2 minute read

Saideira

Next Article
Educação física

Educação física

A maior crise que a favela pode ter é uma crise de esperança.” Celso Athayde, fundador da CUFA

Advertisement

Anossa cabeça está a mil neste período – difícil não estar, né?! – então quis trazer um assunto mais leve para o Saideira desta edição e pensei comigo mesmo que não iria escrever sobre nada negativo, não sem assuntos rela cionados ao coronavírus, mas aí me deparei com uma notícia que me fez mudar de ideia: “moradores das favelas doam mais do que a média dos brasileiros na pandemia”.

Os sentimentos foram vários ao ler os dados da pesquisa, muitos negativos, mas o principal deles foi refletir sobre so lidariedade. Apenas para situar os números, 63% dos moradores destas comunidades já realizaram algum tipo de doação na pandemia, enquanto a média brasileira é de 49%. Esse número fica ainda mais significativo quando a gente vê que 80% das famílias moradoras das favelas estão vivendo com menos da metade da renda normal. Os dados são de uma pesquisa realizada pela Central Única das Favelas (CUFA) em parceria com o Instituto Locomotiva.

Tem muito mais informação na pesquisa, mas só essas são de um valor enorme e mostram como a ajuda entre nós mesmos é um ponto fundamental no convívio. É tipo na sala de aula em que a gente tem os nossos melhores amigos, às ve zes alguém que a gente não se dá bem, mas quando o negócio aperta, o pessoal se une: seja nos grupos de estudo para uma prova, fazer uma vaquinha para pagar o lanche de alguém ou até mesmo se unir em um projeto para ajudar a escola.

Esse tipo de atitude e várias outras dão trabalho, exigem esforço e iniciativa, mas quando colocamos a mão na massa, a gente consegue desenvolver muita coisa legal, aprender muito no processo e, principalmente, ajudar.

Um bom exemplo disso é o vídeo do menino Guilherme que viralizou recentemente – os gamers já devem saber da his tória. Com apenas 11 anos, ele entrou por engano em um jogo de profissionais e um deles estava o THG Noé, um youtuber com mais de 400 mil inscritos. Na troca de ideias, Guilherme falou que seu sonho era receber um mil diamantes (que é a moeda do jogo), o youtuber deu essas moedas a ele, e o menino agradeceu falando que retribuiria com o dinheiro das latinhas que ajudava o pai a coletar. É esse tipo de exemplo que faz a gente entender porque as pessoas mais pobres ajudam os mais ricos.

A bondade do Gui foi retribuída e uma vaquinha online para ele juntou mais de R$ 53 mil em arrecadação, mostrando a força da comunidade gamer. Porém, temos de pensar que há mi lhões de crianças e adultos na mesma situação que a dele. Eram 13,5 milhões de pessoas vivendo na extrema pobreza no fim de 2019 e podem ser mais cinco milhões ao fim da pandemia.

Como Celso Athayde, fundador da CUFA, falou em uma en trevista: “A maior crise que a favela pode ter é uma crise de esperança”. Então, cabe também a todos nós ajudar, inclusive cobrando – de verdade – as instituições que devem fazer. Isso também é solidariedade. E aí, qual a sua solidariedade de hoje?

This article is from: