Catarina 23

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+ english version coletivo criativo + CROSS MEDIA

MODA LATINO-AMERICANA

LATIN AMERICAN FASHION


Adriana Degreas | Água de Coco por Liana Thomaz | Alexandre Herchcovitch | Anunciação | Carlos Miele | Cavalera | Cecilia Prado | Cia Marítima | Constança Basto | Cris Barros | Doc Dog | Franziska Hübener | Giuliana Romano | Gloria Coelho | Huis Clos | Iodice | Isabela Capeto | Jefferson Kulig | Jo de Mer | Juliana Jabour | Lenny | Lino Villaventura | Mara Mac | Marcelo Quadros | Maria Bonita | Maria Bonita Extra | Martha Medeiros | Maurício Medeiros | Miele | Osklen | Patachou | Poko Pano | Reinaldo Lourenço | Ronaldo Fraga | Rosa Chá Rua | Salinas | Sergio K | Serpui Marie | Thais Gusmão | UMA por Raquel Davidowicz | Walter Rodrigues | Carina Duek | Cecilia Echenique | Clube Bossa | Erika Ikezili | Há Uma Santa | Jefferson de Assis | Lilly Sarti | Pelu | Renata do Valle | Simone Nunes | Triya | Zidi


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SUMÁRIO EDIÇÃO 23 14 DESIGN Veasyble 16 SPFW Summer 2010 28 CENÁRIO Paulo Borges 32 AMÉRICA LATINA Slow Fashion 36 AMÉRICA LATINA Mercado brasileiro 40 AMÉRICA LATINA Colombia Fashion Week 50 EDITORIAL Natural

Editora-chefe: Patrícia Lima patirl@revistacatarina.com.br

Jornalistas: Camila Cover / Julye Poffo / Sidney Tancredo Diretora de Arte: Vivian Goldfeder Lobenwein Designers: Bernardo Presser Marocco / Vinícius Antunes Conselho de imagem: Fábio Cabral

66 EDITORIAL L.A Excess

Produção: Bhianca Chiaradia

74 EDITORIAL Moviment

Estagiário: Thiago Francisco

88 ARTIGO Os originais 90 ENTREVISTA Grupo Brandili 94 MÚSICA Julian Plenti

Colaboradores: Andrea Torres, Ayala Eichler, Camila Beaumord, Diogo Scandaloara, Fabricio Maia, Fernanda Theodósio, Flávia Mendonça, Henrique Tank, Hugo Toni, Kristian Yeomans, Lolô Porcel, Madeleine Lundmark, Marcelo Gomes, Mauricio Gomes, Pascal Gnob, Paulo Campos, Raoul Keil, Rebecka Bjurmell, Renner Souza, Ricardo Oliveiros, Rodrigo Polack, Thais Campione, Vikram Alexei Kansara, Zane Purmaliele. Revisão: Lu Coelho

96 MÚSICA Florence

Tradução: Camila Beaumord

98 ENTREVISTA Ruth Hogben 102 REAL LIFE Lookbook.nu 110 CULTURA Mario Queiroz

Publicidade: Maria Cristina Holthausen Périco comercial@revistacatarina.com.br Assinatura e edições anteriores: assinatura@revistacatarina.com.br Redação: contato@revistacatarina.com.br www.revistacatarina.com.br www.catarinapress.com Catarina é uma publicação bimestral distribuída internacionalmente através de mailling dirigido, venda avulsa e assinatura. A revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. Este é um produto da Catarina Press/903GROUP. Rua Sérgio Gil, 477 – Balneário Florianópolis – SC – CEP 88075-340 (48) 3024.3432 / (48) 3024.3437

Photo: Hugo Toni Styling: Fernanda Theodósio / Henrique Tank Beauty: Renner Souza Tratamento de imagem: Lolô Porcel Modelo: Gaetano Gaiso (WAY)

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EDITORIAL

Moda Latino-Americana

LATIN AMERICAN FASHION Acho delicioso ter mais da moda latino-americana na Catarina. Afinal, temos uma riqueza tão grande e ainda pouco explorada que é interessante saber o que acontece nos países vizinhos. Por isso, nesta edição, “pulamos” a cobertura das coleções masculinas internacionais e a Haute Couture francesa para abrir espaço para a América Latina. É nítido o crescimento do setor e a visibilidade que tem ganho ultimamente. Essa tendência mundial em olhar com maior atenção para “nós” fica explícita em duas pautas importantes que trazemos nesta edição. Uma delas é uma grande cobertura da Colombiamoda, feita pela jornalista Flávia Mendonça. Através do olhar de Flávia é possível perceber a importância do evento, além do peso que dá para a moda na América Latina. Outra pauta que cita talentos latino-americanos (uruguaios, para ser mais precisa) nos explica o conceito de Slow Fashion, um movimento que vai na contramão da correria do calendário de lançamentos e consumo que estamos acostumados a viver no mercado da moda. Assinada por Camila Beaumord, a matéria nos faz refletir sobre os conceitos que vamos digerindo diariamente sem pensar muitas vezes no verdadeiro sentido de cada um deles. E para completar essa energia latino-americana, falo sobre a importância do mercado de moda brasileiro no mundo globalizado. Em um evento realizado pela Apex/Abit, pude conhecer melhor nossas vantagens competitivas e desafios que teremos que enfrentar. Como um dos países emergentes, podemos esperar um cenário bastante promissor em nosso país. Então, se soubermos usufruir do ótimo momento que o Brasil tem pela frente e a evolução da moda na América Latina, podemos esperar um grande momento não só criativo – de exportação de tendência de comportamento e moda para o mundo – como financeiro para a nossa indústria. Falando em indústria têxtil e América Latina, há ainda uma grande notícia que trazemos em primeira mão, aqui neste editorial. Première Vision, a grande feira têxtil realizada em Paris, terá sua primeira edição no Brasil. Gostou? Pois é, a realização da feira aqui no nosso país comprova que estamos em um caminho bastante promissor. Então, é hora de produzirmos com qualidade, criatividade e, acima de tudo, com a certeza de que o mundo tem muito a conhecer do talento brasileiro e latino-americano. Beijos Patrícia Lima http://patilima.wordpress.com

I think it is delicious to have more Latin American fashion in Catarina. After all, we have such richness that is barely explored, so it is interesting to find out what is going on in our neighboring countries. That’s why we decided to “skip” covering the international collections of male fashion and the French Houte Couture to make room for Latin America in this issue. The growth of this segment and the visibility it has gained in the past years is very clear. Looking more attentively at ourselves is a new world trend and that is explicit in two important articles of this issue. The first one is a detailed coverage of Colombiamoda by the journalist Flávia Mendonça. Through Flavia’s eye we see the importance of this event and the impact it will have on Latin American fashion. Another article that talks about Latin American talent (Uruguayan, to be exact) explains the concept of Slow Fashion, a movement that goes against the calendars for the launching and consumption that we are so used to in the fashion business. Signed by Camila Beaumord, this article makes us reflect about the concepts we have been digesting daily without even thinking about the true meaning behind each one of them. And to top off this Latin American energy, I talk about the importance of the Brazilian fashion market in a globalized world. I got to know some of our competitive advantages and the challenges we will have to face in an event organized by APEX/ABIT. As an emerging country, we can expect a very promising scenario here. So, if we learn how to benefit from the great moment that Brazil has ahead of itself and the evolution of fashion in Latin America, we can expect a not only a great creative moment, of the exportation of behavior and fashion trends to the rest of the world, but also a great financial moment in our industry. Speaking of textile industries and Latin America, we have some great news to share firsthand here in this editorial. Première Vision, the great Parisian textile fair, will have its fist edition in Brazil. Isn’t that great? That’s right, the fact that this fair has come here to our country proves that we are on a very promising path. So it’s time to produce with quality, creativity and, above all, with the certainty that the world still hasn’t seen enough of Brazilian and Latin American talent. Kisses, Patrícia Lima http://patilima.wordpress.com



PARCEIROS PELO MUNDO

Schön!

Schön! é uma revista criada para criativos, por criativos, que traz pessoas desconhecidas juntamente a personagens consagrados para o topo da imaginação de seus leitores. Criada pela energética equipe da nineteen74, cada edição conterá contribuições de membros da network do nineteen74, oferecendo tudo, desde deslumbrantes ensaios de moda até conteúdo escrito. A revista vai exibir os talentos de fotógrafos, designers, ilustradores, modelos, artistas, músicos e jornalistas. No entanto, não se trata de uma revista de moda comum, e sim de seu passaporte para a indústria da moda internacional. Ela não focará nas quatro grandes capitais da moda; em vez disso vai explorar várias cidades que são subvalorizadas em outras publicações. Ela não focará nem em modas de alta tecnologia, nem em celebridades. Simplesmente chamará e acolherá aqueles adeptos a oferecer ótimas ideias para ajudar a Schön! a criar conteúdo original e fresco a cada mês. Schön! é uma mera troca de ideias criativas traduzidas em uma publicação on-line, que poderá muito bem ser seu tíquete para reconhecimento internacional.

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PARTNERS AROUND THE WORLD

Schรถn!

Schรถn! is the magazine written for creatives, by creatives, bringing unknown names and high profile characters alike to the forefront of the reader?s imagination. Created by the energy of the nineteen74 team, each issue will feature contributions from members of the nineteen74 network, offering everything from exquisite fashion spreads to written content. It will showcase the talents of photographers, designers, illustrators, models, artists, musicians and journalists. It is not however, your average fashion magazine, it is your passport to the international fashion industry. It won?t focus on the four major fashion capitals, but will instead explore many cities that are overlooked in other publications. It will neither focus on high-end fashions or celebrities but will simply be chasing and welcoming those who are adept with great ideas to help Schรถn! create original and fresh content month after month. Schรถn! is a mere exchange of creative ideas translated into an online publication that may be your ticket to worldwide recognition.

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DESIGN

VEASYBLE Um acessório criado como forma de isolamento pessoal. Foi pensando dessa forma que as designers italianas Gloria Pizzilli, Arianna Petrakis, Ilaria Pacini e Adele Bacci criaram a Gaia. A marca usa as questões cotidianas como forma de reflexão e desenvolveu o Veasyble. O ornamento é uma bolsa que se transforma em viseira, uma máscara que vira colar ou todos juntos. O importante é que com apenas alguns movimentos você pode se isolar dentro de uma espécie de iglu. De acordo com as designers, a ideia é uma reflexão sobre a mudança da relação do ser humano consigo mesmo. O conceito é baseado em três palavras-chave: isolamento, intimidade e ornamento. Fabricado a partir do papel, polietileno e tecido, o Veasyble já foi mencionado em escolas de designer internacionais como um objeto que reflete o passado, presente e o futuro social da humanidade.

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VEASYBLE An accessory created as a form of personal isolation. That’s what was thought of when the Italian designers Gloria Pizzilli, Arianna Petrakis, Ilaria Pacini and Adele Bacci created Gaia. The brand used day to day issues as inspiration to develop Veasyble. The ornament is a ball that transforms into a visor, a mask that can become o necklace or all of that together. The important thing is that with a few movements you can isolate yourself inside a kind of igloo. According to the designers, the idea is to reflect about the changes that human beings are going through with themselves. The concept is based on three key words: isolation, intimacy and ornament. The Veasyble is fabricated with paper, polyethylene and fabric, and has been mentioned in international design schools as an object that reflects the social past, present and future of humankind.

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SPFW

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fotos Pr´com/AgênciaFotosite

mparia Padronagens e ese ta padronagens apareceu O riqueza de estamparia a (com seu em muitas marcas como Cavaler Fraga, O desfile incrível na rua), Ronaldo Lima une Estúdio e Carlota Joakina. André stra que a grafismos, gráficos, étnicos e mo de cada um. estética da mistura cabe ao olhar

Patterns and prints

The richness of prints and patterns appeared in many brands, like Cavalera (with its’ amazing show on the street), Ronald Fraga, O Estúdio and Carlota Joakina. André Lima combined graphic and ethnic to prove that the esthetic mix is different to every eye.

SPFW SUMMER

2010


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Força nos ombros (ainda)

Os ombros femininos continuam fortes, projetados e trabalhados. Alexandre Herchcovitch apresentou sua versão inspirada no futebol americano e Huis Clos com drapeados na alfaiataria.

Emphasis on the shoulders (still)

Feminine shoulders still remain strong, well projected and elaborated. Alexandre Herchcovitch presented his version inspired on American football ahd Huis Clos showed us drapes in his tailoring.

Alfaiataria leve

iu no gosto do povo Definitivamente a alfaiataria ca e, chique e bem brasileiro. Teremos um verão lev ças híbridas, como cortado. A tendência surge em pe tes e vestidosvestidos-blazer,macaquinhos-cole da moda, a calças. No momento “anticrise” gate do clássico no alfaiataria aparece como um res e quer investir em guarda-roupa da consumidora qu peças atemporais.

Light Tailoringbecome a favorite for the Brazi-

Tailoring has definitely c, well-cut version of it lian public. We’ll have a light, chi hybrid pieces, such as this summer. The trend comes in and dress pants. In this blazer-like dresses, overall vests tailoring comes as a “anti-crisis” moment of fashion, ers who are looking to rescue of the classic for consum invest in timeless pieces.


SPFW

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Tudo azul

O verão brasileiro chega em uma composição dos mais variados tons da cor. A tendência deu sinais que iria dominar as próximas estações quando várias celebridades do mundo da moda surgiram usando looks azuis em NY, na estreia da mostra ”The Model As Muse”, no Metropolitan, em NY. Nas imagens ao lado as apostas de Forum, André Lima e Priscila.

All blue

The Brazilian summer arrives with a blast of different shades of the color. The buzz about this trend started when celebrities of the fashion world showed up at the premier of “The Model As Muse” exhibition at the Metropolitan in NY wearing looks in blue. The images here are from Forum’s Andre Lima and Priscila.

aia Drapeados na pr20 10 se desenvolve através O beachwear para o verão a sofisticação no de maiôs e biquínis drapeados. É ktail dresses no final litoral que vai além do uso de co da tarde nas praias brasileiras.

Draped beachw20ea10rdevelops itself

Beachwear for summer bikinis. It is through draped bathing suits and t goes beyond sophistication by the seashore tha end of the day the use of cocktail dresses at the at the Brazilian beaches.


SPFW

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Nude + Cores

O nude domina a cartela de cores no próximo verão. Para acender a moda, surgem os cítricos como um respiro na criatividade no momento de compor a produção. Quem preferir só o nude deve apostar em acessórios poderosos, para não correr o risco de cair no óbvio.

Nude + Colours

Nude dominates the color tables for next summer. To light up this trend, citric shades come as a breath of creativity when the look is being composed. Whoever opts for just the nude should bet on fierce accessories as well, so as not to risk it coming out obvious.


SPFW


Brilho

O carnaval minimalista da Osklen trouxe para a passarela paetês reais, com muito brilho, e também sua versão digita lizada. O olhar de Oskar Metsavaht sobre o tema brasileiro traduzido nas formas usadas no street wear promete ser desejo de consumo entre os mod ernos. O brilho tem sido usado por inúmeras mar cas em suas coleções, um elemento que pode ser tr abalhado das mais divers as maneiras e com forte ap elo comercial.

Shine

Osklen’s minimalistic Ca rnaval brought to the runway real paetês with plenty of shine, and also its digitalized versio n. Oskar Metsavaht’s take on the Brazilian th eme translated to streetwear is sure to fancy the modern public. This glimmer has been used by innumerous brands in their collections, and it is an element that can work in the most creativ e manners with strong commercial appeal.

Transparência

Uma das tendências mais fortes da temporada aparece como coadjuvante para outras tendências como brilho e nude. Na foto ao lado, o look Alexandre Herchcovitch conta com uma legging transparente, enquanto Reinaldo Lourenço aposta na transparência do seu cocktail dress.

Transparency

One of the strongest tendencies of this season comes as a supporting piece to other trends like glimmer and nude. In the picture, Alexandre Herchcovitch’s look is made of seethrough leggings, whereas Reinaldo Lourenço’s bet is on his transparent cocktail dress.


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CENÁRIO

POR CAMILA COVER

Nasce um mito

na moda brasileira

Fundador da maior semana de moda da América Latina, Paulo Borges tem uma função empreendedora dentro do cenário brasileiro. Mas para os críticos e formadores de opinião, quem é o empresário Paulo Borges e o que ele representa para a moda brasileira?

A myth of Brazilian fashion As the founder of the biggest fashion week in Latin America, Paulo Borges is a great entrepreneur in the Brazilian scenario. But, according to critics and opinion formers, who is Paulo Borges and what does he represent to Brazilian fashion?

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“Ele é o empreendedor da moda brasileira. Foi fundamental a organização do calendário de moda que ele fez, desde o começo, no Phytoervas que, tomadas as devidas proporções, já era um evento que lançava tendências e profissionais do meio. Ele podia então ter estacionado, mas o interessante é que ele não teve preguiça, pensou grande e pensou na moda brasileira. Por isso que eu acho uma besteira quando dizem que vão unificar o calendário de moda, porque isso é uma loucura – o Paulo Borges já fez isso, e fez muito bem. Ele merece esse mérito. Não vou dizer que ele é único na projeção da moda brasileira hoje, mas ele faz parte desse conjunto de coisas que nos projetou.”

Vitor Ângelo, jornalista

“He is the entrepreneur of Brazilian fashion. The organization of the fashion calendar was fundamental, from the very beginning when it was still Phythoervas and already was an event that launched trends and professionals. He could have stopped right there, but it is interesting that he didn’t slack off – he thought big and he thought about Brazilian fashion. That’s why I think it is stupid when people talk about a union in the fashion calendar, because that’s crazy, Paulo Borges has already done it and he did it well. He deserves the credit. I won’t say he is the only face in the projection of Brazilian fashion today, but he is a part of this mass of things that made it possible.”

Vitor Ângelo, journalist

“Para mim ele tem um capítulo de 100 páginas no livro da moda brasileira, se não tiver mais. Porque ele foi um divisor de águas, existe a moda antes do Paulo Borges e a moda depois do Paulo Borges. Ele realmente merece todo o respeito dos brasileiros porque fez com que a gente estivesse presente no cenário mundial da moda. As pessoas olham para o Brasil de outro jeito agora. Por causa desse evento consagradíssimo. Ele é um visionário. Um visionário que não deixou que seus sonhos em momento algum fossem abalados. Lutou, conquistou e está aqui.”

Giovanni Frasson, stylist

“To me he has a chapter of 100 pages or more in the book of Brazilian fashion. He was a divider of waters; there’s fashion before Paulo Borges and fashion after Paulo Borges. He really deserves the respect of Brazilians because he made sure we were present in the global fashion scenario. People look at Brazil in a different way now because of this amazing event [SPFW]. He is a visionary. A visionary that never stopped following his dreams. He fought, conquered and is now here.”

Giovanni Frasson, stylist

“É inegável que o Paulo revolucionou o calendário de moda no Brasil. Não tínhamos calendário e ele construiu essa história. Ajustou e criou um calendário de moda que não existia no Brasil antes. No início, quando falava de São Paulo Fashion Week, dizia que estava preparando o evento para os próximos dez anos, e quando terminasse esse período, falaria dos próximos 20 anos. Ele é extremamente comprometido com o mercado de moda brasileiro e construiu muito para a moda do País. Tenho receio em dizer que ele agora detém as semanas de moda do Rio e de São Paulo, só que a profissionalização da moda brasileira – e ela sendo levada para fora – a gente deve muito à SPFW. Esse movimento que começou no Phytoervas Fashion, passou pelo Morumbi Fashion Brasil e chegou onde estamos hoje. Eu acho que ele é uma pessoa unânime e que conseguiu agregar tudo isso. A moda brasileira sem o Paulo estaria ainda muito atrasada.”

Ricardo Gomes, jornalista “Está claro que o Paulo tem uma capacidade de gerenciamento e que ele é um produtor muito bom, porque colocou essa produção gigantesca de pé com muita capacidade e sabendo o que estava fazendo. Ele tem uma importância máxima na moda brasileira. Exatamente por causa disso, por ele ter organizado o calendário que a gente conhece hoje e que é importante para a moda do nosso país. Ele tem uma grande parte atuante na projeção da moda brasileira. Eu não sei se existiria alguém com tanta capacidade e que doaria sua vida, porque isso é um projeto de vida. Foi ele que investiu sua vida e seu tempo. Se não tivesse o Paulo Borges ou alguém igual a ele no papel dele, a moda brasileira não estaria onde está hoje.”

Jorge Wakabara, jornalista

““It is clear to me that Paulo has great management ability and is a very good producer, because he put this gigantic production on its feet with a lot of skill and an exact knowledge of what he was doing. He has a maximum importance in Brazilian fashion because of that, because he organized the calendar that we know today and is so important for the fashion in our country. He has a great part in the projection of Brazilian fashion. I don’t know if there ever will be someone with such skills that would donate their lives, because that’s the kind of dedication this project requires. He was the one who invested his life and his time. If Paulo Borges, or someone exactly like him, had never existed, Brazilian fashion would not be where it is today.”

Jorge Wakabara, journalist

“It’s undeniable that Paulo revolutionized the fashion calendar in Brazil. We didn’t have one, and he built that history. He adjusted and created a fashion calendar that was inexistent before in Brazil. In the beginning, when we talked about São Paulo Fashion Week, he would say that he was preparing an event for the next ten years, and when he finished that, he would go on to plan for the next twenty years. He is extremely committed with the Brazilian fashion market and built a lot more for fashion in this country. I was troubled when I found out he had control of the fashion weeks in Rio and São Paulo, but the professionalism in Brazilian fashion and the way it is being showcased abroad has a lot to do with SPFW. This movement started out as the Phytoervas Fashion, then became Morumbi Fashion Brasil and now, look how far we’ve gotten. I think he is a unanimous person who was able to bring all that together. Brazilian fashion without Paulo would have been way outdated.”

Ricardo Gomes, journalist

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CENÁRIO “Paulo Borges é uma pessoa de extremo valor pelo fato, em especial, de ser um excelente profissional. Já era antes como produtor de moda, e agora ainda mais pelo fato de ter conseguido aglutinar com esse superprofissionalismo todas as principais marcas brasileiras para que haja um momento de divulgação coletiva – uma concentração que facilita para o jornalista, para o comprador e para o cliente de modo geral. Então acho que essa sacada é um dos grandes méritos do Paulo Borges, e com todo seu trabalho e toda sua vivência ele sempre pensou bem mais à frente. Ele é um visionário, não há dúvida alguma, e conseguiu projetar o País. O Brasil até já tinha sua projeção internacional, mas ele conseguiu visibilidade muito mais significativa no final do século 20 e nesse início de século 21. Por isso eu acho que precisamos agradecer a ele. É um mérito, é uma pessoa significativa, como outras pessoas foram em outros momentos – por exemplo, Caio de Alcântara Machado, quando criou a Fenit em 1958. Então Paulo Borges pode ser comparado até a um novo Caio de Alcântara Machado que coloca a moda e a moda brasileira no cenário internacional. Ele é um visionário captador e um grande executivo da moda brasileira.”

“Paulo Borges is a person of extreme value because he is an excellent professional. He was great in the beginning, when he was fashion producer, and now he is even better, since he was able to bring together the biggest Brazilian brands in a single event for a collective exhibition. This makes it easier for the journalists, for the buyers and for customers in a broader sense. I think this idea is one of his greatest merits. Paulo Borges, with all of his experience, has always thought outside the box. He is a visionary, no doubt about it. Brazil had its international projection, but he got a much more significant visibility in the end of the 20th century and the beginning of the 21st. That’s why I think we should thank him. It’s a merit for a person who was just as significant as many in the past, like Caio de Alcantara Machado when he created the Fenit in 1958. So Paulo Borges can be compared to Machado, since he placed Brazilian fashion in the international scenario. He is a visionary and a great executive of Brazilian fashion. “

João Braga, fashion historian

João Braga, historiador de moda

“Acredito que o Paulo teve um trabalho importante e pioneiro, ele organizou o design de moda no Brasil. Isso é um trabalho que ele vem fazendo há anos que é e foi muito importante. Acho que a projeção que a moda brasileira tem hoje se deve a um conjunto de fatores, inclusive ele. O Paulo é uma espécie de capitão de um grande time. Não acho que a história em geral é movida por uma única pessoa. Eu acredito que é um conjunto de elementos, uma conjuntura que vai empurrando as coisas para frente ou para trás. Depende do momento histórico. Mas também não acredito que os fatos vão para frente sem personalidade – como eu disse, ele é uma das pessoas que estão na linha de frente de uma projeção da moda brasileira. Não digo que seja a única, mas é uma das principais.”

Alcino Leite, editor de moda da Folha de São Paulo

“I believe that Paulo had an important, pioneering job – he organized fashion design in Brazil. This is a job he has been doing for years and that is very important. I think the projection that the Brazilian fashion has today is due to a variety of factors, including him. Paulo is a kind of captain of a great team. I don’t think that history in general is moved by a single person. I believe it is a series of elements that push things forward or backwards, depending on the historic moment. But I also don’t believe that facts move forward without a personality, and he is one of the people that are in the front line of Brazilian fashion. I won’t say he is the only person, but he is definitely one of the main ones.”

Alcino Leite, fashion editor for Folha de São Paulo

Paulo Borges por Paulo Borges “Na verdade eu acho que sou um grande visionário da moda brasileira por acreditar em pessoas e coisas que os outros não viam e não acreditavam. Meus planos e sonhos ainda estão na metade do caminho. Quando lancei a São Paulo Fashion Week era um projeto de 30 anos – estamos entrando no 15º ano agora. Pode parecer estranho vindo de mim, mas isso aqui é sempre mais um tijolinho construindo um sonho meu. Não me encanto demasiadamente com o que acontece, estou sempre olhando coisas que preciso corrigir e melhorar. Até porque eu sei que ainda tem muita coisa para ser construída. Por isso que toda vez que o evento acaba, eu pego umas férias, fico dez dias fora e desligo o fio da tomada. Tudo isso para não acreditar demais em tudo o que aconteceu.” “Eu não me considero um ícone da moda brasileira. Eu me considero sim uma peça importante dentro desse jogo. Uma peça estratégica na construção e na convergência disso tudo. Nesse sentido, eu me considero importante. Mas isso é um trabalho coletivo, porque em tudo o que faço, preciso dos outros para que aconteça. Então eu não me sinto nem ícone nem mito, como as pessoas às vezes falam.” “I actually think I am a great visionary of Brazilian fashion because I believed in people and things that other people just didn’t see or believe. My plans and my dreams are still only halfway through; when I launched the SPFW, it was a thirty year plan and we are only entering the 15th one now. It may sound strange coming from me, but this here is just a little brick that is slowly helping to build my dream. I don’t get too carried away with what happens; I always look for things that I can correct and do better. Especially because I know there’s still a lot to be built. That is why every time the event ends, I take a vacation, like ten days off or so, to just turn myself off. I do that so I won’t believe too much in everything that’s happened.” “I don’t consider myself a Brazilian fashion icon. I consider myself an important piece of the game, yes. A strategic piece placed in the construction of all this. In that sense, I consider myself important. But this is a collective job, because I need someone with me in everything I do. So I don’t feel like an icon or a myth like people sometimes label me as.”

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WORLD FASHION TOUR World Fashion Tour tem agora um novo formato em DVD. São 32 programas com 48 minutos de duração cada (por cada temporada de moda). Por ano 64 programas de pura informação! A cada programa são apresentadas de quatro a cinco coleções dos mais de 100 top designers que realizam seus desfiles nas mais importantes capitais de moda do mundo: Nova Iorque, Londres, Milão e Paris. World Fashion Tour é o mais completo material de moda disponível atualmente no mercado. Em cada desfile apresentado, uma cobertura completa mostrando desde o conceito de cada coleção em depoimentos dos próprios criadores até entrevistas com personalidades do mundo fashion, como editoras de moda, maquiadores, hairstylists e celebridades. Tudo isso com uma incrível qualidade de imagens. Você não pode perder esta chance de receber informações tão exclusivas. Garanta já o seu lugar na “primeira fila” dos mais concorridos desfiles do mundo e fique sabendo tudo o que vai ser tendência e o que vai realmente acontecer na próxima estação.

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AMÉRICA LATINA

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POR CAMILA Beaumord


SLOW

FASHION Em um mundo acelerado, original mesmo é pisar no freio. Na moda, essa pisada é nitidamente ilustrada no movimento Slow Fashion. A “moda lenta” define um comportamento mais devagar na hora de produzir e consumir moda, pregando a criação de peças perenes, duráveis e versáteis, sem a preocupação da produção em massa e necessidade de novidades para o consumidor. Se pararmos para pensar, a ideia nem é tão inédita assim. Nossas avós com certeza se lembram de uma época em que compravam apenas um terno para o vovô, de excelente qualidade, que durava a vida inteira. Ou um belo par de sapatos que enfeitaram seus pés em bailes durante décadas. A minha avó definitivamente não entende como um vestido que comprei há seis meses já está desatualizado hoje. Mas a concepção do Slow Fashion não se restringe aos membros em idade mais avançada da minha família, é claro. Há um grande público (de todas as idades, diga-se de passagem) cansado da produção em massa, cansado de comprar uma peça novinha no shopping e se deparar com alguém na rua usando a mesma roupa. Essas pessoas procuram trajes especiais, únicos, de preferência customizados. É aí que entra a moda lenta. Para a especialista em moda sustentável Kate Fletcher, o Slow Fashion é um elo entre estilo e responsabilidade ambiental. Fletcher afirma que a moda lenta tira o foco da produção em grande quantidade e se concentra em peças de alta qualidade. Com isso, não há Blazer Ana Livni.

In an accelerated world, to be original is to step on the brakes. In fashion, this is clearly illustrated in the Slow Fashion movement. The Slow Fashion defines a more time-consuming behavior when it comes to producing and even buying fashion. It discusses the creation of durable, versatile and somewhat timeless pieces, without the concern for mass production or the need to bring fresh, novelty pieces to consumers. If we stop to think about it, this idea isn’t exactly brand new. Our grandmothers certainly remember a time when they bought a single, strikingly tailored suit for grandpa that lasted for ages. Or when the bought a beautiful pair of shoes, which they wore in social occasions for decades. Mine definitely don’t understand how a dress I got six months ago is already outdated today. But the notion of Slow Fashion isn’t limited to the elderly members of my family, of course. There’s a great public (of all ages) who is tired of mass production, tired of going to the mall to buy a new outfit and then seeing someone wearing the exact same thing moments later. These people are looking for special garments that are unique and, preferably, custom-made. That’s where the Slow Fashion comes in. To ecotextiles consultant Kate Fletcher, Slow Fashion is link between style and environmental responsibility. Fletcher affirms that this movement is not time-based but quality-based. With that, there isn’t as much pressure to produce a lot in a short amount of time, which reduces not only the environmental unbalance (with the constant extraction of materials) but also the impact on the workers. Adam Smith, the chief-executive of Adili, complements by saying that the Slow Movement is not just a passing trend, but the menta-

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AMÉRICA LATINA tanta pressão para produzir muito em pouco tempo, e ajuda a reduzir não apenas o desequilíbrio ambiental (com a extração de matéria-prima), mas também a exploração de funcionários. Já o executivo-chefe da loja Adili, Adam Smith, complementa ao dizer que o movimento Slow não é apenas uma tendência passageira, mas uma mentalidade do novo consumidor, que planeja a compra de roupas para que elas durem mais de uma estação, em termos de qualidade do produto e de um design interessante. Sua loja é inteiramente virtual e uma das primeiras a se apropriar da moda lenta, utilizando o posicionamento de Eco-Chic (confira em www.adili.com). Na América Latina, um incrível representante desse movimento é a marca Ana Livni, composta pelos designers Fernando Escuder e a própria Ana Livni. Graduados no Centro de Diseño Industrial do Uruguai e pós-graduados em Gestão de Moda (Mercosul e Centro de Diseño Industrial com Polimoda de Florença – Itália; 2000-02), Ana e Fernando são também sócios-fundadores da Noclon SRL, empresa criativa de design de endumentaria e têxteis. Em uma passagem pelo Brasil, eles aproveitaram o Santa Catarina Moda Contemporânea para ministrar uma palestra e um workshop em Jaraguá do Sul. Ana e Fernando praticam a filosofia “slow” diariamente. Em uma recente entrevista à revista uruguaia Bla, Ana afirmou levar uma vida calma, balanceando o lazer e o trabalho. A designer se preocupa com sua alimentação e reserva um tempo para cozinhar e comer tranquilamente. Também contou que não é obcecada com seu celular; ela o usa, sim, mas prefere encará-lo como um “walkie talkie”, utilizado para a comunicação rápida. Ana e Fernando praticam tai chi com amigos uma vez por semana em uma academia, onde relatam receber muita energia positiva. Esse estilo de vida é claramente refletido em seu trabalho. “O que fazemos mais lentamente acaba nos tornando mais seguros, e quando você tem bons materiais e bons produtos, o resultado final é maravilhoso”, afirma a designer. A marca cria peças únicas em edições limitadas. A confecção é artesanal, com a utilização de materiais naturais e estampas pintadas à mão. Preocupados com os recursos locais, os designers aproveitam materiais uruguaios e produzem as roupas com mão-de-obra local. “Esta é a maneira que encontramos de fomentar o trabalho e promover a sustentabilidade, valorizando o que há de mais interessante localmente”, complementa Fernando. A Catarina não perdeu a oportunidade de entrevistar um dos principais designers da marca Ana Livni. Fernando Escuder foi gentil em responder às nossas perguntas: Catarina: Como surgiu a parceria entre você e Ana Livni? Fernando Escuder: Somos companheiros de diferentes gerações do Centro de Diseño Industrial de Montevideo. Em 2002 realizamos juntos a pós-graduação no Mercosul Design. Para nosso projeto de tese, visitamos diferentes indústrias de Prado (Itália). Quando regressamos, viemos com muita força, convencidos de que a criatividade não tem fronteiras e que se pode construir e comunicar com a moda. Estreamos em plena crise na região do Rio de la Plata

lity of a new type of consumer that thinks before he shops and buys clothes that won’t look unfashionable after one season. Adili is an Internet fashion retailer and is therefore at the forefront of the Slow Fashion movement. Its Eco-Chic garments can be found at www.adili.com. In Latin America, an amazing representative of this movement is the brand Ana Livni, which brings together Fernando Escuder and Ana Livni. The designers graduated at Uruguay’s Centro de Diseño Industrial and have a post-graduate degree in Fashion Management (at the Mercosul and Centro de Diseño Industrial com Polimoda of Florence - Italy; 2000-02). Livni and Escuder are also the founders of NOCLON SRN, a creative design textile company. When they were last in Brazil, the stylists participated in a lecture and workshop at the SCMC (Santa Catarina Moda Contemporânea), in the city of Jaraguá do Sul. Ana and Fernando practice the “slow” philosophy daily. Livni told Uruguayan magazine Blá that she lives a calm life and manages to balance fun and work very well. The designer worries about her health and always takes time to cook and eat peacefully. She also revealed that she is not obsessed with her cell-phone; she has one, but she uses it as a walkie-talkie, for fast communication. Ana and Fernando practice Tai-Chi with friends once a week at a gym, where they say they feel an amazing energy. That lifestyle is clearly reflected on their work. “When we take our time, the things we create make us feel more secure and when we have good mate-

a moda lenta tira o foco da produção em grande quantidade e se concentra em peças de alta qualidade. Com isso, não há tanta pressão para produzir muito em pouco tempo, e ajuda a reduzir não apenas o desequilíbrio ambiental (com a extração de matéria-prima), mas também a exploração de funcionários.

rial and good products, the end result is wonderful.” Livni says. The brand produces one-of-a-kind pieces in limited editions. The clothes are mostly handmade with the use of natural materials and with hand-painted prints. Since they worry about the local resources, the designers usually take Uruguayan materials and produce the outfits with local workforce. “It’s a way we found to promote our work and encourage sustainability, as we value what’s most interesting in our country,” Fernando adds. Catarina couldn’t miss the opportunity to interview one of the main designers of this brand. Fernando Escuder was kind enough to answer our questions:


nesse mesmo ano; aproveitamos o recesso temporário da indústria local para começar a produzir em pequenas quantidades. C: Como funciona o ateliê? F.E.: O ateliê é um espaço de criação e intercâmbio onde surgem algumas das ideias para depois desenrolar em conjunto com outras oficinas e indústrias da região. Ele é dividido em dois ambientes: o showroom, onde é exibido o que fazemos ao público, e o laboratório criativo, com um espaço de intervenção têxtil, para transformar os materiais e as formas em propostas artísticas. C: Como você traduz o Slow Fashion na concepção de uma coleção? F.E.:Para a última coleção (Remezclacion) trabalhamos fundamentalmente com lã merino, produzida aqui América do Sul, pelas ovelhas do campo uruguaio. Procuramos estabelecer vínculos com os materiais mais próximos, outorgando um novo caráter ao tecido de lã afeltrado. Esse conceito foi ampliando e refletindo em novas linguagens, como na estampa e na forma. Trabalhamos graficamente inspirados em uma renda original (feita pela minha avó!) que usávamos como toalha de mesa em casa... Integramos a renda nas formas, redesenhadas e mescladas a partir de bases das antigas coleções. C: Como vocês se encaixam no mercado uruguaio? F.E.: Estamos em uma área em que a densidade demográfica é baixa, porém a afluência turística não pode ser desprezada. Vendemos na Magma, em suas lojas multimarcas em Montevidéu e Punta del Este. E fazemos contatos com representantes e lojas de fora através de espaços em showrooms da Buenos Aires Fashion Week, na Argentina. C: Slow Fashion não é necessariamente sinônimo de rústico. Como vocês incorporam tecnologia no seu trabalho e na sua vida? F.E.: A tecnologia é indispensável para se produzir em série e manter a qualidade. Ela convive conosco a todo momento, até nos gestos mais primitivos. Ir lento significa avançar com segurança, buscando novas harmonias. O mundo acelerado nos faz refletir sobre o que criamos e acreditamos e devemos acompanhar este fenômeno. Mas a produção em quantidade tem que ser feita com eficiência e sem estresse. C: Qual é o preço médio das peças? F.E.: Um casaco Ana Livni feito de lã merino estampada sai para o público a um pouco mais de US$ 200. C: Como é possível, para pessoas que não moram no Uruguai, comprar as roupas da Ana Livni? F.E.: Acabamos de inaugurar um portal em nosso site para compras on-line. Assim, estamos agora em todo o mundo! Acesse www.analivni.com

Catarina: How did your partnership with Ana Livni happen? Fernando Escuder: We are of different generations of the Centro de Diseño Industrial de Montevideo. In 2002, we got our post-graduate degree together at the Mercosul Design. When we came back, we came back powerfully, convinced that creativity has no boundaries and that we can build and communicate with fashion. We made our debut in the middle of a crisis at the Rio de la Plata region on that same year; so we took advantage of the temporary recess of the local industry to start producing in small quantities. C: How does the atelier work? F.E.: The atelier is a space for creation and exchange, where some ideas emerge that later unfold alongside other shops and industries of the region. It is divided into two rooms: the showroom, where we exhibit the things we make for the public, and the creative laboratory, with a space for a “textile intervention”, so we can transform the materials and then shape them into artistic proposals. C: How do you translate Slow Fashion when you make a collection? F.E.: For our last collection, (REMEZCLACION), we worked fundamentally with the merina wool, produced here in South America by the sheep in the Uruguayan fields. We look to establish links with materials closest to us and to concede a new attitude to the fabric (wool). This concept was enhanced and reflected in new languages, like in the print and in the shapes. We worked graphically inspired by a laced towel (made by my grandmother!)… and we integrated the lace with the shapes, redesigning based on our old collections. C: How do you fit in the Uruguayan market? F.E.: We are located in an area with low demography density, but with a high and constant flow of tourists. We sell in Magma, in two department stores in Montevideo and Punta del Este. And we make contact with representatives and stores abroad, through spaces in showrooms at the Buenos Aires Fashion Week, in Argentina. C: Slow Fashion isn’t necessarily a synonym for rustic. How do you incorporate technology to your work and in life? F.E.: Technology is crucial to work in series and to maintain quality. It coexists with us in every moment, even in our most primitive gestures. To “go slow” means to move forward safely, as we look for new harmonies. The fast world makes us reflect about what we create and what we believe, and we should trail this phenomenon. But production focused on quantity has to be made efficiently and without stress. C: What’s the average price of the pieces? F.E.: An ANA LIVNI coat made with merina wool is a little over U$200 to the public. C: How is it possible for people outside of Uruguay to purchase Ana Livni clothes? F.E.: We’ve just launched in our website a space for online shopping. That way, we are now connected to the whole world! Acess: www.analivni.com


AMÉRICA LATINA

POR PATRÍCIA LIMA

O FUTURO DA MODA PERTENCE AO

BRASIL

“precisamos unir todas as pontas da cadeia da moda brasileira, principalmente indústria e criadores, que ainda estão atuando com distância um do outro.”

THE FUTURE OF FASHION BELONGS TO BRASIL Se depender da visão dos empresários têxteis brasileiros, já podemos contar com o Brasil fora da crise financeira mundial. Saímos sem nenhum arranhão desse obstáculo, é possível dizer até que saímos fortalecidos perante outros países. Os empresários do setor apontam ainda o fato do consumidor brasileiro ter recuado, por cautela, temporariamente nas compras, mas a mudança no cenário já é vista como certa, porque aos poucos o consumo está voltando ao normal. Conclusões como essas foram discutidas durante evento realizado pela Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), na Casa Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), em São Paulo. A convite da Apex Brasil fui conferir um dia com agenda repleta por pautas importantes como, por exemplo, a apresentação do estudo realizado pela empresa A.T. Kearney, que trouxe dados sobre “Oportunidades de investimentos globais no varejo em mercados emergentes”. Com muitas tabelas e gráficos, a empresa mostrou o futuro promissor que o mercado de moda brasileiro tem pela frente e explicou as características que nos colocam à frente de outros países emergentes. Quando os números relatam o consumo geral, o GRDI 2009 aponta a Índia como país de maior atratividade, e o Brasil aparece – muito bem colocado – em 8º lugar no ranking. Porém, se fecharmos mais a pesquisa e direcionarmos para o país com maior atratividade no mercado de vestuário, o Brasil salta para primeiro do ranking pela segunda vez consecutiva, mostrando nossa forte cultura de consumo. Somos movidos a moda, o brasileiro gosta dos movimentos culturais da moda e é altamente influenciado pela cultura das novelas, o que gera um enorme consumo no vestuário, fazendo com que tenhamos um valor médio de US$ 460 per capita de consumo no vestuário. Um número seis vezes maior que o da China. Comprova que a população brasileira dedica parte significativa da sua renda com roupas e esse foi um dos fatores que nos ajudou a manter o consumo interno durante a crise mundial. Esses dados complementam informações como: o SPFW só perde para o futebol quando se trata de mídia espontânea, e a moda é responsável pela segunda maior geração

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“What we need now is to join all the loose ends in the Brazilian fashion chain, especially the industry and the creators (that still act with a certain distance from one another).”

If it were up to the Brazilian textile entrepreneurs and their insight, we can count Brazil out of the world financial crisis. We soared through this obstacle without a single scratch; in fact you could even say that we grew stronger if compared to other countries. The sector’s biggest business executives point out that the Brazilian consumer has retreated temporarily from sales, as a precaution, but a change in that scenario is certain since little by little people are starting to buy again. These conclusions were discussed during an event made possible by the APEX Brasil (the Brazilian Agency of Exportation and Investment Promotions), in the Casa Abit (the Brazilian Association of the Textile Industry) in São Paulo. I was invited by the APEX Brasil to the event and was able to check out important lectures, like the presentation of a study by A.T. Kearney, which brought information about “Opportunities of Global Investments in Retail in Emerging Markets”. The company illustrated through a series of charts and graphs the promising future of the Brazilian fashion market and explained what characteristics put us ahead of other emerging countries. When the subject is general consumerism, the GRDI 2009 highlights India as the country with most appeal and Brazil shows up in a solid 8th position. However, if we direct the research to countries with most appeal in the retail of clothes, Brazil leaps to the top of the list of the second time in a row, which proves our strong consumerism culture. We are moved by fashion, Brazilians love cultural fashion movements and are highly influenced by soap operas, whi-


de vagas de emprego no País, perdendo apenas para a construção civil. Essa riqueza de mercado tem sido percebida pelos grandes players mundiais como Zara, H&M e tantos outros. Segundo dados apresentados por Fernando Pimentel (Abit) durante a SPFW, ainda há muito a desenvolver no varejo brasileiro. Com mais de 5.500 municípios, temos concentração de distribuição em 150 municípios, com presença das grandes redes de varejo em apenas 60 municípios. Ou seja, ainda há muito a expandir. A alta atratividade do mercado brasileiro já é uma realidade no mercado de luxo, o Brasil é hoje um dos principais destinos de investimentos para varejistas globais. Apenas em 2008 foram mais de 20 marcas internacionais que iniciaram suas operações de varejo no Brasil; para os próximos cinco anos mais de 50 importantes marcas anunciaram o lançamento de operações de varejo no nosso país. O investimento estrangeiro, combinado a baixo controle do governo sobre preços e aumento da renda disponível, aumentou as vendas no varejo de vestuário em 23% desde 2004. Temos força na América Latina como economia dominante, mais da metade do PIB da região é nossa, e outro fator fundamental para colocar o Brasil como grande aposta entre os emergentes é a nossa população jovem – mais de 60% têm menos de 29 anos. Toda essa atratividade vai acontecer na prática através de aquisições. Muitas das empresas internacionais que desejarem entrar no nosso mercado não terão informações suficientes para lidar com uma cultura tão peculiar; é nesse momento que acontecerão aquisições regionais e parcerias entre grandes potências do varejo com redes de distribuição menores. O capital “humano”, a mãode-obra especializada será valiosa nesse período de conquista no

ch generates an enormous flow in the industry, making it possible for us to achieve an average of US$460 per capita in the consumption of clothes. That number is six times bigger than China’s. It proves that the Brazilian population dedicates a considerable part of its income with clothing and this is one of the factors that helped us keep consuming internally during the world crisis. This data complements information such as: the SPFW loses only to soccer when it comes to spontaneous media and fashion is responsible for generating the second biggest number of job opportunities in the country, losing only to civil engineering. The richness in our market has not gone unnoticed by big players like Zara, H&M, etc. According to the data presented by Fernando Pimentel (ABIT), we can still do a lot to develop our retail during the SPFW. With over 5500 counties, there is only distribution in 150 of them, and only 60 have big retail stores. This means there is still a lot to expand. In the up market, Brazil has been an attractive country for a long time. Today it is one of the main destinations for investments from global retailers. In 2008, over 20 international brands initiated retail operations in Brazil and in the next five years, more than 50 important brands have announced that they will follow along. Foreign investments, as well as a government control over prices and income, have raised sales in the clothing segment in 23% since 2004. We have the strength of Latin America as a dominant economy on our side; over half the region’s GDP is ours. Another fundamental factor that makes Brazil a great country to bet on is our young population, since over 60% of it is under 29. All of this will happen in practice through acquisitions. Many international companies that wish to enter in our market won’t have enough information to deal with such a peculiar culture. That’s where the regional acquisitions come in, as well as partnerships between great retail forces and

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AMÉRICA LATINA mercado brasileiro; na cadeia têxtil, quem trabalha com private label (empresa que produz para outras marcas) poderá estabelecer parcerias com essas grandes empresas. Além das tendências para o varejo, foram apontadas seis tendências para o mercado de vestuário brasileiro, entre elas o enfraquecimento da lealdade a marcas. Assim como aconteceu na China, o consumidor está aprendendo a valorizar mais as marcas locais, que são as grandes concorrentes das grandes redes. Em pouco tempo passará o “encantamento” por grifes internacionais, até mesmo porque outra tendência é a sensibilidade maior ao preço do produto. Mas nem tudo são flores – o setor têxtil continua enfrentando fortes concorrentes estrangeiros. Em 2008, o varejo aumentou em torno de 6%, enquanto a importação cresceu 25% (grande parte vinda da China), um grande desafio para qualquer mercado. O aumento de consumo por parte da população não significa aumento de investimento da indústria, o que não gera crescimento de mercado e não impulsiona a exportação, que é fundamental para o crescimento do País. Os empresários reclamam da capacidade ociosa das suas indústrias, ainda há produção que deveria estar acontecendo e não está. Exportação que deveria acontecer está sem mercado comprador, e onde tínhamos uma boa negociação, perdemos espaço para a China. A Argentina, país vizinho, trocou o produto brasileiro pelo chinês, reduzindo nossa atuação de 41% para 23% no mercado argentino. Alta taxa de impostos é outro fator preocupante – uma calça jeans chega a ter 35% de impostos embutidos em seu valor final. Ter o produto brasileiro tão caro não ajuda nossas marcas e criadores; pelo contrário, dificulta nossa entrada no mercado internacional. De nada adianta sermos reconhecidos mundialmente pela criatividade sem termos competitividade. Uma das possibilidades que vem sendo estudada junto ao governo brasileiro é a “Cesta Básica Têxtil”, que tem como objetivo ajudar a indústria têxtil com a redução de impostos em alguns produtos, como uniformes escolares/militares e lençóis de cama de hospitais, que muitas vezes são produzidos com matéria-prima chinesa. O que precisamos é unir todas as pontas da cadeia da moda brasileira, principalmente indústria e criadores, que ainda estão atuando com distância um do outro. Além da união, precisamos de planejamento e maior visão de futuro para trabalhar novos produtos, tecnologias e investir em pesquisas. Oskar Metsavaht, presidente da Osklen (também presente no evento), foi enfático ao constar que até hoje nenhuma indústria têxtil brasileira o procurou para estudarem um novo fio ou tecido para os próximos cinco anos. Sem iniciativas como essa podemos perder a grande oportunidade que está batendo à nossa porta para países como Índia e Romênia, que só nos últimos cinco anos cresceram 35%. E você, que está lendo esta matéria, o futuro da moda pertence a quem?

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small distribution channels. The “human capital”, that is, skilled labor, will be quite valuable in this period of conquest of the Brazilian market. In the textile chain, whoever works with private labels will be able to establish partnerships with these big companies. Besides the tendencies in retail, six other trends were pointed out in the Brazilian clothing market, including the weakening of brand loyalty. Just like in China, the consumer is learning to value local brands, which are the main competitors of large chains. In little time, the “enchantment” for international labels will pass, especially since another trend that was pointed out has to do with price awareness. But not everything is going well. The textile industry still faces strong foreign competitors. In 2008, retail has grown about 6%, whereas importation has grown 25% (great part of it coming from China), which is a big challenge for any market. The raise in consumerism by the population doesn’t necessarily mean a raise in investments by the industry. In that case, the market won’t develop and won’t thrust exportation, which is fundamental for the development of a country. Executives complain about the lazy capacities of their industries; there’s a lot of production that should be happening but isn’t. We should be exporting, but we are losing ground to China even in places where we had good negotiations. Argentina, our neighboring country, switched for Chinese products and consequently reduced our participation from 41% to 23% in the Argentinean market. High taxes are another worrisome factor. A pair of jeans can have up to 35% of taxes embedded in the final price. To have such an expensive Brazilian product isn’t helpful to our brands and creators; quite the contrary, it makes our entrance in the international market even more difficult. What good is it to be known for our creativity if we can’t compete? One of the possibilities to fix that problem is being studied with the Brazilian government and will work as a financial aide to the textile industry. There will be a reduction on taxes in some products, like in school and military uniforms, sheets for hospital beds, etc (which in a lot of cases are produced with Chinese material). What we need now is to join all the loose ends in the Brazilian fashion chain, especially the industry and the creators (that still act with a certain distance from one another). Besides that union, we need a lot of planning and a greater vision of the future to work with new products, technology and invest in research. Oskar Metsavaht, president of Osklen (who was also at the event) was emphatic to affirm that no Brazilian textile company ever looked for him to study a new thread or fabric for the next five years. Without these types of initiatives, we may miss an opportunity and lose ground to India or Romania. What do you think, reader? The future of fashion belongs to whom?



AMÉRICA LATINA POR FLÁVIA MENDONÇA

NA ROTA DA MODA LATINO AMERICANA The Route of Latin American Fashion

Considerada uma das feiras de moda mais importantes da América Latina, a Colombiamoda é um evento estratégico para todo o comércio de produtos de moda nos países do Hemisfério Sul e América Central. Em sua 20ª edição, a feira recebeu cerca de 8.500 visitantes, dentre estes 1.400 compradores internacionais e 400 jornalistas que puderam conferir durante três dias os produtos de 450 expositores no grande espaço montado na Plaza Mayor, em Medellín. Além disso, paralelo à feira, 23 desfiles de importantes marcas colombianas e latino-americanas apresentaram suas coleções de verão e uma grande relevância foi dada à apresentação de concursos de novos talentos, tanto nas passarelas quanto em exposições dentro do pavilhão da feira. Aliás, esse foi um diferencial da Colombiamoda. Através das peças exibidas nos concursos Atelier e Latino America Habla, além das coleções vistas na passarela Chocolyne, ficou claro que a nova geração de designers latino-americanos está no ponto para surpreender à medida que começarem a entrar no mercado de trabalho. Considered to be one of the most important fashion fairs in Latin America, the Colombiamoda is a strategic event for the commerce of fashion products in South and Central America. Its’ 20th edition gathered over 8500 visitors, including 1400 international buyers and 400 journalists who, for three days, were able to check out the products of 450 exhibitors assembled in the Plaza Mayor, in Medellin. Besides the fair, a fashion show was held where 23 important Colombian and Latin American brands presented their summer collections, and also made way for new talent, who presented themselves through contests both on the runway and in the exhibitions. That was a big differential in Colombiamoda. The clothes exposed in the contests Atelier e Latino America Habla and the lines presented on the Chocolyne runway made it clear that the new generation of Latin American designers are ready to innovate in the fashion business. Another key point in the structure of Colombiamoda was the series of lectures, seminars and forums about fashion, technology, trends, styling, logistics and sales. Everything was focused on ecotech, a macro tendency

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AMÉRICA LATINA Outro foco-chave na estrutura da Colombiamoda foi a série de palestras, seminários e fóruns que trataram de moda, tecnologia, tendências, styling, logística e vendas. Tudo sempre pontuado pelo ecotech, um conceito de macrotendência abraçada pela Inexmoda – empresa que organiza a Colombiamoda, que trata da preocupação no equilíbrio entre o ecológico e o orgânico com o uso da tecnologia. Através dessas estratégias de atuação que procuram impulsionar a inovação e a informação, não restam dúvidas que a Colombiamoda é uma fonte de informação valiosa para compradores e pesquisadores que trabalham com o mercado global. Além disso, como já foi dito diversas vezes, com a crise mundial e o freio no consumo dos países desenvolvidos, muitas marcas estão se voltando para a América Latina e países emergentes a fim de entender esse mercado para prospectar estratégias de expansão. Para se ter uma ideia, de acordo com o diretor-executivo da Inexmoda, Carlos Eduardo Botero, nesta temporada a Colombiamoda fechou com um total de expectativas de negócios de cerca de US$ 65 milhões, US$ 20 milhões a mais que na edição passada. Números importantes para um evento que, além de atravessar um momento delicado na economia mundial, também aconteceu em meio ao alvoroço político entre Colômbia e Venezuela. Nós da Catarina fomos lá conferir e contamos agora um pouco do que vimos.

Passarelas Latinas Dos 23 desfiles acontecidos durante a Colombiamoda, muitos nomes ainda soam totalmente estranhos aos ouvidos tupiniquins. Contudo, acompanhar as passarelas desse evento é como uma brisa fresca (e um leve tapinha na face), pois descobre-se que existem excelentes estilistas na América Latina que os nossos olhares viciados na moda do circuito Europa-EUA não nos deixaram ver. Além disso, é interessante detectar as similaridades e traços de uma moda latina. Pontos em comum que foram traduzidos de maneira emocionante pelo estilista Ronaldo Fraga. Convidado especial do evento, Fraga reproduziu fielmente a coleção Disneylândia, apresentada na última edição do SPFW. Em uma passarela montada no orquidário do Parque Jardim Botânico, o estilista sublinhou os conceitos da macrotendência ecotech. Porém, muito mais que salvar a natureza e uni-la à tecnologia, Fraga procura salvar as culturas locais e reproduzi-las usando a tecnologia. Isso é visto nos tecidos cujas tramas eram totalmente industriais, apesar de aparentarem ser artesanais, nas camadas de “rendas” tecnológicas e no incrível patchwork de estampas que misturam o étnico com figuras da Disney e listas. Na coletiva dada logo antes do desfile, Fraga ressaltou que suas roupas expressam as fronteiras culturais perdidas, assim como a humanização de processos. Por isso, suas peças trazem à tona diversos detalhes de culturas, artesanatos e tradições latino-americanas, procurando enaltecer o trabalho manual que estava à beira da extinção, ou que tinha perdido seus traços para desenhos do Mickey Mouse, entre outros ícones americanos, e que, na opinião de Fraga, só empobrecem a cultura da América Latina.

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concept embraced by Inexmoda – the company that organizes Colombiamoda – which deals with the balance between ecologic and organic materials and the use of technology. Through the strategies adopted in the event to impulse innovation and information, there is no doubt that Colombiamoda is a source of valuable information for buyers and researchers that work in a global market. Besides that, as it has been said many times, with the world crisis and the halt of consumerism in developed countries, many brands are settling in Latin America and other emergent countries and looking to understand this market in order to prospect expansion strategies. Just to get an idea, according to the executive director of Inexmoda, Carlos Eduardo Botero, Colombiamoda closed this season a total of 65 million dollars in business opportunities, 20 million dollars more than last season. These are important figures for an event that happened during an economical world crisis and also in the midst of a political uproar between Colombia and Venezuela. We, from Catarina, checked it out and are here to tell you a little about what we saw.

Latin Runways From the 23 runway shows that took place during the Colombiamoda, many names still sound totally foreign to Brazilians. However, watching the shows of an event like this is like feeling a fresh breeze (and a little slap on the face), because we discover excellent designers in Latin America that our eyes, always focused on European and North American fashion, accidentally miss. Also, it is interesting to detect the similarities and traces of Latino fashion. Some common points that were translated in an exciting manner came from the designer Ronaldo Fraga. As a special guest of the event, Fraga faithfully reproduced the Disneilandia line presented in the last edition of SPFW. On a runway assembled in the orchid garden of the Botanic Garden Park, the designer traced the concept of ecotech but, far from just saving nature and unifying it with technology, Fraga attempts to save local cultures and reproduce them using technology. This is shown in the fabrics (made from industrial wefts that looked hand-made), in the layers of technological “lace” and in the incredible patchwork that combined different prints – ethnic, Disney characters and a striped pattern. A press conference was held right before the show, in which Fraga emphasized that his clothes expressed lost cultural borders. That’s why his garments bring out various details of Latin American culture, crafts and traditions, in order to praise the Latino handiwork (which had nearly come to extinction or been replaced by Mickey Mouse and other intruding north American icons that only deplete Latin American culture, in Fraga’s opinion). “Before we can begin to discuss the economic crisis, it’s important to remember our own identity, nationality and political crisis. Our cultural denial deeply upsets me,” said the designer. Certainly this “cultural denial” is an important part of Latino fashion and should be seen as a characteristic of the Latin American consumer who simply does not value or like to show off his real cultural identity. This appears very clearly in the esthetic of many different fashion shows, like the Colombian designer Isabel Henao and the Argentinean Pablo Ramirez – who showcased in the LAF (Latin American Fashion) runway. Both designers presented made in Europe pieces very well, but that failed to


“Antes de falar de crise econômica é importante lembrar da crise de identidade, nacionalidade, e crise política em que vivemos. A negação cultural me desconcerta”, disse o estilista. Certamente, a “negação cultural” é um ponto importante dentro da própria cultura de moda latina e deve ser vista como mais uma característica deste consumidor que não valoriza ou gosta de aparentar o que é. Isso fica nítido na estética de diversos desfiles como, por exemplo, o da colombiana Isabel Henao e o do argentino Pablo Ramirez – que desfilou na passarela LAF (Latin American Fashion). Ambos designers apresentaram formas made in Europe muito bem confeccionadas, porém com shape à la Balenciaga ou com um classicismo de tailleurs e conjuntos que não combinam muito com o vibe de Medellín. Mas vale ressaltar os tricôs feitos de fibra de linho e os trabalhos de jacquard com estampas abstratas apresentados no desfile de Henao, além da excelente alfaiataria masculina de Ramirez. Estereótipos à parte, não tem como não falar de identidade latina sem mencionar a importância das estampas. Basta andar pelos corredores da Colombiamoda, ou por qualquer rua de Medellín, Salvador ou Quito, para detectar essa nossa característica. Dentro dessa linha, destacaram-se os desfiles da estilista colombiana Beatriz Camacho, que trabalhou com as telas do pintor Friedensreich Hundertwasser impressas em macroestampas em tecidos nobres como a seda, organza e cetim. Outra boa sacada em estamparia foi apresentada por Juliana Correa, em seu desfile para a marca ONA. Queridinha dos colombianos, a estilista apresentou estampas tempestuosas e orgânicas em seus particulares tecidos amassadinhos repletos de túneis e cordonês que enfatizavam essas texturas de papel amassado. As melhores peças estavam nos vestidos estilo camisole com grandes decotes e formas femininas. Outro ponto alto das passarelas do Colombiamoda aconteceu com a moda mais urbana e jovem vista nas peças do estilista colombiano Camilo Alvarez e da marca Divino, desenhada por Daniel Hoyos. Com um estilo jovem e bem puxado para o sportswear, Alvarez se inspirou nas ondas do mar e trouxe um exercício de volumes circulares e ondulados vistos nos recortes de peças em jeans, malha e náilon que findaram em conceituais saias de neoprene completamente onduladas. Já Hoyos apresentou uma mescla de diversos estilos pontuados por uma atitude rock’n’roll com excelentes lavagens de jeans e estampas de t-shirts. Num estilo mais sofisticado a peruana Andrea Llosa também surpreendeu ao mixar fábricas tecnológicas e tecidos artesanais. Suas lavagens em jeans numa espécie de marmorizado meio tiedye sujo merecem destaque, assim como os detalhes das peças com trabalhos de macramê e franjas. A mais conhecida marca da passarela LAF, a mexicana Trista, apresentou um forte exercício de modelagem numa sequência de peças em P&B e em cores acinzentadas. Atenção para os pequenos detalhes como camisas com microfranzidos que davam um perfume de drapeado nas peças, e para as mangas em camadas rígidas e franzidos que sublinhavam a onda arquitetônica desta temporada. Outra coleção que apresentou um desfile muito divertido e irô-

capture the Medellin vibe. However, Henao’s knitted patterns made from linen fibers and the jacquard pieces with abstract prints, and Ramirez’s excellent male tailoring are definitely worth mentioning. Stereotypes aside, it is impossible to talk about Latino identity without mentioning the importance of prints. This attribute can be easily spotted in the halls of the Colombiamoda, or in any street in Medellin, Salvador or Quito. A designer that stood out in this segment is the Colombian Beatriz Camacho, who worked with the paintings of Friedensreich Hundertwasser printed out in big patches of luxurious fabric, such as silk, organza and satin. Another highlight was Juliana Correa, in her show for the brand ONA. A Colombia sweetheart, the designer presented tempestuous and organic prints crumpled together in little pieces of fabric that resembled tunnels and served to emphasize this “crumpled paper” texture. The best pieces were the camisole-like dresses with big cleavage and feminine forms. Another high point of the Colombiamoda runway show was the urban and young fashion seen in the clothes of the Colombian designer Camilo Alvarez and the brand Divino, designed by Daniel Hoyos. Alvarez’s style is youthful, almost like sportswear, and he used ocean waves as inspiration to his collection, with circular, wavy volumes in the trimming of his jeans, mesh and nylon that came together in conceptual neoprene skirts. Hoyos, on the other hand, presented a variety of styles in a rock ‘n roll attitude with excellent washed out jeans and the prints of his t-shirts. The more sophisticated style of the Peruvian designer Andrea Llosa also stood out, as she mixed technological fabric and handmade cloths. Her jeans, washed out in a marbled, almost dirty, tie-dye manner, certainly drew attention, as well as the details on her clothes like macramé and fringes. The most well-known brand on the LAF runway - Trista, from Mexico – presented a strong shaping exercise in a sequence of black-and-white and gray-shaded pieces. The little details, like the draped shirts with hard, fringed sleeves, contributed to the architectonical craze of this season. Another collection that presented a very fun and ironic show was the swimwear brand Agua Bendita. Considered to be the Colombian Salinas, the brand designed by Catalina Alvarez and Marina Hinestroza is known for its excessive frill, its mixture of prints and its play with lace that confuses the viewer at first, before he realizes that this mix of things is what makes up the style of the brand. The famous underwear brand Leonisia was another highlight of the runway. A fun and romantic mood dominates the clothes and reveals a seductive Colombian woman, who is neither classic nor minimalist when the subject is lingerie. The colors, frills and fun, feminine details reminds us a little of the Brazilian stylist Thais Gusmão.

New blood The biggest differential of Colombiamoda was the attention given to new talent. According to Carlos Eduardo Botero, “the room we make for new talent is key, and should therefore be strengthened.” One of the measures he took was the Latino America Habla contest, which introduced 13 young talents from different countries in Latin America, who created collections with the theme ecotech and exposed them in the entrance of the main hall of the fair. Amongst the pieces presented, Eliana Villota’s neopane stood out. Her pitch is based on the reinterpretation of animal systems incorporated in clothing. “Futuro sem água”, a piece by Cataline Ortiz Castanõ, was another

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AMÉRICA LATINA nico foi a marca de moda praia Agua Bendita. Considerada a Salinas colombiana, a marca desenhada pela dupla Catalina Alvarez e Mariana Hinestroza é conhecida pelos excessos de babados, mistura de estampas, rendinhas aqui e ali que desconcertam qualquer olhar no começo, mas logo percebe-se que é justamente essa mistureba eclética que compõe o estilo da marca. Igualmente famosa, outro destaque da passarela é a marca de moda íntima Leonisia. O clima divertido e romântico domina as roupas de baixo e revela que a mulher colombiana é sedutora e nada clássica ou minimalista quando o assunto é lingerie. Curte cores, babadinhos e muito detalhes femininos e divertidos que lembram um pouco a estética da estilista brasileira Thaís Gusmão.

Sangue Novo Um grande diferencial desta Colombiamoda estava no espaço dado aos novos talentos. Segundo Carlos Eduardo Botero, “o espaço de novos talentos é chave, portanto, deve ser fortalecido”. Uma das medidas para esse fortalecimento é o concurso Latino America Habla que apresentou 13 jovens talentos de diversos países da América Latina que criaram coleções em cima do tema ecotech e tiveram seus trabalhos expostos na entrada do pavilhão principal da feira. Dentre os trabalhos apresentados destacaram-se o conjunto de neoprene de Eliana Villota, cuja proposta se baseia na reinterpretação de sistemas animais a fim de adaptá-los à roupa, e a peça “Futuro sem Água”, de Catalina Ortiz Castaño. A estudante criou uma roupa que não precisa ser lavada, pois é feita de tecido Teflon Land. Além disso, havia uma excelente exposição só de roupas em jeans promovida pelo concurso Atelier. Patrocinada pela famosa marca francesa Marithé François Girbaud, pela empresa de tags e etiquetas Coletex y Marquillas S.A., pela Inexmoda e pela revista colombiana Fucsia, a terceira edição do Atelier revelou a força e a tradição da área do jeanswear na Colômbia. Para se ter uma ideia, em Medellín existem confecções e lavanderias com licenças para produzir peças para Diesel, Wrangler, Levi’s, Gap, Marithé François Girbaud, dentre outras. Deste concurso merecem destaque as peças de Camilo Londoño, que chamou a atenção de jornalistas especializados com sua lavagem estilo tie-dye/camuflagem em diversos tons e pelos seus tags que remetiam à preocupação com a falta de água no planeta. Outro trabalho muito interessante é o de Paula Echeverri, inspirado na condição dos cegos. A lavagem completamente delavê com toques de azul entre as costuras e as pences descosturadas chama atenção. Assim como as formas volumosas em jeans com detalhes em malha com estampas em alto relevo, além dos tags em braile. 1. O sportswear de Camilo Alvarez; 2. Look de Ruanita Arcila; 3. Uma das lavagens marcantes da marca Kink; 4. As peças poéticas de Juliana Giraldo; 5. Santiago Uttima se inspirou no jogo Lego para sua coleção; 6 e 7. Bolsa da ACT (Associação Comunitária para o Trabalho) e uma das artesãs; 8. A estilista argentina Lucia G-Ollataguerre com uma das peças de lã da marca Pampa Corral; 9. As bolsas da marca peruana Puro Corazón misturam o rústico com o moderno; 10. Um dos looks de Diana Cadavid.

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AMÉRICA LATINA Um dos trabalhos mais criativos do concurso Atelier foi feito por Mateo Gonzalez. Inspirado na tecnologia e na reutilização de peças obsoletas de computadores, Gonzalez surpreendeu ao mostrar que conectores de impressoras antigas funcionam como excelentes botões e chips podem se transformar em aviamentos modernos. O tag em forma de raio X de um computador também foi muito bem bolado. Já na passarela Chocolyne, os estudantes de moda da Colegiatura Colombiana apresentaram trabalhos que, apesar de bastante conceituais, apontam para uma geração de designers criativos e ávidos por experimentar novas formas e texturas. Numa dança performática, o trabalho Metamorphosis de Juliana Giraldo mostra que tecidos quadrados com vazados estratégicos podem se transformar em peças poéticas. Laura Martínez Jaramillo conseguiu um efeito especial ao forrar tecidos de jornal com finas camadas de tule. Suas formas extremamente volumosas deram um ar meio “Guerra nas Estrelas” em versão reciclável. Outro trabalho bastante conceitual foi apresentado por Santiago Uttima, que criou uma roupa em rede onde o destaque ficava por conta de coletes conectores que misturavam macramê em malha e plástico nas cores de Lego. Destaques também para Diego Álvarez Salazar, que apresentou um excelente trabalho de alfaiataria em neoprene, enquanto Diana Cadavid dissecou o corpo humano com rabiscos escatológicos. Juanita Arcila divertiu a plateia com suas roupas inspiradas na “bolsa da vovó” com aquele fecho antigo de metal sendo o grande protagonista.

Destaque da Feira Dividida em seis pavilhões, a feira da Colombiamoda contou com 450 expositores e produtos que iam de peças prontas de todos os segmentos a aviamentos, joalheria, sapatos e acessórios. Entre os showrooms estavam marcas famosas como Wrangler, GEF, Levi’s, Onda de Mar, Reebock, Custo Barcelona, entre outras. Dedicado aos novos talentos e às marcas de estilistas, o pavilhão branco continha uma das seleções de produtos mais interessantes. Destaque vai para as peças em lã da marca Pampa Corral, da estilista argentina Lucia G-Ollataguerre. Ela criou casacões estilo boho com detalhes de fitas e fios entrelaçados que, apesar do aspecto rústico, têm um shape contemporâneo e elegante. Com uma estratégia interessante de mudar seu manequim a cada hora, Freddy Gaviria, estilista colombiano radicado em Madri, chamou atenção pelas peças estilo quimono que beiravam o teatral, mas seduziam pelos tecidos nobres e pelo zelo na confecção. Acessórios também foram um destaque nesse pavilhão, e as peças supercoloridas e levíssimas do designer Affonso Mendonça são perfeitas para os dias de verão. Pela primeira vez participando da feira, a marca peruana Puro Corazón chama atenção pelas peças que misturam o rústico com o moderno. Criada pelo belga Jean Edouard e por sua esposa Carolina Restrepo, a marca aposta na união do trabalho artesanal com materiais modernos e com um toque de design contemporâneo. A marca já vende para clientes em Dubai, Japão e Espanha. Num caminho mais urbano, a marca Reversika chama atenção

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highlight. The student created a piece of clothing made from Teflon Land fabric, a type of material that doesn’t have to be washed. Besides that, there was an excellent exhibit of jeanswear promoted by the Atelier contest, which was endorsed by the famous French brand Marithé François Girbaud, by the company Coletex y Marquillas S.A, by Inexmoda and by the magazine Colômbiana Fúcsia. The third edition of Atelier revealed the strength and tradition of Colombian jeanswear. Just to get an idea, in Medellin there are clothing shops licensed to produce pieces for Diesel, Wrangler, Levis, Gap, Marithé François Girbaud and others. From this contest, Camilo Londoño got the attention of the fashion journalists with his tie-dye/camouflaged washed out jeans and by his tags, which referred to the lack of water in the world. Another interesting line was Paula Echverri, inspired by blindness. The devalê jeans were made with traces of blue around the sew, and the voluptuous shapes with details in mesh and the pop-out prints drew attention. Also, her tags were written in Braille. One of the most creative pieces from the Atelier contest was Mateo Gonzalez’s. His clothes were inspired in technology and the reuse of old computer parts. Gonzalez surprised the crowd as he proved that old printer connectors work as excellent buttons and computer chips can be used as great accessories. The tag in the shape of a computer x-ray was also quite interesting. At the Chocolyne runway, the fashion students from Colegiatura Colombiana presented their pieces, which were very conceptual and at the same time showed that the new generation of designers is creative and not afraid do experiment with new shapes and textures. In a performance dance, Juliana Giraldo displayed her “Metamorphosis” and showed the crowd that strategically placed squared pieces of fabric can be transformed into poetic clothing. Laura Martínez Jaramillo managed some special effects as she wrapped newspaper tissue with thin layers of tulle. Her shapes had a lot of volume and looked a bit like an eco-friendly, recycled version of Star Wars. Another conceptual piece was presented by Santiago Uttima, who created an outfit made from a net, and used colorful vests made with macramé weaving in Lego-like colors of mesh and plastic to make the attire stand out. Diego Alvarez Salazar did a great job with neoprene tailoring and Diana Cadavid dissected the human body with eschatological sketches. Juanita Arcila entertained the crowd with her “granny clothes”, using that old-fashioned metal clasp as the main part of her brand outfit.

The Fair’s Highlights The Colombiamoda fair was distributed into six showrooms and displayed 450 products like clothing articles from all sorts of segments, jewelry, shoes and accessories. Among the famous brands that showcased were Wrangler, GEF, Levis, Onda de Mar, Reebok, and Custo Barcelona. The white showroom was dedicated to new talent and designer brands, and contained one of the most interesting selection of products. Pampa Corral’s wool pieces, by the Argentinean designer Lucia G-Ollataguere, were a big highlight. She created big, boho-style coats with details in thread that added a rustic appearance to an otherwise elegant and contemporary garment. With an interesting strategy to change his mannequin at each hour, the Madrid-raised designer Freddy Gaviria stood out with his kimono-like outfits that were almost theatrical, but quite seductive on account of his


pelo fato de todas as bolsas e roupas vendidas poderem ser viradas do avesso para se transformarem num novo acessório. Super ecotech! A moda praia da Maagi também se destacou no pavilhão branco e confirma o gosto da mulher colombiana por biquínis que contenham uma mistura eclética de tecidos e texturas. Assim como a Agua Bendita, nessa marca não existe biquíni simples ou monocromático e a combinação de diferentes estampas é a regra. No pavilhão Amarelo e na Zona Urbana se concentraram grandes marcas de jeans. Uma observação curiosa é que boa parte do setor de jeanswear é dominada por marcas que se propõem a fazer o jeans estilo “Gang” que enaltece (e muito!) as formas femininas da mulher latina. Das marcas mais criativas e interessantes desse segmento merece destaque a Chianti. Tendo o “niño indigena de la moda” Pedro Pablo Pacheco como estilista, os jeans da Chianti são absolutamente criativos na colocação de recortes, detalhes de costura e ferragens. Uma versão masculina (sem ser tão apertada!) desse conceito é a marca colombiana Kink. Especializada em jeanswear, a Kink não economiza em lavagens marcantes e detalhes de ferragens muito criativos. A No Project, pertencente ao grupo Pilatos (que possui licença para distribuir marcas como Diesel, Custo Barcelona, Kipling, Marithé François Girbaud), apresentou lavagens bacanas como o dip dye em cores diversas e um acid wash com sombras de estamparia de onça que muitos moderninhos de São Paulo adorariam ter em seus armários. Além disso, a No Project apresentou uma linha de t-shirts e moletons com estampas gráficas muito irônicas e urbanas. Na contramão do excesso de estampas e lavagens está a Color Siete, uma das poucas empresas de jeans na feira que apostam numa lavagem vintage clássica, num estilo relaxado acompanhado por blusas com muito stone wash. Este ano a Colombiamoda deu um grande destaque à joalheria. Nesse segmento, a marca de Juana Rodríguez chama atenção pelas peças em prata com camadas intercambiáveis que garantem diversas combinações. Trabalhos que remetem à cultura local também se destacam nesse setor, e a marca de joalheria Liturgia é uma das poucas que trabalham a joalheria contemporânea usando a técnica de filigrana, que parece um rendado com diferentes formatos. Para o olhar estrangeiro é impossível não ficar impressionado com as peças produzidas por cooperativas como a ACT (Associação Comunitária para o Trabalho), que vende bolsas e acessórios feitos com técnicas indígenas e tradicionais da Colômbia. Contudo, vale ressaltar que os produtos conectados com referências locais ou com mais características regionais ainda são minoria, e boa parte da feira é dedicada a produtos de moda com conceitos já massificados. Talvez fosse importante, nesse momento de crescimento e fortalecimento da Colombiamoda, um olhar mais cuidadoso na seleção de expositores que realmente tenham uma conexão com a macrotendência ecotech tão anunciada pela Inexmoda. Como mostrou Ronaldo Fraga em seu desfile tão aclamado, buscar a riqueza da cultura latina é um caminho básico para se diferenciar no mercado global e finalmente descobrir (ou começar a perceber) a essência da moda na América Latina.

use of noble fabrics and the carefulness of the apparel. The accessories were also a big highlight of this showroom, and the very colorful and light pieces of designer Affonso Mendonça are perfect for hot, summer days. The Peruvian brand Puro Corazón participated in the fair for the first time and got the public’s attention with its pieces that contrasted rustic with modern. Created by Jean Edouard, from Belgium, and his wife Carolina Restrepo, the brand works with a fusion of handmade craftsmanship, modern materials and contemporary design. Puro Corazón already sells to clients in Dubai, Japan and Spain. Reversika takes a more urban route and stands out by making all of its purses and clothes wearable from both sides, so that the piece can be transformed into a whole different accessory. Very ecotech! Maagi, a beachwear brand, also drew attention in the white showroom and confirmed the Colombian woman’s taste on eclectic fabrics in bikinis. Just like Agua Bendita, this brand never makes a simple or monochromatic bikini and the combination of different prints is compulsory. The Yellow showroom and the Urban Zone brought together the biggest jeans labels. A curious observation is that a great part of the jeanswear segment is dominated by brands that use the “Gang” jeans style, that is, low rise jeans that really value the Latino woman’s feminine figure. One of the most creative and interesting brands is Chianti. By having the “niño indigena de la moda”, Pedro Pablo Pacheco, as one of the main designers, the Chiante jeans are absolutely creative when it comes to the cut and the details of the sewing. The male version (without being so tight!) of this concept is the Colombian brand Kink. Specialized in jeanswear, Kink always comes up with interesting washes and great use of accessories. The No Project, which belongs to the Pilatos group (and has a license to distribute brands like Diesel, Custo Barcelona, Kipling, Marithé François Girbaud) showcased cool jeans in a colorful dip dye and an acid wash shaded with a leopard-print that the hip kids in São Paulo would love to have in their wardrobes. Besides that, the No Project presented a t-shirt and sweatshirt line with ironic and urban graphic prints. On the other hand, Color Siete steered away from the excess of prints and was one of the few companies at the fair that presented classic, vintage jeans along with stone washed t-shirts. This year, the Colombiamoda focused a lot on jewelry. Juana Rodriguez drew attention in this segment for her jewels made from silver in interchangeable layers, so that they can be arranged in a variety of combinations. Pieces that use the local culture as reference were also a big highlight and Liturgia is one of the few brands that make contemporary jewelry using the filigrana technique, which looks like lace in different formats. The pieces made by organizations like the ACT – Community Labor Association – which sells purses and accessories made with indigenous techniques from Colombian natives are very impressive to foreigners! However, products based on local references and other regional characteristics are still the minority, and most of the fair is dedicated to fashion products with well-known concepts. Perhaps it is important, now that Colombiamoda is growing and becoming stronger, that a more careful look is given in the selection of exhibitors in order to make room for products with a real connection with ecotech, the macro tendency ever so announced by Inexmoda. Ronaldo Fraga proved in his fashion show that to search for the richness of Latin American culture is a basic way to stand out in the global market and finally discover (or start to realize) the essence of fashion in Latin America.’

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ARTIGO POR DIOGO SCANDOLARA THE ORIGINALS OS ORIGINAIS Originality is something that is just as complicated to define as what is (and what’s not) original. The term is related to what’s new and authentic, and it is a quality searched by many people, especially the creative minds of various markets. We try to be original in the way we behave, dress and communicate; we try to be original at work, in our friendships, in our relationships and even in bed (which can give reason for complaints from both girls and guys). However, this search has accompanied us for a long time, since ancient civilizations even. The Egyptian tried to be original in their artwork and manifestations in order to please the gods; the Greek were unique and original in the way the viewed the world, through their art and philosophy, just as the Romans were with their ideas about urbanism, society and so many other manifestations. In the Renaissance, the concept of originality was related to greatness; painters like Botticelli, Da Vinci and others were known as geniuses who had an evolved form of intuition – they were special, rare individuals that carried original ideas naturally, whereas others spent a lifetime searching for them. Then, with the Industrial Revolution, originality was related to the new forms of production; and with the Capitalist System, which put profit in the center of attention, being original meant having good ideas to earn more money. Now, with computer technology and the web, communication without borders has considerably amplified this perspective. So who defines what or who is original? Today this concept has become completely deluded and superficial. If you happen to type the term “original” on Google, 1,2 billion (!) results show up. Bars, stores, churches, services, brands, everything is original. Even in the Bible, sin is original. That’s why today many people define themselves as original and try insistently to show off, which automatically puts them in a new group – the “original” tribe that loves to do the same exact things together; and consequently lose their originality. The more they struggle to make themselves noticeable, the less original they become and the more copies they make; which is exactly how clichés emerge. And there’s nothing more cliché than cliché ideas (and there are millions of those around). Many people label themselves as “original” and forget that this tag has a direct relation with rupture, with seeing things differently. It has to do with being objective, with what we build as we develop and go through life experiences and through our relationships. In other words, you are what you culturally consume: if you feed only on the superficial, it is likely that that is what you’ll reproduce. There seems to be a demand on showing others just how original we are, and this search for positive affirmation makes us so connected and dependent on one another that, in the process of proving just how unique we are, we forget to be original. Original means breaking patterns, rules, and questioning what has already been chewed on and is ready to be swallowed. It is to have new ideas in simple things. It is the attempt to avoid what has already been done, that annoys, upsets and bores us. Run away from the same, because there is nothing less original than the lack of originality.

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Originalidade é algo tão complicado quanto a própria definição do que é, ou não, original. É algo relacionado ao novo, ao autêntico, buscado insistentemente por muitos, em especial por criativos de diversos mercados. Ser original é algo tão cobiçado que nos esforçamos para isso a todo momento, mesmo que de forma inconsciente. Tentamos ser originais quando nos comportamos, nos vestimos e quando falamos; tentamos ser originais no trabalho, nas amizades, nos relacionamentos e na cama (inclusive, eis aí a queixa de muitos e muitas). Porém, esta é uma busca que nos acompanha há muito, desde os povos antigos. Os egípcios buscavam a originalidade em suas obras e manifestações, na esperança de agradar aos inúmeros deuses; os gregos foram únicos e originais com sua forma de perceber o mundo através da arte e da filosofia, assim como os romanos com suas ideias sobre urbanismo, sociedade e tantas outras expressões. No Renascimento, o conceito de originalidade estava relacionado com genialidade; pintores como Botticelli, Da Vinci e outros eram tidos como gênios portadores de uma forma desenvolvida de intuição, uma pessoa rara, diferente e com capacidade de ter naturalmente ideias originais, o que outras pessoas só poderiam conseguir divagando. Depois, com a Revolução Industrial, o original esteve relacionado com as novas formas de produção; e com o surgimento do capitalismo os ganhos colocaram-se no foco da questão, onde original eram ideias para se conseguir lucrar mais. Agora com a informática e a web, a comunicação sem fronteiras ampliou consideravelmente tal perspectiva. Portanto, quem define o que é ou quem são os originais? Hoje este conceito está completamente diluído e supérfluo. Para você ter uma ideia, ao digitar “original” no Google, aparecem 1,2 bilhão (!) de termos encontrados. Bares, lojas, igrejas, serviços, marcas das mais diversas, tudo é original. Até na Bíblia o pecado é original. Por isso, hoje muitos se definem como originais e tentam insistentemente ganhar destaque, mas esquecem que muitas vezes esta busca os coloca dentro de outro grupo, a tribo dos “originais”, que adoram fazer tudo igual, e consequentemente perdem a originalidade. Estes, quanto mais se esforçam para aparecer, menos originais tornam-se e mais cópias fazem; eis então que surgem os clichês. E nada mais clichê do que ideias clichês (e elas existem aos montes, expulsando toda a originalidade). Muitos rotulam-se como originais, mas esquecem que isso tem relação direta com ruptura, com ver as coisas de forma diferente. Tem a ver com subjetividade, com aquilo que vamos construindo na medida em que nos desenvolvemos e vivenciamos as experiências da vida através de relações afetivas e comportamentais. Ou seja, você é aquilo que consome culturalmente: ao se “alimentar” somente de superficialidades, a probabilidade de reproduzir isso por aí é imensa. Como esta demanda muitas vezes está ligada com a busca pela confirmação de alguém que lhe afirme e que lhe diga se você é ou não original, neste momento podemos estar tão dependentes e atrelados aos outros que deixamos de ser originais na medida em que fazemos isso para mostrar o quanto podemos. Original é fugir dos padrões, quebrar regras e questionar o que já está mastigado e pronto para ser engolido. É ver ideias novas, nas coisas simples. É buscar evitar o mesmo, que chateia, aborrece e entedia. Fuja dele, porque nada é menos original que a falta de originalidade.


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BRANDILI FAMILY

They invest in products for all social classes and produce more than 14 million pieces a year. A textile industry with DNA from Santa Catarina and global ideas.

Em Santa Catarina, uma das principais características da indústria têxtil é que há várias empresas comandadas por famílias. É a tradição que impera, onde os laços familiares seguram as rédeas de grandes empresas do setor. Os casos de sucesso desse tipo de gestão são inúmeros, e entre eles escolhemos uma empresa que se expandiu ao status de grupo em 2009 e agrega não só artigos de vestuários, mas transporte de cargas e até polímeros de polietileno. Acompanhe a entrevista com Jorge Brandes, diretor do Grupo Empresarial Brandili, de Apiúna (SC). Catarina: A história da Brandili é pontuada por esforço e marcas reconhecidas no mercado. Quando nasceu a ideia de formar um “grupo”? JORGE BRANDES: Sentimos a necessidade de formar um grupo pela necessidade de organizar melhor o nosso negócio, até por conta do perfil empreendedor de nossa equipe, que transformou, pouco a pouco, a fabricante de malhas e confecção em um projeto muito maior. Acreditamos que a implementação de tendências e os projetos de expansão são as maiores provas de que somos movidos a inovação e empreendedorismo. C.: Santa Catarina é um estado onde as empresas particularmente são formadas por famílias. Como a gestão familiar da Brandili auxilia no gerenciamento? j.b.: Acreditamos que a estrutura familiar é um dos fatores mais positivos de nossa gestão. Nos sentimos orgulhosos por tudo o que foi construído por nossos pais e queremos, junto com as próximas gerações, fazer essa empresa ficar ainda mais produtiva. Esse nosso amor pela Brandili é tamanho que não aceitamos apenas dar con-

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In Santa Catarina, one of the main characteristics of the textile industry is that there are many companies run by family members. It is a strong tradition, in which the families hold the reins of the greatest companies in the segment. There are innumerous success cases in this type of management and we chose a company that has expanded to a Group in 2009 and aggregates not only clothing but also freight and even polyethylene polymers. We interviewed Jorge Brandes, the director of the Brandili Business Group, from Apiúna (SC). Catarina: The history of Brandili is marked by effort and wellknown brands in the market. When did you feel the need to form a “Group”? JORGE BRANDES: We felt the need to form our group because we needed to organize our business better, especially with the innovative spirit of our team, which slowly transformed our clothing manufacturer into a much bigger project. We believe that the implementation of tendencies and the expansion projects are the biggest proof that we innovate and have a great entrepreneur spirit. C.: Santa Catarina is a state where most companies are formed by family members. How does Brandili’s family management interfere in the administration? J.B.: We believe that our family structure is one of the most positive factors of our management. We feel proud of everything that was built by our parents and we want to, along with the next generations, make this company become even more productive. Our love for Brandili is so big that we don’t just want to continue on with what has been created – we want to see this project grow day by day. It is with that feeling and with the ripening of new platforms and plans that


tinuidade ao que foi criado – queremos ver esse projeto crescer a cada dia. É com esse sentimento e o amadurecimento de novas plataformas e planos, que lançamos nesse ano o Grupo Empresarial Brandili, que vai além da produção de roupas, foco inicial da empresa, e alcança segmentos novos, como o de logística, plásticos, química e muitas outras coisas que estão por vir. C.: Qual o objetivo de inserir a marca Chupa Chups no País e qual a estratégia que o grupo, como gestor, assumirá, visto que não é uma marca criada pela empresa? J.B.: Desde o início a Brandili Têxtil se preocupou em trazer novidades para o público infantil. De olho nas tendências apontadas no exterior, principalmente na Europa, nos deparamos com a Chupa Chups. Além de colorida, irreverente e inovadora, a marca apresenta muitas semelhanças com o perfil da empresa, sobretudo por privilegiar a questão do conforto e do life style mais descolado. Dessa forma, estivemos em contato com os detentores da marca e os licenciadores do Brasil e fechamos um acordo, no qual as peças da coleção Chupa Chups seguiriam as orientações de uso da marca, mas seriam desenvolvidas por nossa equipe de estilistas e designers, com base no perfil da garotada brasileira. C.: O nosso estado é observado como um estado fabricante e com poucas atuações na área autoral. Como a Brandili vê essa questão e o que tem feito para reverter esse quadro? J.B.: Na Brandili somos responsáveis por todo o projeto de design e estilo das peças comercializadas. Inclusive, para atender também as

we launched the Brandili Business Group. It will take us beyond the production of clothes (the initial focus of the company) to reach new segments, like logistics, plastics, chemistry and many other things that are coming. C.: What is the objective to insert the brand Chupa Chups in this country and what strategies will the Group take on, since it is not a brand created by the company? J.B.: From the beginning, the Brandili Têxtil brought new things to the juvenile public. We are always alert when it comes to trends abroad, especially in Europe, and so we came across Chupa Chups. It is a colorful, fun and innovative brand that presents many similarities to our company profile, which includes combining comfort with a hip lifestyle. So we were in touch with the licensors of the brand in Brazil and were able to close a deal, in which the pieces of the Chupa Chups collection will follow the orientations of the brand as it uses our team of stylists and designers, who will base the clothes on the profile of Brazilian kids. C.: Our state is known for fabrication, with few authorial performances. How does Brandili face this question and what has it done to revert this picture? J.B.: In Brandili we are responsible for the design and style of the commercial pieces. In fact, in order for us to focus on lower economical classes in parallel to our other projects, we invested in the creation of special lines with the main trends of the moment, like mangas and cars and fashiondolls, with our own characters and prints. This way, without the royalty costs that ultimately raise the price of the final product, the brand can bring to the market current and modern pieces that fit the desires of kids

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ENTREVISTA classes C e D, paralelamente aos outros projetos, a empresa investiu na criação de linhas especiais com as principais tendências do momento, como mangás, carros e fashiondolls, com personagens e estampas próprias. Dessa forma, sem os custos de royalties, que acabam por elevar o preço final dos produtos, a marca consegue levar ao mercado peças atuais, modernas e de acordo com os desejos de consumo das crianças, a um preço muito mais competitivo. Além disso, a marca tem parceria com profissionais e estúdios da região, responsáveis pela criação de estampas diferenciadas. C.: A competição com produtos de outros países assola o mercado têxtil em vários níveis. Desde a produção de fios até modelagens e novos produtos são elaborados no exterior e comercializados no País. A Brandili, como uma marca catarinense, apoia e estimula a produção brasileira de que forma? J.B.: A Brandili apoia a produção brasileira ao oferecer mais de 1.300 empregos na região. Além disso, das mais de 300 peças desenvolvidas a cada coleção, apenas 5% são importadas. Entre as principais características do grupo está o primor pela qualidade em tudo o que é fabricado ou em cada serviço oferecido, a atenção da nossa equipe para antecipar novidades e tendências para os seus mercados e, claro, a ousadia e empreendedorismo para pensar sempre adiante, em novos e maiores projetos. C.: Nos últimos meses vivemos momentos de dúvida, com crises em vários setores da economia. Como a Brandili se posicionou nesses momentos e como se manteve estável diante das dificuldades? J.B.: Acreditamos que os momentos de crise podem ser aproveitados de forma oportuna. Logicamente são revistos todos os gastos e, sempre que possível, enxugamos as despesas com supérfluos. No entanto, achamos, sim, que certos investimentos devem ser continuados. Dessa forma, nos destacamos em períodos nos quais o mercado está retraído. Com isso, continuamos implementando novos projetos, trazendo novas marcas e desenvolvendo novas ações de marketing e comunicação para nos aproximar e fidelizar nossos públicos. C.: A internet é um campo vasto e em ampla ascensão. De que forma o grupo mantém sua atuação na web? J.B.: Temos investido pesadamente em ações nesse tipo de mídia. Não queremos ter um monólogo com nosso público. Nosso site possui diversas propostas interativas e ações promocionais periódicas. Além disso, para algumas marcas, como é o caso da Extreme Days, desenvolvemos um site especial, com blogs, concursos e promoções dedicados ao seu público-alvo. Ainda com relação à internet, vale destacar um recente case de sucesso, que foi a realização da campanha Fã-Clube Brandili, na qual os pais, junto com seus filhos, montavam fã-clubes das crianças, que contavam com a inserção de depoimentos, fotos, vídeos e vinculação de fãs. Com essa ação, em apenas três meses registramos quase 3 milhões de acessos e mais de 17 mil fã-clubes.

at a very competitive price. Besides that, the brand has a partnership with professionals and studios in our region that are responsible for the creation of different stamps. C.: The competition with products from other companies haunts the textile market in many different levels. From the thread production to the fittings and new products… everything is made abroad and commercialized here. How does Brandili, as a brand from Santa Catarina, support and stimulate Brazilian production? J.B.: Brandili supports the production by offering more than 1300 jobs in our region. Besides that, we develop over 300 pieces in each collection and only 5% of them are imported. Among the main characteristics of the Group are the care for quality in everything we manufacture and in every service we offer, the attention our staff gives to anticipate news and trends for our markets and, of course, audacity and management skills to always think ahead, in new and bigger projects. C.: We’ve experienced moments of economical doubt with the crisis in various segments over the last few months. How did Brandili position itself in these moments and how did it maintain stable during such difficulties? J.B.: We believe that we can use the moments of crisis to our advantage. All our expenses are reviewed, obviously, and we try to cut off expenses with things that aren’t important. However we think that certain investments should not be interrupted. That way we stand out in periods when the market retracts. With that, we continue to implement new projects to bring new brands and to develop new marketing and communication efforts that will take us even closer to our public. C.: The internet is a vast field that is always growing. How does the group use the web? J.B.: We have invested heavily in efforts for that specific media. We don’t want to have a monologue with our public. Our website has many interactive proposals and periodic sales. Besides that, we develop a special site for some brands, like Extreme Days, with a blogs, contests and sales dedicated to that target group. A recent success case on-line was the Brandili Fan Club campaign, in which parents and their kids could make up a fan club for the children, with testimonials, pictures, movies. With this action, in only three months we registered almost 3 million accesses and over 17,000 different fan clubs.


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MÚSICA

POR Camila Beaumord

Paul Banks Interpol Aposto que você conhece Allen Stewart Koninsberg, Carlos Irwin Estevez e Ehrich Weiss. Não? E se eu disser que o primeiro é um conceituado diretor de cinema, o segundo é a estrela de um dos seriados mais vistos nos últimos anos e o terceiro é um ilustre mágico? Pois bem, estes são os nomes verdadeiros de Woody Allen, Charlie Sheen e Harry Houdini, apenas alguns exemplos de pseudônimos na indústria do entretenimento. No mundo da música, o uso de nomes artísticos se dá por diferentes razões. David Jones mudou seu sobrenome para Bowie para evitar comparações com o vocalista da banda americana The Monkeys, Davy Jones. Brian Warner, por sua vez, escolheu um pseudônimo que causaria impacto. Uniu o nome de sua atriz predileta, Marilyn Monroe (screen name de Norma Jean Baker, por sinal), e um temido serial killer da década de 1960. Assim nasceu Marilyn Manson, o polêmico cantor americano. Bono Vox, Pink e Joss Stone apostaram em nomes mais curtos, abandonando Paul Hewson, Alecia Moore e Joscelyn Eve Stoker, respectivamente. O assunto de hoje, no entanto, é sobre um artista específico, cujo mistério em torno de seu projeto musical causou burburinho

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Julian Plenti I bet you know Allen Stewart Koninsberg, Carlos Irwin Estevez and Ehrich Weiss. You don’t? What if I told you that the first one is a renowned movie director, the second one is the star of one of the most popular sitcoms of the last few years and the last one is a notorious magician? That’s right; these are the true names of Woody Allen, Charlie Sheen and Harry Houdini and are only some examples of pseudonyms in the entertainment industry. In the music world, artists adopt screen names for different reasons. David Jones changed his last name to Bowie in order to avoid comparisons with the Monkee’s lead singer, Davy Jones. Brian Warner chose a


na internet este ano. Paul Banks, vocalista da banda nova-iorquina Interpol, lançou no dia 4 de agosto seu primeiro disco solo. Até aí tudo bem. A confusão foi em torno da aparição de seu alter ego nesse projeto. Em vez de se apropriar da fama conquistada como líder de seu grupo, Banks assina seu álbum como Julian Plenti. Não contou com grandes investimentos publicitários para seu lançamento, pelo contrário – um simples teaser na internet com uma foto do cantor sentado em um sofá, na frente de um banner contendo o nome do disco, foi a única divulgação. Críticos musicais e fãs reconheceram o músico, mesmo vestido de forma diferente de quando se apresenta com o Interpol e usando óculos de grau, e os pontos de interrogação começaram a brotar. O que seria Julian Plenti is... skyscraper? Ah, o título do disco. Certo. Mas qual foi o motivo da mudança de nome? Por que se desassociar do Interpol? Notas na Billboard e na NME não foram muito esclarecedoras, apenas comentaram que Banks já utilizava o codinome para assinar composições da banda e em apresentações pré-Interpol. As faixas do disco foram liberadas aos poucos no site oficial de Julian (o qual continha o teaser). As peças do quebra-cabeça, então, começaram a se encaixar. Julian Plenti is... skyscraper mostra um lado muito mais adulto e introspectivo de Banks. Fãs do Interpol podem se perguntar como isso é possível. Acreditem: é. Os arranjos mais experimentais e o uso de sintetizadores permitem que as músicas fujam do padrão “banda-de-rock” e migram para um lado mais alternativo e pessoal. As letras, compostas ao longo de dez anos, ilustram os pensamentos de seu autor em poucas palavras, diferente da maioria que aparece nos álbuns do Interpol. Julian pode produzir um álbum completamente diferente dos de Paul, mas ainda há semelhanças que criam um elo entre as duas fases do artista. O clima sombrio característico da banda permanece. A voz melancólica de Banks/Plenti é inconfundível e não deixa o ouvinte esquecer que esse “cara com dois nomes” estreou para o grande público como frontman do Interpol. Por fim, a qualidade do trabalho é impecável, pois Julian é tão dedicado à sua arte quanto Paul. Destaque especial para as faixas Fun That We Have, disponível no site desde maio, e Skyscraper. Grande parte dos músicos hoje não utiliza um pseudônimo quando participa de projetos paralelos a suas bandas. Alex Turner, Jarvis Cocker, Graham Coxon, todos integrantes dos Strokes, assinam seus próprios nomes em parcerias e discos solo. Paul Banks resolveu ser diferente. E não pelos motivos dos artistas citados no começo desta matéria. Paul Banks não buscava impacto, nem um nome mais curto, e sim dar vida a um lado de sua personalidade oculta do grande público. Banks é como o Super-Homem, que voa pelas paradas de sucesso em todo o mundo. Plenti é Clark Kent, o tímido (mas não menos importante) alter ego do herói. Há dez anos conhecido apenas como uma “identidade secreta”, já estava na hora de Julian Plenti aparecer no radar e alcançar os arranha-céus. Mas fãs do Interpol, não se preocupem! Julian logo removerá os óculos de grau e voltará a ser Paul Banks no álbum do Interpol conseguinte de Our love to admire.

pseudonym to cause impact: he combined the names of his favorite actress Marilyn Monroe (screen name of Norma Jean Baker, by the way) and a feared serial killer form the 60’s. That’s how Marilyn Manson, the controversial American singer, was born. Bono Vox, Pink and Joss Stone all went with shorter names, leaving behind Paul Hewson, Alecia Moore and Joscelyn Eve Stoker. Today’s subject, however, is about a specific artist and the mystery around his musical project that caused a lot of buzz on the Internet this year. Paul Banks, lead singer of the New York band Interpol, launched his first solo album on August 4. So far so good. Yet there seemed to be some confusion regarding the sudden appearance of his alter-ego in this project. Instead of making use of his fame as Interpol’s front man, Banks signed his debut record as Julian Plenti. He didn’t count with big publicity stunts – quite the contrary, a simple teaser with a picture of the musician sitting on a red couch in front of a banner that had the album’s title on it was the only form of advertisement. Musical critics and fans recognized artist, even though he looked differently then when he appears alongside his band mates and was wearing glasses, and the question marks started to pop. What was Julian Plenti is... skyscraper? Oh, right, it’s the title of the record. But why did he change his name? Why was he shedding away from Interpol? Releases on Billboard and NME weren’t very helpful and only commented that he had used this codename before to sign songs for the band and in pre-Interpol performances. The album’s tracks were released one at a time at Julian’s official website (the one with the teaser). The pieces of the puzzle started coming together then. Julian Plenti is... skyscraper shows a more adult and introspective side of Banks. Interpol fans are probably asking themselves how that’s possible. Trust me, it is. The experimental arrangements and the use of synthesizers allow the songs to get away from that “rock band” pattern and take a more alternative and personal route. The lyrics, written during the last ten years, illustrate the author’s thoughts in a few words, differently than the ones on Interpol records. Julian may be able to produce a completely different album than Paul’s, but there are still some similarities that link together the two phases of the artist. The characteristic somber mood remains. Bank’s/Plenti’s melancholic voice is unmistakable and never let’s the listener forget that this “guy with two names” started out as Interpol’s front man. Finally, the quality of the work is impeccable, since Julian is just as dedicated to his art as Paul. Some great songs are Fun That We Have, available on the site since May, and Skyscraper. Most musicians today don’t use a pseudonym when they work on parallel projects. Alex Turner, Jarvis Cocker, Graham Coxon, and the guys from The Strokes all sign their own names in special appearances and solo albums. Paul Banks decided to be different. And not for the same reason as the artists mentioned in the beginning of this article. Paul Banks wasn’t looking for impact or a shorter name; he wanted to make his hidden personality come to life. Banks is like Superman, who flies straight to the top of the charts. Plenti is Clark Kent, his shy (but just as important) alter-ego. After ten years being on the sidelines as a “secret identity”, it was about time for Julian Plenti to show up and reach for the stars (or the skyscrapers). But don’t worry, Interpol fans! Julian will soon remove his glasses and come back as Paul Banks on Interpol’s fourth album.

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MÚSICA

POR Camila Beaumord

MÁQUINA DE TALENTO TALENT MACHINE

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Originalidade no pop não é tarefa fácil. Após três décadas da coroação do príncipe Michael (R.I.P.), encontrar um nicho que ainda não foi explorado pela indústria fonográfica é, no mínimo, desafiador. As meninas do pop, em especial, pareciam se acomodar com as regras preestabelecidas para “música boa”: ofereciam ora boas letras, ora arranjos agradáveis, ora vocais poderosos, ora uma mistura com algum outro gênero musical (hip hop sendo o mais popular), ora danças elétricas no palco. Já estava na hora de alguém combinar todos esses elementos e ainda trazer um toque especial para seu trabalho. Em 2009, esse alguém veio com nome: a britânica Florence Welch é a resposta para as preces de milhões de ouvintes entediados. Conhecidos como Florence and the Machine, a ruiva e sua banda explodiram no cenário londrino ao abrir shows de bandas indie como The Lock Tavern, Blue Flowers e Filthy Few. Seu CD de estreia, Lungs, saiu em julho deste ano, mas canções demo já circulavam pela internet havia meses. Florence era a aposta da maioria dos críticosblogueiros e não desapontou: em quatro dias Lungs conquistou a certificação “gold”, isto é, vendeu mais de 500 mil cópias. E não podia ter sido diferente, pois Florence combina todos (todos!) aqueles elementos citados antes. Sua voz é forte, poderosa, e consegue transmitir diferentes sentimentos nas músicas, oscilando entre alegria, raiva, paixão e desespero. Suas letras são íntimas e bem escritas, os arranjos são deliciosos (graças a uma excelente equipe de produção) e sua presença de palco é sem igual. Como se Florence Welch não fosse o suficiente, a banda The Machine é um componente essencial para a beleza de Lungs, principalmente o músico Tom Monger e sua melodiosa harpa. Florence and the Machine conta com uma vasta lista de influências. A mãe da vocalista era fã ávida de R.E.M., The Smiths, Soft Machine e a banda feminina The Go-go. Seu pai, por sua vez, foi quem a apresentou ao Velvet Underground e The Incredible String Band. Em sua adolescência Florence ouvia Nirvana, Green Day e White Stripes, e participou de uma “coletiva musical” punk do colégio intitulada The

Toxic Cockroaches (ou As Baratas Tóxicas). Uma gota de todas essas bandas aparece nas canções da inglesa. A colaboração do renomado compositor Devonte Hynes também é um forte complemento. Hynes, mais conhecido como Lightspeed Champion, já trabalhou com grande parte do cenário musical britânico, inclusive The Chemical Brothers e We Are Scientists. A criatividade de Florence vai além de seu tempo no estúdio e nos palcos. Fascinada pelo pintor Andrea Mantegna, toda a arte gráfica do álbum remete à Renascença (o visual de seu site oficial, sua página no portal MySpace, seu blog e os cenários de seus videoclipes seguem a mesma linha). Florence garantiu que Lungs fosse disponibilizado em diferentes versões: CD, mp3 (pelo iTunes), vinil, e ainda um box-set exclusivo com uma carta da cantora escrita à mão incluída. Este último é uma edição limitada e produzida em diferentes materiais; quem compra pode escolher recebê-lo em uma embalagem de couro, camurça ou lã. Todo esse esforço faz com que Florence seja mais que uma vocalista ou performer, e sim uma artista completa. Não é surpresa alguma, portanto, que Florence and the Machine esteja na lista dos indicados ao Mercury Prize de 2009, competindo com Bat For Lashes, Friendly Fires, The Horrors, entre outros. Esta premiação é restrita a artistas britânicos e irlandeses, e já destacou bandas renomadas como Portishead, Pulp, Franz Ferdinand e Klaxons. Lungs é um concorrente forte, pois agrada do começo ao fim. A primeira faixa, Dog Days Are Over, dita o rumo do disco com entusiasmo e otimismo, ao encorajar o ouvinte a apreciar os bons momentos da vida. Já a divertida Kiss With a Fist brinca com a ideia de um relacionamento desvairado. You’ve Got The Love descreve com doçura um sentimento nada fácil de ilustrar – amor. E encerra o álbum com chave de ouro. Florence and the Machine conquistou em tempo recorde tanto a crítica quanto o público. O mérito é quase absoluto de sua estonteante front-woman, que colocou não só seu coração na obra, mas também seus pulmões. Lungs é um álbum leve, divertido e nada convencional. A ruiva que agitou a Inglaterra já está pronta para conquistar o mundo.


Florence and the Machine conquistou em tempo recorde tanto a crítica quanto o público. O mérito é quase absoluto de sua estonteante front-woman, que pôs não só seu coração na obra, mas também seus pulmões.

Photo Kristianyeomans

Florence and the Machine thrilled critics and the public in record time. That merit goes to its stunning front woman, who put her heart (and lungs!) into the project.

Originality in pop music isn’t an easy task. Three decades of the crowing of King Michael (R.I.P.), to find a niche that hasn’t yet been explored by the music industry is quite a challenge. The girls of pop in particular seem to cling to pre-established rules of “good music”. They offer either nice lyrics, or fun arrangements, or powerful vocals, or a mix with a different genre (hip hop is the most popular), or electric dances on stage. It’s about time for someone to combine all these elements and still bring something special to their work. In 2009, that someone came along: British sensation Florence Welch is the answer to the prayers of millions of bored eardrums. Known as Florence and the Machine, the redhead and her band exploded in the London scene as they were the opening act for indie groups like The Lock Tavern, Blue Flowers and Filthy Few. Her debut album, Lungs, came out in July, but demo songs were already circling the Internet for months. Florence was the bet of most blogger/critics and didn’t let them down: in four days Lungs was certified Gold, which means that over 500,000 copies were sold. And the results couldn’t have been any different because Florence uses every one of those elements mentioned here before. Her voice is strong, fierce, and can transmit different emotions in her songs, like joy, anger, passion and despair. Her lyrics are intimate and well-written, the arrangements are delightful (on account of an excellent production team) and her stage presence is enchanting. To top it all, the band The Machine is an essential component to the beauty of Lungs, especially Tom Monger and his melodious harp. Florence Welch has a wide list of musical influences. Her mother was an avid fan of de R.E.M., The Smiths, Soft Machine and The Gogos. Her dad introduced her to the Velvet Underground and The Incredible String Band. As a teenager Florence listened to Nirvana, Green Day and the White Stripes, and participated in a high

school punk musical collective called The Toxic Cockroaches. All these bands appear a little bit in Florence’s songs. The collaboration of the renowned songwriter Devonte Hynes also plays a big part on the album. Hynes, popularly know as Lightspeed Champion, has worked with a large portion of the British music scene, including the Chemical Brothers and We Are Scientists. Florence’s creativity goes beyond her time in the studio and on stage. Due to her fascination of the painter Andrea Mantegna, the graphic design of the album has clear Renaissance references (her official website, her MySpace page, her blog and the scenery of her music videos are all in the same style). Lungs is available in many different versions: CD, mp3 (via iTunes), vinyl and an exclusive box-set with a hand-written letter from Florence. The box-set is a limited edition and it is available in a leather, suede and wool. All of this makes Florence a complete artist, and not just a singer or performer. So it should come as no surprise that Florence and the Machine is on the list of nominees for the 2009 Mercury Prize, competing against Bat For Lashes, Friendly Fires, The Horrors and others. The competition is limited to British and Irish musicians, and has highlighted important bands like Portishead, Pulp, Franz Ferdinand and Klaxons. Lungs is a strong competitor because it pleases from start to finish. The first track, Dog Days are Over, sets the mood of the album with enthusiasm and optimism, as it encourages us all to appreciate good moments in life. Kiss With a Fist plays with the idea of a crazy relationship. You’ve Got The Love sweetly describes a feeling not so easy to illustrate – love. And it wraps up the record beautifully. Florence and the Machine thrilled critics and the public in record time. That merit goes to its stunning front woman, who put her heart (and lungs!) into the project. Lungs is a light, fun and unconventional album. The redhead who rocked England is ready to take over the world.

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ENTREVISTA

POR VIKRAM ALEXEI KANSARA

RUTH HOGBEN Filmes de moda digitais têm ganhado bastante ímpeto nas últimas estações. Usando som e movimento para comunicar a moda de uma forma emocionante, relativamente barata e facilmente distribuída, este formato tem sido adotado tanto para editoriais online quanto para apresentações em semanas de moda. Mas é importante lembrar que novos formatos são apenas bem-sucedidos quando contam com editores e estilistas talentosos que abraçam o projeto com sua criatividade. No último ano, devido aos seus dois grandes trabalhos para Gareth Pugh, a londrina Ruth Hogben emergiu como uma das mais influentes e impetuosas cineastas de moda na atualidade. Ela ajudou a perpetuar este gênero pioneiro enquanto trabalhava para Nick Knight entre 2005 e fevereiro de 2009, quando atuava como sua assistente fotográfica e editora de seus projetos em vídeo para o SHOWstudio. Seu terceiro grande filme – um curta para a esperada coleção Topshop de Christopher Kane – tem lançamento previsto para a London Fashion Week. Encontramos com Ruth recentemente para conversar sobre suas primeiras experimentações em filmes, sobre o poder de som e movimento, sobre o balanço entre o conceito e as roupas, sobre a importância da internet e sobre suas expectativas para o futuro dos “fashion films”. BoF: Vamos começar pelo início. Quando você começou a experimentar com filmes de moda? No comecinho do meu trabalho com Nick Knight eu passei uns dois dias transcrevendo timecodes para um projeto do SHOWstudio. Ele se chamava Editing Fashion (Editando Moda) e era basicamente umas oito horas de filmagem enviadas para diferentes editores. Tinha um editor de filmes pornô, um de documentários de natureza, um diretor de Hollywood. Isso abriu meus olhos e

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LONDON, United Kingdom — Digital fashion film has gained real momentum over the last couple of seasons. Using sound and movement to communicate fashion in a way that’s emotionally charged, cost-effective and easily distributed, the format has been adopted for online editorial and fashion week presentations alike. But it’s important to remember that new formats are only as successful as the image-makers and stylists who embrace and sustain them with their creativity. Over the last year, on the strength of two breakthrough films for Gareth Pugh, London-based Ruth Hogben has emerged as one of the most influential and passionate young filmmakers working in fashion film today. It’s a genre she helped to pioneer while assisting Nick Knight between 2005 and February 2009, both as his first photographic assistant and editor of his fashion film projects for SHOWstudio. With her third major film — a short for Christopher Kane’s highly anticipated new Topshop collection — due to launch during London Fashion Week, BoF recently caught up with Ruth to talk about her first experiments in film, the power of sound and movement, balancing concept with clothes, the importance of the internet, and her hopes for the future of fashion film. BoF: Let’s start at the beginning. When did you first start experimenting with fashion film? At the very beginning of my work with Nick Knight, I spent about two days writing down timecodes for a project on SHOWstudio. It was called Editing Fashion and it was basically about 8 hours of footage sent out to different editors. There was a porn editor, a wildlife editor, a Hollywood director. It just opened my eyes and I thought: “This is such an exciting medium!”. Nick used to film everything for copyright reasons and for his archives. And one day, I picked up a video camera and started filming beside him. The very first film I made was called Beasting. It was with Simon Foxton and John Galliano’s A/W ‘07 menswear collection. I had half a day with an editor, teaching me how to use Final Cut Pro, and


eu pensei: “Este é um meio tão emocionante!”. Nick filmava tudo por questões de direitos autorais e para seus arquivos. Aí um dia eu peguei a filmadora e comecei a gravar ao lado dele. O primeiro filme que fiz foi um chamado “Beasting”. Foi com o Simon Foxton e a coleção masculina A/W ’07 de John Galliano. Eu tive meio dia de aula com um editor para aprender a usar o Final Cut Pro, e desde então tenho aprendido e tentando abraçar meus erros. Comecei querendo mexer com fotografia, mas depois de dois anos eu me dei conta de que passei todas as minhas tardes e fins de semana gravando e editando filmes. BoF: Como você trocou seu rumo e parou de documentar ensaios fotográficos para fazer seus próprios filmes? Acho que eu estava frustrada e cansada de gravar ao lado das tomadas do Nick, pois assim nunca alguém olha para o que a sua lente captura e sim o que está ao lado dela. Mas a gente fez o show do Hussein Chalayan há umas quatro ou cinco temporadas e fizemos também coisas para o Bernhard Willhelm. Na época tudo parecia bem emocionante e a gente estava aprendendo bastante. A gente fez muita coisa no SHOWstudio, como 24 com YSL. Mas a primeira vez que eu senti que já entendia o suficiente sobre o meio foi quando eu fiz os filmes para Gareth Pugh. “Insensate” foi um filme que eu fiz com o Nick em um ensaio da Dazed & Confused com o Gareth. Quando eu comecei a pensar sobre filmes de moda com mais seriedade, a única coisa na minha cabeça eram as roupas de Gareth. BoF: Seus filmes para o Gareth são estonteantes. “Insensate”, que você mencionou, acompanhou a capa da Dazed & Confused, e o seu segundo filme foi exibido durante a apresentação em Paris da coleção Outono/Inverno 2009 de Gareth. Qual é a diferença entre criar um filme para um editorial e um para uma apresentação em uma semana de moda? A pressão é bem diferente! Eu passei três meses fazendo “Insensate”, enquanto passei cinco dias fazendo a apresentação. A diferen-

I’ve just been working at it and trying to embrace my mistakes ever since. I started out wanting to do photography, but at the end of two years, I realized I’d been spending every single evening and all weekend shooting and editing films. BoF: How did you move from documenting photo shoots to making your own films? I guess I was always frustrated shooting on the side of Nick’s shot because you don’t get somebody looking down your lens, they’re always looking at the side of the lens. But we did Hussein Chalayan’s show about four or five seasons ago, and we did something for Bernhard Willhelm. It all felt really exciting at the time and we were learning quite a lot. We did lots of stuff on SHOWstudio like 24 with YSL. But the first time I felt that I was actually able to understand the medium properly was when I did the films for Gareth Pugh. “Insensate“ was a film that I made with Nick on a Dazed & Confused shoot with Gareth. When I first started thinking seriously about fashion film, the only thing in my head was Gareth’s clothes. BoF: Your films for Gareth are stunning. “Insensate,” as you mentioned, accompanied the cover shoot for Dazed & Confused’s October 2008 issue, while your second film screened during his Autumn/Winter 2009 presentation in Paris. What’s the difference between creating a film for editorial and a film for a fashion week presentation? The pressure is very different! I spent about three months on the “Insensate” film, while I spent five days on the presentation. You have to wait until the clothes are ready, so I shot it in a day and edited it in four days. The difference is the adrenaline and the pressure, like “I’ve got to get this finished and there’s going to be Suzy Menkes watching this and hating that it’s a film!”. That’s the thing you’re up against. You’re removing your audience from the clothing. Unless the clothes have dimension like Gareth’s that let you use film to your advantage. You wouldn’t have been able to see that balloon ladybird coat as well on the catwalk. It worked really well on film. But to show a film is not easy. The journalists and the editors and the stylists, they all want to see the movement, the textures, the colours. So I think it was quite brave of Gareth.

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ENTREVISTA ça está na adrenalina e na pressão, tipo: “Eu tenho que terminar logo e ainda por cima a Suzy Menkes estará assistindo e odiando o fato de ser um vídeo!”. É isso que você tem que enfrentar. Você estará removendo a plateia da roupa. A não ser que os trajes tenham uma dimensão como os de Gareth, que permitem o uso do filme e lucram com isso. Seria difícil mostrar aquele casaco estilo balão na passarela. Mas no filme funcionou muito bem. Mostrar um filme não é fácil. Os jornalistas e editores e estilistas, todos querem ver o movimento, as texturas, as cores. Então acho isso bastante corajoso da parte de Gareth. BoF: Mas deve ser difícil capturar detalhes e texturas. Quais são os desafios de comunicar roupas através de filmes? Quando começo a fazer um filme, ele é sempre guiado pelas roupas. Como você disse, o desafio está nas texturas e em fazer o movimento certo na roupa certa. Se você tem algo bem duro e sólido na sua frente, você tem que fazer um movimento e uma direção completamente diferentes do que você faria se estivesse diante de um vestido transparente. É como na fotografia de moda, tudo tem que ser guiado pela forma, movimento, estilo, e pela mulher usando a roupa. BoF: Alguns filmes de moda são como fotos em movimento que focam bastante nas roupas, enquanto outros são mais narrativos e se preocupam em comunicar um conceito ou estado de espírito mais abstrato. Qual desses estilos você acha mais bem- sucedido? Eu acho que os filmes mais bem sucedidos, assim como as melhores fotos, são aqueles que vêm do coração de seu criador e são apaixonados e compreensíveis. Filme é uma mídia muito ampla. Mas eu gosto da ideia de um filme de moda ser como uma foto, mas com movimento.Você pode ter um filme que tenha uma história e palavras, porém eu gosto que ele seja mais sobre as roupas e os movimentos. Mas é difícil saber. Quem sabe um dia vou querer trabalhar com roteiros! BoF: Qual é o impacto das filmagens de movimento e som em sua abordagem no casting? Você já considerou usar dançarinos ou algum outro tipo de artista em vez de modelos? Se fosse a escolha certa para a roupa ou filme, sim. Mas se eu posso trabalhar com alguém como Lily Donaldson ou outra grande modelo, com suas mãos e pés e braços e pernas: é uma elegância do começo ao fim. Quando você vê a Lily do lado de um ensaio da Vogue, quando ela não está posando para fotos, ela é absolutamente incrível. É uma performance completa. Se você tem uma grande modelo, os movimentos entre as posições é o que você usará no filme, e ele será primoroso. Eu acho que filmes de moda são muito emocionantes para jovens modelos, porque esta geração é a mais conectada à internet e procura roupas on-line e entendem que fotos apenas não bastam. Elas compartilham coisas no Twitter e no YouTube. Então é emocionante quando elas compreendem que um ensaio é uma só parte de uma grande mídia.

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BoF: It must be quite difficult capturing detail and texture. What are the challenges of communicating clothing on film? When I start to do a film, it’s always led by the clothes. As you say, the challenge is textures and making the right movement for the right piece of clothing. If you’ve got something really strong and solid in front of you then it’s got to be a very different movement and direction to what you’d do if you have a see-through dress. Just like a fashion photograph, everything is led by shape, movement, style and the woman inside the dress. BoF: Some fashion films are more like moving photos that really focus on the clothes, while others are more narrative and focus on communicating a more abstract concept or mood. Where on the spectrum do you think fashion films are most successful? I think the most successful films, just like the most successful photographs, are the ones that are from someone’s heart and are passionate and understanding. Film is such a vast medium. But for me, I like the idea of a fashion film being like a picture, but moving. You can have a film that has a story and words. But I like the idea of it being more about the clothes and more about the motion. But it’s quite hard to know. One day I might want to do scripts! BoF: How does shooting movement and sound impact your approach to casting? Have you ever considered using dancers or other types of performers instead of models? If it was right for the clothes and the film. But if you get to work with someone like Lily Donaldson or one of the other great models, their hands and feet and legs and arms: it’s elegance from start to finish. When you’re watching Lily on the side of a Vogue shoot, when she’s not in front of the camera for stills, she’s just absolutely incredible. It’s complete performance. If you’ve got a great model, the movement in between positions is what you use for the film and it’s going to be exquisite. I think fashion films are really exciting for the new young models, because they’re the generation that are on the internet and are looking at clothes online and it’s not just stills anymore. They’re the ones sharing stuff on Twitter and YouTube. So it’s exciting for them to know that their shoot is part of a whole new fresh medium. BoF: Of course, moving images have been around since the late 19thcentury. What do you think makes “fashion film” a new medium? What role has the internet played in its development? There’s been a lot of experimentation over the years. There are loads of experimental films by fashion photographers like Guy Bourdin. But he didn’t really have a platform. Basically in the past, companies haven’t been able to afford to put these types of films on cinema screens or they


BoF: Mas é claro, imagens em movimento existem desde o final do século 19. O que você acha que faz dos “fashion films” uma nova mídia? Qual é o papel da Internet em seu desenvolvimento? Tem tido muita experimentação no decorrer dos anos. Existem vários filmes experimentais feitos por fotógrafos de moda como o Guy Bourdin. Mas ele não tinha bem uma plataforma. Basicamente, no passado, as empresas não tinham como pagar para pôr esses tipos de filme no cinema ou nem sempre tinham dinheiro para propagandas na TV. Mas agora, devido à internet e lugares como o SHOWstudio e Style.com, existe uma plataforma. Net-a-Porter sempre exibe filmes agora! Todo mundo está se dando conta de que não precisam necessariamente trabalhar com imagens paradas e as pessoas estão percebendo como isso é poderoso. BoF: As pessoas às vezes traçam um paralelo entre filmes de moda e clipes de música. Você acha que pode existir uma mistura ou um crossover entre os dois? A diferença é que o que deveria guiar um clipe de música são as letras e a música e o ritmo, enquanto o guia de um filme de moda são as roupas. Não sei se eu gostaria que os dois gêneros se misturassem. Eu gosto de pensar que os filmes de moda são fortes o suficiente para não parecerem com um clipe ou qualquer outra coisa que não seja seu próprio gênero. Eu também acho muito importante que quem estiver filmando ou editando um “fashion film” entenda o que uma saia-lápis significa para uma mulher ou o que uma meia de tornozelo pode comunicar. Todas essas pequenas coisas. BoF: Qual é o futuro dos filmes de moda, tanto no seu trabalho quanto como uma mídia? Eu acho que estamos ainda aprendendo como se faz um bom filme de moda e o que isso significa. Eu gasto grande parte do meu tempo e energia fazendo “fashion films”. Então eu espero que o meio desabroche em seu próprio nicho de mercado. Se você faz um filme de oito minutos, então alguém realmente tem que estar interessado naquilo. Não é tão imediato como uma fotografia que você digere em dois ou quatro segundos. Mas se for feito corretamente, a comunicação do filme pode ser bem poderosa. Eu gostaria de fazer meus filmes sobre a igualdade e mulheres sendo poderosas e inteligentes, e não sempre aquela coisa sensual. Você coloca movimento e música em algo que tem tantas facetas e camadas que o que você quer transmitir com ele tem que ser bastante profundo. Tem que ter bastante profundeza. Você pode dizer tanto mais em 30 segundos do que em um único frame...

haven’t always been able to afford TV advertising. But now, because of the internet and because of places like SHOWstudio and Style.com, there’s a platform. Net-a-Porter are playing films now! Everybody’s just sort of realizing that it doesn’t have to be still and I think people are realizing how incredibly powerful that is. BoF: People sometimes draw parallels between fashion films and music videos. Do you think there is potential for crossover between the two? The difference is, what should lead a music video is the lyrics and the music and the beat, while the lead for a fashion film is the clothes. I’m not sure I’d like it if the genres ever crossed. I’d like to think that fashion film is strong enough not to look like music video, and not to look like anything else but it’s own genre. I also think it’s really important that whoever is filming or editing a fashion film actually understands what a pencil skirt means to a woman, or what ankle socks communicate. All those little things. BoF: What is the future of fashion film, for your work and as a medium? I think everybody is still learning how to make a good fashion film and what it means to make a fashion film. I’m spending all my time and energy making fashion films. So I hope as a medium it blossoms into its own niche in the market. If you’re making an 8 minute film, then somebody’s actually got to be quite interested. It’s not as immediate as a photograph you can digest in 2.4 seconds. But if it’s made the right way, the communication can be really powerful. I’d like to make my films about equality and women being powerful and intelligent and not always just being sexual. You put movement and music to something and it’s got so many different facets and layers to it, that what you’re saying almost has to be deeper. It’s got more depth to it. You can say so much more with 30 seconds than you can in a single frame. Vikram Alexei Kansara is a digital strategist and writer based in New York. Matters signed by the English portal “The Business of Fashion”, the content partner Catherine. To read more, go to: http://www.businessoffashion.com/

Vikram Alexei Kansara é um estrategista digital e escritor baseado em Nova York. Matéria assinada pelo portal inglês “The Business of Fashion”, parceiro de conteúdo da Catarina. Para ler mais, acesse: http://www.businessoffashion.com/

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real life Fotos enviadas direto das redes de relacionamento virtuais para um editorial impresso. Mais uma vez, a Catarina abre espaço para pessoas de diferentes lugares do mundo, dos mais diversos estilos, para mostrar múltiplas maneiras de ver e pensar a moda. PICTURES, SENT STRAIGHT FROM VIRTUAL RELATIONSHIP NETWORKS, FOR A PRINTED EDITORIAL. ONCE MORE, CATARINA OPENS SPACE FOR PEOPLE FROM DIFFERENT PLACES OF THE WORLD, WITH THE MOST DIFFERENT STYLES, TO SHOW THE MULTIPLE WAYS TO SEE, AND THINK ABOUT FASHION.


Rebecka Bjurmell, 17 anos, Suécia Eu amo qualquer coisa que envolva criatividade. Pintar, dançar, escrever, tocar piano, costurar e, é claro, vestir-se. Amo porque acredito ser a melhor forma de expressar o que estamos sentindo. Além disso, amo meus amigos, encontrar roupas antigas no armário da minha mãe e passear com meu cachorro. Gosto de coisas únicas, pessoas únicas e por isso acredito tanto na criatividade, porque é algo que você faz sozinho e que ninguém ou pelo menos poucas pessoas farão igual a você. No futuro me vejo sendo uma fotógrafa de sucesso, morando em Paris ou Tóquio. Todo dia, quando acordo, faço planos que eu sei que não vou realizar – não todos pelo menos. Penso em cortar meu cabelo, troco de roupa muitas vezes e fico me perguntando por que meu quarto é tão bagunçado.

Rebecka Bjurmell, 17 years old, Sweden I love everything that involves creativity. Painting, dancing, writing, playing piano, sewing and, of course, dressing up. I love it because it is the best way to express what we’re feeling. Besides that, I love my friends, finding old clothes in my mother’s closet and taking my dog out for walks. I like things that are unique, unique people and that’s why I believe so much in creativity, because it’s something you do by yourself and no one, or at least very few people, will do it the same way. In the future I see myself becoming a successful photographer, living in Paris or Tokyo. Every day when I wake up I make plans that I know I’ll never get around to – not all of them anyway. I think about getting a haircut, changing clothes many times and I wonder why my bedroom is so messy.


Ayla Eichler, 18 anos, Estados Unidos Eu moro em um subúrbio de Los Angeles, CA. Espero conseguir estudar Psicologia para no futuro abrir um consultório e ensinar as pessoas como usar a arte em forma de terapia. A moda para mim é uma extensão do que somos. Gosto de transformar os aspectos da vida em arte e a moda é o jeito mais fácil de se fazer isso. Decido o que vou usar de acordo com o meu humor e com as inspirações que estou tendo no momento. Acredito também que a moda é uma forma de escape da vida real para algumas pessoas, assim como o cinema e a literatura. Se eu pudesse escolher ser alguém no mundo da moda provavelmente escolheria a Dita Von Teese, o porquê eu não sei, só acho ela fantástica. Se tivesse a oportunidade de conhecer alguém que não está mais vivo, com certeza seria o Oscar Wylde. Nunca pensei em ter um estilista favorito, acho complicado, já que gosto de tantos. Mas um que eu gostaria de conversar e ouvir é o Jean Paul Gaultier. Eu definitivamente não viveria sem o YouTube, acho também que a minha vida seria muito triste se o site desaparecesse. Para começar bem meu dia, preciso só tomar um bom café. Meu futuro é um pouco incerto, espero voltar para o meu país de origem – a Alemanha. Se eu tivesse a oportunidade de mudar alguma coisa no mundo, seria a educação mundial e a falta de florestas e natureza nas grandes cidades.

Ayla Eichler, 18 years old, United States I live in suburb in Los Angeles, CA. I want to study psychology so I can open my own office and teach people how to use art as a form of therapy, in the future. Fashion to me is an extension of what we are. I like to transform aspects of life in art and the easiest way to do that is through fashion. I decide what to wear according to my mood and to the inspiration I have at the moment. I also believe that fashion is a way of escaping from real life to some people, like movies and literature. If I could choose to be anyone in the fashion world I would probably pick Dita Von Tease. I don’t know why, exactly, I just think she’s fantastic. If I had the opportunity to meet someone that is no longer alive, I’d choose Oscar Wilde for sure. I never thought about having a favorite designer, I think it’s complicated since I like so many. But I would like to talk and listen to Jean Paul Gaultier. I definitely can’t live with YouTube, I think my life would be very sad if it disappeared. To start my day off well, all I need is a good cup of coffee. My future is a bit uncertain; I hope to go back to my home country, Germany. If I could change anything in the world, it would be education around the globe and the lack of forests and nature in big cities.


Zane Purmaliete, 19 anos, República da Latvia Meu estilista favorito é o Gareth Pugh. Se eu tivesse a oportunidade de dizer algo para ele provavelmente seria: “Por favor, posso ter todas as suas criações?” Se fosse para escolher alguém que já morreu, com certeza seria o Jim Morrison, porque as músicas do The Doors influenciaram muito a minha vida. Não fico planejando meu futuro, gosto e espero que ele seja repleto de surpresas, boas é claro!

Zane Purmaliete, 19 years old, Republic of Latvia My favorite stylist is Gareth Pugh. If I had the opportunity to say something to him it would probably be, “Please, may I have all your creations?” If I had to pick someone that is already dead, it would definitely be Jim Morrison, because The Doors’ music influenced my life very much. I don’t plan out my future; I just hope that it is full of surprises. Good ones of course!


Madeleine Lundmark, 19 anos, Suécia Eu vejo a moda como uma das melhores expressões artísticas, porque você não precisa ir a um museu para ver, ela está em todos os lugares à nossa volta. Ela é na verdade um grande espelho que reflete o que está acontecendo no mundo. Para mim a moda não é apenas a roupa, mas é também a arte, a música, a arquitetura, tudo o que muda e que as pessoas criam. Penso que todo mundo morre, e não são todos os que sabem viver. Então a única coisa que eu espero da vida é viver e o resto é o que acontece enquanto estamos vivendo. Gostaria de viajar muito, conhecer outras cidades e viver culturas diferentes. Poder trabalhar e me apaixonar por vários lugares. É isso que eu quero da minha vida!

Madeleine Lundmark, 19 years old, Sweden I see fashion as one of the best artistic expressions, because you don’t have to go to a museum to see it – it’s all around us. It is actually a big mirror that reflects what’s happening in the world. To me fashion is not just clothing, but also art, music, architecture, everything that changes and that people create. I think that everyone dies and not everyone knows how to live. So the only think I expect from life is to live and the rest is what happens when we’re living. I’d like to travel a lot, to see new cities and experience different cultures. I’d like to work and fall in love with different places. That’s what I want from life!


Pascal Grob, 20 anos, Suíça Meu sonho é ser reconhecido como um bom fotógrafo de moda. Eu amo ver pessoas bem vestidas, isso me deixa mais feliz, e por isso a moda virou algo natural na minha vida e junto à fotografia – que já era importante – virou paixão. Assim juntei os dois e decidi o que queria ser no futuro. Mas diferente de algumas pessoas, eu não imagino o universo da moda algo glamuroso e não julgo ninguém pela forma como ela se veste. Acredito que as roupas são um complemento da sua personalidade e por isso elas completam as pessoas, somam a elas e não as dominam.

Pascal Grob, 20 years old, Switzerland My dream is to be recognized as a good fashion photographer. I love seeing well dressed people, it makes me happy and that’s why fashion became something so natural in my life. Along with photography, which was already important, fashion became my passion. So I put the two together and decided what I wanted to be in the future. But unlike some people, I don’t imagine the fashion universe as someplace glamorous, and I don’t judge anybody by the way they dress. I believe that clothes are a complement of your personality and so they complement people; they add to them, not dominate them.


Andrea Torres, 24 anos, Amsterdã Eu nasci e morei no México quase toda a minha vida. Há seis anos me mudei para Montreal e agora vivo em Amsterdã. Sou stylist, estilista e adoro escrever sobre moda, por isso tenho o meu próprio blog – StyleScrapbook.com. Comecei a escrever nele só por brincadeira, era alguma coisa divertida para fazer, e depois de algum tempo o blog acabou virando meu segundo emprego. Eu verdadeiramente acredito que moda deveria ser uma obra de arte que podemos vestir. Dê uma olhada na última coleção da Balmain e me fale se aquilo não é arte! E digo isso porque eu acredito que a moda toma uma grande parte na vida das pessoas também. É com as roupas que mudamos a opinião das pessoas, que emitimos nosso humor, quem somos e o que fazemos. Todos nós temos um envolvimento com as roupas, afinal todos nós nos vestimos. Mas a forma como as colocamos é o que nos torna diferentes uns dos outros.

Andrea Torres, 24 years old, Amsterdam I was born and lived in Mexico almost my whole life. Six years ago I moved to Montreal and now I live in Amsterdam. I’m a stylist and I love to write about fashion, that’s why I have my own blog StyleScrapbook. com. I started writing on it as a joke, it was something fun to do, but after a while the blog became my second job. I really believe that fashion should be considered a work of art that we can wear. Take a look at the last BALMAIN collection and tell me that’s not art! I say this because I believe that fashion is a big part of life and people too. It’s through clothing that we change people’s opinion, that we express our mood, who we are and what we do. We all have an involvement with our clothes, after all we dress ourselves. But the way we put them on is what makes us different from each other.

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CULTURA POR RICARDO OLIVEIROS

UM HOMEM NO FIM DO TÚNEL

The man at the end of the tunnel Todas as atenções e flashes estavam merecidamente voltados para o estilista, professor e pesquisador Mario Queiroz no lançamento do seu livro “Herói desmascarado, a imagem do homem na moda”, no dia 13 de agosto, na Livraria Cultura, em São Paulo. Na ocasião, a Catarina conversou com Kathia Castilho, editora de moda da Estação das Letras e Cores, e Lula Rodrigues, jornalista e consultor de moda masculina, autor da “orelha” da obra. Nesta entrevista, eles revelaram muito mais do que o envolvimento profissional natural num processo de edição de um livro. O carinho e a admiração deles em relação ao autor ficam claros em cada resposta dada. Para quem trabalha com moda no Brasil, apesar de todos os avanços que o setor vem conquistando a cada

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All the attention and flashes were rightfully focused on stylist, professor and researcher Mario Queiroz at his book launching ceremony for “Herói Desmascarado, a imagem do homem da moda”, (or “The Unmasked Hero, the image of the men in fashion”) that took place on August 13, at the Cultura Bookstore in São Paulo. On that occasion, Catarina talked to Kathia Castilho, fashion editor of Estação das Letras e Cores, and Lula Rodrigues, fashion consultant and journalist, who also wrote the book flap. In this interview, they revealed a lot more than their professional involvement in the editing process of the book. The warmth and admiration they feel towards the author is clear with each answer. For those who work with fashion in Brazil, despite all the industry’s accomplishments with each article of clothing, there’s still a lot to be done. Lula summarizes that


roupa, ainda temos muito a fazer. Lula sintetiza isso muito bem no texto que escreveu: “Para escrever sobre o homem, sua moda, seus modos, seus trajes, suas imagens e fantasias, no Brasil, o autor tem que ser, ‘antes de tudo, um forte’, assim como o sertanejo, descrito no livro ‘Os sertões’, de Euclides da Cunha. Criar roupas para este homem contemporâneo, tratar dele como assunto acadêmico, tentar decifrálo em sala de aula, e fazer disso o seu ganha-pão, aqui no Brasil, também é trabalho para um forte.” Kathia Castilho é uma das fundadoras da Estação das Letras e Cores, é socióloga, especialista em design de moda pela Academia Koefia de Roma. Fez Mestrado e Doutorado em Comunicação e Semiótica (PUC-SP). É pesquisadora e professora do programa de Mestrado em Design da Universidade Anhembi Morumbi – SP, onde coordena o grupo de estudos e pesquisas em “Corpo, Moda e Consumo”. Catarina: Como foi o processo para a edição do livro “Herói desmascarado, a imagem do homem na moda”, de Mario Queiroz? KATHIA CASTILHO: Conheço o Mario há muito tempo. Trabalhamos na mesma instituição, frequentamos o mesmo programa de estudos em Semiótica. Sempre aprendi muito com sua vivência e experiência criativa. Fiquei muito feliz em ter a possibilidade de trabalhar com ele na edição do livro. Acompanhei parte do desenvolvimento da dissertação, conheço e admiro muito a linha teórica com a qual ele desenvolveu suas análises (Semiótica da Cultura com o professor Norval Baitello) e participei entusiasmadamente de cada etapa do processo de pesquisa, já que o tema me interessa muito também como pesquisadora. De outro lado, quem conhece o Mario sabe que é uma pessoa generosa, curiosa, parceira, cheio de histórias pra contar. Um grande profissional, amigo, professor e agora também pesquisador. O clima foi de muita parceria, colaboração e alegria. C.: Houve alguma adaptação na redação final, já que se trata de uma dissertação de mestrado? K. C.: Não quisemos em momento algum tirar a característica da pesquisa, do acadêmico. Aliás, acho maravilhoso encontrar o Mario na SPFW, na sala de aula e em ambientes de pesquisa acadêmica. É essencial para a revisão do processo criativo encontrar novas propostas de leituras do mundo, de estabelecimento de relações e reflexões com os alunos. Muda muita coisa, e o Mario aponta muito bem tais mudanças hoje em seu processo criativo. A Estação das Letras e Cores tem como missão justamente pensar e refletir a moda – estamos muito voltados ao público acadêmico, alunos, professores, pesquisadores. Além disso, o Mario escreve muito bem. Tem graduação em Jornalismo, o que já de partida apresentava um texto muito gostoso de ler. C.: Quais os pontos que você destaca na análise feita pelo estilista sobre o papel dos editoriais na construção da imagem do homem contemporâneo?

very well with this text: “In order to write about men, their fashion, their ways, their outfits, their images and fantasies, the author must be ‘above all, a fortress’, like the village people described in Euclides da Cunha’s ‘Rebellion in the backlands’. To create clothes for a contemporary man, to treat him as an academic subject, to attempt to unravel him in a classroom and to earn a living with it, here in Brazil, takes someone as strong as a fortress.” Kathia Castilho is one of the founders of Estação das Letras e Cores publishing house. She is a sociologist, with a degree on fashion design by the Koefia Academy in Rome, a Master’s and Doctor’s degree in Communication a Semiotics by PUC-SP. Castilho is a researcher and professor of Design at Anhembi Morumbi University in São Paulo, where she coordinates a research study group in “Body, Fashion and Consumersim.” Catarina: What was the editing process for “Herói Desmascarado, A imagem do homem na moda”, by Mario Queiroz? KATHIA CASTILHO: I’ve known Mario a long time. We worked together in the same institution and we participated in the same Semiotics study program. I’ve always learned a lot from his history and creative experiences, so I was very happy to work with him in the editing process of the book. I followed part of the development of his dissertation; I know and admire the theoretical line of which he based his analysis on (Cultural Semiotics, with Professor Norval Baitello) and I enthusiastically participated in each step of the research process, especially since the theme really interests me as a researcher. Also, if you get to know Mario, you’ll find that he is a generous, curious and loving person, with a whole bunch of stories to tell. He is a great professional, a great friend, a great teacher and now a great researcher. The whole mood was of real partnership, collaboration and joy. C.: Were there any adaptations in the final draft, since the book was based on a Master’s dissertation? K. C.: We didn’t want to remove that academic characteristic. In fact, I think it’s wonderful to meet with Mario at SPFW, in the classroom and in academic research environments. It’s essential for the reviewing part of the creative process to find new proposals and new world views, and to establish good relationships with students and reflect issues with them. It changes a lot and Mario points out the changes in his creative process very well. The Estaçao das Letras e Cores has a mission to think and reflect about fashion, so we’re very focused on the academic public, like students, teachers and researchers. Besides, Mario is an excellent writer. He has a degree in journalism, so he presents great reading material. C.: What points would you highlight in his analysis about the role of editorials in the image construction of contemporary men? K. C.: I think it’s important to think about the media as a foundation in the way we see and create in our time, as a valuable relationship with the myths and hero-roles that are incorporated subjectively, and we should understand what these roles are and analyze them as articulated constructions of the behaviors today. C.: People are growing more interested in male fashion, but there are

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CULTURA K. C.: Acho importante pensar a mídia como constituição do olhar e criar o nosso tempo, valiosa a relação com os mitos e papéis de heróis que se incorporam subjetivamente, perceber quais são estes papéis e analisá-los como construções articuladoras de modelo de comportamento. C.: O interesse pela moda masculina vem crescendo, mas existem ainda poucas publicações nacionais sobre o assunto. O que a visão de Mario Queiroz acrescenta neste contexto? K. C.: É uma primeira publicação que se origina de uma metodologia acadêmica/científica realizada por quem investiga, trabalha e desenvolve moda masculina há muito tempo. É tempo de convivência, de pesquisa, de investigação, acompanhado por um excelente orientador. Certamente teremos muita continuidade no assunto pelo próprio processo de Doutoramento do Mario, como também alguns outros pesquisadores que se dedicam ao assunto. C.: Você pensa que é um livro que interessa somente a um público que está diretamente ligado ao mundo da moda ou ele é mais abrangente? K. C.: É muito mais abrangente. A questão é comportamental, antropológica, comunicacional, sociológica. Quem não gostaria de entender como estes heróis se constituem, quais são suas máscaras e poder desvendá-los? C.: A Estação das Letras e Cores, além da Revista dObra[s], está colocando no mercado várias publicações sobre as relações da moda com outras áreas do saber. Quais as próximas novidades? K. C.: “Moda Globalização e Novas Tecnologias”, da professora Suzana Avelar, foi lançado no dia 25 de agosto em São Paulo. “DNA Brasil”, organizado pelo Senai/Cetiqt, no dia 2 de setembro no Rio de Janeiro, e no dia 14 de setembro inauguramos uma coleção de guias de viagem em parceria com a Editora Memória Visual. São livros voltados para pesquisas focando moda, design e cultura. O primeiro é “Paris confidencial”, escrito e ilustrado por Sylvia Demetresco, que reside na cidade de Paris há 10 anos. Lula Rodrigues é jornalista, consultor de moda, pesquisador e blogueiro (http://oglobo.globo.com/blogs/lula). Ele batalha como poucos pelo reconhecimento da importância da moda masculina neste país. É uma profissão de fé, como ele sempre diz. Dono de um senso de humor invejável, cheio de histórias ótimas e um profundo conhecedor da trajetória de Mario Queiroz, ele é o autor da “orelha”, ou como ele brincou no lançamento, “do piercing do livro”. Catarina: No Brasil temos uma bibliografia de autores nacionais sobre moda ainda muito pequena. Como você vê a importância do livro de Mario Queiroz neste contexto? LULA RODRIGUES: O livro é ótimo pelo enfoque reflexivo que faz sobre o tema. Meu livro que está no forno – “Almanaque da moda masculina” – traça um panorama geral e histórico sobre as

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still very few national publications about the subject. How Mario Queiroz’s view complement in this context? K. C.: This is the first publication that originated from an academic/scientific methodology written by someone who has investigated, worked with and developed male fashion for a long time. It illustrates the acquaintanceship, the research, the investigation of a great guide. Certainly this subject will have a continuance, with Mario’s Doctoral thesis as well as other researchers dedicated to the subject. C.: Do you think this book will interest only people that are directly linked to the fashion world, or will it extend to a broader public? K. C.: Oh, it extends to a wide public. It talks about a behavioral, anthropologic, communicational and sociological issue. Who wouldn’t like to understand how these heroes are constructed? What masks do they wear and how can we unveil them? C.: The Estação das Letras e Cores, as well as the dObras magazine, are putting out many publications that discuss the link between fashion and other areas. What are some upcoming projects? K. C.: “Moda, Globalização e Novas Tecnologias” (“Fashion, Globalization and New Technology), by Professor Suzana Avelar, will be released on August 25, in São Paulo. “DNA Brasil”, organized by SENAI/ CETIQT will come out on September 02, in Rio de Janeiro and on September 14 we will launch a collection of travel guides with the Memória Visual publishing house. There will be research books focused on fashion, design and culture. The first on is “Paris Confidencial” (“Paris Confidential”), written and illustrated by Sylvia Demetresco, who has lived in Paris for 10 years. Lula Rodrigues is a journalist, fashion consultant, researcher and blogger (http://oglobo.globo.com/blogs/lula). He battles like no other for the recognition of the importance of male fashion in Brazil. “It’s a work of faith,” is what Rodrigues constantly repeats. With an incredible sense of humor, great stories and a profound knowledge of Mario Queiroz’s history, Lula wrote the book flap of “Herói Desmascarado, a imagem do homem da moda”, or as he playfully likes to call it, the book’s piercing. Catarina: In Brazil, we have a very small library of books by national authors about fashion. What is the importance of Mario Queiroz’s book in this context, in your opinion? LULA RODRIGUES: The book is great because it focuses on the subject in a reflective manner. My book, “Almanaque da Moda Masculina” (“The Almanac of Male Fashion”) is still in the oven, and it traces a general historic panorama on the relations between men and fashion. But Mario’s book talks about the image of men constructed by the media, using editorials of Arena magazine in particular, which is a great male magazine worldwide and source in inspiration for many other magazines of that kind. It’s important for young people that are just starting to work with fashion to have a book like this one. It is a great resource for us to use in fashion schools or even in our professional lives, because it offers an understanding of contemporary men.


relações entre o homem e a moda. Já o livro de Mario Queiroz faz um tratado da relação entre a imagem do homem construída pela mídia, usando especificamente os editoriais da revista Arena, que é uma das grandes revistas de moda masculina do mundo e fonte de inspiração para muitas revistas do gênero. É importante para a galera nova que está começando a trabalhar com moda ter um livro exemplar como este. Nas escolas de moda ou mesmo na vida profissional, é um norte preciso para quem quer entender o homem contemporâneo. C.: Se no campo da moda a bibliografia é restrita, moda masculina como assunto, então, nem se fala. O que a visão de Mario Queiroz acrescenta neste campo? L. R.: Mario conhece muito bem o mercado, já que ele é estilista. Esta sua visão acrescenta muito à sua análise acadêmica e isto é a ponta de um iceberg da construção de um conteúdo específico de moda feita por um autor nacional. A imagem do homem no Brasil é distorcida. Se temos uma imagem contemporânea de um homem numa revista, é logo tachada como roupa de ‘veado’. O que temos é uma imagem careta de homem bruto. O livro traça um panorama de como se constrói uma imagem. Este é o tipo de conhecimento importante para quem está pensando em romper com os padrões estabelecidos. Por exemplo, para Picasso pintar “Les Demoiselles d’Avignon”, em 1907, foi preciso passar por diversas fases antes desta desconstrução. Hoje em dia toda esta carga de informação que temos, esta suruba virtual saudável, tudo se constrói e se destrói muito rapidamente. É preciso elaborar conceitos antes de desconstruí-los. C.: O livro é o resultado do mestrado do estilista sobre a imagem do homem na moda. Quais os pontos que você destaca nesta análise? L. R.: O primeiro grande ponto é que ele não usa uma linguagem acadêmica fechada. A leitura flui fácil sem traços encardidos de algumas teses acadêmicas que são feitas para serem lidas por outros acadêmicos. Outra questão importante é usar as imagens dos editoriais da revista Arena. Ela foi criada em 1986 por Nick Logan e todos diziam que ela não ia durar mais do que um número. Aquela década foi marcada pela linguagem tanto The Face, criada pelo próprio Logan, e a I-D. Então, uma revista que se propunha a apresentar um homem sofisticado e que usava Issey Miyake, Rei Kawakubo e Yohji Yamamoto, foi duramente criticada. Vale lembrar que quando os japoneses foram desfilar em Paris nos anos 1980, a manchete nos jornais parisienses se referiam a eles jocosamente como a “Febre Amarela”. Mesmo as editoras de moda feminina se recusavam a ir ver os desfiles deles – então imagine uma revista masculina que se propõe a isto? Ela foi a pioneira em pensar editorialmente o lifestyle, e não apenas a moda. A análise de Mario Queiroz é sobre estas imagens que mexem com todos os arquétipos e muitos paradigmas ligados ao homem de hoje. Ou melhor, não é um Produto Interno Bruto. É Produto Interno Fino, que mostra que existe um homem no fim do túnel.

C.: If there are so few books about the subject published in the fashion field, you can imagine how little information there is about it in other areas! How does Mario Queiroz’s view complement the matter? L. R.: He knows the market very well, since he is a designer. So his vision adds a lot to his academic analysis, and that is the tip of the iceberg in the construction of a specific fashion content made by a national author. The image of men in Brazil is distorted. If we have a contemporary picture of a man in a magazine, it’s instantly labeled as “gay”. What we have is a conventional image of a tough guy. So the book explains how an image can be constructed, which is the kind of information one must have in order to break these pre-established patterns. For example, for Picasso to paint “Les Demoiselles d’Avignon” in 1907, there had to have been many different phases before his deconstruction. Today we have a big load of information, a healthy virtual orgy in which everything is built and destroyed very quickly. We need to establish concepts first, before we destroy them. C.: The book is a result of the stylist’s Masters on the image of men in fashion. What points of this analysis would you highlight? L. R.: The first key point is that he doesn’t use a restrictive, academic language. The reading flows easily, unlike some academic theses that were made to be read only by other academics. Another important feature is that he used the images of Arena editorials. The magazine was created in 1986 by Nick Logan and everyone said it wouldn’t last for more than one issue. That decade was marked by the language styles in The Face, created by Logan himself, and I-D. So a magazine that presented a sophisticated man who wore Issey Miyake, Rei Kawakubo and Yohji Yamamoto was heavily criticized. You should know that when the Japanese appeared on Parisian runways in the 80’s, all the newspaper headlines in Paris cruelly referred to them as the Yellow Fever. Even the female fashion editors refused to go see their shows, so can you imagine a male magazine that was entirely about the subject? It was a pioneer in editorially incorporating a lifestyle, and not just fashion. Mario Queiroz’s analyses are on these images that still mess with archetypes and paradigms of modern men. He shows us that there is indeed a man at the end of the tunnel.

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APOSTE POR SIDNEY TANCREDO negócios NO MUNDO REAL

O que é um problema para uma pessoa pode ser uma solução para outra.

BUSINESS IN REAL WORLD

What is a problem for one person may be a solution to another.

Em todo o processo industrial da fabricação do vestuário há saldos ou sobras. Sejam de tecidos, aviamentos e outros insumos, esses resíduos têm muito valor e podem ser aproveitados por outras indústrias. Com este foco, um grupo de empresários formou a BMT (Bolsa de Mercadorias Têxteis), um portal interativo na internet onde é possível negociar esses produtos de forma segura e controlada. O triunfo da ideia se baseia nos contatos, na demanda e na rede de relacionamentos criada a partir dos negócios. As sobras da indústria têxtil, comumente vendidas por comerciantes através do boca-a-boca, agora podem convergir para um único lugar onde o que vale é o preço e a qualidade, mas também serve como mediador e facilitador para o B2B. O funcionamento é simplificado e acessível, onde um industrial ou confeccionista cadastra seus produtos, de forma muito parecida aos portais de leilão na internet que se popularizaram nos anos 2000. Em seguida os usuários interessados escolhem os produtos que pretendem adquirir e iniciam a negociação. Há pelo menos três modelos de negócios, entre mercado fechado – onde nenhuma das partes tem conhecimento das identidades até a finalização do negócio, o aberto (quem vende pode expor seus dados de forma livre e explícita) – e o leilão, que se caracteriza pela venda de lotes específicos por preços determinados. Além desses saldos, é comum haver substituição de maquinário nas indústrias e esses equipamentos também têm seu espaço para negociação no site, bem como malhas, peças prontas e tudo o mais que as têxteis produzem. Em funcionamento desde maio deste ano, o site já começa a ser considerado uma referência, um verdadeiro avanço em um mercado acostumado a negociar preços e máquinas pessoalmente. Este é o ponto forte da ideia, que gera material para novos produtos e novas oportunidades de negócios. A internet possibilita essa interação e conecta comercialmente as diferentes pessoas que fazem parte da cadeia produtiva. O mercado catarinense, onde o site está sediado, tem aderido ao projeto com certos avanços. “De Santa Catarina temos muitos anunciantes, mas cerca de 80% dos produtos são comprados por outros estados”, afirma o gerente do site, Nilton Segata. O portal foi lançado em maio deste ano e registra um aumento cadenciado dos acessos de visitantes por fornecer um ambiente virtual para negócios. “Além do virtual, também mantemos um espaço físico, seja para o atendimento dos clientes quanto à estocagem de certos produtos, como um showroom”, comenta Segata. Para conhecer esta nova ferramenta acesse www.bolsatextil.com. br.

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There are always leftovers in the industrial process of making clothes. These residues (that can be parts of fabric, accessories or other materials) are quite valuable and can be reused by other industries. With that in mind, a group of business executives formed the BMT – Bolsa de Mercadorias Têxteis (or the Stock of Textile Merchandise), an interactive internet portal where it is possible to negotiate these products in a safe, controlled manner. The idea is a success due to the contacts, demand and relationship network that were made through business. The leftovers of the textile industry, which were usually retailed informally by tradesmen, can now be found in a single place with a control on price and quality, and that also serves as a mediator for B2B. The operation is simple and accessible. The clothing manufacturer registers the products in the same fashion as an Internet auction portal (e-Bay and such). After that, the interested users pick out products and the negotiation begins. There are at least three business models: closed market – in which none of the parties know the identities of the users until the end of the negotiation; open market – in which the seller can expose personal information about himself; and the auction – which is characterized by the sale of specific lots in predetermined prices. Besides those types of leftovers, it is very common to have industrial machinery replaced along the years. These equipments can also be negotiated at the site, as well as mesh, finished pieces and anything else that the company may have produced. The site started running in the middle of this year and is already a reference. Usually negotiations are done in person in this particular market, so the site is a real breakthrough that generates material for new products and new business opportunities. The internet allows this type of interaction and commercially connects different people that make up a productive chain. The market in Santa Catarina, where the site is based, has adhered to the project with specific advances. “We have a lot of advertisers from Santa Catarina, but 80% of our products are bought by other states,” affirms the site’s manager, Nilton Segata. The portal was launched in May 2009 and registers a numerous increase of visitor accesses, since it offers a virtual space for business. “Besides the virtual room, we also have a facility for meeting with clients and stocking certain products, kind of like a showroom,” Segata comments. You can find out more about this new tool by accessing www.bolsatextil.com.br.


Pós-graduação a distância em Negócios do Vestuário A especialização certa para quem deseja liderança no mercado da moda.

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Marketing Competitivo Presencial: 1h

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Gestão Financeira

EaD: 15h

Total 16h

Gestão de Produtos do Vestuário Presencial: 1h30 EaD: 22h30

EaD: 15h

Total 24h

Total 24h

Presencial: 2h

EaD: 22h

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Gerenciamento de Cadeia de Suprimentos Presencial: 2h

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EaD: 22h

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Relações Internacionais Presencial: 1h

Metodologia de Pesquisa Presencial: -

EaD: 24h

Consultoria em Vestuário Presencial: 2h

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Presencial: 2h

0800 48 1212

www.sc.senai.br

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Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Presencial: 2h

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Planejamento de Gestão Estratégica de Negócios EaD: 42h

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Metodologia de Ensino Superior (opcional) Presencial: -

INSCRIÇÕES ABERTAS Pós-graduação SENAI/SC. Formando quem decide.

EaD: 22h

Gestão de TI

Presencial: 2h

Sistemas de Produção Presencial: 2h

Módulo III

Estratégias de Negociação

Módulo II

Módulo I

O curso passo a passo

EaD: 60h

Total 60h



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