REVISTA BUSINESS PORTUGAL EDITORIAL
FICHA TÉCNICA
Editorial
Diretor Fernando Silva
EDITORA
Já falta pouco para 2015
Diana Ferreira
Por Fernando Silva
(diana.ferreira@revistabusinessportugal.pt)
REDAÇÃO Cátia Fernandes Márcia Cardoso Kathleen Araújo Sara Gomes Ana Lopes Marta Caeiro Rita Burmester Sílvia Dias Sílvia Martins (redacao@revistabusinessportugal.pt)
PROJETO GRÁFICO, PAGINAÇÃO E DESIGN Tiago Rodrigues
Chegado o mês de dezembro e também a última edição da Revista Business Portugal de 2014, é tempo de fazer uma reflexão e, com as 12 passas numa mão e o champanhe na outra, pensar nos habituais desejos para o novo ano. Deste lado, temos o sentimento de ‘dever cumprido’, uma vez que conseguimos cumprir tudo aquilo a que nos propusemos para este ano que agora finda. Demos um grande passo na nossa trajetória, internacionalizando o nosso nome e alcançando mercados até à data por nós inexplorados. Conquistamos um pouco mais da confiança dos nossos parceiros, que continuam a escolher a nossa revista para darem a conhecer os seus feitos, as suas conquistas, os seus pódios e as suas marcas. Contamos, pontualmente, com várias personalidades do panorama nacional, que escolhem a nossa edição para darem conta da sua opinião sobre a atualidade nacional. Porque esta é a nossa última edição do ano e celebra ainda o nosso terceiro aniversário, convidamos vários nomes nacionais para figurarem nesta edição especial. Assim, convido-o a folhear a última Revista Business Portugal de 2014 e despertar o seu interesse para o que nos reservará 2015. Vemo-nos para o ano. Um abraço.
SECRETARIADO Paula Assunção (paula@revistabusinessportugal.pt)
GESTÃO DE COMUNICAÇÃO Fernando Lopes
edição premium 6- CCLF
Filipe Amorim Isabel Brandão José Machado Luís Silva Manuel Fernando Paulo Padilha
EDIÇÃO, REDAÇÃO E PUBLICIDADE Rua Engº Adelino Amaro da Costa nº15 6ºandar sala 6.1/6.2
10 - fórum portugal sou eu
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MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
INOVAR PARA CRESCER
SAÚDE E OTC
FREGUESIAS E MUNICÍPIOS EM DESTAQUE
19 - Lato Sensu 22 - Dulce Nascimento e FAF Associados 34 - Ciclum Farma 36 - Jaba Recordati
46 - Candal Park 52 - Conforama
82 - Freguesia de Alcântara 90 - Município de Pinhel
Edição premium
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL ARTIGO DE OPINIÃO
artigo de opinião O PROGRAMA DE AJUSTAMENTO E O PÓS-TROIKA Redigido por Luís Mira Amaral, Engenheiro e Economista
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iz-se que estamos pior que no início do Programa da TROIKA. Tal teria sempre que acontecer, qualquer que fosse o ajustamento, pois nós tínhamos excesso de despesa pública em relação às receitas (défice público) e os portugueses consumiam mais do que produziam (défice externo). Há três anos vivíamos artificialmente melhor do que agora, porque vivíamos a crédito!
As finanças públicas e a reforma do estado O que interessa pois é discutir a qualidade do ajustamento para ver se ele nos deu condições estruturais para um crescimento sustentável. Na oposição, Passos Coelho e o seu porta-voz Catroga prometiam que iam acabar com a lógica dos PEC’s. Ia terminar a austeridade para as empresas e famílias e começar a sério a austeridade para o Estado, com a redução drástica das gorduras do Estado, a supressão do Estado paralelo e a extinção dos organismos públicos socialmente inúteis. Ganhas as eleições, entrou em cena Gaspar que, ao contrário do prometido, se limitou a aumentar brutalmente impostos, a cortar horizontalmente vencimentos no Estado e pensões dos regimes contributivos. Esses cortes verticais no Estado pouparam os indiferenciados de salários mais baixos, mas que ganham mais que no sector privado, e atingiram os
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quadros técnicos e a Alta Administração que o país necessita! Ficámos assim com um Estado mais desmotivado e incompetente e foram postas gravemente em causa quer a confiança nos sistemas contributivos de Segurança Social quer a solidariedade intergeracional. Vamos pagar isto tudo com língua de pau! Não foi feita a Reforma do Estado com cortes verticais e selectivos. Para o fazer era preciso liderança política, visão estratégica e capacidade de gestão O monstro público não foi cortado fisicamente, apenas reprimido pelos salários e pensões, e os privilégios, designadamente do monstro eléctrico, ou seja do lóbi eólico e dos CMEC’s da EDP, ficaram chocantemente intactos! O ajustamento foi pois de má qualidade, mais pela receita que pela despesa, socialmente injusto, economicamente ineficiente e financeiramente não sustentável pois com um cheirinho de retoma o monstro público reaparece em todo o esplendor! A única austeridade expansionista em que acredito era um corte a sério no monstro público. Tinha à mesma efeitos recessivos mas começaria a recuperação com um nível de despesa pública muito mais baixo. Infelizmente, não voltará a haver condições políticas tão favoráveis…
A balança de pagamentos e o ajustamento externo A Balança de Pagamentos é formada pela Balança Corrente (BC), na qual está incluída a antiga Balança de Mercadorias, hoje Balança de Bens e Serviços, pela Balança de Capitais (BCAP) e pela Balança Financeira (BF). Por definição, a soma das três balanças dá igual a zero. A soma da BC e da BCAP é grosso modo a antiga Balança de Transacções Correntes (BTC). Portugal tinha uma BTC fortemente negativa (10% do PIB), o que significava que a BF era simetricamente positiva e portanto a poupança do Resto do Mundo estava a financiar os nossos défices externos e a acumulação destes deu a pesada Dívida Externa. Com o ajustamento, a procura doméstica contraiu-se
fortemente e o mérito dos nossos exportadores, já sem a muleta artificial da desvalorização, fez aguentar quotas de mercado numa Europa em crise (caso da Espanha) e levou a uma significativa diversificação para mercados não comunitários. Com isto a BTC apresentou saldos positivos de cerca de 2% do PIB. Os portugueses assustaram-se com o estoiro das finanças públicas e a poupança nacional aumentou de 8% para 14% do PIB (efeito ricardiano na economia). Numa lógica de fluxos de poupança (rendimento disponível menos consumo) e de investimento, sendo que a poupança é que financia o investimento, o aumento da poupança privada conjugado com a ausência (dramática) do investimento mais do que compensou a despoupança do Estado (défice público) não tendo pois que se recorrer à poupança externa (endividamento) através da BF.
O pós-troika Em suma, a austeridade e consequente retroacção do mercado doméstico imposta pelo corte de financiamento externo depois balizada e financiada pela TROIKA forçou as empresas a virarem-se cada vez mais para os mercados externos, gerando uma forte dinâmica exportadora e de internacionalização que bem se sente e que espero que seja sustentável e irreversível. Este é o único caminho possível de crescimento da economia portuguesa. Em contrapartida, o Estado não fez o seu trabalho de casa e o problema das finanças públicas não foi resolvido. O ajustamento foi pois insuficiente e nem sequer foi iniciado em áreas importantes como as da estrutura autárquica, das empresas municipais do sector de transportes públicos, e sobretudo na dimensão funções e eficiência da Administração Central. Continuamos pois no pós-TROIKA com sérios problemas de défice e dívida públicas que vão condicionar o nosso futuro colectivo
REVISTA BUSINESS PORTUGAL CAPA
Mercado finlandês com elevado potencial câmara de comércio luso-finlandesa A Câmara de Comércio Luso-Finlandesa (CCLF), sediada em Lisboa e presidida por Jorge Fontainhas, é hoje constituída por membros de todos os setores de atividade que pretendem promover as relações económicas e de investimento comerciais entre Portugal e a Finlândia.
jorge fontainhas Presidente
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ntre os membros integrantes da CCLF estão representadas algumas das indústrias mais fortes e tradicionais da Finlândia, entre elas, podem-se destacar as indústrias de base florestal, como papel e celulose, bem como fornecedores de máquinas e equipamentos relacionados com telecomunicações, medicina e engenharia. Para além destas, a Câmara de Comércio Luso-Finlandesa vê novas oportunidades de negócios entre estes dois países em áreas específicas, designadamente na proteção do ambiente e da energia, no desenvolvimento de software de TIC, na tecnologia marinha, nos serviços e no turismo. “No passado tivemos uma grande projeção porque haviam grandes empresas finlandesas instaladas em Portugal mas, dado o momento de crise, foram fechando e transferindo-se para outros países” revela Jorge Fontainhas, presidente da Câmara do Comércio
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Luso-Finlandesa. Hoje em dia, parte das atividades ali desenvolvidas estão assentes numa estratégia de parceria com outras Câmaras de Comércio que, em conjunto, organizam eventos sociais, visitas a fábricas, torneios de golf anuais, desenvolvendo também importantes debates e atividades lúdicas e todo o tipo de eventos em que os membros possam estabelecer contactos de negócio importantes. De momento, Jorge Fontainhas sublinha que são vários os setores empresariais com que trabalham, desde equipamentos médicos, equipamentos de comunicações, equipamentos marítimos, e não deixa de realçar a mais-valia de serem “setores que na Finlândia estão muito desenvolvidos, que para além de terem um bom nome no mercado, têm também muito know-how”. E uma vez que o laço com a Finlândia já leva um
caminho de 50 anos, questionamos o presidente sobre quais as razões que os levaram a escolher este país: “primeiramente apostamos na Finlândia porque apercebemo-nos que era um país que possuía equipamento de qualidade, depois decidimos estabelecer contactos e daí o resultado foi bastante positivo porque criamos boas relações. Hoje em dia é um país com quem gostamos de trabalhar, dado o elevado profissionalismo que se vive”, esclarecendo ainda que os negócios ali consolidados acabam por ser facilmente tratados, uma vez que a cultura e as relações sociais são muito parecidas com Portugal. Neste momento, a Câmara do Comércio Luso-Finlandesa representa uma dezena de empresas finlandesas, sendo a maioria dos membros empresas portuguesas que representam ou têm relações comerciais com empresas finlandesas e, de acordo com o presidente, têm obtido
REVISTA BUSINESS PORTUGAL CAPA muito sucesso ao longo dos últimos anos. Apesar do mercado finlandês ser muito abrangente, Jorge Fontainhas indica que aquilo que mais se exporta de cá é o minério (de diversos tipos) e logo de seguida advêm os têxteis “porque felizmente, apesar da conjuntura, a nossa indústria têxtil está a recuperar bem e a aumentar as suas exportações” distingue.
Abrir novos horizontes em 2015
business golf
Nestes últimos anos, o presidente da Câmara de Comércio Luso-Finlandesa revela que já se tem verificado várias empresas a manifestarem-se no sentido de pedir informações e ajuda para penetrar no mercado finlandês - sendo este um fator crucial para o crescimento. Mas a CCLF não se deixa ficar por aqui, Jorge Fontainhas explica que para conseguirem ir mais longe, os membros estabeleceram uma parceria muito importante com a embaixada da Finlândia, com o intuito de realizarem, conjuntamente, uma promoção forte procurando fomentar as exportações de Portugal para a Finlândia. Respondendo sobre as potencialidades do mercado finlandês, o presidente enfatizou o facto de ser um mercado exigente, com elevados padrões de qualidade, sendo que as empresas poderão contar com um cliente rigoroso, forçando-as a vender produtos qualificados. “Para o próximo ano temos um plano para desenvolver parcerias, que se traduzirá na transmissão de knowhow entre as empresas dos dois países” refere Jorge Fontainhas. Exemplo disso foi o que aconteceu no mês passado na Finlândia, onde decorreu um grande evento de empresas Start-up’s e onde marcaram presença algumas empresas portuguesas, que aproveitaram para estabelecer contactos importantes para o seu desenvolvimento futuro.
Peso da comunidade Finlandesa em Portugal
business breakfast
São já mais de 1000 os finlandeses que residem permanentemente em Portugal, dos quais cerca de 200 na zona da grande Lisboa. De acordo com o presidente, o Algarve é um dos pontos mais procurados, onde já há uma colónia, não só de reformados mas ultimamente também de jovens trabalhadores que escolheram esta zona do território português para residir e investir fortemente. Durante o Inverno, este número sofre um aumento significativo quando muitos finlandeses viajam,
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nomeadamente para a região algarvia e para a ilha da Madeira, para tirarem partido do sol e do clima do Sul da Europa. Neste contexto, uma das importantes entidades é Embaixada de Lisboa que prima pela proximidade e pelo contacto permanente com esta comunidade e respetivos membros. Deste modo, torna-se igualmente importante perceber a promoção dos interesses da Finlândia que abrange as relações de política externa, de economia, do comércio e da cultura. Os assuntos consulares referentes às pessoas de nacionalidade finlandesa, bem como turistas e residentes finlandeses em Portugal, representam uma das funções mais tradicionais da Embaixada em Lisboa.
Lançar empresas finlandês
para
mercado
Os planos para o próximo ano já estão bem delineados. De momento a Câmara de Comércio Luso-Finlandesa mostra-se empenhada na dinamização e divulgação dos negócios e das exportações com a Finlândia. Neste sentido, Jorge Fontainhas revela: “Estou confiante que com a ajuda da embaixada finlandesa, consigamos reavivar todo o trabalho que há e promover mais laços de negócio entre os dois países”. Assim sendo, o maior desafio para 2015, de acordo com o nosso interlocutor, é levar novas empresas nacionais com potencial a estabelecer atividades comerciais com a Finlândia, “e uma vez estabelecida a ligação, as empresas portuguesas poderão contar com um mercado muito bom, onde as pessoas são profissionais e honestas” diz o presidente, reforçando que depois de todos estes anos a trabalhar com eles, as relações de negócios sempre se revelaram bastante enriquecedoras. Ao comando e com largos anos de experiência, Jorge Fontainhas, engenheiro eletrotécnico, mostra-se um presidente experiente e um conhecedor nato tendo já sido condecorado pelo presidente da república da Finlândia, que lhe atribuiu a condecoração de Cavaleiro de Primeira Classe, da Ordem do Leão da Finlândia. As razões que levaram a esta prestigiada atribuição, tiveram fundamento nos esforços e no trabalho duradouro de grande relevância que este presidente tem vindo a dedicar às relações comerciais entre a Finlândia e Portugal desde há mais de 40 anos. Relativamente ao crescimento internacional das empresas, o nosso entrevistado considera que, para que este seja bem-sucedido, é imprescindível reunir alguns fatores importantes. Nesse sentido, destaca por um lado a capacidade de interpretar o mundo atual e de compreender os fundamentos dos novos processos de internacionalização, e por outro lado ter a capacidade para implementar no terreno as diversas estratégias de internacionalização. Posto isto, a Câmara de Comércio Luso-Finlandesa tem como finalidade apoiar os interessados com estes conhecimentos, a fim de maximizar o resultado dos processos de
business golf
business lunch - jorge vicente e samuli seilonen
gala dinner
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business golf
internacionalização. Do ponto de vista do presidente, as empresas portuguesas que pretendam constituir contactos com a Finlândia, encontrarão uma filosofia de negócio muito semelhante à nacional, visto que as empresas se mostram fáceis e flexíveis para negociar e, acima de tudo, encontrarão o fator ‘qualidade’ como requisito obrigatório. “Em 2015 a nossa esperança é que possamos contar com mais empresas a estabelecer relações com a Finlândia, e que isso se traduza em mais sócios e que a Câmara do Comércio possa crescer ainda mais, portanto vamos trabalhar convictamente nesse objetivo” afirma Jorge Fontainhas.
Celpapel - Equipamentos Industriais, lda. Como sócio gerente da Celpapel - Equipamentos Industriais, lda, sediada em Paço de Arcos, Jorge Fontainhas afirma estar num setor privilegiado, uma vez que a pasta de celulose e papel é um setor que tem tido bons resultados, graças à elevada taxa de exportação da sua produção, sublinhando que conta com uma produção de produtos de primeira qualidade. Assim, perante as adversidades do mercado nacional, o presidente realça que esta é uma indústria que tem mantido um elevado grau de investimento quer em atualização tecnológica, e permanente renovação de equipamento, quer na expansão da sua capacidade de produção. Com uma carteira de clientes fidelizada e consistente
o presidente afirma que, embora estando a representar outras marcas, ao longo dos anos tem procurado seguir uma política de respeito, que procura “estabelecer as melhores pontes entre o cliente e o fornecedor, isto é, compreender exatamente o que o cliente quer e transmitir isso ao fornecedor”, completando que isso só se torna possível com uma equipa empenhada em ajudar o cliente sempre que este solicite e, de igual modo, preocupada em procurar soluções para os seus problemas. Para além desta mais-valia, o nosso interlocutor diz ainda que os longos anos de experiência na área em que trabalha, bem como a do seu sócio Eng. James Blades também especializado na área da pasta de celulose e papel, se fazem sentir na prestação do serviço ao cliente e na confiança deste na Celpapel e suas representadas.
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Fórum “Portugal Sou Eu” destaca os benefícios para as empresas e lança debate sobre as suas potencialidades portugal sou eu
Sempre atenta aos eventos de interesse nacional, a Revista Business Portugal esteve presente na primeira edição do Fórum “Portugal Sou Eu” que decorreu dia 27 de novembro, no Centro de Congressos de Lisboa.
A sessão contou com o apoio de um dos embaixadores da marca, Júlio Isidro e de um júri constituído por empresários, autarcas, professores, pais, que pontuou os projetos. As equipas vencedoras ganharam um cabaz de produtos ‘Portugal Sou Eu’. Grupos de alunos jogaram também o jogo ‘Portugal Sou Eu’ produzido pela Science for You. A AIP enfatizou que o programa tem estado muito empenhado em aproximar a filosofia do “Portugal Sou Eu” às escolas, estimulando as crianças e jovens a preferir produtos nacionais e consciencializando-os para a importância do seu consumo.
‘Portugal Sou Eu’ nas empresas e instituições
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se em vez de comprarmos produtos e marcas estrangeiras optássemos por selecionar e adquirir bens produzidos em Portugal? É esta a ideia do programa ‘Portugal Sou Eu’, que pretende traçar um caminho inovador, permitindo que nos afirmemos dentro de portas e além-fronteiras e que levemos o ‘barco lusitano’ a bom Porto. Trata-se de um projeto criado há cerca de um ano pelo Ministério da Economia e do Emprego, que conta com quatro parceiros operacionais formado pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), Associação Industrial Portuguesa-Câmara de Comércio e Indústria (AIP-CCI), Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e pelo IAPMEI. Cada uma destas entidades tem diferentes responsabilidades que lhes foram atribuídas, tendo como principal objetivo a promoção de produtos agrícolas e industriais produzidos em Portugal com o intuito de aumentar o seu consumo no mercado interno e externo. De modo a evidenciar-se, o programa lançou um selo que é colocado em todos os produtos lusos para identificar a incorporação nacional (de pelo menos 50 por cento). Assim, este selo serve para chamar a atenção dos consumidores para o que é produzido em Portugal,
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trazendo também mais-valias para os empresários, uma vez que poderão não só aproveitar todo o plano de comunicação e marketing que a imagem de marca traz, mas também melhorar a sua competitividade e contribuir para uma economia sustentável. Definindo-se como uma forma simples de fazer diferença no país, o ‘Portugal Sou Eu’ não se empenha apenas em fomentar a imagem do produto português, mas igualmente em criar sinergias entre empresas, permitindo que empresas que não costumavam adquirir produtos produzidos em Portugal que possam agora recorrer a fornecedores do mercado internam.
Balanço do Fórum Portugal Sou Eu ‘Portugal Sou Eu’ nas escolas A parte da manhã do Fórum contou com alunos das escolas básicas e secundárias que integraram uma das atividades do ‘Portugal Sou Eu’ geridas pela AIPCCI. Cerca de 400 crianças e jovens assistiram à apresentação de 14 projetos de criação de negócios com produtos portugueses por grupos de alunos provenientes de escolas de todo o país.
Dos muitos intervenientes que deram voz ao fórum na parte da tarde dirigida às 88 empresas que marcaram presença na área de exposição e aos 600 participantes que visitaram o fórum; Vítor Neto, vice-presidente da AIP, no seu discurso de abertura fez questão de ressalvar que esta é uma iniciativa que vai muito além da “valorização da oferta nacional através da atribuição de selo às empresas aderentes e da mobilização dos consumidores”, revelando que os estudos efetuados ao longo desta primeira edição espelham diversas preocupações do ponto de vista económico-social de extrema importância. Nesse sentido, o vice-presidente da AIP realçou que o programa tem como principal foco atuar no campo da cooperação empresarial, promovendo parcerias e acordos entre PME, promovendo cadeias de valor horizontais – da produção à distribuição - sendo esta uma vertente essencial, uma vez que muitas PME aderentes ao selo necessitam de um apoio para chegar às redes de distribuição. Outro objetivo que indicou como vital foi a promoção de redes entre grandes empresas e fornecedores e, finalmente, a promoção de redes colaborativas através de plataformas eletrónicas. Neste seguimento, ao apoiar a promoção desta iniciativa, a Associação Industrial Portuguesa e as outras entidades parceiras assumem estar a contribuir para a valorização da oferta nacional, para o aumento do PIB e também apoiar as empresas na visibilidade perante o mercado, contribuindo a longo prazo para a substituição
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de importações. Dos QUATRO parceiros operacionais (AEP, AIP-CCI, CAP, IAPMEI) competiu a cada um a responsabilidade de promover várias iniciativas para dinamizar este projeto, e foi evidente a aposta de todos na sensibilização das empresas, realizando vários workshops e eventos por todo o país, de forma a informar os empresários como aderir ao selo ‘Portugal Sou Eu’ e identificar quais as potencialidades do mesmo. Já o embaixador da marca ‘Portugal Sou Eu’, Carlos Coelho fez questão de enfatizar na conferência do 1º Fórum que “atualmente na maioria dos produtos portugueses há uma enorme desvalorização da perceção e um elevado desinvestimento na parte imaterial do produto” realçando que neste momento “devemos aproveitar os holofotes que a crise nos tem dado e que estão colocados sobre Portugal para dar a conhecer o que de melhor temos”. A grande ambição do embaixador é que o programa ‘Portugal Sou Eu’ seja o escutador do orgulho que todos os portugueses têm dentro de si pois, na ótica de Carlos Coelho “não há nenhum país no mundo que tenha tanto passado para usar no seu futuro”.
para o negócio dos retalhistas e para os consumidores. Os retalhistas reconhecem várias vantagens associadas à comercialização de produtos com selo ‘Portugal Sou Eu’, sejam diretas (como a utilização de materiais de comunicação específicos) ou indiretas (como ajudar a desenvolver a economia e incentivar a procura de produtos com origem nacional). Do conjunto de retalhistas que comercializam produtos com este selo (que representam cerca de 20 por cento dos retalhistas inquiridos), a maior parte vende nos seus estabelecimentos entre três a seis produtos com selo. A análise das experiências dos estabelecimentos analisados revelou ainda que os retalhistas admitem ter um papel importante na dinamização do programa.
Benefício para os empresários O fórum contou também com o painel sobre os benefícios de adesão das empresas em que Luís Mira, secretário-
geral da CAP, e Norma Rodrigues, diretora geral da AIP, evidenciaram que o programa tem a vantagem de ser uma “marca chapéu” para as empresas que, através de um conjunto de meios que lhe estão associados, informará o consumidor de que apostar em produtos com o selo ‘Portugal Sou Eu’ é apostar na produção nacional, no emprego e numa melhor qualidade de vida para todos. O Programa que começou por se direcionar para o setor agrícola e industrial e mais tarde também o artesanato abre-se agora ao setor dos serviços que representa 80 por cento das empresas sediadas em Portugal. A grande maioria dos produtos tem patentes e/ou marcas registadas e 76 por cento integra o setor da alimentação e bebidas. Já no portal online estão registadas mais de 1100 empresas nacionais, cujos produtos estão em processo de qualificação, e têm selo atribuído mais de 2500 produtos. João Machado, presidente da CAP, salientou também os esforços que estão a ser feitos junto da APED no sentido de promover a articulação entre as empresas aderentes ao Programa e a distribuição. O ‘Portugal Sou Eu’ também formalizou um protocolo com a AICEP de modo a que as Feiras Internacionais evidenciassem a marca tornando-a assim mais percetível junto dos compradores externos.
Preferências dos portugueses No âmbito de um estudo do Centro de Estudos de Gestão do ISEG, coordenado por Helena Gonçalves, o ‘Portugal Sou Eu’ é já conhecido por 15 por cento dos portugueses questionados e o conceito de Portugalidade está maioritariamente associado ao vinho, à gastronomia, à praia, ao sol, ao futebol, ao fado, à bandeira, à calçada portuguesa e aos monumentos mais emblemáticos. Mediante o estudo, é possível concluir que cerca de 60 por cento do universo do mesmo, refere que opta pela compra de produtos portugueses. Os consumidores mais jovens e os consumidores menos escolarizados
Impacto no setor retalhista Mira Amaral, administrador da Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI) fez uma abordagem estratégica ao Programa suportada nos resultados de um inquérito nacional a empresas do setor retalhista e nas experiências de diversos estabelecimentos aderentes ou em processo de adesão. O inquérito nacional permitiu comprovar que mais de metade dos retalhistas auscultados está familiarizada com a iniciativa e com os produtos ‘Portugal Sou Eu’. Os resultados do inquérito nacional conduzido junto de 600 empresas de comércio e retalho permitiram verificar que a grande maioria dos retalhistas considera que este programa é importante para as empresas nacionais,
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Henrique Sá Pessoa, João Manzarra, Júlio Isidro, Júlio Magalhães, Justa Nobre, Luís Buchinho, Luís Onofre, Rosa Mota e Vítor Sobral. O secretário de estado da economia Leonardo Mathias procedeu à investidura durante o Fórum a nova embaixadora Fátima Lopes que o acompanhou na interação com as empresas aderentes ao Portugal Sou presentes na área exposicional do evento. Deste modo, através dos seus testemunhos e da presença em eventos, os 17 embaixadores do projeto têm contribuído, através da participação em ações diversas, para sensibilizar e divulgar a iniciativa por todo o país. fator-chave da reindustrialização em Portugal” e Miguel Cruz, presidente do IAPMEI referiu que no futuro se irá promover uma maior visibilidade da marca, o seu reforço nos mercados externos e a continuação da parceria entre a sociedade civil e o Estado. A moderação do painel foi assegurada pelos jornalistas Júlio Magalhães e Fernanda Freitas, embaixadores do ‘Portugal Sou Eu’.
Embaixadores do Programa são os que estão menos sensibilizados para a compra de produtos nacionais. Ainda neste inquérito pode-se concluir que os portugueses percecionam da mesma forma os diferentes símbolos de Portugalidade que encontram nas embalagens dos produtos. Na ótica dos consumidores estes selos significam que o produto é total ou parcialmente produzido em Portugal.
Estratégia Futura do Programa O painel contou com a participação de Paulo Nunes de Almeida, presidente da AEP, e de empresas reconhecidas e aderentes. Mediante as diversas potencialidades que o programa traz, o presidente da AEP, deixou bem claro no seu discurso que as empresas e as marcas portuguesas ao adquirirem o selo ‘Portugal Sou Eu’ estarão a contribuir, de forma significativa, para a dinamização da economia, para o combate ao desemprego e também para o crescimento do PIB, salientando que neste projeto “há uma qualificação dos produtos que exige um trabalho aprofundado das empresas aderentes” e que será fundamental manter esse rigor e prestígio do selo além-fronteiras. Sobre a estratégia futura do programa, Augusto Mateus referiu que “a especialização internacional em tarefas e atividades suficientemente inteligente e dinâmica passa pela servitização como
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Atualmente são já várias as figuras públicas de diversos quadrantes da sociedade portuguesa que aceitaram o convite do Ministério da Economia para serem embaixadoras do projeto ‘Portugal Sou Eu’ designadamente: Carlos Coelho o criador da marca Portugal Sou Eu, Carolina Piteira, Cláudia Vieira, Cristina Ferreira, Cuca Roseta que lançou no evento o Fado ‘Portugal Sou Eu’, Fernanda Freitas, Fernando Gomes,
Ministro da Economia no 1º Fórum “Portugal Sou Eu” Foi António Pires de Lima, ministro da Economia, que encerrou o primeiro Fórum ‘Portugal Sou Eu’ no Centro de Congressos de Lisboa, lançando um desafio aos empresários para que estes façam do ‘Portugal Sou Eu’ um catalisador da economia. Nas palavras do ministro, foi possível perceber a evidente ambição de ver os empresários e produtores nacionais ativos, unidos e seguros, podendo usufruir das várias potencialidades que o programa traz consigo. Outro objetivo é que os intervenientes continuem a fazer deste projeto uma alavanca para a economia, uma vez que este “vai continuar à disposição de todos os que defendem com orgulho a qualidade única dos produtos portugueses e o talento das pessoas que trabalham diariamente para o reconhecimento da marca Portugal em todo mundo”.
REVISTA BUSINESS PORTUGAL ARTIGO DE OPINIÃO
artigo de opinião Crise e Desigualdades Redigido por Maria de Belém, deputada da Assembleia da República
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m época de Natal, não posso deixar de me sentir interpelada pelo último Relatório da OCDE, recentemente publicado, sobre as desigualdades na distribuição de rendimentos e em que se afirma que elas nunca foram tão grandes como nos últimos 30 anos. Vários poderão ser os ângulos de análise desta realidade mas vou concentrar-me nos seus aspectos políticos, sociais e económicos. Muitos têm sido os autores que se debruçam sobre este tema e entre os mais relevantes, destaco Stigliz e a sua obra “O preço das desigualdades” e Thomas Piketty “Capital no século XXI” que, realizando uma análise na qual me revejo integralmente, frisam que a principal consequência das desigualdades - porque não respondem ao ideal básico da justiça - é a do rompimento da coesão social, causando instabilidade económica e social. E porquê? O paradoxo de Easterlin dá-nos resposta a isso: “O bem estar de uma sociedade não progride com a riqueza do país; explica-se, em parte pela preocupação dos seres humanos de se medirem em função do outro”. Ora, se é assim, nas sociedades em que a distribuição dos rendimentos é altamente assimétrica e em que aqueles que auferem muito são cada vez menos e os que auferem pouco ou muito pouco, são cada vez mais, a situação pode tornar-se explosiva, do ponto de vista político e social porque é percepcionada como injusta e iníqua. E a sociedade actual é escandalosamente injusta!
De acordo com o último relatório da OXFAM, as 67 pessoas mais ricas do mundo têm um rendimento equivalente à metade mais pobre da humanidade, 3 mil e 700 milhões de pessoas! Segundo aquela organização quando acontece uma disparidade desta dimensão, verifica-se uma verdadeira “captura das oportunidades” por apenas alguns e o próprio poder político passa a servir aqueles que detêm o poder económico. Sabemos que este fenómeno de crescimento das desigualdades, tem sido progressivo desde os anos 80. Ele acompanha a concretização das teorias da Escola de Chicago, adoptadas por Reagan e Tatcher, que defendem o Estado mínimo e o mercado máximo, acreditando no poder auto-regulador deste e no desperdício que o Estado Social significa. A crise financeira de 2007, veio demonstrar a falência destas teorias, mas isso não significou, com apenas algumas excepções, que se tenha invertido o caminho. A própria abordagem da crise e os programas de assistência financeira adoptados e impostos aos países vítimas de especulação sobre a sua divida soberana vieram agravar estes fenómenos. E, apesar de os indicadores serem cada vez mais negativos, quer do ponto de vista económico, quer social, tarda a haver inversão de caminho. Como dizia Hannah Arendt, “a política não é um meio de satisfação de preferências individuais mas,antes, uma forma de integrar os indivíduos em torno de uma concepção partilhada de bem comum, pelo que o exercício da política só é legitimo se tiver como fim último essa realização”. Ora, aquilo que se verifica é que a preocupação com o bem comum anda genericamente arredada dos verdadeiros centros de decisão, e fenómenos bem recentes, como os da adesão de cidadãos ocidentais às teorias e acção do Estado Islâmico que se apresenta como verdadeira ameaça global, vêm demonstrar até que ponto a não resposta dos poderes políticos à necessidade básica de justiça pode transformar-se em algo de incontrolável. A União Europeia, berço dos direitos fundamentais, ao contrário do que seria natural esperar, tem-se mostrado
incapaz de reorientar a sua acção no caminho certo. O resultado dos programas de assistência financeira, ferozmente impostos aos países com mais debilidades estruturais, mostra que nenhum dos seus problemas de fundo foi resolvido e, ao contrário, a situação económica e social foi profundamente agravada. Considero que os países do sul da Europa, os mais atingidos, terão que se unir para exigir novas políticas à União Europeia. Os níveis de desemprego atingidos – sobretudo o dos jovens e os dos com mais de 45 anos de idade – o crescimento da pobreza e da privação material severa – designadamente a nível das crianças - e a subida da taxa de incidência da doença mental clamam por uma atenção reforçada aos indicadores sociais, até agora tratados como parentes pobres. Considero que deveria ser proposto um tratado que, a exemplo do de Maastricht para os indicadores económicos, fixasse metas e indicadores sociais obrigatórios para os países membros, cujo não alcance daria origem também a sanções. Entretanto, e para forçar a alteração da política fiscal europeia – que tem convivido bem como os paraísos fiscais no seu seio e com os mecanismos de evasão fiscal que prejudicam alguns Estados-membros em favor de outros – deveria equacionar-se, junto do Tribunal da União Europeia, a instauração de processos de recuperação de receitas fiscais não cobradas no local onde o rendimento é gerado, mercê dos mecanismos de planeamento fiscal que, com tão grande generosidade, as instâncias próprias da União Europeia se esforçam por não ver! E, se nada acontecer de alteração nestes domínios, é porque afinal, a OXFAM terá razão! Quando as desigualdades atingem níveis da dimensão dos actuais, corre-se um grave risco de captura do poder político pelos poucos cada vez mais ricos e entra-se num ciclo de reprodução das desvantagens que se perpetuam ao longo de gerações! Não é para isso que a Democracia existe, nem é para isto que o Natal acontece!
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Propriedade Industrial e Internacionalização gastão
Empresários e gestores portugueses estão cada vez mais fiéis à máxima “quem não inova desaparece”, pois é desta forma que conseguem afirmar-se em “velhos” e “novos” mercados e recuperar financeiramente.
david serras pereira e alexandra paixão
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e facto, a crise económica/financeira que se instalou em Portugal desde aproximadamente 2008, tem impulsionado a necessidade de inovação e de internacionalização de pequenas e micro empresas. Para tal concorreram a menor liquidez por parte dos consumidores e consequentemente a retracção do consumo interno, a dificuldade de criação de novos negócios que não se traduzissem em cash-out e ainda uma forte necessidade de se destacarem da concorrência. E na verdade, a inovação e a internacionalização são conceitos ligados entre si através de um mecanismo de casualidade cumulativa. Quanto mais inovadora uma empresa for, maior será a capacidade competitiva no mercado onde actua e, consequentemente, mais facilmente terá oportunidade de se internacionalizar. Por outro lado, uma empresa solidamente internacionalizada, terá maior possibilidade de inovar naquilo que produz, na medida em que o contacto privilegiado que tem com outras realidades lhe permitem absorver, desenvolver e implementar as inovações prosseguidas. Porém, a internacionalização de uma empresa deve ser bem ponderada e com uma estratégia bem definida e não apenas porque se possui momentaneamente uma situação financeira confortável.
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Dos inúmeros objectivos e estratégias que é necessário definir, os empresários não podem esquecer o conceito de “MARCA EXPORTADORA” no momento de escolherem a sua. Este conceito, que foi criado pela consultora Gastão da Cunha Ferreira, tem sido uma boa ferramenta de trabalho para vários empresários exportadores. Como sabemos, a marca pode ser constituída, entre outras coisas, por um slogan, um som, uma imagem, pode ser um rótulo, uma etiqueta, um tipo de embalagem ou um cheiro. Ou seja, por formas que permitam à empresa ou ao empresário distinguir-se dos seus concorrentes de forma a potenciar as margens de lucro. Ora a “MARCA EXPORTADORA” incorpora tudo isto, de forma eficiente e programada, com especial enfoque para o comércio internacional, tendo subjacente os princípios basilares da Propriedade Industrial e do Marketing. A escolha da Marca Exportadora mostra-se uma tarefa de suma importância e é bem mais complexa do que pode inicialmente parecer. A experiência do nosso Gabinete, ao fim de mais de 75 anos de actividade, permite-nos tirar várias conclusões, como por exemplo que pode não ser aconselhável usar na exportação, a mesma marca que é usada no comércio nacional. Por outro lado, no momento da escolha da MARCA EXPORTADORA há que ter atenção as caraterísticas do produto/serviço e as especificidades do mercado alvo. A língua portuguesa é caracterizada pelas suas acentuações típicas e ditongos, pelo que devem estas características ser usadas o menos possível. Esta estratégia permitirá criar uma marca de fácil pronunciação no mercado exportador. E, sempre que possível, associá-la a uma imagem, já que o consumidor a irá guardar mais facilmente na sua memória. Outro cuidado
extremo, que o empresário deve ter, é assegurar-se que a denominação pretendida não tem uma conotação negativa no mercado alvo. Deste modo, a MARCA EXPORTADORA deve ser estrategicamente planeada o que implica fazer uma análise SWOT, um posicionamento, uma política de marca e segmentação. Apesar de ser uma questão complexa, o desafio da internacionalização é permitido a todos: a pequenas, médias e a grandes empresa! Contudo, é certo que maior sucesso terá aquela que comercializar produtos/ serviços mais inovadores e que se destaque mais da concorrência. Alexandra Paixão Gastão Cunha Ferreira, Lda.
REVISTA BUSINESS PORTUGAL CORRETORES DE SEGUROS
Seguros personalizados à medida do cliente plc - corretores de seguros Um corretor de seguros tem como missão primordial analisar os riscos aos quais o segurado está exposto e encontrar o produto mais adequado às suas necessidades, tendo em conta o melhor custo em sintonia com o maior benefício. É nessa lógica que a PLC – Corretores de Seguros, S.A. trabalha. À conversa com o administrador, Pedro Cardoso, a Revista Business Portugal foi perceber aquilo que a distingue, de forma a conhecer as potencialidades da mesma dentro de um setor extremamente competitivo.
Pedro Cardoso Administrador
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ssim sendo, a excelência do serviço é, desde logo, um ponto crucial e obrigatório nas suas atividades diárias, tanto no campo produtivo, como no técnico. Pedro Cardoso começa por esclarecer que os corretores, por serem aqueles que melhor conhecem os produtos de seguros, acabam por ser quem melhor pode aconselhar o cliente. Seguindo esta lógica, na PLC essa relação é estabelecida de uma forma muito aprofundada, através da qual a empresa atua não apenas como um simples vendedor, mas essencialmente como um consultor na indicação da apólice. Com escritório em Lisboa, Cascais e Gondomar, a PLC – Corretores de Seguros, S.A., tem registado um crescimento significativo – de 14 por cento (ano de 2013-2014), não só ao nível dos serviços, mas também a nível da consolidação da carteira de clientes - registando uma taxa de fidelização de 80 por cento até à data. E porque chegar ao sucesso exige mais do que trabalhar em abundância, questionamos Pedro Cardoso sobre quais os fatores que distinguiam a PLC das demais empresas do setor, pelo que assinalou de imediato o Risk Management – isto é, “não o vendemos preço pelo preço mas sim «o melhor preço». Isto quer dizer que
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o nosso custo não é o mais reduzido mas sim aquele que é justo, consoante o risco da situação e a gestão de risco que nos levará a fazer” explica, acrescentando que o elemento ‘qualidade’ está sempre patente nas propostas que apresentam. No entanto, o administrador não deixa de denotar que hoje em dia a tendência natural do cliente é olhar essencialmente para o preço, deixando de lado outros fatores decisivos para que o processo tenha o retorno pretendido. Nas palavras do nosso interlocutor, o que o cliente quer quando recorre a um consultor, mediador ou um corretor de seguros é que seja feito um «fato à medida» – que é exatamente a filosofia da PLC, visto que se foca em fazer um «fato» que se ajuste perfeitamente ao cliente e à sua situação. Neste âmbito, sendo o seguro um contrato por vezes complexo, com características singulares, que o torna desconhecido do grande público, o papel do corretor é essencial para clarificar as suas particularidades e assessorar o cliente para seguir aquilo que é a escolha mais assertiva. Seguindo com rigor esse caminho, a PLC reúne profissionais qualificados para intermediar a negociação, agindo como representante do segurado junto à seguradora e o mais habilitado para um atendimento
personalizado e competente. Para além disso, um dos aspetos mais característicos do serviço da PLC é que há um ajustamento das coberturas à necessidade do cliente, que se traduz não só em preço mas também em coberturas “uma vez que estes dois fatores estão intimamente ligados porque o capital é só um” clarifica. Relativamente aos tipos de cliente, Pedro Cardoso garante não haver qualquer diferenciação na abordagem para aos diversos públicos, referindo que poderá existir diferenciação numa fase a posteriori com as companhias de seguros. Posto isto, no que respeita ao mercadoalvo, são as PME e os particulares que se encontram atualmente no patamar dos serviços prestados pela PLC. E dentro deste âmbito, Pedro Cardoso enfatiza que atualmente o mercado da Pequena Média Empresa, é um tipo de mercado mais tranquilo, fiel e mais seguro para se trabalhar, não descurando a hipótese de ter clientes de maiores dimensões. Outro fator diferenciador é a preparação e a capacidade que a empresa tem ao prestar um serviço, “por exemplo, nos seguros de responsabilidade civil ambiental, temos que estar munidos de um engenheiro do ambiente porque são eles, os especialistas, que sabem avaliar as situações daquela natureza”, sendo este fator determinante para fazer uma avaliação correta da sinistralidade. Na PLC trabalha-se todo o tipo de seguros, muito embora a área onde está mais especializada até à data tem sido a área do turismo, uma vez que é a mais desenvolvida do país. Sobre a sua forma de atuação, o nosso interlocutor clarifica “a meu ver primeiro tem que se encontrar qual o melhor parceiro e o que presta o melhor tipo de serviço”. Sendo que a área dos seguros é muito transversal, o administrador refere que o cliente deverá também orientar a sua decisão pela solvabilidade das empresas, que no caso da PLC apresenta um rácio de 98 por cento. Para o futuro, Pedro Cardoso diz que é necessário uma mudança de mentalidades, nomeadamente sobre a importância de investir num seguro personalizado e com a máxima qualidade.
REVISTA BUSINESS PORTUGAL MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
Mediação de conflitos
A
mediação é um recurso recente em Portugal, surgindo na esfera pública à pouco mais do que uma década, na esfera privada está ainda «a sair da infância», porém, em outros países, como nos Estados Unidos da América a mediação tem sido utilizada com êxito há mais de 30 anos. A mediação de conflitos define-se como um recurso extrajudicial, privado e voluntário de resolução de conflitos, sendo especialmente vocacionada para todos os litígios em que há interesse, por parte dos seus intervenientes, em atender, não só ao presente mas, também, às consequências futuras da solução a encontrar. Pretende-se ainda, a manutenção das suas relações (comerciais, de vizinhança, de amizade, familiares) ou a sua melhoria, através de uma atitude de responsabilização e cooperação cívica, respeitosa e sigilosa, na resolução do problema e sua observância futura. A mediação assume-se como um processo com duração variável, tendo em conta o tipo da persistência dos conflitos, da complexidade dos temas e do relacionamento e abertura das partes envolvidas. O processo tem início com a pré-mediação, na qual o mediador designado informa os mediados sobre o que é a mediação, quais as suas etapas, avalia se as questões que são por elas trazidas são adequadas ao emprego da mediação e qual a vontade das partes em participarem. Nas reuniões seguintes desenrola-se a mediação propriamente dita, durante a qual os mediados, com o apoio do mediador, dialogam sobre o conflito e trabalham em conjunto com o objetivo de encontrarem uma solução que vá ao encontro das suas necessidades e interesses. A mediação define-se como uma alternativa aos tradicionais meios de resolução de diferendos, dado que é mais humana, mais económica e mais célere. Para além disso, a mediação também é alternativa porque está mais próxima dos cidadãos e nesse sentido responde aos seus anseios por uma “justiça mais justa”.
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
“Complexidade vai muito além dos meros conflitos jurídicos” lato sensu Apesar de todos os benefícios em relação ao sistema judicial, a mediação familiar continua a ser pouco procurada. Conversamos com Carolina Viana, mediadora familiar na Lato Sensu, sobre as mais-valias deste meio de resolução alternativa de litígios.
carolina viana Mediadora
Em que consiste a mediação familiar? A mediação familiar é um meio de resolução alternativa de litígios emergentes de relações familiares que procura, com a assistência de um profissional imparcial, obter a satisfação equilibrada de interesses distintos, tornando o processo mais eficaz, menos dispendioso e mais célere, e atingindo, na maior parte das vezes, um acordo entre as partes que traduz o consenso por elas atingido. Há quanto tempo existe mediação familiar em Portugal? É um trabalho bastante procurado? A mediação familiar existe em Portugal desde o início
dos anos 90, tendo sido criada em 1990 a primeira estrutura de mediação portuguesa, o Instituto Português de Mediação Familiar. Em 1997,surge o Gabinete de Mediação Familiar em Lisboa, impulsionado pelo Ministério da Justiça, mas que apenas tinha como objeto a regulação das responsabilidades parentais. Hoje o sistema (Público) de Mediação Familiar abrange todo o território nacional e a mediação privada é já uma realidade. Apesar de ser usada com êxito há algumas décadas em países como os Estados Unidos, China, Japão, Canadá, Brasil, Argentina, e alguns países da Europa, em Portugal é um recurso relativamente recente e, apesar de todos os benefícios em relação ao sistema judicial, a procura deste meio continua abaixo do esperado. Temos uma cultura de resistência à mudança e um sistema judicial conservador e burocrático, que tem sido um obstáculo à aplicação de mecanismos de celeridade, nomeadamente de meios de resolução alternativa de litígios como a mediação. Qual é a mais-valia que a mediação pode trazer em relação ao recurso aos tribunais clássicos, como forma de resolução de conflitos? Julgamos pertinente entender a mediação familiar como o surgir de uma resposta alternativa à resolução
litigiosa de conflitos, procurando capacitar as pessoas para construção de soluções, não influenciando vontades, mas organizando pensamentos e gerindo emoções entre os interlocutores. A complexidade dos conflitos familiares gera dinâmicas de confronto que vão muito para além dos meros conflitos jurídicos, que muitas vezes se confundem e submergem naqueles. Reconduzir o conflito a uma perspetiva meramente jurídica ignora um conjunto de problemas que poderão repercutir-se durante anos, muitas vezes inviabilizando acordos já estipulados. A falta de participação das partes no processo, bem como a ausência de comunicação e cooperação, tornam estes acordos ineficazes e perpetuam o conflito familiar, sendo muitas vezes as crianças as principais vítimas desta ineficácia. Deparamonos com um sistema judicial desligado da complexidade e das especificidades das relações familiares, assente num modelo demasiado hierarquizado e formalista, ainda em grande medida distanciado das mudanças e da evolução da sociedade. A sua função reparadora, preventiva e renovadora fazem da mediação uma forte alternativa à via litigiosa para quem precisa de um serviço de resolução de litígios construtivo e célere, para quem pretende procurar soluções baseadas no respeito e compreensão mútuos. Por onde passa o futuro da Lato Sensu? Dentro do âmbito da mediação, há três áreas prioritárias para o futuro da Lato Sensu e que dão continuidade ao trabalho que tem sido desenvolvido ao longo destes anos: o gabinete de mediação familiar, trabalhando com quem nos procura na resolução dos conflitos familiares; a organização de encontros, nomeadamente palestras e congressos que contribuam para a divulgação desta forma de resolução alternativa de litígios, e a formação. O que pretendemos essencialmente é divulgar estes conceitos para que a cultura da mediação seja definitivamente implantada em Portugal.
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
‘Mediamus’ por uma sociedade mais justa mediamus Duas amigas que se cruzam no caminho da advocacia e, simultaneamente se apaixonam pela mediação. Assim se resume a história da Mediamus, com sede em Lisboa. Conversamos com as duas amigas, Helena Dantas e Marina Henriques e ficamos a conhecer melhor este projeto. dão imenso, fazem-nos perceber como o ser humano é generoso, como há tanta gente que se preocupa verdadeiramente com o outro. Estas pessoas têm imenso valor, mas nem sempre a nossa sociedade as valoriza. Na realidade, muitas vezes nos questionamos se não seremos nós quem mais ganha com estas formações, porque aprendemos imenso. As pessoas partilham as suas histórias connosco, as suas experiências, as suas vivências e são sempre momentos muito gratificantes.
helena dantas e mariana henriques Mediadoras
De que forma pretendem fazer com que a mediação transforme a vida dos vossos clientes? Dando-lhes a conhecer que ela existe, para que serve, como funciona, quais as vantagens. De facto, constatámos que a maior dificuldade que encontramos no nosso dia a dia é o desconhecimento pelo cidadão de que a mediação existe e que pode resolver os seus conflitos de uma forma diferente, mais pacífica, mais justa. O nosso contacto diário com os Tribunais, devido ao exercício da advocacia, não nos deixa dúvidas de que a mediação serve melhor a justiça e os cidadãos na maioria dos processos. Só temos pena que o próprio cidadão não tenha noção disso. Estamos convencidas de que logo que a mediação passe a ser mais conhecida, será uma opção lógica para todos os cidadãos, uma vez que visa essencialmente o restabelecimento da comunicação entre as partes e/ou a subsistência da relação entre elas existente. Ao que acresce o facto de ser mais célere e ter custos muito inferiores aos de um processo judicial. Para além da mediação, a Mediamus também organiza ações de formação, sessões de esclarecimento e workshops sobre temas relacionado com o Direito, com maior incidência na mediação familiar e escolar. É importante este complemento? Entendemos que sim, é aliás fundamental. Em primeiro lugar, porque nos ajuda a divulgar a mediação e a esclarecer as pessoas sobre este e outros temas importantes para as decisões do dia a dia. Mas também porque estas pessoas que connosco se cruzam nos
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e de rácios relativamente à quantidade de processos existentes nos tribunais, nada faz e se for preciso ainda cria entraves. Quais as vantagens de optar pela mediação? São todas. É um serviço prestado por profissionais certificados e reconhecidos pelo Ministério da Justiça; célere; eficaz, dado que está demonstrado que a percentagem de acordos alcançados e cumpridos em mediação é muito elevada; o custo é reduzido face aos custos, emocionais e financeiros, de um processo judicial; entre outras vantagens igualmente importantes. Mas a maior e principal vantagem da mediação é que contribui, em grande medida, para a paz social, que é algo que muito valorizamos.
Quais as principais dificuldades com que se deparam no dia a dia enquanto mediadoras? Temo-nos deparado realmente com muitas dificuldades. Desde logo, o facto do cidadão desconhecer a mediação. Mas não é só o cidadão. Muitos profissionais ligados à justiça não conhecem a mediação. Alguns já * Leia esta entrevista na íntegra em www.revistabusinessportugal.pt ouviram falar, mas não sabem o que é e como funciona. Outros autointitulam-se mediadores, porque acham que é o que fazem no seu dia a dia, mas na realidade não fazem ideia do que é verdadeiramente a mediação. Neste caso, falamos sobretudo de advogados e juízes. Mas, mais grave ainda, existem profissionais que têm obrigação de saber o que é a mediação e como funciona, têm a obrigação de explicar e esclarecer o cidadão quanto a isto todos os dias, e não sabem sequer do que estão a falar. E neste caso já incluímos o caso dos conservadores do registo civil, por exemplo. Além disto, temos outras dificuldades. O Estado, que é, na nossa opinião, Rua de Entrecampos, nº. 48, R/C Esq. • 1700-159 Lisboa o maior interessado na Telefone: 21 887 42 30 • Fax: 21 887 32 86 divulgação da mediação, geral.mediamus@outlook.com tendo em conta as suas www.mediamusconflitos.blogspot.com vantagens, até financeiras
Mediação de Conflitos • Laboral
• Civil
• Familiar
• Comercial
• Escolar
• Penal
Acções de Formação e Sessões Informativas
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Por uma nova cultura de convivência Mónica soares - Gabinete de Psicologia e Mediação de Conflitos Ligada à área de mediação de conflitos desde 2006, Mónica Nogueira Soares tem-se centrado na mediação familiar e escolar. A Revista Business Portugal foi conhecer melhor o trabalho que desenvolve em prol de uma nova cultura de convivência.
legítimos para resolver os seus próprios problemas. O trabalho que tenho vindo a desenvolver serve para promover esta cultura de convivência e de mediação nas escolas.
mónica soares Mediadora
Como é que começou a trabalhar na área da mediação escolar? Como trabalho numa escola no meu dia a dia percebi que fazia todo o sentido aplicar os princípios de mediação na escola, aos alunos para eles aprenderem a gerir os conflitos não apenas numa situação de mediação no gabinete, mas aplicarem estes princípios nas relações diárias. Atualmente, os miúdos são capazes de dizer tudo através das redes sociais ou com o recurso às mensagens do telemóvel e depois quando estão na escola cara a cara já disseram tudo e muitas vezes o que resta é a agressão física. É lamentável que quando chamava estes miúdos, porque a direção da escola recorria a mim para gerir estas situações percebia que nem conseguiam olhar olhos nos olhos do colega, nem eram capazes de justificar as atitudes que tinham ou conversar sobre a situação. Na minha opinião, a mediação não é apenas uma estratégia de resolução de conflitos, é uma forma de estar. Faz todo o sentido promover nas escolas os princípios de mediação como o respeito pelo outro, por mim próprio, o direito que tenho de sentir o que sinto e de exprimir o que sinto e de justificar perante o outro as minhas atitudes para que os mais jovens se sintam
Essa forma de mediação nas escolas passa só por intervir apenas quando existe um problema ou existe algum trabalho prévio? Temos as duas vertentes. Temos a mediação formal, um gabinete onde recorrem depois da situação já ter ocorrido, seja entre professores, entre alunos, entre professor-alunos, ou mesmo entre funcionários e temos ainda a mediação informal que passa por promover a cultura da mediação e os seus princípios a todos os agentes da comunidade escolar, isto é, professores, funcionários, técnicos, alunos, encarregados de educação. Esta vertente implica desenvolver ações de sensibilização, informação e formação com estes diferentes agentes de forma continua e sistemática. Entende que esta é uma área importante que deveria ser mais trabalhada nas escolas? Completamente, embora ainda encontremos pouca recetividade por parte dos professores. Existe ainda muito a ideia de que o professor é a autoridade e o desconhecimento face à mediação dá a ideia que se me submeto a um processo de mediação estou a perder a minha autoridade, a descer na minha hierarquia e a pôrme ao mesmo nível do aluno. Na mediação, as partes têm o mesmo poder e os professores, muitas vezes não conseguem perceber que é apenas uma situação momentânea e que nada tem que ver com a relação professor-aluno que se mantém, independentemente do
processo de mediação. Os docentes que já percebem a dinâmica da mediação e o que ela implica aderem muito mais facilmente e eles próprios vão adotando uma postura onde os princípios da mediação estão conseguindo resultados muito positivos ao nível da relação professor-aluno e da dinâmica da sala de aula. Os pais também são envolvidos quando existem conflitos? Em certa medida sim, embora os pais não sejam trazidos para a mediação se estes não fizerem parte do conflitos.Os pais são informados de que os seus filhos vão iniciar um processo de mediação quando tal acontece e quaisquer dúvidas que possam ter são por mim esclarecidas. Também já organizei palestras sobre a mediação escolar para pais, mas aí encontramos outro problema que é conseguir que os pais venham à escola ‘apenas’ para uma sessão de informação. Porque é que entende que em Portugal a mediação não é um recurso tão utilizado como em outros países e qual será o futuro desta área? Em termos da mediação escolar, se formos ao país vizinho, observamos que a mediação escolar faz parte do sistema escolar, está decretada e existe um regulamento formal. Portugal ainda tem um sistema muito tradicional. Começamos agora a perceber que a mediação pode ser uma resposta, mas ainda temos que trabalhar a forma de estar e toda a cultura que rege as escolas. Eu acredito que a mediação vai crescer em Portugal. Com a lei da mediação já demos um grande passo e é bom sentir que estamos a criar alicerces sustentados para a mediação, mas enquanto não existir a divulgação necessária não me parece que esse crescimento será muito rápido.
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Mediação carece de reconhecimento profissional Dulce Nascimento – Mediadora de Conflitos e Sociedade de Advogados Ferreira Ramos, Filomena Girão e Associados Dulce Nascimento é membro da Sociedade de Advogados no Brasil - Bovendorp, Nascimento e Rennó, integrando de igual modo a Sociedade de Advogados Ferreira Ramos, Filomena Girão e Associados, em Portugal. As suas áreas de intervenção principais são a civil, saúde e empresarial.
filomena girão, dulce nascimento e ferreira ramos Advogados
O que é a mediação de conflitos? A moderna teoria do conflito, não o considera positivo nem negativo, mas natural, por isso traduz-se numa manifestação inerente às relações humanas. Neste contexto, a Mediação corresponde ao meio humanizado, consensual e não adversária de resolução de conflitos, vocacionado para situações onde existe o desejo de manter, melhorar ou não deteriorar o relacionamento, independentemente do grau de proximidade e intimidade dos intervenientes. Importante reter que nem sempre é aplicável, sendo necessária uma análise criteriosa antes de decidir qual o método mais adequado a oferecer para
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cada conflito. Vantagens de optar pela mediação? A escolha da Mediação comporta inúmeras vantagens, reconhecidas internacionalmente por um crescente número de pessoas e empresas, como processo mais satisfatório atendendo a que os intervenientes mantêm o poder de decisão sobre a situação. Sem qualquer hierarquia, elenco como benefícios a autodeterminação e controle dos intervenientes sobre o resultado, bem como a possibilidade de construir soluções inovadoras e
criativas adaptadas a cada caso, incluindo a possibilidade de criação de novos projetos, relacionamentos e de evitar novos conflitos. Consequentemente à redução de custos e ganho de tempo, acresce o cumprimento espontâneo da solução alcançada, bem como, quando haja rompimentos nas relações que o mesmo ocorra sem traumas. Quais as áreas de intervenção? Atendendo às suas características, o processo de Mediação pode ser aplicado nas mais diversas áreas. Assim, atualmente, a intervenção da mediação
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estende-se ao âmbito da saúde, civil, empresarial, consumidor, meio ambiente, família e sucessões, penal, administrativa, comunitária, escolar, infância, juventude, de gênero e terceira idade. Como vê atualmente a classe? Os Mediadores que atuam em Portugal, no público ou privado, estão subordinados a todo um conjunto de exigências, deveres, obrigações e ética que efetivamente nos poderia levar a questionar sobre a importância e possibilidade da existência de uma classe profissional. No entanto, apesar de algumas entidades acompanharem a sua atuação, as mesmas continuam a vislumbrar o Mediador como um profissional que exerce uma função pontual, biodegradável, sem que exista um efetivo reconhecimento e acompanhamento. Assim, apesar da existência da Direção-Geral da Política de Justiça e do Conselho dos Julgados de Paz, não vislumbro atuação ou trabalho efetivo para desenvolver a criação de uma classe profissional. O que ainda falha? Passado mais de uma década mantem-se a necessidade de mudança na visão sobre o conflito e meios de resolução. Verifico que continua a existir falta de divulgação, formação e informação, em geral, sobre os meios consensuais, em particular sobre Mediação, nomeadamente, nos vários setores sociais, universitários, magistratura e advogados portugueses. Futuro dos mediadores e da mediação? O futuro dos mediadores e da mediação em Portugal deixou de “gatinhar”, sendo necessário trilhar um novo caminho, em particular pelos estudantes e demais atores do direito, humanizando a justiça de forma sustentada e efetiva. É imprescindível o conhecimento sobre o que é, para que serve e quais os benefícios, bem como a importância e consequências de utilizar a Mediação como processo adequado para a resolução de certas situações com determinadas características do conflito e dos intervenientes envolvidos. Acredito que se em Portugal houvesse a preocupação de dar a conhecer a Mediação, reconhecendo-a com dignidade e rigor, a sua efetividade seria mais sustentada, tal como sucede no Brasil, onde para além dos Juizados Especiais, se criou
Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania, Oficinas de parentalidade, Núcleos e Polos de Mediação e Conciliação nas Universidades e mais recentemente fala-se na criação de varas especializadas em Mediação e Conciliação. Quais os princípios fundamentais da mediação? Princípio fundamental da Mediação, a autonomia da vontade privada, intrinsecamente ligado aos princípios da voluntariedade, cooperação, respeito, responsabilidade e tomada de decisão informada, reforçam o papel imprescindível do advogado na Mediação, que deve ter um investimento das universidades e Ordem dos Advogados e magistratura portuguesa, à luz do que está a acontecer internacionalmente, em particular no Brasil. Neste elenco, referir o princípio da Imparcialidade do Mediador, o qual não defende, representa ou aconselha nenhum dos intervenientes, técnica ou juridicamente, sendo absolutamente desinteressado em relação às questões envolvidas e desfecho da situação. A confidencialidade que confere aos intervenientes a confiança no processo e no Mediador para, de forma franca e honesta, lidarem e revelarem os seus interesses e necessidades, sem constrangimentos. O princípio da pessoalidade, face à necessidade de intervenção de quem tem poder de decisão. Bem como, os principios de adequação, simplicidade, informalidade e oralidade, caracterizam e distinguem o processo da Mediação. Ao referido acrescem elementos que diferenciam de outros modelos, destacando a necessária boa fé e o bom senso dos intervenientes, bem como a transparência do processo e profissionalismo do Mediador pautado pelo seu Código de ética.
Sociedade de Advogados Ferreira Ramos, Filomena Girão e Associados “Num belo poema de Friedrich Nietzsche, pode ler-se: “Não fiques em terreno plano./ Não subas muito alto./ O mais belo olhar sobre o mundo/ Está a meia encosta.”. Nesta senda, entendo que para a boa resolução de um litígio, ninguém deve ficar em terreno plano! Na verdade, entendo mesmo que o acordo será tão melhor quão mais belo se revelar o panorama alcançado!
E esta convicção parece-me essencial em qualquer processo de resolução de litígios. Na verdade, em qualquer procedimento de mediação, pela sua própria índole, o acordo pressupõe a capacidade de estabelecer a comunicação entre as partes. E essa é a incumbência essencial do mediador, ao invés de decidir ou de ditar as suas próprias deliberações. Creio, até, que o acordo logrado por aquela via, terá maior probabilidade de ser observado, na exata medida em que resulta da expressão da livre vontade das partes. Em Portugal, a Mediação acha-se regulamentada pela Lei n.º 29/2013, de 19 de Abril, e encontra-se em franco crescimento. A celeridade dos processos e a informalidade dos procedimentos muito terão concorrido para esse crescimento. Todavia, a par da certeza da essencialidade de um sistema judicial (com as características de um verdadeiro poder independente) para a realização de um verdadeiro Estado de Direito, estou certa da relevância dos meios alternativos de resolução de conflitos. A sociedade de advogados em que me integro – a FAF, Advogados – atua em múltiplas áreas, nomeadamente nas áreas do Direito Laboral, do Direito das Empresas, do Direito Biomédico e detém uma ampla experiência de negociação, que se tem revelado assaz proficiente e apta a precaver inúmeras demandas em Tribunal. Neste conspecto, afiguram-se-me inequívocos os benefícios de disponibilizarmos, na FAF, um serviço de Mediação, protagonizado por Dulce Nascimento, cujas credenciais me escuso de enunciar e que, a par da sua vasta experiência, garantem a excelência que todos perseguimos diária e incessantemente. Vivemos tempos difíceis, de grandes desafios para a Sociedade em geral e para a Justiça em particular, e acreditamos que esta valência da FAF constitui uma alternativa mais célere e informal, menos onerosa e, por tal, capaz de obter os maiores proveitos em múltiplas situações, para muitos dos nossos clientes. Para que usufruam do melhor olhar sobre o mundo!”, afirma Filomena Girão.
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“Construir a Paz pelas próprias mãos” margarida guerreiro - mediadora de conflitos Esta é a definição de Margarida Guerreiro da mediação de conflitos. Licenciada em Psicologia, a mediação foi entrando na sua vida até ao momento em que se nunca mais saiu.
Créditos a Luís Andrade Photography
mediadora de todos os conflitos.
margarida guerreiro Mediadora de Conflitos
Licenciada em Psicologia e mestre em Psicologia Clínica, quando e como surge o interesse pela mediação de conflitos? Quando olho para trás para todo o percurso de vida, creio que fui sempre construindo essa vertente nas múltiplas interacções e escolhas que fui fazendo. Envolvida em movimentos cívicos, pró-activa e inventora de intervenções de solidariedade e paz; trabalhei alguns anos numa ONG que estimulava populações a agirem para seu próprio desenvolvimento. As escolhas vão sendo realizadas e vão ‘fazendo o caminho’ acredito. A Psicologia foi escolha de paixão e, dentro daquela licenciatura o enfoque foi naturalmente na psicologia relacional sistémica porque “o homem é ele e as suas circunstâncias” (Ortega y Gasset). A mediação enquanto primeiro contacto deu-se no âmbito das reuniões do Fórum Synergie, grupo formado por agentes de todos os países da UE e, depois, olhando a televisão num talkshow, em formato de rodapé, numa altura em que a vida precisava de renovar e inovar, vi as inscrições para o segundo curso de Mediadores Familiares do CEJ. Contactei António Farinha e a mediação entrou definitivamente na minha vida. Em que áreas da mediação exerce? Exerço essencialmente na área da família, no entanto, estou acreditada pelo Ministério da Justiça enquanto
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Quais as vantagens de optar pela mediação? Construir a paz pelas próprias mãos. Quem passa por um processo de mediação sente que está a trabalhar e a construir as soluções para as divergências e conflitos da sua vida. Esse processo permite às pessoas o seu crescimento enquanto pessoas e enquanto seres sociais. É claro que as vantagens da mediação, especialmente na área da família, passam sempre pela possibilidade da manutenção das relações, mesmo no divórcio, com respeito e aceitação e afirmação dos desejos e direitos das pessoas envolvidas. É sem dúvida mais célere que os processos adversariais e naturalmente simplifica, organiza e autonomiza. Ao mesmo tempo em vez de se viver um desgaste próprio das rupturas e das desavenças quando são exploradas pelo empoderamento das partes e estimulação das batalhas diametrais, vive-se um espaço de comunicação, resolução colaboradora das questões e temáticas trazidas e de segurança. Qual a sua função enquanto mediadora? É estar ali, presente. Acolher as pessoas e tudo o que elas trouxerem, clarificar para encontrarmos a linguagem comum, para que todos possamos compreender o mesmo das palavras. É estar atenta, não deixar passar as oportunidades de encontrar pontos comuns nas divergências, momentos chave para fazer entrar a possibilidade de colaborar. É também legitimar as emoções que sustentam os estados de alma do encarar das diferenças tantas vezes sentidas como incompatíveis. Estar presente e verdadeiramente interessada! Enquanto mediadora de conflitos, como vê actualmente a classe? Quando estamos juntos
em grupos de debate e trabalho acerca desta actividade que tanto nos apaixona, sinto que somos uma classe de ‘missão’, extremamente heterogénea e que vai fazendo caminho. O que ainda falha, na sua opinião? Está muito por fazer! Logo nos primeiros anos participei e organizei momentos de sensibilização ao público, às universidades, palestras, debates e até demonstrações com role pays. Seria necessário continuarmos a fazer mais coisas dessas e de outro tipo. Por onde passa o futuro dos mediadores e da mediação? Passa pela assunção política do seu interesse público! Passa pela disseminação dos Julgados de Paz na região do Algarve; passa pela real integração da mediação nos Tribunais de Família; passa pela introdução da cultura da Mediação nas Escolas… O futuro dos mediadores só existe se houver situações para mediar e essas surgem se entendermos que precisamos, enquanto Sociedade, de aprender a aceitar as diferenças e a construir a paz.
REVISTA BUSINESS PORTUGAL ADMINISTRADORES JUDICIAIS, AGENTES DE EXECUÇÃO E LEILOEIRAS
Administradores judiciais, Agentes de Execução e leiloeiras
O
administrador judicial é a pessoa incumbida da fiscalização e da orientação dos atos integrantes do processo especial de revitalização, bem como da gestão ou liquidação da massa insolvente no âmbito do processo de insolvência, sendo competente para a realização de todos os atos que lhe são cometidos pelo presente estatuto e pela lei. No âmbito do processo de insolvência, compete aos administradores judiciais proceder à administração e liquidação da massa insolvente e pagar aos credores com o produto da venda dos bens. Em certas condições, pode haver mais do que um administrador judicial. Porém, em caso de divergência entre o administrador nomeado pelo juiz e os outros, prevalece sempre, em caso de empate, a vontade daquele que tenha sido nomeado pelo Juiz. As funções do administrador judicial têm de ser exercidas pessoalmente, sem prejuízo dos casos de recurso obrigatório ao patrocínio judiciário ou da necessidade de prévia concordância da comissão de credores. Porém, o administrador judicial pode substabelecer, por escrito, a prática de certos actos noutro administrador inscrito nas listas oficiais. No exercício das suas funções, os administradores judiciais podem ser assistidos por técnicos e outros auxiliares, incluindo o próprio devedor, mediante prévia concordância da comissão de credores ou do juiz, na falta dessa comissão. Por outro lado, podem também contratar a termo certo ou incerto os trabalhadores necessários à liquidação da massa insolvente ou à continuação da exploração da empresa. O agente de execução é um profissional liberal que exerce funções públicas. Por essa razão, encontra-se estatutariamente sujeito a um regime específico, nomeadamente, em matéria de acesso à profissão e respetiva formação, incompatibilidades e impedimentos, direitos e deveres, remuneração dos seus serviços, controlo e disciplina. O agente de execução não atua como mandatário das partes e está sujeito a um tarifário pelos honorários. Tramita todo o processo executivo, procedendo a citações em processos declarativos
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Os desafios de um Administrador Judicial carla santos - administradora judicial Carla Maria de Carvalho Santos, economista da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra desde 1993, pós -graduada em Economia Europeia desde 1996, mestranda em Economia e Contabilidade e Finanças, tudo na referida instituição, desde 1998 dedicase ao exercício da função de administrador judicial, e o balanço que encerra é francamente positivo: “o meu trabalho é compensador, sinto-me feliz e realizada”. Em entrevista à Revista Business Portugal, Carla Santos falou do estado atual deste setor e das perspetivas que têm para o futuro.
carla santos Administradora Judicial
Como se processa a formação de administrador judicial? Os profissionais que pretendam exercer esta função estão sujeitos a um conjunto de procedimentos devidamente acolhidos no estatuto do administrador judicial instituído pela Lei n.º 22/2013, de 26 de fevereiro – (Capitulo II, sob a epígrafe “Acesso à Atividade”, artigos 3.º a 10.º), em particular, estarem habilitados para o efeito, designadamente possuírem uma licenciatura, assim como experiência profissional para o efeito, frequentem com aproveitamento um estágio profissional que se divide num período de formação teórica e outro de formação prática e, por fim, obter aprovação em exame específico realizado no terminus do período formativo
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(seis meses). Releve-se ainda que atento a especificidade da função, necessário se torna que se verifique a idoneidade das pessoas para o exercício da referida função, bem como, a sujeição a um regime de incompatibilidades, impedimentos e suspeições, a par do que sucede com outros intervenientes na lide processual, verbia gratia magistrados e ou advogados. Qual é a sua opinião relativamente ao número atual de administradores judiciais? Atenta à realidade vivida e sentida por profissionais, que como eu tramitam o seu dia a dia nos tribunais distribuídos pelo nosso país, pugno pela opinião de que
o número de profissionais atualmente em exercício de funções é adequado à realidade que se verifica. Não obstante, fácil é encontrar díspares opiniões a este propósito, pois com a ‘popularização’ das insolvências e para o cidadão comum das ‘falências’, cada vez mais publicitadas em meios audiovisuais e radiofónicos, parece que de facto as insolvências são um fenómeno crescente e cada vez mais multiplicador, o que leva, no imediato a uma ideia de necessidade de um maior número de profissionais em atuação. Sucede que, mediatamente e por confronto com um vincado conhecimento da realidade partilhada entre colegas, nos escritórios e nos tribunais, reitero que o número de profissionais em atuação é suficiente e
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adequado, pois em face do volume de processos a cargo de cada administrador, este possui uma estrutura, uma equipa de trabalho para agir com eficiência e celeridade ao trabalho que tem em mãos. Todavia, encontra-se em curso um procedimento urgente para a formação teórico-prática de novos candidatos a administradores judiciais, instituído pelo Decreto-Lei n.º 134/2013, de 4 de outubro, que visa sobretudo imprimir maior celeridade aos processos falimentares, o que no meu entender apesar da renovação, e a entrada de novos profissionais ser louvável em qualquer profissão e ou função, entendo que o número em concreto de novos profissionais poderá ser em demasia, dado que, in casu, salvo melhor opinião, colocará em causa o cerne da especificidade da atividade, que será no meu entender marginalizada em prol de um mercantilismo que perigosamente poderá pautar o exercício da mesma. Qual é o papel do administrador judicial? Prima facie, o administrador judicial define-se como a pessoa a quem está atribuída a gestão e a liquidação das massas insolventes por um lado, e gerir e fiscalizar por outro os atos integrantes do Processo Especial de Revitalização – PER. Esta é a definição de cunho meramente legalista, pois na realidade o papel do administrador judicial, assim conotado em processos falimentares e administrador judicial provisório nos PER, vai muito para além do que preceitua o CIRE e o estatuto do administrador judicial. Deste modo, assume-se como um gestor de conflitos, um mediador, pois é confrontado diariamente com conflitos, com problemas sociais gravíssimos de entre empresas e pessoas, que por vezes em autêntico conta relógio tenta solucionar ou pelo menos minimizar: penhoras de salários que constituem o único rendimento que um agregado familiar possuem para subsistirem de forma minimamente condigna, bloqueios de contas bancárias que impossibilitam os insolventes de ter acesso a qualquer rendimento, quezílias familiares, problemas de saúde graves e não raras as vezes prolifera a falta de informação acerca do estado em que as suas vidas se encontram e, qual será o seu seguimento e futuro daqui por diante. Este cenário que à primeira vista poderá assumirse como ‘dantesco’ acontece na realidade, quer em face de insolvências de pessoas singulares quer de pessoas coletivas, querendo com isto ressaltar que o administrador judicial não é, ou melhor não deve ser,
nem exercer a sua função de uma forma mecanizada, restringindo-se às funções que a lei falimentar e o estatuto lhe atribuem, mas deve em sintonia com a nobre função do legislador, interpretar o sentido dessas mesmas funções à realidade que vive e que lhe é dada a viver, uma vez que a lei, o direito não é estático, é uma realidade em contante mutação e metamorfose que necessita de uma constante interpretação e adequação à realidade, tal como a vida das pessoas e das empresas. Qual é a sua opinião relativamente ao plano especial de revitalização (PER)? O plano especial de revitalização, vulgo PER surge na sequência dos memorandos estabelecidos e firmados em maio de 2011, entre a República Portuguesa e a Troika que congrega a comissão europeia, o banco central europeu e o fundo monetário internacional, estabelecido entre nós através pela Lei n.º 16/2012, de 20 de abril e vertido no CIRE no artigo 17.º-A A 17.º-I, que encontra o seu fim último e primeiro no combate à morte antecipada de agentes económicos que compõem o tecido empresarial nacional, que sem embargo de se encontrarem em situação económica difícil, ainda são viáveis economicamente. O PER é um processo que tende a ser mais célere, simplificado e ágil do que um processo de recuperação no âmbito de um processo de insolvência em que se privilegia a extrajudicialidade, e que com a vital intervenção do administrador judicial provisório se medeia, se gere os conflitos colocando em contacto e mediando o referido de modo a que seja possível o renegociar das obrigações do devedor, sobretudo reescalonando tais obrigações e diluindo o prazo de pagamento das mesmas, dando um novo fôlego ao devedor para que lhe seja permitido a obtenção de meios de financiamento adequados e suficientes para edificar a sua revitalização, alicerçando-se ainda na obtenção de financiamento e de liquidez: leverage lending. Portanto, entendo que o processo especial de revitalização tem sido francamente positivo e um autêntico ‘balão de oxigénio’ para os devedores que lançam mão dele e vêm o plano apresentado objeto de homologação judicial – scriptum scriptum est, e assistem a um revigorante começar de novo. O que a lide me ‘ensina’ e que devo referir é que os prazos estabelecidos para o efeito, em muitos casos se revelam escassos, em face sobretudo dos ajustamentos e dos diversos contatos a encetar com os credores, em
especial os institutos públicos: autoridade tributária e aduaneira e instituto de gestão financeira e da segurança social, em prol das condições que os referidos possuem para participarem nas negociações, condições que não são estáticas, sofrendo assim alterações ao longo do tempo que terão de estar necessariamente refletidas nos pressupostos de regularização de dívida espelhados no plano. Como é que encara o futuro? O futuro conjeturo-o com alguma apreensão, atenta a que as perspetivas de recuperação da economia portuguesa não se afiguram ocorrer no médio curto prazo, isto em face da realidade económica comumente conhecida. De facto, e em consonância com recentes estudos de economistas conceituados revelam que diversos países continuarão ‘nas próximas décadas’ a viver com um legado de níveis de dívida bastante elevados, e é necessário uma ‘vontade dos credores’ para aceitar reestruturações das dívidas dos agentes económicos, caso contrário suceder-se-ão décadas de destruição do tecido social e económico, que de entre esses países julgo incluir-se Portugal, daí a crescente importância de instrumentos com o plano especial de revitalização e da figura do administrador judicial na recuperação do tecido empresarial português bem como dos particulares no seu recomeçar de novo, bem conhecido como o fresh-start -instrumento de recuperação económica das pessoas singulares. Pois, tantas são as vezes em que o meu dia de trabalho termina já a noite vai longa…, mas relembrando Carlos Drummond de Andrade “Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata...”, é precisamente esta intensidade e esta entrega que me move e me conforta no exercício diário da minha função. Em derradeiro, mas não menos importante quero sublinhar e deixar uma palavra de especial apreço à minha equipa de trabalho, multifacetada, de qualidade elevada, com uma intransigência e persistência de louvar que lado a lado comigo, suportam o exercício da minha função para que no cair do pano de mais um plano de revitalização submetido, mais um relatório entregue, mais um prazo cumprido possa-me sentir realizada, completa e com o espírito e a certeza que tudo fiz para o contribuir e o desenvolvimento da economia do meus país em geral, e das pessoas em particular.
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Líder em Remoção de bens e penhora leiloav A Meteorcifra, Agência de Leilões Unipessoais, Lda. “é uma empresa vocacionada para a venda de bens de carácter judicial, através de um serviço personalizado”.
filipe abrantes Gestor
A
pesar da sua recente presença no mercado, desde 2012, a LeiloAV já conta com uma “alargada experiência profissional devido ao know-how dos seus colaborares e do seu mentor”, procedente de uma agência de leilões credível e com longa presença no mercado. A empresa conta diretamente com cinco funcionários e indiretamente com 30 colaboradores “profissionais” e “dinâmicos”, “procuramos sempre criar uma rede de parceiros estratégicos, sendo que somos a aposta dos
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solicitadores de renome da região, o que nos permite um volume de processos acima da média”, afirma Filipe Abrantes, gestor da empresa. Uma empresa vocacionada para o mercado de execução, a LeiloAv, atualmente está presente em Oiã, com um armazém de retém, e em Viseu como filial, sendo que em média realizam, por ano, cerca de 700 negociações particulares. “Uma das nossas políticas foi baixar os custos aos exequentes, dado que as execuções estavam a ficar
demasiado caras, pelo que, tendo como objectivo diminuir as custas ao processo, conseguimos reduzir em mais de 50 por cento os custos dos exequentes. A nossa taxa de sucesso de recuperação da divida cifra-se em mais de 80 por cento”, explica Filipe Abrantes. Apesar de ser uma empresa familiar, têm uma estrutura “forte” e “compacta” relativamente ao tipo de serviço que presta. “A empresa dispõe de todos os meios necessários a uma execução, garantindo assim tudo o que um agente de execução necessita a nível da
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execução da penhora, desde o arrombamento e serviço de transporte até às avaliações e peritagens de bens móveis e imóveis”, afirma Filipe Abrantes. “A LeiloAV tem grupos empresariais como clientes, que atualmente optaram por trabalhar em regime exclusivo connosco, porque como temos toda a logística e não temos que subcontratar, os custos são inferiores. Desde o pedido de execução da entrada do processo no tribunal até ao final do processo, a empresa está sempre presente, além de que, o primeiro ato de penhora já é realizado com a nossa presença e com os nossos meios, o que nos permite ter uma elevada taxa de recuperação”, explica o gestor da empresa. Quem “trabalha connosco confere idoneidade a todo o nível da execução, pois temos capacidade de resposta, daí querermos continuar na execução, e evitarmos trabalhar a insolvência; A execução conferenos rapidez na finalização dos processos, aliado ao fato de defendermos a rápida resolução dos mesmos, a fim de diminuirmos os custos processuais e não lhes acrescermos custos, o que nos concede uma particularidade, relativamente, às outras leiloeiras presentes no mercado!”, afirma Filipe Abrantes.
Serviços Atualmente a Leiloav, como encarregada de venda através de negociação particular, presta serviços nas áreas de penhora e remoção de bens, efetua avaliações e peritagens, garante o serviço de transporte e de arrombamento, assim como o serviço de pronto socorro.
Para trabalhos que exigem o arrombamento ou a remoção de bens, a empresa dispõe de uma frota de transportes, quer de ligeiros, quer de pesados, para executar os serviços, assim como também garante o armazenamento dos bens móveis nas suas instalações de retém. “Ter os bens retidos no nosso armazém, permite-nos, além do custo zero para os clientes empresariais, uma maior rotação do material e um escoamento muito mais rápido, relativamente às outras leiloeiras, através da venda direta dos bens”, afirma Filipe Abrantes Apesar da Leiloav ser uma leiloeira de caráter judicial, 100 por cento da venda dos bens é feita através da negociação particular, “atendendo à nossa rede de contactos bastante forte que nos permite desfrutar de uma credibilidade grande, ainda temos um prazo médio de venda de 45 a 60 dias, prazo médio mais baixo que as demais empresas presentes no mercado”, explica o gestor.
Projetos Futuros
Principais desafios
A LeiloAV privilegia a ação social e está sempre atenta às carências sociais da região. “Procuramos ter um relacionamento estreito com todas as associações de solidariedade social aqui da zona, para assim tentar minimizar as carências que têm, através da doação de equipamentos”, conclui.
A empresa tem como objetivo manter a “credibilidade” e “idoneidade”, de maneira a continuarem no mercado com o “bom nome” que conquistou nestes últimos dois anos. “Somos uma empresa que vai fechar o ano com uma faturação de um milhão de euros, houve um crescimento significativo do primeiro para o segundo ano, mas para o próximo ano pretendemos estabilizar o mercado continental, e aumentar o mercado das ilhas, no qual já estamos presentes desde Outubro do corrente ano”, acrescenta Filipe Abrantes.
Neste momento, estão a negociar a aquisição de mais um imóvel, de forma a conseguirem armazenar todos os bens apreendidos, e têm como perspetiva manter “a equipa jovem e dinâmica”. E ainda, pretendem, no início de 2015, estar presente com duas filiais nas ilhas, uma nos Açores e outra na Madeira “atendendo que nesta altura recebemos cerca de 30 a 40 processos entre os dois arquipélagos e isso obriga-nos a ter representação lá” o objetivo é “montar os mesmos meios que cá temos, nas ilhas”, explica o proprietário. De momento, já estão a receber processos do tribunal de Ponta Delgada.
Vertente Social
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“Com a crise houve um decréscimo no número de processos executivos” António Armando - Solicitador e Agente de execução António Armando, agente de execução e solicitador, em entrevista à Revista Business Portugal, afirma que “com o procedimento extrajudicial pré – executivo (PEPEX) os exequentes têm uma forma mais rápida de saber se uma execução pode ou não ter êxito na penhora”, uma vez que permite saber previamente se o executado tem ou não bens penhoráveis.
António Armando Agente de Execução
Como se iniciou nesta atividade? Eu iniciei a minha atividade como empregado de escritório de uma média empresa, onde trabalhei durante 33 anos, nos setores financeiro, contencioso e contabilidade. Contudo fui mais uma das vítimas da situação financeira do país, e essa empresa foi declarada insolvente em 2005, pelo que tive que recomeçar a minha vida. Comecei por fazer uma reciclagem para me poder atualizar, e posteriormente, fiz a especialização de agente de execução há cerca de nove anos. Os conhecimentos da minha atividade profissional revelaram-se uma vantagem em relação a outros colegas, porque essa experiência permitiu-me desde logo uma melhor atuação como agente de execução. Tive a ajuda de muitos colegas já estabelecidos, e com eles fui evoluindo nas matérias que mais me interessavam. Comecei a frequentar formações a todos os níveis, e os meus colegas elegeram-me inicialmente Delegado da Comarca em Ovar e, neste momento, sou o
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atual Delegado de Circulo da Comarca do Baixo Vouga. Fiz parte da organização do congresso que decorreu em Aveiro e que fez eco, das nossas atividades, não só no país, como também no estrangeiro. Recentemente fui indicado pelo presidente Carlos Resende para representar a Câmara dos Solicitadores no conselho consultivo do tribunal de Aveiro. Que tipo de serviços tem ao dispor do cliente e quais os mais requisitados? Neste momento, a minha atividade principal é como agente de execução. Em relação às outras actividades, trabalho com Registo Predial e Comercial, procurações, reconhecimentos de assinaturas, análises de contratos empresariais, fiscalidade, arrendamento e registo de marcas e patentes. Pela via do registo comercial têm aparecido alguns trabalhos ligados às empresas, nomeadamente, ligadas às atividades e funções de secretário de sociedade, que na minha opinião, é outra via que tem futuro. Quais as principais vantagens do vosso serviço? No que diz respeito às execuções, é recuperar o dinheiro dos nossos exequentes o mais rapidamente possível, cumprindo a lei. No que se refere a flexibilidade de horários é uma mais-valia porque estamos abertos quase 24h, nomeadamente, para reconhecimentos de
assinaturas e procurações. E os principais desafios? Um dos maiores desafios é a procura de novas especialidades, para os solicitadores. Neste momento, há muitos solicitadores a formarem-se nas universidades, e não existe mercado de trabalho para eles. A Câmara dos solicitadores tem que encaminhar esses solicitadores para novas especialidades, nomeadamente, para secretário de sociedade, para o Geopredial que continua a ser uma via muito importante. Também existem outras áreas, no domínio do direito do trabalho, onde começamos a ser procurados para fazer processos disciplinares, contratos de trabalho e, é uma área com futuro que os novos colegas se devem interessar. Todavia o nosso sucesso como trabalhadores liberais vai depender do nosso profissionalismo e empenho, bem como da nossa capacidade de trabalho e da qualidade dos nossos serviços. Futuro No futuro, penso que vai haver muito menos execuções, e por isso menos trabalho para os Agentes de Execução. As consequências da entrada em vigor do “PEPEX”, só se irão sentir no início de 2015. Nas outras atividades penso que também vai existir menos trabalho. Temos de nos especializar, e trabalhar melhor para podermos competir com outras profissões. Temos de combater a procuradoria ilícita, quer individualmente, quer como Delegado de Círculo, porque com isso estamos a proteger os interesses dos cidadãos.
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saúde e medicamentos OTC
A
sigla OTC (“Over the Counter”) foi criada nos Estados Unidos da América, e atualmente, é utilizada um pouco por todo o mundo, como forma para designar os medicamentos isentos de prescrição médica. Todavia, os produtos considerados OTC divergem bastante de país para país, uma vez que, cada país possui uma determinada legislação para classificar estes produtos. Na prática os medicamentos OTC são conhecidos pelos cidadãos como os produtos de venda livre, de automedicação para o tratamento e prevenção de doenças e condições comuns, dando origem a uma melhoria da saúde geral e do bem-estar. Em Portugal, o mercado de medicamentos não sujeitos a receita médica foi liberalizado em 2005, com a autorização de venda destes medicamentos fora das farmácias e o estabelecimento de um regime de preços livre. Assim sendo, a implementação das medidas ditadas no quadro legal publicado nesse ano implicou o fim da exclusividade da atividade de dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica por parte dos farmacêuticos nas farmácias de oficina. Isto provocou uma alteração no mercado do medicamento, designadamente dos medicamentos não sujeitos a receita médica quer do ponto de vista regulamentar, quer do ponto de vista económico e até político. No nosso país o conjunto de medicamentos disponíveis fora das farmácias tem vindo a aumentar significativamente e inclui fármacos de uso prolongado ou que contêm substâncias ativas que, pela sua natureza, perfil de segurança ou pelas suas indicações terapêuticas, exigem aconselhamento e acompanhamento farmacêutico. Nesta edição premium da Revista Business Portugal damos-lhe a conhecer a Jaba Recordati e a Ciclum Farma, duas empresas de referência a nível nacional que tem à disposição dos seus clientes variados produtos designados OTC.
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Aumento da produção e do volume de unidades vendidas ciclum farma Integrada num dos maiores laboratórios farmacêuticos alemães, a Ciclum Farma pretende proporcionar a todas as pessoas uma melhor saúde e bem-estar, disponibilizando medicamentos de elevada qualidade segurança. Moisés Apura, general manager da Ciclum Farma em Portugal faz o balanço do ano de 2014 e fala das expetativas para 2015. Qual o balanço do ano 2014? O ano de 2014 não tem sido melhor que os anteriores para a indústria farmacêutica e para todo o setor ligado ao medicamento. A rentabilidade tem diminuído para além do que seria espectável, colocando em grandes dificuldades algumas empresas farmacêuticas, farmácias e distribuição, fazendo deste setor o maior contribuinte para a redução da despesa no ministério da Saúde. Nos últimos anos, a área do medicamento tem sofrido alterações legislativas e medidas avulsas conjunturais com uma cadência alucinante para um mercado que precisa de estabilidade e previsibilidade para atrair investimento. Ainda não foi em 2014 que assistimos à implementação de reformas estruturais e de mudança de mentalidade no Serviço Nacional de Saúde, para melhorar a eficiência, sem ter necessidade de recorrer sempre aos mesmos para colmatar os problemas financeiros. Temos sido bons a mandar fazer diagnósticos, estudos e a cobrar taxas e impostos mas medíocres a consensualizar soluções, a decidir, a executar e a avaliar os resultados das medidas implementadas. Penso que o ano de 2014 é mais um ano perdido para resolver a desorçamentação crónica na saúde e que só tem sido atenuado com medidas conjunturais de contribuição extraordinária de cariz ordinária da indústria farmacêutica, plasmado no perdão de milhões de euros de dívida anual aos hospitais e no aumento do copagamento pelos utentes do SNS. Em 2014, na Ciclum Farma/STADA continuámos a adaptar a estratégia à nova realidade e procurámos a eficiência contínua para garantir os postos de trabalho. Aumentámos a produção e volume de unidades vendidas, comparado com 2013, mas a preços significativamente inferiores. Aliás, devemos ser o único setor que tem deflação contínua, porque em vez de subirmos os preços indexados à inflação descemos continuamente os mesmos, ano após ano, mas suportando sempre custos fixos crescentes. Como classifica a Ciclum Farma entre os vários laboratórios de genéricos? A Ciclum Farma/STADA fazem parte do grupo de empresas que privilegiam a responsabilidade social moisés apura Diretor Geral
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no que diz respeito em proporcionar aos doentes melhor acessibilidade ao tratamento, sempre com a preocupação de disponibilizar os seus medicamentos no grupo dos cinco preços mais baixos do preço de referência de comparticipação, para que o doente pague o mínimo possível. A Ciclum Farma/STADA pertencem ao pequeno grupo das empresas de medicamentos com investigação, desenvolvimento, produção e comercialização de genéricos, biossimilares, medicamentos de venda livre e produtos de saúde e bem-estar. A nossa missão está centrada no cliente principal, ‘o utente de saúde’, com uma oferta variada de soluções para as suas necessidades a preços acessíveis. Relativamente aos OTC´S que marcas comercializam em Portugal? Comercializamos alguns medicamentos não sujeitos a receita médica com marca (Heperpoll, Elmetacin, Mobilisin e Hirudoid) e várias marcas de OTC’S, tais como Lactoflora, Magnetrans, Cetraben, Lactease, Multilind, Fraldox , Mobiflex e Ladival. Em relação ao número de vendas, onde é que vendem mais OTC´S, em farmácias ou em centros comerciais? As farmácias continuam a ser o nosso canal de distribuição de preferência pelo conhecimento que têm dos nossos produtos, o aconselhamento que podem dar e a proximidade e relação com os utentes. Não temos qualquer atividade direta com os centros comerciais e
os nossos produtos que estejam disponíveis nesses centros são colocados diretamente pelos distribuidores/ armazenistas que têm relações comerciais com esses clientes. Só mudaremos a nossa estratégia no dia em que verificarmos que as farmácias não reconhecem a exclusividade e preferência que lhes damos. Pretendem continuar a apostar em produtos de impacto e qualidade como é o caso do Hirudoid, Ladival e do Mobiflex? Um dos nossos objetivos é procurar desenvolver e oferecer aos utentes sempre produtos únicos e inovadores que nos diferenciem e que sejam reconhecidos e uma vais valia para o bem-estar, como é o caso destes três produtos citados; o nosso protetor solar ‘Ladival’, líder em vários países da europa, que protege não só da radiação UV-A e UV-B mas também da radiação infravermelha A, sendo único, pois apresenta uma formulação específica, sem perfumes e conservantes, para peles fotossensíveis e alérgicas e para crianças; o ‘Mobiflex’, um colagénio específico, que ajuda a regenerar as cartilagens e melhora a mobilidade das articulações, alivia a dor e permite bem-estar aos doentes, adiando o uso de terapêuticas agressivas e o ‘Hirudoid’. Quais as expetativas para o ano 2015? Tenho expectativas que os políticos olhem para a indústria farmacêutica, e todo este setor, como uma mais-valia para os cidadãos e não como inimiga do bem-estar e responsável pela desorçamentação da
saúde. Devemos estar gratos à inovação tecnológica e aos medicamentos porque têm contribuído muito para o aumento da esperança de vida com qualidade e para o bem-estar dos portugueses. Tenho expectativas que diminuam os experimentalismos nesta área e haja estabilidade legislativa. Que considerem o serviço prestado pelas farmácias como um serviço público e a dispensa de medicamentos como um ato farmacêutico de serviço público importante remunerado dignamente, como forma de prevenção de atos menos transparentes no mercado farmacêutico, e acabando com a utopia de que na prescrição por Denominação Comum Internacional o doente é que decide, porque ninguém acredita que na crise social e económica que o país atravessa, os doentes prefiram que lhes prescrevam e dispensem os medicamentos mais caros como demonstram os resultados de prescrição e dispensa. Tenho expectativas que seja iniciada uma política onde o doente seja verdadeiramente o centro das preocupações, defendendo-o de abusos e motivando-o a usar mais genéricos. Incutindo o sentimento generalizado de que ao preferirem medicamentos genéricos, como primeira linha terapêutica, os portugueses estão a contribuir para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde e para libertar recursos financeiros para outros doentes terem acesso a tratamentos inovadores imprescindíveis. Em 2015, iremos continuar a expandir a nossa presença no segmento de produtos OTC’S e medicamentos não sujeitos a receita médica e continuar a lançar novos medicamentos genéricos, a preços acessíveis a todos os portugueses.
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Uma filosofia rigorosa e inovadora jaba recordati Especialista na comercialização de produtos farmacêuticos de elevado valor acrescentado no mercado nacional, a Jaba Recordati aposta fortemente no lançamento de novos medicamentos e é atualmente a companhia mais premiada a nível nacional, sendo reconhecida como ‘Melhores Gestores de Pessoas 2014’, e a nível internacional como ‘Melhor Empregador da Europa”. À conversa com Nélson Pires, general manager, a Revista Business Portugal foi perceber a cultura organizacional aqui desenvolvida que é responsável pelo seu eminente reconhecimento na indústria farmacêutica.
Nélson pires General Manager
A terminar o ano de 2014, que balanço faz do cumprimento dos objetivos estabelecidos pela Jaba Recordati? Julgo que a crise na indústria farmacêutica portuguesa com o mercado a cair -40 por cento em três anos, apesar de intensa, tem sido benéfica para nós. Conseguimos antever a crise e prepararmo-nos para ela. Como? Estruturando a empresa em termos de dimensão de recursos humanos, realocando pessoas a novas áreas de negócio, estabelecendo um sistema de controlo de crédito dos nosso clientes, melhorando e alargando as competências dos nossos colaboradores, implementando um programa de responsabilidade social (interno e externo), conseguindo lançar novos produtos inovadores que nos permitem crescer mas também reabilitar produtos maduros de elevado valor acrescentado, internacionalizámos a empresa, entre
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muitas outras medidas assumidas. Mas acima de tudo, a cultura organizacional que a Jaba Recordati desenvolveu nestes tempos de crise permitiu consolidar um subsistema, que se tornou uma filosofia e parte da cultura organizacional (em tempos de crise muitos choram e alguns aproveitam para vender lenços de papel). Este comportamento, que se tornou um sistema de mentalidades da empresa, não foi pensado, mas instalou-se. E ainda bem, pois permitiu ultrapassar estes momentos de ‘troika’ com proatividade e capacidade de aproveitar as oportunidades e de encontrar soluções nos momentos mais difíceis, e crescer em contraciclo com um mercado que tem um desempenho negativo. Que importância têm medicamentos OTC na Jaba Recordati? A área de OTC é muito dinâmica e importante na nossa
companhia. Quer com produtos como Guronsan®, TransAct® Lat, Aloclair®, Euphon®, Microlax®, ProctoGlyvenol®; ou seja, marcas muito reconhecidas e consumidas pelos portugueses. Conseguimos ser inovadores e desenvolvemos um produto localmente, Sal&Vida® - o único sal natural que não faz mal pois contém um baixo valor de sódio. Com um nível de notoriedade e conhecimento da marca elevadíssimo. Acima de tudo o reconhecimento que é possível atualmente alimentarmo-nos de forma equilibrada ao nível de sódio (ou seja sal) sem correr riscos cardiovasculares, pois o consumo excessivo de sal é um dos fatores de risco mais elevados para a nossa saúde cardiovascular. Acresce o facto num país como Portugal em que o adultos consomem o dobro de sódio que deveriam consumir e as crianças o triplo, devemos realmente de ter muito cuidado com este fator de risco. E Sal&Vida® ajuda a resolver este problema. Estamos, neste momento, a finalizar a análise de um novo produto. Pretendemos lançar um novo OTC por ano. Na medida em que o volume de investimento inicial é muito superior, e para atingir o retorno a dois anos, que é o objetivo traçado pela empresa, implica um enorme esforço financeiro. A Jaba Recordati utiliza antes do lançamento ferramentas inovadoras de gestão, como ‘crowdsourcing’ e pretendemos posteriormente lançá-lo nos mass media e com suporte de marketing digital mas também tradicional. Deste modo, é um grande esforço financeiro que implica retirar de outros retornos e lucros. Assim sendo, o nosso objetivo é lançar um OTC por ano, seja na área da saúde oral, bem-estar e estilos de vida ou na área da pediatria. Que novidades foram apresentadas na área de produtos OTC com valor acrescentado e na área de genéricos durante este ano? A área de OTC surge como uma consequência inevitável do custo elevado da inovação terapêutica no ambulatório que é muito reduzida atualmente, num mercado em que é dificil introduzir novos medicamentos. Por outro lado, permite-nos gerir os ciclos de vida dos nossos produtos maduros de uma forma eficiente. Acrescido pelo facto de ter preço livre, ser menos regulamentada e de nos permitir comunicar diretamente com o consumidor. As adaptações do maketing tradicional dos medicamentos de prescrição ao qual estamos habituados, para o mercado de OTC, têm sido imensas. Quer ao nível de business development, pois para além de estarmos
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a estudar novas oportunidades ao nível de novos produtos para lançar ainda este ano, estamos acima de tudo a repensar mudanças ao nível organizacional e da forma como comunicamos. E aí temos inúmeros projetos. Iniciámos campanhas de crowdsourcing para levar o consumidor a participar no posicionamento e campanha de alguns produtos; estamos a analisar novos modelos de Supply Chain e distribuição; construímos um sistema de E-B Learning que estamos a lançar neste momento; e estamos a redefinir a nossa estratégia de Marketing Digital e Social Media, que nos permitirá ainda conhecer melhor os nossos consumidores e satisfazer melhor as suas necessidades. Em termos de produtos estamos presentes nos segmentos tradicionais e core da companhia: saúde oral (com Aloclair® e Euphon®); bem-estar com Guronsan®; dor com Frenalgil® e TransAct® Lat; saúde infantil com Biogaia®, Microlax® lactente e Casenlax® (recentemente adquirimos a companhia Casen especializada na área gastro e pediatria); e, finalmente na área da saúde do adulto com Microlax® adulto, Citrafleet® e ProctoGlyvenol®. Isto é, estamos focados nas nossas áreas core competences que nos permitem uma nível de especialização e conhecimento dos segmentos elevado. Portanto ao nível dos OTC, a Jaba Recordati intensificou a comunicação e/ou reposicionou algumas das suas marcas no segmento, como é o caso de Transact Lat, Microlax e Sal&Vida. Ao nível dos medicamentos genéricos o nosso objetivo é lançar dois genéricos por ano. Este ano lançámos já sildenafil Jaba MG e esperamos até final do ano lançar um segundo genérico. Aliás o que pretendemos é lançar sempre dois medicamentos genéricos por ano, integrado nas nossas áreas terapêuticas core (cardiologia, urologia e dôr), permitindo alcançar a nossa missão de poder proporcionar aos nossos stakeholders um conceito de saúde sustentável. Pode dizer-se que a Jaba Recordati cresceu durante o ano de 2014? No ano de 2013 o turnover foi de 34.6 milhões de euros em 2014 iremos faturar 37 milhões de euros, resultado da integração de uma companhia adquirida em 2013 – Casen – bem como o crescimento orgânicos dos nossos produtos inovadores na área de hipertensão , colesterol, urologia e na área de OTC. A área de medicamentos genéricos crescerá em unidades mas fruto das quebras de preço, crescerá muito pouco em valor. É portanto mais um ano positivo para a nossa companhia. Aliás os dados IMS apresentam um crescimento positivo de +4.3 por cento enquanto o mercado cai -0,6 por cento (YTD set/2014 em euros), ou seja em contraciclo com a performance negativa do mercado. Que áreas contribuíram de forma decisiva para os resultados obtidos? Todas as áreas contribuíram positivamente para este resultado, desde a área de produtos farma (marcas) com 75 por cento do total de vendas, genéricos, OTC e internacional. Aliás, os quatro segmentos de negócio crescem positivamente e sempre acima do mercado
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onde estão inseridos. Estes resultados correspondem aos objetivos estabelecidos? Correspondem ao plano de negócios que está aprovado pelos nossos headquarters, apesar de termos tido várias contrariedades ao longo do ano, nomeadamente a nível regulamentar. Por exemplo, continuamos a não ter um preço livre nos medicamentos não reembolsados; tivemos uma baixa de preço substancial em janeiro de 2014, fruto da revisão anual de preços; pagamos uma contribuição elevadíssima para o protocolo entre a Apifarma e o Ministério da Saúde; o preço dos medicamentos genéricos continua a cair bastante, entre outras. Mas, mesmo assim conseguimos gerar os resultados pretendidos pelo que iremos ter mais uma ano tranquilo. A Jaba Recordati foi galardoada este ano com o prémio europeu de Melhor Empregador do ano 2013/2014. O que representa este galardão? Este prémio foi o reconhecimento internacional da valorização que temos com o nosso capital humano. A primazia dada a uma gestão próxima faz a diferença no dia a dia da empresa e dos nossos colaboradores, aspeto bem vincado na nossa organização. A formação dos nossos trabalhadores enquadrada pela Academia Recordati que proporciona um E-Master em colaboração com uma universidade de prestígio (nas nossas instalações, com conteúdos adaptados à nossa empresa e totalmente grátis); a definição da função (de modo a que cada colaborador saiba o valor que traz à companhia) e o nosso modelo de avaliação – apelidado de SIDADE - e desenvolvimento de competências); o nosso projeto interno e externo de responsabilidade social (apelidado de Recordati Quer); bem como a tranquilidade da manutenção do posto de trabalho de todos os colaboradores que conhecem o rumo estabelecido para a companhia no curto e médio prazo, o que comprova os alicerces da boa gestão na empresa. As promoções ‘são uma filosofia’ na nossa filial e representam muito mais do que a simples retenção de talentos ou gestão de carreiras, são sobretudo demonstração perante os colaboradores de que estes ‘são quem traz valor para a organização’. Definimos programas de Life Balance, permitimos a flexibilidade de horários, as remunerações situam-se no quartil médiosuperior e existem outros benefícios, como por exemplo, o cabaz de Natal ser oferecido sob a forma de voucher financeiro. Há iniciativas simples que demonstram a preocupação com os nossos colaboradores, como é o exemplo de colocarmos a fruteira e a máquina do café alternadamente em sítios diferentes, de modo a quebrar rotinas e para obrigar a interação entre as pessoas e entre os departamentos, de modo a que não estejam, fechados e vinculados a um espaço, criando uma filosofia de não-resistência à mudança. Finalmente a filosofia da empresa é proporcionar a ajuda na tomada de decisões por parte dos colaboradores. Apostamos sinceramente no ‘empowerment da representação’ como forma de motivar os nossos colaboradores, conferindo-lhes
autonomia e responsabilidade na gestão das tarefas do dia a dia, ‘franchisando’ a responsabilidade da decisão. Por tudo isto penso que somos mais do que merecedores deste importante galardão. Que projetos estão pensados para o ano de 2015 e que objetivos pretendem atingir? Temos inúmeros desafios, alguns dos quais já ultrapassados com sucesso. O primeiro é continuar a integração da companhia adquirida em 2013 – Casen – com produtos da área de gastroentereologia e pediatria; que foi atingida com a rapidez que pretendíamos e neste momento é uma das áreas que contribui positivamente para o nosso crescimento. A consolidação dos mercado externos onde já estamos presentes através da filial Portuguesa (nomeadamente Angola, Cabo Verde e Moçambique). A entrada em dois novos mercados de África, conseguindo o registo dos nossos medicamentos inovadores nestes mercados, bem como a instituição de relações com os stakeholders (atingido também). Ainda em 2014 iremos lançar dois novos produtos: uma extensão de gama do nosso produto principal na área de hipertensão – Zanipress e o lançamento de um novo produto – Egostar – a Vitamina D3 de administração mensal, mas cujos resultados se verificarão para os nossos doentes e técnicos de saúde apenas no próximo ano. Para 2015 estamos a encetar negociações de dois novos produto para lançamento (dois novos produtos nos nossos segmentos core, que nos permitirão assegurar o crescimento em 2015 e nos anos seguintes). Por outro lado, pretendíamos aumentar a nossa notoriedade como companhia de sucesso, objetivo perfeitamente atingido com o reconhecimento nacional ao sermos a companhia mais premiada (seis prémios) nos prémios Melhores Gestores de pessoas 2014, e a nível internacional de ‘Melhor empregador da Europa’. Pretendiamos também desenvolver uma série de ferramentas internas de e-learning e B2B, que estão já finalizadas e iremos apresentar em janeiro de 2015, assegurando desta forma que comunicamos com o nosso público interno e externo de forma inovadora e eficiente. Como objetivo último, pretendíamos assegurar estabilidade a todos os nossos colaboradores (neste momento de turbulência económica) e aos nossos acionistas, o que está a ser conseguido. Como veem temos um ano repleto de desafios.
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Igualdade de Género comissão para a cidadania e igualdade de género A Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género é o organismo nacional responsável pela defesa e promoção desse princípio, que procura responder às alterações sociais e políticas da sociedade relativas à cidadania e igualdade de género. das mulheres), o grande objetivo da Comissão é “Apoiar todas as formas de consciencialização das mulheres portuguesas e a eliminação das discriminações contra elas praticadas, em ordem à sua inserção no processo de transformação da sociedade portuguesa, de acordo com os princípios consignados na Constituição”. Essa matriz original tem marcado o seu percurso, ora alargado a atribuições muito mais extensas, envolvendo, na sua atuação, quer o setor público, central e local, quer o setor privado, ONG, e a população em geral, competindo ainda à CIG cooperar com organizações de âmbito comunitário e internacional, tendo em vista participar nas grandes orientações comunitárias e internacionais relativas à cidadania e igualdade de género, e promover a sua implementação a nível nacional. Os instrumentos de políticas públicas no âmbito da cidadania e da promoção e defesa da igualdade de género e de combate à violência doméstica e de género e ao tráfico de seres humanos marcam o presente e o futuro da CIG.
Fátima duarte Presidente
Para que possamos contextualizar os nossos leitores, pedia-lhe que nos elucidasse sobre o que é a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) e qual a sua missão. Por onde passa o futuro da Comissão? A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género é o serviço da administração direta do Estado, pertencente à Presidência do Conselho de Ministros, e atuando sob a tutela da Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, que tem por missão garantir a execução das políticas públicas no âmbito da cidadania e da promoção e defesa da igualdade de género e de combate à violência doméstica e de género e ao tráfico de seres humanos, e, como tal, entidade coordenadora do V Plano Nacional para a Igualdade de Género, Cidadania e Não-discriminação 2014-2017 (V PNI); V Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência Doméstica e de Género 2014 -2017 (V PNPCVDG), que inclui o III Programa de Ação
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para a Prevenção e Eliminação da Mutilação Genital Feminina 2014-2017 (III PAPEMGF); III Plano Nacional de Prevenção e Combate ao Tráfico de Seres Humanos 2014-2017 (III PNPCTSH); e do II Plano Nacional de Ação para a Implementação da RCSNU 1325 (20142018). Sucede à Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, que, por sua vez, sucedera à Comissão da Condição Feminina, surgida em 1975, por iniciativa de Maria de Lourdes Pintassilgo, então Ministra dos Assuntos Sociais, e posteriormente institucionalizada em 1977. Acompanhando o momento internacional (é sobretudo a partir da década de 70, com as conferências mundiais sobre as mulheres, que se reconhece que a desigualdade e igualdade de género é de natureza complexa e sistémica, não podendo ser vista apenas como uma questão das mulheres, mas sim de mulheres e de homens, fundamental para o futuro da humanidade, e implicando a existência de mecanismos institucionais para o progresso da situação
De que forma se elimina a discriminação baseada no género e se constrói uma sociedade plena na sua cidadania? Tem cabido a sucessivos planos para a igualdade a concretização do regime legal de igualdade que, na sequência dos princípios constitucionais de igualdade e de promoção de igualdade entre homens e mulheres, esta qualificada como tarefa fundamental do Estado, se tem vindo a completar ao longo dos anos, alcançando todos os ramos do Direito, mas que, por si só, não se tem demonstrado suficiente para eliminar a desigualdade baseada no sexo. Os planos pretendem conseguir as mudanças de natureza não legal necessárias a alcançar a plena igualdade para as mulheres, assumindo-se como estratégias de promoção da igualdade de género, cidadania e não discriminação, através do mainstreaming e de medidas de ação positiva, especificamente dirigidas às realidades de vários setores. Os planos estruturam-se por áreas consideradas estratégicas, sendo uma delas a da educação, setor desde sempre trabalhado pela Comissão. Na verdade, a escola, para além de ser um local de compreensão e de preparação de rapazes e raparigas para a vida, deverá estar entre os principais agentes de mudança. Em 2008, a CIG iniciou um projeto, no qual contou com a participação do Ministério da Educação, que teve como objetivo a produção e edição de materiais de apoio à integração da dimensão do género e da
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igualdade entre raparigas e rapazes no currículo do ensino desde do pré-escolar passando pelo básico. Destinando-se à educação formal, os Guiões de Educação Género e Cidadania são instrumentos de apoio para profissionais de educação de todas as áreas curriculares, disciplinares e não disciplinares, e de todos os tipos e/ou modalidades de ensino, tendo como finalidade a integração da dimensão de género nas práticas educativas formais e nas dinâmicas organizacionais das instituições educativas, com vista à eliminação gradual dos estereótipos sociais de género que predefinem o que é suposto ser e fazer um rapaz e uma rapariga. O acesso de todas as pessoas à cidadania é essencial para uma sociedade justa e equilibrada e
deve de ser garantida pelo estado e a administração através de políticas e ações públicas. A campanha “Nunca é Tarde” direciona-se contra a violência doméstica exercida sobre as pessoas idosas, sobretudo as mulheres. Pode-nos falar um pouco sobre a mesma? A campanha “Nunca é tarde” versa a violência doméstica exercida sobre as pessoas idosas, sobretudo as mulheres idosas, visando a sensibilização da população para esta problemática. Esta campanha enquadra-se nos objetivos da área estratégica 1 – Prevenir, sensibilizar e educar – do V PNPCV, que preconiza, entre outros, a prevenção da violência doméstica e de género, a promoção dos
valores da igualdade, cidadania e de uma cultura de não-violência, a eliminação dos estereótipos de género que legitimam a existência de relações desiguais e de comportamentos discriminatórios e o aumento do nível de sensibilização e de conhecimento sobre a violência doméstica exercida sobre as pessoas idosas. Esta campanha inclui a disseminação de cartazes (três imagens distintas, relativas aos três principais tipos de violência: física, psicológica e social), folhetos com informações genéricas sobre este tipo de vitimação, um spot de TV e um spot de rádio, anúncios para imprensa nacional e regional e materiais multimédia, para utilização em páginas web.
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Ao contrário do que muitos pensam, também existe violência doméstica para com os homens… De acordo com o Relatório Anual de Monitorização de Violência Doméstica 2013 (MAI), nas 27 318 participações de violência doméstica registadas pelas Forças de Segurança, em 2013, 85% das vítimas eram mulheres e 88% dos denunciados eram homens. Nesse mesmo contexto, assinalaram-se 40 homicídios conjugais/passionais, os quais tiveram como resultado 30 vítimas do sexo feminino e 10 do sexo masculino. Esses dados confirmam a natureza de assimetria estrutural de género da violência doméstica, atingindo principalmente as mulheres, o que não exclui que os homens também não possam ser vítimas de violência doméstica. Falemos sobre o V Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência Doméstica e de Género, 2014-2017. Quais os principais pontos deste plano? Assumindo que todas as formas de violência de género radicam numa desigualdade enraizada que cumpre eliminar, a execução do V PNPCVDG mantém estreita relação com o V Plano Nacional para a Igualdade de Género, Cidadania e Não-discriminação 2014-2017. Em linha com o preconizado pelo Conselho da Europa através da Convenção de Istambul, o V PNPCVDG procura difundir uma cultura de igualdade e não-violência, assumindo o objetivo de tornar Portugal um país livre de violência de género, incluindo a violência doméstica, onde mulheres e homens, independentemente da sua origem étnica, idade, condição socioeconómica, deficiência, religião, orientação sexual ou identidade de género possam aspirar, em igualdade, a viver numa sociedade livre de violência e de discriminação. Uma sociedade com uma forte matriz de respeito pelos direitos humanos fundamentais. O V PNPCVDG estrutura -se em cinco áreas estratégicas (num total de 55 medidas): 1) Prevenir, Sensibilizar e Educar; 2) Proteger as Vítimas e Promover a sua Integração; 3) Intervir junto de Agressores/as; 4) Formar e Qualificar Profissionais; 5) Investigar e Monitorizar. O que acrescenta este plano aos anteriores? O V PNPCVDG assenta nos pressupostos da Convenção de Istambul, alargando o seu âmbito de aplicação, até aqui circunscrito à violência doméstica, a outros tipos de violência de género. Esta mudança de paradigma faz com que o V PNPCVDG abranja outras formas de violência de género, como a mutilação genital feminina e as agressões sexuais. Na esteira deste entendimento, o III Programa de Ação para a Prevenção e Eliminação da Mutilação Genital Feminina 2014 -2017, que visa combater uma das mais graves violações de direitos humanos cometidas contra raparigas e mulheres, passa a fazer parte integrante do V PNPCVDG. No que diz respeito à violência doméstica, o V PNPCVDG procura consolidar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na área, assimilando as mais recentes
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orientações europeias e internacionais sobre a matéria. Assim, delineiam-se estratégias no sentido da proteção das vítimas, da intervenção junto de agressores/as, do aprofundamento do conhecimento dos fenómenos associados, da prevenção dos mesmos, da qualificação dos/as profissionais envolvidos/as e do reforço da rede de estruturas de apoio e de atendimento às vítimas existente no país. Que outros projetos da CIG merecem destaque? De entre as inúmeras atribuições prosseguidas pela CIG, mencionam-se algumas das suas atividades relacionadas com a sua qualidade de entidade coordenadora dos planos nacionais. Assim, e no domínio do V PNPCVDG e do sistema integrado de prevenção da violência doméstica e de proteção e assistência das suas vítimas, previsto pela Lei n.º 112/2009, de 16 de setembro, refira-se o programa de teleassistência a vítimas de violência doméstica, a disponibilização de um serviço de informação a vítimas de violência doméstica – serviço telefónico gratuito e confidencial, a funcionar 24H/dia (800 202 148) -, o acompanhamento e supervisão técnica da rede nacional de estruturas de apoio a vítimas de violência doméstica (estruturas de atendimento e casas de abrigo) e o desenvolvimento de oito ações de formação para Técnicos de Apoio à Vítima (TAV), entre outras. Já quanto à promoção da igualdade de género, a CIG continua a aprofundar a sua atuação junto de públicos estratégicos como professores/as, profissionais de saúde, com os media, mas também com políticos e decisores a vários níveis, incluindo o nível local, a par da comunidade académica e científica. Ao mesmo tempo, encontra-se neste momento a desenvolver toda uma política territorial, com vista a ampliar a sua rede de trabalho de forma mais abrangente possível, através de um apoio
especializado aos municípios para a promoção de Planos Municipais para a Igualdade. Dando continuidade às estratégias de informação e sensibilização da opinião pública e de incentivo ao desenvolvimento dos Estudos sobre as Mulheres e Estudos de Género, prosseguidas desde 1975, a CIG têm vindo a investir na modernização do seu sistema de gestão e disseminação de informação especializada, tendo desta aposta de base tecnológica resultado, por exemplo, a criação da Biblioteca Digital e do Arquivo Histórico Digital da CIG, a implementação de um novo sítio web institucional e a edição eletrónica de publicações acessíveis a invisuais.
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artigo de opinião A IGUALDADE DE GÉNERO É UM BOM NEGÓCIO? A SENHORA ANGELA MERKEL DIZ QUE SIM! Redigido por Sandra Ribeiro, presidente da Comissão Para a Igualdade no Trabalho e no Emprego
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Noruega mostrou o caminho em 2003. Desde então, a Itália, a França, a Espanha, a Bélgica, a Islândia e até o Dubai, tem vindo a adotar legislação no sentido de garantir a presença equilibrado de ambos os sexos na direção das suas maiores empresas. No passado dia 11 de dezembro, foi a vez da maior economia da Europa aprovar a imposição de quotas para o sexo menos representado, nos cargos não executivos das maiores empresas alemãs. A nova lei, que entra em vigor em 2016, exige que as mulheres representem pelo menos 30% dos membros não executivos de cada órgão de fiscalização das empresas registadas em bolsa. E, para garantir que não existirão desvios ao objetivo a atingir, a sanção prevista para o incumprimento da nova lei não é o pagamento de coimas, mas antes, a obrigação de manter os cargos vagos até que sejam encontradas mulheres com competência para o seu preenchimento. Face ao tecido empresarial alemão, prevê-se que esta nova lei abranja cerca de 100 empresas. “Não nos podemos permitir renunciar à competência
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das mulheres”, afirmou a Senhora Angela Merkel, diante do parlamento alemão, durante o seu discurso de apresentação da nova lei. Esta medida legislativa tem como grande objetivo promover a igualdade de género de uma forma efetiva no mundo laboral alemão, tendo por base a convicção de que a desigualdade de oportunidades no acesso a cargos de direção implica a perda de talentos e tem consequencias negativas para o desempenho da economia, pois as empresas, até agora, não se tem estado a permitir usar toda a potencialidade de competâncias existentes no mercado. A lei de quotas alemã, vem de resto ao encontro das conclusões que cada vez mais estudos e relatórios internacionais (desde a Organização Internacional do Trabalho, passando pelo Fórum Económico Mundial, pela OCDE, e mesmo por grandes consultoras internacionais como a MERCER) têm vindo a apresentar, ou seja: as empresas que integram homens e mulheres nas suas equipes de direção, de uma forma equilibrada, são aquelas que conseguem alcançar melhores resultados. De facto, é cada vez mais difícil continuar a ignorar que
a diversidade de género permite uma maior variedade de perspectivas, permite uma visão mais holística no que respeita à análise de questões, consequências e riscos, potenciando decisões mais refletidas, coerentes e abrangentes. Por outro lado, aumentar diversidade de género nos quadros de direção, considerando a evidencia estatística de que são as mulheres as grandes responsáveis, direta ou indiretamente, pelo consumo, incluindo de bens e serviços tradicionalmente usados por homens, é obviamente uma decisão inteligente para maximizar as oportunidades para uma melhor compreensão das tendências de consumo, abrindo portas para novos mercados ou aumentando as quotas de mercado existentes. É obvio que a Senhora Angela Merkel compreendeu que a promoção da igualdade de género é um bom negócio! É obvio que se a Senhora Angela Merkel não estivesse segura de que vai tirar vantagens para a economia alemã através da lei de quotas não a teria aprovado. Ou alguém ainda é suficiente ingénuo para ter dúvidas sobre isso?
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Inovar para Crescer
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ortugal foi o país da União Europeia (UE) onde a inovação mais cresceu no último ano, de acordo com um relatório divulgado pela Comissão Europeia no primeiro trimestre de 2014. De acordo com o Painel de Avaliação da Inovação, divulgado por Bruxelas, Portugal está ao lado da Itália, Espanha, República Checa, Grécia, Eslováquia, Hungria, Malta, Lituânia e Croácia, pertencendo ao grupo dos inovadores moderados. Ou seja, que atingem entre 50 a 90 por cento da média europeia. Em relação a Portugal, os dados mostram que foi o país onde a inovação mais cresceu, com uma subida de 3.9 por cento, seguindo-se no ranking de maiores aumentos a Estónia e a Letónia. Em termos médios, a inovação na UE aumentou 1,7 por cento. A Comissão Europeia refere que a inovação em Portugal “cresceu até 2010, ano a partir do qual se manteve relativamente estável”. Por essa razão, a sua revista empresarial mostra-lhe alguns dos melhores exemplos de inovação e crescimento nacional. Damos destaque à (re)abertura da Conforama Gaia, depois do incêndio que destruiu toda a loja há apenas nove meses e que continua presente na memória de todos os gaienses. Também em Gaia, a Revista Business Portugal esteve presente na inauguração de um novo e moderno espaço de co-working, espaço pertencente ao Candal park, uma referência no mundo empresarial do norte do país. Há ainda tempo para conhecer a L3F, uma empresa de design de interiores que tem ganho destaque e reconhecimento em Portugal. Apresentamos-lhe também a Floresta Viva, uma empresa que surge da vontade de um grupo de jovens agricultores em desenvolver um projeto tendo por base um gosto comum, o cogumelo. Já a Associação Portuguesa de Produtores de Biocombustíveis faz uma antevisão do setor para o ano de 2015.
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL INOVAR PARA CRESCER
Mais negócios em Vila Nova de Gaia candal park A Candal Park – Centro de Negócios e Empresas inaugurou no passado dia 9 de dezembro o seu novo espaço empresarial destinado ao co-working. Este projeto foi pensado ao pormenor para servir as necessidades dos novos e jovens negócios que vão surgindo e engrandecendo a economia e o tecido empresarial nacional. A Revista Business Portugal esteve presente na apresentação deste projeto e conversou com Vítor Castanheira, Presidente do Conselho de Administração da Candal Park.
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ste novo edifício conta com dois pisos e está pensado ao pormenor para servir as necessidades dos empreendedores, que irá acolher. As instalações estão providas de todo o conforto e ferramentas de trabalho necessárias e têm a capacidade para acolher no imediato empreendedores, jovens empresários, profissionais liberais de diferentes áreas de trabalho e também empresas. Também ele um espaço inovador, o edifício está disponível 24/7 todo o ano e está inserido num parque empresarial muito polivalente e dinâmico como é o Candal Park. Vítor Castanheira, presidente do Conselho de Administração deste novo espaço dedicado ao empreendedorismo revelou à Revista Business Portugal que as expectativas são muito positivas. “Neste momento, já temos algumas empresas a ocupar espaços, sendo que a procura tem passado essencialmente pelos
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espaços mais amplos”. O processo de divulgação irá passar agora por locais estratégicos, como faculdades, institutos superiores e “todos os locais passíveis de encontrar jovens empreendedores”, disse o nosso interlocutor. “Gostávamos muito rapidamente de preencher todos os espaços disponíveis e se for necessário algum esforço financeiro da nossa parte para tal, fá-lo-emos”, acrescenta. Questionado sobre o crescimento do espaço dedicado ao co-working, Vítor Castanheira afirma que este dependerá do seu sucesso. Contudo, e se assim se justificar, “a Candal Park tem todas as condições necessárias por onde crescer e aumentar a oferta de espaços destinados a este centro empresarial, não só para co-working, mas também para o crescimento destas, agora, pequenas empresas. Ou seja, quando o volume de negócio justificar um espaço maior, estes jovens empresários não precisarão de sair do
centro empresarial, uma vez que poderão encontrar os mesmos aqui”. Vítor Castanheira faz ainda questão de ressalvar a importância deste projeto para a região onde está inserido, a cidade de Vila Nova de Gaia. “Há aqui uma significativa e crescente dinâmica empresarial e a Câmara Municipal tem apoiado bastante as novas empresas que escolhem este concelho para implementarem o seu negócio”. Este apoio municipal foi também corroborado por Manuel Monteiro, vereador da Câmara Municipal de Gaia, que também esteve presente na inauguração. “Temos uma grande satisfação em comprovar que em tempos de crise existem iniciativas que promovem o empreendedorismo, que resultam, por um lado, de alguma imaginação, por outro de alguma utopia e de algum aventureirismo também”, começou por afirmar o vereador. “É de louvar a criação de novas formas de
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emprego, como é exemplo este ninho de empresas a partir do qual podem depois, crescer, vingar e consolidarem-se”. Manuel Monteiro acrescentou ainda que a Câmara de Gaia está completamente aberta a iniciativas desta natureza empresarial, facilitando o avançar das mesmas através de isenção de taxas, da desburocratização dos processos e outras medidas que o Município tem levado a cabo em prol do tecido empresarial da região e, consequentemente, na criação de emprego.
Empresas já enraizadas Apesar de inaugurado há poucos dias, este espaço da Candal Park conta já com quatro empresas, nomeadamente Free 2000, Expofarm XXI, Station Produções e ainda a City Consult. Desta última, falamos com Tânia Pinto, que nos afirmou que a sua escolha por um espaço com este conceito se prende essencialmente pela partilha e complementaridade de serviços que os mesmos apresentam. “Escolhemos este espaço pela mais-valia de ter outras empresas junto de nós e podermos complementar os nossos serviços”. Tânia Pinto refere ainda que é mais vantajoso às empresas estarem inseridas num ambiente em complemento com outras entidades, “torna-se mais fácil crescer junto a outras empresas”.
vítor castanheira Presidente
Passado Industrial…. A Candal Park – Centro de Negócios e Empresas encontra-se instalado na antiga fábrica ElectroCerâmica. Com uma localização privilegiada, situada à entrada da Ponte da Arrábida, com rápido acesso à Ponte do Freixo, pela VL8 e acessos diretos às marginais e praias da cidade, encontrando-se, por isso, num local estratégico e em grande expansão entre as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia. Criada em 1919 como indústria de porcelanas elétricas, a atividade imobiliária desenvolveu-se apenas a partir de 1989. Passado um quarto de século, e enquanto Parque Empresarial, a Candal Park conta já com a existência de mais de 110 empresas residentes. Atualmente, o parque empresarial conta com uma oferta de 170 espaços e disponibiliza várias infraestruturas de apoio, como são exemplo a vigilância, ctt, restaurante, cafetaria, sala de formação, domiciliação de empresas, entre outras. As instalações disponibilizadas resultam da adaptação e renovação dos edifícios fabris da Electro-Cerâmica e de edifícios construídos recentemente, a pensar nas necessidades de área e flexibilidade das empresas. A sua missão passa pela criação de valor para os seus clientes, disponibilizando inovação e qualidade. Através da promoção e criação de dinâmicas de negócio entre empresas, o Candal Park afirma-se como um parceiro ativo no desenvolvimento dos negócios, … num presente empresarial.
vítor castanheira e manuel monteiro Presidente e Vereador do Município de Gaia
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Os Biocombustíveis - fator de sustentabilidade e os desafios para 2015 associação portuguesa de produtores de biocombustíveis necessárias à produção de biodiesel. Em 2014 o setor produtor de biodiesel enfrentou três desafios: • A sustentabilidade dos seus produtores • O estímulo à produção agrícola nacional das matériasprimas que estão na origem do biodiesel. • O tratamento fiscal do biodiesel Vale a pena determo-nos sobre cada um destes desafios.
A sustentabilidade
jaime braga Secretário-Geral
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APPB - Associação Portuguesa de Produtores de Biocombustíveis é composta pelas cinco empresas que, à data da sua constituição, com produtores nacionais de biodiesel: 1 . Biovegetal - Combustíveis Biológicos e Vegetais, S.A. 2 . Fábrica Torrejana de Biocombustíveis, S.A. 3 . Iberol - Sociedade Ibérica de Biocombustíveis e Oleaginosas, S.A. 4 . Prio Biocombustíveis S.A 5 . Sovena Oilseeds Portugal S.A. Hoje existem dois novos produtores no mercado; no entanto, as empresas que constituem a APPB têm assegurado a satisfação de cerca de 90 por cento das necessidades do país em biodiesel a incorporar no gasóleo rodoviário. É de salientar que os estatutos da APPB prevêem a adesão de novos associados, desde que se dediquem à produção de biodiesel em território nacional. A APPB e as empresas que a compõem têm como linha orientadora a sua contribuição eficaz para uma maior sustentabilidade dos combustíveis, dentro de um quadro de crescente valor acrescentado nacional, através da produção endógena de parte das matérias-primas
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Os biocombustíveis pertencem ao número restrito de produtos sujeitos a regras especificas e exigentes de sustentabilidade de acordo com o disposto na Diretiva n.º 2009/28/CE relativa à promoção de utilização de energia proveniente de fontes renováveis. Por outro lado, os biocombustíveis têm de cumprir reduções mínimas de emissões de gases com efeito de estufa resultantes da sua utilização em comparação com o combustível que visam substituir. Hoje essa redução mínima é de 35 por cento, a partir de 1 de janeiro de 2017 será de 50 por cento. O biodiesel produzido em Portugal pelas empresas associadas da APPB cumpre totalmente os critérios de sustentabilidade fixados pela legislação comunitária e estão em condições de satisfazer as reduções mínimas de emissões, atuais e futuras. Os produtores de biodiesel que compõem a APPB realizaram um esforço significativo investindo em instalações modernas equipadas com a melhor tecnologia e, ao contrário do que ainda se passa noutros países europeus, só fabricam biodiesel a partir de matérias-primas com certificado de sustentabilidade e certificaram as emissões provenientes desse fabrico sob sistema explicitamente reconhecido pela Comissão Europeia.
O estímulo à produção agrícola nacional O biodiesel do tipo FAME (metilésteres de ácidos gordos) é fabricado a partir de óleos e gorduras dos quais de destacam os óleos de colza, de soja e de palma. Portugal tem uma tradição limitada de produção de oleaginosas, mas tem todas as condições, tal como os demais países europeus, para a produção de colza, a que corresponde uma cultura de inverno, bem adequada às exigências das boas práticas no que se refere à rotação de culturas.
A APPB, em colaboração com as empresas fornecedoras de sementes lançou em 2013 e prosseguiu em 2014 uma campanha de estímulo à produção de colza , junto dos agricultores, indicando que as empresas suas associadas garantem a aquisição integral à agricultura da produção nacional de colza. A APPB tem a expectativa de que, em 2015, a produção nacional de sementes pelas quais resulta, em simultâneo, óleo para o biodiesel e farinhas com grande teor proteico para a alimentação animal tenha já significado, poupando importações e gerando emprego e valor acrescentado nacional.
A fiscalidade Hoje, o biodiesel e o gasóleo rodoviário que o incorpora numa percentagem próxima de 7 por cento do seu consumo nacional têm um tratamento fiscal comum. A APPB defende, na linha do que está previsto na evolução da legislação comunitária, a diferenciação fiscal do biodiesel face ao gasóleo, por ter uma origem renovável e por, objetivamente, proporcionar redução de emissões de gases com efeito de estufa. Salienta-se que, que hoje, o biodiesel é, em Portugal, o único substituto do gasóleo que cumpre simultaneamente os dois critérios - é renovável e proporciona redução de emissões.
Perspetivas para 2015 2015 abre um novo capítulo nas condições em que o setor do biodiesel opera. Às empresas produtoras deixam de ser atribuídas quotas de colocação no mercado, introduzindo assim, mais concorrência no setor. Deseja-se esta concorrência em condições de igualdade quer nas exigências de qualidade do produto final, quer de satisfação dos referidos requisitos se sustentabilidade. Os associados da APPB produzem biodiesel que cumpre todos os requisitos qualitativos e de sustentabilidade contribuindo para a sustentabilidade do setor dos transportes e para o cumprimento das metas de energias renováveis no consumo final da energia a que Portugal se obrigou.
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Conforama (re)abre na cidade de Gaia conforama
Depois do incêndio que destruiu por completo a loja no passado mês de fevereiro, a Conforama ‘renasceu das cinzas’ e abriu novamente as suas portas em novembro, recuperando todos os postos de trabalho e integrando de novos colaboradores, num total de 60 pessoas.
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Eduardo vítor rodrigues e joana fontes Inauguram a loja Conforama Gaia
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loja reabriu como a maior Conforama do país, com mais de 5.500 m2 de exposição e outros 5.000 de armazém, cumprindo assim o compromisso assumido pelo diretor-geral ibérico da marca de mobiliário detida pelo grupo sulafricano Steinhoff, Manuel Estevez, “um compromisso com a região, onde garantimos que tudo seria feito para que, ainda este ano, os dias voltassem à normalidade. É esse o compromisso que estamos a honrar agora”. No seu discurso inaugural, numa cerimónia marcada pela emoção, Manuel Estevez fez questão de ressalvar o apoio recebido por parte do Município de Gaia, “apoio esse que foi fundamental para que conseguíssemos reabrir a loja passados apenas nove meses do fatídico incêndio que destruiu tudo”. Com emoção na voz, o diretor-geral ibérico reforçou ainda que das lágrimas à ação para reerguer a loja passou-se apenas um dia. “Depois de um dia de tristeza, lágrimas e desilusão partilhada, colocamos de imediato mãos à obra e graças à confiança dos diretores gerais da Conforama e à colaboração das instituições portuguesas, com especial destaque ao Município de Vila Nova de Gaia, já temos aqui hoje a nova loja Conforama Gaia”. O anfitrião acrescentou ainda que a oferta da loja foi adaptada a uma maior multiplicidade de estilos, respeitando os gostos locais. “Esta adaptação é possível graças ao facto de grande parte dos nossos fornecedores serem portugueses. Aliás, no top 10 de fornecedores de móveis da Conforama, seis são portugueses”. Manuel Estevez não quis deixar de endereçar algumas palavras aos colaboradores desta loja. “Agradeço o vosso compromisso, a fidelidade à Conforama e espero
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que a partir de hoje consigam que a experiência dos clientes na visita à Conforama seja excelente e que não hesitem em voltar e recomendem a todos os produtos da nossa loja. Temos uma loja maravilhosa, excelentes instalações, produtos muito bons e agora é o momento do cliente”. Tonino Pereira, diretor geral da Conforama internacional também esteve presente nesta data importante para a marca. Na sua intervenção, Tonino Pereira fez questão de reforçar a importância de Portugal na expansão da Conforama. Atualmente com cinco lojas em território português, a intenção é duplicar este número até 2017 e chegar ao segundo lugar do pódio na venda de mobiliário e decoração. “Estamos já muito próximos de alcançar esse objetivo”, revelou, deixando também uma palavra de apreço a Joana Fontes, diretora da loja de Gaia, “que foi uma peça fundamental para reerguer esta casa, pois é um modelo de energia, compromisso e de liderança“. Eduardo Vítor Rodrigues, presidente do Município de Gaia, também esteve presente nesta ‘festa’ e na sua intervenção destacou os laços estabelecidos entre a cidade e esta marca, “pelo que fez sentido estarmos disponíveis para ajudar. Por outro lado, também não fazia sentido captarmos novas empresas se não ajudássemos as que já estão no concelho”. A Câmara Municipal empenhou-se na recuperação da loja e dos trabalhadores através da isenção de licenciamentos durante o processo de reconstrução. O município garantiu também a isenção de taxas de derrama por três meses e da tarifa de resíduos sólidos por seis meses, ao abrigo do programa ‘Via Verde para o Investimento’. O edil da cidade que acolhe esta casa afirmou assistir a esta inauguração com um gosto especial, “depois do azar que bateu à porta desta empresa, de termos trabalhados nos dias seguintes onde assumimos uma parceria de modo a tentarmos mostrar aos responsáveis desta empresa que tínhamos todo o interesse em manter a Conforama em Vila Nova de Gaia”. Eduardo
tonino pereira Diretor Geral da Conforama Internacional
manuel estevez Diretor Geral da Conforama Ibérica
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eduardo vítor rodrigues Presidente do Município de Gaia
joana fontes Diretor da Conforama Gaia
Vítor Rodrigues afirmou ainda estar bastante orgulhoso de mostrar que cabe sobretudo às Câmaras Municipais criarem incentivos para cativar novas empresas e manter as que já fazem parte do seu seio empresarial, dando o exemplo da Cerâmica de Valadares, uma outra referência da cidade que, também graças a estes apoios conseguiu reabrir as suas portas depois de um processo de insolvência bastante complicado e moroso. “Foi um ressurgir, tal como acontece hoje com esta nova loja da Conforama. A Conforama é mais do que uma empresa, é uma marca, é um estilo de vida. Desejo-vos a maior das sortes porque quem renasce com mais força, mais empregados e mais loja, merece toda a sorte do mundo”, finalizou. O discurso mais emocionado e sentido da noite foi mesmo o de Joana Fontes. Iniciou o mesmo com um simples “conseguimos”, e logo os aplausos e as lágrimas não se fizeram tardar. A diretora da loja da Conforama Gaia, Joana Fontes, fez questão de agradecer a cada pessoa em particular, não esquecendo a direção nem qualquer um dos outros departamentos, nomeadamente financeiro, expansão, recursos humanos, marketing, informática e a cada um dos seus colegas, apelidandoos carinhosamente de ‘confo-aventureiros’. “Estamos mais capazes, adquirimos novas competências e tornamo-nos mais fortes”. Neste discurso tão sentido foi ainda referido o apoio do Município de Gaia, “que teve sempre uma palavra amiga e sempre nos encorajou”, e foi ainda deixado um agradecimento aos bombeiros voluntários por terem garantido que, naquela fatídica noite, nada acontecesse aos edifícios em redor à Conforama. Joana Fontes terminou a sua intervenção ressalvando o espírito de equipa que todos demonstraram durante os nove meses que antecederam esta (re)abertura da Conforama Gaia. Seguiu-se o tradicional ‘cortar da fita’ por parte de Eduardo Vítor Rodrigues e Joana Fontes. E assim, como que uma fénix renascida, a Conforama Gaia é, novamente, uma realidade.
Um novo conceito A rede Conforama tem feito uma forte aposta no mercado português, de modo a reativar a marca no nosso país. Este plano de expansão contempla um investimento de 20 milhões de euros e a criação de 240 novos postos de trabalho até 2017. Até 2017 abrirão mais três novas lojas, sendo que o verão de 2015 é a data prevista para a seguinte abertura, a da Conforama Matosinhos. O objetivo da marca é alcançar o segundo lugar na venda de mobiliário e decoração em Portugal, à semelhança da posição que a Steinhoff International já detém a nível mundial, mas continuando a privilegiar as relações com os fornecedores de móveis portugueses. Para este novo conceito da marca, a equipa foi reforçada com um grupo de arquitetos de interiores na organização dos ambientes de exposição, onde prevalecem agora os tons claros e luminosos que conferem aos espaços uma linguagem distinta e sofisticada, mas muito “clean” e
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salvaguardando uma comunicação subtil, no interior da loja, através de uma sinalética “trendy”.
A nova loja Os consumidores de Gaia podem agora disfrutar de uma sala de vendas superior a 5.500 m2 e um armazém de 5.000 m2. Com um design completamente novo e atual, a Conforama é hoje um exemplo de modernidade, com uma oferta muito ampla, onde pode encontrar tudo o que é necessário para decorar a sua casa, desde mobiliário de sala, quartos de solteiro e casal, cozinha, decoração e eletrodomésticos, sem esquecer os colchões e os têxteis-lar. A disposição da loja foi estrategicamente pensada. Dividida em quatro áreas distintas e um circuito definido,
cada uma destas áreas reflete uma zona específica de uma casa. Joana Fontes, diretora da loja Conforama Gaia elucidou-nos sobre as mesmas. “A loja está dividida em quatro mundos. Temos o ‘mundo dia’, que é a entrada da loja, onde temos uma vasta oferta sofás, salas e terminamos nas televisões; segue-se o ‘mundo da cozinha’, onde apresentamos a nossa vasta gama de cozinhas, sempre com o complemento dos eletrodomésticos; passamos então para um mundo onde a luz é mais baixa, o ‘mundo noite’, onde temos a área dos colchões rodeada pelos quartos, tanto juvenis como de matrimónio; e terminamos no ‘mundo da decoração’, onde temos um sem fim de soluções de decoração, têxteis e tudo o que é necessário para as pessoas decorarem a sua casa. No fundo, disponibilizamos modernidade e variedade, sempre ao melhor preço”.
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assinatura de qualidade l3f Há 13 anos no mercado, a L3F, situada em Viana do Castelo, tem como principais áreas de intervenção a arquitetura e o design de interiores. A Revista Business Portugal conversou com Ana Freitas, administradora, sobre os ingredientes de sucesso desta empresa nacional. Como e quando nasce a L3F? A L3F nasceu em 2002 com uma equipa de apenas duas pessoas formadas em design de interiores. Nessa altura, dedicávamo-nos mais à área de habitação. A estratégia passou por cativar inicialmente o cliente particular mas sempre com a intenção de desenvolver projetos para espaços comerciais. Nesse sentido, começamos por abrir uma loja ao público para, desta forma, criar uma boa carteira de clientes, embora não seja tarefa fácil, principalmente numa cidade pequena. De facto, pouco tempo depois sentimos a necessidade de aumentar a equipa já que começaram a surgir, como tanto ambicionávamos, várias solicitações para o desenvolvimento de projetos para espaços públicos e comerciais. Em 2008, a falta de espaço da antiga loja para responder às novas necessidades de uma equipa que continuava a aumentar ditou a mudança para o espaço onde nos encontramos hoje. Esta alteração coincidiu também com a contratação do primeiro arquiteto. Ao longo dos anos, o trabalho foi crescendo e há cerca de um ano senti que era necessário fazer uma reformulação total na L3F. Para isso, muni-me do apoio de uma empresa de consultoria. Feita uma auditoria à L3F foram apresentadas soluções para alcançarmos uma organização mais eficiente do trabalho. Nessa sequência contratamos mais dois designers para dar resposta ao volume de projetos que tínhamos, passei a assumir um papel mais de gerência e não tanto de designer, embora tudo passe pelas minhas mãos, e definimos também alguns aspetos organizacionais. Atualmente, temos uma equipa constituída por oito pessoas. Com a mudança para este espaço focalizamonos em mostrar que o serviço que prestamos passa não só pela decoração de interiores mas também pelos projetos de raiz. É óbvio que com o aumento deste tipo de projetos o espaço de loja que temos aberto ao público deixou de ter tanta importância. Por isso mesmo a ideia no futuro é fechar este espaço e trabalhar como um gabinete de arquitetura focalizado nos interiores.
Ana Freitas Administradora
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Como é que se consegue atingir o volume de trabalho que a L3F possuí? Um cliente satisfeito traz sempre trabalho. A L3F já completou 13 anos e hoje é frequentes clientes antigos nos procurarem para fazer o projeto para uma nova habitação, ou de para espaço comercial que entretanto adquiriram. Como referi anteriormente, hoje os nossos projetos, como sempre desejamos desde o início da L3F, são
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sobretudo para espaços comerciais e públicos – desenvolvemos e concretizamos bastantes trabalhos na área da saúde, clínicas e na área comercial, sapatarias e lojas de vestuário, pastelarias. Neste momento estamos a trabalhar no projeto do quiosque mais antigo de Portugal, tem mais de 200 anos. Para além disso, temos projetado um trabalho de uma ourivesaria, que é também um tipo projeto que fazemos bastante. Ao longo dos anos fomos ganhando notoriedade pelo trabalho que fazemos e hoje os clientes, muitas vezes, já nem vêm fisicamente à loja falar connosco, contactamnos por e-mail ou telefone. Este facto releva que o trabalho da L3F já é conhecido e inspira confiança. É por isso mesmo que tem o objetivo, como falava há pouco de fechar a parte da loja ao público? Quando arranquei com este projeto o meu sonho era montar um gabinete com muita gente e já estou nesse caminho. No que respeita à parte da loja e do atendimento ao público, é um trabalho para o qual é necessário despender muito tempo que às vezes não se traduz em mais-valias efetivas. Desde que mudamos para este novo espaço já reduzi a área destinada ao atendimento ao público e às montras e a minha ideia é dentro de pouco tempo fechar mesmo a parte do atendimento e trabalhar como gabinete de projetos. Tem sido um crescimento medido e sustentado e quero continuar a fazê-lo assim.
conhecimentos. Assim, é possível fornecermos estes projetos chave na mão. No entanto, como elaboramos inicialmente um caderno de encargos, o cliente pode pedir outros orçamentos com a lista de trabalhos que fornecemos. Para clientes com vidas muito ocupadas, fornecer um serviço ‘chave na mão’ em que é assegurado que o resultado final ficará de acordo com o que foi acordado é uma mais-valia. Para a próxima semana vamos montar um projeto de turismo rural em Arcos de Valdevez. Este foi um cliente que chegou até nós apenas com a casa de pé. Fizemos o projeto todo de interiores e depois de aprovado, acompanhamos o cliente a escolher os azulejos, as torneiras, as louças. Neste caso como o cliente necessitava de tudo novo, fez connosco também o projeto de decoração. Que balanço faz do ano de 2014 e quais os objetivos para 2015? Este foi um ano muito positivo. Foi um ano em que
implementei todas as ações de que vos falei entre as quais a contratação de novos elementos para a equipa. Os resultados não são imediatos, até porque é necessário algum tempo de adaptação à dinâmica instalada mas já sentimos que a decisão de seguir por este caminho foi a certa. Foi um ano também importante porque em janeiro começamos a trabalhar com os SAMS Prestação Integrada de Cuidados de Saúde e brevemente vamos para Lisboa fazer mais uma obra para eles, quatro gabinetes e uma área pública de clínica de oftalmologia. Para 2015 acho que nos espera a continuação de grandes projetos. Os nossos clientes cada vez estão mais fidelizados e com a nossa carteira de clientes neste momento temos trabalho garantido. No próximo ano afigura-se ainda a possibilidade de um novo crescimento da equipa e o investimento em ferramentas informáticas muito importantes para o desenvolvimento do trabalho que fazemos.
Como é que dão o salto para fora de Viana do Castelo? Esse foi um passo que nunca tive medo de dar. Já fizemos vários trabalhos em outras cidades. Esses projetos chegam-nos quase sempre por recomendação de clientes nossos. É natural que esta ligação aconteça porque dificilmente alguém procura uma empresa fora da sua cidade para desenvolver este tipo de trabalhos. Penso que o sucesso passa pelas empresas conseguirem distinguir-se por alguma razão. No início de 2014 começamos a desenvolver projetos para os SAMS - Prestação Integrada de Cuidados de Saúde em Lisboa, o que mostra que o nosso trabalho e a forma de trabalhar merecem a confiança e a escolha de clientes fora de Viana do Castelo. Como calcula existem muitas empresas do mesmo género em Lisboa mas escolheram-nos a nós. Acho que muito do sucesso da L3F é conseguir captar muito bem aquilo que o cliente pretende. A principal preocupação dos clientes é que o projeto seja funcional e corresponda ao que imaginaram. Para isso, fazemos várias questões aos nossos clientes para perceber exatamente como vai ser utilizada a área a trabalhar para dessa forma a podermos adaptar à sua utilização futura. Os clientes que vos contratam para esses projetos têm assegurado um ‘serviço chave na mão’? Embora não tenhamos nenhuma fidelização a empreiteiros ou empresas que concretizam os projetos que desenvolvemos, temos algumas parcerias criadas com entidades em quem confiamos e que aconselhamos aos clientes que não possuam esses
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No apoio aos produtores de Cogumelos floresta viva Constituída em 2011, a empresa Floresta Viva criou em Amarante as raízes necessárias ao seu desenvolvimento. Especializada na comercialização de cogumelos e das ferramentas e matérias-primas necessárias à produção deste fungo utilizando madeira inoculada, a Floresta Viva presta um importante acompanhamento aos produtores.
Ricardo Moreira e aida costa Administradores
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s primeiras produções começaram em 2007 e serviram como um teste para os atuais sócios da Floresta Viva. “Quando se venderam os primeiros cogumelos começamos a tomar consciência que era necessário criar uma empresa organizada e por isso em 2011 nasce formalmente a empresa Floresta Viva”, explica Ricardo Moreira, um dos sócios. O nome escolhido não foi um acaso. Embora ligada a 100 por cento aos cogumelos, a equipa da Floresta Viva, diz Aida Costa, agrónoma na empresa, “quis encontrar um nome mais abrangente que não se reduzisse ao produto, cogumelo, mas onde pudessem ser também englobados os restantes produtos ligados à produção”. Para além da comercialização de cogumelos da espécie Shiitake, Pleurotus e selvagens esta empresa comercializa ainda vários produtos necessários à produção das primeiras duas espécies mencionadas já que os cogumelos selvagens nascem livremente na floresta. Um desses produtos é a madeira inoculada. Como explica Aida Costa, “a madeira inoculada é a base da produção”. Sendo o cogumelo a frutificação de um fungo, alimenta-se de outros seres vivos, organismos mortos ou de matérias em decomposição. À Floresta Viva chegam os troncos de madeira e do laboratório chega o inóculo (equivalente a uma semente) que é
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introduzido na madeira. Esta madeira segue depois para os produtores e começa o processo de produção, refere a agrónoma: “A madeira é a fonte de alimento para o fungo. A partir do inóculo que colocamos na madeira começa-se a propagar o fungo e a uma determinada altura surgem os cogumelos. A partir daí de dois em dois meses esse tronco origina cogumelos”. Aida Costa explica ainda que o mesmo tronco com a mesma inoculação permite produzir cogumelos durante um ciclo que vai de entre três a cinco anos. A produção de cogumelos em troncos de madeira não é muito comum na Europa mas, segundo Aida Costa, ela “origina cogumelos com mais qualidade e mais capacidade de conservação”. A este respeito Ricardo Moreira refere ainda as mais-valias que esta forma de produção traz para o meio ambiente: “Como aproveitamos madeira a partir dos oito centímetros que normalmente não tem valor por ser mais fina e é deixada na floresta ajudamos a diminuir o risco de incêndios. Para além disso essa floresta passa a ser mais vigiada porque tem interesse económico e é feito um corte mais cedo mas de forma sustentada o que promove ainda uma gestão florestal adequada”. Para a inoculação é utilizada a madeira dos carvalhos, castanheiros e eucaliptos. Para além da madeira inoculada, a Floresta Viva comercializa ainda uma vasta gama de ferramentas ligadas à produção deste fungo de duas marcas japonesas (Star M e Okuda Shiitake) das quais é representante europeia. Os clientes destes produtos são maioritariamente profissionais portugueses ligados a esta área, embora Aida Costa relembre que “já foram enviadas algumas coisas para a Roménia e Bulgária, países onde se produz cogumelos com o sistema em tronco”.
O apoio aos produtores Atualmente existem em Amarante vários produtores de cogumelos principalmente de Shiitake e Pleurotus. Já na génese da criação da Floresta Viva, os sócios,
também eles produtores de cogumelos, perceberam que “sozinhos nada se consegue e que não era portaa-porta que conseguiam vender o produto das suas explorações e ganhar dimensão para chegar alémfronteiras”, explica Ricardo Moreira. Por isso mesmo desde o arranque que a Floresta Viva presta apoio aos produtores de cogumelos: “Acompanhamos o processo de instalação dos produtores, a inoculação feita por eles ou a produção de madeiras inoculadas para eles e recolhemos e comercializamos as suas produções de cogumelos se assim o entenderem”. Este acompanhamento é fundamental principalmente para os novos agricultores, afirma Aida Costa: “Há muitas pessoas que hoje se dedicam à produção de cogumelos mas que não estavam ligadas à agricultura e que por isso mesmo não sabem ou têm muitas dúvidas relativas à produção”. Para dar ainda mais uma ajuda a estes produtores, a Floresta Viva realiza oficinas e já participou em parceria com a Confederação Nacional de Agricultura e a Associação de Agricultores do Porto na dinamização de um curso direcionado a Jovens Agricultores que se dedicam à produção de cogumelos shiitake em tronco. Toda a produção de cogumelos da Floresta Viva é totalmente escoada para clientes particulares, mercearias gourmet e restaurantes de hotéis. Inicialmente, diz Aida Costa, começaram por vender na zona norte mas atualmente já estamos a alargar a uma vasta área do território nacional. 2015 trará novidades garante Ricardo Moreira: “Há vários produtores a instalarem-se e calculo que a capacidade produção instalada cresça para o dobro. Para além disso iremos iniciar o processo de exportação, inicialmente para Espanha e França, que está a ser preparado há algum tempo. “Gostamos de dar passos comedidos e sustentados até porque a nossa ideia não é fazer uma exportação pontual mas sim regular”. A estas novidades Aida Costa acrescenta ainda a introdução de duas novas espécies de cultivo: “Elas já estão a ser preparadas e estou ansiosa que saiam os primeiros cogumelos”.
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Ação Social em português
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ma vez mais, a Revista Business Portugal dá-lhe a conhecer alguns dos melhores exemplos de ação social em Portugal. As Santas Casas da Misericórdia continuam a figurar esta nossa mostra com bastante (e merecido) destaque. Nesta que é a última edição de 2015, apresentamos-lhe a Misericórdia de Pinhel, que espera há já quatro anos para que a sua Unidade de Cuidados Continuados possa, finalmente, abrir as suas portas. Uma espera que tem prejudicado toda a região. Trazemos-lhe ainda a Santa Casa da Misericórdia de Aguiar da Beira, que se tem revelado uma instituição essencial para miúdos e graúdos. Ainda nas Santas Casas, damos-lhe também a conhecer nesta edição a Misericórdia de Lamego, uma das mais antigas do país e que nasceu pelas mãos da Rainha D. Leonor. Conheça a inda a Mundos de Vida, fundadora do Dia do Pijama, uma iniciativa levada a cabo de modo a sensibilizar o país para a necessidade de se reduzir o número de crianças institucionalizadas e se encontrarem soluções mais tenras, seguras e positivas através da solução de acolhimento familiar.
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Quatro anos à espera santa casa da misericórdia de pinhel Há quatro anos que a Santa Casa da Misericórdia de Pinhel espera para ver resolvida a situação que mantém as portas da Unidade de Cuidados Continuados encerradas. Em causa está a mudança da legislação.
alberto ribeiro Provedor
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camas permanecem vazias desde 2010, altura em que ficou concluída a Unidade de Cuidados Continuados de Pinhel. Ao que parece, a mudança em 2006 de algumas regras relativas à construção está na origem desta espera que Alberto Ribeiro tem esperança que termine no ano de 2015. A solução encontrada passa por transformar as atuais instalações numa Unidade de Cuidados Continuados de Saúde Mental. O provedor explica a importância destas unidades: “Em 2030 prevê-se que 40 por cento da população idosa sofra da doença de Alzeimer.” Enquanto a resposta do Ministério da Saúde não chega, o trabalho na Santa Casa da Misericórdia de Pinhel continua. Empenhada em prestar apoio à população desta cidade, pertencente ao distrito da Guarda, a instituição, refere Alberto Ribeiro que embora só tenha
assumido o cargo de provedor há nove anos já faz parte desta instituição desde 1979, tem diversificado ao longo dos anos os serviços que presta”. A vocação inicial estava ligada à saúde e por isso esta misericórdia teve um hospital construído através de meios comunitários em 1958, que foi depois nacionalizado, após o 25 de Abril, voltando mais tarde para as mãos da instituição que acabou por alugar o edifício onde se instalou o centro de saúde”. Atualmente, a instituição possui um lar de idosos com 76 utentes e apoia domiciliarmente mais 39. Valências que são, na ótica do provedor, de extrema importância porque a “população está a ficar cada vez mais envelhecida o que torna estas respostas e apoio mais necessários”. Para além do apoio à população mais idosa, a Santa Casa da Misericórdia de Pinhel possui também valências
de qualidade direcionadas aos mais pequenos. “Temos a creche que tem atualmente 60 crianças e o jardim-deinfância que é frequentado por mais 50”. Com tantos miúdos e graúdos para prestar apoio, Alberto Ribeiro realça a importância de ter uma equipa de colaboradores capaz. “Temos, neste momento, 70 funcionários. São pessoas capazes e que trabalham para prestar cada dia um serviço com mais qualidade. Para além disso, o número de funcionários que a instituição absorve é também importante para a própria região pois atenua os números de desemprego”. De olhos postos no ano de 2015 que está quase a porta, o provedor fala dos projetos futuros: “O nosso objetivo passa por fazer da Unidade de Cuidados de Saúde Mental em Pinhel uma realidade. Depois estamos também a projetar a reestruturação da cozinha social e iremos continuar a desenvolver os programas curriculares da creche e do jardim de infância.”
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Da infância até à terceira idade santa casa da misericórdia de aguiar da beira Desde a sua fundação, já lá vão cinco séculos, as Misericórdias têm sido “porto seguro” para milhares de portugueses. Estas instituições nasceram do preceito cristão da caridade, expresso nas 14 obras de misericórdia, sete espirituais e sete corporais e a Santa Casa da Misericórdia de Aguiar da Beira não é exceção. Nasceu com o objetivo da ajuda aos mais necessitados, e já há uma década que Fernando Andrade é o rosto mais visível da instituição.
fernando andrade Provedor
“Há 10 anos atrás esta instituição de solidariedade social tinha apenas uma valência a funcionar, e desde então foram feitos um conjunto de investimentos que permitiram uma grande evolução, não só em termos de património, mas também no que toca ao apoio prestado à população do concelho” salienta o provedor Fernando Andrade. Atualmente, dispõe de sete respostas sociais abrangendo utentes desde a infância até à terceira idade: lar de idosos (Lar Nossa Senhora do Amparo e Lar de Idosos da Misericórdia), serviço de apoio domiciliário (SAD), unidade de cuidados continuados de longa duração (UCC), creche, centro de atividades de tempos livres (CATL) e cantina social. O Lar de Nossa Senhora do Amparo nasceu em 1992, e foi a primeira valência da Santa Casa da Misericórdia de Aguiar da Beira a estar ao serviço da população. Tem capacidade para receber 45 utentes, sendo que, atualmente, presta apoio a utentes na sua maioria senhoras. O Lar da Misericórdia é um equipamento que se encontra em funcionamento há 3 anos, num edifício construído e cofinanciado ao abrigo do Programa Pares II, reunindo portanto, todas as condições em termos de
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infraestrutura, equipamentos e colaboradores exigidas. Outro serviço que esta instituição presta aos seus utentes é o apoio domiciliário, que consiste na prestação de cuidados individualizados e personalizados, tais como, higiene, alimentação, tratamento das roupas a indivíduos e famílias quando estes não podem assegurar temporária ou permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas. Com 30 utentes este serviço visa contribuir para a melhoria da sua qualidade de vida, assegurando-lhes a satisfação das suas necessidades básicas a fim de retardar a institucionalização. No que concerne à infância, a Santa Casa da Misericórdia de Aguiar da Beira debate-se com um problema comum à maioria dos concelhos de Portugal: a baixa natalidade. Neste sentido, acolhe 20 crianças em regime de creche e centro de atividades de tempos livres (CATL), tendo como principal objetivo cooperar com as famílias na sua missão educativa, ao mesmo tempo, prestam às crianças os cuidados de que carecem, e organizam serviços de apoio e ajuda complementares, às famílias com dificuldades específicas. A saúde é também uma aposta desta instituição de solidariedade social que dispõe de uma unidade de
cuidados continuados com 14 camas e uma unidade de fisioterapia, com profissionais devidamente formados para dar resposta às necessidades mais prementes da população. Num concelho do interior do país, como é o caso de Aguiar da Beira, pertencente ao distrito da Guarda, as instituições como a Santa Casa da Misericórdia desempenham um papel fundamental na alavancagem e na dinamização da economia social e local, uma vez que, são responsáveis pela criação de um número muito significativo de postos de trabalho. “Para além da Câmara Municipal, a Santa Casa da Misericórdia de Aguiar da Beira é o segundo empregador do concelho, com 80 funcionários, capazes e habilitados para prestar o apoio necessários aos nossos utentes, onde todos os dias procuramos melhorar” refere Fernando Andrade. O futuro desta instituição passa pela recuperação de um dos seus equipamentos, o Lar de Nossa Senhora do Amparo, que atualmente já não reúne as condições necessárias e exigidas para prestar o adequado apoio aos seus utentes.
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Enaltecer o passado e construir o futuro santa casa da misericórdia de lamego Com cerca de 500 anos, a Santa Casa da Misericórdia de Lamego é das mais antigas do país e surgiu através da rainha D.Leonor.
António Manuel Marques Luís Provedor
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egundo o provedor e médico, António Manuel Marques Luís, esta Santa Casa “representa uma obra extraordinária de séculos ao serviço da população”, mantendo-se sempre ativa com um património muito grande na prestação de cuidados de âmbito social aos pobres e muito particularmente aos idosos e às crianças. Até à data, o nosso interlocutor revela que a instituição tem vindo a desenvolver esta atividade de forma promissora e sem interrupções. No universo das suas valências, a Santa Casa da Misericórdia de Lamego coloca ao dispor um Lar Infantil Juvenil, destinado a jovens do sexo feminino que foram retiradas aos pais, que neste momento conta já com 30 utentes. Tem também um Centro de Acolhimento Temporário para crianças, até aos 10 anos, com 20 usuárias. Para além destes espaços, possui ainda um lar de idosos, com 84 utentes, um serviço de apoio domiciliário, com 35, uma cantina social, com 100 refeições diárias – almoço e jantar; e ainda creche, jardim infantil e ATL, englobando 100 crianças. Relativamente às propriedades da Santa Casa, o provedor indica uma Quinta em Lordelo, na Régua, com 34 hectares, que mantém cultivada e explorada não só em termos de vinho do Porto, mas também em termos de produção de vinho para consumo. A par da responsabilidade de provedor na Santa Casa da Misericórdia de Lamego, António Manuel Marques Luís continua a seguir a sua função de médico que
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acaba por ser complementar às funções sociais. Sobre as tarefas diárias, o nosso interlocutor realça “que este é um trabalho de doação a uma instituição que vive exclusivamente para o benefício dos outros, devendo por isso, manter-se no âmbito da atualização do seu estatuto, por força de legislação recentemente aprovada pelo governo, sem qualquer vencimento”. Na área da saúde, a Santa Casa tem em vista um projeto para desenvolver, nomeadamente no antigo hospital de Lamego que está desativado, “onde pretendemos englobar um lar residencial e uma unidade de cuidados continuados, de âmbito regional, vocacionada para os cuidados integrados para doentes de Alzheimer” explica o provedor. Neste sentido, o nosso entrevistado exalta a importância de nos lares de idosos dever existir uma separação entre os doentes de Alzheimer e os outros utentes, pois “essa proximidade prejudica ambas as partes porque o tratamento para cada caso é diferente” conclui. Com cerca de 120 funcionários, a Santa Casa da Misericórdia de Lamego é atualmente o segundo maior empregador da região, manifestando uma estrutura sólida “tentamos cumprir a missão de cuidar bem dos nossos utentes, de manter a Santa Casa sustentável, introduzindo qualidade nos cuidados que prestamos e estamos empenhados em oferecer emprego, dentro das nossas necessidades, contribuindo também para o desenvolvimento social da região” conta António Manuel
Marques Luís. Avaliando o seu percurso secular, a Santa Casa da Misericórdia de Lamego apresenta um historial muito consistente que, de acordo com o provedor Luís apresenta um “espólio valioso”, sendo que o objetivo num futuro próximo será transformar a sede da Santa Casa num museu, onde se irá contar a história da mesma. Além deste projeto, o provedor adianta que há um plano para requalificar o lar de idosos e terminar a obra de requalificação da igreja das Chagas, que pertence à Santa Casa, sendo que as duas vertentes da Santa Casa da Misericórdia de Lamego são, por um lado, a sustentabilidade económico-financeira e, por outro, a sustentabilidade pela qualidade dos atos praticados. Em 2015, com um orçamento de cerca de quatro milhões de euros, a Santa Casa da Misericórdia de Lamego vai abrir residências assistidas, onde serão implementados seis apartamentos, com capacidade para 30 pessoas, destinados a uma parte das jovens que estão colocadas no Lar Infantil Juvenil. O objetivo deste projeto é que “as jovens tenham a possibilidade de aprender a fazer a sua vida diária - como confecionar as suas refeições, gerir os seus rendimentos - para que no final, quando saírem da instituição, possam reunir competências e condições para enfrentar o futuro de forma autónoma”, conclui o provedor.
REVISTA BUSINESS PORTUGAL AÇÃO SOCIAL EM PORTUGUÊS
Procuram-se Abraços: todas as crianças têm direito a crescer numa família mundos de vida Uma criança tem o direito a crescer numa família. Foi sustentada nesta ideia que a Mundos de Vida – uma IPSS com 30 anos de existência – lançou há sete anos o primeiro serviço especializado de acolhimento familiar do país. Desde então, realiza, anualmente, nos distritos de Porto e Braga, a campanha “Procuram-se Abraços” com o objetivo de criar uma nova geração de famílias de acolhimento de qualidade e promover a cultura do acolhimento familiar.
célia claúdio Gestora do Serviço da Família
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m Portugal apenas quatro por cento das crianças vivem numa família de acolhimento. Um número que está muito longe da realidade de outros países europeus. Em França 65 por cento das crianças vivem numa família de acolhimento, subindo este número para 77 na Inglaterra. Atualmente existem em Portugal 8.142 crianças institucionalizadas. A Mundos de Vida acredita que como um país solidário que é, Portugal pode fazer muito melhor. Embora exista legislação de há 22 anos que apontava já o acolhimento familiar como uma medida preferencial, na prática no
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país instalou-se uma cultura de institucionalização e criou-se uma grande rede de centros de acolhimento. Até hoje a Mundos de Vida captou, formou e acompanhou mais de cem famílias que acolheram mais de cem crianças, que desta forma não precisaram de ser institucionalizadas. Ligado a este serviço especializado de acolhimento familiar, esta instituição lançou ainda, há três anos, a iniciativa Missão Pijama com o objetivo de sensibilizar o país para a necessidade de se reduzir o número de crianças institucionalizadas e se encontrarem soluções ternas, seguras e positivas através da solução de
acolhimento familiar. Um dos eventos mais importantes da Missão Pijama, Dia Nacional do Pijama realiza-se no dia 20 de Novembro de cada ano – dia da Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Nesta data as crianças vão vestidas em pijama para a sua escola. As escolas participantes transformam-se em Escolas Pijama, os concelhos em Concelhos Pijama e as famílias em Famílias Pijamas. Todos se juntam para lembrar e sensibilizar o país para a causa “Uma criança tem direito a crescer numa família”, como está inscrito no preambulo da Convenção que fez 25 anos em 2014.
REVISTA BUSINESS PORTUGAL AÇÃO SOCIAL EM PORTUGUÊS
Este é um dia solidário feito por “crianças que ajudam outras crianças”. Este ano participaram na iniciativa 226 mil crianças de 283 concelhos do continente e ilhas. Em Portugal, 8.142 crianças continuam a viver em instituições. São crianças invisíveis e sem voz. A coisa mais miserável e trágica da vida não é a falta de pão ou de uma casa mas o sentimento de não se ser nada, de não se sentir de ninguém. Todos podemos ajudar a mudar esta situação que faz doer a alma, conhecendo a realidade, aceitando ser família de acolhimento durante um tempo da nossa vida ou espalhando simplesmente esta causa, como todos anos, no Dia Nacional do Pijama milhares de crianças em todo o país o fazem, quando vestem o seu pijama – “momentos pijama” significam “momentos família” para que ninguém se esqueça que para uma criança uma família faz verdadeiramente falta.
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL ARTIGO DE OPINIÃO
artigo de opinião Êxito na procura de um novo desafio profissional Redigido por Jorge Fonseca, Executive Search & Career Coach Consultant ar EMA PARTNERS Portugal
Se de repente começa a perceber que o seu chefe já não o convida para as reuniões em que você habitualmente participava, que lhe começam a subtrair algumas das suas atribuições que são centralizadas em departamentos de serviços partilhados na sede da companhia (em Portugal ou mesmo algures no estrangeiro), ou que não vê perspectivas de evolução no seu actual posto, está perante alguns dos sinais que o deverão alertar para a procura activa de um novo desafio profissional. Na procura de um novo desafio profissional há várias etapas que deve cumprir. Comece por pensar muito bem a que tipo de posições pretende candidatar-se, em que setores, áreas funcionais e cidades/países, tendo em conta as suas mais-valias competitivas e as oportunidades nesses mercados específicos. Depois procure conceber um “currículo apelativo” do ponto de vista dos entrevistadores que poderão decidir a sua contratação. O próximo passo é começar a interagir com os “decisores target” (colocação de CV’s em sites de emprego e de empresas finais, envio de CV’s para os e-mails directos dos decisores alvo, contactos pessoais com executivos em eventos sociais, …). Esta última etapa é a mais difícil e é onde deve investir a claríssima maioria das suas démarches de Job Search. Por regra, um profissional desempregado deve passar 10 horas por dia e cinco dias por semana na procura de um novo desafio. Definir uma rotina e manter-se fiel a ela é determinante para alcançar o que pretende. É também importante estabelecer objetivos mensuráveis, identificáveis e específicos. Um mês sem conseguir
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arranjar emprego não significa uma semana perdida. Poderá ter alcançado outros objetivos, como por exemplo ter alargado a sua rede de contactos, aumentado a sua expertise em áreas críticas ou melhorado a sua imagem.
O tão aguardado momento… Quando começar a ser solicitado para comparecer às entrevistas prepare-se. Pense com calma o que deverá responder às diversas perguntas, esteja atento a gestos involuntários que faz, seja breve e claro nas respostas que dá, coloque questões inteligentes e construtivas. Mais importante que tudo é acreditar em si e rodearse de pessoas de excelência. Não espere que as oportunidades lhe caiam do céu. Vai ser necessário um trabalho metódico e que tenha presente as suas prioridades para atingir o sucesso nesta procura de um novo desafio profissional. É preciso ser otimista, ter iniciativa e fazer as coisas acontecer. caixa)
Acção direccionada Quando se pretende mudar, munir-se de um vasto nº de contactos de consultores de empresas de recrutamento e de Administradores e Directores de empresas finais é um fator decisivo. Sabia que a clara maioria das ofertas de emprego surgem dos contatos pessoais e das candidaturas espontâneas bem direccionadas? A rede de contatos é por isso uma mais-valia que a EMA PARTNERS Portugal lhe pode oferecer já que os seus consultores se deslocam constantemente a um vasto número de eventos nacionais e internacionais (feiras
sectoriais, conferências, almoços/ jantares de negócios, …), a fim de estabelecer contatos com potenciais empregadores. (caixa)
O parceiro ideal No meio da pior crise das últimas décadas pode parecer tarefa difícil encontrar um novo desafio profissional, mas com a ajuda da EMA PARTNERS Portugal – um consultor com vasta experiência na assessoria de executivos seniores em Career Change, encontrará as técnicas de que precisa para ser bem-sucedido, conseguindo dessa forma optimizar e agilizar substancialmente os seus timmings de Job Change. Seja porque o seu atual cargo já não o satisfaz ou porque de repente se viu numa situação de desemprego, a EMA PARTNERS Portugal poderá prestar-lhe toda a ajuda que precisa. Presente há 25 anos no mercado, esta consultora é um dos 12 maiores players mundiais da pesquisa direta de quadros, que no nosso país também oferece serviços de Career Change e Outplacement, direcionados à assessoria pessoal de quadros médios e de topo na procura de um novo desafio profissional, em Portugal e/ou no Estrangeiro.
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL MARCAS PRÓPRIAS
CHINA – A APOSTA NUMA CASA DE MARCAS RESTAURADA Gastão Cunha Ferreira, Lda.
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ma marca é, simplificando, um sinal distintivo do comércio que tem a função de, em primeira mão e fundamentalmente, permitir a distinção – pelo consumidor – dos produtos/serviços comercializados por uma entidade dos produtos/ serviços comercializados por entidades terceiras. Esta função, apelidada distintiva, é assegurada pela existência de um regime jurídico destinado a, por um lado, possibilitar, conceder e assegurar um monopólio ao requerente/titular da marca e, por outro lado, disponibilizar mecanismos de reacção e defesa contra terceiros que ponham em causa a estabilidade desse monopólio. Tal como referimos, esse monopólio pode abranger produtos e serviços. A partir do momento em que a marca é concedida, é garantido um exclusivo do sinal registado tanto sobre produtos e serviços idênticos como sobre produtos e serviços afins, sendo oponível não só a sinais iguais como também a sinais semelhantes. A concessão do registo vai mais longe permitindo uma actuação do titular não só em sede procedimental (registo) contra tentativas de registos similares por terceiros, mas também fora da esfera juridico administrativa ao ser garantido o direito de impedir o mero uso na vida comercial por terceiros de sinais iguais ou semelhantes destinados a assinalar produtos/serviços idênticos ou afins. O regime do Direito de Marcas, tal como se apresenta, é uma mais-valia para o respectivo titular, não só pelas possibilidades de manutenção, exploração e defesa do monopólio concedido mas acima de tudo e em consequência, enquanto garante de um activo intangível valioso da entidade titular do registo. Não nos podemos esquecer, no entanto, que o monopólio que passa a existir com a concessão de uma determinada marca tem os seus limites, sendo de destacar o limite espacial, isto é, toda a panóplia de direitos atribuídos é limitada, por príncipio, à jurisdição designada pelo registo. Assim, e exemplificando, o titular da marca nacional X, não terá qualquer legitimidade de actuação contra o registo/uso de marca nacional X ou outra semelhante que assinale produtos/serviços idênticos ou afins na jurisdição de “nuestros hermanos”. O titular da marca, querendo exportar os produtos/ serviços que a mesma assinala deve sempre, para evitar diminuição ou desaparecimento do seu activo intangível (e para que este activo se incremente), procurar assegurar o seu direito na jurisdição de destino. Feita esta introdução, o presente texto destaca e aborda, precisamente como jurisdição de destino, a República Popular da China, fazendo-o por três razões: Em primeiro lugar temos verificado um crescente interesse da parte do mercado nacional – incluindo alguns dos nossos clientes – na China enquanto país de destino de marcas nacionais exportadoras. Esse interesse, que tem vindo a aumentar e a ser sentido em
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tempos recentes, foi já demonstrado e executado por várias multinacionais que nos últimos anos têm escolhido a China como destino preferencial de exportação. Tendo em conta que, entre tantos outros pontos de destaque, a China é o país mais populoso do mundo, com uma população de cerca de 1 366 972 563 habitantes em 2014 (ocupando cerca de um quinto da população mundial), que o crescimento verificado do PIB foi de 7,7% em 2012 e 2013 estimandose de 7,3% neste ano de 2014 e que a abertura da política económica Chinesa aos produtos/serviços ocidentais associada ao contínuo crescimento do “purchaising-power” do cidadão chinês se traduz num fenómeno consumista galopante, é natural o interesse que se tem vindo a sentir neste mercado e consequente indagação sobre as suas características no que respeita à protecção da Propriedade Intelectual em geral e ao Direito de Marcas em Especial. Em segundo lugar é público e notório o esforço desenvolvido pelos sucessivos Governos de Portugal no sentido de tornar a China um parceiro de primeira linha , esforço esse que tem vindo a permitir, ao que aqui nos cuida, uma actuação outrora impossível, de entidades nacionais no mercado Chinês. Prova disso mesmo é o crescimento do valor das exportações portuguesas para a China, que passaram de 220 milhões de euros, em 2009, para 660 milhões de euros, em 2013. Sentindose também, destaque-se, uma cooperação recíproca por parte da China, o ambiente conjuntural é pois favorável à exportação. Em terceiro lugar, e tendo em conta o que vai dito, deve ser destacado o Direito de Marcas vigente na China resultante da última alteração à Lei de Marcas a qual implementou alterações significativas com o objectivo último de incutir confiança no sistema de Propriedade Industrial local respondendo a uma à preocupação do público com a crescente má-fé registal, o fenómeno incessante do “squatting” de marcas, a complexidade dos procedimentos necessários ao registo e defesa de uma marca, entre outras questões não resolvidas pela lei anterior. É que apesar de a China, em matéria de Marcas, ser parte, faz algum tempo, das principais organizações internacionais – de relevar a OMPI – e subscritora dos mais importantes acordos, tratados e convenções internacionais – destacando-se o Acordo de NICE, o Acordo TRIPS, a Convenção de Paris e os Acordo e Protocolo de Madrid – apenas na última alteração à respectiva Lei de Marcas foi possível denotar a preocupação do legislador com o sistema em vigor e a correspondente intenção de mudança e aproximação ao status quo internacional. Preocupação essa que, para além dos factores já referidos, resultou com certeza no facto de, até o final de 2013, a China contabilizar um total acumulado de 13.240.000 de pedidos de registo
de marcas e 8.650.000 registos de marcas, dos quais 7.240.000 permaneciam em vigor. Tendo entrado em vigor em Maio de 2014, a “nova” Lei de Marcas da China implementou as seguintes alterações a destacar: a) O registo de marcas passa a pautar-se pelos princípios da honestidade, boa-fé e credibilidade, devendo por um lado ser recusado o registo de marcas no qual se verifique existir aproveitamento de uma marca já existente e em uso ainda que não registada e, por outro lado, ficando à disposição do titular de uma marca a possibilidade de deduzir oposição bem como de requerer um cancelamento de marca com fundamento na má-fé dos actos praticados pelos eventuais terceiros em causa. Neste sentido foram também criadas previsões cuja violação resulta em avultadas sanções aos agentes de registo local no que respeita ao envolvimento nos referidos fenómenos de registos efectuados de má-fé. b) O registo de uma marca, não sofrendo qualquer oposição ou vicissitude, deve ser concedido no prazo máximo de 9 meses, existindo agora a possibilidade de submissão electrónica do pedido de registo. c) No que respeita à renovação dos registos existentes esta pode agora ser feita dentro dos 12 meses anteriores ao termo do prazo de renovação acrescendo um “período de graça” de 6 meses. d) O sistema de registo afasta-se do sistema uniclasse permitindo agora o registo multi-classe, isto é, aquele no qual um pedido de registo pode designar várias classes de produtos/serviços. e) Passam a existir agora disposições específicas relativas à forma de determinação, reconhecimento e protecção denominadas marcas notórias e de prestígio. f) O regime sancionatório abrange um maior leque de situações e as penalizações/sanções previstas sofreram um aumento significativo no montante mínimo e máximo que balizam a medida das sanções. g) A noção de marca passa a incluir a possibilidade de existência e, consequente, registo de marcas sonoras. Destacadas todas as alterações e sublinhando-se quer a sua importância quer a sua bondade, designadamente, para a entidade que pretenda registar a sua marca na China ou aqui exercer os direitos conferidos em função do registo/uso da respectiva marca, podemos afirmar em forma de conclusão que, face ao exposto, a China é factualmente um mercado aliciante e necessário para empresas com perspectiva de crescimento e internacionalização, oferecendo agora no panorama legal maior conforto, segurança e confiança no que respeita ao Direito de Marcas e, certamente, um estímulo à estratégia de internacionalização da marca através de uma aposta forte no sistema de registo de marcas local. David Serras Pereira Gastão Cunha Ferreira, Lda.
REVISTA BUSINESS PORTUGAL SABORES
Um Mimo para si supermimo supermercados take-away mimos Um supermercado, um talho e um take-away. Tudo na mesma rua, aos melhores preços, para satisfazer as suas necessidades.
João gomes e filhos Administradores
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a montra salta à vista o sorriso da cara amarela, imagem de marca do supermercado Supermimo. Logo em baixo pode ler-se “Somos um mimo para as suas compras”. Entramos. Na caixa Mário Gomes atende mais uma cliente. João, Belmiro e Paulo estão também eles atarefados a repor os produtos nas longas prateleiras. A aletria, as nozes, os pinhões e tantos outros produtos relativos a esta quadra estão por esta altura em lugar de destaque. Da padaria o cheirinho a pão que deixa qualquer um com água na boca. Na secção de frutas e legumes uma panóplia de cores e a frescura dos produtos que chegam todos os dias pela manhã. Aqui não falta nada. João Gomes, o pai, chega apressado. Há 30 anos quando abriu o primeiro supermercado, na altura em Rio Tinto, João já tinha a visão de um dia ver os quatro filhos dedicados ao negócio. Durante 25 anos a esposa foi o seu braço direito e os filhos os pilares que o ajudaram a manter esse primeiro supermercado e um segundo negócio que abriu posteriormente no Alto da Maia. Ligado à área de mercearia desde os 11 anos quando
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saiu de Braga e veio para a cidade invicta, João Gomes explica que “embora hoje já não seja ele a fechar e a abrir as lojas ainda não consegue ficar em casa”. Atualmente possui em Vila Nova de Gaia, na mesma rua, um supermercado, um talho e um take- away. Foi quando abriu aqui estes espaços, depois de encerrar os outros dois, que João se sentiu finalmente em casa: “Apesar de morar há mais de 40 anos em Gaia só agora conheço realmente esta cidade porque andávamos sempre numa correria para Rio Tinto e para o Alto da Maia. Agora estamos mais perto de casa e esta proximidade permite-me vir a pé o que me dá muito prazer”. Apesar desta tranquilidade com que fala, o trabalho não para: “Estas lojas requerem bastante de nós porque tanto no talho, como no take-away como na padaria do supermercado todos os dias se começa do zero. Depois temos também todo o trabalho de gestão dos produtos e sua reposição” Embora garanta que os números já lhe fogem porque são os filhos quem agora toma conta de toda a gestão, João Gomes afirma que também aqui se notou algum efeito da crise: “Fomos também apanhados na crise o que é natural porque as pessoas ficaram realmente com
menos poder de compra”. Ainda assim o merceeiro, como se denomina pela sua vasta experiência na área, garante que o decréscimo não foi abrupto e que conseguem levar o barco a bom porto já que sempre se mantiveram muito atentos ao futuro e conscientes de que no dia de amanhã pode-se precisar mais do que hoje e por isso é necessário cautela na gestão do dinheiro. Duas portas mais abaixo o talho tem sempre carne de qualidade a preços convidativos. As montras de vidro exibem uma vasta oferta que só não está disponível à segunda-feira, dia de descanso.
Comida que é um mimo Aberto desde 2009, o take-away Mimo´s é mais um dos negócios a que João Gomes e os quatro filhos se dedicam. Este take-away destaca-se pela qualidade dos produtos utilizados na confeção da diversificada ementa que oferece. Ciente que uma alimentação saudável é condição fundamental para uma boa qualidade de vida,
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João e os filhos oferecem no Mimo´s uma ementa diferente e variada, sendo esta reforçada à sexta-feira, sábado e domingo com pratos mais elaborados. A pensar nos seus clientes, o take-away Mimo’s tem ao dispor para além das refeições, pão, entradas, salada, todo o tipo de bebidas e ainda sobremesas. Desta forma encontrará no mesmo espaço tudo o que necessita para tornar a sua refeição o mais inesquecível no conforto do seu lar. Por isso já sabe quando estiver sem tempo ou vontade para cozinhar saboreie os deliciosos pratos do takeaway Mimo´s.
O futuro Com alguns sinais de melhora no poder de compra dos clientes, “já se nota que as pessoas compram um pouco mais”, João Gomes acredita que o ano de 2015 trará mais prosperidade aos clientes e consequentemente aos negócios. O futuro passa agora garante por começar a preparar a passagem dos negócios oficialmente para os filhos. Um dilema que está ainda por resolver: “Ainda não sei como vou distribuir os negócios pelos meus filhos. É algo que ando a estudar mas o importante é que está tudo em família e que não há ninguém mais bem preparado que eles para assumir os negócios”.
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL ARTIGO DE OPINIÃO
artigo de opinião Perspectivas do investimento imobiliário para 2015 Redigido por Henrique de Polignac de Barros, presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Imobiliários
Como perspectivas para 2015 gostava de sublinhar as medidas que têm sido recentemente aprovadas, relativamente à definição de regimes fiscais mais competitivos e atraentes para o investimento feito em fundos e sociedades de investimento imobiliário, mais concretamente nos esperados “REITs portugueses”, cuja aprovação consta do Orçamento de Estado para 2015. Estes assumirão a designação de SIPIs – Sociedades de Investimento em Património Imobiliário, ou seja sociedades cotadas em bolsa, com um capital social mínimo de 5 milhões de euros e cujo objecto consiste no investimento em activos imobiliários para arrendamento. Prevê-se que estes venham a nascer ainda durante a governação do actual Executivo, expectavelmente durante o primeiro semestre de 2015. As SIPIs mais não são que uma cópia dos REITs (Real Estate Investment Trust), considerando o sucesso que estes tiveram nos EUA e na Europa, incluindo Espanha com as SOCIMIs (Sociedades Anónimas Cotizadas de Inversión Inmobiliaria). Como vantagens a este tipo de veículos de investimento aponta-se, desde logo, a possibilidade dos pequenos
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investidores investirem em grandes projectos imobiliários, a neutralidade fiscal através da isenção de impostos da própria SIPI, a isenção fiscal ao nível do património, a distribuição da quase totalidade dos resultados e a gestão profissional de património relevante. A neutralidade fiscal nas SIPIs passa por criar um sistema de “tributação à saída”, na esteira do que já vem sendo feito na Europa e que consiste em tributar, em sede de IRS e IRC, as mais-valias auferidas pelos investidores, em vez de se tributar o próprio veículo de investimento. Uniformiza-se assim as regras de tributação a nível europeu, garantindo aos veículos de investimento nacionais maior competitividade e atractividade. Em matéria de “tributação à saída”, gostaria também de sublinhar a recente proposta de lei que prevê a revisão do regime de tributação dos fundos e sociedades de investimento imobiliário, a qual passará a prever como regra o método de “tributação à saída”. Note-se que o regime actualmente em vigor consiste na tributação dos rendimentos obtidos pelos próprios organismos de investimento, independentemente da sua rentabilidade final poder ser negativa. Com esta alteração, quem investir em fundos vai passar a ser tributado no
momento do resgate, como já acontece na maioria dos fundos estrangeiros. Voltando às SIPIs, estas deverão prever também a distribuição obrigatória da grande maioria dos lucros do exercício (entre 75 e 90 por cento). O novo regime vai prever ainda a definição da tributação fiscal para não residentes, o que indicia a vocação deste tipo de veículos também para os investidores estrangeiros. Outras das grandes novidades é de facto a inclusão de todo o tipo de arrendamento, não se limitando apenas ao habitacional, como acontecia com os FIIAHs (Fundos de Investimento para Arrendamento Habitacional), o que representa mais uma medida de dinamização deste segmento de mercado. Entre as limitações que apontamos às SIPIs está a imposição de um limite mínimo de capital de 5 milhões de euros. Este número coincide com o limite mínimo exigido em Espanha, mas julgamos que, considerando à nossa actual situação económica e a própria dimensão de Portugal, este limiar poderá deitar novamente por terra a entrada dos REITs em Portugal. Não podemos comparar o mercado e o produto imobiliário português com o espanhol, o inglês ou o francês, que são mercados onde um valor de capital mínimo como este pode fazer sentido. Será certamente diminuto o número de empresas portuguesas com dimensão e com património imobiliário suficiente para constituir uma SIPI com tais características. Relembre-se que as empresas estão descapitalizadas e que o preço dos imóveis está ainda a recuperar de mínimos históricos. A possibilidade de adesão a este regime será assim restringida a um núcleo restrito de empresas ou grupos económicos. Note-se, por exemplo, que o valor de investimento exigido no recentemente aprovado Código Fiscal do Investimento, que prevê a atribuição de benefícios fiscais ao investimento produtivo, é de 3 milhões de euros. Ora, se o Governo entendeu que um projecto de 3 milhões de euros pode beneficiar de uma série de incentivos fiscais porque não considerar também que um projecto imobiliário para arrendamento de 2 ou 3 milhões de euros será igualmente elegível para constituir uma SIPI. Em suma, julgo que é de louvar o esforço de criação dos “REITs portugueses”, que era uma medida há muito aguardada, mas não devemos esquecer que a nossa realidade é muito diferente do resto da Europa (e dos EUA) e que não ter isso em conta poderá levar a que estes veículos de investimento não alcancem, na prática, os efeitos com a magnitude pretendida, o que constituiria mais uma medida (bem intencionada mas) sem grandes efeitos práticos.
REVISTA BUSINESS PORTUGAL FUNDAÇÃO AIP
Em prol do progresso económico e social fundação aip
O evento “Portugal Agro” é o novo certame organizado pela AIP – Feiras, Congressos e Eventos - também conhecido como “Feira Internacional das Regiões, da Agricultura e do Agroalimentar” – que teve lugar de 20 a 23 de Novembro na Feira Internacional de Lisboa (FIL). À conversa com Jorge Rocha de Matos, presidente da Fundação AIP, a Revista Business Portugal foi perceber as potencialidades desta iniciativa.
rocha de matos Presidente
T
rata-se de um evento de âmbito nacional que incide sobre todos os setores ligados à agricultura. O presidente da fundação começou por distinguir qual o foco inicial “quando pensámos em realizar esta feira em Lisboa, admitimos desde logo que qualquer sucesso que pudesse dali surgir não nos pertenceria a nós (organizadores) mas, a todos aqueles que se empenhassem na sua realização fossem empresas, agricultores, regiões, universidades ou outras instituições”. É oportuno referir desde já que o universo da AIP é constituído pela AIP-CCI e pela “Fundação AIP”, entidades autónomas uma da outra. A Fundação AIP é uma estrutura que tem como objeto, a promoção, patrocínio e realização de ações que visem o desenvolvimento das atividades das empresas nacionais, nos domínios associativo, técnico, económico cultural e comercial. Integradas na Fundação AIP, existem várias entidades, nomeadamente, a que organiza feiras, congressos e eventos (engloba o CCL - Centro de Congressos de Lisboa e a FIL-Feira Internacional de Lisboa) a Fildesign, S.A. que trata de tudo o que é decoração, conceção e montagem de Stands em feiras e outros eventos, quer em Portugal, quer noutro qualquer país. Para além destas entidades a Fundação AIP, tem outras participações em
domínios complementares dos anteriores. Dentro deste universo, Rocha de Matos revela que é estritamente necessário olhar de forma critica para o que fazemos se queremos atingir os objetivos, no quadro estratégico que estabelecemos “analisamos as potencialidades do nosso País, concluímos que com um mercado de 10 milhões de consumidores e não sendo um país rico em matérias-primas, precisamos que as nossas empresas avaliem quais são as oportunidades que têm para se expandir nos mercados externos e respondam às questões «com quem?» e «como?»” destaca. Ainda na ótica do presidente, para que o Grupo Fundação AIP possa ter um desenvolvimento económico bom na atividade que desenvolve, é importante apostar na melhoria do estatuto profissional e social das pessoas. Infelizmente a crise tem dificultado este objetivo mas, apesar disso, a esmagadora maioria da equipa que constitui a Fundação AIP, tem vindo a contribuir ativamente para o desenvolvimento das empresas, contribuindo para fomentar o progresso económico e social da região de Lisboa e de Portugal, tentando sempre fazê-lo em sintonia com as entidades públicas que apoiam as empresas e em ligação estreita a outras estruturas associativas empresariais. Sobre a Portugal Agro, Rocha de Matos revela que acima de tudo quiseram “trazer à capital muitas realidades que as pessoas sabiam que existiam mas não conheciam, no que respeita às origens, tradições e riquezas das regiões”, acrescentando que o facto de as pessoas, começarem a assumir uma cultura de comprarem produtos nacionais em detrimento dos importados faz muita diferença, uma vez que estão a contribuir para um maior equilíbrio da nossa balança comercial e a garantir
mais e melhor emprego no nosso país. Neste contexto, a grande missão da Fundação AIP é, não só potenciar a economia das várias entidades que participam na feira – as empresas e outras instituições - mas também dar o “salto” para os mercados externos, visto que o presidente sublinha que há uma grande necessidade das empresas se reestruturarem e rejuvenescerem “temos que reconhecer que a maior parte dos empresários das PME’s são pessoas que trabalharam por conta de outrem e decidiram mudar de estatuto, começando do zero mas devido ao seu espirito empreendedor reuniram condições para desenvolver a sua própria empresa” salienta Rocha de Matos. A dada altura a Fundação AIP encetou contactos económicos com outros países, noutras geografias, aproveitando as diferentes redes associativas e foi abrindo canais para as empresas portuguesas poderem trabalhar. No caso da Portugal Agro, a presença da Argélia, como país convidado, insere-se no quadro estratégico definido, uma vez que a região do MAGREB é muito importante para nós, quer em termos de mercados quer para transmitir know-how, criando potenciais parcerias entre empresas dos dois países, “e é também uma forma de contribuirmos para um maior desenvolvimento e sustentabilidade do país” conclui o presidente. Atualmente as entidades ligadas às Fundação AIP seguem uma política sistemática que contribui para o desenvolvimento económico, social, científico e tecnológico das empresas portuguesas, contribuindo para o aumento das exportações e do emprego do país.
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REVISTA BUSINESS PORTUGAL ARTIGO DE OPINIÃO
artigo de opinião EVOLUÇÃO E PERSPETIVAS DA TECNOLOGIA NO SETOR DOS POLÍMEROS Redigido por Marcel de Botton
Os polímeros (macromoléculas formadas pela repetição de unidades estruturais menores) são um dos principais materiais utilizados pelo homem. O setor dos polímeros abrange um largo conjunto de indústrias, designadamente de produção, transformação e aplicação. O texto que se segue é uma síntese da evolução tecnológica neste sector e das suas perspetivas de evolução. Tem-se assistido nos últimos 15 anos a uma evolução muito relevante dos polímeros na generalidade dos sectores de aplicação. Graças às suas características e propriedades, os materiais poliméricos – quer os “tradicionais” quer os mais recentes - têm vindo a substituir outros materiais, com a consequente melhoria de performance, tanto técnica como económica. Esta tendência pode observar-se quer no setor primário, quer nas diversas áreas do setor secundário.
POLÍMEROS NA AGRICULTURA No setor primário, destaca-se a evolução tecnológica dos filmes agrícolas, utilizados para aplicações de proteção de culturas: filmes para estufas, filmes de cobertura, filmes de silagem, etc.. A evolução das tecnologias de formulação e de extrusão tem melhorado características como a resistência à radiação UV e ao desgaste por ação climatérica, ao mesmo tempo que se conseguem reduzir as espessuras e os custos de produção. Outras aplicações em crescimento são os tubos e sistemas de irrigação, os depósitos e sistemas de rega gota-agota, os acessórios para viveiros e também os materiais e acessórios para equipamentos e alfaias agrícolas. Os polímeros serão um dos principais materiais da agricultura do futuro, incluindo a cultura hidropónicas (que dispensa a utilização do solo). No setor primário, utilizam-se sobretudo tecnologias de extrusão (filmes, tubos), injeção (peças e componentes) e rotomoldação (depósitos de grande formato).
Polímeros no setor dos transportes No setor industrial, os polímeros são o material com mais perspetivas de crescimento em aplicações nas indústrias automóvel, aeronáutica e ferroviária. A tecnologia de polímeros, traduzida quer nas combinações de resinas, quer na utilização de reforços baseados em fibras de alta resistência, tem dado provas de elevada resistência ao impacto e às amplitudes térmicas, lado a lado com a redução do peso e a consequente economia de
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combustíveis e de emissões CO2. Graças às tecnologias de formulação (reforços com fibras longas, compostos especiais, nanomateriais, etc.) e às múltiplas variantes da tecnologia de injeção, o setor dos transportes é um dos setores em que os polímeros vão continuar a substituir outros materiais, com melhorias ao nível económico, ambiental e do design. Entre os exemplos atuais, está o avião Airbus A380, com a mais elevada percentagem de incorporação de polímeros. Neste setor de aplicação, as tecnologias de transformação de polímeros evidenciam um crescente grau de automatização e produtividade, com a consequente redução de custos.
Polímeros na área do packaging Outro sector em que a taxa de substituição dos materiais tradicionais por polímeros é mais acentuada, é o das embalagens. Os drivers desta tendência são diversos, nomeadamente: a. A diversidade de soluções de barreira (UV, oxigénio, CO2, etc.), b. A elevada resistência à fratura, c. O peso (impacto na logística e no consumidor), d. A elevada flexibilidade na moldação de formas (brand equity), e. A diversidade de opções tecnológicas na decoração (brilho, toque suave, pigmentação, cores vibrantes, iridescência, termocromia), f. O aumento das velocidades de produção (existem hoje equipamentos de extrusão-sopro de PET capazes de produzir 80.000 garrafas por hora) A tendência para a substituição do vidro (sumos naturais, bebidas carbonatadas, cerveja, vinho), da lata (bebidas carbonatadas) e dos complexos de cartão laminado (leite UHT, sumos naturais) por embalagens em PEAD e em PET está bem patente quer nos mercados industrializados como nos mercados emergentes. O setor do packaging recorre a um amplo leque de tecnologias de transformação com destaque extrusão e coextrusão, termoformagem, extrusão-sopro, extrusão-laminagem, injeção, etc.. A própria evolução das tecnologia de formulação de polímeros e aditivos permitem efeitos especiais como a mudança de cor com a alteração da temperatura (termocromia), a eliminação de bactérias (aditivos antimicrobianos) e as utilização de “marcadores” anti-contrafação. Outra vantagem dos polímeros na área do packaging é a evolução no que respeita ao desempenho ambiental, com várias “respostas” e soluções para o problema do impacte dos resíduos, designadamente: 1. A redução de espessuras das embalagens, conseguida pela combinação das tecnologias de formulação, de extrusão/coextrusão e de otimização do packaging design; 2. A progressão das taxas de reciclagem de polímeros e também das tecnologias de incorporação de reciclados,
sendo hoje possível produzir embalagens e outros produtos com 100% de PET reciclado, por exemplo; 3. O potencial de recuperação de resíduos de polímeros recolhidos nos oceanos e nos portos.
Polímeros na área sa saúde e bemestar A utilização dos polímeros nos setores médico e farmacêutico tem crescido exponencialmente. Embalagens, acessórios e dispositivos médicos permitem hoje a autoclavagem e garantem baixa migração e assepsia, substituindo com êxito outros materiais. As tecnologias de automação e de fabricação e embalagem em salas limpas (clean rooms) permitem a utilização direta de instrumentos médicos sem esterilização prévia. Na área do conforto e bem-estar, os polímeros continuam a ser preferidos no desenvolvimento de brinquedos, artigos de desporto e lazer. Para além do design e da versatilidade de formas, o desenvolvimento tecnológico tem vindo a destacar-se pelos aspetos relacionados com a segurança e a ausência de toxicidade. É previsível, também, um crescimento das aplicações de polímeros nas áreas do calçado e vestuário (doméstico, profissional, de segurança, desporto, etc.).
Polímeros para o setor elétrico e eletrónico A tecnologia dos polímeros tem-se revelado essencial e colateral à evolução das indústrias de materiais elétrico e de eletrónica, profissional e de consumo. Nestes setores, em que se destacam como aplicações de maior volume o material elétrico de instalação (fichas, tomadas), os eletrodomésticos, o revestimento de cabos e a eletrónica de consumo (PCs, smartphones, tablets, TV, hi-fi, etc.), predominam as tecnologias de injeção de polímeros, sendo de destacar o contributo dos polímeros para os aspetos de segurança (isolamento, retardamento de chama, etc.), de miniaturização e de design.
Também na construção Os engenheiros e arquitetos habituaram-se às soluções e materiais baseados em polímeros para as mais diversas aplicações no setor da construção. Para além dos materiais “ocultos” como os isolamentos e as tubagens, os polímeros estão cada vez presentes em aplicações visíveis como os pavimentos, coberturas, etc., com combinações de propriedades de resistência ao desgaste, de barreira térmica e de decoração difíceis de igualar por outros materiais. Os polímeros são essenciais para a construção de edifícios inteligentes e energeticamente eficientes.
Evolução contínua O potencial de desenvolvimento das novas formulações de polímeros e das suas características e propriedades está muito longe de conhecido e muito menos esgotado. O ambiente competitivo e a procura de soluções mais económicas e mais amigas do ambiente vai continuar a “puxar” pela inovação tecnológica e a impulsionar as taxas de crescimento do setor dos polímeros.
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Municípios em destaque
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ornamos a visitar esta país à beira mar plantado para lhe dar a conhecer aquilo que de melhor temos para oferecer. De norte a sul, esta última edição de 2014 traz-lhe um Portugal cheio de recantos de visita obrigatória. Começamos esta viagem por Pinhel, uma cidade pertencente ao distrito de Guarda, na Beira Interior Norte. Na gastronomia pinhelense podem-se destacar os característicos enchidos de Pala, o cabrito assado, o cozido à portuguesa e ainda o coelho à caçador. Mas o elemento mais atrativo da gastronomia de Pinhel é, sem dúvida, o seu vinho e o seu azeite. Seguimos viagem até Almeida, conhecida pela sua fortaleza que, com a sua forma de estrela de 12 pontas, constitui um dos mais espetaculares exemplares europeus dos sistemas defensivos abaluartados do século VXII. Temos ainda tempo para uma passagem por Figueira de Castelo Rodrigo, que exprime nas suas características naturais sinais evidentes do contexto geográfico onde se encontra inserido, mas revela, igualmente, aspetos singulares que merecem ser destacados, tanto no domínio do seu enquadramento geográfico, clima, fauna e flora. Terminamos em Santo Tirso, onde a cultura ligada à indústria têxtil está muito visível na economia da região. Uma incubadora de empresas de moda e design é um dos mais fortes exemplos. A indústria têxtil criou, a montante e a jusante, várias oportunidades para quem vive em Santo Tirso. Conhecida como a cidade das sete colinas, Lisboa é a cidade mais populosa do país com uma população de 547 733 habitantes e é considerada uma “cidade global” devido à sua importância em aspetos financeiros, comerciais, educacionais, artísticos e turísticos. É um dos principais centros económicos do continente com um crescente sector financeiro e tem o maior porto de contentores da costa atlântica da Europa. Com um céu azul todo o ano e um Inverno ameno este destino oferece oportunidades fabulosas onde o prático do antigo se funde com a sofisticação do século XXI. A cidade oferece uma vida noturna fantástica, preços acessíveis, arrebatadores panoramas da cidade e do rio e um ambiente pitoresco onde é possível elétricos antigos nos levarem através das estreitas ruelas até aos distintos hotéis nas largas avenidas. Na cidade terá oportunidade de visitar museus de arte moderna, teatros, galerias de arte, os típicos bares e cafés de Lisboa e ainda, pequenas mercearias com variados produtos gourmet. Sem esquecer, o majestoso Mosteiro dos Jerónimos, a famosa Torre de Belém e os típicos pastéis de belém. Este ano, a cidade está no top de preferências turísticas na Europa enquanto melhor destino para visitar, de acordo com o ranking Best Vacations do site U.S News. A capital portuguesa foi destacada nas categorias “Melhor Destino de Férias no Inverno” (2.º lugar), “Destino mais Acessível” (2.º lugar), “Destino mais Acessível para Lua-de-Mel” (3.º lugar), “Melhor Destino para Visita” (6.ºlugar), “Melhor Destino em Família” (10.º lugar) e “Melhor Destino de Lua-de-Mel” (10.º lugar). Conheça mais a fundo estes concelhos nacionais nas próximas páginas.
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“Hoje em dia, as juntas atuam mais rápido e mais economicamente” junta de freguesia de santo antónio Quem o diz é Vasco Morgado, presidente da Junta de Freguesia de Santo António. Com vários projetos para a freguesia, o autarca deu a conhecer à Revista Business Portugal um pouco mais desta freguesia e das suas potencialidades.
Vasco morgado Presidente
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ituada no coração de Lisboa, a freguesia de Santo António tem cerca de 13 mil habitantes e ocupa cerca de 1,4km2. O seu nome consagra o padroeiro popular de Lisboa e é o resultado da agregação das antigas freguesias de São Mamede, Coração de Jesus e São José. Para Vasco Morgado esta reforma administrativa já vem atrasada 20 anos, “há muito tempo que os presidentes de junta lutavam por ter mais competências, direitos e deveres. Neste momento, temos o dever de estar ainda mais perto da população. Transformámo-nos em autênticas mini-câmaras”, afirma o presidente. Com três mundos completamente diferentes, este casamento das três freguesias veio proporcionar
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uma realidade diferente daquela que as antigas freguesias tinham. “Deparamo-nos com diferentes necessidades e tivemos que nos adaptar a esta nova fusão e tentar quebrar as fronteiras invisíveis que existiam.” Percebendo que o trabalho desenvolvido em cada uma das freguesias tinha de ser diferente, a junta optou por tentar “medir as necessidades de cada colina” e ao mesmo tempo tentar “aproximar as suas gentes” e “misturar os três mundos”. “A nossa missão é tornar homogéneo o que estava heterogéneo”, acrescenta o presidente. Mesmo tendo como principal objetivo melhorar a qualidade de vida dos seus fregueses, Vasco Margado não esquece o impacto do turismo na cidade e juntamente com a União de Associações de Comércio e Serviços e com as unidades hoteleiras presentes na freguesia, aposta também no projeto dos quarteirões hoteleiros. Tendo como meta “apostar localmente”, a junta vai distribuir um mapa em todos os hotéis da zona de forma a divulgarem o que de melhor têm para oferecer e ainda um vídeo institucional com pontos de interesse a visitar na cidade, que pode ser visto nas novas linhas aéreas que vêm do Japão.
Praia do Torel A cerca de cinco minutos da Avenida da Liberdade, a praia do Torel – primeira praia urbana em Lisboa - teve uma zona para ir a banhos, através de um lago com
profundidade entre os 90 centímetros e 1.50 metros (com capacidade total para 50 pessoas e vigiado por dois nadadores – salvadores) e um espaço de 400 metros quadrados com areia para estender a toalha, com 60 chapéus de sol. Com entrada gratuita, a ‘praia’ esteve disponível de 1 a 31 de agosto, oferecendo também atividades físicas, como escalada, ginástica, zumba, tai-chi, capoeira, atuações de DJ e cinema ao ar livre. Com mais de 80 mil visitantes a chamada “praia urbana” criada no jardim lisboeta do Torel “foi um sucesso” e vai ser repetida no próximo verão.
Vila Natal De 11 a 24 de dezembro entre as 10 e as 18 horas irá realizar-se a Vila Alegria – Vila natalícia direcionada para todas as crianças da freguesia com o intuito de ensinar os mais novos a partilhar. A entrada é paga com um brinquedo novo ou usado, mas em bom estado, que depois será distribuído pelas famílias carenciadas da freguesia. Na feira podemos encontrar póneis, jogos tradicionais e medievais, pinturas faciais e a casa do Pai Natal. “Na vila Alegria não se dá prendas, só se recebe. Para se poder distribuir por quem não tem”, explica o presidente.
Projetos futuros O futuro passa pela requalificação de ruas e jardins, como a rua de Santo António da Glória, a rua de Santa Marta e o Jardim das Amoreiras. E tentar solucionar casos que já estavam pendentes, “não queremos criar nada novo, mas sim resolver os problemas mais antigos”, afirma o presidente. “Fazer com que a vida das pessoas que aqui moram esteja mais facilitada no apoio e acesso da solução de problemas”. Até porque “o nosso trabalho é pelas pessoas, para as pessoas”, conclui.
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“Uma freguesia com identidade” junta de freguesia de Alcântara Davide Amado, presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, deu a conhecer à Revista Business Portugal as qualidades da freguesia e os seus diversos projetos.
algumas irregularidades, as quais foram acentuadas pelo crescimento da freguesia, no século passado, e que conduziu à construção das linhas de comboio, do aterro da Ribeira de Alcântara e a construção das Avenidas de Ceuta e 24 de Julho. Alcântara é uma freguesia que mantém características de bairro, com predominância do comércio tradicional principalmente nas ruas de Alcântara e Luís de Camões, e que ainda tem presente o traço da indústria que tanto marcou a identidade da freguesia. O património edificado é sinal desse passado e tem vindo, desde há uns anos a esta parte, a ser recuperado e reconvertido para habitação, captando assim novos fregueses.
davide amado Presidente
Como caracteriza a freguesia Alcântara em termos populacionais, geográficos/territoriais e económicos? Alcântara é uma freguesia debruçada à beira do Tejo, com uma área que se estende por 4,39 km2 e uma população de 13.911 pessoas. Tem uma posição privilegiada, entre o verde de Monsanto e o azul do rio Tejo, sendo que em termos morfológicos apresenta
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O que de melhor tem esta freguesia para oferecer quer aos que a visitam, assim como a quem vive em Alcântara? Alcântara é uma freguesia de grande riqueza histórica. Criada a 8 de abril de 1770, com o nome de S. Pedro em Alcântara por se transferir para esta zona aquela que era até então a freguesia de S. Pedro em Alfama, Alcântara passou, a partir do século XVII, a ter uma ocupação urbana, tendo até então sido um local essencialmente rural. Lugar escolhido por algumas das principais famílias da aristocracia para as suas casas de campo, Alcântara foi também eleita pelos reis de Portugal para a construção do Paço Real de Alcântara.
Deste património arquitetónico palaciano de Alcântara conservam-se ainda hoje o Palácio da Ega (começou a ser construído no século XVI, atual Arquivo Histórico Ultramarino); o Palácio dos Condes da Ribeira Grande (construção de inícios do século XVII, Escola Secundária Rainha D. Amélia até 2002); o Palácio dos Condes da Ponte (final 1º quartel século XVIII já era habitado, hoje Administração do Porto de Lisboa); o Palácio Vale Flor (classificado como Monumento Nacional, atual Hotel Pestana Palace); o Palácio Fiúza (século XVII, transformado em habitação operária no século XIX); o Palácio Burnay (mandado edificar no século XVIII, atual sede do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política); o Palácio do Conde de Sabugosa (classificado pelo IGESPAR como monumento de Interesse Público); e a Quinta das Águias (Imóvel de Interesse Público, do início do século XVIII. Hoje está em estado de abandono). No que toca ao património religioso, datam do século XVI o Convento das Flamengas, perto do largo do Calvário, e a Capela de Santo Amaro. No início do século XVII foi também edificado o convento do Calvário, muito perto do Convento das Flamengas e onde hoje é o Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna. A Capela de Santo Amaro, monumento nacional, começou a ser construída em 1549 pelos frades da Ordem de Cristo sobre outra mais pequena que já existia. Situada no Alto de Santo Amaro, é revestida a azulejos com figuras alusivas a Santo Amaro, de finais do século XVI, tendo sido um dos poucos monumentos lisboetas que nada sofreu com o Terramoto de 1755. Desde maio deste ano a Capela encontra-se aberta à população entre abril e outubro, das 14 às 20 horas. No final do século XIX, e durante grande parte do século XX, Alcântara conheceu um grande desenvolvimento industrial. Nesta zona fixaram-se diversas fábricas e nessa altura, mais precisamente em 1874, nasceu, nos terrenos da velha ‘Quinta do Saldanha’, ao Calvário, a Estação de Santo Amaro. Além das instalações da Carris, o Museu da Carris permite descobrir ou revisitar histórias de quotidianos de outros tempos dos lisboetas e da cidade.
REVISTA BUSINESS PORTUGAL FREGUESIAS E MUNICÍPIOS EM DESTAQUE Estabelecendo pontes entre o passado e o presente de Alcântara, tem-se investido na valorização do património industrial. Exemplo disso é o Lx Factory, cenário de um diverso leque de acontecimentos nas áreas da moda, publicidade, comunicação, multimédia, arte, arquitetura, música, entre outros, gerando uma dinâmica que tem atraído inúmeros visitantes a redescobrir esta zona de Alcântara. Mais recente surgiu o Village Underground, um centro cultural que funciona como espaço de escritórios para a indústria criativa e espaço de eventos, assumindo-se igualmente como um polo de atracão turística. Na freguesia temos ainda a Fábrica de Cerâmica Sant’Anna, a última grande fábrica de azulejos e faianças artesanais da Europa e que é um ex-libris de Alcântara. As Docas de Alcântara são também um dos principais centros de divertimento noturno da capital. Por fim, não queria deixar de falar na tradicional Romaria de Santo Amaro que se realiza todos os anos em junho, junto à capela com o nome daquele lendário padroeiro dos galegos em Portugal, também conhecido como o santo das doenças dos ossos. A festa reúne artistas populares, como Quim Barreiros e Ruth Marlene, e além das festividades religiosas, é também palco do desfile da Marcha de Alcântara, um dos momentos altos da Romaria. Que tipo de turistas visitam a região? E de que nacionalidades ou regiões portuguesas? Tendo em conta a presença de hotéis como o Hotel Pestana Palace e o Vila Galé Ópera na nossa freguesia, bem como o LX Factory e Village Underground, os quais têm um forte posicionamento a nível turístico, creio poder afirmar que Alcântara é visitada por turistas de nacionalidades e regiões portuguesas diversas. Quais foram os maiores desafios que encontrou como presidente? Neste primeiro ano de mandato enfrentámos vários desafios. Um deles foi o de começar a colocar a freguesia no mesmo grau de evolução que se tem vindo a sentir no resto da cidade de Lisboa. Outro desafio de grande envergadura foi a reforma administrativa da cidade. A freguesia recebeu em janeiro novas competências, nomeadamente a limpeza das ruas e a manutenção de equipamentos e dos espaços verdes, bem como recursos humanos, o que envolveu uma necessidade de adaptação a esta nova realidade. Estas novas responsabilidades foram por nós encaradas como uma oportunidade para fazer a diferença e foi, sem dúvida, um grande desafio. Quais foram os acontecimentos que marcaram o ano na freguesia? As prioridades do nosso primeiro ano de mandato foram os idosos, as crianças e os desempregados. Implementámos várias medidas abrangentes, através do alargamento de programas destinados em especial à ocupação das crianças, mas também dos mais velhos. A nível de apoio social, demos prioridade à promoção da proteção social. Diversificámos também as iniciativas e atividades culturais, entre elas o ‘Fado vai ao Mercado’, em que
Lx Factory
uma vez por mês atuam fadistas de Alcântara e alunos da Escola de Fado da Universidade Alcântara Sénior. Reabrimos a Capela de Santo Amaro, o que para nós foi importante pois é um monumento que faz parte da história e tradição da nossa freguesia e que se encontrava fechado há vários anos. Temos também apostado em dar a conhecer a nossa freguesia, através de passeios pedestres gratuitos ao primeiro e quarto Domingo de cada mês, com dois percursos diferentes, oferta que pretendemos para o ano aumentar. Temos trabalhado em sinergia com as escolas, com as associações de pais, com as instituições de Solidariedade Social e com as coletividades, reforçando o espírito de comunidade, a trabalhar em rede, valorizando Alcântara. Temos ainda desenvolvido projetos com terceiros de grande relevância para a freguesia. Em novembro mais de 500 colaboradores da Galp estiveram em Alcântara numa iniciativa de responsabilidade social promovida pela empresa, que abrangeu vários estratos da comunidade alcantarense. Este trabalho em rede permite-nos chegar a mais pessoas, criando pontes e quebrando barreiras! Quais os projetos que estão previstos a medio prazo? Neste segundo ano de mandato, vamos dar continuidade aos projetos que estão em andamento e ainda acrescentar a dinamização do comércio tradicional. Como se sabe, o comércio atravessa, de um modo geral, grandes dificuldades e o da nossa freguesia também tem passado tempos menos bons. Temos que começar a pensar em formas de o ajudar. Uma forma é o transporte comunitário, em parceria com o LIDL, que vamos ter a partir do final deste ano e que vai unir pontos distantes da freguesia gratuitamente para os fregueses e que funciona todos os dias úteis. Estamos ainda a preparar um projeto de cidadania e sustentabilidade que visa ensinar às crianças do 1º ciclo das nossas escolas as regras de circulação na via pública e o seu dever enquanto cidadãos. Queremos promover associações de comerciantes, fazer melhorias no espaço público, organizar iniciativas culturais que tragam mais pessoas à freguesia e tentar atenuar o problema de estacionamento. Continuamos a trabalhar para mudar a face de Alcântara e captar investimentos e emprego, turistas e novas áreas de negócio, saber aproveitar e facto de estar entre dois ícones da cidade, Monsanto e o e Rio Tejo.
capela santo amaro
romaria santo amaro
Fábrica de cerâmica Sant’anna
comemoração dos 40 anos do 25 de abril
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“Uma freguesia em transformação” junta de freguesia de alvalade Inserida no concelho de Lisboa, a freguesia de Alvalade oferece “uma excelente qualidade de vida, onde os incentivos à população são uma forte aposta” confidencia André Caldas, presidente da Junta de Freguesia de Alvalade, em entrevista à Revista Business Portugal.
andré caldas Presidente
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ituada na cidade das sete colinas, a freguesia de Alvalade tem cerca de 32 mil habitantes e é o resultado da agregação das antigas freguesias de Alvalade, São João de Brito e Campo Grande, sendo que um dos maiores desafios foi a “construção da identidade organizacional”, refere o presidente. Apesar de ser considerada uma freguesia envelhecida, no contexto da cidade de Lisboa, onde a faixa etária acima dos 65 anos é maioritária, esta é uma “freguesia em mudança”, sendo que nos últimos anos registouse um crescimento da faixa etária dos zero aos 14
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anos. Para André Caldas a tendência demográfica que a freguesia está a tomar é “muito importante” e o seu propósito é que esta se intensifique no sentido de rejuvenescer a população de Alvalade e atrair famílias. Com espaços verdes, equipamentos de saúde, de educação, desportivos e culturais, boas acessibilidades e ainda várias zonas comerciais, a freguesia de Alvalade é “altamente infraestruturada” e possui “todo o tipo de equipamentos de que uma comunidade urbana necessita”. Na freguesia “consegue-se viver do pré-escolar até ao doutoramento, da mesma maneira que se pode praticar desporto ou ter atividades de cultura e frequentar espaços verdes de grande dimensão. Portanto, uma pessoa pode viver uma vida inteira e uma vida rica sem sair de Alvalade”, frisa o presidente.
Oferta turística Pretendem dar a conhecer um certo tipo de turismo. Um turismo de património, arquitetura e urbanismo, “nós somos uma freguesia muito apta a receber este turista que vem à procura de algo muito específico”, explica
o autarca. E ainda, pretendem articular com as empresas de autocarros turísticos para que estes parem em algumas zonas da freguesia nos seus circuitos. E apesar da escassa oferta de hotelaria na freguesia, o presidente defende que “este edificado do modernismo arquitetónico português tinha características perfeitas para alojar um tipo de hotelaria - mais boutique hotel, mais pequena, mais familiar, para atrair um certo tipo de turista que não vai à procura de uma hotelaria standard. Temos que criar uma nova centralidade na cidade no sentido de poder ter atratividade turística, mas de uma forma sustentável. Não podemos correr o risco de outras cidades europeias, de forma a que os turistas se venham transformar num problema, em face de um turismo excessivamente massificado”, acrescenta André Caldas.
Mercado de Natal Entre 10 e 14 de dezembro, Alvalade tornou-se um lugar mágico, ao longo da Avenida da Igreja e o Largo Frei Heitor Pinto. Às tradicionais lojas de comércio local juntaram-se stands de artesanato e momentos de animação de rua para todos os amantes desta época natalícia. Ao mesmo tempo, decorre o concurso de montras de Natal em parceria com os comerciantes locais, a Escola de Comércio de Lisboa e a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias que aceitaram o desafio lançado pela Junta e durante este Natal, as montras de 24 lojas terão decorações especiais, referentes ao tema
REVISTA BUSINESS PORTUGAL FREGUESIAS E MUNICÍPIOS EM DESTAQUE ‘Luzes de Natal em Alvalade’. As montras estão em concurso e todos podem votar no site da Junta para escolher a sua montra favorita de 1 de dezembro a 6 de janeiro.
Lisbon Week De maneira a destacar no “mapa internacional” a freguesia de Alvalade irão realizar o Lisbon Week 2015. O evento é um fenómeno de atratividade cultural com ligações com o património e com o espaço público e conta acolher cerca de 300 mil visitantes. Com a realização do evento contam “direcionar a atenção para o potencial de alvalade e das suas infraestruturas”. “Alvalade vai necessariamente ocupar o seu espaço no mapa e cativar famílias mais jovens”, conta o presidente.
alameda da universidade
pedonais de atravessamento verde no espaço do laboratório nacional de engenharia civil e no espaço do hospital Júlio de Matos. E ainda, irão concluir um processo de certificação da qualidade dos serviços de higiene e limpeza urbana e concluir um processo de reequipamento desse serviço que irá permitir reforçar a capacidade humana com uma capacidade mecânica adicional de forma “a proporcionar uma melhoria do serviço ao nível da higiene e limpeza urbana”. E visto que Alvalade é um “centro comercial de qualidade a céu aberto” estão a pensar requalificar o mercado de Alvalade Sul e a ainda, realizar a apresentação do que venha a ser o projeto de requalificação do mercado de Alvalade Norte “um dos melhores mercados da cidade”, acrescenta André Caldas.
Projetos futuros Requalificação de equipamentos desportivos, nomeadamente dois pavilhões, “duas grandes empreitadas de obras públicas que vão trazer mais dois equipamentos importantes na prática de desporto que vão permitir o crescimento desportivo de duas coletividades importantes e dar-lhes melhores condições”, afirma o presidente. No que toca ao domínio dos espaços verdes, vão assumir a requalificação do parque José Gomes Ferreira e vão contribuir para o melhoramento de dois circuitos
lago do jardim do campo grande
mercado
alameda da universidade
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“Procuramos ajudar e ser transparentes” junta de freguesia do parque das nações A Junta de Freguesia do Parque das Nações está atualmente instalada na Alameda dos Oceanos e tem desenvolvido um longo trabalho no sentido de proporcionar, a esta e às restantes Juntas agregadas, condições para uma maior qualidade de vida à população. À conversa com o presidente José Moreno, fomos conhecer quais os programas que se avizinham para o próximo ano.
José moreno Presidente
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executivo começou com apenas uma cópia do Diário da República, que fez a reforma da cidade de Lisboa e criou a freguesia Parque das Nações. Foi este o ponto de partida. A partir daí têm estado a desenhar toda a estrutura do edifício, desde as instalações à seleção dos recursos humanos e está igualmente empenhada na preparação de todo o processo legal da freguesia. “Ainda não estamos com o processo de execução concluído mas, do meu ponto de vista, o balanço é positivo, temos tido muito trabalho, com um desgaste e um empenho muito grande de todos os que estão envolvidos neste projeto”, explica José Moreno. Após a agregação de freguesias, esta Junta é agora constituída pelo bairro do Parque das Nações (340 hectares), o bairro Casal dos Machados, a Quinta das Laranjeiras, o bairro do Oriente e Rua da Centieira. Segundo José Moreno, esta é uma freguesia com perto de 30 000 habitantes, que se apresenta muito heterogénea, sendo a nível populacional muito jovem e, em grande parte, detendo uma classe média-alta.
diferenças demarcadas no que respeita aos estatutos sociais, tem de existir também uma gestão com padrões de qualidade diferentes, consoante as necessidades de cada zona. “Por exemplo a zona poente era uma zona que carecia de obras de qualificação e que se distinguia das restantes, nesse sentido atuamos de forma a promover um ambiente mais limpo”. O importante, segundo José Moreno, será seguir uma politica de gestão cuidada e adianta: “procuramos ajudar e ser transparentes”, tendo sempre em conta as principais carências do espaço. Sendo a freguesia do Parque das Nações um dos principais polos comerciais e empresariais da cidade de Lisboa, o nosso interlocutor destaca as atrações da região “temos aqui o casino, a sede das grandes empresas de telecomunicações, temos também a estação do Oriente, temos o Parque do Tejo, estabelecimentos hoteleiros de referência e muitos outros pontos de interesse” acrescentando que a qualidade que se sente é muito grande e, do seu ponto de vista, o Parque das Nações é “das zonas mais atrativas da cidade”.
Desafios da agregação
O que se pode esperar para 2015
São muitos os desafios desta agregação de freguesias uma vez que, de acordo com o presidente, para além das
Este ano o executivo já abriu uma loja social, um gabinete de enfermagem e tem prevista a abertura
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de uma lavandaria social. A nível de educação, José Moreno realça os CAF’S (apoios escolares) nas três escolas – Vasco da Gama, Infante D.Henrique e Parque das Nações, onde já estão inscritas 600 crianças. Já no campo cultural, o presidente destaca uma programação muito enriquecedora, com atividades desenvolvidas na biblioteca. No que toca ao desporto, há atividades realizadas num programa que se designa Parque Saudável, no Parque do Tejo. No âmbito da gestão do espaço público e dos espaços verdes, durante o ano que agora finda, teve lugar a transferência da responsabilidade dos espaços que, de acordo com a lei, passaram para a responsabilidade da Junta. Mas nem sempre estas ações decorreram da melhor forma com impactos no terreno, ao nível da qualidade de serviço aos fregueses. Assim, este ano, em conjunto com a Câmara Municipal de Lisboa, o executivo da Junta irá reaver o modelo de atuação, de modo a identificar as potenciais sinergias, que permitam uma melhor eficiência na utilização de meios e uma maior eficácia em termos de resultados. Também ao nível da mobilidade e segurança, há uma equipa da Junta a trabalhar em conjunto com a CML, no sentido de identificar as medidas mais adequadas para a acalmia de tráfego nas principais vias rodoviárias da freguesia, em particular, na Alameda dos Oceanos
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(que é hoje utilizada como uma via de atravessamento, com impacto significativo na segurança e mobilidade pedonal). Outra das áreas de trabalho entre a Junta de Freguesia do Parque das Nações e a CML, que o executivo espera ver dinamizada de forma significativa durante o próximo ano, é a implementação de vias cicláveis, de modo a que, no espaço da freguesia, a bicicleta possa ser utilizada cada vez mais como um meio privilegiado de transporte. E em altura de Natal, e pelo segundo ano consecutivo, a Junta de Freguesia do Parque das Nações entregará às famílias mais carenciadas, brinquedos, livros e jogos didáticos para que o espírito de Natal se viva com intensidade. Assim, de 15 a 23 de dezembro, a Loja Solidária Parque das Nações abrirá as suas portas reconvertida em ‘Espaço Natal’ em prol do bem-estar das crianças. Relativamente ao turismo, José Moreno explica que já estabeleceu contactos com a direção do turismo de Lisboa com o intuito de reabrir o posto de turismo do Parque das Nações “uma vez que tem interesse para a promoção do turismo local, como o fornecimento de bilhetes para transportes, circuitos que os turistas podem fazer e outras informações pertinentes sobre a cidade”. Defendendo a perspetiva de que o trabalho desenvolvido tem sido ainda “muito de gabinete” o presidente prevê que 2015 seja um ano mais dedicado ao terreno, “em que iremos agarrar de uma forma mais consistente aqueles que são os projetos da nossa candidatura”.
Durante o mês de janeiro, o executivo irá apostar no transporte solidário e outros programas sociais. “Aquilo que se pretende nesta Junta é a transparência” é assim que José Moreno conclui o seu modo de atuação, realçando que a proximidade com os fregueses é algo que será sempre primordial.
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“Temos um papel determinante na localidade” junta de freguesia de olivais Rute Lima, presidente da Junta de Freguesia de Olivais, deu a conhecer à Revista Business Portugal os potenciais da freguesia centenária e os diversos projetos que tem em mãos.
algumas diferenças de classes sociais, não existe uma diferença marcada, todas elas acabam por se misturar de forma interessante e curiosa, posso mesmo afirmar que é uma freguesia unida”, acrescenta Rute Lima. Uma presidente bastante próxima da população defende que as suas prioridades não passam por construir novas infraestruturas, mas sim, por implementar projetos que “vão de encontro a favorecer a vida das pessoas, tanto ao nível da ação social, como ao nível da educação e da cultura”. Reconhece que as questões relacionadas com a manutenção dos espaços públicos são determinantes para que a comunidade se sinta confortável e tenha prazer em viver nos Olivais, mas essas são questões de natureza corrente, que fluem de forma natural.
População envelhecida
rute lima Presidente
S
ituada na zona oriental da cidade de Lisboa, a freguesia de Olivais, tem cerca de 34 mil habitantes e o seu nome surgiu da reformulação da freguesia de Santa Maria dos
Olivais. Com sete escolas primárias, duas escolas de segundo ciclo, hospital, bombeiros, biblioteca, centros de saúde, quatro mercados, spacio shopping, casa da cultura e uma ótima rede de transportes – quatro estações de metro, carris e ainda, aeroporto. Esta é uma freguesia com “características arquitetónicas muito específicas”, que se “sustenta a ela própria” e que é “bastante procurada”, salienta a presidente. Com espaços públicos muito agradáveis e imensos espaços verdes, como por exemplo o Vale do Silêncio – um vale natural – a predominância do verde é aquilo que marca a freguesia. “Aqui, oferecemos uma qualidade de vida diferente do resto da cidade, é possível fazer piqueniques em qualquer jardim da freguesia”, diz a presidente. Uma freguesia “bastante heterogénea” mas que tem sofrido alterações ao longo do tempo “apesar de termos
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Com alguns desafios nesta vertente, a junta está a trabalhar com alguma intensidade na área do envelhecimento. Neste momento, estão a criar alicerces para a implementação de um plano gerontológico “numa perspetiva preventiva” e de criação de projetos de vida após o momento da reforma da população. “Em termos de projetos específicos, temos alguns que vão na linha da vivência intergeracional - aproveitando a riqueza da sabedoria das pessoas mais velhas para enriquecer a vida dos mais jovens - temos feito várias atividades que passam por aí, e temos tido feedbacks muito positivos”, explica a autarca.
Eventos que marcaram o ano Olivais é uma Freguesia que dentro do seu formato orgânico, passou de um mapa de pessoal de cerca de 18 pessoas, para um mapa de pessoal com 120 funcionários. Foi uma tarefa absolutamente extraordinária, tendo em conta que se protagonizou uma mudança radical na forma de governar a Freguesia. “Criar condições logísticas internas que vão de encontro aos requisitos legais impostos que implicou um novo modelo organizacional, com novas matrizes de responsabilidade e que obrigou a uma visão politica e técnica sistémica e dimensionada. Possuímos uma dimensão exponencialmente alargada, comparada com alguns municípios do país, e temos condições a todos os níveis para fazer e marcar a diferença no universo das autarquias”, diz Rute Lima.
De maneira a promover o convívio intergeracional, todos os sábados de manhã, a junta organizou atividades desportivas, gratuitas, para todos os olivalenses nos espaços verdes da freguesia. Durante o verão, realizaram colónias de férias para os mais novos, onde todas as crianças dos Olivais se puderam inscrever. Quatro dos equipamentos escolares foram transformados num ‘quartel-general’ e todos os dias existiam atividades no campo, na praia ou na piscina. Em media, contaram com cerca de 800 crianças. Já ao nível da ação social, realizaram algumas atividades que passaram pelo convívio aberto de todos os seniores promovendo algumas atividades de informática e inglês. Promoveram ainda, em parceria com a CPCJ, a Santa Casa e a PSP o projeto de prevenção da toxicodependência. “Temos técnicas que trabalham diretamente nas escolas primárias, portanto as sinalizações são feitas num momento muito precoce da vida das crianças, em que as crianças são sinalizadas no decorrer do trabalho e são captados sinais que possam dar origem a comportamentos desviantes, futuramente, e são encontrados problemas no seio das famílias”. Neste momento estão a acompanhar mais de 2000 mil casos. “É um projeto fantástico que consegue captar de uma forma muito precoce uma serie de situações”, salienta a presidente.
Vila Natal No Palácio do contador – mor, junto ao spacio shopping, a junta organizou uma vila natal de 12 de dezembro a 4 de janeiro, que contou com vários stands de venda de artesanato, um carrossel, uma pista de gelo e ainda, ocorreram espetáculos constantes, “estamos a contar com centenas de pessoas”, afirma Rute Lima.
Projetos futuros Para o ano 2015 contam com uma série de novos projetos. Tais como, a loja social – equipada com roupas, bens de primeira necessidade e livros escolares - onde vai ser possível fazer a partilha de bens com as famílias que estejam sinalizadas pelo núcleo de intervenção social da freguesia. Também vão avançar com o projeto da “Oficina do reformado”, “vamos formar uma equipa de forma a auxiliar os mais idosos nos pequenos serviços, como por exemplo a mudança de uma lâmpada”.
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E ainda, vão avançar com o projeto da universidade sénior, “que vai ser um bocadinho na base da universidade sénior dos Açores devido à linha de prevenção de algumas patologias que eles têm”, explica a presidente.
Projeto em fase embrionária Também pretendem criar alguns pontos turísticos com diversos parceiros de forma a aproveitar todo o conhecimento arquitetónico e paisagístico aliado a uma componente cultural e histórica para assim criar alguns focos de interesse. “Olivais foi e é uma Freguesia planeada, pensada e construída com base em critérios e matrizes de natureza arquitetónica superior e ao longo da sua vida manteve sempre inalterada a sua traça original”, salienta a presidente. Uma freguesia projetada para viver com grande qualidade, onde se realçam as grandes zonas verdes e espaços naturais propensos ao fomento de uma vida saudável em família.
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PINHEL, A CIDADE FALCÃO município de pinhel “A vida é feita de obstáculos e quando ultrapasso um já estou com força para ultrapassar o seguinte!” é com estas palavras que o Presidente da Câmara Municipal de Pinhel, Rui Ventura, recebe a Revista Business Portugal para nos apresentar o seu município.
Pode descrever, sumariamente, o município de Pinhel? A cidade de Pinhel está localizada numa colina a 660 metros de altitude. É sede de um município com cerca de 11 mil habitantes, 486 15 km² de área e 27 freguesias. Pertence ao distrito da Guarda e é limitado a norte pelo município de Vila Nova de Foz Côa, a nordeste por Figueira de Castelo Rodrigo, a leste por Almeida, a sul pela Guarda e a oeste por Celorico da Beira, Trancoso, e Meda. Estudos recentes vieram confirmar que a origem da cidade de Pinhel remonta ao período calcolítico, é cidade há 244 anos. É durante o período medieval que esta região assume uma importância relevante no contexto nacional; a proximidade geográfica com Espanha colocou Pinhel como apoio fundamental de um sistema fortificado mais abrangente, que incluía os castelos de Trancoso, Marialva e Castelo Mendo. Até à assinatura do tratado de Alcanizes, era uma das praças mais avançadas do reino de Portugal na Beira Alta. Como carateriza a evolução do concelho? Temos conseguido juntar aquilo que é a tradição de Pinhel e a modernidade, ou seja, temos modernizado o concelho de Pinhel respeitando as nossas tradições e projetando-o para o futuro. Pinhel tem uma caraterística muito importante: D. João I atribuiu, na altura em que defendíamos a nossa independência, o título de GuardaMor do Reino de Portugal e dos seus Senhorios! Temos tentado fazer jus a essa nossa atribuição tentando-nos modernizar sem perder a nossa identidade. rui ventura Presidente
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Pinhel é uma cidade com um património muito vasto. Quais é que destaca? Somos conhecidos pela quantidade de solares. É património que data dos séculos XVI e XVIII e que estão espalhados por toda a zona antiga da cidade; as casas do século XVI, na rua de Stª Maria, atestam a presença dos judeus pela cidade. Temos a freguesia de Cidadelhe, que é a entrada mais a Sul do Parque Ecológico do Vale do Côa onde, como é do conhecimento geral, estão localizadas as gravuras mais importantes do Parque. Estamos no meio de algumas aldeias históricas e não temos nenhuma atribuída a Pinhel, por isso, estamos a tentar fazer com que Cidadelhe faça parte da rota das aldeias históricas de Portugal. O nosso centro histórico, de ruas estreitas, apresenta inúmeras referências patrimoniais dos períodos medieval e moderno. O nosso castelo, beneficiado durante o período de D. Dinis e com torre de menagem do período de D. Manuel, é um marco que não passa despercebido a quem nos visita. Existe um setor que ainda não está a ser explorado, do ponto de vista turístico, que são as extrações de pedra. Temos no nosso concelho 29 pedreiras, o que, em minha opinião, para além de representar uma mais valia do ponto de vista empresarial e da atividade económica, o que é incontestável, abre ainda novas perspetivas para o turismo. Nos grandes centros urbanos, muitas pessoas têm granito nas suas casas e não sabem como é que ele é extraído e transformado. É todo um processo de trabalho especializado que permite transformar a matéria, a pedra, extraída em bruto, em diversos tipos de peças, algumas com grande detalhe. Nestas circunstâncias, parece-me ser uma ideia bem interessante poder criar condições para que as pessoas possam conhecer todo o processo de extração e transformação da pedra. Estou convicto de que esta área apresenta potencialidades turísticas significativas, que podem e devem ser estudadas, para posterior implementação. Considera o turismo como uma mais-valia do concelho? Sim, sem dúvida. Temos de vender a nossa região aos turistas como um todo, a ideia de cada autarca puxar pela sua capelinha já está ultrapassada. Se os concelhos à volta forem fortes, o meu concelho também o é e assim valorizamos o nosso território. Temos o exemplo da Serra da Estrela ou de Foz Côa que, se forem valorizados e publicitados aos turistas, o concelho de Pinhel também beneficia com eles, porque quando os turistas vão para esses destinos passam pelo nosso concelho. Deparamo-nos com algumas obras dentro da cidade. A reabilitação do centro histórico é uma aposta da autarquia? Pretendemos modernizar Pinhel, este projeto tem esse nome: “Modernizar Pinhel”. A chamada rua do comércio estava praticamente abandonada e com as obras
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que estamos a realizar começaram a aparecer novos negócios e trespasses para quem quer fazer uma aposta na modernização. Os concelhos do interior são normalmente afetados pela diminuição da população, principalmente a mais jovem. Que medidas foram implementadas para combater esta migração? Temos muitas e ainda vamos tentar ter mais. O concelho de Pinhel foi distinguido , há pouco tempo, como sendo uma autarquia amiga das famílias. Existem medidas na área social que apoiam as famílias mais carenciadas: como a isenção de taxas de água e saneamento; também aplicamos esta medida às empresas do concelho que gastam mais água, a fim de promover a continuidade de postos de trabalho e a criação de novos. Promovemos a manutenção e bom funcionamento dos serviços públicos, principalmente na área da saúde e da educação; entendemos que ninguém se instalaria em Pinhel se os serviços públicos não funcionassem bem. É muito importante atrair novos investimentos para o concelho, mas não menos importante é manter os que já estão implementados, a funcionar bem e com postos de trabalho estáveis. Com as duas novas fábricas de calçado (uma já está a laborar e a outra entrará em funcionamento em Janeiro) já atraímos várias famílias a regressarem a Pinhel. A criação e manutenção de postos de trabalho irão manter as pessoas no concelho e chamará mais população de fora. O setor primário está em franco crescimento com uma grande área de vinicultura e do amendoal. O que é que o executivo tem planeado para este setor? É o setor que mais nos sensibiliza. A Adega Cooperativa de Pinhel está no bom caminho e é uma das maiores produtoras de vinho nacional. Os nossos vinhos têm muita qualidade e a autarquia tem investido na promoção dos mesmos, bem como do mel, do azeite e das famosas cavacas de Pinhel. O nosso enfoque nos vinhos da região deve-se ao facto de a área dedicada á sua produção ser muito grande, quase toda a população do concelho trata de uma vinha, é uma prática comum no concelho. A autarquia valoriza o vinho de Pinhel nas feiras, vamos ter uma atenção especial na projeção da marca do vinho de Pinhel através de um plano de marketing a nível nacional e internacional. O orçamento de 2015 tem uma rubrica para apoiar as juntas de freguesia para estas arranjarem os caminhos que dão acesso às vinhas, ou seja, apoiamos e promovemos a venda, mas também estamos a apoiar quem produz. O Município apoia ainda os agricultores do concelho, através de diversas medidas de incentivo à sua produção, como é o caso do apoio concedido para a ampliação das redes elétricas que servem, nomeadamente, explorações agrícolas e pequenas indústrias. Quais são os projetos que delineou para o futuro de Pinhel?
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Tenho muitos, sou muito ambicioso e quando se trata da minha terra ainda sou mais! Mas posso referir alguns que se irão realizar a curto/médio prazo.
As piscinas municipais cobertas Queremos ter umas piscinas municipais cobertas, vamos lançar o concurso no primeiro trimestre de 2015, mas queremos que sejam feitas à medida da população de Pinhel; não pretendemos ter um “elefante branco” que não tem sustentabilidade nem serve os interesses da população e acaba por fechar passado pouco tempo, porque é impossível sustentar a manutenção do espaço. Queremos que as pessoas tenham acesso à saúde, que
não olhem para as piscinas apenas como um espaço lúdico; temos uma população envelhecida que necessita de cuidados especializados e uma população jovem que precisa de se divertir dentro da cidade; as piscinas irão servir estes dois grupos populacionais e poderão ser utilizadas o ano inteiro o que torna este projeto sustentável. Esta foi a única promessa que fiz no meu programa eleitoral.
O campo de futebol Vai ser uma realidade no concelho de Pinhel – temos 160 jovens a praticar futebol nas escolinhas, pelo que se impõe dar aos praticantes da modalidade e à cidade
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este novo equipamento, necessidade que se torna ainda mais premente tendo em conta que as condições que o atual campo de futebol proporciona aos praticantes e ao público, já não se coadunam com as necessárias atualmente. Depois deste projeto estar concluído vamos criar o Parque Urbano da Cidade -onde é atualmente o campo de futebol.
O parque urbano da cidade Este parque urbano é uma necessidade premente porque Pinhel não tem nenhum espaço com estas características, ou seja, fomos criando, ao longo dos anos, zonas de lazer em cada um dos bairros, o que originou outro tipo de problema: as pessoas não socializam fora do seu bairro. As pessoas saem à noite, vão ao café do bairro, os filhos têm um parque com escorregas e baloiços e ficam por ali, não convivem com pessoas fora daquele meio. Existe um outro projeto muito importante que é requalificar o Parque municipal da Trincheira, que estava completamente abandonado. Já começamos a revitalizar toda essa área e vamos conseguir devolve-la aos Pinhelenses nos próximos quatro anos. A médio/longo prazo tenho projetos para potenciar a economia local para atrair emprego, manter a nossa população e atrair novos trabalhadores. É um presidente próximo da população? Sim, sou; com as consequências que essa proximidade pode trazer, mas sou. É fundamental sê-lo. Não gosto de estar fechado no meu gabinete. Gosto de falar com a população, que eles me deem sugestões, resumindo: sou defensor da política de proximidade. Qual é o balanço que faz desde que está no executivo? Faço um balanço positivo. Temos tido sorte, conseguimos que duas grandes empresas se tenham instalado em Pinhel, mas eles não escolheram a nossa cidade por acaso, esta escolha ocorreu em consequência do trabalho e de todo o empenho da autarquia, trabalho e empenho que tem vindo a dar os seus frutos.
de serviços públicos. Em Pinhel deixamos de ter serviço de transporte exclusivo para alunos e passamos a ter um serviço geral, tem a limitação de vir de manhã e só poder regressar à tarde, mas a verdade é que já temos disponível um transporte diário para a sede de concelho. Estamos na quadra natalícia. Como se vive o espírito natalício em Pinhel? Para já com música pelas ruas da cidade! Este ano decidimos retomar dois eventos: a Fogueira de Natal em parceria com o Motoclube Falcões da Estrada – que decorrerá no inicio da noite de 24 de dezembro – e a prova de S. Silvestre de Pinhel que se irá realizar no dia 31 de Dezembro, pelas 17h. Esta prova realizava-se há muitos anos atrás e alguns jovens começaram a correr e tornaram-se atletas federados por causa desta prova, eu fui um deles. Creio que vamos ser surpreendidos com esta prova porque, como eu referi anteriormente, não podemos pensar só no nosso país, temos de abrir horizontes; posto isto, fomos promover a nossa prova além fronteiras nomeadamente nas provas de atletismo de Salamanca. Criámos uma outra tradição, que é o concerto de Natal, da Academia de Música de Pinhel que vai decorrer na , na Igreja Matriz, e é um motivo para as pessoas se juntarem e conviverem. Tentamos manter as tradições para todos os pinhelenses residentes no concelho, mas também para aqueles que saíram de cá um dia possam voltar, pelo menos, nestas épocas festivas. Gostaria de deixar uma mensagem aos nossos leitores? Gostaria de dizer que acreditem sempre! Sou um otimista por natureza, penso sempre positivo e acredito que as coisas estão a mudar, lentamente as condições de vida estão a melhorar. Devemos viver num país real, contar apenas com aquilo que temos e com aquilo que podemos, porque em tempos passados todos vivemos acima das possibilidades. Desejo a todas as pessoas: Esperança! Esperança que 2015 seja o ano de dar a volta para que possamos melhorar as nossas condições de vida com qualidade e dignidade.
Qual é a sua opinião em relação ao novo mapa judiciário? Eu concordo em parte com as medidas tomadas. Creio que era necessário tomar algumas medidas, mas creio que a sua implementação não foi a melhor. É necessário “descer” ao país real para perceber que temos de ter um serviço público e que a sua importância no território em que se insere difere em conformidade com esse mesmo território e com a população abrangida. Existem territórios onde os serviços foram fechados por completo e onde moram pessoas com idade avançada, que não têm transporte próprio; com poder económico muito reduzido e esta sensibilidade tem de estar presente quando se tomam medidas de encerramento
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Figueira de Castelo Rodrigo é a confluência entre o Douro, o Côa e a Serra da Estrela município de figueira de castelo rodrigo Tem uma actividade económica centrada nos seus recursos endógenos, que são o Douro, a vinha, a azeitona, a amêndoa, a castanha, a laranja de Barca D’Alva e o barro.
paulo langrouva Presidente
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a área da natureza, a aposta consiste nos serviços dos ecossistemas, que permite retirar valor aos recursos naturais, num modelo sustentável. A Igreja Matriz de Escalhão, a norte do nosso território, contém um dos poucos exemplares que coloca em causa a tese da Ressurreição. Trata-se de uma gravura que escapou à Inquisição, tal como outro exemplar que está exposto no Museu de Arte Antiga em Lisboa.
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O foco para a captação de novos investimentos consiste no aproveitamento sustentável destes recursos, por empreendedores com competência e experiência para a sua exploração. O corte a laser de granito, a transformação de produtos alimentares e argilosos, a dinamização de atividades não poluentes no território, incluindo no Rio Douro e no Rio Águeda e o aproveitamento para o Turismo dos recursos patrimoniais como a Aldeia Histórica de
Castelo Rodrigo, a Aldeia do Culmeal, as gravuras do Côa, o Museu Etnográfico de Escalhão e o património religioso constituem a aposta municipal para captação de investimento. O Ninho de Empresas e do Conhecimento, já instalado, é a resposta imediata para as jovens empresas que queiram responder ao nosso desafio lançado pelo Município de Figueira de Castelo Rodrigo O Município de Figueira de Castelo Rodrigo, indo ao
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encontro das estratégias de desenvolvimento regional e económico do concelho, com particular destaque no domínio da valorização dos recursos – humanos e materiais - e da enorme potencialidade da região, tem em curso a “construção de pavilhão incubador de oficinas e indústria”. Este projeto pretende sensibilizar os empreendedores para a promoção e dinamização de iniciativas integradas, criando uma rede de empresas ligadas ao sector que potencie a troca de experiências e a atuação com base em lógicas de gestão empresariais inovadoras, concentrando as mesmas numa zona já organizada e permitindo-lhes que sejam mais competitivas. O executivo autárquico, no âmbito da saúde, doou um imóvel para a construção do novo centro de saúde, já em execução e que será uma realidade em 2015, pondo fim a uma caótica situação que se arrastava há já vários anos; colocou à ULS propostas para suprir a falta de médicos de família no concelho e apresentou o Cartão de Saúde Municipal para que todos os munícipes possam ter acesso a mais e melhores cuidados de saúde, projetando lançar o concurso público no início de 2015. E porque a qualidade de vida dos idosos é também uma preocupação para o Município foi criado um programa de ajuda que visa prestar apoio domiciliário gratuito na concretização de pequenas reparações domésticas, criando para o efeito uma linha SOS, disponível 24 horas por dia. Foram ainda tomadas Medidas de Apoio de Emergência Social e Familiar de forma a proporcionar melhores condições aos agregados familiares com dificuldades socioeconómicas do concelho, concretizadas com medidas de acesso aos cuidados de saúde, aquisição de medicamentos, ajudas técnicas, integração social e melhores condições de habitabilidade. No que diz respeito à segurança do concelho foi aprovado o regulamento do Serviço Municipal de Protecção Civil que visa a coordenação e execução de ações no âmbito da Protecção Civil Municipal, integrando-se nas estruturas distritais e nacionais. Este serviço tem a finalidade de prevenir riscos inerentes a situações de acidentes graves, catástrofe ou calamidade, de origem natural ou tecnológica e de atenuar os efeitos, assim como socorrer as pessoas em perigo quando estas situações ocorrerem. Ainda no decorrer deste ano foram assinados protocolos de delegação de competências para as juntas de freguesia que têm por objetivo a gestão, manutenção, limpeza dos espaços públicos. Com a missão de desenvolver e consolidar redes de parcerias, fomentando o envolvimento e a participação dos intervenientes locais, regionais e/ou nacionais em projetos municipais, de promover a constante qualificação dos serviços públicos e para uma maior satisfação das exigências dos munícipes, foi celebrado um protocolo com a Agência para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação e do Conhecimento.
A “Politica de Proximidade”, uma acção que visa uma maior proximidade da autarquia com as pessoas, com os seus problemas e anseios foi levada a cabo em todas as freguesias do concelho. Um projecto que pretende a divulgação das iniciativas da Câmara para que os munícipes possam avaliar e ficar a par do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na Câmara. O Município celebrou, no âmbito do programa “Solidariedade Litoral/Interior”, protocolos com as juntas de freguesia de Lisboa: Alvalade e Arroios, a que se seguirão outras juntas de freguesia de Lisboa, estabelecendo formas de colaboração e intercâmbio de iniciativas sociais, culturais e desportivas e a promoção dos produtos endógenos do concelho e a sua divulgação patrimonial e turística. A título de exemplo refira-se o sucesso que foi a participação do Município no Mercado de Natal de Alvalade, de 10 a 14 de dezembro, com a mostra e venda de produtos regionais. Este mesmo programa pretende alargar-se a norte, aos municípios do Porto e de Vila Nova de Gaia. Uma iniciativa que já é habitual é a Festa da Amendoeira em Flor, onde os produtores locais tiveram a oportunidade de promover os produtos. Para além desta mostra de produtos regionais, o cartaz contemplou outras atividades de cariz desportivo. Um passeio TT Castelo Rodrigo que proporcionou aos participantes uma viagem ao coração das amendoeiras em flor. A 1ª Concentração Motard de Figueira de Castelo Rodrigo, com um programa preenchido por atuações musicais, exibições de Freestyle e um passeio turístico pelas belas paisagens das amendoeiras em flor. Inserida na programação realizou-se a Primeira Feira de Caça e Pesca “A Caça e a Pesca no Mundo Rural”. Um evento que mostrou serviços e atividades ligadas ao setor da caça, pesca e lazer. Emoções fortes e adrenalina marcaram a XVI edição do Slalom de Castelo Rodrigo, realizada em parceria com o Clube Escape Livre, que, pela primeira vez, contou com uma Super Especial. A realização do Torneio SCANDIBÉRICO – torneiro internacional de andebol – realizado em parceria com as autarquias de Meda e Pinhel e a Federação Portuguesa de Andebol, encheu por completo o Pavilhão dos Desportos, gerando enorme entusiasmo e empatia com a equipa nacional, numa demonstração de grande fair play. A 7 de julho decorreram as comemorações do Feriado Municipal. A par das atividades associadas à celebração do feriado como a realização do programa “Verão Total” da RTP; o raid “N’avenTTura na Salgadela”; o desfile de Moda com a participação de estilistas locais e alunos da ESAD e da UBI e dos manequins da Central Models e de alguns figueirenses, e a Noite de Fado com Rui Teixeira e Cláudia Madeira, foram condignamente comemorados os 350 anos da Batalha de Castelo Rodrigo. A sessão solene das comemorações dos 350 anos da Batalha de Castelo Rodrigo, presidida pelo Senhor General António Ramalho Eanes, em representação do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, contou
com a presença do Vice-chefe do Estado-Maior do Exército, General António Campos Gil, e de Manuel Braga da Cruz, que proferiu eloquente palestra sobre a Batalha de Castelo Rodrigo, de outras personalidades religiosas, militares e civis e de inúmeros populares que encheram por completo o auditório do Pavilhão dos Desportos. Seguiu-se uma visita aos Campos da Salgadela, junto ao Padrão de Pedro Jacques de Magalhães, onde um pelotão do exército homenageou os heróis e resistentes combatentes do passado. Foi lançado pelos Correios de Portugal um selo comemorativo da batalha e descerrada a primeira pedra a primeira do futuro Centro Interpretativo da Batalha de Castelo Rodrigo, cujo projeto de arquitetura está em fase de execução. “Figueira Com Vida” uma mostra de produtos do concelho é mais uma aposta da Câmara Municipal na divulgação, valorização e promoção do que melhor se produz no concelho a nível de produtos regionais. Durante o certame teve lugar um vasto leque de propostas de diversão, desde espetáculos musicais às já tradicionais tasquinhas. Uma iniciativa que tem uma vertente social importante, pois é a altura do ano em que o concelho se enche de ‘filhos da terra’, que regressam para passar férias e matar saudades. Sons, saberes e sabores da transumância deram vida à Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo. Um evento que tem por objetivo valorizar e homenagear a transumância, bem como o setor agrícola, que é um setor de grande importância na região. Feira de produtos regionais, workshops, música, jogos tradicionais e muita diversão fizeram parte desta iniciativa. No âmbito da promoção económica do concelho, o Município concretizou várias iniciativas em torno de um produto de excelência: o borrego “da Marofa”. A apresentação desta marca e produto contou com um evento: “Showcooking de Borrego da Marofa”, em abril, com a prestação de renomados Chef’s de renome Mundial; celebrou um protocolo com a CP para lançamento da Rota Borrego da Marofa, associada ao programa da CP – Lugar à Janela, que já trouxe à restauração do concelho, segundo a CP, mais de 300 pessoas; Realizou o 1º Festival do Borrego, dos Vinhos e outros produtos da Marofa, que decorreu durante o mês de novembro e proporcionou aos visitantes um almoço com pratos de Borrego da Marofa, acompanhados por vinhos locais, nos restaurantes aderentes. Fizeram parte do Festival a Feira de produtos Marofa com animação no Mercado Municipal e concertos de música clássica no Convento de Santa Maria de Aguiar, pelo Quarteto de Cordas BACH’us.
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“Estamos atentos ao emprego qualificado na economia social” município de santo tirso Coesão social, emprego e competitividade são as prioridades que Joaquim Couto, presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, considera fundamentais para o crescimento do concelho.
joaquim couto - Presidente
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om uma localização estratégica e privilegiada, Santo Tirso já não é apenas reconhecida como a cidade da indústria têxtil e dos deliciosos jesuítas, mas sim como um concelho exemplar, onde os seus habitantes são o centro de tudo. Passados vários anos, Joaquim Couto voltou a encabeçar o Executivo da Câmara Municipal de Santo Tirso, e é com orgulho que afirma que 20 anos depois de ter deixado a presidência deste concelho, várias das políticas implementadas por si à época continuaram a ser levadas a cabo pelo anterior executivo e ainda hoje subsistem. Outrora dominado pela indústria têxtil pesada, como são exemplo a fiação e a tecelagem, Santo Tirso hoje é a casa de várias atividades a montante e a jusante, como o estilismo, a moda, os têxteis técnicos e demais empresas ligadas a este setor de atividade, “fazendo aumentar a diversificação económica e empresarial, diversificação essa que está em marcha e a evoluir a um ritmo acelerado”, revela-nos Joaquim Couto. Para tal, contribui significativamente a Fábrica de Santo Thyrso, que constitui um símbolo da ligação da cidade à indústria têxtil numa época em que esta era assumida como um ícone de progresso e crescimento económico, atualmente recuperada e com diversas
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valências: uma Incubadora de Moda e Design (IMOD), uma Incubadora de Base Tecnológica e uma Nava Cultural, para a realização de diversos eventos culturais. A IMOD ultrapassa o conceito convencional de incubação, pois além da cedência de espaços vocacionados para a instalação de empresas em fase inicial, pretende igualmente promover uma colaboração estreita entre os criativos e a indústria do setor, dotando-a de meios modernos de conceção e alavancando-a no panorama internacional de excelência.
Criação de novos postos de trabalho Uma das estratégias de Joaquim Couto para a promoção do emprego está intrinsecamente ligado com a sua aposta na economia social. De que forma? Apoiando os tirsenses nestas áreas, é possível a criação de emprego qualificado nas mesmas. “A Câmara Municipal garante o funcionamento das escolas durante os períodos de interrupção. Para tal, é necessário contratar monitores e pessoal profissionalizado, e é uma forma de promovermos emprego”, refere a título de exemplo o autarca de Santo Tirso. Também no que diz respeito à classe etária mais velha, a Câmara apoia todas as iniciativas conexas à área social, tanto na construção de infraestruturas, gestão e manutenção e também em alguns serviços, como são exemplo o desporto sénior e o apoio domiciliário a pessoas com mais de 65 anos. “Isto implica empregos qualificados na economia social”, argumenta. O próprio município conta atualmente com cerca de 100 funcionários em regime de estágio e empregos de inserção, sendo que a esmagadora maioria são jovens,
“e é também uma forma de amortecer socialmente a crise em que estamos inseridos”. Embora a taxa de desemprego do município esteja equiparada à média nacional, com tendência para descer, este é um processo estrutural do município que este Executivo está a acompanhar e a desenvolver.
Grande aposta cultural Porque a cultura deve ser acessível a todos, Joaquim Couto crê que uma aposta nesta área é fundamental. O melhor exemplo cultural de Santo Tirso é, sem dúvida, o Museu Internacional de Escultura Contemporânea ao Ar Livre, “o nosso ex libris”, que tem sido a casa de vários simpósios desde a sua criação. Em 2015, contará com um simpósio internacional e serão inaugurados os Museus Siza Vieira e Souto Moura, concretizando, assim, um trabalho de 25 anos, uma vez que este projeto teve início em 1990, com o arranque o primeiro simpósio. “Teremos ainda 60 esculturas espalhadas pelos espaços públicos da cidade, todas elas de escultores diferentes e com materiais diferentes”, refere o presidente.
Natal e Ano Novo em Santo Tirso Até dia 4 de janeiro poderá visitar, no edifício da Câmara Municipal, uma exposição internacional de presépios, que conta com peças de alguns dos melhores artesãos do mundo. Até ao final deste mês poderá contar com o ‘Natal da Praça’, uma iniciativa destinada a miúdos e graúdos, onde estes poderão escrever a sua carta ao Pai Natal ou até descobrir como é feito o bolo-rei, após um passeio a cavalo ou de charrete. A Passagem de Ano merecerá também grande destaque na cidade. O município promove uma grande festa na Fábrica de Santo Thyrso, com várias bandas e DJ’s convidados que irão animar a festa até às seis da manhã. Como não podia deixar de ser, não faltará o champanhe, o bolo-rei, o chocolate quente e, claro está, as 12 passas. A entrada é gratuita.