Neste mês de setembro, na revista its Teens, destacamos a riqueza cultural e educacional de nossas escolas. A história dos sambaquis revela como as antigas civilizações se organizavam, enquanto o Clube de Astronomia da Escola Básica Municipal (EBM) Dilma Lúcia dos Santos nos leva a explorar o cosmos.
Em nossa celebração de eventos, a Etapa Nacional das Paralimpíadas Escolares brilha como exemplo de talento e superação, e a visita ao Museu do Sambaqui oferece uma experiência educativa inesquecível.
Como destaque em nossa reportagem de capa, você confere o Núcleo de Cinema que teve um curta-metragem aprovado em mostra nacional. Por fim, o conceito de Internet das Coisas destaca a inovação tecnológica que transforma nosso cotidiano. Celebramos essas iniciativas que conectam passado e futuro, arte e ciência, educação e tecnologia, enriquecendo nossa comunidade.
Aproveite mais esta edição e compartilhe a leitura com a sua turma!
MÁRIO J. GONZAGA PETRELLI IN MEMORIAM | FUNDADOR E PRESIDENTE
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NÃO VACILA, FALA AÍ (48) 3212-4026 A REVISTA
ONDE ESTÁ O OBJETO?
Analise bem a imagem e tente encontrar as dez figuras escondidas
Confira as respostas na página 43.
SPOILER
Meu crespo é de rainha
DIÁRIO
ESCOLAR
Vestígios do passado: a história exposta pelos sambaquis
CONHECIMENTOS GERAIS
Da limonada à pizza: entenda o que são misturas homogêneas e heterogêneas
ASTRONOMIA
Pesquisadores da Nasa
NOTÍCIAS DAS ESCOLAS
ALIMENTAÇÃO
Um banquete de conhecimento
CAPA
Diretores em cena
CULTURA
POP
O poder das cores no cinema
WI-FI
Internet das Coisas: quais coisas?
NOSSO PLANETA
Atento às descobertas: como identificar um novo animal?
COMO FUNCIONA?
Por que o céu é azul?
VOCÊ SABIA?
Como a biodiversidade das Ilhas Galápagos inspirou Charles Darwin
GALERIAS
SAIDEIRA
Cada bicho em seu lugar
DIVERSÃO
Onde está o objeto?
MEU CRESPO E DE RAINHA ´
POR VIVIAN SAMARA MARTINS DOS REIS
Professora da rede municipal
“Meu crespo é de rainha”, da autora Bell Hooks, celebra a beleza e a força do cabelo crespo. Por meio de versos poéticos e ilustrações vibrantes, o livro empodera crianças negras, destacando o orgulho e a identidade que vêm com suas raízes.
A narrativa combate estereótipos e valoriza a diversidade, tornando-se uma obra essencial para a autoafirmação e a valorização da negritude desde a infância.
Um convite para que todos reconheçam e celebrem sua própria realeza!
Que tal continuar a leitura no mês e procurar por estes títulos?
OLHARES NEGROS: RAÇA E REPRESENTAÇÃO
Bell Hooks
A PELE QUE EU TENHO
Bell Hooks
SEM PERDER A RAIZ
Nilma Lino Gomes
AMORAS
Emicida
O SEGREDO DAS TRANÇAS E OUTRAS
HISTÓRICAS AFRICANAS
Rogério Andrade Barbosa
VestigIos do passado:
´ ´
sambaquis a historia exposta pelos
Admirar o mundo como o conhecemos é um ato que vai além de verificar pontos turísticos e monumentos importantes. Na verdade, há muitos elementos desconhecidos que compartilham o mesmo espaço que nós, seja em regiões de natureza ou até mesmo na área litorânea, como ocorre em Santa Catarina. Isso porque o que foi deixado por outros povos conta a trajetória daqueles que viveram antes de nós, memória importante não apenas para a história, mas também para a sobrevivência e a evolução.
Exemplo disso são os sítios arqueológicos e sambaquis, espaços onde é possível identificar interações humanas. “São locais onde se encontram vestígios materiais de culturas passadas, como artefatos, estruturas e restos alimentares. No Brasil, esses sítios incluem uma variedade de contextos, como oficinas líticas, em que eram produzidos artefatos de pedra, e inscrições rupestres, que são gravuras em rochas. Sambaquis são um tipo específico de sítio arqueológico encontrado principalmente no litoral, formados por grandes acumulações de conchas, restos de fauna, sementes, artefatos de pedra, osso e fogueiras”, explica a doutora em História Katianne Bruhns, professora da Escola Básica Municipal (EBM) Darcy Ribeiro.
POR ANA CAROLINE ARJONAS
TRAJETORIA DA HUMANIDADE
Se a arte, a escrita e a arquitetura são elementos avaliados para compreender o estilo de vida de povos antigos, aquilo que é encontrado na terra também pode ser um norteador, exemplo daquilo que é detectado nos sambaquis. “Cada nova descoberta arqueológica pode trazer à tona informações e datações que reescrevem ou complementam o entendimento existente, desafiando versões simplificadas ou incompletas da história. Esse processo contínuo de revisão permite que as sociedades contemporâneas possam se reconectar com suas ancestralidades, ressignificar identidades culturais e questionar narrativas históricas estabelecidas”, pontua a educadora. Vale ressaltar que existem diferenças entre um sítio arqueológico e um sambaqui. Enquanto o primeiro é um termo utilizado para definir locais que apresentam evidências de atividades humanas, o segundo é marcado pelo amontoado de conchas, ossos e restos de comidas, algo mais relacionado aos hábitos alimentares e costumes de um povo.
SAMBAQUIS E CARACTERISTICAS
Quando avaliamos os aspectos, existem traços característicos, incluindo a estrutura de camadas, formada por conchas de moluscos; altura e extensão; artefatos e objetos cerâmicos, incluindo restos de moluscos, peixes e ossada humana — alguns ordenam em sequências entre as camadas, intercalando entre areia, terra e matéria orgânica.
“Os sambaquis em Santa Catarina estão amplamente distribuídos ao longo do litoral. Algumas das maiores concentrações estão em regiões como Jaguaruna, que abriga cerca de 40 sambaquis, e nas áreas de Garopaba e Laguna. Alguns impressionam pelo tamanho, chegando a medir até 30 metros de altura e 200 metros de comprimento, como observado em Garopaba. É importante destacar que não tinham uma única função: alguns serviam como locais de habitação ou sepultamento, enquanto outros podem ter tido funções simbólicas ou rituais, variando de acordo com o tempo e o grupo”, conta Katianne.
Em Florianópolis, a Costeira do Pirajubaé, a Ilha do Campeche, o Rio Tavares e o Sambaqui são algumas das regiões com espaços estudados e que contam a história daqueles que residiam aqui. O Museu do Homem do Sambaqui é uma opção para quem quer ver de perto um pedaço da história.
Da limonada à pizza: entenda o que são misturas homogêneas e heterogêneas
POR REDAÇÃO ITS TEENS
Ao preparar uma limonada em um dia de calor, você já notou que a combinação entre a água e o limão forma uma bebida uniforme, unindo a textura e o sabor em um padrão único? Já ao testar a água com um elemento como o óleo, o resultado é outro: ao juntar os dois líquidos em um copo, é possível observar que eles não se misturam e formam camadas distintas. O motivo disso é a composição das substâncias: enquanto o suco da fruta se torna solúvel e se dissolve facilmente na água, as moléculas não compatíveis do óleo impedem que ele se misture à água e aconteça a dissolução. Esses exemplos são apenas alguns dos casos de um fenômeno que acontece diariamente: as misturas. Seja ao preparar o leite com achocolatado no café da manhã, o esmalte de unhas, a névoa no ar, os elementos na natureza ou até a pizza do jantar, essas misturas estão presentes no cotidiano desde a hora que acordamos até a hora de dormir, mesmo que passem despercebidas. Divididas em dois tipos, elas são formadas por dois ou mais componentes. “As misturas homogêneas consistem em sistemas que possuem uma única fase, ou seja, possuem uniformidade e as mesmas características em todos os seus pontos. Por outro lado, as heterogêneas possuem duas ou mais fases e não apresentam uniformidade e nem características iguais em todos os seus pontos”, explica o professor doutor Brenno Ralf Maciel Oliveira, do Departamento de Química da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
Misturas homogêneas
Aqui os componentes se fundem tão bem que parecem ter formado um só. “No cotidiano temos diversas misturas homogêneas, como a água salgada (água e sal dissolvido), o aço (ferro com carbono) e o vinagre (ácido acético dissolvido em água)”, ilustra o professor. Conheça outros exemplos:
• Chás;
• Vidro;
• Soro fisiológico;
• Álcool em gel;
• Cosméticos, como cremes de hidratação.
Existem maneiras também de desfazer as misturas, aplicando métodos diferentes. “Na mistura homogênea de água salgada, por exemplo, podemos separar a água e o sal dissolvido por meio de uma destilação simples, em que, utilizando materiais específicos, é possível aquecer essa mistura a uma temperatura em que a água entra em ebulição e é recolhida separadamente do sal”, detalha Brenno. Outros processos são feitos pela evaporação (separa o líquido de um sólido solúvel), filtração (separa um sólido insolúvel de um líquido), e a precipitação (separa um sólido dissolvido em um líquido com a adição de outro reagente).
Misturas heterogêneas
Diferentemente do primeiro exemplo, neste tipo a combinação entre os diferentes elementos mantêm a identidade de cada um, sendo possível distingui-los visivelmente. É o caso de:
• Saladas de frutas;
• Rochas, como granito;
• Sangue;
• Madeiras;
• Pizza.
Assim como nas homogêneas, alguns procedimentos permitem apartar os elementos. “Na mistura heterogênea de sal e areia, é possível utilizar diferentes técnicas de separação de misturas para a obtenção desses componentes separadamente: 1) utilizando a dissolução fracionada, adiciona-se água a essa mistura e apenas o sal vai se dissolver na água; 2) com uma filtração é possível separar essa areia da mistura de água com sal; 3) por fim, com uma destilação simples, é possível separar o sal e a água”, exemplifica o professor.
Outros métodos são a decantação (separa líquidos incompatíveis), a centrifugação (separa sólidos de líquidos com densidades diferentes), a levigação (separa sólidos com diferentes densidades em um líquido), a tamisação (separa sólidos com diferentes tamanhos) e a filtração.
PESQUISADORES DA NASA
ComrelógiodeSoleitensquesãoutilizadosparamedir a temperatura, estudantes aprendem sobre o universo e participamdepesquisacientífica
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em encontros no contraturno, turmas aprendem sobre astronomia.
Tempo de leitura: 7 minutos
POR ANA CAROLINE ARJONAS
Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno são alguns dos planetas que conhecemos, mas se engana quem pensa que eles são os únicos. Na verdade, os cientistas acreditam que existem muitos outros, seja no Sistema Solar ou nos demais que compõem o universo. E por mais que nada disso fique visível a olho nu, o ato de observar aquilo que está acima de nós pode ser o ponto de partida para a curiosidade e o conhecimento.
Na Escola Básica Municipal (EBM) Dilma Lúcia dos Santos, os estudantes fazem muito mais do que admirar o céu em dias específicos. Por lá, o fascínio com os astros é o que movimenta os encontros do clube de astronomia, realizado no contraturno e com mais de 40 jovens participantes. “Temos um telescópio que é da escola, e eles fazem esse movimento de observar, de como ampliar o telescópio, se a qualidade fica boa ou não, então tem toda uma aula relacionada àquele encontro da semana”, explica a professora Lilian Oda Ferreira, uma das responsáveis por iniciar o projeto, que tem como objetivo proporcionar à turma um espaço para aprender sobre Ciências e Geografia em um modelo de docência compartilhada.
Com atividades que mesclam a atenção ao tempo e à produção de ecobags, iniciativa que está sendo feita junto com a leitura do livro “O pequeno príncipe”, o foco está em colocar o grupo no centro das atenções. “No ano passado trabalhamos muito com robótica, porque os kits que temos na escola ensinavam, por exemplo, a montar um protótipo de movimento de rotação e translação, a montar um protótipo de eclipse e ver que a astronomia não é só algo que está no livro ou que observamos no céu, mas que podemos botar a mão na massa e fazer”, menciona a educadora, ressaltando que o clube foi criado em 2023.
Nos momentos em que a interação está fora da sala de aula, seja nos conhecimentos compartilhados com os familiares ou nas observações após o horário de aula, os ensinamentos estão voltados para o que está acima de nós. “Fizemos a observação do Sol, de maneira segura, das manchas solares, tivemos alguns momentos de observação noturna na escola, da Lua”, diz Lilian.
Mais do que aquilo que é compartilhado entre os colegas, é nos encontros do contraturno que os jovens aprendem aquilo que será levado para a vida e que também pode servir como direcionamento na escolha de uma profissão, por exemplo. “A ideia é que não fique só em uma coisa, é que eles vão produzindo e mexendo com outras ferramentas, tanto tecnológicas quanto na arte. Sempre procuro, com todas as turmas que trabalho, oferecer essas possibilidades. É muito interessante porque são estudantes criativos e eles adoram essa parte mais prática, de mexer com tinta, com massa”, ressalta a educadora, que também produziu um relógio de Sol com os estudantes, com foco no solstício e equinócio.
Para Cecília Pires Soares, 11, do sexto ano, essa é uma chance para se aprofundar no assunto. “Aprendemos sobre os planetas, a observação da Lua. Conseguimos entender mais”, conta a adolescente. No caso de Ester de Souza Martins Bauce Machado, 11, do sexto ano, o maior aprendizado até o momento foi compreender a ordem dos planetas.
O telescópio é utilizado pelos estudantes para observar as mudanças do céu
PARCERIA INTERNACIONAL
Além dos experimentos feitos em sala e de auxiliarem outros colegas nas dúvidas sobre o universo, por meio de uma caixa de perguntas que fica na escola, a turma também é responsável por participar de uma pesquisa internacional. “É um projeto de observação atmosférica e segue uma série de protocolos de observação, alimentando um banco de dados da Nasa. Temos o suporte da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para dar formação aos professores porque usamos instrumentos como barômetro, termômetro. Eles têm que observar tipos de nuvens, a cor do céu, uma série de protocolos”, ressalta Lilian.
As observações são feitas no mesmo horário, seguindo alguns parâmetros para que o resultado seja exato — e eles precisam estar atentos ao clima e à temperatura. “É uma parte bem interessante porque o estudante se vê produzindo ciência na escola, isso que é o mais legal, usar equipamentos, saber que aquilo ali vai contribuir para uma pesquisa mundial, isso faz muita diferença”, finaliza a professora, que também enfatiza a participação da turma no projeto do Núcleo de Estudos e Observação Astronômica José Brasilício de Souza, do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).
Fotos: EBM
Dilma
Lúcia dos Santos/Divulgação
Crianças do Neim Chico Mendes vivem experiência de UPA
O Núcleo de Educação Infantil Municipal (Neim) Chico Mendes, no Monte Cristo, transformou-se em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O espaço contou com recepção, triagem, consultório médico e odontológico, sala de curativo, medicação e farmácia.
As crianças vivenciaram de forma lúdica os papéis de médicos, dentistas, enfermeiros, atendentes e pacientes, com a participação das professoras. Os territórios brincantes, como a “UPA Chico Mendes”, proporcionam a oportunidade de conhecer na prática diversas profissões.
A rede municipal de ensino de Florianópolis foi representada por 11 estudantes no Meeting Paralímpico Loterias Caixa de 2024, organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Desses, cinco se classificaram para a etapa nacional nas modalidades de atletismo e bocha.
As Paralimpíadas Escolares 2024 ocorrerão de 25 a 30 de novembro no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. Foram classificados os estudantes:
Daiany Scherer Kuhn (Escola Básica Municipal Dilma Lúcia dos Santos) – 400 metros; Ana Klara de Oliveira Galdino (Escola Básica Municipal Maria Conceição Nunes) – 100 metros; Isaac Mattias Cunha Alves (Escola Básica Municipal Maria Conceição Nunes) – 100 metros;
Eduarda Carpini Badim (Escola Básica Municipal Maria Conceição Nunes) – 100 metros;
Ariel Almeida do Nascimento (Escola Básica Municipal Vitor Miguel de Souza) – Bocha.
Estudantes da rede municipal se classificam para a etapa nacional das Paralimpíadas
Escolares 2024
Fotos:
Secretaria Municipal de Educação/Divulgação
Crianças de escolas municipais participam da Semana Contra Incêndios
O 1° Batalhão de Bombeiros Militares, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis, realizou palestras sobre prevenção de incêndios para cerca de 450 alunos do quinto ano das escolas municipais.
Nas atividades, realizadas nas Escolas Básicas Municipais (EBMs) Beatriz de Souza Brito e João Alfredo Rohr, as crianças receberam orientações sobre segurança. Como complemento às palestras, um questionário foi enviado às famílias sobre prevenção doméstica.
Álbuns fotográficos fortalecem laços familiares em Neim
Além de eternizar o momento, a fotografia é capaz de registrar um sentimento e reviver emoções sempre que for vista. Durante o Projeto de Mídias do Núcleo de Educação Infantil Municipal (Neim) São João Batista, as crianças estão aprendendo sobre isso na prática. Como uma forma de fortalecer os vínculos familiares, uma das ações do projeto é a construção de álbuns fotográficos, oportunidade em que as famílias e as crianças partilham as vivências fora do ambiente escolar.
Visita ao Museu do Sambaqui enriquece estudos sobre sítios arqueológicos em Florianópolis
Para dar continuidade aos estudos sobre os sítios arqueológicos pré-coloniais, acerca da história da Ilha de Santa Catarina, as turmas do terceiro ano da Escola Básica Municipal (EBM) João Alfredo Rohr realizaram uma saída de estudo guiada ao Museu do Homem do Sambaqui. No local, os estudantes conheceram o acervo histórico das descobertas realizadas pelo padre João Alfredo Rohr, que também era um pesquisador e arqueólogo, e a coleção arqueológica, que conta com cerâmicas guaranis, objetos líticos — como machados, zoólitos e pontas de flechas — e adornos feitos com dentes e ossos de animais.
UM BANQUETE DE CONHECIMENTO
Com
a mesa posta, crianças aprendem que cada refeição é uma oportunidade para compartilhar experiências com o próximo
POR ANA CAROLINE ARJONAS
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por meio das vivências e de um novo jeito de pensar a alimentação, pequenos compreendem a importância das relações.
Tempo de leitura: 6 minutos
O
cuidado com os objetos e com a limpeza faz parte da rotina na unidade
Alguns horários do dia são conhecidos por uma cena que se repete para muitos brasileiros: o momento em que estamos à mesa com nossos familiares e amigos, compartilhando as refeições no café da manhã ou no jantar. Entretanto, você já imaginou que a relação com a comida pode ser diferente de acordo com cada país? Isso porque algumas tradições ensinam que a alimentação deve ser feita com a mão ou em pratos compartilhados, enquanto outras indicam talheres e utensílios individuais.
Mas não são apenas os itens que compõem a mesa que mudam. Na verdade, o número de refeições ou alimentos e o significado de cada preparo também podem variar, experiência que as crianças do Núcleo de Educação Infantil Municipal (NEIM) Chico Mendes estão vivenciando no dia a dia. Isso porque na unidade todos os dias são especiais quando o caminho é em direção ao refeitório.
Com o cuidado na escolha daquilo que será servido e na forma como os pequenos vão aproveitar o momento da alimentação, o foco é ampliar os conhecimentos e mostrar como a confraternização com a turma pode ser benéfica para o aprendizado, até mesmo quando estão comendo. “A nossa unidade tem o projeto do refeitório, porque a busca é que o momento da alimentação seja mais do que nutrir o corpo. Entendemos que é um momento de partilha, de aprendizado e de socialização”, explica a diretora Karine Quint Rachadel.
A iniciativa, que começou com um jantar à luz de velas com o Van Gogh (momento em que as crianças puderam expor trabalhos sobre o artista, com uma decoração temática), agora faz parte de todas as interações na unidade. “Oferecendo um ambiente que seja acolhedor para as crianças, algo que não vivenciam no cotidiano. Na Educação Infantil, também é parte da nossa prática a ampliação e a complexificação das compreensões educativas do mundo. Para além do que eles trazem de casa, oferecemos uma ampliação”, pontua a profissional.
Além das crianças, os profissionais e os familiares também compartilham de momentos e lembranças à mesa, já que alguns encontros são feitos com as famílias e alguns são direcionados aos profissionais. O entendimento é que eles precisam de cuidado para repassar a mesma experiência aos pequenos.
“Oferecemos uma mesa organizada, com talheres que eles possam escolher, não é só a colher. Entendemos que eles têm que ter acesso ao garfo e à faca, a um prato que seja de vidro, um copo que seja de vidro, que possa ter uma toalha na mesa, flores. Entendemos que estamos construindo um olhar estético nessa relação”, diz a diretora, que relembra o momento em que as crianças foram servidas como se estivessem em um restaurante, uma das ações realizadas na unidade.
Cada detalhe é pensado para proporcionar conforto e acolhimento
COMPARTILHANDO
COM A TURMA
Com o cuidado naquilo que é oferecido, desde a escolha de cada item até as músicas que fazem parte da playlist, dando preferência para ritmos relacionados com o cardápio do dia, é no refeitório que os grupos entendem a importância das relações. “Algo bem importante são as partilhas, então as crianças podem sentar com os seus pares, elas podem escolher, podem encontrar seus primos, amigos de outros grupos, vizinhos, porque entendemos que quando fazemos uma confraternização, vamos sentar perto das pessoas que temos algum vínculo”, comenta Karine, que ressalta que muitas das canções e vivências são pautadas na Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER).
Com princípios que incluem questões éticas, estéticas e políticas, é se alimentando que os pequenos descobrem várias partes do mundo, mesmo sem sair da unidade. “Nós já tivemos almoços temáticos que envolviam a cultura chinesa, em que as crianças foram comer de hashi. Já tivemos café da manhã ou chá da tarde, que eles usaram xícaras e pires, e puderam ter essa experiência. Esse momento de partilha, de aproximação, que vai para além do nutrir o corpo, é um pouco para nutrir a alma”, finaliza a diretora.
Fotos: NEIM
Chico Mendes/Divulgação
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estudantes desenvolvem habilidades e produzem vídeos em Núcleo de Cinema.
Tempo de leitura: 12 minutos
POR ANA CAROLINE ARJONAS
Fotos: José Somensi
Além da surpresa com as cores, os sons e os efeitos, a produção de cinema é capaz de despertar a curiosidade, seja pela narrativa ou o posicionamento dos personagens. Com diversas mudanças pautadas na evolução das telonas nos últimos anos, há cada vez mais detalhes que direcionam o entendimento da história e a forma como o público será capaz de interpretar cada diálogo e interação.
Entretanto, engana-se quem pensa que o cinema é apenas aquilo que vemos após o play Na verdade, há diversas etapas que precisam ser seguidas para que o resultado final seja o esperado. Na Escola Básica Municipal (EBM) Maria Tomázia Coelho, os estudantes estão aprendendo na prática o trabalho de pensar, pesquisar, produzir e editar. “Os estudantes produzem os audiovisuais com celulares. A nossa ideia não é o equipamento, ao contrário, é que o equipamento não seja uma barreira, porque na linguagem audiovisual não precisamos saber como foi feito para entender um filme. A proposta do Núcleo de Cinema é a educação midiática e informacional”, explica o professor de Geografia Luiz de Vasconcellos Ferreira, um dos responsáveis e que reforça a importância do conhecimento em uma época marcada pela inteligência artificial.
Com temas geradores que são definidos a cada ano, as produções podem ser feitas no Núcleo de Cinema, com os jovens que fazem parte do encontro no contraturno, ou em sala de aula, quando os professores inserem o mecanismo nas atividades do dia a dia. “Vemos crianças do segundo ano, quando fazem um filmezinho, por mais simples que seja, o olhar delas muda quando vão ver outros filmes. Elas prestam realmente atenção na história e como é contada”, diz o educador.
Além da produção audiovisual, a turma também aprende com os livros
A alegria de ver a produção finalizada, sendo compartilhada com a turma, é um dos ganhos — mas o principal benefício pode estar na educação. “É impressionante como o processo de produção de um audiovisual interfere na aprendizagem, porque para fazer um filme precisamos pesquisar, mesmo em uma ficção, conhecer o conteúdo da história que será contada, do documentário que será feito, e também a técnica, a forma como vamos filmar, como vamos apresentar. A questão do cinema mesmo, da iluminação, do enquadramento, de como vamos fazer”, menciona Luiz.
Na opinião do educador, o processo é o momento em que os estudantes desfrutam da interação e das vivências, impactando naquilo que será compartilhado com os demais. “É essa autoestima, a questão da ética. Tem coisas que não podemos fazer, tem coisas que não podemos mostrar, porque com uma câmera na mão você pode fazer uma edição, uma montagem, e desvirtuar totalmente o que uma pessoa falou, por exemplo. Eles percebem isso e levam muito a sério”, diz o educador, que menciona a magia do cinema e do processo de erro e acerto, que passa a ser mais fácil para os jovens — aqui o erro ganha uma nova conotação, misturada com riso e aprendizagem.
Criado em 2013, o Núcleo de Cinema já contou com a participação de 700 estudantes e a produção de mais de 100 vídeos, dando visibilidade a temas como sustentabilidade, sociedade e diversas temáticas. “O que é interessante também é a superação. Fico até admirado de ver quantos estudantes tímidos resolvem aparecer, justamente para superar a sua própria timidez”, comenta o professor, que ressalta o tópico trabalhado na primeira produção, com a turma debatendo a pesca da tainha durante a época de reprodução da espécie.
Para a diretora Mariana Vieira Pacífico, a sensação é de dever cumprido. “É muito gratificante saber que nossos estudantes têm esse privilégio de ter um Núcleo de Cinema, de ter acesso às artes visuais e toda a questão da comunicação dentro do cinema.”
Após os desenhos, estudantes conferem o resultado da criação no notebook
Fotos:
José Somensi
A tartaruga e o papel de bala
E o reconhecimento daquilo que está sendo feito na unidade extrapolou os muros da escola, ganhando novos telespectadores Brasil afora. Tudo começou com a iniciativa de Luiz, que inscreveu algumas obras na 13ª edição do Circuito Tela Verde (CTV), ação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que tem o foco em selecionar trabalhos relacionados com a educação ambiental.
Entre o material enviado, o curta-metragem “A tartaruga e o papel de bala” foi selecionado para fazer parte da mostra. A produção foi feita em 2022, com a orientação da professora Ednéia Patrícia Dias. “Estudamos os temas relacionados à educação ambiental e contextos, problemas que encontramos na ilha. O grupo escolheu fazer sobre o trajeto do lixo pelas ruas, situação bem recorrente, e o destino do lixo”, explica a profissional, que na época fez a atividade com 11 estudantes do quinto ano.
Para quem esteve envolvido na produção, feita com a técnica stop motion, aquilo que foi aprendido continua presente — ainda mais quando o assunto é o cuidado com o meio ambiente. “Como uma coisa tão pequena, que não faz tanta diferença na nossa vida, pode afetar outras vidas, outros ecossistemas, como o papelzinho pequenininho que jogamos pode acabar com uma vida”, salienta Maysa Cristina Conceição Lavrador, 12, que agora está no sétimo ano e que participou da produção.
Pensando nas etapas que foram vivenciadas em equipe, há quem saiba o que foi mais desafiador. “Tínhamos que mexer devagarinho para aparecer frame por frame, como se tivesse sido gravado. Como era desenho escapavam muito fácil, aí era complicado mexer e deixar no lugar”, conta Laura Vitória de Souza Maciel, 13, sétimo ano, que salienta a relevância de cada passo para que o resultado fosse reconhecido e selecionado.
Quando o foco está nas habilidades que foram desenvolvidas, o destaque está naquilo que também será aplicado fora do ambiente escolar. “Precisava ter muita paciência naquela hora, tínhamos que tomar cuidado, se mexesse muito tinha que arrumar tudo de novo, era bem complicado”, conta Maysa. Vale ressaltar que a produção foi em parceria com o projeto de extensão Educom.cine, da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
Além da sensação de ver o próprio trabalho sendo indicado para um evento nacional, aqueles que participam da iniciativa também vivenciam outro ganho: a possibilidade de conhecer e aprender com produções que vão além daquelas que estão em cartaz no cinema ou nos streamings. “Dentro dessa proposta, complementar à produção audiovisual, vem também o conhecer outras produções que não tenham sido feitas por eles, especialmente produções que não passam no cinema, as alternativas. Tem muita coisa boa”, lembra Luiz.
Producao a todo vapor
Para continuar dando visibilidade para aquilo que é feito em sala, as produções não podem parar. Prova disso é a atividade que está sendo produzida pelos estudantes do integral, com o livro “Um estranho no galinheiro!”, de Mick Manning. A ideia é utilizar a história como base para recriar aquilo que será contado pela turma, que já selecionou a narradora da
A criação dos personagens é uma das etapas do processo
Palco das exibicoes
Além do Circuito Tela Verde, que contou com exibições abertas ao público, a unidade também foi o local de exibição do Mercosul Audiovisual — e a presença da comunidade é impulsionada pela visão de que eles fazem parte do espaço escolar. Durante a exibição dos projetos selecionados, os estudantes são incentivados a acompanhar as sessões, mas algumas são destinadas aos familiares e à comunidade. A próxima data para o público será em 19 de setembro, no período noturno.
Quer acompanhar aquilo que já foi produzido pelo Núcleo de Cinema e demais estudantes da EBM Maria Tomázia Coelho?
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Fotos: José Somensi
O PODER DAS CORES NO CINEMA
POR GUSTAVO BRUNING
Diversos elementos trabalham em conjunto em uma cena para entregar a mensagem proposta por um filme ou seriado. Da trilha sonora aos diálogos, do enquadramento aos figurinos.
Há um componente, no entanto, que tem papel fundamental e está sempre em ação: a cor.
Quando bem empregada na cena, a cor é capaz de provocar sensações específicas no espectador. Cada tonalidade tem seu propósito e pode ser explorada de infinitas formas, seja na luz do ambiente, nas peças de roupa características de cada personagem ou no cenário. Entenda um pouco sobre como a cor é utilizada nos filmes.
O PODER
DE 7 CORES
Saiba quais sensações e aspectos psicológicos cada cor pode evocar se usada da maneira certa.
Vermelho
Amor, perigo e poder.
Rosa
“Wall-E” une o laranja ao marrom para expressar o superaquecimento e o aspecto terroso no qual o planeta se encontra.
Inocência, lúdico e empatia.
Laranja
Calor, amizade e exótico.
Amarelo
Loucura, insegurança e inocência.
Verde
Natureza, corrupção e vigor.
Azul
Frieza, solidão e calma.
Roxo
Fantasia, ameaça e esclarecimento.
“Avatar”, de 2009, faz um ótimo uso do roxo para caracterizar a natureza e o lado místico, sábio e espiritual de Pandora.
A SOMA DE TUDO
Saiba quais sensações e aspectos psicológicos cada cor pode evocar se usada da maneira certa.
Matiz
A cor pura.
Saturação
A intensidade da cor.
Brilho
O quão clara ou escura é a cor.
PRIORIDADES
Alguns filmes são conhecidos pelo aspecto monocromático, ou seja, são dominados por uma cor e suas variações. Isso ajuda a entregar uma atmosfera específica e costuma criar uma identidade visual memorável.
“Matrix”, de 1999, é ambientado principalmente em um mundo virtual e fica marcado pelo verde, cor associada às telas de códigos binários e linhas de programação.
Em “Barbie”, de 2023, o rosa está presente em praticamente todos os cenários da Barbie Land, não apenas por representar a boneca, mas por traduzir a inocência e a doçura desse universo. Quando a personagem chega ao mundo real, há uma mudança nesse aspecto: os tons pastel dão lugar a fundos acinzentados e cenários menos coloridos, reproduzindo a realidade crua.
PROPOSTAS DIFERENTES
Diferentes configurações de saturação e brilho podem entregar propostas totalmente diferentes de um mesmo objeto de cena ou personagem. É o caso de um dos maiores super-heróis da DC.
Em “Superman - O filme”, de 1978, o protagonista aparece em seu emblemático uniforme azul, vermelho e amarelo, com as cores bem saturadas e claras. Quando foi reimaginado em 2013, a ideia de criar um longa-metragem mais sério fez o uniforme escurecer. Com as cores menos vívidas, o traje de Henry Cavill se tornou mais realista e menos cartunesco.
DO SÉPIA AO COLORIDO
As cenas iniciais de “O mágico de Oz”, de 1939, situadas em uma fazenda no Kansas, são todas em tons sépia — isso representa a falta de magia do mundo comum. Quando Dorothy chega à Terra de Oz, o filme finalmente ganha cor. A protagonista se depara com paisagens coloridas e vibrantes, muita música e novos amigos repletos de energia. A cor empregada nesses segmentos é mais uma forma de reforçar o encanto desse universo.
QUANDO O ENCANTO SE DISSIPA
Ao descobrir que é um bruxo, Harry Potter não esconde o deslumbramento. Em “Harry Potter e a pedra filosofal”, de 2001, ele tem 11 anos e está maravilhado com as surpresas. Apesar de ter momentos sombrios, a produção é essencialmente clara e reflete o brilho no olhar do jovem feiticeiro. Com o passar dos filmes, a trama fica mais séria e arriscada, o que ecoa no uso das cores. No último capítulo, “Harry Potter e as relíquias da morte - Parte 2”, de 2011, Hogwarts já não é mais quente e acolhedora, se tornando um castelo frio e acinzentado. O campo de quadribol, até então com uma bela grama esverdeada, perde saturação e fica irreconhecível.
SEM CORES?
CADA UM COM A SUA COR
A escolha de uma cor para cada emoção em “Divertida mente” não é por acaso. O amarelo da Alegria espelha seu lado brilhante e remete a raios de sol, e o azul da Tristeza é tradicionalmente associado à infelicidade. Já o vermelho do Raiva reflete seu lado inflamável e temperamental — lembra do fogo que surge na cabeça dele? Em “Divertida mente 2”, a Ansiedade chega na cor laranja como um sinal de alerta e o Vergonha esbanja o tom rosado das bochechas de quem fica tímido.
Houve uma época em que os filmes eram todos em preto e branco, o que ficou para trás, aos poucos, a partir do lançamento de “O mágico de Oz”. Nos anos 1960, esse tipo de produção ficou ainda menos comum, mas isso não as extinguiu completamente. De vez em quando, novos projetos em preto e branco estreiam por aí, resultado de uma escolha artística.
Foi o caso de “O artista”, uma comédia muda lançada em 2011 e que venceu o Oscar de Melhor Filme. Já “Frankenweenie”, de 2012, foi uma animação de Tim Burton que se beneficiou do preto e branco para fortalecer o lado obscuro da história. O especial “Lobisomem na noite”, da Marvel Studios, por sua vez, foi lançado assim por ser inspirado em filmes de terror das décadas de 1930 e 1940.
EFEITO CULTURAL
EMBATE EM CORES
Não é raro ver filmes designando cores específicas para corresponder ao bem e ao mal. Muitas vezes isso ocorre de uma forma bem clara, facilitando a associação de personagens a certos tons.
“Star Wars: episódio IV – Uma nova esperança”, o primeiro da saga, de 1977, já estabelece o sabre de luz azul para os mocinhos e o vermelho para Darth Vader. O contraste entre as cores se replica nas batalhas entre Rey e Kylo Ren, simbolizando os valores de cada um. Enquanto o sabre de luz azul, pertencente aos Jedi, denota paz e lealdade, o vermelho vibrante é um reflexo da fúria e corrupção de seu dono.
O poder das cores nas cenas não tem relação apenas com seu efeito prático, mas também cultural. Perceba como o vermelho é frequentemente associado a fogo e sangue. O azul tem relação com gelo, enquanto o verde se conecta à natureza.
INTERNET DAS COISAS: QUAIS COISAS?
POR LUCAS INÁCIO
Em 1995, há menos de 30 anos, Bill Gates (criador e dono da Microsoft) foi a um famoso programa de auditório comandado por David Letterman apresentar a internet. Na época, o computador se popularizava e crescia cada vez mais no mundo, mas a internet ainda era uma novidade, pelo menos para o público.
Na entrevista, o bem humorado apresentador queria saber o que era essa “tal de internet”. Gates respondeu ser “um lugar onde as pessoas publicam informações, é algo muito legal que está acontecendo”. Em seguida, Letterman arrematou com uma piada: “Anunciaram recentemente uma transmissão de beisebol como sendo algo grandioso, será que as pessoas já ouviram falar de rádio?”.
Nesse momento, as pessoas riram e Gates seguiu com a explicação. De fato, era difícil entender o que estava por vir, mas aquela transmissão do jogo de beisebol foi algo grandioso para a época — e tudo graças a duas invenções revolucionárias: o computador e a internet.
O primeiro é mais velho, surgiu nos anos 1940, em meio à Segunda Guerra Mundial, impulsionada pela corrida por tecnologias que poderiam definir o conflito. A segunda surgiu duas décadas depois, como um meio de comunicação militar na corrida da Guerra Fria e era utilizada apenas entre computadores do Pentágono. Ambas se desenvolveram e cresceram até se popularizar de vez nos anos 1990.
O computador e a internet sempre foram vistos como aquelas melhores amigas que não se desgrudam nem na sala e nem no recreio. Durante um tempo, o computador vivia sem a internet, mas não o contrário: só era possível navegar por um desktop ou notebook. Depois, o telefone celular virou um computador de bolso e a internet foi levada para todos os lugares.
Hoje, continuam sendo melhores amigos: o computador dá seus rolês por aí, mas é impossível negar que a internet se tornou a mais popular e cheia de amizades. É aí que entra o conceito de Internet das Coisas
INTERNET DAS COISAS (IOT)
O conceito da Internet das Coisas (“Internet of Things”, em inglês, por isso a sigla) é o que estuda e possibilita colocar em rede o máximo de coisas possíveis do mundo físico. Antes, na prática era a Internet DA Coisa, e essa “coisa” era o computador. Depois, o celular virou mais uma coisa. Depois uma TV, depois o relógio, entre várias ferramentas que ganharam o “smart” no nome (que significa “esperto”). Hoje, até geladeira é smart e cada elemento desses que ganhou acesso à internet é uma dessas “coisas” que a sigla IoT sugere. O objetivo de se estudar novas aplicações para a internet é, justamente, facilitar a vida das empresas e das pessoas, dar mais recursos, fazê-las economizar tempo, dinheiro e esforço.
SERÁ QUE É TÃO NECESSÁRIO?
É importante termos em mente que algumas coisas realmente parecem desnecessárias e são um estímulo ao consumo desenfreado. A tarefa da IoT, nesses casos, é gerar lucro aos criadores de determinado mercado, por isso vale estarmos atentos e críticos sobre alguns destes aspectos.
De fato, Bill Gates estava certo ao resumir que a internet seria “um lugar onde as pessoas publicam informações”. Talvez ele só não soubesse que as coisas também compartilhariam tanto sobre nós, e informação é algo que vale muito hoje em dia. Por fim, para quem acha que o computador ficou esquecido na amizade com a internet, não é bem assim. Afinal, para captar, enviar, receber, decodificar e interpretar tantos dados, só sendo muito bom em cálculo. Não percebemos, mas em um mundo onde a internet está nas coisas, talvez cada uma destas coisas tenha virado um computador.
QUAIS COISAS SÃO ESSAS?
Parece bobo e faz a gente pensar “por que uma lixeira precisa de internet?”. Mas o fato é que uma dessas pode deixar a separação do lixo mais prática, especialmente em lixeiras públicas, como já são utilizadas em locais da Europa, Estados Unidos e da Ásia.
Outro exemplo são os mapas. A gente poderia baixar um mapa simples no celular para se deslocar, certo? Porém, fica muito mais fácil ter um programa como o Waze, que as pessoas alimentam com informações de onde tem acidente e como está o trânsito — e o próprio aplicativo calcula e indica qual o caminho mais rápido.
Que tal pensar no exemplo da geladeira? Uma que consegue detectar quais ingredientes você colocou nela e, a partir disso, propor receitas, falar seu valor nutricional, indicar promoções em mercados da região ou, até, dizer quais estão estragando e quais precisam ser repostos.
A Internet das Coisas é um conceito tão amplo que essa coisa pode ser uma cidade inteira, as chamadas cidades inteligentes. Prédios, estradas, carros, pessoas, comércios, casas e serviços, tudo e todos conectados para que a cidade flua naturalmente. É uma das ferramentas que estão revolucionando o mundo.
ATENTO ÀS DESCOBERTAS: COMO IDENTIFICAR UM NOVO ANIMAL?
POR ANA CAROLINE ARJONAS
Observar o mundo ao redor e como as coisas acontecem é um hábito que requer prática e atenção. Andar pelas ruas e analisar a mesma paisagem com o olhar de quem procura novidade é o ponto de partida para aqueles que desejam descobrir animais que ainda não foram catalogados, caso daqueles que atuam como taxonomistas. Com as primeiras descobertas datadas no século 18, com influência do naturalista Carl Linnaeus, centenas de bichos são descobertos todos os anos, muitos que nem mesmo podemos imaginar — às vezes, são detalhes que diferenciam uma espécie da outra.
“Você precisa entender muito bem a diversidade de um certo grupo de animais, como que são delimitadas. Tendo esse conhecimento e indo atrás de conhecer outras espécies, acaba se deparando com coisas desconhecidas, encontrando novidades, animais que ninguém nunca viu antes, animais que estão aí, que existem há milhões de anos e que ninguém nunca botou o olho neles”, explica o professor Luiz Carlos de Pinho, do Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
COMO É FEITA UMA DESCOBERTA?
Por mais que o tema gere curiosidade, é importante destacar que o processo é único e pode ser vivenciado de diversas maneiras, levando em consideração o perfil do pesquisador e também o que está sendo avaliado.
No caso de Luiz, por exemplo, grande parte das expedições foram feitas em solo nacional. “Depende muito dos recursos, o quanto você pode despender para uma expedição, o quanto é difícil chegar lá e o quanto você pode ficar. Dependendo do local, qualquer coleta pode acabar revelando algo novo, com uma única coleta você tem algo. Já descrevi uma espécie que encontrei no ponto de ônibus”, comenta o educador.
DESCOBERTA COM OS ESTUDANTES
Além do caminho e do estudo da área, existem outras etapas que devem ser seguidas para que o novo animal seja catalogado, incluindo a descrição do ser, a publicação científica, a nomeação e a aprovação da nova espécie. “Os critérios para se dar um nome científico são: o nome não pode ter sido dado a nenhum outro animal e não pode ser problemático ou ofensivo”, diz o professor, que busca inspiração local para a nomeação. “Boa parte deles eu tive inspiração em nomes indígenas, a maioria das espécies que eu descrevi são do Brasil, da Amazônia ou da Mata Atlântica, e, inspirado por outros pesquisadores que já fizeram algo parecido, busco homenagear os povos originários da região”, diz Luiz.
Com foco em descobrir aquilo que ainda não foi visto por outros, uma dica é treinar o olhar para identificar as categorias menos procuradas. ”Se você prestar atenção nos bichos pequenos, moscas, mosquitos, você vai encontrar bastante novidade, porque são animais bem diversos e que não receberam a devida atenção ao longo de séculos. Tem trabalho para muita gente para descobrir coisas novas por aí”, comenta o profissional, que costuma dar atenção aos insetos — já foram 116 descobertas até a publicação deste conteúdo.
Na Escola Básica Municipal (EBM) Adotiva Liberato Valentim, os estudantes vivenciaram a experiência de nomear um inseto. A atividade foi feita em parceria com Luiz Carlos, quando o especialista descobriu uma nova espécie na Amazônia. “Foi uma conjunção dos astros, de eles acabarem me encontrando na UFSC, e essa turma estava atrás de um especialista que explicasse como se descreve novas espécies e como se descobre novas espécies. É justamente o que eu faço e ajudei eles a resolverem essas dúvidas”, pontua o educador.
Foi a partir do primeiro contato que foram pensadas as etapas para seleção do novo nome, que contou com votação popular das turmas — o termo escolhido foi “Aedokritus adotivae”, em homenagem à unidade. “Foi o trabalho que mais gostei de fazer, foi bem interessante ver o interesse deles, a participação, foi muito gratificante a repercussão que teve”, finaliza Luiz.
POR QUE O CÉU É AZUL?
POR REDAÇÃO ITS TEENS
Quem nunca se pegou olhando para o céu e questionando a cor dele? Essa pode ser uma cena comum e a imaginação corre solta nesse momento. Hoje vamos descobrir o motivo dessa coloração específica.
A explicação por trás desse fenômeno vem da forma de como a luz solar se espalha pelas moléculas da atmosfera. Após passar pela atmosfera, essa luz atinge os átomos dos gases oxigênio e nitrogênio e é dispersada em várias cores, cada uma com o seu comprimento e frequência de onda — e a tonalidade que mais se espalha nesse processo é a azul.
Porém, não são todos os planetas que possuem o céu azul. Em Mercúrio, por exemplo, o céu é escuro ao decorrer do dia, já que por ali quase não existe atmosfera, impedindo a dispersão dos raios solares.
CURIOSIDADES SOBRE O CÉU
Os primeiros povos conseguiam navegar nos mares por meio de análises do céu, como a posição das estrelas e constelações.
A cada ano é possível ver o eclipse lunar, quando a Terra fica entre o Sol e a Lua, e o eclipse solar, quando a Lua encobre o Sol.
Do céu do extremo Norte do Hemisfério Norte e do extremo Sul do Hemisfério Sul da Terra é possível ver fenômenos como a aurora boreal e austral. Observando o céu, Johannes Kepler, Tycho Brache e Galileu Galilei descreveram o movimento dos planetas do Sistema Solar.
Isaac Newton foi o responsável por investigar o porquê da Lua girar em torno da Terra. Ele formulou a lei da gravitação universal e teve três respostas: o Sol atrai os planetas, a Terra atrai a Lua e também todos os corpos que estão perto dela, ou seja, é sobre a atração entre os planetas.
COMO OS PARA-RA OS FUNCIONAM?
Com uma luz intensa e trovões estrondosos, os raios são fenômenos naturais fascinantes, capazes de capturar a atenção e, ao mesmo tempo, gerar receios nas pessoas. Portadores de uma corrente de energia intensa, suas descargas elétricas podem representar perigos para equipamentos eletrônicos, construções e até para a vida humana.
Uma única descarga elétrica possui cerca de mil vezes mais intensidade do que um chuveiro elétrico e demanda um dispositivo capaz de prevenir danos e acidentes. Nesse momento, os para-raios, ou o Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), entram em cena. Previsto por lei em ambientes com grande fluxo de pessoas, o dispositivo canaliza a eletricidade de forma segura
para o solo, prevenindo o derretimento de placas metálicas, a queima de eletrodomésticos e reduzindo os riscos de choque.
Feito com materiais condutores, como aço, alumínio e cobre, e com uma extremidade pontiaguda, o para-raios cria um percurso de transmissão para a descarga elétrica alcançar o solo de maneira segura, neutralizando a energia.
No Brasil, país com maior incidência de raios, são utilizados dois tipos de para-raios: o de Franklin, o mais tradicional, composto por haste metálica e fio condutor; e o de Melsens, também chamado de Gaiola de Faraday, com uma estrutura metálica e uma malha de fios, recomendado para construções de maior porte.
Como a biodiversidade das ILHAS GALÁPAGOS
inspirou CHARLES DARWIN
POR REDAÇÃO ITS TEENS
Conhecidas como um laboratório vivo, um lugar que abriga desde tartarugas enormes e iguanas marinhas até cactos gigantes e moluscos, as Ilhas Galápagos são um arquipélago vulcânico no Oceano Pacífico e uma província do Equador. O local é um dos principais destinos quando se fala em observar a vida selvagem, mas você sabia que o espaço foi objeto de estudo de um dos maiores geólogos do mundo? O estudo de Charles Darwin teve início em 1831, quando o jovem britânico foi convidado a participar de uma grande expedição como naturalista. Assim que entrou no navio, começou suas observações. O biólogo passou quase cinco anos a bordo, percorrendo vários continentes, a começar pela América do Sul, onde conseguiu dezenas de exemplares de fósseis, ilustrações e espécies vivas. E foram esses fósseis que deram a ele a primeira pista sobre a evolução.
Assim que passou pelas Ilhas Galápagos, Charles observou que em cada ilha existiam espécies distintas de tartarugas que se diferenciavam, principalmente, pelo tamanho do pescoço. Após alguns anos de pesquisa, chegou à conclusão de que as tartarugas que havia visto eram frutos da evolução — foi nesse momento que ele publicou “A origem das espécies”.
De acordo com sua teoria, existe uma luta pela sobrevivência na natureza, mas aquele que sobrevive não é o mais forte, mas o que melhor se adapta às condições do ambiente em que vive.
CONFIRA ALGUMAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE FLORIANÓPOLIS DURANTE O MÊS DE AGOSTO.
CADA BICHO EM SEU LUGAR
POR JÚLIO CESAR DAMACENO
Professor do Neim José Rodrigues Willamil
Lá na lagoa, o sapo vive numa boa, O jacaré “tá” rindo à toa E o patinho faz “quá quá”.
Na fazendinha mora um monte de galinha E uma vaca que é vizinha
Do cavalo que tem lá.
Todo lugar tem seu bicho e todo bicho
Tem seu lugar. (2x)
Lá no oceano, o tubarão vive caçando, O camarão só anda em bando E a baleia faz “chuá”.
Lá na floresta, o macaco só quer festa, A onça corre depressa E o tatu também “tá” lá.
Todo lugar tem seu bicho e todo bicho
Tem seu lugar. (2x)
Lá na savana, o leão que é tão bacana, O elefante “tá” na lama E a zebra também “tá”.
E lá em casa, o gatinho manda brasa, Tem um hamster que arrasa E o cachorro quer brincar.