já disse, houve uma colaboração estreita entre todas as entidades – não podia ser de maneira diferente. Tivemos a colaboração dos bombeiros, da GNR, das associações de bairro, de particulares que se mobilizaram para ajudar os mais necessitados e para animar os que estavam em casa… não houve guerras políticas, nem guerras de capelinhas. O povo de Belmonte é ordeiro, disciplinado e solidário. Esta pandemia foi um teste coletivo e estou muito orgulhoso da minha gente… muito orgulhoso mesmo!

António Rocha, Presidente

colocar em perigo as populações de Belmonte, recebendo visitantes de todos os lados de uma forma descontrolada… o ano de 2020 é para esquecer. Mas o turismo é um sector estratégico para Belmonte. Estamos a trabalhar juntamente com os hotéis, casas de turismo rural, restaurantes, empresas de turismo e animação… vamos reagir e colocar de novo Belmonte como um destino de eleição, um destino seguro, um destino cultural e de bem-estar longe das multidões. Mais do que nunca, é extremamente importante promover o território. Posto isto, que motivos apresenta aos nossos leitores para visitarem Belmonte este verão? Tenho a certeza que vamos continuar a ser atrativos e, muito em breve, poderemos recuperar as nossas dinâmicas. Temos hotéis pequenos com grande segurança, um turismo-rural fabuloso, com atendimento personalizado e temos um património natural esplêndido, para quem quer fugir dos grandes centros e grandes confusões. Temos a proximidade da Serra de Estrela e da Gardunha, a judiaria, o castelo, a paisagem fabulosa, o ar puro e muitas atividades organizadas ao ar livre, como BTT, caminhadas, escaladas… muitas atividades culturais, ainda que limitadas no número de pessoas. Portugal apresenta-se com um dos destinos mais seguros da Europa, vai certamente ter a atenção das grandes agências de turismo internacional e começar uma retoma rápida. Poderemos beneficiar disso. E importa referir que Belmonte nunca foi um destino de multidões, por isso poderemos continuar a superar as expectativas de quem nos visita. Podem vir em confiança e em segurança… não se vão arrepender!

Como estão a preparar o desconfinamento e a abertura de portas a visitantes? Os museus estão já todos abertos, com as devidas regras de higienização e limite de entradas. Aos poucos, vamos retomando a nossa vida. Mas faltam as escolas, os grupos organizados, estamos a receber famílias, grupos pequenos. Já cancelámos as festividades de abril, o grande concerto com o brasileiro Martinho da Vila, em julho, e teremos de, infelizmente, cancelar a Feira Medieval, de agosto… pois não queremos arriscar e, depois de tanto esforço,

EM BREVE, BELMONTE

Em breve o que é nosso será vosso. E o que é nosso resistiu ao tempo e estará sempre à vossa espera. Seguro. Sublime. Belo

Em breve,

Já estamos preparados para o receber. Todos os nossos museus e oferta turística reabriram de novo ao público. Conheça todas as nossas medidas de segurança:

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ISEC LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | C. M. SERTÂ

“O TURISMO DA SERTÃ ASSENTA NUMA EXPERIÊNCIA IMERSIVA NA NATUREZA”

José Farinha Nunes, Presidente

José Farinha Nunes, presidente da Câmara Municipal da Sertã, acredita que o modelo turístico do concelho, muito assente na natureza, não afastará os turistas. O autarca acredita que “a Sertã será percecionada como um destino turístico seguro”. Acredita que o turismo no concelho da Sertã será prejudicado pela pandemia da Covid-19? Não. Ao contrário de outros destinos turísticos, a Sertã tem no turismo de natureza a sua principal força. Aqui não há grandes ajuntamentos, nem monumentos com enormes filas de espera à entrada, ou locais onde o distanciamento social seja impossível. O nosso turismo assenta numa experiência imersiva na natureza – somos convidados a desfrutar de paisagens deslumbrantes, do imponente verde da floresta, do relaxante azul das águas. Recordo que mais de 65 por cento do nosso concelho encontra-se rodeado por água. Nas fronteiras existem três albufeiras (Cabril, Bouçã e Castelo de Bode) e o concelho possui diversos cursos de água. Mas tem receio que a Covid-19 possa afastar turistas da sua região. Embora todos estejamos preocupados com os efeitos que a Covid-19 está a provocar no turismo, estou certo de que a Sertã será percecionada como um destino turístico seguro. As pessoas não deixarão de vir à Sertã, até porque temos um turismo pouco massificado e que se faz praticamente ao ar livre. Somos um autêntico museu da natureza, com uma oferta diversificada e bastante atrativa. 74 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

Como caraterizaria a oferta turística da Sertã? É uma oferta que assenta muito no turismo de natureza. Quero destacar, a este propósito, a beleza telúrica do Vale do Cabril, a imponência majestática da serra do Cabeço da Rainha ou a grandiosidade das quedas de água do Fragão. Em todos estes locais, é possível contactar com uma riqueza de fauna e flora assinalável, além de desfrutar de um contacto pleno com a natureza. Temos também diversas árvores classificadas no nosso território. A Sertã possui também várias praias fluviais. Que tipo de cuidados estão a ponderar para estas estruturas? Temos três praias fluviais (Sertã, Troviscal e Marmeleiro) e um centro náutico (Trízio), este último com condições únicas para o lazer e prática de desportos como o Wakeboard, canoagem ou ski náutico. No caso das praias fluviais, estamos a trabalhar com as autoridades de saúde e de segurança para encontrar o melhor modelo que se adeque ao funcionamento destes espaços. Temos de ser cautelosos, mas não tenho dúvidas de que qualquer uma destas praias oferece as condições necessárias para que sejam utilizadas em segurança, aproveitando-se o seu grande potencial.


REGIÃO OESTE | PASTELARIA DOCE FANTASIA

O concelho da Sertã está associado a dois produtos turísticos que têm tido um grande impacto no mercado turístico nacional: as Aldeias do Xisto e a Rota da Estrada Nacional 2. Que balanço faz desta aposta? É uma aposta ganha em ambos os casos. Temos uma Aldeia do Xisto, Pedrógão Pequeno, que é um exemplo. Conhecida por ‘Jóia da Beira’, Pedrógão Pequeno apresenta condições de exceção para um turismo diferenciador. É um local a descobrir, tanto pela sua proximidade ao Vale do Cabril, como pelo património natural e patrimonial que apresenta. Aconselho uma visita, por exemplo, ao Miradouro de Nossa Senhora da Confiança, um autêntico promontório da memória das Beiras. E a Rota da Estrada Nacional 2? Esse é um caso que nos enche de orgulho, até porque a Sertã integrou o núcleo fundador da Associação de Municípios que desenhou toda a estratégia de promoção da EN2. É uma estrada simbólica no nosso país e que liga o Norte ao Sul. O impacto desta rota tem sido tremendo, tanto em Portugal como no estrangeiro e acreditamos que estamos perante um produto turístico com grande potencial de crescimento no futuro.

C. M. SERTÃ | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

A figura de Nuno Álvares Pereira está muito ligada ao concelho da Sertã? Essa ligação é umbilical. Nuno Álvares Pereira nasceu em Cernache do Bonjardim e são muitos os locais que invocam a sua presença no nosso concelho. Além do seu local de nascimento, temos igrejas e capelas, onde o culto a São Nuno de Santa Maria está muito presente, bem como sítios históricos com memórias muito fortes ligadas a esta figura incontornável da História de Portugal. Não quero deixar também de sublinhar a riqueza patrimonial do nosso concelho, com vários monumentos nacionais e de interesse público. O Maranho é um dos embaixadores da gastronomia do concelho. Há uma ligação intensa da Sertã ao Maranho? Assim é. O Maranho é um dos nossos grandes embaixadores. Trata-se de um prato muito apreciado na região e que traz muitos turistas à Sertã. Todos os nossos restaurantes o servem e a sua qualidade é singular. Mas a nossa gastronomia não se esgota apenas no Maranho. Temos também o tradicional Bucho Recheado, os deliciosos Cartuchos de Amêndoa de Cernache do Bonjardim, as Filhoses, os Coscureis, a Tigelada Beirã, as Bonecas de Palhais, além do bom vinho da região e da bastante apreciada Aguardente de Medronho.

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E

LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | EPDRAC

Vera Tita, diretora

É em Alter do Chão que se encontra a EPDRAC – Escola Profissional de Desenvolvimento Rural, onde se vive um espírito de comunidade entre alunos, professores, funcionários e pais sem igual. A Revista Business Portugal esteve à conversa com Vera Tita, que recentemente assumiu o cargo de diretora daquela que é muito mais que uma escola.

Foi no passado dia 29 de maio que tomou posse como diretora da Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Alter do Chão (EPDRAC). Como encara este novo desafio? Este é, sem dúvida, um mega desafio. Se em circunstâncias ditas normais não seria fácil, nos tempos que correm a tarefa será muito mais árdua, pois estamos sujeitos a constantes mudanças e adaptações. O que sabemos hoje, amanhã será completamente diferente. Mas havemos de conseguir! Um desafio é mesmo isso, um desafio e este traz dificuldades, incertezas e lutas que têm de ser travadas. Importa partir com a vontade de realizar trabalho e com espírito de missão em prol do bem comum: a escola e os alunos. Como descreveria o espírito vivido nesta escola? Espírito de corpo e de pertença a um grupo. Temos por hábito dizer que “somos uma família” e na realidade este dizer vai-se entranhando e, quando damos por nós, sentimo-nos mesmo parte de algo. Os alunos chegam-nos muito novos, os pais confiam-no-los e a escola tem a obrigação

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MAIS DO QUE UMA ESCOLA, UMA FAMÍLIA

todo um mecanismo que contribui para o crescimento/aumento da economia local. Alguns poderão considerá-los elementos perturbadores, mas uma moeda tem sempre duas faces, logo cabe-nos saber coexistir, sendo que a própria comunidade que os acolhe também os poderá moldar.

de os formar o mais integralmente possível, passam assim a ser “nossos”. E juntos fazemos acontecer esse espírito que tanto nos caracteriza. Somos mais que uma escola. Vivemos um projeto que é de todos e que cresce e se concretiza com o apoio e esforço de todos: alunos, professores, funcionários, pais e comunidade envolvente. Tentamos sensibilizar para a partilha e para a grandeza humana; vibramos com as vitórias, mas também os fazemos sentir que na derrota há sempre uma grande lição: vergar, não partir e continuar! A EPDRAC tem registado um crescimento ao longo dos anos, tornando-se numa referência a nível nacional. De que forma considera que a instituição tem contribuído para a promoção e desenvolvimento de Alter do Chão? A EPDRAC tem sido uma das instituições do nosso concelho que mais tem contribuído para a promoção e o desenvolvimento do mesmo. É mais que sabido que as escolas são, por natureza, centros de desenvolvimento das comunidades onde estão inseridas, pois fixam as populações, dinamizam a vida social, aumentam a empregabilidade, são objeto de investimento. A EPDRAC é um exemplo vivo desse desenvolvimento, pois tem contribuído bastante para o crescimento económico da região. Um concelho, cuja população não chega aos 3000 habitantes, ver os seus residentes aumentar em cerca de 150 jovens, durante nove meses, só poderá trazer benefícios, pondo em marcha

A EPDRAC tem assegurado o êxito dos seus alunos no mercado de trabalho. Isso deve-se à vossa aposta na sinergia com as empresas? Temos feito, realmente, uma aposta muito forte nas parcerias e protocolos com as empresas. Os projetos e atividades desenvolvidas pela escola seguem uma calendarização estratégica, uma vez que o que se pretende é interagir com o meio envolvente, numa verdadeira aproximação ao mundo laboral. No entanto, a qualidade técnica que os nossos alunos demonstram nos seus estágios abre-lhes as portas do tão almejado mercado de trabalho, por isso temos casos de grande sucesso em várias frentes profissionais, não só em Portugal, mas também um pouco por todo o mundo… até já temos um aluno a treinar cavalos em Hollywood. O que podem os vossos alunos esperar do novo ano letivo? Um recomeço! Estaremos todos diferentes depois desta experiência da pandemia. Novos e diferentes projetos, porque ninguém regressará igual. Muitos desafios, porque neste tipo de escolas os desafios fazem parte dos nossos dias.

Tel: 245 612 505 epdrac.escola@gmail.com​ Coudelaria de Alter, Coutada do Arneiro Apartado 20, 7440-909 Alter do Chão


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ALMABIZ LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | FOR-MAR

O CENTRO DE EXCELÊNCIA NA ÁREA DAS PESCAS E DO MAR Constituído em 2008, o Centro de Formação Profissional das Pescas e do Mar – FOR-MAR resultou do protocolo celebrado entre o IEFP, I.P., e a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos. Nesta edição, em que damos destaque ao concelho de Olhão, fomos visitar o Polo do FOR-MAR, para conhecer a história, a oferta e o futuro desta instituição.

Constituído por 12 Polos de formação, o FOR-MAR é um centro de formação profissional de âmbito nacional, que promove a coordenação e execução da formação profissional a nível nacional dos profissionais e candidatos às profissões na área marítima e a montante e a jusante da mesma nos seguintes setores: pesca, aquacultura, indústria transformadora de pescas, transportes marítimos e fluviais, atividade marítimo turística e de recreio, atividade portuária e da segurança marítima, nomeadamente, formação STCW (Standards of Training, Certification and Watchkeeping for Seafarers). No Algarve, o Núcleo de Coordenação Regional é constituído por dois polos: um em Olhão, responsável pela formação ministrada entre Quarteira e Vila Real de Santo António; e outro em Portimão, responsável pela formação ministrada entre Albufeira e a Costa Vicentina. A nível concelhio o FOR-MAR integra várias parcerias como o Gal Pesca de Sotavento e Barlavento, IPMA, Universidade do Algarve, Agrupamentos Escolares, Escola Azul, Estações náuticas de Faro e Vilamoura, participação no plano estratégico educativo municipal de Olhão, entre outros. Quanto à ação formativa esta é direcionada para diferentes vertentes, dando resposta às necessidades do setor, nomeadamente nas áreas da pesca, do comércio, do tráfego local, e de máquinas marítimas. Desde o início de 2020, já se encontram concluídas quatro ações de formação, envolvendo cerca de 60 formandos. Estando previsto até ao mês de junho formar cerca de 180 profissionais em diferentes áreas. No Algarve, a procura pela formação é diversificada, abrangendo as áreas de pesca, máquinas marítimas, tráfego local e comércio. Nesta região é de recordar as especificidades da Ria Formosa, com a travessia dos barcos para as ilhas, dos pescadores e dos

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viveiristas. Cada comunidade piscatória ao longo do Algarve tem uma especificidade muito própria e a função do FOR-MAR, enquanto entidade formadora, é analisar e dar uma resposta que possa colmatar as necessidades de formação existentes, fazendo um levantamento de necessidades identificadas em reuniões e contatos com armadores, associações de pescadores e empresas do setor da chamada economia azul. Quanto à importância da economia do mar e tendo em conta que o governo vai desenvolver a sua ação em sete grandes áreas: governação do mar; observação e investigação do oceano; ordenamento e sustentabilidade dos ecossistemas marinhos; pesca e aquicultura sustentáveis; desenvolvimento da economia azul circular; administração e segurança marítima; e financiamento da economia do mar. O FOR-MAR, enquanto entidade formadora terá sempre um contributo a dar, uma vez que, a par das áreas tradicionais e atento ao evoluir do mercado de trabalho, procura sempre desenvolver novas áreas de formação, que acompanhem a mudança e a modernidade. Por fim, e olhando já para o futuro próximo, em breve o sítio na internet do FOR-MAR, irá permitir a inscrição on-line nos cursos e a candidatura a formador, facilitando assim a relação com os utilizadores.


V RESTAURANTE VAI E VOLTA | LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS

A FELICIDADE NA COZINHA

Situado no Largo do Grémio, em Olhão, o Vai e Volta é um restaurante familiar, pequeno e acolhedor, onde reina o calor humano e a boa disposição. Maria João Piriquito e José Almeida são os responsáveis pelo sucesso deste espaço, um casal divertido, que faz com que os clientes se sintam verdadeiramente em casa. Aqui a especialidade é só uma, mas que vai render qualquer um às delícias de um excelente rodízio de peixe grelhado.

Maria João Piriquito e José Almeida, proprietários

em português, mas o inglês, o francês, o alemão e o italiano também se ouvem no restaurante, o que agrada ainda mais os clientes. “É, sem dúvida, um enorme orgulho sentirmos o feedback positivo dos clientes estrangeiros, que nos visitam anualmente, bem como ter conhecimento de que os meios de comunicação estrangeiros nos recomendam e valorizam o nosso serviço e o nosso trabalho”, salienta Maria João, acrescentando: “Claro que tudo isto também é possível graças ao empenho da nossa equipa de colaboradores, que diariamente recebe com alegria os clientes”. No que ao futuro diz respeito, o principal desafio passa por manter o fluxo de clientes durante a época do inverno, mantendo sempre presente a felicidade como matriz da empresa.

O espelho da felicidade poderiam ser as palavras que melhor retratam o dia a dia de Maria João Piriquito e José Almeida no Vai e Volta. Com uma vida dedicada à área da hotelaria, os proprietários explicaram-nos o segredo para um negócio de sucesso.

“Já temos uma vasta experiência na área da restauração e hotelaria. Este espaço conta com quase duas décadas de existência, em que fomos implementando e melhorando o nosso conceito, mas mantendo sempre o selo de qualidade e excelência, inovação, bem como dedicação e proximidade junto do cliente”, afirma José Almeida e continua: “Esta é uma área de negócio muito desgastante, pelo que apenas servimos almoços de terça-feira a domingo. Acima de tudo, tomámos esta decisão para termos tempo para a família, e desse modo proporcionar um bom atendimento e boa disposição aos nossos clientes”. No Vai e Volta o conceito é simples, mas de excelente qualidade. Aqui serve-se apenas rodízio de peixe grelhado, que consiste numa variedade de peixes frescos e típicos da costa algarvia, escolhidos diariamente no Mercado de Olhão. Desde carapau, cavala, bica, besugo, sargo, safia, dourada, robalo, a escolha vai igualmente variando consoante a época do ano seja mais apropriada para a sardinha, a ferreira ou a mucharra. “O segredo de um bom peixe grelhado é acima de tudo ser fresco. Quanto ao nosso menu tem um preço fixo e inclui toda a comida à descrição, com oito a dez peixes diferentes, à exceção da bebida, sobremesa e café. Como acompanhamentos servimos salada montanheira, batata cozida, batata doce e açorda fervida de alho”, sublinha o proprietário. Numa região onde a sazonalidade do turismo ainda se sente, os proprietários do Vai e Volta recebem clientes de todas as nacionalidades, mas não descuram os clientes nacionais. Aqui o bom dia é

Largo do Grémio 2, 8700-343 Olhão http://vaievolta.pt/ restaurante@vaievolta.pt 968027525

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Siebert, C

EO

LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | MARISOL

O OURO BRANCO DO ALGARVE

Andrea

A origem da Marisol remonta ao início dos anos 2000, sendo uma empresa com mais de duas décadas de experiência e know-how no mercado do sal marinho tradicional e da flor de sal. A origem, o sabor e a textura, bem como a produção sustentável são os pilares que definem a presença da Marisol neste setor, a qual é reconhecida pela qualidade dos seus produtos, bem como pela defesa deste bem - o ouro branco do Algarve.

Quando chegou a Portugal, Andrea Siebert, bióloga de formação, já tinha uma ideia concreta do que queria fazer, por outras palavras, dar a conhecer as maravilhas do sal marinho tradicional e da flor de sal algarvia. Constituída em 1999, a Marisol surgiu numa primeira fase com o propósito de promover as vendas de sal tradicional na Alemanha, como nos recorda a empresária: “Naquela época ainda não se falava do sal artesanal português, nem sequer da flor de sal. Inicialmente, atuámos como intermediários no setor gourmet, porque nos parecia o mais interessante. No entanto, ficou claro que não podia gerir o negócio a partir da Alemanha, por isso optei por mudar-me para Portugal, de forma a estar mais perto do produto e da produção”. Localizada em Olhão, no Sotavento Algarvio, a empresa comercializa sal marinho do Atlântico, de qualidade superior, colhido à mão, trabalhando em parceria com produtores tradicionais de salinas em reservas naturais protegidas no sul do país. “Defendemos a produção e a comercialização sustentáveis de sal marinho natural não processado e estamos comprometidos com a matriz da qualidade, da transparência e da fomentação de parcerias comerciais justas, tanto com fornecedores, como clientes”, sublinha Andrea Siebert. A filosofia da Marisol passa por promover o sal do Algarve como um produto de excelência a nível nacional e internacional, que fomenta e protege a qualidade, a origem e a segurança dos sais marinhos naturais, cumprindo padrões rigorosos de certificação. “A nossa empresa é certificada desde 2005 pela Certiplanet. Passados dois anos, conseguimos a certificação Kosher pela Natural Food Certifiers (EUA) que recentemente estendemos a uma certificação Vegan. Desde 2013 estamos acreditados pela norma ISF Food, atualmente na versão v.6.1 /Food Defense, o que nos permite a certificação da nossa linha de produção, uma componente deveras importante na área alimentar”, atenta Andrea Siebert e acrescenta: “Esta certificação também garante a qualidade e segurança do nosso produto perante os clientes da indústria alimentar, uma vez que a mesma é exigida por muitos desses clientes. 80 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL

Com um importante know-how e experiência do mercado, a Marisol sempre alavancou o seu produto mais além, dando primazia à qualidade antes da quantidade. “O nosso intuito é ocupar um lugar em determinados nichos do mercado gourmet, nas vertentes produtos bulk para produtores alimentares de alta gama; produtos sal para a gastronomia; e produtos a retalho para cadeias e lojas gourmet, sendo que apenas comercializamos os nossos produtos em espaços dedicados, um pouco por todo o mundo. Algo que também reflete a nossa capacidade de produção limitada como produtor artesanal, contribuindo desta forma para a preservação das características naturais do sal. Logo, vemos a empresa como um veículo seguro entre a produção primária e a comercialização do produto aos consumidores”, completa Andrea Siebert.

Marisol® e Flos Salis® As marcas Marisol® e Flos Salis® são o expoente máximo do sabor diferenciado dos sais do mar do Atlântico, devido à forma como é realizada a colheita e o ambiente sustentável em que se encontra. São artesãos qualificados que colhem o sal de salinas tradicionais, sendo depois totalmente seco ao sol e ao vento, antes de ser cuidadosamente embalado. Quanto à flor de sal trata-se de cristais delicados selecionados a partir do creme da colheita, sendo ideal para temperos e retoques na cozinha e na mesa. “Gostaria de salientar a diferença entre o sal marinho e a flor de sal. Aqui defendemos que o sal tradicional deve ser utilizado nos mais diversos fins culinários, enquanto a flor de sal deve ser destinada à condimentação de pratos já confecionados. Até porque a flor de sal é um produto limitado, com uma procura cada vez maior”, atenta a empresária.

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Olhar para o futuro “Os nossos objetivos mais próximos passam por fomentar as relações comerciais, conquistando desse modo novos mercados internacionais. Claro, que atualmente, estamos dependentes do estado e do futuro da economia, também por consequência da pandemia provocada pelo Covid-19, tanto a jusante como a montante da cadeia de fornecimento. Estamos especificamente preocupados com a situação dos transportes na Europa e tencionamos satisfazer os pedidos dos nossos clientes do estrangeiro. Mas esperamos que tudo se resolva e que o Governo preste apoio às PME”, termina Andrea Siebert.

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Lote 55/57, Zona Industrial, 8700-281 Olhão

289 793 601 info@marisol.biz www.marisol.biz

(1) Vasco Célio/Marisol (1)

(2) Thomas Ruhl/ Marisol REVISTA BUSINESS PORTUGAL // 81


T

LIDERANÇA: OS NOVOS DESAFIOS | TATIKA MOTORS

UM STAND PRÓXIMO E DISPONÍVEL

Na Tatika Motors encontrará uma vasta gama de veículos e um serviço cuidado. Quem gere o stand, que está agora na fase final da migração de Lisboa para Castelo Branco, é Carlos Alberto, um apaixonado pelo setor automóvel, que ao longo de 26 anos mais do que angariar clientes, tem feito amigos.

Tendo a Tatika Motors começado em Lisboa, o que vos levou a transportar o espaço para Castelo Branco? Foi a perceção de que havia um nicho de mercado a quem poderíamos proporcionar um melhoramento da oferta, tanto a nível de automóveis, como de motas. Aqui temos um bocado de tudo… automóveis, motas, motos-quatro, karting, acessórios, entre outros. Estamos a tentar fazer um showroom motorizado. Como afirmaram a vossa presença na cidade? Entrámos com um marketing forte. Somos patrocinadores oficiais do Benfica de Castelo Branco, do Desportivo de Alcains, da Associação de Basquetebol Albicastrense e, em dias de jogos, temos os nossos veículos em exposição e ofertas para o público, como bilhetes para os jogos, camisolas ou capacetes. Se não fosse a pandemia, também iríamos marcar presença nas várias feiras e festas a realizar no distrito. Temos implementado a Tatika Motors como marca que comercializa veículos, mas também temos novidades. O Tatika Kafe é um sport bar a que os clientes têm acesso e onde podem beber algo fresco ou tomar um café, no período de negociação e pós-negociação. No que respeita a marcas, com quais trabalham? Temos a concessão da Bullit, marca belga de scramblers e meterecas; da Malaguti, marca que já conta 90 anos no mercado; da NECO, marca italiana de scooters; e mais recentemente passámos a ser subagentes da UM, marca americana.

Como define o estado atual do setor, tendo em conta a pandemia? Está muito complicado. No nosso caso, trabalhamos 95 por cento com importação. Devido ao encerramento das fronteiras, tivemos de suspender a aquisição de carros e, por outro lado, a procura de automóveis tem sido praticamente nula. Pelo menos até ao final do ano, não vejo grandes melhoras no setor automóvel. Os stands estão com o stock cheio e, para agravar, os carros foram adquiridos a outros valores e agora os preços baixaram. Por onde passa a estratégia da Tatika Motors? Estamos a dedicar-nos mais às motas e aos acessórios, até porque é um mercado em crescimento no país. Disponibilizamos motas a preços acessíveis e o mercado está a começar a responder para este tipo de veículo. Qual considera ser o fator-chave no serviço da Tatika Motors? Considero que temos um bom sistema de pós-venda. Temos um profissional dedicado exclusivamente ao pós-venda, sendo responsável por recolhas de automóveis e de os levar à inspeção sempre que o cliente não pode. Garantimos ainda carro de substituição, no caso de revisões ou reparações, e o mesmo se aplica nas motas. Vamos ainda começar a implementar aqui em Castelo Branco a mediação automóvel, que será muito idêntico ao que se passa na mediação imobiliária. Porque é que as pessoas devem escolher a Tatika Motors na hora de adquirir uma viatura? Porque asseguramos uma vasta gama de produtos, com um boa relação qualidade-preço e garantimos um serviço cuidado, fazendo muitas vezes amigos. Asseguramos preços competitivos nas motas novas e trabalhamos com carros seminovos a partir de 2.500 euros, com garantia de três anos. Atualmente, no mercado automóvel não há muita gente a dar garantia de 36 meses.

tatikamotors.cb@hotmail.com Estrada Nacional 18 Lote 23 Bairro Cruz De Montalvão Castelo Branco 82 // REVISTA BUSINESS PORTUGAL


PROMOÇÃO TERRITORIAL | C. M. SEVER DO VOUGA

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