Philos PORTUGUÊS CATALÀ ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO ROMÂNĂ
REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 21 outubro 2017 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 21 octubre 2017
HELENA BARBAGELATA DANIELA BALESTRERO AURILENE SAMPAIO LETICIA CANEDO JÚLIO VALENTIM BARBOSA NETO MARINA SOARES GRASIELA FRAGOSO PRISCILA PANZA LAILA DE MAURO JÉSSICA MARTINS COSTA FERNANDO DE AZEVEDO ALVES BRITO
NEOLATINA
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NEOLATINA
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EXPEDIENTE
REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA
Souza Pereira
EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE
Sylvia de Montarroyos
COMITÊ EDITORIAL | COMITÉ EDITORIAL
Lucrecia Welter
REVISÃO DE TEXTOS | SUPERVISIÓN DE TEXTOS
Maus Hábitos
DESENHO E DIAGRAMAÇÃO | DISEGÑO Y DIAGRAMACIÓN
SOBRE A OBRA DESTA EDIÇÃO | SOBRE LA OBRA DE ESTA EDICIÓN
Publicado originalmente em outubro de 2017 com o título Philos, Revista de literatura da União latina. Os textos desta edição são copyright © de seus respectivos autores. As opiniões expressas e o conteúdo dos textos são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Todos os esforços foram realizados para a obtenção das autorizações dos autores das citações ou fotografias reproduzidas nesta revista. Entretanto, não foi possível obter informações que levassem a encontrar alguns titulares. Mas os direitos lhes foram reservados. Philos, Revista de Literatura da União Latina é registrada sob o número SNIIC AG-20883 no Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais com Certificado de Reserva outorgado pelo Instituto Nacional de Direitos do Autor sob o registro: 10-2015-032213473700-121. ISSN 2527-113X. Revista Philos © 2017 Todos os direitos reservados. | Publicado originalmente en octubre de 2017 con el título Philos, Revista de literatura de la Unión latina. Los textos de esta edición son copyright © de sus respectivos autores. Todos los esfuerzos fueron hechos para la obtención de las autorizaciones de los autores de las citaciones o fotografías reproducidas en esta revista. Sin embargo, no fue posible obtener informaciones que llevaran a encontrar algunos titulares. Pero los derechos les fueron reservados. Philos, Revista de Literatura de la Unión Latina es registrada bajo el número SNIIC AG-20883 en el Sistema Nacional de Informaciones e Indicadores Culturales con Certificado de Reserva otorgado por el Instituto Nacional de Derechos del Autor bajo el registro: 10-2015-032213473700-121. ISSN 2527113X. Revista Philos © 2017 Todos los derechos reservados.
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Philos, Revista Philos Revista de de Literatura Literatura da da União União Latina Latina | | Revista Revista de de Literatura Literatura de de lala Unión Unión Latina. Latina.
EDITORIAL
REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA A literatura como forma de crítica, crônica e resistência é uma marca das publicações da Philos. Não por mérito plenamente editorial, mas principalmente pelas perspectivas e anseios dos autores e colaboradores que repensam o cotidiano, as lutas de classes, a desigualdade, a luta feminista e tantas outras bandeiras que implicam a necessidade de reflexão através das artes, do reconhecimento e da memória. A edição de número vinte e um da Philos está sendo lançada após um mês intenso de atividades com a Latinité Tournée nas cidades do Recife, São Paulo e Rio de Janeiro, em detrimento da divulgação de nosso primeiro volume impresso; apresentamos aqui um caderno repleto de trabalhos que reflexionam acerca do pensamento humano e dos nossos eus. David Ortega faz uma nova reflexões sobre os curto-circuitos das gerações e nos apresenta a segunda parte de seu ensaio sobre o pensamento moderno. Nossos colunistas da Imagerie, Magda Fernandes e José Domingos, nos apresentam uma sessão de artes visuais inspiradas em Frankenstein com trabalhos fotográficos experimentais que nos servem de deleite aos olhos. A direção de arte da Philos #21 fica por conta da ilustradora italiana, Daniela Spoto, que enche de cores e sensibilidade as páginas de nosso editorial com suas aquarelas e ilustrações delicadas. Para ela “a literatura e as artes não nos dão respostas, apenas nos impõem perguntas”. A Philos se coloca como um canal de diálogo, uma plataforma de suporte, um veículo de expansão e democratização do conhecimento. Apenas a partir da partilha é que alcançaremos a tão sonhada democratização da democracia. Desejamos uma ótima leitura, Souza Pereira
EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE
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EDITORIAL
REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA La literatura como forma de crítica, crónica y resistencia es una marca de las publicaciones de la Philos. No por mérito plenamente editorial, pero principalmente por las perspectivas y anhelos de los autores y colaboradores que replantean el cotidiano, las luchas de clases, la desigualdad, la lucha feminista y tantas otras banderas que implican la necesidad de reflexión a través de los artes, del reconocimiento y de la memoria. La edición de número veintiuno de la Philos está siendo lanzada después de un mes intenso de actividades con la Latinité Tournée en las ciudades del Recife, São Paulo y Río de Janeiro, en detrimento de la divulgación de nuestro primer volumen impreso; presentamos aquí un cuaderno repleto de trabajos que reflexionan acerca del pensamiento humano y de nuestros yos. David Ortega hace una nueva reflexiones sobre los cortocircuitos de las generaciones y nos presenta la segunda parte de su ensayo sobre el pensamiento moderno. Nuestros columnistas de la Imagerie, Magda Fernandes y José Domingos, nos presentan una sesión de artes visuales inspiradas en Frankenstein con trabajos fotográficos experimentales que nos sirven de deleite a los ojos. La dirección de arte de la Philos #21 queda por cuenta de la ilustradora italiana, Daniela Spoto, que llena de colores y sensibilidad las páginas de nuestro editorial con sus aquarelas e ilustraciones delicadas. Para ella “la literatura y los artes no nos dan respuestas, sólo nos imponen preguntas”. A Philos se coloca como un canal de diálogo, una plataforma de soporte, un vehículo de expansión y democratización del conocimiento. Sólo a partir del reparto es que alcanzaremos a tan soñada democratización de la democracia. Deseamos una óptima lectura, Souza Pereira
EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE
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SUMÁRIO | SUMARIO DOSSIÊ | POEMAS | HAICAI DOSSIER | POEMAS | HAIKU
7 III Poemas,
por
HELENA BARBAGELATA
14 Esquinas e avenidas,
11 Anche se,
16 Poema sem por JÚLIO
12 Sessão de
VALENTIM BARBOSA NETO
por AURILENE
17 Poema sem
SAMPAIO
13 Os que por LETICIA CANEDO
título,
por MARINA SOARES
18 Haicai X:
Pólen,
6
por LAILA DE
por
da
título,
amaram,
Brasil,
MAURO
GRASIELA FRAGOSO
DANIELA BALESTRERO
terapia,
19 Filhos do
por PRISCILA
PANZA
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20 Tátil, poema fluxo,
por JÉSSICA
MARTINS COSTA
22 Passa-tempo,
por FERNANDO DE AZEVEDO ALVES BRITO
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA Dossiê de Literatura Neolatina
III POEMAS
por
Helena Barbagelata1
in As Naus Insonhadas a K. Porto de Zea
Não nos sabemos despedir, aportamos,
sempre, excogitamos batalhas, dilaceramos o espírito, nas ocupações, nos detalhes - prisioneiros, das minudências, prisioneiros – na popa ou nos fundos, remeiros ou timoneiros, aportamos, Um espaço movediço, a aríete das pernas dos navios, das cargas, na senda de algo, o quê – bagagens prontas, bagagens desfeitas, recordações ou tralhas, Não nos sabemos despedir, aportamos, sempre, não vamos para aquele mar, aquela ínsula, com côvados exactos, presentes, vamos, mordemos a passagem, subimos a um outro batel, aquele que temos escondido – nesse porto, O corpo é um batel, com tudo lá dentro, um arcabouço, coisas que ainda não são, por ser O corpo, com tudo lá dentro, e a alma aportamos
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POEMAS
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA Dossiê de Literatura Neolatina Desnorte ...sobre todo o mar até os confins da terra e às fontes da noite e aos desdobramentos do céu e rumo ao antigo jardim de Phoibos. Strb. Geo. 7.3.1. A agulha pendulava, sem se decidir, já não importava a tramontana, só as peugadas que deixaras orvalhadas sobre a granícula fina e morena da terra, confundindo-te na estreitura matemática de uma floresta de choupos, na soberbia absoluta do teu corpo, que espreguiçavas de leve para filar as estrelas; um cinturão que coroavas sobre os meus cabelos, deixando a cúpula negra e vazia para os viajantes; [só os pés magros e despidos, preenchendo as sombras, para onde, para além, para além do vento norte, só o silêncio nos lábios estrigosos, Impenetráveis, E eu seguira-te, empapada no lençol do teu dorso, como uma camisa de verão; trouxeras as coordenadas precisas, no entalhe do teu rosto total, como um príncipe grego, romano ou persa, com que cunharas mil moedas de bronze, com que fizeras tremer os formões de Agesandros; [para onde, para além, para além do vento norte, que aqui os rios são breves e estanques, e tu saciaras o Eridanos com a tintura azul-violácea dos teus olhos, a jorrar intérminos como as lágrimas de âmbar dos alámos; Já se escuta o chorar das liras, o ciciar das flautas, em todo o areal deserto e ensopado do manto do mar; não há madrugada, decidiste, com as leis
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POEMAS
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA Dossiê de Literatura Neolatina do teu país distante, [para além, para além do vento norte, há um festim de todas as nereidas, faunos e vinhos, e tu pausas o tempo. Thysia Que vivas, que vivas, as vogais interpelam-se em aluvião, galgam sobre um azul perfeito, quase artificial, escorrem pela meia-manhã, mais exalantes que as coníferas e o ardor dos fogos invernosos; não sei se cantam o teu nome, embora os santos e cronos aborreçam a tua existência, [volteia as costas às tábuas unímodas dos ícones, não decepes o seio de Afrodite, mas não deixes que deuses e senhores, se repastem nunca das tuas vísceras; Estalejam os tenares dos pinhais em ovação, que vivas, que vivas muitos anos, tens as cinzas dos olivedos repousando sobre os ombros, nada mais necessitas, aqui o lenho da tua casa; chilreiam várias aves, ou será a infância, a música confunde-se, canta sempre sem propósito, canta por cantar, mesmo sem braços, pernas, ou párpados, como vira regurgitadas pelas correntes do bóreas, as crianças, capotando nas praias sem vestimentas, sem arnez, e com a alma inteira; Que chegues a velho, de cabelos nivosos, com a espuma e as pérolas brancas do mar que o pescador te brinda, num sorriso fissurado de todas as marés; que espalhes por toda a parte, a luz, como a anciã derrama na tua saca o néctar das laranjas, sem que tu lhe peças, sem que tu lhe ofereças, 9
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POEMAS
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POEMAS
Dossiê de Literatura Neolatina [e os céus, e as árvores, e os pássaros e os deuses dirão, eis aqui um homem sábio.
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Helena Barbagelata (Lisboa, Portugal, 1991). É licenciada em Ciências Políticas e Relações Internacionais pela Universidade Nova de Lisboa e Pós-graduada em Línguas, Literaturas e Culturas. Desenvolveu estudos de investigação em Língua, Pensamento e Cultura Helénica na Universidade Nacional e Capodistriana de Atenas. Colabora como autora e ilustradora em diversas publicações, destacando-se: Revista Subversa – Literatura Luso-Brasileira, Diversos Afins – Entre Caminhos e Palavras, e Mallarmargens Participa em antologias no espaço latino e tem sido agraciada em vários concursos internacionais.
MOSTRA DI POESIA ITALIANA
POESIA
Dossier di Letteratura Neolatina
ANCHE SE da
Daniela Balestrero1
Mentre un desiderio lontano si scioglie nel mare del mattino Con un canto un pensiero parlami ed io ti parlerò, con un bacio sfiorami ed io ti sfiorerò, amami ed io ti amerò, come l'infinito ama la sua terra. Ascoltami nei sussurri e nei silenzi e sentirai quello che provo per te.
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Daniela Balestrero (Torino, Itália, 1960). Membro del Comitato editoriale della Rivista Philos. Dal 2015 collabora con un giornale locale web scrivendo articoli di spettacolo e attualità. Alcuni dei suoi scritti si possono trovare anche su il Blog di Ramingo.it. 1
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POEMAS
Dossiê de Literatura Neolatina
SESSÃO DE TERAPIA por
Aurilene Sampaio1
Meus poemas resolvo EU!
Conserto minhas próprias líricas Arrumo meus poemas complexos Vivo em meus intensos versos Louca em minhas estrofes Cada um tem o poema que merece Por isso, minhas desconcertadas rimas Se confundem em minha métrica E se misturam a meus cantos Estou cheia de poemas Que extrapolam minha essência E me atolam na escuridão dos meus poemas Socorro! Não sei resolver poemas! Doutor? Meus poemas têm solução? Quero psicotrópicos para meus poemas Não sou louca, SOU POESIA!
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Aurilene Sampaio 1
(Ceará, 1982) Professora da rede estadual de ensino, apaixonada por linguagens e artes, passeia por universos distintos na busca por completude.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POEMAS
Dossiê de Literatura Neolatina
OS QUE AMARAM por
Leticia Canedo1
Conheci você na subtração dos anos.
No auge da época vulgar, Em que feitiços de amor e afeto São quebrados imperativamente em algum lado. O pior não é a permanência se tornar uma palavra absolutamente desmistificada; Nem os sentimentos, aqueles que sempre sobram, os resistentes, Defendendo as lembranças muito mais que a si mesmos, Debaterem entre si até a vaidade os converterem a um possível estado de quase ódio. Onde mágoas e ressentimentos são inquestionáveis; E o pior, nem mesmo é virar uma pessoa amarga. O pior é o contínuo choque do saber irreversível De que por mais que se passem muitos anos, o passado com as pessoas nunca Se tornará uma prova convincente E condizente Diante da desastrosa condição de nossos desejos desbotados e corroídos Por épocas vulgares em que aqueles que um dia amaram Tornam-se vítimas irreversíveis de um destino ostensivamente esquecido.
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Leticia Canedo
(São Paulo, 1996). Escreve como forma de protesto contra si mesma.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POEMAS
Dossiê de Literatura Neolatina
ESQUINAS E AVENIDAS Grasiela Fragoso por
Perdi a liberdade.
Não tenho a quem culpar, de modo irônico e imoral. A única liberdade que hoje tenho é a de seguir-me, vivíssima. Feito aquela paisagem no jardim, referência de um tempo, onde se ouviam crianças, onde se educavam as mãos para pegar em livros, onde se desenhava com cacos de tijolos vermelhos. Sob esses jardins, ergui pensamentos, que hoje miro, sem reconhecer. Desalento? É um sinal de estar viva. porque inquieta, porque inconclusa. Quem tem olho é só, e amigo, mas não Rei. À noite, quando sinto o cansaço subindo-me pelas pernas, lembro-me do excesso de vida agarrado ao dia. Acúmulos, da cova de saber-se a rolar, pelas horas, agora mortas. Um pequeno enredo já me faria feliz.
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MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POEMAS
Dossiê de Literatura Neolatina O mundo lá fora segue, num tanto que desconheço. O que me cabe, agora, é dormir. Sob os jardins. Sob Deus e seus mistérios notívagos.
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Grasiela Fragoso
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(Niterói, 1981). Poeta. Tem poemas e textos publicados em coletâneas, jornais e revistas. Autora do blog www.finatempe ra.wordpress.co m
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POEMAS
Dossiê de Literatura Neolatina
POEMA SEM TÍTULO por
Júlio Valentim Barbosa Neto1
Os dias se mostram mais curtos Igual a minha paciência Duas décadas de vida E não aprendi nada Achei que sabia o que queriam Pensei saber o que iria me tornar Mas não sabia Não Ninguém sabe Os dias se mostram mais curtos Igual seus olhares para mim Que hoje permanecem focados Na tela do celular Esqueceu meu olhar Esqueceu Me esqueceu no mundo azul Do celular Os dias se mostram mais curtos Igual os sons que escuto Foi-se o tempo que eu aguentava ouvir Bach Hoje Mais de três minutos já me fadigam Os dias se mostram mais curtos Mas a agonia Meu amor Continua crescendo
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Júlio Valentim Barbosa Neto 1
(Currais Novos, Rio Grande do Norte, 1997). Procura, através das letras, dar suficiência à vida.
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POEMAS
Dossiê de Literatura Neolatina
POEMA SEM TÍTULO por
Marina Soares1
Há uma barreira invisível que o distancia do toque do choque entre polos do tremor entre as partes.
Há um olho cego que não quer ver o que vê mas, como janela aberta, deixa a luz entrar. Há um corpo nu com medo e sede preso em uma ilha de sal e solidão. Há um coração de lata enferrujado pelo tempo amassado por batidas continuando a bater.
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Marina Soares (Brasil, 1996). Designer e fotógrafa. Apaixonada pelos prazeres da vida. 1
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POEMAS
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HAICAI X: PÓLEN por
Priscila Panza1
um campo profundo – em meio aos girassóis um sopro de pólen
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Priscila Panza
(Dourado, São Paulo, 1992). Adora ler e escrever desde criança. Não é escritora profissional. Tem poemas publicados nas Revistas Philos, Mallarmargens e Subversa. Atualmente cursa Serviço Social na Universidade Paulista (UNIP).
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MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POEMAS
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FILHOS DO BRASIL por
Laila de Mauro1
Os filhos do Brasil
Correm atrás da bola Que pelas ruas rola E a vida desenrola Com muita cantarola Quando tudo embola Só se roda e rebola No belo país da bola E ficam na marola Os filhos do Brasil.
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Laila de Mauro (Serra 1
dos Aimorés/MG, 1953). Professora aposentada, moradora de Brasília desde criança. Graduada em Pedagogia e Letras, com Mestrado em Educação pela UnB. Tem poesias e crônicas registradas em blogs, revistas e livros com publicação coletiva.
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TÁTIL, POEMA FLUXO por
Jéssica Martins Costa1
tátil dos seus olhos surgirão as imagens azuis do mundo meu corpo, caindo, vai cair no seu. seu corpo não é duro, ele se dá à maciez como fosse vento que acaricia abismo e desfaz as bainhas dos vestidos. meu corpo, caindo, vai cair no seu. porque minha ruína vai ser o amor do mistério como mistério, como deve ser, sem ser resolvido ou desdobrado. porque quando o desdobro, como se desdobram dedos ou braços ou mechas de cabelo já ele não é mistério e as coisas que não são mistério são eu, com meu coração que solta tinta nas mãos dos outros. dos seus olhos surgirão as imagens azuis do mundo e eu, a bem da verdade o que queria era roubar os seus olhos. ver se eles soltam tinta nas minhas mãos também. a bem da verdade preciso dizer se não se volta com as mãos sujas não valeu a pena ter saído do lugar. mira rasgo dois pedaços do céu sonâmbulo e todas as noites você flutua sobre os meus abismos na cama você também uma série de abismos casa bem com meu desejo pelo escuro pelos pequenos pontos de luz na densidade do petróleo 20
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POEMAS
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POEMAS
Dossiê de Literatura Neolatina você é todos seus cabelos pelos ombros seu olhar fixo e extraviado caminha pelas escuridões de dentro e toda vez que eu te vejo quando dobro uma esquina tenho a impressão estranha de estar olhando uma carta de tarô que me diz tudo e nada ao mesmo tempo tenho a impressão estranha de estar olhando pra dentro pra uma voz e uma luz familiar não se engane: tudo deixa rastros o sol deixa rastro na minha pele se aloja nos meus ombros como todos os dias deixa rastro em mim o seu veneno por isso você cheira meus cabelos como a loucura me cheira os cabelos já de outras vidas como a loucura dança em volta de mim leão que ama seu domador faço minhas orações na beira dos abismos onde vou atrás da pérola da pedra do acaso do aniquilamento rezo pra que o veneno não seja fatal ainda pra apenas acordar do outro lado da cama com os olhos mudados de cor
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Jéssica Martins Costa (Belo
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Horizonte, 1992). Poeta e tradutora, autora de Bubuia (Editora Patuá, 2017, no prelo).
MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA
POEMAS
Dossiê de Literatura Neolatina
PASSA-TEMPO por
Fernando de Azevedo Alves Brito1
De tão efêmera,
a vida já não é. Nós, passa-tempo. Fernando de Azevedo Alves Brito 1
O voo do tempo Sentado, admiro a ave no vento. Voa o tempo.
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(Salvador/Bahia, 1979). Professor EBTT de Direito do IFBA, Campus Vitória da Conquista. Autor de livros, capítulos de livros e artigos científicos no campo do Direito. Autor de contos, crônicas, poesias e haikais no campo literário.
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HELENA BARBAGELATA DANIELA BALESTRERO AURILENE SAMPAIO LETICIA CANEDO JÚLIO VALENTIM BARBOSA NETO MARINA SOARES GRASIELA FRAGOSO PRISCILA PANZA LAILA DE MAURO JÉSSICA MARTINS COSTA FERNANDO DE AZEVEDO ALVES BRITO
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