its Teens (especial) Florianópolis - 04

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TeensitsRevista 2022|04nºFlorianópolis gratuitaDistribuição

UMA EDIÇÃO ESPECIAL TODO MÊS

O acesso à educação é um direito garantido pela Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional e é por meio dele que se diminuem os impactos da desigualdade social, o desemprego, a criminalidade, o preconceito e uma série de limitações da sociedade que deixam à margem quem, por diversas razões, não se formou na educação básica.

CRISTIAN VIECELI

LETÍCIA MARTENDAL ESTAGIÁRIA MAIANA FONTOURA DESIGNER GRÁFICO

DIRETOR DE PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIA GILBERTO KLEINÜBING DIRETOR gilberto.k@ndtv.com.brCOMERCIAL

FELIPE MUCHENSKI GERENTE COMERCIAL ITAJAÍ felipe.m@ndtv.com.br

Editorial Editorial Editorial Editorial Editorial Editorial Editorial Editorial Editorial Editorial Editorial ACOMPANHE A ITS TEENS @REVISTAITSINSTAGRAMNO 4 its Teens | edição especial // setembro 2022

TIRAGEM: 2.500 EXEMPLARES NÃO VACILA, FALA AÍ (48) EscolasPontos3212-4026dedistribuição:daredemunicipal de Florianópolis

ROBERTO BERTOLIN DIRETOR REGIONAL bertolin@ndtv.com.brFLORIANÓPOLIS

A REVISTA ITS É UMA PUBLICAÇÃO DA EDITORA NOTÍCIAS DO DIA

Nesta edição especial de setembro da revista its Teens, você vai conhecer todo o trabalho da Educação de Jovens e Adultos (EJA) desenvolvido aqui em Florianópolis. Neste atendimento, pessoas a partir dos 15 anos podem retomar os estudos e garantir o diploma escolar dentro de uma nova modalidade de ensino.

ANA ZAHIA JUMA SUPERVISORA COMERCIAL SUL Osana.juma@ndtv.com.brartigosassinadosnão refletem necessariamente a opinião da revista, sendo de inteira responsabilidade de seus autores. É permitida a reprodução total ou parcial de reportagens e textos, desde que expressamente citada a fonte.

DIRETOR REGIONAL JOINVILLE silvano@ndtv.com.br

DERLY MASSAUD DE ANUNCIAÇÃO

FABIANO AGUIAR GERENTE DE fabiano@ndtv.com.brPROJETOS

RENATA BOMFIM renata.bomfim@portalits.com.brEDITORA-CHEFE

IN MEMORIAM | FUNDADOR E PRESIDENTE EMÉRITO GRUPO ND E GRUPO RIC MARCELLO CORRÊA PETRELLI PRESIDENTE EXECUTIVO GRUPO ND mpetrelli@ndtv.com.br

CRISTIANO MIELCZARSKI DIRETOR REGIONAL cristiano.mielczarski@ndtv.com.brOESTE

GABRIEL COSTA HABEYCHE DIRETOR REGIONAL gabriel.habeyche@ndtv.com.brCRICIÚMA

ALBERTINO ZAMARCO JR. DIRETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO albertino@ndtv.com.br

CYBELLY REGINA DA SILVA MEIRA GERENTE COMERCIAL cybelly.meira@ndtv.com.brBLUMENAU

SANDRO STEUERNAGEL GERENTE DE MERCADO sandro.steuernagel@ndtv.com.brNACIONAL

MÁRIO J. GONZAGA PETRELLI

Com uma abordagem diferenciada, a EJA da Capital tem uma proposta pedagógica baseada no projeto de vida de cada estudante, dando protagonismo e autonomia no seu processo de aprendizagem. Para saber mais sobre todo esse trabalho, nossa reportagem apresenta uma série de relatos de pessoas que viram uma nova perspectiva de vida por conta dos estudos.

DIRETOR REGIONAL ITAJAÍ E BLUMENAU cristian@ndtv.com.br

DIEGO ALMEIDA SUPERVISOR DE diego.almeida@ndmais.com.brDISTRIBUIÇÃO

ANA CAROLINE ARJONAS REPÓRTER

expediente

LUÍS MENEGHIM DIRETOR DE meneghim@ndmais.com.brCONTEÚDO

ANDRESSA DA ROSA LUZ GERENTE COMERCIAL andressa.luz@ndtv.com.brFLORIANÓPOLIS

Além disso, você vai ler sobre a história dos idosos que retomaram os estudos e conhecer os projetos da EJA que levam os estudantes para descobrir os espaços públicos da cidade. Aproveite esta edição especial para saber mais sobre a atuação da educação de Florianópolis e, caso saiba de alguém que sonha em voltar a estudar, mostrar as possibilidades de polos/núcleos que existem na cidade e que estão de portas abertas para receber e acolher essas pessoas.

SILVANO SILVA

FLAVIA BORBA VIEIRA GERENTE COMERCIAL flavia.vieira@ndtv.com.brJOINVILLE

Escaneie o QR Code e assista as “Aulas do Mundo Real” Com 19 hectares, o Parque Jardim Botânico, localizado no bairro Itacorubi, oferece para o visitante, além de ar puro e contato com a natureza pela preservação do cinturão verde, pista de caminhada, parques infantis, espaços para piqueniques e também uma casa de cultura que realiza exposições e oficinas regularmente. PARQUE JARDIM BOTÂNICO Leal/PMFafiSoFoto: conheça a cidade

Inspir(ação) CULTURA POP28-29 5 cursos online e gratuitos que você pode fazer WI-FI30-31 GALERIAS36-41 Cidadania digital com adultos e idosos SAIDEIRA42 OCUPA FLORIPA E CORTEJA Projeto da EJA leva estudantes para conhecer Florianópolis 18-19 CAPA Quem são as faces da EJA? 20-25 DIVERSÃO 26-27 Você se sente confiante para falar em público? BLOCO DE NOTAS 32-33 Para inspirar e acreditar: 10 depoimentos de quem acredita na transformação da EJA MAIS OPORTUNIDADES 34-35 Conteúdo Conteúdo Conteúdo Conteúdo Conteúdo Conteúdo Conteúdo Conteúdo Conteúdo Conteúdo Conteúdo Conteúdo ARTIGO8 DIÁRIO ESCOLAR Você sabe o que é a EJA?10-11PROFISSÃO DO MÊS O papel transformador da EJA 12-13 IDOSOS NA EJA Escola para todos 14-15 NOTÍCIAS DA EDUCAÇÃO16-17 Detetive na 10Caça-palavras:bibliotecaencontrepalavrassobreaEJA

CamposMarcosFoto:

Escaneie o QR Code e assista as “Aulas do Mundo Real”

TRILHA DO GRAVATÁ

conheça a cidade

De nível fácil e com uma bela recompensa, a Trilha do Gravatá não exige muito esforço, a caminhada é leve. Com pouco mais de um quilômetro, o tempo médio de duração do percurso é de cerca de 30 minutos e, ao final dela, você aproveita uma maravilhosa praia de água esverdeada com cerca de 70 metros de extensão.

da prefeitura, um trabalho intersetorial.

Sob o ponto de vista educacional, a leitura e a pesquisa são nossos princípios educativos e nos possibilitam promover a construção de significados na interação dos conhecimentos de cada estudante com o sistematizado como conteúdo escolar. Ou seja, a proposta da EJA de Florianópolis diferenciase por meio de um conjunto de ações políticas e pedagógicas centradas nos estudantes, de modo que sejam protagonistas de suas trajetórias.

sonia.carvalho

@sme.pmf.sc.gov.br

Tamelusa Ceccato do Amaral

A modalidade EJA vem sendo tecida com o compromisso da qualidade social, centrada nas pessoas e seus processos de aprendizagem. Estudantes da EJA são pessoas da classe trabalhadora, interseccionadas por questões de gênero, sexualidade, etnia/raça, ciclo etário, credo e que demandam uma proposta pedagógica que considere seus interesses. Nesta perspectiva, o debate sobre o que será ensinado e como será ensinado está em constante construção, sendo pensado a partir das singularidades de cada estudante e seu contexto social.

artigo 8 its Teens | edição especial // setembro 2022

A educação como direito para jovens, adultos e idosos

Em Florianópolis, nós, enquanto Secretaria Municipal de Educação (SME), assumimos o compromisso de garantir o atendimento em diferentes localidades do território municipal, indo ao encontro dos estudantes. Além disso, a EJA estabelece outras ações para garantir o direito ao acesso e à permanência, como matrícula a qualquer tempo, vale-transporte, alimentação e acolhimento.

A cada ano, o número de comunidades atendidas vem sendo ampliado: em 2017 eram 18. Atualmente, estamos presentes em 26 locais, chegando cada vez mais perto dos estudantes de Norte a Sul da ilha e da parte continental da cidade. Esse movimento só é possível devido ao diálogo aberto pela SME com as associações de moradores, conselhos comunitários, organizações da sociedade civil e outras secretarias

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil é direito garantido pela Constituição Federal de 1988 e reconhecida como modalidade da educação básica nas etapas do Ensino Fundamental e Médio pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sendo normatizada pelas resoluções do Conselho Nacional de Educação, que definem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA. Vale lembrar que o Brasil foi signatário da V CONFITEA (Conferência Internacional de Educação de Adultos), realizada em Hamburgo, cuja declaração reconheceu o direito à educação ao longo da vida para adultos.

E o que tudo isso quer dizer? Significa que é um trabalho pautado na ideia de que é possível aprender a partir da busca pelo conhecimento, considerando aquilo que os estudantes querem saber, o que eles já sabem e o que irão produzir. E aí, você conhece alguém que ainda não lê ou não concluiu o Ensino Fundamental? Então, fale sobre a EJA.

Sônia Santos Lima de Carvalho

tamelusa.amaral@sme.pmf.sc.gov.br

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Ao Norte da Ilha de Santa Catarina, a Praia Brava costuma ser o lugar de “drop” dos surfistas, ou melhor, de boas ondas para quem ama pegar uma prancha para curtir as ondulações do mar. De água cristalina, extensa faixa de areia e cercada por montanhas, a composição do lugar é ideal para quem busca se conectar com as belezas naturais da Ilha da Magia.

conheça a cidade

PRAIA BRAVA

CamposMarcosFoto:

Ana Caroline Arjonas

Você sabe o que é a EJA?

“Muitas vezes, para a pessoa ter um emprego, ela precisa estar matriculada e isso pode acontecer a qualquer momento, não tem um período fixo. A qualquer tempo você pode entrar e sair da EJA, porque você constrói a sua trajetória educativa”, explica a coordenadora da EJA na Capital, Sônia Santos Lima de Carvalho.

Com encontros planejados a partir das vivências da turma e experiências pessoais, o foco da EJA de Florianópolis é conectar os componentes curriculares com aquilo que cada estudante já sabe, criando um conhecimento significativo. “A EJA não é recuperação de tempo perdido, não é uma segunda chance. A EJA é direito, uma educação pensada para jovens, adultos e idosos”, conclui Sônia.

Por diversos motivos e circunstâncias, a educação acaba sendo deixada de lado na infância e adolescência, motivando a procura por novas oportunidades na fase adulta — seja para adquirir conhecimento ou atualizar os saberes conquistados.

diário escolar 10 its Teens | edição especial // setembro 2022

Com um tempo de aprendizagem singular e característico para cada estudante, não há uma pressão para terminar os estudos e ingressar no Ensino Médio, embora todas as oportunidades sejam apresentadas. O desenvolvimento individual é respeitado e o que vale é atingir os objetivos que foram traçados no momento da matrícula — seja aprender a ler, escrever, emitir a carteira de motorista, ingressar no mundo do trabalho, ou em uma universidade.

Engana-se quem pensa que a vontade de estudar e o desejo de aprender estão presentes apenas nos primeiros anos de vida.

O ponto de partida são as problemáticas levantadas pelos estudantes, que assumem, junto com os professores, o protagonismo do processo.

Por ter uma identidade própria, com autonomia para ser pensada respeitando as singularidades dos estudantes, a EJA da Capital é dividida em dois segmentos: o primeiro é focado na alfabetização, enquanto o segundo possibilita a conclusão do Ensino Fundamental, tendo a leitura e a pesquisa como princípios educativos.

Não é segunda chance: é um direito

EJA em

existem regras que instituem a oferta do ensino, incluindo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, instituída em 1996, e a Resolução Nº 02/2010, do Conselho Municipal de Educação de Florianópolis.

Com identidade própria, o ensino é focado na alfabetização e elevação da escolaridade de jovens, adultos e idosos a partir dos 15 anos

Além de levantar as problemáticas que serão pesquisadas em sala de aula, os estudantes também são donos do próprio tempo.

FlorianópolisAcargahoráriadoprimeirosegmentoéde800horas,enquantoadosegundoéde1600horas.

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) surgiu como resposta à demanda crescente pelo aprendizado, com oferta de vagas permanente, atendendo pessoas a partir dos 15 anos. Anteriormente, outros projetos foram criados, mas com uma abordagem diferente. Nesse novo modelo, algumas características fazem da EJA a alternativa para aqueles que, na maioria das vezes, precisam dividir as horas entre trabalho, família e estudos.

Para atender as necessidades e garantir o direito à educação, assegurado pela Constituição Federal,

Ler, ouvir, falar e escrever

Por mais que as siglas sejam parecidas, existem diferenças no processo educativo. Enquanto a primeira é focada nos aprendizados do Ensino Fundamental, sendo uma obrigação municipal, a segunda é destinada ao Ensino Fundamental e Ensino Médio, mas a responsabilidade passa a ser estadual.

Os termos também podem ser confundidos com o Movimento Brasileiro de Alfabetização, conhecido como Mobral. O método foi utilizado na década de 1970, com o objetivo de diminuir o analfabetismo entre os adultos. Na época, o ensino era focado apenas na leitura e escrita, sem levar em consideração os conhecimentos adquiridos ao longo da vida, como o modelo atual.

EJA X CEJA

A EJA está presentenas cinco regiões deFlorianópolis, do Sulao Norte da Ilha e na região continental.

Quando o assunto é a leitura e a escrita, inúmeros obstáculos podem influenciar no processo educativo. Por isso, as rotinas do primeiro e do segundo segmentos são diferentes. Aqueles que estão no início da trajetória aproveitam as horas para fazer leituras com compreensão e para aprender a estrutura da língua escrita.

Nas turmas do segundo segmento a rotina é um pouco diferente. Com foco nos questionamentos apresentados pelos grupos, ler, escrever, investigar e desdobrar o assunto, indo em busca das respostas, são os desafios da classe. A leitura e a escrita são trabalhadas em conjunto com a pesquisa.

EspalhadaFloripapor

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Veja a unidademais próxima no mapa ouescaneie o QR Code e entre em contato!

Para mudar essa estatística, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Prefeitura Municipal de Florianópolis atua garantindo uma maior democratização do direito do acesso ao ensino, para que aqueles que não tiveram a oportunidade de finalizar seus estudos possam ter uma novaParachance.verdeperto a mudança que a participação nesta modalidade de ensino causa na vida dos estudantes, conheça a história de Dalva Wolff Dutra e Silva, que aos 61 anos, em 2016, se formou na EJA, se capacitou no magistério e teve sua vida transformada.

Letícia Martendal

O TRANSFORMADORPAPEL DA EJA

A educação é o grande agente transformador na vida das pessoas. Por meio dela é possível compreender mais sobre o mundo em que vivemos e desenvolver habilidades que abrem portas para o futuro. Entretanto, o índice de abandono e evasão escolar ainda é alto no Brasil. Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019 mostrou que mais da metade dos adultos com 25 anos ou mais não concluíram o Ensino Médio. Por trás desse dado existem diversos fatores, como a necessidade precoce de trabalhar, falta de acesso às escolas e até mesmo a gravidez.

profissão do mês 12 its Teens | edição especial // setembro 2022

Conheça a história de Dalva Wolff Dutra e Silva, que voltou a estudar aos61 anos de idade

Eu quero fazer pedagogia ou direito. O que me interessa em pedagogia é que tenho dois irmãos especiais, então pra mim isso é muito importante. Também fiz um curso de libras e quero cuidar de crianças especiais. seus planos

para o futuro? Nome completo: Dalva Wolff Dutra e Silva Idade: 67 anos Unidade da EJA: Biblioteca Pública Municipal Professor Barreiros Filho Ano em que se formou na EJA: 2016 Revista its Teens: Dalva: Revista itsRevistaTeens: its Teens: Revista its Teens: Dalva:Dalva:Dalva:Revistaits Teens: Dalva: Revista its Teens: Dalva: pessoal/Divulgação.ArquivoFoto: ndmais.com.br/revista-its-teens // its Teens 13

Como foi o processo de ingressar na EJA? Quando você decidiu tomar esseestudosduraramQuantocaminho?temposeusnaEJA?

Quais

Eu fiz o 1º, 2º e 3º ano, só que eu já sabia muitas coisas, né? Então, eles me deram um teste para passar direto para o Ensino Fundamental II. Depois, eu fiz o Ensino Médio. Então, eu fiquei na EJA de 2014 a 2016.

O que levou vocêa escolher magistério?o

Antes de entrar na EJA, estudei até o 4º ano do primário.

Eu não queria parar de estudar, então fui fazer omagistério na Escola de Educação Básica (EEB) Professor Aníbal Nunes Pires. Meu sonho sempre foi fazer uma faculdade, mas com a pandemia tive que parar, já que sou pessoa de risco. Agora, estou procurando um curso para fazer o vestibular.

Qual era escolaridadesua antes de entrar na EJA?

Um dia, eu estava indo trabalhar e passei em frente à biblioteca e tinha matrículas abertas para a EJA. O meu marido foi lá se informar e meu sonho era voltar a estudar. Ele se informou e disse para fazer a minha matrícula, aí eu fui.

Para mim, a EJA foi muito importante. Abriu muitas portas para mim e foi como uma família. Quando eu fiz o Ensino Fundamental e Ensino Médio, me senti realizada, me senti livre e poderia fazer muito mais daquilo que já fiz. Antes eu me escondia, mas a EJA me libertou, vi que podia fazer debates, que poderia conversar à vontade e voar muito alto.

Quais foram os impactos eresultados que a EJA trouxe para sua vida?

Animação, disposição e o desejo pelo conhecimento são características dos estudantes do Polo Avançado EJA-NETI-UFSC. Com idades diferenciadas e trajetórias distintas, o grupo aproveita os encontros para compartilhar conhecimentos. Assim como nos demais núcleos e polos, as turmas são divididas em primeiro e segundo segmento. Entretanto, a principal diferença está no espaço, que acolhe exclusivamente os idosos – fator

Nem só de adolescentes é feita a Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Florianópolis: os idosos também marcam presença – e os dados do Departamento de Educação de Jovens e Adultos da rede municipal da Capital são prova disso, já que 103 pessoas com mais de 60 anos estão nas salas de aula.

Escrever a própria biografia, aprender a ler ou fazer pesquisas a partir dos seus interesses, são alguns dos motivos que levam pessoas idosas à EJA

Histórias de estudantes que voltaram à escola na terceira idade. Trabalho desenvolvido pelo Polo Avançado fazemDepoimentosEJA-NETI-UFSC.deidososquepartedaEJA.

idosos na eja 14 its Teens | edição especial // setembro 2022

O que você vai encontrar por aqui:

Tempo de leitura: 5 minutos Ana Caroline Arjonas

O desejo de aprender e a interação social são os principais ganhos que fazem diferença no que será descoberto e nas vivências divididas

CADA UM NO SEU PROCESSO, CADA UM NO SEU TEMPO

CostaJustinoAndréFoto:

CostaFernandesJoséFoto:

Se no caso dela a motivação veio do marido, para Jandira Rodrigues de Queiroz, 58, o passo inicial foi dado pela filha, responsável por fazer a matrícula da mãe na escola. “Ela chegou em casa e falou: ‘mãe, te matriculei na EJA’ e eu respondi: ‘mas eu não vou estudar’. A professora Maristela me ligou e eu vim só por vir. Eu vim no primeiro ano e não gostei muito, não, mas hoje eu daria tudo para não sair daqui”, declara a estudante.

Com cenários diferentes e causas parecidas, Celia Schlichting Victor, 73, é outra que só conseguiu estudar após os 60 anos. A iniciativa de entrar na EJA partiu do marido, que sabia do desejo e da vontade da esposa de aprender. A última visita à escola foi com 13 anos, mas grande parte da carreira foi construída dentro da Secretaria da Fazenda. Mas a trajetória não para por aí. “Eu vou continuar. Vou terminar o oitavo ano e depois vou fazer o Ensino Médio. Depois que não sei se vai dar tempo, acho que vai dar tempo, sim, acho que vou fazer Agronomia", conta a aposentada.

O longo caminho até a escola e a ajuda nos trabalhos rurais foram alguns dos fatores que dificultaram o acesso à educação – e o cenário permaneceu o mesmo quando a maternidade chegou. Sem praticar, o conhecimento foi esquecido. Entretanto, com os filhos, a história foi diferente, já que todos tiveram que estudar. “Para ser gente. Todo mundo é gente, mas se não tiver uma leitura, uma escrita, fica difícil”, comenta a idosa, que por anos só sabia escrever o próprio nome. A fala de Adelia ressalta a ideia de que o exercício da cidadania é mais efetivo para aqueles que dominam a leitura e a escrita.

A principal conquista de Jandira é a leitura, que agora flui naturalmente. “É como se eu estivesse cega e, do nada, eu comecei a enxergar aos pouquinhos, lentamente.”

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Com uma turma no primeiro segmento e duas no segundo, a equipe que acompanha o percurso formativo dos idosos precisa conhecer bem mais do que os componentes curriculares. Compreender as singularidades do processo e proporcionar o acolhimento adequado são fatores que fazem a diferença para diminuir a evasão e impulsionar o desenvolvimento. “Temos estudantes que ainda não estão alfabetizados, que estão há muito tempo fora da escola, e tem gente que nunca foi para a escola”, explica a articuladora Marilúcia dos Santos Marques Pensar na alfabetização de pessoas idosas é imprescindível, visto que o cenário atual apresenta mais de seis milhões de idosos não alfabetizados em todo o país, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), de 2019. Isso exige uma ação reparadora do poder público e a EJA se apresenta como resposta à demanda.

O ambiente é tão importante que existem aqueles que não querem mais sair, como é o caso de Adelia Domingues Garcia da Silva, 87. Frequentadora há mais de oito anos, a artesã não perde a oportunidade de conviver com as colegas e as professoras. “Eu gosto de estudar de tudo. Eu aprendo, escuto. Sou uma pessoa que só não coloca direitinho as letras, mas tudo o que elas falam a minha cabeça já assimila que é aquilo”, diz a estudante. Com habilidade para criar crochê, tricô e fuxico, a busca pela EJA nasceu por conta de um objetivo específico de “aprender a ler e escrever para fazer o meu livro”, diz Adelia.

ArjonasCarolineAnaFoto:

PROGRAMA “DIGNIDADE ÍNTIMA” DA NOTÍCIASEDUCAÇÃOEJANOSMORROS SME/ArquivoFoto:SME/ArquivoFoto: notícias da educação 16 its Teens | edição especial // setembro 2022

MUNICIPAL DA CAPITAL

Além do polo na Caeira do Saco dos Limões, a EJA está presente em mais três localidades do Maciço do Morro da Cruz: Morro do Mocotó, Monte Serrat e Morro do Horácio.ParaoPrefeito de Florianópolis, Topazio Neto, compreender que os jovens e adultos têm necessidades diferentes das crianças e adolescentes é o primeiro passo para garantir o direito ao ensino. EM ESCOLA PROMOVE

AÇÃO

A Escola do Futuro Mâncio Costa, localizada em Ratones, realizou uma roda de conversa com as 110 meninas de sextos aos oitavos anos que são beneficiadas com absorventes pelo programa “Dignidade Íntima”. A proposta tem o objetivo de educá-las sobre saúde íntima e menstruação.“DignidadeÍntima” é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Florianópolis, por intermédio das Secretarias de Educação e de Assistência Social, da Fundação Somar e da Coordenadoria de Políticas Públicas para Mulher, que atende mais de dez mil meninas das escolas municipais da Capital e mulheres que frequentam a Educação de Jovens e Adultos (EJA).

PMF/DivulgaçãoFotos:

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Uma delas foi a Rosinei de Matos, 48. “As aulas me auxiliaram a preencher um vazio que eu tinha. Tive redação, história, outras ciências, foi muito bom ter contato de novo com esses temas, um grande aprendizado.”Acerimônia ocorreu na Passarela da Cidadania, na Baía Sul, no último dia 9 de setembro.

A Caeira do Saco dos Limões passa a contar com a Educação de Jovens e Adultos e Idosos da Prefeitura Municipal de Florianópolis. Inicialmente, estão matriculados 19 estudantes que buscam se alfabetizar ou concluir o Ensino Fundamental.

O polo da Caeira é constituído por uma maioria de mulheres, que moram nas imediações da instituição Aebas. A estudante mais nova é a Yulli, 17, que está prestes a finalizar o Ensino Fundamental. Dona Clotilde de Souza, 72, passa a frequentar essa modalidade de ensino para, enfim, aprender a ler e escrever.

O polo funciona na sede da Associação Evangélica Beneficente de Assistência Social (Aebas), na Rua Custódio Fermino, 770. Há vagas para quem quiser ingressar, basta ir diretamente no local das atividades. As aulas ocorrerão sempre de segunda a quinta-feira, das 18h às 22 horas.

Cinco pessoas em situação de rua na Capital tiveram um momento especial. Elas receberam o diploma de conclusão do Ensino Fundamental, por intermédio da EJA.

Esse polo, EJA Pop Rua, é uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação, Secretaria de Assistência Social, Núcleo de Recuperação e Reabilitação de Vidas e Movimento Nacional da População em Situação de Rua.

EJA CHEGA NA CAEIRA DO SACO DOS DEPOPULAÇÃOLIMÕESEMSITUAÇÃORUAÉDIPLOMADA

SME/ArquivoFoto:

turma.

As saídas ocorrem frequentemente. A sugestão pode partir dos estudantes ou dos professores, dependendo das pesquisas que estão sendo desenvolvidas. Em alguns casos, os convites podem ser direcionados para determinada turma ou grupo, já que cada unidade é responsável por escolher e colocar na agenda a próxima saída pedagógica.

cada canto

Após a saída, as experiências rendem com toda a O intuito é relembrar e discutir as sensações que foram vivenciadas em do

18 its Teens | edição especial // setembro 2022

O Ocupa Floripa proporciona, na maioria das vezes, o primeiro acesso aos espaços. “É o caso de muitos estudantes que nunca foram ao cinema, nunca foram ao teatro, nunca foram aos espetáculos de música. Alguns nunca foram à praia”, conta Vívian.

CortEJA

análises e debates

qUe vOcê vAi eNcOnTrAr

O projeto Ocupa Floripa foi pensado com o objetivo de aproximar os estudantes dos espaços, entendendo que o pertencimento ao local é fundamental. Ocupar os espaços da cidade é uma das ações pedagógicas dos núcleos e polos, levando os estudantes a exercerem o direito à cidade.

A busca pelo direito à cidade e a bandeira de um lugar democrático estão presentes na abordagem da EJA – e existem alguns questionamentos que devem ser feitos. “Tem uma barreira invisível na cidade. Esse espaço é gratuito, mas será que é para todos? O acesso é realmente democrático? É pensado para todos?”, indaga a coordenadora do núcleo Centro II, Vívian de Camargo Coronato.

O pOr aQuI:

Visitas ao Museu do Homem do Sambaqui e ao Centro Cultural Continente, trilhas ecológicas, idas à praia e passeios na Beira-Mar Norte são algumas das atividades que os estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) já realizaram neste ano. Com a participação garantida em peças, apresentações musicais, cinema e saraus, as saídas vão além da aproximação com a arte.

PrOjEtO Da EjA LeVa EsTuDaNtEs PaRa CoNhEcEr FlOrIaNÓPoLiS

Além de proporcionar um momento diferenciado, apresentando outros aspectos de Florianópolis, os aprendizados também chegam à população, pelo menos para Fábio da Silva, 49. “Sair daqui para mostrar o nosso trabalho lá fora, a gente como estudante, é mostrar um mundo novo para aqueles que querem aprender.”

Ocupa Floripa e são as iniciativas de democratização, acesso e direito à cidade

ocupa floripa e corteja

TeMpO dE lEiTuRa: 6 mInUtOs AnA CaRoLiNe ArJoNaS

município.

Projeto da EJA leva estudantes para conhecer e explorar os espaços da cidade. Entenda o que é o Ocupa Floripa e o CortEJA. Ouça o samba desenvolvido por integrantes da EJA de Florianópolis.

O MeU PrImEiRo AmOr

Florianópolis é composta por diferentes povos. Muitas vezes, essa história não aparece nos livros: são contadas a partir de uma ótica branca. Florianópolis tem em sua constituição povos descendentes de africanos, indígenas e europeus que se apresentam nos territórios, nos seus modos de ser e viver no mundo. É possível identificar essas presenças em espaços como a Igreja do Rosário, a Escadaria, o Largo da Alfândega, o Miramar, entre outros. A saída do roteiro afro possibilita recontar a história por outra ótica.

Visitas ao Museu do Homem do Sambaqui e ao Centro Cultural Continente, trilhas ecológicas, idas à praia e passeios na Beira-Mar Norte são algumas das atividades que os estudantes da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJA) já realizaram neste ano. Com a participação garantida em peças, apresentações musicais, cinema e saraus, as saídas vão além da aproximação com a arte.

“Eu SoU A ReSiStÊNcIa Da EdUcAÇÃO, MiNhA TrAjEtÓRiA TeM LuTa E PaIxÃO, MeRgUlHaNdO No MaR De SoNhOs Eu VoU, É A EjA O MeU PrImEiRo AmOr”.

Ouça o samba desenvolvido por integrantes da EJA de Florianópolis.

QUER ESCUTAR O SAMBA DA TURMA? ESCANEIE O QR CODE E CONFIRA!

As visitas e saídas ocorrem pelo menos uma vez por mês. A sugestão pode partir dos estudantes ou dos professores, dependendo das pesquisas que estão sendo desenvolvidas e dos assuntos que estão sendo tratados. Em alguns casos, os convites podem ser direcionados para determinada turma ou grupo, já que cada unidade é responsável por escolher e colocar na agenda o próximo passeio.

Entenda o que é o Ocupa Floripa e o CortEJA.

O CortEJA deu vida às ruas de Florianópolis em um sábado de manhã, com um roteiro que começou perto da Assembleia Legislativa de Santa Catarina e foi até o Museu de Florianópolis. Além de dar visibilidade e aproximar a arte, por meio da música, a data é importante para Jandeilson de Jesus Ferreira, 27. O jovem estava na região quando viu uma turma passando. Curioso, decidiu seguir para saber o que era. O final da história? Agora ele também é um estudante. “Eu andei, andei, querendo encostar e pensando: ‘eu vou lá’. Eu conversei com a moça, que não conhecia, e falei como conseguiria entrar na EJA. Ela conseguiu um papel”, conta o estudante, que já está frequentando o núcleo Centro II.

A busca pelo direito à cidade e a bandeira de um lugar democrático estão presentes na abordagem da EJA – e existem alguns questionamentos que devem ser feitos. “Tem uma barreira invisível

Depois que o local é escolhido, os professores são os responsáveis por falar sobre a apresentação, evento ou passeio que será feito. Após a saída, as experiências rendem análises debates com toda a turma. O intuito é relembrar e discutir as sensações que foram vivenciadas em cada canto do município.

na cidade. Esse espaço é gratuito, mas será que é para todos?O acesso é realmente democrático? É pensado para todos?”, indaga a coordenadora do núcleo Centro II, Vívian de Camargo Coronato.Comida às fortalezas que estão espalhadas pela cidade e debates que incluem temas transversais – como o cuidado com o meio ambiente – alguns vivenciam as primeirasexperiências. “É o caso de muitos estudantes que nunca foram ao cinema, nunca foram ao teatro, nunca foram aos espetáculos de música. Alguns nunca foram à praia”, conta Vívian.Além da recompensa de proporcionar um momento diferenciado, instigando uma nova visão de Florianópolis, os ganhos também atingem aqueles que estão de fora, pelo menos para Fábio da Silva, 49. “Sair daqui para mostrar o nosso trabalho lá fora, a gente como estudante, é mostrar um mundo novo para aqueles que querem aprender.”

Projeto da EJA leva estudantes para conhecer e explorar os espaços da cidade.

Esse é um trecho do samba da EJA (Povo da Noite), que foi cantado pelo Centro da cidade em maio, durante a primeira edição do CortEJA. A ação foi planejada pelos professores de música dos núcleos Centro II, Continente II e Maciço do Morro da Cruz.

AfRO

Por já tocar pandeiro e violão, a socialização começou antes de entrar na sala de aula. O bloco cantou alguns sambas, dançando e apresentando a Educação de Jovens e Adultos para aqueles que ainda não conheciam.

O intuito era criar um cortejo festivo, mas que também fosse capaz de chamar a atenção para a educação, de mostrar para a população os direitos garantidos daqueles que querem aprender, independentemente da idade. Para colocar o povo na rua, a primeira missão foi confeccionar instrumentos. Os estudantes participaram da oficina de percussão e fizeram um ensaio na Passarela Nego Quirido.

Ocupa Floripa e CortEJA são as iniciativas que apresentam os pontos turísticos e as alternativas culturais da cidade

O projeto Ocupa Floripa foi pensado com o objetivo de aproximar os indivíduos dos espaços públicos e privados da cidade, mostrando que é possível desfrutar das diversas opções, gratuitas ou pagas, entendendo que o pertencimento ao local é fundamental. Descobrir uma cidade mais acessível para todos é uma das missões dos núcleos e polos, que sabem como a história, as construções e os ambientes da Capital também ajudam a contar a trajetória dos cidadãos.

CésarAttahualpaFotos: ndmais.com.br/revista-its-teens // its Teens 19

Ana Caroline Arjonas

Tempo de leitura: 6 minutos

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O que você vai encontrar por aqui:

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capa 20 its Teens | edição especial // setembro 2022

Trajetórias de quem compõe a PluralidadeEJA.na educação. Alfabetização e o processo de pesquisa. Tempo de leitura: 12 minutos Ana Caroline Arjonas

ndmais.com.br/revista-its-teens // its Teens 21 CamposMarcosFotos:

Com histórias e motivações distintas, o desejo de ler e escrever é o que impulsiona jovens, adultos e idosos na busca pela educação

Quem são as faces da EJA?

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“Os mais novos têm essa coisa de querer terminar rápido e os mais velhos são mais pacientes. Rola uma troca interessantes de, às vezes, os mais novos ensinarem os mais velhos a lidarem com a tecnologia. Os mais velhos, em certos momentos, contribuem com a experiência quando estamos falando de algum assunto histórico, como era antigamente”, relata o professor de português Charles Vitor Berndt.

Em 26 localidades distribuídas pela cidade, as turmas podem praticar o que é ensinado pelos professores dos diferentes componentes curriculares ou pelo professor alfabetizador no primeiro segmento. Com perfis plurais, a troca com os colegas é propícia para acrescentar novos conhecimentos, aqueles que vão além do que está na lousa ou nos livros. E quem estuda no Núcleo Continente II, no bairro Monte Cristo, sabe que a diferença é palavra-chave na educação. Com colegas das mais diversas idades, gêneros e etnias, as informações são compartilhadas a todo momento.

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Se você estivesse em um ambiente com três mães de 24, 26 e 31 anos e um adolescente de 16 anos, saberia dizer o que eles têm em comum? O elo entre o quarteto é o mesmo que motiva os mais de 1300 estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da rede municipal de Florianópolis: aprendizagem.

O ponto de partida para o primeiro contato é compreender que cada um carrega uma bagagem ancorada no cotidiano.

Perfis distintos e com objetivos diferentes também estão presentes na Capital. Naiara de Oliveira Rebelo, 24, e Gislaine Rodrigues, 31, decidiram dar mais uma oportunidade para os estudos e foram apoiadas pelos companheiros. Jutiara Fernandes Costa, 26, aproveitou a companhia da amiga Gislaine para estar na EJA. As três compartilham da rotina corrida entre a casa, as crianças e o estudo — cenário que pode ser ainda mais desafiador quando o trabalho remunerado está presente na vida da mulher. Junto de Gustavo Dias Lima Pereira,16, o grupo do segundo segmento compartilhava o mesmo medo: voltar a estudar em um ambiente com crianças, que têm interesses diferentes dos mais velhos. Entretanto, a identificação com a EJA foi instantânea e todos ficaram à vontade desde o momento em que encontraram pessoas com a mesma idade na sala de aula.

Por mais que os fatores e empecilhos que causaram o distanciamento da educação sejam diversos, a determinação de terminar os estudos está presente nos quatro estudantes. E há quem esteja percebendo a influência na área profissional, como é o caso de Gustavo, que conquistou uma vaga para Jovem Aprendiz no Ministério Público. Depois de repetir alguns anos e abandonar os estudos, a reconciliação com a educação foi feita quando o garoto percebeu que estava trilhando um outro caminho.

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Questionar e dialogar com aqueles que pensam diferente nem sempre é uma tarefa fácil, mas o cenário precisa ser convidativo o suficiente para que cada um tenha a autonomia e a liberdade de se expressar. Por isso, o acolhimento é a primeira etapa do processo, atividade realizada por todos os profissionais, que respeitam as individualidades. “Olhar para o sujeito excluído socialmente, ouvi-lo, inseri-lo e não simplesmente considerá-lo um sujeito que não tem nenhum domínio”, conta Charles.

De acordo com dados do Censo da Educação Básica, no resumo técnico divulgado em 2020, três milhões de brasileiros estavam matriculados na modalidade naquele ano, sendo que 61,3% eram estudantes com menos de 30 anos, compostos, em sua maioria, por homens (56,8%). No público com idade superior, as mulheres ganham destaque, correspondendo a 59% da classe.

“Entender que esses conhecimentos são importantes e considerá-los como parte do currículo traz a possibilidade de ampliar a visão de mundo, tanto dos professores como dos estudantes. Nesse encontro, professores têm a oportunidade de aprender o que a

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A dificuldade na hora de interpretar e construir os textos foi um empecilho para conseguir alguns trabalhos — os estabelecimentos solicitavam o certificado do Ensino Fundamental. A sensação, de acordo com Maria Cristina, é de exclusão, de não ter a confiança dos chefes por não ser totalmente alfabetizada. Entretanto, o cenário está mudando. Maria Cristina está melhor na leitura e consegue escrever pequenos textos. A principal dificuldade está em “comer” as letras, como ela

descreve. Entretanto, a alagoana não pretende desistir — o foco é terminar os estudos.

A dupla Thamiris Costa de Assis, 31, e Naiara Maiato Dias, 15, também são movidas pelo mesmo anseio e aproveitam a companhia para participar das aulas. Conhecer as lendas do folclore e aprender a ler e escrever, por exemplo, são ganhos que as amigas – que entraram este ano na turma do primeiro segmento – dividem no pouco tempo de EJA.

Ler e escrever: os primeiros passos

Os desafios também são vivenciados pela professora Sandriela de Souza, responsável pela alfabetização. O dia a dia na classe é pensado a partir de um texto. O primeiro passo é a leitura, momento em que o grupo identifica aspectos da estrutura da língua escrita. A etapa seguinte é desenvolver atividades a partir do conteúdo compartilhado.

Quando o foco é a alfabetização de jovens, adultos e idosos, tudo precisa começar com a leitura — a escrita será a consequência. Por mais que desenvolvimentoo seja individual, acompanhar o coletivo é satisfatório. “São pessoas que já têm uma história de vida e têm um sonho, que é aprender a ler e a escrever. Poder proporcionar isso é muito gratificante”, conta a educadora.

Para aqueles que querem aprender a ler e a escrever, a trajetória também é árdua, mas vale a pena. Maria Cristina da Conceição, 44, é de Alagoas e escolheu Florianópolis como lar há anos. Quando pequena, a auxiliar de cozinha foi impedida de ir à escola pelo padrasto, mas o interesse pelo conhecimento nunca deixou de existir.

No segundo segmento o foco é a pesquisa, que mobiliza os estudantes na produção do conhecimento. Tudo começa com uma problemática que dialoga com os diferentes componentes curriculares e o assunto vai sendo abordado a partir de outras perspectivas, com novos questionamentos. O processo é chamado de mapa conceitual. O tempo de estudo e a profundidade dependem da problemática levantada pelos estudantes. “Às vezes, a gente tem que pesquisar junto com eles, ler junto com eles. Surgem temáticas das mais variadas possíveis. Nem sempre a gente domina aquele assunto, então é uma construção de conhecimento”, destaca o professor de português Charles Vitor Berndt.

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Proposta pedagógica diferenciada

Uma das problemáticas que conquistaram a atenção do professor e do colega de profissão Pedro Rocha Pereira Júnior foi a pesquisa feita por Neusa Padilha, 53, que finalizou a EJA em julho deste ano. A curiosidade da pesquisa partiu do seguinte questionamento: será que existem plantas medicinais para todas as doenças? Com uma plantação em casa e o desejo de saber mais sobre ciências e biologia, a busca pelas respostas envolveu conhecimentos distintos, incluindo história, geografia, matemática, língua portuguesa e estrangeira, artes e educação física. Toda a turma teve a oportunidade de assistir a apresentação final, com slides, amostras das plantas e um chá. A estudante finalizou a sua passagem pelo Ensino Fundamental falando, em sua última pesquisa, sobre aquilo que gosta e tem proximidade. Por mais que agora os encontros sejam com outra turma, é difícil esquecer o papel da EJA. Para Neusa, o futuro surgiu depois da matrícula. “Eu vi o

Enquanto os leitores se divertem na biblioteca, precisamos encontrar estes dez objetos que estão perdidos na cena: Letícia Martendal Resposta: Será que você consegue? casa vasofrasco de lápisquímico/deexperimentoensaioharpalâmpadalequepaletapinturade pena pergaminho diversão 26 its Teens | edição especial // setembro 2022

Palavras:Adultos;Alfabetização;Avaliação;Certificação; Direitos;Educação;EJA;Escrever;Jovens;Ler. ndmais.com.br/revista-its-teens // its Teens 27

Letícia Martendal

Caça-palavras Caça-palavras

Ao longo da revista contamos tudo sobre a EJA: o que é, para que serve e exemplos de estudantes que se formaram por meio dessa modalidade de ensino. E agora é com você: encontre dez termos sobre o tema neste caça-palavras. Vamos nessa?

com personagens, histórias e lugares que trazem todo esse entusiasmo e renovação. E o que nãofaltam são bons exemplos disso! É hora de ir atrás de obras realmente inspiradoras, de livros a filmes e documentários, e absorver o que há de melhor em cada uma delas.

“Torto Arado” (2019), deItamar Vieira Junior.

“Para diminuir a febre de sentir” (2020), de Dalva Maria Soares.

“O cidadão Incomum” (2013), de Pedro Ivo.

“O menino do pijama listrado” (2008), de Mark Herman (14 anos)

Estrelado por Fernanda Montenegro, esse clássicobrasileiro mostra a jornada de uma ex-professora,que escreve cartas para analfabetos, após conhecer um garoto que acabou de perder a mãe. O longa-metragem venceu o Globo de Ouro de Melhor FilmeEstrangeiro e rendeu a Fernanda Montenegro umaindicação ao Oscar de Melhor Atriz.

Uma boa sessão pipoca ou a leitura da semana podem vir com um bônus:

cultura pop 28 its Teens | edição especial // setembro 2022

Essa preciosidade do cinema nacional é um retrato da realidade do Brasilcontemporâneo. Dirigido por Anna Muylaert, traz Regina Casé como a empregadadoméstica Val, que vê a rotina de sua vida mudar quando sua filha passa a morarna casa onde trabalha. É um filme sobre maternidade, empatia, família e violênciaentre classes, que permite ao espectador refletir também sobre as relações entrepatrão e empregada.

Olhando para os lados e observando amigos, professores e familiares, sempre encontramos exemplos de coragem, boas referências e pessoas que nos motivam. A história de cada um é única e nada mais incrível do que buscar inspiração em quem admiramos. Isso também pode ocorrer quando nos deparamos

“Que horas ela volta?” (2015), de Anna Muylaert (12 anos)

Gustavo Bruning

uma mensagem que fica além das tramas e serve de estímulo para as nossas próprias aventuras

Outras recomendações:

“Becos da memória” (2006), de Conceição Evaristo.

Filmes

“Os supridores” (2020), de José Falero.

, com fotografia de Denise Becker e poema de Cristina Belmonte.

“Ilha de Santa Catarina 360º”

A vida dos dois lados da cerca de um campo de concentração, em 1940, ganha um novo olhar nesselonga de ficção. Um menino judeu, que vive dentro desse espaço, conhece o filho de um oficial nazistae daí surge uma linda e inocente amizade. Baseado no livro de John Boyne, a história desses garotos deoito anos coloca em perspectiva as desumanas condições às quais muitos povos foram submetidos.

“Central do Brasil” (1998), de Walter Salles (12 anos)

(2022), de Stefano Volp

“Homens pretos (não) choram”

“Explicando – A Mente”

“O Fantástico na Ilha de Santa Catarina”

“Escolarizando o Mundo”

“Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar”

Documentários

“Leva” (2011), de Juliana Vicente e Luiza Marques (12 anos). Outras

As lutas vividas por uma catadora de papel tomam forma nas páginasdeste livro, que resgata o cotidiano triste e cruel da vida em uma favela deSão Paulo. Os relatos da autora, que morou na comunidade do Canindé comos três filhos, vêm em linguagem simples e tomados pelo realismo de quemviveu e sentiu uma dura realidade. (1960), de Carolina Maria de Jesus

Esse documentário da cineasta Carol Black traz um olhar sobre os impactos da substituição das maneirasde aprendizado de culturas indígenaspelas das escolas tradicionais. Osefeitos do ensino ocidental e da colonização dos povos indígenas sãocercados de críticas e aqui trazemdiscussões mais amplas sobre o realpapel da educação.

Episódio “Ansiedade” (2020) (14 anos)

“Quarto de Despejo”

Livros

(2010)

Essa coletânea de contos foi escrita durante o isolamento social e traz uma visão atual sobre a masculinidade do homem negro – o quão vulnerável ele tem espaço para ser? A ideia é colocar luznos estereótipos pré-concebidos pela sociedade, que escondem medos, angústias e solidão.

“CabraMarcado ParaMorrer” (1984), de Eduardo Coutinho (12 anos).

Quais são as suas inspirações?

O terceiro episódio da primeiratemporada de “Explicando – AMente” é um bom exemplo de comoentender o funcionamento de tudo que desencadeia nossos pensamentos.A minissérie da Netflix tem narraçãoda atriz Emma Stone e, neste episódio,destrincha o que são os transtornosde ansiedade e traz os relatos de uma humorista sobre o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).

Se fosse transformar o que te inspira em livro ou filme, como seria essa trama? Quem seriam os personagens? Onde essa história se ambientaria? Qual seria o desafio da narrativa? Coloque essa ideia no papel e veja como ela pode evoluir!

Todo o misticismo de Florianópolis ganha vida nas páginas desse clássico da literaturapopular catarinense. De narrativas como “Eleição bruxólica” ao “Balé de mulheres bruxas”,essas 24 histórias, escritas entre 1946 e 1975, surgiram a partir de relatos colhidos pelo autor eresgatam a tradição açoriana e manezinha. Além das bruxas, há casos de boitatás, lobisomens,negrinho do pastoreio e saci. (2012), de Franklin Cascaes

recomendações:

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A cidade de Toritama, em Pernambuco, é o cenário desse documentário de Marcelo Gomes. Lá são produzidas mais de 20 milhões decalças jeans anualmente – tudo emfábricas caseiras. A produção frenéticanão para ao longo do ano, exceto emuma ocasião: no Carnaval, eles vendem as peças acumuladas e descansam napraia durante a semana de folga. (2019) (10 anos)

que você pode fazer online e gratuitos

Não é novidade que a internet disponibiliza milhares de fontes de aprendizados a poucos cliques de distância. São bilhões de pessoas no mundo conectadas e muitas destas se dispõem a compartilhar conhecimentos, tal qual instituições de ensino, empresas e outras organizações.

Por isso, vamos compartilhar cinco portais de cursos gratuitos com certificado para você se preparar para o mercado de trabalho e, consequentemente, para a vida. Duas sugestões desta lista, inclusive, são oferecidas pela Prefeitura Municipal de Florianópolis. Outras três são plataformas online com centenas de cursos disponíveis em todas as áreas.

Lucas Inácio

wi-fi 30 its Teens | edição especial // setembro 2022

Rockcriatividade.Content

Lançado em agosto deste ano, o programa visa capacitar mais de 3,5 mil jovens do município em tecnologia, desenvolvendo o pensamento de quem atua na área, uma das que mais empregam atualmente. Todos os cursos são online, mas quem não tem equipamento para assistir aos conteúdos vai ter acesso gratuito a computadores no Senai aos sábados, com direito a passagem de ônibus de graça.

“O foco nosso é buscar uma conexão muito próxima com empresas e cidadãos, entender quais as demandas e necessidades de cada grupo e juntamente construir soluções para o benefício de todos. Olhamos para todos os setores da economia, desde o comércio, turismo, serviços e tecnologia, pois todos eles têm potencial de crescimento na geração de emprego e renda”, diz o coordenador do Floripa Mais Empregos, Ivan Santos.

O Programa de Capacitação Digital,desenvolvido para somar na formação dosestudantes da rede pública, tem como objetivo oferecer mais de 40 cursos onlinegatuitos em em três diferentes níveis:essencial, que envolve desde introdução àinformática até o funcionando operacional do sistema Windows; o avançado, que passapor curso de lógica de programação atéferramentas de edição; e os de gestão, queajuda no desenvolvimento pessoal paraatuação em diversas

KultiviKultiviKultiviKultiviaplicativo.

Esta plataforma é voltada para cursos de todos os níveis de escolaridade profissionais. De idiomas a estudo para concursos, a Kultivi é uma plataforma que oferece aulas para quem quer aprender online, de graça e comdireito a certificado (isso mesmo). Excel, línguas, preparação para o Enem e até para a Ordem dos Advogados do Brasil(OAB) estão na plataforma. Basta se cadastrar, assistir às aulas e fazer os exercícios. E um detalhe importante: dá para fazer pelo celular, pois o Kultivi está disponível no aplicativo. (OAB) estão na plataforma. Basta mesmo). Excel, línguas,

Florianópolisáreas.Digital ndmais.com.br/revista-its-teens // its Teens 31

Floripa Mais Empregos

O Portal Floripa Mais Empregos foi lançado em maio de 2021 e é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Florianópolis. Feito em parceria com instituições renomadas, como Sebrae/SC, Senai, Fiesc, UFSC, entre outras, busca qualificar profissionais e colocá-los em contato com o mercado. Ao todo, são 228 cursos gratuitos, entre presencial e online, emáreas específicas (saúde, indústria, serviços, turismo etc.) e transversais (mercadodigital, português, matemática, formações técnicas, finanças pessoais, entre outras).

A plataforma também permite que as empresas inscrevam suas vagas de emprego e procurem os candidatos cadastrados, tudo de graça. Atualmente são 345 empresas anunciantes naplataforma com mais de cinco mil currículos. É uma possibilidade de aprender e se recolocar no mercado de trabalho com ainda mais qualidade.

Outra parceria da Prefeitura Municipal de Florianópolis com grandes instituições – comoFiesc, Senai, Sebrae/SC e Acate – oferece mais uma oportunidade aos jovens a partir de 14 anos da Capital: é o programa Floripa Mais Tec. Porém, se você tem de 10 a 13 anos, não se preocupe: quem estuda na rede municipal de Florianópolis poderá participar de uma das atividades na própria escola.

Se você gosta de produzir conteúdo para as redes sociais, um dos mercados quemais dão possibilidades, atualmente, é ode conteúdo digital – e o conhecimentodas estratégias para se dar bem em um marde pessoas que hoje atuam nessas áreas éessencial. Por isso, a Rock University éreferência nos diversos cursos que oferece em marketing digital, pois doaudiovisual ao escrito é possível aprender muita coisa do operacional paradar suporte à sua

Floripa Mais Tec

Ana Caroline Arjonas

Passei nove anos sem ir à escola, só aqui em Florianópolis tive a oportunidade de retomar os estudos e foi uma experiência única. Fui bem recebida, aprendi a ter mais diálogo com as pessoas, aprendi a escrever mais, aprendi a ler mais. E com o certificado vou poder ter uma oportunidade de emprego. Na EJA consegui ter visão do quanto é importante o estudo, o conhecimento nunca é demais. Só tenho a agradecer por tudo.

Dos mais novos até os mais velhos, existem inúmeras circunstâncias que podem atrapalhar o aprendizado eo acesso à educação. Entretanto, superar as barreiras e acreditar em um futuro melhor, com a alfabetização e o ensino garantido, são elos para aqueles que estãona Educação de Jovens e Adultos (EJA). Confira os depoimentos de quem deixou a vergonha ou o receiode lado e está na sala de aula. E não esqueça de compartilhar com quem quer voltar a estudar e ainda não deu o primeiro passo!

Para inspirar e acreditar:

mais oportunidades 32 its Teens | edição especial // setembro 2022

Em primeiro lugar, a EJA é importante para as pessoas que não tiveram oportunidade de se formar mais jovens pelo fato de que precisavam trabalhar. No meu caso, a dificuldade de dar continuidade nos estudos era muito grande. Cheguei a fazer um supletivo, mas não consegui concluir. Depois vieram os filhos e de novo as coisas mudaram de rumo. Agora, depois de me encontrar desempregado, resolvi retomar os estudos. Depois de 40 anos vou realizar meu sonho de concluir o Ensino Fundamental. Eu gosto muito de ler e assistir programas informativos e culturais. Quero aproveitar a oportunidade para não perder mais boas ofertas de trabalho.

Ana Carolina da Silva de Moraes, 17 anos, EJA Norte II

Antes, eu não conversava com ninguém, era muito calada. Quando eu vim para a EJA, nem queria, só entrei porque o meu pai insistiu. Na EJA, eu aprendi a me expressar, a conversar, a ter mais diálogo com as pessoas e amadureci também.

Adriane de Sena Ferreira, 25 anos, EJA SUL I, polo Costeira

A EJA é muito importante para mim. A partir do momento em que me matriculei, tive a certeza que vou terminar meus estudos. Parei no sétimo ano e me dedico muito para recuperar o tempo perdido, poder concluir e fazer o Ensino Médio, ser alguém na vida.

João Victor Hafemann Alves, 18 anos, EJA Norte II

10 depoimentos de quem acredita na transformação da EJA

Para inspirar e acreditar:

Adroaldo Camargo, 56 anos, EJA Norte II

Francisca Leopoldina dos Santos, 56 anos, EJA Norte II.

Matheus de Souza Correa, 17 anos, EJA Norte II.

A EJA é importante para dar oportunidade para as pessoas terminarem seus estudos.

Madalena Veiga Teles, 55 anos, EJA Norte II

A EJA é importante para aqueles que, por algum motivo, não conseguiram terminar o Ensino Fundamental. Aqui tem uma nova oportunidade de voltar às salas de aula para terminar o que não foi possível concluir no período em que era jovem.

Aqui na EJA, eu comecei o meu namoro e eu acho que terminando a EJA eu posso fazer o CEJA e conseguir um bom emprego, conseguir fazer uma carreira. Na EJA estou aprendendo mais do que na escola convencional, aqui não é só aquela sequência de matérias, você aprende o que quer fazendo a pesquisa.

A EJA é muito importante para mim, pois fico por dentro dos assuntos e conteúdos e aprendo muitas coisas boas.

Anahi Geovana de Oliveira Figueira, 15 anos EJA Norte II

Clara Marques Ambieda da Fontoura, 16 anos, EJA Norte II.

Mudou muita coisa, quase 100%. Às vezes, eu falo demais, o meu temperamento é assim, mas, hoje, na EJA, já na primeira pesquisa que eu fiz, a minha mente se abriu, saí daquele mundinho que eu percebia antes e tenho muitos assuntos. Eu tinha medo das coisas, agora eu não tenho mais, eu aprendi a enfrentar as coisas novas e buscar novos desafios. Novos desafios são novos caminhos que você ainda não conhecia, agora me sinto mais segura para seguir nesses caminhos. A pesquisa me ensinou que não preciso ter medo de não saber as coisas, se eu não souber, vou pesquisar. Tem outros caminhos possíveis.

Eu acho que é importante porque tem uma diversidade grande de idades, então, estamos sempre aprendendo coisas novas. Eu acho também que é uma grande oportunidade para quem não conseguiu estudar na idade que nos é imposta. No meu caso, em todos os anos em que estudei no convencional, eu não aprendi tantas coisas como estou aprendendo na EJA.

Maria Luiza Steckel, 69 anos, EJA Norte II.

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Saco Grande

galerias 36 its Teens | edição especial // setembro 2022

Kinson

CENTRO III ESCOLA BÁSICA MUNICIPAL (EBM)

Antonia

Coordenadora Silviane, Antonia e Larisse

Salesio, Marivanda, Gecilda e Wallace

Zenaide e Islaine

DONÍCIA MARIA COSTA

Coordenadora Silviane e Adriana

Adriana Edson

Pedro, Edson e André

Andreza e Tamilles

1º Seguimento da EBM Donícia Maria Costa

Angela Maria e Antonia

Coordenadora Silviane e Larisse

Jothes, Kinson e Frandy

Pedro Henrique e Bruno

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galerias 38 its Teens | edição especial // setembro 2022

Alunos com professora Sandra e professor Fabio Barreto

Gabriel e Pedro Henrique

Lia

Jimmy e Tiago

Naianda

HERONDINA MEDEIROS ZEFERINO Núcleo Norte I ESCOLA BÁSICA MUNICIPAL (EBM)

Lucilene

Wilson

Ingleses

Cleonice

Santinho

Bruno, Maria Eduarda, Jaqueline e Luiza

Suelene

Katlen e Leila

Erick e Carlos

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Florentina

Sidnei

Maria José, Catarina e Luiza

Cristina

MARIA TOMÁZIA COELHO Núcleo Norte I ESCOLA BÁSICA MUNICIPAL (EBM)

(EBM)

Norites

Heleno e o filho João Pedro

Willian e Andreza DO FUTURO BÁSICA MUNICIPAL Tapera

galerias 40 its Teens | edição especial // setembro 2022

ESCOLA

Scheila

Junior e Eva

Andreza

Juliana e João Vitor

Eva e a coordenadora Dani

Luiz Gustavo

NÚCLEO SUL II ESCOLA

Coordenadora Dani, Wellington, Luiz Gustavo, professora Salete, Wanda, Heleno, Norites e Andrea

Andrea e

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HenriqueWandaeGabriel

Alunos do Segundo Segmento da EJA

Roselei e Nycole

ElieneManoel

Daphne e Ana Vitória

O trabalho foi realizado no Núcleo Norte II, polo EBM Maria Tomázia Coelho

Usar o computador, navegar na internet ou mesmo mexer no celular parecemhabilidades que muitos jovens já nasceram sabendo. Mas essa facilidade em serusuário das tecnologias digitais não é natural para todas as pessoas. É na busca porquebrar essa barreira que os estudantes da turma do primeiro segmento – núcleoNorte I, localizado no bairro Santinho – frequentam as aulas de Cultura Digital.

Pegar ônibus, marcar consulta no posto de saúde, usar os benefícios do Governo Federal, pagar contas ou mesmo tirar carteira de motorista são exemplos de serviços que hoje ocorrem pela internet. Para os estudantes com menos escolaridade, acessar esses serviços significa depender de outras pessoas que façam essas atividades por eles.

Estudantes Maria José e Catarina sendo instruídas pelo professorMarcelo Constantino

LuzdaDiasSandraFotos:

Terezinha, 76, e Sebastião, 56, durante a aula de Cultura Digital

Além da dificuldade de não ter um smartphone, computador ou acesso à internet, crenças surgem, tais como não acreditar que são capazes ou que precisam ser alfabetizadas para utilizar as tecnologias. No entanto, vivemos em um mundo cercado por aparelhos tecnológicos e aprender a utilizá-los deixou de ser algo opcional para se tornar algo essencial. Compreender esse mundo midiático que nos cerca é fundamental para o sujeito ser considerado letrado.

“São pessoas que não nasceram na época digital e que hoje estão em busca desse aprendizado. Se expressam com alegria e a felicidade por hoje ter o contato com o computador, com a internet. Pessoas que em seus lares veem seus filhos e netos mexerem e trabalharem nessas máquinas tão fantásticas, numa era tão acelerada como essa e que agora sabem e entendem o que eles estão fazendo”, diz Marcelo Constantino, professor alfabetizador da turma.

Atividades como essas são chamadas de letramento digital, ou seja, as formas de escrita, leitura e participação que acontecem em contextos conectados. O interessante é perceber que essas atividades com o computador não são isoladas e abordam temas do dia a dia dos sujeitos. A professora de tecnologia da EJA Educacional Sandra Dias da Luz relata como foi introduzindo a Cultura Digital nas aulas: “Quando conheci esses estudantes, uma delas me relatou que tinha um grande sonho de escrever um texto no computador. Falei para ela que esse sonho iríamos realizar juntas durante as aulas. Levamos a turma para a sala informatizada. Foi a primeira vez que a maioria mexeu em um computador. A emoção tomou conta da aula e foi impossível não chorar ao ver o quão comovida estava uma das estudantes que, em lágrimas, me agradeceu por ter proporcionado esse primeiro contato com a máquina. Esse sentimento de pertencimento é único. Foi como se ela me dissesse ‘agora eu sei, faço parte desse mundo’”.

Professora Sandra Dias da Luz Departamento de Educação de Jovens e Adultos (EJA)

A tecnologia entrou na produção de versos, que foram digitados, impressos e distribuídos para que os espectadores pudessem acompanhar a cantoria durante a apresentação na festa, valorizando assim a cultura local, promovendo o protagonismo e partilhando conhecimento a respeito da Ratoeira.

Cidadania digital com adultos e idosos

É com muita alegria que os estudantes se dirigem para a sala informatizada, todas as terças-feiras, desde abril. Durante as aulas são trabalhadas desde atividades simples, como ligar o computador, o manuseio do mouse – que vão dando autonomia e encorajando-os a utilizar o computador de forma independente –, troca de mensagens online e até mesmo escrever diários pessoais na internet.

Finalizando esse trabalho da Ratoeira, um vídeo está sendo produzido para compartilhar esse saber na internet. É dessa forma que a cidadania digital vai sendo construída valorizando o contexto do estudante, mas deslocando-o de lugar que antes não era ocupado por eles, o espaço de participação na Cultura Digital.

Valdir, 45 anos

saideira 42 its Teens | edição especial // setembro 2022

Um bom exemplo de como são as aulas foi o que aconteceu na festa junina. As estudantes, maioria nativa do bairro, conhecem como ninguém a Ratoeira (dança de roda típica da cultura açoriana) e resolveram mostrar aos demais esse costume.

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Munhoz/NDLeoFoto: conheça a cidade

Um dos bairros mais antigos e tradicionais de Florianópolis, o Ribeirão da Ilha é um reduto da cultura açoriana que ainda mantém viva a história de seus primeiros moradores. Distante 20 quilômetros do Centro da cidade, o bairro é o lugar ideal para quem busca unir boa gastronomia e história à mesa.

RIBEIRÃO DA ILHA

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Munhoz/NDLeoFoto: conheça a cidade

Local de história, gastronomia, cultura e arte, o Mercado Público de Florianópolis é o lugar mais tradicional da Ilha da Magia. Uma das primeiras construções da cidade, ainda no século 19, surgiu da necessidade de organizar os alimentos que chegavam para abastecer a população. Ao todo, são 123 anos de história e um dos pontos turísticos mais visitados na Capital.

MERCADO PÚBLICO

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