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A China deve seguir como a grande aposta para a carne bovina brasileira?

Desde o início do surto de Peste Suína Africana, na China, em agosto 2018, as exportações de carne bovina brasileira subiram consideravelmente, acu- mulando alta de 43% entre 2018 e 2022. Dessa forma, a China se tornou o maior destino, representando hoje mais de 60% das exportações totais do país, ante uma participação de 24% em 2018.

Vale notar que a proteína mais consumida na China é o peixe, seguido pela carne suína, ovo, frango e, só em 5º lugar, a carne bovina. Entretanto, a participação da carne bovina no prato chinês está aumentando fortemente desde a crise sanitária no setor de suíno. Com a redução da oferta de carne suína no mercado chinês, a população passou a consumir mais carne vermelha como substituto, ganhou apetite por essa opção, e não reduziu seu consumo mesmo com a recuperação da oferta de carne suína.

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Sarah Dare

Mas a pergunta que surge é: Será que essa tendência é de longo prazo?

Analisando o consumo per capita de carne bovina na China em relação a sua renda per capita, percebe-se que há espaço para um aumento expressivo, se considerarmos a relação média entre essas variáveis para outros países do mundo. Fazendo uma conta simples: com uma renda per capita em torno de US$ 17 mil por ano na China em 2020, o consumo médio global sugerido seria de cerca de 10 kg per capita. A China somente consumiu cerca de 6 kg per capita, o que já sinalizaria um aumento potencial de 4 kg per capita por ano. Adicionalmente, se considerarmos toda a população do país asiático, isso totalizaria uma di- ferença total de 4 milhões toneladas, o que é maior que a produção total da Argentina com 3 milhões de toneladas em 2022!

Olhando para o futuro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta uma renda per capita para a China de US$ 39 mil em 2030, patamar que sugere um consumo total potencial de 18 milhões toneladas de carne bovina no país considerando a média mundial de consumo. Com isso, se o Brasil mantivesse os 40% de participação nas importações da China, deveria fornecer quase 2,3 milhões toneladas, mais do que ele exportou para o mundo em 2022 com cerca de 2 milhões toneladas!

Resumindo, a China deve seguir crescendo como consumidora de carne bovina e como importadora da carne brasileira, e certamente não poderá ser ignorada. No entanto, a diversificação dos parceiros comerciais é chave para reduzir a dependência do mercado chinês e para evitar turbulências de mercado como o setor pecuário viveu recentemente com o (auto) banimento e posterior reabertura, devido ao caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) em Pará. Para tanto, existem outros países em desenvolvimento se destacando com apetite pela carne bovina e população crescente, como por exemplo, Índia e Paquistão. E ainda, outros países que pagam um preço bem acima da média dos importadores globais, como Japão e Coreia, certamente serão parceiros chaves para elevar o preço médio de exportação e confirmar a boa qualidade da carne bovina brasileira.

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