its Teens Florianópolis - 16

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Revista its Teens Florianópolis nº 16 2023 | R$ 14,85

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NÃO VACILA, FALA AÍ (48) 3212-4026

Pontos de distribuição: escolas da rede municipal de Florianópolis

RENATA BOMFIM

Coordenadora de projetos especiais

No mês importante para a reflexão sobre a violência contra a mulher, a revista its Teens que chega até a sua escola apresenta o tema numa abordagem esclarecedora: no Agosto Lilás, os conteúdos desta edição foram pensados para servir de informação e orientação.

De olho no movimento que acontece na rede municipal de Florianópolis, o Programa Maria da Penha Vai à Escola, criado neste ano (Decreto nº 24.968), é uma iniciativa do município de esclarecer sobre a lei que assegura às mulheres os seus direitos. Como destaque na capa, conheça como esse trabalho tem sido desenvolvido na Escola Básica Municipal (EBM) Albertina Madalena Dias.

Ainda nesta edição, saiba quais são as leis que garantem a integridade feminina, conheça o papel da Delegacia de Atendimento à Mulher, assista às dicas de filmes que valorizam o empoderamento feminino e saiba como pedir ajuda com apoio de aplicativos e sites em caso de perigo. Isso e muito mais você vai aprender nesta edição especial de Agosto Lilás.

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/ EXPEDIENTE
4 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023 /
EDITORIAL

8-9/

Atenção à segurança: 5 leis que combatem a violência contra a mulher

10-11/

A importância da Delegacia de Atendimento à Mulher

6 filmes estrelados por heroínas inspiradoras para você assistir

Sites e aplicativos que auxiliam no combate à violência

12-13/ 14-15/ 16-17/

Jovens desenvolvem inteligência emocional em oficina do Bairro Educador

Além do jiu-jitsu: mulheres desenvolvem técnicas de defesa pessoal com arte marcial

18-23/

Nós temos voz

A história que minha mãe não me contou e outras histórias da Guiné-Bissau

Caça-palavras

Violência contra a mulher: como pedir ajuda?

26-27/ 28-29/ 30-31/ 32/ 36-41/ 42/ 6 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023

/ CONTEÚDO diário escolar diversão
notícias das escolas defesa capa profissão do mês cultura pop wi-fi de olho nos sinais spoiler
sentimentos
galerias saideira curiosidades
Você conhece o ciclo de violência contra a mulher? 24/
34-35/

Delegacia de Atendimento à Mulher

Localizada na Agronômica, na Rua Delminda Silveira, nº 811, a Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso é uma unidade especializada na proteção e investigação de crimes contra as mulheres. O local tem atendimento presencial e por telefone no (48) 3665-6528.

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Foto: SSP-SC/Divulgação

ATENÇÃO À SEGURANÇA: 5 LEIS QUE COMBATEM A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

No Brasil, a violência deixou as mulheres em situação de vulnerabilidade durante muito tempo, mesmo com a Constituição de 1988 garantindo direitos iguais para todas as pessoas. Ainda que a falta de políticas públicas de proteção às mulheres perdurem até hoje, as coisas estão mudando.

Nos últimos 20 anos, a legislação brasileira evoluiu muito na questão da equidade de gênero, protegendo os direitos das mulheres, combatendo a discriminação e possibilitando o empoderamento feminino. A seguir, conheça cinco leis brasileiras criadas para proteger as mulheres em diferentes situações.

/ DIÁRIO ESCOLAR
8 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023
POR MAI BILENKI

1. Lei Maria da Penha

Até 2006, não existia nenhuma lei no Brasil que tratasse especificamente da violência doméstica. Nesses casos, os agressores poderiam ser enquadrados em crimes de “pequenas causas”, tendo a obrigação de pagar uma cesta básica ou prestar serviços à comunidade.

A legislação foi alterada com a criação da Lei Maria da Penha, mas esse processo não foi fácil. Maria da Penha Maia Fernandes, que dá nome à lei, passou 18 anos lutando por justiça após sofrer diversas violências praticadas pelo ex-companheiro, que acabou deixando-a paraplégica.

O Estado brasileiro só reconheceu que a violência doméstica era um problema sério no país quando recebeu uma condenação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, julgando o país negligente e omisso em relação à violência doméstica sofrida por Maria da Penha.

Essa lei é reconhecida como uma das melhores sobre a temática no mundo. Uma das importâncias do texto está em tipificar a violência física, sexual, moral, patrimonial e psicológica, permitindo a identificação das vítimas em diferentes fases do ciclo de violência.

2. Lei Carolina Dieckmann

Carolina Dieckmann é uma atriz brasileira que foi vítima de ataque virtual em 2011. Ela teve seu computador invadido e 36 fotos roubadas. Além disso, sofreu uma tentativa de extorsão. Na época, Carolina não teve apoio de uma legislação específica, mas o caso promoveu um debate social e jurídico.

Um ano depois foi aprovada a Lei nº 12.737/2012, apelidada de Carolina Dieckmann, que alterou os artigos 154-A e 154-B do Código Penal, incluindo a tipificação de crimes virtuais, como a invasão de dispositivos com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa do proprietário.

3. Lei do Feminicídio

A aprovação da Lei do Feminicídio, em 2015, foi um importante passo na luta contra a violência de gênero no Brasil. Antes, o homicídio de mulheres era tratado como qualquer outro, não havendo uma tipificação específica para os casos em que a motivação do crime estava relacionada à condição de ser mulher.

Com a lei, o feminicídio passou a ser considerado um crime hediondo, o que implica em penas mais rigorosas, de 12 a 30 anos. Além disso, os casos devem ser investigados com prioridade e de forma mais rigorosa, visando à punição rápida e adequada dos agressores.

4. Lei do Minuto Seguinte

A Lei do Minuto Seguinte foi aprovada em 2013 e fala sobre a obrigatoriedade de hospitais oferecerem às vítimas de violência sexual um atendimento emergencial, integral e multidisciplinar. A lei considera este tipo de violência qualquer forma de atividade sexual não consentida.

É responsabilidade de qualquer espaço do Sistema Único de Saúde (SUS) oferecer: amparo médico, psicológico e social imediatos; facilitação do registro da ocorrência e relacionamento com as delegacias especializadas; testes de gravidez, HIV e ISTs. Além disso, a rede deve fornecer informações às vítimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários disponíveis.

5. Nova Lei da Igualdade Salarial

A falta de equidade salarial e de oportunidades iguais de progressão de carreira são os motivos para a criação da nova Lei da Igualdade Salarial. Com a nova lei em vigor, as empresas precisarão dar transparência aos salários da organização, permitindo a fiscalização de casos de preconceito de gênero.

Atualmente, mulheres recebem, em média, 25% a menos que homens, mesmo quando estão ocupando os mesmos cargos e exercendo as mesmas atividades. Com a Lei da Igualdade Salarial, esse cenário deve mudar.

Agosto Lilás

Agosto Lilás é uma campanha de conscientização sobre o combate à violência contra a mulher. A campanha foi instituída no Estado do Mato Grosso do Sul, pela Lei nº 4.969/2016, mas hoje já está por todo o Brasil.

O mês de agosto foi escolhido porque foi no dia 7, em 2006, que a Lei Maria da Penha foi aprovada. O intuito da campanha é divulgar as leis de combate à violência contra a mulher. Faça parte desse movimento!

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TEENS

A IMPORTÂNCIA DA DELEGACIA DE ATENDIMENTO À MULHER

Pensando em prestar um atendimento especializado e oferecer assistência psicológica e jurídica para mulheres vítimas de violência, a Delegacia de Atendimento à Mulher tem como finalidade acolher esse público de maneira digna, receber denúncias de diferentes tipos de agressão (física, moral, psicológica, sexual e patrimonial) e pedidos de medida protetiva.

Apesar do número das políticas públicas de enfrentamento à violência contra as mulheres ter crescido nos últimos anos, a história da criação desses atendimentos tem seu início nas décadas de 70 e 80. O Estado pioneiro na área foi São Paulo, com o Centro de Orientação Jurídica e Encaminhamento à Mulher (COJE), fundado em 1983, e a primeira delegacia da mulher do país, em agosto de 1985.

A instituição foi a primeira delegacia especializada a ter como critério a identidade da vítima e serviu como inspiração para a criação de outros polos focados na mesma metodologia, como nos casos de racismo e crimes contra idosos. Ainda no mesmo ano, em 27 de setembro de 1985, a 6ª Delegacia de Polícia da Capital, em Florianópolis, passou a englobar o setor de proteção à criança e ao adolescente, juntamente com o da proteção à mulher.

Com outras unidades criadas pelo Estado, as delegacias passaram a ser chamadas de Delegacia da Mulher, da Criança e do Adolescente, já que, além da apuração de casos criminais contra mulheres, contam também com ações relacionadas à proteção dos menores e verificam atos infracionais cometidos por adolescentes.

/ PROFISSÃO DO MÊS
POR REDAÇÃO ITS
10 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023

O PROCEDIMENTO

Na delegacia, a primeira pessoa a fazer contato com a denunciante será a(o) atendente, que ouvirá o resumo do relato, coletando informações que serão encaminhadas para a(o) escrivã(escrivão) abrir o boletim de ocorrência.

Para facilitar o processo, é fundamental que a vítima tenha o maior número de informações da pessoa que será denunciada — como nome e endereço. Quanto mais provas e testemunhas, mais agilizado será o procedimento.

Nos casos de violência física, a vítima será direcionada para o exame de corpo de delito, que poderá ser no próprio local (se possuir médicos especialistas) ou em um hospital. A delegacia também poderá se responsabilizar por providenciar transporte e escolta, caso a mulher precise ser conduzida a um abrigo. Algumas unidades também oferecem serviços de assistência social e psicólogos.

DIREITOS DAS VÍTIMAS

Dentro dos atendimentos oferecidos, as vítimas têm uma série de direitos que podem ser exigidos, como: dar o depoimento em um local separado, como a Sala Lilás; ser ouvida sem julgamento e culpabilização; ser mantida em local separado do agressor; não ser coagida a desistir do boletim de ocorrência; realizar o exame de corpo de delito apenas com a presença do médico legista, sem outros agentes.

DELEGADA EM AÇÃO

Única diretora mulher na instituição em que atua, a delegada Michele Alves Corrêa Rebelo sempre teve em mente a área em que desejava seguir. Desde a graduação em Direito, a profissional sabia que seu foco seria na área criminal.

Até virar diretora de Polícia da Grande Florianópolis (DPGF/PCSC), no Complexo de Segurança Pública, Michele trilhou um longo caminho, começando sua carreira na Polícia Civil, em 2003, como escrivã. Cinco anos mais tarde, em 2008, fez o concurso para delegada, passando por seis municípios do interior até assumir as demandas da Capital.

“As mulheres estão conseguindo agora quebrar algumas barreiras, atingindo alguns espaços que antes eram (ocupados) só por homens [...] O desafio realmente é você ter a mesma voz que têm os demais, você tem que estar sempre mostrando que tem potencial, que tem habilidades e liderança para atuar em determinados cargos”, declara Michele.

Além da liderança e de amar a atividade policial, ter proatividade, inteligência emocional e uma boa comunicação são algumas das habilidades que a delegada acredita que um bom profissional da área deve ter.

O VALOR DO AGOSTO LILÁS

Uma das maneiras de reforçar a conscientização é por meio da informação. Com o objetivo de intensificar o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, o Agosto Lilás busca fortalecer as políticas públicas a favor das vítimas. “A partir do momento em que a mulher tem conhecimento que há amparo nos órgãos públicos e sabe os canais de denúncia, facilita e gera uma sensação de confiança”, afirma a delegada.

Michele também reforça a importância das mulheres ocuparem os locais de atendimento, já que as vítimas de violência doméstica podem se sentir desconfortáveis em relatar o crime e pedir ajuda. O amparo de uma agente feminina é capaz de contribuir para a situação, deixando a vítima mais à vontade.

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Foto: Arquivo pessoal/Divulgação

Jovens desenvolvem inteligência emocional em oficina do Bairro Educador

Disponível nas 12 sedes e extensões, projeto foca em trabalhar os sentimentos e emoções, aprimorando a comunicação e o senso de pertencimento

O que você vai encontrar por aqui: Oficina das Emoções, do Bairro Educador, contribui com o desenvolvimento da inteligência emocional.

Tempo de leitura: 6 minutos

12 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023
POR ANA CAROLINE ARJONAS
/ SENTIMENTOS

Turma das emoções, da sede Córrego Grande

Compreender os sentimentos e expressar emoções são tarefas difíceis para a maioria das pessoas, independentemente da idade. Seja pela vergonha ou conflitos, existem diversas barreiras que podem surgir nas relações. Mas como aprender a lidar com aquilo que sentimos? Qual é a forma correta de administrar os pensamentos e opiniões?

Nas 12 unidades do Bairro Educador, projeto da Prefeitura Municipal de Florianópolis, crianças e estudantes estão aprendendo sobre inteligência emocional na Oficina das Emoções. Com encontros semanais, o grupo é acompanhado pelos psicólogos Bruna Thirion, Carla de Almeida, Gabriela Rosa, Júlio Luiz Damasceno Ramos e Letícia Sardá, além das assistentes sociais Karolina Machado e Karoline Francieli, trazendo para dentro de cada sede ou extensão situações vivenciadas na escola ou na própria comunidade.

A iniciativa surgiu de uma junção entre as necessidades dos estudantes e a observação dos profissionais. “O propósito dentro da oficina é fortalecer as questões emocionais. É o estudante aprender a entender o que são sentimentos, o que são emoções, como gerir melhor seus comportamentos mediante as situações”, explica Júlio, coordenador psicossocial do Bairro Educador.

Cada psicólogo atende três ou quatro locais, com encontros que reúnem de 12 a 15 jovens. E na troca de experiências, no simples ato de falar e ouvir, as turmas começam a compreender que aquilo que sentimos pode ser trabalhado de diversas formas, pensando na melhor comunicação e no que deve ser dito ao outro. “A oficina vem provocando alguns sentimentos e emoções. Existem os atendimentos individuais e personalizados, que são resultados das ações dentro das sedes, então não necessariamente todos os estudantes que estão na sede passam pela oficina, mas todos têm disponibilidade do psicólogo para atendê-los. São os casos mais agravados que passam pela Oficina das Emoções”, esclarece o profissional.

E tudo o que é trabalhado com a turma parte de uma abordagem e linguagem lúdica, capaz de evidenciar as diferenças e criar um ambiente de respeito. “Proporciona um espaço no qual ela vai ter um espelho e ela vai poder olhar para si e entender que ela pode colocar para fora, aprender a regular o sentimento”, comenta Júlio.

Embora as ações já tenham sido desenvolvidas no ano passado, é com a Oficina das Emoções que os indivíduos conseguem manter a comunicação, fazendo do espaço uma oportunidade de expressão e da própria formação. “Construir uma autoimagem, os processos de aceitação, que as pessoas são diferentes, que é o mais importante. Conseguir compreender essa questão do ser único, eu sou único, mas eu não estou só”, diz o coordenador.

Estudantes aprendem a gerenciar os sentimentos por meio de atividades

A oficina segue até o final do ano, mas a participação de alguns estudantes é pontual. “Na medida que a gente for vendo que eles estão sendo mudados, e que aquela ação que era mais inflamada foi regulada, abre oportunidade para os próximos entrarem”, finaliza Júlio. Vale destacar que o atendimento individual e o acompanhamento profissional são mantidos, independentemente da participação no grupo.

Grupo de psicólogos na sede do Bairro Educador, no Morro da Mariquinha Foto: Antônio Prado/Divulgação
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Foto: Gabriela Rosa/Divulgação

Alunos da EBM Profª Neuza Paula

da Silveira criam painel de fotos em prol do Agosto Lilás

Envolvendo os estudantes do quarto e quinto ano da Escola Básica Municipal (EBM) Professora Neuza Paula da Silveira, um painel de fotos foi feito para fortalecer e mobilizar a todos sobre a importância desta temática dentro e fora da sala. Houve trocas de ideias a respeito de palavras-chave, como lei, violência, proteção e prevenção — e os jovens trouxeram seus conhecimentos e os discutiram com a orientadora.

Aos familiares, textos informativos sobre a Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, e como identificar as várias formas de relação abusiva, além dos canais de denúncia para estes casos.

EBM Darcy Ribeiro desenvolve ações de conscientização contra a violência doméstica

No mês oficial de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, a Escola Básica Municipal (EBM) Darcy Ribeiro realizou diversas atividades voltadas à conscientização de estudantes, famílias e profissionais.

Dentre as ações desenvolvidas estava a confecção de revistas e murais abordando a temática do mês, que traz à tona o empoderamento feminino e as batalhas enfrentadas diariamente por mulheres. Seguindo o mesmo roteiro, também ocorreram rodas de conversa e palestras por parte dos professores com os pais, além de demonstrações de defesa pessoal e divulgação dos canais de denúncia.

/ NOTÍCIAS DAS ESCOLAS
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Foto: EBM Darcy Ribeiro/Divulgação Foto: EBM Profª Neuza Paula da Silveira/Divulgação

EBM Maria Conceição Nunes promove o “Dia da Beleza” na unidade

Ao longo do mês de agosto, marcado oficialmente com a luta pelo fim da violência contra mulheres, a Escola Básica Municipal (EBM) Maria Conceição Nunes, localizada no Rio Vermelho, realizou diversos eventos em alusão ao tema.

As atividades na unidade foram das mais variadas, abrangendo estudantes de todos os níveis e mães, além das próprias profissionais da rede. Dentre essas ações, aconteceu o “Dia da Beleza”, com direito a cabeleireiro, manicure, maquiagem, massagem e sorteios com premiações.

Rodas de conversa foram desenvolvidas pelos jovens a fim de debater com profissionais da psicologia e direito as inúmeras formas de como esse tipo de situação pode fazer-se presente no dia a dia das famílias. Também foram explicadas as leis e penas previstas ao agressor e todo o amparo oferecido à vítima.

Fotos: EBM Maria Conceição Nunes/Divulgação
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Além do jiu-jitsu: mulheres desenvolvem técnicas de defesa pessoal com arte marcial

As aulas são pensadas de acordo com as necessidades femininas, levando em consideração situações que podem surgir no cotidiano; veja o que elas aprendem

O que você vai encontrar por aqui: iniciativa da Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis oferece aulas de defesa pessoal para mulheres.

Tempo de leitura: 6 minutos

16 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023
POR ANA CAROLINE ARJONAS
/ DEFESA
Profissionais aproveitam a experiência para colocar em prática alguns movimentos

Seja na escola, no caminho de volta para casa ou durante um encontro com os amigos, existem situações que merecem atenção redobrada, ainda mais quando o foco é a prevenção e o cuidado. Pensando na importância do controle emocional e de técnicas que podem impedir a violência contra a mulher, a Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis promove aulas de defesa pessoal para profissionais da rede municipal.

Com encontros programados até novembro, o objetivo é abordar cenários críticos e o que deve ser feito, levando em consideração a segurança. Além disso, os profissionais também aprendem a importância de evitar, evadir e enfrentar — evitar é abandonar lugares, evadir em casos de confronto ou discussão e enfrentar apenas quando não há outra opção. Quem está à frente das turmas é o professor Joaquim Antônio Gonçalves Neto, conhecido como Quinzinho. Formado em pedagogia e com 14 anos de faixa preta, ele teve a ideia de trazer o jiu-jitsu para a rotina dos professores e estudantes em 2016, dando espaço para práticas pautadas na evolução pedagógica. “O interesse é o desenvolvimento cognitivo, desenvolvimento motor, disciplina. Então essa é a abordagem que nós fazemos dentro da unidade escolar, além do jiu-jitsu tradicional que nós aplicamos”, comenta o professor.

Mais do que compreender os cenários de perigo, é por meio da prática que o emocional entra em pauta. “Eles podem ter controle emocional para evitar a briga, então aumenta a autoestima, segurança, porque sabem que podem se defender, que têm uma ferramenta a mais, então você estimula a coragem, abandono da covardia”, afirma Joaquim. A iniciativa está disponível para todos os educadores, mas nos encontros com as mulheres a temática leva em consideração aquilo que pode ser aplicado no dia a dia. “Nós ensinamos técnicas de se livrar de pegadas no braço, de se livrar de aperto de abraço, acinturadas pelas costas para carregar a menina”, elenca o faixa preta.

Outra motivação do encontro é trabalhar com a própria percepção, mostrando que um espaço de luta também pode ser ocupado por elas. Com turmas compostas por diversas mulheres, este é um ambiente em que aprendem a denunciar os casos de violência e pedir ajuda dos órgãos responsáveis. “Dizemos assim: jiu-jitsu é melhor saber e nunca usar, do que precisar e não saber”, comenta Joaquim, que observa o aumento da presença feminina no Dojo — espaço de treino das artes marciais.

A promoção de espaços como esse contribui com a troca de experiências femininas, além de impactar na sensação de pertencimento. “Existem turmas focadas para essa atenção feminina. É estruturada de acordo com a necessidade, centralizada ou pode ser solicitada para que aconteça em uma unidade específica, para uma demanda específica. Também é oferecido de segunda a quinta-feira, todas as noites na Escola Básica Municipal (EBM) Henrique Veras”, declara o chefe da Divisão de Projetos Especiais, Charles Schnorr.

Por mais que a prática seja destinada ao público feminino, existem encontros com toda a família, compartilhando com os moradores do mesmo lar aprendizados que serão levados para a vida. “Acredito que, além do empoderamento feminino, desperta a atenção das mulheres, homens e crianças para os riscos que estão ao entorno do nosso contexto escolar, não apenas escola, mas das nossas residências, dos ambientes que convivemos. Além do empoderamento, se envolve a percepção de risco, principalmente isso”, complementa Charles.

Quer conhecer a rotina das meninas que participam e como funciona o Dojo do professor Joaquim? Escaneie o QR Code e confira!

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Fotos: Aqruivo pessoal/Divulgação
/ CAPA 18 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023

O que você vai encontrar por aqui:

conheça o Programa Maria da Penha Vai à Escola, que leva à rede municipal debates e rodas de conversa sobre as leis que garantem os direitos das mulheres.

POR ANA CAROLINE ARJONAS

Tempo de leitura: 10 minutos

NDMAIS.COM.BR/REVISTA-ITS-TEENS 19
Foto: JoséSomensi
20 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023 / CAPA

Compreender cada ser humano como um indivíduo único, com direitos, deveres e escolhas, é uma das primeiras tarefas para entender a sociedade e manter o respeito no convívio com o outro. Seja pelas escolhas pessoais, referências ao longo da vida ou objetivos do futuro, o fato é que cada um de nós é único — fator que deve ser levado em consideração durante as relações.

Perceber as características e distinguir o limite de cada um são ações necessárias para conviver em harmonia com amigos ou familiares. Pensando na individualidade e na temática que envolve o Agosto Lilás, mês de conscientização no combate à violência contra a mulher, instituído em Florianópolis por meio da Lei Municipal nº 10.587, os estudantes da Escola Básica Municipal (EBM) Albertina Madalena Dias aproveitam o tempo na escola para debater assuntos que extrapolam os muros da unidade.

No comando da professora dos anos iniciais Silvia Jucelia Dias — mestre de educação em gênero, cidadania e diversidade e que está à frente dos projetos educativos —, as turmas vão aprender sobre a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340), no Programa Maria da Penha Vai à Escola, criado neste ano (Decreto nº 24.968). Com aula expositiva, contação de história e debates, o foco é gravar perguntas que serão enviadas ao Instituto Maria da Penha (IMP). Após receber as respostas, o passo seguinte será a edição dos vídeos.

Entre as informações e dúvidas, as turmas aprendem sobre situações que permeiam a sociedade, compreendendo as obrigações do indivíduo. “Acho que a Maria da Penha é um leque, um guarda-chuva, porque combate a violência contra a mulher e faz pensar a questão do machismo, porque o pessoal acha que violência é só bater”, comenta Silvia.

Por mais que o tema violência contra mulher seja amplo, com diversos casos e situações, é importante que os estudantes compreendam os sinais, ciclo da violência e como procurar ajuda. “Não deixar a mulher usufruir do dinheiro que ela tem é violência. Trancar a mulher em casa é violência. Proibir ela de usar batom vermelho é violência”, relembra a professora.

Colocar o assunto em pauta é um dever com a sociedade. “A ideia surgiu do compromisso da educação com as pautas de diversidade, direitos humanos, igualdade de gênero, da responsabilidade em discutir pautas sociais no âmbito da educação”, explica a secretária municipal de Educação de Florianópolis, Fabrícia Luiz Souza. Mais que a compreensão daquilo que está garantido na lei, o intuito é dar espaço ao protagonismo e às individualidades.

E as ações vão além do mês simbólico. No caso da EBM Albertina Madalena Dias, espaço onde os estudantes já abordavam a questão em atividades apresentadas pelos profissionais, o tema deve seguir em pauta nos próximos meses, mostrando aos envolvidos que a igualdade é uma prática que deve fazer parte da rotina. “Acho que essa questão da idade, do serviço doméstico, do cuidado com os filhos, a fala já está diferente. As falas estão caminhando para a equidade”, finaliza a professora, que aproveitou o momento para distribuir laços lilases pela unidade — forma de relembrar a cor que marca o mês de agosto.

Na observação daquilo que é desenvolvido pelos profissionais e na união feminina, os jovens compreendem os limites em cada relação, levando em consideração a visão e a opinião do outro na construção de um amanhã melhor, mudança que as meninas da EBM Albertina Madalena Dias já presenciam, começando pela própria professora.

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Fotos: JoséSomensi

PROJETO MARIA DA PENHA VAI À ESCOLA

Aprovado em março de 2023, o projeto municipal tem como objetivo divulgar a Lei Maria da Penha, apresentando os direitos daquelas que estão em situação de violência, além de incentivar as reflexões sobre o tema. O foco são as atividades na rede municipal, com participação de estudantes do Ensino Fundamental, construindo uma abordagem que vai além das datas simbólicas.

Conscientização da sociedade sobre os direitos humanos, discussão sobre a importância da denúncia nos órgãos oficiais e capacitação dos profissionais da educação também são pilares do projeto.

22 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023 / CAPA
Professora Silvia com estudantes do segundo e terceiro ano da EBM Albertina Madalena Dias

16 DIAS DE ATIVISMO PELO FIM DA VIOLÊNCIA

CONTRA AS MULHERES

Na EBM Albertina Madalena Dias, por exemplo, o assunto, que já fazia parte das abordagens educativas, também será debatido em novembro. Marcado pelos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, essa é uma campanha mundial, com início em 25 de novembro — instituído Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres — e segue até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Entretanto, por aqui as iniciativas já começam no dia 20.

O foco é a mobilização de instituições e da sociedade sobre assuntos relacionados à violência contra a mulher, debatendo o espaço feminino nas relações e contribuindo com a consciência coletiva. A iniciativa é anual e os temas são alterados de acordo com temáticas que acompanham o desenvolvimento feminino.

E a ação vai ao encontro dos números registrados em Santa Catarina, já que em 2022 foram solicitadas mais de 23.300 medidas protetivas no Estado, de acordo com dados do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), e registrados 56 feminicídios em solo catarinense, conforme informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Neste ano, os dados servem como alerta de acompanhamento, já que foram emitidos mais de 14.200 medidas protetivas*, além do registro de 35 feminicídios** até julho, dados divulgados pelo TJSC e SSP, respectivamente.

COMO IDENTIFICAR UMA RELAÇÃO ABUSIVA?

Embora o assunto faça parte de algumas rodas de conversa, é importante estar atento aos sinais que indicam uma relação abusiva, seja dentro de casa ou na escola, com amigos ou companheiros. Isso porque os primeiros indícios vão além da violência física, incluindo questões relacionadas aos sentimentos e convicções — como a escolha de uma roupa, o desejo de viver novas experiências ou de usufruir e celebrar conquistas pessoais.

A violência contra a mulher não é marcada apenas pela força física, já que qualquer tipo de proibição ou ação contrária à lei deve ser entendido como um sinal de alerta. Além da denúncia e da procura por ajuda profissional, é importante ter consciência dos direitos e deveres e daquilo que está assegurado pela Justiça.

GLOSSÁRIO FEMININO

*Medida protetiva: ação na Justiça que tem como objetivo proteger a vítima e distanciar o agressor

**Feminicídio: quando o assassinato de uma mulher é motivado pelo gênero

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Fotos: JoséSomensi

CAÇA-PALAVRAS

ANALISE O CAÇA-PALAVRAS E ENCONTRE DEZ TERMOS RELACIONADOS AO AGOSTO LILÁS

Resposta: respeito; cuidado; denúncia; liberdade; acolhimento; atenção; proteção; superação; ajuda; igualdade.

/ DIVERSÃO
24 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023

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NDMAIS.COM.BR/REVISTA-ITS-TEENS 25

6 FILMES ESTRELADOS POR HEROÍNAS INSPIRADORAS PARA VOCÊ ASSISTIR

Seja cantando sobre liberdade, empunhando um arco e flecha em um torneio mortal ou formando uma equipe com outras mulheres para salvar a cidade, o protagonismo feminino dá as caras de diversas formas nos filmes. Mergulhe em seis histórias que nos mostram como essas heroínas têm poderes que vão muito além de magia ou super-habilidades.

Katniss Everdeen “Jogos Vorazes” (2012, 14 anos)

Ela é perspicaz, inteligente, habilidosa com o arco e flecha e uma guerreira com instinto de sobrevivência incomparável, que se voluntariou como tributo dos Jogos Vorazes para salvar a irmã. Apesar da aptidão de Katniss Everdeen para superar os desafios mortais da competição, a força da personagem está no seu coração. É canalizando o amor da família e de amigos que ela nos mostra como podemos superar quaisquer obstáculos, inclusive encarar poderosos inimigos.

Carol Danvers

“Capitã

Marvel” (2019, 12 anos)

Não foi apenas no próprio filme que essa poderosa heroína da Marvel salvou o dia. Ela foi a responsável por salvar a humanidade em “Vingadores: Ultimato”, resgatando o Homem de Ferro no espaço e o levando novamente à Terra. E as aptidões da Capitã Marvel não envolvem apenas seus poderes cósmicos: Carol Danvers é um exemplo de autoconfiança e liderança, apta a tomar decisões difíceis. E se prepare: ela estará de volta aos cinemas em novembro, no filme “As Marvels”, ao lado de Mônica Rambeaut e Kamala Khan, a Ms. Marvel.

/ CULTURA POP POR GUSTAVO
BRUNING
26 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023

Erin, Abby, Jillian e Patty

“Caça-Fantasmas” (2016, 10 anos)

Sabemos que a rivalidade feminina é desnecessária e que a sororidade, termo que remete à união e à empatia entre as mulheres, tem valor inestimável. A prova disso é de Caça-Fantasmas, estrelado por quatro protagonistas extraordinárias. Erin, Abby, Jillian e Patty se unem para salvar Nova York de uma invasão de criaturas em uma aventura repleta de humor.

Moana

“Moana: Um Mar de Aventuras” (2016, Livre)

Escaneie o QR Code e assista ao videoclipe da música Saber Quem Sou, do filme “Moana: Um Mar de Aventuras”, cantada por Any Gabrielly.

Barbie “Barbie” (2023, 12 anos)

Quem esperava apenas um filme sobre uma boneca no mundo cor-de-rosa se surpreendeu. Em “Barbie” vemos uma protagonista lidando com situações desconfortáveis do mundo real e tomando decisões grandiosas, que vão muito além do look do dia. A personagem, interpretada por Margot Robbie, nos ensina como é possível quebrar paradigmas e viver de acordo com as próprias regras. No fim das contas, ela não precisa estar apaixonada para estar feliz e tem autonomia para traçar o rumo de sua vida. De bônus, a boneca ainda nos faz refletir sobre o que é realmente ser humano.

Assim como Mulan, uma referência de personagem feminina da Disney, essa jovem princesa está longe de ser uma donzela em perigo. Com sede de aventura e sonhando em explorar o que existe além da ilha onde vive, Moana é uma boa inspiração no quesito independência. A personagem, capaz de escrever a própria história e se desligar da pressão da família, reforça como a Disney entendeu a importância de trazer exemplos fortes de protagonistas femininas. A música “Saber Quem Sou” é a representação perfeita do espírito de liberdade de Moana.

Dorothy “O Mágico de Oz” (1939, Livre)

É mantendo a positividade que Dorothy segue em frente após ser transportada para uma terra desconhecida. A jornada da garota inocente por esse mundo encantador apresenta lições de amizade e confiança, também ensinando tanto a protagonista quanto o espectador como o verdadeiro poder está dentro de nós. Para isso, é preciso enfrentar os próprios medos e manter a mente aberta para as surpresas do percurso. Ocasionalmente, assim como Dorothy, você conhecerá novos e maravilhosos amigos!

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SITES E APLICATIVOS QUE AUXILIAM NO

COMBATE À VIOLÊNCIA

O Agosto Lilás chega para colocar o foco em um problema que, infelizmente, é recorrente em todo o mundo: a violência contra a mulher. O número de casos no Brasil é uma realidade preocupante que reflete um problema que vem da desigualdade histórica entre homens e mulheres.

Nesse quesito, todos os debates e pautas levantadas pela internet ao longo da última década trouxeram um movimento forte e constante das várias violências que as mulheres sofrem. A tecnologia foi um meio importante para popularizar e desmistificar o feminismo, movimento histórico que luta pela igualdade entre os gêneros. As redes sociais certamente são um ponto de virada no combate, afinal de contas, as mulheres que eram invisibilizadas passaram a ter voz.

Mudar as estruturas é algo difícil de fazer, mas necessário para alterar o cenário que, historicamente, culmina na violência física e psicológica contra mulheres. Porém, é uma luta de todas as pessoas, independentemente do gênero — e, aqui, vamos dar algumas dicas de sites e aplicativos que ajudam neste combate.

/ WI-FI
POR LUCAS INÁCIO
28 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023

PMSC Cidadão

O primeiro aplicativo da lista é o da Polícia Militar de Santa Catarina, o PMSC Cidadão. O dispositivo tem diversas funções que possibilitam pedir ajuda de forma rápida e discreta. Dentre as funcionalidades, há um botão de pânico para casos de violência doméstica, em que a PM é acionada e, pela localização do aparelho, poderá resgatar a vítima. E esta é apenas uma das utilidades, pois pode ser usado para fazer boletim de ocorrência, substituir o 190 em casos de ocorrência, Rede de Vizinhos, SOS Desaparecidos, entre outros serviços.

Apoio Vítima

Um aplicativo português chamado Apoio Vítima, desenvolvido pela ONG Mulher Século XXI, ajuda a identificar se há algum tipo de agressão psicológica ou comportamento abusivo. Isso é feito por meio de um questionário simples e serve para tentar verificar comportamentos que condizem com o tema e que muitas vezes não são percebidos pelas vítimas. É um bom indício para ficar alerta e pedir ajuda quando necessário.

PenhaS

O PenhaS é um aplicativo que tem como grande diferencial a informação e o acolhimento. Criado pela Revista AzMina, o aplicativo permite que, de forma anônima, várias mulheres em situação de violência possam compartilhar suas histórias e escolher com quem conversar, incluindo equipes especializadas. Colaboradoras também são bem-vindas à plataforma.

Além disso, várias informações estão no aplicativo, como mapa com os serviços de atendimento mais próximos, notícias e informações importantes para a conscientização dos casos de violência. Por fim, mas não menos importante, há os botões de pânico e um gravador de som para produção de provas. Da conscientização à ação, é uma ferramenta e tanto de apoio.

Mete a Colher

Com um nome criativo e sugestivo, o Mete a Colher (www.meteacolher.org) já contesta o ditado popular sobre “brigas de marido e mulher”, e esta rede possui site e aplicativo para melhor acolhimento. Até o momento, mais de 14 mil mulheres estão no serviço e quatro mil foram ajudadas. O aplicativo auxilia aquelas que viveram violência doméstica e as conecta com voluntárias classificadas em três categorias de ajuda: apoio emocional, apoio jurídico e mercado de trabalho. O último item auxilia e promove emancipação e independência, algo essencial no combate às violências de gênero.

Prefeitura Municipal de Florianópolis

Os órgãos públicos têm diversos meios de se informar e denunciar casos de violência doméstica. O primeiro e mais popular caminho é o 180, número da Central de Atendimento à Mulher em todo o território nacional. Já na Capital, a Prefeitura Municipal de Florianópolis possui também meios para informar e orientar, sendo o principal o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (CREMV), que fica no bairro da Agronômica. Os telefones são o 3224-7373 ou 3224-6605 e o e-mail é cremv@pmf.sc.gov.br.

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VOCÊ CONHECE O CICLO DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER?

Em 2022, 35 mulheres sofreram alguma violência física ou verbal por minuto no Brasil, conforme uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do instituto Datafolha. A mesma pesquisa também aponta que um terço das mulheres já sofreu algum tipo de violência física ou sexual durante a vida.

Muitas vezes, as mulheres sofrem violência e não falam sobre isso por um misto de medo e constrangimento. Os agressores, por sua vez, buscam construir uma autoimagem de parceiros perfeitos, dificultando a revelação da violência pela mulher.

A Lei Maria da Penha foi a primeira lei brasileira voltada ao tema e criou mecanismos para combater a violência doméstica e familiar contra a mulher trazendo importantes avanços, a tipificação dos casos como crimes, incluindo agressão física, psicológica, sexual, moral e patrimonial contra as mulheres.

Assim, foram criados os juizados especializados e as delegacias da mulher, além de medidas protetivas de urgência e ações educativas e preventivas. Para conseguir ajuda, é importante reconhecer o ciclo da violência e encarar esse problema.

/ CURIOSIDADES 30 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023
POR MAI BILENKI

Aumento de tensão

Nessa fase, o agressor começa a ficar irritado e apresenta momentos de agressividade, começa a humilhar a vítima, fazer ameaças e destruir objetos. A vítima, por sua vez, acaba aflita e atenta a qualquer atitude que possa despertar a raiva do parceiro. Os sentimentos são de tristeza, angústia e medo.

Ciclo de violência contra a mulher

A violência contra a mulher, especialmente a violência doméstica, acontece em um ciclo composto por três fases: o aumento da tensão, a explosão e a lua de mel. Essas fases podem variar de tempo e intensidade, mas acabam sempre voltando a acontecer.

Lua de mel

Após a explosão vem o arrependimento. O agressor pede desculpas e demonstra remorso para restabelecer a relação. Muitas vezes este é um período em que a mulher se sente feliz por constatar os esforços e as mudanças de atitude, lembrando os momentos bons que tiveram juntos.

A mulher pode ficar muito confusa e propensa a manter o relacionamento diante da sociedade. Como há a demonstração de remorso, a vítima se sente responsável pelo agressor, o que estreita a relação de dependência entre as duas partes.

Ato de violência

Nessa fase, o agressor efetiva as ameaças que vinha fazendo na fase anterior, seja em dimensão verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial. Nesse momento, a vítima pode se sentir paralisada, com medo e sozinha, mas esse também pode ser um momento de ação.

Para denunciar uma violência contra a mulher ou pedir ajuda, é só ligar no número 180 (Central de Atendimento à Mulher). Em casos de emergência, o número é o 190 (Polícia Militar).

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A HISTÓRIA QUE MINHA MÃE NÃO

ME CONTOU E OUTRAS HISTÓRIAS DA GUINÉ-BISSAU

[...]

A história da minha mãe voou e veio pousar na minha alma triste como a dela... (BANORI, 2020,p.9)

A beleza da escrita de Eliseu Banori, no livro “A história que minha mãe não me contou e outras histórias da Guiné-Bissau”, é manifestada em seis contos, como uma conversa ao redor da fogueira.

Eliseu Banori, que é escritor, professor e pesquisador, mestre em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, atualmente também atua como assessor de Práticas Antirracistas da Secretaria Municipal de Cultura.

Neste livro, pensado para o público juvenil e editado pela Editora Nandyala em 2020, o autor apresenta a importância da oralidade e das memórias culturais.

“Cada conto nos apresenta personagens em busca de um mundo melhor – um mundo cheio de conflitos e pobreza que os atormentam. Por outro lado, em cada história desse livro, percebe-se a grande vontade de viver dos personagens – mostrando, de fato, que a esperança é a última que morre numa sociedade que as almas vivem em agonias…” (BANORI, 2021)

Dentre os contos apresentados está a conscientização social sobre o tema do enfrentamento à violência contra as mulheres em suas diversas formas, mas destacam-se entre eles o primeiro e o quinto contos.

O primeiro conto é o que nomeia a coletânea e é narrado em primeira pessoa. “A história que a minha mãe não contou” faz referência a uma filha que deseja conhecer a história da mãe, uma mulher triste que se recusa a trazer de volta o seu passado, o qual parece ser de muita dor. Este conto revela com delicadeza elementos da memória da infância e das referências familiares de uma menina em Bissau.

O quinto conto, intitulado “Cachorro faminto”, relata a história de Tia Udé, mulher forte, trabalhadora e generosa, que passou mais de 30 anos de sua vida servindo ao comandante Zé Có, mas que foi despedida por uma injustiça. Este conto, com detalhes culturais, termina com as palavras da escritora negra brasileira Conceição Evaristo.

Que tal continuar a leitura do mês e procurar por estes títulos?

Histórias para inspirar futuras cientistas Juliana Krapp e Mel Bonfim, com ilustrações de Flávia Borges

Minha história em defesa dos direitos das meninas

Malala Yousafzai e Patricia McCormick, com tradução de Lígia Azevedo e ilustrações de Joanie Stone

Grandes mulheres que mudaram o mundo Kate Pankhurst, com ilustrações de Flávia Yacubian

Cientistas negras: brasileiras

Claudemira Vieira Gusmão Lopes, Jaqueline de Lima Ramos, Mayara Cordeiro Brasil, Raissa Herminia Jesus de Almeida, Liza Mohana Cavalheiro, Alessandra Souza Barbosa e Camila Silveira, com ilustrações de Marcelo Jean Machado

/ SPOILER
WALESKA REGINA BECKER COELHO DE FRANCESCHI
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32 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023

Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência

O Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência fica na Agronômica. O local oferece acolhimento e atendimento social, psicológico e jurídico para mulheres que estão em situação de vulnerabilidade.

NDMAIS.COM.BR/REVISTA-ITS-TEENS 33
Foto: PMF/Divulgação
/ INFORME-SE

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: COMO PEDIR AJUDA?

Expor o caso pode ser difícil por diversos motivos — medo, falta de recursos ou falta de informação sobre como fazer isso sem arriscar a própria segurança. Entretanto,

POR REDAÇÃO ITS TEENS / DE OLHO NOS SINAIS
34 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023

Sinal vermelho

Em 2020, o Conselho Nacional de Justiça e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) lançaram a Campanha Sinal Vermelho contra a violência doméstica. A ação se baseia em um código criado para que as mulheres possam pedir ajuda de forma silenciosa e discreta: a orientação é que basta desenhar um X vermelho na palma da mão e mostrar para um atendente de algum estabelecimento, e a polícia será acionada. O sinal, citado em lei, possibilita que a vítima faça isso em todos os lugares, até mesmo pela janela do carro.

Sinal de ajuda

Conhecido como #SignalForHelp (sinal por ajuda, em português), o simples gesto criado pelo Canadian Women’s Foundation tem o propósito de indicar que a mulher não está em uma situação segura. Ele é feito da seguinte forma: com a mão aberta e os dedos juntos, leve o dedão ao centro da palma e abaixe os outros dedos por cima.

Peça uma pizza

Agora, nas situações em que a vítima está em perigo, como aquelas em que ela está no mesmo ambiente do agressor e não tem como pedir ajuda, usar o telefone ou celular para pedir uma pizza funciona. Os operadores dos canais de emergência, como o 190, já são treinados para avaliar esse tipo de situação.

Canais oficiais

Por telefone

O canal oficial para denunciar violência contra a mulher é o 180, mas este é aconselhado para momentos em que não há urgência. Por exemplo, nos casos em que a mulher vive essa situação no dia a dia, mas não tem uma briga acontecendo naquele exato momento, é possível ligar e fazer uma denúncia anonimamente. Para casos emergenciais em que a ação precisa ser imediata, ligue 190.

Pela internet

A denúncia pode ser feita de duas formas: uma delas é pelo Telegram. Basta digitar na busca “DireitosHumanosBrasil” e mandar mensagem para a Central de Atendimento à Mulher.

A outra forma é fazer um boletim de ocorrência por meio do site Delegacia Virtual de Santa Catarina. O boletim deve ser preenchido com o máximo de detalhes possíveis. Em até 48 horas a polícia averigua a situação e encaminha para o Juizado de Violência Doméstica.

Pessoalmente

Se nenhuma das opções anteriores for viável, é possível ir à delegacia mais próxima, preferencialmente uma Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM), onde os profissionais são especializados na área, e fazer a denúncia.

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/ GALERIAS 36 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023

EBM PROFESSORA NEUZA PAULA

DA SILVEIRA INGLESES

Para reforçar a importância do Agosto Lilás, escolas da rede municipal de Florianópolis promoveram ações sobre a temática nas unidades. Conheça o trabalho feito em três delas.

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/ GALERIAS 38 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023

COSTEIRA DO PIRAJUBAÉ

NDMAIS.COM.BR/REVISTA-ITS-TEENS 39
EBM ADOTIVA LIBERATO VALENTIM
/ GALERIAS 40 ITS TEENS - FLORIANÓPOLISS / AGOSTO LILÁS 2023

EBM PAULO FONTES

SANTO ANTÔNIO DE LISBOA

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NA COZINHA DA NOSSA ESCOLA

FABRÍCIA LUIZ SOUZA

Na cozinha da nossa escola, Tem mulheres fortes e empoderadas Mulheres com vestimentas brancas, com toucas, botas. Sem badulaques ou bijuterias.

Tem mulheres fortes e empoderadas

Mulheres com rostos bonitos, olhares atentos. Com risadas gostosas e gingado rápido!

Tem mulheres fortes e empoderadas

Mulheres que gostam de preparar, servir, estar! E todas as crianças alimentar!

Mulheres fortes e empoderadas Mulheres visíveis, amadas pelas crianças, com gostosas e cheirosas comilanças!

Mulheres fortes e empoderadas Mulheres que aprendem e ensinam todos os dias! Vivas que merecem nosso respeito!

Na cozinha da nossa escola vivem essas princesas disfarçadas!

42 ITS TEENS - FLORIANÓPOLIS / AGOSTO LILÁS 2023 / SAIDEIRA

Rede de Atenção Integral às Pessoas em Situação de Violência Sexual

Com o objetivo de acolher e acompanhar pessoas em situação de violência sexual, a rede é formada por organizações públicas como a Secretaria Municipal de Saúde e o Hospital Universitário, entre outras.

NDMAIS.COM.BR/REVISTA-ITS-TEENS 43
/ INFORME-SE
Foto: UFSC/Divulgação

VOCÊ CONHECE O CICLO DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER?

Revista its Teens Florianópolis nº16 2023 | R$ 14,85

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