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Premiação Internacional

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Pesquisa COVID

Pesquisa COVID

Vida nas águas amazônicas

A professora e cientista Thaisa Michelan foi agraciada, recentemente, com uma premiação nacional para Mulheres na Ciência da L’Oreal, em parceria com a Unesco e Academia Brasileira de Ciências, que destaca sua pesquisa sobre plantas aquáticas amazônicas e como podem impactar no futuro da humanidade.

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“A inda não encontrei palavras para expressar minha felicidade”, explica a pesquisadora e professora do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA Thaisa Michelan, quando perguntada sobre a premiação. “Receber o prêmio é conseguir mostrar para as alunas que estamos no caminho certo, que estudar conservação em um país que, apesar de atualmente não estar se preocupando com a biodiversidade, com as mudanças climáticas e com os impactos do homem no ambiente, ainda é uma linha de estudo valorizada, [e que] esse tipo de pesquisa é importante sim!”, complementa.

O reconhecimento, pelo trabalho desenvolvido ao longo dos anos (e de parcerias estabelecidas no decorrer da vida científica), afirma Thaisa, é, sobretudo um “incentivo para todas as pesquisadoras da UFPA e do ICB”. O trabalho prevê ainda uma expedição pela Amazônia, para identificar as espécies em cada região e entender como as atividades humanas (tais como agricultura e agropecuária) podem impactar na reprodução dessas plantas. Os exemplares aos quais professora Thaisa Michelan se refere são habitualmente empregados no cotidiano das comunidades ribeirinhas, sejam na alimentação, ornamentação ou no conhecimento tradicional. “Atualmente existe a necessidade de realizar estudos que sumarizem o conhecimento e que façam avaliações de como mudanças ambientais podem alterar a distribuição das macrófitas [plantas que podem ser vistas a olho nu] aquáticas”. O projeto, em questão, quer identificar ainda as lacunas existentes para esses organismos, realizando estimativa de distribuição potencial das espécies para suprir essa falha no conhecimento das macrófitas (com foco em espécies de interesse da comunidade) e concomitantemente, serão ainda avaliados os efeitos dos múltiplos usos do solo sobre a diversidade dessas plantas no Pará. “O desequilíbrio ambiental vem afetando não só as plantas aquáticas, mas todo o ecossistema aquático, infelizmente. A mudança abrupta da paisagem pelo desmatamento afeta a riqueza, abundâncias das espécies e isso causa um desequilíbrio das plantas e animais que vivem no local. Não é possível agora falar quantas espécies foram extintas ou estão no processo de extinção, isso porque as pesquisas na Amazônia ainda não são suficientes para se conhecer o que temos antes mesmo do impacto acontecer, por isso é tão importante trabalhos de biodiversidade como esse”, explica Michelan.

Além da expedição, atualmente, outros três projetos em andamento e um em fase de contratação, são gerenciados pela FADESP. “Neles fazemos reconhecimento da biodiversidade e experimentos para identificação das espécies, que pode nos ajudar no melhoramento da qualidade dos ambientes aquáticos que nos cercam. Já que água é vida, e não nos restará muito sem a preservação dos corpos d’água”.

“A FADESP é fundamental para administração dos projetos que possuímos no grupo e para execução de parcerias e convênios internos e externos, tantos públicos como privados. Temos todo o apoio legal e burocrático para o desenvolvimento dos nossos trabalhos”. “Sempre digo que trabalhamos para e pela sociedade. Não temos nenhum objetivo diferente do que fazer pesquisa e ensino de qualidade, com resultados que possam ser revertidos para melhorar a qualidade e as condições de vida das pessoas – é isso que me move como cientista e professora. Torço para que esse e que os próximos prêmios de mulheres na ciência possam servir de inspiração para nossas meninas, e esse projeto em especial que também leve a importância das plantas aquáticas e da biodiversidade para a população”, finaliza.

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