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DISPUTA NA ABCZ

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GESTÃO . TECNOLOGIA . SUSTENTABILIDADE . MERCADO

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Bem-estar animal

MODA OU PONTO DE ATENÇÃO?

ZONA RURAL

Médico Veterinário, Mestre em Ciência Animal Gestor de equipes na indústria de saúde e nutrição animal

Insta: @marcus.rezend LinkedIn: @marcusrezende

Bem-estar animal: moda ou ponto de atenção?

ão é de hoje que questões relacionadas ao bem-estar animal norteiam a pecuária mundial e dá argumentos para muitos ativistas usarem o tema como desculpa para rotular a pecuária brasilei-N ra como medieval ou mesmo primitiva.

Essas pessoas mostram que não conhecem nada de bem-estar animal, assim como nos dão a certeza de nunca terem pisado em um curral no sertão brasileiro, nem mesmo assistiram ao Globo Rural, ao canal Terraviva ou leram a revista Pecuária Brasil. Ou seja: não conhecem o tema nem pela fotografia, nem por ouvir falar! E para piorar o drama dessa turma, o caso das

“búfalas de Brotas” despertou a compaixão de pessoas verdadeiramente bem-intencionadas pela causa, mas também fez levantar-se da tumba, um orbe de

“famosos” mais interessados nos holofotes que propriamente no bem-estar dos animais. De imediato, todo o agronegócio virou alvo de rótulos e críticas por parte de quem nunca abriu uma porteira. Recebemos críticas por manter os animais com fome, sede, sob estresse e sem liberdade de movimentos. Mas então eu pergunto: será justo aplicar a régua dessa atrocidade observada no estado de São

Paulo para medir toda a pecuária brasileira? Que produtor deixaria seus animais sob estresse, sede, fome, sabendo que, além de crueldade, isso traria um grande prejuízo para a atividade? Não, essa carapuça não nos serve; afinal de contas, a nossa pecuária é mundialmente conhecida por sua atividade a pasto. Nosso rebanho, de pouco mais de 200 milhões de cabeças, usa cerca de 150 milhões de hectares para pastagens e somente um pequeno percentual desses animais vai para terminação em confinamentos, onde são bem tratados, com alimentação balanceada e acompanhamento veterinário diuturno. Aí alguns poderão me dizer:

“Ah, mas o confinamento maltrata o animal!” Engano seu, cara pálida! Um animal sob estresse tem perdas de mais de 10% no seu desempenho produtivo em um confinamento. E quem em sã consciência deseja manter seus animais por mais uma ou duas semanas no confinamento em decorrência de estresse de manejo?

“Tá, mas as vacas leiteiras são maltratadas e recebem injeção para produzir leite!” Alguém, pelo amor de Deus diga para esses desavisados que vacas estressadas tem perdas produtivas de mais de 30% quando comparadas às vacas livres de estresse. O cortisol, hormônio liberado em situações de estresse, é inibidor da ocitocina, o hormônio responsável pela ejeção do leite. Ou seja: vaca estressada não dá leite! E completo; junto com a dopamina, a serotonina e a endorfina, a ocitocina faz parte do grupo chamado de “neurotransmissores da felicidade”, que possuem capacidade de aumentar as sensações de bem-estar e diminuir o estresse, ansiedade e ainda melhorar quadros depressivos nos seres humanos. E se é bom para os humanos, por qual motivo não teria ação semelhante nas vacas?

Perguntas como essas chegam a todo momento e eu não me canso de esclarecer. Precisamos fazer essa turma pensar mais racionalmente e menos ideologicamente sobre o tema. Penso ainda que seja importante destacar que essa questão do bem-estar animal não é nova, ela surgiu com mais força e formalização em 1979, quando o Farm Animal Welfare Council publicou um documento com os “direitos dos animais” e que até hoje norteia as boas práticas do bem-estar animal, assim como a legislação de muitos países relativas ao tema.

O Farm Animal Welfare Council surgiu após a publicação do livro Animal Machine, da jornalista Ruth Harrison, e que escandalizou a sociedade europeia em 1964 ao apresentar a maneira cruel e desumana como

os ingleses criavam seus animais pecuários. Suínos, aves e vacas sem espaço para movimentos mínimos, fornecimento de água e alimento de forma irregular e com volume e qualidade nem sempre adequadas, falta de conforto térmico tanto no verão como no inverno, estresse de manejo e muitas outras atrocidades que causaria revolta em muitos de nós brasileiros, afinal: as fazendas britânicas eram verdadeiros infernos para os animais.

A repercussão negativa fez com que o governo britânico convocasse em 1979, o Farm Animal Welfare Council, que desencadeou uma onda de conscientização mundial a respeito do tema. Com o passar dos anos, as pesquisas vêm comprovando que animais bem manejados, sem estresse, com alimento e água de qualidade, acessíveis e em volume adequados produzem muito mais que animais sob estresse.

É evidente que o mundo está de olho em tudo o que o agronegócio brasileiro faz; afinal, somos o maior produtor mundial de proteínas de origem animal e a concorrência por mercados é acirrada e bastante desleal. Ontem, era a barreira da febre aftosa e amanhã poderá ser a do bem-estar animal. É importante que andemos sempre um passo adiante dos nossos concorrentes, nos precavendo, buscando certificações de bem-estar animal para que nossas propriedades possam entregar ao mundo o alimento que suas bocas necessitam, com os selos e certificações que as suas consciências exigem.

AS CINCO LEIS DO BEM-ESTAR ANIMAL

1. Estar livre de fome e sede

Os animais devem ter acesso a água e alimento adequados para manter sua saúde e vigor.

2. Estar livre de desconforto

O ambiente em que eles vivem deve ser adequado a cada espécie, com condições de abrigo e descanso adequados.

3. Estar livre de dor doença e injúria

Os responsáveis pela criação devem garantir prevenção, rápido diagnóstico e tratamento adequado aos animais.

4. Ter liberdade para expressar os comportamentos naturais da espécie

Os animais devem ter a liberdade para se comportar naturalmente, o que exige espaço suficiente, instalações adequadas e a companhia da sua própria espécie.

5. Estar livre de medo e de estresse

Não é só o sofrimento físico que precisa ser evitado. Os animais também não devem ser submetidos a condições que os levem ao sofrimento mental, para que não fiquem assustados ou estressados, por exemplo.

ERICKA E FELIPE LEMOS ERICKA E FELIPE LEMOS

RESERVADO CAMPEÃO DA EXPOBRAHMAN À CAMPO 2021 MR 118 FIV GRTA-118 MR UBER POI 153 x MISS BR 77 1640 (MR BR 77 480) EQUIPE TRABALHO BRAHMAN HANS SR. JOSÉ REIS E NICKOLAS CAVALCA

EDIE, ANDRE HERKET, ERICKA E HANS LAUERMANN

MAIS UMA VEZ A SELECIONADORA ERICKA CHRISTINA LAUERMANN SAIU VITORIOSA DE UMA EDIÇÃO DA EXPOBRAHMAN. O CRIATÓRIO BRAHMAN HANS CONQUISTOU UM PRÊMIO NA MODALIDADE BRAHMAN A CAMPO 2021. UM RESULTADO QUE COROA SEU TRABALHO DE SELEÇÃO E MELHORAMENTO GENÉTICO E CONFIRMA QUE O CRIATÓRIO ESTÁ NO CAMINHO CERTO.

ERICKA E HANS LAUERMANN

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