Edição 1 | ano 4
Painel de Geopolítica, Meio Ambiente, Cultura e Matemática Cotidiana
ISSN 2179-1538
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R$ 14,90
Espionagem internacional Corrida por vantagens e informações ameaça soberania e privacidade
Petróleo e Gás em questão Exploração de gás de xisto e leilão do pré-sal
Religião no Brasil Matemática populacional aponta mudanças nas últimas décadas
Direitos indígenas em risco Ruralistas e megaempreendimentos avançam sobre terras em demarcação Alan Angeluci Alexsandra Camara Daniela Lima De Santana Danilo Di Giorgi Eliane Moreira da Costa Eric Adan Fábio Alkmin Flavio Siqueira Júnior Igor da Silveira Dias Jéssica Amorim José Goldemberg Lara Corrêa Ely Lidiane Toledo Marcello dos Santos Maria Alice Setubal Olimpio de Paula Xavier Filho Osvaldo de Souza Raphael Fernandes de Oliveira Raquel Rolnik Rogério Rodrigues Thais Cristina Monteiro de Oliveira Yenny Flores Suárez
Seu autêntico plano de estudos.
516s. pág
31
s fascículo
(11)
4513-8660
(11) 9 9423-1131
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Materiais didáticos
edit rial Fernando de Souza Coelho, Professor
Mateus Prado, Educador
Pedro Ivo Batista, Socioambientalista
Glocal 2014 – espaco para tudo e todos 20 anos de atraso. 2013 encerrou com esse triste saldo no prazo de demarcação das terras indígenas no Brasil, as quais estão cada dia mais ameaçadas por emendas e projetos de lei que têm por finalidade criar brechas da Constituição, abrindo legalmente os territórios indígenas para a exploração econômica (não pelos índios, claro) e a construção de megaprojetos, de hidrelétricas a exploradoras de minérios, passando, obviamente, pelo agronegócio. Dada a gravidade da situação, nosso conselho tornou imperativo inaugurar as atividades da revista em 2014 com esse destaque que, se não é uma questão nova, nem por isso deixa de ser atual e urgente, e ainda conta com o agravante de tratar-se de uma luta com oponentes de forças muito desiguais – de um lado, uma minoria com pouca representatividade política e, de outro, setores bem equipados de capital, lobistas, representantes nas bancadas parlamentares e até aparelhos repressores e violentos, se nenhum outro recurso funcionar. Mas este não é o único embate desproporcional que figura em nossas páginas. Na edição inaugural do quarto ano de atividade, resolvemos trazer à tona algumas questões de nossa sociedade que, quando vêm a público, geralmente são mostradas pelas lentes de apenas um lado – o lado dos que têm maior poder de mobilizar setores políticos, financeiros e midiáticos para seus argumentos. É por isso que abrimos espaço para entender sob outros pontos de vista assuntos como o estado da Palestina, a rotulagem de alimentos transgênicos, o tratamento dispensado aos usuários de crack, a exploração do pré-sal e muitos outros temas que normalmente são apresentados à sociedade em forma de publicidade, explícita ou não, segundo os interesses e ideologias de quem pode bancar essa divulgação. Fora isso, apresentamos também alguns estudos interessantes sobre o Plano Nacional de Educação, assinado por Maria Alice Setubal, presidente dos conselhos do Cenpec, a exclusão social nas cidades, tema tratado pela especialista e relatora da ONU
Raquel Rolnik, e a exploração de gás xisto no Brasil, explicada por ninguém menos que José Goldemberg, cientista com experiência em algumas das cátedras de maior cabedal do Brasil, da reitoria da USP às Secretarias de Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente. Nesta primeira edição de 2014 aproveitamos para reiterar a meta tornar a Glocal ainda mais democrática e multidisciplinar, por isso, tentamos equilibrar a distribuição de assuntos, deixando para cada uma das quatro áreas editoriais mais ou menos a mesma quantidade de artigos, o que significa que nessa revista você vai encontrar muito mais artigos de matemática aplicada ao cotidiano – de dados populacionais às interações dessa disciplina com a arte, com códigos secretos e muito mais. Queremos manter e melhorar esse padrão nos próximos números, e, para isso, contamos com a participação de professores e alunos do Brasil inteiro. Se você é ou conhece alguém da área de exatas, não deixe de divulgar a oportunidade de participar da revista Glocal enviando artigos para análise – os textos aprovados ganham uma ajuda de custo, conforme explicado no edital da revista. E, para fechar, como não poderia deixar de faltar, os assuntos “quentes” do momento, como a espionagem internacional, as questões implicadas na aplicação do padrão Fifa aos estádios brasileiros e uma trinca de artigos sobre a influência social de redes virtuais – um texto sobre a campanha pró-Guarani Kaiowá no Facebook, outro sobre as representações instantâneas possibilitadas pelo uso do Instagram e um artigo em inglês sobre gads e apps, assinado por um jovem destaque brasileiro na pesquisa de TV Digital, que está cursando pós-doutorado aos 28 anos, a cara da Glocal, que pretende ser uma publicação apoiadora da pesquisa e da produção docente e discente no Brasil, abrindo espaço para tudo e todos que têm uma opinião lúcida sobre o mundo que vivemos. Os editores
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sumário
por Eric Adan
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Espionagem internacional - interesse ou seguranca?
por Marcello dos Santos
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Entre católicos e evangélicos – censo aponta mudancas
por José Goldemberg
Expediente: Editores: Fernando Coelho, Mateus Prado e Pedro Ivo Batista Conselho Editoral: Fernando Silva Oliveira, Renato Eliseu Costa e Wagner Iglesias Gestora Pedagógica: Ana Paula Dibbern Editora de Conteúdo: Ângela Arraya Revisão: Aracelli Lima e Jean Mello Diretor de Criação: José Geraldo S. Junior Projeto Gráfico: Lucas Paiva Diagramação: Lucas Paiva e Daniel Paiva
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Gás de Xisto no Brasil
por Fábio Alkmin
06 Terra prometida por Daniela Lima de Santana
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Em todo triângulo retângulo
Terras indígenas em risco de extincão
por Raphael Fernandes de Oliveira
14 Instagram na cultura cibernética
por Danilo Di Giorgi
por Jéssica Amorim
28 Matemática Secreta por Olimpio de Paula Xavier Filho
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32 Campo de Libra – a maior privatizacão da História?
por Raquel Rolnik
Alimentos “mutantes” – qual é o x da questão? por Flávio Siqueira Júnior
42 O consumo de crack e suas facetas por Lidiane Toledo
44 Educacão igual a nível nacional
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por Maria Alice Setubal
É possível uma política urbana contra a exclusão?
46 Sociedade, democracia e futebol por Rogério Rodrigues
Escreva o mundo de hoje. Envie seu artigo e colabore para o debate da sociedade sobre os temas do momento.
Pensamentos globais, acões locais A Revista Glocal - Painel de Geopolítica, Meio Ambiente, Cultura e Matemática Cotidiana é uma publicação de atualidades do Instituto Henfil Educação e Sustentabilidade, que tem como objetivo divulgar informações qualificadas sobre arte, cultura, política nacional e internacional, meio-ambiente, geopolítica, economia, questões sociais, ciência e matemática. O formato colaborativo abre espaço em suas páginas para que estudantes de graduação e pós-graduação, pesquisadores, professores e especialistas em diversas áreas publiquem seus artigos em português, inglês ou espanhol.
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Painel de Geopolítica, Meio Ambiente, Cultura e Matemática Cotidiana
A terra prometida Uma breve história sobre o Estado da Palestina O nome Palestina vem do grego Palaistine ou Philistia, que significa “invadir”. Esse nome é uma referência aos filisteus, que, na Antiguidade, invadiram a região.
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O
território conhecido hoje como Palestina é composto por duas regiões: a Cisjordânia, ao norte do Mar Morto, fazendo fronteira com a Jordânia; e a Faixa de Gaza, na costa do Mar Mediterrâneo, fazendo fronteira com o Egito. É uma região que foi conquistada e habitada por diversos povos, tais como os egípcios, filisteus, hebreus assírios, babilônios, persas, macedônios, sírios selêucidas, membros do Império Romano, bizantinos (Império Romano do Oriente) e pelos árabes muçulmanos no século VII d.C. Por conta de sua posição estratégica, essa região é alvo de muitas disputas. Nos séculos I e II d.C, ela estava sob domínio romano, época em que houve muitas revoltas e, por isso, o povo judeu se dispersou para outras regiões. A partir do final do século XIX, os judeus começaram a retornar para a Palestina, que consideram terra de seus ancestrais. Em 1948 foi criado o Estado de Israel, que seria, na visão judaica, uma nação para membros desse povo espalhados pelo mundo.
Começa então uma guerra entre árabes e judeus pela disputa de terra. Nos últimos 30 anos, houve diversas revoltas e disputas bélicas pela posse da região palestina, que hoje abrange todo o território entre o Estado de Israel e as áreas habitadas por árabes, conhecidas como Faixa de Gaza e Cisjordânia. Estado de fato ou não? A região da Palestina está dividida principalmente em dois grupos étnicos: judeus e árabes. O Estado da Palestina é uma organização política reconhecida principalmente como um Estado Soberano do Oriente Médio, seu nome oficial é Estado da Palestina e sua capital é Jerusalém. Sua população é de 4 milhões de pessoas sendo que apenas 8% dessa população é cristã, 75% mulçumana e 17% judaica. Os numerosos conflitos religiosos impedem o crescimento da economia local, que tem sua base na produção de alimentos, principalmente cereais. Os conflitos na região têm origem milenar. Desde os tempos bíblicos, árabes e judeus disputam a tão sonhada “terra prometida”. Para os palestinos, a cidade de Jerusalém está localizada numa terra santa, pois, para eles, foi nesta terra que Maomé – patriarca do Islamismo – teria ascendido aos céus. Já para os judeus, Jerusalém é o local onde se localizava o templo de Deus e onde este templo será novamente edificado. Sendo assim, a região é considera-
da sagrada para os dois povos. A existência de recursos naturais – como petróleo e água, tão escassa naquela região – intensifica mais os inúmeros conflitos. Breve Cronologia do conflito: A partir da Primeira Guerra Mundial, o território da Palestina passou a ser administrado pela Inglaterra, que apoiava o movimento sionista. Assim, na década de 20, ocorreu uma grande migração de judeus para esse território. Com a ascensão do nazismo na Segunda Guerra Mundial, os judeus foram perseguidos pela Europa e a imigração para a Palestina cresceu consideravelmente. Os palestinos resistiram a essa imigração e os conflitos só aumentaram. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, houve uma forte demanda para a criação de um estado judeu. Isso fez com que a ONU – Organização das Nações Unidas – aprovasse em 1947 a partilha da Palestina em dois estados – o judeu, que ocupava 57% da área, e o palestino (árabe), com 43%. Com a desocupação das terras pelos ingleses, em 1948, os judeus fundaram em 14 de maio do mesmo ano o Estado de Israel. Desde então vêm acontecendo diversas guerras territoriais e por demarcação de fronteiras, o que fez com que muitos palestinos se refugiassem em estados vizinhos, enquanto muitos outros permaneceram sobre a autoridade israelense. A ajuda de entidades internacionais à Autoridade Palestina está condicionada, em parte, à democratização e à boa governança. No entanto, com a vitória do grupo Hamas em 2006 e sua tomada da Faixa de Gaza, houve um boicote internacional ao governo palestino, acompanhado pela subversão de seus mandatos. Essa postura serve a interesses políticos dos doadores dessas entidades, e não às necessidades humanitárias e de desenvolvimento dos habitantes de Gaza. Como consequência, houve um aumento da dependência da “ajuda humanitária” por parte dos moradores dessa região, o que impediu o desenvolvimento econômico e permitiu a Israel manter ocupações e bloqueios sobre a área. Essas severas sanções econômicas contra o governo do Hamas, com a intenção de enfraquecê-lo na região, desfez a visão de neutralidade das entidades que levam ajuda humanitária. Em 29 de novembro de 2012, a Palestina deixou de ser uma “entidade” e foi reconhecida como um dos Estados Observadores das Nações Unidas, como o Vaticano e a Suíça, apesar de EUA e Israel votarem contra (foram 138 votos a favor, 9 contra e 41 abstenções). “O reconhecimento do Estado Palestiniano é um investimento na paz. Nós continuamos empenhados numa solução de dois estados, e a nossa mão continua estendida em paz”, disse Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestiniana. De acordo com a liderança palestiniana, o reconhecimento da sua dimensão territorial forma uma base para o retomar de negociações com Israel, com a
intenção de manter a paz, já Israel acredita que a possibilidade de perder estas áreas só distancia cada vez mais a possibilidade de um acordo definitivo. Daniela Lima De Santana Acadêmica do curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas às Negociações Internacionais Pela Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC.
Movimento que defende a volta dos Judeus espalhados pelo mundo a terra prometida assim também como a criação de um Estado Judaico.
Cronologia de um Estado Cronologia de um Estado 1967 – Israelenses ocupam massivamente os territórios de Cisjordânia , Gaza e Jerusalém Oriental, especialmente após as ofensivas da Guerra de Seis Dias, ocorrida nesse ano. 1974 – A Organização para Libertação da Palestina foi reconhecida como “observadora” nas Nações Unidas, sem direito a voto. 1988 – Proclamação do Estado Palestino pelo Conselho Nacional da Palestina, reivindicando o espaço ocupado pela comunidade árabe antes da tomada israelense na Guerra dos Seis Dias. 1993 – OLP e Israel firmam o Acordo de Paz de Oslo, no qual ambas as partes se reconhecem e, entre outras resoluções, comprometem-se a suspender práticas de violência, o que não aconteceu. 1994 – A Autoridade Nacional Palestiniana passa a “governar” os territórios pertencentes ao Estado Palestino. 2005 – Israel desocupa parcialmente a Faixa de Gaza. 2006 – o Grupo Hamas vence as eleições. 2007 – Um bloqueio aéreo, marítimo e terrestre é imposto por Israel às regiões palestinas. 2010 – O Brasil reconhece o Estado Palestino, com seus territórios originais como eram antes da Guerra dos Seis Dias. 2011 – Os partidos palestinos, que haviam se cindido com a eleição do Hamas, assinaram um acordo de conciliação, que não foi cumprido. 2012 – A ONU reconhece o Estado da Palestina como Estado Observador Não-Membro. Mesmo sem direito a voto, agora o Estado pode participar das agências da ONU (Unesco, FAO etc), recorrer à Corte Penal Internacional, solicitar intervenções etc. Como reação, Israel anunciou a construção de milhares de casas em território palestino e bloqueou por meses recursos de tributos que deveriam ser repassados à Autoridade Palestina.
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países, ou 68% dos estamos membros das Nações Unidas, reconhecem a soberania do Estado Palestino.
“Pergunto-me se esses judeus que morreram nos campos de concentração nazistas, esses que foram perseguidos ao longo da História, esses que foram trucidados nos pogrons, esses que apodreceram nos guetos, pergunto-me se essa imensa multidão de infelizes não sentiria vergonha pelos atos infames que os seus descendentes vêm cometendo. Pergunto-me se o fato de terem sofrido tanto não seria a melhor causa para não fazerem sofrer os outros. As pedras de Davi mudaram de mãos, agora são os palestinos que as atiram. Golias está do outro lado, armado e equipado como nunca se viu soldado algum na história das guerras, salvo, claro está, o amigo americano. Ah, sim, as horrendas matanças de civis causadas pelos chamados terroristas suicidas... Horrendas, sim, sem dúvida, condenáveis, sim, sem dúvida. Mas Israel ainda terá muito que aprender se não é capaz de compreender as razões que podem levar um ser humano a transformar-se numa bomba.” JOSÉ SARAMAGO
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Em todo triângulo retângulo... A descoberta do Teorema de Pitágoras de forma dinâmica e ilustrativa
A
Todo triângulo que possui internamente um ângulo reto é dito triângulo retângulo. Os lados que formam o ângulo de 90º são denominados catetos e o lado oposto a tal ângulo é conhecido como hipotenusa.
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soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa”. Quem nunca ouviu essa frase e acabou decorando-a? Quem nunca ouviu falar em triângulo retângulo e Teorema de Pitágoras? Quem nunca se perguntou como se descobriu essa relação? Em matemática, teorema é toda afirmação que pode ser classificada como verdadeira por meio de provas, ou seja, demonstrada com dados obtidos anteriormente, sendo eles simplesmente aceitos como verdade, sem provas, denominados axiomas, ou outros teoremas. Como exemplos de teorema, tem-se: • Teorema de Euclides: “O conjunto formado pelos números primos é infinito”. • Teorema das quatro cores: “Dado um mapa plano, dividido em regiões, quatro cores são suficientes para colori-lo de forma a que regiões vizinhas não partilhem a mesma cor”. Nota-se que alguns teoremas são intitulados com o nome do autor, enquanto outros descrevem brevemente o conteúdo da demonstração. Demonstrar teoremas é uma tarefa pertencente à rotina dos matemáticos, a fim
Figura 1
de descobrir informações novas, bem como encontrar outras provas para um dado já descoberto. Embora não se possa confirmar nada sobre Pitágoras, cuja história aparece envolta em lendas, acredita-se que o matemático e filósofo grego tenha atuado com diversas contribuições para a construção de muitas Triângulo retângulo bases matemáticas. genérico Historiadores dizem que, durante uma viagem de Pitágoras ao Egito, o famoso Teorema que relaciona os lados de um triângulo retângulo foi desenvolvido. Pitágoras provou que, em todo triângulo retângulo, a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa, ou seja, em um triângulo retângulo com três medidas quaisquer, catetos a e b e hipotenusa c (Figura 1.): a²+b²=c²
Mas será mesmo verdade? Será que essa relação vale para QUALQUER triângulo retângulo? Alguns céticos, com o anseio de validar a pergunta acima, iniciam a construção de triângulos retângulos quaisquer e verificam se a relação mencionada acontece; outros, que não lidam bem com generalizações, permeiam um caminho matemático, em busca de uma prova que garanta tal fato. Elisha Scoot Loomis, professor de matemática em Cleveland, nos Estados Unidos, colecionou por 20 anos demonstrações diferentes para o Teorema de Pitágoras e as publicou em um livro chamado “The pythagorean proposition” (A proposição de Pitágoras). Não se conhece, de fato, a demonstração criada por Pitágoras, visto que o matemático não deixou nada por escrito. Acredita-se que sua demonstração tenha sido de cunho geométrico, como a apresentada a seguir: Utilizando-se as medidas a e b da Figura 1, constrói-se 2 quadrados de lado a + b, de mesma área:
a
b
Logo, a soma da área dos dois quadrados azuis (Figura 2) é igual à área do quadrado vermelho formado pelo lado de medida c. Sendo a área do quadrado igual a lado vezes lado, ou seja, lado ao quadrado (l ²), têm-se: a²+b²=c² Figura 2
a2 c2 b2 Retângulos semelhantes retirados
b
a b
a
a
a a
b
b
b a
a
b
b
Em seguida, unem-se alguns pontos dos quadrados com o objetivo de se formar triângulos retângulos semelhantes ao da Figura 1, ou seja, com catetos a e b e hipotenusa c.
a
a b
b
c a
a a c a
b
b b
b a
b b
c
a
3
4
1 2
3
b
c c
2
c a
b
a
“Cqd (Como queríamos demonstrar)” E assim, os matemáticos simbolizam o fim da prova de um teorema. Com três iniciais ao lado direito, após o término da resolução. “O quadrado dos catetos...” se referia realmente a quadrados. Pitágoras descobriu que a área do quadrado formado com o lado da hipotenusa era exatamente igual à soma das áreas dos quadrados formados pelos catetos. As imagens abaixo ilustram claramente isto:
c c a
Sabendo que os quadrados iniciais apresentam lados de mesma medida, conclui-se que as figuras apresentam áreas iguais. Observa-se que, retirando porções idênticas de cada quadrado, mantêm-se a igualdade. Nota-se ainda que o quadrado azul contem em seu interior 4 triângulos retângulos semelhantes aos 4 outros encontrados no quadrado vermelho. Tirando-os, então, pode-se dizer que as figuras permanecem a apresentar a mesma área.
a b
5
1
4 5
b
A partir da relação encontrada, tendo-se um triângulo retângulo e duas quaisquer medidas conhecidas, descobre-se, facilmente, a terceira. A utilização do Teorema de Pitágoras se faz presente no dia-a-dia de muitas pessoas. Além da utilização em construções civis, outra grande utilização do Teorema se dá na aeronáutica, nos cálculos constantes que evitam colisão entre aviões, e num sem-número de situações em que o conhecimento desse teorema se faz útil. Raphael Fernandes de Oliveira Graduando em Licenciatura em Matemática na Universidade Federal de São Carlos, UFSCar.
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na cultura cibernética representacões instantâneas da realidade.
Como imagem e hipertexto podem interagir como ferramentas de comunicação e expressão na Internet Foi o responsável por adaptar a prensa de parafuso – criada na China e muito utilizada na Europa no século I d.C. Sua adaptação gerou a prensa móvel, cuja técnica permitia que páginas inteiras de papel fossem fixadas em chapas e formassem um único bloco de impressões. Curiosidade: a primeira Bíblia impressa foi produzida por Gutenberg.
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Q
uando se pensa nas palavras “compartilhar” e “curtir”, nossa mente volta-se rapidamente para as redes sociais. Ao se adicionar a palavra “fotografia” a essa combinação, é fácil definir a imagem que se forma automaticamente no pensamento: uma câmera, quatro listras coloridas e um nome de aplicativo: Instagram. Mas esse não é um caso isolado da sociedade atual. Na pré-história, antes mesmo de a escrita ser
fator fundamental na comunicação, o homem já havia encontrado maneiras de compartilhar cenas do seu dia a dia utilizando as ferramentas naturais de que dispunha, como sementes, tintas naturais e a parede da caverna, onde ficaram os registros que ainda hoje podem ser encontrados os desenhos representando as informações que desejavam inscrever. Por volta de 1439, essas imagens tornaram-se componentes das informações registradas por Gutenberg e a prensa móvel.
Quando criou a fotografia, em 1826, Joseph Niépce não imaginou a revolução que iniciou e a repercussão que isso traria 184 anos depois, quando, em 2010, o brasileiro Mike Krieger, em parceria com o companheiro de curso Kevin Systrom, criou o aplicativo para smarthphones, que funciona como rede social, onde o usuário pode postar suas fotos e curtir e comentar as de outros usuários. É visível como a imagem mudou a forma como a informação é representada na atualidade. Com o dinamismo que a Web 2.0 proporcionou, o usuário tem tendência a aumentar gradativamente o número de imagens que insere diariamente na rede. Dondis comentou, em uma de suas obras, que a imagem mudou crucialmente o estilo de vida contemporâneo e essas transformações tornaram-se ainda mais evidentes com o uso do Instagram. A intenção dos colegas de curso da Universidade de Stanford era criar um aplicativo, onde fosse possível realizar a captura da imagem de devido local, adicionando a essa imagem informações indexadas, contendo, inclusive, um mapa. Pensar na realização desse plano parecia algo inalcançável, e propuseram, então, produzir os mesmo efeitos, utilizando recursos mais simples. Com a combinação de duas palavras: “Instant” (instante) e do fonograma grego “Gram” (registrado, gravado), a fórmula do Instagram estava montada: fotos com filtros, que remetem a imagens antigas e instantâneas, o que retoma a lembrança dos registros feitos pela câmera Polaroid – que, como o Instagram, foi o instrumento que revolucionou a fotografia na sua época. A possibilidade de registrar um momento de maneira imediata atraiu um público já bastante familia-
rizado com o ambiente digital atual, onde a imagem representa 90% da informação exposta. Alguns autores apontam-na, inclusive, como relevante potencial informacional na sociedade da informação, devido ao fato de o dia-a-dia ser compartilhado com representações imagéticas e as palavras serem apenas visualizadas nas hashtags, no caso do aplicativo. Seu crescimento exponencial acompanha o desenvolvimento da teoria sobre a convergência das linguagens. Em agosto de 2013, o Instagram registrou a marca de 130 milhões de usuários, que juntos compartilham 16 bilhões de imagens diariamente, e um número imenso de hashtags, para representar todas as informações contidas nas imagens postadas. Essa evolução e crescimento influenciaram diretamente no uso da representação imagética. E com o leque de possibilidades que a web social disponibiliza, as imagens tornaram-se fonte massiva de informação, utilizando o recurso da era, as hashtags, o que transforma o Instagram numa grande rede de hipertexto na web, que poderia ser otimizado, fazendo uso dos recursos da folksonomia, que propõe uma organização de tags realizando uma relação entre sujeito–conteúdo–hashtag, onde o usuário tem autonomia para definir suas tags, sem regras específicas, mas procurando utilizá-las de maneira que a recuperação da informação se torne efetiva com uma proposta de exclusão de hashtags sem razão de ser. A imagem, como se tem conhecimento, é uma das principais representações da realidade, e frisando o aumento da autonomia do usuário na web, o registro de ações cotidianas em imagens e vídeos por usuários do aplicativo Instagram é, na contemporaneidade, o principal instrumento dos nativos digitais para socialização.
Também conhecida como Web Social, corresponde ao período que a world wide web (www) vive hoje, onde o usuário tem liberdade de interagir e modificar o seu meio. As redes sociais, fóruns de discussão e blogs são frutos dessa nova geração da Web.
É um termo criado por Theodor H. Nelson nos anos 60, para definir um novo modo de produzir textos, permitindo uma navegação dinâmica por meio de hiperlinks e uma escrita não sequencial, proporcionando chances de uma leitura conceitual com diferentes caminhos.
Jéssica Amorim Formada em Fotografia Autoral, graduanda no 3º ano de Arquivologia na UNESP Marília e pesquisadora na linha de informação e tecnologia. Pretende ser doutora em comunicação, mas, por hora, é doutora apenas do seu perfil no Instagram: @infiltre.
16 bilhões É a quantidade de imagens registradas no Instagram até agosto de 2013
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O consumo de
crack e suas facetas A epidemia do crack no Brasil apresenta desafios multissetoriais para a saúde pública, a segurança, a organização urbana e o atendimento à criança e ao adolescente
40%
dos usuários de crack no Brasil se encontram em situação de rua
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recém-lançada Pesquisa Nacional sobre o uso de crack no Brasil, idealizada pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas e conduzida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, estimou 370 mil usuários de crack e/ou similares nas capitais e Distrito Federal para o ano de 2012. Dentre eles, aproximadamente 14% são menores de idade, cerca de 50 mil crianças e adolescentes. A pesquisa apontou que em torno de 80% dos usuários utilizam as substâncias em espaços públicos ou em locais possíveis de serem avistados mais fácil. Cerca de 40% dos usuários no Brasil e 47,3% dos consumidores das capitais se encontravam em situação de rua, mas isso não quer dizer que, necessariamente, moravam nas vias públicas, mas que nelas passavam parte expressiva do seu tempo. O fato de pessoas usarem a rua como local de permanência e espaço de interação e criação de vínculos pode muitas vezes se configurar em caso de alta vulnerabilidade social. A fragilidade de vínculos familiares aparece em 29,2% dos entrevistados, que disseram que um dos motivos para o início do uso da droga foram os problemas em casa ou perdas afetivas. É importante, na medida do possível, considerar a possibilidade de retomar as relações interpessoais como parte integrante do projeto terapêutico singular, caso a pessoa se proponha a iniciar um tratamento. O apoio da família é bastante valioso no momento em que elavê o ente esforçando-se para interromper ou diminuir o uso de drogas e podendo se reaproximar para apoiá-lo nessa decisão, fortalecendo, assim, seu engajamento. Uma questão a se considerar são os comportamentos que podem colocar os usuários expostos ao risco em relação a doenças infecciosas. Na pesquisa, mais de 70% deles no Brasil disseram compartilhar os equipamentos utilizados para o uso da droga, fato preocupante, principalmente em relação às hepatites virais. Mais de um terço dos usuários no Brasil (39,5%) informaram não ter usado preservativo em nenhuma das relações sexuais. Apesar da evidente exposição ao risco, mais da metade dos entrevistados (53,9%) afirmaram nunca ter realizado teste para HIV. Visto isso, é importante reforçar e facilitar ao máximo o acesso a preservativos para essa população, assim como as equipes de saúde sempre devem abordar a questão da sexualidade, IST (infecções sexualmente transmissíveis) e HIV e propiciar o acesso à vacinação de hepatite B, bem como solicitar exames periódicos de sorologias para hepatites e HIV como estratégias importantes. Observou-se um baixo acesso aos equipamentos disponíveis, apesar de ser muito expressivo o percentual – 78,9% – dos usuários que afirmaram
desejar se tratar para o uso de drogas. Cabe ressaltar que, em se tratando do uso de substâncias psicoativas, a atenção psicossocial (CAPS AD, CRAS, CREAS, Conselho Tutelar, entre outros) deve ser sempre considerada em paralelo com as estratégias de redução de danos. Esse caminho pode contribuir com as abordagens das equipes de consultório na rua e/ou nas Unidades Básicas de Saúde, pois é uma excelente maneira de se estabelecer vínculos com essa população, fator essencial na motivação do usuário para realizar um tratamento. A intersetorialidade é um aspecto-chave no acolhimento ao usuário de drogas, principalmente no que tange à construção de um projeto terapêutico singular consistente, considerando que deve haver uma interlocução frequente entre a equipe de Saúde Mental, Álcool e outras com os dispositivos da assistência social, do esporte, da cultura, da educação e das organizações não governamentais, dentre outros. Uma das grandes questões que desafiam as equipes de cuidado é o uso de substâncias psicoativas por crianças e adolescentes. Apesar de essa população não constituir a maior parte de consumidores regulares nas capitais do Brasil, o uso trata-se de um problema de grande importância e que vem desafiando a desenvolverem abordagens mais adequadas junto a essa população, de modo a diminuir danos e promover saúde. A questão nos convoca a pensar em abordagens mais adequadas e que se adéquem à realidade das crianças e do adolescente no que tange à prevenção ao uso e à reabilitação. No momento, não dispomos de políticas consistentes voltadas a crianças e adolescentes usuários de drogas, apesar de já instalados no Brasil os CAPSi e CAPS AD. Sempre que deparamos com crianças e adolescentes em abuso de droga, a questão parece virar tabu. Um ponto essencial a ser trabalhado é como se fazer redução de danos para esse público em face da abstinência idealizada? Fica lançada a pergunta, para a qual pode existir mais de uma resposta.
Subproduto da cocaína, é uma das drogas mais viciantes que existe. Seus efeitos, de curta duração, são considerados muito intensos, o que, aliado a seu baixo preço de mercado, se comparado a outras drogas, fez com que seu uso se difundisse rapidamente, primeiro entre populações de baixo poder aquisitivo, mas atualmente se inserindo muito rápido entre as classes média e alta. Nas grandes cidades, regiões ou bairros onde usuários dessa substância se concentram para adquirir e consumir produto passaram a ser chamadas de “Cracolândia”.
Patologia viral que ataca células do fígado, provocando um processo inflamatório crônico. A transmissão pode acontecer por contato com sangue, saliva e secreções sexuais de pessoas portadoras do vírus VHB, ou por via perinatal (da mãe para o feto durante a gravidez). É considerada uma DST – doença sexualmente transmissível.
Lidiane Toledo Consultora da Área de Drogas e Saúde do instituto Viva Rio.
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