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EMPREENDEDORISMO

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INSPIRAÇÃO

INSPIRAÇÃO

Allan Costa

} É pai do Lucca e da Mariana. Motociclista, palestrante internacional, investidor-anjo, escritor e mentor de startups. É cofundador da plataforma AAA Inovação, ocupou a superintendência e a diretoria Técnica do SEBRAE/PR e a presidência da Celepar - Companhia de Tecnologia do Estado.

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UM EMPREENDEDOR NA FAIXA DOS 40 A 45 ANOS PODE POSSUIR MUITO MENOS CONHECIMENTO SOBRE AS NOVAS TECNOLOGIAS, MAS PODE POSSUIR MAIS INTELIGÊNCIA EM RELAÇÃO À PARTE BUSINESS DA COISA

O MITO do fundador jovem

Um dos temas que mais gosto de abordar são grandes mitos relacionados a carreira, empreendedorismo, investimento, startups etc. Hoje, vou apresentar um deles: o mito do fundador jovem.

É comum vermos por aí jovens de vinte e poucos anos que lançaram um negócio de sucesso e, alguns anos depois, tornaram-se milionários. Mark Zuckerberg, com o Facebook; Evan Spiegel, com o Snap; Kevin Systrom, com o Instagram. A partir dessas exceções, surgiu o mito do fundador jovem. Um jovem de 20 e poucos anos, um tanto “alternativo”, muitas vezes com conhecimento em tecnologia ou design, que cria um aplicativo e, poucos anos depois, se torna milionário (ou até bilionário).

É comum me deparar com jovens buscando incessantemente pela próxima “ideia milionária”. Não me entenda mal, eu sou empreendedor e acredito no potencial transformador do empreendedorismo, mas empreender não é para todo mundo e não é, certamente, algo fácil. De repente, querer ter uma carreira, mesmo que por alguns anos, parece ter virado algo errado. Contudo, até os dados demonstram que o fundador jovem e super bem-sucedido não passa, afinal, de um mito.

Segundo uma pesquisa da U.S Bureau e do MIT, a média de idade dos fundadores das startups de crescimento mais rápido não é 20 nem 25 anos, mas sim 45. Segundo essa mesma pesquisa, um empreendedor na faixa dos 50 anos de idade tem praticamente o dobro de chances de fundar uma empresa de sucesso do que um empreendedor com 30 anos de idade. Ainda, menos de 1% das startups que alcançam o sucesso são fundadas por empreendedores na faixa dos 20 anos.

Se por um lado os jovens possuem muito mais abertura a riscos e muito mais possibilidade de se debruçar por inteiro sobre um projeto, por outro são também muito mais inexperientes e inconsequentes em suas ações. Um empreendedor na faixa dos 40 a 45 anos pode possuir muito menos conhecimento sobre as novas tecnologias, mas pode possuir mais inteligência em relação à parte business da coisa.

O que observo é que muitos jovens empreendedores subestimam os anos e a experiência nessa equação toda. E, sim, os vinte e poucos anos são uma ótima época para tomar riscos, mas também é uma ótima época para se juntar a empresas, buscar mentores, colocar a cara a tapa e desenvolver novas habilidades, principalmente, emocionais. Nessa mesma pesquisa que citei acima, pesquisadores constataram que profissionais que trabalharam na mesma área na qual, posteriormente, fundaram um negócio próprio, eram 125% mais bem-sucedidos do que aqueles que não o faziam. Ou seja, a experiência importa, e muito.

Não existem verdades universais. Existem sim, boas práticas. Se você ainda acredita no mito do fundador jovem, sugiro que repense. Um jovem de 20 e poucos anos tem um mundo a descobrir e ainda não possui muitos dos vícios que acabamos adquirindo (e lutando contra) quando envelhecemos; costuma ser ousado e disposto a trabalhar, e dar a cara a tapa. Essas são características que, com certeza, vão te diferenciar e você pode sim ter experiências empreendedoras durante esse período, mas não feche sua mente para outras oportunidades. Aproveite para encontrar mentores, errar, fazer conexões valiosas e construir track record e reputação – coisas que levam décadas, mas que retornam exponencialmente ao longo do tempo.

Use os seus 20 e poucos anos para “criar casca” e adquirir experiência. Isso tudo vai te preparar para os grandes desafios da vida e será de grande ajuda quando você decidir embarcar de vez nesse mundo maluco do empreendedorismo.

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