31ª Edição da Revista Corretora do Futuro

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EMPREENDEDORISMO

O MITO do fundador jovem Allan Costa } É pai do Lucca e da Mariana. Motociclista, palestrante internacional, investidor-anjo, escritor e mentor de startups. É cofundador da plataforma AAA Inovação, ocupou a superintendência e a diretoria Técnica do SEBRAE/PR e a presidência da Celepar - Companhia de Tecnologia do Estado.

UM EMPREENDEDOR NA FAIXA DOS 40 A 45 ANOS PODE POSSUIR MUITO MENOS CONHECIMENTO SOBRE AS NOVAS TECNOLOGIAS, MAS PODE POSSUIR MAIS INTELIGÊNCIA EM RELAÇÃO À PARTE BUSINESS DA COISA 64 | EDIÇÃO 31 | 2020

U

m dos temas que mais gosto de abordar são grandes mitos relacionados a carreira, empreendedorismo, investimento, startups etc. Hoje, vou apresentar um deles: o mito do fundador jovem.

outro são também muito mais inexperientes e inconsequentes em suas ações. Um empreendedor na faixa dos 40 a 45 anos pode possuir muito menos conhecimento sobre as novas tecnologias, mas pode possuir mais inteligência em relação à parte business da coisa.

É comum vermos por aí jovens de vinte e poucos anos que lançaram um negócio de sucesso e, alguns anos depois, tornaram-se milionários. Mark Zuckerberg, com o Facebook; Evan Spiegel, com o Snap; Kevin Systrom, com o Instagram. A partir dessas exceções, surgiu o mito do fundador jovem. Um jovem de 20 e poucos anos, um tanto “alternativo”, muitas vezes com conhecimento em tecnologia ou design, que cria um aplicativo e, poucos anos depois, se torna milionário (ou até bilionário).

O que observo é que muitos jovens empreendedores subestimam os anos e a experiência nessa equação toda. E, sim, os vinte e poucos anos são uma ótima época para tomar riscos, mas também é uma ótima época para se juntar a empresas, buscar mentores, colocar a cara a tapa e desenvolver novas habilidades, principalmente, emocionais. Nessa mesma pesquisa que citei acima, pesquisadores constataram que profissionais que trabalharam na mesma área na qual, posteriormente, fundaram um negócio próprio, eram 125% mais bem-sucedidos do que aqueles que não o faziam. Ou seja, a experiência importa, e muito.

É comum me deparar com jovens buscando incessantemente pela próxima “ideia milionária”. Não me entenda mal, eu sou empreendedor e acredito no potencial transformador do empreendedorismo, mas empreender não é para todo mundo e não é, certamente, algo fácil. De repente, querer ter uma carreira, mesmo que por alguns anos, parece ter virado algo errado. Contudo, até os dados demonstram que o fundador jovem e super bem-sucedido não passa, afinal, de um mito. Segundo uma pesquisa da U.S Bureau e do MIT, a média de idade dos fundadores das startups de crescimento mais rápido não é 20 nem 25 anos, mas sim 45. Segundo essa mesma pesquisa, um empreendedor na faixa dos 50 anos de idade tem praticamente o dobro de chances de fundar uma empresa de sucesso do que um empreendedor com 30 anos de idade. Ainda, menos de 1% das startups que alcançam o sucesso são fundadas por empreendedores na faixa dos 20 anos. Se por um lado os jovens possuem muito mais abertura a riscos e muito mais possibilidade de se debruçar por inteiro sobre um projeto, por

Não existem verdades universais. Existem sim, boas práticas. Se você ainda acredita no mito do fundador jovem, sugiro que repense. Um jovem de 20 e poucos anos tem um mundo a descobrir e ainda não possui muitos dos vícios que acabamos adquirindo (e lutando contra) quando envelhecemos; costuma ser ousado e disposto a trabalhar, e dar a cara a tapa. Essas são características que, com certeza, vão te diferenciar e você pode sim ter experiências empreendedoras durante esse período, mas não feche sua mente para outras oportunidades. Aproveite para encontrar mentores, errar, fazer conexões valiosas e construir track record e reputação – coisas que levam décadas, mas que retornam exponencialmente ao longo do tempo. Use os seus 20 e poucos anos para “criar casca” e adquirir experiência. Isso tudo vai te preparar para os grandes desafios da vida e será de grande ajuda quando você decidir embarcar de vez nesse mundo maluco do empreendedorismo.


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