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Amélia Luz

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Roberto Schima

Roberto Schima

Amélia Luz Santo Antônio de Pádua/RJ

Alvíssaras

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Falar sobre o tempo, um tema atual e abrangente escolhido em hora oportuna porque “comemoramos” de forma atípica os 100 anos dos “ANOS LOUCOS – 1920, quando povos e nações renasciam depois da Primeira Guerra Mundial. Experimentávamos maior liberdade na cultura, nos costumes, nas artes em geral. O cinema, as comédias, Chaplin surpreendendo, Salvador dali criativo em tintas e pinceladas avançadas. A Era do JAZZ, do CHARLESTON, novos ritmos que empolgavam. Espaços ousados foram criados numa década de prosperidade, a guerra havia acabado. Teatros famosos, óperas, concertos e grandes orquestras como também Hollywood com seus campeões de bilheteria. Livres de espartilhos as mulheres libertavam-se, mostrando os tornozelos com modelos em tubo, leves e elegantes, permitindo maior exposição da sensualidade feminina. Chanel invadia as cenas com cortes retos agradando a todos os olhares curiosos. A SEMANA DA ARTE MODERNA dá novo significado à nossa cultura em um grande acontecimento cultural – Teatro Municipal de São Paulo – 1922, mostrando nossas raízes com ABAPORU ou MACUNAÍMA. O rádio vem integrar trazendo e levando notícias. A modernização das fábricas, novas tecnologias e o cinema falado. Muitas novidades nos “felizes anos 20”. Também a gripe espanhola, que de Espanha nada tinha, veio assustar e vitimar o mundo, de ciência atrasada, na crueza da epidemia que ceifou tantas vidas. A queda da bolsa de Nova York traz a “grande depressão” marcando o fim de um tempo trazendo novas reflexões à sociedade. O sufrágio em embrião motiva as mulheres para a conquista justa do voto, ombro a ombro com o sexo oposto. E o médico canadense Robert Kock descobre o bacilo de Kock, abrindo caminho seguro para a cura da tuberculose, monstro voraz da época. A insulina isolada por Frederick Grant Banting permite o –Prêmio Nobel 1923 - grandes avanço. Vivemos hoje, cem anos depois outros “ANOS 20” que vêm nos acordar para uma triste e inesperada realidade: o dragão vermelho que dorme debaixo dos nossos

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travesseiros. Numa luta sem armas a guerra avança e a COVID 19 ganha terreno fácil com o despreparo dos países para o combate de tão terrível inimigo invisível, que nos devora em silêncio. Somos os mascarados embriagados com álcool em gel transitando nas ruas vazias, temerosos, sem vacinas, sem tratamento adequado ao combate dos sintomas. Enfim, sem rumos, num luto cruel. Fomos igualados misteriosamente de um dia para o outro: cor, raça, credo, faixa etária, ricos ou pobres, sem distinções. Somos iguais diante do inimigo mortal! Estamos no alvo, somos presas fáceis: FIQUEM EM CASA! Somos prisioneiros num isolamento entre pessoas, altamente prejudicial em vários setores, porém obrigatório, para garantir nossa sobrevivência enquanto a economia desmonta estruturas levando muitos ao desemprego, à falência, à fome. Misérias e infortúnios nunca antes imaginados. O tempo, às vezes é inimigo do próprio tempo. Estamos praticamente no quilômetro zero desta nova década a ser vivida e com a goela voraz do vírus a nos espreitar em silêncio a cada esquina. A Organização Mundial da Saúde declara que o surto constitui Emergência de saúde Pública de Importância Internacional. Vivemos em um país que pouco investe em saúde pública mais preocupado com os resultados das urnas que com o bem-estar do povo brasileiro. O nosso rejeitado e criticado SUS, como um forte general, sem armas, lá está, à frente, nas trincheiras, atendendo às massas, buscando oferecer o que tem de melhor, até mesmo o sacrifício dos profissionais da saúde que perdem suas vidas num gesto heroico, digno de destaque. Que possamos voltar nossos olhos aflitos para o SUS e valorizá-lo buscando meios para que os próximos governos possam nele investir políticas justas e recursos necessários para a sua sobrevivência decente. Fortalecê-lo para que possa assistir aos necessitados, que são muitos. Há cem anos Lobato reinventava a infância oferecendo às crianças a oportunidade de serem livres pela leitura com os personagens do Sítio do Pica-pau Amarelo e sonhava com o petróleo no Brasil sendo considerado por isso um louco. Os que ousam sonhos não são compreendidos. Estão além do próprio tempo. Para a surpresa de muitos o petróleo tornou-se realidade. Que possamos ousar novos sonhos de um novo tempo de esperanças pós pandemia e que tenhamos forças para vencer essa travessia com determinação e coragem. Se há cem anos desafios foram vencidos a esperança não pode morrer nos nossos dias. Assim como venceram a tuberculose, a gripe espanhola, isolaram a insulina, num tempo sem a tecnologia que temos hoje, sem os avanços da farmacologia, sem o

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alcance a exames sofisticados de imagem, sem antibióticos e antiinflamatórios; também venceremos a COVID 19 que certamente trará prejuízos irrecuperáveis como os tantos óbitos, mas certamente trará acréscimos fortalecendo uma sociedade voltada para o capitalismo injusto que enriquece nações enquanto assistimos tantas outras como as nações da grande África, ao abandono. Um novo mundo surgirá na pós pandemia, uma nova ONU, uma nova OMS e quem sabe, um “Admirável mundo novo” voltado para outros valores centralizados no homem para o crescimento do próprio homem tornando-o mais “pessoa”, humanizado e solidário com os mais necessitados, menos egoísta, menos vaidoso, mais temente a Deus. Mergulhando em águas mais mansas renascerá das cinzas, como Fênix, como os sobreviventes de Nagasaki e Hiroxima ou os do Holocausto com os seus horrores. Venceremos esta guerra sem pólvora, sem armas, numa outra batalha em que a Ciência luta em laboratórios silenciosos na busca de uma vacina para salvar a humanidade. Falta pouco. Falta Pouco. Bem haja!

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