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A re(des)organização do país passa pelo agro

Onovo governo chega com uma política centralizadora, baseada no consumo e linhas de crédito com juros altos. As commodities, como café, soja, milho e boi, baixaram seus preços e o agro se vê órfão de comando e sem perspectivas a curto prazo. A solução passa por uma sociedade civil organizada.

Desde a eleição em outubro de 2022, a política em Brasília/ DF vem mudando visceralmente. Deputados e senadores da antiga gestão já iniciaram a costura da volta da “Velha Política” que nos assolou por mais de duas décadas com fatos contundentes e provados. Com o Executivo ineficaz e aprovação baixíssima, Legislativo engessado e um Judiciário com poderes extremos, o que esperar de solução?

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A política feita nas outras gestões do atual governo valorizou o consumo e o endividamento da população, altamente favorável aos bancos, mas travando a produção e os investimentos. Hoje já temos uma primeira subida no desemprego de 8,4% no trimestre, depois de oito trimestres seguidos de queda e previsão do PIB caindo a cada mês. Vem aí a Reforma Tributária às avessas, com o desenho de um imposto único bem mais alto que aquele que nos assolam até hoje.

Temos valores médios CEPEA-SP (cotação em 4/4/23) de café R$1.082,00, milho R$84,00, soja R$145,00 e boi a R$296,00, todos bem abaixo dos valores nominais de um a dois anos atrás. Sabemos que vários fatores interferem nestes preços dentro e fora do país, como clima, juros, armazenamento, escoamento, apetite dos importadores, mas o que vemos é a interferência negativa do Estado como as altas taxas de juros para o setor, Plano Safra 22/23 indefinido, novas taxações do agro à vista e, principalmente, a segurança jurídica da terra em xeque.

Nas oportunidades que nossos governantes têm de defenderem o setor, vemos o contrário, como o que ocorreu recentemente com o presidente da Apex Brasil na China, as invasões de terra ocorridas na Bahia, Centro-Oeste, Pará etc. mas que começam a encontrar um agro unido, onde a cooperação entre vizinhos e autoridades policiais faz valer a lei e a ordem, inclusive defendido pelo atual ministro da Agricultura Carlos Fávaro, recentemente em Uberaba/MG.

Tive o privilégio recente de conversar longamente com prof. Dr. José Luiz Tejon, da Biomarketing, FGV, ESPM etc., e que acredita que a única solução para o nosso setor e para o próprio país é uma sociedade civil organizada. Foi assim que vários países se ergueram, vários setores se organizaram de modo a não terem ou ter pouca interferência do Estado. Aqui, lembro também de minha passagem pela Austrália onde milhões de dólares são gastos todo ano pelo setor do agro para campanhas publicitárias, mídias sociais, outdoors, atuação direta nas escolas etc., para unir campo e cidade, mostrando uma interdependência das duas áreas e não uma concorrência. Quem sabe aí não está a solução para o nosso querido Brasil?

Nosso setor é pujante, somos responsáveis por 27% de nosso PIB e por alimentar quase seis “Brasis” e exige respeito e tranquilidade para produzir. Não há produtividade e resultado financeiro em um ambiente de guerras e disputas e é isso que o agro pede passagem e, com certeza, será peça fundamental na política de qualquer governo, seja ele liberal ou centralizador, para a real organização do país.

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