Revista Estimuladamente Ano I |Edição 04 | DEZEMBRO 2018

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Ano 1 | dezembro 2018

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Editorial Mesmo que seja apenas uma virada de calendário para alguns, a chegada de um novo ano sempre traz uma renovação de esperanças. E é justamente esse nosso sentimento a cada edição! Para quem tem uma Estimuladamente experimentar e inovar é quase obrigatório! E é esse nosso convite: experimente cada novo dia com gratidão. Viva em plenitude! Exercite o amor, por si, e por cada ser vivo desse planeta. E claro, pra começar o ano com toda disposição, reserve alguns minutinhos do seu dia e se aprofunde em um mar de possibilidades presentes nas nossas páginas. Esse número está repleto de boas ideias e histórias inspiradoras. Por que a mudança começa de dentro, né?! Cada um dos nossos articulistas e colaboradores têm sustentado esse sonho junto conosco, doando seu tempo e conhecimento, por isso a abundância é sempre nosso lema! Compartilhar é o segredo. Por motivo de força maior, a coluna Educação não será publicada nesta edição. Acreditamos e atuamos para o Desenvolvimento do Ser Humano Integral! A nossa aposta está em você, que pode fazer tudo diferente e sempre melhor! Agora, vamos lá! É com você. Comece acreditando que pode e será capaz de mudar o mundo, sem brigas, nem guerras. Com amor e paz no coração! E propósito, se não perde a graça. Por falar em propósito, queremos conhecer você, leitor. Lançamos nesta edição uma Pesquisa de Público para saber mais detalhes de quem lê e participa da Revista Estimuladamente. É rapidinho! Para colaborar com essa ideia é só clicar aqui ou acessar o link https://bit.ly/2Vx0ijL. Lembre-se: na vida tudo sempre vale a pena! E nunca é tarde para (re) começar! Feliz todo dia! Que 2019 seja pleno. Agradecimentos Agradecemos aos nossos colaboradores pela contribuição amorosa desse rico conteúdo. Com o mesmo amor que recebemos, transbordamos em nossas páginas e mídias. Vocês são peças importantes nesse lindo projeto. Aproveitamos para agradecer também a Vitor Igdal por estreitar o contato com Geraldo Rufino e facilitar essa troca de experiência. Errata *A entrevista de Capa “Ho’oponopono: quando a autorresponsabilidade promove a cura”, publicada na edição 3, ano 1, da Revista Estimuladamente contou com a colaboração de Deise Souza (srtadei@ gmail.com), na tradução espanhol-português. Os créditos foram incluídos logo que identificado o equívoco.

Expediente

Ano 01 | nº 04 | Dezembro 2018 Bimestral Diretoria: Marcelo Conceição Reis Amanda Reis Argolo de Almeida Jornalismo: Lais do Nascimento Souza MTB 0005347/BA Revisão de Texto: Vania Conceição Rocha Diagramação: Marcelo Conceição Reis Rua Professor Sabino Silva, nº 179, Chame-Chame, Salvador - Bahia. CEP 40157-250 revistaestimuladamente.com.br https://issuu.com/ revistaestimuladamente Tel.: (71) 99125-3837 Para anunciar: revista@estimuladamente.com.br Para colaborar: jornalismo@estimuladamente.com.br *As opiniões emitidas nas matérias e artigos são de total responsabilidade de seus autores. Imagens: www.istockphoto.com/br

* Na matéria “Educar para transformar, educar para o campo!”, publicada na coluna Terceiro Setor, da edição 3, ano 1, da Revista Estimuladamente, foi utilizada como imagem ilustrativa da página 65 a fotografia de outra seção, da mesma autora, que nenhuma responsabilidade tem com o equívoco da diagramação. Identificado o erro, a fotografia foi alterada. Pedimos desculpas a nossa colaboradora Simaia Barreto e à comunidade da Escola Família Agrícola do Sertão (Efase), localizada em Monte Santo - BA. Boa leitura! Ano 1 | dezembro 2018

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Índice Toda edição Pág. 05 - Minha Onda: Um dia de cada vez - Por José Alves

Pág. 54 - Alimentação: Permacultura na mesa Por Luciana Guidoux

Pág. 06 - Sustentabilidade: Uma ideia de Natureza Por Carla Visi

Pág. 56 - Construções Sustentáveis: Dragon Dreaming - Gestão de projetos Colaborativos: Como tornar seus sonhos em realidade através do Amor em Ação Por Tatiane Franche

Pág. 08 - Permacultura: quando a cooperação entre o homem e a Natureza acontecem. Entrevista Lucy Legan Por Lais Nascimento

Pág. 59 - Alterne: Porto dos Livros - Espaço Cultural - Por Raimon Alves

Pág. 14 - Coaching: Coaching na Essência e na Prática - Por Moisés Ribeiro

Pág. 60 - Universo Holístico: O que são Barras de Access? - Por Amanda Reis

Pág. 16 - Tecnologias Sociais: Cisterna de placa: Água para o Povo, água para o sertão- Por Simaia Barreto

Pág. 62 - Relações Comunitárias: Solidariedade: fazer o bem a qualquer tempo Por Vania Rocha

Pág. 18 - Erótica... Mente: Sexualidade e o Tantra Por Satya Kali

Pág. 66 - Terceiro Setor: Associativismo para pensar o desenvolvimento local Por Simaia Barreto

Pág. 24 - Escutatória: Minha experiência no TEDx Rio Vermelho - Por Pedro Cordier Pág. 27 - Capitalismo Consciente: Um case de Empreendedorismo com Propósito Por Kiko Kislansky

Pág. 68 - O que vamos organizar hoje: O que vamos organizar hoje? A cama e a vida! Por Tais Reis

Pág. 28 - Empresas Conscientes: Feliz Ikigai em 2019! - Por Eduardo Almeida

Pág. 70 - Planejamento Consciente: Planejando os Sonhos - Por Marcelo Reis

Pág. 30 - Vida no trabalho: Estabilidade ou Felicidade? - Por Sandra Rêgo Pág. 31 - Estimuladamente Abraça: Escolinha de Futebol Potiraguá

Pág. 72 - Registro: Projeto S.E.R e Café com Empatia reúnem colaboradores da Estimuladamente - Por Lais Nascimento

Pág. 34 - Curiosamente: Nem sempre, querer é poder. - Por Miguel Dourado

Pág. 74 - Autoconhecimento & Espiritualidade: Deus lhe faça Feliz - Por Conça Cedraz

Pág. 35 - Fotos - Por Mariana Falcão

Pág. 76 - Minha Estimuladamente: Qual o valor do seu sonho? - Por Gabriela Ferreira

Pág. 40 - Mecânica Quântica: Autossabotagem Por Jean Savedra

Pág. 78 - Estimuladamente Indica: Por Lais Nascimento

Pág. 50 - Contos de Família: Unidos no Caminho, por Santiago e com amor Por Lais Nascimento

Pág. 80 - Mensagem - Que esse ano você possa acreditar - Por Braulio Bessa

Neste exemplar Pág. 10 - Especial: O novo Código da PNL: Sonhos, objetivos e metas, como se autoprogramar para alcançá-los Por Hilvan Santos Pág. 38 - Especial: O palestrante tatuado Por Marcelo Reis Pág. 44 - Capa - Resiliência: Uma lição com Geraldo Rufino revistaestimuladamente.com.br

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Minha Onda Por: José Alves

Um dia de cada vez

Nessa edição, vamos contar a história de Jeferson: 36 anos, casado com Tereza, pai de Danilo de 6 anos. Jeferson nasceu e se criou em Salvador e nunca tinha passado pela sua cabeça a ideia de viver em outro local. Até que um dia, cansado da rotina e ouvindo casos de pessoas que abandonaram tudo e foram viver de uma maneira completamente diferente, ele pensou na possibilidade de fazer o mesmo. Sair do emprego e convencer a mulher e o filho a entrarem nessa viagem, seriam os primeiros desafios. Não foi uma tarefa difícil, já que sua mulher estava também em busca de uma vida com mais significado e seu filho, como toda criança, vibrou com a nova descoberta. Primeiro passo: escolher o local e planejar as economias, pra saber quanto tempo poderiam ter as contas pagas, até começarem a trabalhar novamente. As dúvidas em relação aos locais foram muitas: passaram por praia, interior do estado, Chapada Diamantina e depois de muitas análises, optaram por passar um tempo na Chapada, mas sem perder de vista, a possibilidade de passar depois um período no litoral. Eles já começaram a sentir a vida mais livre e leve, só fazendo os planos da mudança, ou seja, pela primeira vez, eles perceberam que estavam no comando, traçando os planos que querem para suas vidas e não deixando que a vida lhes leve, baseada em reprogramações e modelos preestabelecidos. Alguns amigos e familiares, não entendiam muito bem o motivo de uma mudança tão radical, já que Jeferson era uma pessoa bem sucedida profissionalmente e aparentava ter uma vida confortável e feliz. E toda vez que era indagado sobre mudanças ele simplesmente dizia que esperava mais Ano 1 | dezembro 2018

da vida e que sua história, até aquele momento, não passava de capítulos previsíveis e sem nenhuma dose de emoção e que a vida não poderia ser só isso. Hoje já faz 5 anos que Jeferson e sua família se tornaram cidadãos do mundo. Passaram 1 ano e meio na Chapada, depois 2 anos no litoral e agora estão passando um tempo na Europa. Morando em um motor home, viajando sem destino, buscando experienciar outras culturas e vivendo intensamente cada uma delas. Uma vida de descobertas e de reencontros. Eles descobriram que viajar é encontrar nossos pedaços perdidos pelo mundo. Quando questionado sobre os planos para o futuro, Jeferson diz que não planeja, vive um dia de cada vez e que prefere se arrepender no futuro de não ter feito um planejamento no presente, do que viver o presente, fazendo planejamento para o futuro. E que a vida que ele e sua família escolheram, é repleta de emoções, de descobertas e realizações. Quanto à coragem pra fazer a mudança, Jeferson acredita que coragem mesmo é passar a vida inteira fazendo as mesmas coisas, muitas das quais você não gosta, trocando seu precioso tempo por um salário que te aprisiona nesse modelo, e quando você se dá conta, sua vida já passou. Essa é mais uma história de gente que optou por levar uma vida com mais significado, trocando o acúmulo de bens materiais por experiências, deixando de ser local para ser global, consciente de que o momento presente é a única certeza. Essa história mostra gente vivendo em pleno estado de gratidão, fazendo da vida uma viagem, onde a felicidade não está no destino e sim na jornada. José Alves jalvescfilho@gmail.com 05

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Sustentabilidade Por: Carla Visi

Uma ideia de Natureza

A Natureza existiria sem o ser humano, no entanto o ser humano está imerso no ambiente, seja modificado ou não, e desde os primórdios atribui à Natureza interpretações e significados. Tudo que nos alimenta e nos mantêm vivo vem da Natureza, começando pelo próprio ar que respiramos. Então para entender melhor essa visão de Natureza, tomei como referência a introdução da obra História da Ideia de Natureza do francês Robert Lenoble escrito na metade do século passado que fez um apanhado da visão da Natureza ao longo da história e das diversas correntes filosóficas que caracterizaram a cultura ocidental até aquele momento. E pretendo comparar com artigos atuais, onde a Natureza surge numa nova perspectiva, uma pauta constante dos governos, ONGs e meios de comunicação. Que Natureza é essa? O fato é que a Natureza não mudou, nós é que mudamos a nossa relação com ela de acordo com as necessidades ou ideologias dominantes em cada época. Os primitivos tentavam entender a vontade dos deuses nos fenômenos naturais como raios, trovões, revistaestimuladamente.com.br

vulcões e nas águas dos rios e dos mares. Os gregos percebiam uma hierarquia de formas organizadas (Aristóteles). Já os Modernos, incluindo Descartes, transformaram tudo em número e movimento. A Ciência ao desvendar a Natureza pretende controle, previsibilidade e domínio. E o ser humano moderno, habitante das cidades, cada vez mais protegido e asséptico, se afastou da Natureza, considerada selvagem, para reencontrá-la em imagens distantes na mídia como Natureza-espetáculo ou atividades lúdicas na Natureza mágica. Sem vínculos e sem culpas. Durante muito tempo a Natureza, incluindo o Homem, era considerada criação de Deus. E como causa primeira de todas as coisas, até Newton acreditava que Deus poderia mexer nas engrenagens para colocar os planetas nas suas respectivas trajetórias. Entretanto, o próprio Homem que estava situado dentro da Natureza, na idade Moderna, assume um papel quase divino e dominador e a Natureza passa a ser objeto da Ciência e manipulação humana. 06

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Sustentabilidade

Mas a Natureza vai além da sua funcionalidade e não é espaço exclusivo dos sábios. Ela fala aos artistas e poetas como inspiração. Fala aos religiosos como adoração. Fala aos doentes como cura. No século XIX, a Naturphilosofie alemã modernizou o tema da Mãe Natureza que muitas vezes sustenta a vida, mas outras tantas vezes também a ameaça. Assim nos esbarramos no evolucionismo de Darwin e na ecologia de Haeckel, onde descobrimos que o sobrevivente não é o mais forte, mas sim o que melhor se adapta. Diante desse conceito, concorrência e exploração parecem legitimadas pela própria Natureza. Quanto mais se manipulava a Natureza, mais inquietante e impotente se tornava a posição do sujeito individual diante dos acontecimentos econômicos e históricos. A espécie humana, dotada de inteligência, se relaciona com a Natureza a partir dos conhecimentos, valores, crenças e objetivos conscientes da sua época e cultura. Esse ser racional é capaz de pensar, planejar suas ações e desenvolver competências. No entanto, mesmo pertencendo à alma racional, a competência de compreender cientificamente a Natureza, em pleno novo milênio, a Humanidade, principalmente a ocidental capitalista, é considerada a maior culpada pela degradação e desequilíbrio ambientais que ameaçam o futuro da vida no planeta Terra. Mesmo com campanhas a favor da PAZ, há ainda no mundo mais do que 50000 cargas explosivas atômicas postas à disposição. Um planeta de 4,5 bilhões de anos com toda sua diversidade pode desaparecer “graças à arte primitiva de apertar um botão”. Estamos diante de uma situação única na história da Cultura, onde âmbitos da técnica e da Natureza começam a se confundir e produzem processos que até então nunca ocorreram na Terra, a exemplo: bactérias ou organismos construídos pela engenharia genética, produção de uma série de isótopos radiativos, nosso estilo de vida e relações permeadas majoritariamente pelas novas tecnologias. Ocupando e explorando a Natureza, o homem moderno vive como se estivesse fora dela. É urgente uma nova visão de Natureza. Mais ECO, menos EGO. A economia não poderá permanecer como um fim em si mesma, e se submeter ao objetivo de preservação da vida. A beleza e a riqueza estão na diversidade. O Homem consciente é aquele que reconhece o seu papel, mas acima de tudo a sua dependência dos sistemas naturais. O liberalismo e a filosofia do mais forte precisam ser substituídos por Ano 1 | dezembro 2018

cooperação, criatividade e flexibilidade. Afinal, por mais que os estudos apontem um futuro sombrio para Humanidade, a Natureza nos prova todos os dias o significado de resiliência e esperança. Referências: LENOBLE, Robert. História da ideia de Natureza. Edições 70, LDA Lisboa - 1969 KESSELRING, Thomas. “O Conceito de Natureza na História do Pensamento Ocidental” Episteme, Porto Alegre, nº11, p. 153172, 2000 CARVALHO e STEIL, Isabel e Carlos - 2013 “Natureza e Imaginação: O Deus da Ecologia no Horizonte Moral do Ambientalismo - Revista Ambiente & Sociedade, São Paulo SANTOS, Milton - 1992 “A redescoberta da Natureza” Estudos Avançados 6 (14) Páginas 95 - 106. FFLCH - USP

Carla Visi carlavisi@uol.com.br

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Permacultura Por: Lais Nascimento e Marcelo Reis

Permacultura: quando a cooperação entre o homem e a Natureza acontecem

Foto: Livro Escola Sustentável Foto: Arquivo pessoal

Imagine uma comunidade desenhada a partir de um planejamento que considera não somente o ambiente físico, mas os aspectos social, econômico, cultural e espiritual... O princípio fundamental nesse espaço “dos sonhos” é o respeito pela sabedoria da natureza. Para desenvolver qualquer projeto, dentro dessa perspectiva, é muito simples: observar e copiar a Natureza. Será esse lugar o paraíso? Os australianos Bill Mollison e David Holmgren batizaram o conceito de Permacultura, nos anos 70. Pesquisador, autor, cientista, professor e naturalista, Bill Mollison foi co-orientador do ecologista e escritor David Holmgren, então estudante do curso de Design. O fruto desse encontro é a Permacultura, transmitida pelo trabalho de conclusão do curso de David, orientado por Bill, através do livro “Permaculture One”, publicado pela primeira vez na Austrália em 1978. Em 1992, o próprio Mollison formou a primeira turma de permacultores no Brasil, no Rio Grande do Sul. Pedagoga, permacultora e especialista em jardinagem, a australiana Lucy Legan chegou ao Brasil, logo depois do professor, em 1997, depois de muitas viagens pelo mundo desenvolvendo e trabalhando em projetos educacionais e sustentáveis. Os desafios da adaptação foram logo enfrentados. “Quando eu cheguei ao Brasil, meu filho, que tinha 6 anos, sofreu um pouco de bullying na escola. revistaestimuladamente.com.br

Mas, isso não veio das crianças e sim da professora. Eu fiquei muito brava e fui falar com ela. Ela tinha 17 anos, era uma professora muito nova e sem nenhuma formação”, conta Lucy. O fato que tanto desagradou à australiana aconteceu próximo a Goiás, em Luziânia, uma cidade sem muito desenvolvimento, na época. Lucy conta que a situação da educação no Brasil a preocupou bastante. Ao perceber que muitos professores eram jovens sem formação, sentiu a necessidade de colaborar para que outras crianças não fossem desprezadas por conhecer outras realidades, desconhecidas às vezes pelos professores. “Comecei a escrever o livro - Escolas Sustentáveis pensando nestas escolas, que por falta de dinheiro, sofrem com isso, por causa do governo”. Não demorou e, em 2007, outra obra foi lançada - Criando Habitats. Neste livro, a permacultora reproduz e ensina como “copiar” o modelo de um trabalho aplicado em escolas aqui do Brasil. Com o apoio do Banco HSBC, o grupo formado por Lucy atuou no propósito de ajudar no desenvolvimento de quatro escolas durante quatro anos, a partir dos princípios da permacultura. No desenho das “novas escolas” estavam mudanças de estrutura física, alterações no currículo escolar e formação de professores, para que estes transformassem o ensino para além das salas de aula, aproveitando o habitat natural das crianças. 08

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Permacultura

escritório no Ecocentro, localizado na cidade de Pirenópolis, Goiás, responsável pela formação de mais de 2000 permacultores, com o objetivo claro de promover a evolução de uma proposta de mudança. No Brasil, existem dezenas de institutos, comunidades, grupos de pesquisa, veículos e lojas especializadas nesse conceito de ecologia saudável, vindo literalmente do outro lado do mundo. Todos unidos em prol de uma nova cultura, que exige expansão de consciência e auto-responsabilidade, focados nos princípios da Permacultura. A base conceitual do método é bem definida por uma citação do próprio Mollison, quando dizia que “a única decisão verdadeiramente ética é cada um tomar para si a responsabilidade de sua própria existência e da de seus filhos”. Lucy Legan Instagram: @lucylegan

Lucy explica que em uma comunidade permacultural, a base da educação para crianças de 0 a 7 anos precisa ser firme, “nessa fase, vamos ensinálas a apreciar a natureza, a não ter medo. Assim, eles vão amar as aranhas e os outros bichinhos. É a fase de brincar com lama, melecar-se”, afirma a pedagoga. Entre os 8 e 13 anos, as crianças aprendem sobre a Ciência do Meio Ambiente: como a árvore vai crescer, por que a cigarra faz este som. Já a partir dos 13 anos, pode-se ensinar sobre justiça, proteção, ética. E aí vem o diferencial: “ensinar uma criança que ama a natureza a ética do cuidar é fácil, porque eles têm o alicerce forte”, explica. Como co-fundadora do Ecocentro IPEC, o maior centro de referência em sustentabilidade da América Latina, a australiana defende que “é preciso ensinar às crianças as coisas mais importantes da vida, como cuidar da terra, cuidar do planeta, cuidar das pessoas e a dividir recursos. Essa é a ética da permacultura”. Fundado em 1998, o IPEC é uma organização não governamental sem fins lucrativos que tem seu

Lais Nascimento jornalismo@estimuladamente.com.br

Imagem: Flor da Sustentabilidade - Lucy Legan Ano 1 | dezembro 2018

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Especial - PNL Por: Hilvan Santos

O novo Código da PNL: Sonhos, objetivos e metas, como se autoprogramar para alcançá-los

Já aconteceu com você de se planejar para fazer algo e não conseguir ir até o fim, desistindo no meio do caminho? Quantas vezes nos vemos altamente motivados no início de uma empreitada e com o tempo e as dificuldades naturais vamos perdendo aquele estado de Alta Performance que nos fez pensar em modificar aquela parte da vida? Eu recebi muitas vezes em meu consultório pessoas que diziam: “Já tentei várias vezes Hilvan, e no início as coisas até funcionam, o problema é com o passar do tempo” ou “eu consigo até emagrecer, o problema é permanecer magro”. Não sei se você já viveu especificamente alguma das situações acima, o que sei é que de alguma forma, você pode perceber que faz sentido o que estas pessoas dizem. Não é à toa que ao codificar o Novo Código da PNL (Programação Neurolinguística), John Grinder, cocriador da PNL, estabelece que “O problema, não é o problema. O problema é o estado...” É que o estado em que estamos, quando enfrentamos um problema, de alguma forma determina as nossas escolhas. Fica fácil perceber isso quando temos um problema e mergulhamos de cabeça nele para tentar resolver. Às vezes parece que quanto mais tentamos resolver o problema, mais complicado ele fica. Todavia, se fizermos uma coisa revistaestimuladamente.com.br

diferente como sair com um amigo, correr, nadar ou até mesmo dormir um pouco, quando voltamos a pensar no problema é como se tivéssemos insights e percebêssemos coisas que não tínhamos percebido antes. Por isso, o Novo Código da PNL coloca o estado no centro de todos os processos transformacionais. Todos os jogos e dinâmicas do Novo Código são voltados para criar estados de Alta Performance nos contextos em que enfrentamos desafios para que possamos ver, ouvir e sentir coisas que passam despercebidas do nosso radar, quando estamos em estados de baixa performance. É incrível como o estado é fator determinante do nosso sucesso. Por ser especialista em Comunicação, também recebo muitos Coachees que me procuram por medo ou ansiedade de falar em público. Quase sempre, a razão do medo é que quando entram no contexto de falar em público, as pernas ficam bambas, sentem frio na barriga, a boca fica seca, mãos trêmulas. Eu já tive um cliente que costumava até mesmo ficar com placas vermelhas por todo o corpo e que desapareciam assim que ele saia do contexto de falar em público. É fácil perceber como neste contexto o Estado nos retira escolhas... 10

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Especial - PNL

Eu conheço pessoas que já passaram por maus bocados, perderam promoções e oportunidades na vida pessoal e profissional por medo de falar em virtude deste estado. É que quando somos tomados por um estado como este de baixa performance, não conseguimos nem mesmo pensar, quanto mais entregar o melhor de nós. O resultado é que as pessoas saem com uma impressão completamente equivocada de quem nós somos e não conseguimos demonstrar, muitas vezes, tudo que sabemos, parecendo para plateia que somos iniciantes em temas que dominamos de trás para frente. Da mesma forma que o estado interfere quando o tema é falar em público, o mesmo acontece para outras dimensões da nossa vida. Quero começar a academia e faço isso de forma brilhante na segunda, terça e quarta, mas na quinta, eu me desentendo com o meu chefe ou brigo com o meu cônjuge e me sinto desestimulado para ir à academia porque naquele dia não estou me sentindo bem emocionalmente. O Psicólogo Skinner afirmava que consciência não muda comportamento. E são inúmeros os exemplos que me deparo todos os dias nas minhas sessões de Coaching neste sentido. As pessoas sabem perfeitamente que precisam mudar e porque precisam mudar, mesmo assim elas não conseguem manter em curso o comportamento que iria promover a transformação que julgam importante em sua vida por causa do estado emocional que prejudica sua performance. Talvez por isso John Grinder tenha cunhado a frase “o problema, não é o problema, o problema é o Estado ...”. Com isso ele criou todo um novo conjunto de padrões para a PNL que tem como objetivo não somente fazer com que as pessoas ascendam a Estados de Alta Performance, como consigam se manter em estado de alta performance durante todo o tempo necessário para que a transformação se consolide. Eu tenho aplicado em mim estes novos padrões e nos meus coachees e tenho percebido resultados acima da média. O que o Novo Código da PNL faz é criar condições para a elaboração de novo repertório pelo cliente. Tais elaborações fazem com que em pouco tempo, de forma autônoma, você consiga despertar estados que lhe entreguem mais escolhas nos contextos em que enfrentam desafios. Ano 1 | outubro 2018

Além de despertar, você passa a ser capaz de manter estes estados durante todo o tempo necessário para a transformação. Isto é muito importante e é um grande diferencial. Normalmente quando começamos uma mudança damos tudo de nós e isso de alguma forma até nos prejudica. É como quem resolve voltar a malhar depois de muito tempo parado. A pessoa termina dando mais do que o corpo aguenta naquele momento e o resultado é que em um ou dois dias estará com dores que lhe impedem de continuar malhando. A PNL me ajudou a estabilizar isso e encontrar o ponto ótimo, isto é, aquele estado em que eu entrego o necessário para realizar a mudança no tempo que estabeleci para mim mesmo. Isso evita que o processo de mudança seja doloroso, condição que quase sempre faz com que as pessoas deixem conscientemente ou inconscientemente de fazer a mudança. A frase de Jean Paul Sartre nunca fez tanto sentido: “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.”

E a coisa mais maravilhosa do Novo Código da PNL é a possibilidade de entregar ferramentas simples, que funcionam e que nos ajudam a reescrever a nossa própria história, fazendo com que consigamos atingir as nossas metas e, por que não dizer, fazendo, de alguma forma, com que nos sintamos mais realizados, em harmonia com o fluxo da vida, portanto, mais felizes. Isto nos permite perceber que pode ser simples a mudança, não dependendo de fatores externos, do que os outros fazem ou deixam de fazer por nós. A mudança depende fundamentalmente da forma como significamos a nossa própria experiência, tem haver com a capacidade de determinarmos os estados que nos atravessam no dia a dia, para que consigamos realizar os nossos sonhos. Hilvan Santos Escritor, Practitioner do novo código da PNL, Master, Practitioner e trainer em PNL e master coach trainer, palestrante, hiponoterapeuta e especialista em comunicação assertiva! Instagram: @sonnhar.com.br 11

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Coaching Por: Moisés Ribeiro

Coaching na Essência e na Prática: O que é Coaching? Qual sua melhor utilização? Que demandas existem para Coaching?

Coaching é um processo dialógico de desenvolvimento humano, pautado na elevação do nível de consciência, clareza de objetivos, aprendizagem transformacional, percepção de possibilidades antes inexistentes, potencialização de recursos, aumento de performance, orientados para resultados extraordinários em um menor espaço de tempo.

O processo de Coaching, metaforicamente falando, funciona como uma viagem de carro, onde a primeira coisa que o cliente é conduzido a fazer é assumir o volante, isto é, exercer o controle sobre sua própria vida. Ele não é passageiro, co-piloto ou carona. É a sua vida e nela ele é motorista ou piloto. Chamamos isso de autorresponsabilidade, ou seja, nada mais de TCR - Transferência de Culpa e Responsabilidade.

Quando defino Coaching como um processo dialógico, refiro-me a uma conversa altamente produtiva, provocativa e estimulante, entre dois personagens, o Coach, que é o profissional certificado, que conduz o processo por meio de ferramentas, técnicas e perguntas poderosas, ou questionamento instigante e o Coachee, que é o cliente, conduzido no processo para encontrar suas próprias respostas, soluções, direção e clareza e com isso sentir-se altamente fortalecido para se movimentar rumo ao atingimento de seu destino. Essas conversas ou reuniões ocorrem em um período de 3 a 6 meses, semanais ou quinzenais, com tarefas ao final de todas elas, a ser realizadas no intervalo entre as reuniões.

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Como motorista ele tem vários recursos à sua disposição e um deles é o retrovisor. O retrovisor é importante? Sem dúvida! Mas, o que vai acontecer se ele fizer uma viagem de 200km olhando o tempo todo para o retrovisor? Isso mesmo, ele vai colidir e não vai chegar. Isso significa que Coaching não é terapia. Não viaja olhando para o passado e nas poucas vezes que o faz apenas é pra ressignificacão e aprendizado. Por outro lado, ele tem o parabrisa, também de vidro, mas muito maior que o retrovisor, que permite ver o que vem à frente, dá foco no futuro e ainda permite mentalmente ver além do horizonte. Aí está o que chamamos de clareza de 14

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Coaching

Relationship Coaching - Com quem fazer? Foco em relacionamentos saudáveis e sustentáveis. Pra fazer acontecer é preciso se relacionar bem com sua equipe e estar bem com sua família e amigos. Nesse ponto, no processo de Coaching, são trabalhadas duas competências essenciais: Liderança e Inteligência Emocional.

objetivos, focado no presente e futuro. Faz sentido que direção é mais importante que velocidade? O objetivo aqui é dar ao cliente DIRECIONAMENTO! Outrossim, parece que a viagem de alguns clientes está sendo feita à noite, pois está muito escuro e, em alguns casos, ainda chove torrencialmente. Assim, eles não conseguem enxergar o caminho.

Adminstration Coaching - Como fazer? Foco na Estratégia e Gestão e Potencialização de Recursos – TED. O processo de Coaching permite ao Coachee dar uma arrumada na casa, por assim dizer, maximizando o melhor uso dos recursos. Investese bastante tempo em PLANEJAMENTO, para estruturar o caminho entre desejo, ação e resultados.

Nesse caso, tem que acender os faróis, luz baixa e à medida que já está na estrada luz alta pra enxergar sob novas perspectivas. Ah, e em alguns casos, ligar o limpador de parabrisa. A isso chamamos de elevação do nível de consciência ou dar ao Coachee uma percepção ampliada, para que ele enxergue o que realmente está acontecendo no seu momento agora, minimizando seus possíveis pontos cegos. O objetivo é dar a ele CLAREZA!

SELF Coaching - Por que SER? Por que fazer? Por que ter? Foco em autoconhecimento, autoconsciência e autopercepção. O processo de Coaching permite uma investigação pessoal profunda, um encontro do Coachee com ele mesmo. Esse é um excelente ponto de partida. Quais são seus dons, talentos naturais, pontos fortes, e por outro lado, suas brechas, gaps, sombras, fraquezas ou vulnerabilidades? Qual seu perfil comportamental? Quais são suas crenças e valores? Quem é você? Ademais, o Coachee determinará o seu real propósito de vida, examinando o que faz, por que faz? Por que está aqui? Legado - Por que ter!? Isso é um combustível natural pra alto desempenho.

Entretanto, mesmo que assuma o volante, olhe pra o parabrisa, que ligue os faróis ou o limpador de parabrisa, ele não fará a sua longa viagem se não passar no posto de combustível para abastecer. Isso significa que no processo de Coaching, terá um espaço singular pra que o cliente possa reconhecer seus talentos, forças, dons, recursos, identidade real, propósito de vida, valores e motivos, para que desenvolva uma sensação de poder e competência pessoal. O objetivo aqui é dar a ele ENERGIA, para que ele se mova em direção a seus objetivos. Então, até aqui foi apresentado um processo, o Coaching, e dentro dele uma técnica: a CDE Clareza, Direcionamento e Energia.

Percebe-se que temos dois verbos no cerne do Coaching: pensar e fazer! Isso Quais as demandas mais comuns para um processo tem levado muitas pessoas a se tornarem de Coaching? Por que se tornou tão requisitado? a melhor versão de si mesmas, ter máxima performance, usando plenamente seu Profissionais que querem alta performance, desenvolvimento de competências, maior potencial, dizendo não a procrastinação e produtividade, ascensão profissional, evitar ter resultados extraordinários em um menor riscos de descarrilamento de carreira, mudança espaço de tempo, fazendo 10 anos em 01! organizacional, transição de carreira, gestão de tempo, energia e dinheiro e equilíbrio entre vida pessoal e profissional .

Em suma, temos aqui um processo transformador e espetacular, e um método prático e sustentável que pode ajudar você a ter uma vida extraordinária, plena e significativa. Já PENSOU o que você FARÁ com essa informação AGORA!?

Para atender a essas demandas recorrentes, desenvolvemos o Método BRAS, a saber: Business Coaching - O que fazer? Foco em negócios, empreendedorismo, cliente, sua fonte de renda, sua atividade profissional.

Moisés Ribeiro moisesribeirocoach@gmail.com Master Coach Trainer, idealizador do Método BRAS, Mentor de Empresarios, Membro Fundador e Conselheiro na ICF (International Coaching Federation) Brasil e CEO da Brascoaching.

Para ser sustentável tem que ter resultados! Como fazer 10 anos em apenas 01? Alta PERFORMANCE! Ano 1 | dezembro 2018

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Tecnologias Sociais Por: Simaia Barreto

Cisterna de placa: Água para o Povo, água para o sertão

Foto: Simaia Barreto

Leitores queridos, nessa seção, como de costume, trataremos de mais uma prática considerada uma tecnologia social no Brasil. Para essa matéria não entrevistei ninguém, pois preferi compartilhar informações que tenho sobre a cisterna de placa. Já ouviram falar? Eu descobri sobre isso em viagens de trabalho pelo Nordeste brasileiro, principalmente pelo sertão da Bahia. Para falar melhor para vocês eu fiz uma pesquisa sobre esse tema, mas muito do que apresento trata também de observações desse período de viagens e vivências. Não é novidade para ninguém que no sertão o clima é uma das características mais importantes da região, principalmente pela ocorrência do fenômeno das “grandes secas” caracterizadas pelo esgotamento da unidade do solo, fenecimento das plantas, (....) eventual cessação de fluxo dos cursos de água. A seca é sinônimo de tragédia que provoca grandes problemas sociais, econômicos e políticos da região. Destrói as atividades agrícolas e pecuárias e agrava a falta de água até mesmo para consumo humano. Ocasiona a sede, a fome e muitas mortes em consequência de doenças provocadas pela ingestão de águas impuras e contaminadas. (BAPTISTA E CAMPOS, P.49; 2013)[1]. revistaestimuladamente.com.br

É fato que quando falta água para consumo humano aliado a baixa ou nenhuma produção agrícola nos locais de estiagem, consequentemente faltam alimentos que garantam a subsistência. Esse quadro expõe a fome! Lógico que as pessoas que não vivem essa realidade e não a conhece podem pensar que não é real. Mas essa é também a nossa Bahia. No entanto, após a grande seca de 1993, várias organizações da sociedade civil, se aliaram em um grande encontro no Nordeste para tratar da seca. Assim, nasce a Articulação do Semiárido – ASA. Alguém aí já ouviu falar? Pois então, a ASA pensou a ampliação de formas que possibilitem o convívio das pessoas com o clima e bioma da região semiárida do Brasil, a tecnologia das cisternas de placas (desenvolvida pelas organizações sociais). A cisterna branca, que está na fotografia iluminada naturalmente pela luz do sol, possui uma lógica de construção comunitária e altamente inserida no contexto social e regional onde se instala. A cisterna capta água da chuva através do telhado, que deve ser de telha de cerâmica, e armazena a água durante o ano todo. A família que recebe uma cisterna passa por um curso de formação para construção da mesma e também da utilização da água. 16

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Tecnologias Sociais

A ASA lançou em 2000 o programa P1MC – Programa Um Milhão de Cisternas. Segundo site pesquisado, o “programa visa atender a uma necessidade básica da população que vive no campo: água de beber. (...) Melhorar a vida das famílias que vivem na Região Semiárida do Brasil, garantindo o acesso à água de qualidade é o principal objetivo do Programa.” [2]. Posteriormente, com a ação sendo disseminada por diversas organizações da sociedade civil alinhadas com a ASA, essa tecnologia social foi pauta da política pública de acesso a água. Segundo site da ASA e do programa, “Em mais de uma década, o acesso à água de beber no Semiárido virou uma política de governo e passou a ter recursos previstos no Orçamento Geral da União. O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) reconhece e legitima as cisternas do P1MC como elemento de segurança hídrica e alimentar” [3]. Percebam que interessante a organização da sociedade civil em prol da resolução de problemas concretos das comunidades através de tecnologias baratas e eficientes que permitem uma proposição resolutiva e coletiva de problemas em um ambiente democrático. Há quem diga que com a ocorrência das cisternas na vida de muitas famílias agricultoras o êxodo diminuiu, a morte por falta de água também. Agora olha que interessante, no P1MC a família recebe uma cisterna para armazenar água, exclusivamente para consumo humano, no entanto, as famílias são agricultoras e também produzem o próprio alimento. Assim, logo em seguida a ASA criou o P1+2, ou seja, Programa Uma Terra e Duas Águas. Segundo site, “os objetivos do P1+2 são promover a soberania e a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras e fomentar a geração de emprego e renda para as mesmas. A estratégia para alcançar esses objetivos é estimular a construção de processos participativos para o desenvolvimento rural do Semiárido brasileiro.”

Agora, tudo que foi apresentado aqui perpassa por um processo de formação das famílias a partir de princípios e estratégias definidas pela ASA: • Fortalecimento dos processos educativos, sócioorganizativos e políticos locais, contribuindo para a autonomia e o protagonismo dos agricultores e agricultoras e suas organizações na construção do desenvolvimento sustentável; • Valorização das agricultoras e dos agricultores e de suas organizações como inovadores técnicos e sociais e, portanto, detentores de conhecimentos e experiências; • Favorecimento de interações entre agricultoras/ es de comunidades, municípios, estados e regiões distintas dentro do Semiárido; • Promoção de processos formativos baseados na Educação Popular, na qual os conhecimentos prático e teórico se retro-alimentam. Tal metodologia favorece o estabelecimento de uma dinâmica horizontal entre agricultores e suas organizações. Nela, agricultoresexperimentadores se tornam também agricultorespromotores, encarregando-se de apoiar as atividades de capacitação técnica e estímulo à experimentação na microrregião, nos municípios e comunidades; • Adoção da Agroecologia como base técnicametodológica e científica para a construção do novo modelo de desenvolvimento rural e do fortalecimento de ações de convivência com o Semiárido. (ASA) [4] Pessoal, fica aí mais um exemplo de tecnologia social que está mudando a vida de milhões de pessoas no Nordeste e na Bahia. Termino com uma frase conhecida e proferida no movimento dos pequenos agricultores – MPA: “se o campo não planta, a cidade não janta”. Seguiremos trazendo experiências da vida do campo para leitores que moram na cidade! Notas: [1] BAPTISTA. N. Q. CAMPOS. C. H. Caracterização do Semiárido Brasileiro. In Convivência com o Semiárido Brasileiro. Ed. IABS. Brasília, 2013. [2] P1MC. Disponível em: <http://www.asabrasil.org.br/acoes/ p1mc> [3] ASA. Disponível em: <www.asabrasil.org.br> [4] ASA. Disponível em: <http://www.asabrasil.org.br/acoes/ p1-2#categoria_img>

Nesse contexto, a família terá terra para plantar, água para irrigar sua produção e água para consumo humano. Olha só que maravilha! Se antes, na seca, o sofrimento vinha, agora a família pode permanecer no campo. Ano 1 | dezembro 2018

Simaia Barreto simaia21@gmail.com

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Erótica... Mente Por: Satya Kali

Sexualidade e o Tantra

Foto: Bia Neppel

Sexo e sexualidade são a mesma coisa? Todo mundo tem sexualidade? Quem nunca fez essas perguntas ou pelo menos já ouviu uma delas na roda de amigos, na sala de aula, na orientação de um(a) profissional de saúde, quando o tema é sexualidade? Vamos juntos conhecer um pouco mais sobre este assunto que está na nossa cabeça, conversas, desejos, sentimentos... Muitas pessoas acham que ao falar de sexualidade estamos falando de sexo, mas é importante entender que sexo se refere à definição dos órgão genitais, masculino ou feminino, ou também pode ser compreendido como uma relação sexual, enquanto que o conceito de sexualidade está ligado a tudo aquilo que somos capazes de sentir e expressar. Abaixo vamos conhecer o Conceito da Organização Mundial de Saúde. A sexualidade faz parte da personalidade de cada um, é uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da vida. Sexualidade não é sinônimo de coito (relação sexual) e não se limita à ocorrência ou não de orgasmo. Sexualidade é muito mais que isso, é a energia que motiva a encontrar o amor, contato e intimidade e se expressa na forma de sentir, nos movimentos das pessoas, e como estas tocam e são tocadas. A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, portanto a saúde física e mental. Se saúde é um direito humano fundamental, a saúde sexual também deveria ser considerada um direito humano básico. (WHO TECHNICAL REPORTS SERIES, 1975) [1] revistaestimuladamente.com.br

Todo mundo tem sexualidade? Sim, afinal a sexualidade está presente desde quando nascemos até nossa morte, o que irá acontecer é que a sexualidade humana pode se transformar ao longo dos anos, dependendo das experiências que a pessoa se permite vivenciar. Sendo assim, é possível entender a sexualidade como uma característica dinâmica e não estática, mutável, ou seja, assim como os cabelos mudam de cor e de textura ao longo dos anos, a sexualidade também muda conforme o tempo passa. A maneira como nos sentimos atraídos pelas outras pessoas também pode mudar em intensidade, em orientação e em identidade ao longo da vida e de acordo com as vivências que os indivíduos se permitem. Devemos compreender também que tudo que sentimos e vivemos acontece no nosso corpo, portanto, não é possível separar a sexualidade do corpo ou pensar no corpo sem considerar a sexualidade. Por isso, ouvimos tantas mensagens de controle do nosso corpo, “fecha a perna”, “não chora”, “tira a mão daí” etc., que tem por objetivo controlar também a nossa sexualidade e, como consequência, acaba nos afastando de conhecer e cuidar do nosso corpo aumentando a nossa vulnerabilidade. Agora pensa comigo: se a saúde é um direto básico do ser humano, a saúde sexual também deveria ser, certo?! Hoje existem profissionais que atuam diretamente nessa área, os terapeutas tântricos que poucos os conhecem, e ainda sim quando ouve-se 18

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falar ligamos esses profissionais a terapeutas do prazer...não que isso seja algo ruim rs... também ajudam pessoas a se conhecerem melhor, pois o Tantra é um caminho de transcendência, de aprimoramento, de centramento e de autoconhecimento. A essência da nossa sexualidade está contida na nossa natureza mais íntima, mas “esquecemos”, ou por muitas vezes somos tolidos pela religião, família, medo, traumas, bloqueios, a despertar essa potencialidade. O ser humano perdeu o contato com essa sabedoria natural no esforço cotidiano de sobreviver.

A energia sexual é a mais poderosa que temos e a mais subestimada. Justamente porque as pessoas, em geral, ignoram o alcance que ela tem, considerando-a algo menor, que deve usado apenas para o sexo, mas o sexo de uma forma banal, desvalorizando, reprimindo, descrito apenas como um alívio físico, uma coisa que até os animais fazem e até mesmo visto como um pecado, um tabu. O sexo é profundamente curador e harmonizador. Está cientificamente comprovado que o sexo é a principal atividade reguladora do organismo. Pessoas que não praticam o sexo saudável regularmente desenvolvem doenças no corpo e na mente. A prática sexual afeta diretamente as funções vitais do organismo como pressão arterial, regulação dos batimentos cardíacos, sono e outras funções importantes. Acredite ou não, a atividade sexual pode curar muitos aspectos da sua vida. Ela é a dádiva mais gloriosa que o Ser Humano possui; o caminho mais direto de acesso à sua sabedoria interna, ao seu aspecto divino e sagrado. Isso o tantra nos mostra muito bem. Que para termos boas relações precisamos estar bem conosco mesmo primeiro, para depois doar ao outro. Não posso dar o que nem eu tenho, certo?! No tantrismo a sexualidade integrada, consciente e não compulsiva, o corpo, a mente, as emoções e a essência trabalham juntos, como em um sistema integrado completo. Como resultado, os benefícios mobilizados através, inclusive, da prática sexual saudável afetam todo o conjunto do ser e se refletem na sua vida. Os aspectos benéficos são muitos, no entanto, é maisconhecida como um instrumento profundo de cura e famosa por sua capacidade de remover bloqueios sexuais e energéticos. Ao fazer isso, uma pessoa pode experimentar uma remodelação de todo o seu ser, e ser despertada para um nível elevado de saúde e bem-estar, uma capacidade de amar mais profundamente, um aumento no prazer e no potencial orgasmico, bem como uma realização espiritual. Esta prática sagrada não é apenas uma forma comum ou um ramo da massagem. É de fato único porque incorpora a essência tântrica da energia. Quando habilmente incorporada essa força universal em uma massagem, o potencial curativo aumenta exponencialmente e os resultados ou efeitos se multiplicam. Pode tocar as camadas e aspectos mais profundos de um ser humano.

“Se você que saber onde está sua vida, olhe para sua sexualidade.” (Sri Prem Baba) [2] Essa frase nos leva a pensar que para onde direcionamos nossa energia sexual é pra lá que ela vai, seja no trabalho, relacionamento, família etc. Agora imagina se essa energia que nos mobiliza, movimenta nossos corpos (intelectual, emocional, físico, espiritual), se estiver estagnada. Isso nos gera falta de libido, e aqui falamos de um tesão não só sexual, mas a falta de interesse pela vida. Atividades comuns como praticar uma atividade física, sair com amigos, se relacionar, cuidar da saúde e corpo no geral. Se não fosse pela libido, o ser humano não iniciaria sua relação com o mundo e não a valorizaria. Na linguagem comum, a libido pode ser entendida como “vontade” e para entender melhor este conceito podemos nos utilizar das nossas expressões cotidianas: “não estou com vontade”; “sem vontade não há solução”. Estas formas de expressão sinalizam a importância da libido em todas as nossas ações. Libido é um termo que significa vontade e desejo. A falta de libido nas mulheres está relacionada com a frigidez ou a insensibilidade em relação aos estímulos com base sexual. Muitas doenças, incluindo mentais e psicossomáticas, podem estar relacionadas com a falta ou perda de libido, como por exemplo: depressão, anorexia, cirrose, entre outras. Por outro lado existem doenças que resultam em um aumento excessivo da libido, como: obsessão ou TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), transtorno bipolar, hipertireoidismo e sífilis. Alguns medicamentos e muitas drogas também provocam alterações na libido. Um aumento patológico da libido é também conhecido como vício do sexo ou ninfomania, ou compulsão sexual. Ano 1 | dezembro 2018

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Erótica... Mente

A partir dai, imagina poder ter orgasmos em toda extensão do corpo, dos pés a cabeça! Apesar da massagem ser muito importante, a terapia tântrica é muito mais ampla e oferece uma série de recursos como respiração, técnicas vibracionais e energéticas, dinâmicas corporais, meditações e até danças. A prática de renascimento, por exemplo. Tudo o que vivemos se reflete na nossa respiração e por isso é muito frequente dizermos e escutarmos coisas como “estou com o peito apertado”, “tenho Foto: Marcio Martins me sentido sufocado”, “não tenho tido tempo nem para respirar”, “preciso tirar umas férias para experimentar outros ares”, “estou sem inspiração”, Segundo o cientista Wilhen Reich, nossas etc. Mesmo sem percebermos, falamos muito de emoções, traumas, bloqueios estão registrados respiração. Mas respiramos pouco e mal… Isso na primeira camada da nossa musculatura, pode ser fácil e rapidamente mudado. Da mesma inclusive as memórias esquecidas, como a de nosso forma que as tensões da vida geram tensões na nascimento. Através de práticas como a massagem respiração, quando desenvolvemos consciência tântrica podemos despertar regiões do nosso corpo da nossa respiração e a tornamos relaxada e adormecidas, trazendo a tona esses registros, nos fácil, estamos produzindo um efeito em todos os libertando, assim, de dores emocionais que nos campos da nossa vida. Os efeitos do Renascimento impedem a seguir nossos sonhos e realizações. Por são profundamente terapêuticos e diariamente isso a importância do toque dentro do Tantra. presenciamos curas de disfunções respiratórias, Parte dessa prática traz para todo o corpo estímulos stress, ansiedade, fobias, pânico e diversos outros bioelétricos, onde acontecem descargas de energia, desequilíbrios. Mas o que é mais frequente são fazendo com que tenhamos sensações de prazer os relatos de alívio, bem-estar, surgimento de pelo corpo todo e não só no genital como estamos compreensão, integração, aceitação, experiências prazerosas de contato com o próprio corpo e acostumados. Além de estimular a produção de aprofundamento em estados meditativos. hormônios como endorfina, serotonina, ocitocina, gerando estados de bem estar, a pele também tem Em uma sessão de Renascimento, inspiramos e função imunológica, está cientificamente comprovado expiramos pela mesma via (nariz ou boca), ligando por numerosas pesquisas. Os pesquisadores a inspiração e a expiração, sem pausas – o que descobriram que quando acariciada, a camada externa chamamos de Respiração Circular. Ajudamos a da pele, a epiderme, produz uma substância que é inspiração para que ela seja profunda e permitimos indistinguível imunoquimicamente da timopoietina, que a expiração seja solta e relaxada, sem hormônio da glândula timo, que está ativa na interferências. É só isso que precisamos fazer, o diferenciação de linfócitos T que são responsáveis pela resto acontece. Após alguns minutos começamos a experimentar diversas sensações físicas, tais como imunidade celular. alterações de temperatura corporal, formigamentos, Em uma sessão tântrica, muitas coisas podem pequenos espasmos, tremores prazerosos, etc. acontecer. Geralmente, trata-se de remover Também começam a surgir memórias, emoções, quaisquer bloqueios no corpo da pessoa para abrir sensação de estar fora do corpo ou de reviver caminho para o fluxo de energia sexual. Libertar algo específico. O importante no Renascimento para se expressar melhor no mundo, mais vivas, é permitir que as coisas aconteçam e continuar mais ativas e mais felizes. Durante a massagem, às vezes a escuridão surge, através de lágrimas ou raiva. respirando sem interferir, apenas acompanhando e Mas a beleza do tantra é que você pode permitir que observando seu corpo. Após cerca de 1h começamos a experimentar um profundo bem-estar, vitalidade e o corpo acesse a dor do trauma de maneira segura, relaxamento. As sessões de Renascimento duram em deixando-a emergir em um recipiente seguro e média 1h15min, podem acontecer individualmente depois ser transformado pela magia do orgasmo. revistaestimuladamente.com.br

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Erótica... Mente

ou em grupo, na água ou “a seco”, em consultório ou na natureza. Os diferentes ambientes induzem diferentes estados de relaxamento e percepção corporal, emocional e mental. Essa técnica não tem contra-indicação e, portanto, se dirige a todos que queiram experimentar expansão, prazer e bemestar, além de estados alterados de percepção. Numa sessão, a técnica é explicada e demonstrada por um Renascedor experiente, que também acompanha todo o processo. Bhagwan Shree Rajneesh, mais conhecido com Osho, é um dos gurus mais conhecidos por ter trazido o tantra para o ocidente. Ele dizia que os ocidentais são muito ansiosos e poucos de nós temos a habilidade de simplesmente sentar e silenciar a mente. Então, criou meditações tântricas, que são divididas em várias etapas, entre movimentos corporais, danças, respirações, som, até mesmo catarses e, por último, integração da experiência em silêncio algumas vezes seguida de celebração. Fases que nos trazem a um estado meditativo e de autoconhecimento através do despertar da Kundalini, nossa energia sexual que acorda na base da nossa coluna, no primeiro chakra e quando despertada circula até nosso chakra coronário, movimentando-se, assim, em um vórtice energético por todo nosso corpo. Em nossa sociedade, regida por modelos patriarcais, as crianças são obrigadas a reprimir a manifestação de seus sentimentos, desenvolvendo bloqueios corporais, reduzindo a capacidade de expressão e comunicação, a mobilidade, a sexualidade e a vitalidade. As emoções e sentimentos reprimidos ao longo da vida ficam contidos e enclausurados no corpo, retroalimentando inúmeras contrações musculares, promovendo muitas contenções de energia. Wilhelm Reich definiu essa rigidez como “Couraças Musculares”. Quando inibimos a pulsação, construímos couraças. O efeito do encouraçamento produz rigidez muscular em diferentes partes do corpo através de um aprisionamento de energia, podendo deformar nosso corpo, ou ainda quando a defesa colapsa, produzir angústia. É uma forma de se retirar do contato com o outro e com os próprios sentimentos. Num extremo temos o retraimento, em outro a dissociação que impede a integração de afetos, interferindo no sistema orgânico, criando doenças e enfermidades, como consequência da estagnação energética. Quando uma criança fica irritada, aprende que não deve expressar sua raiva, pois será punida. Para Ano 1 | dezembro 2018

conter essa raiva, ela precisa criar várias tensões em seu corpo e também conter a sua respiração. Irá apertar os maxilares e paralisar a respiração na altura do seu diafragma, poderá contrair seu pescoço, que condicionarão o seu sistema nervoso para ansiedades e doenças de caráter psicossomático. Resumindo, essas tensões repetidas ficam registradas no corpo e irão modelar inúmeros comportamentos que acompanharão a criança por toda a sua vida. As meditações ajudam a desbloquear as expressões e emoções que desprogramam e desmontam essas memórias neuro-musculares, dissolvendo as couraças e abrindo os canais para a comunicação, a expressão e a respiração. Esses trabalhos desmancham os bloqueios psicológicos e emocionais registrados no corpo, permitindo o resgate e a ressignificação dos sentimentos e emoções.

Tantra é sensibilidade consciente e novos caminhos cognitivos. Por isso, ele é considerado um sistema, que integra a totalidade da pessoa. É uma linha de terapia, destinada a mudar toda a consciência do praticante. Por isso, não se deve iniciar práticas tântricas a menos que a pessoa queira deixar para trás suas crenças limitantes, sua vida antiga, iniciando uma nova. É um caminho poderoso, ele exige uma morte do ego, para levar a uma transformação espiritual. Caso surja interesse em conhecer melhor as práticas tântricas, deve-se procurar um profissional que tenha boas referências, com quem a pessoa se sinta à vontade e que demonstre plena capacidade em conduzir de maneira responsável a terapia. NOTA: [1] WORLD HEALTH ORGANIZATION TECHNICAL REPORTS SERIES, nº 594, Geneva, 1975. [2] BABA, Sri Prem. Amar e ser Livre: as bases para uma nova sociedade. 1 ed. Rio de Janeiro: HarperCollins, 2017.

Satya Kali www.artedecompartilhar.net | contato@satyakali.net facebook: kali.satya | instagram: @satya.kali

Terapeuta tantrica, coach de sexualidade e relacionamento, ministra Cursos de Massagem Tântrica do Método Deva Nishok, Workshop O Caminho do Amor, onde através de meditações ativas e renascimento te reconecta com sua casa interior, e Delerium Treinamento Multiorgástico para Casais.

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Escutatória Por: Pedro Cordier

Minha experiência no TEDx Rio Vermelho Foto: Divulgação - TEDx Rio Vermelho

“Está acontecendo… Está tudo fluindo de forma tão linda...” (Consciência de Pedro Cordier, ao se observar sobre o círculo vermelho, dia primeiro de dezembro de 2018, às 14h32. Dois minutos após o início da sua apresentação no TEDx Rio Vermelho). A história começou em meados de julho, quando fui marcado em um post do Instagram. “Estamos preparando o edital de inscrições para palestrantes e seria um sonho se você indicasse pra gente aquela pessoa transformadora que você conhece”, dizia o texto da postagem. Fiquei muito feliz com a lembrança, pois, ao olhar os comentários, vi que dezenas de pessoas tinham me marcado, entre elas, Vanessa, de quem voltarei a falar mais adiante. Foi então que me dei conta que se tratava de um post do perfil do TEDx Rio Vermelho e pensei: “Uau!!! Já pensou que honra???!!” Seria uma oportunidade ímpar, fazer parte desse movimento mundial que eu assistia e admirava há anos. Então, ao preencher um extenso formulário de inscrição e descrever minha ideia (que tinha a potencialização do APRENDIZADO através da ESCUTA como tema central), dei o primeiro passo rumo à realização do que, até então, era apenas um sonho: me tornar um Oficial Speaker do TEDx. revistaestimuladamente.com.br

(Para quem ainda não conhece, o TED é uma organização sem fins lucrativos com o espírito de promover um espaço onde ideias inspiradoras sejam espalhadas. É por meio das conferências do TED que pensadores e realizadores de todo o mundo são convidados a fazer a melhor palestra de suas vidas, em uma média de 18 minutos. O TEDx é uma organização independente e licenciada pelo TED, que busca projetar ideias inovadoras locais e comunitárias, para o mundo). No dia 13 de agosto as inscrições foram encerradas, e no dia 20 do mesmo mês recebi um email dizendo que eu tinha sido aprovado para a segunda etapa! Tudo bem que foi apenas um primeiro passo e… Peraí… Como assim “apenas”?? Todo passo dado na direção da realização de um sonho, merece ser comemorado!! E foi o que eu fiz… :) A segunda etapa consistia em enviar um vídeo de 3 minutos falando sobre a minha ideia, com foco no objetivo e na relevância. O prazo foi até 28 de agosto. Pensei em mil maneiras de fazer o vídeo. Pensava, pensava… O dia acabava e eu não executava, pois, queria fazer o vídeo “ideal”. Faltando três dias para terminar o prazo, logo ao acordar, tomei uma atitude: iria gravar o vídeo naquele dia!! 24

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Escutatória

Dito e certo! Ao chegar na Equilibra, gravei uns dois selfies até que Laís pegou o iPhone e disse: “Quer que eu grave? Você vai ficar mais à vontade!” Agradeci, aceitei e mandamos ver… E, logo na primeira tentativa, fizemos um vídeo muuuuuuito bacana!!! Depois até fizemos alguns outros, mas, no final, enviei aquele primeiro vídeo que gravamos, pois foi puro transbordamento. No dia 31 de agosto, recebi mais um email do TEDx… E,mais uma vez, ele continha uma boa notícia: Eu havia sido aprovado para a terceira e última etapa!!! Yesssssssss!!! Pensem numa alegria???!! Comemorei muito, mais um passo dado, e pensei: “Agora só falta a entrevista!” No dia 11 de setembro, me dirigi para o Shopping Barra para encontrar a equipe que iria me entrevistar. A entrevista estava marcada para às 15h30. Cheguei às 15h e fui para a Saraiva tomar um suco e relaxar um pouco. Foi então que o pessoal entrou em contato comigo e disse que seria às 16h e não mais às 15h. Eu ainda teria mais 35 minutos de espera… Resolvi, então, sair da Livraria e caminhar. Coloquei o fone de ouvido, acionei o gravador do smartphone e comecei a andar pelo Shopping falando sobre meu tema… Quanto mais eu falava, mais eu me conectava ao assunto e mais eu relaxava… Às 16h em ponto, estava sentado em frente às duas entrevistadoras do TEDx. Duas garotas muito simpáticas, apesar de sérias e compenetradas. Quem conduziu as quase uma hora e vinte de entrevista foi a Daniela, enquanto a Louise prestava atenção a cada detalhe e anotava tudo… Já perto do fim, Daniela se desculpou e disse: “Nossa! Era pra ser algo entre 40 a 50 minutos! Me perdoe por me estender assim, mas fiz várias perguntas além do script!” Naquele momento, tive uma sensação maravilhosa. Uma sensação que eu tinha transbordado… Uma certeza de que fizera tudo o que eu deveria ter feito. Agradeci à Daniela e à Louise e saí da entrevista com um leve sorriso no rosto… No dia 25 de setembro, recebi um dos melhores emails da minha vida!! Nele estava escrito: “Olá, como está você, tudo bem? Bem, temos uma notícia para Ano 1 | dezembro 2018

te dar… mas primeiro, queremos garantir uma coisa: você está sentado? Se não, procura um cantinho e senta. Coração acelerado? A gente também! Já estávamos ansiosos para entrar em contato com você de novo, porque a sua ideia foi tão incrível e inspiradora que não podia ficar de fora do TEDx Rio Vermelho! É isso mesmo que você está lendo. Você é oficialmente um palestrante do TEDx Rio Vermelho! (...)” Noooooooossaaaaaa!!!! Fiquei parado olhando para o email… Lia e relia sem parar aquela mensagem, aquele passaporte para a concretização de um sonho!! Mas isso, como dizia mais abaixo, no próprio email: “(...) Pode comemorar e se preparar, porque a aventura só está começando. Ainda essa semana vamos enviar um e-mail com as informações necessárias para a nossa próxima fase, a curadoria (...)” A CURADORIA O primeiro encontro dos palestrantes selecionados aconteceu dia 5 de outubro. Foi a primeira vez que nos reunimos. E foi maravilhoso! Cada um falou sobre o tema de seu TALK e fomos orientados a enviar um novo vídeo, dessa vez no tempo determinado para os nossos TALKS: 15 minutos. Além disso, teríamos que escrever um roteiro da nossa apresentação, como se tivéssemos transcrevendo nossa fala para o papel. Posso garantir que os resultados foram fantásticos! Escrever aquele roteiro elevou a minha palestra para um nível ainda maior!!! Aprendi muito durante a realização daquela atividade. No dia 24 de outubro, recebemos o nosso primeiro feedback com orientações para a nossa primeira apresentação daquela que seria a nossa palestra no TEDx. Finalmente, chegou o dia da nossa primeira curadoria: 27 de outubro! Nesse dia, pudemos assistir a primeira versão do TALK de cada um dos Speakers. E isso foi sensacional!!! Uma sinergia incrível tomou conta daquele encontro! Todos vibrando por todos. Após essa primeira apresentação, novamente fomos orientados a gravar um vídeo e enviar, já com a implementação das melhorias sugeridas. No dia 6 de novembro, recebemos o segundo feedback e um novo pedido: a gravação de mais um vídeo e da atualização do roteiro, para serem enviados até o dia 11 de novembro… 25

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Escutatória

Após o envio solicitado, recebemos um terceiro feedback, dia 20 de novembro, que foi um ajuste fino para o nosso encontro do dia 24 de novembro, data da nossa rodada de apresentações gerais dos nossos TALKs, em fase final! No dia 24 de novembro, apresentamos as versões mais atualizadas das nossas apresentações e chegamos à conclusão que faríamos um belíssimo evento no dia primeiro de dezembro de 2018!!! Após esse último encontro de curadoria, faltava apenas o ensaio geral no dia 31 de novembro… E o grande dia da apresentação!! Durante todo esse tempo, ensaiei muito. Nem tenho ideia de quantos vídeos gravei… No mínimo, uns 30 vídeos!! Eu ensaiei meu TALK mais de 100 vezes, com a mais absoluta certeza. Nosso talento precisa ser respeitado e nada melhor para demonstrar o respeito do que dar atenção a ele! E foi o que eu fiz… Ensaiei o texto, o tom de voz, as ênfases, as pausas… Me dediquei de tal forma, que eu comecei a me sentir cada dia mais em paz comigo mesmo. Independente do resultado, eu queria dar o meu melhor àquele momento tão especial em minha vida! No dia 31 de novembro, cheguei ao Espaço Cultural da Barroquinha… Como eu faria a ABERTURA do evento, fui o primeiro a chegar e o primeiro a pisar naquele palco, naquele círculo vermelho tão cheio de histórias e significados… Foi uma sensação forte, cheia de responsabilidade e ao mesmo tempo leve e gostosa… Apesar de tanto esforço e sacrifícios eu estava me divertindo e estava aprendendo… Eu estava aprendendo muuuuuuuito!!

Ao descer daquele palco, após o último ensaio antes do evento, eu sorri e agradeci a Deus pela oportunidade de compartilhar tanto aprendizado… Primeiro de dezembro de 2018: o dia do TEDx Rio Vermelho Acordei feliz, fiz mais duas apresentações e passei a manhã escutando músicas edificantes e brincando com João Francisco e Maria Liz (meus labradores). Tomei um banho tranquilo, vesti a roupa que escolhi, juntamente com a minha personal stylist, Vanessa, a quem eu agradeço de coração a colaboração durante todo o processo, e parti para o Centro Cultural da Barroquinha, local do evento. Nos bastidores, lá atrás do palco, eu acompanhava a chegada do público que lotou o local. Durante a apresentação musical, que deu início ao evento, pratiquei os ensinamentos da psicóloga Amy Cudy (TED “Fake it until you make it”) para trabalhar meu empoderamento e fui meditar um pouco. Enquanto eu meditava, escutei o apresentador começar a me apresentar… Bebi cerca de 500 ml de água, me coloquei a postos, em frente à escada e comecei a praticar o Samavritti Pranayama, a respiração quadrada, para reduzir a ansiedade, até que escutei: “(...) Pedro Cordier!!!”... Às 14h30, do dia primeiro de dezembro de 2018, eu subi no círculo vermelho do TEDx Rio Vermelho, sob muitos aplausos, e comecei a expor sobre como a Conscientização da Escuta pode nos levar a um Estado de Aprendizado Potencial. Pedro Cordier pedrocordier@gmail.com Foto: Divulgação - TEDx Rio Vermelho

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Capitalismo Consciente Por: Kiko Kislansky

Um case de Empreendedorismo com Propósito

Além da afinidade com marcas que já empreendiam com um propósito consciente, o Modera partiu de um processo de autoconhecimento. Quando a gente começa a olhar para dentro e abrir espaço para questionamentos pessoais e sociais, se perguntandose o porquê de cada ação, tudo que vem depois vem por um motivo maior. A empresa reflete a sua forma de ver a vida e os seus valores. É mais que um projeto comercial, torna-se uma forma de expressão. Quais foram os principais desafios para Empreender de forma consciente? O principal desafio foi compreender o que fazer com o que sabemos fazer de melhor. Como unir e direcionar a nossa visão de mundo e as nossas habilidades para gerar algo de valor para a sociedade através de um projeto financeiramente viável e sustentável. Qual o seu conselho pra quem deseja começar a empreender com propósito? Seja verdadeiro: toda empresa é feita de pessoas, para pessoas. Leve conteúdo e desenvolva a empatia! Busque se aprofundar no tema relacionado à causa que o seu negócio pretende abraçar, alinhe os seus valores e pense com empatia em cada detalhe que fará parte da experiência da sua marca. Como? Se imagine como cliente da sua própria empresa: o que encantaria você? Quais são os principais benefícios de empreender com propósito pra você? Para o negócio, um grande benefício é potencializar a voz da marca e consequentemente potencializar a ação do seu propósito. A mídia se interessa por conteúdo, as oportunidades de parcerias interessantes aumentam e as pessoas tornam-se mais que clientes, tornam-se colaboradores da sua empresa. Pessoalmente, poder direcionar o meu tempo e energia de trabalho para algo que realmente acredito, tendo os meus valores alinhados na área pessoal e profissional, uma como parte da outra.

Acredito profundamente que palavras convencem mas exemplos arrastam. Por isso, nesta edição, ao invés de escrever um texto sobre negócios conscientes, resolvi apresentar um case real que conheço de perto e admiro desde o seu nascimento. Estou falando do brechó consciente Modera, comandado por Amanda Dragone e Janaína Castro, dupla de mulheres empreendedoras cheias de propósito. Convidei Amanda a responder alguns questionamentos e espero que você possa se inspirar tanto quanto eu! Qual é o propósito do seu negócio? Inspirar um comportamento de consumo mais consciente e sustentável, usando a moda como ferramenta para levantar questionamentos internos, sociais e ambientais. Como funciona o seu modelo de negócio? Somos um brechó e trabalhamos por consignação. Os nossos clientes podem ser, também, os nossos colaboradores! Aqui, quando a sua peça de roupa é vendida, o lucro é dividido entre você e o Modera. Assim, todo mundo sai ganhando! Além disso, oferecemos serviço de costura para pequenos reparos e aceitamos doações de roupas para promover ações sociais, dando um destino responsável e mais sustentável para todas as peças que, por algum motivo, saíram do seu guarda-roupa. O que te inspirou a começar a empreender com propósito? Ano 1 | dezembro 2018

Modera Brechó - Moda Consciente (@modera.co) Local: EcoSquare - Rio Vermelho , Salvador - Bahia

kiko Kislansky kiko@nossocazulo.com.br 27

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Empresas Conscientes Por: Eduardo Almeida

Feliz Ikigai em 2019!

Mais um ano chega ao fim e você, certamente, está vivendo aquele momento que mistura reflexão sobre o ano que passou (retrospectiva 2018) e expectativa para o ano de 2019. E, se você é um ser humano normal, certamente espera que o ano que vem seja sempre melhor do que o que está terminando. Mas, fora a esperança, uma pergunta realista precisa ser respondida: o que lhe faz acreditar que, de fato, 2019 será um ano incrível? Sim, sei que segundo vários especialistas existe a certeza que a economia em nosso país irá aquecer e que o mercado voltará a contratar. Mas estes são fatores externos que ajudarão a todos. Ou, como diz o ditado popular: “quando a maré sobe, todos os barcos sobem junto”. Porém, se estamos realmente falando na possibilidade de construir um ano fora da curva, temos que entender o que nos capacita a surfar neste bom momento? E aí eu posso afirmar que, principalmente em momentos negativos do mercado e da vida, acaba saindo-se melhor quem tem clareza sobre o seu PROPÓSITO e VALOR. revistaestimuladamente.com.br

Propósito é uma palavra fantástica que constitui o foco da filosofia IKIGAI de Okinawa (um pequeno arquipélago ao sul do Japão), local em que as pessoas têm o “estranho hábito” de serem mais felizes e viverem mais do que a média mundial. Para ser exato, neste momento 25% da população de Okinawa já passa dos 100 anos, tornando esta ilha o lugar com maior índice de longevidade do mundo. Diante dos vários fatores que justificam esta tendência de viver mais e melhor surgiu este importante conceito denominado IKIGAI. Sua tradução pode ser entendida como “a razão pela qual levanto todos os dias pela manhã”, algo que em português poderia ser chamado de MOTIVAÇÃO, palavra cuja origem traduz a compreensão do motivo para minha ação. Porém, estar motivado é diferente de estar animado. Os antigos gregos acreditavam que uma pessoa animada é cheia de energia porque os deuses teriam exagerado na hora de “soprar alma” (“anima” em grego) no momento da criação daquele ser humano. Logo, é certo que uma pessoa animada tem energia, porém nem sempre isso se traduz em motivação. 28

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Empresas Conscientes

Também é verdade que as vezes podemos estar mais desanimados frente aos desafios que a vida nos envia, porque estamos cansados ou pelo fato de estarmos lutando continuamente em um cenário adverso. O problema real é quando estamos desmotivados - um sinal claro que perdemos o nosso “porquê” ou propósito - esquecemos as razões que nos fazem querer trabalhar, amar e viver. Segundo Nietsche, “quem tem um porquê consegue enfrentar qualquer como”. Ou seja, quando você sabe o motivo que o leva a lutar, sente-se muito mais forte para se recuperar de uma batalha perdida, por entender que seu objetivo está voltado para ganhar a guerra. Porém, quando não sabemos qual é a nossa real motivação, os menores desafios parecem se tornar intransponíveis e a vida passa a se revestir de um tom cinza em que os dias se arrastam em dolorosa sucessão. A depressão e a ansiedade são apenas alguns sintomas que se multiplicam em uma sociedade que dá muito mais ênfase ao “que queremos” do que ao “por que queremos”. Então, se você quer ter um ano de 2019 realmente diferenciado comece a se fazer algumas perguntas que realmente lhe ajudarão a encontrar o seu propósito ou Ikigai. Entre as mais poderosas estão: - O que o mundo perderia se eu não existisse? - Que diferença eu faço com o trabalho que realizo no meio e empresa em que atuo? - Quando o dia termina, qual é o sentimento que está presente em meu coração? Em Okinawa as pessoas são mais felizes do que em outros lugares do mundo, porque têm maior nível de consciência sobre o motivos que as levam a agir. Portanto, se você quer ter um ano realmente incrível, dedique mais tempo ao seu PORQUÊ e descubra a diferença que isso faz nos resultados que você irá atingir. Afinal, o sentido da vida está na construção de uma vida com sentido! Que sentido você quer dar para a sua vida no ano de 2019? Eduardo Almeida edu@cgrp.com.br

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Vida no trabalho Por: Sandra Rêgo

Estabilidade ou Felicidade?

Sabe aquele momento em que você sonha passar num concurso público e ter estabilidade profissional até se aposentar? Pois bem, para algumas pessoas o sonho realizado tem virado pesadelo! Isso mesmo! Muita gente busca, em primeiro lugar, a estabilidade e também um bom salário, mas, por vezes, se esquece de refletir sobre a atividade a ser desempenhada e o local onde irá trabalhar durante todo esse tempo. Ocorre com frequência que as pessoas acabam não se identificando com o trabalho e/ou com a instituição e a tão almeja estabilidade converte-se em um tormento. Sim, um tormento porque, convenhamos, no cenário que vivemos de instabilidades política e econômica torna-se muito difícil abrir mão de um emprego estável. Também porque a não identificação com o trabalho reflete não só na motivação, no engajamento e na produtividade do trabalhador como pode, outrossim, afetar a sua saúde física e mental. Igualmente, essa não realização profissional acarreta feridas na autoestima e na autoconfiança do indivíduo. Diante desta situação, o sujeito pode “sobreviver” (no sentido literal da palavra) nesta condição, ou consegue encontrar meios, estratégias de enfrentamento para lidar com este cenário adverso, revistaestimuladamente.com.br

ou se fortalece e se estrutura para romper com este sofrimento e resgatar a sua felicidade. Então, estabilidade ou felicidade? Não. Não quero dizer com isso que essas duas palavrinhas são concorrentes ou excludentes, mas é preciso avaliar o valor físico e emocional que se dispende para tê-las. Tem sido uma curva crescente o número de pessoas que procuram os consultórios de psicologia em busca de ajuda para cuidarem deste assunto. Na mesma perspectiva, estudos demonstram que, comparando-se a anos anteriores, a quantidade de pessoas que solicitam exoneração de empregos com estabilidade à procura de realização profissional tem aumentado. Em tempos de hashtags, fica a dica: #facamaisoquetefazfeliz. Nunca é tarde para mudar, não é mesmo? Vamos falar mais sobre isso? Acompanhe a nossa coluna nas próximas edições. Sandra Rêgo - Psicóloga, Coach, Consultora de Desenvolvimento Humano, Orientadora Profissional e de Carreira, Professora e Sócia da Sandra Rêgo Human Change Sandra Rêgo sandra@sandrarego.com.br 30

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Estimuladamente Abraça

Escolinha de Futebol Potiraguá

Um projeto social vem transformando a vida de jovens na pequena cidade de Potiraguá, no Sudoeste da Bahia. Através da Escolinha de Futebol, mais de 150 crianças e jovens alimentam toda a semana o sonho de ser, um dia, jogadores de futebol. As atividades foram iniciadas em Janeiro 2017, com a realização do sonho do professor Peta em ensinar para as crianças o que aprendeu durante sua vida como jogador profissional. O maior objetivo do projeto é formar cidadãos de bem, e os resultados já aparecem: melhoria do desempenho escolar e do comportamento em casa. Peta está sempre presente nas escolas para acompanhar o desempenho dos alunos, e a regra é clara: não basta ser bom jogador, tem que ser bom aluno e bom filho! A inclusão também faz parte do projeto: jovens com deficiência física, com síndrome de Down, são todos bem-vindos à escolinha. Quer ajudar a Escolinha de Futebol Potiraguá? Faça suas doações! Você pode ajudar com bolas, coletes, chuteiras, protetores solar e roupas de futebol. Faça parte desse time!! Juliane Cardoso (madrinha do projeto) Telefone: (71) 98232-3216 Professor Peta (fundador) Telefone: (73) 98177-5407 Instagram: @escolinhapotiragua Ano 1 | dezembro 2018

Foto: Juliane Cardoso

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Curiosa... Mente Por: Miguel Dourado

Nem sempre, querer é poder.

O processo de Coaching, quase sempre, é disparado por uma necessidade de crescimento pessoal ou profissional. Sua principal finalidade é nos levar a um patamar de desenvolvimento que nos possibilite construir, de forma orientada, competências para atingirmos objetivos específicos. Dentro desta perspectiva, quando falamos em Coaching, em alguma medida, também devemos considerar a necessidade de mudanças de comportamentos e hábitos. Foi por isso que, na edição anterior, tratamos de motivação e sua relação com as necessidades e emoções, pois não basta precisar mudar, sem dúvida, é necessário “querer” mudar! Nós, seres humanos, somos incompletos, insuficientes e, comumente, insatisfeitos. Por esta razão, podemos, com certa segurança, dizer que todos querem alguma coisa. Essa “falta”, em condições normais, é disparadora do “querer” que, por sua vez, nos possibilita sonhar e agir; daí a frase: “Querer é poder”! O grande problema é que esta frase não vale para todos os contextos. Infelizmente existem transtornos capazes de nos afetar, tão profundamente, revistaestimuladamente.com.br

que podem, inclusive, aniquilar nosso “querer” e inviabilizar qualquer processo de desenvolvimento de forma silenciosa e, na maioria dos casos, imperceptível. Não quero aqui, de forma alguma, defender que um bom Coach, necessariamente, deva ter um amplo conhecimento em Neurociências, mas, certamente, para ajudar seu Coachee, ele deve ser capaz de perceber comportamentos desviantes que podem sinalizar a existência de transtornos que precisam ser tratados para que os resultados positivos sejam possíveis. Certamente poderíamos citar vários transtornos que impactam negativamente o “querer”, a motivação, a decisão e que são confundidos com baixa autoestima, preguiça, falta de proatividade, mas, dentre muitos, hoje, falaremos da depressão! [1]. A depressão é um distúrbio de humor que provoca, na maioria dos casos: angústia ou tristeza sem um motivo claro, cansaço persistente, alterações do sono, ganho de peso rápido, emagrecimento repentino e, sobretudo, a sensação de que as coisas boas de sua vida não lhe dão mais prazer [2]. 34

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Curiosa... Mente

Neste sentido, o grande problema é que quando se pensa em pessoas com depressão, logo vem à mente, indivíduos apáticos, desleixados e, sobretudo, tristes. Será que toda pessoa que sofre com este transtorno é assim? Saiba que mesmo sorrindo, cheio de energia e indo para a balada, você pode ter depressão. Ninguém, do nada, vai dormir bem e acorda deprimido. Ela chega de “mansinho” e vai crescendo, se infiltrando silenciosamente em nosso dia a dia, nos impedindo de progredir e, se nada for feito, pode transformar nossas vidas em um pesadelo, pois nos rouba o “querer sonhar”, o “querer agir”, o “querer desenvolver-se” matando nossa motivação e, em casos extremos, até pode nos tirar o “querer viver”.

Geralmente, indivíduos com Depressão Bipolar, em seus períodos maníacos ou hipomaníacos, costumam se envolver “em vários projetos novos ao mesmo tempo. Os projetos costumam ser iniciados com pouco conhecimento do tópico, sendo que nada parece estar fora do alcance do indivíduo [...] O aumento da atividade dirigida a objetivos frequentemente consiste em planejamento excessivo e participação em múltiplas atividades, incluindo atividades sexuais, profissionais, políticas ou religiosas.” [4]. Sejamos francos! Será que você não conheceu ou conhece alguém inteligente, que periodicamente fica entusiasmado, faz vários planos que não coloca em prática ou abandona facilmente os planos que iniciou, tem dificuldades de relacionamento e vive se boicotando, que se encaixa no perfil acima? Pode ser, inclusive, aquele Coachee “alto-astral” que já esgotou todas as suas estratégias para levá-lo ao êxito. Tenho certeza que existem diversas lacunas neste texto, pois Depressão Unipolar e Bipolar são transtornos complexos impossíveis de aprofundar em uma coluna. Dito isso, espero que as provocações que lancei possam lhe ajudar a refletir sobre casos em que você está fazendo tudo certo, seu Coachee está fazendo tudo certo, mas os objetivos não são alcançados. Espero que você tenha gostado das reflexões que compartilhamos e, caso queira saber mais, dê uma olhadinha nas referências citadas.

Fique atento! Depressão não é tristeza [3]. A tristeza é uma emoção que tem começo, meio e fim. Você sempre sabe o porquê dela; pode ter sido causada por uma demissão, término de relacionamento ou afastamento de sua família. Em condições normais, você não vai estagnar sua vida em função da tristeza. Já a depressão promove alterações nas funções psíquicas e cognitivas que afetam diretamente o comportamento da pessoa. Ela pode variar em frequência, duração e gravidade. Pode ser episódica, quando ocorrer uma única vez, e, recorrente, quando ocorre várias vezes. Em termos de intensidade, pode ser leve ou moderada, quando a pessoa consegue fazer suas atividades ou grave quando não conseguimos fazer, praticamente, nada. Caso se estenda por anos, é classificada como crônica. Ela pode ser unipolar, quando a pessoa fica sempre melancólica ou bipolar quando oscila entre períodos de melancolia/apatia e episódios maníacos ou hipomaníacos. Preste muita atenção! Um episódio maníaco se caracteriza por “um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia, com duração mínima de uma semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias” [4]. Quando estas mesmas alterações ocorrem por, no mínimo quatro dias, de forma mais branda, temos um episódio hipomaníaco.

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REFERÊNCIAS: [1] CHENIAUX, E. Psicopatologia e diagnóstico da depressão. In: QUEVEDO, J (Org.).; GERALDO, A (Org.). Depressão: teoria e clínica. Porto Alegre: Artmed, 2013. [2] ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CID 10: classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde. Tradução Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português. 10. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009. [3] TOMAN, A. Depressão em adultos: as mais recentes estratégias de avaliação e tratamento. Tradução Sandra Mallmann. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. [4] AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM- 5. Tradução Maria Inês Corrêa Nascimento et al. Porto Alegre: Artmed, 2014.

Miguel Dourado profmiguelead@gmail.com

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Fotos Por: Mariana Falcão

Mariana Falcão direção de arte | fotografia | produção Instagram: @mariana.falcao

Foto: Mariana Falcão

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Foto: Mariana FalcĂŁo

Foto: Mariana FalcĂŁo

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Especial Por: Marcelo Reis

O palestrante tatuado nas minhas atitudes, na minha vida pessoal e profissional. A cada sessão de coaching, ficava embevecido ao me ver como instrumento de mudança para alguém. Vi que este era o meu propósito: ser instrumento de transformação. Transbordando de todos os bons sentimentos, criei com minha sócia a Revista Estimuladamente, para levar aos quatro cantos conteúdos relevantes e transformadores. Tendo esse objetivo bem resolvido, percebi que necessitava impactar ainda mais pessoas. E por que estou lhe dizendo tudo isso??? Porque aí inauguro um novo ciclo: me aperfeiçoar para ser um comunicador de excelência e dessa forma poder utilizar toda minha experiência e repertório para comunicar Fonte: https://twitter.com/abn_khzeim melhor o meu propósito. E isso me leva à manhã deste dia, em que participo do curso de oratória de alta Quando você assiste uma palestra ou treinamento, performance com ferramentas de PNL. você vai por você ou pelo palestrante?? Eu Depois de ser impactado positivamente pelo acredito que o que faz alguém se mobilizar em relevante conteúdo trazido pelo palestrante, fui direção ao conhecimento seja a sua sede por tocado num ponto em que não esperava. O trainer, autoconhecimento ou especialização. Mas, você de forma muito ética e assertiva, me viu a sua não precisa responder ainda. frente e utilizou a tatuagem do meu braço como Há alguns anos estou em uma caminhada na busca exemplo. Ele colocou que, repito que de forma ética e assertiva, para um comunicador atingir de autoconhecimento. Mas, depois das formações uma quantidade maior de público ele deveria se em coaching clássico, coaching The Inner Game (jogo interior) e coaching Ikigai (propósito) percebi preocupar com a sua aparência, se está vestido adequadamente para o contexto em que ele irá que ainda faltava alguma coisa. Iniciei então um comunicar e se as escolhas que ele faz pode levá-lo MBA Executivo em Coaching. Neste curso tive a uma redução de público alvo ou dificuldade de acesso à Constelação Familiar e Sistêmica. Tendo vindo da Doutrina Espírita, tive pouca resistência ao aceitação em certos grupos. que estava sendo apresentado. Neste mesmo período Pedi a palavra, elogiei a forma como ele colocou fui apresentado aos conceitos da Física Quântica. As o assunto, despido de preconceitos e julgamentos peças do quebra cabeça começaram a se encaixar. e fazendo o papel de transmitir o relevante assunto para que nos servíssemos como achássemos Como digo sempre, o processo de conveniente. Fiz minha colocação dizendo que nós autoconhecimento é um veículo em que se embarca sem retorno ao ponto inicial de destino. Ou seja, uma comunicadores temos duas opções: ou podemos ser autêntico e verdadeiro consigo e com seus valores caminhada sem fim, nem retrocesso, em que cada e comunicar para as pessoas que estejam engajados novo aprendizado te transporta a um pequeno passo com o nosso propósito, ou sermos escravos de um rumo à expansão de consciência. E nessa busca, tive modo de viver, se comportar e se vestir, que não são acesso ao ThetaHealing, ocasião em que o ciclo da verdadeiros. busca pelo autoconhecimento ganhou novo rumo. Nessa última opção deixamos de ser nós mesmos Tornei-me Thetahealer em paralelo à formação em essência e passamos a assumir uma persona, da na metodologia Ikigai e comecei a perceber o qual seremos eternos escravos. Mas, este assunto, sentimento de gratidão pelos aprendizados e em mim, não estava bem resolvido. por observar que toda essa construção se refletia revistaestimuladamente.com.br

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Especial

No final da manhã recebemos a tarefa de elaborarmos um roteiro de palestra de dois minutos. Nestes dois minutos estávamos livres para comunicar o que quiséssemos. Aí, deu um branco. Não vinha assunto. Quando pensei em deixar a tarefa para depois do almoço, eis que vem a intuição: o palestrante tatuado. Como assim, “o palestrante tatuado”? Fechei os olhos e, de uma forma leve, me veio todo o roteiro. A realidade que neguei por muito tempo veio à tona. Na hora da apresentação veio a surpresa, a apresentação não seria para todos. Fomos divididos em grupos de quatro pessoas e, entre nós, iríamos apresentar e fazer feedbacks acerca de todo o processo de comunicação, conteúdo e forma. Apresentei para as três lindas almas do meu grupo como se falasse para um estádio. Fui tomado de emoção. Achando que era pouco, resolvi partilhar com vocês a minha palestra de dois minutos.

Porém, vinha a necessidade de escondê-la, pois não era bem visto por esse nicho de mercado. Entre amor e ódio, passei a amar o que fazia, a ponto de passar outros 5 anos para me graduar engenheiro civil. Eis que veio a crise no Brasil, com ela o meu emprego. Numa atitude de busca pela liberdade antes experimentada, tatuei no braço as palavras “GRATIDÃO, PERDÃO, EMPATIA e AMOR”. Dois meses depois fui recontratado e passei a exibir orgulhoso as tatuagens no meu braço direito. Símbolo da liberdade de ser quem eu sou, de ser autêntico. De marcar de forma permanente os sentimentos que me trouxeram de forma resiliente nessa caminhada de fuga e negação. Portanto, entendo que temos de ser julgados pelo conteúdo que temos a oferecer e não pelo que exibimos em nossa pele. Recebi uma mensagem há alguns anos em uma postagem de rede social, que estampava a foto de uma mão enrugada e tatuada de uma idosa. Já meio apagada, a tatuagem trazia a palavra “LOVE” escrita com uma letra em cada dedo. O post dizia:

O palestrante tatuado. Me chamo Marcelo Reis. Tive a felicidade de ter pais que me apoiaram na decisão de fazer o curso de Licenciatura em Desenho e Plástica, pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, como primeira formação. Quando me formei me deparei com uma realidade: a profissão que havia escolhido não iria me levar para o sucesso que projetava. Digo sucesso financeiro. Saí das salas de aula e fui trabalhar na indústria petroquímica. Comprei meu primeiro apartamento com 23 anos. Mas, apesar do “sucesso”, algo me faltava. Em uma noite de São João, no interior da Bahia, fui pego de surpresa por uma guerra de espada (rojão). Tive queimaduras de segundo e terceiro graus em forma de “z” nas costas. Quando a queimadura cicatrizou, sem falar com ninguém, tatuei um dragão chinês, símbolo de sabedoria, força, poder, proteção e riqueza. Esse dia foi um dos mais doloridos e libertadores da minha vida. Essa dor me levou a um lugar esquecido. Me senti na Escola de Belas Artes. Livre para conhecer e ousar. Lugar onde toda expressão é uma expressão em sua plenitude. Onde os conceitos de belo e feio se uniam em torno de um observador que apenas lhe acolhia em sua linguagem particular. Agora, ingresso na construção civil, tive a liberdade de ter algo que me conectava com minha essência. Ano 1 | outubro 2018

- E quando você ficar velho? Cheio de tatuagens, e aí? - Bom, aí vou olhar para elas bem desgastadas e vou lembrar que nunca me importei com a opinião dos outros e fiz o que tive vontade! O ruim dessa vida não é envelhecer, o ruim é ver que viveu como escravo, preso no que vão pensar sobre você. E assim encerrei minha palestra. Agora volto a pergunta inicial: Quando você assiste a uma palestra ou treinamento, você vai por você ou pelo palestrante? Pois digo: Vá por você! Extraia o máximo do comunicador a sua frente, não importando como ele se veste, como é o seu cabelo ou se tem tatuagem. Aprenda com sua experiência, com o seu repertório e se conecte com a sua essência, pois o comunicador estará lá por você e para você! Com toda sua entrega e com todas as marcas da sua história e trajetória eternizadas em sua pele. Marcelo Reis marcelo.reis@estimuladamente.com.br 39

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Mecânica Quântica Por: Jean Savedra

Autossabotagem

Autossabotagem é um autoboicote. É como um ponto-final que nós mesmos colocamos no nosso processo evolutivo. Quando paramos de crer ou duvidamos. Na história bíblica em que o Apóstolo Pedro andou por sobre as águas, podemos entender o que é se autossabotar. E respondeu-lhe Pedro: “Senhor, se és Tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas.”, e Ele disse: “Vem.” Então Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendolhe a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste? (Mateus 14:28-31). Nós nos autossabotamos quando estamos com nossa fé em baixa frequência. O escritor Augusto Cury fala muito nos seus livros das janelas lights e janelas killers. Ao nos depararmos diante de uma situação contrária e negativa, temos a chance de decidir qual janela abrir. A que mata (killer) ou a que faz viver (light). A decisão será sempre sua. Um cemitério é o lugar mais rico do mundo, pois lá estão enterrados tantos milhares e milhares de projetos que não foram realizados. Quantos livros não escritos? Quantas músicas não compostas? Quantas idéias, projetos ou empreendimentos foram levados paro o caixão sem que sequer um de nós tenha sabido? Nesse contexto existe a pessoa do quase? Eu era a “pessoa do quase”. A pessoa que se autossabota

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tem como característica principal cocriar um episódio de retrocesso bem perto de chegar a sua meta pessoal. A pessoa do quase está indo bem no processo evolutivo e, de repente, ela cocria uma situação que emperra a vida dela exatamente no ponto perto da linha de chegada. Muitos colocam a culpa nas circunstâncias; desculpas e mais desculpas. Fiquei doente, fiquei sem dinheiro, bati o carro, meu pai não me ajuda, meu marido não me apoia, esse governo é corrupto, e por aí vai. Outra característica clássica e disfarçada do sabotador é tentar sabotar outras pessoas. Ele faz isso sem perceber. Autossabotagem é altamente contagioso e pode contaminar a família, amigos e colegas. Autosabotadores se maravilham com o projeto que eles mesmos criaram, ficam tão felizes com o protótipo de futuro, mas não conseguem permanecer nesse estado de vibração alta. Eles gostam da expectativa e temem a realidade? O medo da realidade perfeita faz com que puxemos o freio de mão. É nesse ponto que um espírito de procrastinação se instala. O vírus procrastinação é um mal a ser combatido. O medo é normal para ligar o alerta da prudência, no entanto, se você tiver medo, vá com medo mesmo. Não adie mais, não engavete seus sonhos. Faça as perguntas. O que pode dar errado se eu agir assim? O que de mau pode acontecer se eu continuar minha jornada? Nada, absolutamente nada. Está tudo sob controle da altíssima trindade. Nada ocorre sem o aval da consciência suprema. Avance sem temor, de modo

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Mecânica Quântica

que não sugestione o Efeito Zenão. A expressão Zenão vem do filósofo Zenão de Eleia, que nasceu na Itália 450 anos antes de Cristo na época pré-socrática. Ele é famoso por criar teorias paradoxais e contraditórias, bem como a MQ de postulados totalmente ilógicos e controversos. O mundo quântico tem suas anomalias e complexidades. É necessário desaprender tudo que você concebeu até hoje como estilo de vida e forma de pensar. A Física Quântica comprova que o átomo se paralisa, ou se congela, quando é observado. Observado por quem? Pela nossa consciência. Você é o observador. Você terá a vida que quiser se você deixar o caminho livre para atuação total do Todo. Ao enfocar demais, ao fixar demasiado a sua meta pessoal você “descolapsa” a materialização. A ansiedade é o sentimento de escassez que interrompe sua evolução. No conceito paradoxal da Mecânica, quanto mais parado você fica, mais sua vida anda. Isso não é religião, não é filosofia. Isso é Física Quântica. Uma das parábolas de Zenão de Eleia, totalmente esclarecedora, vai nos ajudar na compreensão do efeito Zenão. Quando se ferve água em uma chaleira, com a tampa fechada ela está fervendo realmente, mas, quando tiramos a tampa, ela para de ferver. Isso é claro porque ela perde pressão. O que aprendemos aqui é que quando você fica obstinado com certa ambição ou fica muito ansioso, você congela o movimento do átomo e interrompe o colapso da materialização e, consequentemente, paralisa a cocriação desejada pelo observador, que é você. Há uma fórmula quântica que se submete às leis universais. Para não interromper, ou não afundar no mar, como aconteceu com o Apóstolo Pedro, você não pode se precipitar e não pode se desesperar. Entregue e solte. Evite o desânimo. No momento do pensamento negativo você diz em voz alta “muda”, ordenando e ativando sua autoridade e autonomia que estão entre as propriedades da autorresponsabilidade de cada um. Nesse momento retoma-se o caminho da vontade divina e Seu plano eterno. Há uma série na TV chamada “Dr. Who”, que mostra em seus episódios “os anjos lamentadores”, que eram seres que se moviam quando não eram observados, e quando alguém olhava para eles, eles se congelavam. Da mesma forma acontece conosco se insistirmos em ter as coisas no nosso tempo. É necessário saber que tudo tem o seu tempo de acontecer. Nós estamos Ano 1 | dezembro 2018

presos no tempo chronos, e queremos o tempo kairós. O tempo Kairós é a estação divina, ou vontade de Deus. Tudo que você quer e deseja já tem data e hora marcada para acontecer. O sistema vital é evolutivo, nada está parado. Há um tempo determinado importantíssimo para manter a ordem e organização. Quando eu era mais jovem, sonhava em gravar um CD. As pessoas me diziam que eu tinha uma voz boa e que eu devia gravar. Mas, desde então, todas as vezes que eu tentava, aparecia algo para atrapalhar e nunca se concretizava. Hoje me tornei não apenas um cantor e realizei minhas idéias em mente, como também me tornei um compositor e escritor de forma efetiva saído do campo da expectativa para a materialização. A autossabotagem é uma praga que assola o mundo. Vozes de propostas ouvem-se todos os dias. Faça um autoexame e reveja situações de distração que lhe enredam ou embaraçam. O antídoto do efeito Zenão é a convicção. Seja decidido e use seu poder de fé operante. Eu criei um comparativo entre uma pessoa decidida e uma motivada. Veja a diferença desses dois perfis:

1. O decidido age consciente; o motivado é imprudente. 2. O decidido diz “eu fiz”; o motivado diz “eu vou fazer”. 3. O decidido é corajoso; o motivado é medroso. 4. O decidido é estável; o motivado é inconstante. 5. O decidido começa e termina; o motivado começa e desiste. 6. O decidido tem autoestima; o motivado carece de elogio. 7. O decidido é um fogo contínuo; o motivado é um fogo de palha. 8. O decidido vem do verbo “ser”; o motivado vem do verbo “estar”. 9. O decidido é paciente; o motivado é precipitado. Não há nada mais poderoso que uma decisão. Avance com ímpeto. Eu digo que não se arriscar é que é correr um grande risco. Retome sua vida sob controle. Saia do piloto automático e dê um basta na procrastinação. Acione gatilhos que lhe disparam para a vida plena e satisfação. Que seja agora. Jean Savedra jeanricardosav@gmail.com 41

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Capa Por: Marcelo Reis | Lais Nascimento

Resiliência: Uma lição com Geraldo Rufino

Caros leitores, para encerrar o ano de 2018 resolvemos falar sobre resiliência. Para isso convidamos uma pessoa que é experiência viva do poder da resiliência. Suas palavras são inspiradoras e é certo que irá nos transformar. Geraldo Rufino é empreendedor, escritor e palestrante, iniciou a vida como catador de latas na periferia de SP, fazendo suas primeiras investidas como empreendedor aos oito anos. De office-boy à diretor de operações no PlayCenter, ele sempre entendeu que precisava empreender para garantir sua estabilidade e segurança familiar. Quebrou seis vezes, sendo a última em 2003 depois de um investimento malsucedido. Nunca levou esses episódios como algo desesperador. Ao contrário, olha para todas essas experiências como algo extremamente positivo e enriquecedor. Em 1985, ao fundar a JR Diesel, quebrou paradigmas e transformou o segmento de desmanche de veículos aplicando organização e inovação. Em 2016 escreveu o “livro catador de sonhos”, que conta como o empresário que começou catando latinhas, construiu uma das maiores empresas do Brasil e nos ensina sobre otimismo, superação e determinação. revistaestimuladamente.com.br

O livro se tornou sucesso e o levou para todo o Brasil e outros pontos do planeta para falar de como conseguir reverter a sua condição na infância o levou a chegar onde chegou. E um dos segredos é não ter se vitimizado, não ter se visto como inferior a ninguém e nunca ter fraquejado diante das dificuldades impostas pela vida. Mais do que isso, ele se fortaleceu a cada tombo. Nesta entrevista veremos onde os nossos valores, o respeito a nossa ancestralidade e a gratidão pode nos levar. Revista Estimuladamente - Notadamente os seus valores, a sua família e a gratidão podem ser destacados como 3 pilares da sua base. O que lhe fez superar cada entrave. Pode nos falar um pouco sobre o quanto cada um destes pesa para ter uma vida de significado? Geraldo Rufino - Você levantou de manhã? Não tem gratidão maior que essa. A minha maior gratidão é por esse presente: o direito de mais um dia de vida. Depois que você levanta e percebe que tem mais um dia, você olha pro lado direitinho, usando sua imaginação e lembra que, independente da relação sanguínea, você tem uma família. Família. 44

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Família é base de tudo. Família começa desde onde você nasceu, porque se você tem vida, você nasceu de uma mãe. Então ali parte a origem, a referência da sua família e dali se constitui muitos outros relacionamentos e conexões com pessoas que é a continuação da família. Quando você vai pro trabalho e convive com outras pessoas, seja lá qual for o ambiente em que você estiver, depois de sair de casa ou de sair do ambiente em que você nasceu, você se conecta com outras pessoas, que do meu ponto de vista, é a extensão da família, porque família não tem nada a ver com relação sanguínea, pra mim família são as pessoas com quem você se conecta e vive durante todo período que você fica nesse Universo. Então, a sua família não tem limite, não tem tamanho. “Ah, eu não tenho família”. Como assim? Ninguém vive sem família. Você precisa se conectar. Você convive com pessoas! Essas pessoas ou são a sua família de origem ou são a extensão da sua família, à medida que você cria uma conexão e um relacionamento de semelhança. É o meu semelhante, é o meu irmão, aquelas coisas que nós aprendemos lá atrás. Nós somos iguais, convivemos com os diferentes e com as diferenças. E se você não tem família, você constitui uma. Então a família pra mim é a base de tudo. Eu tenho gratidão. Isso faz toda diferença na minha vida, por ganhar o dia. Depois, eu preciso das pessoas e essas pessoas começam na minha família. Quem é a minha família? São as pessoas com quem eu convivo, com quem eu passo a maior parte do meu tempo, então eu faço com que isso se transforme na minha alegria, na conexão. Na extensão daquilo que eu entendo que somos interdependentes. Uma família. Se você não tem, você precisa constituir, porque ninguém vive sozinho, ninguém é feliz sozinho. Essa é a base dos meus valores. O resto é uma consequência. É preciso ter base, é preciso ter valores, nós vivemos incompletos, inacabados, em todos nós falta um tijolinho, todos nós precisamos de um tijolinho a mais todos os dias e a nossa obra vai até o final, quando a gente acha que ela está terminando, acaba o nosso tempo, ou seja, nós morremos inacabados, o que significa que nós precisamos aproveitar e se completar com a família, completar com as pessoas com quem a gente convive, completar convivendo com os diferentes, as diferenças, então isso pra mim é base, isso pra mim são valores. É dali que você tira os melhores exemplos, os melhores mentores, as melhores companhias. E se você acha que é aí Ano 1 | dezembro 2018

que moram os piores problemas, eu digo que não, acredito que dali saem os anticorpos. Pra você usufruir do melhor, você precisa de anticorpos, eu entendo que o pouco que acontece nesse grupo, que a base é a família, que a gente não aprova é justamente o que nos fortalece, que é o que eu chamo de anticorpos.

RE - Qual a definição de Resiliência por Geraldo Rufino? GR - Pra mim, a resiliência está dentro de cada um de nós. Precisamos entender a nossa essência, que nós somos a semelhança divina, que nós temos poderes, que nós temos habilidades metal, espiritual, nós temos capacidade para resolver qualquer problema que venha depois de nós. Mas por algum motivo, nós temos também as fraquezas, então a falta de resiliência faz com que nós deixemos que a franqueza supere a nossa iniciativa, a nossa espiritualidade, a nossa fé e a gente vai se definhando. Resilientes são aqueles que voltam, resgatam a origem, resgatam a força interior que tem dentro de nós e supera essa fraqueza. Pra mim resiliência é uma força que tem dentro de cada um de nós, que de vez em quando, por algum motivo, nós deixamos de exercitar por conta de baixa auto-estima ou por deixar de acreditar, e à medida que nós voltamos a acreditar, nós resgatamos nossa força e superamos e passamos a ser novamente resilientes. É um estado de espírito que pode ser recuperado a qualquer momento, por qualquer um de nós, só precisa querer. RE - Em suas palestras você fala muito de positividade e protagonismo. O povo brasileiro carece disso? GR - Todos nós podemos e devemos ser protagonistas. O sucesso acontece quando nós nascemos, eu acredito nisso. Essa espiritualidade, essa força, esse milagre de você ser um ser vivo já é sucesso. 45

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Foto: Youtube - O Catador de Sonhos | TEDxUNISUAM

Agora para você ser protagonista, você precisa ter iniciativa de dar o primeiro passo e assumir a responsabilidade da sua própria vida. Agora, positividade. Todos nós somos abastecidos, mentalmente através de pensamentos, o nosso cérebro se abastece e processa pensamentos. Tudo que você pensa é processado de alguma forma e volta pro seu Universo e se materializa, então o positivismo, e eu venho fazendo isso a minha vida inteira, faz toda a diferença naquilo que você está armazenando, naquela informação que você está dando para você mesmo, pro seu subconsciente, pro seu cérebro, pra sua fé, pra sua espiritualidade, pra essa conexão de coisas que você tem mentalmente que você às vezes nem entende, mas que você sabe que funciona. Você precisa abastecer como se fosse um programa, como se fosse um software, isso ocorre através dos pensamentos, então essa coisa de pensar positivo, é você colocar no seu cérebro, no seu subconsciente, no seu sistema o melhor programa, o melhor programa que você pode abastecer a energia, a inteligência, tudo que você tem de melhor é através da positividade, porque quando você pensa de forma positiva, isso vai ser processado de forma positiva. O povo brasileiro, e não só ele, por falta dessa conexão, de acreditar em si mesmo, por falta dessa espiritualidade que existe internamente dentro de cada um de nós, por falta de fé, acaba não acreditando. Essa falta de crença, que eu chamo de negativo, faz com que você armazene e processe o negativo, então é claro que o seu universo vai estar ao contrário, vai estar de ponta-cabeça. Então eu acho que nós brasileiros, precisamos ser mais positivos, acreditarmos mais em nós, por consequência, vamos acreditar nos nossos, vamos acreditar na nossa segunda mãe, que é onde nós nascemos, que é o nosso território, o nosso país, é o nosso lugar. Eu entendo que o positivismo fez toda diferença em toda minha trajetória de vida, dos 7 aos 60 anos e com certeza faria muita diferença em todo mundo que voltar a acreditar, todo mundo que realmente pensa o positiva ao invés do negativo, porque seu cérebro vai processar igualmente. Eu sempre costumo dar pro meu cérebro, pro meu subconsciente, pra minha espiritualidade, aquilo que me interessa ser processado, por isso eu penso positivo, e isso que, geralmente, ele tem feito todos esses anos, é o processo que meu cérebro faz de trazer essa positividade de volta pra mim, e é isso que abastece meu universo. E é isso que eu entendo que está faltando pro povo brasileiro: voltar a acreditar, partindo do ponto de acreditar em si mesmo, depois você escolhe a opção, a religião, o que você quiser. Mas, essa espiritualidade não tem nada a ver com religião, é um jeito de pensar e você resgatar na sua essência e entender que desde que o mundo é mundo, as pessoas precisam acreditar, então a positividade, tem a ver com a crença e isso muda toda energia a sua volta e o que povo brasileiro está precisando mais que é acreditar. Quando você acredita, quando todo mundo acredita, nós temos capacidade para mudar o Universo. Então, eu realmente acredito, aliás, quando eu falo em uma palestra, nas redes sociais, não é só o que eu imaginei ou li em algum lugar, é o que eu venho fazendo há 50 e poucos anos, é prática. Quando você pensa positivo é esse resultado que você traz pro seu universo, é isso que você vive, é isso que você consome. Então, o povo brasileiro precisa produzir para consumir e nós temos produzido muito negatividade, acreditando muito que nós somos fracos, que é difícil, que está complicado e é isso que se vem consumindo. revistaestimuladamente.com.br

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Eu ando consumindo só coisas boas, porque eu acredito que dentro do meu universo eu posso tudo, com certeza faz muita diferença, o jeito de pensar, por isso eu acho que o pensamento positivo faz toda diferença na vida de qualquer pessoa e vai fazer muita diferença pra nós brasileiros e pro nosso país, à medida que nós voltarmos a acreditar, por consequência, nós voltamos a ter fé e aí retoma a esperança. Olha o significado do pensamento positivo! E quando se tem esperança, tudo em volta começa a funcionar.

mexe com você. Se ela é positiva ou negativa, isso depende do seu movimento. A crise vai existir a vida inteira, a oportunidade também, a hora que você se movimenta, você movimenta as oportunidades, então você tem acesso a valores. A crise dá espaço para quem se movimenta, porque a oportunidade sempre será maior que a paralisação do dinheiro. RE - Em uma das suas apresentações no TEDx você comentou sobre o fato de você não ter traumas do que viveu no seu passado de catador de latinhas. Sua resposta foi que a partir disso, criou anticorpos. Viver a vida sem se vitimizar te levou a chegar aonde chegou? GR - Viver a vida sem se vitimizar. Isso tem uma força! Porque eu entendo que todos nós somos filhos da mesma energia e Deus não tem tempo de “sacanear” ninguém. O que acontece com você pode ser usado de lamento, de vírus ou de anticorpos. Mas você tem livre arbítrio, você tem opção de escolha. O tempo que se demora pra lamentar é muito mais dispendioso que o tempo que você demoraria pra criar, pra se movimentar, pra ter iniciativa, pra ter atitude, só depende de você. Você tem energia pras duas coisas, então se ao invés de se lamentar, você der um passo à frente, entender que você é um ser humano como todos os outros e se foi possível para outros, é possível pra você, depende do movimento que faz cada um, depende das crenças de cada um. Então você se livra das suas falsas crenças, de quando alguém disse pra você que você não podia, que era difícil e renove essa crença, entendendo que você é igual, que você tem espiritualidade igual, que você é um ser humano igual e que não é nem mais nem menos inteligente, você é um ser humano. Se o outro pode, você também pode, porque você é um semelhante. Aí você vai perceber que o vitimismo é a zona de conforto e verá que deve ser o protagonista. Ser o cara que faz a diferença. Então eu não tenho dúvida nenhuma que o fato de que quando eu era criança minha mãe ter dito pra mim a vida toda que eu podia, me fortaleceu na minha autoestima, permitiu que eu nunca fosse pra zona de conforto, por vitimismo ou por coitadismo, o que permitiu que eu fosse blindado desde pequenininho e isso vem fazendo diferença na minha vida toda. O vitimismo pra mim é um vírus, uma doença, mas que pode ser superado com fé, seguida de atitude e pensamento positivo.

RE - Relação crise (versus) oportunidade. Como virar essa chave? GR - Na realidade, a crise é uma constante. A vida toda, o dinheiro e os outros bens, no geral a própria natureza muda de lugar. Então a crise é nada mais, nada menos, principalmente a crise material, a crise financeira ou econômica, é uma mudança constante que vai acontecer a vida inteira, é quando o dinheiro troca de mão. Porque ninguém põe fogo, ninguém elimina, nem para de produzir riqueza, ninguém deixa de produzir dinheiro, ele só paralisa, ele só fica parado em algum lugar por algum motivo, durante algum tempo, até que aconteça algum fato novo e ele volte a circular. Ou seja, crise versus oportunidade, a crise existe porque o dinheiro por algum motivo está circulando menos, mas ele está lá, a oportunidade é quando você sai do sofá, sai da sua zona de conforto e vai de encontro, à procura dos meios, ou seja, o dinheiro está em outros lugares. Quando você olha de forma mais ampla, você começa a enxergar o que eles chamam de oportunidade, porque lá tem dinheiro, ou seja, tem muita oportunidade, porque ninguém põe fogo no dinheiro. Então, todas às vezes que eu olho pras coisas, eu entendo o seguinte: nós temos - só no nosso país - 206 milhões de consumidores, ninguém parou de beber, de comer, de vestir, de dormir, o que significa que alguém precisa consumir aquilo que você resolveu produzir. A oportunidade aparece à medida que você tem iniciativa, atitude de querer fazer a diferença, de impactar alguém ou fazer alguma coisa para você e mais alguém. Isso é que mexe com a crise, quando você se mexe, a crise se Ano 1 | dezembro 2018

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RE - Você é apaixonado por si mesmo. Em suas palavras: “blindado”. Esse amor próprio lhe ajudou a desenvolver sua resiliência? GR - Eu acredito que todo ser deveria ter paixão por si mesmo. Isso pra mim é fantástico. Quando você se apaixona por você mesmo, você naturalmente se blinda. Porque se você gosta de você, jamais vai deixar que o seu ser fique chateado, magoado, com baixa auto-estima ou se sinta menor, porque tudo isso só traz para você sintomas de depressão. Se você realmente tem paixão por você está feita a blindagem, porque quando você se apaixona por você, não permite que nenhum desses pensamentos ou reações negativas te atinjam, porque quem faz isso somos nós. Não importa o que o outro pensa, fala ou acha. O outro é o outro, ele não sabe nem o que está falando, ele não sabe de você. Quem sabe de você é você. Quando você se apaixona por você, quando você entende o valor que tem, quando você sorri pra si mesmo e entende que você ainda tem o suficiente de energia e de alegria pra compartilhar com o próximo, porque não se blindar? Esse é o meu melhor status. Essa é a minha melhor performance. É quando você entende que você é a cereja do bolo. Você é o diamante da sua vida. Então, já reconheceu? Então agora se blinda. E não deixe que nenhum tipo de pensamento pequeno atinja você. Eu não tenho dúvida que a paixão que eu tenho por mim faz toda diferença na minha autoestima, na minha blindagem, na minha resiliência. Eu realmente reconheço que eu sou um ser de luz e abençoado. Privilegiado! Não teria porque eu não blindar nesse estágio e não permitir que acontecesse nada diferente! Eu realmente sou apaixonado por mim. Aliás, ultimamente, eu ando me amando mais ainda… RE - Você conta que já “quebrou” meia dúzia de vezes. Em uma delas, o prejuízo foi de 16 milhões de reais. Qual aprendizado a falência financeira trouxe para sua vida? GR - Quando se comenta esse negócio de “quebrar” 5 ou 6 vezes, isso pra mim, é muito relativo, se foram 4, 5 ou meia dúzia. Nunca fez diferença negativa. Dessas vezes que falam que eu “quebrei”, que eu fali, que eu fracassei. Eu não “quebrei” necessariamente, eu não fali e muito menos fracassei. São períodos em que eu fiquei sem dinheiro. As pessoas fazem muita confusão com isso. O ser humano é muito maior do que isso. E quando ele tem algum recurso material, foi ele quem ganhou. revistaestimuladamente.com.br

Tudo que acontece embaixo de você é menor que você, tudo que acontece depois de você é menor que você. Quando você consegue recurso foi você quem conseguiu, quando você fica temporariamente sem recurso, aquilo não pode ser maior que você. Todas as vezes que eu fiquei sem dinheiro, aquilo serviu pra mim de aprendizado, de vivência, de experiência, eu sempre me preocupei com meus valores,e meus valores não são medidos em números, eles são medidos em credibilidade, em ética, em gratidão, em conexão com pessoas, convivência com os diferentes, conviver com as diferenças. Eu sou muito forte nos meus valores, e esses valores é que me permitiram acreditar em mim, ter a resiliência, ser forte o suficiente pra entender que é o que eu posso fazer pelo outro, e não o contrário, então eu estou sempre entendendo que eu posso ser produtivo para ajudar mais alguém. Essa força, essa resiliência vem dos meus valores, o dinheiro vem por consequência. Portanto, todas as vezes que eu fiquei sem dinheiro, esse foi o menor dos meus problemas, por isso a facilidade em ganhar de novo e ganhar sempre um pouquinho mais do que o que eu tinha anteriormente. Por quê? Porque eu já vim com anticorpos. RE - Hoje, você é dono da JR Diesel, que é referência na américa Latina no ramo de reciclagem automotiva. O que você considera essencial para conquistar o sucesso nos negócios? GR - JR Diesel. Um mercado fantástico. Nós temos a primeira empresa, já fizemos um monte de trapalhadas, comprando outras coisas, nós poderíamos estar muito maiores do que somos.

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Foto: Arquivo pessoal

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Hoje, nós usamos isso como anticorpos para voltar a crescer e buscar um espaço, porque tem muito espaço no nosso país para isso. O que eu considero positivo para você conseguir essa performance e depois temporariamente ter algum problema e retomar. Acho que não é nenhum segredo e eu falo abertamente: é você não perder a referência. Lá atrás, uma das minhas primeiras atividades, era catar latinha. Aquilo pra mim era um sonho: ser produtivo; conseguir fazer algum recurso; conseguir fazer pra mim e ajudar as pessoas; o prazer de fazer e, por consequência, saber que depois, no final de muitas horas dedicadas àquilo, eu teria resultado material. Aquilo me satisfazia, me realizava, aquilo para mim era um sonho. O que faz com que eu consiga fazer isso hoje e crescer e continuar crescendo e cada dia me fortalecendo, é o fato de eu não ter perdido a referência. O meu estado mental, o meu estado psicológico, a simplicidade são os mesmos. Pra mim, só mudou o tamanho da lata. O mesmo estado de espírito, o mesmo sentimento que eu tinha em catar minhas latinhas, são os de hoje, quando eu ponho na linha de desmontagem 1, 2, vários ônibus, caminhões etc. A diferença é a proporção do tamanho. Mas a alegria é a mesma, o propósito de ser gerador de oportunidades é o mesmo. O prazer de ser produtivo e estar contribuindo com uma sociedade que me pertence e fazer diferença na vida das pessoas, impactando positivamente a vida de mais pessoas. Só mudou o tamanho da lata. Não importa o seu tamanho, se você não perder a essência, não perder a simplicidade, provavelmente, você não vai perder o chão e vai ser mais feliz. Esse é meu status, independente do tamanho da minha lata, eu não mudei, eu continuo sendo um cara feliz. RE - Qual a importância de ter um propósito além do lucro em tempos difíceis? GR - É tudo! A vida toda eu trabalhei pelo propósito, eu trabalhei pelo prazer. Quando você tem prazer e paixão pelo que faz, você não cansa, você sorri, você é feliz, você tem prazer em todos os dias acordar de manhã e ir na direção do seu propósito. Nós precisamos ter propósito, nós estamos de passagem por esse universo. Quanto tempo você tem? Quanto tempo você AINDA tem? O que você pode fazer para deixar um legado, para fazer a diferença, que tipo de protagonismo você pode ter no período curto que você fica na Terra? Ano 1 | dezembro 2018

Eu não consigo imaginar alguém que viva sem um propósito. Você precisa ter um propósito. Se o seu propósito é ser um empreendedor, ser um gerador de oportunidade, ser um cara produtivo e você se dedica a isso mais de 12h por dia (porque ninguém precisa de mais de 8 horas pra dormir) é natural que você, por consequência, tenha resultado material. Eu sempre entendi que o resultado material, o dinheiro, um patrimônio, tudo que você conquista com seu trabalho, com sua dedicação, com seu propósito, é um consequência. Então, eu acho que o propósito é mais importante, o dinheiro na minha vida sempre foi uma consequência. De vez em quando eu consulto minha conta bancária, olho pra ela e pergunto: quem é de quem? É meu! Eu tenho um propósito e eu tenho dinheiro. E não o contrário. Não é o recurso que me tem. Por conta do meu propósito eu consegui o dinheiro, então eu não tenho dúvida que o propósito é mais importante que a conta bancária.

RE - O que faz de Geraldo Rufino um ser “irritantemente feliz”, segundo sua própria filha lhe descreve? GR - O dia. O privilégio de mais um dia. A gratidão por ter começado mais um dia. Nada me encanta mais do que levantar de manhã, quando eu abro os olhos e eu percebo que o dia está clareando e eu estou aqui. A primeira coisa é dar um sorriso pra esse diamante que eu acabei de ganhar. O resto é comigo! Eu não consigo me imaginar levantar de manhã, perceber que eu ganhei o maior diamante que o ser humano pode ter na face da terra, que é o primeiro segundo de cada dia após acordar, cada dia, cada tempo, o tempo acaba, o nosso tempo é raro, curto e ele acaba e é o que nós temos de melhor. Quando eu levanto de manhã, eu sempre lembro, como se fosse ontem, da minha mãe dizendo “Olha! É a luz divina, agradece! Você ganhou mais um dia”. Isso pra mim é o suficiente pra que eu dê um sorriso e seja o cara mais feliz do mundo à minha volta. É uma forma de compartilhar com o outro a alegria de mais um dia. 49

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Contos de Família Por: Lais Nascimento

Unidos no Caminho, por Santiago e com amor pesquisas e conversas com veteranos do Caminho, em comum acordo e desejo de Moema, começaram os preparativos, que duraram 3 anos. Feita toda a parte de estratégias e planejamentos, como a aquisição de todos os itens (que inclui roupas, calçados, equipamentos), coleta de informações e preparos físicos e específicos, como saber cuidar de bolhas nos pés, provocadas pelo excesso de caminhada, realizada por Roberto, foi a vez de Moema surpreendê-lo com a compra das passagens. “Eu não estava preparada para o Caminho, estava simplesmente aberta ao que viesse, disposta a aceitar sempre”. E assim, Moema e Roberto percorreram o Caminho, saindo no dia 1° de maio de 2011 de Saint Jean Pied de Port (França) e chegando à Santiago de Compostela (Espanha), no dia 30 de maio. Passaram por mais de 200 localidades, em busca de algo muito pessoal e particular, guardado bem dentro de cada um de nós. E embora, tenham decidido por fazer essa longa caminhada juntos, ambos sabiam que estavam ali pelas suas individualidades.

Foto: Arquivo pessoal

Casados há 35 anos, Moema e Roberto Cunha resolveram fazer o famoso Caminho de Santiago de Compostela juntos, em 2011. Além de toda vivência que uma caminhada de 800 quilômetros, percorrendo dois países (França e Espanha) lhes trouxe, a experiência resultou em um livro Unidos no Caminho: Santiago de Compostela, em que o casal compartilha a realização desse sonho, com o propósito de divulgar cada vez mais os Caminhos de Santiago.

Uma das versões diz que, na sua origem, no século IX, os peregrinos que iam até a Catedral de Santiago de Compostela, iam por devoção ao Apóstolo Santiago Maior, cujas relíquias estão na catedral. Hoje, a intenção de quem faz o Caminho de Santiago de Compostela é diversa. Há quem esteja ali pelo espiritual, pela cultura, e também pelo lazer.

Era 1987 quando Roberto leu a primeira vez a respeito do Caminho, em uma matéria sobre o livro O Diário de um Mago, de Paulo Coelho. Ali foi plantada a semente do desejo e regada com muita paciência ao longo dos anos, em que outras prioridades surgiam. Em 1999, aguardava uma consulta médica, quando uma foto que estampava a Catedral de Santiago de Compostela, na capa de um revista chamou atenção do futuro peregrino outra vez.

Para Roberto, engenheiro civil, com especialização em História da Bahia, a aventura de estar ali, andando por tantos lugares cheio de histórias e mistérios, era extremamente atraente. Já Moema, terapeuta Humanista, filósofa e graduanda em psicologia, muito focada em sua formação profissional na época, buscava um mergulho profundo no seu autoconhecimento.

Quase dez anos depois do ocorrido, um reencontro com um velho amigo de escola e faculdade, Fernando Corrêa, então presidente da Associação Baiana dos Amigos do Caminho de Santiago (ABACS), foi o incentivo que faltava para que o sonho fosse consolidado. E assim, depois de diversas revistaestimuladamente.com.br

A experiência de caminhar 20, 30, 40 quilômetros por dia, naturalmente promove profundas reflexões e muitas vezes conduz a um estado meditativo. Moema conta que mesmo depois de tantos anos de convivência, foi no Caminho que viu o marido 50

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Contos de Família

realmente despido, pela primeira vez. “Ali eu estava vendo Roberto com as suas dificuldades, com seus limites, com suas qualidades, suas não-qualidades. Esse é meu companheiro. Olho para ele e me pergunto se é com ele que eu quero seguir o meu caminho”. Não precisamos chegar até o fim para saber que essa pergunta tem um “SIM” como resposta.

É preciso silêncio interior para entender o que se encontra pela frente. E tão certos de sua condição de peregrinos, em 2017, Moema e Roberto convidaram o filho Rodrigo, na época com 23 anos, recém saído da faculdade, para juntos fazerem o Caminho de Fátima e o Caminho Português. É claro que a disposição genética falou mais alto, Rodrigo topou e lá foram eles percorrer uma outra rota, desta vez, chegaram à Santiago de Compostela após 18 dias caminhando, saindo de Portugal em direção à Espanha. “Considero o papel dos pais muito importante na formação do indivíduo e às vezes na correria do dia-a-dia, muitos ensinamentos passam despercebidos. Quando estávamos no Caminho, estávamos juntos as 24h do dia, vivendo experiências muito intensas, é um aprendizado único”.

“Unidos no Caminho” aconteceu, como aconteceu a peregrinação: sem manipulação. Já era um hábito do casal fazer diário durante suas viagens. E quando retornaram com tantos registros e reflexões, surgiu a ideia de compilar e compartilhar em forma de livro. Claro que contaram com ajuda profissional de editores e revisores, mas tudo foi fruto do registro dos relatos após cada dia de caminhada, antes de se prepararem para o descanso. A publicação já circulou por boa parte da Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Ceará, Rio de Janeiro, além de Espanha, Portugal, Inglaterra e Argentina.

A relação entre os três sempre foi muito pautada no diálogo, participação e transparência. E a liberdade sempre predominou. Moema conta que ao iniciarem o Caminho juntos, ela, ritualisticamente, liberou o filho para que ele seguisse e fizesse o SEU Caminho. Lembrando ao marido, de que era importante que houvesse essa “permissão” dele também, para que o filho seguisse as suas escolhas livremente. “Acredito que o caminho te faz passar por situações de que você precisa para enfrentar a vida com mais consciência. Foi muito leve viver essa experiência com meus pais, nos divertimos muito”, comemora Rodrigo.

A narrativa e o próprio formato do livro, que traz as confissões de cada um deles, em cada dia, deixa claro as muitas diferenças de comportamento e visões de um e de outro. Roberto sempre mais atento às construções, descreve cada passagem com toda riqueza de detalhes e traz um humor inocente aos capítulos, que ao longo dos 30 dias vão se aprofundando em observações interessantes, que nos faz refletir. Moema, confiante e completamente entregue às sensações, paisagens e reflexões que o Caminho traz, nos relata experiências de grande aprendizado de suas relações com o meio e as pessoas e um profundo mergulho em nossas essências, enquanto seres humanos.

Segundo Roberto, a grande maioria das pessoas que fazem o Caminho de Santiago faz sozinha. Uma parte faz em casal, com amigos. É raro ver famílias juntas fazendo o Caminho de Santiago de Compostela. Na Bahia, que ele conheça, não há nenhum caso. “Fazer o caminho em família é diferente. É uma experiência muito edificante para a estrutura familiar”, opina Roberto.

“Passei a admirar mais ainda a presença de Moema no nosso relacionamento, principalmente por ver o quanto ela tem paciência para lidar com as minhas dificuldades”, declara-se Roberto. Não foram raros “Quando ele colocou o pé no caminho… Gente! os momentos registrados por ambos em seus diários, Como foi bonito ver Rodrigo no Caminho. Pra mim, em que ficou clara a parceria e a admiração entre os talvez, tenha sido a melhor visão”, emociona-se dois. “Tive a certeza de que era com ela que queria Moema. continuar no Caminho e na vida”, finaliza. Mas essa é outra história, de outro livro, que tomara, vire outro Conto de Família! Até a próxima.

Palavra de origem grega, ‘peregrinos’ são aqueles que andam “por campos”, em busca de algo que o caminho sempre traz. Ano 1 | dezembro 2018

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Alimentação Por: Luciana Guidoux Kalil

Permacultura na mesa

A palavra ‘diaita’, origem de dieta, significava na antiga Grécia “conduta de vida”, no sentido mais amplo da palavra. Permacultura, termo que deriva da fusão das palavras ‘cultura’ e ‘permanente’, consiste no planejamento de sistemas humanos sustentáveis, com respeito à provisão das necessidades básicas dos seres humanos: habitat saudável, alimento saudável, água limpa, solo fértil, ar limpo. Um de seus princípios é gerar mínimo impacto ou até mesmo impacto positivo, isto é, deixando o ambiente melhor do que estava antes. Como podemos diminuir nosso impacto no planeta através das escolhas do que levamos à mesa? Que impacto possuem nossas escolhas alimentares no ambiente? O que está por trás do que consumimos? Como é produzido? Onde? Por quem? Em que condições?

prazer de consumir frutas, verduras e legumes da estação? Aquilo que cresce naturalmente ou que é mais facilmente produzido no local e época do ano em que estamos, geralmente é mais saudável, gera menos impacto ambiental e é mais barato ou até gratuito, se você mesmo sair para colher. Produzir tomates fora de época, requer em média 12 vezes mais energia do que produzi-los na estação apropriada: primavera e verão. Alimentos locais costumam possuir menos quantidade de agrotóxicos, são mais saborosos e apropriados para o clima vigente. No clima frio temos os grãos, oleaginosas e raízes que podem ser armazenadas e possuem calorias concentradas para esquentar o corpo; e cítricos carregados de vitamina C para fortalecer o sistema imunológico e evitar gripes e resfriados. Em climas quentes, muitas frutas cheias de água e frescor para hidratar e repor os minerais perdidos com o suor. A natureza é sábia! Porque teimamos em pensar que estamos fora dela? Se podemos produzir nossa própria comida, ou parte dela, excelente! Caso contrário, comprar em feiras ou pequenas indústrias permite que saibamos quem a produz, e em que condições. As feiras de rua trazem o contato pessoal com o produtor, o que dá mais confiança sobre o que estamos levando à mesa. Muitas vezes é possível ir conhecer o local do produtor.

De onde vem? A maior parte do custo final dos alimentos é relativo ao transporte, depois embalagens, e por último o valor do alimento mesmo. Amêndoas da Califórnia, lentilhas do Canadá, maçãs argentinas, ameixas chilenas. Qual o processo de cada alimento até chegar em nossa mesa? Se pensarmos que, ao final, tudo é energia, cada produto que temos contato carrega toda a energia de cuidado ou maltrato com o planeta, nossa casa, as pessoas e todos os seres. Ao invés de consumir os mesmos alimentos em todas as épocas do ano, sem importar a que custo, financeiro ou ambiental, que tal experimentar o revistaestimuladamente.com.br

Conservar alimentos: Desidratar frutas e legumes ou preparar conservas para prolongar a abundância de uma época do ano é menos complicado e mais prazeroso do que se pode imaginar. Construir seu próprio secador de frutas 54

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Alimentação

PÃO DE GRÃOS - 3 xícaras de grãos integrais (arroz, milho de canjica, aveia, cevada, etc.) - 3 colheres (sopa) de sementes oleosas (gergelim, coco, nozes, castanhas, girassol, etc.) Ser responsável pelo que entra e o que sai da cozinha: - 3 colheres (sopa) de linhaça ou chia - 2 colheres (sopa) de vinagre de maçã ou arroz A alimentação é uma metáfora da forma como nos relacionamos com o mundo. - 1 colher (chá) rasa de bicarbonato de sódio Restos de alimentos geram vida. Se degradam - Água até dar o ponto rapidamente, fornecem sementes e transformam-se em - Sal e temperos a gosto adubo, podendo produzir mais alimento. Além do lixo, Deixe os grãos e sementes de molho na véspera. evitar embalagens também evita contaminação dos Escorra a água e bata no liquidificador, adicionando alimentos com plástico e substâncias que estes liberam. água aos poucos para ajudar a moer, até formar uma A cozinha também pode transformar-se em um massa cremosa. Toque com os dedos para sentir se rico banco de sementes. Experimente separar os grãos foram bem moídos. Acrescente o vinagre e as sementes do que você consome, secá-las para bata um pouco mais. Se quiser um pão instantâneo, presentear ou plantá-las diretamente. Após esta acrescente o sal e o bicarbonato, misture bem e leve ao vivência será difícil continuar jogando as sementes forno pré-aquecido a 250 graus por 40 a 60 minutos. no lixo... Uma semente pode crescer e transformarPara um pão fermentado naturalmente, antes de se em fonte de muito alimento! adicionar bicarbonato e sal, deixe fermentar por algumas horas (6-12hs), até formar bolhas. Então Alimentos orgânicos: acrescente os ingredientes acima e leve ao forno préPossuem em média 25% mais nutrientes, duram aquecido. mais tempo sem apodrecer, são mais saborosos e sem Esta massa também pode transformar-se em: venenos que se acumulam em nosso corpo, no solo e - Chapatis/panquecas, se derramada sobre uma na água, desequilibrando fauna e flora. Precisa mais? frigideira quente sem óleo, esperando que desgrude por Experimente cultivar, mesmo que em vasos, algo si mesma. do que você usa na cozinha. O prazer de colher no momento de usar e o valor nutricional e afetivo deste - Biscoitos crocantes, se esparramada fininha em uma alimento, ainda que seja um tempero, nutrem corpo forma e levada ao forno médio até que seque e descole sozinha da forma. e alma. - Bolo, se no lugar de parte da água se adicionar, ao Os alimentos orgânicos são mais caros? Que tal bater, algumas bananas bem maduras e frutas secas. juntar-se com amigos e formar um grupo de consumo consciente? Assim é possível adquirir produtos secos, Luciana Guidoux Kalil como grãos, em grande quantidade, direto do produtor, lunaca@mailoo.org reduzindo os custos de embalagens e fretes. pode ser uma brincadeira de final de semana e uma atividade deliciosa para o ano todo. Existe também no mercado uma variedade de desidratadores domésticos e é possível até mesmo secar frutas sobre uma telha ou peneira de palha.

Alimentos integrais: São aqueles que não sofrem manipulação humana, que se mantêm como a natureza traz: equilibrados em fibras, vitaminas, gorduras, minerais e proteínas. Quanto menos processo, mais limpo. O alimento na sua forma natural é mais nutritivo do que os alimentos processados enriquecidos com vitaminas. Se puder moer os grãos em casa, você saberá exatamente o que está comendo. Com um liquidificador é possível preparar pães e bolos a partir do próprio grão. Veja a receita abaixo: Ano 1 | dezembro 2018

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Foto: Luciana Guidoux

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Construções Sustentáveis Por: Marcelo Reis | Tatiane Franche

Dragon Dreaming - Gestão de projetos Colaborativos: Como tornar seus sonhos em realidade através do Amor em Ação

Gestão ou Gerenciamento de projetos é uma área de conhecimento de administração que, através de uma metodologia, aplica conhecimentos, habilidades e técnicas para alcance de um objetivo ou conjunto de objetivos pré-definidos. Usando uma metodologia de gestão o projeto (esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo) ou empreendimento tem todas as variáveis levantadas e tratadas, de forma a ter custo, qualidade, recursos técnicos, recursos humanos e outras variáveis a fim de se chegar a conclusão dentro dos parâmetros pactuados entre as partes interessadas (stakeholders). Dentre as metodologias consagradas de Gestão de projetos temos o PMBOK e o PRINCE 2. revistaestimuladamente.com.br

Por trás de todo projeto existe uma motivação, algo que faça sentido. Construir uma casa, prestar um concurso público, planejar uma viagem... são projetos construídos nos desejos do nosso íntimo, logo são sonhos. Por falar em sonhos... temos uma metodologia que utiliza as seguintes fases para projeto de sucesso: • Sonho - Ideia que origina o projeto • Planejamento - Como e quando será realizado • Realização - Ação para realizar o sonho • Celebração - Exercício do reconhecimento e da gratidão Estamos falando da metodologia Dragon Dreaming. 56

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Construções Sustentáveis

E para falar mais sobre ela trazemos Tatiane Franche, publicitária, terapeuta em Medicina Chinesa, permacultora, empreendedora social, coordenadora do Educação Gaia Brasília e apoiadora do Dragon Dreaming Brasília. Tatiane - “A humanidade parece estar em queda livre rumo ao desastre. A estrutura ecológica da nossa existência está sendo destruída à medida que a violência da globalização corporativa se une a violência da guerra.” (VandanaShiva) A segurança das pessoas não está em orçamentos militares mais volumosos, bombas maiores ou em estados policialescos mais fortes. Está na segurança ecológica, econômica, social e política. A reconstrução dessas múltiplas seguranças, é a única maneira de criar paz, justiça e sustentabilidade. Por que nós, como espécie, estamos destruindo o próprio alicerce de nossa sobrevivência e existência? Por que a insegurança tem sido o resultado de todas as tentativas de se criar segurança? Como nós, na condição de membros da comunidade planetária, podemos reinventar a segurança para garantir a sobrevivência de todas as espécies e o futuro de culturas distintas? Como passar das ruinas da cultura da morte e da destruição para a cultura que sustenta e celebra a vida? O desespero se transforma em esperança. A violência abre portas para a não violência. A escassez se transforma em abundância, e a insegurança, em segurança. Precisamos mais uma vez, nos sentirmos em casa, no nosso planeta terra e entre nós mesmos. Existe uma grande necessidade de um novo paradigma que nos permita passar da cultura difusa da violência para a cultura da não violência; da cultura do Ganha-Perde, para a cultura do Ganha-Ganha; da criatividade e da paz, esse é o paradigma da democracia da Terra. Paul Hawken, em “Blessed Unrest”, falava de um maciço movimento internacional da sociedade civil, um cruzamento da ecologia, direitos civis e movimentos de democracia participativa que abrangem todo o globo. Este movimento, inédito e sem liderança, é literalmente, a ativação deste sistema imunológico planetário que acredita ser o caminho para um futuro que seja bom para todos, seres humanos, animais e o planeta terra. Este movimento de transição, é chamado de “A Grande virada”, e Dragon Dreaming faz parte desse movimento.

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O Dragon Dreaming surgiu como uma ferramenta de “A Grande Virada”, que é mudança para uma nova cultura que sustenta e preserva a vida complexa no planeta. Sendo um movimento popular que busca agregar valor, através do fornecimento de uma perspectiva mais ampla e mais abrangente, Dragon Dreaming liberta a inteligência coletiva e maximiza a criatividade de cada ser. É uma ferramenta inspirada na transcendentalidade de povos aborígenes da Austrália e que foi criada e aprofundada pelo Australiano John Croft. É uma metodologia que aposta na sabedoria coletiva e promove a integração entre indivíduos e comunidade, que nos ensina a criar projetos colaborativos, criativos na política do ganha-ganha. Com a técnica da comunicação carismática, que nos dá a tentativa de dizermos o que realmente quer ser dito a partir do profundo de nós mesmos. A comunicação carismática é baseada na confiança. Nós precisamos confiar que podemos compartilhar nossos sentimentos e sonhos sem sermos ridicularizados ou criticados. A nossa comunicação cotidiana funciona como um escudo, sempre nos escondendo por trás de fatos e julgamentos. E, no entanto se realmente nos abrirmos, podemos dar às pessoas uma chance de realmente nos verem e aos nossos sonhos-projetos.

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Construções Sustentáveis

A base e essência dessa metodologia é aplicada em três princípios: • Crescimento pessoal - Compromisso com a nossa própria cura e empoderamento; • Construção de comunidade - O reforço das comunidades das quais fazemos parte e • Serviço à Terra - Melhorando o bem-estar e a prosperidade de toda a vida. O Dragon Dreaming considera que os projetos de sucesso têm quatro fases: sonho, planejamento, realização e celebração. Na fase do sonho, a ideia é identificada, assim como quem será envolvido, onde são coletados os sonhos do grupo na dinâmica “Circulo dos Sonhos”; no planejamento, é preciso discutir como, quando e de que forma ela será colocada em prática com o uso da ferramenta chamada Karrabirdt; na realização, desenrolam-se as ações e as formas de viabilidade, financiamento e orçamento. Por fim, a celebração: momento de refletir, exercitar o reconhecimento e a gratidão. O Dragon Dreaming é um trabalho em progresso, nossos parceiros na Austrália, Russia, Canadá, Escócia, entre outros, fazem parte de uma comunidade de aprendizado, onde todo mundo está fazendo o seu melhor, aprendendo ferramentas que possam ajudar nessa transição planetária, “A Grande Virada”, levando a todos uma nova visão de mundo de que é possível viver na Abundância e criar comunidades na política do Ganha-Ganha.

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Lembre-se: Grandes projetos bem sucedidos surgem de pequenos projetos bem sucedidos. Vamos todos fazer parte desta comunidade Dragon Dreaming que comunga dos princípios de crescimento pessoal, formação de comunidades a serviço da Terra, e que possamos realizar os sonhos de todos nós.

O Amor é uma aventura na descoberta mutuamente compartilhada. “Amor em Ação” é descobrir as habilidades que honram e envolvem a individualidade e as contribuições únicas de cada pessoa e, ao mesmo tempo, honrando e envolvendo as diversidades manifestas da comunidade da Terra viva da qual fazemos parte. (Tatiane Franche) FONTES: • Guia Prático Dragon Dreaming versão 2.0, janeiro de 2014; • John Croft, Fevereiro de 2013; • Economia de Gaia – Viver Bem Dentro dos Limites Planetários, Gaia Education, 2017.

Tatiane Franche tatiane.franche@gmail.com Marcelo Reis marcelo.reis@estimuladamente.com.br

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Alterne Por: Raimon Alves

Porto dos Livros - Espaço Cultural

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

É no encantado Porto da Barra, local de uma praia visitada anualmente por milhares, com bares, hotéis e restaurantes bacanas, que encontramos um charmoso espaço, decorado de forma simples, mas sofisticada, com uma riqueza de títulos de livros novos e usados, CD’s e vinis. Estamos falando do Porto dos Livros!

de três senhoras idosas e suas vidas privadas no sertão baiano do século XX, retratando o espaço cultural como um grande incentivador da literatura. Cada dia mais frequentado, o Sarau do Porto edição NAVE, traz apresentações de Talis Castro, Filipe Lorenzo e Daniel Farias com convidados especiais e uma gastronomia escolhida particularmente para o momento. O sarau é aberto a todo público, contemplando diversas manifestações artísticas como poesia, dança, teatro e outros segmentos. O microfone é democrático, aberto para quem quiser participar.

A programação contempla eventos diversificados e de grande riqueza cultural. É ponto de encontro de poetas e escritores, artistas do teatro e da televisão, das artes plásticas. O Porto é parada certa de pesquisadores de títulos literários raros, além de estudantes e profissionais das letras.

Outra oportunidade de entretenimento do local é a chamada Dica do dia, em que um convidado expõe suas preferências e recomendações de livros, espetáculos e atividades de artes da cidade. Assim, passa a existir um diálogo multicultural, emergindo conhecimento dos citados livros e atividades, muitas vezes ainda desconhecidos de alguns.

Saraus, shows musicais, lançamentos de livros, atividades artísticas estão sempre na pauta da casa, que conta ainda com uma área para estudo e leitura, contando para isso com serviço de wi-fi, além de uma cafeteria com alguns quitutes saborosos.

Este ano, a cantora Aiace realizou o lançamento de seu clipe no Porto dos Livros, e passou a disponibilizar seu CD para venda na casa. Momento em que a cantora ainda cantou ao vivo para os seus fãs.

Recentemente o prestigiado ator baiano Ricardo Castro apresentou o espetáculo Pelo humor de Deus, aclamado por um grande público, reiterando o apelo artístico do espaço cultural e o sucesso do ator. Ainda no campo das artes cênicas tivemos o Masterclass, com o premiado mestre Harildo Déda doando seu conhecimento sobre as tragédias gregas.

Portanto, seja para tomar um café, ler um livro, estudar, marcar um encontro, mostrar sua arte, lançar seu livro, música, espetáculo, ministrar oficinas, o Porto dos Livros é endereço certo, charmoso, cheio de vida e que vibra arte.

Outro momento bastante comemorativo foi o Frente e Verso, com Renata Ettinger e Mário Garcia Júnior, envolvendo um diálogo entre ele, que interpreta letras de músicas, e ela, declamando poesias e poemas.

Na sua página do Facebook é possível conferir os eventos e horários. Visitem! Av. Sete de Setembro 3.564, Loja 2, Porto da Barra Salvador-Ba. Este ano foi lançado o livro Caminho do Céu: Instagram e Facebook: portodoslivros lembranças de um tempo não muito distante, da Raimon Alves jornalista Bruna Castelo Branco, relatando lembranças raimonalvesator@gmail.com Ano 1 | dezembro 2018

Foto: Fábio Bouzas

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Universo Holístico Por: Amanda Reis

O que são Barras de Access?

Olá caros leitores, quanta saudade. Nessa edição trago novidades! Há cerca de um ano fui apresentada a uma ferramenta que fez toda diferença no meu processo de mudança: as Barras de Access. Vocês conhecem? Já ouviram falar? Pois é, Barra de Access chegou para mim através de vídeos da internet e mensagens recebidas de amigos. Como as pessoas já sabem dessa minha imersão no universo quântico sou diariamente bombardeada de informações sobre novas terapias, ferramentas e estudos. Fiquei curiosa, investiguei um pouco mais. Como a vida é cheia de sincronicidades, minha amiga Luciana me motivou a fazer a formação para conhecer melhor a técnica. Uau! Foi incrível. O que foi mais marcante para mim nessa formação foi “ficar na permissão”. Fez toda a diferença, já que venho me aprofundando nos estudos de mecânica quântica, em especial a função do colapso de onda e o tão amedrontador “efeito Zenão”. Ficar na permissão significa tirar totalmente a interferência do observador e estar aberto às infinitas possibilidades. Desde então, virei uma “practioner” ou praticante de Barras de Access, revistaestimuladamente.com.br

mas estudando para me tonar uma facilitadora da ferramenta. Nessa caminhada, quando fiz a minha segunda formação, tive o privilégio de conhecer Nalva Acthis, em nosso meio, Nalvinha. Nalva é Terapeuta energética holística, facilitadora de cursos de Barras de Access, Facelift e Mtvss e 59 técnicas de corpo, além de palestrante no Brasil e em outros países, faz atendimentos diversos a crianças, jovens e idosos. Hoje posso chamar de amiga e parceira. E a nossa conversa nessa edição será com ela, uma das maiores autoridades no assunto aqui no Nordeste do Brasil, que irá nos aprofundar melhor as Barras de Access, essa terapia corporal energética que faz parte de uma das ferramentas terapêuticas do Access Consciouness™, criada pelo psicoterapeuta Gary Douglas nos anos de 1990. Para inicio de conversa, a nossa entrevistada nos chama atenção para uma compreensão que envolve a crença de que estamos aqui para uma missão maior e que somos seres espirituais, vivendo uma vida carnal. Essa é uma grande revelação. Ela segue explicitando que ao longo de toda a nossa 60

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Universo Holístico

ancestralidade, vamos acumulando programações e que se não estivermos atentos e em constante estado de presença, funcionamos literalmente no que ela chama de “piloto automático”. Então perguntei a ela: qual a relação disso com as Barras de Access? Tudo, ela me respondeu. Na medida em que através da simples ação de ativar as barras fazendo- as correr, nos é apresentada uma nova forma de funcionar no planeta. Essas programações de milhares de anos, que abarrotam o nosso cérebro reptiliano, são traduzidos em nosso comportamento a partir de uma tríade formada por pensamentos, sentimentos e emoções. Pois bem, isso são as Barras, 32 pontos na cabeça onde armazenamos todos os pensamentos, ideias, crenças, considerações, emoções e atitudes que pensamos serem importantes em alguma de nossas vidas. Aqui se aplica bem a metáfora do tipo: as barras são o nosso “disco rígido, que acumula e guarda tudo. Ela segue me explicando que “correr as barras” nada mais é que apagar esses arquivos de modo que eles não surjam mais automaticamente. É quando começamos a dissipar a carga elétrica de polaridade armazenada em nosso cérebro. Ao serem ativadas as barras, as ondas cerebrais desaceleram permitindo que padrões de comportamento, sistemas de crença e pontos de vista que temos repetido desde infância ou outras vidas, sejam acessados. O mais mágico de tudo isso é começar a visualizarr, de modo natural, a possibilidade de funcionar a partir do perceber, saber, ser e receber enquanto seres infinitos que somos. Isso significa se permitir sem obrigações ou ressalvas. Já pensaram em descriar, desgravar e desafazer interessantes pontos de vistas apenas correndo suas barras? Pois é bem simples mesmo. A dificuldade é nossa, na medida em que nos questionamos acerca do merecimento para receber tudo de mais incrível que o universo pode nos proporcionar. Nalva reforça: Somos seres infinitos. Quando estamos funcionando a partir de pensamentos, sentimentos e emoções não estamos sendo, estamos determinando, decidindo, julgando, pensando no que podemos receber e quando podemos receber. Pensamentos, sentimentos e emoções polarizam a unidade, criam comparações e impedem esse recebimento. Receber é uma de nossas maiores capacidades e uma das coisas que recusamos mais dinamicamente. Ano 1 | dezembro 2018

“Tudo é uma questão de ponto de vista”, afirma a nossa entrevistada. Por isso as técnica Barras de Access é indicada para todo tipo de pessoa e gera resultados incríveis. Em média as sessões duram em torno de uma hora, onde o practioner se dedica a apenas tocar os pontos na cabeça a fim de trabalhar as zonas deltas do cérebro, no nível subconsciente. E mais do que qualquer outra coisa, cada vez que você faz uma sessão de barras com alguém, todas as considerações que essa pessoa tem em comum com você desaparecem ao mesmo tempo. Pergunto a Nalva: - O que trabalham as Barras? Limpeza de crenças limitantes, dificuldades com relacionamentos, dificuldades com aprendizagem, dificuldades de falar em publico, inseguranças, medos, bloqueios, fobias, libido, autoestima, depressão, falta de concentração e tantas outras coisas mais. Quando estamos dispostos a funcionar a partir de mais consciência, começamos a abrir portas para uma cura completa. A ciência nos diz que o formato das nossas células torna-se mais elíptico quando somos influenciados por pensamentos, sentimentos e emoções, o que é o primeiro passo para a doença. Quando se correm as barras esse impacto das células é liberado, permitindo que retornem ao formato mais esférico facilitando mais alívio no corpo. Uau, quanta mudança esta sendo disponibilizada! Eu disse a Nalva. E como sempre ela me devolveu uma pergunta que agora deixo com vocês: E se correr as barras for o inicio de um processo de mudança jamais imaginável? Não espere, procure o practioner mais próximo e agende uma sessão. Experimente um novo estilo de vida embasado num profundo sentimento de gratidão, conexão com todas as coisas do universo, que parte da seguinte premissa “Tudo vem a mim com facilidade, alegria e glória”!

Amanda Reis amanda.reis@estimuladamente.com.br Nalva Actis @nalvaacthis

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revistaestimuladamente.com.br Foto: Arquivo pessoal - Nalva Achtis


Relações comunitárias Por: Vania Rocha

Solidariedade: fazer o bem a qualquer tempo

Então é Natal e o que você fez o ano termina e nasce outra vez...!!!

Social são todos temas que têm como pano de fundo a solidariedade, isto é, precisa que pessoas vejam, pensem e se movimentem em prol do outro e em prol da comunidade para que de fato tudo funcione Chegamos a mais um final de ano. Ocasião das harmoniosamente. comemorações natalinas com aquele espírito de Então, nesta edição os convido, caros leitores da solidariedade que paira no ar, permeando todos os Revista EstimuladaMente: espaços, desde as relações mais próximas do ambiente a) A refletir: eu faço algo para tornar esse mundo familiar, grupos de amigos, colegas de trabalho melhor? etc., até as ações mais grandiosas como os “Natais Observem que esta é uma reflexão muito simples, Solidários” em orfanatos, abrigos sociais, internatos, com apenas duas possíveis respostas: sim ou não. Ou casas de repousos, presídios, hospitais etc. eu faço algo ou eu não faço nada, simples assim. Só Uma semana depois, chega o fim do ano e com ele que não!!! Nem sempre percebemos que pequenos o momento do balanço entre o que conseguimos gestos e atitudes simples trazem grandes mudanças. cumprir das promessas firmadas no ano anterior, Falaremos sobre isto no próximo convite que vos seguido, é claro, de todas as novas promessas de faço. mudanças pessoais, comportamentais, habituais, b) E a vivenciarmos de fato o significado da palavra sociais... a serem cumpridas no ano vindouro. solidariedade. Tudo parece tão mágico, tudo tão aceitável, Não é necessário pensar em coisas homéricas, tão todos tão perdoáveis, as coisas ficam mais lindas, pouco devemos agir com o ímpeto do imediatismo as pessoais mais perfeitas, as possibilidades mais motivado por este clima de fim de ano. Pequenas atingíveis e todas as esperanças se renovam. coisas e atitudes simples como “bom dia! Como Mas... você está hoje? há algo em que posso lhe ajudar?”, Nas três primeiras edições desta coluna, Relações ainda que não haja nada que você possa fazer só de Comunitárias, vimos falando sobre este tema tão a pessoa saber que você é um ser presente e que está sensível e ao mesmo tempo tão forte: solidariedade!!! ali para o apoiar pode ser mais valioso e solidário do Ubuntu, Fórum de Entidades Sociais, Educação que possamos imaginar. revistaestimuladamente.com.br

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Relações Comunitárias

Solidariedade funciona mais ou menos assim: 1) De grão em grão: Comecemos aos poucos e com o que está ao nosso alcance. Pode ser doando aquela roupa, sapato, bolsa, brinquedo etc que não lhe caiu bem ou que está ocupando espaço no armário sem muito uso. Mas lembre-se usado não é estragado/ quebrado. Também pode ser separando o lixo, reciclando o material reutilizável e disseminando esta ideia para que outros sigam este exemplo, afinal cuidar do ambiente, do meio ambiente e do planeta em que vivemos também é ato de solidariedade conosco e com o próximo. Quer ver mais uma coisa simples e de muita valia? Chegue ali na escola ou creche do seu bairro, na associação de moradores, no CRAS, ou qualquer outro órgão social e ofereça o que você tem de melhor: VOCÊ, ou seja, ofereça uma palestra, um curso que você possa ministrar, uma limpeza que você possa fazer no ambiente, uma consultoria jurídica, uma animação para crianças, uma capacitação para os jovens, um conserto de um objeto num posto de saúde, uma instalação eletroeletrônica, uma parceria, uma aula de yoga para idosos, um passe, uma oração, um estudo bíblico, um aconselhamento, uma massagem num indivíduo enfermo que passa horas em seu leito, uma leitura ou contação de histórias para crianças do bairro... Em suma, seja parceiro da escola, do Centro Social, do Posto de Saúde... seja parceiro da sua comunidade. Viram como são infinitas as possibilidades?! Atos de Solidariedade têm de sobra você só precisa identificar qual está ao seu alcance. 2) Redes sociais: Hoje em dia propagar o bem está mais fácil que nunca. Mas, infelizmente o que vemos com mais frequência é o que há de pior.

metodologias lúdicas e criativas, caminhos possíveis para o autoconhecimento e autodesenvolvimento considerando as histórias de vida, contextos e experiências” [1], e, assim, tornar a comunidade, a sociedade, o mundo um lugar melhor de se viver. IMPORTANTE: Cuidado pra não transformar a rede social no seu palco de vaidade. Divulgue a ideia, motive outros a fazerem o bem e, repito, faça da rede social um espaço educativo de propagação de ideias solidárias e não a divulgação de seus “feitos solidários”, expondo os envolvidos, pois corre o risco de a ação sair pela culatra e as pessoas virem suas ações como algo só pra aparecer. Como diziam minhas avós: o que a mão direita faz a esquerda não precisa saber. E eu adapto: se for pra ajudar então está liberado contar pra mão esquerda rsrsrs!!! 3) Brincar de 1=3: A brincadeira do 1=3 consiste na corrente do bem, isto é, para cada boa ação que você fizer para alguém peça que o agradecimento seja a prática de boas ações para mais três pessoas. A ideia é que cada um repasse para mais três e estes para mais três e assim sucessivamente.

Viram: praticar a solidariedade pode ser hábito e não uma atitude sazonal que vem com os períodos As redes sociais têm um potencial inimaginável, a festivos. A mão esquerda já pode saber o que a abrangência e a velocidade com que a informação direita faz para também ajudar a fazer!!! #ficaadica. chega faz com que as redes sociais sejam ferramentas Então bom Natal e um ano novo também riquíssimas para divulgar boas ideias, para replicar que seja feliz quem coisas boas, exemplos bons, sucesso e superação. souber o que é o bem!!! Então por que não utilizá-las com fins educativos [1] SOBRE (link). Revista EstimuladaMente. On line. 2018. e como meio de buscar unir forças para melhorar Disponível em: <http://www.estimuladamente.com.br/?page_id=5> nossa sociedade? Transforme as redes sociais no mesmo que a Revista EstimuladaMente tem Vania Rocha buscado ser: “um espaço que concebe a partir de vaniarocha.antropologia@gmail.com Ano 1 | dezembro 2018

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Terceiro Setor Por: Simaia Barreto

Associativismo para pensar o desenvolvimento local

Foto: Arquivo pessoal

Nessa edição vamos conversar um pouco sobre como a participação de pessoas e o associativismo comunitário pode transformar um lugar a partir da luta pelos direitos básicos que nos permitem buscar o bem viver! Quem conversou conosco para essa matéria foi o Daniel Pereira dos Santos, 32 anos, historiador e colaborador da Incubadora de Empreendimentos Solidários – INCUBES da Universidade Federal da Paraíba. Antes de tudo, informo que a experiência de hoje vem da comunidade São Rafael, periferia de João Pessoa – PB. Segundo informações das redes do Instituto Voz Popular, a comunidade possui sessenta anos e aproximadamente três mil e quinhentas pessoas e conta com nove organizações comunitárias. Imagina que quatro dessas organizações estão ligadas diretamente ao Instituto Voz Popular e é sobre ele que vamos falar hoje. Daniel, nos fala que o instituto foi criado com a finalidade de cobrar os direitos da comunidade de São Rafael. Isto porque, na opinião e vivencia dele, você não tem o Estado contribuindo e fazendo as ações necessárias no local. Assim, a associação surge para fazer com que os moradores tenham condições através de uma entidade jurídica de cobrar seus direitos. revistaestimuladamente.com.br

Para quem não sabe, no período de redemocratização do Brasil no final da década de 80 foi grande o crescimento de associações comunitárias, principalmente urbanas, na perspectiva de provocar o governo no acesso à direitos, com destaque para preservação ambiental. Uma boa dica de leitura sobre isso é o livro de Renato Raul Boschi cujo título é “A arte da Associação: política de base e democracia no Brasil”. Inclusive uma boa leitura sobre essa seção intitulada terceiro setor. Fica a dica! Então, o papel do Instituto Voz Popular - IVP, que na sua base é uma associação, foi criado em 2005 e surgiu da articulação de várias organizações locais com intuito de representar os moradores da comunidade e também dar visibilidade às ações que aconteciam, já que não havia visibilidade por parte dos meios de comunicação e de outros segmentos. Fato que ocorre também em outros lugares em que diversas comunidades buscam falar sobre sua realidade mediante redes sociais e articulações locais, principalmente, as periferias brasileiras. No rio temos o “Voz das Comunidades” que tem um trabalho bem bacana. A ideia é deixar a comunidade falar pro mundo. 66

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Terceiro Setor

Se observarem, muitas vezes temos uma visão das coisas através do veículo que nos passa informação, por isso é bom nos informarmos através de várias fontes confiáveis. Imagina quantas pessoas pensam que os moradores das comunidades das zonas periféricas das grandes cidades são ruins, preguiçosas e violentas. Acha impossível alguém pensar assim? Muitas comunidades enfrentam problemas sérios, desde acesso a serviços públicos, como transporte etc., até assédio da violência do tráfico às crianças e adolescentes. Visando, e muito, a transformação do local para o bem viver é que o Instituto Voz Popular – IVP desenvolve ações na área de economia solidária com o banco comunitário Jardim Botânico (lembra do banco comunitário da edição anterior? Pois é, eles têm um lá também), padaria comunitária e agora com o Centro de Economia Solidária Paul Singer. Na área de democratização da comunicação existe atuação direta com a rádio comunitária, a manutenção de um blog, um site e a Web Tv, além da gestão direta do ponto cultura local. Dessa forma, a articulação de todas as ações possui a perspectiva do desenvolvimento local. Daniel afirma que no caso da comunidade de São Rafael a organização trabalha com cultura e Economia Solidária - ECOSOL. Através de ações com crianças, adolescentes e idosos, acaba atuando com todas as gerações. Na opinião de Daniel, “isso mostra aos moradores que o IVP e o desenvolvimento das ações conseguem gerar desenvolvimento local com a participação de todos. No final das contas isso gera um bem viver porque as pessoas começam a participar do processo e passam a entender a importância da participação e construção coletiva”.

Foto: Arquivo Ano 1 |pessoal dezembro 2018

Daniel desenvolve esse trabalho há mais de 15 anos porque foi uma das crianças beneficiadas pela antiga associação que trabalhava na comunidade e quando cresceu se viu no direito e na obrigação de também dar uma retribuição, já que as pessoas antes fizeram isso. Por isso ele acha importante participar e dar continuidade às ações. Percebam como o papel das organizações locais e comunitárias possuem impacto na formação das pessoas, sobretudo os jovens. Talvez precisemos apoiar e replicar mais exemplos como esse. Daniel destaca a ação de natal que o IVP realiza todo ano com as crianças da comunidade, após uma campanha aberta nas suas redes sociais a organização recolhe brinquedos para doar na noite de natal com um típico Papai Noel passeando pela comunidade. Lembramos que todos podem ajudar essa experiência de associativismo entrando em contato no site e nas páginas das redes sociais. O IVP sempre está postando as ações e as formas de apoio. Assista, acompanhe e compartilhe! Livro indicado: Boschi, Renato Raul. A arte da Associação: política de base e democracia no Brasil. São Paulo. Ed. Revista dos Tribunais; Vértice; Rio de Janeiro: IUPERJ, 1987. Site: https://institutovozpopular.webnode.com/ Blog: http://institutovozpopular.blogspot.com/ Facebook: https://pt-br.facebook.com/ivozpopular/ Publicações: https://issuu.com/cpccsaorafael Informações: https://pt.slideshare.net/ CPCCRADCOM/apresentao-do-instituto-vozpopular Simaia Barreto simaia21@gmail.com

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O que vamos organizar hoje? Por: Tais Reis

O que vamos organizar hoje? A cama e a vida!

Como prometido no último número, a nossa coluna vai ampliar a visão de organização. E para começar a nossa conversa vamos fazer algumas reflexões. Então vamos começar do princípio, daquele momento do dia em que iniciamos as tomadas de decisões. O nosso despertar. É quando acordamos que a magia se inicia. Temos uma quantidade finita de tempo por dia para utilizarmos como bem entendermos. A organização vem colaborar com a otimização do tempo, assim, com a disponibilidade de preciosos minutos podemos conviver mais com a família, buscar as atividades que nos faz feliz e tudo mais que desejar. A organização pode fazer parte da nossa vida de uma maneira leve e tranquila, mas, para isso, é necessário que façamos disso um hábito diário. Fica fácil quando a nossa primeira ação é arrumar a nossa cama. É isso mesmo... podemos ser pessoas mais organizadas e produtivas se incluirmos na nossa vida diária o hábito de arrumar a cama. O almirante da marinha americana William H. McCraven, em um discurso inaugural na Universidade revistaestimuladamente.com.br

do Texas, declarou que se você quer mudar o mundo, precisa começar arrumando a sua própria cama. “Isso lhe dará uma pequena sensação de orgulho e irá encorajá-lo a fazer outra tarefa, e mais outra e mais outra. No fim do dia, aquela tarefa concluída terá se transformado em várias tarefas concluídas”. E tem mais, a autora Gretchen Rubin, que escreveu o best-seller O Projeto Felicidade, explica que fazer a cama é a “mudança de hábito número um, mais impactante na vida das pessoas”. Para encerrar a lista de exemplos, o também autor Charles Duhigg, que escreveu o livro O Poder do Hábito, diz que fazer a cama todas as manhãs está relacionado com a melhora na produtividade e aumenta a felicidade. É uma ação relativamente rápida e de impacto inestimável. E a influência não se dá somente na produtividade do dia, mas também na qualidade do sono, pois se não arrumamos a cama ao levantar, ao final do dia ela estará da mesma forma. O que gera ansiedade e frustação. E isso desencadeia sensações incompatíveis com o relaxamento necessário para o sono. 68

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O que vamos organizar hoje?

Isso se explica com a observação de estudos, os quais demonstram que a desordem é capaz de aumentar os níveis de Cortisol, conhecido como hormônio do estresse. Ambientes bagunçados deixam o cérebro sobrecarregado. Ocorre que o Cortisol, além de ser o hormônio do estresse, é também o hormônio da insônia.

arrumação da cama. Essa afirmação nos faz refletir sobre o que privamos nossos filhos de vivenciar em lugar de oferecer ferramentas para o desenvolvimento deles. Mas isso é assunto para outra coluna. Agora me responde: Após despertar do seu sono, você arruma a sua cama? E quando você retorna para o quarto, para um novo ciclo de sono e vê a cama desarrumada, como se sente?

As situações que interpretamos como estressantes aumentam nossos níveis de Cortisol, podendo prejudicar a qualidade e a duração de nosso sono. O normal é que a quantidade deste hormônio vá reduzindo gradualmente conforme o dia se desenrole. Porém, se os níveis de Cortisol não diminuírem à noite, por conta do motivo do estresse se manter ativa, provavelmente teremos dificuldades para pegar no sono.

Os seus lençóis, fronhas e travesseiros estão limpos? Apresentam rasgos ou manchas? Vamos começar com um passo de cada vez. Arrumar a cama, utilizar lençóis, fronhas, travesseiros e cobertores limpos, perfumados, sem rasgos e manchas. E daí observar como isso vai atuar em nossa vida diária. O Feng Shui prega que criar esse hábito ajuda a organizar a mente e torna os pensamentos mais claros e objetivos.

E para os casos que outra pessoa assuma arrumação da nossa cama, perdemos a oportunidade de comprimir a nossa primeira tarefa, e é comum observar nestas pessoas o hábito da procrastinação.

De nossa parte adicionamos que a cama arrumada harmoniza o quarto e a nossa vida.

Nos casos específicos de crianças e adolescentes tem uma observação especial. Dia desses uma amiga nos disse que erramos ao tratar os nossos filhos como hóspedes, para os quais liberamos todas as obrigações de organização e manutenção do lar, entre elas a

Fotos: Tais Reis1 | dezembro 2018 Ano

E então, vamos organizar nossa cama de agora em diante? Tais Reis tais_c@bol.com.br

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Planejamento Consciente Por: Marcelo Reis

Planejando os Sonhos

No livro O vendedor de sonhos, de Augusto Cury, um dos pupilos do Mestre (o vendedor de sonhos), observa o constrangimento de muitos ao serem perguntados quem eles eram e quais seus grandes sonhos. Muitos não sabiam responder nem sobre quem eram e nem quais eram seus grandes sonhos. A maioria utilizava suas frustrações, dores e ocupação para se justificar. Se seus sonhos forem desejos e não projetos de vida, certamente levarão seus conflitos para a sepultura. Sonhos sem projetos produzem pessoas frustradas. Segundo o autor, o objetivo principal do sonho não é o sucesso, mas se livrar do conformismo. Augusto Cury cita Graham Bell que diz: “se andarmos pelos caminhos que os outros já percorreram, chegaremos, no máximo, aos lugares que eles atingiram”. Essa frase indica que somos orientados a seguir um modelo de sucesso em que conseguimos repetir as histórias das pessoas que admiramos, mas morreremos como grande parte revistaestimuladamente.com.br

deles, sem saúde e sem sonhos. Nosso tempo tem um preço. Este preço muitas vezes é pago pelo sistema em que vivemos. Mas junto com o tempo, em busca de sucessos prontos e enlatados, somos instrumentos de realização dos sonhos alheios. E onde ficam os nossos sonhos? É fácil pensar sobre isso tendo a sua frente um futuro incerto, competitivo, apreensivo e um entendimento de trabalho que nos escravize? No livro, o Mestre, como vendedor de sonhos, incentivava que as pessoas acreditassem em si mesmas e nos outros, o que incomodou outras tantas pessoas. Num momento de fragilidade em que teve seu passado exposto, o próprio sábio questionou: O que construí? Porque não dei prioridade ao que mais amava? Porque nunca tive coragem de fazer uma cirurgia em minha agenda? Quando é tempo de desacelerar? O que é mais inadiável do que a própria vida? O que adianta ganhar todo o ouro do mundo e perder a vida? 70

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Planejamento Consciente

Ele foi mostrado para uma plateia enquanto estava • O que conquistaria utilizando seus maiores em um delírio, em um centro psiquiátrico, no instante talentos? em que se culpava pela morte da família durante • Qual a sua lista de sonhos? uma viagem de férias, várias vezes adiadas, por conta • Quais ações necessárias para transformar seus de sua agenda sempre lotada e sua busca por mais sonhos em realidade? fortuna e prestígio. • Quais ações práticas poderá adotar hoje? Daí o “vendedor de sonhos” nos presenteia com uma Tenha uma vida repleta de sonhos e um excelente maravilhosa lição de vida: Planejamento Consciente. “...traí e neguei meus alicerces. Coloquei o amor de Marcelo Reis meus filhos e de minha esposa debaixo do tapete das marcelo.reis@estimuladamente.com.br minhas atividades e preocupações. Dei tudo para eles, mas esqueci de dar o que para mim era um detalhe, mas para eles era fundamental: a mim mesmo. Meus amigos ficaram em terceiro plano, meus sonhos em último. Como é possível ser um bom pai, um bom amante, um bom amigo, se as pessoas que amamos estão fora de nossa agenda?” Esse é um magnífico livro que nos conduz a uma história de vida que padece de sonhos. A uma vida em que o tempo é preenchido pelo desejo de reconhecimento e sucesso. Não que estes sejam sonhos que te esvaziem. Mas, se o sucesso não for alcançado com consciência e clareza das verdadeiras prioridades e na medida da racionalidade, sem que estejam alinhados com seu propósito, você apenas passou pelo mundo. Existiu apenas para si e para manter um sistema que criminaliza sonhadores. CUIDADO: Os sonhos são seus, eles pertencemlhe. O problema é quando seus desejos e sonhos o possuem. “Conquistas sem riscos são sonhos sem mérito. Ninguém é digno de sonhar se não usar suas derrotas para cultivá-los.” Viva o caminho em busca do seu sonho. Faça dessa busca uma caminhada de prazer, aprendizado, humildade e gratidão. E se te perguntar nesse momento: qual seu grande sonho? Vai ter uma resposta? Que tal instigar ainda mais seu planejamento de alcance de seus sonhos? E como seria se nesse percurso você entendesse que realizar o sonho de alguém pode ser tão relevante quanto realizar os seus? Para o alto e avante! • Quem é você? • O que deixaria de fazer para ser feliz? • Você realizou um sonho de infância? • Como seria se fosse capaz de realizar o sonho de alguém? Ano 1 | dezembro 2018

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Registro Por: Lais Nascimento

Projeto S.E.R e Café com Empatia reúnem colaboradores da Estimuladamente Quando pensamos nesta seção, queríamos registrar nossas andanças por espaços onde se fala a “nossa língua” e compartilhar com vocês, queridos leitores, nossas percepções e aprendizados por estas trilhas do autoconhecimento. Dessa vez, aproveitamos uma programação ousada encarada por um trio muito querido, competente e devidamente reconhecido pelas páginas da Estimuladamente, e porque não dizer, pelo mundo afora: José Alves, Marcelo Reis e Pedro Cordier. Se você ainda não os conhece, procure saber! Risos...

As apresentações começam por aqui! Em comum, além da amizade, os três colecionam a formação em Thetahealing e as certificações em Coach pela The Inner Game International School (com Tim Gallwey), pela Brascoaching e pelo Método IKIGAI. Além da pós graduação em Coaching e curso de PNL. E quando estão juntos, alguma grande ideia sempre surge! “Muito mais do que guiar alguém na conquista de resultados, o coach deve despertar em seu coachee o desejo pelo autoconhecimento e a percepção de suas forças e protagonismo na sua própria vida”.

Foto: Arquivo pessoal

Foto: Arquivo pessoal

Nossa primeira parada foi o Projeto S.E.R Solidarizar, Empreender e Ressignificar - que realizou um ciclo de autoconhecimento, com atividades durante um dia inteiro – em 2 de dezembro, no Espaço Luminah, em Stella Maris. Idealizado pelo pós doutor em Práticas Integrativas e terapeuta Transpessoal, George Mariane, o Projeto S.E.R tem a finalidade de mobilizar as pessoas para a reflexão sobre o que nos constitui: o espiritual, o biológico, o social e a família. No roteiro do evento, vivências, palestra musicada, cura energética, constelações familiares e bate-papos com coaches. Foi aí que nossa Trinca de Ases deu show! Em um clima descontraído e de muito entrosamento, Zé Alves, Marcelo e Pedro apresentaram o painel “EXERCITANDO O COACHING: Conceitos e Práticas de Desenvolvimento Humano”. Entre um dado e outra informação trazidos pelo grupo, o diálogo foi acalorado quando o tema “Essencialismo” entrou na roda. É interessante perceber, que em diferentes e diversos níveis, todos nós já nos questionamos se revistaestimuladamente.com.br

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estamos no caminho certo, em direção à nossa felicidade e realização interior ou se nos desviamos e passamos a dar mais valor ao que menos importa verdadeiramente. E por alguns minutos esse senso comum veio à tona, naquela tarde de domingo! Dentre as muitas provocações, uma parece ter feito muita gente pensar: “O que é realmente essencial para sua vida?”. Na hora, pensei no quanto estes momentos de reflexão podem nos mover na direção de nossos sonhos! E no quanto um Coach, que viva essa profissão na essência e seguindo um propósito, pode ser decisivo em um momento de mudanças de rumo ou de estagnação na carreira de alguém. Vi muita gente se mexendo na cadeira! E como isso é bom! O incômodo pode nos levar a uma mudança positiva. Dali, antes mesmo do fim, ao embalo de Milton Nascimento, encerrando aquele dia de mergulho nas profundezas do nosso ser, já imaginava como seria o próximo destino. Ano 1 | dezembro 2018


Foto: Divulgação

E logo chegou o Café com Empatia! O encontro, bem diferente de tudo de que já participei, é inspirado na metodologia World Café, ou Café do Mundo, (http://www.theworldcafe.com/) de livre acesso e desenvolvida por Juanita Brown e David Isaacs. Um formato simples, eficiente e que pode ser adaptado para diferentes contextos (escolas, empresas, grupos diversos). O local escolhido para a edição do dia 4 de dezembro, que contou com Marcelo Reis como um dos anfitriões, foi o Ravel Café, um espaço super receptivo e cheio de personalidade, na Pituba. A idealizadora e curadora do Café com Empatia, Daniela Saraiva, conta que sua inspiração vem muito da percepção da falta de diálogo no cotidiano das pessoas. “Propomos aos participantes, que podem se inscrever livremente, um espaço aconchegante, de troca de ideias e informações sobre temas pertinentes à liderança, onde possamos estar presentes e dialogar sem hierarquia, permitindo uma abertura para o outro e para uma construção coletiva sobre o tema proposto”. Pedro Cordier, desta vez estava como Host, explicando as regras do jogo, cuidando do fluxo e do tempo, para que o papo não fosse só conversa fiada, mas um encontro de resultados. Em grandes mesas redondas, com papéis e canetas coloridas, os anfitriões recebem os “viajantes”, que são os participantes que se inscreveram no evento. A função principal do anfitrião é estimular a contribuição de todos na conversa, bem como, que se expressem com rabiscos, desenhos e outras maneiras não formais. A cada rodada de diálogo, que dura em torno de 20 minutos, o grupo se concentrava em uma pergunta apresentada pelo anfitrião. Ao fim de cada rodada, os anfitriões e quem mais desejasse, tinha espaço aberto para compartilhar os pontos mais importantes Ano 1 | dezembro 2018

da conversa com o resto do grupo. Uma experiência muito enriquecedora, e diferente de outras metodologias que priorizam a fala em detrimento da troca e da escuta. Eu, ali, como observadora, vi muitas expressões de surpresa e curiosidade, e percebi que o jogo muda quando nós mesmos temos que encontrar as respostas para o que acreditamos ser o problema. Quando Marcelo lançou a questão “Seu projeto de vida está conectado com seu propósito de vida?”, senti pelos olhares, que muita gente ali percebia a necessidade de transformações, sabe?! Pude ver o entusiasmo em cada rosto figurado pelos “visitantes”. Daniela Saraiva conta que o projeto do Café com Empatia, que tem a parceria do Círculo de Líderes, em Goiânia, e do Instituto Planos e Escutatória, em Salvador, tem a missão de provocar uma reflexão e pelo menos algumas ações planejadas para a (re)construção da liderança. Pelo clima da despedida, acredito que foi bom pra todo mundo. Assim é quando a troca acontece! Mais sobre a metodologia World Café usada no Café com Empatia: Daniela Saraiva - danisaraivasantos77@gmail.com Lais Nascimento jornalismo@estimuladamante.com.br

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Foto: Divulgação revistaestimuladamente.com.br


Autoconhecimento & Espiritualidade Por: Conça Cedraz

Deus lhe faça Feliz

Minha tia Dulcinha, desde minha infância, sempre se despediu de mim com a mesma benção: “Deus lhe faça feliz, minha filha!” e, lembrando dela e do Natal, comecei a pensar um pouco mais sobre a palavra benção e no que ela pode ser para cada pessoa. A palavra “Benção”, segundo o dicionário Aurélio, significa “invocar a graça divina sobre algo ou alguém”; porém me identifico mais com a definição da Wikipédia: “é um desejo benigno, que pressupõe um efeito no mundo espiritual, de modo a afetar o mundo físico” e me sinto ainda mais contemplada com o significado dado pelo Pathwork® que diz que significa o desejo vigoroso e total para o bem, o qual sustenta que não há opostos nem conflitos internos dentro do ser. Essa última definição traz implícito o conceito de autorresponsabilidade, ao afirmar que nossa disponibilidade interior, consciente e inconsciente, é necessária para fazer com que a benção seja efetiva. Abertura, disposição e completa cooperação interna são necessárias para permitir que duas forças se encontrem com outras duas outras: as crenças internas precisam estar em consonância com os pensamentos externos e a doação de quem abençoa com a abertura interior de quem é abençoado. revistaestimuladamente.com.br

Quando desejamos o bem a alguém, precisamos estar inteiros nesse desejo, como se diz popularmente: precisa ser um desejo do mais profundo do coração. Porém, se esse desejo não está em consonância com uma abertura de consciência do abençoado, nos depararemos com desejos opostos e a concretização da benção fica dificultada. O crescimento do ser humano ocorre no tempo e no espaço, desde o momento em que nascemos já começamos a nos mover em direção à morte. No instante mesmo em que lutamos por qualquer tipo de felicidade nos deparamos com pensamento que nos levam ao seu oposto: e se não der certo? e se eu perder o que conquistei? E se... e se... e se.... Muitas vezes tememos o fato de atingir um objetivo por medo da destruição dele. Assim, adiamos a realização e a plenitude. Visto que a vida é feita de opostos (dia/noite, alegria/ tristeza, claro/escuro etc.) e o desenrolar da vida e, consequentemente, nosso crescimento emocional e espiritual ocorre de forma também dualista, existe sempre um pico a ser alcançado e, após esse pico, uma descida. A alegria durante a curva ascendente nunca pode ser completa e despreocupada, sem ansiedade, pois mesmo antes que o cume seja alcançado, antecipa-se o declínio. 74

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Autoconhecimento & Espiritualidade

A autorrealização e consequentemente a abertura para as bênçãos divinas requer deixar cair nossas camadas de confusões internas, de forma que o Self Real venha para o primeiro plano, assumindo para nós mesmos e diante do outro o que existe dentro de nós, com nosso melhor e nosso pior. Isso só pode ocorrer quando estivermos dispostos a olhar a nós mesmos como realmente somos, e não como gostaríamos de ser. O compositor Juraildes da Cruz tem uma música que diz: “Eu tentei fugir de mim, mas aonde eu ia eu tava, quanto mais eu fugia, mais pra perto eu chegava”. A tentativa de fugir de si mesmo e dos seus “demônios” interiores jamais será possível, eles sempre se apresentarão a você, disfarçados ou abertamente. Porém, um verdadeiro encontro consigo mesmo somente pode ser feito quando você dirige o olhar honestamente para os seus humores e reações mais sutis. Estou com raiva, tenho medo, sinto tristeza, quero que você faça por mim, não quero pagar o preço, quero isso mas não quero abrir mão daquilo... Sem o reconhecimento das pequenas desonestidades, auto-enganos e presunções errôneas do dia a dia, você não pode questioná-las e afastá-las para dar espaço a uma nova realidade. Por exemplo: quando você teme a morte e se agarra à vida de forma tensa, você termina por se afastar da vida e se aproximar da morte, através da sua oposição a ela você termina por trazê-la constantemente para a sua vida, limitando-se.

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“Sempre que um vago incômodo é honestamente examinado e verbalizado, o conceito no qual ele se baseia pode ser revelado e questionado” (Pathwork®). A libertação desses nossos incômodos somente será possível se nos dispusermos a estar no agora, com tudo o que já existe dentro de nós, por trás dos níveis de confusão e dor. Quando o nível de confusão e dor é totalmente compreendido é possível liberar e trazer à superfície toda a possibilidade da benignidade da vida. A paz e a harmonia interiores não podem ser alcançadas quando a alma está em um estado fortemente travado e a única maneira de transcender tal estado é aceitá-lo temporariamente sem medo, sabendo que ele não é definitivo. O estado de abertura para as bênçãos divinas em nossas vidas é um estado sem medo, mas o medo não pode ser abandonado através da insistência em afastá-lo, o único meio de se libertar do medo é experimentar que se pode lidar com ele. E quando você se libertar do medo de tudo o que existe dentro de você, será possível se abrir para a plenitude da vida e receber a benção de um outro lugar, e o “Deus lhe faça feliz pode então se tornar um mandato: FAÇA-SE FELIZ! Conça Cedraz concedraz@gmail.com

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Minha Estimuladamente Por: Gabriela Ferreira

Qual o valor do seu sonho?

Foto: Marcelo Moraes

Acredito que começar dizendo que iniciei 3 cursos em faculdades diferentes é um bom começo, já que a nossa sociedade diz que o diferencial está em quem cursa o nível superior, comprei essa verdade por três vezes e em nenhuma delas senti o que sinto agora. Sentia-me uma E.T, perdida e me perguntando o que estava fazendo ali. Decidi que era mais corajoso sair da faculdade, já que não me encontrava e nem me encantava, do que ficar insistindo. Trabalhei em alguns locais que também começaram a deixar de fazer sentido, em um deles alcancei o nível máximo permitido e comecei a me questionar sobre o que fazer... Em dezembro do ano passado eu fui desligada da empresa e decidi que não trabalharia mais para ninguém, que faria algo que me trouxesse contentamento. Fiquei 2 meses em casa planejando uma forma de empreender com uma amiga, não avançamos. Separei-me e aceitei uma proposta de emprego em uma Instituição que já trabalhei antes. Foi uma experiência diferente e marcante, porém nada daquelas borboletas no estômago. revistaestimuladamente.com.br

Antes de tudo isso acontecer, lá em 2011 ouvi falar de um projeto social para jovens, a Escola Social do Varejo, que ao meu ver não tinha a missão de formar para o varejo apenas e sim para a vida. A “disciplina” que mais me chamou a atenção foi DPS (Desenvolvimento Pessoal e Social), cujo principal objetivo é desenvolver as competências que temos, ou seja, nos fazia olhar para dentro todos os dias e nos dava as ferramentas necessárias para crescer e descobrir o que somos, o que queríamos ser, e principalmente, o que precisávamos fazer para chegar no SER! Lembro-me que a nossa rotina era bem intensa: pela manhã a formação no SENAI e à tarde no Núcleo (local onde ocorrem as oficinas). A nossa educadora de DPS, Ingrid Araújo, nos fazia olhar para eventos comuns do dia-a-dia como algo desafiador e que poderia ter diversos desfechos. Teve um dia que o lanche foi mingau e o lanche chegou muito quente, impossível de beber, enquanto alguns 76

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Minha Estimuladamente

desistiram e outros continuaram esperando esfriar a professora iniciou a aula e deu falta em todos que não estavam em sala no momento de início. O que levei disso é que a vida nem sempre vai esperar o “mingau” esfriar para seguir e que as soluções não serão as mais fáceis, que talvez seja necessário que ele esfrie no caminho ou que ele fique para outro momento. Sou grata por todo aprendizado que obtive atrvés dessa educadora que sempre demonstrou que acreditava em cada um e não deixava que nenhum de nós acreditasse no contrário ou se sabotasse. Desenvolvíamos atividades na comunidade( trabalho voluntário), trabalhos em grupo, apresentações que nos colocavam em situações que erámos protagonistas, responsáveis por pensar em soluções e colocá-las em prática! Uma experiência que levarei para a vida toda.

é importante melhorar a nossa relação com nosso alimento que é mais que apenas saciar uma vontade do momento ou uma simples ingestão de nutrientes, como também a prática de atividades ou exercícios físicos.

Quando adolescente fazia massagens em amigos e familiares, nada profissional, mas o pessoal elogiava muito, dizia que levava jeito, mas nunca havia pensado em investir antes, e nessas mudanças da vida tive uma espécie de estalo “ é isso!”, e comecei a procurar cursos que eu pudesse custear, vi na página da UNEB um curso de Drenagem Linfática, decidi fazer, me inscrevi e participei da turma. Num dia de estágio após massagear uma profissional ela me perguntou se podia me abraçar e agradeceu, que dia feliz quando você descobre para quê veio ao planeta, aquela sensação de estar perdido passou! Mas aí vieram outras dúvidas e questionamentos: “como ser o diferencial e me colocar no mercado? Que valor devo cobrar? E não posso sair ainda do trabalho apenas com esse curso!” Continuei trabalhando e pensando de que forma poderia melhorar? Daí minha amiga Ingrid Araújo me falou que o noivo dela iria fazer um curso de Acupuntura no Centro Social Brasil China e falou do investimento, incialmente pensei que estava muito alto. Mas qual o valor do seu sonho? Tem um limite para investir nele? E foi pensando nisso que resolvi me inscrever e continuei trabalhando no horário comercial, iniciei o curso aos sábados e domingos; antes surgiu a minha primeira cliente de Drenagem linfática e outras por indicação dela e por verem o resultado do meu trabalho! Que felicidade!

Gabriela Ferreira gferreira.ferre@gmail.com

Nosso consumo também precisa ser repensado: “de quem compramos?”, “para quê compramos”?, “ precisamos realmente?”. Hoje sou uma mulher realizada, que não se preocupa em ter chegado aos 30 anos sem um nível superior, que ama a massoterapia e acredita que a cura está em cada um de nós, precisamos saber apenas onde tocar! Obrigada por acreditarem – Manas, Papai e Mainha, Tia Preta, Ing e Nilton, Marcio, Gesse, Mila, Rai e demais amigos e clientes!

Acredito que, independente da situação financeira, precisamos acreditar em nossos projetos e procurar alimentar ele da melhor forma, acima de tudo com planejamentos e parcerias. Falando de alimentação, Ano 1 | dezembro 2018

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Foto: Arquivo pessoal revistaestimuladamente.com.br


Estimuladamente indica Por: Lais Nascimento

As minhas reflexões sobre o Ho’oponopono Com este título, Mabel Katz, uma das principais autoridades sobre Ho’oponopono, na atualidade, reúne suas experiências ao longo da vida, neste Ebook lançado em 2017. Em seus artigos, Mabel compartilha fatos e aprendizados da sua convivência com o mestre Dr. Ihaleakalá Hew Len, criador da técnica havaiana. No livro, ainda é possível conhecer experiências de vida de Mabel, como mãe, executiva, autora, conferencista e embaixadora da paz. Confira: mabelkatz.com

Cursos online gratuitos SEBRAE Conhecer sobre o que se deseja fazer/trabalhar/vender pode ser o primeiro passo para a construção ou reestruturação de um negócio. O Sebrae possui uma plataforma específica para Educação a Distância, com oferta de mais de 100 cursos sobre diversos temas como legislação, finanças, planejamento, vendas, gestão de pessoas. Entre as soluções educacionais do EAD Sebrae estão cursos, oficinas por celular, jogos, minicursos, vídeos, ebooks e podcasts.

O Poder da Positividade Para começar o novo ano de esperanças renovadas, a dica é este livro empoderador. Na obra, Geraldo Rufino conta como atravessar o caos e o pessimismo diários, sem perder a felicidade e positividade. O autor afirma que “o que nos acontece é sempre o melhor, ainda que não enxerguemos assim no início”. Depois de ler esse livro, talvez você descubra quais valores são essenciais para que você tenha uma vida plena independente de problemas.

A Travessia O filme que estreou em 2015 ainda é sucesso pela superprodução que quase transforma uma história real em fábula. Em 1974, o equilibrista francês Philippe Petit atravessou os mais de 40 metros que separam as Torres Gêmeas nos EUA, sobre uma corda de aço, presa ao topo dos prédios que eram, na época, os mais altos do mundo. Para cumprir o feito contou com estudos, ajuda profissional e muito exercício, transmitindo mensagens de coragem, liberdade e luta pelos sonhos.

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Estimuladamente indica

De Santo Amaro a Xerém A mistura do samba de roda da santoamarense Maria Bethânia, com o samba do carioquíssimo Zeca Pagodinha promete dar o que falar. O show marca o lançamento do CD/DVD dos renomados artistas - “De Santo Amaro a Xerém”, gravado em São Paulo. Depois de passar por Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, a dupla chega em Salvador, com apresentação única no dia 26 de janeiro, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves. Mais informações: tca.ba.gov.br

Labirinto de Eva Certa de que a poesia é arte inquieta, limite entre a compreensão e incompreensão, a baiana Inaiá Simões nos convida aos deleites de suas palavras impressas, capazes de promover o centramento e cura para as dores da vida. Esse é o terceiro livro da autora, cujo prefácio é assinado pelo poeta piauense Rubervan du Nascimento, classificado em 1° lugar em concursos literários no Rio de Janeiro e em Pernambuco. Destaque para a poesia Superação, ganhadora de Menção Honrosa no Prêmio O BURITI 2013.

Coaching na Essência Para os profissionais de coaching que querem atuar dentro de padrões e práticas dos mais experientes e bem sucedidos coaches do mundo, esta obra se torna especial. Na essência, a ética e o profissionalismo se destacam para garantir confiabilidade, transparência e excelência no atendimento. Fernanda Birck, Maurílio Barboza e Rodrigo Miranda trazem neste livro As 11 competências do coach profissional - uma excelente aquisição para quem busca valorização e desenvolvimento.

A Escola Sustentável - Ecoalfabetizando pelo ambiente Essa obra é um verdadeiro presente da australiana Lucia Legan, para educadores brasileiros, baseada na Permacultura. O livro traz exercícios e atividades que misturam a sabedoria das culturas tradicionais e indígenas com tecnologias e informações das ciências modernas. O modelo de escola que propõe a integração entre o homem e a natureza é fruto do trabalho da autora como co-fundadora do Ecocentro IPEC - em Pirenópolis, Goiás. A 2° edição traz um pôster da Flor da Sustentabilidade.

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Mensagem Por: Braulio Bessa

Que esse ano você possa acreditar Que esse ano você possa mudar, há mudança até na dor, basta a gente observar. Deixar a casa dos pais, mesmo querendo ficar. Ver amigos indo embora. Sentir a dor de quem chora. Sofrer também é mudar. Perder aquele emprego, não ter grana pra gastar, estudar pra aquele concurso e mesmo assim não passar. Ser largado, ser traído, se sentir meio perdido. Sofrer também é mudar. O vento que às vezes leva é o mesmo vento que traz. Leva o velho, traz o novo, se renova, se refaz, transforma agito em sossego, desconforto em aconchego e faz a guerra virar paz. Que esse ano, meu povo, vocês possam amar. E o ideal, inclusive, é amar o diferente, afinal que graça tem amar uma cópia da gente? O amor é a própria cura, remédio pra qualquer mal: cura o amado e quem ama, o diferente e o igual. Talvez seja essa a verdade, que é pela anormalidade, que todo amor é normal. Que você possa perdoar. Perdoar talvez seja um recomeço, não entenda isso como esquecimento; siga em frente, que Deus faz o julgamento. Cada um paga a conta no seu preço. A justiça nunca erra o endereço, mesmo cega, só enxerga o que é verdade. Perdoar não o faz fraco ou covarde. Perdoar o faz forte, o faz livre e tolerante. Que a vingança só dura um instante e o perdão dura uma eternidade. E que você possa também ter coragem. Toda coragem precisa de um medo pra existir, uma estranha dependência complicada de sentir. Que a coragem de levantar, vem do medo de cair. Use sempre a coragem para se fortalecer. E quando o medo surgir não precisa se esconder. Faça com que seu próprio medo tenha medo de você! Enfim, que você possa recomeçar. É preciso um final para que você possa recomeçar. Como é preciso cair para poder se levantar. Nem sempre engatar a ré, significa voltar. Remarque aquele encontro, reconquiste um amor, reúna quem lhe quer bem, reconforte um sofredor, reanime quem está triste, reaprenda na dor. Recomece, se refaça, relembre o que foi bom, reconstrua cada sonho, redescubra algum dom, reaprenda quando errar, rebole quando dançar. E se um dia, lá na frente, a vida der uma ré, recupere sua fé e recomece novamente.

Que esse ano e que na vida você possa acreditar, aprender, mudar, caminhar, amar, perdoar, ter coragem. Enfim, recomeçar. Que esse ano você possa acreditar. Acreditar é ter fé naquilo que ninguém prova. É dispensar a certeza que geralmente comprova. Pois a dúvida é uma dívida e a conta só se renova. Acredite em tudo aquilo que é bom, que lhe faz bem, acredite inclusive no que lhe faz mal, também. Porque para se proteger é preciso conhecer o que se vai enfrentar. Que você nunca se esqueça, não importa o que aconteça, não deixe de acreditar. Que esse ano você possa aprender, aprender com cada dor com cada decepção, com cada vez que alguém lhe partir o coração. O futuro é obscuro, e, às vezes, é no escuro que se enxerga a direção. Aprenda quando chorar e quando sentir saudade. Aprenda até quando alguém lhe faltar com a verdade. Até o bom vai aprender com a maldade. Que esse ano você possa caminhar. O meu ou o seu caminho não são muito diferentes. Tem espinho, pedra, buraco, pra modo de atrasar a gente. Não desanime por nada, pois até uma topada empurra você pra frente. revistaestimuladamente.com.br

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