Iate Clube de Santa Catarina Veleiros da Ilha 70 anos
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Iate Clube de Santa Catarina Veleiros da Ilha
70 anos Gest達o 2010-2012
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Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil desde 2009. Título original Iate Clube de Santa Catarina - Veleiros da Ilha 70 anos Apuração, entrevistas e redação Bárbara Dias Lino e Rosielle Machado Colaboração Thiago Momm Design Lobotomáticos Estúdio de Criação Ltda
capítulo I
Coordenação Thiago Steiner
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Iate Clube de Santa Catarina Veleiros da Ilha : 70 anos / apuração, entrevistas e redação, Bárbara Dias Lino e Rosielle Machado . -São José, SC : Editora Naipe, 2012. Bibliografia 1. Iate Clube de Santa Catarina Veleiros da Ilha - História I. Lino, Bárbara Dias. II. Machado, Rosielle. 12-07361
CDD-790.0688164
Índices para catálogo sistemático: 1. Iate Clube de Santa Catarina Veleiro da Ilha : História 790.0688164
2012 Editora Naipe LTDA 48 9969 4473 / revistanaipe.com Todos os direitos desta edição reservados ao Iate Clube de Santa Catarina - Veleiros da Ilha R. Silva Jardim, 838, José Mendes 88020-200 - Florianópolis - Santa Catarina 48 3225 7799 / icsc.com.br
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Índice Há 70 anos O clube cresce A segunda sede Atletas Excelência
capítulo II Entre a terra e o mar Vela, motor e pesca Aprendizado Volta ao mundo Eventos Vitórias
capítulo III travessia galeria de comodoros
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Ata da fundação do Clube
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No mesmo barco Há 70 anos nascia o Iate Clube de Santa Catarina – Veleiros da Ilha. Um clube feito de gente que com as próprias mãos começou a construir um sonho, sem imaginar que ele se tornaria a grande associação que temos hoje. Mais tarde, juntaram-se a eles antigos sócios do Iate Clube de Florianópolis, órfãos da organização engolida pelo aterro da baía norte, um dos ícones das transformações que ainda estavam por vir em Florianópolis. Não à toa, portanto, o clube cresceu. A cidade também mudou, impulsionando alterações no modo de os sócios pensarem o Veleiros como instituição. Hoje, no clube nascido tão pequeno, existem cerca de 600 sócios, em torno de 400 barcos e planos para se consolidar como referência na prática de esportes náuticos no país. Apesar disso, os sócios continuam compartilhando o mesmo sentimento: a vontade de estarem próximos do mar. Este livro é resultado de dois meses de pesquisas e entrevistas com inúmeras pessoas que marcaram essa trajetória. Ainda assim, é inevitavelmente um recorte de uma história maior. Resgatar a história oral, ou seja, aquela não registrada em documentos ou livros, é um grande desafio. Logo, é também um grande prazer vê-la impressa. Ao construirmos esta narrativa, a maior evidência foi que cada um dos que passaram pelo Iate Clube de Santa Catarina – Veleiros da Ilha tem sua singularidade e muita importância. Estimular brigas e divisões seria negar que essa história foi e é construída por todos. Um clube consiste em um grupo de pessoas unidas por interesses comuns. As realizações individuais são especialmente valiosas quando refletidas para o todo. Espera-se assim que este livro, além de um agradável passeio pelo passado, seja um estímulo para uma continuidade inspirada na história do clube. Esperamos que aprecie a leitura e contamos com você para escrever os próximos anos que virão. A Comodoria
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Antônio Faria (camisa listrada) e João Francisco Müller (em pé), no veleiro classe guanabara de Jorge Barbato e Luiz Faria
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Veleiros e Iate Clube reunidos em um encontro à beira mar: de chapéu, Luiz Faria; sem camisa, Antônio Faria; duas pessoas à direita, Osvaldo Fernandes; três pessoas à direita, Ari Silva; sentado, à esquerda, Jorge Barbato; sentado de camisa branca, no centro, Haroldo Barbato
CAPÍTULO I 12
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Iate Clube de Santa Catarina Veleiros da Ilha, uma história entrelaçada com a de Florianópolis
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Há 70 anos o clube era outro, assim como a cidade Em 1942, quando uma única ponte era suficiente para os 50 mil habitantes da ilha, o centro de Florianópolis tinha cheiro de mar. A água batia nos muros de pedra do Mercado Público, onde, aos gritos, de segunda a sábado anunciavam-se cerâmicas, rendas e peixes. O barulho só diminuía quando havia maré alta e vento forte. Nesses dias, os vendedores fugiam das ondas que arrebentavam nas muretas e molhavam as ruas, acentuando o aroma salgado que invadia a cidade. Foi também à beira do mar, em 01/12/1942, que nasceu o Iate Clube de Santa Catarina – Veleiros da Ilha. Naquela terça-feira foi improvisada, na sede do Clube Náutico Francisco Martinelli, a primeira reunião da associação. Apesar de 22 pessoas terem assinado a ata de fundação, foram 34 os participantes, entre eles funcionários públicos, comerciantes, profissionais liberais e operários. Todos com algo em comum: a paixão pelo mar.
O Veleiros surgiu de uma dissidência do Iate Clube de Florianópolis (ICF), criado em 1940 e com sede no bairro Agronômica. A vontade que os ex-sócios do ICF tinham de fundar uma associação que reunisse praticantes da vela se tornou mais forte quando um dos integrantes do grupo, Ângelo Medeiros, apareceu com uma planta para a fabricação de um barco sharpie. Enquanto se procurava um local próprio, as reuniões continuaram acontecendo nas sedes de outros clubes. Foi no Martinelli e no clube 12 de Agosto que ocorreram as reuniões que definiram as cores oficiais da flâmula que simbolizaria o Veleiros, a eleição do primeiro Comodoro e do primeiro Conselho Deliberativo.
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Hino do Clube Foi durante uma competição de barcos sharpie em Porto Alegre que surgiu o hino do ICSC – Veleiros da Ilha. O compositor, Itamar Zilli, sempre gostara de criar repentes nas confraternizações do clube, por isso não foi surpresa quando ele apareceu com os versos que viriam a ser o hino:
Nós somos Veleiros Veleiros da Ilha Com vento ou sem vento Oh que maravilha! Veleiros alegres Sempre a cantar Nós somos Veleiros No rio e no mar
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sede centro
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Após algum tempo, o sócio Antônio Gomes Soares cedeu seu terreno temporariamente e o clube passou a funcionar em um galpão voltado para a Baía Sul, na Prainha. Anos mais tarde, Antônio fez a proposta: venderia o espaço por 120 mil cruzeiros, deixando claro que haveria um prazo para este valor. Depois, o preço subiria para 200 mil. Somente após a aprovação do estatuto, em 1953, é que o clube se viu apto a iniciar a campanha financeira para a compra da sede própria. O preço continuava o inicial e, para que não se perdesse tempo, a maneira encontrada para arrecadar o dinheiro foi um livro ouro que circularia entre os sócios do clube. O então presidente do Conselho, Jorge Barbato, colocou o livro embaixo do braço e marcou uma audiência com o governador Irineu Bornhausen. Apesar de ter alegado falta de recursos, Bornhausen fez a primeira colaboração. Faltando dez dias para o prazo final da compra, havia 60 mil cruzeiros em caixa, exatamente a metade do necessário.
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Barbato tomou então outra decisão: foi até um banco da cidade onde o gerente era seu amigo e pediu o empréstimo do restante, comprometendo-se a ser o avalista. Durante a negociação, ouviu-se na sala uma voz baixa e firme: “Pode liberar que eu me responsabilizo”. Era o ex-governador Aderbal Ramos da Silva, dono do banco. Desde então, o terreno da Prainha – onde funciona a sede até hoje – se tornou oficialmente do clube. O livro ouro continuou a circular entre os sócios e, três meses depois, a dívida foi quitada. Acabava a batalha da compra do
terreno e começava, a partir daí, uma nova: a construção da primeira sede social. Sábados e domingos tornaram-se sinônimo de trabalho. Os próprios sócios e diretores arregaçavam as mangas e empilhavam tijolos, preparavam argamassa, carregavam areia. “Se a minha família quisesse ficar comigo no final de semana, tinha de ir ao Veleiros”, contava Jorge Barbato. O entusiasmo era tanto que, em um dos sábados de trabalho, ele caiu de um andaime e, após parar no hospital com o pé quebrado, voltou ao clube engessado para ver como estavam as coisas.
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Chierighini Entre os 34 fundadores do ICSC – Veleiros da Ilha, apenas um viria a chamar o clube de casa: Carlos Chierighini. Foi lá, no terreno do iate clube, que ele passou metade da vida e viu nascer nove dos dez filhos. Como não havia dinheiro para contratar um caseiro, em 1942 Chierighini se dispôs a tomar conta da sede e lá permaneceu até sua morte, em 1991. Por 49 anos, puxou barcos, carregou tijolos, cortou bambus para fazer varas de pesca. Até a esposa dona Maria, hoje com 93 anos, pegou emprestada a paixão pelo clube: estava sempre com o café pronto e disposta a colocar suas habilidades culinárias a serviço. Nos dias em que o marido ficava até 3h da manhã trabalhando com outros sócios nas reformas da sede, era ela quem preparava feijoadas, carreteiros e macarronadas. Vez ou outra, mesmo os funcionários batiam na porta dos Chierighini para pedir uma xícara de café, e sempre tinham como resposta: “Vocês não agradeçam, só rezem a Deus para que nunca nos falte”. Depois da reforma da casa antiga que se tornou sede social, seu Chierighini e dona Maria foram transferidos para a área mais alta do clube, onde construíram a nova casa em cima de uma laje de pedra: “Diziam que era para ninguém nunca nos tirar dali”, conta dona Maria, que em 2007 foi morar com a filha em São José. Hoje, ela lembra com saudades da época em que da janela de casa acompanhava o crescimento do clube que, junto do marido, criou como filho: “Éramos uma grande família”.
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O clube cresce Em 1960, ano em que o Brasil passava pela febre desenvolvimentista do governo de Juscelino Kubitschek, Florianópolis recebeu os primeiros prédios com mais de oito andares e registrou 70 mil habitantes – um aumento de 53% em relação à década anterior. O jornal paulista Folha da Tarde definiu a transformação que a capital de Santa Catarina vivia: “Pequena e pobre, Florianópolis passa atualmente por um surto de progresso”. Acompanhando esse crescimento da cidade, que na década de 1960 viu a inauguração da Universidade Federal de Santa Catarina, o ICSC - Veleiros
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da Ilha se expandiu: o número de sócios e barcos aumentou, foi construída uma nova sede e um pátio maior. Aumentou também o reconhecimento nacional. Nesta época, o clube sediou três vezes o Campeonato Brasileiro de Sharpie. A partir dos anos 1970, com a implantação da BR-101 e a instalação da Eletrosul, o poder aquisitivo dos habitantes de Florianópolis cresceu, ao mesmo tempo em que a vinda de pessoas de outros estados se tornou cada vez mais comum. Em consequência, o ICSC - Veleiros da Ilha recebeu novos associados, que preencheram o pátio do clube com mais lanchas, veleiros e iates.
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O amante do mar e construtor de barcos Ivo Bianchini e sua família
Canhão A escuna Escorpião era o maior barco do clube em 1979, quando foi construída por Ivo e seu filho Luiz Fernando Bianchini
Era início da década de 1970 e as comemorações mais importantes do clube costumavam ter seu auge com tiros de um pequeno canhão. Estava lá o canhãozinho cumprindo sua função quando Ari Silva resolveu colocar mais pólvora que de costume. Cientes de que o estrago seria grande, todos os presentes se esconderam para ouvir em segurança a explosão. Estranha foi a surpresa quando voltaram para ver o que tinha acontecido: o canhão não estava mais lá. Virou assunto no clube e na cidade. O sumiço do pequeno canhão foi comentado e justificado das maneiras mais absurdas. Depois de muito procurar e discutir, o jeito foi se conformar com a razoável justificativa de que ele só podia ter caído no mar. Foi então que, por volta de 1980, quando foi demolido o galpão antigo onde ainda eram
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guardados os veleiros monotipos, a retirada do assoalho de madeira revelou o canhão enferrujado, porém intacto. A conclusão foi que o recuo causado pela explosão foi tão grande que o canhãozinho, desgovernado, entrou por uma das aberturas de ventilação do galpão sem ninguém perceber. O Comodoro da época, Udo Von Wangenheim, levou os restos para a fundição Sapé, onde o canhão foi restaurado. Durante as copas do mundo de 1982 e 1986 lá estava ele outra vez. O sócio Nazareno trazia pólvora, alguns pedacinhos de estopim e “Booom”, para o êxtase da numerosa torcida reunida no clube, fazendo disparos à comemoração de cada gol. Hoje muita gente que vê o canhãozinho na lanchonete, ao lado da porta de entrada, nem imagina quanta história ele tem para contar.
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A obra da ponte Colombo Salles fazia parte do Plano Diretor Viário de Florianópolis, que previa também a abertura de um túnel no Saco dos Limões e o aterro na Baía Norte. Localizado em uma área que acabou engolida por esse aterro, o Iate Clube de Florianópolis, rival do ICSC – Veleiros da Ilha, acabou se extinguindo. Com seu fim, muitos ex-sócios migraram para o Veleiros, entre eles uma das figuras mais comentadas na história do clube, o ex-governador Aderbal Ramos da Silva - conhecido também como Dr. Aderbal. Nos anos 1970, Dr. Aderbal transformou a varanda do clube, na parte de cima da sede, em endereço político. Em um desses dias, havia a inauguração da nova flotilha de optmist perto do mar. As figuras políticas presentes, em vez de prestigiarem o evento, cercavam o ex-governador. Foi então que alguém pediu que ele descesse e convidasse as autoridades para acompanhá-lo. Conta-se que a resposta foi a seguinte: “Não tem problema, a gente desce e eles vêm tudo no pio, depois eles voltam”.
“A cidade nunca foi voltada para o mar. Pelo contrário, sempre deu as costas para ele, mas nos últimos tempos isso está mudando” Manoel Alves
Na metade da década de 1970, o fluxo de veículos cada vez mais intenso já não podia ser comportado pela ponte Hercílio Luz: fotos mostram as duas pistas com filas paradas, uma imagem que remete aos dias de hoje. Inaugurada em março de 1975 e com capacidade para a passagem de 80 mil carros por dia, a ponte Colombo Salles veio desafogar o trânsito tão prejudicial ao cotidiano da cidade. Por muito pouco, porém, não acabou atrapalhando o tráfego de barcos. Segundo o projeto original, a ponte era para ser mais baixa do que é hoje. Quando soube disso, a direção do ICSC - Veleiros da Ilha interferiu, conversou, negociou e por fim conseguiu garantir uma altura maior, de 18 metros, com base na embarcação mais alta que o clube tinha na época. O que não se pensou é que a náutica iria se desenvolver a ponto de surgirem mastros ainda mais altos. Há muitas embarcações, por exemplo, que hoje não conseguem passar pelas pontes. Outras dependem da maré. Foi o caso de um barco que, após passar por Florianópolis para seguir rumo à Argentina, precisou da ajuda do sócio do clube Cito Ganzo. Do alto do mastro, com a mão estendida quase tocando na ponte, ele gritava se o barco poderia prosseguir ou não. Apenas por causa da maré baixa foi que conseguiram.
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“Era um clube simples, que estava iniciando nos esportes náuticos e foi crescendo. Nós estamos em uma escala ascendente, sempre” Alfred Heilmann
“Foi cada coisa que se passou nesse clube… Eu tenho saudades” Dona Maria
Mar e bar
Um clube cada vez mais representativo para o estado pedia um nome à altura. Era isso que acreditava a diretoria da época quando sugeriu ao Conselho a mudança do nome para Iate Clube de Santa Catarina. “Era uma questão de status. Tínhamos um belo nome, mas não nos caracterizávamos como iate clube”, lembra o Comodoro de então, Manoel Alves. Optou-se por manter o “Veleiros da Ilha” em respeito à tradição, e até hoje há quem conheça o clube pela denominação original. Após a mudança do nome, foi assinado o primeiro convênio com outra associação náutica do país, o Iate Clube do Rio de Janeiro. Em seguida, foi elaborado o novo estatuto do clube. O próximo passo foi o concurso para a criação do logotipo do ICSC, que teve como vencedor Laércio Costa, da empresa Só Arte.
Os sócios Nelsinho, Seu Arlindo, Ministro, Juca e Bicaca na varanda
Durante muito tempo, foi na varanda do ICSC – Veleiros da Ilha que se formaram chapas para eleições e escolheram-se candidatos a senadores, deputados, prefeitos e governadores. Lá, onde eram igualmente discutidas comodorias e reformas no clube, também se contavam piadas e causos. Foi em um desses momentos que alguém chegou a propor a mudança do hino do clube de “nós somos veleiros no rio e no mar” para “nós somos veleiros no mar e no bar”. Era esse o clima da varanda antes da mudança da sede social. Mesas, cadeiras e copos de cerveja eram tudo que o grupo, apelidado turma da varanda, precisava para ir madrugada adentro conversando, rindo e construindo amizades que durariam anos. Às vezes, como era de se esperar, havia desentendimentos. Nesses momentos entrava em cena a esposa de seu Chierighini, Dona Maria, que trabalhava no bar e estava sempre a postos para acalmar os ânimos e servir uma xícara de café. E não tinha erro: no dia seguinte, lá estavam todos de novo para tratar dos assuntos do mar e do bar.
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Convênios Após o primeiro convênio, firmado na década de 1970 com o Iate Clube do Rio de Janeiro, o clube passou a unir-se a outras associações náuticas do país. O objetivo é oferecer vantagens àqueles associados que têm o hábito de viajar com seus barcos e precisam atracar em outros lugares. Os sócios do ICSC – Veleiros da Ilha, ao visitar os conveniados, pagam taxas especiais para usufruir dos serviços dos clubes. O mesmo acontece quando sócios desses clubes visitam Florianópolis. Para se ter uma ideia, o sócio de um clube não conveniado chega a pagar quatro vezes mais pelos serviços do que o de um clube conveniado.
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A partir de 2010, por proposta da atual Comodoria, surgiu uma novo tipo de convênio, o Clube Irmão. Hoje, são três as associações que se encaixam nessa categoria: Iate Clube de Santos, Iate Clube do Rio de Janeiro e Yacht Club de Ilhabela. Nesses clubes, as vantagens dos associados são ainda maiores, pois os visitantes são tratados como se fossem sócios e pagam as mesmas taxas que um associado qualquer. Os clubes conveniados são Aratu Iate Clube (BA), Capri Iate Clube (SC), Clube dos Jangadeiros (RS), Iate Clube do Natal (RN), Iate Clube Guaíba (RS), Joinville Iate Clube (SC), Malin Azul Marina Clube (PR), Veleiros do Sul (RS) e Yacht Club da Bahia.
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A segunda sede Os anos 1980 ficaram marcados como o período em que Florianópolis começou a se voltar ao turismo. Durante o verão, a explosão de turistas chegava a triplicar a população – já de quase 190 mil habitantes. Ao mesmo tempo, grandes empresas migravam do centro da cidade para áreas próximas ao Itacorubi e novos bairros surgiam em regiões antes pouco exploradas. Aos poucos, estendiam-se os limites da cidade, que se tornava cada vez mais urbana. Ampliavam-se também os limites do ICSC – Veleiros da Ilha. Nesta época, começaram as discussões sobre a instalação de uma segunda sede. Entre os motivos estava a poluição nas águas da baía e a necessidade de um espaço maior para as atividades sociais. Começou, então, a procura por um local adequado. Dois dos encarregados da tarefa de encontrar um terreno, Norberto Silveira e Laudelino Xavier, chegaram a oferecer um espaço no pontal da Daniela e na Ponta das Canas, mas não houve interesse do Conselho. Foi quando Norberto soube de um terreno de aproximadamente 4.000 m² à venda em Jurerê. A primeira oferta, negada, foi feita em títulos do clube. Algum tempo mais tarde houve uma segunda oferta, desta vez em dinheiro. A proposta foi levada ao Conselho e em 1980 as negociações enfim foram concluídas. Para viabilizar a compra, a solução encontrada foi a emissão e venda de títulos especiais aos sócios. Alguns anos depois, surgiu ainda a possibilidade de compra do terreno ao lado, onde hoje há uma marina. Na época, porém, nem todos concordavam com o clube ter ainda mais despesas.
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sede oce창nica
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A partir da inauguração da sede de Jurerê, a diretoria passou a se dividir entre a administração dos dois espaços. As gestões posteriores conseguiram conciliar obras tanto na sede central, que nos anos seguintes ganhou novo pátio, piscina e piano bar, quanto na oceânica, que começou a tomar forma após a construção do galpão, trapiche, estacionamento e churrasqueira. No inverno de 1983, quando Blumenau e municípios vizinhos ficaram alagados pelas enchentes, o ICSC - Veleiros da Ilha exerceu sua função de Instituição de Utilidade Pública, reconhecimento que havia recebido 11 anos antes. Cerca de 30 sócios encheram caminhões com botes e roupas de mergulho para transportar famílias, alimentos e remédios. “Foi um espírito de corpo que só o mar traz, uma coisa que só o mar dá de ajudar os outros”, lembra um dos participantes, Álvaro Rodrigues da Fonseca Junior.
“Depois da compra da segunda sede passamos a ter uma estrutura muito boa para a prática de vela em jurerê” Álvaro Rodrigues Fonseca Junior
Sócios e funcionários do clube que prestaram socorro aos atingidos pela enchente de Blumenau em 1983
Naquele mesmo ano, a poluição na região da sede central passou a causar cada vez mais incômodo. No editorial do informativo Cockpit, a direção lamentava: “A concentração de esgotos não tratados em águas que usamos para navegar tem transformado o clube em uma verdadeira fossa”. Nos dias de maré baixa e vento nordeste, o local era envolto pelo mau cheiro da água contaminada pelo esgoto. Com o passar do tempo, os barcos ficavam sujos mais rápido, consequência também do assoreamento provocado pelo aterro – problema amenizado com as dragagens realizadas a partir da década de 1990.
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Arte no clube Um cavalete, tintas e uma parede branca. Foi tudo que o artista Carlos Paez Vilaró pediu, em outubro de 1975, antes de pintar o painel presente até hoje no salão de festas do ICSC Veleiros da Ilha. O uruguaio, autor de obras que valem mais de R$ 100 mil, deixou sua marca na parede do Veleiros para agradecer a maneira como foi recebido no clube durante a passagem por Florianópolis. “Se fosse cobrar, eu não teria como pagar um artista tão consagrado”, lembra o Comodoro da época Manoel Alves.
O artista Carlos Paez Vilaró e, ao lado, o mural que pintou no clube em 1975
O mural, que retrata um período em que o clube tinha grande expressão na pesca, passou por dois meses de restauração em 2009. O trabalho foi feito pela mesma equipe responsável pela conservação dos acervos da Fundação Hassis e do Museus de Arte de Santa Catarina e teve aprovação do crítico de arte e membro da Associação Internacional de Museus, Fernando Bopré: “O Veleiros da Ilha está de parabéns por se preocupar em manter em boas condições esta obra que faz parte de um dos períodos mais férteis da produção de Vilaró”. A pintura de Vilaró é uma das três obras de arte presentes no ICSC - Veleiros da Ilha. As outras, expostas no Cockpit e na sala de televisão, são dos artistas Antonio Mir e Almir Tirelli. O clube tem, também, um artista. Após tornar-se sócio em 1980, Adalberto Estraluzas decidiu levar para as telas de pintura sua paixão pelo mar. Já fez cerca de 12 obras que retratam barcos de sócios do ICSC – Veleiros da Ilha. Para pintar, usa como base fotografias que ele mesmo faz. Apaixonado pelas artes plásticas, costuma dizer que a fotografia tenta imitar a pintura, mas não consegue por não ter o defeito da mão humana: “Essa é a grande qualidade da pintura. A fotografia mostra a realidade e a pintura interpreta”.
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O pintor e sócio Adalberto Estraluzas
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“O velejador antigo tem muito mais história.Talvez o velejador novo tenha mais resultado, mas está menos presente no clube” Marcelo Gusmão
Atletas No começo da década de 1990, enquanto a cidade se agitava com a recém-inaugurada ponte Pedro Ivo, o Iate Clube de Santa Catarina - Veleiros da Ilha chegava ao seu cinquentenário. O então Comodoro César Murilo Barbi questionou na revista Cockpit: “Estamos fazendo um clube para quem? Para nós ou para nossos filhos e netos que estão vindo por aí?”. Em um período no qual ficava cada vez mais acirrada a disputa entre lanchas e veleiros, as comemorações buscaram integrar todos os sócios. O ponto alto do calendário de eventos foi o baile que reuniu velejadores, pescadores, praticantes de jet-ski e motonáutica. Passadas as festividades, retomou-se o trabalho. O pátio foi pavimentado, as churrasqueiras passaram por reparos, foi construída uma nova portaria na Prainha e um depósito para barcos em Jurerê.
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Em 1995, através de uma assembleia geral, decidiu-se transferir as velas de monotipo para a sede oceânica. Houve muita resistência e reclamações. Dizia-se que isto acabara com a ida das crianças à sede central, prejudicando a integração das famílias. As tradicionais feijoadas aos sábados não aconteceram mais. “Nós ficamos divididos, pensando se tínhamos feito a coisa certa. Cogitamos até trazer uma parte de volta, mas nos mantivemos firmes e depois vieram os resultados”, lembra Luiz Fernando Bianchini. A mudança para Jurerê acabou contribuindo para a formação dos atletas, que começaram a navegar em mar aberto e com condições de vento que os auxiliaram a se preparar para vencer campeonatos. Nos anos seguintes, o ICSC – Veleiros da Ilha se consagraria como um dos clubes com os melhores velejadores do Brasil.
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Excelência Florianópolis chegou ao ano 2000 como um dos municípios com qualidade de vida mais alta do país. A cidade crescia em fama e número de habitantes, o que trazia implicações positivas, mas também negativas. A revista Veja, que exaltara a cidade, noticiou: “Florianópolis começa a sentir os efeitos negativos de seu sucesso. Vinte anos atrás, existiam apenas cinco favelas na Grande Florianópolis. Agora são mais de 50 espalhadas pelos morros da ilha”. O maior desafio dos governantes era incentivar o crescimento da cidade mantendo o que já havia sido conquistado – e sem esquecer que ainda havia muito a melhorar. No ICSC – Veleiros da Ilha o desafio era parecido. Se por um lado era o momento de o clube colher os frutos do trabalho das décadas anteriores, por
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outro não paravam de surgir novas necessidades. Uma delas foi a modernização tecnológica. Houve investimento na criação de um site e na informatização, com troca do software para outro destinado à administração de clubes náuticos, aquisição de novos computadores, scanners, câmera digital e sistema de internet. Em 2001, o clube foi escolhido para sediar um dos quatro Centros de Excelência de Vela do Brasil. Para acompanhar o aumento do movimento na sede de Jurerê, que passou a receber mais competições, em 2006 foi comprado um novo terreno onde se construiu um estacionamento para carros. Dois anos depois, o ICSC – Veleiros da Ilha ganhou seu primeiro regulamento geral. Após décadas de
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portarias e normas, finalmente um único documento reuniu todas as regras de conduta a serem seguidas pelos associados, visitantes e diretores. Foram criadas normas para a entrada de pessoas no clube, a utilização das áreas náuticas, sociais e administrativas, os encargos financeiros, taxas e serviços. “Esse documento, finalmente, põe ordem na casa”, brincou na época o responsável pelo texto final, José André Zanella.
Em 2010, após Florianópolis ter sido destaque no New York Times como um destino turístico comparável à Ibiza e Saint Tropez, o ICSC – Veleiros da Ilha recebeu uma nova proposta de modernização das sedes. O plano diretor, principal projeto em andamento desde 2010, busca orientar a execução das obras futuras para otimizar recursos e minimizar erros.
No final da década, as principais obras visavam a adequação às normas da vigilância sanitária e do corpo de bombeiros. Em um momento em que o conceito de desenvolvimento sustentável tornava-se mais forte do que nunca, uma atitude muito comentada em 2007 foi a modificação das regras dos campeonatos de pesca, que passaram a estimular a liberação dos peixes no mar.
A chegada dos 70 anos, em 2012, vem acompanhada da certeza de que é preciso, mais do que nunca, se desenvolver em sintonia com a cidade. Hoje, ilha e clube fazem parte um do outro. Cresceram juntos, modernizaram-se juntos e têm uma ligação muito forte: o mar.
“Ninguém fez nada sozinho, tudo é uma grande construção. Os resultados são a soma do trabalho de muitas pessoas” Luiz Fernando Bianchini
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CAPÍTULO II
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“Deveriam existir parcerias com outros clubes para promover competições.Ter adversários incentiva a rivalidade e ajuda no desenvolvimento dos atletas” Edson Medeiros de Araújo, o Seu Menino
Entre a terra e o mar
Lazer, eventos e competições tecem a trajetória do clube Em 70 anos, o ICSC – Veleiros da Ilha mostrou que um clube não se constrói apenas com um ou outro esporte náutico, mas da união de vários: pesca, vela, motonáutica e, acima de tudo, apego ao mar. A primeira vitória esportiva aconteceu um ano após a fundação, em 1943, quando na raia do Iate Clube de Florianópolis conquistou-se a taça Arnoldo Suarez Cúneo. No mesmo ano, foi vencido o primeiro campeonato catarinense de vela da classe sharpie. Era com o barco sharpie que os velejadores melhor se identificavam e conseguiam grandes vitórias. Mas as conquistas aconteciam não só na vela. Desde o começo havia interesse também em outros esportes náuticos, como pesca e motonáutica, e foi assim que o clube esteve presente na primeira competição de barcos a motor, promovida pela Federação de Vela e Motor de Santa Catarina em 1948.
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A vela passou a ganhar mais força na década de 1970, quando o clube começou a participar de competições internacionais e ousou investir em novas categorias de embarcações. Os primeiros barcos do tipo oceânico foram o Anita e Yara. O Yara, que atualmente encontra-se no Rio de Janeiro, foi construído pelo sócio José Martins Neto, o Professor Martins. Baleeira adaptada para a vela, o barco mostra que os fundadores do Veleiros não tinham o preconceito que mais tarde viria a estimular a divisão entre donos de barcos à vela e a motor. O Anita por muito tempo esteve fora de Florianópolis, mas desde 2009 está de volta ao pátio do clube. O veleiro tem quase a mesma idade do ICSC – Veleiros da Ilha. Desde 1944, ano em que foi construído no estaleiro Arataca sob encomenda de Aderbal Ramos da Silva, até hoje, esteve presente em muitos momentos históricos. Venceu competições, foi o primeiro barco catarinense a entrar na baía de Guanabara, fez parte da comemoração do fim da Segunda Guerra Mundial. Após ser vendido, passou por diversas mãos até ser restaurado e, por fim, entregue ao Instituto Carl Hoepcke, dirigido pela filha do ex-governador, Annita Hoepcke da Silva.
Fotos: Marcelo depizolatti
Léo Mauro Xavier Filho e Annita Hoepcke da Silva
Quem vê o barco vermelho e imponente no ICSC – Veleiros da Ilha nem imagina que, há anos, ele tinha perdido quase todas as suas características originais. Foi graças a uma restauração coordenada pelo sócio Léo Mauro Xavier Filho e a esposa, Cristina Maria Rocha Nunes Xavier, que o barco voltou a ter a mesma aparência que tinha na década de 1940. “A gente fez isso sobretudo para ajudar a resgatar a história do barco, que se confunde com a do próprio clube”, conta Léo. Ele e a esposa sempre tiveram uma ligação muito próxima com o mar e o Veleiros, onde passaram a adolescência e se conheceram. Para a restauração, analisaram fotos e plantas antigas do barco, entregue ao instituto Carl Hoepcke após 15 meses de reparos. Na opinião das irmãs Anita e Sílvia Hoepcke da Silva, a restauração foi importante para conservar também a história do estaleiro Arataca, por muitos anos um dos principais de Santa Catarina, mas fechado após a construção do aterro da baía norte. Sílvia ressalta que o barco teve grande importância para a Ilha: “O Anita fez parte de Florianópolis em um tempo em que a cidade conversava com o mar”.
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Vela, motor e pesca
Edson Medeiros de Araújo, o Seu Menino, conta que a regata Volta à Ilha surgiu quando um velejador do Paraná desafiou os barcos que mais se destacavam no clube na década de 1960: Anita, Yara, Medonho, Seu Menino e São Fernando. Antes, a competição, realizada até hoje, era feita com baleeiras à vela. Em 1972 realizou-se o primeiro Campeonato Sul Brasileiro de Motonáutica, com a participação de catarinenses, paranaenses e gaúchos. Nesta época, o sharpie, que tantas vitórias havia conquistado, praticamente desapareceu. Mas o pátio do clube já estava repleto de embarcações monotipo, de oceano e lanchas de vários modelos. Dez anos mais tarde, em 1982, o ICSC – Veleiros da Ilha conquistaria seu primeiro título mundial. Buscando maior participação de mulheres nas competições náuticas, foi criada a Regata Ele e Ela. O primeiro grande destaque feminino do clube foi Jaqueline Camilli Vasconcelos, que entre os anos de 1979 e 1985 obteve o inédito título de pentacampeã no campeonato feminino de hobie cat 14.
Iraê Ruhland
Carlos Roberto Bresolin
Pedro Francisco Springmann
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Baleeiras à vela Em 2011, por iniciativa do Iate Clube de Santa Catariana e do IPHAN (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), teve início o processo de tombamento da baleeira como barco símbolo de Santa Catarina. Para isso, o ICSC recebeu como doação e adotou a baleeira São José I, construída dentro das técnicas e dos padrões tradicionais. “Aproveitamos o programa do IPHAN para homenagear a mais importante das embarcações do litoral de Santa Catariana nos últimos 50 anos. O tombamento vai permitir que, com os custos subsidiados, consigamos dar manutenção a uma frota de baleeiras que supera as 300 embarcações em nosso litoral”, afirma o Comodoro da gestão 2010-2012, Carlos Roberto Bresolin.
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A baleeira São José I, que foi ao mar pela primeira vez em maio de 2002, foi doada ao clube por Píer Palumbo. Ele explica que a construção da baleeira comparou-se a um trabalho de arqueologia naval: “A tradição e o conhecimento sobre como construir essas embarcações, que passavam de pai para filho, estão se perdendo com a falta de interesse por barcos assim”. O registro escrito mais completo sobre o assunto foi de um grupo de velejadores argentinos que navegava pelo litoral catarinense nos anos 1930 e foi ultrapassado por baleeiras à vela. A agilidade do barco surpreendeu os argentinos a ponto de um deles desenhar detalhadamente uma das baleeiras. “Era o pai do projetista German Fres, que acabou elaborando o melhor documento sobre o sistema de velas e mastros destas embarcações”, relata Palumbo.
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Os primeiros campeões mundiais Um Passat, um barco à vela e 3200 km de estrada pela frente. Nada de patrocínio, ar condicionado ou GPS. Foi assim que Walmor Soares Filho, César Barbi e Valério Soares deixaram Florianópolis rumo a Pucón, no Chile, para disputar o campeonato mundial de lightning em 1982. Quando voltaram à ilha, carregavam a recompensa nas mãos: o primeiro título mundial de vela conquistado por brasileiros. Mas não sem passar por alguns percalços antes, claro. Naquela época, Chile e Argentina brigavam pelo canal de Beagle, o que dificultava a passagem pela fronteira entre os dois países. Some-se a isso o reboque de um barco que, coberto por lona verde, parecia um tanque de guerra, e estava criada uma situação no mínimo complicada. Mas, com sorte e conversa, os competidores chegaram ilesos à cidade de Pucón no dia 31/12, quatro dias após partirem de Florianópolis. Na primeira disputa, valendo o título do Sul Americano da classe lightning, tiraram sexto
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lugar. No mundial, com vento muito forte e ondas grandes, eles próprios ficaram surpresos ao serem campeões. “Esse campeonato veio coroar muita coisa. Santa Catarina até então era esquecida na vela, e com isso começou a aparecer”, avalia Walmor Soares Filho, que deve a vitória à ajuda técnica e financeira que ele e os colegas receberam das famílias. Na volta, os competidores estavam tão ansiosos para chegar em casa que levaram apenas dois dias entre Pucón e Florianópolis. A recepção na ilha teve direito a desfile em caminhão ao redor da praça XV, entrevista para o Jornal Nacional e, mais tarde, o prêmio de melhores atletas do ano em iatismo.
Equipe comemora 30 anos do campeonato mundial. De vermelho, Valério, César e Walmor
Nada disso, porém, mudou a opinião do governo sobre o incentivo financeiro aos esportes náuticos. Em 1983, ano seguinte ao prêmio, o trio poderia ter ido disputar o campeonato mundial na Itália, mas acabou perdendo a oportunidade por falta de patrocínio – ainda havia dívidas da viagem ao Chile a serem pagas.
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Os sócios Moacir Ricardo Brandalise e Aldo Rocha
“Estar no meio do mar e ver o sol nascer, o sol se pôr ou a lua cheia. Não tem dinheiro que pague” João Nolasco
Na década de 1980, intensificaram-se também as atividades da pesca. O clube filiou-se à Federação Catarinense de Pesca e Desportos Subaquáticos e sediou, em 1986, uma etapa eliminatória do Campeonato Sul Americano. Desde a fundação do clube, a pesca teve muitos adeptos. Um dos patronos do esporte foi Aderbal Ramos da Silva, homenageado em 2011 com a criação do torneio que leva seu nome. Outro ícone da prática foi Aldo Rocha. Na casa dele, a preparação para a pescaria começava na véspera, quando já se assava a carne, gelava-se a cerveja, deixava-se o isopor e o uísque a postos. Às 5h da manhã estava tudo pronto. Era só encontrar os amigos e partir para o mar. Aldo Rocha entrou para a história do clube como um dos sócios mais apaixonados pela pesca. Descobriu o esporte depois de já ter trabalhado muito, por isso valorizava tanto os momentos de descanso e diversão com os amigos em alto-mar. Apesar de não saber nadar, era um entusiasta das águas, onde se sentia à vontade - por um olhar, ele e o marinheiro que o acompanhou durante 35 anos, Edu Nelson Pereira, se entendiam.
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José Manoel Medeiros
“A pesca tinha muita influência no Veleiros e na nossa casa”, conta a neta Cristina Maria Rocha Nunes Xavier, que desde criança gostava de esperar o avô chegar de barco no trapiche do clube. Ela lembra que era possível saber, só pela expressão dos pescadores, se eles haviam conseguido muitos peixes ou não, mas que era raro o barco voltar vazio.
José Witthinrich, o Juca
Rodrigo Ruhland
“Se pegasse peixe era bom, mas se não, o momento que a gente estava lá no mar entre amigos já era espetacular”, recorda Celito Coelho, que assim como o restante dos amigos lembra com saudade de Aldo Rocha, falecido em janeiro de 2010. “A preocupação maior dele era que a gente ficasse à vontade. Ele oferecia a lancha, o marinheiro, o combustível, a melhor comida e a melhor bebida”, conta José Witthinrich, o Juca. De tão preocupado com os colegas, às vezes Aldo Rocha preparava o barco, convidava os companheiros e só no dia avisava que não poderia ir. Tudo porque fazia questão de que os amigos aproveitassem a pescaria, mesmo que sem ele. “Dificilmente vai ter alguém igual o Aldo”.
Vera Fulani
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Recorde brasileiro de pesca Eram quatro pescadores que saíram para o mar como sempre. Já antigos parceiros, João, Arno, Gaspar e Ricardo partiram na lancha Must rumo ao Parcel sul, 70 metros. Sempre que a Must saía, todos sabiam que voltaria lotada de peixes, garantindo no dia seguinte o almoço e o jantar dos funcionários do clube e de quem mais estivesse por perto. O que ninguém esperava era que, naquele dia 16 de fevereiro de 2001, os tripulantes fossem voltar com um peixe do tamanho de um homem. O Cherne de 1,8m de altura, 125kg, 60m de circunferência, garantiu o recorde brasileiro para João Nolasco e a alegria das dezenas de pessoas que saíram do clube com pedaços em sacolas plásticas. O número no GPS era 19 e o local, com muitas pedras no fundo, era mesmo lugar de peixe grande. Levaram duas horas para chegar, navegando a 20 milhas rumo ao sul. O dia estava bonito, como tinha que ser, porque em dias de neblina não se enxerga a costa e corre-se o risco de ser atropelado por algum navio.
foto do PEIXE DE 125KG
Lá pelas tantas, João, pescador experiente, sentiu que havia algo estranho debaixo do barco. Os caniços eram iguais, da grossura de um dedo, e o peixe chegou a entortar um deles. “Tive certeza de que era um peixe grande e forte, para entortar um caniço daqueles”, lembra João. Foi aí que ele resolveu apostar na intuição, colocou no anzol de baixo uma cabeça de anchova, no do meio uma cabeça de bonito e no de cima espetou pelos olhos oito sardinhas e amarrou com um elástico. “Seu João, o senhor vai pegar o que com isso? Alguma baleia?”, zombou Ricardo. “Não, cara... Tem um peixe grande aqui embaixo e se ele bater aqui ele se arromba!”. Não deu outra. Depois que o peixe fisgou o anzol começou a luta. Os quatro homens levaram duas horas e meia para puxá-lo para o barco. Tudo isso com uma linha tão fina quanto uma ponta de caneta. No caminho de volta, João ligou para a esposa. Eli, também companheira de pesca, não foi naquele dia por um motivo qualquer. Ele pediu para que ela separasse a serra, o facão, as facas de cozinha e todas as sacolas plásticas que houvesse em casa. Chegaram a ser feitas propostas para a compra do peixe, mas a alegria de João era distribuí-lo. Foi impossível escamar o bicho, tiveram que tirar o coro. Só a cabeça era suficiente para alimentar uma família inteira. Na boca aberta, cabia um capacete de moto. O pescador, satisfeito, só ficou com um pedaço, que ainda dividiu com o irmão. João Nolasco é um apaixonado pelo mar e pela pesca. Fala com satisfação sobre a homenagem que recebeu do clube: um dos campeonatos do torneio de pesca Aderbal Ramos da Silva leva seu nome. “As coisas mais maravilhosas da vida são as mais simples, porém só os sábios conseguem ver” é a frase de abertura do diário de bordo da lancha Must, que foi vendida. Do peixe, restaram as fotos, a lembrança e o orgulho de ter realizado um sonho: “Todo cara que pesca quer pegar um peixe. Um peixe grande. Não importa onde esteja. Eu tive a sorte, principalmente a sorte. Eu peguei o meu peixe”.
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Aprendizado Durante muito tempo, no ICSC – Veleiros da Ilha a tradição dos esportes náuticos foi passada de pai para filho. Era o começo do clube e o aprendizado pelo autodidatismo era, inevitavelmente, o mais comum. As escolas foram surgindo aos poucos. A de vela optimist nasceu em 1973. Desde então, busca-se manter a proposta de treinar os atletas desde crianças. Em 1995, a escola foi transferida para a sede oceânica e houve um avanço no desempenho dos alunos. A raia de Jurerê é considerada intocada: como não há aterros na região, as correntes não são viciadas. Além disso, o local possui os quatro ventos, o que aumenta o grau de dificuldade do treinamento, tornando os atletas ainda mais preparados.
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“Há altos e baixos, há dificuldades,transições de caráter administrativo e político. Muitas vezes essas coisas têm reflexos positivos e negativos, mas vejo de maneira otimista a vela no nosso clube” Rodrigo Boabaid
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Hoje, há cerca de 40 alunos, 10 barcos optimist e dois botes. Além de filhos e netos de sócios, fazem parte crianças carentes da comunidade, que têm a oportunidade de aprender o esporte no projeto Talentos Olímpicos, parceria do clube com o governo do estado. Apesar da intenção de formar campeões, o principal objetivo da escola é manter viva a cultura da vela. Desde o primeiro dia as crianças, com idades entre 8 e 14 anos, já entram no mar. A rigidez dos treinos depende do desenvolvimento dos alunos, que progridem com metas palpáveis para cada um deles. “O treinamento em geral é lúdico, trabalhamos com alunos que não necessariamente visam ser grandes atletas”, explica o professor João Luiz de Melo Rebelo. Ele conta que o progresso maior é no desenvolvimento pessoal: “A gente sempre observa como as crianças melhoram a autoestima e a concentração. Apesar do acompanhamento do professor, a criança fica sozinha no barco e precisa aprender a controlá-lo sozinha, a tomar decisões por ela mesma”.
10 novos optmistis foram incorporados à escola de vela
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Outro projeto recente é a Vela Adaptada. Em junho de 2009, quatro veleiros com adaptações para o uso de deficientes físicos foram trazidos de São Paulo pela Federação de Vela do Estado de Santa Catarina. A partir de então o ICSC- Veleiros da Ilha passou a possuir o Núcleo de Vela Adaptada e apoiar o sonho de velejadores catarinenses de competir em uma paraolimpíada. A grande dificuldade dos atletas era conseguir uma estrutura adequada para a prática do esporte e um local para guardar as embarcações. Foi aí que o clube os recepcionou. Hoje há quatro velejadores, selecionados pela associação florianopolitana de deficientes físicos. Dois deles já velejavam antes de serem portadores de deficiência física e os outros já praticavam esportes, mas aprenderam vela no clube. O atleta de maior destaque é Mario Czaschke. Ele é bicampeão brasileiro de vela 2.4, participou de dois mundiais, na Holanda (2010) e Inglaterra (2011), e foi campeão do campeonato sul-brasileiro (2012). Ele considera fundamental a importância do iate clube para a sua carreira e treina para tentar uma vaga nas olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.
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Volta ao mundo Um dos sócios do ICSC – Veleiros da Ilha ganhou notoriedade não em uma competição, mas em um desafio: Vilfredo Schürmann deu a volta ao mundo com a família, o que outros associados do clube repetiram depois.
Quando deixaram Florianópolis, em 1984, Vilfredo e Heloísa tinham tudo planejado, mas sabiam que os desafios seriam maiores do que poderiam imaginar. Conviver em um espaço de 44 metros quadrados durante vários dias sem ver sequer
“Quando você está no mar, a maior parte do tempo fica pensando ‘o que eu estou fazendo aqui?’. Mas assim que coloca os pés na terra não vê a hora de voltar” Ildefonso Junior
Foto: Arquivo Schurmann
Foi com procissão de barcos e foguetório de quase 15 minutos que os Schürmann foram recebidos no ICSC- Veleiros da Ilha como a primeira família brasileira a completar uma volta ao mundo a bordo
de um veleiro. O ano era 1994 e o mais emocionado entre os presentes era Laudelino Xavier, Seu Lilino, o mesmo que dez anos antes soltara as amarras do barco Guapo para os ver partir.
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Outros sócios do Veleiros também se aventuraram na volta ao mundo, como Horácio Carabelli e André “Bochecha” Fonseca, que participaram da Volvo Ocean Race
um pedaço de terra era um desafio que, para Vilfredo, parecia maior do que qualquer tempestade. Os três filhos Wihelm, David e Pierre tinham na época 7, 10 e 15 anos e educá-los no mar era a maior das preocupações. Para realizar o sonho, a família não mediu esforços. Venderam tudo que tinham em terra, planejaram os estudos das crianças por correspondência e, sempre que as economias acabavam, arranjavam algum trabalho. Promoveram charters com o veleiro, os meninos deram aulas de windsurfe e mergulho, Heloísa escreveu artigos para revistas. Em 1997 a família decidiu repetir a façanha. Desta vez o objetivo era refazer a rota do navegador Fernão de Magalhães, primeiro a realizar a circunavegação do planeta. Partiram no dia 23 de novembro a bordo do veleiro Aysso. A estreante entre os membros da família na tripulação era Kat, então com cinco anos e filha mais nova do casal, adotada na Nova Zelândia. No dia 22 de abril de 2000, depois de quase dois anos e meio no mar, o Brasil acompanhou a chegada do veleiro dos Schürmann a Porto Seguro, Bahia, como havia sido planejado.
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Ralis náuticos Em 2004 aconteceu o primeiro Rali Náutico de Florianópolis. A competição é uma prova de regularidade, ou seja, nela é verificada a perícia das tripulações no controle da velocidade e localização. Para isso, são utilizados instrumentos de navegação como livros de bordo e GPS. A ideia de trazer o evento para o clube surgiu de um grupo de seis lancheiros que foram até o Paraná aprender como era feito. Desde então, a competição é realizada com frequência e atrai muitos sócios. “É uma verdadeira festa”, garante o ex-Comodoro Luis Carlos Furtado Neves. O desafio é fazer um Rali que envolva veleiros e lanchas, “mas há uma dificuldade grande para compatibilizar os dois tipos de embarcação”, afirma o atual Comodoro Carlos Bresolin .
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Eventos Apesar de sempre ter se voltado mais aos esportes náuticos do que aos eventos sociais, todas as gestões do ICSC – Veleiros da Ilha buscaram atrair os associados e suas famílias para o clube com festas, jantares e eventos. O calendário mudou ao longo dos anos. O clube já realizou até concursos para escolha de Rainha e torneios de dominó, mas atualmente dedicase a outros tipos de eventos. Uma das festas mais comentadas é o Réveillon. Além disso, há comemorações em datas tradicionais como Dia das Mães e dos Pais. Há também confraternizações organizadas pelos próprios associados, como aniversários e os jantares mensais da Confraria D’Elas, grupo de mulheres formado principalmente por sócias, esposas e namoradas de sócios.
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A Confraria nasceu em fevereiro de 2007 em uma conversa da atual Diretora Social Cláudia Denise da Silva com a amiga Vera Lucia Rovaris. A intenção era trazer as mulheres para o clube. Ficou decidido que em cada uma das reuniões, que acontecem uma vez por mês, alguma delas cozinharia. A ideia deu tão certo que até hoje as confraternizações, que chegam a reunir até 30 mulheres, continuam acontecendo. O local mais tradicional de reunião das famílias no ICSC – Veleiros da Ilha é o Cockpit. Reaberto em novembro de 2010, traz todas as sextas-feiras uma atração musical e um cardápio diferenciado. Já passaram por lá músicos como Zequinha, Ney Platt, Terence Martinelli e Beth Guedin.
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No carnaval, o ponto alto é o Carnamar. Na última edição da festa, foram reunidas mais de 200 pessoas em 30 embarcações enfeitadas para o concurso em um passeio até a Ilha do Francês. Os prêmios eram para a embarcação mais enfeitada, mais fantasiada e mais animada, no entanto o que valeu mesmo foi a alegria dos participantes. Em 2010, foi organizada pela primeira vez no clube a festa de Halloween, em outubro. Os sócios vestiram roupas pretas e se fantasiaram de bruxas, monstros, fantasmas e trouxeram as famílias. Um evento lembrado com muita saudade é a Festa da Tainha, quando os associados reuniam-se na sede oceânica para fazer uma grande peixada e comemorar a época de pesca do peixe. A atual Comodoria iniciou em 2011 o resgate desta tradição e voltou a inserir esta festa no calendário do clube.
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Vitórias
Arlindo Isaac da Costa consegue o recorde brasileiro de pesca com linha de mão capturando um mero de 221kg
A história do ICSC – Veleiros da Ilha é pontuada por premiações em diversos esportes 1945
Ademar Nunes Pires, Osvaldo Pedro Nunes, Rafael Linhares, Aroldo Barbato, Rafael Girodoci Linhares e Ladislaw Grams são campeões brasileiros da classe Sharpie por equipe no Rio de Janeiro 1960
Walmor Gomes Soares e Oswaldo Fernandes vencem o campeonato brasileiro na classe Sharpie 1965
Walmor Gomes Soares e João Gomes Soares conquistam o campeonato brasileiro na classe Sharpie 1967, 1968 e 1969
Walmor Gomes Soares e Antônio Augusto Dondei conquistam tricampeonato brasileiro na classe Sharpie 1970
Joaquim Albuquerque Belo e Paulo Linhares são campeões brasileiros na classe Sharpie 1971
Walmor Gomes Soares e Antônio Augusto Dondei vencem o brasileiro de Sharpie 1978
Veleiro Moleques do Sul e seus tripulantes Reny Rogello Reitz,
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Henrique Gabriel Berenhauser, Edmar Nunes Pires, Álvaro R. da Fonseca Jr, Luiz Eduardo Berenhauser e Marcelo Vianna Reitz são vencedores da III Regata Florianópolis-Rio, Copa Governador Jorge Lacerda Marcelo Vianna Reitz, Fernando Bianchini e Guilherme Sabino Rupp conquistam campeonato brasileiro da classe Micro 19 em Ilhabela Mergulhador Marcelo Sabino Rupp é recordista brasileiro com o badejo quadrado de 68kg capturado nas ilhas Moleques do Sul 1980
Saul Damiani Filho e Marcelo Reitz vencem o campeonato brasileiro da classe Snipe categoria Junior Leopoldo Batista Wildner é campeão brasileiro classe Hobie Cat 14 em Maceió (AL) 1982
Walmor Gomes Soares Filho, Valério Gomes Soares e Antônio Augusto Dondei são campeões brasileiros da classe Lightning Afonso Zilli conquista o recorde brasileiro de peça mais pesada
Walmor Gomes Soares Filho, Valério Gomes Soares e Cesar Murilo Barbi são campeões mundiais da classe Lightning em Pucón (Chile) 1979, 1980, 1981, 1982, 1985
Jaqueline Camilli Vasconcellos conquista o pentacampeonato brasileiro da classe Hobie Cat 14 feminino em Araruma (RJ), 1979; Maceió (AL), 1980; Fortaleza (CE), 1981; Florianópolis (SC), 1982; João Pessoa (PA), 1985 1985, 1986 e 1987
Sérgio Araújo e seus proeiros Alexandre Ganzo, Daniel da Luz e Edson Araújo Jr vencem tricampeonato brasileiro da classe Snipe Junior 1986
Marcelo Viana Reitz e Saul Damiani Filho conquistam vicecampeonato do XIX Western Hemisphere and Orient Championship da classe Snipe em Enoshima, Japão César Barbi, Valério Soares e Walmor Soares Filho
1987
Ricardo Navarro é campeão brasileiro da classe Hobie Cat 14 em Vitória (ES) 1986 e 1988
campeonato mundial de Pinguim, em Florianópolis (SC) 1995
André Otto da Fonseca e Walter Tadeu Herzmann Jr são campeões brasileiros da classe Snipe categoria Junior andré otto da fonseca
Ricardo Augusto Ferro Halla conquista o bicampeonato sul brasileiro da classe Hobie Cat 14 em Florianópolis (SC)
1990
Felipe Schaeffer de Linhares vence o campeonato seletivo da classe Optimist para o mundial, em Florianópolis (SC) 1991
Sérgio Medeiros de Araújo vence o campeonato Sul Americano da classe Europa em Florianópolis (SC) 1992
André Otto da Fonseca conquista o brasileiro de Optimist em Florianópolis (SC) Edson Pereira, Rodrigo D´Eça Neves, Alex Pereira, Cláudio V Rezende, Nestor Volker vencem o campeonato brasileiro da classe Quarter Ton 1994
Ricardo Navarro conquista o bicampeonato brasileiro da classe Hobie Cat 14 em Vitória (ES) Christian Franzen e Luciano Pedro Correa vencem
Edson Medeiros de Araújo Jr, Marcelo Viana Reitz e Daniel Glomb, velejadores da classe Soling, participam da olimpíada de Atlanta (EUA) 1997
1988
Marcelo Viana Reitz e Alexandre Takase Gonçalves vencem o Sul Americano em Florianópolis (SC)
André Otto da Fonseca e Pablo Furlan são campeões mundiais da classe Snipe Junior em Múrcia, na Espanha
Ricardo Augusto Ferro Halla vence o tetracampeonato sul brasileiro da classe Hobie Cat 14 na raia de Jurerê Elisa Kubelka Fernandes é campeã brasileira na categoria feminina em Vitória (ES) 1996
André Otto da Fonseca e Pablo Furlan conquistam o Sul Americano de Snipe Junior, em Montevideo, no Uruguai Edson Medeiros de Araújo Jr, Marcelo Vianna Reitz e Sérgio Medeiros de Araújo são primeiro lugar nas préolímpicas de Atlanta na classe Soling Edson Medeiros de Araújo, Marcelo Vianna Reitz e Daniel Glomb vencem campeonato brasileiro da classe Soling, em Paranaguá (PA) Bruno Di Bernardi conquista campeonato brasileiro de Hobie Cat 14, na raia de Jurerê
André Otto da Fonseca e Roberto dias Paradeda vencem bicampeonato mundial na classe Snipe, em São Paulo André Hard Chang conquista vice-campeonato mundial classe Hobie Cat em Recife (PE) Ildefonso Witoslawski Junior, Horácio Nicolas Carabelli, André Otto da Fonseca, Marcelo Witoslawski e Walter Tadeu Herzmann Junior, tripulantes do veleiro Gosto d´água, conquistam vitória no sexto Circuito Cone Sul de vela de oceano Bruno Di Bernardi vence bicampeonato brasileiro da classe Hobie Cat 14 em Recife (PE) André Otto da Fonseca e Roberto das Paradeda são campeões sul brasileiros da classe Snipe em Porto Alegre (RS) Veleiro Gosto d´Água, com Ildefonso Witoslawski Jr, Horácio Nicolas Carabelli, Alessandro Witoslawski, André Otto da Fonseca, Newton Martins Rocha Jr e Samuel
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Abrecht, consegue vitória na 47ª regata Santos-Rio
brasileiros da classe IMS na XXVI Semana de Ilhabela (SP)
1998
2000
Alessandro Witoslawski é campeão brasileiro e sul brasileiro da classe Laser Radial, em Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS)
Tripulantes do veleiro Scirocco, Inácio Vandresen, Horácio Nicolas Carabelli, Felipe Schaefer de Linhares, Rodrigo Evangelista, Ricardo Schaefer de Linhares, Marcus Jardim, KanChuh e Samuel Reis Albrecht, conquistam título de bicampeão da regata Santos-Rio
1999
Sérgio Machado Araújo, velejador da classe 470, conquista o título de campeão brasileiro no Rio Grande do Sul, campeão pré-olímpico no Espírito Santo e campeão sul brasileiro no Rio Grande do Sul Bernardo da Silva Philippi Luz, da classe Optimist, é campeão junior do sul americano, na Argentina, campeão geral sul brasileiro em Santa Catarina e campeão no infantil BrasilCentro e na seletiva para o mundial, no Espírito Santo Ildefonso Witoslawski Junior, André Otto da Fonseca, Marcelo Witoslawski, Matias Ostergrim, Ralph Hennig, Walter T. Herzmann Junior, com veleiro Gosto d´água, são campeões brasileiros da classe Multimar Inácio Vandresen, Aníbal Horácio Carabelli, Felipe Schaeffer Linhares, Rodrigo Ligocki Sanford Lins, Alexandre Takase Gonçalves e Marcos Fett, com veleiro Scirocco, vencem regata Santos-Rio Horácio Nicolas Carabelli, Kan Chuh, Pablo furlan, Cícero Hartmann, com o veleiro Vmax-4, são campeões
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André Otto da Fonseca, velejador da classe 470, participa da olimpíada de Sidney (Austrália) Bruno de Bernardi conquista campeonato brasileiro de Hobie Cat 14 em Porto Alegre (RS) 2001
Bruno di Bernardi e Suzi Pirillo são campeões de Hobie Cat 16 no Sul Americano Ricardo Halla e Fábio Silva conquistam brasileiro de Hobie Cat 16 Bruno di Bernardi é campeão brasileiro de Hobie Cat 14 Bernardo Luz conquista campeonato Sul Americano de Optimist Alex Juk e Piero Furlan vencem Sul Americano de Snipe Junior 2002
João Eldeberto Nolasco consegue recorde brasileiro de pesca com cherne de 125 kg 2003
Paulo Gil Alves Filho vence recorde brasileiro de pesca com marlim branco de 53,2 kg
Bruno di Bernardi e Maurício Santa Cruz vencem campeonato brasileiro da classe Tornado 2004
Bruno fontes é campeão Hemisfério Sul na classe Laser Standard
Paulo B. Schaefer e Adalton O. Novo realizam a travessia BrasilÁfrica do Sul-Brasil no veleiro Açores II entre novembro de 2004 e março de 2005 André Fonseca e Horácio Carabelli participam da regata Volta ao Mundo Volvo Ocean Race no veleiro Brasil I, entre 2005 e 2006 2006
bruno fontes
Veleiro Manos, com Alexandre Back, André Chang e Rodrigo Lins, conquista campeonato brasileiro na classe Microtonner 2005
Bruno di Bernardi e André Chang são campeões brasileiros na classe Tornado Cesar Gomes Neto, Guilherme Barbosa Lima e Rodrigo Evangelista, com veleiro Paranóia, vencem campeonato brasileiro na classe Microtonner Avelino Alvarez, Marcelo Reitz, Roberto P. Oliveira, Ricardo Carvalho, Luiz Armando G. Justo, Gaspar Citoler, Glauco Rocha, Eduardo Metz e Alexandre Costa, com veleiro Manos Champ, vencem brasileiro ORC Club Marlus Dória, Fausto Oliveira, Alberto Sanchotene e Luciano G. Oliveira conquistam brasileiro Skiper 21 Diego Montautti é vice-campeão Europeu de Optimist
Bruno Fontes vence campeonato brasileiro e ganha medalha de ouro nos jogos Sul Americanos na classe Laser Standard Guilherme Barbosa é campeão Sul Americano de Laser Radial e vice-campeão mundial de Laser Radial Junior Veleiro Rajada, com Marlus Dória, Daniel Tha, Luciano G. Oliveira e Alberto Sanchotene, é campeão brasileiro na classe Skiper 21 Veleiro Manos Champ, com Avelino Alvarez, Marcelo Reitz, Lucio Carabelli, Felipe Linhares, Ildefonso Witoslawski Jr, Edmundo Grisard, João Machado Neto e Renato Oliveira, é campeão ORC – Club na 56ª regata Santos-Rio 2007
Bruno di Bernardi e André Harding Chang são campeões brasileiros e campeões PréOlímpicos na classe Tornado Bruno Fontes vence o campeonato Pré-Olímpico Laser Standard Eduardo Zanella conquista primeiro lugar na Regata
Solitário Santos-Rio, na categoria B Ildefonso Witoslawski Jr, Alessandro Witoslawski, Alexandre Back, João Machado Neto, Roberto Salles, João Pereira, Marcondes Rodrigues e João Alfredo, com veleiro Gosto d´Água, vencem Regata Internacional Recife – Fernando de Noronha RGS B Ildefonso Witoslawski Jr, João Machado Neto, Roberto Salles e João Alfredo, tripulantes do veleiro Gosto d´Água, são campeões da Regata Internacional Fernando de Noronha – Natal RGS B 2008
Fábio Filippon, Marcelo Reitz, Renato Martins, Jairo Martins, Alessandro Witoslawski, Ildefonso Witoslawski Jr, João Machado Neto, Roberto Salles e Piero Furlan, com veleiro Katana 2, conquistam campeonato brasileiro ORC – Club geral e 670 Veleiro Catuana Kim é campeão brasileiro ORG – Club 600, com Paulo Cocchi Fernandes, Leonardo Back, Renan Richter, Ricardo Grassman, Matheus Freitas, César Dias, César Gomes, Ian Owkzarzak, Roberto Paradeda, Fabiano Ribeiro e Luíz Gil Leão Celso de Faria, Thiago P. de Faria, Paulo C. Linhares, Patrícia S. Abreu, Nelson Aguiar da Silva Jr., Alexandre Menick e Saul Capella, com veleiro Revanche, vencem campeonato brasileiro RGS, categoria RGS B
Veleiro Gosto d´Água é campeão da regata internacional Recife-Fernando de Noronha na classe RGS B, com Ildefonso Witoslawski Jr, Alessandro Witoslawski, Inácio Vandresen, João Machado Neto, João Alfredo, Paulo Schaefer, Alexandre Back e Luís Fernando Garcia André Otto da Fonseca participa das Olímpiadas de Pequim na classe 49er Bruno Fontes participa das Olimpíadas de Pequim na classe Laser Standard Ricardo Navarro é árbitro de regatas nas Olimpíadas de Pequim Amanda de Liz Arcari é campeã brasileira de Optmist feminino Bruno Fontes é campeão brasileiro de Laser Standard 2009
Veleiro Zephyrus, com Tarcísio Mattos, Rogério Capella, Paulo Cesar de Barros Pinto, Samirah Bastos e Humberto Villela, vence o campeonato brasileiro BRA RGS B Veleiro Bruxo, com Luiz Carlos Schaefer, Tatiane Schlegel, Rodrigo Schlegel Costa, Fábio Rosa, Ricardo Rinaldi, Peter Maslin e Rogério Kurtiss de Paula, é campeão brasileiro BRA RGS B Horácio Carabelli, com barco Ericson 4, vence a Volvo Ocean Race
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Larissa Bunese Juk é campeã Sul Americana na Match Race Feminino
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Larissa Bunese Juk vence Sul Americano de Snipe feminino Bruno Fontes vence brasileiro de Laser Standard Matheus Dellagnelo conquista brasileiro de Laser Radial
matheus dellagnelo
Ricardo Halla e Marcela Mendes são campeões brasileiros Master de Hobie Cat Maria Cristina Boabaid é campeã da Semana de Vela de Buenos Aires de Laser 4.7 feminino 2010
Inácio Vandresen, Felipe Linhares, Roberto Salles, Paulo Schaefer, Ildefonso Witoslawski Junior, Guilherme Rupp, Rogério Alves e Alexandre Niederauer, com veleiro Zeus, são campeões da Regata Internacional Olivos – Florianópolis
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Inácio Vandresen, Felipe Linhares, Eduardo Metz, Roberto Salles, Fernando Cavalli, Rodrigo Barbosa Lima, Flávio Costa, Guilherme Barbosa Lima, Guilherme Rupp e Eduardo Zanella, com veleiro Zeus, vencem brasileiro de Benteau 40.7 no Circuito Rio Fábio Filippon, Alessandro Witoslawski, Bruno Fontes, Ildefonso Witoslawski Junior, João Machado Neto, Renato Martins Araújo, Sérgio Araújo e Roberto Salles, com barco Katana 2, vencem campeonato Sul-Americano de ORC Club 670 e brasileiro ORC Club Geral e 670 Inácio Vandresen, Felipe Linhares, Flávio Costa Neto, Fernando Cavalli, Guilherme Barbosa Lima, Marcus Jardim, Eduardo Merz, Rodrigo Evangelista, Fabiana Escarrone e Rodrigo Barbosa Lima, com o veleiro Zeus, conquistam campeonato brasileiro Beneteau First Fábio Felippon, Renato Martins Araújo, Sérgio Araújo, Alessandro Witoslawski, Roberto Salles, Pablo Furlan, Ildefonso Witoslawski Junior e João maria cristina boabaid
Machado Neto, com veleiro Katana, conquistam brasileiro de ORC Club na etapa SC e Ilhabela e o campeonato brasileiro de skipper 70 Marcelo Gusmão Reitz, Felipe Linhares, Guilherme Rupp, Osmar Tiburcio da Silva Moreira, Paulo Shaefer, Luiz Fernando Bianchini e Alevino Alvares, com veleiro Moleque, são campeões da regata internacional Refeno – BRA RGS C
Maria Cristina Boabaid é campeã feminina geral da Semana de Vela de Buenos Aires de Laser 4.7 Alexandre Pereira Oliveira D´Eça Neves vence Sul Americano Master de Fórmula Experience 2011
Matheus Dellagnelo é bicampeão brasileiro de Laser Radial, campeão de Laser Radial da seletiva para o Pan
Pedro Medeiros de Santiago, Maurity Borges Jr, Marcos Di Almeida, Rogério Vasconcelos, Pedro Dibernardi, João Henrique Santiago e Luciano Pacheco, com veleiro Plancton, são campeões brasileiros BRA RGS A e Geral A e B
Americano, campeão Europeu
Alberto Uhmann Santoro, Christian Franzen, Adriano Burgos dos Santos e Adrion Burgos dos Santos, com veleiro Tigre, vencem brasileiro BRA – RSS C
campeão de Laser Standard da
Larissa Bunese Juk vence HPE - na Semana de Vela de Ilhabela e é campeã sulamericana de Match Race
Fabio Felippon, Alessandro Witoslawsky, João Machado Neto, Leonardo Linhares, Nando Moura, Pablo Furlan e Sergio Araujo, com veleiro Katana, vencem ORC 650 e Skiper 30 na 38ª Rolex Ilhabela
vela na Holanda, é campeão brasileiro de Laser Standard e
2012
Mundial e Pan Americano de Sunfish, campeão sul americano de laser Radial Bruno Fontes vence medalha de prata na copa do mundo de
seletiva para o Pan Americano Michel Durieux, Daniel Matos, Marina Carolina Boabaid e Erik Hoffmann vencem brasileiro de Optimist Maria Cristina Boabaid é campeã Sul Americana de Laser 4.7
Rupp e Paola R. Berenhauser conquistam o bicampeonato brasileiro por equipes da classe Optimist, em Porto Alegre (RS) Bruno Fontes conquista vaga para as olimpíadas de Londres Maria Cristina Boabaid vence o campeonato de Laser Radial Feminino e garante vaga na equipe brasileira de Vela Jovem
Maria Luíza rupp
Mario Mazzaferro conquista o campeonato brasileiro de Laser Radial e Maria Cristina Boabaid é vice-campeã geral e campeã na categoria sub-21 Maria Carolina Knudsen Boabaid vence o campeonato mundial da juventude de Laser 4.7 na categoria sub-16 em Buenos Aires Guilherme Cybis Pereira é vicecampeão brasileiro de Laser Standard
Bruno Fontes é campeão brasileiro de Laser Standard
Fábio Suyama e Ana Clara Pincelli Cintra vencem brasileiro de Dingue
Bruno di Bernardi e Fabio Suyama são campeões Sul Americanos na classe Tornado
Larissa Bunese Juk é campeã brasileira de Snipe, campeã de Match Race da seletiva para o Pan Americano, campeã brasileira Open e Brasileiro feminino de Match Race e campeã do Íbero Americano feminino de Match Race
Larissa Bunese Juk vence brasileiro de Snipe feminino
Matheus Dellagnelo vence Sul Americano de Laser Radial
Paola Robert Berenhauser é campeã feminina do Ranking Nacional da Classe Optimist
marina carolina boabaid
Erick Hoffmann é campeão do Brasil Centro na classe Optimist
Maria Luíza Rupp é campeã feminina do 40º Campeonato Brasileiro de Optimist, em Porto Alegre (RS) Os velejadores Erik Hoffmann, Michel S. Durieux, Maria Luíza
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CAPÍTULO IIi
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Travessia Pesquisas, estudos e principalmente muita conversa. Esses foram os principais componentes usados para a elaboração do Plano Diretor do ICSC – Veleiros da Ilha. Foram 18 meses de trabalho e muitas alterações até que o projeto atingisse o objetivo principal: refletir exatamente aquilo que a maioria dos sócios deseja para o futuro do clube. Florianópolis é a capital brasileira com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e destaca-se como um dos principais destinos
Vista do mar na sede central
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turísticos do mundo. A cidade hoje possui hotéis, restaurantes, lojas, condomínios e outros empreendimentos feitos com o que há de mais moderno em arquitetura e tecnologia. Disposto a acompanhar essas mudanças, o Iate Clube de Santa Catarina – Veleiros da Ilha também precisa modernizar-se. Receber o sócio em um ambiente confortável e fazer com que ele se sinta tão à vontade quanto em sua própria casa é o o que se propõe oferecer. “Afinal, somos um clube e não apenas uma guardaria de barcos”, afirma o atual Comodoro, Carlos Roberto Bresolin.
A estrutura que há hoje não acompanha o padrão da cidade de Florianópolis e precisa estar à altura do título de Iate Clube que representa o estado de Santa Catarina. Ter um planejamento como esse em mãos significa saber para onde ir, aonde se quer chegar. Nele, não há só perspectivas de mudanças na estrutura física, mas também do modo de pensar a administração. É como ter um roteiro. É agir de forma profissional e responsável, sempre refletindo sobre aquilo que o sócio deseja. Além da ampla participação do associado, outra preocupação essencial da Comodoria foi a de não fazer qualquer tipo de chamada de capital. Isso quer dizer que o sócio não pagará nada além das despesas que já possui normalmente com o clube. Os recursos para a obra da sede central serão obtidos principalmente através do aluguel dos espaços da área comercial, geradas pelo projeto e as já existentes. O modelo é o mesmo usado há anos para a construção dos trapiches: o sócio antecipa o aluguel e viabiliza a construção.
A entrada e a nova sede central
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“Qualquer clube hoje em dia não pode viver só do social. Ele tem que ser administrado como empresa” Samuel Linhares “O clube precisa acompanhar o desenvolvimento da cidade” Annita Hoepcke da Silva
Deck da lanchonete e vista parcial da expansão do clube
Tamanha organização e planejamento não são à toa. Mesmo que voluntária, a administração do Veleiros precisa ser profissional. Principalmente se considerarmos que o clube possui hoje cerca de 600 sócios, em torno de 400 barcos e movimentação anual de cerca de R$ 7 milhões. Isso sem contar a soma do patrimônio de todos os sócios no clube, o qual é de responsabilidade civil do ICSC - Veleiros da Ilha. Por isso, sistematizar ações é tão essencial quanto é para grandes empresas ou cidades: se não há planejamento, mudanças na administração podem significar a não continuidade de projetos anteriores e perdas para todos. Pensando nisso, o novo plano visa otimizar espaços, reduzir desperdícios de recursos e ordenar a expansão do clube. Carlos Roberto Bresolin garante que tudo já está encaminhado para as próximas administrações: “Se no futuro a escolha for por aumentar dois metros no trapiche, a licença já está em andamento. Se a decisão da próxima administração for por manter a dragagem, nós já temos a licença para 48 meses. Se quiserem ampliar o trapiche sul, a licença já está em andamento”. Ou seja, os caminhos para se alcançar as metas começaram. Pensando também no grande patrimônio do clube, há ainda a previsão para a criação de um fundo de reserva. Hoje, um incidente que cause prejuízos traria despesas ao associado, já que toda a renda do clube é utilizada para despesas rotineiras. A partir da criação desse fundo, parte do dinheiro cobrado dos aluguéis de espaços comerciais e salões para festas será guardado. Isso garantirá que imprevistos não afetem a saúde financeira do clube. Mesmo com tanto planejamento, outra característica importante do Plano Diretor é que as ideias já formuladas permaneçam abertas a alterações. Para a construção serão usadas estruturas prémoldadas e, na sede central, será ocupado apenas um terço do terreno. “O mundo anda muito rápido e importantes ideias nascem todos os dias. Queremos permitir que outros continuem este projeto no futuro”, justifica a Comodoria.
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Nova Portaria
lanchonete
Mudanças na sede central Na sede central, o grande objetivo é voltar o clube para o mar. Os espaços de lazer existentes hoje, além de mal aproveitados, não valorizam a vista para a Baía Norte e para o cartão-postal da cidade, a ponte Hercílio Luz. O novo projeto visa criar uma estrutura que torne o ICSC - Veleiros da Ilha um dos melhores clubes do setor. O Diretor de Marketing, Edson Ronaldo de Souza, conta que o primeiro grande desafio foi organizar o espaço do clube. Ele acredita que ordenar a expansão é essencial para o futuro e quando um novo projeto é feito tudo precisa ser muito bem pensado: “Organizando conseguimos criar 50 novas vagas para barcos tem gente que nem acredita nisso.” O novo projeto foi idealizado para criar ambientes que façam com que o sócio deseje permanecer no clube, visitá-lo, levar os amigos, fazer suas confraternizações. Hoje, por exemplo, existem cerca de 300 sócios que não possuem barco, precisando ser valorizados. Destaques do projeto serão o espaço gourmet e a nova lanchonete, totalmente voltados para o mar. Assim, o sócio poderá realizar confortáveis festas ou happy hours com os amigos de frente para uma das vistas mais privilegiadas de Florianópolis. Além disso, haverá restaurantes, cafés, salões de cabelereiros, lojas náuticas, sauna, piscina térmica, campo de futebol, academia, biblioteca, sala de jogos, minijardim botânico, heliponto, praça de leitura e 141 novas vagas de estacionamento para carros. E, para atender a pedidos de muitos sócios, a antiga varanda do clube será reconstruída.
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piscina térmica
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Mudanças em Jurerê A raia de Jurerê é considerada a melhor do país para competições e treinamento de vela. A atual Comodoria planeja implantar no clube o primeiro Centro de Treinamento de Vela do Brasil para as classes Olímpica, Paraolímpica e Pan-americana. Assim como já existem em outros esportes, como futebol e vôlei, centros de treinamento são locais aptos a formar campeões. Parcerias estão sendo feitas com Ministério dos Esportes, Secretarias de Esporte estaduais e municipais e com as universidades públicas e privadas do estado para que o clube se torne um verdadeiro centro de estudos para o esporte da vela. Para cumprir esse objetivo, o novo prédio terá 6.300 m² de área construída em cinco pavimentos. O edifício terá como característica uma ampla área de uso comum e duas torres de circulação vertical ligadas por grandes varandas voltadas para o mar. Serão dois os acessos principais ao prédio: um pela rua e um pela praia.
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O andar térreo será destinado às garagens náuticas. Nesse mesmo espaço, haverá um mezanino onde ficarão os alojamentos, feminino e masculino, com acomodações para cerca de 40 alunos ao todo. Essa estrutura permitirá abrigar atletas visitantes, que podem se concentrar e ficar alojados dentro do Centro de Treinamento. Para otimizar a preparação dos atletas, no primeiro andar haverá academias de ginástica e hidroginástica, salas de aula e de treinamento; no segundo, um auditório para palestras que acomodará até 200 pessoas, sala de audiovisual para o estudo de competições onde caberão aproximadamente 80 pessoas e uma sala de monitoramento técnico para 40. Na cobertura do edifício ficará a área de eventos , com um restaurante e salas multiuso. Esse espaço, com vista para o mar, terá 1.500 m² e poderá ser utilizado para entregas de prêmios, eventos e outras atividades.
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Galeria de Comodoros Arno Schmidt
Carlos Roberto Bresolin
01/09/2010 a 31/08/2012
Inácio Vandresen
01/09/2006 a 31/08/2008 01/09/2008 a 31/08/2010
Luiz Carlos Furtado Neves
17/08/2002 a 16/08/2004 17/08/2004 a 19/08/2006
Reny Rogello Reitz
14/11/1984 a 07/11/1985
Paulo Gil Alves
15/12/1982 a 14/11/1984
Raimundo Vieira Filho
15/11/1980 a 15/12/1982
Osvaldo Pedro Nunes
Osvaldo Fernandes
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Udo Von Wangehein
26/08/1990 a 20/08/1994 16/08/1998 a 16/08/2002
16/11/1976 a 15/11/1980 14/08/1988 a 25/08/1990
Ennio C. da Cunha Luz
Manual Bernardo Alves
20/08/1994 a 16/08/1998
28/11/1974 a 16/11/1976
Álvaro R. da Fonseca
Isaac Lobato Filho
07/11/1985 a 19/08/1988
25/11/1972 a 23/11/1974
01/12/1960 a 20/11/1966 23/11/1968 a 25/11/1972
Otto Henrich Entres
César Murilo Barbi
20/11/1966 a 23/11/1968
23/08/1959 a 01/12/1960
Laudelino Xavier
25/11/1958 a 01/12/1960
Ari Silva
25/11/1956 a 25/11/1958
27/11/1952 a 25/11/1954
Humberto D’ Alaccio
01/12/1950 a 27/11/1952
Jorge Barbato
15/07/1948 a 01/12/1950
Hygino Luiz Gonzaga
21/11/1946 a 15/07/1948
Manoel Gonçalves
09/12/1944 a 21/11/1946
Thiers De Lemos Flaming
04/09/1943 a 09/12/1944
Comodoro de Honra
João Gonçalves Júnior
Antônio Gomes Soares
25/11/1954 a 25/11/19656
04/09/1943 a 09/12/1944
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Os próximos 70 anos é você quem escreve... Agradecemos a todos os sócios e funcionários do ICSC - Veleiros da Ilha que contribuíram com entrevistas, depoimentos e fotos. Comodoria Comodoro Carlos Roberto Bresolin Vice-Comodoro de Administração e Finanças Celso Luiz Müller de Faria Vice-Comodoro de Eventos Ildefonso Witoslawski Junior Vice-Comodoro Mirim Daniel de Matos
Diretorias Diretor Administrativo Alexandre Lopes Diretor de Lanchas, Passeio e Competições Henrique Scharf Diretor de Marketing Edson Ronaldo de Souza Diretor de Pesca e Meio Ambiente Rodrigo Ruhland Diretor de Rádio e Resgate Adalberto Estrázulas Diretor da Sede Oceânica Eduardo Dutra da Silva Diretor de Vela de Monotipo Rodrigo Silva Boabaid Diretor de Vela Oceano Fabio Filippon Diretor de Cruzeiro Giovane Dal Grande Diretoras Sociais Cláudia Denise da Silva, Nilzete Liberato Bresolin, Cristiane Câmera da Silva e Sônica Witoslawski
Conselho Deliberativo Presidente Viviane Riggenbach Vice-Presidente Charles Fernando Schroeder 1° Secretário João Henrique de Santiago
Conselho Fiscal Efetivos Douglas Ricardo Baltazar Campos João Eldeberto Nolasco Lídio Duarte
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Bibliografia Iate Clube de Santa Catarina – Veleiros da Ilha 1942 a 1992: cinquenta anos de história. Laura Machado Hubener, Rosângela Maria Melo Machado, Joi Cletison Alves, Reinaldo Lindolfo Lohn. Florianópolis: Imprensa Universitária da UFSC, 1993. Revistas Cockpit, edições junho de 1983 a novembro 2011 Florianópolis: Roteiro da Ilha Encantada. Glauco Carneiro. Florianópolis: Expressão 1987. História de Florianópolis – Ilustrada. Carlos Humberto P. Corrêa. Florianópolis: Insular, 2005, 3ª Edição.
Créditos das fotos As fotos históricas de Florianópolis são parte do acervo da Casa da Memória de Florianópolis. As demais imagens fazem parte do acervo do ICSC – Veleiros da Ilha e de seus sócios, que gentilmente as cederam para reprodução neste livro.
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