Revista Cerrado Rural -Outubro de 2017

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Ano XV OUTUBRO/2017 R$ 5,00

www.revistacerradorural.com.br

SEGREDOS DO PIRARUCU

Conheça a história do profissional de Contabilidade que investiu na criação da espécie e dominou seus principais gargalos: nutrição e reprodução

AGREGAÇÃO

PESCADOS PIRACEMA CELEBRA CONVÊNIO COM O BANCO DO BRASIL PARA FOMENTAR A PRODUÇÃO PELO SISTEMA AGREGADO AGROFAMILIAR

GOVERNO DO MARANHÃO INVESTE MEIO MILHÃO DE REAIS NA COMPRA DE ALIMENTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR

ENTREVISTA: ALEXANDRE FREITAS, O DESAFIO DE SUSBSTITUIR CARLOS MAGNO E DE ENCONTRAR A “TILÁPIA BRASILEIRA”



SUMÁRIO

04 CARTA DO EDITOR Piscicultura, a bola da vez

06 OPINIÃO

Roberta Züge Menos emoção e mais racionalidade para os alimentos

07 OPINIÃO

Mário Fortunato Produção de alimentos se torna protagonista do agronegócio nacional

08 ARTIGO TÉCNICO

Fernando Mendes Lamas A importância das plantas de cobertura

09 ARTIGO TÉCNICO

Renata Melon e Flávia Milene Variação climática e questões ambientais na piscicultura

10/11 BALAIO NEWS

As últimas notícias do agronegócio no MATOPIBA

ENTREVISTA Alexandre Freitas, chefe geral interino da Embrapa Pesca e Aquicultura: O desafio de substituir Carlos Mágno e de encontrar a “tilápia brasileira”

13/14

AGROFAMILIAR

Cachaça - Cooperativa tocantinense faz sua primeira grande venda Escola verde ‒ Escolas barreirenses ganham horas educativas Alimentos ‒ Maranhão investe quase meio milhão de real na produção familiar

15/16/17

ALTERNATIVA

Embrapa testa biocarvão como condicionar de solo 24 Complexo soja Tocantins, maior produtor do Norte, conta com mais uma esmagadora

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AGREGAÇÃO

Pescados Piracema celebra convênio inédito com o Banco do Brasil

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GASTRONOMIA

Prato a base de pirarucu vence concurso gastronômico no Tocantins

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NOVA ROTA

Grupo empresarial de logística estuda nova saída para o algodão baiano

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ENTRETENIMENTO

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Receitas, medicina natural, piada e palavras cruzadas

CAPA PIRARUCU ‒ Junior Costa, o contador que dominou a espécie A história de um profissional da contabilidade apaixonado por peixe e que optou pela criação de pirarucu quebrando paradigmas

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CRÔNICA

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Amanda Oliveira Santos “A esperança é a última que morre”

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CARTA DO EDITOR

Piscicultura, a bola da vez

Olá amigos do Brasil que produz! Cá estamos nós com mais uma edição desta revista, sempre voltada para os agronegócios, a agricultura familiar, o meio ambiente, as pesquisas e demais assuntos de interesse das cadeias produtivas de alimentos, fibras e biomassa no Brasil e mais, especialmente – nosso foco principal –, nos cerrados do Norte e Nordeste do Brasil, a chamada região do MATOPIBA, tecla que batemos há mais de 14 anos. Esta edição, mais uma vez, a exemplo da edição de setembro do corrente ano, traz como destaques assuntos da área da piscicultura. Não intencional, mas porque o setor vem se desenvolvendo muito no Brasil, ganhando generosos espaços e tempo nas mídias brasileiras. Veja, por exemplo, o frigorífico de peixes inaugurado na segunda quinzena deste mês pela C.Vale do Paraná. É o maior do Brasil. Santa Catarina, por meio da Copacol, também vem se destacando muito no setor de pescados. São evidências que a piscicultura avança cada vez mais, sem volta. Mesmo com a falta de visão de governos federal e estaduais para área. Faltam políticas de Estado. Há poucas exceções neste contexto e aqui nós citamos entre estas, os governos de Rondônia e de São Paulo. Ainda na área privada, destacamos as dezenas de pesquisas próprias Brasil a fora com espécies nativas ainda não totalmente

dominadas como é o caso do tambaqui e do pirarucu. Nesta edição, trazemos, na matéria de capa, a experiência vitoriosa do profissional de Contabilidade, Junior Costa, do Espírito Santo. Apaixonado pelo pirarucu desde menino, ele resolveu, há alguns anos, dedicar-se ao cultivo e reprodução da espécie em cativeiro. Com paciência e dedicação, segundo ele, colhe bons resultados e não se arrepende de ter investido capital e trabalho nesta atividade. Bom, volto para a nossa região, o MATOPIBA, onde, também, a piscicultura cresce muito e poderia crescer ainda mais se os governos pisarem no acelerador. Oeste da Bahia vem se destacando no cultivo de espécies nativas em tanques cavados no solo; no Piauí, o Governo do Estado tem aproveitado a crise hídrica de outros estados para atrair piscicultores para o seu território. Tem dado certo. Tocantins, que tem o maior potencial em todo o MATOPIBA as políticas de Governo ainda são tímidas. Mas há um esforço muito grande de pastas técnicas como Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), secretárias do Desenvolvimento Econômico, Ciências, Tecnologias, Turismo e Cultura (Seden) e Secretaria do Desenvolvimento da Agricultura e da Pecuária (Seagro) para desenvolver o setor, atrair investidores. Um Plano de Desenvolvimento da Piscicultura está em vias de ser efetivado no Estado e,

espera-se, vai dinamizar a atividade. Mas, a ação que pesa mais é a do Palácio Araguaia. Estamos todos na espera de boas notícias para o setor, com redução de impostos. Ainda no contexto da piscicultura regional, esta edição traz também outras informações importantes como o convênio feito entre o Banco do Brasil e a Pescados Piracema para fomentar o sistema de produção integrada de peixes nativos. Uma importante conquista que vai dinamizar o setor no Tocantins. Outra matéria, evidencia ainda mais o potencial gastronômico do pirarucu: um prato a base da espécie vence um concurso no Tocantins. Por fim, dentro deste tema, a edição estampa em suas páginas de entrevista, um bate-papo com o chefe geral interino da Embrapa Pesca e Aquicultura, Alexandre Freitas. Ela está no cargo há dois meses, substituindo o experiente e veterano Carlos Magno, que deixou a empresa após décadas de serviços prestados à ela. Freitas expõe sua visão das pesquisas em pesca e aquicultura e os desafios que tem pela frente, como encontrar e desenvolver um peixe nativo que tenha as características comerciais da tilápia. Isto e muito mais da agricultura e da pecuária na região. Boa leitura e até a próxima edição.

ANTÔNIO OLIVEIRA

EXPEDIENTE Cerrado Rural Agronegócios - impresso e site - tem foco jornalístico na região do MATOPIBA. É publicada por Cerrado Editora, Comunicação e Marketing Ltda CNPJ 10.683.730/0001-98 EDITOR-GERAL: Antônio Oliveira (RP.: 474/TO)

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De Cerrado produtivo a gente entende. E gosta.


DEPOIS DA EXCELENTE REPERCUSSÃO DOS EVENTOS DESSE ANO, JÁ ESTAMOS TRABALHANDO NOS PRÓXIMOS

VEM AÍ ! CONGRESSO

avisuleite2018 AVICULTURA, SUINOCULTURA E LATICÍNIOS FAMILIAR E EMPRESARIAL

REALIZAÇÃO:

PISCISHOW2018

CONGRESSO E FEIRA DE TECNOLOGIA PARA PESCA E AQUICULTURA DO MATOPIBA


OPINIÃO

Menos emoção e mais racionalidade para os alimentos

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sociedade, para que funcione com segurança, estabelece requisitos e padrões para diversos segmentos. Estes padrões e os tais requisitos estão baseados em pesquisas que demonstram que são necessários para a execução, a construção, a produção de alimentos, transmissão de energia, telecomunicações, e uma infinidade de outras coisas que, na maioria das vezes, desconhecemos. Em abril de 2016, um trecho de 20 metros desabou a ciclovia Tim Maia, ocasionando a morte de duas pessoas e ferindo outras três. Esta obra havia sido inaugurada em janeiro do mesmo ano, ou seja, três meses antes do desabamento. Perícias e avalições posteriores identificaram erros em todas as etapas da obra. Iniciando já pela licitação, que estava com o projeto básico incompleto, e as falhas foram se multiplicando também na execução. Além de questões de projeto, os materiais de construções necessitam de especificações. Desde o tipo de vergalhão utilizado para “bater uma laje”, que deve conter aço com características conforme a norma técnica que a rege, contemplando resistência mecânica, maleabilidade, entre outros itens que devem ser criteriosamente selecionados para que erros não ocorram. Cimento e até areia tem especificações. Exatamente para mitigar problemas como o da ciclovia. Qualquer fio elétrico, tomada, parafuso, cabo, tantas outras coisas que fazem parte da nossa vida e nem percebemos, possuem especificações. O mesmo ocorre com alimentos. Fazendo uma analogia simples, quem cozinha também faz e executa um projeto. Elabora a receita, contendo as especificações dos insumos (troca-se a areia da obra pela farinha, por exemplo), como se faz mistura dos ingredientes e identifica o tempo e tipo de cozimento: vai ao forno, fogão, banho-maria, frita, marina-se no limão, etc. Elaborando um bom projeto (a receita), utilizando os insumos certos, conforme as especificações de qualidade e segurança, há mais chances de sucesso. Assim como as especificações dos materiais de construção são impactantes em uma obra, os alimentos são para qualquer receita. Há ainda outro item além: os alimentos podem veicular doenças. Pasteur em suas pesquisas, em 1864, descobriu que o aquecimento do alimento a uma determinada temperatura, por determinado tempo, e depois resfriado a uma temperatura inferior à de antes, eliminava os microrganismos que causavam enfermidades. Esta descoberta mudou o rumo de algumas

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doenças, como a tuberculose. Apesar disto, ainda hoje, no Brasil, quase 10% da tuberculose humana ainda é de origem zoonótica, ou seja, transmitida por animais, normalmente, por leite, oriundo de vacas contaminadas, e que não passou por este processo de pasteurização. Percebe-se com isto, que a especificação do insumo da nossa receita precisa conter a sanidade e origem do alimento. As salmonelas, tipo de bactéria transmitida por alimentos, são, em todo o planeta, consideradas um dos problemas mais alarmantes de saúde pública. Podem causar mortes e, no mínimo, aqueles quadros de cólicas e diarreia que são inesquecíveis. Normalmente, estão associados aos ovos e carnes de frango. Mas, o Brasil já estampou o noticiário norte americano, por exportar mangas contaminadas com salmonela, que ocasionou três mortes nos EUA. As especificações de tratamento das mangas, que exigem um banho, não foram cumpridas. A água estava contaminada com esta bactéria, que contaminou as mangas e desencadeou este cenário indesejado a todos: consumidor e setor produtivo. De modo geral, as enfermidades causadas por alimentos de origem animal são mais severas. Poderia enumerar diversas delas, desde as causadoras de doenças crônicas a aquelas de quadro agudo, mas, ambas podem causar a morte. Tanto pela ação do microrganismo em si, como de toxinas que podem ser liberadas por eles. Por isto, há tantos requisitos para produtos de origem animal. Controles já na propriedade. Um leite, mesmo que passe pelo processo de pasteurização, mas que estava com muito estafilococus (bactéria que pode ser encontrada em grande quantidade na glândula mamária de vacas não sadias) pode conter muitas toxinas liberadas pela bactéria, causando vômitos e desidratação. Em pessoas debilitadas e crianças, o quadro pode ser tão severo que pode causar óbitos. A carne, caso não tenha controle de sanidade do rebanho, também pode transmitir doença, como a toxoplasmose- o terror das mulheres grávidas. Assim, os sistemas de inspeção e fiscalização de produtos de origem animal, contemplam todas as esferas da propriedade, passando pelos procedimentos pré-abate (ou no caso do leite, resfriamento em tanques já na propriedade), pelo processamento, armazenamento, transporte e distribuição. O Brasil possui sistemas de inspeção que podem ser limitados a regiões. Existem o municipal, estadual e federal. Há mais de uma década, criou-se o

Sisbi, um sistema que não é o federal (SIF), mas que contempla requisitos que permitem extrapolar as fronteiras do estado, mas não exportar. E por que tais diferenças? De modo geral, quanto mais distante o ponto de comercialização da produção, mais requisitos e controles são necessários, como por exemplo, a cadeia do frio. Num país como o nosso, com temperaturas médias bem altas (que a maioria das bactérias também gostam) e com variações no fornecimento de energia, infelizmente, ainda bem significativas, o transporte e armazenamentos ainda são pontos bem críticos, que facilitam a proliferação de microrganismos. Este é um dos fatores que exigem controles de fiscalização diferenciada. No último final de semana, a cidade brasileira mais conhecida no mundo, principal ponto turístico do Brasil, o Rio de Janeiro, protagonizou outro problema de descumprimento de requisitos técnicos e sanitários. O fato ganhou grande repercussão, com muitos defendendo a ação realizada e a maioria, especialmente os que desconhecem os reais problemas que podem ser ocasionados por alimentos, contrários. Os empresários do setor de alimentos que foram trabalhar neste evento estavam cientes das especificações necessárias, desde critérios de higiene pessoal, armazenamento e processamento dos insumos, assim como a origem dos produtos. O descumprimento poderia acarretar graves problemas. Além de cumprir sua função de fiscalizar, a vigilância sanitária também impede que sejamos notícia negativa no cenário internacional. Imaginem a repercussão de uma morte, por alimento contaminado, num evento como o Rock in Rio. Ou mesmo, diversas pessoas com quadros de diarreia e vômito durante as apresentações: seria um cenário dantesco. O Brasil tem figurado como um grande player no canário mundial de alimentos. O setor é um dos poucos que segue produzindo e gerando empregos. Descumprir os requisitos significa também colocar em risco nossa credibilidade, já abalada por episódios onde os que deveriam fiscalizar e autuar não o fizeram. Condenar, os que estavam realizando seu trabalho corretamente, é carta branca aos que pretende burlar. Mudanças em requisitos podem existir. Normas são revisadas, mas sempre embasadas em pesquisas e comprovações. Enquanto isto, as especificações devem ser cumpridas, seja na “construção” do sanduiche, seja na de uma ciclovia.

ROBERTA ZÜGE Membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS); VicePresidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná (SINDIVET); Médica Veterinária Doutora pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/ USP); Sócia da Ceres Qualidade.


OPINIÃO

Produção de Alimentos se torna protagonista do agronegócio nacional

D

e fundamental importância para o agronegócio mundial, o cultivo de alimentos precisa crescer 20% até 2020 para atender o aumento da demanda, de acordo com dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Nesse sentido, o Brasil é apontado como o principal responsável, pois deve ampliar a produção em 40% no período. Para o país garantir esse protagonismo no cenário global, duas questões têm de ser destacadas: o bom momento do mercado de grãos, que deve atingir o volume de 238,2 milhões de toneladas na safra 2016/2017 - crescimento de 27,7% em comparação ao ciclo anterior; e o fortalecimento da agricultura familiar, que conta com 11,5 milhões de trabalhadores e é responsável por produzir 70% dos alimentos consumidos no país. Nesse cenário em que o agronegócio aparece como protagonista, diferentes setores da economia se fortalecem. Entre eles, está a indústria de maquinários agrícolas, que trabalha fortemente no aprimoramento de suas soluções para atender às diferentes demandas dos pro-

dutores rurais. Para isso, investe fortemente no desenvolvimento de soluções com custos acessíveis, de fácil manuseio, seguras, que exigem menos esforço físico na operação e ainda garantem o aumento da produtividade no campo. Na produção de grãos, por exemplo, não são apenas as fabricantes de grandes maquinários que se beneficiam, mas também as indústrias de tecnologias de pequeno porte. Um exemplo disso é o soprador, que, além de ser indicado para a limpeza de folhas e detritos, é uma ferramenta importante na prevenção de incêndios nas plantações de milho e soja. O equipamento é indicado para fazer a higienização das colheitadeiras após o uso. Isso porque, dependendo da velocidade e do modo de operação, a palha e outros resíduos podem ficar concentrados no interior da máquina. Quando esse material entra em contato com o motor em alta temperatura, pode dar início a um foco de incêndio e, assim, gerar um prejuízo considerável ao produtor. Já na agricultura familiar, diante da necessidade de driblar a escassez de mão de obra e de garantir o aumento da produtividade, as tecno-

logias capazes de mecanizar propriedades menores são cada vez mais necessárias. O motocultivador talvez seja o principal deles, já que pode ser usado no lugar da enxada e diminuir o tempo de trabalho de forma significativa. O equipamento é indicado para atividades de preparo do solo, principalmente em hortas e também em granjas, a fim de revolver a cama de frango e melhorar o ambiente de criação. Outro ponto positivo do uso da tecnologia dentro de uma pequena propriedade é a redução significativa do tempo de trabalho. Com isso, o agricultor tem condições de diversificar as culturas e aumentar a oferta de alimentos. Diante de todos esses fatores, notamos que o país ainda tem um grande desafio pela frente: contribuir com o crescimento da produção de alimentos e fortalecer o agronegócio. Para isso, diferentes segmentos da economia devem investir no setor, por meio de políticas de estímulo ao desenvolvimento e da criação de tecnologias capazes de otimizar o trabalho. Esse é o caminho para que o Brasil se torne o maior produtor de alimentos do mundo.

MARIO FORTUNATO é gerente de produtos da Husqvarna para a América Latina. A empresa é líder global no fornecimento de equipamentos para o manejo de áreas verdes.

A UNIÃO TRAZ O PEIXE Estamos unidos para a promoção e o desenvolvimento da piscicultura no MATOPIBA e no Brasil REALIZAÇÃO


ARTIGO TÉCNICO

A importância das plantas de cobertura C

omo o nome já diz, as plantas de cobertura têm a finalidade de cobrir o solo, protegendo-o contra processos erosivos e a lixiviação de nutrientes, porém não se limitando a isso, já que muitas são usadas para pastoreio, produção de grãos e sementes, silagem, feno e como fornecedoras de palha para o sistema de plantio direto. Tão importante quanto a parte aérea das plantas de cobertura, são as raízes das mesmas. Os efeitos das raízes na produtividade agrícola, ainda são pouco reconhecidos, embora seja sabido sobre sua importância na construção do perfil do solo. Algumas espécies de plantas de cobertura como o milheto e as braquiárias possuem a capacidade de reciclar nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas que serão cultivadas em sucessão e, no caso da maioria das leguminosas, como fixadoras do nitrogênio atmosférico. Estas características das plantas de cobertura podem contribuir para reduzir custos de produção, especialmente com fertilizantes químicos, que além de impactarem o custo de produção das culturas cultivadas para produção de grãos, fibras e energia, tratam-se de recursos naturais não renováveis. As plantas de cobertura quando adequadamente utilizadas se constituem em estratégia para melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo. Além do mais, são essenciais para incrementos de matéria orgânica do solo, que é essencial na dinâmica desses atributos supracitados que compõem a fertilidade do solo. Isso ganha mais importância em solos tropicais e intensamente intemperizados. A capacidade produtiva do solo é altamente dependente do teor de matéria orgânica. Em geral, em áreas com altos rendimentos são observados elevados teores de matéria orgânica. A matéria orgânica é importante para a maior retenção de água no solo, pela disponibilidade de nutrientes para as plantas e pela estruturação do solo. Além de contribuírem para a melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo, as espécies vegetais utilizadas como cobertura do solo auxiliam no controle de plantas daninhas, de doenças, de nematoides e de pragas, beneficiando diretamente as culturas sucessoras. As plantas de cobertura constituem impor-

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tantes aliadas no manejo de plantas daninhas. O efeito das plantas de cobertura no manejo de plantas daninhas se dá de várias maneiras, podendo-se destacar: a-) efeito alopático - as plantas de cobertura interferem na germinação, emergência e no crescimento das plantas daninhas, quer por exsudados eliminados pelas suas raízes ou por substâncias liberadas quando da decomposição da parte aérea, impedindo ou dificultando a emergência e/ou germinação das plantas daninhas; b-) cobertura do solo - a cobertura proporcionada pelas plantas de cobertura se constitui numa barreira física, que impede a emergência das plantas daninhas e limita a presença de luz, o que impede a emergência de algumas plantas daninhas, inclusive aquelas de difícil controle como é o caso da Buva. A Brachiaria ruziziensis, é exemplo de uma espécie de planta de cobertura muito eficiente no controle de plantas daninhas. As plantas de cobertura também auxiliam no manejo de nematoides, um grave entrave da agricultura moderna. Crotalaria spectabilis e Crotalaria ochroleuca, são exemplos de plantas de cobertura que auxiliam no manejo dos principais nematoides que causam dano econômico às espécies cultivadas para produção de grãos e fibras. As plantas de cobertura também se constituem em importante estratégia para manejo de doenças e pragas. As braquiárias, são excelentes no manejo do mofo branco, doença que está se tornando cada vez mais grave em várias regiões, causando danos às culturas de feijão e algodão. Crotalaria spectabilis é exemplo de uma planta de cobertura que auxilia no manejo do percevejo castanho – Scaptocoris castanea. A espécie de planta de cobertura a ser cultivada deve apresentar algumas características: ser de fácil estabelecimento; apresentar crescimento rápido; proporcionar boa cobertura do solo; não ser hospedeira preferencial de doenças, pragas e nematoides; permitir a colheita de grãos ou o pastejo animal no período de entressafra, apresentar sistema radicular vigoroso e profundo e produzir matéria seca em quantidade suficiente para a semeadura direta. Não existe uma espécie de planta de cobertura que se adeque a toda e qualquer condição ecológica. Para cada ambiente e dependendo

da cultura sucessora, deverá haver um conjunto de espécies mais adequadas. Um diagnóstico adequado das limitações atuais do seu sistema de produção também é estratégico para auxiliar na escolha das espécies com maior potencial em agregarem benefícios para o sistema. Como toda espécie vegetal, as utilizadas como plantas de cobertura exigem condições ambientais adequadas para seu crescimento e desenvolvimento. Por exemplo, quando cultivada fora da época indicada, por ser sensível a duração do fotoperíodo, a Crotalaria spectabilis, tem o seu crescimento vegetativo reduzido, iniciando o período de frutificação quando as plantas ainda estão com altura reduzida, diminuindo a produção de matéria seca e aumentando as condições favoráveis à incidência de mofo-branco. A tomada de decisão sobre o cultivo de uma espécie como planta de cobertura deve ser precedida de um profundo conhecimento acerca da espécie em questão para evitar qualquer tipo de frustração em termos de produção e benefícios e até mesmo a disseminação de pragas, doenças e nematoides. O cultivo de espécies de plantas de cobertura pode ser feito utilizando-se uma única espécie, duas ou mais espécies semeadas ao mesmo tempo na mesma área. A semeadura simultânea de mais de uma espécie sobre o ponto de vista de melhoria da biodiversidade do sistema é inquestionável. No entanto, tudo irá depender do propósito que se tem com o cultivo da planta de cobertura e das espécies consorciadas. É fato que o uso de plantas de cobertura tem uma certa “restrição” de boa parte do setor produtivo, já que não resulta em retorno financeiro direto e imediato. No entanto, os reflexos e entraves dos sistemas de produção atuais, baseados em sucessão de cultivos (ex.: soja/milho), indicam de forma clara o papel dessas espécies na diversificação e viabilidade dos sistemas de produção. Respondendo diretamente ao questionamento proposto no título desse artigo, podemos dizer que plantas de cobertura são espécies cultivadas visando em última análise a melhoria do ambiente de produção. O cultivo dessas deve ser precedido de cuidados agronômicos e também deve ser considerada a espécie a ser cultivada na sequência.

FERNANDO MENDES LAMAS É pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste - fernando. lamas@embrapa.br


ARTIGO TÉCNICO

Variação climática e questões ambientais na Piscicultura

O

s efeitos da variação climática regional são uma realidade sentida em todo o território brasileiro. Em 2017, por exemplo, devido ao prolongado período seco, com escassez de chuvas nas nascentes e ao longo dos grandes rios, os níveis dos reservatórios das usinas hidroelétricas foram fortemente prejudicados, provocando a diminuição da produção de energia hidroelétrica e acionando as termoelétricas cujo custo de produção é superior, ocasionando a cobrança de taxa de consumo de energia elétrica no patamar máximo (bandeira vermelha) a partir de outubro para a população brasileira. Tais variações não afetam só a produção e o consumo de energia elétrica, como também diversas atividades dependentes dos recursos hídricos como o consumo humano, dessedentação de animais, produção agrícola, atividades industriais, entre outros. Para a atividade de piscicultura, completamente dependente dos recursos hídricos, a redução da oferta hídrica, tanto em quantidade como em qualidade, a situação não poderia ser diferente, sofrendo impactos consideráveis. Apesar do crescimento produtivo da piscicultura no país, ainda são incipientes os estudos que a relacionam com as características climáticas locais e regionais, especialmente com a oferta e demanda hídrica. Fenômenos climáticos sazonais, como o El Niño e La Niña, têm afetado a dinâmica climática refletindo tanto no prolongamento das estações secas quanto na distribuição irregular das chuvas, causando altas concentrações pluviométricas registradas em algumas regiões. No caso dos grandes reservatórios da região Nordeste, estes sofreram com a estiagem prolongada provocada pelo el Niño de 2015, e a pluviometria anual dos anos decorrentes não foram suficientes para a recuperação dos níveis hídricos condizentes com a oferta/demanda das atividades que envolvem os recursos hídricos da região. Há de se considerar que a variação climática não é o único fator responsável pela diminuição da disponibilidade hídrica. Fatores ambientais, principalmente associados à degradação das nascentes e matas ciliares são responsáveis por processos de assore-

amento ao longo dos cursos d’água e diminuição de recarga hídrica do lençol freático relacionadas às bacias hidrográficas. O desmatamento constante em áreas de recarga e uso desordenado do solo no entorno dos cursos d’água e reservatórios também contribuem fortemente para a redução da oferta hídrica. A caracterização, monitoramento e gerenciamento dos recursos hídricos são essenciais para a preservação dos corpos d’água e manutenção de atividades essenciais, bem como, a definição de políticas públicas e ações efetivas na gestão territorial com foco no desenvolvimento sustentável, na redução de possíveis riscos e mitigação de impactos econômicos, ambientais e socioculturais decorrentes da escassez hídrica. A piscicultura intensiva (seja em viveiros de terra ou em tanques-rede) tem impulsionado a produção brasileira de peixes cultivados tornando-se numa importante opção para o produtor brasileiro e auxiliando na redução do déficit da balança comercial de pescado, negativa em 280 mil t no valor de mais de US$ 1 bilhão em 2016. Entretanto, a questão ambiental na piscicultura intensiva deve ser considerada de forma ainda mais crítica, independentemente do sistema utilizado, pois a carga orgânica oriunda principalmente da quantidade de ração fornecida (entre 1,2 a 1,8 quilogramas para cada kg de peixe produzido) é alta. Pisciculturas em sistemas de viveiro escavado precisam retornar o efluente produzido com qualidade igual ou superior a água de captação para obterem e/ ou renovarem sua licença ambiental. Ocorre que muitas propriedades pequenas não possuem área suficiente para tal tratamento, precisando se adaptar à legislação dispondo de viveiros de cultivo para que sirvam de área de sedimentação e tratamento. Cultivos em tanques-rede não lidam com efluentes, mas despejam uma carga orgânica ainda maior nos reservatórios de cultivo pela natureza do sistema que trabalha com maiores densidades produtiva e geram uma maior taxa de conversão alimentar. Dependendo do fluxo da água na área de cultivo, a região pode se tornar rapidamente eutrofizada, reduzindo o oxigênio dissolvido e, por conseguinte,

degradando a qualidade da água. Neste caso, cultivos em tanques-rede devem ter áreas disponíveis para rotatividade produtiva, o que demanda um gerenciamento constante da qualidade da água utilizada. Dada as questões ambientais agravadas pelas variações climáticas, é de extrema importância uma maior conscientização dos produtores sobre a responsabilidade ambiental nos sistemas intensivos. Os esforços para uma maior eficiência no fornecimento de ração e cuidado no controle da qualidade da água são ainda mais importantes nos momentos de estiagem. Cadeias produtivas bem estruturadas, com maior grau de organização do setor, possuem capacidade de reagir mais rapidamente nos casos de emergência ambiental, como observado nos casos de redução dos níveis dos reservatórios da Ilha Solteira e do Castanhão, em 2015. A participação nas decisões de gestão dos reservatórios utilizados pela atividade aquícola, planejamento dos riscos ambientais e delineamento das ações mitigadoras de baixo impacto socioeconômico são fundamentais. Outro fator que merece destaque é o apoio governamental como facilitador das ações mitigadoras. Esse apoio deve ser formado a partir de várias esferas da administração pública (Ministério, Prefeitura, etc.) e abranger desde participação nas discussões, capacitação, dentre outras ações. Faz-se necessário ainda o desenvolvimento de uma política nacional de sustentabilidade da atividade aquícola com garantias para o piscicultor e para a indústria do pescado, que possa assegurá-los de prejuízos provenientes dos períodos de estiagem ou de quaisquer outras adversidades climáticas, promovendo ainda uma constância de mercado que garanta a venda da produção. Para este fim devem ser consideradas as peculiaridades de cada polo produtivo, observando os vários aspectos climáticos, os manejos de comportas e os recursos hídricos que são outorgados para a prática da piscicultura em açudes e reservatórios hidrelétricos, os quais estão inseridos dentro de um contexto de usos múltiplos de suas águas.

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RENATA MELON BARROSO Médica Veterinária, analista da Embrapa Pesca e Aquicultura Doutora em Biologia Celular e Molecular

FLÁVIA MILENE Geógrafa, Analista da Embrapa Pesca e Aquicultura

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Sead tem novo titular

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O ALGODÃO TEVE PESO NESTA ESTIMATIVA

MAPA

administrador e especialista em processos gerenciais Jefferson Coriteac, de 43 anos, é o novo titular da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead). Sua nomeação foi publicada no Diário Oficial da União do dia 18 deste mês. José Ricardo Ramos Roseno, que ocupava o cargo, foi nomeado como secretário adjunto da pasta. Coriteac tem vasta experiência em gestão e na atuação sindical. Em 1994,

iniciou sua trajetória sindicalista. Foi ativista, delegado sindical e, em 2000, foi eleito diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. No movimento sindical, teve a oportunidade de conhecer de perto o público jovem. Foi secretário nacional de juventude da Força Sindical, presidente de movimento de juventude do PDT e presidente do Comitê Mundial de Jovens da Confederação Internacional de Sindicatos, que tem base em Bruxelas, na Bélgica.

FOTO DIVULGAÇÃO

BALAIO NEWS

CORITEAC TEM VASTA EXPERIÊNCIA EM GESTÃO E NA ATUAÇÃO SINDICAL

Estimativa do VBP em 2017 é de R$ 535,42 bi É de R$ 535,42 bilhões a estimativa do Valor Bruto da Produção Agropecuária ( VBP ) de 2017 com base em informações do mês de setembro revelando crescimento de 2,1 % sobre o valor estimado em setembro de 2016, R$ 524,49 Bilhões. O aumento foi impulsionado pelo

resultado das lavouras, que tiveram aumento de 6,3 % , em termos reais (descontada a inflação do período), enquanto na pecuária, houve redução de 5,9 %. Na composição do VBP, lavouras geraram R$ 365,88 bilhões, 68,3 % do total, e a pecuária, R$ 169, 53

bilhões, 31,7 % do total. Como o ano civil está quase encerrado, devemos ter pequenas alterações até o fim do ano, prevê José Garcia Gasques, coordenador-geral de Estudos e Análises da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

SAGRIMA

FOTO DIVULGAÇÃO

A VELHA PONTE FOI CONSTRUÍDA NA DÉCADA DE 1970 E ESTÁ COM RESTRIÇÕES DE TRÁFEGO

ENTREGA DE 4 TONELADAS DE RAÇÃO, PARCERIA PREFEITURA E GOVERNO DO ESTADO

Aquicultores são beneficiados com ração no Maranhão

Governo lança obras da ponte de Porto Nacional

A Prefeitura de São Luís e o Governo do Estado do Maranhão entregaram, dia 20 deste mês, quatro toneladas de ração para alevinos a piscicultores da capital maranhense, em evento realizado na Vila Coquilho, zona rural da cidade. O prefeito Edivaldo Holanda, o secretário Márcio Honaiser e o secretário Ivaldo Rodrigues realizaram a entrega a aproximadamente 80 famílias

O Governo do Tocantins lançou, dia 23 deste mês, em Porto Nacional, as obras da nova ponte sobre o Rio Tocantins na Rodovia TO-070, trecho que liga o município à BR- 153. O evento ocorrerá às 15 horas. A nova ponte é uma solicitação antiga dos produtores de grãos da região e sua estrutura terá 1.488 metros de extensão, sendo 1.088 em armação de concreto e 400 de aterro. A licitação foi realizada em

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serão beneficiadas pelo insumo. Na ocasião, conforme a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca do Maranhão (Sagrima), o prefeito recebeu de um grupo de agricultoras uma cesta de frutas produzidas na comunidade. – Assim como hoje recebemos frutos de sementes que entregamos no início do ano, queremos retornar aqui para ver a piscicultura também se desenvolvendo – disse.

2014, pelo valor de R$101.328.272,57. Conforme o presidente da Agência Tocantinense de Transportes e Obras, Sérgio Leão, a ponte é uma das obras prioritárias do Tocantins. – O governador Marcelo Miranda pediu empenho, pois essa obra irá melhorar ainda mais a infraestrutura logística de nosso Estado e facilitará o escoamento da produção regional - disse.


ASCOM/ADAPEC

GOVERNO DO PIAUÍ

FRANCISCO LIMMA REUNIDO COM REPRESENTANTES DA SEPLAN, EMATER E ADAPI

A CARGA FOI PARAR NUM ATERRO SANITÁRIO

Piauí terá nova indústria de laticínios Adapec apreende sementes O lançamento da pedra fundamental referência que define como será realipara construção da Indústria Divino Lei- zado o acompanhamento técnico que irregulares no Tocantins deve ser prestado aos produtores de leite dos Território dos Cocais e da Planície Litorânea. Segundo a superintendente Patrícia Vasconcelos, a proposta inicial abrange sete municípios com disponibilidade das prefeituras municipais para contribuir com Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) aos produtores e também para fortalecer a cadeia produtiva do leite.

Produção de mandioca em Palmas cresce 3000% A mandioca é importante para a economia de Palmas-TO. Na safra 2016/2017 a produção chegou a 9 mil toneladas. Números expressivos se comparados às 300 toneladas da safra 2012/2013, um aumento de 3000%. Já a produtividade cresceu 150%, saindo dos seis quilos por hectare em 2013 para 15 hectares no mesmo período. Os dados são fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Conforme o secretário de Desenvolvimento Rural de Palmas (Seder), Roberto Sahium, a área plantada também cresceu. - A área plantada também cresceu nos últimos cinco anos. Em 2013 foram 50 hectares e em 2017 passou para 600 – informou o secretário. O gestor lembra as vantagens do

No dia 18 deste mês, cerca de cinco toneladas de sementes irregulares de capim foram apreendidas pela Agência de Defesa Agropecuária (Adapec) no posto fiscal da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR-153, próximo à cidade de Paraíso do Tocantins-TO. A carga estava sem documentação fiscal e fitossanitária, e sem comprovação de procedência e dos padrões de germinação e pureza. O

material foi destruído no aterro sanitário do município e o motorista multado em R$ 2.700 pela Agência. De acordo com a supervisora técnica da área vegetal, Francisca Wilma Neide de Lima, o caminhão foi parado pela PRF por excesso de carga, os policiais descobriram sementes camufladas com material de construção, por isso, acionaram a Agência.

ASCOM/ABAPA

te foi dia 20 deste mês, em Piracuruca-PI, e fará parte da agenda de comemorações do governo, pelo Dia do Piauí. N0 18, representantes da Agência de Defesa Agropecuária do Piauí (Adapi), Emater, Secretaria do Planejamento do Estado do Piauí (Seplan-PI) e Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural (SDR-PI) se reuniram para tratar dos últimos ajustes sobre um termo de

cultivo deste tubérculo, mencionando que a mandioca possui uma série de atrativos, além das propriedades alimentares, seu manejo é simples, principalmente pelo fato de que usa-se a maniva, caule da mandioca, para o plantio, bem como da forte resistência ao clima mais seco. O engenheiro agrônomo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (Seder), Roberto Campos, explica que basicamente são classificadas em dois tipos: a de mesa e indústria. - As doces ou de mesa são normalmente utilizadas para consumo fresco de humanos e animais. Já no caso das mandiocas bravas ou amargas, são preferencialmente utilizadas pela indústria que faz o processamento para produção de farinha e fécula – detalha Campos. Da Secom/Palmas, com edição de Cerrado Rural Agronegócios OUTUBRO 2017 |

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ENTREVISTA

Alexandre Freitas, o desafio de substituir Carlos Magno e de encontrar a “tilápia brasileira” POR ANTÔNIO OLIVEIRA

editorgeral@revistacerradorural.com.br

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esde o dia 18 de setembro, a Embrapa Pesca e Aquicultura, com sede em Palmas, capital do Tocantins, está com novo Chefe Geral. O Agrônomo Alexandre Freitas, que já vinha prestando relevantes serviços na unidade, na função de Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologias, substitui o titular da Unidade,

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Carlos Magno, que estava há 9 anos na Chefia deste Centro Nacional de Pesquisas. O desafio é muito grande, como ele mesmo admite. - Esta foi justamente a pergunta que eu me fiz quando recebi o convite para substituí-lo. O primeiro desafio nosso é continuar o legado que ele deixa – respondeu ele à nossa pergunta. Para saber de suas metas e desafios junto a esta unidade da Embrapa, eu o entrevistei para as nossas

plataformas de mídia – sites e versão impressa da revista Cerrado Rural. O novo Chefe diz contar com uma equipe jovem, dinâmica e projetos para os próximos cinco anos. Um dos grandes desafios que ele e sua equipe têm pela frente, ainda segundo Freitas, é tornar o tambaqui tão competitivo quanto a tilápia. Quem sabe, esta espécie não corresponda as expectativas da Academia de encontrar a “tilápia brasileira”. Questiona.

Cerrado Rural Agronegócios Dr. Alexandre, como é o desafio de substituir um colega, um ex-chefe seu, com a larga folha de serviços prestados a esta Empresa? Alexandre de Freitas - Esta foi justamente a pergunta que eu me fiz quando recebi o convite para substituí-lo. O primeiro desafio nosso é continuar o legado que ele deixa. Nós temos na unidade, hoje, uma agenda de projetos, de ações e de resultados a obter sendo construída para os próximos dez anos. Nós temos uma estrutura montada e o nosso desafio é dar continuidade para garantir, primeiro, que esses resultados que estão comprometidos sejam obtidos; segundo, concluir aquilo que ainda é necessário na estrutura que está encaminhada. É óbvio que, sob o ponto de vista pessoal e institucional, não temos como igualar e suplantar – suplantar, nem pensar; igualar menos ainda – toda a experiência e bagagem que o Dr. Carlos (Magno) tem. Nós temos uma equipe jovem, formada por ele – importante que seja dito –, que tem essas diretrizes e cada um vai incorporando também suas contribuições, que são frutos de suas próprias experiências diárias.


ENTREVISTA Cerrado Rural Agronegócios - Qual a sua visão sobre o atual panorama da piscicultura no Brasil? Alexandre de Freitas - Nós não podemos deixar de lado a questão do institucional. A gente trabalha num ambiente de inovação e para que a inovação ocorra, não depende apenas da pesquisa funcional. É preciso ter uma série de componentes que criem um ambiente propício ao desenvolvimento e à inovação. Infelizmente, nestes dias atuais, precisamente já há um ano, a setor ainda sofre com a perda do Ministério (da Pesca e Aquicultura); sua incorporação ao Ministério da Agricultura; depois deste, ao Ministério de Indústria e Comércio. Esta turbulência institucional cria no setor um certo desânimo e insegurança, principalmente para os novos empreendedores. Acredito que, superado isto, cria-se um cenário mais positivo. Você mesmo vivenciou isto no Piscishow (evento voltado a piscicultura, promovido pela revista Cerrado Rural Agronegócios) neste ano. Nós já vimos que, embora num momento turbulento, o setor tem vitalidade, tem uma dinâmica própria que funciona mesmo nessas condições. Mas, obviamente, para dar saltos maiores, nós precisamos de um contexto institucional que favoreça. Aqui no Tocantins, por exemplo, eu acho que toda esta questão, mesmo em alguns momentos traumáticos meio conturbado da tilápia é positivo. O cultivo da espécie vai trazer desenvolvimento para o Estado. Nós temos vários contextos. A aquicultura no Brasil é diversa, como o próprio país o é. Nós temos um contexto, hoje, no Nordeste muito grave, que é a questão da seca, que fez com que a produção de peixe caísse vertiginosamente, especialmente no Ceará, em parte do Rio Grande do Norte e Pernambuco, que são importantes produtores. Então, eu não diria, que é um cenário positivo em alguns pontos, mas eu acho que as oportunidades estão sendo sinalizadas. A crise gera esta busca por alternativas. Agora no início de novembro, nós vamos estar participando de uma reunião conjunta Brasil-Noruega para estar discutindo uma agenda de pesquisas, desenvolvimento e inovação, uma agenda comum, uma cooperação tanto no ambiente empresarial, quanto no ambiente de pesquisas. Para você ver, num momento de crise, surgem oportunidades interessantes. Eu acho que a gente tem que repensar o setor, obviamente aguardar que este ambiente institucional

fique mais claro, melhore. Contar com o clima – a aquicultura é um setor que, assim como no agronegócio, depende de clima -, obviamente, mas também aproveitar este momento para pensar e traçar caminhos de vanguarda.

A aquicultura no Brasil é diversa, como o próprio país o é. Cerrado Rural Agronegócios – Qual é a sua visão do setor na região do MATOPIBA? Alexandre de Freitas - Você sabe que quando se começou a discutir o MATOPIBA a agenda de piscicultura foi inserida no projeto pela nossa unidade. Mas, na minha opinião, foi totalmente internalizada. Quando se fala em MATOPIBA, você pensa em soja e milho. Recentemente, a Embrapa divulgou um trabalho voltado para a questão da infraestrutura necessária para o escoamento da produção e o MATOPIBA é sempre colocado em destaque, justamente porque tem um eixo de escoamento da produção, que é o Tocantins. O MATOPIBA é diverso porque conta com um Estado da região Norte e três estados da região Nordeste. Eu acredito que nós temos um potencial muito grande. Seria importante que estes estados tivessem uma visão conjunta de desenvolvimento do setor. É necessário, também, que o empresariado provoque esta visão, porque, naturalmente, a piscicultura vai se desenvolver no bojo do desenvolvimento do agronegócio (de grãos). Mas para isto nós precisamos ter aqui o aproveitamento deste diferencial. Nós estamos num berço de produção de grãos para alimentar os peixes. O encadeamento produtivo é necessário. Nós precisamos mais de fábrica de ração, mais estruturas, mais fornecedores de insumos. Eu vejo o MATOPIBA com um diferencial: ele é também uma fronteira aquícola. Eu acho que, dos quatro estados, o que está melhor situado, melhor se posicionando e aproveitando as oportunidades, neste momento, é o Piauí. A gente já percebe o crescimento considerável da produção de peixe neste Estado. Governo e iniciativa privada estão, inclusive, sabendo aproveitar as consequências

da seca em outros estados e atraindo investidores para lá, sabendo recepcionar este pessoal, criar um ambiente de negócios. Eu acho que o Piauí, nos próximos anos, será um player importante na produção de peixe no Brasil. Cerrado Rural Agronegócios - O setor aquícola brasileiro trabalha com uma diversidade de espécies nativas e exóticas. Para a Embrapa, qual é o maior desafio na questão dos peixes nativos? Alexandre de Freitas - Com relação ao tambaqui, nós temos um conjunto de projetos que, na nossa expectativa, em quatro ou cinco anos, nós vamos ter um pacote bem ajustado para a espécie, até porque é a principal espécie nativa hoje produzida no Brasil; o pirarucu é um potencial, toda a característica do animal tem uma especificidade fabulosa em termos de rendimento de carne, peso, de crescimento, de animal grande. Mas ainda tem uma distância tecnológica muito grande em relação as outras espécies. Nós temos um colega retornando agora de um programa de Doutorado que traz algumas inovações para o processo produtivo do pirarucu. Mas eu te digo o seguinte: uma questão que a gente sempre levanta, o tambaqui é uma espécie nativa muito produzida, o pirarucu é um potencial, mas tem uma série de entraves tecnológicos que nós temos que resolver. No meio disto tudo, a gente pode questionar o seguinte: qual seria a nova tilápia? A gente tem que tomar a tilápia como referência, pois é o principal peixe produzido no Brasil. E por que ele é o principal peixe

MATOPIBA é sempre colocado em destaque, justamente porque tem um eixo de escoamento da produção, que é o Tocantins.

produzido? Porque ele tem características muito favoráveis: bom rendimento, boa conversão alimentar. Ele tem características zootécnicas e de mercado que a tornou extremamente competitiva no mercado. Você pega a tilápia e divisa o file, aquilo que a gente chama de peixe porção, peixe que você consegue facilmente consumir. Recentemente, nosso chefe de PD&I, Dr. Éric Artur Bastos Routledge, participou de um evento em Roma, na Itália, em que se discutiu qual é o cenário da piscicultura mundial e a grande questão que se levantou foi qual vai ser a nova tilápia, seja para o mar, seja para a água doce. E esta mesma questão nós levantamos aqui na unidade e temos discutido inclusive com a Peixe BR: qual é a tilápia brasileira? Ou seja, qual o peixe nativo que teria as mesmas características da tilápia, um peixe que não seja carnívoro, que ai você diminui os custos da ração; um peixe que tenha um bom rendimento de carcaça, que tenha bons índices zootécnicos, que tenha potencial de conquista de mercado, pela questão da carne, do sabor, da nutrição, enfim. Esta é uma questão que eu acho que o Brasil tem que discutir, não só pela Academia mas pelo mercado, por quem processa, por quem cria. Temos até dificuldades em encontrar essa espécie, pois temos uma biodiversidade, muitos peixes que têm, de fato, apelo comercial. Alguns têm apelo comercial mas, às vezes têm entraves tecnológicos. Eu poderia citar o cuiú-cuiú, que tem uma carne diferenciada, bonita e saborosa; o mapará, que também tem uma carne bonita, saborosa, com excelente rendimento de carcaça. Essa diversidade, às vezes, nos dificulta encontrar um caminho. O tambaqui é um caminho natural e nós trilhamos nele. Mas nós estamos falando apenas de água doce. Nós temos que pensar também em água salgada. Vamos caminhar para a piscicultura marinha. Que caminhos nós vamos tomar? Eu acho que, hoje, o dilema da piscicultura brasileira é, no meio de tanta diversidade, buscar alternativas. Eu acho que a gente precisa mesmo buscar uma alternativa para a tilápia e também um peixe nativo que não tivesse as limitações que o tambaqui tem, como a questão da espinha intramuscular, espinha em Y, que é um risco de consumo e a questão do tamanho. Hoje em dia as pessoas querem praticidade, o mercado está exigindo isto. Quando a gente faz essa similaridade com a tilápia é porque o mercado vê que este peixe tem todos esses requisitos que são interessantes.

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ENTREVISTA Cerrado Rural Agronegócios - Ai você nos fez lembrar do peixe amazônico, chamado pirapitinga que, no Japão é, praticamente, mais produzido que todos os peixes no Brasil. Não seria esta espécie a tilápia brasileira? Alexandre de Freitas - Esta é uma discussão que nós temos que fazer. Algumas pessoas dizem que o mapará seria a tilápia brasileira; outras pessoas acham que um programa de melhoramento que conseguisse, por exemplo - e nós já identificamos isto na natureza (uma linhagem rara do tambaqui) - uma linhagem de tambaqui sem espinha Y. Esta seria a tilápia brasileira. Esta é uma discursão, cujos resultados nós vamos encontrar juntando a ciência/pesquisa com o mercado. A solução vai ser dada neste meio. O mercado, sinalizando essas necessidades, a pesquisa buscando essas soluções e trilhando esse caminho e ai a gente vai chegar neste meio termo. É lógico que este direcionamento que nós escolhemos, uma segunda espécie nativa, que tivesse o maior apelo comercial, ou mesmo nos dedicando ao tambaqui, no aspecto no melhoramento, são condicionantes interessantes para que a gente chegue a tilápia brasileira, que se transformaria em commodity. Cerrado Rural Agronegócios - A tilápia deve entrar no mercado do Tocantins, certamente deixando a Embrapa tranquila, porque ela entra já com um pacote tecnológico muito grande. É isto? Alexandre de Freitas - A gente fala que a tilápia, o camarão e outras espécies já têm pacotes tecnológicos. Está correto. Mas a Ciência não deixa de caminhar. Sempre outras demandas vão surgindo. O foco da nossa unidade aqui são as espécies nativas. A tilápia nos deixa tranquilo no sentido que hoje nós temos uma condição produtiva para ela. Mas, na verdade, esta tranquilidade é muito mais para o empresário que para a Embrapa, porque o empresário tem uma espécie com toda uma cadeia de insumos já estabelecida para ela. Por exemplo: tanque-rede. A gente sabe que o tanque-rede feito para a tilápia não é o mesmo para o tambaqui. O tambaqui exige um tanque-rede maior.

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Vamos ter que chegar a uma dimensão correta para o tambaqui. Nós temos que entender o seguinte: a tilápia tem um longo caminho de melhoramento, de seleção, é uma espécie que foi domesticada. As nossas espécies nativas não passaram por isto. Você pode perguntar a qualquer produtor de tambaqui onde ele busca suas matrizes e reprodutores. Ele vai responder que é no rio, ou seja o animal vem de um ambiente natural, é um animal rústico. Nós temos que caminhar para o melhoramento, a domesticação deste peixe para que se tenha um ambiente de produção melhor que tem hoje e, obviamente, por isto que a gente faz este paralelo com a tilápia, porque a tilápia tem mais ou menos 60 anos de trabalho em melhoramento genético. O escritor Eduado Galeano tem uma frase assim: “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos

e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.” A Ciência é assim: quando terminar de galgar um patamar, ela busca outro, porque assim o mercado exige.

-Oeste. Nós temos um projeto financiado pelo BNDES, que envolve 29 unidades da Embrapa. Nós vamos ter uma ação praticamente nacional. Então, aos poucos, este Centro vai articulando as parcerias, naturalmente que não sozinha.

Cerrado Rural Agronegócios - Como tem sido a interação entre esta unidade e os outros estados da Federação? Alexandre de Freitas - É importante a sua pergunta porque ela nos dá a oportunidade de esclarecer que nossa unidade é um Centro Nacional. Hoje nós temos ações em vários estados. Na região Norte, nós vamos iniciar um conjunto de sete projetos liderados aqui pela unidade com ações em todos os estados desta região. Estamos iniciando uma parceria com o Sebrae, pela qual nós vamos ter ações em todos os estados do Nordeste e também do Sudeste e do Centro-

Cerrado Rural Agronegócios - Os orçamentos da União e da própria Embrapa têm atendido as expectativas das pesquisas na área do peixe? Alexandre de Freitas - O país vive um momento de crise fiscal. Isto reflete na Embrapa. Mas, hoje, como disse, temos três conjuntos de projeto que nos dão a garantia para ações na piscicultura nos próximos cinco anos. Hoje o nosso orçamento não é próprio, temos captação de projetos. Eu acredito que, enquanto esta situação fiscal brasileira persistir nós vamos ter dificuldades orçamentárias lá na frente. O que tem nos movido são as parcerias e outras fontes de captação de recursos com Sebrae, BNDES, BASA, etc. Cerrado Rural Agronegócios - Particularmente, como você viu a nova mudança da Secretaria Especial da Aquicultura e Pesca? Alexandre de Freitas - Isto vai refortalecer o órgão, resgatar o que ela era antes. Já era assim, foi um salto importante que nós tivemos. No mandato do presidente Lula, ele criou a Secretaria, esta virou Ministério e ai teve todo este caminho que todos conhecem. Eu acho que uma Secretaria ligada a Casa Civil não é ruim. A questão que temos que ver é como ela será reestruturada, qual vai ser a dinâmica de trabalho, se vai ser resgatados os projetos importantes que nós tínhamos, como a questão do uso das águas, dos espelhos d’água da União e dos estados. O setor vai crescer com o uso desses recursos.


C Cachaça

DA REDAÇÃO

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oi entregue, no dia 17 deste mês, o primeiro grande lote de cachaças artesanais produzidas por agricultores familiares da região sudeste do Tocantins. Contando com 22 produtores, em 10 anos de fundação, a Dama dos Azuis, primeira cachaça produzida em cooperativa, se prepara para ganhar mercado regional e nacional. De acordo com o diretor financeiro da Cooperativa de Produtores de Cachaça do Sudeste do Tocantins (Coopercato), Aílton Palmeira de Souza, o primeiro lote de vendas chega a 600 garrafas, comercializadas inicialmente a R$ 25 a unidade. Segundo o diretor financeiro, fazem parte da cooperativa, produtores dos municípios de Porto Nacional, Natividade, Dianópolis, Combinado, Taguatinga e Novo Alegre do Tocantins. – Estamos muito felizes por atingir um mercado maior. Foram anos de pesquisa e organização da entidade – afirmou o diretor. Certificações - Aílton Palmeira ressaltou que a cooperativa já possui o Registro de Produtos de Origem Vegetal no Ministério da Pecuária e Abastecimento (Mapa) e está finalizando a entrega da documentação necessária para conseguir a certificação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O diretor financeiro ressaltou, ainda, o apoio do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura (Seden), da Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (Seagro), além da unidade tocantinense do Serviço Nacional do Aprendizado e Cooperativismo (Sescoop/TO) e das prefeituras de Combinado e Taguatinga . – Não conseguiríamos chegar neste nível comercial sem estes parceiros – afirmou Aílton Palmeira.

THARSON LOPES/GOVERNO DO TOCANTINS

Cooperativa tocantinense faz primeira grande venda

AÍLTON PALMEIRA DE SOUZA: PRIMEIRO LOTE DE VENDAS DA DAMA DOS AZUIS CHEGA A 600 GARRAFAS

Capacitações e investimentos - Conhecida pelas belezas naturais que adornam as Serras Gerais, a região sudeste do Tocantins é também famosa pela diversidade cultural oriunda das comunidades tradicionais e dos agricultores familiares que residem na região. A produção de cachaça artesanal sempre existiu na região, mas de maneira rudimentar. Foi então que, a partir de muitas reuniões e dos dias de campo de extensão rural, produtores daquela região se uniram para montar uma cooperativa. No início de outubro, nove produtores estiveram em Minas Gerais, o estado líder em produção de cachaça artesanal no Brasil, para participar de cursos de aperfeiçoamento.

Já no dia 27 de outubro, um curso de irrigação e manejo da cana-de-açúcar será ministrado pela Seagro, em Combinado. De acordo com o agricultor familiar Rui Barbosa Costa, que há 16 anos produz cachaça artesanal no município de Combinado, distante a 484 km de Palmas, foram necessários investimentos em qualificação e maquinários. – Cheguei a investir cerca de R$ 80 mil em equipamentos, na montagem de um alambique com caldeira, engenho e também no armazenamento do produto. O esforço agora começa a ter retorno – afirmou o agricultor. Quem também espera os resultados positivos da primeira grande venda é a

produtora Vanilda Antonia de Oliveira. Fazendo testes com garrafas para o envasamento do produto, ela sonha em expandir a Dama dos Azuis a mercados exigentes. “Não é só a cachaça que tem que ser boa e ter qualidade. Ela precisa ser bonita e apresentável. Caso contrário, o cliente não aprova – declarou Vanilda. Variedades - Segundo os produtores, inicialmente serão comercializados dois tipos de cachaça: o modelo prata, mais comum; e o envelhecido na madeira de umburana, árvore específica do bioma Caatinga e presente no sudeste tocantinense, com propriedades aromáticas e balsâmicas. Da Secom/TO, com edição de Cerrado Rural Agronegócios OUTUBRO 2017 |

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Escolas barreirenses ganham hortas educativas DA REDAÇÃO

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esenvolvido pela Secretaria de Agricultura, Tecnologia, Indústria e Comércio – SEMATIC, por meio da sua equipe técnica, em conjunto com a Secretaria de Educação, o projeto Horta na Escola está mudando o panorama e a realidade em algumas escolas do município de Barreiras. As escolas municipais Cleonice Lopes, Octávio Mangabeira, Dr. Renato Gonçalves e Tarcilo Vieira de Melo, já foram contempladas com o projeto que tem como parceiro, na iniciativa privada, a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), e demais produtores que acreditaram e são incentivadores do projeto. Conforme a Prefeitura de Barreiras, a previsão é que seja implantado em mais seis escolas até finalizar o ano. O objetivo do projeto Horta na Escola, ainda segundo a Prefeitura, é implantar as hortas, trabalhar a multidisciplinaridade envolvendo todas as disciplinas e diferentes segmentos da escola em ações de educação ambiental e sustentabilidade na agricultura. Com o desenvolvimento do projeto é esperado também, a promoção da mobilização social com a conscientização dos alunos envolvidos, e de maneira paralela melhorar a qualidade da alimentação servida na escola. As ações deste Projeto, informa o go-

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verno do Município, visam também despertar o interesse do aluno no cuidado com o meio ambiente. Além de complementar a merenda escolar e a alimentação de algumas famílias, os alunos aprendem, na prática, temas como nutrientes do solo, luminosidade, temperatura, fotossíntese, desenvolvimento de plantas, a vida dos insetos e medidas de áreas. Os professores podem também elaborar estratégias que permitam trabalhar os conteúdos numa visão interdisciplinar. - O projeto “Horta na Escola”, pode ser considerado um laboratório a céu aberto com inúmeras possibilidades de aprendizado para alunos, professores, bem como todo comunidade escolar – diz o secretário de Agricultura, Tecnologia, Industria e Comercio José Marques. Ainda conforme ele, preparar o solo para dele se ver brotar o alimento, possibilita aos estudantes uma visão mais holística acerca dos processos de produção com sustentabilidade. As engenheiras agrônomas nas ações deste projeto, relatam que as vantagens do cultivo de hortaliças orgânicas sem uso de agrotóxicos fornecem vitaminas e minerais importantes à saúde dos alunos; diminui os gastos com alimentação na escola; permite a colaboração dos estudantes, enriquecendo o conhecimento deles; estimula o interesse das crianças pelos temas desenvolvidos com a horta. Da Dircom/Barreiras, com edição de Cerrado Rural Agronegócios

DIRCOM/BARREIRAS

Escola scola Verde

MAS SEIS ESCOLAS SERÃO CONTEMPLADAS COM O PROJETO


DA REDAÇÃO

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SECOM/MA

A Alimentos

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o mês de setembro, o Sistema da Agricultura Familiar do Governo do Maranhão investiu R$ 472.573,34, para adquirir produtos da agricultura familiar no Estado. A liberação do recurso beneficiou 352 pequenos produtores de 35 municípios. O investimento é parte do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que garante o comércio da produção agrícola familiar, beneficiando muitos pequenos produtores. No mês de julho, no Maranhão, 186 agricultores venderam a produção, somando R$ 127.838,07. Já em agosto esse valor passou para R$ 256.675,72, com 287 agricultores familiares pagos. Francisco da Costa, mais conhecido como seu Bil, do município de Lagoa Grande, se alegra por ter comprador para sua produção. – Tenho 37 anos e nunca vi na vida um Governo comprar produção de agricultores. Já vendi cinco vezes pelo Programa de Aquisição de Alimentos e estou motivado a produzir mais porque tenho comprador certo. De uma única vez recebi mais de R$ 3 mil reais – contou. – O recurso circula dentro do município e os alimentos ainda são doados para entidades da rede socioassistencial como hospitais, creches, Centro de Referência de Assistencia Social (CRAS), cozinhas comunitárias e etc. Enfim, é um programa de alcance social e econômico – explicou o secretário de Estado da Agricultura Familiar (SAF), Adelmo Soares Segundo o presidente da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural do Maranhão (Agerp), Júlio César Mendonça, o PAA tornou-se prioritário no Governo Flávio Dino e extremamente importante na potencialização da produção. – A assistência técnica tem participação fundamental neste processo. Com ela podemos instruir nossos agricultores familiares a produzir mais e da forma correta, aumentando a produção para que possam comercializar cada vez mais – destacou o presidente da Agerp. Os municípios que receberam o pagamento no mês de setembro foram: Lagoa Grande do Maranhão, Pedro do Rosário, Peritoró, Porto Rico, Lago dos Rodrigues, Presidente Sarney, Bacuri, Governador Newton Belo, Loreto, Santo

Maranhão investe quase meio milhão de reais na produção familiar NO MÊS DE JULHO, NO MARANHÃO, 186 AGRICULTORES VENDERAM A PRODUÇÃO, SOMANDO R$ 127.838,07

Amaro do Maranhão, Araioses, Nova Colinas, Alto Parnaíba, Santa Filomena do Maranhão, Arame, Junco do Maranhão, Aldeias Altas, Mirador, Centro Novo do Maranhão, Serrano do Maranhão, Ama-

pá do Maranhão, São Francisco do Maranhão, Luís Domingues, Santo Antônio dos Lopes, Conceição do Lago Açu, Duque Bacelar, Fernando Falcão, Godofredo Viana, Passagem Franca, Timon, Pre-

sidente Vargas, Poção de Pedras, Brejo de Areia, Água Doce do Maranhão e Itinga do Maranhão. Da Secom/MA , com edição de Cerrado Rural Agronegócios OUTUBRO 2017 |

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JUNIOR COSTA, O CONTADOR QUE DOMINOU A ESPÉCIE EM CATIVEIRO *POR ANTÔNIO OLIVEIRA COM FOTOS CEDIDAS PELO PROJETO PIRARUCU ES

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Pirarucu (Arapaima Gigas), espécie amazônica, criado em cativeiro, há décadas, em quase todo o Brasil, ainda é um quebra-cabeça para muitos criadores e até para institutos públicos e privados de pesquisas – até mesmo para a Embrapa Pesca e Aquicultura (TO), que vem pesquisando o chamado “bacalhau brasileiro” ou “boi d´água” em sua unidade de pesquisas em Palmas, capital tocantinense. Conforme a Embrapa Pesca e Aquicultura, parte das técnicas de criação de pirarucu vem do conhecimento empírico dos produtores e de estudos técnicos realizados nos últimos anos. - É uma espécie que ainda demanda muita tecnologia e estudo porque não está em nível muito alto de avanço

científico e tecnológico. E nesse projeto temos várias ações de pesquisa tentando resolver gargalos da produção e estamos avançando - afirma a pesquisadora da Embrapa, Adriana Lima, líder do Projeto Pirarucu da Amazônia. Este Projeto realiza pesquisa científica em diferentes áreas do conhecimento, envolvendo reprodução, manejo da produção, genética, nutrição, sanidade e, paralelamente, realiza ações de transferência de tecnologia para levar esse conhecimento e novos processos aos produtores. A pesquisa acontece também nos sete estados da região Norte, com envolvimento das unidades da Embrapa nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, tendo a coordenação da Embrapa Pesca e Aquicultura. OUTUBRO 2017 |

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Corajosos pioneiros Mas há alguns projetos desenvolvidos por pessoas alheias às pesquisas desses institutos que vêm dando bons resultados, como em Rondônia – o maior fornecedor de alevinos da espécie -, Bahia e Espírito Santo. É deste Estado, talvez o maior case de sucesso com esse valente peixe amazônico. E olha que ele não e Agrônomo, Zootecnista, Veterinário, Biólogo ou Engenheiro de Pesca. Ele é um profissional das ciências contábeis. Junior Costa está no ramo há 15 anos e diz não se arrepender nenhum pouco por ter entrado nesta atividade. Ao contrário, mostra-se sempre satisfeito com o negócio e feliz em termos de realização pessoal. Apaixonado por peixes desde criança, segundo ele, Júnior conta como começou sua paixão por esta espécie. - Vi esse peixe em uma festa agropecuária e a primeira impressão achei muito bonito. Depois, comecei a estudar suas características biológicas e vi um grande potencial pra cativeiro. Com projeto instalado em São Mateus, região norte do Espírito Santo, quase divisa com o sul da Bahia, Junior Costa diz acreditar muito no potencial comercial do pirarucu. - Como se trata de uma espécie que chega a engordar 10 quilos por ano, tem respiração aérea, fato esse que ajuda muito no cultivo em cativeiro, vejo com muito potencial gastronômico no Brasil e exterior. Sem dúvidas, trata-se de uma espécie de grande potencial produtivo em alimento saudável – afirma. São 15 anos pesquisando a espécie, enfrentando, ainda conforme ele, altos e baixos do comportamento deste peixe. - Muitas dificuldades? questiono o otimista aquicultor. - Foram muitas, mas as duas principais são: formar os casais e fazer o treinamento alimentar dos alevinos, ensinar a comerem ração – conta. - Muitos prejuízos, volto a perguntá-lo. - Tive inúmeros prejuízos, até ter um pouco de conhecimento. - Por enquanto – conta-me Júnior Costa -, só trabalho com reprodução e alevinagem. No futuro também farei abate. Aliás, conforme lembrei ao criador,

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JUVENIS CANDIDATOS A REPRODUTORES E MATRIZES

um dos maiores “calcanhares de Aquiles” de criadores e pesquisadores do pirarucu, em todo o Brasil, ainda são a reprodução/ alevinagem e a alimentação da espécie. No Projeto Pirarucu ES, do Júnior, está claro que ele já não tem mais muitos problemas quanto a isto. Mas, perguntado se dominou estas técnicas, ele foi ponderado: - Temos que se unir mais a respeito desses gargalos, cada estado tem suas peculiaridades sobre o manejo – defende. O aquicultor demonstra não ser egoísta. Mostra-se disposto a ajudar o Brasil a dominar o “bruto das águas”. - Nesses longos anos pesquisando na prática, eu adquiri técnicas que me ajudam muito, e sim, posso ajudar muito. - E qual seria a técnica, o senhor pode revelar? – perguntei para ouvir uma resposta cautelosa. - Essas técnicas são de uso do meu projeto, más se eu tiver propostas do Governo, me beneficiando em algo, posso sim estudar as possibilidades de parcerias.

O PROJETO PIRARUCU ES É UM DOS MAIORES FORNECEDORES DE ALEVINOS DO PEIXE AMAZÔNICO NO BRASIL


CAPA

Nutrição do pirarucu Outra questão que abordei com o aquicultor capixaba foi em relação a nutrição do pirarucu em cativeiro. - Isto é um problema superado pelo Senhor? – questionei-o. - Hoje temos grandes fábricas que já têm uma ração de qualidade. Mas usar forrageiros como alimento vivo também é uma saída. Eu tenho todos esses dados e sempre passo para os meus clientes. Junior usa muito, como forrageiro, a tilápia comum. -E qual é a ração ideal para o pirarucu em cativeiro? – voltei a indagá-lo. - Nunca menor que 40% de teor de proteína. PLANTEL A Piscicultura Pirarucu ES tem hoje um plantel de 12 casais em reprodução e mais 300 matrizes para formação de novos casais. Seus clientes estão dispersos pelo Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins e Goiás.

Poderes públicos ausentes - Como o Senhor analisa as políticas públicas para a piscicultura? – provoquei-o, esperando que ele alfinetasse os poderes públicos. E alfinetou. - Sinceramente, nobre amigo, não sei de uma que funcione. Pelo menos nunca vi. Nós, piscicultores, estamos abandonados politicamente: rações com impostos caríssimos; vamos tirar as licenças é outra guerra. O setor púbico tem que entender que se tem alguém que se preocupa com a qualidade da água, esse alguém são os piscicultores. Em água poluída, peixe não cresce. * Com informações da Embrapa Pesca e Aquicultura

A PARTIR DE 2018, O PRODUTOR PRETENDE INICIAR AO BATE DA ESPÉCIE NO PROJETO

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Alternativa lternativa

Embrapa testa biocarvão como condicionar de solo DA REDAÇÃO

T

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ransformar um passivo ambiental em insumo benéfico para a produção de madeira e de alimentos é o objetivo de uma pesquisa que está testando o uso de biocarvão, ou biochar, feito de pó de serra, restos vegetais, cama de frango e lixo urbano, como condicionador de solo. O estudo, iniciado em 2012 pela Embrapa Agrossilvipastoril (MT), busca comprovar a eficácia do biochar em cultivos tanto em viveiros de mudas quanto no campo. Condicionadores são substâncias que, agregadas ao solo, ajudam a melhorar suas características químicas, físicas e biológicas, aumentando a capacidade de suporte de plantas. É o caso do biocarvão obtido da queima controlada, ou pirólise, de diferentes compostos, de origem animal ou vegetal, que contribui para o aumento da matéria orgânica no solo. Esse material permanece no local por um longo período, por isso o efeito benéfico é duradouro, favorecendo seu uso em plantios florestais. – Carvão é um carbono que não é perdido facilmente. Uma palhada, se você não continuar repondo-a, vai embora em dez anos. Já o biochar permanece por muito mais tempo – ressalta a pesquisadora da Embrapa Fabiana Rezende. O biocarvão pode ser obtido a partir de diferentes matérias-primas, entre elas resíduos de agroindústrias, de restaurantes e até mesmo lama proveniente do tratamento de esgoto, de modo a se dar um novo uso a um passivo ambien-

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tal. No caso da pesquisa conduzida pela Embrapa em Sinop (MT), o foco está no uso de pó de serra. O produto é abundante na região norte de Mato Grosso como resíduo da indústria madeireira e representa um passivo ambiental importante para a região. Com a transformação em biocarvão, esse material retorna ao sistema produtivo como um insumo. Teste em produção de mudas - Na primeira etapa dos testes, o biocarvão feito de pó de serra foi usado em diferentes quantidades na produção em viveiro de mudas de pau-de-balsa, eucalipto, teca e também maracujá. O uso desse material no solo visa à melhoria da qualidade do substrato, aumentando a porosidade, a aeração e a capacidade de retenção de água e nutrientes, características importantes para potencializar o crescimento das mudas. Dependendo da forma de queima, com processamentos químicos ou físicos, o carvão pode ser artificialmente ativado, o que significa que ele exercerá seu papel de condicionador do solo mais rapidamente. Porém, o biocarvão não ativado acaba se ativando naturalmente ao longo do tempo. As avaliações de desenvolvimento da planta, qualidade da muda e quantidade de matéria seca mostraram que as mudas cultivadas com biocarvão ativado junto com substrato comercial tiveram melhor desempenho do que aquelas cultivadas somente em substrato comercial. Isso significa mudas maiores, com maior capacidade de sobreviver ao plantio em campo e com melhores condições de crescimento inicial. Ao mesmo tempo, foi feita uma ava-

liação econômica de cada formulação, que mostrou que a melhor alternativa para obter ganhos produtivos economicamente viáveis na produção de mudas é o uso de biocarvão ativado na proporção de um quarto (¼), ou seja, uma parte de biocarvão para três partes de substrato comercial. Testes em campo - Após finalizada a avaliação em viveiro, as mudas de duas espécies, eucalipto e teca, foram levadas a campo, onde se iniciou a segunda e mais longa fase da pesquisa. Nessa etapa, o estudo compara plantas que não receberam biocarvão com outras que receberam diferentes dosagens de carvão ativado e não ativado aplicadas no sulco de plantio. De acordo com Fabiana Rezende, como trata-se de espécies florestais, ainda é cedo para se chegar a conclusões sobre a melhor estratégia de uso do biocarvão. Avaliações parciais mostram que, no momento, a resposta das plantas ao biocarvão ativado foi melhor, porém o teor de carbono no solo é maior onde foi usado o carvão não ativado. – Usamos uma dose grande de carvão não ativado, por volta de 30 toneladas por hectare. Já o ativado nós colocamos por volta de oito toneladas, pois sabemos que ele já é reativo. Mas o biochar sem ativação vai naturalmente se ativar com o tempo. Queremos saber se vale a pena usar o ativado, pois ele sai mais caro. Hoje o ativado é melhor para o crescimento das plantas, mas com o tempo talvez isso mude – pondera a pesquisadora, lembrando que, no caso da teca, por exemplo, a planta nem sequer atingiu um terço dos cerca de 20 anos que levará até o corte.


FABIANA REZENDE/EMBRAPA

A Alternativa

O USO DESSE MATERIAL NO SOLO VISA À MELHORIA DA QUALIDADE DO SUBSTRATO

Novas frentes - Paralelamente à primeira pesquisa, outro trabalho iniciado recentemente, em parceria com a cooperativa Coopernova, avalia o uso da mistura de biocarvão com compostagem para a produção de maracujá. Nesse ensaio, foi produzida uma compostagem com uso de silagem de milho velha, esterco bovino, casca de arroz e cascas de frutas e vegetais descartadas por restaurantes. A compostagem foi aplicada sozinha durante o plantio de parte das mudas, e em outras foi misturada a tipos distintos de biocarvão. Dentre eles, biocarvão de origem animal, feito com a queima de cama de frango, e de origem vegetal, originado da pirólise de casca de arroz em diferentes temperaturas (400o C e 600o C). – Matéria orgânica animal é mais rica em nutrientes e a vegetal tem uma relação de carbono maior do que os demais elementos. Quando agregamos materiais, conseguimos enriquecer mais o produto final. Teremos benefícios de um material que acumula mais carbono no solo, ao mesmo tempo em que teremos um que leva nutrientes para o solo – explica Fabiana Rezende. De acordo com a pesquisadora, a variação da temperatura da queima e da matéria-prima resulta em diferentes produtos, o que influenciará na cultura em que o biocarvão será aplicado. Ainda em fase inicial, esse trabalho avaliará aspectos produtivos, sanitários e econômicos da produção de maracujá de acordo com o tipo de condicionador de solo utilizado. De olho no futuro - Para Fabiana Rezende, assim como já ocorre em países como China, Japão e Austrália, o biocarvão terá papel importante no aumento da capacidade produtiva do solo. Nesses países, grandes indústrias de pirólise aproveitam diferentes tipos de resíduos para produzir o insumo. – A exploração madeireira como é feita hoje vai acabar. O plantio florestal será importante. Conseguir plantar essas florestas e elas produzirem mais em uma área menor será fundamental. O biochar vai fazer uma melhoria do solo para que se produza mais em uma mesma área, aproveitando resíduo da própria indústria madeireira – resume. *Com edição de Cerrado Rural Agronegócios OUTUBRO 2017 |

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DA REDAÇÃO

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Tocantins, o maior produtor de grãos da região Norte do Brasil e o segundo maior produtor de toda a região do MATOPIBA, passou a contar, desde o dia 22 deste mês, com mais uma esmagadora de soja, a segunda do Estado. Construída em Guaraí, região centro-norte do Estado, ela foi inaugurada com a presença do governador do Estado, Marcelo Miranda, pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Turismo (Seden), Alexandro de Castro, pela prefeita de Guaraí, Lires Ferneda, e demais lideranças políticas e empresariais regionais e estaduais. O Grupo Focoagro, proprietário da nova unidade, que a denominou de Nutrifoco, investiu em torno de R$ 10 milhões nesta planta com área de 28 mil metros quadrados e que tem capacidade para processar 160 toneladas de soja por dia. O grupo também possui unidades armazenadoras de grãos em Pedro Afonso e uma unidade administrativa e financeira em Palmas. Até o fim deste ano, a expectativa é inaugurar mais uma unidade armazenadora e uma loja de insumos agrícolas em Gurupi. Otimista, o diretor administrativo da indústria, Márcio Takatsu, comente sobre o empreendimento. – É gratificante ver que a gente escolheu uma área promissora. Viemos para atender a uma demanda que tinha aqui no Estado. Instalamos (a indústria) numa região bem localizada, com uma logística fantástica, o que vai facilitar o atendimento dos nossos clientes – destacou.

FOCOAGRO

Complexo Soja oja

Tocantins, maior produtor do Norte, conta com mais uma esmagadora PLANTA FOI CONSTRUÍDA EM GUARAÍ E TEM CAPACIDADE PARA ESMAGAR 160 TONELADAS/DIA

LIA MARA/SECOM-TO

Presença do Governo

O GOVERNADOR MARCELO MIRANDA, QUE RESSALTOU A IMPORTÂNCIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO NO ESTADO

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– Ao longo dos últimos anos temos criado as condições para que os investidores encontrem, aqui, os meios necessários para contribuir com o desenvolvimento do Estado – disse, em seu discurso o governador Marcelo Miranda. Anda conforme ele, é preciso imprimir a marca da indústria nas atividades econômicas do Tocantins. – Aqui é o lugar certo. Onde o agronegócio é forte, onde produzimos e geramos riquezas – destacou. Durante a solenidade, o governador e representantes da empresa assinaram o Termo de Acordo de Regime Especial (TARE) que concede incentivos fiscais ao empreendimento, por meio do Pró -Industria. A primeira - A outra esmagadora

para extração de farelo e óleo de soja, pioneira no Estado, é uma das maiores do Brasil e está integrada a uma usina de biodiesel. Fica no município de Porto Nacional, região central do Tocantins, que está se consolidando como uma das maiores regiões produtoras de grãos do Estado. Ela tem capacidade para esmagar 2,5 toneladas/dia. Quase toda a produção de soja e milho no Tocantins é exportada, principalmente via Tegram (Terminal de Grãos do Maranhão), no Porto de Itaqui. Com estas duas unidades, mais soja são processadas no Estado, agregando valor à produção. Na safra 2016/2017, o Estado produziu 2,7 milhões de toneladas de soja. *Com informações da Secom/TO


DA REDAÇÃO

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Agência de Defesa Agropecuária (Adapec), por meio da Portaria nº 454, institui que os produtores rurais que têm animais que participarão de eventos pecuários a partir do dia 11 de outubro, já podem antecipar a vacinação contra a febre aftosa. A medida visa agilizar o processo e garantir a sanidade do rebanho, uma vez que é preciso obedecer ao prazo de carência após aplicação da vacina. Os interessados precisam ir até uma unidade da Agência para assinar o requerimento que autoriza a compra da vacina nas lojas agropecuárias. Em 2016, foram realizados em todo o Estado 810 eventos pecuários, com a participação de 623.213 animais. – Em todos os eventos, cadastrados, realizamos a fiscalização da entrada e saída de animais, bem como a exigência da Guia de Trânsito Animal-GTA e de exames específicos para cada espécie. Essas ações garantem a sanidade pecuária, o controle, prevenção e erradicação de doenças – avalia o presidente da Adapec, Humberto Camelo. O Tocantins conta com 8,7 milhões de bovinos e bubalinos. Nos eventos pecuários cadastrados estão incluídas exposições, feiras, leilões, eventos esportivos, vaquejadas, entre outros. – O cumprimento da carência pós-vacinação para o transporte de animais é obrigatório. São 15 dias para os que receberam apenas uma vacinação, sete dias para os animais com duas vacinações, ficando isentos apenas os que têm mais de três vacinações comprovadas – explica a diretora de defesa, sanidade e inspeção animal da Adapec, Regina Barbosa. Vale lembrar que o pecuarista requisitante da antecipação deverá vacinar não só os animais que serão transportados para o evento, mas todos os bovídeos da propriedade rural. Além disso, comprovar a vacinação na Agência. Se o produtor desistir de levar os animais ao evento deverá comunicar a Adapec o motivo, para evitar a suspensão do cadastro e de uma futura antecipação.

DELFINO MIRANDA/ADAPEC

V Vacinação

EM 2016, FORAM REALIZADOS NO ESTADO 810 EVENTOS PECUÁRIOS, COM A PARTICIPAÇÃO DE 623.213 ANIMAIS

Animais que participam de eventos podem ter a antiaftosa antecipada CAMPANHA A segunda etapa de vacinação contra febre aftosa ocorrerá entre os dias 1º e 30 de novembro, somente

para animais com até 24 meses de idade, declarados na campanha de maio. A comprovação do ato deverá ser realizada nas unidades da Ada-

pec, presentes nos 139 municípios do Estado. *Da Ascom/Adapec, com edição de Cerrado Rural Agronegócios

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ANTÔNIO OLIVEIRA

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Frigorífico Piracema, localizado no município de Almas, sudeste do Tocantins, e o Banco do Brasil, por meio de sua agência Empresarial de Jundiaí (SP), assinaram, nesta quinta-feira, 19, uma Carta de Intenção de parceria entre as duas empresas. A partir deste acordo, o Banco do Brasil se compromete a fornecer apoio financeiro a produtores integrados do Frigorífico Piracema visando o custeio de criação de peixes que serão adquiridos por este no Tocantins e em outras localidades do Brasil onde o mesmo venha atuar e a parceria possa ser desenvolvida. O Banco do Brasil se compromete ainda se incumbir de buscar alternativas de viabilização interna do convênio, condições negociais, linhas de crédito possíveis para o financiamento das atividades dos integrados e fornecer informações à empresa com a qual celebrou o supracitado convênio visando o seu enquadramento nesta parceria. Ainda por este convênio, cabe ao Frigorífico Piracema ajustar-se a Lei 13288/2016 (contratos de integração) e outras exigências legais estaduais e/ou municipais necessárias ao exercício de sua atividade, buscar e fornecer informações solicitadas pelo Banco do Brasil para viabilizar o desenvolvimento do convênio, inclusive no que depender de órgãos oficiais. Em entrevista à Cerrado Rural Agronegócios, via Whatsapp, o diretor presidente do Piracema, Tárik de Azevedo, este Convênio não estabeleceu um montante a ser aplicado nesta parceria. - No processo de integração, os recursos serão liberados após um criterioso processo de integração, quando produtores deverão demonstrar que, de fato, têm experiência na atividade, sendo estudado caso a caso e qual o modelo de integração para aquele produtor, conforme o tamanho de seu projeto – disse. Tárik de Azevedo acrescenta que este processo poderá mensurar qual o volume de recursos que serão empenhados na atividade agregada. Neste primeiro momento, ainda conforme o presidente do Frigorífico Pi-

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EXTENSÃO DE ALMAS

Agregação gregação

Pescados Piracema celebra convênio inédito com o Banco do Brasil A PESCADOS PIRACEMA OFERECE UMA DIVERSIDADE DE ESPÉCIES PARA TODO O BRASIL

“Bem como de todas aquelas que se ligam a elas no ciclo de produção de pescados”. racema, tanto a sua empresa, quando o Banco do Brasil têm como perspectiva, em relação a este Convênio, dar condições para a organização da cadeia produtiva do peixe com segurança jurídica

e econômica, para, em um segundo momento mensurar qual é o tamanho real deste mercado no Tocantins. - Em apoio às ações iniciadas pela Pescados Piracema, Sebrae, Embrapa, Ruraltins e Governo do Estado do Tocantins o que faltava era justamente o agente financeiro, neste caso do Banco do Brasil – frisou. O sistema de integração, muito usado nas cadeias produtivas das aves e dos suínos, conforme bem lembrou a Pescados Piracema, é o pioneiro na cadeia produtiva de peixes nativos e consiste em incorporar a atividade principal de uma empresa, “bem como de todas aquelas que se ligam a elas no ciclo de produção de pescados”. - Desse modo, a integração se aplica principalmente, entre atividades que são complementares no processo produtivo – frisou a empresa.

O PIR AR UC U É UM A DA S AP OSTA S DA EM PR ESA EM PE IXE S NATIVOS

A Empresa

Em Tupy, Piracema significa saída dos peixes, que acontece sempre no sentido contrário ao da correnteza até encontrarem uma nascente onde possam desovar – observa a Empresa em seu site. Ela tem em seu DNA, conforme afirma, “a luta constante pela preservação da natureza”. - É dela que retiramos a nossa matéria prima e é nela que depositamos todos os nossos esforços de manutenção e preservação para gerações futuras. O esforço dos peixes em nadar contra a correnteza para gerar a vida, representa o nosso esforço na manutenção dela, através de ações concretas de preservação ambiental desde as espécies animais, vegetais e a de mananciais - apregoa. Ainda conforme a Empresa, ela possui um Termo de Cooperação junto à Naturatins (Fundação Natureza do Tocantins), para manutenção e soltura da Fauna Tocantinense. Ela mantém a Reserva Conservacionista Piracema.


G Gastronomia

Prato à base de pirarucu vence concurso gastronômico no Tocantins DA REDAÇÃO

“Pirarucu da terra”. Esta foi a receita vencedora no concurso gastronômico promovido pela Embrapa, Sebrae e Abrasel (associação que congrega bares e restaurantes). O prato, a base do chamado bacalhau brasileiro, é do restaurante Victória, que disputou com outros durante a 14ª edição da Semana do Peixe, de 26 a 30 de setembro, em Palmas (TO). O resultado foi divulgado nesta segunda-feira, 16, pela Embrapa. A “Caldeirada Graciosa”, do Maria Izabel, foi a opção escolhida pelo público e o restaurante Quadra Contemporânea foi eleito no quesito “melhor atendimento”. Para Alexandre Aires de Freitas, chefe geral interino da Embrapa Pesca e Aquicultura, mais importante do que a escolha dos melhores foi o resultado no aumento do consumo de pescado e na ligação dos elos da cadeia pesqueira. – Nosso papel enquanto unidade especializada no tema é não só desenvolver pesquisas, mas também ajudar a impulsionar o consumo do pescado e promover o intercâmbio de quem produz com quem compra. Nesse sentido acredito que o resultado foi bastante satisfatório – comemora Freitas. Pouco antes da Semana do Peixe, empresários do setor de bares e restaurantes visitaram a Pescados Piracema, entreposto de pescados localizado em Almas, no sudeste de Tocantins. – Foi uma ótima oportunidade para networking, obtivemos novas propostas para a comercialização – comenta Ana Paula Setti Nogueira, proprietária do restaurante Victória e presidente da Abrasel em Tocantins. O gerente do Núcleo Regional Sul do Sebrae Tocantins, José Carlos Bessa, também elogiou a iniciativa.

FOTO: EMBRAPA

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“PIRARUCU DA TERRA” FOI O PRATO VENCEDOR

– A visita gerou uma rodada de negócios entre produtores e comerciantes e foi uma boa oportunidade para aproximar os elos da cadeia – destaca. Somente no restaurante Victória, houve um aumento no consumo de pescado em 30% durante o evento e até hoje clientes procuram pelo prato que participou do concurso. – O consumo foi muito superior do que o esperado e sei que houve lugares onde faltou peixe – comenta Ana Paula. Outra ação que contribuiu para aumentar a divulgação do concurso culinário foi a degustação de duas re-

ceitas de pirarucu para os passageiros que chegaram em voos entre 10h40 e 14h50. Um total de 1.800 pessoas experimentaram as delícias preparadas pelo chef do restaurante Vitória. O Tocantins é o 14º na produção de pescado no Brasil, com 9.544 quilos por ano, segundo último levantamento do IBGE de 2016. Logística, condições climáticas favoráveis, topografia plana, água em boa quantidade e qualidade, permitem que o estado seja um dos locais mais promissores em piscicultura da região Norte. A produção nacional é de 483 mil toneladas de peixe, com incre-

mento de 1,5% em relação a 2014. Na outra ponta, dados da FAO/ONU apontam para um consumo mundial per capita de pescado de 20 quilos em 2014, contra 19,2 quilos em 2012. Desde a década de 1960 o consumo mais que dobrou. O Brasil também acompanha esse crescimento e hoje a ingestão desse tipo de carne é de 14,4 quilos por habitante – acima do recomendado pela FAO, que é de 12 quilos por ano. Em 2009 o consumo não passava de 9,9 quilos por habitante, segundo dados do extinto Ministério da Pesca. Da Embrapa Pesca e Aquicultura, com edição de Piscishow/Avisuleite OUTUBRO 2017 |

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Nova ova Rota

DA REDAÇÃO

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m grupo formado pelas empresas Star Logística, Suzuyo Gerenciamento Logístico, Alfatrans, Transparana e CMA/CGM do Brasil estuda a viabilidade de uma nova rota de exportação do algodão produzido no oeste da Bahia para os países da Ásia, mais precisamente a China, por meio de um porto do Nordeste brasileiro. No dia 17 deste mês ele fez uma visita, em Luís Eduardo Magalhães, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). - Este é um estudo inicial de uma novo modelo de exportação do algodão baiano para a Ásia e a China, com a possibilidade de otimizar a logística e reduzir os custos de operação. A ideia é conhecer como funciona o mercado e as condições de armazenamento, transporte e escoamento do produto para criar também uma operação atrativa financeiramente para os produtores baianos - explicou

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Algodão baiano pode ter novo porto de saída Érika Murata, diretora comercial da Suzuyo Gerenciamento Logístico. - Ficamos impressionados com toda a estrutura montada e os detalhes inerentes à venda do algodão. Agradecemos pela visita e informações sobre a matéria-prima e escoamento da produção. Neste estudo prévio, iremos entender também a capacidade de exportação para montar uma estrutura em um porto do Nordeste e disponibilizar navios para levar o produto até a Ásia - reforçou Adeline Bellion, gerente de desenvolvimento de negócios da CMA/CGM. A diretoria da Abapa foi representada na visita, pelo produtor do grupo

Santo Inácio, Marcelo Kappes. Ele disse acreditar no potencial do algodão baiano, em específico, do oeste da Bahia, para que sejam oferecidas novas rotas, e de preferência com menor custo, para escoar a matéria–prima. - Além de evidenciar a qualidade do nosso algodão, existe todo o trabalho desenvolvido pela Abapa para estabelecer alternativas aos produtores como forma de reduzir custo em logística - afirma, ao garantir que a entidade está aberta para as empresas que queiram investir no setor. Durante a visita às instalações da Abapa, o diretor-executivo da Associação, Lidervan Mota Morais, e o coorde-

nador do Centro de Análises de Fibras, Sérgio Brentano, ressaltaram a adequação dos produtores e da cadeia de algodão da Bahia às exigências de qualidade para fornecer matéria-prima para o mercado têxtil no Brasil e no exterior. Na UBahia, a beneficiadora foi apresentada por um dos sócios fundadores, Miguel Goldenberg, e na Eisa Interagrícola, pela gerente da filial em Luís Eduardo Magalhães, Márcia Enéias. Também integraram a comitiva, Carlos Vedovato da Transparana e Josias de Oliveira, da Alfatrans. Da Ascom/Abapa, com edição de Cerrado Rural Agronegócios


ENTRETENIMENTO

RECEITA

(?) marra: à força Beijos

Tema do romance "O Quinze" (BR) (?) forrageiro: máquina agrícola Recargas substituíveis de produtos

Manobra (?), prática de líderes políticos

Que pode difundir radiação Elemento ausente na montaria "bareback" In (?): a fertilização que gera o "bebê de proveta"

Aneurisma da (?): vitimou Einstein

(?) Guedes, apresentador de TV

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Solução

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F A I S

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BANCO

O perfume, no jargão poético

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batata doce?? Mané: - é porque vamos economizar na compra de rojões!!

Um dos princípios da Cruz Vermelha

R

Mané diz ao Tião

Ofensa grave Sobrinho de Abraão

G

SORRIA

Olívio Dutra, exprefeito de PoA (RS) Chefe de Estado em monarquias

Latitude (abrev.)

C A M E N T O N D R AG E M R O B E A A S N R P T E R T A A D O R E L I A D A S V O T O R T A O D E L T R A J E D U R I A DO

Do site melhorcomsaude.com

Sacerdote hebreu Fração da unidade

O S A C B U R L E O V S I A A T U O R T A

MODO DE PREPARO Adicione o vinagre e o sal em um copo de água morna e misture bem. Faça, pelo menos, 5 bochechos de 1 minuto.

Antiga carruagem fechada Aplaudidas; aclamadas Bar típico do Velho Oeste

L

1 colher de vinagre de maçã (10 mL) 1 colher de sal (10 g)

Trecho rápido do circuito de F1

3/eli — lot — san. 4/nagô — olor — sege. 5/prass — vitro. 6/saloon.

Vinagre de mação para dor de garganta

Carlinhos Brown, percussionista

Melodia de canções do repente

MEDICINA NATURAL

- Compre 50 caixas de batata doce e 10 de gingibre para a festa de São João. Tião pergunta: - Porque você está comprando tanta

Natalie (?), cantora Mulher ingênua

M O G L A A L S Ã S M I T S S I S L A L R O O U N

MONTAGEM Distribua o arroz sobre os pratos individuais e decore com cebolinha e salsinha. Sugestão do chef Carlos Pinheiro, do Rio Quente Resorts, em Rio Quente – GO, no site Culinária Terra.

INGREDIENTES 1 copo de água morna (200 mL)

(?) Diego, cidade O "loser" (EUA)

Artefato bélico como o Tomahawk

MODO DE PREPARO Lave bem o arroz e escorra. Numa panela de fundo pesado junte o azeite, a cebola picadinha, o alho e o pequi cortado em tiras. Acrescente o arroz e deixe dourar por alguns minutos. Adicione a água fervente e coza até que todo líquido ter sido absorvido e o arroz ficar soltinho. Depois de pronto tampe e reserve.

As bactérias são um dos principais causadores da dor de garganta. Consequentemente, o objetivo é combater este tipo de micro-organismo alojado na área. Uma grande alternativa é o vinagre de maçã, o qual conta com propriedades antibacterianas e é fácil de ser usado.

Roupa usada após o banho Redução como "Dr." ou "Sra." (Gram.)

I M E N T A L

INGREDIENTES 500 g de arroz 200 ml de azeite extra-virgem 1 dente de alho picadinho 300 g de pequi em conserva 1 cebola picadinha 2 colheres de sopa de salsinha fresca picada 2 colheres de sopa de cebolinha fresca picada 1 litro de água ou o quanto baste Sal a gosto

© Revistas COQUETEL

Quebra-(?): reduz a Função de Flávio Canto na Rede Globo velocidade em vias Miles Da- durante a Rio 2016 Antiga Os atores de maior vi- vis, trom- Receio do Idioma do capital egípcia afoxé sibilidade em novelas petista inseguro

Característica de Partícula eventos resultante Perigo constante como ani- do atrito (Fís.) no mar versários agitado Atitude retratada por Zé Carioca (HQ) Pedro (?), jornalista brasileiro "(?) Impossível", série de filmes

A M B M I S E N T E R E F E S T V I V V O

Arroz com pequi

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br

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CRÔNICA

AMANDA OLIVEIRA SANTOS

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“A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE”

m cada região existem ditados que percorrem por gerações, tornando-se populares. Usamos frases como: “quem viver verá”, “nada como um dia após o outro”, “filho de peixe, peixinho é” ou “Deus escreve certo por linhas tortas” e, por aí vai. Nem sempre nos atentamos para o verdadeiro sentido de frases ditas, como estas, que muitas vezes são faladas no impulso, sem buscar o sentido ou em alguns momentos de brincadeiras, sem nos dar conta de que cada ditado popular desses, não são inventados ou criados simplesmente por um acaso. Em tudo há sentido, significado, interpretação ou importância. Depois de passar por provas tão duras como a de perder um filho aqui na terra, aprendi muito sobre a palavra esperança. Ouvia sempre pessoas confortando outras com essa palavra, mas não compreendia, pois achava superficial e não conseguia ver onde esse termo pudesse trazer paz a alguém e mudar o contexto de dores, angústias e tribulações para dias melhores. “A esperança é a última que morre”, na verdade, a esperança não morre enquanto há vida! Ela deve permanecer em nós como motivo de perseverança nas coisas que pa-

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| OUTUBRO 2017

recem difíceis ou impossíveis. É ela quem sustenta a fé e nos conduz a caminhar até o cumprimento das promessas de Deus para nossas vidas. Esperança do verbo esperançar. Diante dos fatos reais que vivemos; terremotos, violência, falta de amor que retrata o que diz a escritura bíblica no livro de Mateus 24, é preciso termos esperança, que não seja a esperança de esperar; que terminem, que resolvam, que impeçam, enfim, essa não é a verdadeira esperança que traz vida. Esperançar é levantar-se, é ir atrás, é construir e reconstruir, é não desistir. Esse foi o discernimento que tive e me levantou para prosseguir diante de tamanha dor. Compreender que temos uma missão e que precisamos fazer com que ela se cumpra por meio de nossas atitudes, foi a maior lição em meio aos desafios que tenho vivido. Ajudar o outro a compreender os propósitos de Deus, entendendo que em cada ação, há uma reação, pode ser uma atitude de esperançar. Em cada ação do homem que contraria a lei da natureza provoca a reação de impacto negativo que, de fato, o mundo presencia e vive hoje. É possível mudar esse cenário quando praticarmos o amor uns pelos outros, por

meio de atitudes que nos levam a ter esperança. Vivo na certeza de que o amanhã é hoje, busco fazer a vontade de Deus, compreendo que ela é boa, perfeita e agradável, e vejo o propósito Dele se cumprir nos mínimos detalhes, onde não é possível àquele que não crê. Falar de dores na terra, ver crianças inocentes morrendo debaixo de escombros, pessoas de bem sendo assassinadas, não é motivo para revolta, é motivo para crer que existe um Deus maior que todas as coisas, e que tudo coopera para o bem daqueles que o amam. Ele não é mal, nem faz o mal, mas Ele espera que cada um reconheça que Ele é o verdadeiro amor, através do perdão, de atitudes de amor que muda o contexto de toda uma história de dor. Esperar dias melhores sem atitude é apenas esperança! Praticar a esperança do verbo esperançar, é gerar vida naqueles que não esperam mais nada, que já desistiram e permanecem com um coração endurecido sem expectativas de dias melhores, podendo assim, serem renovados na fé, na esperança e no amor. A Esperança só morre quando não há mais vida!

é Engenheira Agrícola Especialista em Extensão Rural e Agricultura Familiar e acadêmica de Jornalismo na UFT


Na novela “O outro lado do Paraíso”, ambientada no Tocantins, os personagens Gael e Clara se casam. Durante a lua de mel, Clara é estuprada por seu agora marido. Sua vontade não é respeitada. Seu corpo é violado. A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e a Defensoria Pública, por meio do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), oferecem atendimento especializado, que inclui assistência jurídica gratuita, para quem precisar. Para saber mais sobre o nosso atendimento acesse: ww2.defensoria.to.gov.br/ atendimento

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