Ano XV JUNHO 2018 R$ 5,00
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QUEIMADA
NOVA FRONTEIRA ADORMECIDA
PISCICULTURA
Tocantins tem potencial para produzir em seus lagos, tanques escavados e barragens 900.000 ton/ano de peixes, mas produz apenas 15 mil; atrai interesses de investidores do setor de todo o Brasil e o mundo. Entretanto, a burocracia, a legislação ambiental e a falta de políticas públicas travam o seu desenvolvimento.
ENTREVISTA CARMINHA MISSIO: “CONTINUAMOS SOFRENDO OU MINIMIZAMOS O SOFRIMENTO POR MEIO DE PPPS”
TOCANTINS APRESENTA FORÇA-TAREFA PARA PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS
MISSÃO PISCISHOW
PISCICULTORES DO DF NO TOCANTINS: “ESTADO TEM AS MELHORES CONDIÇÕES DE CULTIVO”
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BALAIANO NEWS
As últimas notícias da agricultura empresarial e familiar no MATOPIBA
OPINIÃO
Fábio Pallaretti Calcini escreve: “Tributação do agronegócio: um campo a ser explorado pelo setor”
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ASCOM/SPRLEM
08/09
ASCOM/SPRLEM
06/07 ENTREVISTA A entrevista desta edição é com a produtora rural e presidente do Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães, Carminha Missio. Em pauta: política, agricultura, parcerias e sua candidatura a vice-presidente da Faeb.
DIVULGAÇÃO ASCOM/BFS
ARTIGO TÉCNICO
De Renata Hernandez Barros Fuchs e Márcia Fernandes Nishiyama: “Composição de lipídios da tilápia: vantagens em relação a outras carnes”
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A FORÇA DO AGRONEGÓCIOS
A maior feira de tecnologias para os agronegócios do Norte e Nordeste do Brasil superou a movimentação financeira do ano passado: quase R$ 2 bilhões
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DIVULGAÇÃO
Investidores já estão de saco cheio de ouvir falar em potencial do Tocantins. Eles querem é ter incentivo para investir e que o Estado não os atrapalhe.
DIVULGAÇÃO
CARTA DO EDITOR
ANAHYNY AQUINO
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SECOM/TO
Com potencial para produzir até 900 mil toneladas/ano de pescados, Tocantins ainda não ultrapassou as 15 mil. Faltam políticas públicas e leis mais flexíveis. Liberação da tilápia pode ser parcial. É hora de mudanças, de pisar no acelerador.
MISSÃO TÉCNICA PISCISHOW
Numa ação conjunta entre Sebrae-DF, Cerrado Rural Agronegócios e PISCISHOW e apoio do Governo do Tocantins e Embrapa, piscicultores do DF e Entorno visitam projetos de piscicultura no Tocantins.
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QUEIMADAS
Lançada nova força-tarefa para prevenção e combate a incêndios no Tocantins. Empreitada contará com 20 instituições, mais brigadistas e um VANT.
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ANAHYNY AQUINO E ANTÔNIO OLIVEIRA
CAPA
DIVULGAÇÃO
SUMÁRIO
FAÇA VOCÊ MESMO
Nesta coluna você vai aprender o passo a passo da montagem de uma agroindústria de rapadura.
26/27 JUNHO 2018 |
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CARTA DO EDITOR
De fazer do potencial apenas vitrine o investidor está cheio. Ele quer é investir com segurança ANTÔNIO OLIVEIRA
ANTÔNIO OLIVEIRA
editorgeral@revistacerradorural.com.br
D
e fazer do potencial apenas vitrine, o investidor está cheio. Ele quer é investir com segurança. Alô amigos do Brasil que produz! Cá estamos nós com mais uma edição impressa da revista Cerrado Rural Agronegócios. Um grande abraço à todos. Preliminarmente, vamos falar de piscicultura no Tocantins, estado com localização estratégica no MATOPIBA e no Brasil. Com 206 mil hectares de lâminas d´água, em quatro lagos de usinas hidroelétricas, e 25 mil hectares, em tanques escavados e barragens, este estado tem potencial para produzir até 900.000 toneladas/ano de peixes, com movimentação financeira de R$ 1,2 bilhão/ano, apenas na cadeia produtiva da tilápia. Entretanto, produziu apenas pouco mais que 15.000 toneladas em 2017, quase 100% de peixes nativos – heroísmo de seus piscicultores por investir em espécies sem pacotes tecnológicos e sem incentivos oficiais. O Estado está perdendo dinheiro e geração de muitos empregos e renda. Cada governador que passa pelo Palácio Araguaia, propaga muito este potencial. Exalta apenas esta condição privilegiada do Estado, mas não dão muito ouvido para os técnicos de entidades oficiais voltadas para o desenvolvimento econômico do
PISCICULTORES DO DF E ENTORNO VISITAM A PISCICULTURA DO SENHOR ANTÔNIO ADRIANO
Tocantins e para piscicultores aqui já instalados e de outros, Brasil e mundo a fora, com projetos para investir nesta terra do Brasil centro-norte. Faltam políticas de Estado de incentivo ao desenvolvimento da cadeia produtiva do pescado; tem legislação ambiental burocrática e enraizada em velhos conceitos e a conclusão da Resolução do Conselho Estadual do Meio Ambiente que libera o cultivo da tilápia em tanques-rede – aprovada pelo Conselho, à espera de parecer definitivo de órgãos federais, com barreiras que vão dificultar a cultura no Estado. Isto é tema de capa desta edição. Em outra matéria, nós abordamos a força-tarefa lançada no início deste mês por vinte instituições dos governos do Tocantins, Federal e municipais para a prevenção e combate a incêndio. Tocantins oscila
entre o 2º e 3º lugar no ranking nacional de queimadas. Propriedades rurais de pequeno e grande porte têm contribuído muito com este quadro. Vamos colaborar. Na entrevista do mês, nós conversamos com a produtora rural e presidente do Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães, a guerreira Carminha Missio. Ela fala de parcerias com o poder público, da necessidade de líderes rurais entrarem na política, do Plano Safra 2018/2019, da sua candidatura a vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia, entre outros assuntos. Voltando à piscicultura, Cerrado Rural Agronegócios e PISCISHOW, em parceria com o Governo do Tocantins e com a Embrapa, recepcionaram e acompanharam um grupo de produtores de tilápia e peixes nativos do Distrito Federal e Entorno, em visitas a
projetos no Tocantins. O potencial do Tocantins – lá vai nós com esta cantilena, novamente -, chamou a atenção dos visitantes. “Se eu tivesse a qualidade e a quantidade de água que vocês têm aqui, eu teria uma produtividade 3 a 4 vezes maior que em minha região”, disse um deles para um dos piscicultores visitados. A verdade é que o Tocantins têm uma das melhores condições para o cultivo de peixes no Brasil. Só os que tomam assento na cadeira mais importante do Palácio Araguaia não se tocam para esta realidade. Vamos ver a visão do que for eleito agora, para um mandato tampão, e, em outubro, para quatro anos. Técnicos, pesquisadores e piscicultores do Tocantins e do Brasil disparam críticas a Resolução aprovada pelo Conselho Estadual do Meio Ambinete (Coema-TO). “Vão liberar, mas não vão permitir o cultivo de tilápia no Estado”, disse um deles, referindo-se aos artigos 15 e 15 da Resolução. “Letra morte”, disse outro. O Conselho Estadual de Piscicultura vai tentar mudar esses dois artigo. Na coluna “Faça você mesmo”, Cerrado Rural Agronegócios ensina o passo-a-passo para a montagem de uma fábrica de rapadura, de pequeno ou grande porte. Tudo isto e muito mais na sua Revista de agronegócios, agricultura familiar e meio ambiente. Boa leitura!
ANTÔNIO OLIVEIRA
EXPEDIENTE Cerrado Rural Agronegócios - impresso e site - tem foco jornalístico na região do MATOPIBA. É publicada por Cerrado Editora, Comunicação e Marketing Ltda CNPJ 10.683.730/0001-98 EDITOR-GERAL: Antônio Oliveira (RP.: 474/TO) PALMAS: 409 Norte, Alameda 23, lote 10 - CEP: 77001-622 - Palmas-TO (63) 3571-2236 – 99288-0311 (WhatSap) E-MAILS: editorgeral@cerradoeditora.com.br, redacao@cerradeditora.com.br e contato@cerradoeditora.com.br SITES: www.revistacerradorural.com.br, www.cerradoeditora.com.br, piscishoweavisuleite.com.br
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De Cerrado produtivo a gente entende. E gosta.
PROJETO GRÁFICO: Dóda Design E-MAIL: dodadesign@gmail.com
BALAIANO NEWS
FRIGORÍFICOS
Assinada ordem serviço para o primeiro de uma série de unidades públicas ASCOM/SEAGRO
O
secretário do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (Seagro), Thiago Dourado, e o prefeito de Barrolândia, Adriano José Ribeiro, assinaram no dia 12 deste mês, a ordem de serviço para iniciar a construção do matadouro/frigorífico, em Barrolândia, região central do Estado. A assinatura ocorreu na Câmara Municipal da cidade, na presença de vereadores, pecuaristas, produtores e vereadores. Na ocasião, Dourado falou sobre o desenvolvimento socioeconômico que o matadouro/frigorífico pode gerar na cadeia produtiva da pecuária do município e da região. – É um empreendimento inovador com estrutura moderna, exemplo de matadouro, possibilitando a garantia do consumo com qualidade e, consequentemente, a geração de emprego e renda no município – apontou. Ele destacou que a entrega da obra está prevista para o mês de abril de 2019. De acordo com o prefeito Adriano Ribeiro,
THIAGO DOURADO ASSINA A PRIMEIRA ORDEM DE SERVIÇOS DE FRIGORÍFICOS PÚBLICOS
a obra é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico no município. – É um sonho antigo da população que está sendo realizado; é mais uma
alternativa na geração de renda, isso significa a melhoria da qualidade de vida no município – destacou. Já a diretora de Políticas Públicas para
Pecuária, Érika Jardim, explicou sobre o potencial da pecuária e a importância do matadouro/frigorífico para o abastecimento de carne de qualidade. – O Tocantins avança com projetos de investimentos na pecuária de corte, mostrando o potencial competitivo, principalmente o boi no pasto e, o frigorífico será uma obra construída nos padrões de qualidade, respeitando a legislação – enfatizou. Produtor - O pecuarista de médio porte, Sildair Sergino de Sousa, está otimista pela construção do abatedouro. – É fundamental essa obra, pois com isso, traz melhoria à sanitária da carne, reduz o custo no escoamento e facilita a comercializado do gado no abate – disse. Matadouro/frigoríficos - A expectativa é de que a ordem de serviço dos demais matadouros/frigoríficos a serem construídos em todo Estado seja assinada nos próximos dias. *Fonte: Ascom/Seagro, com edição de Cerrado Rural Agronegócios
MAIS SEMENTES
O Governo do Maranhão distribuiu, no início deste mês, mais 30 toneladas de sementes a produtores de Lago da Pedra. Em pouco mais de cinco meses, a ação entregou grãos para cultivo a 19 municípios do Estado, beneficiando 5.200 famílias maranhenses apenas em 2018. A distribuição é uma continuidade ao projeto de expansão do Programa Mais Sementes. Criado com o objetivo de garantir a produção local de produtos essenciais para a segurança alimentar dos maranhenses, o programa tem reforçado o apoio da gestão ao desenvolvimento da agricultura familiar e a redução dos casos de desnutrição no Maranhão. Com o investimento, em três anos o Mais Sementes favoreceu 508 mil famílias de produtores, com a distribuição de 5 mil toneladas de sementes nas 217 cidades do Estado.
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SECOM/SAGRIMA
Maranhão contempla pequenos produtores rurais
O PROGRAMA JÁ BENEFICIOU MAIS DE 500 MIL FAMÍLIAS
A fim de garantir a colheita e a produtividades dos trabalhadores rurais, sementes de arroz, feijão, milho, hortaliças e frutas têm sido entregues, ano a ano, antes do período recomendado para plantio, a partir da atuação da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca (Sagrima). – Esse é um estímulo fundamental para
promover a produção do Estado e garantir grande retorno do crescimento econômico vivenciado pelo Estado – afirmou o governador Flávio Dino durante a entrega de sementes em Lago da Pedra nesta semana. Além das entregas, o Mais Sementes realiza capacitações e treinamentos para assegurar o uso adequado dos
grãos, disponibilizados pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária (AGED) e Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural do Maranhão (Agerp). A cada ciclo, são identificadas as necessidades de cada localidade, reforçando o potencial agrícola de cada município, como explica o presidente da AGED, Sebastião Anchieta. – O Mais Sementes é de fundamental importância para o estado e está propondo uma maneira inovadora e diferenciada de se relacionar com os produtores. Ele pode procurar a Secretaria por meio das unidades da AGED instaladas nos 217 municípios, que estão prontas para assegurar a realização dos pré-cadastros e a entrega de sementes de qualidade – afirma o presidente da Agência.
*Fonte: Ascom/Sagrima
GENÉTICA
Programa de melhoria chega a mais municípios no Tocantins O Programa de Melhoria da Qualidade Genética, chegou, no início de junho, para os produtores de leite do município de Palmas, Paraíso do Tocantins, Santa Tereza, Porto Nacional, Silvanópolis, Santa Rosa, Chapada de Natividade, Natividade, Guaraí, Colmeia, Paraíso do Tocantins. O objetivo é inseminar 250 matrizes. O programa é promovido pelo Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (Seagro)
e do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), e, em Palmas, conta com parceria da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Agrário (Seder). Dentro do programa, a Seagro disponibilizará os protocolos de inseminação, bem como o médico veterinário. A ação, que atenderá 11 municípios com produção leiteira, finaliza no próximo dia 12. O objetivo é ofertar, aos produtores, a tecnologia da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), que é uma impor-
ASCOM/SEAGRO
BALAIANO NEWS
A AÇÃO ATENDERÁ 11 MUNICÍPIOS COM PRODUÇÃO LEITEIRA
tante ferramenta de apoio ao pequeno produtor no melhoramento da genética de seus rebanhos, com várias vantagens em relação ao sistema convencional como padronização dos nascimentos e a gestação programada. Segundo a diretora de Políticas para a Pecuária da Seagro, Érika Jardim o índice de nascimentos é de aproximadamente 50%. Desde 2005, as atividades do programa resultaram no atendimento a 940 propriedades, foram realizados 19.437
inseminações em matrizes em todo o Estado. Em 2017, até o mês de maio de 2018, já foram inseminadas 1.151 matrizes, atendendo 94 propriedades e 75 municípios. O Tocantins produz, em média, 325 milhões de litros de leite bovino por ano e, atualmente, é o terceiro produtor da Região Norte, de acordo com o médico veterinário da Seagro, Thyago Chekerdemian Tulio. *Fonte: Ascom/Seagro, com edição de Cerrado Rural Agronegócios
AFTOSA
A primeira etapa de vacinação contra a febre aftosa terminou no dia 15 deste mês, mas os produtores rurais têm até o dia 25 de junho para comprovar o ato nas unidades da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec) em todo o Estado, munidos da nota fiscal da vacina e da carta-aviso preenchida. Mais de 56 mil pecuaristas, proprietários de aproximadamente 8,7 milhões de bovídeos (bovinos e bubalinos) estão envolvidos nesta etapa. – Acreditamos que conseguiremos mais uma vez alcançar altos índices vacinais, pois estendemos por mais 15 dias o período da campanha, para evitar que os pecuaristas tivessem prejuízos – disse o presidente da Adapec, Alberto Mendes da Rocha. Em maio de 2017, o índice vacinal foi de 99,54% de todo o rebanho. Em novem-
bro, do mesmo ano, foram alcançados 99,44% dos bovídeos com até 24 meses. A declaração é de fundamental importância para atualização de dados cadastrais e do rebanho existente na propriedade, inclusive de outras espécies como ovinos, caprinos, suínos e equídeos. Além disso, para emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA), que está condicionada a comprovação da vacinação. A multa para quem deixar de vacinar é R$ 5,32 por animal e R$ 127,69 por propriedade não declarada. A partir de 16 de junho, a vacina só poderá ser comprada mediante autorização da Adapec, que após aplicar as medidas cabíveis aos faltosos, acompanhará a vacinação na propriedade rural. *Fonte: Ascom/Adapec, com edição de Cerrado Rural Agronegócios
ASCOM/ADAPEC
Produtores têm até o dia 25 para comprovar vacinação TOCANTINS TEM QUASE 9 MILHÕES DE CABEÇAS
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ENTREVISTA
CARMINHA MISSIO
“Ou continuamos sofrendo ou minimizamos o sofrimento por meio de PPPs” ANTÔNIO OLIVEIRA
editorgeral@revistacerradorural.com.br
O Plano Safra 2018/2019 anda deixa a desejar perante a atual realidade do agronegócio brasileiro conforme análise da presidente do Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães (SPRLEM), a produtora rural Carminha Missio, em entrevista exclusiva a Cerrado Rural Agronegócios (versões impresso e web). - No entanto, os recursos da subvenção ao prêmio do seguro ficaram longe de atender a demanda do setor. Acredito que ficamos aquém das expectativas, em relação a diminuição da taxa de juros anunciada que foi menor do que a esperada, tendo em vista que a redução da inflação e da 08
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Selic nos últimos meses, foi conquistada com o apoio do setor, por meio da safra agrícola que contribuiu com a redução dos preços dos produtos alimentícios que compõem o índice oficial da inflação – disse ela. Carminha fala ainda da necessidade do fortalecimento da classe produtora rural na política, formando bancadas; da importância do sindicalismo e associativismo e do distanciamento político da região oeste da Capital do Estado. O SPRLEM é um dos mais estruturados e organizados do estado da Bahia e Carminha Missio é uma das muitas mulheres que vêm transformando o agronegócio com seus toques de ternura, disciplina e competência.
CARMINHA MISSIO: “EM CONSTANTE APRENDIZAGEM”
ASCOM/SRPLEM
ENTREVISTA Cerrado Rural Agronegócios (CRA) - Quais foram os principais avanços do Sindicato durante a sua gestão? Carminha Missio - Maior interação entre as várias instituições que compõem a cadeia do agro e com os poderes públicos em todo as esferas de Governo. CRA - Qual foi convergência da sua gestão ao desenvolvimento dos agronegócios na região, sobretudo no território da atuação do Sindicato? Carminha Missio - O desenvolvimento de pesquisas visando a implementação da capacitação em todos os setores da cadeia produtiva, sendo ampliada para toda nossa área de abrangência: Angical, Baianópolis, Cristópolis, Correntina, Jaborandi, Luís Eduardo Magalhães, Riachão das Neves e São Desidério. Esta capacitação acontece inclusive nas esferas técnicas operacionais, a exemplo do trabalho de fomentação da qualificação dos profissionais de irrigação, visando gerar emprego e renda para região oeste da Bahia, sempre primando pelo respeito ao meio ambiente. CRA - Como a senhora classificaria o nível de conscientização dos produtores rurais da região em relação ao sindicalismo patronal e ao associativismo? Carminha Missio - Em constante aprendizagem. Com o advento das informações através das redes sociais, entendo que ainda precisamos avançar muito quanto a gestão nesse setor. Percebemos o quanto ainda falta para que a base reconheça a importância da representação constitucional do sistema sindical e a importância de sua participação junto as associações representativas de classe. “Viver em comunidade de forma pacífica é inerente as espécies, mas para isto é preciso ter regras e representatividade para vivermos em paz”. CRA - A região oeste comemora muito super produção e produtividade. Mas ela poderia comemorar resultados melhores,
como mais empregos e rendas para a sociedade e agregação de valor à produção, que seria absorver mais a produção por meio de mais indústrias de transformação na região. Como a Senhora analisa esta situação? Carminha Missio -A cadeia produtiva da agropecuária através das representações e em conjunto com o poder público tem como bandeira exatamente isso, implementar a agregação de valor ao que é produzido em nossa região, gerando emprego, renda e bem-estar social.
“Embora tenhamos atualmente uma bancada representativa, com certeza, devemos evoluir para termos os políticos que estarão formando a Bancada Ruralista” CRA - Por ser uma região muito remota da Capital do Estado, o oeste da Bahia, não tem o tratamento político-administrativo que deveria ter e até mesmo a infraestrutura – manutenção de estradas – é iniciativa quase que integral dos produtores rurais. Isto não seria falta de visão, pouco caso e reconhecimento do Executivo e do Parlamento baianos para com a região? Ressalvando que esta situação já foi pior. Carminha Missio - Cabe a nós decidirmos se queremos continuar sofrendo ou minimizar o sofrimento, através de parcerias público privada, enquanto em outra mão trabalhamos para cobrar as obrigações do Estado. JUNHO 2018 |
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ENTREVISTA CRA - Por falar nisto, as lideranças do agro na região não deveriam estar na política para ter mais representatividade no Executivo e no Legislativo baianos e, também, no Congresso Nacional, ocupando mais espaços, ocupados pela chamada “velha política”? Na região ainda predomina – ressalvando as exceções - um certo coronelismo que, em certos casos, estão na contramão da vocação econômica da região. Carminha Missio - Embora tenhamos atualmente uma bancada representativa, com certeza, devemos evoluir para termos os políticos que estarão formando a Bancada Ruralista – Frente Parlamentar Agropecuária - FPA. E que estes sejam parlamentares que tenham lado, e que seja o dos produtores. CRA - Aliás, a senhora pleiteia um cargo na Federação da Agricultura e Pecuária, que poderá levá-la a uma cadeira na CNA. O que isto representaria para os setores produtivos rurais do oeste da Bahia? Carminha Missio - Fui convidada pelo candidato a presidente da Federação para compor com ele a chapa, a qual foi encaminhada e aprovada por todos os sindicatos da Bahia. Aceitamos o desafio com o objetivo de contribuir mais ainda com a Confederação, pois só será possível uma CNA forte se
tivermos um sistema sindical forte (Sindicatos, Federação e Confederação). CRA - O que tem representado a Bahia Farm Show para o desenvolvimento do oeste da Bahia? Carminha Missio - A Bahia Farm Show é
muito importante, não só para a nossa região, como para todo Norte e Nordeste, e especialmente para o MATOPIBA. A feira representa a inovação do agronegócio, o avanço tecnológico, disseminação de conhecimento, geração de empregos, o impulsionamento da economia, enfim o avanço de toda região. CRA - Para finalizar, poderia fazer uma análise do Plano Safra 2018/2019, lançado na semana passada pelo Governo Federal? Carminha Missio - O volume de recursos disponibilizados pelo Governo Federal está próximo da demanda do setor. Os pleitos importantes apresentados pelo Sistema CNA foram atendidos em grande parte, especialmente em relação à ampliação dos limites de financiamentos em linhas prioritárias e a ampliação do limite de renda para enquadramento dos médios produtores. No entanto, os recursos da subvenção ao prêmio do seguro ficaram longe de atender a demanda do setor. Acredito que ficamos aquém das expectativas, em relação a diminuição da taxa de juros anunciada que foi menor do que a esperada, tendo em vista que a redução da inflação e da Selic nos últimos meses, foi conquistada com o apoio do setor, por meio da safra agrícola que contribuiu com a redução dos preços dos produtos alimentícios que compõem o índice oficial da inflação.
ASCOM/SRPLEM
“VIVER EM COMUNIDADE DE FORMA PACÍFICA É INERENTE AS ESPÉCIES, MAS PARA ISTO É PRECISO TER REGRAS E REPRESENTATIVIDADE PARA VIVERMOS EM PAZ”
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Tributação do agronegócio um campo a ser explorado pelo setor
A
contribuição do agronegócio para a economia e sociedade brasileira é algo conhecido, e incontroverso e que não exige mais grandes reflexões. Por outro lado, um campo que merece mais atenção dos colaboradores e sujeitos que participam de forma direta e indireta da cadeia do agronegócio diz respeito à tributação. Portanto, a tributação no agronegócio é um tema a ser explorado e cultivado pelo setor. E digo o porquê. A primeira razão para essa afirmação decorre das inúmeras peculiaridades que envolvem o segmento do agro em matéria de tributação, existindo regras que permitem a redução de carga fiscal com isenção, alíquota zero, suspensão, incentivos, créditos ou mesmo postergação de vários tributos, como PIS/COFINS, ICMS, IPI, entre outros. Pode parecer óbvio, mas é comum identificarmos produtores rurais (pessoas físicas e jurídicas), agroindústrias ou outros atores da cadeia que desconhecem tais benefícios e oportunidades. Mais uma razão para se trazer essa reflexão decorre da própria realidade do segmento, de maneira que, muitas vezes, até mesmo a legislação fiscal aplicável a todos os contribuintes, exige conhecimentos práticos de como as atividades voltadas para o agronegócio se desenvolvem. Sem tal conhecimento, há risco de se cometer equívocos, seja com o recolhimento de tributos a maior ou mesmo criando riscos fiscais desnecessários. A atenção para a tributação nesse setor, por outro lado, não para por aí. Nos últimos tempos, temos sofrido injustas derrotas em matéria tributária, que ainda podem ser revertidas, mas que necessitam de maior atenção e engajamento do setor. Para os produtores
rurais, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal julgou constitucional o Funrural, após anos a fio entendendo em sentido contrário, o que gerou uma enorme controvérsia e insegurança jurídica. Temos, inclusive, trabalhado para reverter tal posicionamento, impedindo a cobrança em face de produtores e também dos adquirentes, de tal maneira que, apesar do parcelamento PRR ser muito interessante, deve ser avaliado com muita cautela, pois, em geral, não é a melhor alternativa. Outros temas também estão causando discussões e problemas, como depreciação acelerada a título de IRPJ para agroindústrias, créditos de PIS e COFINS para pessoas jurídicas, a forma de cobrança e aumento do ITR para propriedade rurais, entre outras temáticas. A tributação no agronegócio, por sua vez, não se resume a tais lembranças e problemáticas, pois, na conjuntura atual da economia e concorrência, inclusive internacional, outro tema que merece atenção diz respeito ao planejamento tributário. É possível fazer planejamento tributário no setor do agronegócio? Sim, com certeza! Entendemos que, atualmente, trata-se de medida obrigatória aqueles que pretendem sobreviver e crescer na área, pois, dependendo da estrutura que se utilizar poderá ter mais ou menos benefícios do ponto de vista fiscal, com recolhimento maior ou menor de tributos. A economia com tributos, de forma lícita e bem estruturada, é uma medida legítima e essencial
para a sobrevivência do produtor, agroindustrial e também colaboradores voltados para o segmento (indústrias de máquinas, revendas, assistências técnicas, transportadores, entre outros). Ainda dentro de questões voltadas à tributação e planejamento, porém, com uma visão um pouco mais ampla, é preciso lembrar da necessidade de gestão do patrimônio, sobretudo, nas relações familiares, de modo que a sucessão para continuidade da atividade e das conquistas familiares envolvam a análise da tributação (impostos como ITBI, ITCMD, IR e ganho de capital) e governança. Do contrário, há forte possibilidade de problemas jurídicos no futuro. O financiamento no agronegócio, por sua vez, também não se resume àquele tradicional vinculado aos empréstimos bancários, pois, hoje em dia, existem instrumentos jurídicos com benefícios fiscais que podem permitir a busca de capital para investimentos no setor, por exemplo, por meio de letras de crédito do agronegócio (LCA), certificado de recebíveis no agronegócio (CRA), além de parcerias mediante reorganizações societárias, parcerias, “joint ventures”. Por fim, não se pode descartar a possibilidade de uma ampla reforma tributária, porém, há um forte desafio em inserir a cadeia do agronegócio dentro destas novas formas tributação, pois, diante da relevância do setor, o tributo não pode ser um entrave à produção, desenvolvimento, competição com os concorrentes internacionais, além do fato de se tratar de produção de item essencial e fundamental na sociedade que são os alimentos, de tal sorte que qualquer benefício ou incentivo não deve ser encarado como privilégio. Não resta dúvida de que temos hectares a perder de vista a serem explorados neste campo que chamamos de tributação no agronegócio.
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OPINIÃO
FÁBIO PALLARETTI CALCINI É advogado especialista em Direito Tributário, sócio de Brasil Salomão e Matthes Advocacia
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ARTIGO TÉCNICO
O
consumo de lipídios e sua relação com a saúde, principalmente cardiovascular, é alvo de estudos há muitos anos. Seu consumo é necessário, porém deve ser limitado às recomendações nutricionais diárias. Os lipídios presentes nos alimentos são formados principalmente por ácidos graxos (AG). Esses compostos são classificados em ácidos graxos saturados, monoinsaturados e poli-insaturados, sendo que alguns destes são considerados essenciais na dieta, já que o ser humano não é capaz de produzi-los. Os AG saturados são encontrados, principalmente, em gorduras animais, sendo os mais comuns o esteárico e o palmítico. Os AG saturados no organismo tendem a elevar o nível de colesterol sanguíneo. Os ácidos graxos monoinsaturados ocorrem quase exclusivamente na forma de ácido oléico. São encontrados na maioria em azeitonas, sementes e nozes, alguns óleos vegetais como oliva, canola. Estudos demonstram o potencial destes ácidos graxos em produzir benéficas mudanças do perfil lipoprotéico, particularmente em indivíduos que tem hipercolesterolemia. Já os ácidos graxos poli-insaturados são comprovadamente benéficos à saúde, uma vez que reduzem agregações das plaquetas e os triglicerídeos e, consequentemente, o risco de doenças cardíacas. Dentre os AG poli-insaturados, tem-se os AG ômega 6 e ômega 3, sendo que o AG α-linolênico (ômega-3) e linoleico (ômega-6), são considerados essenciais na dieta, pois o ser humano não é capaz de produzi-los. Estes AG são precursores de substâncias que participam na regulação da pressão sanguínea, frequência cardíaca, dilatação vascular, coagulação sanguínea, integridade das membranas celulares, resposta imunológica e inibem
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DIVULGAÇÃO
Composição de lipídios da tilápia: vantagens em relação a outras carnes OS NÍVEIS DE EPA E DHA EM FILÉS DE TILÁPIA EM CATIVEIRO SÃO DEPENDENTES DO LIPÍDIO PERFIL DA RAÇÃO OFERECIDA, E SUA COMPOSIÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS PODE SER MELHORADA ATRAVÉS DO SISTEMA DE PISCICULTURA, COM O FORNECIMENTO DE RAÇÕES RICAS EM ALA
a agregação plaquetária. O ácido linoléico (ômega-6) está presente de forma considerável nos óleos vegetais como óleo de girassol, cártamo, milho, soja, algodão, entre outros. O ácido α-linolênico, representante da família ômega 3, é encontrado em quantidades apreciáveis em sementes oleaginosas como canola, soja e linhaça Os AG ômega-3, de interesse nutricional, são, além do α-linolênico, os ácidos eicosapentaenóico (EPA C20:5, n-3) e ácido docosahexaenóico (DHA C22:6, n-3). A recomendação nutricional entre AG ômega-6: AG ômega-3 varia entre 1:1 a 4:1, a fim de evitar efeitos adversos no metabolismo, já que eles competem entre si pela mesma via metabólica. No entanto, as dietas ocidentais fornecem proporções de entre 10: 1 e 20: 1, e há relatos de 50: 1 (Ratnayake & Galli, 2009).
A ingestão de carne de peixe atraiu o interesse de investigadores devido aos seus efeitos benéficos na saúde humana, já que sua fração lipídica é composta de ácidos graxos poli-insaturados (Givens e Gibbs, 2006) Algumas espécies de peixes possuem um sistema enzimático que permite a conversão do ácido linoleico (LA, 18: 2 n-6) em ácido araquidônico (AA, 20: 4 n-6) e ácido alfa-linolênico (ALA, 18: 3 n-3) em ácidos eicosapentaenóico (EPA, 20: 5 n-3) e ácido docosahexaenóico (DHA, 22: 6 n-3). EPA e DHA estão associados a alterações metabólicas e bioquímicas, processos envolvidos na prevenção de doenças cardiovasculares, psoríase, artrite, aterosclerose, eczema, câncer, redução do risco de depressão, diabetes, artrite reumatóide, osteoporose, declínio cognitivo e disfunções neurológicas tais como Alzheimer e esquizofrenia (Mateos
et al., 2012; Ottestad et al., 2012). Peixes marinhos são considerados ricos em ácidos graxos ômega-3 devido à ingestão de plâncton (uma fonte de LNA). No entanto, a tilápia é uma espécie de destaque na aquicultura mundial, uma vez que representa os requisitos típicos preferidos pelo mercado consumidor, tais como carne branca de textura firme, sabor delicado e fácil filetagem. Os níveis de EPA e DHA em filés de tilápia em cativeiro são dependentes do lipídio perfil da ração oferecida, e sua composição de ácidos graxos pode ser melhorada através do sistema de piscicultura, com o fornecimento de rações ricas em ALA (Nishiyama et al., 2014). A Tabela 1 apresenta os teores de ácidos graxos e algumas relações que permitem avaliar a qualidade nutricional em alguns alimentos proteicos.
RENATA HERNANDEZ BARROS FUCHS E
Nutricionista, mestre em Biotecnologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e doutora em Ciência de Alimentos (UEM). Professora dos cursos de graduação em Engenharia de Alimentos e Tecnologia de Alimentos e do Programa de Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos (PPGTA) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Atua pincipalmente na área de análise sensorial de alimentos.
MÁRCIA FERNANDES NISHIYAMA
Nutricionista, mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e doutora em Ciência de Alimentos (UEM). Professora do Curso de Nutrição da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Atua principalmente na área de nutrição clínica.
ARTIGO TÉCNICO
TABELA 1: CONCENTRAÇÃO EM ÁCIDOS GRAXOS DE DIFERENTES TIPOS DE CARNES
Fonte: United States Department of Agriculture. Service National Nutrient Database for Standard Reference Legacy Release Desta forma, se a recomendação nutricional entre AG ômega-6: AG ômega-3 varia entre 1:1 a 4:1, pode-se perceber através da tabela 1, que os peixes tilápia e salmão são destaques, apresentando relação ômega 6: ômega 3 de 0,96 e 0,13, respectivamente. Estudos atuais descrevem que a razão n-6:n-3 alvo para a saúde humana deva ser na proporção de 1: 1 a 2: 1 (Simopoulos, 2011). A importância desta adequação e proporção destes AG, baseia-se em termos biológicos e na atuação nos processos inflamatórios: enquanto a série ômega 6 atua na cascata pró-inflamatória, a série ômega 3 atua na anti-inflamatória (Nishiyama et al., 2014). Já o bacon suíno, demonstrou a pior relação ômega-6: ômega-3 entre os alimentos demonstrados na tabela, assim como, maior teor de li-
pídios totais e de AG saturados, sendo que o consumo excessivo destes, contribuirá para elevar os níveis de colesterol no sangue. Através desta análise da concentração em AG e suas proporções, nos diferentes tipos de carnes que compuseram a tabela 1, fica evidente a importância do consumo de peixes pelo menos duas vezes por semana, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2013). Os profissionais nutricionistas utilizam destes estudos e recomendações nutricionais para incentivar o consumo e proporção adequada não somente de AG, mas também de todos os alimentos que farão parte do consumo alimentar, seja de modo individual ou para a coletividade. Givens, D.I.; Gibbs, R.A. Very long
chain n − 3 polyunsaturated fatty acids in the food chain in the UK and the potential of animal-derived foods to increase intake. Nutrition Bulletin, 31:104-110, 2006. Mateos, H. T.; Lewandowski, P. A.; Su, X. Q. Effects of dietary fish oil replacement with flaxseed oil on tissue fatty acid composition and expression of desaturase and elongase genes. Journal of theScience and Food Agriculture, 92: 418-426, 2012 doi:10.1002/jsfa.4594 Ottestad, I.; Vogt, G.; Retterstøl, K.; Myhrstad, M.; Haugen, J.; Nilsson, A. et al. Oxidied fish oil does not influence established markers of oxidative stress in healthy human subjects: A randomised controlled trial. British Journal of Nutrition, 108(2), 315-326, 2012. doi:10.1017/ S0007114511005484
Ratnayake, W.M.N.; Galli, C. Fat and Fatty Acid Terminology, Methods of Analysis and Fat Digestion and Metabolism: A Background Review Paper. Ann Nutr Metab. 55:8–43, 2009. DOI: 10.1159/000228994 Simopoulos, A. P. Importance of the omega-6/omega-3 balance in health and disease: evolutionary aspects of diet. World Review of Nutrition and Dietetics, 102,10-21, 2011. Nishiyama, M. F. et al. Chemometrics applied to the incorporation of omega-3 in tilapia fillet feed flaxseed flour. Food Sci. Technol, Campinas, 34(3): 449-455, July-Sept., 2014. Organização Mundial da Saúde, 2013. Disponível em: https://nacoesunidas.org/consumo-per-capita-de-peixes-cresce-no-brasil-diz-fao/. Acesso em 11 de junho de 2018.
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Feira ASCOM/BFS
DA REDAÇÃO
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Bahia Farm Show bateu um novo recorde: o de negociações financeiras durante e dentro da feira. Conforme a Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Bahia Farm Show), organizadora da mostra agrotecnológica, o volume de negócios foi de R$ 1,891 bilhão, um crescimento 23% em relação ao do ano anterior. Os números finais foram apresentados pela organização do evento após a consolidação das propostas repassadas pelas instituições financeiras e expositores. Público - Realizada entre os dias 5 a 9 de junho, no Complexo Bahia Farm Show, o evento recebeu um público total de 57.573 pessoas, que conferiram em um só espaço as principais inovações em tecnologia do setor agrícola. De acordo com o presidente da Aiba, Celestino Zanella, os números refletem o otimismo de uma região onde o agronegócio impulsiona e movimenta a economia. – Nossas expectativas eram grandes porque colhemos a maior safra de soja da história da região e a segunda maior de algodão. O bom preço das commodities ajudou, assim como as taxas de juros, mais acessíveis. O agricultor investiu em tecnologia durante a feira já se preparando para o próximo ano e por acreditar também na Bahia Farm como local estratégico para fechar bons negócios – argumentou. A disseminação de conhecimento levou pesquisadores, estudantes e técnicos a participarem das mais de 30 palestras, debates e mesas redondas oferecidas durante o evento. Uma sessão itinerante da Assembleia Legislativa da Bahia aproximou parlamentares baianos e agricultores do oeste no debate de temas ligados ao meio ambiente e agricultura. – A feira se traduz em importante palco de discussões de ideias, fomento à pesquisa e à inovações direcionadas ao homem do campo, capazes de fazer com que ele produza mais, lucre mais, e, em contrapartida, economize tempo, dinheiro e preserve os recursos ambientais – avalia o vice-presidente da Aiba, Luiz Pradella. Outro ponto destacado pela organi-
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BAHIA FARM SHOW
FEIRA É A MAIOR DE TODO NORTE E NORDESTE E A QUARTA MAIOR DO BRASIL
Volume de negócios foi de quase R$ 2 bi, maior que em 2017 zação é o número de novos expositores, 20% superior ao da edição de 2107, totalizando 210 empresas que representaram mais de 900 marcas e produtos. Muitas encerraram a participação neste sábado (9) de olho na edição de 2019, que já está com 60% do espaço total vendido, destes, 10% são novos expositores nacionais e internacionais.
– Desde o ano passado a Bahia Farm Show iniciou o processo de internacionalização, este ano recebemos expositores do Uruguai, Alemanha e Estados Unidos. Já começamos a feira de 2019, e com ela, a adesão de empresas estrangeiras que veem no evento uma vitrine para expor suas marcas – diz a coordenadora
geral, Rosi Cerrato. Mais de três mil empregos diretos e indiretos foram gerados antes, durante e após a feira. A próxima edição já está confirmada e será realizada de 28 de maio a 1º de junho de 2019. *Fonte: Ascom/BFS, com edição de Cerrado Rural Agronegócios
TILÁPIA Tilapicultura
Resolução do COEMA “pode liberar, mas não permitir” o cultivo da espécie no Tocantins
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Tilapicultura DA REDAÇÃO
editorgeral@revistacerradorural.com.br
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o dia 4 de junho, do corrente ano, publicamos nos sites do Sistema Cerrado de Comunicação e Eventos (piscishoweavisuleite. com.br e revistacerradorural.com. br) a informação de que a Procuradoria Geral do Estado do Tocantins (PGE), havia aprovado a Resolução do Conselho Estadual do Meio Ambiente (COEMA), liberando o cultivo de tilápia em tanques-rede, desde que as regras expostas no documento fossem levadas à apreciação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e à Secretaria Especial da Pesca e Aquicultura (Seap). A informação nos foi passada pelo presidente do Conselho e subsecretário da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Rubens Brito, durante visita que fizemos a ele. – Imediatamente, corremos à Brasília e submetemos o processo a Seap e ao Ibama. O primeiro, preliminarmente, expressou verbalmente favorável, mas ainda não despachou devido estar passando por mudanças físicas, ou seja, de suas instalações no Ministério da Indústria e Comércio (MDIC) para outro prédio, já que, por decisão presidencial, tornou-se Secretaria vinculada à Presidência da República – disse o Presidente do COEMA. A medida é esperada – entre debates acalorados dos contra e dos a favor -, desde o início do ano passado por piscicultores tocantinenses e de outros Brasil a fora, interessados no cultivo da espécie nos lagos das usinas hidroelétricas do Estado, sobretudo o da Usina do Lajeado (de Brejinho a Lajeado, numa extensão de mais de 150 quilômetros e média entre 5 e 7 quilômetros de largura), cujas águas já se estabilizaram e estão liberadas para o uso na aquicultura. Ocorre que, após a publicação desta informação fomos procurados por vários piscicultores e consultores em piscicultura sobre as barreiras de difícil transposição, impostas aos tilapicultores por meio dos artigos 15 e 16 da Resolução em tela.
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DIZEM ELES: “Art. 15. As atividades e empreendimentos de aquicultura em sistemas de tanques redes somente serão permitidos quando houver a utilização de espécies autóctones, alóctones introduzidas e espécie exótica sendo a Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) a única permitida. PARÁGRAFO PRIMEIRO No caso de espécies exóticas será permitido a criação em: a- tanques-rede, somente em reservatórios artificiais, de uso múltiplo para geração de energia e projetos agrícolas, localizados na Bacia Tocantins em rios da União e do Estado, observado o preceito legal da LC 140/2011 e que possuam o Plano de uso múltiplo aprovado pelo órgão ambiental e/ou a respectiva licença ambiental do órgão competente b- tanques-rede, somente em reservatórios artificiais, de uso múltiplo, localizados na calha do rio Tocantins, observado o preceito legal da LC 140/2011 e que possuam o Plano de uso múltiplo aprovado pelo órgão ambiental e/ou a respectiva licença ambiental do órgão competente PARÁGRAFO SEGUNDO Para o licenciamento ambiental de espécies exóticas prevista no caput deste artigo são exigidas, no mínimo, as seguintes medidas de mitigação:
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. Descrição de procedimentos de manejo com o objetivo de evitar os escapes da espécie dos cultivos, inclusive nas etapas de transporte e manuseio, tais como classificação por tamanho e manipulação de juvenis, contendo as respectivas estratégias de implementação;
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. Utilização de materiais e equipamentos com o objetivo de evitar os escapes da espécie dos cultivos, considerando fatores externos que possam causar a deterioração e com descrição dos respectivos procedimentos de checagem e manutenção;
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. Apresentação de técnicas que tenham por objetivo evitar a reprodução dos espécimes em caso de escape e que não causem im-
pactos ambientais, bem como previsão de uso da tecnologia disponível;
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. Descrição das medidas de contenção para parasitas e patógenos associados com a espécie cultivada, informando medidas de controle e mitigação dos impactos ambientais decorrentes do uso de biocidas, quando for o caso;
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. Proposição do sistema de monitoramento, incluindo a detecção, registro e informe dos escapes e de eventuais impactos ambientais causados pela espécie;
. Apresentação de programa de capacitação do cessionário de forma a implementar as medidas descritas; e
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. Descrição de medidas para reverter, mitigar ou compensar os impactos ambientais causados pela espécie que venham a ocorrer. – Utilização de tanques-rede com materiais resistentes à corrosão, tração e ação mecânica de predadores, de forma a evitar seu rompimento, devendo-se ter especial cuidado durante seu transporte, reparo, manejo e despesca.
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– Utilização de dispositivos antifugas dos viveiros e a integridade dos tanques-rede devem se inspecionados antes do povoamento e durante a criação dos organismos aquáticos no empreendimento.
ANTÔNIO OLIVEIRA
Tilapicultura
EM TOCANTINS HÁ MUITOS PROJETOS DE AQUICULTURA EM BARRAMENTOS QUE PODERÃO SER IMPEDIDOS DE CULTIVAR TILÁPIA
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– Apresentação do plano de monitoramento do controle de fugas dos peixes para o ambiente, de acordo com a legislação vigente, disponibilização para consulta dos registros gerados e notificação aos órgãos ambientais competentes de escape significativo por meio de sinistro. Parágrafo Terceiro - Será instituído, no prazo de 45 dias após a publicação desta Resolução, Comitê interinstitucional com o objetivo de acompanhar e avaliar a adoção, a implementação e a efetividade dos mecanismos, medidas e programas estabelecidos no caput deste artigo. I - O Comitê será composto por instituições convidadas e designadas por ato do Presidente do NATURATINS. (Instituto Natureza do Tocantins – observação deste editor)
II - O Comitê elaborará anualmente relatório de avaliação sobre a efetividade dos mecanismos, medidas e programas implementados, podendo propor ao COEMA a adoção de novas medidas e programas, ajustes, e até mesmo a suspensão ou revogação deste ato. Art.16. No caso de piscicultura em reservatórios de barragem de corpo hídrico será permitida somente o cultivo em tanques-rede Parágrafo único: Para empreendimentos que se enquadram no caput do artigo que não possuem o devido licenciamento ambiental os mesmos terão um prazo de 01 ano para a regularização contados a partir da publicação desta resolução Válido somente para os empreendimentos já instalados até a data da publicação do presente regulamento.
Ganhou, mas não levou Procuramos piscicultores, consultores, pesquisadores e lideranças da piscicultura no Tocantins e no Brasil para analisar estes dois artigos. Sem querer se alongar nos comentários críticos a esta Resolução, o Chefe Geral da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), Alexandre de Freitas resumiu: “Vão liberar, mas não vão permitir o cultivo de tilápia no Tocantins”. Um consultor, que pediu para não ser identificado, acusou ser a Resolução resultado de ambientalistas e pessoas que não sabem nada de piscicultura, tomando decisões, travando o desenvolvimento do setor no Estado. Ainda conforme ele, o Coema trabalhou mais para trás do que para frente e que se se for seguir a Resolução ao pé da letra, a tilapicultura no Tocantins estará inviabilizada, principalmente para os pequenos aquicultores. Outra preocupação desse consultor diz respeito ao que determina o Artigo 16, de só permitir o cultivo em barramentos por meio de tanques-rede. Conforme ele, o cultivo de peixes na maioria dos barramentos no Tocantins é feito de forma livre, sem o uso de tanques-rede e essa imposição vai inviabilizar os pequenos produtores de peixes, que não poderão licenciar seus projetos para o cultivo da tilápia. O Conselho Estadual de Piscicultura está se articulando para discutir a Resolução tentar, junto ao COEMA, flexibilizar esses dois artigos, para colocar a tilapicultura no Tocantins em condições de igualdade com outros estados produtores. Thiago Tardivo, gerente de Pesca da Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária e membro do Conselho Estadual de Piscicultura, é outro que vê barreiras à tilapicultura na Resolução em questão. - A Resolução tem mais burocracia que soluções para o pleno desenvolvimento da tilapicultura no Estado – disse ele. Thiago disse ainda que o Conselho vai convocar uma reunião da Câmara Temática da Piscicultura do COEMA para discutir e tentar alterar esses dois artigos. Mas ponderou não ser
fácil, por causa da questão ambiental, que bate forte, inclusive por força da Resolução 413, do Ibama, que rege a piscicultura no Brasil e que “a gente não pode sair muito dela”. - Mas acreditamos que os artigos 15 e 16 podem ser melhorados muito em relação ao Tocantins, dando mais facilidade para o licenciamento de projetos de cultivo da tilápia. É neste sentido que vamos trabalhar junto ao COEMA – disse. Consultamos também o presidente da Associação Brasileira de Piscicultura (PEIXE BR), Francisco Medeiros. Na sua compreensão, os dois artigos são impeditivos para o empreendedor fazer investimentos na tilapicultura no Tocantins, pois a Resolução gera insegurança jurídica. Sobre o item 10, do Parágrafo II, onde diz que o Comitê vai avaliar anualmente o projeto, ele pode até suspender a atividade nesses projetos. - Ninguém vai gastar seus milhões de reais, sendo que anualmente os fiscais vão lá para saber se ele terá continuidade, ou não. Esse plano de controle de fuga não é eficiente nem no Presídio de Palmas, imagina nos tanques-rede. Não existe dispositivo 100% seguro de fuga, nem para pessoas presas – ironizou. Medeiros considera ainda que, conforme foi demonstrado pela Nota Técnica da Embrapa e outras instituições, a tilápia não coloca em risco o meio ambiente. - Somos pela exclusão do Segundo Parágrafo do Artigo 15 em sua totalidade – pontuou. Já com relação ao Artigo 16, Francisco Medeiros se manifestou pela sua exclusão e justifica o porquê. - Existem no estado do Tocantins, a exemplo dos projetos Pescados Piracema e Tamborá (no sudeste do Estado), represas feitas em corpo hídrico não perene, intermitente. - Porém, é um corpo hídrico denominado no novo Código Florestal de cursos d´água que podem ser perenes, intermitentes e efêmeros, esse último somente é drenado água de chuva, inclusive no novo Código Florestal no seu entorno não é considerado APP – frisou. JUNHO 2018 |
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Tilapicultura de programa de capacitação do cessionário de forma a implementar as medidas descritas;), Ricardo Pereira comenta que “não existe este tipo de capacitação disponível no mercado, é importante definir que tipo de capacitação”. - As profissões já habilitam os profissionais para atuarem. Seria melhor a indicação de um RT (Responsável Técnico) com ART homologada para ser o responsável capacitado pela atividade (Zootecnicsta, Médico Veterinário, Engo. de Pesca, Engo. Agrônomo, Engo. De Aquicultura, Engo. Agrônomo, Oceanógrafo, Biólogo, etc CRMV, CREA, CRBIO. Etc)”. PUXANDO A REDE Está ai o prefácio de um debate que deve ser feito em torno desta Resolução do COEMA. A tilápia é, em todo o mundo, uma das maiores fontes de
geração de empregos e renda e um dos maiores nichos de proteína animal para contribuir com a redução da fome no mundo e atender, até 2030, mais 2 bilhões de habitantes no Planeta. Para quem trabalha com o cultivo da espécie no Brasil e no mundo e entre aqueles que conhecem esses projetos é certo que a tilápia não é esta vilã do meio ambiente, como alguns setores da piscicultura e dos defensores do meio ambiente acreditam e pregam ser – como aqueles que batem no peito e diz que soja não enche barriga. O próprio Ibama já atestou que a espécie já está presente há muitos anos na bacia Araguaia/Tocantins, convivendo, sem impactos negativos, com os peixes nativos. Vale lembrar que em projetos de tilapicultura em grandes lagos, é notório a presença de nativos, ge-
rando um forte mercado da pesca esportiva, a exemplo do Lago da Serra da Mesa, em Goiás, e outras em São Paulo e Mato Grosso do Sul e Itaipu. Barrar o Tocantins de se inserir no mercado nacional e internacional da tilápia é uma falta de visão de ciência e de mundo muito grande. É colocar o Tocantins na retaguarda do desenvolvimento social e econômico tendo a piscicultura como uma plataforma para tal. É perder R$ 1,2 bi todos os anos, com a consequente geração de empregos em uma cadeia verticalizada – da alevinagem a finalização do peixe para o mercado consumidor. Não podemos perder esta oportunidade para estados vizinhos como o Maranhão, Pará e Goiás. Se o Tocantins não quer, eles querem. A mesa do brasileiro é repleta de exóticos, em termos de proteína animal e vegetal.
ANTÔNIO OLIVEIRA
O Presidente da PEIXE BR, considera ainda que “não se faz uma represa onde não tenha um desses cursos d´água, ou seja, ele sempre vai se encaixar na definição acima”. Vamos buscar também a opinião de uma das maiores autoridades em piscicultores no Brasil, o Professor Doutor Ricardo Pereira, da área de pesquisas em peixes, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sobre o Artigo 15, na alínea “A”, o pesquisador diz ser “importante tomar o cuidado de verificar se os reservatórios de interesse em licenciamento são reservatórios de uso múltiplo, pois se não forem esta legislação passa a ser ‘letra morta’, havendo a necessidade, para sua aplicabilidade, todo um novo processo de re-regulamentação”. No Parágrafo II, item 6 (Apresentação
A TILAPIA É PEIXE MAIS CONSUMIDO NO MUNDO E DE MELHOR LIQUIDEZ
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Piscishow em Ação
Potencial do Tocantins chama a atenção de tilapicultores do DF editorgeral@revistacerradorural.com.br
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urante os dias 13, 14 e 15 deste mês de junho, um grupo formado por 11 produtores de tilápias e peixes nativos do Brasil, com atuação no Distrito Federal, esteve visitando projetos de piscicultura em Palmas e em Almas, no Sudeste do Tocantins. A iniciativa foi do Sebrae-TO em parceria com a revista Cerrado Rural Agronegócios e PISCISHOW, com o apoio da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins) e secretarias de Estado do Desenvolvimento Econômico, Ciências, Tecnologias, Cultura e Turismo (Seden), e do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (Seagro). A visita começou, na manhã dia 13, pela Embrapa, onde esses piscicultores foram recepcionados por representantes do Governo do Tocantins – Junior Pelizari,
CARAVANA VISITA O PROJETO DO PISCICULTOR ANTÔNIO ADRIANO, NO ENTORNO DE PALMAS
presidente do Ruraltins; Marcondes Martins, Diretor de Arranjos Produtivos da Seden; Thiago Tardivo, gerente de Pesca e Aquicultura da Seagro -, e do Chefe Geral da Embrapa Pesca e Aquicultura, Alexandre Freitas. Duas palestras foram apresentadas aos visitantes. Uma sobre o trabalho que este Centro Nacional de Pesquisa realiza na área da pesca e aquicultura em todo o Brasil, proferida por Alexandre Freitas, e a outra por Thiago Tardivo, sobre o potencial do Tocantins para a piscicultura e sua abertura para o cultivo da tilápia em tanques-rede. Logo após as duas palestras, ouvidas com bastante atenção e interação, o grupo, ciceroneado por Freitas, visitou parte das instalações do Centro (um instituto de pesquisa tem suas restrições de visitas por problemas de sanidade, estratégia e sigilo, conforme explicou o gestou desta Unidade). No período da tarde deste mesmo dia, os piscicultores do DF visitaram o projeto de piscicultura em tanques-rede da Associação Bompeixe, no Parque Aquícola Sucupira, ao norte do Lago da Usina do Lajeado e de Palmas. No projeto, os visitantes foram recebidos pela
presidente da Associação, Marinalva Ferreira de Assis e pelo vice-presidente, que também é aquicultor no Projeto, Enoque Mendes Ferreira. Por meio de explanações do casal anfitrião, visitantes conheceram sobre a Associação que é formada por pequenos aquicultores, antes, em sua maioria, pescadores artesanais. A área deles está dentro da denominada não-onerosa, ou seja, área destinada para aquicultores familiares. Em seguida, finalizando a visita e as atividade do dia, os visitantes navegaram até alto lago para conhecer o processo de produção de peixes nativos nos tanques-rede. A Associação planeja investir, também no cultivo
de tilápia, tão logo esta seja liberada para tanques-rede no Estado. No dia seguinte, 14, logo pela manhã, o grupo de piscicultores visitante rumou para a cidade de Almas, a 290 quilômetros de Palmas, onde conheceu as instalações de um dos mais modernos complexos de cultivo e beneficiamento de peixes do Norte e Nordeste do Brasil, a Pescados Piracema. A empresa tanto tem criação própria de peixes nativos, quanto compra de terceiros peixes nativos, a exótica tilápia e até peixes marinhos para terminá-los em cortes especiais e embalados em vários pesos, que abastecem o Tocantins, Brasília, Goiânia e várias outras cidades do Brasil. Com investimentos da ordem de R$ 10 milhões e uma preocupação com a produção de forma sustentável e de valorização de seus recursos humanos, a empresa gera 130 empregos diretos, contratados na própria cidade de Almas. Atualmente, a empresa desenvolve um projeto pioneiro no Tocantins, que é o de produção agregada.
FOTOS: ANTÔNIO OLIVEIRA
POR ANTÔNIO OLIVEIRA
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Piscishow em Ação Ela mantém uma reserva de flora e fauna conservacionista que colabora com entidades ambientais, acolhendo animais silvestres capturados fora de seu habitat natural e em situação de risco. De volta a Palmas, na sexta-feira, 15, último dia da visita, os visitantes do Distrito Federal, ainda acompanhados por Cerrado Rural Agronegócios e PISCISHOW e de extensionistas
e diretores das instituições do Governo do Tocantins, foram levados para conhecer um dos mais belos projetos de piscicultura em tanques-rede no Tocantins, a propriedade aquícola do empreendedor Antônio Adriano Ribeiro, a 35 quilômetros de Palmas. O Projeto, com 10 hectares de lâminas d´água, possui 23 tanques escavados, de variados tamanhos, que
são alimentados, por meio de canaletas d´água, por duas represas de água de ótima qualidade, inclusive para o consumo humano. Estrutura hídrica e de produção são conjugadas com uma paisagem de rara beleza, como área dos entre tanques toda gramada, quiosques e duas belas quedas d´água caprichosamente construídas pelo senhor Antônio Adriano, de 65
anos. A estrutura conta, também, com um pequeno abatedouro em fase de conclusão e estrutura para fabricar parte da ração usada na criação própria de peixes. A receptividade e cordialidade do senhor Antônio Adriano foi tão grande que ele mesmo subiu numa árvore para apanhar maracujá para seus visitantes.
NA EMBRAPA, APÓS AS PALESTRAS, VISITANTES CONHECEM A SEDE DA EMPRESA DE PESQUISAS
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Piscishow em Ação
Importância desta interação
O Chefe Geral da Embrapa Pesca e Aquicultura, Alexandre Freitas, em entrevista a Cerrado Rural Agronegócios, disse considerar que essas missões técnicas de empresários e técnicos de outros estados têm, além da oportunidade para o Estado atrair novos investidores, a de intercâmbio de conhecimentos, informações diferentes. – Acredito, também, que eles têm a oportunidade de interagir conosco, na medida em que eles apresentam suas demandas. E a gente também pode estar visualizando outros públicos que poderemos estar atendendo em nossos projetos e, obviamente, é uma oportunidade para que o Centro apresente seu trabalho e amplie o seu raio de ação e que as pessoas reconheçam no Centro (de pesquisas) um espaço de produção e inovação para piscicultura – disse. O empresário Tarik Azevedo, proprietário da Pescados Piracema, que,
juntamente com o gerente de seu empreendimento em Almas, o Engenheiro de Alimentos, Valteir Rosa Valadares, recebeu a comitiva do Distrito Federal, disse à Cerrado Rural Agronegócios que visitas de produtores a uma planta industrial, no caso do peixe, é muito importante, pois é uma oportunidade deles entenderem todo o processo pelo qual o peixe passa, em sua fase de beneficiamento, para chegar a ponta final, que é o consumidor. – Muitas vezes o produtor não entende o preço que ele ver nas gôndolas e o preço que ele vende para o frigorifico. É uma distância muito grande. Por isto, ele vindo ao frigorífico, vendo todo os processos produtivos que o peixe é obrigado a passar, ele começa a entender quando se fala em cadeia produtiva, que é desde o processo dele, inicial, a produção do pescado, até o ponto final,
que é o consumidor – pontuou. O empresário disse ainda que, toda a sua preocupação com a qualidade e sustentabilidade visa a atender aos anseios de um excelente produto, com certificado de origem, qualidade e, sem dúvida, com a questão ambiental. – Isto, hoje, nós nem repassamos os custos para o consumidor final. Na verdade a gente está chamando a sociedade para participar desta questão ambiental – concluiu. Já o outro empreendedor anfitrião da comitiva visitante, Antônio Adriano Ribeiro, classificou essas visitas como muito importante, pois, conforme ele, é quando ocorrem trocas de informações e de conhecimentos, principalmente em se tratando de encontro de pessoas de diferentes regiões e realidades de produção. – Nós sabemos que a atividade de piscicultura tem diferentes práticas
em diferentes regiões. Então, essas visitas são de fundamental importância tanto para quem faz a visita, quanto para quem as recebe – pontuou. Representando o Ruraltins, a quem coube determinar a propriedade do senhor Antônio Adriano como uma das pisciculturas a serem visitadas, Dyego Santana Reis, que é Engenheiro Ambiental, disse que, para a extensão rural, essas visitas têm a importância do page make, que é copiar aquilo que um produtor já fez de melhor. Ainda conforme ele, consegue-se fazer várias reproduções de um piscicultor que já tem uma experiência vasta com outros piscicultores que ainda estão iniciando suas atividades. – Existem erros que a gente vai evitar cometê-los, se a gente está mostrando para aquele produtor que está iniciando atividade, a experiência de alguém que já fez ou faz, que já trilhou o mesmo caminho que ele. E o importante é que o produtor veja para ele crer que dá certo, que aquele caminho tem condições de ter sucesso – pontuou. Marcondes Martins, diretor de Arranjos Produtivos da Seden, que também acompanhou a comitiva do DF, durante os três dias, avaliou as visitas como uma troca de experiência muito importante, uma vez que houve a troca de informações de novas tecnologias. Ele lembrou, por exemplo, que durante a visita a Pescados Piracema, um produtor visitante viu uma forma de prevenção de ataque de predadores com fios de nylon. – Foi quando ele disse que se tivesse ido lá antes, não teria adquirido telas de nylon, bem mais caras, para este tipo de proteção – exemplificou. O Diretor considerou também que essas visitas sempre oferecem uma oportunidade de atrair novos investidores para o Estado. – A gente tem esta expectativa que, de repente, um deles tenha este interesse de investir no Estado. Além do mais, para nós do setor público é sempre uma satisfação de estar recebendo outros companheiros de produção – concluiu. Francisco Pereira Baia, piscicultor e técnico do Sebrae-DF, disse que ele e seu colegas de caravana perceberam que o Tocantins, especialmente a região de Palmas, tem um grande potencial aquícola onde se investir. – Comparado ao Distrito Federal, JUNHO 2018 |
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Piscishow em Ação onde nós temos produção, aqui falta, ainda, um pouco de tecnologia aplicada à produção, tendo em vista a baixa densidade que é usada aqui por metro quadrado. Logicamente, há um volume de água muito grande, isto é um fator diferenciado do nosso, que não temos este volume de água. Por isto, por não termos este volume de água, nós utilizamos tecnologias que compensem a essa falta. Lá, para você ter uma ideia, a média de produção por metro quadrado varia de 3 a 10 peixes. Aqui a gente percebe que não chega a um – considerou.
O GRUPO
Integram a comitiva as seguintes pessoas: Carlos André Cursino Roriz, Ramon Aknatom Gonçalves Roriz, Ildomar Barbosa de Freitas, Leandro Oliveira Alves, Francisco Pereira Baia, José da Silva Viana, Isaias Barbosa de Brito, Venício Pereira Toledo, Flávio Rogério Hautsch Reinehr, Maria Odete Rodrigues David, Geraldo José Lara e a coordenadora Patrícia Ferreira Batista.
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BAIA PONDEROU AINDA: – Se vocês, do Tocantins, conseguissem agregar a tecnologia ao volume de água que vocês têm disponível, e também a área, eu acho que vocês teriam todas as possibilidades de tornar o Tocantins, principalmente Palmas, num dos maiores produtores de tilápia do país. José da Silva Viana, produtor de peixe em São Gabriel de Goiás, no entorno de Brasília, e integrante da comitiva do Sebrae-DF, disse que a impressão que leva do Tocantins é a quantidade de água, a organização, a assistência
técnica que os produtores da região recebem do órgão público de extensão rural (Ruraltins) e da Embrapa, – O que quase não temos no nosso município que pertence a Goiás. Se eu tivesse a temperatura daqui em minha fazenda eu produziria por metro quadro três a quatro vezes mais – pontuou. Arrematando essas considerações, Patrícia Ferreira Batista, coordenadora no Sebrae-DF e chefe da Missão PISCISHOW no Tocantins, considerou de fundamental importância essas visitas pela troca de ex-
periências, a visão do potencial do Tocantins e a cordialidade com a qual o grupo foi recebido. FILHA TÉCNICA A Missão Técnica PISCISHOW é uma iniciativa do Sebrae-DF, em parceria com a revista Cerrado Rural Agronegócios e PISCISHOW, com o apoio da Embrapa Pesca e Aquicultura, Ruraltins, e das secretarias do Estado do Tocantins do Desenvolvimento Econômico, Ciências, Tecnologias, Turismo e Cultura e do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária.
Queimadas
Tocantins monta força-tarefa e terá um VANT para prevenção e combate a incêndios
N
o dia 11 de junho, o Tocantins, conforme dados atualizados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) ocupava a terceira colocação no ranking nacional de queimadas, com 1.185 focos de incêndios, atrás de Mato Grosso, com
3.103 focos e Roraima, com 1.927 focos. No ano passado, o estado tocantinense chegou a ocupar o segundo lugar, com 1.400 focos. Ou seja, nos últimos anos, o Estado oscila entre 2º e º3 lugar neste panorama nacional. Instituições oficiais das esferas
municipais, estadual e federal têm feito o possível para que essas ocorrências sejam cada vez menores no Estado. Mas muitas vezes se veem derrotadas por falta de estrutura e conscientização de parte da sociedade, sobretudo de produtores rurais e
usuários das estradas que cortam o Estado. Neste ano, essas ações serão mais ousadas e contará com equipamento de alta tecnologia no auxílio à prevenção e combate às queimadas, além grupos de recursos humanos maiores. JUNHO 2018 |
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FERNANDO ALVES/SECOM-TO
Queimadas
SOLENIDADE DE LANÇAMENTO DA FORÇA-TAREFA QUE ENVOLVE 20 INSTITUIÇÕES
Essas ações foram apresentadas nesta segunda-feira, 11, pelo Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semahr), Naturatins e demais parceiros do Governo Federal, município de Palmas e associações de produtores. Durante o evento, que foi presidido pelo subsecretário da Semarh, Rubens Brito, foi assinado um Protocolo de Intenções para a contratação de 50 brigadistas egressos e do regime aberto do Sistema Prisional do Tocantins e, também, assinatura do Acordo de Cooperação Técnica para implantar o Projeto Salvando Vidas. Ainda nesta mesma ocasião, foi divulgado o cronograma desta força-tarefa. Ocorrida na sala de reuniões do Palácio Araguaia, sede do Governo do Tocantins, a solenidade contou com representantes das 20 instituições parceiras. O Projeto Salvando Vidas, que vai interagir com as ações do Proto-
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O Tocantins oscila entre o segundo e terceiro lugar no ranking nacional de queimadas colo de Intenções, foi firmado entre a Semarh e a Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju), e
prevê o treinamento, estruturação e operacionalização de Brigada de Incêndio integradas por egressos do Sistema Penitenciário do Tocantins, que são pessoas que cumprem pena em regime aberto e os que foram punidos pela Justiça por meio de medidas alternativas, com exceção dos monitorados por tornozeleira eletrônica. As duas ações têm a finalidade de prevenir e combater sinistros, em especial queimadas e incêndios florestais. Outra parceria importante, conforme a Semahr, será a que foi estabelecido entre esta Pasta, a Defesa Civil do Estado e Seciju que, por meio da Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins (Fapto). Ela vai reforçar as operações de combate aos incêndios em campo, tendo a mão de obra de 50 brigadistas que estão sendo contratados. Ainda conforme a Semarh, esta atuação terá início a partir do mês de
agosto e segue até o mês de outubro, período de estiagem no Tocantins. Para o titular da Semarh, Leonardo Cintra, que não pode comparecer a este evento em Palácio, neste ano o Governo do Estado considerou a importância social que a contratação dos brigadistas tem, sendo voltada para oportunizar quem está em regime egresso e aberto. - É importante fazer a ressocialização dos mesmos e vimos uma forma efetiva para que isso ocorra. Precisamos contratar para o trabalho em campo de prevenção, controle e combate aos incêndios e as pessoas que serão selecionadas precisam ser reinseridas no mercado – disse. Ainda conforme Cintra, a Fapto será responsável pela triagem seleção e treinamento dos brigadistas. - Será levado em consideração o critério de bom comportamento para passarem por cursos de capacitação, com o fim de se tornarem brigadistas – afirmou.
Queimadas inteligência para o mapeamento e o controle de áreas queimadas ou com focos de incêndios, por meio do Centro de Monitoramento Ambiental e Manejo do Fogo (Cemaf). Para o subsecretário da Semarh, Rubens Brito, no mês de julho, o Estado e parceiros vão focar na prevenção de queimadas, mostrando que a força-tarefa tem estratégia para todas as situações. Mas ele diz esperar a contrapartida da sociedade, sobretudo de produtores rurais - grandes e pequenos -, e de usuários das rodovias que cortam o Estado. - Nós esperamos a contrapartida da sociedade. Aliás, o mote da primeira fase da campanha institucional é "Sem consciência é fogo”, que é justamente para chamar a atenção da sociedade, para que ela faça a parte dela – esclarece. Brito disse ainda que é neste quesito que a campanha institucional,
que será veiculada nas mídias falada, televisionada e impressa, bem como nos sites, quer chegar. - Sensibilizar todas as pessoas, porque a maioria dos incêndios tem origem na ação humana. Então, a gente precisa dessa campanha – concluiu. APOIO AÉREO A grande novidade deste ano, na prevenção e combate a incêndios será o uso de um VANT (Veículo Aéreo Não-Tripulado), adquirido pelo Governo do Tocantins para múltiplas funções, principalmente para o trabalho de prevenção e combate a queimadas. O VANT, que foi adquirido por R$ 189 mil, é um dos mais modernos do mercado, com uso em pesquisas científicas, fiscalização de fronteiras, etc. OS PROTAGONISTAS Segue a relação dos 20 órgãos
que vão atuar nesta força-tarefa: Semarh, Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, Seciju, Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), Agência Tocantinense de Transporte e Obras (Ageto), Secretaria Estadual da Saúde (Sesau), Secretaria Estadual da Educação (Seduc), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), Fundação Nacional do Índio (Funai), Exército Brasileiro, Secretaria de Estado do Desenvolvmento da Agricultura e Pecuária (Seagro), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Polícia Ambiental, Defesa Civil Municipal de Palmas, Guarda Metropolitana, Corpo de Bombeiros Ministério Público Estadual, Instituto de Terras do Tocantins (Itertins) e Federação da Agricultura e Pecuária do Tocantins (Faet). *Com informações da Ascom/Semarh)
FERNANDO ALVES/SECOM-TO
A FORÇA TAREFA Com investimentos da ordem de R$ 750 mil só para a contratação dos brigadistas, capacitação, compra de equipamentos de proteção individual (EPI), salários e demais despesas necessárias para a formação da Brigada, a Força Tarefa envolve 20 órgãos – do Estado e da União -, e terá um “Dia D” nesta quarta-feira 13, em Palmas. Conforme informa a Semarh, da mesma forma que ocorreu no ano passado, para este ano o objetivo é focar nos municípios prioritários que lideram o ranking de queimadas no Tocantins. São eles, ainda conforme o órgão estadual: Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão, Lizarda. Novo Acordo, São Félix, Pium e Ponte Alta do Tocantins. Toda esta mobilização – complementa a Semarh -, além de contratar brigadistas, engloba educação ambiental, campanha institucional de apoio, força-tarefa e uma central de
O VANT TERÁ PAPEL FUNDAMENTAL NA PREVENÇÃO DE QUEIMADAS
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DA REDAÇÃO
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rapadura é um dos produtos mais tradicionais da agricultura familiar e muito procurado também no comércio estabelecido e em feiras livres. Já é, inclusive, usado na merenda escolar e como produto de exportação. Sua fabricação teve origem nas ilhas Canárias, no Atlântico, pertencentes a Espanha, possivelmente no século XVI, constituindo-se não apenas guloseimas, mas uma solução prática de transporte de alimentos em pequena quantidade para uso individual. Como o açúcar comumente umedecia e melava, o ladrilho de rapadura acompanhava o viajante que o carregava em sacolas, devido ser de fácil transporte e possibilitar prática acomodação, além de resistir durante meses às mudanças atmosféricas. A matéria-prima principal da rapadura é a cana-de-açúcar que deve ser cultivada sem agrotóxicos e adubos químicos, colhida manualmente, sem o recurso de queimada. Estas condições, nem sempre cumpridas no processo real de produção, são necessárias para assegurar a qualidade adequada do produto natural compatível com as exigências do mercado. A rapadura tem sabor e odor agradável e característico, elevado valor alimentício e é muito rica em vitaminas, ferro, cálcio e flúor, possuindo grande teor energético. Cada 100 gramas do produto pode ter até 132 calorias. Ela contém, ainda, proteínas, carboidratos, ferro, fósforo, e as vitaminas A, C, B, e B¹². É, inclusive, bem tolerado por recém-nascidos, porque ajuda a evitar a formação de gases e previne a constipação, por apresentar ação laxante. Processo industrial Para se produzir rapadura em escala comercial é necessário a adoção de um conjunto de procedimentos referentes a higiene e também o planejamento no que se refere a matéria-prima e pessoal. Se o engenho for de porte grande – com produção de 40 cargas por dia, por exemplo -, é necessário 25 pessoas para garantir a produção. Este quadro de pessoal será distribuído da seguinte forma:
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JOSÉ NETO MARADONA/SEDEN-TO
FAÇA VOCÊ MESMO
Como produzir rapadura em pequena ou grande escala (I)
ENGENHO DE PEQUENO PORTE DA REGIÃO DO JALAPÃO, NO TOCANTINS
TRANSPORTE DA CANA 3 PESSOAS MOAGEM (VARIA CONFORME O NÚMERO DE MOENDA) 3 A 5 PESSOAS TRANSPORTE DO BAGAÇO 2 PESSOAS OPERAÇÃO DE TACHOS 4 PESSOAS BATIMENTO, ENFORMAGEM, DESINFORMAGEM E EMBALAGEM 6 PESSOAS AJUDANTE 2 PESSOAS FORNALHA 2 PESSOAS GERENTE 1 PESSOA TOTAL 25 PESSOAS Mas se o engenho for de pequeno porte – produção de 15 cargas -, trabalham-se com 6 a 8 pessoas. Transporte da cana MOAGEM BAGAÇO TACHOS FORNALHA BATIMENTO, ENFORMAGEM, DESENFORMAGEM E EMBALAGEM GERENTE TOTAL
2 pessoas 1 PESSOA 1 PESSOA 1 PESSOA 1 PESSOA 1 PESSOA 1 PESSOA 8 PESSOAS
FAÇA VOCÊ MESMO
Você vai precisar dos seguintes equipamentos para montar uma agroindústria de rapadura: 1 um engenho ou moenda conforme dimensões do produtor; um motor elétrico trifásico; uma fornalha artesanal; um tanque de alvenaria azulejado com água encanada; uma bomba para
bombeamento da garapa (caldo), opcional; 6 tachos (caldeiras) de cobre ou ferro batido conforme a região - o número e o tamanho, dependem do produtor; gamela grande de madeira,
tamanho de acordo como engenho; gamelas pequenas (para batida); formas de madeira (tamanho e fôrmas definidas pelo produtor); mesas de madeira grandes; espátulas de madei-
ra de vários tamanhos; passador (cuia ou bacia furada presa numa vara); peneiras; cuias ou bacias para mexer o meu e a garapa. O Sebrae costuma ter esses dados para fornecer.
Etapas de produção Colheita, esta deve ser feita quando a cana apresentar as seguintes condições: Cana madura, com mínimo 18º BRIX, podendo chegar de 22º a 24º BRIX; Observe o pendão cana, se ele estiver seco, pode-se colher; Observe o desfolhamento; Ao se enfiar uma faca no gomo, a cana racha facilmente fazendo barulho; Os gomos da cana quando verdes são barrigudos. Com a maturação, os gomos tornam-se mais
finos, destacando-se os nós; Após 11 a 13 meses do plantio (dependendo da variedade a cana está pronta para ser colhida. Quantidade de cana a ser cortada A cana deve ser cortada na quantidade a ser usada num período máximo de uma semana de intervalo entre o corte e a moagem; A cana deve ficar na sombra para evitar a perda
de água, o que resulta em baixo rendimento, não cristalização do mel, rapadura escura e fácil de melar. A cana deve ser moída, de preferência, no mesmo dia em que for feito o corte. Limpeza Retire a parte superior da cana (olho). Ela servirá para replantio ou alimentação para o gado;
Retire as palhas secas (poderá servir como combustível); Lave as canas com água corrente para retirar as sujeiras do campo (areia, pedra, torrões de lama, etc.) e facilitar na operação de limpeza da garapa. Continua na próxima edição. Fonte: Cadernos tecnológicos do antigo Ministério da Ciência e Tecnologia, atual Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, com edição da redação de Cerrado Rural Agronegócios.
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SECOM/PALMAS
Merenda Escolar
DO QUINTAL
PARTE DA MERENDA ESCOLAR DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO VEM DE CULTIVO PRÓPRIO
Município de Palmas colhe 4t de mandioca para a merenda escolar 28
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DA REDAÇÃO
editorgeral@revistacerradorural.com.br
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proximadamente 4 toneladas de mandioca, cultivadas na região rural de Francisco Galvão foram colhidas pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (Seder). Os tubérculos serão destinados para a alimentação escolar e, devido a grande quantidade, contemplará todas as 74 escolas e Centros Municipais de Educação Infantil de Palmas. A mandioca colhida é da espécie cacau e toda a produção é uma parceria da Secretaria de Desenvolvimento Rural (Seder) e Secretaria Municipal de Educação (Semed). Por meio do projeto Roça na Escola, a Prefeitura de Palmas investe em plantações e até produção de peixes das espécies nativas caranhas e
tambaquis, com o objetivo de complementação na alimentação escolar. Além disso, a Prefeitura de Palmas destinou seis hectares de sua área reservada no Centro Agrotecnológico de Palmas onde é realizada a Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins (Agrotins), para plantação de grãos, tubérculos, frutas, hortaliças e demais alimentos destinados a enriquecer a merenda escolar com produtos agroecológicos, sem uso de agrotóxicos, além de incentivar junto aos educandos o cuidado com o meio ambiente e as práticas sustentáveis. As escolas e Cmeis municipais devem aguardar o contato de técnicos da Semed para informações sobre entrega das sacas de mandioca. *Fonte: Secom/Palmas, com edição de Cerrado Rural Agronegócios
ENTRETENIMENTO
RECEITA
FRANGO CAIPIRA AO MOLHO
(?) Rosa: o Poeta da Vila (MPB)
(?) de vista: olhadela
Estudou (o texto)
Pátio externo em torno da igreja
Cinta; cintura Triste, em inglês
País fronteiriço ao Laos Sufixo químico de "glicerol"
A pessoa ligada por estreita amizade
Protagonista de "O Ateneu" (Lit.)
Ávida 101, em algarismos romanos
Post-(?), adesivo para recados
Ella Fitzgerald, cantora de jazz
POSOLOGIA Tomar 1 xícara do chá entre as refeições principais. De preferência, a primeira xícara deve ser tomada ainda em jejum, logo ao acordar. A bebida não deve ser adoçada e pode ser consumida fria ou morna. Fonte: Site Receita Natural
- Mas como? - Sei lá, a água tá preta!
Playstation, Wii ou Xbox "Econômico", em BNDES Grande porção de coisas Posição da abscissa no plano cartesiano
BANCO
Polícia dos EUA
Não, em inglês
Símbolo do poder no Absolutismo
Narcóticos Anônimos (sigla)
Átomo eletricamente carregado "Alea jacta (?)", frase de César
Prefixo de "onipotente": tudo
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Solução I S SO N A D L E U T A S O T S I R N I N T A I T A M E A X N T O N I T A L
MODO DE PREPARO: Junte os ingredientes e deixe ferver por um período entre 5 e 10 minutos. Depois desligue o fogo, coe a bebida e conserve em geladeira. O correto é fazer um novo chá todos os dias, por isso, ele deve ser feito em quantidade para ser guardado somente por um dia, sempre em geladeira. Caso prefira tomar o chá quente, pode reaquecê-lo quando for tomar. Mas ele é mais saboroso gelado.
Veste de juízes
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C I N D E R I A F R I J T N A L I S O A D R E T N Ã L C O S S E D E C A E R I D E O G F B I O R I O E S T R I Z O N
1 litro de água 5 rodelas de gengibre 3 paus de canela
SORRIA - Mãe! - O que foi menino? - Acho que queimei o café!
Edwin Aldrin, astronauta dos EUA
Tratamento dado a cavalheiros (ing.)
CHÁ DE CANELA COM GENGIBRE PARA EMAGRECER
VOCÊ VAI PRECISAR DE: Canela e Gengibre
Trabalhador rural, itinerante e temporário (?) de sistema, profissionais da área de TI Rondônia (sigla)
Atividade comercial de destaque do Vale Europeu (SC) Demons- Plataforma, cone, tra alegria agulha e anabela
W H B O R A R V I O D B E V E R Ã H O
MODO DE PREPARO Depois do frango limpo e picado, tempere com sal, alho e limão, deixe descansar por meia hora. Frite o frango como se fosse comer frito, retire o óleo em excesso, deixando apenas o necessário para fazer o molho (3 colheres de sopa), junte a cebola batida no liquidificador, deixe fritar bem, junte 1 litro de água, a pimenta verde e a cebola em rodelas e o caldo de galinha Tampe e deixe cozinhar bem, coloque o cheiro verde, tampe por 5 minutos e estará pronto para servir Fonte: Tudo Gostoso.
MEDICINA NATURAL
Quando o assunto é emagrecimento, gente interessada é o que não falta! Além do número de obesos estar crescendo cada vez mais, ainda têm aquelas pessoas que estão só um pouquinho acima do peso, mas desejam perder esses quilinhos a mais, que incomodam tanto. Como todos já sabem, o segredo para emagrecer de forma segura e saudável é ter uma boa alimentação e praticar exercícios físicos regularmente. Mas é sempre bom ter “uma mãozinha” pra ajudar nessa tarefa. E quem quer emagrecer com saúde, tendo uma ajudinha para acelerar e facilitar esse processo, pode lançar mão de uma mistura eficaz: o chá de canela com gengibre. Além de serem muito usadas para dar sabor e aroma aos alimentos, essas especiarias também têm propriedades medicinais.
© Revistas COQUETEL
(?) Nunes: ator, hu- Documento obrigatório para morista e Medida o sepultamento de um corpo "youtuber" que visa poupar A cobra dos enpiauiense energia elétrica cantadores indianos
3/est — not — sad. 4/naja. 6/vietnã. 11/whindersson.
INGREDIENTES 1 frango inteiro 2 cebolas grandes (batidas no liquidificador) 1 cebola pequena, cortada em rodelas 2 dentes de alho amassados 2 colheres de suco de limão - sal a gosto 1 cubo de caldo de galinha pimenta verde cheiro verde picadinho açafrão óleo para fritar
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
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CRÔNICA
O homem Baltazarino ANTÔNIO OLIVEIRA
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editorgeral@revistacerradorural.com.br
omingão de eleições e de eleitores desmotivados no Tocantins (03/06/2018), eu aqui entre as redes sociais e a leitura de um livro – “Obras Póstumas”, de Allan Kardec -, solidão, saudades de não sei o que, tédio, pressa de futuro. No Facebook, vejo uma postagem que me fez lembrar um dos maiores líderes políticos que o oeste da Bahia já teve: Baltazarino Andrade, ex-prefeito em dois mandatos da cidade de Barreiras. Rude, centralizador, tratado pela imprensa e seus adversários como ditador, inclusive por mim, na condição de editor do saudoso Folha de Barreiras, que fundei no início da década de 1980, logo após ter contribuído – como funcionário pioneiro -, com a entrada no ar da primeira estação de rádio do oeste da Bahia, a Rádio Barreiras (AM) – missão a mim determinada pelo saudoso Antônio Balbino de Carvalho, ex-governador da Bahia, ex-ministro de Getúlio Vargas, advogado atuante, não obstante a idade avançada, e fundador da referida emissora. Pois bem, voltando ao tema foco desta crônica: só depois que Baltazarino saiu da cena política, atuando apenas nos bastidores – recebendo amigos e correligionários em sua casa para conversas antes e depois do Jornal Nacional (neste intervalo, ele só tinha ouvidos e olhar para a televisão) -, é que a sociedade percebeu que ele foi o melhor administrador público que Barreiras já teve no seu comando. Foi muito zeloso do patrimônio público e tocador de obras, também. Mas, o que me fez lembrar o velho caudilho barreirense foi o seu lado humano. Abaixo, dois de alguns episódios que atestam seu espírito humanitário e dos quais fui um dos protagonistas.
PRIMEIRO: Certa vez, lá pela década de 1980 e início da de 1990, perambulava pelas ruas de Barreiras uma débil mulher, esquelética, maltrapilha que, quando entrava em crise atacava pessoas e automóveis; comia restos que lhe davam e bebia água de esgoto que corria mais abundante pelas ruas da cidade. De crise em crise era recolhida ao Eurico Du-
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tra onde lhe aplicavam um sedativo e logo depois a largavam nas ruas, novamente. Eu vendo aquilo, consegui, em Goiânia, uma vaga para interna-la no então Hospital Psiquiátrico Adalto Botelho, sob minha promessa de quando ela tivesse alta eu a pegasse de volta e a reintegrasse a sua família. Concordei, mesmo sem saber de onde aquela coitada veio. Fui a Baltazarino, juntamente com dois maçons amigos – Reginaldo Melo e Romero Amorim – e pedimos a ambulância para levar a “Chica” – assim ela era chama-
da por populares – até Goiânia. O sim foi de imediato. Ambulância, motorista e combustível de ida e volta. Um ano depois, a “Chica” começou a recuperar a memória, retomou sua forma física e teve alta. E quem disse que eu conseguí localizar familiares dessa mulher na região? Pedi para minha santa mãe ficar com ela em casa, enquanto continuava minhas pesquisas em busca de seus familiares. Foi uma ótima companheira para meus pais e meus irmãos. Enfim, descobri suas origens, seus familiares em Pedras de Maria da Cruz, as margens do Rio São Francisco, em Minas Gerais. Mais uma vez fui ao prefeito Baltazarino e consegui com ele, não mais uma ambulância, mas um carro de passeio – uma Caravan -, com motorista e toda a despesa da viagem Goiânia/Barreiras/Minas Gerais e retorno. SEGUNDO: Certa vez, lá pelo ano de 1983, mais ou menos, fazendo reportagens para o meu Folha de Barreiras, me deparei, na Vila Rica, com uma doce senhora, sob a copa de uma goiabeira, numa clareira de matagal, com uma lata de manteiga 18 litros, sobre fogão a lenha improvisado, cozinhando uma sopa e rodeada de crianças. Era a nossa amada Francisca Doroteu Prado – carinhosamente, Francisquinha. Conversei com ela, que me explicou todo o seu trabalho com crianças socialmente carentes e suas dificuldades. No dia seguinte fui ao gabinete do prefeito Baltazarino, narrei o que vi e lhe pedi apoio àquela Alma boa. Dias depois, Baltazarino, acompanhado de seu vice, Paulo Braga, e do então Comandante do 4° BEC, fez uma visita a Francisquinha. Meses depois, Prefeitura e Batalhão do Exército construíram lá uma cozinha e um refeitório. Foi o embrião do que é hoje o complexo de assistência social e de educação Lar de Emmanuel. Depois disto, sabe quantas vezes Baltazarino me pedira para mudar minha linha editorial crítica ao seu jeito político de ser? Nenhuma. Quantas vezes ele pedira ou impôs votos à família Prado e assistidos por ela? Nenhuma.
ANTÔNIO OLIVEIRA É jornalista, radialista, escritor e editor desta Revista
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NOVEMBRO/2018
PALMAS - TOCANTINS
2018
Informações: (63) 3571-2236 / 99288-0311
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