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Arte

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Letícia Brirtzig

Abraços virtuais: já recebeu?

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Inspirados na obra “O abraço”, de Romero Britto, alunos revisitam a arte e desenvolvem trabalhos de aproximação virtual

Renata Bomfim

Na hora de trabalhar um dos objetos do conhecimento com os sétimos anos da Escola Municipal Professora Maria Regina Leal, a professora de arte, Patrícia Rosa, teve uma ideia: se o isolamen to social impossibilita o contato físico entre ela e os alunos, o virtual pode ser uma janela para diminuir a saudade e conseguir envolver, acolher e receber todos os abraços que até ela chegam. Por isso, ao trabalhar leituras de obras, foi com “O abraço”, de Romero Britto, que os estudantes puderam se aproximar e revisitar a arte para se inspirar e reproduzir, dentro das suas possibilidades, o seu abraço.

Com as aulas não presenciais, a reinvenção do professor também está além das adaptações ao mun do digital: com os alunos distantes, os planejamentos foram refeitos e, ao compartilhar os conteúdos na plataforma ou impresso na escola, as informações precisam estar claras e as atividades encantar os estudantes. “As crianças desenvolveram belíssimos trabalhos. Alguns se colocaram na obra, a grande maioria, e fez o cenário. Ficou mais significativo ainda e o abraço, mesmo com a distância, chegou na gente”, diz a professora. “É um momento de desafio para nós, para os alunos e para os pais.”

Saber despertar as habilidades e interesse dos estudantes a distância requer dedicação e leitura da realidade. Enquanto de um lado existem professores imersos no mundo da tec nologia e com o domínio da ferramenta; do outro também estão os que precisam aprender. E, nesse processo, desenvolver atividades que resgatam as habilidades manuais pode ser uma forma de olhar para a arte como meio para rela xar, contribuir para o desenvolvimento pessoal e ser uma oportunidade para desenvolver as particularidades de cada aluno.

“Esse trabalho mostrou algo muito maior que a gente tinha de experiência mesmo, por que, às vezes, na sala o aluno tinha vergonha e ele acabou se expondo de maneira espontânea e trouxe isso à tona: a gente busca esse novo olhar de pesquisador e, por parte, a tecnologia faz com que a gente se desafie para que os alu nos percebam que, mesmo a distância, é possível ter uma forma positiva de aprendizagem”, destaca Patrícia.

Professora do Ensino Fundamental, anos iniciais e finais, busca desenvolver a arte de for ma abrangente com todas as turmas, para que os alunos possam ter compreensão do todo em que é ensinado e expandir o ensino para além das divisões entre as disciplinas. “A gente é um grande conjunto, fazendo ligação com o outro. Porque se a gente fizer em caixinhas, o aluno acaba tendo dificuldade e perde uma grande parte de conhecimento por ver as coisas sepa radas”, acredita, já que a arte pode conectar com o ensino de português, no momento de interpretar uma leitura de obra. Pode estar na matemática, ao analisar as dimensões de um trabalho, como também pode estar na história, para contextualizar o período em que os artis tas se desenvolveram. “A partir do momento em que a gente mostra para o aluno que tudo está ligado, faz com que ele perceba a impor tância do todo e que faça a leitura do mundo.”

Prof. Patrícia R osa

N icole A mbonil

Kalani O liveira Trevisol

Minha janela se encheu de abraços Por Patrícia Rosa

Inspirada nos trabalhos que recebeu, a professora Patrícia Rosa resolveu compartilhar uma pequena crônica que escreveu sobre os sentimentos que um abraço causa e como se sentiu ao desenvolver este trabalho com os alunos.

Abraços são dados de muitas formas e com diferentes significados. Têm abraços que dizem “fico muito contente com a sua amizade”. Existem abraços que expressam o orgulho que se sente por alguém especial!

Também há abraços que dizem “não existe ninguém no mundo igual a você”. Há abraços doces e ternos que são dados em mo mentos de tristeza.

Com um abraço também podemos dizer “sinto muito”, quando alguém está passan do por um momento difícil. Há abraços que damos para dizer “que bom que você veio”, e outros que dizem “sentirei sua falta quando você estiver longe de mim...”.

E os abraços cheios de carinho, que nas cem do coração. Como você vê, existem abraços para diferentes ocasiões, abraços rápidos e abraços demorados, um para cada razão. O abraço não tem valor monetário, no entanto, tem o valor da cura, mesmo sendo virtual. Com esses lindos trabalhos me senti abraçada.

Caroline Correia

Pequenos pe squisadores

Com as aulas não presenciais, o aluno passa a ter mais autonomia sobre a sua forma de aprendizagem dos assuntos. Se antes, o formato de ensino contava sempre com o professor, detentor do conhecimento, à frente da sala de aula e os alunos enfileirados nas carteiras como os recebedores, agora, ainda que temporário, o formato de aulas não presenciais inverte os papéis e coloca o professor como mediador na relação de ensino e aprendizagem.

“O aluno recebe as atividades, mas não pronto como está acostumado. Ele vai em busca para saber mais, o conhecimento agrega. É uma mudan ça, a tendência é cada vez mais ter um progresso de melhoria”, comenta Patrícia. “Quando a gente falava de tecnologia na sala, o aluno com celular na mão achava que tinha o domínio, mas a partir do momento em que ele tem acesso a plataforma, agora, sim, ele está percebendo a utilidade da tecnologia a simplesmente ter um aparelho.”

Dentro desta linha de pensamento, Paulo Freire, educador e filósofo brasileiro, já dizia que “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensi no”. Na visão dele, o professor cumpre o papel de instigar o aluno por meio da curiosidade para desenvolver essa busca, com respeito às histórias e vi vências particulares. Ainda nessa linha de autonomia, o professor permite que o estudante faça a pesquisa de outras visões, que tenha interesse em olhar o mesmo assunto por outros ângulos e contribuir por uma formação do conhecimento mais amplo e sem alienação.

E, nessa troca, o estudante ao desenvolver competências e habilidades por meio da curiosidade, também instiga o professor a buscar e melhorar as práticas de ensino e a se desenvolver por meio de novos métodos que possibilitam tornar o conteúdo mais atrativo e envolvente. O aluno recebe as atividades, mas não pronto como está acostumado. Ele vai em busca para saber mais, o conhecimento agrega. É uma mudança, a tendência é cada vez mais ter um progresso de melhoria.” Patrícia Rosa

A bel Gomes Jacinto

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