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PIONEIRISMO E EXCELÊNCIA DA AGRONICOLAU

JOSÉ ANTÔNIO NICOLAU E SAMIR NICOLAU

AgroNicolau inova no Maranhão

O criatório segue há 30 anos como sinônimo de honestidade, pioneirismo e excelência na seleção de zebu na região, tendo como exemplo o fundador Antônio Nicolau

estado do Maranhão foi o local escolhido para o desenvolvimento de um grande projeto pecuário, iniciado há três décadas pelo empresário Antônio José Hiluy Nicolau. Investidor do setor da construção civil e derivados de petróleo, ele acreditou no potencial do agronegócio maranhense e decidiu buscar tecnologias capazes de transformar a pecuária local. Uma história de superação e de vitórias que a revista PecuO ária Brasil retrata aqui nesta reportagem e que será contatada pelo filho de Antônio José Nicolau, o médico-veterinário Samir Saldanha Nicolau, que juntamente com as irmãs Sâmia e Samira e a mãe

Lídia Saldanha Nicolau, fez questão de prestar essa homenagem ao pai.

A trajetória da família na pecuária começou em 1990 quando Nicolau adquiriu a Fazenda São Jorge, localizada no município de Santa Inês/MA. Surgia ali a AgroNicolau. A etapa seguinte foi “garimpar” pelo Brasil animais melhoradores selecionados para alta produtividade nas condições ambientais específicas para o Maranhão. Era maio de 1991, Antônio José Nicolau foi à Uberaba/MG, Terra do Zebu, para comprar exemplares puros da raça Nelore. Lá, adquiriu as primeiras matrizes Nelore PO e associou-se à Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ). Logo depois, em 12 de junho de 1991, nascia o primeiro animal PO a ser registrado em nome da AgroNicolau, que recebeu o nome de Açaí N. S. Jorge. Os investimentos não pararam nos anos seguintes. O criador adquiriu matrizes Nelore dos principais criatórios do país.

Parte desses animais vieram de criatórios tradicionais de Uberaba. Em 1996, uma forte seca assolou a cidade mineira e muitos pecuaristas optaram por vender exemplares de boa genética a preços menores, pois não tinham como vencer o problema climático. “Meu pai tinha menos de 100 animais puros, pois ainda estava no começo da formação do rebanho. Decidiu aproveitar a oportunidade para ampliar o plantel. Para isso, vendeu um terreno, carro, imóvel, gado comercial e enviou dois médicos-veterinários, Raimundo Portela de Araújo e Ricardo André, para Uberaba, num Gol e com o dinheiro num cofre para comprar o gado. O frete ia sendo acertado na chegada dos animais. Assim foi feita a base grossa do plantel, com 280 exemplares da R do R, Ipê Ouro, Nova Índia, Naviraí, Maab, Europa”, conta Samir Nicolau, que está à frente da AgroNicolau.

A base genética formada foi multiplicada amplamente a partir das biotecnologias. Na pecuária maranhense, a propriedade foi uma das pioneiras no uso da Transferência de Embriões, galgando nos anos de 2010 a 2012 a posição de líder na Fecundação in Vitro (FIV) no estado. Contribuiu para esse feito o gestor da Bio Biotecnologia Animal, Maurício Peixer, que conduziu a aplicação da FIV no rebanho.

O selecionador Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges também contribuiu para o avanço genético do plantel da AgroNicolau, que no início foi o responsável pelos acasalamentos da propriedade. “Até hoje temos no plantel matrizes de 15 anos de idade, resultado dos acasalamentos feitos por Arnaldinho, utilizando para isso touros como Ladur, 1646 MN e Ranchi. São vacas de pedigree totalmente diferente, de uma beleza racial fantástica que, mesmo com avançada idade, desmamam bezerros pesados. Sempre digo que essas matrizes do tempo do Arnaldinho são o ‘Núcleo Duro’, que aguentam diferentes linhagens, demonstrando prepotência genética”, assegura Samir.

Considerado um dos melhores criatórios de zebu das regiões Norte e Nordeste, a fazenda ainda é selecionadora da raça Gir desde 1999 e de Brahman desde 2009. Todo o gado está concen-

ANTÔNIO JOSÉ HILUY NICOLAU RECEBE O PRÊMIO DE EMPRESÁRIO DO ANO, DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO MARANHÃO E PRESTA HOMENAGEM A SUA MÃE, JAQUELINA H. NICOLAU, ACOMPANHADO DOS FILHOS SÂMIA, SAMIRA E SAMIR E SUA ESPOSA LÍDIA

trado em duas propriedades no Maranhão, uma no município de Bela Vista e outra em Tufilândia, direcionada para a recria. No total, as duas somam 1.100 hectares de pasto. São mais de oito mil animais PO nascidos no criatório, entre Nelore, Brahman, Gir Leiteiro.

Hoje, a IATF é tecnologia utilizada na reprodução do rebanho, correspondendo a 92% dos partos. O rebanho é avaliado pelo PMGZ. “Um mês depois que a ABCZ lançou o CSG – Certificado de Superioridade Genética a técnica da associação, a Marcela Galvão, já estava registrando nossos animais com a Marca PMGZ. Meu pai tem muito amor e apego ao zebu e faz questão de participar ativamente da ABCZ. Sempre participamos de todas as ações da entidade, outro exemplo é que meu pai foi o primeiro do estado a enviar touros para o PNAT em 2015”, explica Samir.

De acordo com ele, as avaliações genéticas, aliadas às provas zootécnicas, são fundamentais para garantir a evolução do rebanho. “As DEPs geradas pelo PMGZ são importantes para definir os acasalamentos, mas unimos essa ferramenta a outras questões que também são essenciais, como padrão racial, avaliação visual e de carcaça. Além disso, não abrimos mão da nossa história de pista e do perfil que traçamos como ideal para nosso plantel”, informa.

Para o futuro, a AgroNicolau pretende expandir o rebanho e já está buscando uma propriedade para abrigar um volume maior de matrizes e assim aumentar a pressão de seleção. “Meu pai já apontou que o nome dele e o trabalho que ele iniciou não comportam mais em duas fazendas. Além disso, queremos voltar a fazer FIV”, explica Samir. Outro objetivo é realizar uma prova de ganho de peso (PGP), homologada pela ABCZ, para avaliar os animais assim que saírem das pesagens do PMGZ.

Enquanto não concretiza esse projeto, segue divulgando seu trabalho de seleção em grandes eventos. Recentemente, participou da ExpoGenética 360º, tendo como destaque ab-

SAMIR NICOLAU, ANTÔNIO JOSÉ H NICOLAU COM PALMA AGRONICOLAU, GRANDE CAMPEÃ EXPOEMA 2007

soluto a matriz Graúna-8 (filha da Graúna Nicolau com o 1646), que aos 15 anos está indo para mais um parto natural com desmame com 16 anos. A matriz possui outras três filhas de parto natural com CSG e compunha em pistas o consagrado time Campeã Progênie de Mãe. “Se tivesse que escolher uma matriz para representar os primeiros 20 anos de trabalho da seleção, sem sombras de dúvida seria ela. Ela é a prova de que o trabalho conduzido por meu pai foi vitorioso na pista e no pasto”, afirma Samir.

Esse trabalho de seleção é todo pensado no cliente final, que busca um animal totalmente rústico e sem artificialismo. Hoje, 90% das comercializações feitas todos os anos é de recompra, que ocorre diretamente na fazenda, onde há um espaço exclusivo para venda, com escritório e currais adequados: o Shopping AgroNicolau.

A história do criatório é marcada por vitórias em exposições. São centenas de premiações, entre campeonatos individuais e de progênie, Grandes Campeonatos e prêmios de Melhor Criador e Melhor Expositor. Destacam-se os títulos de Melhor Criador e Melhor Expositor Nelore, da EXPOEMA 2009, e o Melhor Criador e Melhor Expositor Nelore Mocho do Ranking Norte 2012, pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil. Todas essas premiações são resultado direto das atitudes pioneiras de Antônio José Nicolau. Foi também o primeiro selecionador de ovinos no Maranhão a conquistar o Grande Campeão da raça Santa Inês na EXPOEMA. É de seu criatório o primeiro bovino maranhense clonado, Roma FIV, fruto de uma parceria com o criador Luiz Humberto di Martino Borges.

Apesar das inúmeras conquistas em pista, o criatório concentra há alguns anos seu trabalho somente na seleção a pasto, produzindo animais dentro do sistema extensivo, totalmente adaptados à realidade da pecuária brasileira. A fazenda busca ser referência em sustentabilidade e em boas práticas de manejo.

Outro diferencial é a equipe responsável por conduzir o dia a dia da propriedade. A AgroNicolau valoriza seus colaboradores, prova disso é que a maior parte da equipe atua no criatório há mais de 15 anos, sendo que alguns têm mais de 20 anos de casa. “Nossos colaboradores são o maior patrimônio da AgroNicolau. Meu pai realmente soube buscar pessoas para apoiar e construir um negócio fantástico. Todos têm um carinho especial com meu pai e esse carinho está sendo repassado para mim”, diz Samir, que recebeu total aval do pai para conduzir a parte técnica da propriedade. Já a parte administrativa está a cargo do patriarca da família.

Nascido no Brasil, Antônio Nicolau é filho de imigrantes libaneses. No início da vida profissional, atuou em vários segmentos até fundar uma pequena construtora em parceria com um sócio. Posteriormente, desfez a sociedade e fundou a Nicolau Comércio e Construção, que expandiu na região e passou a investir em outros setores. Hoje, o grupo conta com a maior rede própria de postos de gasolina da grande São Luís, a rede Paloma, além de distribuidora de botijões de gás de cozinha, lojas de conveniência e incorporadora de imóveis.

Na vida empresarial, Antônio Nicolau sempre foi um exemplo para os filhos. Recebeu vários prêmios, dentre eles o de “Empresário do Ano”, conferido pela Associação Comercial do Maranhão, em 2009; o Estribo de Ouro, do Mérito Pecuário da Associação dos Criadores do Maranhão; e diversas vitórias nos programas das empresas parceiras Petrobras e Liquigás. “Tenho grande respeito por meu pai, pois ele representa honestidade. Em 2012, quando voltei de São Paulo e assumi a parte técnica da empresa, fui ouvir clientes, técnicos e outros parceiros, e a principal palavra que escutei foi honestidade. Procurei sempre pautar as ações na empresa a partir desse princípio. Tenho enorme admiração por tudo que ele e minha mãe construíram, sem herdar capital, e sempre norteados por esse valor de honestidade e muito trabalho”, conclui o filho Samir.

Agro atrai jovens profissionais

Boas oportunidades no setor e o amor pelo campo são alguns dos fatores que levaram jovens como o técnico da ABCZ Rafael Resende Oliveira a atuar na pecuária

DIVULGAÇÃO

Rafael Resende Oliveira

Escolher uma profissão ligada ao agronegócio tem sido a opção de muitos jovens brasileiros. O agronegócio responde atualmente por 20,55% do mercado de trabalho no país, ou seja, comporta 18,04 milhões de trabalhadores, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). Além disso, o setor está entre os que mais crescem, tornando uma alternativa interessante para quem busca boas oportunidades de trabalho.

Um exemplo é o zootecnista mineiro Rafael Resende Oliveira que sempre teve o sonho de atuar na pecuária. A vocação foi cultivada pelo avô, o pecuarista Geraldo Coltinho de Resende, que atuava na pecuária leiteira na cidade de Coromandel/MG. “Desde pequeno, passava as férias na fazenda e acompanhava meu avô nos manejos e em outras atividades ligadas ao gado. Cresci com essa paixão pela pecuária e com o propósito de manter a tradição deixada pelo meu avô, que sempre foi uma referência de pessoa e de pecuarista para mim. Quando tomei a decisão de cursar a faculdade de Zootecnia, meus pais e meus irmãos me apoiaram prontamente”, lembra Rafael Resende Oliveira.

Foi ao longo dos quatro anos de Zootecnia, na FAZU, em Uberaba/MG, que ele começou a viver mais um sonho: de se tornar um técnico da ABCZ. A curiosidade inicial de estudante em conhecer os mais diversos ramos de atuação de um zootecnista foi logo substituída pela paixão pelo zebu e pelo melhoramento genético bovino. “Assim que me formei prestei um processo seletivo na ABCZ e realizei meu grande sonho de fazer parte da equipe técnica da entidade. Comecei a trabalhar na ABCZ no dia 15 de setembro de 2014, um dia antes do meu aniversário. Costumo dizer que foi o melhor presente que ganhei de aniversário até hoje”, conta.

Um dos desafios dentro da entidade foi promover o melhoramento genético entre pequenos e médios produtores rurais, atuando como técnico do programa Pró-Genética. “Esse talvez seja o programa mais democrático que conheço, pois leva genética melhoradora para os pequenos e médios produtores rurais, por meio do uso do touro PO. O Pró-Genética tem contribuído muito para o melhoramento genético de inúmeros rebanhos bovinos brasileiros”, assegura.

Diante de tantos avanços do setor, Rafael acredita que o profissional do agro deve buscar se capacitar sempre, visando vencer novos desafios. Atualmente, ele está em uma fase de transição na carreira, passando de técnico do Pró-Genética para técnico do Serviço de Registro Genealógico das Raças Zebuínas. Ele está em fase de treinamento no campo. “É um grande desafio atuar como técnico de registro. Poder contribuir com a evolução do melhoramento genético das raças zebuínas me faz querer evoluir cada dia mais e mais, não me vejo em outro segmento. Sei que é uma grande responsabilidade, mas esse sempre foi meu sonho e estou conseguindo realizar felizmente. Busco sempre me manter atualizado, investindo em conhecimento e colocando os mesmos em prática”, anima-se Rafael, que também é um dos responsáveis pelo PNAT (Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens).

Outra conquista na carreira foi atuar como jurado das raças zebuínas. Nas diversas exposições que já atuou por todo o país, tem constatado a evolução do zebu tanto na parte de caracterização racial quanto em relação às características de maior impacto econômico para a pecuária. Segundo ele, a pista deve ser sempre um reflexo de uma pecuária eficiente e sustentável, com a premiação de animais que conseguem unir beleza e funcionalidade. “Ainda sou um jovem jurado, mas espero julgar exposições de grande importância no cenário mundial”, planeja Rafael que atua como jurado desde 2014.

Na opinião do técnico da ABCZ, a entidade tem trabalhado para levar as ferramentas do melhoramento genético a todos criadores e para mostrar a importância do uso correto dessa genética como um caminho seguro para atingir a rentabilidade do negócio pecuário. “É um orgulho trabalhar nessa grande entidade, que é a ABCZ”, acredita.

Sobre os desafios para os próximos anos, o técnico acredita que o agronegócio mostrou sua força nesse período de pandemia e não parou de produzir. A expectativa é de que 2022 seja mais um ano de expansão. “Cada dia que passa tenho mais certeza que foi a melhor escolha que fiz, trabalhar pela pecuária e poder contribuir de alguma forma com melhoramento genético. Sigo trabalhando para vencer o desafio de crescer cada dia mais como profissional, somando sempre para o setor alcançar excelentes resultados.”, finaliza.

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