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Mestre Tinga das Gerais

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Rosangela Maluf

Rosangela Maluf

Mestre Tinga das Gerais Corinto/MG

O Doutor e o Matuto

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Óia seu moço... Nóis é da roça E num fala errado. Nóis fala deferente. O sinhôre fais discurso Pa dotôre e intelectuale E nóis cunversa cum as semente.

Se a ponta dos seu dedo A caneta num lhe faiz o calo As nossa mão Parece inté um ralo. É a força dos nosso braço No cabo da inxada Desse caipira falado.

O sinhôre pode inté achá Qui nóis é bobo Mais nóis sabe da quentura Qui tem o misterioso fogo. E memo cum o sole iscardante Cum o suóre constante Nóis alimenta esse povo.

Seu moço! Se o sinhôre pudé rabiscá a terra Cumo nóis rabisca Prante uma semente pro bem. Quem sabe vocemecê ricunhece Que nóis inté merece Sê aletrado tomem?

Nosso traje tomém é deferente. Nóis carça butina...se tivé Se num tivé, nóis vai de pé no chão Purisso nóis é matuto do pé rachado. Nóis num usa terno e nem gravata Nem essa tale de bravata Qui a gente vê nos arrogado.

Na sala do sinhore Tem um tale de are cundicionado Nóis tem o vento Que sempre foi nosso aliado. E assopra os nosso sembrante E nóis fica radiante E inté imocionado.

Hoje tem Cambuquira Pa mode fazê cum abobra. No nordeste é Girimum É cumida rocêra seu moço

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Que agrada quarqué pião Num é o tale caviá Que qem só come é barão.

Seu moço! Nosso jeitio é ansim... Iguale fumaça de chaminé. Num tem dereção e nem lugá Ela ispaia a nossa fé Aqui nóis fala e Deus intende Deus num vem de Cadilac Deus vem é pé.

Roça, roçado Serra, Cerrado Rio, riacho Da cana, o melado Dá licença seu moço... A terra me espera Meu tempo é sagrado!

Pa arresumi eu vô arritirá. A labuita é grande... Eu vô iscrivinhá na terra Tenho família pa mode tratá. E o sinhôre iscrivinha no papele Mais vai se alembrá de mim... Na hora do sinhôre armuçá.

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