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Silva e Diana de Jesus
Bong Joon-Ho, transnacionalidade e o mercado cinematográfico dos EUA
Por Alexsyane Amanda Silva e Diana de Jesus
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Há 10 anos, o diretor Bong Joon-ho dava início à sua chegada na indústria cinematográfica de Hollywood. Dentro desse período, três filmes foram lançados, destacando-se principalmente o último, Parasita (2019), que, na cerimônia do Oscar de 2020, obteve seis estatuetas: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional, Melhor Roteiro Original, Melhor Direção de Arte, Melhor Diretor e Melhor Montagem.
A obra cinematográfica vencedora possui origem sul-coreana e o seu reconhecimento na categoria de Melhor Filme - e não Melhor Filme Estrangeiro, como seria costumeiro - tornou-a a primeira obra de língua não inglesa a levar esta principal estatueta. Esta é considerada uma vitória histórica por diversos motivos: pelo cenário de resistência norte-americana a filmes em outros idiomas, por serem as primeiras vitórias da Coreia do Sul na cerimônia do Oscar e pelo destaque que a academia deu a filmes estrangeiros em sua 92ª edição.
A vitória do filme em língua não-inglesa, indiscutivelmente vista como um diferencial para a “rotina” Hollywoodiana de quase um século, foi semelhantemente replicada em outros prêmios: Parasita foi também o primeiro filme que, desde os anos 1950, ganha o Oscar e a Palma de Ouro de Cannes, e o primeiro longa de língua estrangeira a vencer a principal categoria do SAG Awards (Melhor Elenco de Filme), entregue pelo Sindicato dos Atores dos EUA.
Para melhor compreender esta inovação cinematográfica, é preciso abordar a trajetória transnacional dos filmes de Bong Joon-ho nos cenários explorados em Snowpiercer (2014), Okja (2017), e, por fim, Parasita (2019), os três filmes da década de entrada do diretor no mercado de cinema norte-americano.
O conceito da transnacionalidade de Ye Dam Yi verifica a existência dos elementos tanto norte-americanos quanto sul-coreanos nos filmes de Bong Joon-ho, uma adaptação necessária para inserir-se no cinema norte-americano e chegar até a vitória na cerimônia do Oscar: em Snowpiercer, o idioma é inglês e há características acentuadamente hollywoodianas com apenas dois atores sul-coreanos; em Okja, o diretor constrói um cenário de mistura entre solo sul-coreano e norte-americano e, por fim, em Parasita, o primeiro filme de língua não-inglesa a ganhar o Oscar de Melhor Filme.
Snowpiercer: um blockbuster hollywoodiano - O Expresso do Amanhã, ou Snowpiercer (2013), é um filme de ação e ficção científica com fortes mensagens de cunho social baseado na HQ francesa Le Transperceneige (Lob & Rochette, 1982). Na obra, é notável a constante referência à manobra histórica de manipulação e domínio de massa através da política do medo (COELHO, 2015, p.1) e à pobreza e desigualdade social. A história é sobre um trem onde, após o apocalipse, uma pouca quantidade populacional vive - os pobres nos vagões de trás, os ricos nos vagões da frente. Em dado momento, por causa da má qualidade de vida e violências sofridas, a população dos vagões de trás começa uma rebelião.
O cenário escatológico por si mesmo já traz enraizada a crítica da sobrevivência da espécie em troca de aceitação do tolhimento da liberdade e de outros direitos humanos, quando tempos de crise enfraquecem o processo de desenvolvimento e facilitam o domínio (COELHO, 2015, p. 5).
O “Expresso do Amanhã” é possivelmente o ponto de partida de Bong Joon-ho para chegar ao Oscar. O diretor traz em seu primeiro filme em inglês todo um cenário que remete a clássicos hollywoodianos, com direito inclusive ao típico galã super-herói Chris Evans como destaque - ator que também interpreta o famoso Capitão América dos estúdios Marvel, personagem símbolo norte-americano. Como define Brandon Taylor (2016, p. 1), Snowpiercer “está totalmente saturado com o resíduo cultural do cinema americano, especificamente o filme blockbuster”.
Todos os critérios de tamanho de elenco, pré-anúncio em marketing massivo, alto orçamento e grande liberação estão presentes em Snowpiercer como blockbuster, tendo acumulado “o maior orçamento de produção de todos os tempos na indústria cinematográfica da Coreia - equivalente a US $ 39.200.000” (YI, 2017, p. 2 a 3).
Na obra que seria talvez a sua formatação até então mais hollywoodiana, Bong Joon-ho utiliza-se do cinema norte-americano, do idioma norte-americano e de atores norte-americanos em uma relação tão ambivalente quanto a do próprio cinema coreano com os Estados Unidos (TAYLOR, 2016, p. 1, apud KLEIN) para falar sobre desigualdade e controle governamental.
Dado a dificuldade de ligar a obra ao seu seio nacional, embora a carreira de Bong Joon-ho esteja tão “inextricavelmente entrelaçada com a história do cinema coreano” (TAYLOR, 2016, p. 2), classificá-la como transnacional torna-se mais fácil do que tentar desvendá-la sob uma ótica do seu país, principalmente quando foi negligenciada nos discursos acadêmicos da Coreia (YI, 2017, p. 2).
Okja: a obra da Netflix que concorreu ao Cannes
Okja foi produção da rede de streaming Netflix, não tendo passado em nenhum cinema. Como uma obra sem distribuição regular poderia concorrer no Festival de Cannes? Apesar das controvérsias, o filme foi exibido mesmo assim, tendo a logo da Netflix aparecido pela primeira vez na história na tela do Grande Teatro Lumière do Palácio de Festivais.
Okja traz uma antítese entre a cultura ocidental de produção em massa e a valorização das raízes orientais, sendo a própria principal sul-coreana Ahn Seo-hyun (Mija) e seu cenário de nascença natural e pacífico na Coreia do Sul.
Em uma síntese de sua história, o filme mostra a exploração econômica de uma raça de “super porcos” para a indústria da carne. Quando Mija, a dona de um dos super porcos, vê-se prestes a separar-se do seu animal, vai em frente em uma tentativa de resgate em conjunto com um grupo de “foras da lei”. Ao expor o amor da menina pelo animal que é desejado como alimento por uma população, o filme explora o “ativismo intervencionista” para realizar justiça (CARDOSO apud RITCHIE, 2017, p. 3).
A obra é capaz de despertar amplos debates, desde o especismo presente na noção de um caráter biológico para determinar se um ser é “merecedor” de ter direitos até o quanto seria “valoroso” o desrespeito de tais direitos perante uma “vantagem para o maior número de humanos” (CARDOSO, 2017, p. 9 e 10), dado que a carne dos super porcos possui diferenciais muito benéficos para a saúde humana.
O filme tem em seu caráter a mesma aparente ambiguidade que compôs Snowpiercer: identidade sul-coreana-americana, sendo co-escrito por Jon Ronson (galês-americano) e interpretado em seu âmago por atores norte-americanos e sul-coreanos, encaixando-se no caráter da transnacionalidade reconhecida por Ye Dam Yi.
Parasita: um filme histórico e sul-coreano
O amplo resultado de Parasita é marcante por conservar-se em idioma sul-coreano, ter atores sul-coreanos e galgar caminhos tão brilhantes. A resistência da linguagem ainda é um peso no cinema, quando o obstáculo das legendas faz com que “raramente obtenham bilheterias similares aos filmes falados em inglês nos EUA”. Por razões sociais, culturais e políticas, o público norte-americano teria ficado cada vez mais resistente em assistir filmes vindos de contextos diferentes dos seus (Nexo Jornal, 2020).
A entrada anterior de Bong Joon-ho no mercado do cinema norte-americano, preparada por Snowpiercer e Okja, adaptando-se e reunindo as características dos seus filmes em prol de uma estabilidade, parece ter sido determinante para o resultado mostrado no Oscar. Em Parasita, é o momento em que Bong Joon-ho tem mais liberdade dentro da indústria americana em uma década.
Por esse caminho do despedaço e da descostura do elemento evolutivo profissional de Bong Joon-ho observado a partir de sua atuação como diretor, verificamos a desunião e destaque de uma sequência de filmes dirigidos (Snowpiercer, Okja e Parasita) por Bong Joon-ho estabelecendo, entre eles, o que seria o caminho diante de uma cinematografia sul-coreana e norte-americana - transnacional - necessária para adentrar no mercado norte-americano e obter, por fim, as vitórias notáveis do filme Parasita.
REFERÊNCIAS
CARDOSO, Waleska. Ativismo do tipo interventivo em favor dos animais: a justiça dos “fora da lei” em Okja. Grupo de Pesquisa em Direitos dos Animais (GPDA) (UFSM), Núcleo de Estudos Filosóficos (NEFIL) (UFPR).
COELHO, A.; e FOLLIS, Rodrigo. Snowpiercer: Uma análise da obra de Joon-ho Bong e o uso de crises como método de dominação. Centro Universitário adventista de São Paulo (Unasp), 2015.
JU, Young Jin. Making the global visible: Charting the uneven development of global monsters in Bong Joon Ho’s Okja Nacho Vigalondo’s Colossal. CLC Web, Purdue University, v. 21, 2019.
POR QUE a vitória de ‘Parasita’ no Oscar é histórica, em 4 pontos. Nexo Jornal, 10 fev. 2020.
POR QUE o público dos EUA é tão resistente a filmes estrangeiros. Nexo Jornal, 6 jan. 2020.
TAYLOR, Brandon. The Ideological train to Globalization: Bong Joon-ho’s The Host and Snowpiercer. Cineaction, Toronto, Ontario, Canadá. 2016.
YI, Dam Ye. Locating a transnational film between korean cinema and american cinema: A case study of Snowpiercer. Plaridel, vol. 14, nº 1. Jun, 2017.
Alexsyane Amanda Ribeiro da Silva é graduanda no curso de Licenciatura em Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em Portugal.
Diana Bispo de Jesus é graduada em Jornalismo na Universidade Católica de Brasília (UCB), no Brasil.
Mudanças climáticas
Por João Baltar
O planeta Terra está passando por mudanças climáticas rápidas em termos geológicos. (1) A temperatura média na superfície da Terra e na água do mar aumentou 0,8 °C depois do começo da revolução industrial (0,11 °C por década). (2) As geleiras estão derretendo. (3) O gelo no Polo Norte está diminuindo (de 1978 a 2008, diminuição de 1,8 m da espessura do gelo por década, de 3,8% da superfície coberta pelo gelo e de 11% da superfície do gelo no fim do verão. (4) O nível do mar, de 1993 a 2013, aumentou entre 2,8 e 3,6 mm por ano, duas vezes mais rápido que no século XX; (5) A frequência e a intensidade de fenômenos extremos (frio, calor, inundações, secas) estão aumentando.
Para tratar dessa questão, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou, em 1988, o International Panel on Climate Changing (IPCC). No passado, a Terra passou por mudanças climáticas importantes, com períodos glaciais e períodos interglaciais, mas elas se deram de maneira muito mais lenta, com ciclos de mais de 100 mil anos.
A temperatura média na superfície da Terra depende de vários parâmetros, como a radiação recebida do Sol; as atividades vulcânicas na Terra; a inclinação do eixo de rotação da Terra em torno de si mesma com relação ao plano de sua órbita em torno do Sol; o efeito estufa. Analisemos cada um desses quatro parâmetros. A intensidade da radiação solar depende da atividade do Sol e varia menos que 0,1% com um ciclo de aproximadamente 11 anos. As mudanças climáticas observadas depois do começo da revolução industrial não são cíclicas. Além disso, se a variação da radiação solar fosse uma causa importante das mudanças climáticas, a temperatura da estratosfera também estaria aumentando, e isso não está acontecendo. A troposfera está ficando mais quente, mas a estratosfera está esfriando. Assim, as variações da radiação solar não podem explicar as rápidas mudanças climáticas observadas. Também não houve variação nas atividades vulcânicas que possam explicar essas mudanças. A inclinação do eixo de rotação da Terra varia de maneira muito lenta, segundo o ciclo de Milankovich, entre 22,1 e 24,5°, com um período de aproximadamente 26 mil anos. Assim, isso também não pode explicar as rápidas mudanças climáticas observadas. Mas a concentração dos gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera tem aumentado consideravelmente depois do começo da revolução industrial. A concentração de CO2 passou de 280 partículas por milhão (ppm) para mais de 410 ppm (1). A do metano (CH4) passou de 660 partículas por bilhão (ppb) para mais de 1.890 ppb (2). O CO2 não é um poluente. Ele é essencial à vida na Terra. Sem ele, os vegetais não cresceriam. Sem CO2 e os outros GEE, a temperatura média na superfície da Terra seria -18°C (3), e, nessas condições, a vida, como nós a conhecemos, seria impossível na superfície da Terra. Mas o CO2 se torna um problema maior quando sua concentração na atmosfera ultrapassa certos limites.
Segundo o IPCC, a probabilidade de que o aumento da temperatura média na superfície da Terra seja principalmente devido às atividades humanas é maior que 0,95 (4). Essa posição recebeu o apoio das principais Academias Nacionais de Ciência do mundo; entre elas, as dos Estados Unidos, da Alemanha, da França, da Inglaterra, do Canadá, da Rússia, da China, etc.
Combustíveis fósseis - Os combustíveis fósseis são o gás natural, o petróleo e o carvão mineral. Eles se formaram a partir do carbono contido na matéria orgânica (vegetal ou animal) que ficou no subsolo da Terra por centenas de milhões de anos, em condições anaeróbicas e sob altas temperatura e pressão. Pela respiração dos animais e dos vegetais, durante centenas de milhões de anos, o CO2 foi retirado da atmosfera. Agora, com a queima do combustível fóssil, ele está sendo restituído à atmosfera, provocando um aumento de sua concentração.
Evolução do clima da Terra - Pode-se considerar que a Terra tem quatro componentes distintos: a atmosfera (gasosa), a litosfera (sólidos minerais), a hidrosfera (líquidos) e a biosfera (matéria viva). Esses quatro elementos evoluem juntos há quatro bilhões de anos, em condições de equilíbrio dinâmico regido por retroações negativas (quando um parâmetro se afasta de seu valor original, o sistema tende a forçá-lo a voltar). Isso é chamado homeostasia climática. Aproximadamente a cada 100 mil anos, a Terra teve reaquecimentos que duraram dezenas de milhares de anos, os chamados períodos interglaciais. A sequência de períodos glaciais e períodos interglaciais é explicada pelo Ciclo de Mi-
lankovich. Segundo esse ciclo, foram os aumentos da inclinação do eixo de rotação da Terra em torno de si mesma com relação ao plano de sua trajetória em torno do Sol que iniciaram esfriamentos que foram amplificados por retroações positivas e puderam levar a períodos de glaciação.
Essas retroações positivas são: 1- Clima esfria → menos evaporação oceânica → menos chuva → mais superfícies desérticas → mais poeira no ar → maior produtividade vegetal nos oceanos devido a mais poeira → mais fitoplânctons → mais carbono absorvido pelos fitoplânctons → menos carbono na atmosfera → menos efeito estufa → mais frio. 2 - Clima esfria → menos neve derretendo no verão → maior reflexão da radiação solar → mais frio.
Impacto - Durante o último período glacial, que começou há pouco mais de 100 mil anos e terminou há 10 mil anos, a temperatura média na superfície da Terra chegou a entre 4 e 5 °C abaixo do valor atual. Essa diferença pode parecer pequena, mas não é. Por exemplo, a região onde eu vivo (Montreal, Canadá) estava coberta por uma camada de gelo de 3 mil metros de espessura.
Aquecimento depois do começo da revolução industrial - Nos últimos pouco mais de 150 anos, a temperatura média na superfície da Terra aumentou aproximadamente 0,8 °C. Um aumento muito rápido comparado com o que ocorreu depois do último período de glaciação, que foi de 4 ou 5 °C em dezenas de milhares de anos. Se a tendência atual continuar, os especialistas calculam que, em 2100, o nível médio do mar aumentará entre 45 e 90 centímetros (5). Isso inundaria inúmeras regiões habitadas ou cultivadas, criando várias dezenas de milhões de refugiados climáticos, e geraria uma crise econômica e social imensa.
Os céticos climáticos - Um pequeno grupo de climatologistas discorda do ponto de vista do IPCC ao pretender que essas mudanças climáticas são de origem natural, sem nenhuma relação com atividades humanas. Segundo eles, o CO2 que esta está sendo acrescentado à atmosfera vem dos oceanos, devido ao aquecimento de sua água. Mas, depois de 1990, medidas mostram que o CO2 que está sendo acrescentado à atmosfera não vem dos oceanos. Elas mostram uma diminuição da presença de 14C no CO2 da atmosfera. Isso significa que o aumento da concentração do CO2 na atmosfera vem da queima de combustíveis fosseis, que é o único reservatório de CO2 conhecido onde não há 14C (6).
Urgência - Mesmo se conseguirmos parar completamente de emitir GEE, a temperatura média na superfície da Terra vai continuar aumentando por certo tempo. O efeito estufa é provocado pelo conjunto de GEE que está na atmosfera, inclusive o que foi emitido há centenas de anos atrás e ainda está lá. O CO2 permanece milhares de anos na atmosfera. Daí a importância de, desde agora, reduzir a concentração de CO2 na atmosfera. Mas a luta sera árdua. A indústria de combustíveis fósseis é muito poderosa. No mundo, ela recebe anualmente 400 bilhões de dólares em subvenções e benefícios fiscais (7 e 8).
REFERÊNCIAS
1) https://www.climate.gov/news-features/understanding-climate/climate-change-atmospheric-carbon-dioxide.
2) https://www.esrl.noaa.gov/gmd/ccgg/ trends_ch4/.
3) https://www.canada.ca/fr/environnement-changement-climatique/services/changements-climatiques/effet-serre.html.
4) https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/2018/02/WG1AR5_Chapter08_FINAL.pd4).
5) https://www.ipcc.ch/report/ar5/wg1/, página
49.
6) https://royalsociety.org/~/media/royal_society_content/policy/projects/climate-evidence-causes/climate-change-evidence-causes.pdf, página 6.
7) Scientific American, Climate Change, What’s happening to our planet? Special Collector’s Edition Summer 2020, página 92.
8) Why Fossil Fuel Producer Subsidies Matter Peter Erickson et al. In Nature, Vol. 578, pages E1-E4; February 6, 2020.
João Mauricio de Andrade Baltar é engenheiro eletricista (UFPE, 1968), Mestre em Física (Université de Montréal, 1974). Hoje aposentado, trabalhou 37 anos na Hydro Québec na Central Nuclear de Gentilly, no Ireq (Instituto de Pesquisas) e no Planejamento da Rede de Geração.