LiteraLivre Vl. 6 - nº 32 – mar./abr. de 2022
Mestre Tinga das Gerais Corinto/MG
O Doutor e o Matuto Óia seu moço...
Cumo nóis rabisca
Nóis é da roça
Prante uma semente pro bem.
E num fala errado.
Quem sabe vocemecê ricunhece
Nóis fala deferente.
Que nóis inté merece
O sinhôre fais discurso
Sê aletrado tomem?
Pa dotôre e intelectuale E nóis cunversa cum as semente.
Nosso traje tomém é deferente. Nóis carça butina...se tivé
Se a ponta dos seu dedo
Se num tivé, nóis vai de pé no chão
A caneta num lhe faiz o calo
Purisso nóis é matuto do pé rachado.
As nossa mão
Nóis num usa terno e nem gravata
Parece inté um ralo.
Nem essa tale de bravata
É a força dos nosso braço
Qui a gente vê nos arrogado.
No cabo da inxada Desse caipira falado.
Na sala do sinhore Tem um tale de are cundicionado
O sinhôre pode inté achá
Nóis tem o vento
Qui nóis é bobo
Que sempre foi nosso aliado.
Mais nóis sabe da quentura
E assopra os nosso sembrante
Qui tem o misterioso fogo.
E nóis fica radiante
E memo cum o sole iscardante
E inté imocionado.
Cum o suóre constante Nóis alimenta esse povo.
Hoje tem Cambuquira Pa mode fazê cum abobra.
Seu moço!
No nordeste é Girimum
Se o sinhôre pudé rabiscá a terra
É cumida rocêra seu moço
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