Revista Janeiro-Fevereiro 2017

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AMORIS LAETITIA

A ALEGRIA DO AMOR

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Ano XI - n.º137- Janeiro / fevereiro - 2017 - Revista bimestral ISSN 1646 - 946 Preço : 2,50€ ( Portugal ) 3,50 Europa - 4,50 resto do Mundo


PRODUTOS CANÇÃO NOVA Ficha Técnica

JANEIRO / FEVEREIRO Proprietário/Editor: Comunidade Canção Nova NPC: 505 556 391 / Estrada da Batalha, 68 AP 199 2496-908 FÁTIMA Presidente: Monsenhor Jonas Abib Diretor: João Luíz Oliveira Administrador: Paulo Azadinho Coordenação e Redação: Telma Freire Revisão Ortográfica: Paula Ferraz Projecto Gráfico: Débora Líra Colaboradores nesta edição : Mons. Jonas Abib, Paulo Azadinho, Simone Pinto, Micheline da Silva, Sandra Pinto, Inês Martins, pe. Antonio Justino, Pedro Patto, Paulo Aido, Miguel Panão, Ricardo Lameiria, pe.José Borga, Marta Faustino, pe. Rui Almeida, Sara Rahemane. Impressão: Multiponto, SA Rua da Fábrica, 260 - 4585-013 Balpar Tiragem: 10.000 exemplares Assinatura mensal: 2,50 €

SUMÁRIO EDITORIAL - 04

Três propostas de santidade conjugal

PALAVRA DO FUNDADOR - 05

Um Bom Ano !

GOTAS DO CARISMA - 06

Matrmónio o desafio de viver em sinto nia com o outro

Aprofundar...

Apostar na família é apostar no amor Acolher as novidades de Deus

Em que direcção estamos a projectar a nossa vida? Um novo ano de mãos dadas com Deus…

CLUBE DA EVANGELIZAÇÃO - 08 Formas de contribuição CLUBE DA EVANGELIZAÇÃO - 10 Testemunho Família uma Escultura Viva

Neste novo livro Desafio do Bem – 30 dias, a nutricionista Gisela Savioli convida-nos a mudar a história da nossa longevidade, através de pequenas atitudes diárias que terão a capacidade de modificar a nossa expressão genética. Aproveite esta oportunidade, única, para iniciar o ano com uma mudança na sua vida através da alimentação.

GOTAS - 12

AMORIS LAETITIA “A ALEGRIA DO AMOR”

IGREJA EM PORTUGAL - 14 Família e sociedade AJUDA A IGREJA QUE SOFRE - 16 A fé na clandestinidade ARTIGO PRINCIPAL-18 Uma história com a Misericórdia TERÇO DA SAGRADA FAMÍLIA-20 CONVIDADO ESPORÁDICO - 22

OPINIÃO-24

PSICOLOGIA - 26

SALESIANOS - 28

Ler a Amoris Laetitia em chave educativa

ESPIRITUALIDADE 30 Amor fonte de alegria JUVENTUDE NOVA - 32 ““Se fores aquilo que Deus quer, pegarás fogo ao Mundo” FORMAS DE SINTONIZAR A CANÇÃO NOVA TV Canção Nova-34 ESPECIAL LIVRARIA - 36 EVENTOS - 37 LITURGIA- 38 PEREGRINAÇÕES OBRA DE MARIA- 39

AMORIS LAETITIA:

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EDITORIAL

PALAVRA DO FUNDADOR

APROFUNDAR...

APOSTAR NA FAMÍLIA É APOSTAR NO AMOR…

« Olha que Eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, Eu entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo » Apocalipse (3, 20). Começa o ano e caminhamos em direção à porta do seu coração. Estamos prestes a tocar à campainha para nos deixar entrar e, quem sabe, oferecer-nos uma oportunidade para lhe darmos uma revista da Canção Nova. Lançamos-lhe um desafio - este ano presenteie alguém que nunca ouviu falar da Canção Nova com uma revista. Ao longo deste ano teremos muitos caminhos a trilhar, muitos passos a dar, muitas subidas e descidas, procurando sempre ver as maravilhas que cada paisagem encerra. A temática da família será um ponto crucial de reflexão. Para tocarmos de forma mais profunda neste tema começamos o novo ano a aprofundar um documento que aborda este assunto de forma consistente e à luz da fé crista, a encíclica Amoris Laetitia sobre “o amor na família”. Um documento intemporal composto por nove capítulos onde são tratados 325 pontos. O desafio já começou. Para saber mais leia cada artigo e descubra página a página aquilo que só uma leitura consegue dar - “saber mais”, “conhecer”, “aprofundar”, “imaginar como é”, “conhecer novos pontos de vista”, “alargar horizontes e expectativas”, “reformular pré-conceitos”, “formar opinião”, e muito mais. Fique por aí e conte connosco nesta caminhada! Boas leituras e um bom ano!

EQUIPA REVISTA CANÇÃO NOVA

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Dizer que apostamos na família e na vida equivale a dizer que apostamos no amor . Só o amor constrói, e é certo que vencerá sempre. Mesmo que demore, porque as situações e problemas são difíceis, o amor por fim vencerá. É nisso que acreditamos e, por isso, lutamos continuamente e incansavelmente. Você conhece muito bem o que Jesus nos disse: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”. Este “amai-vos uns aos outros” é o amor que devemos viver em família, porque não é simplesmente amar, mas amar uns aos outros. É dar e receber amor. É isso que constrói a família. É fácil? Não. É uma luta contínua, uma

conquista, um verdadeiro desafio. Mas nós acreditamos no amor e nutrimos essa certeza: o amor vencerá. Os nossos sentimentos podem estar feridos, muito feridos, mas não somos donos deles; muitas vezes, eles traem-nos. Mas amor não é só sentimento, é principalmente atitude. Seu irmão,

MONSENHOR JONAS ABIB Fundador da Comunidade Canção Nova padrejonas.cancaonova.com twitter.com/padrejonasabib

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GOTAS DO CARISMA Acolher as novidades de Deus ! Perceber a presença de Deus na nossa vida só é possível quando abrimos o nosso coração numa atitude orante e confiante na ação misericordiosa de Deus. É nesta dinâmica que vamos acolhendo a vontade de Deus a nossa respeito, respondendo à Sua iniciativa de forma alegre e disponível. Como Canção Nova, queremos ajudá-lo neste caminho de descoberta da Sua vontade. É para isto que trabalhamos todos os dias, pois sabemos que realizando a vontade de Deus caminhamos rumo à santidade e podemos proclamar com alegria: Eu vi o Senhor! Vamos viver um ano de Graça! Se em Portugal celebramos o Centenário das Aparições de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, data jubilar, celebraremos também 50 anos de experiência de vida nova no Espírito, de Renovamento Carismático Católico e 40 anos de apelo vocacional do Monsenhor Jonas Abib, apelo este que gerou a Comunidade Canção Nova. Convido-o para vivermos juntos como família estas celebrações. Será um ano de muitas novidades, novos membros missionários que chegam à missão de Fátima, novos programas de televisão e rádio, mais iniciativas pela internet; tudo para que o Senhor seja o centro da nossa vida e todos possamos proclamar as Suas maravilhas! Não temamos acolher as novidades de Deus, desafiemo-nos sempre a viver, com alegria e docilidade, tudo o que Ele nos trouxer! Um bom ano 2017!

PAULO AZADINHO Coordenador local Canção Nova - Portugal

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Em que direcção estamos a projectar a nossa vida? Um novo ano começa e é natural que no início de um novo tempo tenhamos alguns planos em vista, queiramos realizar alguns sonhos, alcançar alguns objetivos, retomar alguns projetos… Monsenhor Jonas indica-nos sempre uma via: Retomada, retomar sempre! Mas, retomar o quê? Os bons propósitos que muitas vezes abandonamos por causa das nossas fragilidades. Um primeiro passo para iniciar bem um novo tempo é tomar posse deste tempo como dom de Deus, é uma questão de compreendermos que o dia de hoje, este tempo, este “agora” é um dom de Deus e só é possível iniciar uma obra com a consciência de que o tempo e as capacidades para realizar qualquer coisa nos foram dados de presente. “ A nossa vida é um presente de Deus e o que fazemos dela é o nosso presente a Ele.”, dizia Dom Bosco. Porque somos de Deus e só nos podemos realizar em Deus, a nossa vida precisa ser projetada em Deus. Só Deus pode encher a nossa vida de sentido. Então, vale a pena nos perguntarmos: em que direção estamos a projectar a nossa vida? Quem quiser pode se servir de algo muito simples e concreto: escrever um projeto de vida para 2017. Um momento de paragem para rezar e rever a vida vai ajudar muito. Para realmente projetarmos a nossa vida em Deus e realizarmos a Sua vontade, é necessário uma escuta atenta para entendermos o que Deus nos pede; é preciso retomar a fidelidade à Palavra de Deus, buscar discernir os sinais que Ele envia e saber colher de cada acontecimento, alegre ou triste, as ricas lições que Deus nos quer ensinar.

SIMONE PINTO Formadora local Canção Nova - Portugal

Um novo ano de mãos dadas com Deus… Começo este pequeno texto com o meu testemunho. Começamos a viver um ano novo e para mim em particular esse “novo” será uma experiência nova em muitos aspetos. Uma nova realidade que Deus colocou na minha vida. Recentemente fui transferida para a missão de Portugal para assumir a economato desta linda missão. É um desafio para mim gerir o meu coração e os novos corações com que vou partilhar este desafio. Já começo a experiência, a novidade… deixar tudo pela missão de evangelizar. Uma nova cultura, uma nova língua considerando que o português falado no Brasil é diferente do Português de Portugal; uma nova missão e novos projetos…Tudo isto para dizer que o meu coração se alegra, pois sei que Deus é o Senhor de tudo e a minha vida está nas Suas mãos. É o que desejo para cada um de vós: vamos viver juntos este ano, abandonando-nos nas mãos do Pai que tudo sabe de nós e cuida de todas as coisas! É o Senhor quem nos diz: “Não tenhais medo!” Sede corajosos e “mãos à Obra”. Assumamos esta ordem e com ela todas as graças que vêm de Deus e o nosso ano será sempre novo, a cada dia. Que o Senhor nos fortaleça na fé e que possamos dizer Sim como Maria! Um feliz e santo ano para cada um! Deus abençoe! Sua irmã,

MICHELINE DA SILVA Ecónomo local Canção Nova - Portugal

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CLUBE DA EVANGELIZAÇÃO

FORMAS DE CONTRIBUIÇÃO DÉBITO DIRETO

Solicite o impresso, através do telefone +0351 249 530 600 opção 2, ou faça download no blogue www.benfeitor.cancaonova.pt e envie para a nossa morada: Estrada da Batalha,68/ Apartado 199/ 2496-908 Fátima ou para o email: clube@cancaonova.pt

DEPÓSITO BANCÁRIO IDENTIFICADO

Dirija-se a um balcão do Banco Millennium, com o número da conta da Canção Nova: 45200060486 e efetue o seu depósito. Leve o seu cartão de Benfeitor e peça ao funcionário da agência que mencione nesta transação o seu número de Benfeitor.

“Obrigado por ser família Canção Nova” Mons.Jonas Abib

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TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA IDENTIFICADA

Em Portugal: através do IBAN: PT50 0033.0000.45200060486.05. No estrangeiro através do IBAN PT: 50003300004520006048605 do SWIFT: BCOMPTPL. Leve o seu cartão de Benfeitor e peça ao funcionário da agência que mencione nesta transação o seu número de Benfeitor. Obs: Se efetuar a transferência através de Multibanco, envie-nos o comprovativo dessa operação ou então contacte-nos pelo telefone: +351 249 530 600 Opção 2 – Clube da Evangelização ou email: benfeitor@canacaonova.pt A CANÇÃO NOVA ACREDITA NA

FAMÍLIA!

VALE DE CORREIO

Dirija-se ao balcão dos correios mais próximo e solicite o envio de Vale Correio, em qualquer dia do mês, onde deve constar o seu nome completo e o seu número de benfeitor.

AJUDE-NOS A FORMAR HOMENS NOVOS, PARA UM MUNDO NOVO!

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TESTEMUNHO

FAMÍLIA UMA ESCULTURA VIVA...

Sou a Inês Martins e desde pequenina que sempre fui à Santa Missa com a minha família. E aos 14 anos pedi para aprender a tocar viola e o Padre Vilarinho ensinou-me, a mim e a outros jovens. Então comecei a participar no coro juvenil da minha paróquia, porque tudo o que é da igreja sempre me cativou, me deixava feliz e realizada. Quando tinha os meus 20 anos, fui trabalhar e estudar para a Suíça, para criar a minha independência e foi aí conheci o meu marido, ele era católico, mas não praticante e aos poucos fui-me afastando da Igreja também. Mas casámos pela igreja e aos nossos filhos sempre ensinei a ir à Santa Missa e levei-os à catequese. Uns anos mais tarde, fiquei gravemente doente e aí dediquei-me mais a Deus - posso dizer que a minha fé até aí estava um pouco “adormecida”. Mas com a aflição de não poder sobreviver, de não poder criar os meus filhos, nem de os ver crescer, supliquei, rezei para que Deus me curasse, me concedesse um milagre na minha vida, pois ainda tinha dois filhos menores e ainda iriam precisar muito de mim, pois o pai era muito ausente. E graças a Deus, posso dizer, que obtive um milagre na minha vida, pois consegui vencer a doença. Deus curou-me e ouviu a súplica de uma mãe desesperada. Deus sempre ouve a súplica de uma mãe. Poucos anos depois de ter terminado os meus tratamentos viemos viver para Portugal. E há mais ou menos três anos, comecei a ouvir falar da rádio Canção Nova, comecei a ouvir por curiosidade, e fui-me fascinando da forma como evangelizavam, como nunca tinha visto antes de uma forma tão simples mas tão clara e linda. Depois vieram os encontros no Centro Pastoral Paulo VI, e aí, quando me deparei com aquele povo maravilhoso, com a família Canção Nova (posso dizer que me fui conquistada por completo), as lágrimas escorriam pelo meu rosto com tanta emoção e alegria ao mesmo tempo. E desde aí, Deus tem-me feito uma pessoa mais feliz, tenho Deus na minha vida como nunca tive. Sim! É diferente, apesar de já ter tido um milagre na minha vida e já ter Deus na minha vida, desta vez o amor por Deus é mais profundo e forte. Queria também deixar aqui uma palavra a quem sofre, sofreu ou tem alguém conhecido ou familiar com doença oncológica, para nunca desistir de lutar, temos um Deus de milagres, e eu sou a prova disso. Deus nunca desiste de nós, somos sempre nós que desistimos d’Ele e para Deus não existe nada impossível, aliás é a especialidade de Deus. E eu, infelizmente, nessa fase ainda não conhecia a Canção Nova, porque se não teria ultrapassado com mais facilidade, por isso se têm a Canção Nova nas vossas vidas não a deixem passar ao lado. A Canção Nova ensina-nos a ter uma fé dificilmente destrutível. Posso dizer que Deus tem feito milagres na minha vida e da minha família, graças à Canção Nova. Testemunho de benfeitora Inês Martins

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O Papa Francisco na exortação Amoris Laetitia diz-nos que “O casal que ama e gera a vida é a verdadeira «escultura» viva (não a de pedra ou de ouro, que o Decálogo proíbe), capaz de manifestar Deus criador e salvador. Por isso, o amor fecundo chega a ser o símbolo das realidades íntimas de Deus.” Poderemos dizer que a família é essa escultura viva e fecunda, no meio de nós, capaz de dar testemunho, de amar, de perdoar, de se doar aos outros, de ser suporte, de ter atos de solidariedade, de exercer as obras de misericórdia. A família é a escultura que vai sendo esculpida por Deus que é o grande escultor, o grande criador! A família que caminha nessa intimidade com Deus criador vai criando também à sua volta pontes de unidade entre todos os que a rodeiam. Vai sendo essa célula fecunda e viva, portadora do sacramento e colocando-o em prática no dia a dia!

A palavra de Deus diz-nos em João 15, 16 “Não fostes vós que me escolhestes; fui Eu que vos escolhi a vós e vos destinei a ir e a dar fruto, e fruto que permaneça.” Deus constituiu-nos famílias, Deus escolheu-nos como famílias, de forma que possamos colocar em prática o seu ato criador, dando muito fruto, um fruto que permaneça em testemunho e coerência de vida! Que as famílias possam viver o que o Evangelho pede, para que possam ser autênticas igrejas domésticas, autênticos santuários geradores de vida que se assemelham ao Deus criador! Possamos a cada dia mais cuidar das nossas famílias e defendê-las! Rezemos por todas elas e por toda a grande família Canção Nova. SANDRA SILVA Coordenadora Clube da Evangelização

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EM SINTONIA COM A IGREJA

AMORIS LAETITIA “A ALEGRIA DO AMOR”

A exortação apostólica pós-sinodal sobre o amor na família “Amoris laetitia (A alegria do amor) – terminada, não por casualidade, no dia 19 de março, solenidade de São José – recolhe os resultados dos dois sínodos sobre a família convocados pelo Papa Francisco em 2014 e 2015, pelo que as relações conclusivas de ambas as assembleias são extensamente citadas. Juntamente com elas, mencionam-se documentos e ensinamentos dos últimos Pontífices e faz-se também referência às numerosas catequeses sobre a família do próprio Papa Francisco. “...O aspeto físico muda e a atração amorosa não diminui, mas muda: o desejo sexual com o tempo pode transformar-se em desejo de intimidade e “cumplicidade”. No entanto, como já sucedeu com outros documentos do magistério, o Papa faz também uso das contribuições de diversas conferências episcopais do mundo (por exemplo: Quénia, Austrália e Argentina) e de frases significativas de pessoas bem conhecidas, como Martin Luther King ou Eric Fromm. Gostaria de destacar dos 9 capítulos que trata a exortação, um em particular, o capítulo 4 que aborda o tema sobre “O amor no matrimónio”, que é ilustrado a partir do hino ao amor de São Paulo (cfr. 1 Cor 13,4-7). O Capítulo é na realidade uma exegese atenta, pontual, inspirada e poética do texto Paulino. Trata-se como que de uma coleção de fragmentos de um discurso amoroso, que está atento a descrever o amor humano em termos absolutamente concretos. Destaca a capacidade de introspeção psicológica que se evidencia nesta exegese: o aprofundamento psicológico entra no mundo das emoções dos cônjuges – positivas e negativas – e na dimensão erótica do amor. Trata-se de uma contribuição extremamente rica e preciosa para a vida cristão dos cônjuges. A seu modo, este capítulo constitui um tratado dentro da exortação, escrito com consciência de que a quotidianidade do amor é inimiga do idealismo. “Não se

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deve atirar sobre duas pessoas limitadas – escreve o Pontífice – o tremendo peso de ter que reproduzir de maneira perfeita a união que existe entre Cristo e a sua Igreja, porque o matrimónio como sinal implica “um processo dinâmico, que avança gradualmente com a progressiva integração dos dons de Deus” (Familiaris Consortio, 9) (AL 122). Mas, por outro lado, o Papa insiste, de maneira vigorosa e decidida, no facto de que “na própria natureza do amor conjugal está a abertura ao definitivo” (AL 123) e sublinha que a alegria se encontra dentro do matrimónio quando se aceita que este é uma necessária combinação “de alegrias e de esforços, de tensões e de descanso, de sofrimentos e de libertações, de satisfações e de procuras, de dores e de prazeres” (AL 126). O capítulo conclui com uma reflexão muito importante sobre a “transformação do amor” porque “o prolongamento da vida faz com que se produza algo que não era comum noutros tempos: a relação íntima e a pertença mútua devem conservar-se por quatro, cinco ou seis décadas, e isto converte-se numa necessidade de voltar a escolher-se uma e outra vez” (AL 163). O aspeto físico muda e a atração amorosa não diminui, mas muda: o desejo sexual com o tempo pode transformar-se em desejo de intimidade e “cumplicidade”. “Não podemos prometer ter os mesmos sentimentos durante toda a vida. Pelo contrário, podemos, sim ter um projeto comum estável, comprometer-nos a amar-nos e a viver unidos até que a morte nos separe e viver sempre uma intimidade rica” (AL 163). Esta exortação é uma proposta para as famílias cristãs e um convite a apreciar os dons do matrimónio e da família e a manter um amor forte e cheio de valores como a generosidade, o compromisso, a fidelidade e a paciência.

PADRE ANTÔNIO JUSTINO Comunidade Canção Nova Aux. de Formação - Fátima Portugal

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IGREJA EM PORTUGAL

FAMÍLIA E SOCIEDADE

Uma das muitas vertentes por que poderá ser analisada a Exortação Apostólica Amoris Laetitia é a da função social da família e das políticas de família. Sobre o papel social da família, o Papa é muito claro: «Ninguém pode pensar que o enfraquecimento da família como sociedade natural fundada no matrimónio seja algo que beneficia a sociedade. Antes pelo contrário, prejudica o amadurecimento das pessoas, o cultivo dos valores comunitários e o desenvolvimento ético das cidades e das aldeias. Já não se adverte claramente que só a união exclusiva e indissolúvel entre um homem e uma mulher realiza uma função social plena, por ser um compromisso estável e tornar possível a fecundidade. » (52) Mas a proteção da família exige a garantia de direitos sociais, como os relativos à habitação e ao trabalho: «A falta duma habitação digna ou adequada leva muitas vezes a adiar a for-

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malização duma relação. (...) As famílias sofrem de modo particular com os problemas relativos ao trabalho». (44) À família, como verdadeiro “santuário da vida” está associada a defesa da vida, desde a conceção até ao seu fim natural: «Neste contexto, não posso deixar de afirmar que, se a família é o santuário da vida, o lugar onde a vida é gerada e cuidada, constitui uma contradição lancinante fazer dela o lugar onde a vida é negada e destruída. (...) A família protege a vida em todas as fases da mesma, incluindo o seu ocaso.». (83) À criança deve ser garantido o direito a um pai e uma mãe (o que, entre nós, não se verificou nas recentes alterações às leis da adoção e da procriação medicamente assistida): «Toda a criança tem direito a receber o amor de uma mãe e de um pai, ambos necessários para o seu amadurecimento íntegro e harmonioso (...) Além disso, é juntos que eles ensinam o valor da reciprocidade, do encontro

entre seres diferentes, onde cada um contribui com a sua própria identidade e sabe também receber do outro.» (172) O Papa alerta para o erro da ideologia de género, denunciando as tentativas de a impor em diversos âmbitos, incluindo o educativo: «Outro desafio surge de várias formas duma ideologia genericamente chamada gender, que “nega a diferença e a reciprocidade natural de homem e mulher. Prevê uma sociedade sem diferenças de sexo, e esvazia a base antropológica da família. Esta ideologia leva a projetos educativos e diretrizes legislativas que promovem uma identidade pessoal e uma intimidade afetiva radicalmente desvinculadas da diversidade biológica entre homem e mulher”(...) Não caiamos no pecado de pretender substituir-nos ao Criador» (56) A respeito da educação dos filhos, o Papa reafirma com clareza o direito prioritário dos pais a escolher a que

mais se adequa às suas convicções (direito que também não está plenamente garantido entre nós): « Mas parece-me muito importante lembrar que a educação integral dos filhos é, simultaneamente, “dever gravíssimo” e “direito primário” dos pais. (...) O Estado oferece um serviço educativo de maneira subsidiária, acompanhando a função não-delegável dos pais, que têm o direito de poder escolher livremente o tipo de educação – acessível e de qualidade – que querem dar aos seus filhos, de acordo com as suas convicções» (84) Muitas são as questões relativas à família que na Amoris Laetitia são abordadas com profundidade e clareza. Compreende-se que o Papa tenha convidado à sua leitura paciente e não apressada. PEDRO VAZ PATTO Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz

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AJUDA A IGREJA QUE SOFRE A FÉ NA CLANDESTINIDADE Somália: o país africano onde há apenas uma igreja católica Infelizmente são muitos os países no mundo onde os cristãos são perseguidos. A Somália é um deles. Ameaçados por grupos jihadistas, os crentes são obrigados a viver a sua fé clandestinamente. Neste país do chamado “Corno de África”, em que até o Natal foi proibido, há apenas uma igreja católica e não mais de 10 pessoas arriscam ir até lá para rezar. São muito poucos os cristãos na Somália. Mas todos eles estão ameaçados. Rezar neste país do “Corno de África”, onde a Igreja católica é perseguida há quase três décadas, pode significar a morte. Ainda no ano passado, o governo proibiu até as celebrações do Natal por serem contrárias à fé muçulmana, medida que muitos viram como uma perigosa cedência aos grupos terroristas que anseiam transformar o país num protetorado gerido com mão de ferro pela “sharia”, nomeadamente, o temível Al-Shaabab, ligado à Al Qaeda. É neste contexto que vivem os Cristãos na Somália. Os constantes ataques empurraram a igreja para a quase clandestinidade. Neste país, os cristãos são perseguidos, ameaçados, mas não desistem. Ainda agora, conseguiram reabrir, ao fim de décadas, a pequena igreja de Santo António na cidade de Hargeisa, na chamada Somalilândia, uma região autónoma situada no Norte da Somália e junto ao Djibuti. Milagre de Santo António A reabertura deste templo dificilmente seria notícia não fosse o caso de ser o único espaço de culto existente em todo o país. D. Giorgio Bertin, administrador apostólico de Mogadíscio e bispo de Djibouti, conta esta história à Fundação AIS. “A Igreja foi construída pelos capuchinhos em 1950. Antes do levantamento dos rebeldes contra as autoridades somalis em

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Mogadíscio, eu celebrava lá pelo menos três vezes ao ano... depois, ficou muito perigoso. Em Janeiro, entrei em contacto com as autoridades, e expliquei que gostaríamos de reabrir a igreja e que usaríamos o espaço também como lugar de atividades humanitárias.” E a proposta foi aceite. A reabertura da Igreja é uma vi-

ínfimo de cristãos que são, até por isso, um exemplo de coragem para todos nós. D. Giorgio Bertin sabe que os cristãos do seu país não estão abandonados, que podem contar sempre com as orações e a generosidade dos benfeitores e amigos da Fundação AIS. Foi com a sua ajuda, aliás, que se reconstruiu a Igreja em Hargeisa e não será de estranhar que, com a intercessão de Santo António de Lisboa, um dia venha a ser possível rezar às claras, sem medo de atentados, de violência e de morte na Somália. tória, apesar de serem poucas as pessoas que têm ido às missas. “São umas 10, no máximo, contudo isso não diminui a importância de haver um lugar de culto” na Somália. Consagrada a Santo António, esta Igreja é como que um sinal do atrevimento dos que não se deixam amedrontar pelo terrorismo. Na Somália, a fé é vivida clandestinamente por um número

PAULO AIDO - JORNALISTA Fundação Ajuda a Igreja que Sofre

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TEMA PRINCIPAL

AMORIS LAETITIA: UM ITINERÁRIO PARA CUIDAR DO PRIMEIRO FILHO DE UM CASAL

Falar da Amoris Laetitia em poucas palavras é um desafio enorme. É um documento que parte da vida e não é uma teoria, mesmo se os primeiros capítulos fundamentam o que se vive, porém, onde a “alegria no amor” realmente se joga é no quotidiano da vida de cada casal e na sua família. Por isso, um dos capítulos com relevância particular é o quarto. Para explicar a razão disso queria dar uma notícia a todos os leitores (se é que não soubessem já…): não há casais inférteis! Como? Não será essa afirmação uma negação da infertilidade do casal? Não. No dia do matrimónio, com a graça de Deus, nasce o primeiro filho de todo o casal: o amor entre os dois. Acontece que, ao longo da vida, muitas vezes esse filho chora, berra, tem a fralda suja, mas a azáfama daquilo que há para fazer leva a que descuidemos deste “primeiro filho”. O Capítulo Quarto da Exorta“ Os nossos limites parecem obstáculos, mas o amor dos esposos faz dos obstáculos trampolins...” ção Apostólica do Papa Francisco Amoris Laetitia é o itinerário para cuidar do nosso primeiro filho e, se pensarmos bem, de tudo o resto que na vida depende daquele “sim” recíproco que um casal diz no dia do seu matrimónio. Gostaria, porém, de salientar um pequeno aspeto. A um dado momento, o Papa Francisco alerta-nos para a realidade de que o Amor dos Esposos é como um ícone do Amor na Trindade. Depois, o Papa diz “também Deus é comunhão” (AL 121), mas pergunto se não será ao contrário. Não será antes também nós somos comunhão como Deus é comunhão? Aliás, feitos à imagem da Trindade, não há outra vocação dos Esposos senão a de serem comunhão. Este é um dos maiores desafios lançados por Deus no sacramento do matrimónio. Mas se não reconhecermos os nossos

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limites, este desafio pode tornar-se um peso. Temos a impressão de estar perante um “dever ser” inatingível. Não é assim. Os nossos limites parecem obstáculos, mas o amor dos esposos faz dos obstáculos trampolins. Quando eu e a minha esposa expomos um tema sobre a família procuramos não apenas explorar o conteúdo, mas ilustrá-lo com a nossa experiência. Uma vez fomos convidados a apresentar um tema da parte da tarde e tivemos uma discussão terrível naquela manhã. Parecia uma hipocrisia ir falar a casais. Um compromisso levou-me a sair e quando voltei havia silêncio. Optámos, dessa vez, por dialogar com pequenos gestos. Estar atento às necessidades do outro. Contra a corrente da nossa lógica humana fomos falar aos casais. De certo modo, experimentámos o perdão no silêncio dos pequenos atos de amor concretos. A um dado momento fazia todo o sentido falar também daquela experiência e não podíamos imaginar o efeito. Uns diziam-nos no fim: “finalmente percebemos pela vossa experiência que somos normais”. Os limites sempre os teremos. Importa mais encontrar com a presença de Deus no meio de nós (Mt 18, 20), pelo amor recíproco nos mais pequenos gestos, a forma de os superar. A Amoris Laetitia é um itinerário teológico, antropológico, pastoral, pessoal que faz da família um farol do Amor de Deus num mundo com muitos à deriva. Porém, mais do que a lermos importa que a realizemos com a nossa vida.

MIGUEL PANÃO Professor Univerditário

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ORAÇÃO

Oração inicial:

TERÇO DA SAGRADA FAMÍLIA

V: Bendita sejais Maria, por Jesus que nasceu em Vós! R: Santa Família de Nazaré, a Vós nos consagramos: guiai, sustentai e protegei as nossas famílias na paz, e no amor; e aumentai a nossa fé. Nas contas das Avé-Marias: Jesus, Maria e José! Minha Família a Vossa é.. No Paí -Nosso: V: Sagrada Família, rogai por nós e dai-nos Vosso Santo exemplo! R: Família que reza unida permanece unida. 1.º MISTÉRIO: Contemplamos a Sagrada Família, obra de Deus. Ler Lucas 1, 26-38 Nas contas das Avé-Marias: Jesus, Maria e José! Minha Família a Vossa é.. No Paí -Nosso: V: Sagrada Família, rogai por nós, por todos os casais, e convertei-nos na Fé, na Esperança, e na Caridade! R: Família que reza unida permanece unida. 2.º MISTÉRIO: Contemplamos a Sagrada Família em Belém. Ler Lucas 2,1-10 Nas contas das Avé-Marias: Jesus, Maria e José! Minha Família a Vossa é.. No Paí -Nosso: V: Sagrada Família, rogai por nós e nossos filhos! (ou Sagrada Família rogai por nós, e por nossos pais e irmãos) R: Família que reza unida permanece unida. 3.ºMISTÉRIO: Contemplamos A Sagrada Família no Templo Ler Lucas 2,22-30;40-50 Nas contas das Avé-Marias: Jesus, Maria e José! Minha Família a Vossa é.. No Paí -Nosso: V: Sagrada Família, rogai por nós, em nossa esperança de sermos pessoas justas e em santidade viver… R: Família que reza unida permanece unida. 4.º MISTÉRIO: Contemplamos a Sagrada Família que foge e regressa do Egito Ler Mateus 2, 13-15;19-23 Nas contas das Avé-Marias:

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Jesus, Maria e José! Minha Família a Vossa é.. No Paí -Nosso: V: Sagrada Família, rogai por nós, e por nossa obediência à vontade de Deus! R: Família que reza unida permanece unida. 5.º MISTÉRIO: Contemplamos a Sagrada Família em Nazaré Ler Lucas 2,39-40,51-52 1.ª Ave Maria, - Louvemos a Maria, Filha bem amada do Pai Eterno. 2.ª Ave Maria, - Louvemos a Maria, Mãe admirável de Deus Filho. 3.ª Ave Maria, - Louvemos a Maria, Esposa fidelíssima de Deus Espírito Santo. Salvé Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos Misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó sempre doce Virgem Maria, rogai por nós. Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amén. (Oferecer terço em Honra e Louvor da Sagrada Família, e em seguida fazer pedido particular)

Oração Final:

Sagrada Família, Jesus, Maria e José! Exemplos de amor e Santidade, acolhei as súplicas que Vos fazemos, para que imitando-vos à Vossa Imagem, o mundo seja uma grande família na qual só reine a paz e o amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém!

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CONVIDADO ESPORÁDICO

AMORIS LAETITIA: Três propostas de santidade conjugal

Se o cristão só o é verdadeiramente quando vive uma profunda tensão entre “o viver com os pés no chão, as mãos no trabalho e o coração em Deus”, como poderemos contemplar, amar e crer na família, se não assentamos na tensão entre aquilo que é o plano de Deus sobre a família e aquilo que é a realidade que esta vive, fruto dos tempos, das mutações da sociedade e da forma de ser de cada ser humano?... Esta a grande novidade desta Exortação pós-sinodal: vermos a família não como um ideal abstrato, mas como uma «tarefa artesanal», que se exprime com ternura mas que se vê confrontada

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com tantos embates e a Palavra de Deus, não como uma preferência de teses abstratas, mas como uma companheira de viagem, para essas famílias que vivem imersas nalguma tribulação. Sem escutar a realidade não é possível compreender nem as exigências do presente nem os apelos do Espírito Santo. A Igreja como Mãe e Mestra, perante esta panóplia de vicissitudes pelas quais passam as famílias, atualmente, deixa-nos, três propostas para que a família se reencontre, a quem eu chamaria três propostas para a vivência da santidade conjugal e familiar.

A primeira proposta é a transformação do amor que passa por, em cada momento, viver a cumplicidade e a sacramentalidade do matrimónio, que não tem uma forma, mas tem um caminho, o caminho que cada casal consegue e quer fazer, sem esconder ou tornar tabu a dimensão erótica do amor… “A aparência física, diz-nos o Papa Francisco, transforma-se e a atração amorosa não desapareceu, mas muda: com o tempo, o desejo sexual pode transformar-se em desejo de intimidade e cumplicidade. Não é possível termos os mesmos sentimentos durante a vida inteira, mas podemos ter um projeto comum estável, comprometermo-nos a amar-nos e a viver unidos até que a mente nos separe e viver sempre uma rica intimidade, através de gestos de afeto e, acima de tudo, de presença. A segunda proposta passa pela redescoberta da indissolubilidade, ou seja, pela redescoberta que o matrimónio em nada pode roubar a personalidade de cada um dos cônjuges, mas complementa a relação e a comunhão conjugal e, naturalmente, familiar. O casamento e a família em casal não são um projeto de anulação da identidade e da personalidade, mas sim, um projeto de respeito pela diferença e pela unicidade… aceitando a outra pessoa como única e irrepetível que Deus colocou no meu caminho para nos ajudarmos a ser santos. Logo, a indissolubilidade não é perder, é ganhar; não é anular-se, é caminhar juntos; é, acima de tudo, exclusividade: sou só teu e apenas teu. Por fim, a terceira proposta que a Igreja nos deixa passa pela transmissão da vida, tornando o amor existente profundamente fecundo. Mas, o que é a fecundidade? É a capacitação (não capacidade) de nos abrirmos e darmos a conhecer ao outro, ao namorado ou namorada, pois na medida em que nos damos a conhecer, vamo-nos autoconhecendo e, como tal, amadurecendo a nossa personalidade. Este dom da fecundidade ultrapassa, porém, o dom do autoconhecimento, im-

pondo-se a viver santamente o dom da entrega ao outro, na partilha da vida dos corpos tornando-se, a relação sexual entre o casal, um verdadeiro ato de amor, uma verdadeira estufa e que encontra o seu apogeu no dom dos filhos e no amor quente àqueles que nos rodeiam, na certeza de que “ainda que eu passe por vales tenebrosos, nada temo, porque Tu estás comigo.” Estaremos nós dispostos a viver esta aventura?

PADRE RICARDO LAMEIRA Pároco de Santa Maria e Santiago (em Alcácer do Sal)

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OPINIÃO UM BOM ANO NOVO!

Então, a ideia é esta: que aconteça um ano novo em “homens novos”! Dito de outra forma: novos tempos para gente nova. É que, como aprendemos com Jesus, o vinho novo, pela força que tem, deve ser colocado em odres novos, para que ele não se venha a perder. Não deve ser nada por acaso que é mesmo no meio do tempo do Natal que se dá inicio ao novo ano! Com a vinda de Deus, que está entre nós para estar e ser connosco, Ele entra na nossa história para ser, para nós, a razão de um novo começo. Então, reComeçemos! Novos tempos são, muito em especial para quem vive na Fé, nova oportunidade para fazermos o caminho que está por percorrer. É tempo de no pormos a andar! Vamos colocar-nos nesse caminho para deixar este estado de coisas, envoltos nas

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trevas da violência extrema e do medo paralizante, rumo a um novo modo de ser e, sobretudo, de viver. Parar é morrer porque… viver é fazer caminho. Jesus Cristo é, para nós, pela sua palavra e pelo seu exemplo, o caminho da vida. Precisamos de o escutar a dizer-nos, “vinde comigo”! Sem ele, todo o tempo se perde e se esgota no nada. Com Ele e por Ele ganha-se tempo e entra-se na eternidade, que é tudo. Deve ser por isto mesmo que se fazem tantos votos, em cada começo de um novo ano, de paz e saúde. Não de pasmaceira mas de paz. A paz é para se usar para se construir, por a guerra usa-se para destruir. E a saúde é a condição necessária para quem constrói. De que vale ter saúde (até do corpo) se ela não é para se edificar na paz?

Quem usa a sua saúde para estragar a vida dos que com ele vivem, mais valia não a ter. Enfim; deixemos par traz tudo o que é velho em nós. Tudo o que está estragado e sem remédio seja deitado fora. Tudo o que é precioso e precisa de ser reparado, que o seja com urgência e com os cuidados necessários. E tudo o que ainda não é realidade, mas é já promessa, vamos em busca dela, com entusiasmo e alegria. Como o fizeram os Pastores e os Magos. Exemplos não nos faltam. Companheiros também não. Tudo tem uma razão e uma feliz esperança. O melhor está para vir e “águas passadas não movem moinhos”. Não nos deixemos aprisionar no passado e façamos de um novo ano a melhor motivação para viver tudo de novo. Não o

antigo e velho mas o que, de preciosos, o tempo passado ainda vai valorizando mais. O tempo, assim pensado e acolhido, é esse grande escultor da nossa forma de ser e de viver. Ser mais velho, assim, poder ser mais sábio, com mais experiência acumulada. Em resumo: Que este novo ano nos faça ainda mais novos segundo a novidade que Jesus nos vem trazer. Um grande ano para todos, com tudo o que de bom e de bonito ele nos vai trazer. São estes os meus votos para os nossos leitores. Ano Bom!!!

PADRE JOSÉ LUÍS BORGA Diocese de Santarém

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PSICOLOGIA

Matrimónio: o desafio de viver em sintonia com o outro

O matrimónio é um compromisso, “uma aliança para toda a vida” (CIC 1601), e uma promessa diária de fidelidade, amor e respeito. É o que dizemos no compromisso matrimonial: “Eu te recebo por minha esposa (meu esposo) e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida.” No início da vida a dois tudo parece fácil, leve de carregar, como se os dois estivessem em sintonia e tocassem a mesma música, no mesmo ritmo e volume. Chega uma altura em que a música começa a desafinar, o ritmo desalinha e até o volume fica confuso. A vida doméstica com os seus afazeres, compromissos financeiros, educação, entre outras preocupações vai afastando o casal e a chama inicial vai diminuindo. As discussões aumentam e deixam de conseguir ver no outro o(a) seu(sua) namorado(a) por quem se apaixonaram e decidiram casar. Muitos são os casais que chegam aos 20, 30 anos de casados e entram em crise. Dentro destes, há os que procuram apoio, esforçam-se e conseguem adaptar-se

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à nova realidade, mas a grande maioria acomoda-se, resigna-se e vive infeliz. “O que é para si o amor?” Pergunto a uma esposa com 20 anos de casada que responde: “É entrega ao outro, é fazer o outro feliz” e faço a mesma pergunta ao seu esposo que responde “É haver cumplicidade, mas sobretudo ser cativado”. Que diferença gritante no conceito de amor! Um fala de entrega, doação, coloca a ênfase no companheiro; o outro fala de ser cativado, cuidado, coloca-se no centro. Quantos casais sentem que falha algo mas não sabem o quê. Precisamos ver o âmago da questão, o conceito de amar precisa ser uma decisão para com o outro, precisamos largar o nosso egoísmo, orgulho, vaidade, egocentrismo e olhar mais o outro, as suas necessidades, o seu cansaço. Se o casal cuidar, mutuamente, um do outro, ninguém reclama, pois quanto mais olhamos o outro e cuidamos dele, mais ele se sente amado e retribui o cuidado. Como disse o Papa Francisco na Exortação Apostólica Amoris Laetitia, “É uma experiência espiritual profunda contemplar cada ente querido com os olhos de

Deus e reconhecer Cristo nele” (AE 323). Preciso olhar para o meu companheiro e reconhecer Cristo nele, mas como se ele é tão, ou mais, pecador que eu? Em primeiro lugar vou olhar para mim e responder a uma pergunta: sou pecador(a)? Se a resposta for negativa, parabéns, muitas felicidades, pois já é santo(a) e tem de ir para o Céu já e ter uma réplica sua nos altares. Estou a brincar, claro, pois todos somos pecadores. Então, se eu peco, não controlo a minha língua, não domino os meus comportamentos, mas Deus ainda me ama e espera, pacientemente por uma resposta diferente de mim, como não fazer o mesmo com o(a) companheiro(a)? Santo Agostinho, nas suas Obras Completas IV, definiu, em relação ao amor, as “virtudes cardeais” da prudência, justiça, fortaleza e temperança. Mencionou, ainda, como essas virtudes correspondem às quatro formas de amor. Segundo o Bispo de Hipona: “a temperança é o amor íntegro que se dá ao que se ama; a fortaleza é o amor que suporta tudo pelo que se ama; a justiça é o amor que serve exclusivamente ao que se ama e que, por isso

domina todas as demais coisas com retidão; a prudência é o amor que distingue com sabedoria e sagacidade o que é útil do que é nocivo”. Portanto vamos pedir a Deus que abasteça os nossos depósitos de amor com estas quatro virtudes para que possamos ganhar forças e sabedoria para encarar o nosso matrimónio com outra perspetiva. Termino com as palavras do nosso Santo Padre em Amoris Laetitia, “Nenhuma família é uma realidade perfeita e confecionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar (…) Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida” (AL 325).

MARTA FAUSTINO Psicologa Clínica Comunidade Canção Nova

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SALESIANOS LER A AMORIS LAETITIA EM CHAVE EDUCATIVA

Nos últimos meses, muito se tem falado sobre o documento “A alegria do amor”, escrito pelo Papa Francisco na sequência do Sínodo sobre a família. Muita gente tem falado e escrito coisas. Mas fica-se com a sensação que muitos desses comentários foram feitos sem ter lido todo o texto do Papa. O texto do Papa é longo, um pouco desordenado e repetitivo. É verdade. Mas tem uma pro-

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fundidade de conteúdos impressionante. A seriedade com que o Papa coloca em diálogo o sonho que Deus tem para a família humana com as circunstâncias em que vamos fazendo caminho é notável. Mas muita gente tem reduzido este texto do Papa, tão cheio de pedagogia e esperança, ao debate sobre o acesso dos divorciados recasados à comunhão. É claro que essa questão tem a sua importância.

Mas o Papa tem muito mais coisas a dizer. Olhos no céu e pés no chão O Papa começa por recordar o que a Sagrada Escritura nos diz sobre a família (capítulo 1). Logo a seguir, muda a direção do olhar e presta atenção à realidade dos dias de hoje, com todos os desafios que lança à família (capítulo 2). Mas no capítulo 3, o Papa convida a dialogar com Jesus para descobrirmos qual é a vocação

da família. Esta alternância entre aquilo que Deus nos convida a fazer e a ser, por um lado, e o chão concreto dos desafios que enfrentamos é bastante refrescante. É frustrante termos alguém a dizer que Deus nos pede para fazer isto e aquilo, de forma abstrata, sem atenção à realidade que nos rodeia e que influencia as nossas possibilidades reais de dizermos “sim” à vocação de Deus. Mas é igualmente frustrante o discurso daqueles que insistem tanto no peso das circunstâncias, da cultura, da economia, que acabam por esvaziar a força da Boa Nova. Educação: caminho de crescimento para as famílias Como resolver esta tensão entre o ideal de família a que Deus nos convida e as dificuldades que nos são impostas pelo contexto? De formas diferentes, o Papa vai sugerindo que nós, como pessoas, como Igreja, como sociedade, podemos crescer, melhorar, aumentar as nossas capacidades. Podemo-nos educar (isto é, transformar) para irmos tornando realidade o sonho de Deus. Um bom exemplo é o capítulo 4. O Papa faz aqui um comentário ao “Hino à caridade” que S. Paulo incluiu na primeira carta aos Coríntios (1Cor 13, 4-7). Vale a pena ler estes versículos com calma. Para o Papa, a chave para ser hoje família passa pelo amor. Um amor à maneira do coração de Deus. Um amor que é mais do que emoção passageira. Um amor como Paulo descreve e que se exprime em tantas atitudes: paciência, serviço, amabilidade… É bem interessante como o Papa não se limita a explicar o que Paulo diz. Ele sugere caminhos concretos para irmos tornando realidade, nas nossas vidas quotidianas, aquilo que a Palavra de Deus nos diz. É isto a que eu chamo a atenção educativa da Amoris Laetitia: estamos convidados

PADRE RUI ALBERTO Coordenador das Edições Salesianas

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ESPIRITUALIDADE

AMOR FONTE DE ALEGRIA

Deus é Amor. A Trindade Santa é Família Divina em amor pleno, total, que gera a comunhão das três Pessoas divinas. O Pai é Amor, o Verbo é Amor, o Espírito Santo é Amor. É este amor uno e trino que é fonte divina de todo o dom e de toda a graça, de toda a vida e de toda a santidade, de todo o bem e de toda a beleza. A Igreja que deve ser ícone da Família Divina, da comunhão trinitária, é à Trindade santa que deve buscar sempre o amor, a paz, a comunhão, a unidade e deve testemunhar, sem cessar, no meio do mundo que a rodeia a graça da comunhão da Família Trinitária, ser fonte, ser canal, ser testemunho vivo e atuante desse amor da Família Trinitária. “A tristeza nasce do pecado, do egoísmo, do ciúme, da inveja, e de tantos outros males. Sem Deus não há alegria verdadeira, poderá haver só fáceis contentamentos.” O Verbo que veio do Céu, do seio da Família Divina, veio para ser amor entre nós, para nos ensinar a amar, para nos remir com o Seu amor que foi até ao dom da vida. Foi esse Verbo do Pai que encarnou para nos ensinar a arte do amor que gera alegria e felicidade, que se traduz no dom e no serviço, na entrega até à morte. Jesus ensinou-nos com a palavra e com a vida, com as suas pregações e o seu exemplo, que o amor é fonte de alegria, de felicidade. Quem mais ama, ao jeito de Jesus de Nazaré, sem esquecer que esse amor exige a morte do grão de trigo, implica a cruz de cada dia, comporta a entrega total, encontra a alegria profunda, a felicidade sem limites, a posse da alegria divina, porque a posse do próprio Deus. Cada acto de amor é em nós fonte de ressurreição, de vida nova que comporta a alegria do Ressuscitado no nosso interior, no nosso coração, em todo o nosso ser. Os santos que foram as criaturas que mais amaram, foram as mais alegres e mais felizes, mes-

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mo com o peso da cruz e o sinal da dor, da incompreensão, da calúnia, da solidão. O amor faz nascer no coração a alegria que é dom do Espírito Santo, dom da graça divina, dom da ressurreição do Filho de Deus. Ama e experimentarás a alegria e a felicidade. O egoísmo, o egocentrismo, o ciúme, a inveja e tantos outros tentáculos do mal, não geram a alegria, não fazem nascer a felicidade. Todo o egoísmo é veneno que mata o amor fonte de alegria. Só deixando arder no coração o fogo do amor que Jesus veio trazer à terra poderemos sentir e viver em nós a alegria de Deus e o Deus da alegria. O amor de Deus em nós será fonte incessante dessa alegria que Deus nos dá e partilha connosco. A tristeza nasce do pecado, do egoísmo, do ciúme, da inveja, e de tantos outros males. Sem Deus não há alegria verdadeira, poderá haver só fáceis contentamentos. Sem amor não pode haver alegria. Se nos colamos a nós mesmos não podemos viver o dom que nos fará felizes. “A felicidade está mais em dar do que em receber”. O Deus Amor que veio até nós ensinou-nos o caminho da alegria, da felicidade, despertando em nós o desejo do dom, do serviço, da entrega, da dádiva, da total oblação, do amor à cruz redentora e à vida do Ressuscitado. PADRE DÁRIO PEDROSO JESUÍTA DIOCESE DE LISBOA

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JUVENTUDE “SE FORES AQUILO QUE DEUS QUER, PEGARÁS FOGO AO MUNDO” SANTA CATARINA DE SENA

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Olá, chamo-me Sara de Fátima Rahemane, tenho 19 anos e vivo na Charneca de Caparica, Almada. Desde pequena que conheço e tenho uma relação forte com a Canção Nova. Apesar de ser fruto de um casamento inter-religioso (pai muçulmano e mãe católica), eu e os meus irmãos optámos por seguir a fé católica. Com a entrada do meu irmão mais velho, Shahir Rahemane (núcleo) e da minha mãe, Maria Soraya Rahemane (2.ºElo) na Comunidade Canção Nova, a nossa relação com a Comunidade foi se intensificando cada vez mais. À medida que ia crescendo, além de participar nos encontros habituais da Canção Nova em Lisboa e em Fátima, também participava dos encontros de Jovens, até que chegou um dia em que me fizeram um convite, que se tornou num misto de emoções, alegria e orgulho, mas ao mesmo tempo medo e insegurança. Mas que convite era esse? Em Abril de 2014, o Evaldo juntamente com alguns missionários convidaram-me a mim e a alguns jovens para formarmos uma equipa, uma equipa que os ajudasse na organização dos encontros, entre outras tarefas. A minha primeira resposta foi SIM. Um desafio? Sem dúvida. Será que sou capaz de responder àquilo que esperam de mim? Deus é mais e quando nós fazemos o que Ele quer, somos capacitados. Posso dizer que tem sido uma experiência incrível, primeiro pelo voto confiança que depositaram não só em mim mas em toda a equipa para este serviço e segundo

porque sem dúvida alguma recebo muito mais de Deus do que aquilo que sou capaz de dar aos outros. É gratificante ver o sorriso na cara de um jovem, no final de um acampamento; é gratificante receber uma mensagem de um jovem a agradecer pelas risadas que demos na praia. E mais gratificante é saber que não estamos sozinhos, saber que temos ao nosso lado, jovens da nossa idade que querem chegar ao Céu e que têm esse desejo ardente de santidade. É tão bom saber que somos família, que podemos contar uns com os outros não só na nossa vida espiritual mas também na nossa vida pessoal. Partilhar a minha vida com a Canção Nova não só me faz mais feliz como me ajuda a crescer espiritualmente, a desejar o tesouro prometido no Céu, e acima de tudo a aprender a pôr em prática os dons que Deus coloca nas minhas mãos: ter sempre os meus olhos voltados para o Alto, pois é lá que está o meu tesouro! Eternamente grata por tudo, resta-me dizer que a nossa família é linda! “Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” Mateus 6, 21

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LITURGIA

PEREGRINAÇÕES 2017

ANO MARIANO

CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES DE FÁTIMA

JA N E I RO 1 SANTA MARIA, MÃE DE DEUS – SOLENIDADE Num 6, 22-27; Sal 66 (67), 2-3. 5- 6 e 8 Gal 4, 4-7 Lc 2, 16-21 2 SS. Basílio Magno e Gregório de Nazianzo, 1 Jo 2, 22-28; Sal 97 (98), 1. 2-3ab. 3cd-4 Jo 1, 19-28 3 Santíssimo Nome de Jesus 1 Jo 2, 29 – 3, 6; Sal 97 (98), 1. 3cd-4. 5-6 Jo 1, 29-34 4 1 Jo 3, 7-10; Sal 97 (98), 1. 7-8. 9 Jo 1, 35-42 5 1 Jo 3, 11-21; Sal 99 (100), 2. 3. 4. 5 Jo 1, 43-51 6 1 Jo 5, 5-13; Sal 147, 12-13. 14-15. 19-20 Mc 1, 7-11 7 S. Raimundo de Penaforte, presbítero 1 Jo 5, 14-21; Sal 149, 1-2. 3-4. 5-6a e 9b Jo 2, 1-11 8 SOLENIDADE Is 60, 1-6; Sal 71 (72), 2. 7-8. 10-11. 12-13 Ef 3, 2-3a. 5-6 Mt 2, 1-12 9 Is 42, 1-4. 6-7; Sal 28 (29), 1-2. 3ac-4. 3b e 9b-10 Mt 3, 13-17 10 Hebr 2, 5-12; Sal 8, 2a e 5. 6-7. 8-9 Mc 1, 21-28 11 Hebr 2, 14-18; Sal 104 (105), 1-2. 3-4. 6-7. 8-9 Ev Mc 1, 29-39 12 L 1 Hebr 3, 7-14; Sal 94 (95) (95), 6-7. 8-9. 10-11 Ev Mc 1, 40-45 13 S. Hilário, bispo e doutor da Igreja Hebr 4, 1-5. 11; Sal 77 (78), 3 e 4bc. 6c-7. 8 Mc 2, 1-12 14 Santa Maria no Sábado Hebr 4, 12-16; Sal 18 B (19), 8. 9. 10. 15 Ev Mc 2, 13-17 15 Is 49, 3. 5-6; Sal 39 (40), 2 e 4ab. 7-8a. 8b-9. 10-11ab 1 Cor 1, 1-3 Jo 1, 29-34 16 Hebr 5, 1-10; Sal 109 (110), 1. 2. 3. 4 Mc 2, 18-22 17

F EV E R E I RO S. Antão, abade Hebr 6, 10-20; Sal 110 (111), 1-2. 4-5. 9 e 10c Mc 2, 23-28 18 Hebr 7, 1-3. 15-17; Sal 109 (110), 1. 2. 3. 4 Mc 3, 1-6 19 Hebr 7, 25 – 8, 6; Sal 39 (40), 7-8a. 8b-9. 10. 17 Mc 3, 7-12 20 Bb. Francisco e Jacinta Marto S. Fabião, papa e mártir Hebr 8, 6-13; Sal 84 (85), 8 e 10. 11-12. 13-14 Mc 3, 13-19 21 S. Pedro Damião, bispo e doutor da Igreja Sir 2, 1-13 (gr. 1-11); Sal 36 (37), 3-4. 18-19. 27-28. 39-40 Mc 9, 30-37 22 Cadeira de S. Pedro, Apóstolo – FESTA 1 Pedro 5, 1-4; Sal 22 (23), 1-3. 4. 5. 6 Ev Mt 16, 13-19 23 S. Policarpo, bispo e mártir Sir 5, 1-10 (gr. 1-8); Sal 1, 1-2. 3. 4 e 6 Mc 9, 41-50 24 S. Francisco de Sales Hebr 10, 1-10; Sal 39 (40), 2 e 4ab. 7-8a. 10-11 Mc 3, 31-35 25 Conversão de S. Paulo, Apóstolo – FESTA Act 22, 3-16 ou Act 9, 1-22; Sal 116, 1. 2 Mc 16, 15-18 26 S. Timóteo e S. Tito, bispos 2 Tim 1, 1-8 ou Tit 1, 1-5; Sal 95, 1-2a. 2b-3. 7-8a. 10 (próprias) Ev Mc 4, 21-25 ou Lc 10, 1-9 (apropriado) 27 S. Ângela Merici, virgem Hebr 10, 32-39; Sal 36 (37), 3-4. 5-6. 23-24. 39-40 Mc 4, 26-34 28 S. Tomás de Aquino, presbítero e doutor da Igreja Hebr 11, 1-2. 8-19; Sal Lc 1, 69-70. 71-72. 73-75 Mc 4, 35-41 29 Sof 2, 3; 3, 12-13; Sal 145 (146), 7. 8-9a. 9bc-10 1 Cor 1, 26-31 Mt 5, 1-12a 30 Hebr 11, 32-40; Sal 30 (31), 20. 21. 22. 23. 24 Ev Mc 5, 1-20 31 S. João Bosco, presbítero Hebr 12, 1-4; Sal 21 (22), 26b-27. 28. 30. 31-32 Mc 5, 21-43

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1 Mc 8, 22-26 Hebr 12, 4-7. 11-15; 16 Sal 102 (103), 1-2. 13-14. 17a e 18 Gen 9, 1-13; Mc 6, 1-6 Sal 101 (102), 16-18. 19-21. 29 e 22-23 2 Mc 8, 27-33 Hebr 12, 4-7. 11-15; 17 Sal 102 (103), 1-2. 13-14. 17a e 18 SS. Sete Fundadores da Ordem dos Servitas Mc 6, 1-6 de Nossa Senhora 3 Gen 11, 1-9; S. Brás, bispo e mártir Sal 32 (33), 10-11. 12-13. 14-15 Hebr 13, 1-8; Mc 8, 34 – 9,1 Sal 26 (27), 1. 3. 5. 8b-9abc 18 Mc 6, 14-29 S. Teotónio, presbítero 4 Hebr 11, 1-7; S. João de Brito, presbítero e mártir Sal 144 (145), 2-3. 4-5. 10-11 Hebr 13, 15-17. 20-21; Mc 9, 2-13 Sal 22 (23), 1-3a. 3b-4. 5. 6 19 Mc 6, 30-34 Lev 19, 1-2. 17-18; 5 Sal 102 (103), 1-2. 3-4. 8 e 10. 12-13 Is 58, 7-10; 1 Cor 3, 16-23 Sal 111 (112), 4-5. 6-7. 8a e 9 Mt 5, 38-48 1 Cor 2, 1-5 20 Mt 5, 13-16 Bb. Francisco e Jacinta Marto 6 Sir 1, 1-10; SS. Paulo Miki e Companheiros, mártires Sal 92 (93), 1ab. 1c-2. 5 Gen 1, 1-19; Mc 9, 14-29 Sal 103 (104), 1-2a. 5-6. 10 e 12. 24 e 35c 21 Mc 6, 53-56 Apresentação de Nossa Senhora 7 Ap 14, 1-3. 4b-5; Cinco Chagas do Senhor – FESTA Sal 23 (24), 1-2. 3-4. 5-6 Is 53, 1-10; Lc 21, 1-4 Sal 21 (22), 7-8. 15. 17-18a. 22-23 22 Jo 19, 28-37 ou Jo 20, 24-29 Cadeira de S. Pedro, Apóstolo – FESTA 8 1 Pedro 5, 1-4; S. Jerónimo Emiliano Sal 22 (23), 1-3. 4. 5. 6 Gen 2, 4b-9. 15-17; Mt 16, 13-19 Sal 103 (104), 1-2a. 27-28. 29bc-30 23 Mc 7, 14-23 S. Policarpo, bispo e mártir 9 Sir 5, 1-10 (gr. 1-8); Gen 2, 18-25; Sal 1, 1-2. 3. 4 e 6 Sal 127 (128), 1-2. 3. 4-5 Mc 9, 41-50 Mc 7, 24-30 24 10 Sir 6, 5-17; S. Escolástica, virgem Sal 118 (119), 12 e 16. 18 e 27. 34 e 35 Gen 3, 1-8; Mc 10, 1-12 Sal 31 (32), 1-2. 5. 6. 7 25 Mc 7, 31-37 Santa Maria no Sábado 11 Sir 17, 1-13 (gr. 1-15); Nossa Senhora de Lurdes Sal 102 (103), 13-14. 15-16. 17ab e18 Gen 3, 9-24; Mc 10, 13-16 Sal 89 (90), 2. 3-4. 5-6. 12-13 26 Mc 8, 1-10 Is 49, 14-15; 12 Sal 61 (62), 2-3. 6-7. 8-9ab Sir 15, 16-21 (15-20); 1 Cor 4, 1-5 Sal 118 (119), 1-2. 4-5. 17-18. 33-34 Mt 6, 24-34 1 Cor 2, 6-10 27 Mt 5, 17-37 ou Mt 5, 20-22a. 27-28. 33-34a. 37 Sir 17, 20-28 (gr. 24-29); 13 Sal 31 (32), 1-2. 5. 6. 7 Gen 4, 1-15. 25; Mc 10, 17-27 Sal 49 (50), 1 e 8. 16bc-17. 20-21 28 Mc 8, 11-13 Sir 35, 1-15 (gr. 1-12); 14 Sal 49 (50), 5-6. 7-8. 14 e 23 S. Cirilo, monge, e S. Metódio, bispo, Mc 10, 28-31 Padroeiros da Europa – FESTA Sir 17, 1-13 (gr. 1-15); Act 13, 46-49; Sal 102 (103), 13-14. 15-16. 17ab e18 Sal 116 (117), 1. 2 Mc 10, 13-16 Lc 10, 1-9 15 Gen 8, 6-13. 20-22; Sal 115 (116), 12-13. 14-15. 18-19

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