Neolatina V.2 n°.9 (2016)

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Philos

PORTUGUÊS CATALÀ ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO ROMÂNĂ REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 9 outubro 2016 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 9 octubre 2016

LUCRECIA WELTER RENE BEZERRA FRANCISCO CARVALHO MARISA NEVES FILIPE RASSI HOZANA BIDART ODENIR FERRO PEDRO FERREIRA BHARROS DE OLIVEIRA MOZART OLIVEIRA SOLEDAD COLMENAREZ

NEOLATINA


Philos PORTUGUÊS CATALÀ ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO ROMÂNĂ

REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 9 outubro 2016 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 9 octubre 2016

LUCRECIA WELTER RENE BEZERRA FRANCISCO CARVALHO MARISA NEVES FILIPE RASSI HOZANA BIDART ODENIR FERRO PEDRO FERREIRA BHARROS DE OLIVEIRA MOZART OLIVEIRA SOLEDAD COLMENAREZ

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PORTUGUÊS CATALÀ ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO ROMÂNĂ

REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 9 outubro 2016 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 9 octubre 2016

EXPEDIENTE

REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA

Souza Pereira

EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE

Sylvia de Montarroyos

COMITÊ EDITORIAL | COMITÉ EDITORIAL

Lucrecia Welter

REVISÃO DE TEXTOS | SUPERVISIÓN DE TEXTOS

Maus Hábitos

DESENHO E DIAGRAMAÇÃO | DISEGÑO Y DIAGRAMACIÓN

SOBRE A OBRA DESTA EDIÇÃO | SOBRE LA OBRA DE ESTA EDICIÓN

Publicado originalmente em outubro de 2016 com o título Philos, Revista de literatura da União latina. Os textos desta edição são copyright © de seus respectivos autores. As opiniões expressas e o conteúdo dos textos são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Todos os esforços foram realizados para a obtenção das autorizações dos autores das citações ou fotografias reproduzidas nesta revista. Entretanto, não foi possível obter informações que levassem a encontrar alguns titulares. Mas os direitos lhes foram reservados. Philos, Revista de Literatura da União Latina é registrada sob o número SNIIC AG-20883 no Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais com Certificado de Reserva outorgado pelo Instituto Nacional de Direitos do Autor sob o registro: 10-2015-032213473700-121. ISSN 2527-113X. Revista Philos © 2017 Todos os direitos reservados. | Publicado originalmente en octubre de 2016 con el título Philos, Revista de literatura de la Unión latina. Los textos de esta edición son copyright © de sus respectivos autores. Todos los esfuerzos fueron hechos para la obtención de las autorizaciones de los autores de las citaciones o fotografías reproducidas en esta revista. Sin embargo, no fue posible obtener informaciones que llevaran a encontrar algunos titulares. Pero los derechos les fueron reservados. Philos, Revista de Literatura de la Unión Latina es registrada bajo el número SNIIC AG-20883 en el Sistema Nacional de Informaciones e Indicadores Culturales con Certificado de Reserva otorgado por el Instituto Nacional de Derechos del Autor bajo el registro: 10-2015-032213473700-121. ISSN 2527113X. Revista Philos © 2017 Todos los derechos reservados.

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Philos, Revista Philos Revista de de Literatura Literatura da da União União Latina Latina | | Revista Revista de de Literatura Literatura de de lala Unión Unión Latina. Latina.


EDITORIAL

REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA Fotografias são diálogos da identidade que reconfiguram a humanidade desde os primeiros passos da invenção deste meio de comunicação. Dialogando com uma série complexa de interações entre a estética, a antropologia, culturas filosóficas, sociais e ideológicas, descrevendo o meio social através desse fenômeno de massa (a fotografia), apresentamos as obras do arquiteto e fotógrafo pernambucano, Martiniano Ferraz. Suas construções em fine art são amplas e diversificadas, permitindo-nos sobrepujar olhares sobre os traços naturais e aqueles construídos pelo homem, visualizando as cidades através de lentes humanizadas, onde cada monumento transforma-se naturalmente em arte. Para além das capturas das lentes do fotógrafo, nossos autores expõem as suas experiências poéticas, dramáticas, originais e fazem uma conexão fundamental para manutenção do diálogo da arte e da literatura. Na nona edição da Philos, textos e fotografias comunicamse intimamente em suas práticas diversas. Esta publicação é parte do Philos Reposter, um projeto de republicação de todo o material lançado pela editora Camará Cartonera em novo formato gráfico, com colaborações de novos ilustradores, fotógrafos e artistas visuais. Desejamos uma ótima leitura, Souza Pereira

EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE

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EDITORIAL

REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA Fotografías son diálogos de la identidad que reconfiguram la humanidad desde los primeros pasos de la invención de este medio comunicacional. Dialogando con una serie compleja de interacciones entre la estética, la antropología, culturas filosóficas, sociales y ideológicas, describiendo el medio social a través de ese fenómeno de masa (la fotografía), presentamos las obras del arquitecto y fotógrafo pernambucano, Martiniano Ferraz. Sus construcciones en fine art son amplias y diversificadas, permitiéndonos sobrepujar mires sobre los trazos naturales y aquellos construidos por el hombre, visualizando las ciudades a través de lentes humanizadas, donde cada monumento se transforma naturalmente en arte. Más allá de las capturas de las lentes del fotógrafo, nuestros autores exponen sus experiencias poéticas, dramáticas, originales y hacen una conexión fundamental para mantenimiento del diálogo del arte y de la literatura. En la novena edición de la Philos, textos y fotografías se comunican íntimamente en sus prácticas diversas. Esta publicación es parte del Philos Reposter, un proyecto de republicación de todo el material lanzado por la editora Camará Cartonera en nuevo formato gráfico, con colaboraciones de nuevos ilustradores, fotógrafos y artistas visuales. Deseamos una óptima lectura, Souza Pereira

EDITOR CHEFE | EDITOR EN JEFE

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PORTUGUÊS CATALÀ ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO ROMÂNĂ

REVISTA DE LITERATURA DA UNIÃO LATINA 9 outubro 2016 · REVISTA DE LITERATURA DE LA UNIÓN LATINA 9 octubre 2016

SUMÁRIO | SUMARIO CONTOS | COLUNAS | EXPERIMENTAIS CUENTOS | COLUMNAS | EXPERIMENTALES

7 Fruta-poema, por LUCRECIA WELTER

12 Desacerto,

por

FILIPE RASSI

9 Poeira cósmica,

13

por RENE BEZERRA

16 Cai Sol,

por

BHARROS DE OLIVEIRA

Empoderamento,

10 Sobre o

amor,

por FRANCISCO CARVALHO

por HOZANA BIDART

14 Páginas

17 Espelho,

por

MOZART OLIVEIRA

cinematográficas,

11 Santa Fé,

por ODENIR FERRO

por

MARISA NEVES

15 Oceano

noturno,

6

por PEDRO FERREIRA

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18 Técnica mixta sobre la piel,

por

SOLEDAD COLMENAREZ


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA Dossiê de Literatura Neolatina

FRUTA-POEMA por

Lucrecia Welter1

Sobre a toalha, versos apetitosos

Compõem o milagre da poesia. Há poemas suaves, Com sabor de pera e maçã; Há poemas ácidos, Amargando o limão e o abacaxi; Há poemas carnudos, Com a textura cremosa do abacate; E os de versos azul-arroxeados, No tom dos blueberries, da amora e açaí; Há poemas de cheiro, Trazendo à mente o caju e o cupuaçu; E os de polpa macia, Com toque de mamão, melão e caqui; Há poemas aveludados, Com pele de pêssego e nêspera; E os de paladar especial, Como o da jabuticaba, do morango e kiwi; Os produzidos em cachos, dependurados, Recordando a lichia, o coquinho, a banana; Há poemas agridoces, Com gosto de maracujá e bacuri; Há os de versos suculentos, Como a laranja e a melancia; E os de versos tímidos, apertados, escondidos, Sob a casca dura da romã, do cacau, do pinhão; E os de polpa multiplicada, Na fruta do conde, na jaca, na graviola. E o que dizer dos debulhados sobre a mesa? Feito grãos cuidadosamente selecionados? Haicais em porções celebrando a natureza? E dos que têm a graça de lembrar Jesus? Poemas pão e vinho consagrados no altar? Versos trigo e uva, corpo e sangue e cruz?

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POEMAS


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

Atrás das harmoniosas vogais e consoantes, Há os sinais de Deus e a admiração do poeta. Em coautoria e fiel cumplicidade, Alimentam a arte com seus frutos-poema.

Lucrecia Welter (Paraná, 1953). Escritora multipremiada e presidente da Academia de Letras de Toledo, Paraná. É Revisora de textos da Revista Philos e Curadora de Literatura lusófona da mesma Revista. Tem diversos livros lançados e publicações em coletâneas poéticas. 1

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MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

POEIRA CÓSMICA por

Rene Bezerra1

Eu não havia percebido a quantidade de células que o meu corpo perdeu.

Os fios de cabelo e as unhas que já fizeram parte de mim, mas que se desprenderam. Sendo abandonado pelas menores partículas que vão sendo substituídas, Sinto a fogueira interna iluminar a perda do que já foi essencial ao meu corpo. A destruição das moléculas que criaram seres complexos e improváveis da vida. Assim como vieram e compuseram, partiram e deixaram a máquina humana ainda funcionando. Desligando-se e adquirindo o direito de não existir, ainda perdida no espaço em outra forma. O instante que sobreviveu e que teve o seu tempo para começar e o seu para acabar. O retrato do que aguarda a todos e a leve lembrança do que aconteceu. O encontro do passado com o presente, apontando a futura certeza determinada. E isso reanima as sensações que passaram, mas que estruturaram sem deixar perceber. E permaneço na agonia de perceber que o tempo passava e eu não estava percebendo. O acúmulo de coisas que não eu pensava reunir e perder sem perceber. Todo um estresse não planejado que recebi mesmo sem pedir ou sem acreditar precisar. A vida oferecendo coisas sem utilidade, que, juntas, podem continuar a não fazer sentido. Tudo aquilo que de dúvidas e de incertezas é acumulado e que nunca será solucionado. Tudo está se acabando, tudo está virando poeira. Tudo o que foi importante morrerá ou adormecerá para sempre. A surpresa de lembrar que tudo vai se deteriorando, virando novos sedimentos esquecidos. O espanto de ser surpreendido pelo que sempre esteve aqui perto.

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Rene Bezerra (Fortaleza, 1996). Estudante de Administração e escritor amador, que escreve para libertar o próprio pensamento. 1


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

SOBRE O AMOR por

Francisco Carvalho1

O amor não é essa coisa que te acelera o coração, isso é taquicardia, procure um cardiologista. O amor não é essa coisa que te causa obsessão, isso é loucura, procure um psiquiatra. O amor não é essa coisa que te causa borboletas no estômago, isso é culpa da alimentação, não coma borboletas e procure um endocrinologista. O amor não é essa coisa que te tira o chão, isso é ordem de despejo, procure um advogado. O amor não é essa coisa que te rouba a razão, isso é religião, procure uma biblioteca. O amor é algo que estes versos não explicam, e mesmo que eu quisesse não encontraria explicação. O amor é tudo aquilo que sinto por Ela, e o que eu sinto por Ela me acelera o coração, me causa obsessão, me dar borboletas no estômago, me tira o chão, e como não poderia ser diferente, me rouba a razão. Talvez o amor seja isso, contradição.

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Francisco Carvalho (Maceió, 1988). Escritor e professor de história, graduando-se pela Universidade Federal de Alagoas. 1


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

SANTA FÉ por

Marisa Neves1

Peguei estrada de santa fé a passos largos,

Vazio das casas dentro de mim está Cataclisma em meu olho já se forma, Vi mamãe a preparar-me o café, E meu pai de barba feita me dizendo: -Vou ali, mas volto já! Estrada de poeira me levando, Do mesmo jeito que cheguei eu fui partindo. Não conheço mais o meu destino Meus amores tão amados me deixaram! Hoje percorro essas estradas em andrajos Para lembrar de meu passado de menino, Onde percorri essas porteiras como príncipe. Tinha amores e carinho a me acolher, E um bule de café para me aquecer.

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Marisa Neves (Rio Grande do Sul, RS). Estudante de psicologia da UFRG, autora de ‘’Todos los Dolores del mundo’’, ‘’Amado sois’’ e ‘’Prometeu não prometeu’’, trabalho de 2016 no prelo. Marisa Neves dedicou o segundo livro Amado sois aos excluídos, com mais de seiscentos poemas todos inéditos e em coletâneas com outros autores, Em Prometeu não prometeu lança primeiro romance estilo drama. 1


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

DESACERTO por

Filipe Rassi1

eu quis suja

ela quis limpa eu quis par ela quis ímpar eu quis grossa ela quis fina eu quis Finlândia ela quis China eu quis bagunça ela quis faxina.

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Filipe Rassi (Patos de Minas, 1989). Poeta e vocalista de banda de rock, que descobriu a verdadeira necessidade da poesia após algumas estadias em hospitais psiquiátricos e no inferno. 1


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

EMPODERAMENTO por

Hozana Bidart1

O meu corpo pede socorro

E é uma raiva que queima por dentro do meu olhar É uma ansiedade disso tudo acabar É uma agonia o som do meu choro. Enquanto a gente estuda, deita no lago e põe o corpo a mercê da natureza Vem um de um lado, um do outro No fim vai por a culpa na cerveja No meu short curto, na minha safadeza Por estar dando um mole sutil Por estar olhando pra ele – com certeza Que é coisa de mulher – ser discreta Na verdade eu estava sozinha na rua deserta Porque queria ser invadida, ser cercada Porque eu nasci vadia e mereço ser estuprada Porque meu corpo é propriedade masculina Na qual eu não questiono, eu não decido nada Eu aceito e obedeço com a boceta arrebentada Com a cabeça estraçalhada, no meio da estrada Porque meu agressor logo se forma Vai ser pai de família, se manter em forma E ninguém nunca vai saber, não tem cicatriz Como essa que ele diz que eu mesma fiz – porque eu quis – E me obriga a conviver com isso E os policiais me obrigam a lidar Mas o empoderamento me disse Que eu tenho que lutar, Que não estou sozinha e nem sou louca de me revoltar De não lavar sua louça, de te desmascarar Porque hoje fui eu, para amanhã não ser uma outra Pra você nunca mais ferir nenhuma garota Pra você me pagar e pagar a todas as mulheres Que merecem conviver com medo De sentar ao seu lado no ônibus, De beber contigo no bar E de quando não quer: negar. Isso é nossa revolta, esse é o nosso momento E vamos chamá-lo de empoderamento. 13

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Hozana Bidart (Rio de Janeiro, 1997). Encontra na poesia uma forma de desconstrução: da LGBTfobia, do machismo, do racismo, de preconceitos sociais e culturais e, acima de tudo, luta pela sua ideologia de que a poesia nasceu para ser acessível a todos, como uma espécie de voz e alento, sem perder uma delicadeza poética única. 1


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

PÁGINAS Odenir Ferro CINEMATOGRÁFICAS por

Exercendo o sacerdócio por convicção

Nesta fé pragmática, vivendo o passional Amor, sem ausentar-se da expressão Viva da Arte, explodindo em Cadeia Nacional! Como se fosse fogos de artifícios num papel Desempenhando a atuação de um livro inédito. Abrindo-se em páginas cinematográficas, e, um pincel Mágico, vai reproduzindo o texto épico, Numa tela iluminada. Fazendo aparecer Todos os cenários da trama em explicações Corporais em jogos de cenas, onde o entardecer, Com o pôr do sol, reza a reza das compaixões Arrebatadoras das paixões, no arrefecer Da maré alta, exibindo um mar de indagações.

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Odenir Ferro (São Paulo, 1990). Escritor, poeta e Embaixador Universal da Paz. 1


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

OCEANO NOTURNO por

Pedro Ferreira1

Oceano noturno de vasta extensão e negrume,

A ti, contemplo com terrificante fascinação! Que criaturas abissais, hediondas, habitam em teu seio? Segredos ocultados por tênue epiderme, Superfície de calma e monótona aparência. Vejo-me em ti... Em teu fúnebre silêncio... No horror que assoma aos que tentam desvendá-lo. Oceano noturno, és minha alma! Ao Mar... Na noite... Tempestade! Hora mais difícil de navegar! A quantos já devorastes, insaciável maelström de almas? Outros tantos conduzistes à Loucura... De tuas entranhas paristes Syla e Caríbides... Ao insano Ahab destes um eterno lar... Em ti, o astuto Odisseu expiou suas culpas... Oceano noturno... Lugar de solidão e melancólica beleza. Vejo-me em ti...

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Pedro Ferreira (Salvador, 1972). Poeta e contista, músico e artista plástico diletante. 1


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

CAI SOL por

Bharros de Oliveira1

a mão se abriu

o sol se pôs acendendo o chão

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Bharros de Oliveira (São Paulo, 1988). Poeta. 1


MOSTRA DE POESIA LUSÓFONA

POEMAS

Dossiê de Literatura Neolatina

ESPELHO por

Mozart Oliveira

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Olhei-me por horas

Refletido no vidro da janela E por trás de mim Outra repetição de espelho Mas esse ser que olhei não Me parecia ser eu mesmo Era um não-eu Não sei dizer Algo que eu fui E não continuei sendo Refletido em mim Reflito: A função prática do espelho É virar pedaço de vidro Que fura o pés distraídos E a mão desavisada E não refletir indivíduo Que de si mesmo não sabe nada

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Mozart Oliveira (Gravatá, 1992). Poeta pernambucano . 1


MUESTRA DE POESÍA ESPAÑOLA

POESÍA

Dossier de Literatura Neolatina

TÉCNICA MIXTA SOBRE LA PIEL Soledad Colmenarez1 por

Ten en cuenta que me gusta mirarte

aun cuando no me miras. Me parece que la vida se reduce al instante en que la luz viaja de la luna a la ventana, para luego acomodarse como una ilusión de seda sobre la superficie tu piel. El mismo instante, en que si me tocas me vuelvo a encontrar con lo soñado, con lo anhelado, que no encuentra la palabra precisa para cruzar el puente que va de mi boca a tu oído. No sé cuántas noches han pasado esta noche. No sé cuántas lunas han tocado tu espalda. No se cómo se instruye el alma en el arte de contener la ansía que se escapa como fugaces tonos de lumbre, entre mis débiles parpados. Y que en el impulso, no se queme el lienzo, que se dibuja a sí mismo como el milagro más puro, en esta noche sobre esta cama.

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Soledad Colmenarez 1

(Venezuela, 1990).


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