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OPINIÃO
MERCADO
Em tempos de gangorra da @...
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unca tantas forças antagônicas agiram em um só período como agora. Isso reflete enormemente o sobe e desce do mercado. Forças externas e in-N ternas mostram suas intensidades e derrubaram muitos confinamentos neste ano. Qual força será pujante no final? Resolvi fazer uma Análise de SWOT do mercado pecuário para avaliar o que estamos vivenciando e o que nos espera no futuro próximo. Dentro dos “Fatores internos positivos”, temos a força do mercado interno, mostrando que a pandemia vem sendo superada pela
Ciência e suas vacinas, pelo auxílio emergencial de R$400,00 mensais aprovado, pela volta às aulas presenciais e merenda escolar, pelos hábitos alimentares de consumo alterados com o final da pandemia. Resumindo, um mercado interno muito forte, consumindo mais de 80% do que produzimos. Também temos uma diminuição do volume de gado de acordo com os dados do
IGBE e diminuição de abates, mostrando substituição de áreas da pecuária para a agricultura. Aí é a lei de oferta e da procura, que o mercado interno, pelo menos, por enquanto, vem cumprindo bem seu papel de consumidor.
Nos “Fatores externos positivos”, vemos uma gama maior de países adquirindo nossa proteína animal com mais afinco, pelos mesmos fatores citados anteriormente, que também acontecem lá, como o relaxamento da rigidez de aglomerações, possibilitando a volta da vida dita “normal”.
Mas temos que contrapor tudo isso às
Médico veterinário especialista em Produção de Ruminantes, MBA em Gestão Empresarial, MasterMind Aliança Agrotalento e diretor da Central de Receptoras Minerembryo
diretoria@minerembryo.com.br
nossas fraquezas internas, como a falta de controles realmente rígidos para contermos várias doenças sérias, dentre elas brucelose, tuberculose e a própria BSE, que até hoje estamos sem casuística de animais com sintomas, mas sempre aparece uma suspeita ou outra que derruba de maneira abrupta a nossa commodity proteica mais valiosa. Embora sejamos os maiores exportadores, temos um pequeno “poder de fogo” no preço internacional, não ditamos as regras de valoração de nosso produto, ficando a cargo de bolsas internacionais, o mesmo ocorre com o café, soja e algodão por exemplo. Cito aqui também a grande concentração de percentual de compra de poucos frigoríficos que acabam, de certa maneira, enfraquecendo as forças e desbalanceando um pouco a relação da oferta e procura.
Finalizando, as “Ameaças externas” mostraram-se muito poderosas recentemente, onde apenas um país, responsável pela importação de 60% de nossa carne, resolveu brecar tal transação e fez baixar consideravelmente o valor de nosso bem em uma “canetada”. Já haviam feito isso anteriormente com a soja e o frango.
Mas o mercado é soberano e cabe a nós avaliarmos quais dessas forças irão sobrepor e ditar o ritmo daqui para frente. Hoje, final de novembro, quando escrevo este texto, os valores voltaram aos patamares que estavam no início do ano. Lembro ainda que a @ nestes últimos dois anos teve grandes saltos ao final do novembro (2019 saltou de R$160 para R$220 e em 2020 de R$260 para R$300) e agora em 2021, caro leitor? Fiquemos atentos nas oportunidades de travas de mercado. Vamos ser profissionais também da porteira pra fora!!!
OPINIÃO
NUTRIÇÃO
Sócio-diretor na Novo Horizonte Assessoria Pecuária Ltda.
Peso: vilão ou solução?
ou zootecnista e me especializei em preparar animais para competição em pistas. Trabalhei com várias raças, a maior parte delas zebuínas, principalmente a Nelore. Em 2003, comecei a acompanhar as pistas, pois trabalhava em uma grande multinacional do setor de Nutrição Ani-S mal e que tinha, na minha região, foco em rações de elite. No final de 2006, decidi seguir novos caminhos profissionais e dedicar-me à minha empresa de consultoria em nutrição animal. Fiz aqui essa breve apresentação para dizer que conheço um pouco desse setor e que até hoje me surpreendo com algumas atitudes que não me parecem coerentes. Não estou aqui para criticar, mesmo porque para criticar algo temos de apresentar soluções, e, apesar de estar estudando algo para solucionar o problema, ainda não tenho a resposta. Mas gostaria de pontuar alguns aspectos. Vamos falar um pouco dos fatores que levam um animal à pesar mais do que outros mesmo sendo da mesma raça.
Para isso, temos que pensar em três coisas básicas: Genética,
Nutrição e Manejo; lembrando que todas essas variáveis são facilmente incorporadas em qualquer propriedade e acessíveis a qualquer criador. Mas se todos têm acesso a esses itens básicos, o que diferencia um do outro? Somente como exemplo vou citar um dos pontos mais importantes e ainda pouco conhecido por boa parte dos criadores. Peso e qualidade de carne de um animal começam no período gestacional. Isso é o que chamamos de programação fetal. Este trabalho nos mostra que a quantidade de células do tecido muscular do animal será carregada pelo resto da sua vida e se forma, principalmente, no terço intermediário da gestação, assim como a formação das células do tecido adiposo ocorre no terço final da gestação. Isso é irreversível depois de passada essas duas fases. Só podemos aumentar ou diminuir o tamanho dessas células, mas não a sua quantidade.
Se fossemos falar de programação fetal, precisaríamos de muito tempo, mas somente coloquei isso para mostrar que a produção de carne de um individuo tem tudo a ver com o manejo e nutrição da mãe, seja ela, natural ou de aluguel. Temos aí o primeiro grande diferencial entre quem cuida bem das mães e quem cuida do bezerro depois de nascido.
Qualidade de mão de obra, instalações, pastagens, maquinários, tecnologia, nutrição de precisão, bem-estar animal, tudo isso vai distanciando um animal do outro, que inicialmente são geneticamente iguais.
E qual seria o principal objetivo de tudo isso? Dar condições para que um animal mostre todo o seu potencial genético, e com isso, seja, um possível animal melhorador dentro da raça, pois somente se mostrar superior não vale nada se ele não tiver capacidade de se reproduzir e transmitir essa superioridade.
Quando limitamos de forma negativa qualquer expressão de superioridade de uma qualidade fundamental para uma determinada raça, estamos jogando por terra todo o investimento de anos de trabalho na busca de animais melhoradores. Não podemos deixar que artifícios usados por poucos para mascarar o resultado de um trabalho falho comprometa todo um trabalho sério de muitos.
Soluções criadas como salvadoras, e o pior, que já se mostraram ineficazes anteriormente, e que não resolveram o problema, criam outros mais sérios.
Mais uma vez não estou dizendo isso com a finalidade de criticar, mas, sim, de promover um debate mais amplo entre associações, técnicos, entidades e criadores, a fim de encontrar um remédio que, se não curar, possa ser menos maléfico que a doença.
OPINIÃO
GENÉTICA
Engenheiro agrônomo especializado em Zootecnia e jurado das raças zebuínas
camarinof@gmail.com
á alguns anos se discute qual seria a importância da seleção de características raciais e o porquê de se manter as raças que selecionamos no estado de pureza. Existem dois enfoques muito claros nesses questionamentos, sendo um deles as carac-H terísticas inerentes às raças em seu estado de pureza e sua importância na seleção. Vamos usar como exemplo a raça Nelore. Por que essa raça foi a que mais se expandiu em todo o território nacional? Quais as razões que fizeram com que ela dominasse a nossa pecuária e impactasse a produção de carne do nosso país, que é o maior exportador dessa commodity no mundo? Comecemos pelo crânio do Nelore. A posição dos olhos, seu formato e ângulo de visão ajudam as vacas na identificação do ambiente em que estão protegendo suas crias de possíveis ameaças e garantindo sua sobrevivência. As orelhas têm a mesma vantagem, por serem curtas e de fácil movimentação, permitem que o animal tenha total percepção de tudo o que está à sua volta. Em grandes extensões de terras, essa percepção é fundamental, inclusive contra predadores naturais. Quem tem propriedades no Centro-Oeste e Norte do Brasil, sabe bem disso. Outro detalhe importante no Nelore é o vigor com que nascem os bezerros, levantando e mamando poucos minutos após o parto e sendo auxiliados pela característica natural da raça, que é o tamanho dos tetos das vacas, pequenos e finos, garantindo que o bezerro consiga mamar o colostro e adquirir sua defesa imunológica. O cupim tem como importância ser uma reserva energética fundamental, que diferencia o zebuíno do taurino. Isso garante maior rusticidade e adaptabilidade aos ambientes extensivos. A pele preta do zebuíno também é fundamental nesses quesitos, evitando lesões por exposição ao sol, como também – no caso do Nelore, juntamente com a pelagem branca – auxiliando na termorregulação do animal.
Outra característica que o zebuíno possui e o taurino não é a mobilidade do seu couro. Com essa mobilidade, ele consegue afugentar ectoparasitas, se protegendo de forma bem mais eficiente de moscas, por exemplo.
O segundo enfoque importante da preservação e seleção de características raciais é o próprio cruzamento entre raças. Falando de forma muito simples, o maior efeito de heterose ou vigor híbrido em cruzamento de duas raças se dá quanto maior for a diferença genética entre elas. Trocando em miúdos, quanto mais puros forem os animais, mais heterose haverá quando cruzados com indivíduos de outras raças. Isso multiplica o desempenho produtivo dos animais. Quando observamos animais 3/4, 7/8 e assim por diante, fica claro que a média já não é mais a mesma. Isso se explica pelo fato que acontece um fenômeno chamado segregação genética, o que na prática significa maior variabilidade nas características produtivas, menor padronização, menor aproveitamento de lotes.
De forma breve, expusemos aqui algumas das razões pelas quais se deve selecionar animais por caracterização racial, procurar indivíduos que garantam características de pureza, pois não é apenas uma questão de “beleza”, mas as características raciais asseguram a expressão de características produtivas e funcionais e de adaptabilidade ao ambiente extensivo de produção, o que faz com que o Brasil seja o maior produtor de carne e leite “verdes” e saudáveis do mundo!