Neolatina v.3 n°.23 (2017)

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Philos

PORTUGUÊS CATALÀ ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO ROMÂNĂ REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 23 novembro 2017 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 23 noviembre 2017

ROGELMA SOUSA RAMON CARLOS VINICIUS MAGANHA MARVEN JUNIUS FRANKLIN IUNI ALVES JESSYCA SANTIAGO ILDA PINTO TIAGO CORREIA PIVETE PEREIRA RITA MACEDO ALVES CANDEIRA MANDU HOLANDA ANTÔNIO ESCOBAR FÁBIAN ESPEJEL FERNANDO ALVES BRITO

NEOLATINA


Philos

PORTUGUÊS CATALÀ ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO ROMÂNĂ REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 22 novembro 2017 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 22 noviembre 2017

ROGELMA SOUSA RAMON CARLOS VINICIUS MAGANHA MARVEN JUNIUS FRANKLIN IUNI ALVES JESSYCA SANTIAGO ILDA PINTO TIAGO CORREIA PIVETE PEREIRA RITA MACEDO ALVES CANDEIRA MANDU HOLANDA ANTÔNIO ESCOBAR FÁBIAN ESPEJEL FERNANDO ALVES BRITO

NEOLATINA


PORTUGUÊS CATALÀ ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO ROMÂNĂ novembro 2017 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 22 noviembre 2017

REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 22

EXPEDIENTE

REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA

Souza Pereira

EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE

Sylvia de Montarroyos

COMITÊ EDITORIAL | COMITÉ EDITORIAL

Lucrecia Welter

REVISÃO DE TEXTOS | SUPERVISIÓN DE TEXTOS

Maus Hábitos

DESENHO E DIAGRAMAÇÃO | DISEGÑO Y DIAGRAMACIÓN

SOBRE A OBRA DESTA EDIÇÃO | SOBRE LA OBRA DE ESTA EDICIÓN

Publicado originalmente em novembro de 2017 com o título Philos, Revista de literatura da União latina. Os textos desta edição são copyright © de seus respectivos autores. As opiniões expressas e o conteúdo dos textos são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Todos os esforços foram realizados para a obtenção das autorizações dos autores das citações ou fotografias reproduzidas nesta revista. Entretanto, não foi possível obter informações que levassem a encontrar alguns titulares. Mas os direitos lhes foram reservados. Philos, Revista de Literatura da União Latina é registrada sob o número SNIIC AG-20883 no Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais com Certificado de Reserva outorgado pelo Instituto Nacional de Direitos do Autor sob o registro: 10-2015-032213473700-121. ISSN em trâmite. Revista Philos © 2017 Todos os direitos reservados. | Publicado originalmente em noviembre de 2017 con el título Philos, Revista de literatura de la Unión latina. Los textos de esta edición son copyright © de sus respectivos autores. Todos los esfuerzos fueron hechos para la obtención de las autorizaciones de los autores de las citaciones o fotografías reproducidas en esta revista. Sin embargo, no fue posible obtener informaciones que llevaran a encontrar algunos titulares. Pero los derechos les fueron reservados. Philos, Revista de Literatura de la Unión Latina es registrada bajo el número SNIIC AG-20883 en el Sistema Nacional de Informaciones e Indicadores Culturales con Certificado de Reserva otorgado por el Instituto Nacional de Derechos del Autor bajo el registro: 10-2015-032213473700121. ISSN en trámite. Revista Philos © 2017 Todos los derechos reservados.

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Philos, Revista Philos Revista de de Literatura Literatura da da União União Latina Latina | | Revista Revista de de Literatura Literatura de de lala Unión Unión Latina. Latina.


EDITORIAL

REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA

A edição de número vinte e três da Philos é política, sociológica, humanística e cotidiana. Querendo desbravar as nuances da vida, das relações humanas, do sexo, da interação entre os costumes e anseios que nos permeiam. Pela primeira vez na história da Philos as imagens que acompanham os textos são fruto da criação artesanal e laboriosa vinda das mãos e do barro: apresentamos fotografias das peças de arte em cerâmica da colombiana, Lucía Parias. Nossa artista visual convidada estreia uma nova forma de fazer arte nas nossas páginas, associando a ideia criativa e o diálogo dos textos com a sensibilidade de suas obras. A inserção de vídeos de arte que acompanham os textos em nosso site também surge como um desafio para esta penúltima edição do ano. É uma forma de recriar a leitura visual para além de uma perspectiva individual: na Philos, autores, artistas e leitores participam ativamente da criação de uma inquietante identidade de arte na contemporaneidade. Desejamos uma ótima leitura, Souza Pereira

EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE

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EDITORIAL

REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA La edición de número veintitrés de la Philos es política, sociológica, humanística y cotidiana. Queriendo desbravar las nuances de la vida, de las relaciones humanas, del sexo, de la interacción entre las costumbres y anhelos que nos acompañan. Por primera vez en la historia de la Philos las imágenes que acompañan los textos son fruto de la creación artesanal y laboriosa venida de las manos y del barro: presentamos fotografías de las piezas de arte en cerámica de la colombiana, Lucía Parias. Nuestra artista visual invitada estrena una nueva forma de hacer arte en nuestras páginas, asociando la idea creativa y el diálogo de los textos con la sensibilidad de sus obras. La inserción de vídeos de arte que acompañan los textos en nuestra web también surge como un desafío para esta penúltima edición del año. Es una forma de volver a crear la lectura visual más allá de una perspectiva individual: en la Philos, autores, artistas y lectores participan activamente de la creación de una inquietante identidad de arte en la contemporaneidad. Deseamos una óptima lectura, Souza Pereira

EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE

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SUMÁRIO | SUMARIO DOSSIÊ | EXPERIMENTAIS | HAICAI DOSSIER | EXPERIMENTALES | HAIKU

7 Renda-se,

13 Mundaréu,

por

ILDA PINTO

por

ROGELMA SOUSA

8 Minerva,

14 O

por

RAMON CARLOS

9 Veias abertas,

trombonista,

15 Contra-

Caymmi,

por PIVETE

PEREIRA

por VINICIUS MAGANHA

10 Anfiteatro de

por

TIAGO CORREIA

16 Haicais,

por RITA MACEDO

sombras,

por MARVEN JUNIUS FRANKLIN

11 Sem título,

por IUNES ALVES

12 Haicai XXV Nostalgia,

por ANTÔNIO FIGUEIRÔA ESCOBAR TEIXEIRA DE OLIVEIRA

20 Cicatrices,

por FABIÁN ESPEJEL

21 Reescritura,

por FÁBIAN ESPEJEL

22 Soplado de

vida,

17 Amor de

ciranda,

18 Eu,

por ALVES

CANDEIRA

por MANDU HOLANDA

por

JESSYCA SANTIAGO

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19 Sem título,

Philos Revista de Literatura da União Latina | Revista de Literatura de la Unión Latina.

por FERNANDO DE AZEVEDO ALVES BRITO


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

RENDA-SE por

Rogelma Sousa1

O toque dos dedos dela em sua face

Despertava-lhe uma sensação de frenesi; Seu corpo se derretia num calor ardente. O castanho do seu olhar Escondia todo um mistério Que ela desejou incessantemente desvendar; Penetrava em seus olhos uma profundidade de desejo, De loucura, de insanidade, de deleite; Ansiava pelo momento da revelação, De saciar a sede de beijos ardentes, De arrepios na pele carente, E de carícias eloquentes Na entrega envolvente De uma doce rendição.

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Rogelma Sousa 1

(Itapipoca, Ceará). Formada em LetrasPortuguês pelo Instituto de Estudos e Pesquisas do Vale do AcaraúIva (UVA). Professora da rede privada, leitora compulsiva e escreve por inspiração. Autora do conto Amor à primeira vista e das poesias: Espelho da alma e Noite frias, todos publicados na Revista Philos.


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

MINERVA por

Ramon Carlos1

Escrevo sobre desorientações

Do velho homem sentado no ponto de ônibus Sem se dar conta que João carrega mais barro no bico Do que ele nas botas O gato na varanda do terceiro andar Com menos medo da água do que a transeunte maquiada Guarda-chuva maior que a bolsa, cabo de fora Da lâmpada sempre acesa Da mulher andando em círculos na sacada Frenética, de dez em dez minutos sai, caminha, entra no apartamento Escrevo sobre desorientações Com uma agulha na ponta da cabeça Atraindo o calor Falo em mosquitos na trilha de um peido Da sensação endócrina de morrer Fraturas impostas por figuras expostas Segundas respostas Amostras As botas brilhantes do velho homem não assustam João

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Ramon Carlos

(Santa Catarina, 1986). Escreve no site www.estrAbism o.net. Sua carreira literária resume-se a dois contos publicados em uma antologia. Além de uma coleção de poemas, escreveu um romance e um livro de contos, nenhum deles publicados.


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

VEIAS ABERTAS por

Vinicius Maganha1

Nasci mergulhado nas veias abertas

Com a cordilheira incrustada na alma Sentindo cheiro de goiaba e mangabeira Madeira que desata o nó Onde a revolução se faz com bala e poesia Com gosto de vento e sal Neve e trigo Nasci em abrigo De índio catequizado em dezembro chovedor Quando Diadorim visitou Macondo Nasci no alicerce das estranhas catedrais Batizado e ungido com o sangue que verteu do ouro Enquanto as ventanas estavam cerradas Veias abertas que jorram vinho tinto e cachaça Boleros, tangos, umbigadas Sambas, batuques, merengue de rua Salsa Tempero vermelho e preto onde o diabo é branco

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Vinicius Maganha 1

(Pirassununga, 1981). Poeta, compositor, cantor e violinista.


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

ANFITEATRO DE SOMBRAS por

Marven Junius Franklin1

a propósito de minha cabeça de vento

megatons de incertezas [voix crepusculaires que jazem em meu horto de girassóis petrificados] (brados longínquos a adornar – melancólicos – as esquinas desalumiadas) punhais de iniquidade atassalhando a carne puída do campesino [canções de guerra que se ouvem em vilas longínquas] apatias e luas fenecidas valas comuns de incertezas [sorrisos amarelecidos de saltimbancos macambúzios] oh, maldita sensação de morte – essa que amanhece comigo – justo quando os primeiros raios de sol adentram sem cerimônia meu anfiteatro de sombras!

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Marven Junius Franklin 1

(Santarém, 1967). Poeta 2° colocado no Concurso Nacional Novos Poetas, Prêmio CNNP 2017. Menção honrosa no Concurso Literário de Literatura Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil (ALACIB) e Vencedor do X Concurso Literário de Presidente Prudente - Ruth Campos.


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

SEM TÍTULO por

Iunes Alves1

não escrevo versos

sobre o que sou, e sim sobre o percurso que posso ter. nada sou enquanto não escrevo versos. embaraçada e um pouco desalinhada, assim é a minha sombra na palavra. mas tudo que é bom não é perfeito. é preciso passar por algum tipo de prisão íntima para depois descansar. meus nervos são apenas respirações abafadas, nada mais que o “mais”, e um pouco mais.

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Iunes Alves

(Rio de Janeiro, Brasil). Graduando em História, nascido na cidade do poeta romântico Casimiro de Abreu. Professor de História, mas dentro de seu coração existe um amor intransponível por literatura.


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

HAICAI XXV NOSTALGIA por

Jessyca Santiago1 Jessyca Santiago 1

barcos de papel

navegam na calçada tarde chuvosa.

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(Pernambuco, 1988). Mora no Rio de Janeiro, graduada em Letras pela UERJ. Trabalha como professora é tradutora e tem trabalhos publicados em revistas literárias.


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

MUNDARÉU por

Ilda Pinto1

Ó mundaréu à vista

que ao poder estás sentado com a mão no biscato todo escarranchado Venha o juízo desse teu poder nesse valor sem freio e no teu vómito venhas a morrer sem qualquer direito O povo grita sem eira nem beira sem princípios, geme, aflito em tua estrutura de areia O planeta esperneia ao vento chorando a maldade, na forte chuva o fogo queima a terra em lamento e os fundamentos tremem de dúvida a tempestade surge a calamidade ruge e o furacão, não tem piedade Caiam as armas da tua glória, ó mundaréu nesse teu àvido amor forjado A Deus seja dada toda a glória pela promessa que ao seu povo tem dado A boca do livre está néscia, e a língua do fanático conduz à violência. A balança enganosa da razão leva o mundo à falta de senso e o peixe está a chafurdar no enredo da política do mundaréu deste tempo.

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Ilda Pinto

(Portugal, 1961). Autora, literária e artista plástica de técnicas mistas de colagem sobreposta. Vencedora do 3° lugar do prémio Literacidade 2014 ProsaCrónicas, Prémio Clarice Lispector de Literatura, 2015Contos pela Editora Comunicação e 3° lugar no Prémio Castro Alves de Poesia.


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

O TROMBONISTA por

Tiago Correia1

O homem passa com seu trombone nas costas,

leva consigo a vida e a can-ção no ombro. É leve a alma e até o corpo – marcado pelos caminhos e caminhões que cortam a lucaia. O homem dó-ré-mi-sei-lá que nota ele valsa e que tom do meu choro ele escuta. O homem também tem flauta e violino. Os pássaros que antes cantavam nas árvores, assistem o homem doce e amargo fazendo concerto em cima de um pau-de-arara azul e vermelho.

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Tiago Correia

(Salvador, 1992). Concluinte no curso de Letras Vernáculas da Universidade Federal da Bahia. Publicou em 2014 o livro de estreia “Dentro de Mim, ed. Mondrongo”, participou do Livro Tribo 2017, e tem outras publicações em revistas online. Publica assiduamente no blog: www.poemacafe inado.wordpress .com


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

CONTRA-CAYMMI por

Pivete Pereira1

onde cemitério se fez lar sem guia na travessia foi doce morrer no mar?

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Pivete Pereira (Salvador, 1990). Cantor, compositor e poeta, bacharel em Humanidades (Unilab). 1


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

HAICAIS por

Rita Macedo1 Rita Macedo (João Pessoa, 1965). Poetisa e classificada no Concurso Nacional Novos Poetas CNNP 2017. Escritora Rita Macedo SITE.: www.helenarm acedo.com 1

sinto reflexos

luz em gotas de água arco em cores

cigarras cantam

formigas trabalham primeiras águas

águas sentem

chuvas em rios cantam eu ouço murmúrios

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MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

AMOR DE CIRANDA por

Alves Candeira1

por onde, por onde você esteve, meu amor? por onde, por onde você andou? como uma brisa fresca nos cabelos você esteve ali pelos oceanos abrindo os céus levando as nuvens, junto a névoa; nascer da aurora.

meu coração, agora, é um anoitecer pálido e cansado, relembrando os jardins de termos deitado durante aquela primavera feliz. amor de ciranda de mãos dadas girando, girando caindo no sono.

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Alves Candeira (Belém, 1996). Apaixonado pela filosofia crítica e a força da simplicidade, procura mostrar o peso de cada palavra num conjunto de estilos literários diversificados. 1


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

EU por

Mandu Holanda1

Aquela batida que atrapalha o ritmo

Aquela verruga sobre a pela alva Aquela mancha branca na pela morena Aquele risco tremido que imperfeita o traço Aquele fio branco que brilha na cabeleira negra Aquele carro enguiçado na avenida às dezoito horas Aquilo que traz uma lembrança triste na manhã de domingo Aquilo que traz um riso no canto da boca no momento mui solene Aquilo que coça o nariz na hora da foto Aquém do projeto que se realiza Aquém do desejo consumado Aquém da serenidade e da virtude Aquela, Aquele, Aquilo e o sempre Aquém: Sou eu sempre!!! Em querelas, quereres, pensamentos intranquilos e a perpétua vontade de nunca dizer amém.

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Mandu Holanda (Ceará, Brasil). Pedagogo por formação, Oficial de Justiça por profissão, Músico por diversão, Boêmio por vocação e Poeta por obrigação. 1


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

SEM TÍTULO Antônio Figueirôa Escobar Teixeira de Oliveira1 por

Se não houvesse dia

E se o sol não ousasse mais Queimar a tua pele, Você me traria Qualquer coisa como estrelas Ou ameixas E as deixaria ao lado dos papéis E da xícara de chá Sobre a mesa. Se não houvesse mais luz E se os semáforos desta cidade Resolvessem parar de funcionar, Ao primeiro olhar, você perceberia Que crescer nesta casa (e em tantas outras) Me ensinou a deitar Em camas estrangeiras cobertas Por tecidos que não me escondem. Se não amanhecesse E se meu coração palpitasse Muito rápido, Eu, circunscrito a este quarto, E você, por mim em paredes desenhado, Iríamos investigar No esfarelar do barro A perdição do homem.

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Antônio Figueirôa Escobar Teixeira de Oliveira (Recife, 1999). Graduado do International Baccalaureate no Pearson College UWC, Canadá. 1


MUESTRA DE POESÍA ESPAÑOLA

POESÍA

Dossier de Literatura Neolatina

CICATRICES por

Fabián Espejel1

una herida es una herida es una costra y luego nada

una herida es cada astilla triturada entre las fauces de Nerón en las que el hijo espurio del Señor irguió un cadalso una herida es un pedazo huérfano de tierra de sí misma de la pampa hasta los pechos de una madre apedreada y de sus pechos a la cima de los Apalaches es una cicatriz y luego nada una herida es una llaga en Ho Chi Minh envuelta en bálsamos y fábricas de Calvin Klein una herida es Martin Luther King teniendo un sueño inacabable y los bisnietos Simmons dando a luz una nación de odio una herida son los huesos de Anne Frank y Gandhi cuando los refugiados conservaron en la esquina de una lágrima un cielo virgen y el fragor del mate el platanar o las naranjas al abrir la puerta porque no existen fanatismo o chovinismo o dictaduras asesinos porque nadie invadió Varsovia y los juicios de Nürnberg son las fotografías perdidas en el ático porque el Estado Islámico is the new Balkans y algún Prešeren yihadista reescribirá lo que olvidamos una herida es un feminicidio que se cuenta alrededor de una fogata pedir que algún Poussin contemporáneo pinte el rapto de las niñas nigerianas olvidar que una amenaza nuclear cerró los párpados del sol refutar el Accord de Paris como si fuera una medusa varada en Normandía que el mar destierra de su vientre una herida es una herida es una costra y luego nada y si se olvida nace el crimen verdadero

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Aquellos que sabían de qué iba aquí la cosa tendrán que dejar su lugar a los que saben poco. Y menos que poco. E incluso prácticamente nada. Wislawa Szymborsk

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Fabián Espejel

(Cidade do México, 1995) é poeta, tradutor e graduado de Literatura Hispânica na Faculdade de Filosofia e Letras da UNAM. Seus textos foram publicados em Literal. Latin American Voices (USMéx.), Cuadrivio, Página Salmón, MilMesetas (Méx.) y Literariedad (Col.).


MUESTRA DE POESÍA ESPAÑOLA

POESÍA

Dossier de Literatura Neolatina

REESCRITURA por

Fabián Espejel1

al final no queda nada y la siguiente piedra funda sus propios escombros

la única que permanece encima de la otra es una lápida y en el vertiginoso paso de los años nadie recuerda qué son esas cosas apiladas Heródoto decide dónde empieza aniquilando el escarmiento de veinte mil generaciones entonces vienen manos lapidarias a levantar otra muralla anónima que luego bautizan como si fuera un dios sangrante con el nombre de Holocausto o el apellido del desastre y lo veneran hasta que ya nadie recuerda nada y el dios se vuelve un parpadeo en la memoria apenas un vistazo agónico al pasado y otra vez la incertidumbre el hombre ha vuelto a descubrir el fuego todos se arrodillan ante el brazo chamuscado pero nadie ni siquiera él sabe qué significan los tatuajes en su carne quizá son el rencor de alguna vida pasada ¿y si se trata de una maldición?

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Fabián Espejel

(Cidade do México, 1995) é poeta, tradutor e graduado de Literatura Hispânica na Faculdade de Filosofia e Letras da UNAM. Seus textos foram publicados em Literal. Latin American Voices (USMéx.), Cuadrivio, Página Salmón, MilMesetas (Méx.) y Literariedad (Col.).


MUESTRA DE POESÍA ESPAÑOLA

POESÍA

Dossier de Literatura Neolatina

SOPLADO DE VIDA por

Fernando de Azevedo Alves Brito1

soplado de vida –

escondido en la brisa, a la orilla del mar.

Fernando de Azevedo Alves Brito (Salvador, 1

Bahia, 1979). Professor EBTT de Direito do IFBA, Campus Vitória da Conquista. Autor de livros, capítulos de livros e artigos científicos no campo do Direito. Autor de contos, crônicas, poesias e haikais no campo literário.

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Philos

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